JORNAL

EDICAO nº 12. Nov. 2022

Periódico Pedagógico para estudantes do
Ensino Fundamental Anos Finais
e Ensino Médio.

CAPA:
100 anos da
Semana de
Arte Moderna:
celebração
ou reflexão?
pág 6

Identidade
e escolhas na
adolescência
pág 3

Técnica revolucionária Física nuclear analisa

permite ler pensamentos filme Radioactive e
por meio de ressonância destaca trajetória de
magnética mulheres na USP
pág 5 pág 8
2 JORNAL LUPA n. 12, NOV. 2022 E D I T O R I A L

SU M Á RIO

2 • editorial
Uma grande ideia!
Por Leonardo Távora
3 • artigo Você já teve uma ideia que não saía da cabeça? mas, uma vez que tudo fica às claras, é bastan-
Aquela que ficou impregnada e da qual você se te fácil inclusive vender essa ideia, monetizar
lembrava muito, tipo um insight, algo que po- seu insight e fazer com que seu intelecto gere
deria revolucionar algum aspecto da vida das renda, como Nikola Tesla fez com seus inven-
pessoas com as quais você convive, ou ajudar tos, todos baseados nas teorias sobre o magne-
4 • Consumo
a melhorar alguma tecnologia para o bem da tismo que surgiam em sua mente.
5 • ciência sociedade? Pois é. A isso damos o nome O que quero colocar aqui é a importân-
de grande ideia, ou, no conceito usado cia de você dar mais atenção para os
6,7 • MATÉRIA DE CAPA pelos profissionais da área de marke- O gênio inventivo seus pensamentos. Aquilo que pode
ting, Big Idea. que existe dentro parecer uma bobagem no início se
Muitas vezes, essas ideias incríveis de você pode estar transforma em algo que realmente
ficam nos martelando a mente até se manifestando transforma a vida das pessoas de
8,9 • curiosidades que as compartilhemos com alguém, nesse momento maneira definitiva. O gênio inventivo
e disso nasceram grandes invenções. que existe dentro de você pode es-
As redes sociais começaram com uma tar se manifestando nesse momento, e
Big Idea. A lâmpada, o avião... Tudo nas- prestar atenção nisso certamente dá a você
10 • literatura ceu de uma grande ideia que ficou na mente um grande poder, mudando o mundo e a sua
dos inventores até que, aprofundando estudos, própria realidade.
11 • perfil chegaram ao modelo, o projeto final. Vamos cuidar melhor das nossas ideias malu-
Big Idea é um conceito nascido nos Estados cas? Elas sempre serão geniais se você se dedi-
12 • meio ambiente Unidos e que, basicamente, é uma forma de car e procurar desenvolvê-las. Só depende de
deixar uma mensagem que gruda na mente, você!
13 • Tecnologia que faz com que lembremos de um produto ou
uma forma de fazer algo, e pensemos mais nis-
14 • saúde so. E serve para qualquer ação, qualquer coisa
que você queira implementar.
15 • Sociedade Esses conceitos que ficam na mente são lem-
brados por várias vezes, de modo que sua
mente subconsciente absorva a ideia e ajude o
E X P ED IEN T E consciente a interpretar a solução que se criou
Responsável – Projeto Lupa: Weyner na mente. E não pense que a ideia surge toda
Lopes Rodrigues certinha. Ela nasce confusa e, aos poucos as
Diretor da Escola de Formação da coisas vão ficando mais claras, de modo
Secretaria de Educação de Minas que a solução para um problema se tor-
Gerais na límpida e clara.
Conteudistas Vol. 12: É importante entender que Big
Leonardo Távora Idea’s são como estalos criativos.
Ana Tafnes
Elas são simples, muitas vezes
Vinícius Braz
emocionais, e ficam coladas à
Viviane Soares
Mônica Couto
mente. Através delas, negó-
* Esta publicação é para fins cios conseguem imprimir a sua
didáticos. Proibida a comercialização marca, além de desenvolver
Projeto Gráfico: Oros Soluções e fortalecer ações de autori-
Educacionais dade no mercado, de acordo
ASCOM: Pablo Lima com a solução que você está
Supervisão: Anderson Camelo oferecendo. Pode ser um pro-
Direção: Ana Paula Ribeiro duto, um serviço ou mesmo um
Coordenação de Equipe: discurso motivador, daqueles
Lúcio Gomes que assistimos nos vídeos pela
Designers:
internet.
Douglas Lendel,
Embora esse seja um conceito re-
João Victor Sampaio
Natália Guimarães
lativamente novo no Brasil, criar Big
Ilustrações: Natália Guimarães Idea’s não é tão complicado quanto
Diagramação: Douglas Lendel parece. Demanda tempo organizar tudo,
A R T I G O Periódico pedagógico para estudantes 3

