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Três exercícios para libertar a criatividade

by Fábio Marchioro • 28 de maio de 2009 • 7 Comments

Se você não abre o alçapão e solta “aquela doida da criatividade” lá de


cima, de cabeça, bem em cima do texto em que você está trabalhando, no final vai ficar
parecendo que só o que você fez foi empilhar parágrafos. E veja bem, isto se aplica para
qualquer tipo de texto: de romances a relatórios, de petições a trabalhos acadêmicos.

Dei aula no Brasil durante cinco anos no curso de jornalismo da Universidade Positivo, em
Curitiba-Pr. Minhas disciplinas favoritas eram: Legislação e Ética no Jornalismo, por causa
da minha prévia formação na área do Direito e a Redação Jornalística que era ministrada
no segundo ano, que aproximava as técnicas literárias do jornalismo.

Toda produção de classe era orientada para a criação de textos criativos. A idéia era que,
no momento apropriado, o material servisse de inspiração para que os alunos
“temperassem” sua produção textual para que fossem publicados em revistas. Sem contar
que acredito que se você exercita sua criatividade, não importa o tipo de texto que você
tenha que escrever, ele será bom.

Só para ficar claro para aqueles que não têm formação na área de comunicação, uma das
principais diferenças entre um texto criado para jornal e um para revista é o tempo de
produção, que no caso do jornal é… AGORA! E no caso da revista é, no mínimo, para a
semana que vem. O tempo que você investe para pesquisar e produzir o texto impacta
diretamente no tratamento dado ao material, sendo que você pode ainda dar-se ao luxo de
deixar o texto “dormir” um tempinho antes de revisá-lo. Com mais tempo você tem mais
calma e consegue criar mais, inovar mais. E, claro, ser mais crítico.

Quando você escreve para jornal, já no primeiro parágrafo tem que deixar claro quem fez o
que, como, quando, onde e por que. Para uma revista você pode começar falando de
como a luz da janela, por trás do entrevistado, não permitia que você lesse sua fisionomia,
e que quando você fez menção de mudar de lugar ele se recusou a continuar a entrevista.
E foi aí que você entendeu que ele escolheu aquele lugar de propósito e que a intenção
dele era mesmo “esconder-se” na frente da janela, bem ali, do seu lado, debaixo da luz.

Exercícios
Reuni aqui três (por enquanto) exercícios que podem ser úteis para excitar um pouco sua
criatividade. Basicamente eles servem para quebrar a moldura que confina seus
pensamentos e deixar soltas todas as possíveis linhas que você queira seguir.

Resumindo, derrube barreiras. Jogue-se de cabeça. Abra bem os olhos e pule do alçapão:
aproveite e, na passagem, de um beijão na “Doida da Criatividade”.

1º exercício – Dia e Noite

Pessoas ocupadas precisam de rotinas e atalhos para enfrentar o dia-a-dia. Se tivéssemos


que pensar em cada passo necessário para passar café, esgotaríamos nossa energia
antes mesmo de sair para o trabalho de manhã. O raciocínio rotineiro pode economizar
tempo e energia, mas prejudica imensamente nossa capacidade criativa.

Este exercício se propõe a desafiar pensamentos corriqueiros e incentivar a criatividade. É


muito bom para criar soluções alternativas. Comece assim: faça uma lista de palavras
comuns em uma coluna vertical. Por exemplo: noite, pesado, rápido, maçã. Ao lado
escreva a primeira palavra de sentido oposto que vem à mente: dia, leve, lento e banana,
por exemplo. Isso irá limpar a sua mente das respostas mais óbvias. Agora, como desafio,
escreva pelo menos mais três palavras opostas para cada palavra inicial. Que tal:

Noite – dia, sol, branco, acordado


Pesado – leve, pena, nuvem, magro

Você irá perceber que algumas palavras com significados parecidos irão entrar para sua
lista. Não tem problema, elas poderão despertar outras palavras opostas. Lembre-se que
idéias geram idéias e mantenha o senso crítico e o pensamento analítico sob controle.
Limite o tempo desta atividade em 10 ou 15 minutos para que ela seja objetiva e não fique
cansativa.

Agora sim, comece a trabalhar no problema que o estava incomodando. Escreva a sua
dificuldade clara e simplesmente e utilize sua criatividade para gerar novas idéias para
resolver o problema.

2º exercício – O quê você consegue ver?

Estamos às vezes tão envolvidos com um problema que não conseguimos enxergar sua
solução. Esta situação é tão comum que chega a ser um clichê: ficamos obcecados com
“aquele” problema e acabamos travados, bloqueados. Para começar pense que você não
deve se concentrar no problema, e sim na sua solução. Este exercício é na verdade um
jogo para nos ajudar a mudar o modo de ver as coisas e nos auxiliar na resolução de
problemas.

Olhe para estes


objetos e escreva o que vê. Algumas possíveis descrições são: três objetos coloridos: um
círculo verde com uma linha diagonal, um hexágono vermelho e um balão de pensamento
amarelo.

O próximo passo requer um salto criativo. Enxergue o primeiro objeto como um sinal verde
de trânsito indicando proibido passar. Ou arrisque um pouco mais e dê um salto ainda
mais alto: veja um rosto barbado piscando; ou um eclipse solar num dia nublado.

Não importa se você consegue ou não enxergar estas explicações mirabolantes. Aqui não
existe resposta certa ou errada. O que precisa ficar claro é que olhar para objetos com
novos olhos pode despertar uma linha de pensamento inteiramente nova e é essa a
essência da criatividade.

Tente olhar para os mesmos objetos novamente e pense em como pode descrevê-los de
forma diferente na segunda rodada.

Agora se concentre na solução para o problema que está tentando resolver. Lance um
novo olhar sobre a situação, uma nova luz. Como você descreveria a situação para uma
pessoa que não fala português? E para uma criança? E, melhor ainda, para um alienígena,
daqueles baixinhos, de pele cinza e grandes olhos pretos sem pálpebras?

Utilize este processo para incentivar a objetividade em relação à solução e o


distanciamento relativo ao problema, e você desencadeará um processo muito mais
criativo de resolução de problemas.

3º exercício – Improvisação

Em nosso dia-a-dia o comportamento “normal” é encorajado por ser a maneira mais fácil e
mais eficiente de cumprir tarefas. O resultado é que nosso ser criativo fica escondido, se
tornando flácido por falta de exercício. Como nossos músculos, a criatividade também é
fortalecida com exercício.
O princípio agora é o da improvisação. Reúna cinco adereços. Podem ser cinco objetos
quaisquer que você encontre em sua casa ou escritório. Por exemplo, um cinto, um
brinquedo de cachorro, um bloco de notas, uma garrafa de água mineral e um clipe de
papel.

Coloque os objetos no centro da mesa e tente inventar usos diferentes para eles. O cinto
pode se tornar a faixa na cabeça de um samurai e o brinquedo de cachorro é a buzina de
um automóvel. Brinque com idéias diferentes por 15 minutos e deixe a imaginação correr
livremente. Não imponha limites onde não existem.

Se estiver buscando uma nova solução, pegue seu problema ou processo e procure ver
como este poderia ser aproveitado de outra forma. Neste estágio, quanto mais maluca a
idéia, melhor. Lembre que o objetivo aqui é quantidade e não qualidade. Anote TODAS as
idéias geradas. Apenas depois de ter listado inúmeras idéias é que se deve mudar a forma
de olhar estas idéias. Desta vez seja crítico, analítico. Chegou a hora de classificar e
avaliar a viabilidade de cada uma das idéias.

