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Como usar criatividade para resolver problemas complexos

Por Daniel Scott


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daniel-scott

Você já encontrou algum desafio na sua empresa que não conseguiu resolver
porque os métodos tradicionais não funcionavam? Continue lendo o artigo e
aprenda técnicas que irão potencializar sua criatividade para desenvolver
soluções inovadoras.
Quando um problema surge, muitas pessoas tentam resolvê-lo linearmente,
saindo do ponto A para o ponto B. Porém, exatamente por ser um problema,
esse caminho nem sempre é possível. Aí que entra o papel da criatividade.

Seja nas ciências, literatura, música ou qualquer outro aspecto da sua vida
cotidiana, criatividade é um grande mistério. Ainda que essa habilidade tenha
sido estudada durante séculos, ainda não se sabe exatamente como funciona
de pessoa para pessoa.
O que se sabe é que criatividade é um processo de pensamento. E, como tal,
pode ser treinada e aperfeiçoada, ao contrário do que muitos acreditam.
No mundo dos negócios, criatividade é o único elemento que realmente
distingue a pessoa boa da excepcional. É o que separa o funcionário que
realiza bem suas tarefas, daquele proativo que sempre pensa em algo que os
demais não pensaram. Ter profissionais criativos é essencial para a
sustentabilidade das empresas.
Entretanto, muitas empresas – especialmente no Brasil – não se preocupam em
capacitar bem seus colaboradores para que sejam mais criativos. O resultado é
uma terrível falta de inovações e, eventualmente, a decadência do negócio. A

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título de comparação, estamos em 47 em um ranking de inovações entre 50
países.
Esse é o segundo de uma série de 10 artigos que farei em parceria com o João
Marcelo Furlan sobre as habilidades essenciais para o futuro do trabalho em
2020.
Em alguns anos, empresas que não forem capazes de resolver seus problemas
de forma criativa simplesmente não conseguirão inovar e, consequentemente,
serão engolidas pelos competidores. A criatividade é fundamental para se
compreender a complexidade do mundo atual e gerar soluções práticas e
autênticas.

O que é a solução criativa de problemas


A solução criativa de problemas é o processo mental da busca por uma solução
original e desconhecida para um problema, de forma inovadora e independente.
O objetivo é amplificar a criatividade que está latente dentro da pessoa para que
ela possa desenvolver pensamentos não convencionais.
O processo começa com a definição exata do problema. Essa, em geral, é a
grande dificuldade. Muitas pessoas acabam encontrando problemas para
soluções que já existem e não o contrário. É imprescindível saber detectar o
problema de forma clara.
Problemas simples podem ter soluções simples e não-criativas. Um exemplo:
seu computador está travado. Uma solução possível é reiniciá-lo, o que, na
maioria das vezes, acabará com o inconveniente.

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Já problemas complexos muitas vezes exigem soluções arrojadas ou
inovadoras. Para resolvê-los, é necessário o uso da criatividade. Uma solução
criativa geralmente terá características distintas, que incluem o uso de
componentes existentes no problema. Um exemplo exagerado é a série de TV
MacGyver, onde o protagonista improvisa objetos comuns do dia-a-dia para
escapar de desastres e derrotar seus inimigos.
Após detectado o problema e achada uma solução, o passo final é implementá-
la. Aqui deve-se criar um plano de ação, identificando o que será feito, por quem,
quando, onde e como. Esse plano deve ser apresentado e explicado a todas as
pessoas envolvidas, bem como as que serão afetadas pelas mudanças.

Como usar a criatividade para obter soluções inovadoras

1 – Pare de criar ideias e avaliá-las ao mesmo tempo


Um grande equívoco de quem está procurando explorar sua criatividade é
tentar corrigir suas ideias enquanto se está pensando. Ao se escrever um texto,
por exemplo, o instinto do escritor é de corrigir a ortografia a cada frase ou
parágrafo.
Entretanto, o momento inicial de pensamento é sempre fundamental para se
produzir o máximo de ideias possível. O princípio da solução criativa de
problemas passa por separar seus pensamentos em criativos e críticos.
O pensamento criativo é quando se produz. Nele, não podemos ter julgamento
do que é produzido, devemos sempre buscar quantidade e procurar fazer novas
conexões mentais.
Já o crítico é a fase onde não se deve ter ideias. Foque no que já foi produzido,
veja como isso pode atender seus objetivos e aplique um julgamento afirmativo
das ideias.
A ideia básica aqui é divergir antes para depois convergir.

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2 – Tire Intervalos
Atualmente, existe uma geração de trabalhadores que busca desenfreadamente
fazer mais em menos tempo, sem se preocupar com o repouso. Entretanto, é
IMPOSSÍVEL exercer 100% da sua criatividade sem tirar intervalos. Seu corpo
pode até aguentar a exaustão física, mas seu cérebro não funciona da mesma
forma.
O livro “The Power of Full Engagement” mostra que, enquanto muitos
acreditam que deveriam gerenciar melhor seu tempo, eles precisam, na verdade,
gerenciar sua energia para obter alta performance. Gerenciar a energia significa
ter picos de produção e depois descansar de forma efetiva e eficiente.
Você pode ouvir gratuitamente o audiobook através da Audible, clicando aqui.
Com esse conceito em mente, o sociólogo italiano Domenico De Mais
desenvolveu a noção do “ócio criativo”, que nada mais é do que a capacidade
de se produzir insights enquanto se está ocioso.
Não é para ser confundido com preguiça. O ócio criativo não se trata de ficar à
toa, mas de deixar seu cérebro pensar inconscientemente naquilo que você
acabou de pesquisar. Assim, ideias surgirão de forma espontânea enquanto
você está repousando.