Identidade e escolhas na adolescência

Gilberto do Rosário Moreira. Psicanalista e Psicólogo. Especialista em Saúde Mental e Dependência Química e em Sexualidade Humana. Licenciado em Psicologia e em
Ciências Sociais. Professor Efetivo de Sociologia na SEEMG. @gilbertomoreiraspsicologo gilbertomoreirapsicologo@gmail.com
Lidar com escolhas nem sempre é fácil, e o tem- quências para o adolescente, que podem afetar trabalho ou curso pode lhe deixar apreensivo e
po todo nós temos que escolher, até mesmo a sua autoestima e tornar-se inseguro quanto a por isso há o receio de seu posicionamento não
quando supomos não escolher. Na tentativa novas escolhas e decisões. ser assertivo, mas o adolescente deve buscar
de consolidar a própria identidade, nota-se na Quando lida com as suas escolhas, o adolescente superar aquilo que considera como limitações,
adolescência, que esta é uma fase marcada por tem que abdicar de certas coisas. Diante disso, buscando apoio especializado e familiar.
diversas dúvidas, conflitos internos e angústias cabe dizer que a adolescência é uma fase mar- A família cumpre uma função muito importante
em relação ao próprio desejo ou ter de escolher cada também por pequenas renúncias e lutos, nessa fase, pois é nela que o jovem poderá ter o
aquilo que parece preestabelecido. Vários ele- sendo necessário ressignificar e elaborar aquilo suporte necessário para compreender a complexi-
mentos podem auxiliar os adolescentes na que antes lhe parecia certo ou que o conduziria dade de lidar com suas escolhas e ansiedades. Por
tomada de decisões em relação às suas em direção ao seu desejo. vezes, as escolhas do adolescente são pautadas na
escolhas, como por exemplo, a esco- Diante do exposto, vale assinalar que ocupação ou parecidas com a dos próprios pais ou
la e a família, tanto para preparação Adaptar-se nessa o adolescente pode se sentir ansioso outras pessoas com as quais conviva. E isso tem
e inserção no mercado de trabalho fase da vida, nem quando se trata da busca pelo primeiro um peso muito importante, pois contribuirá para
ou para que venha, no futuro, in- sempre ocorre de emprego. Há muitas dúvidas em torno que o indivíduo tenha certa segurança para tomar
gressar numa faculdade, a qual pre- forma fácil. do tema: adolescência e mercado de tra- as suas decisões. Portanto, vale ressaltar a relevân-
tenda cursar. balho. Ao mesmo tempo em que busca cia de um vínculo familiar fortalecido no adolescer,
Cada escolha traz consigo questões por autonomia e independência financeira, mas que o jovem seja livre de pressões e que sejam
que precisam ser muito bem compreendi- ele tem dificuldades de lidar com as suas expec- respeitadas as suas perspectivas.
das, pois, é a partir delas que definiremos o que tativas, o novo já lhe provoca certo desconforto. Com isso, cabe enfatizar que lidar com as nossas
queremos para nós no futuro. Diante disso, para Adaptar-se nessa fase da vida, nem sempre escolhas nem sempre ocorre de forma simples,
os adolescentes ter que fazer uma ou várias es- ocorre de forma fácil. Mudar a sua rotina diária principalmente na adolescência. O jovem precisa
colhas ou tomar decisões pode ser tão difícil. e ter que assumir outros compromissos, princi- de espaço e de acolhimento para ser compreen-
Na adolescência ao mesmo que ocorre a busca palmente de trabalho, já instaura no adolescente dido e auxiliado nas suas questões relacionadas
por novas referências e autoafirmação, há tam- algum tipo de angústia, tanto pelo fato de se de- às suas tomadas de decisões. Portanto, é notó-
bém algo que liga o indivíduo ao passado, do parar com as suas limitações, quanto por imagi- rio que a escola, a família, bem como apoio psi-
qual quer se desvencilhar. Nesse sentido, podem nar o que o outro espera dele. cológico, podem auxiliar o jovem a elaborar os
ocorrer escolhas também por certa pressão, na O adolescente às vezes se preocupa mais em ter seus conflitos e ansiedades para se posicionar
tentativa de provar para o outro a sua capaci- que dar uma resposta do que compreender o de forma mais segura e assertiva diante de suas
dade ou mesmo para si. Isso pode trazer conse- processo que está vivendo. A escolha por um escolhas.
4 JORNAL LUPA n. 12, NOV. 2022 C O N S U M O