Estes são apenas alguns métodos para dar um susto na criatividade e fazer com que ela
trabalhe um pouco mais para você. Servem ainda para provar para você mesmo como é
possível lançar um olhar diferente, não convencional, para as situações, quaisquer que
sejam. O resultado? Soluções inovadoras.
Coesão textual – Tecendo a teia…
Texto para os exercícios 1 a 4
Na aurora dos anos sessenta, Júlio Cortázar anunciou o fim da leitura e o desaparecimento dos leitores,
num mundo de tal forma saturado de escrita que os livros deixam de ser palavras que circulam: são só
objetos que entulham o espaço.
É verdade que as leituras, ou ainda, as não-leituras de alguns nunca contribuíram tanto para que outros
escrevessem: discursos de jornalistas, pedagogos ou políticos prescrevendo como salvar o que ainda
pode ser salvo; discursos de historiadores, sociólogos e semiólogos analisando o que se lê, de que forma
se lê ou não se lê, para compreender como se chegou a esse ponto. E mesmo quando procuram se
distanciar de seu objeto, os trabalhos científicos sobre a leitura fazem parte dos universos que estudam.
Quaisquer que sejam seus temas, métodos e conclusões, tais trabalhos constituem a maior prova de que o
gesto de ler, indissociável do ingresso na modernidade cultural, perdeu sua transparente evidência.
Hoje, as grandes esperanças ligadas a uma divisão igualitária do ler parecem decepcionantes e os
debates públicos soam como uma queixa unânime (“não se lê mais!”), denunciando uma moléstia social
inaceitável que atinge tanto os grevistas iletrados e as crianças que fracassam na escola como os
dirigentes de empresas das nossas sociedades técnicas.
Anne-Marie Chartier e Jean Hébrard. Discursos sobre a leitura – 1880-1980.
1. No parágrafo introdutório do texto, com quais recursos dissertativos os autores
procuram envolver o leitor na discussão que apresentam?
2. Que tipo de argumentação alicerça o segundo parágrafo do texto? Com que
finalidade?
3. Em que sentido o terceiro parágrafo apresenta coesão e coerência em relação aos
anteriores?
4. Por quais razões podemos afirmar que o texto lido constitui uma dissertação
clássica?
Instrução para os exercícios de 5 a 14
Corrija os erros de coesão que ocorrem nas frases que seguem.
5. “Conheci Maria Elvira, onde me amarrei.”
6. “Ele sempre foi bom, porém honesto.”
7. “Os alunos não entenderam todos os assuntos. Assuntos estes que foram
aprofundados.”
8. “Todos querem uma vaga na USP, mesmo sabendo que a USP faz exames de
seleção rigorosos.”
9. “Os artistas sempre foram marginais. Eles têm, às vezes, momentos de glória, mas
eles sobrevivem por teimosia. Apesar de tudo – da fama e da decadência -, os artistas são
uma espécie de espelho da sociedade.”
10. “Eles fugiam da polícia. A polícia foi mais rápida e prendeu eles.”
11. “Ele era escritor sério e ela era professora honesta e o poder cegou eles.”
12. “Há um grande número de pessoas que não entendem e não se interessam por
política.”
13. “Lembrou-se que havia um bilhete. Bilhete este que desapareceu entre os velhos
papéis da escrivaninha.”
14. “Fritz Muller preferia bacalhoada e Severina preferia feijoada. Ele, Fritz Muller, não
sabia pedir e ela, Severina, não sabia obedecer.”

Gabarito dos exercícios de coesão textual


1. Os autores procuram envolver o leitor na discussão que apresentam, delimitando o
tema e o ponto de vista a ser defendido: a crise da leitura no mundo moderno, associada à
saturação da escrita.
2. No segundo parágrafo, com a finalidade de desenvolver as ideias apresentadas na
introdução, os autores enumeram diversos discursos sobre leitura provocados exatamente
pela falta de leitores e assim justificam por meio de exemplos a tese apresentada.
3. Na medida em que apresentam a conclusão, reafirmando a tese ou o ponto de vista
apresentado e desenvolvido argumentativamente, os autores ao mesmo tempo retomam
(coesão) e generalizam (coerência com o contexto dissertativo) suas afirmações.
4. Podemos afirmar que o texto lido constitui uma dissertação clássica porque ele se
estrutura em três parágrafos, que apresentam a seguinte configuração: o primeiro
parágrafo introduz o tema, delimitando o ponto de vista a ser defendido, no segundo
aparecem os argumentos que o sustentam e, finalmente, no terceiro, há uma conclusão,
que reafirma e generaliza o que foi colocado.
5. Conheci Maria Elvira, pela qual me apaixonei (ou à qual me liguei). Erros: emprego do
conectivo (onde) e de impropriedade vocabular (amarrei).
6. Ele sempre foi bom e honesto. Erro: emprego do conectivo (porém).
7. Os alunos não entenderam todos os assuntos que foram aprofundados. Erros:
emprego do anafórico e de repetição.
8. Todos querem uma vaga na USP, mesmo sabendo que ela faz exames de seleção
rigorosos. Erro: repetição. Correção: uso do anafórico “ela”.
9. Os artistas sempre foram marginais. Têm, às vezes, momentos de glória, mas
sobrevivem por teimosia. Apesar de tudo — da fama e da decadência —, são uma espécie
de espelho da sociedade. Erro: repetição. Correção: Obter-se-ia a coesão por elipse do
sujeito.
10. Eles fugiam da policia que os prendeu. Erro: repetição. Correção: emprego de
anafóricos (gue e os).
11. Ele era escritor sério, e ela, professora honesta, mas o poder cegou-os (ou os cegou).
Erros: repetição e uso inadequado do conectivo. Correção: elipse do verbo “ser”, uso do
anafórico “os”, emprego correto do conectivo “mas”.
12. Há um grande número de pessoas que não entendem política e não se interessam
por ela. Erro: emprego da mesma palavra relacional (preposição “por”) para verbos que
regem preposições diferentes (erro de unificação regencial). Correção: explicitar a
regência do verbo entender (rege objeto direto, nesse contexto), aproximar dele o termo
“política” e retomá-lo depois com o anafórico “ela”, regido pela preposição “por” (obrigatória
para ligar objeto indireto)
13. Lembrou-se de que havia um bilhete que desapareceu entre os velhos papéis da
escrivaninha. Erros: o verbo “lembrar-se” rege preposição “de” (erro de emprego do
conectivo), repetição (falta de anafórico). Correção: preposição “de” obrigatória e uso do
anafórico “que”.
14. Fritz Muller preferia bacalhoada, e Severina, fejjoada. Aquele não sabia pedir, e esta
não sabia obedecer. Erro: repetições desnecessárias. Correção: elipse do verbo “preferir”
e uso dos anafóricos “aquele” e “esta”.
A estruturação do parágrafo-padrão

PARÁGRAFO

O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais


de um período, em que se desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a que se
agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente
decorrentes dela.

Antes de começar a elaborar esse tipo de texto, é importante atentar para os


seguintes passos preliminares:

 Escolher um assunto. Por exemplo: leitura.


 Fazer a delimitação do assunto escolhido, isto é, restringir o pensamento,
concentrar-se apenas em um ou dois aspectos do tema. Por exemplo,
escolhido o tema “leitura”, delimitá-lo para “vantagens da leitura”.
 Definir a intenção, o objetivo de quem escreve o parágrafo. Assim, pode-se
redigir para “mostrar as vantagens que a leitura proporciona”.
Os pontos enumerados anteriormente podem ser chamados de esquema para
esse tipo de redação. Entretanto, esse esquema não é suficiente. É preciso
conhecer a estrutura do parágrafo, a fim de organizá-lo.

Escolhido o assunto, a delimitação e o objetivo, elabora-se o primeiro item da


estrutura.