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Tomar decisões precipitadas em cima de ideias recém-criadas é a receita
certa para o fracasso do negócio. Soluções criativas precisam ser pensadas,
sedimentadas para só depois verificadas.

3 – Frustação e dificuldade
Em 1975, o pianista americano Keith Jarrett foi convidado por uma garota alemã
de 17 anos para fazer um concerto em Colônia, na Alemanha. Mas o piano dado
ao músico estava imprestável, o que o deixou nervoso e fez desistir da
performance.
Ele já estava de saída quando a jovem, chorando, insistiu para que ficasse.
Comovido, resolveu improvisar a apresentação. O Concerto de Colônia é até
hoje o álbum mais vendido da história do gênero, com mais de 3,5 milhões de
vendas.
A razão de o pianista ter tocado tão bem é que o piano estava tão debilitado que
foi necessário se esforçar ao máximo para compensar o fato.
Muitos acham que a abundância de recursos é a solução para seus problemas,
mas a realidade é que é a fome que faz as pessoas caçarem a comida.
Dificuldades geram oportunidades e inovações.
Veja um estudo realizado pelo psicólogo Daniel Oppenheimer, por exemplo.
Durante um tempo ele pediu que professores do Ensino Médio dessem as
mesmas apostilas para seus alunos, porém metade delas com uma fonte boa e
a outra metade com uma fonte que dificultava a leitura, como o comic sans.
Os alunos que receberam o material com uma fonte pior tiveram um
desempenho melhor do que os demais, já que eles demoravam mais para ler
e acabavam prestando mais atenção no material.
Enquanto pessoas medíocres se lamentam quando erram ou quando surge
algum obstáculo, pessoas criativas fazem os erros trabalharem a seu favor.
Enxergue a frustração como uma oportunidade para a criação de ideias nunca
antes vistas. Abrace a dificuldade e se esforce para superá-la.

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4 – Aleatoriedade e zona de conforto
A psicóloga Shelley Carson testou seus alunos na Universidade de Harvard para
verificar a qualidade dos seus filtros de atenção. Um bom filtro de atenção
basicamente é sua capacidade de filtrar intervenções externas e focar naquilo
que se está fazendo. Um exemplo: jantar em um restaurante barulhento e
conseguir manter a conversa com a pessoa que está ao seu lado.
Mas alguns dos seus alunos tinham uma grande dificuldade com isso. Se
distraíam muito facilmente e constantemente eram interrompidos com as visões
e sons do mundo ao redor. O que Carson descobriu é que isso não é uma
desvantagem, pelo contrário.
Aqueles com filtros mais baixos conseguiram um desempenho de longo prazo
maior do que os demais. As distrações eram um desafio para a criatividade
dos alunos e os faziam pensar fora da caixa, afinal, a caixa estava cheia de
buracos.
A solução dos seus problemas se torna mais robusta quando se inclui elementos
aleatórios. Não se pode desenvolver a criatividade dentro de uma zona de
conforto, já que ideias novas nunca surgirão daí. A novidade de pensamentos
vem atrelada à novidade de locais e experiências.
Pense em um trabalho de grupo na faculdade, por exemplo. Em qual dessas
situações você esperaria que surgissem mais ideias originais: em um grupo
onde só tem amigos que conversam todos os dias sobre os mesmos assuntos,

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ou no grupo onde pelo menos um membro não conhece os demais e traz novos
pontos de vista.
Um exercício simples para adicionar aleatoriedade: enquanto se está com
algum problema, pegue um livro qualquer, abra em uma página aleatória e
escolha algum substantivo aleatório. Experimente usar essa palavra na
resolução do seu problema, pense em soluções que a contenham.

5 – O efeito constrangedor
Quando foi a última vez que você se sentiu muito envergonhado, constrangido?
Algo muito comum quando alguém se vê em situações assim é o choque da
realidade. Pensamentos dispersos imediatamente viram foco incondicional. Não
há nível maior de se sair da zona de conforto do que se constranger.
Um belo exercício para se praticar com equipes no seu trabalho são as
“estratégias oblíquas”. Crie uma lista com uma série de instruções inusitadas,
como tomar uma atitude disruptiva e imprevisível qualquer, trocar o sapato com
alguma outra pessoa ou definir qual sua característica mais vergonhosa e
amplificá-la.
Quanto mais constrangedoras, melhor.
Escolha aleatoriamente uma dessas instruções a cada um ou dos dias e confira
os resultados. Os ganhos de performance serão nítidos, embora logicamente
a equipe detestará praticar coisas assim.

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6 – Pensamento Lateral
Por que algumas pessoas são um poço de ideias criativas, enquanto outras de
igual inteligência nunca conseguem pensar em ideias novas?
Colaboração é sempre uma alternativa para se chegar a resultados melhores do
que quando se pensa individualmente. Entretanto, grupos podem facilmente
dispersar a atenção dos participantes, assim como alguns podem se sentir
desconfortáveis por não estarem produzindo tanto quanto outros.
O pensamento lateral é a habilidade de fazer o grupo pensar de modo comum
em determinada situação e depois mudar de direção quantas vezes forem
necessárias sem que o foco se perca. Se você é capaz de fazer o grupo pensar
de forma coletiva, a capacidade de pensamento do grupo é amplificada.
Algumas estratégias que podem ser adotadas são: o questionamento de tudo
que é tido como certeza, a proibição de julgamentos na fase de pensamento
criativo, o brainstorming, analogias e simulações de problemas reais.
Quer um exemplo real? Encontrei a lixeira da foto acima quando visitei o
escritório da TOTVS. Se você não tem dúvidas, certamente não está entendendo
nada do que está acontecendo.

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