Descubra o que são os números nas embalagens

de diferentes tipos de plástico
Entenda o que significam os números nas embalagens de diferentes
tipos de plástico no artigo.
27/11/2018 - por Stephanie Munhoz Inspiração, Sustentabilidade. Disponível em:
https://blog.eureciclo.com.br/importancia-dos-numeros-nas-embalagens/. Acesso em: 30 out. 2022. (Adaptado)

Para se adequar às diversas necessidades de
consumo, surgiu uma infinidade de plásticos. Eles
se diferenciam pelo seu grau de flexibilidade e da
capacidade de suportar impactos, determinados
produtos químicos e altas temperaturas.
O que são os números presentes nas embalagens
de plástico?
Essas numerações presentes nas embalagens
de plástico são indicadores de tipos de plástico
e de reciclabilidade. Ou seja, são utilizadas pe-
las indústrias para evitar misturas de polímeros e
pelas cooperativas para saber se o processo de
reciclagem compensa financeiramente.
A análise das cooperativas é essencial, uma vez
que alguns materiais são mais difíceis e custosos
para serem reciclados, sendo, por esses motivos, riações desse material. Cada uma atendendo
muitas vezes descartados. Isso não quer dizer melhor a uma determinada aplicação.
que o polímero em si não pode ser recicla- Cada tipo difere do outro pelo arranjo das
do, mas que seria muito custoso para a moléculas, pelo processo de produção
empresa. e também pela sua composição. Para
A importância dos números presen- Quais são os facilitar a diferenciação desses polí-
tes nas embalagens de plástico meros, criou-se um sistema de nu-
tipos de plástico
O plástico, por definição, é um meração que varia de 1 a 7 e está
polímero orgânico e flexível que, indicados pela impresso nas embalagens.
normalmente, tem baixo custo. Por numeração? Quais são os tipos de plástico indica-
esses motivos, esse material se tor- dos pela numeração?
nou um dos prediletos das indústrias Vamos contar na sequência quais os ti-
para a fabricação de embalagens. Mas pos e as principais características de cada
como cada indústria e empresa conta com uma um deles, mostrando quando são aplicados e se
demanda diferente, foram criadas diversas va- são reciclados ou não. Veja!