Uma vez elaborado o tópico frasal, passa-se ao desenvolvimento. Nesse


momento, é preciso haver uma seleção de idéias relacionadas à delimitação do
assunto e à ordenação das mesmas. Aproveitando o assunto “leitura” com sua
delimitação, objetivo e tópico frasal apresentados, podem-se selecionar as seguintes
idéias para o desenvolvimento:

 a prática da leitura amplia o vocabulário;


 conhecimentos variados são adquiridos através da leitura;
 a leitura como forma de lazer.

Conclusão

A última etapa é a conclusão. Sua elaboração consiste em retomar a


delimitação do assunto, acrescentando uma idéia ou opinião, tendo o cuidado de não
repetir algo que já tenha sido exposto ou desenvolvido. Pode-se até levantar uma
questão que servirá para a reflexão posterior do leitor. O importante nessa etapa é o
fechamento da argumentação de modo coeso e coerente.

É necessário salientar que a estrutura definida até aqui pertence ao chamado


parágrafo padrão, o qual consiste em uma explanação escrita com, no mínimo, cinco
períodos.
TÓPICO FRASAL

A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico


frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta
ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou
periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o
período mestre, que contém a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a
atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a
agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz
o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o potencial de gerar
idéias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação
ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova,
detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo.
Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou explicação.

A idéia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida


de outros períodos que explicam ou detalham a idéia central.

Exemplos:

 Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltrátá-


los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel.
Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do
animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu
que paciência e muitos exercícios são os principais meios para se obter
sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é
esperado.

 A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita


brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha
menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de vezes mais.
A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U$$112
mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo,.
Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e
mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o
número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há pessoas
que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras
ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham
e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso
país é injusta.

Exercícios: desenvolva estes tópicos frasais dissertativos:


 A prática do esporte deve ser incentivada e amparada pelos órgãos
públicos.
 O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve viver só para o
trabalho.
 A propaganda de cigarros e de bebidas deve ser proibida.
 O direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano.

2. Desenvolva os tópicos frasais seguintes, considerando os conectivos:

 O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a


não ser que...
 As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na
vida social e política de muitos países; no entanto
 Um curso universitário pode ser um bom caminho para a realização
profissional de uma pessoa, mas...
 Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará pondo em risco
sua própria existência, porque...
 Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a
violência que existe hoje em várias cidades; outras, porém
 Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, porque.
 Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, no entanto
 Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer
censura, pois
 Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer
censura, entretanto
 O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar,
porque
 O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar,
embora

DESENVOLVIMENTO
Desenvolver o parágrafo é expor de forma pormenorizada a idéia principal
deste. Tal desenvolvimento pode se dar por diversas maneiras.

Tópico frasal desenvolvido por enumeração: o autor enumera e detalha a


idéia apresentada.

Exemplo: A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos
benefícios às pessoas, tais como: informação, por meio de noticiários que mostram o
que acontece de importante em qualquer parte do mundo; diversão, através de
programas de entretenimento (shows, competições esportivas); cultura, por meio de
filmes, debates, cursos.

Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes: é o processo típico


do desenvolvimento de um parágrafo descritivo:

Exemplo: era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras.


Assobradado, erguia-se em alicerces o muramento, de pedra até meia altura e, dali
em diante, de pau-a-pique (...) À porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com
alpendre e parapeito desgastados. (Monteiro Lobato)

Tópico frasal desenvolvido por confronto: No confronto, o autor utiliza o


artifício de contrapor idéias, seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto
pode ser de contrastes como de semelhanças. Analogia e comparação são também
espécies de confronto: a primeira trata de semelhança primária sugerindo uma
afinidade completa entre os dados; a segunda mostra semelhanças reais e visíveis,
valendo-se para isto do uso de conectivos de comparação.

Exemplo: Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez
pode ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais
que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à
anterior, pois o jogador não pode seguir seus planos sem considerar os contra-
ataques do adversário, senão será prontamente abatido. O mesmo acontecerá com
um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma dse agir às
respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da situação geral, na
medida em que se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por razões: desenvolve-se assim o parágrafo,


esclarecendo a causa, motivo ou razão, bem como a conseqüência ou efeito do
acontecimento ou fato apresentado como idéia principal. Quando se trata de
fenômenos físicos, empregamos os termos causa e efeito; se humanos usamos os
termos motivo, razão e conseqüência.
Exemplo: as adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso
acontece de maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma
concentrada, quase simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade. Para
uma criança, o mundo está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos
incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é,
para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo
desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. (Gianni Rodari,
adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por análise: é a divisão do todo em partes.

Exemplo: quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de


comunicação: informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão
de notícias, relatos e comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de
distração, de evasão, de divertimento por parte do público. A terceira procura
persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. A quarta é realizada de
modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação do
indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação: ao definir, o autor, de


forma clara e concisa, conceitua o objeto, ser, fato ou fenômeno apresentado. A
definição pode envolver ou não a divisão e citação de exemplos, estas por sua vez,
podem acompanhar uma definição ou serem usadas isoladamente desta e uma da
outra.

Quando divide, o autor explora as idéias em cadeia, ou seja, após apresentar a


temática no tópico frasal, divide-a e explana-a em períodos seguintes, sempre de
forma a manter a cadeia de desenvolvimento.

Ao exemplificar, o autor tanto pode esclarecer o assunto proposto quanto


comprová-lo.

Exemplo: a imaginação utópica é inerente ao homem, sempre existiu e


continuará existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos
históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam
para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraíso a
alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma
vida mais justa, pedem-nos que “sejamos realistas, exijamos o impossível”. (Teixeira
Coelho, adaptado)

Exercícios

1. Grife o tópico frasal de cada parágrafo apresentado. Não deixe de observar


como o autor o desenvolve.
a) “O isolamento de uma população determina as características culturais próprias.
Essas sociedades não têm conhecimento das idéias existentes fora de seu horizonte
geográfico. É o que acontece na terra dos cegos do conto de H.G. Welles. Os cegos
desconhecem a visão e vivem tranqüilamente com sua realidade, naturalmente
adaptados, pois todos são iguais. Esse conceito pode ser exemplificado também pelo
caso das comunidades indígenas ou mesmo qualquer outra comunidade isolada.”
(Redação de vestibular)

b) “O desprestígio da classe política e o desinteresse do eleitorado pelas eleições


proporcionais são muitos fortes. As eleições para os postos executivos é que
constituem o grande momento de mobilização do eleitorado. É o momento em que o
povão se vinga, aprovando alguns candidatos e rejeitando outros. Os deputados, na
sua grande maioria, pertencem à classe A. É com os membros dessa classe que os
parlamentares mantêm relações sociais, comerciais, familiares. É dessa classe com a
qual mantêm maiores vínculos, que sofrem as maiores pressões. Desse modo, nas
condições concretas das disputas eleitorais em nosso país, se o parlamentarismo não
elimina inteiramente a influência das classes D e E no jogo político, certamente atua
no sentido de reduzi-la.” (Leôncio M. Rodrigues)

2. Apresentamos a seguir alguns tópicos frasais para serem desenvolvidos


na maneira sugerida.

a) Anacleto é um detetive trapalhão. (por enumeração de detalhes: forneça a


descrição física e psicológica do personagem).

b) As novelas transmitidas pela televisão brasileira são muito mais atraentes que
nossos filmes. (por confronto)

c) As cidades brasileiras estão se tornando ingovernáveis. (por razões)

d) Há três tipos básicos de composição: a narração, a descrição e a dissertação.


(por análise)

e) Nunca diga que algum ser humano é uma ilha: tudo que acontece a um
semelhante nos atinge. (por exemplificação)

Bibliografia:

FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A Redação pelo Parágrafo. 1ª edição. Brasília, Editora


UnB, 1995.