Tipo de Plástico Nome Usos Características Situação de Reciclagem

O PET é um termoplástico, isso quer dizer que
ele suporta ser aquecido, derretido e ainda assim Têm uma alta taxa de reciclagem. É considerado
mantém suas características. Aliás, ele é considerado seguro para reutilização, caso não haja exposição à
PET (número 1) Polietileno Garrafas de refrigerante um dos polímeros mais resistentes, tanto quando luz do sol, uma vez que isso pode causar a liberação
tereftalato falamos de impacto físico quanto das substâncias por de substâncias tóxicas, além da proliferação de
ele reservadas. O que significa que a absorção de bactérias.
odor/gases pode ocorrer, mas é muito mais difícil do
que em outros tipos de embalagens de plástico.
Material reaproveitável, porém dependendo de como
é descartado, pode ser que não haja a reciclagem.
Quando ele está na forma de sacolinhas, por
Polietileno de Alta Sacolinhas de supermercado, frascos de É um plástico atóxico e tem ótima resistência exemplo, é muito difícil agrupar uma quantidade
PEAD (número 2) Densidade detergente e shampoo, óleo automotivo e físico-química. relevante para fazer uma venda lucrativa. Esse
outros. panorama muda quando estamos tratando de
embalagens de plástico e objetos com uma pesagem
maior. Nesses casos, a reciclagem passa a valer a
pena financeiramente e realmente ocorre.
Utilizado em em tubulações de água e esgoto. É um plástico não derivado totalmente do A reciclagem do PVC não ocorre com tanta
PVC (número 3) Policloreto de Vinila Também pode ser encontrado em garrafas
d’água, potes de maionese, garrafas de sucos, petróleo, que tem em sua composição, além do frequência, já que os processos necessários
demandam muita energia e por esse motivo possuem
mangueiras e outros. monômero de vinila, o cloro. um alto custo em comparação a um PVC novo.
Primeiro plástico do tipo Polietileno, criado em
Utilizados em embalagens, composição de 1933.É o polímero com o arranjo molecular mais
PEBD ou PF-LD Polietileno de Baixa peças de computador, brinquedos, garrafas, simples que existe e, graças a isso, seu custo é Pode ser reciclado, mas o custo é alto.
(número 4) Densidade sacos de lixo, uma das lâminas que compõem as menor que de outros mais elaborados, suporta
caixas de leite. temperaturas de 80 °C a 95 °C, é atóxico,
impermeável e flexível.
Utilizado em embalagens de plástico mais É atóxico, transparente e termoplástico, o que
flexíveis, como as de sorvete, potes de permite que ele seja moldado quando está em
PP (número 5) Polipropileno cozinha, uma vez que podem ser colocados no altas temperaturas. Por essas razões, é o material Em relação ao seu descarte, podem ser reciclados.
micro-ondas sem oferecer riscos. Também são perfeito para envolver produtos que precisem ficar
encontrados em copos, brinquedos, cadeiras e visíveis para os consumidores.
peças para carros.
Talheres descartáveis, bandejas de É um polímero que pode ser encontrado em
PS (número 6) Poliestireno supermercado, potes de margarina, cabides forma de plástico sólido ou como espuma, quando Pode ser reciclado, e inclusive, transformado em
plásticos. é conhecido popularmente como isopor. Ele é outros produtos posteriormente.
versátil, barato e tem boa resistência a impacto.
Um dos tipos de plásticos mais comuns Significa que o plástico em questão não pode
Outros (número 7) Outros polímeros desta categoria é o BOPP (polipropileno bi- ser caracterizado por nenhum dos outros 6 tipos Ele pode ser reciclado quando não está em forma de
orientado), que está presente em pacotes de citados anteriormente. adesivo, por conta da cola.
salgadinhos, biscoitos e batatas, por exemplo.

Não encontrou nenhuma numeração na embala-
gem?
Existem algumas empresas que ainda não nume-
ram o tipo de plástico do qual é feita a embalagem
comercializada. Isso pode acontecer por falta de in-
formação ou por receio da reação dos consumido-
res. A transparência nesse processo é fundamental
para que as pessoas realizem escolhas conscientes.
Transparência nas embalagens das marcas
Caso você tenha uma empresa e o fornecedor não
numere o tipo de polímero em alto-relevo, acres-
cente essa informação no rótulo impresso. Assim,
você poderá contribuir para a conscientização so-
bre o uso de plástico e ainda incentivar o seu des-
carte correto.
C I Ê N C I A
Técnica revolucionária permite ler pensamentos
por meio de ressonância magnética
Usando um algoritmo, foi possível decodificar atividades cerebrais de voluntários e traduzi-las em palavras
POR HISTORY CHANNEL BRASIL. https://history.uol.com.br/ciencia-e-tecnologia/tecnica-revolucionaria-permite-ler-pensamentos-por-meio-de-ressonancia
Cientistas dos Estados Unidos conseguiram ler
pensamentos de pacientes por meio de um exa-
me de ressonância magnética. O equipamento
foi capaz de decodificar atividades cerebrais de
voluntários e traduzi-las em palavras. No futuro,
a técnica poderá ser usada como uma interface
entre computadores e os cérebros de pessoas in-
capacitadas de falar ou digitar.
Algoritmo decodifica pensamentos
O estudo, que ainda não foi revisado por pares,
foi publicado no repositório científico bioRxiv. Ao
contrário de outros métodos de decodificação de
pensamento que usam dispositivos (como eletro-
dos) para monitorar o cérebro, a nova técnica de-
senvolvida pelos pesquisadores da Universidade
T U R I S M O
Turismo romântico e de experiência coloca MG como segundo
destino mais procurado do país
Ana Gomes, do R7 https://tinyurl.com/2ps9zc75
Minas Gerais não tem mar, mas é contemplada
com paisagens naturais, uma gastronomia re-
conhecida internacionalmente e um povo hos-
pitaleiro. Esses e outros vários atrativos podem
explicar a medalha de prata no ranking dos esta-
dos mais visitados do país em 2021, à frente de
destinos badalados como Bahia e Rio de Janeiro
e atrás apenas de São Paulo.
Os dados foram apresentados pelo IBGE (Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em
parceria com o Ministério do Turismo. O levan-
tamento aponta os distritos de Monte Verde,
Lavras Novas e Serra do Cipó como os destinos
mais procurados em terras mineiras.
Uma série de motivos podem justificar a escolha
dos turistas pelos três locais. Um deles, segundo
o subsecretário de estado de Turismo de Minas
Gerais, Sérgio de Paula, veio como herança das
mudanças de hábitos causados pela pandemia
de Covid-19.
“Acredito que tem muito a ver com como a pan-
demia alavancou o turismo romântico. As pesso-
Periódico pedagógico para estudantes 5
do Texas é não-invasiva. O método consiste em semântico. Ou seja, o algoritmo conseguiu gerar
aplicar a ressonância magnética para observar histórias que correspondiam aos enredos originais
mudanças no fluxo sanguíneo cerebral e mape- dos conteúdos ouvidos pelos participantes.
á-las em relação aos pensamentos dos usu- Segundo os pesquisadores, o algoritmo ain-
ários. da comete alguns erros, como trocar os
Exame de ressonância magnética O algoritmo pronomes dos personagens e o uso da
Durante o estudo, os pesquisadores conseguiu gerar primeira e da terceira pessoa. Apesar
escanearam os cérebros de três vo- histórias que disso, os resultados são promissores
luntários enquanto eles ouviam pod- correspondiam e um dia a técnica poderá ajudar pes-
casts e histórias por um período de 16 aos enredos soas incapazes fisicamente de se co-
horas. Com base nesse monitoramento originais municar. "Se você tivesse perguntado
feito por ressonância magnética, um al- a qualquer neurocientista cognitivo do
goritmo foi capaz fazer previsões sobre como mundo há 20 anos se isso era factível, eles
certos padrões de atividade cerebral se corre- teriam rido de você", disse ao site The Scientist o
lacionam com representações de pensamento neurocientista Alexander Huth, líder do estudo.
as começaram a procurar um destino afastado, Secretaria de Turismo vem investindo nos últimos
pousadas separadas, que pudessem receber a anos. Em maio de 2021, fizemos o projeto Revi-
elas e a suas famílias com conforto”, explica. va Turismo, para ajudar na recuperação dos danos
O representante da pasta também indica a di- causados ao setor pela pandemia. Fizemos divulga-
versidade de Minas Gerais como um diferencial ções de marketing, ações de infraestrutura, apoio
que explica a alta procura de brasileiros e estran- de toda a cadeia produtiva, além de participações
geiros. Segundo ele, o turismo de aventura e de em feiras, como a Imex, que aconteceu na Alema-
experiência aumenta o destaque. nha e é a maior do mundo”, conta o secretário.
“Fizemos um investimento de divulgação de A pesquisa do IBGE mostra ainda que o Índi-
ecoturismo e dos nossos parques, que já ce de Atividades Turísticas de Minas Gerais
tinham um posicionamento no Brasil. cresceu 45,2% no primeiro semestre de
Outra explicação é o que chamamos IBGE mostra 2022, tendo registrado alta acima da
de turismo de experiência. A família ainda que o Índice média nacional, que foi de 25,9%.
escolhe Lavras Novas pelas belezas de Atividades Segundo De Paula, 100 mil novos
naturais, mas consegue visitar os pa- Turísticas de Minas empregos já foram gerados no setor,
trimônios históricos de Ouro Preto, Gerais cresceu e a meta anual do governo foi batida
além de experimentar a culinária mi- 45,2% em agosto.
neira”, diz Sérgio de Paula. "Acredito no poder de Minas de encan-
Minas também aparece na pesquisa como o tar. Estamos trabalhando nesse fortaleci-
quinto estado com o maior gasto total em rotas mento, e acho que, em um tempo, podemos nos
nacionais. posicionar como o principal destino turístico do
“Esse resultado vai ao encontro das ações que a país", finalizou.
6 JORNAL LUPA n. 12, NOV. 2022 M A T É R I A D E C A P A