DELMANTO, Dileta. Escrevendo Melhor, 8ª série. 1ª edição. São Paulo, Editora


Ática, 1995.
TUFANO, Douglas. Estudos de Redação. 4ª edição. São Paulo, Editora Moderna,
1996.

TIPOS DE PARÁGRAFOS

I - PARÁGRAFO DESCRITIVO E PARÁGRAFO NARRATIVO

Parágrafo Descritivo

É aquele que descreve o objeto, ser, coisa, paisagem ou até mesmo um


sentimento. Tal descrição se dá pela apresentação das características predominantes
e pelo detalhamento destas. É, portanto o objeto matéria da descrição.

Uma descrição perfeitamente realizada não se mostra pelas minúcias


descritivas do objeto e sim pela compreensão deste através da imagem reproduzida
pela rica imaginação e pela utilização correta dos recursos de expressão,
apresentando traços específicos do objeto da descrição, sem se preocupar com os
supérfluos.

A descrição deve apresentar o ponto de vista do observador, ou seja, o ângulo


do qual será feita a descrição, não só o físico, mas também a atitude da observação.

Quanto ao objeto a ser descrito, deve o autor apresentar o posicionamento


físico deste, de forma a permitir ao leitor a firme criação do cenário em sua mente.
Esta apresentação se dá pela disposição ordenada dos detalhes, o que cria uma
cadeia de idéias que será absorvida pelo leitor.

O posicionamento psicológico é outro ponto a ser apresentado. Este direciona


a descrição para caminhos diversos: o do subjetivismo, quando o autor deixa
transparecer o seu estado de espírito, suas preferências e opiniões, assim
descrevendo não apenas o que vê, mas o que pensa ver, usando para tal, expressões
carregadas de conotação; a descrição pode ser também direcionada para o
objetivismo, que é a pura descrição, fidelíssima ao que se vê, retratando exatamente o
quadro contemplado, e desta forma, com a pura utilização da linguagem denotativa.
Os personagens devem também ser descritos, e esta, reveste-se de maior
complexidade pois, a simples enumeração de características tornaria o personagem
desinteressante. Deve então o autor, valendo-se dos recursos de linguagem, formar
uma representação viva do objeto descrito, transmitindo além das características
físicas, o retrato psicológico do personagem.

A descrição deve abranger também a paisagem ou ambiente, e não como


resultado de mera observação, mas como de um contágio efetivo da natureza ou
ambiente sobre o autor, o que o integra ao quadro e permite maior dinâmica à
descrição. Ao descrever paisagem ou ambiente, cuidados especiais devem ser
tomados para que não se valorize em demasia aspectos secundários, deixando à
parte os principais.

Parágrafo Narrativo

O parágrafo narrativo deve transmitir fielmente a intenção da narração. Esta


tem como matéria o fato, ou seja, qualquer acontecimento de que o homem participe
direta ou indiretamente.

O relato de um episódio é composto por elementos definidos, a saber: o


enredo, os personagens, a ação, o tempo, o espaço, a causa, a conseqüência, o foco
narrativo, o clímax e o desfecho. Estes podem aparecer em sua totalidade ou
parcialmente dentro de um parágrafo narrativo.

O enredo é o entrelaçamento dos fatos de uma narração. Os personagens são:


o protagonista, aquele que pratica a ação, normalmente o "mocinho" e personagem
principal da história; e o antagonista, aquele que sofre a ação, o opositor do
personagem principal. Tem-se ainda personagens secundários que são os figurantes
da narração. O tempo pode ser o cronológico, tempo mensurável do acontecimento ou
o psicológico, imensurável e só conhecido pelo personagem. O espaço é o local dos
acontecimentos. Causa e conseqüência são respectivamente, o motivo e o resultado
da ação narrada. O foco narrativo é o angulo de vista do narrador, que pode ser de
mero observador, narrando os fatos na terceira pessoa ou, de personagem, quando
usará então a primeira pessoa. O clímax e o desfecho são, respectivamente, o
momento de expectativa, de tensão e o fechamento da narração.

É certo que todos os elementos nem sempre estarão contidos em um só


parágrafo, sendo assim presentes em outras unidades da narração, contudo, existe a
possibilidade de estes elementos serem observados num mesmo parágrafo, devido à
capacidade do autor e sua perícia na utilização dos recursos de linguagem a ele
disponibilizados. O fato narrado pode ser real, como a história da humanidade, a
biografia de alguém, a autobiografia, uma reportagem, ou pode ser também fictício,
como novelas, romances, contos e anedotas.

O parágrafo narrativo tem como núcleo o incidente, o fato ocorrido, nele


também, geralmente, não se tem o tópico frasal explícito, pois este está diluído
implicitamente no ordenamento da narração.
A dicotomia primária, apresentada entre os parágrafos narrativo e descritivo é a
dinâmica dos personagens existente no primeiro e a ausência da mesma no segundo.

QUALIDADES DO PARÁGRAFO E DA FRASE EM GERAL

O parágrafo e a frase possuem qualidades em comum, as quais podemos


definir de maneira superficial da seguinte forma: correção - respeito às normas e
princípios do idioma; clareza - expressão clara e objetiva da idéia; concisão -
apresentação da idéia usando o menor número possível de palavras; coesão –
exposição das idéias de forma ordenada, uma de cada vez; coerência - ligação
perfeitamente inteligível das partes de um texto com o seu todo; ênfase – realce da
idéia apresentada através de mecanismos próprios e, finalmente, argumentação - a
exposição dos fundamentos da idéia, de forma a torná-la suscetível de aceitação.

Devido à intenção deste trabalho, nos deteremos em três destas qualidades, a


saber: coesão, coerência e argumentação.

Das qualidades do parágrafo e da frase, coesão e coerência dificultam as


suas definições, pois muito se confundem quando da ausência, pois, a falta de uma,
redunda na impossibilidade de existência da outra, isto de forma generalizada. São,
portanto responsáveis por garantir ao texto uma unidade de significados encadeados.

Coesão

Coesão, ou unidade, consiste no resultado do emprego correto dos termos


conectivos da linguagem, o que permite expressar uma coisa de cada vez, omitindo o
desnecessário e prendendo-se às relações existentes entre as idéias principal e
secundárias. Tal resultado em muito se deve ao correto emprego do tópico frasal.

Na língua portuguesa, muitos recursos garantem a coesão, são eles: a


referência - uso dos pronomes, advérbios e artigos; a elipse - omissão de um termo a
fim de evitar sua repetição; o lexical - uso de sinônimos que evitam a repetição de
termos; a substituição - abreviação de sentenças inteiras, substituindo-as por uma
expressão de significado equivalente; a oposição - emprego de termos com valor de
oposição, como: mas, contudo, todavia, porém, entretanto etc.; a concessão - uso de
termos como: embora, ainda que, se bem que, apesar de etc.; a causa - utilização de
termos que indicam a causa do fato: porque, pois, como, já que, visto que etc.; a
condição - a imposição de termos condicionais, tais como: caso, se, a menos que
etc.; a finalidade - mostrar o fim do fato através do emprego de termos como: para
que, para, a fim de, com o objetivo de etc.;
Além dos recursos acima citados, que proporcionam coesão, evitando
pormenores impertinentes, acumulações e redundâncias, outros recursos redacionais
proporcionam coesão ao parágrafo, e podemos citar alguns como: O emprego, sempre
que possível do tópico frasal explícito; o desenvolvimento da idéia-núcleo em um
mesmo parágrafo, a busca da não utilização de frases entrecortadas.

Coerência

Valendo-nos da definição primariamente apresentada para coerência, (ligação


perfeitamente inteligível das partes de um texto com o seu todo), podemos concluir
que esta consiste em ordenar e interligar as idéias de maneira clara e lógica e de
acordo com um plano definido.