100 anos da
Curiosidades dos anos 1600 a 1700, muito inte-
ressante, vale a pena esta viagem.
“Ao se visitar o Palácio de Versalhes, em Paris,
Semana de
Quando chovia, as goteiras forçavam os animais
a pularem para o chão. Assim, a nossa expressão
“está chovendo canivete” tem o seu equivalente

Arte Moderna:
observa-se que o suntuoso palácio não tem ba- em inglês em “it’s raining cats and dogs” (está cho-
nheiros. Na Idade Média, não existia escovas de vendo gatos e cachorros).
dente, perfumes, desodorantes, muito menos Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de
papel higiênico. Os excrementos humanos eram estanho. Certos tipos de alimento oxidavam o

celebração ou
despejados pelas janelas do palácio. material, fazendo com que muita gente morresse
Em dias de festa, a cozinha do palácio conseguia envenenada.
preparar um banquete para 1500 pessoas, sem a Lembremo-nos de que os hábitos higiênicos, da
mínima higiene. época, eram péssimos. Os tomates, sendo ácidos,
Vemos nos filmes de hoje as pessoas sendo aba- foram considerados, durante muito tempo, vene-

reflexão?
nadas. A explicação não está no calor, mas no nosos.
mau cheiro que exalava por debaixo das saias (que Os copos de estanho eram usados para beber
eram propositalmente feitas para conter o odor cerveja ou uísque. Essa combinação, às vezes,
das partes íntimas, já que não havia higiene). deixava o indivíduo “no chão” (numa espécie de
Também não havia o costume de tomar banho narcolepsia induzida pela mistura da bebida alcoó-
devido ao frio e à quase inexistência de água en- lica com óxido de estanho). Alguém que passasse
canada. O mau cheiro Textoeradedissipado
autoria de pelo abana-
Abraão pela
Veloso rua poderia
Machado, alunopensar que ele
do curso deestivesse morto,e
Artes Visuais
dor. Só os nobres tinham lacaios
estagiário para abaná-los,
do Núcleo portanto recolhia
de Ações Educativas do Espaçoo corpo e preparava o enterro.
do Conhecimento UFMG
para dissipar o mau cheiro que o corpo e boca O corpo era então colocado sobre a mesa da cozi-
exalavam, além de também espantar
Disponível em:oshttps://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/100-anos-da-
insetos. nha por alguns dias e a família ficava em volta, em
Quem já esteve em semana-de-arte-moderna-celebracao-ou-reflexao/.
Versalhes admirou muito os vigília, comendo, bebendo Acessoe esperando
em: 24 out. para ver
2022.
jardins enormes e belos que, na época, não eram se o morto acordava ou não. Daí surgiu o velório,
só contemplados, mas “usados” como vaso sanitá- que é a vigília junto ao caixão.
rio nas famosas baladas promovidas pela monar- A Inglaterra é um país pequeno, onde nem sempre
quia, porque não existiam banheiros. havia espaço para se enterrarem todos os mortos.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria Então os caixões eram abertos, os ossos retirados,
É possível que você já tenha ouvido fa- no mês de junho (para eles o
no pensamento nacionalista e na busca rante início do verão). A ra- postos
os diasem ossuários,
13, 15 ee17, o túmulo utilizado para
respectivamente
zão é simples: o primeiro banho do ano era toma- outro cadáver. Às vezes, ao abrirem os caixões,
lar sobre a Semana de Arte Moderna de de uma do identidade para o Brasil, além da segunda,
em maio; assim em junho, o cheiro das pessoas
quarta e sexta, de fevereiro de
percebia-se que havia arranhões nas tampas, do
1922, principalmente nas aulas de por- procura ainda
por erauma produção
tolerável. artística mais 1922, com uma programação
lado de dentro, o que indicava que temática
o morto, quena
tuguês, história e artes, durante o ensino liberta, Entretanto,
que rompesse comodores
como alguns uma jáestética
come- passava
verdade,pelas
tinhaartes visuais, vivo.
sido enterrado literatura e mú-a
Assim, surgiu
fundamental e médio. Mas o quanto e de das academias
çavam a de Belas Artes
incomodar, as noivas e das
car- sica.
ideia de,Vale
ao seressaltar, que amarrar
fechar o caixão, os trabalhos
uma tira
quem você se lembra quando escuta sobre regavam buquês deAs
ideias parnasianistas. flores, junto
ideias do pulso do defunto,
expostos na Semana passá-la nãopor tiveram
um bura-