Para que a coerência seja evidente numa composição, algumas


particularidades devem ser observadas:

A ordem cronológica, espacial e lógica são algumas destas particularidades.


Ordenar cronologicamente os fatos consiste em não inverter o tempo dos
acontecimentos. A ordem espacial consiste em descrever sob o ângulo da observação
o objeto, ou seja, dos detalhes mais próximos para os mais distantes ou ao inverso. A
ordenação lógica nada mais é do que a manutenção da idéia apresentada através do
tópico frasal ou implícita no texto, a fundamentação desta idéia no seu
desenvolvimento e, finalmente a conclusão da composição.

A satisfação do aspecto de coerência em uma composição não se deve apenas


ao ordenamento da idéia, conseguido através dos recursos acima citados, deve-se
também ao emprego correto dos termos que permitam a transição e a conexão entre
as idéias. Neste ponto, encontramos a necessidade da correta utilização, conforme as
normas gramaticais, das conjunções, preposições, pronomes e até mesmo dos
advérbios e locuções adverbiais e ainda, em sentido mais amplo, de orações, períodos
e parágrafos que servem de transição ou conexão entre as idéias apresentadas.

Listamos abaixo, alguns advérbios ou locuções adverbiais que proporcionam a


coerência na composição quando da sua utilização.

 Prioridade, relevância - em primeiro lugar, antes de mais nada...


 Tempo - então, enfim, logo, imediatamente, não raro...
 Semelhança, comparação - igualmente, de acordo com, segundo...
 Adição - além disso, também, e...
 Dúvida - talvez, provavelmente...
 Certeza - de certo, por certo, certamente...
 Surpresa - inesperadamente, surpreendentemente...
 Ilustração - por exemplo, quer dizer, a saber...
 Propósito - com o fim de, a fim de...
 Lugar, proximidade, distância - perto de, próximo a, além...
 Resumo - em suma, em síntese, enfim, portanto...
 Causa - daí, por conseqüência, por isso, por causa...
 Contraste - pelo contrario, exceto, menos...
 Referência em geral - pronomes demonstrativos: este, aquele, esse; pronomes
pessoais; pronomes adjetivos: último, penúltimo; os numerais ordinais:
primeiro, segundo....

Certamente os recursos apresentados nos possibilitarão a busca, e se bem


aplicados, o encontro da coerência em nossas composições.

Argumentação

Considerando a argumentação dentro da unidade de composição do texto,


podemos afirmar que ela procura formar a opinião do leitor em conformidade com a do
autor, em outras palavras, é a busca do convencimento, mediante a apresentação de
razões, da coesão e da coerência, de que o raciocínio apresentado é o correto.

A boa argumentação deve revestir-se de caráter construtivo, cooperativo e útil; e


fundamentar-se em dois pilares: a consistência do raciocínio e a evidência das provas.

Ao intentar argumentar, deve o autor se fundamentar nos fatos, nos exemplos, nas
ilustrações, em dados estatísticos e em testemunhos, para que após a argumentação
sua conclusão seja firme, sedimentada e apresentada com autoridade.

CONCLUSÃO

Após a pesquisa bibliográfica realizada, inferimos:

A incontestável importância do parágrafo, mediante a sua utilidade essencial


como unidade de composição, permitindo ao autor e ao leitor o entendimento paulatino
do sentido do texto, e ao mesmo tempo dando uma visão global deste.

A necessidade do correto desenvolvimento do parágrafo, valendo-se para tal,


de todos os recursos disponíveis.

O conhecimento e discernimento dos parágrafos descritivo e narrativo, diante


de suas constituições, qualidades e propósitos. A imprescindível necessidade dos
aspectos de coesão, coerência e argumentação, para que o objetivo da composição
seja alcançado.

BIBLIOGRAFIA:

1. GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em Prosa Moderna : aprender a escrever,


aprendendo a pensar. 17. ed. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas,1997.
2. KASPARY, Adalberto José. Redação Oficial: normas e modelos. 14.ed. Porto Alegre. Edita,
1998.

3. SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação para Todos: escrevendo com prática. São Paulo, Iglu,
1995.

A ESTÉTICA DE UMA REDAÇÃO

Prof. Adilson Torquato

No nosso primeiro contato com a redação, podemos achar que é muito fácil
mas, na realidade, surge algo que torna importante o nosso ato de escrever que se
mantém na forma de passar a mensagem ao nosso leitor e a estética do trabalho
redacional, que mostra o quanto estamos interessados em que nosso pensamento
seja bem compreensível com lógica e clareza.

Surge então a busca por um trabalho mais limpo e com estética para a
estrutura. Observando os exemplos de redações da dica passada, podemos notar que
a estética não é tão ordenada, por isso a seqüência lógica se perde no meio do
caminho e fica sem sentido no que diz respeito ao desenvolvimento de seus
argumentos centrais e finais para uma conclusão mais segura e estruturada.

Lembre-se sempre que, ao formar um Plano de Trabalho para escrever sua


redação, você deve visualizar também a sua ESTÉTICA:

 Nunca comece uma redação com períodos longos. Basta fazer uma frase-
núcleo que será a sua idéia geral a ser desenvolvida nos parágrafos que se
seguirão;
 Nunca coloque uma expressão que desconheça, pois o erro de ortografia e
acentuação é o que mais tira pontos em uma redação;
 Nunca coloque hífen onde não é necessário como em penta-campeão ou
separação de sílabas erroneamente como ca-rro (isto só acontece em
espanhol e estamos escrevendo na língua portuguesa);
 Nunca use gírias na redação, pois a dissertação é a explicação racional do que
vai ser desenvolvido e uma gíria pode cortar totalmente a seqüência do que vai
ser desenvolvido além de ofender a norma culta da Língua Portuguesa;
 Nunca esqueça dos pingos nos "is" pois bolinha não vale;
 Nunca coloque vírgulas onde não são necessárias (o que tem de erro de
pontuação !);
 Nunca entregue uma redação sem verificar a separação silábica das palavras;
 Nunca comece a escrever sem estruturar o que vai passar para o papel;
 Tenha calma na hora de dissertar e sempre volte à frase-núcleo para orientar
seus argumentos;
 Verifique sempre a ESTÉTICA: Parágrafo, acentuação, vocabulário, separação
silábica e principalmente a PONTUAÇÃO que é a maior dificuldade de quem
escreve e a maioria acha que é tão fácil pontuar !
 Respeite as margens do papel e procure sempre fazer uma letra constante
sem diminuir a letra no final da redação para ganhar mais espaço ou aumentar
para preencher espaço;
 A letra tem que ser visível e compreensível para quem lê;
 Prepare sempre um esquema lógico em cima da estrutura intrínseca e
extrínseca;
 Não inicie nem termine uma redação com expressões do tipo: "... Eu acho...
Parece ser... Acredito mesmo... Quem sabe..." mostra dúvidas em seus
argumentos anteriores;
 Cuidado com "superlativos criativos" do tipo: "... mesmamente... apenasmente."
. E de "neologismos incultos" do tipo: "...imexível... inconstitucionalizável...".