ao corpo,tratavam
para disfarçarda oarte
mau
o assunto? Foi um movimento de artistas parnasianistas É possível observar co uma feitorecepção
no caixão epositiva
amarrá-la pelos
a um sino.
in-
cheiro. Daí termos “maio” como Após o enterro, alguém ficava de plantão
de todo o Brasil? Qual o motivo que levou pela arte, privilegiavam
“o mês das noivas” e aa explica-
busca nas obras da Anita telectuais
ao lado do túmulo,conservadores
durante uns dias.de São
Se o
essa semana ser considerada tão impor- pela perfeição e demonstravam
ção da origem do buquê de Malfatti, as mudanças Paulo, pelo fato de romperem
indivíduo acordasse, o movimento de seu
tante? pouca noiva.
preocupação com os na maneira de com as otradições
braço faria sino tocar. Eartísticas do
ele seria “saved
A Semana de Arte Moderna aconteceu em sentimentos
Os banhoshumanos e os con-
eram tomados em produção artística. período.
by the bell”, Porém,
ou “salvo essas
pelo gongo”,reações,
expres-
fevereiro de 1922, na cidade de São Paulo, uma única tina, enorme, cheia
textos sociais. são usada
bem como porasnósnotícias
até os diassobre
de hoje.a Se-
de água quente. Basicamente, a Idade Média era constituída
100 anos após a Independência do Brasil, A Semana de Arte Moderna
O chefe da família tinha o privilégio
teve mana, ocorreram
de três estamentos sociais:
majoritariamente
34 anos após a abolição da escravidão e 4 muitos envolvidos,
do primeiro banho comona águaAnita
limpa.Mal-
Depois, -em São(que
O Clero Paulo, não ocorrendo
era pertencente grande
à Igreja Católica);
anos após o fim da Primeira Guerra Mundial. fatti, DisemCavalcanti, Ferrignac (Inácio
trocar a água, vinham os outros da casa, por da repercussão em nível nacional.
- A Nobreza (que englobava os senhores feudais,
Nesse contexto, uma questão importante Costa Ferreira),
ordem de idade,ZinaasAita, Mário
mulheres, também deporAn-
idade e,É possível
cavaleiros,observar
duques, etc.),nas e obras da Anita
para os considerados intelectuais brasilei- por fim, as crianças.
drade, Martins Ribeiro, Oswaldo Goeldi, Malfatti, - Os Servos
umasoudas Vassalos (que trocavam
precursoras do omoder-
seu tra-
ros era como o Brasil tinha saído desses Os bebês eram os últimos a tomar banho. Quan- balho
Regina Graz, Oswald de Andrade, entre nismo no Brasil, as mudanças na maneira por proteção e/ou moradia).
do chegava a vez deles a água da tina já estava tão É ainda importante mencionar que o Feudalismo
processos históricos, principalmente com- outros artistas
suja que era e possível
intelectuais
“perder”majoritaria-
um bebê lá dentro. de produção
era a forma artística.
de organização Essas transforma-
social e econômica
parando o país com os Estados Unidos da mente paulistas.
É por isso que Oexiste
evento se tornou
a expressão um“don’tçõesdeste
em inglês acontecem
período, tendo principalmente durante
a sua base na agricultura, por
América, que saíram da Primeira Guerra dos marcos
throwda thecena
baby cultural
out with thebrasileira anos
bath water”, 1915
ou seja, maise rudimentar
1916, quando que fosse. Anita estuda com
Mundial como uma grande potência. Além depois do seu acontecimento.
literalmente “não jogue o bebêApesar fora juntodecom professores
a A Idade Média americanos
foi o período naque Independent
ocorreu entre
disso, as questões sociais, principalmente o eventoáguaterdo banho”,
sido que hoje
pensado parausamos para os mais
acontecer a queda
School of doArt,Império
queRomano (476 d.C.) e com
a influenciam a queda a
apressadinhos. de Constantinopla (em 1453 d.C.). Este período
a abolição da escravidão, recebiam pouco durante Osuma semana completa, de 11 a 18 estética
telhados das casas não tinham forro e as vigas
modernista vigente na Europa
da história pode ser separado em dois:
destaque nos trabalhos artísticos. Assim, de fevereiro, na verdade a Semana de
de madeira que os sustentavam era o melhor lu- Arte e nos Estados
- Alta Idade Média Unidos
(séculos da América. Por
V a XI);
a Semana de Arte Moderna se apoiava Moderna só esteve aberta ao público du-
gar para os animais – cães, gatos, ratos e besouros exemplo, se compararmos
- Baixa Idade Média (séculos XII a XV). as pinturas
se aquecerem.