http://www.dorothea.com.br/downloads/O_paragrafo.doc

http://www.ibilce.unesp.br/teiadosaber/curso12.htm

http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=redacao/teoria/docs/topicofrasal

http://educaterra.terra.com.br/vestibular/dicas/redacao/27abr98.htm
Dicas de redação: A estrutura do parágrafo
♦ Dica 1: É primordial que você entenda que o parágrafo deve ser
constituído de apenas uma ideia, que aqui chamaremos de ideia-núcleo.
A partir da ideia-núcleo serão desenvolvidas ideias secundárias que
deverão estabelecer relação dialógica com a ideia principal;
♦ Dica 2: As ideias desenvolvidas em cada parágrafo devem estar
relacionadas com a ideia principal do texto, que geralmente é
apresentada na introdução; caso contrário, seu texto transformar-se-á
em um amontoado de argumentos sem qualquer tipo de ligação uns com
os outros, efeito pra lá de indesejado;
♦ Dica 3: Para iniciar seu parágrafo, apresente o tópico frasal. Mas o que
é um tópico frasal? O tópico frasal nada mais é do que a frase inicial de
cada parágrafo, frase que resumirá a ideia a ser desenvolvida. É
importante que o tópico frasal seja conciso e objetivo, composto, no
máximo, por duas ou três orações, característica que facilitará o
desenvolvimento da ideia central;
♦ Dica 4: Um tópico frasal longo pode ocultar a palavra-chave do
parágrafo. A palavra-chave é aquela palavra de peso que norteará o
desenvolvimento das ideias. Se o seu tópico frasal for vago, isto é,
apresentar múltiplas palavras-chave, provavelmente você terá
dificuldades para encontrar a palavra principal, que será responsável por
levar adiante a ideia central;
♦ Dica 5: E quanto ao tamanho ideal de um parágrafo? Bom, não existe
uma regra que determine que um parágrafo deva ter uma quantidade
exata de frases, tampouco uma regra que estipule seu número de linhas,
mesmo porque existem parágrafos que são constituídos por uma única
frase. Mas se você tem dificuldades para encontrar um tamanho ideal,
três frases é um número satisfatório;
♦ Dica 6: Existem diferentes formas de organização de parágrafos,
contudo, nos textos dissertativo-argumentativos e também em alguns
gêneros do universo jornalístico, os parágrafos geralmente seguem uma
estrutura-padrão. Essa estrutura é constituída por três partes: a ideia-
núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a
conclusão (que reafirma a ideia-núcleo). Vale lembrar que, em parágrafos
curtos, dificilmente haverá conclusão;
♦ Dica 7: Os parágrafos existem para dar um intervalo entre um assunto
e outro dentro do mesmo tema. Quando você perceber que um parágrafo
deixou de desenvolver sua ideia-núcleo, é hora de finalizá-lo e iniciar
outro;
♦ Dica 8: Se ao final de seu texto você perceber que acabou misturando
ideias diferentes em um mesmo parágrafo, não se desespere: tenha
paciência e reestruture-os. Lembre-se de que o processo de reescrita é
fundamental para quem quer escrever bons textos.
EXERCÍCIOS DE COESÃO

Seguem os exercícios:

1- Assinale a opção que preenche, de forma coesa e coerente, as lacunas do texto abaixo.

O fenômeno da globalização econômica ocasionou uma série ampla e complexa de mudanças


sociais no nível interno e externo da sociedade, afetando, em especial, o poder regulador do
Estado. _________________ a estonteante rapidez e abrangência _________ tais
mudanças ocorrem, é preciso considerar que em qualquer sociedade, em todos os tempos, a
mudança existiu como algo inerente ao sistema social.
(Adaptado de texto da Revista do TCU, nº82)

a) Não obstante – com que


b) Portanto – de que
c) De maneira que – a que
d) Porquanto – ao que
e) Quando – de que

2- Marque a seqüência que completa corretamente as lacunas para que o trecho a seguir
seja coerente.

A visão sistêmica exclui o diálogo, de resto necessário numa sociedade ________ forma de
codificação das relações sociais encontrou no dinheiro uma linguagem universal. A validade
dessa linguagem não precisa ser questionada, ________ o sistema funciona na base de
imperativos automáticos que jamais foram objeto de discussão dos interessados.
(Barbara Freytag, A Teoria Crítica Ontem e Hoje, pág. 61, com adaptações)

a) em que – posto que


b) onde – em que
c) cuja – já que
d) na qual – todavia
e) já que - porque

3. Leia o texto a seguir e assinale a opção que dá seqüência com coerência e coesão.

Em nossos dias, a ética ressurge e se revigora em muitas áreas da sociedade industrial e


pós-industrial. Ela procura novos caminhos para os cidadãos e as organizações, encarando
construtivamente as inúmeras modificações que são verificadas no quadro referencial de
valores. A dignidade do indivíduo passa a aferir-se pela relação deste com seus semelhantes,
muito em especial com as organizações de que participa e com a própria sociedade em que
está inserido.

(José de Ávila Aguiar Coimbra – Fronteiras da Ética, São Paulo, Editora SENAC, 2002).

a) A sociedade moderna, no entanto, proclamou sua independência em relação a esse


pensamento religioso predominante.

b) Mesmo hoje, nem sempre são muito claros os limites entre essa moral e a ética, pois
vários pensadores partem de conceitos diferentes.

c) Não é de estranhar, pois, que tanto a administração pública quanto a iniciativa privada
estejam ocupando-se de problemas éticos e suas respectivas soluções.

d) A ciência também produz a ignorância na medida em que as especializações caminham


para fora dos grandes contextos reais, das realidades e suas respectivas soluções.

e) Paradoxalmente, cada avanço dos conhecimentos científicos, unidirecionais produz mais


desorientação e perplexidade na esfera das ações a implementar, para as quais se pressupõe
acerto e segurança.
4- Assinale a opção que não constitui uma articulação coesa e coerente para as duas partes
do texto.

O capital humano é a grande âncora do desenvolvimento na Sociedade de Serviços,


alimentada pelo conhecimento, pela informação e pela comunicação, que se configuram
como peças-chave na economia e na sociedade do século XXI. _____________,no mundo
pós-moderno, um país ou uma comunidade equivale à sua densidade e potencial
educacional, cultural e científico-tecnológico, capazes de gerar serviços, informações,
conhecimentos e bens tangíveis e intangíveis, que criem as condições necessárias para
inovar, criar, inventar.

(Aspásia Camargo, “Um novo paradigma de desenvolvimento”)


a) Diante dessas considerações,
b) É necessário considerar a idéia oposta de que,
c) Partindo-se dessas premissas,
d) Tendo como pressupostos essas afirmações,
e) Aceitando-se essa premissa, é preciso considerar que,

5- Assinale a opção que não representa uma continuação coesa e coerente para o trecho
abaixo.

É preciso garantir que as crianças não apenas fiquem na escola, mas aprendam, e o principal
caminho para isso, além de investimentos em equipamentos, é o professor. É preciso fazer
com que o professor seja um profissional bem remunerado, bem preparado e dedicado, ou
seja, investir na cabeça, no coração e no bolso do professor.

a) Qualquer esforço dessa natureza já tem sido feito há muitos anos e comprovou que os
resultados são irrelevantes, pois não há uma importação de tecnologia educacional.

b) Tal investimento não custaria mais, em 15 anos, do que o equivalente a duas Itaipus.

c) Esse esforço financeiro custaria muito menos do que o que será preciso gastar daqui a 20
ou 30 anos para corrigir os desastres decorrentes da falta de educação.

d) Isso custaria muitas vezes menos que o que foi gasto para criar a infra-estrutura
econômica.

e) Um empreendimento dessa natureza exige como uma condição preliminar: uma grande
coalizão nacional, entre partidos, lideranças, Estados, Municípios e União, todos voltados
para o objetivo de chegarmos a 2022, o segundo centenário da Independência, sem a
vergonha do analfabetismo.

(Adaptado de Cristovam Buarque, O Estado de S.Paulo, 09/7/2003)

6- Os trechos abaixo compõem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os para que
componham um texto coeso e coerente e indique a opção correta.

( ) O primeiro desses presidentes foi Getúlio Vargas, que soube promover, com êxito, o
modelo de substituição de importações e abriu o caminho da industrialização brasileira,
colocando, em definitivo, um ponto final na vocação exclusivamente agrária herdada dos idos
da colônia.

( ) O ciclo econômico subseqüente que nos surpreendeu, sem dúvida, foi a modernização
conservadora levada à prática pelos militares, de forte coloração nacionalista e alicerçado
nas grandes empresas estatais.

( ) Hoje, depois de todo esse percurso, o Brasil é uma economia que mantém a enorme
vitalidade do passado, porém, há mais de duas décadas, procura, sem encontrar, o fio para
sair do labirinto da estagnação e retomar novamente o caminho do desenvolvimento e da
correção dos desequilíbrios sociais, que se agravam a cada dia.

( ) Com JK, o país afirmou a sua confiança na capacidade de realizar e pôde negociar em
igualdade com os grandes investidores internacionais, mostrando, na prática, que oferecia
rentabilidade e segurança ao capital.

( ) Em mais de um século, dois presidentes e um ciclo recente da economia atraíram as


atenções pelo êxito nos programas de desenvolvimento.

( ) Juscelino Kubitschek veio logo depois com seu programa de 50 anos em 5, tornando a
indústria automobilística uma realidade, construindo moderna infra-estrutura e promovendo
a arrancada de setores estratégicos, como a siderurgia, o petróleo e a energia elétrica.

(Emerson Kapaz, “Dedos cruzados” in: Revista Política Democrática nº 6, p. 39)

a) 1º - 2º - 4º - 5º - 6º - 3º
b) 2º - 3º - 5º - 1º - 4º - 6º
c) 2º - 5º - 6º - 4º - 1º - 3º
d) 5º - 2º - 4º - 6º - 3º - 1º
e) 3º - 5º - 2º - 1º - 4º - 6º

7. Se cada período sintático do texto for representado, respectivamente, pelas letras X, Y, W


e Z, as relações semânticas que se estabelecem no trecho correspondem às idéias expressas
pelos seguintes conectivos:

a) X e Y mas W e Z.
b) X porque Y porém W logo Z.
c) X mas Y e W porque Z.
d) Não só X mas também Y porque W e Z.
e) Tanto X como Y e W embora Z.

8. Indique a opção que completa com coerência e coesão o trecho a seguir.

Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da


educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos planos
de reconstrução nacional. Pois, se a evolução orgânica do sistema de um país depende de
suas condições econômicas,

a) subordina-se o problema pedagógico à questão maior da filosofia da educação e dos fins a


que devem se propor as escolas em todos os níveis de ensino.

b) é impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção sem o preparo intensivo


das forças culturais.

c) são elas as reais condutoras do processo histórico de arregimentação das forças de


renovação nacional.

d) o entrelaçamento das reformas econômicas e educacionais constitui fator de somenos


relevância para o soerguimento da cultura nacional.

e) às quais se associam os projetos de reorganização do sistema educacional com vistas à


renovação cultural da sociedade brasileira.

Atenção: as próximas questões são de Verdadeiro ou Falso.

Como se tornar o número 1

Chegar ao posto mais alto de uma empresa não é tarefa para acomodados. Exige talento,
dedicação, persistência e principalmente uma boa dose de sacrifício. Segundo consultores de
recursos humanos, é justamente esse empenho e espírito de liderança que as empresas
valorizam nos ocupantes de cargos mais altos. “A pessoa deve ter iniciativa, capacidade de
tomar decisões, fazer as coisas acontecerem”, diz o diretor da Top Human Resources, de São
Paulo.

A qualificação profissional também é um dos principais aspectos para se alcançar o posto


mais alto. “Qualquer executivo tem de investir sempre em sua educação”, enfatiza outro
diretor de recursos humanos. “Senão você será um computador sem software”, completa.

Traçar metas profissionais é outro aspecto fundamental para quem quer chegar ao topo.
Nesse caso, a ambição acaba sendo uma boa aliada.

A intuição também é uma boa arma na hora de dar um palpite em uma reunião. E, quem
sabe, pode valer aquela promoção esperada...

Conhecer passo a passo cada etapa do processo de produção da empresa e do setor é um


dos principais fatores que levaram M.C.P. a uma carreira bem-sucedida.

Ele aponta ainda a importância de valorizar os colegas. “Ninguém consegue as coisas


sozinho. É fundamental reconhecer a participação do grupo e sempre motivá-lo”.

A primeira regra da cartilha daqueles que anseiam alcançar um alto cargo em uma
corporação, de acordo com esses consultores, é não permanecer estagnado em uma função
ou empresa por um longo período.

Quer aprender Português de forma simples e objetiva?

Acesse: www.portuguesemfoco.com

Daniela Paiva. Emprego e formação profissional. In Correio Braziliense, 23/6/2002.

Considerando o desenvolvimento das idéias do texto acima, julgue a pertinência das


inserções sugeridas em cada parágrafo indicado nos itens abaixo, de modo a preservar os
argumentos utilizados, as relações de coesão e coerência e a correção gramatical do texto.

9. Ao final do segundo parágrafo: Ciente disso, o economista R. B. nunca passou mais de um


ano sem participar de algum tipo de especialização e considera que a aprendizagem é que
vai permitir que alguém permaneça na função e obtenha resultados melhores.
10. Ao final do terceiro parágrafo: “Pois, se não sabe o que quer, dificilmente o profissional
vai alcançar uma função significativa”, alerta um consultor paulista.
11. Ao final do quarto parágrafo: “Correr riscos com bom senso e ter uma boa percepção são
necessários para se tornar um líder”, acrescenta um diretor da Executive Search.

12. Ao final do quinto parágrafo: Ele planejou, detalhe por detalhe, sua carreira deexecutivo
na empresa X, qualificando-se por meio de cursos especializados ededicando tempo, além do
horário de expediente, ao aprimoramento de línguas epesquisas sobre o mercado.

13. Ao final do sexto parágrafo: O executivo da CBI, J. S., concorda com M. C. P. e


acrescenta: “Você tem de reconhecer a importância de cada um e as dificuldades de sua
equipe”.

Julgue os itens subseqüentes com relação aos recursos de coesão textual e à adequação das
palavras e da pontuação utilizadas no texto acima.

14. O adjetivo “acomodados”, no primeiro período, está empregado, textualmente, em


oposição ao conjunto de substantivos expressos em “talento, dedicação, persistência e
principalmente uma boa dose de sacrifício”, no período seguinte, que, por sua vez, podem
ser interpretados como resumidos em “esse empenho”, no terceiro período.

15. Para que o texto fosse adequado ao tema e aos leitores em potencial, o estilo muito
informal de linguagem e, especialmente, o título deveria sofrer ajustes retóricos de modo a
se tornarem mais coerentes com o gênero argumentativo utilizado.

16. O emprego de outro (terceiro parágrafo), também (quarto parágrafo) e ainda(sexto


parágrafo) mostra que diferentes classes gramaticais podem desempenhar a função de
manter coesão textual entre os parágrafos e no texto como um todo.

17. Ao usar, tão freqüentemente, o recurso do discurso alheio, o autor do texto toma o
cuidado de marcar por aspas aquelas afirmações acerca das quais não tem muita certeza ou
que são empregadas com ironia.

18. De acordo com o desenvolvimento da argumentação, a troca de lugar entre o último


período sintático do texto e o primeiro preservaria a coerência e a coesão textuais.

Leia o texto a seguir para responder às questões.

Os fragmentos abaixo, adaptados de VEJA, 13/2/2002, constituem um texto, mas


estão ordenados aleatoriamente.
I. Para chefes, o caso é ainda mais complexo.Os que acham que seus subordinados nunca
entendem o que eles falam precisam ficar atentos à própria conduta. Talvez o problema seja
tanto de habilidade quanto de falta de comunicação.

II. E você? Está pronto para coordenar uma equipe ou para relatar a um grupo as propostas
de seu departamento? Se a resposta é não, cuide-se. Corra atrás de cursos de liderança,
compre livros que lhe ensinem a expressar suas idéias claramente.

III. O caixa da agência bancária é o mais indicado para liderar a equipe que vai propor
alteração no desenho da área de atendimento ao público, onde ficam as filas. O faxineiro
deve tomar a frente do pessoal que decidirá o local mais adequado para estocar material de
limpeza.

IV. Competência técnica é só um ingrediente necessário à liderança. Um bom coordenador


tem de conseguir explicar como a tarefa sob seu controle vai contribuir para os resultados da
companhia, ou da instituição.

Considerando que a organização de um texto implica a ordenação lógica e coerente de seus


fragmentos, julgue os itens a seguir quanto à possibilidade de constituírem seqüências
lógicas e coerentes para os fragmentos acima.

19. I, II, IV, III.


20. I, III, II, IV.
21. II, III, IV, I.
22. III, I, II, IV.
23. IV,III, I, II.

GABARITO

1.A
2.C
3.C
4.B
5.A
6.C
7.A
8
8.B
9.V
10.V
11.V
12.F
13.V
14.V
15.F
16.V
17.F
18.F
19.F
20.F
21.F
22.V
23.V
A Estruturação do Parágrafo

 Redação Mundo Vestibular

Parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um


período, em que se desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a que se agregam
outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes
dela.

O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao


escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as idéias principais de sua
composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes
estágios.

O tamanho do parágrafo

Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou diminuídos,


conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o texto vai ser
divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido especial ao
texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fim. Em princípio, o parágrafo é mais
longo que o período e menor que uma página impressa no livro, e a regra geral para
determinar o tamanho é o bom senso.

Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca
formação cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e
editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas populares, livros didáticos
destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam parágrafos curtos.

Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágrafos menores,


seguindo critério claro e definido. O parágrafo curto também é empregado para
movimentar o texto, no meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma idéia.

Parágrafos médios:comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível


médio (2 grau). Cada parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50 a
150 palavras. Em cada página de livro cabem cerca de três parágrafos médios.

Parágrafos longos: em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos


parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as
explicações são complexas e exigem várias idéias e especificações, ocupando mais
espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los.

Tópico frasal

A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal


(também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou governa o
resto do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o
roteiro do escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-
chave.

Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central,
o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a
tese, o tópico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o
potencial de gerar idéias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável,
afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma
prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio
completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou explicação.

A idéia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros
períodos que explicam ou detalham a idéia central.

Exemplos:

Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltrátá-los. O modo de tratar
o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi domado,
conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo.
O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os principais meios para se
obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é esperado.

A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja
estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria
ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário
mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário
mínimo,.

Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per
capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda
diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$
120.000 anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos
ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é
injusta.

Exercícios

1. Desenvolva também estes tópicos frasais dissertativos:


a) A prática do esporte deve ser incentivada e amparada pelos órgãos públicos.
b) O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve viver só para o trabalho.
c) A propaganda de cigarros e de bebidas deve ser proibida.
d) O direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano.

2. Desenvolva os tópicos frasais seguintes, considerando os conectivos:


a) O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que
b) As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na vida social e
política de muitos países; no entanto
c) Um curso universitário pode ser um bom caminho para a realização profissional de uma
pessoa, mas... d) Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará pondo em
risco sua própria existência, porque...
e) Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência que
existe hoje em várias cidades; outras, porém
f) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, porque.
g) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, no entanto
h) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura,
pois
i) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura,
entretanto
j) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, porque
l) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, embora

Tópico frasal desenvolvido por enumeração.

Exemplo:

A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às pessoas, tais
como: informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de importante em
qualquer parte do mundo; diversão, através de programas de entretenimento (shows,
competições esportivas); cultura, por meio de filmes, debates, cursos.

Faça o mesmo:
1. Na escolha de uma carreira profissional, precisamos considerar muitos aspectos, dentre
os quais podemos citar:
2. O desrespeito aos direitos humanos manifesta-se de várias formas:
3. O bom relacionamento entre os membros de uma família depende de vários fatores,
como:
4. A vida nas grandes cidades oferece vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens,
podemos lembrar e, dentre as desvantagens,

Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes

É o processo típico do desenvolvimento de um parágrafo descritivo:


Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se em
alicerces o muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...) ?
porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado.
(Monteiro Lobato)

Tópico frasal desenvolvido por confronto.

Trata-se de estabelecer um confronto entre duas idéias, dois fatos, dois seres, seja por
meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças.
Veja o exemplo:
Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de
que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances
adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode
seguir seu planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será
prontamente abatido.

O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar
sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da
situação geral, na medida em que se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por razões


No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que
afirmamos no tópico frasal.

As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de maneira


tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase
simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade.

Para uma criança, o mundo está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos


incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é,
para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo
desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. (Gianni Rodari,
adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por análise


É a divisão do todo em partes.
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, divertir,
persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários
sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento
por parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo
produto.

A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a
formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto,
adaptado)

Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação

Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de exemplos:
A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará existindo. Sua
presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas,
sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do
pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e
cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que
“sejamos realistas, exijamos o impossível”. (Teixeira Coelho, adaptado)
Exercícios

1.Grife o tópico frasal de cada parágrafo apresentado. Não deixe de observar como o autor
desenvolve. a) “O isolamento de uma população determina as características culturais
próprias. Essas sociedades não têm conhecimento das idéias existentes fora de seu
horizonte geográfico. É o que acontece na terra dos cegos do conto de H.G. Welles. Os
cegos desconhecem a visão e vivem tranqüilamente com sua realidade, naturalmente
adaptados, pois todos são iguais. Esse conceito pode ser exemplificado também pelo caso
das comunidades indígenas ou mesmo qualquer outra comunidade isolada.”(Redação de
vestibular)

b) “O desprestígio da classe política e o desinteresse do eleitorado pelas eleições


proporcionais são muitos fortes. As eleições para os postos executivos é que constituem o
grande momento de mobilização do eleitorado. É o momento em que o povão se vinga,
aprovando alguns candidatos e rejeitando outros.

Os deputados, na sua grande maioria, pertencem à classe A. É com os membros dessa


classe que os parlamentares mantêm relações sociais, comerciais, familiares. É dessa
classe com a qual mantêm maiores vínculos, que sofrem as maiores pressões.

Desse modo, nas condições concretas das disputas eleitorais em nosso país, se o
parlamentarismo não elimina inteiramente a influência das classes D e E no jogo político,
certamente atua no sentido de reduzi-la.” (Leôncio M. Rodrigues)

2. Apresentamos a seguir alguns tópicos frasais para serem desenvolvidos na


maneira sugerida.

a) Anacleto é um detetive trapalhão. (por enumeração de detalhes: forneça a descrição


física e psicológica do personagem).
b) As novelas transmitidas pela televisão brasileira são muito mais atraentes que nossos
filmes. (por confronto)
c) As cidades brasileiras estão se tornando ingovernáveis. (por razões)
d) Há três tipos básicos de composição: a narração, a descrição e a dissertação. (por
análise)
e) Nunca diga que algum ser humano é uma ilha: tudo que acontece a um semelhante nos
atinge. (por exemplificação)

Bibliografia:
FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A Redação pelo Parágrafo. 1 edição. Brasília, Editora UnB,
1995. DELMANTO, Dileta. Escrevendo Melhor, 8 série. 1 edição. São Paulo, Editora
Ática, 1995.
TUFANO, Douglas. Estudos de Redação. 4 edição. São Paulo, Editora Moderna, 1996.

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