“Georgina”, de 1914, e “A mulher de ca-
belos verdes”, de 1915, podemos per-
ceber uma maior soltura nos traços na
segunda pintura, um descompromisso
com a realidade, enquanto na primeira, é
mais notável um tratamento próximo das
academias de Belas Artes na imagem, ou
seja, com traços e volumes mais definidos
e mais próximos da realidade.
Outro ponto interessante é a obra da ar-
tista Tarsila do Amaral. Suas obras geo-
métricas, arredondadas e cheias de cores
saturadas estão gravadas na cabeça de
muitos brasileiros. Sabe a obra Abaporu?
É dela! Tarsila é de fato uma das artistas
mais importantes para a construção do
Modernismo no Brasil, mas muitas vezes
a associamos diretamente à Semana de
Arte Moderna quando, na verdade, ela
não estava lá com seu trabalho. Na data,
a artista se encontrava em Paris. Inclusi-
ve, a obra Abaporu foi criada apenas em
1928. Tarsila se aproxima de Oswald de
Andrade, Mário de Andrade e Menotti
Del Picchia após a Semana de 22, a con-
vite de Anita Malfatti, e a reunião desses
artistas modernistas passa a ser conheci-
da como Grupo dos Cinco.
Apesar da celebração da Semana de Arte
Moderna ser um marco da arte no Brasil,
é preciso olhá-la de forma também críti-
ca. Pois, toda a ideia que temos em volta
da Semana aconteceu principalmente por
Georgina, 1914, Anita Malfatti. A mulher de cabelos verdes, 1915, Anita
(Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural) Malfatti.
(Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural)
Periódico pedagógico para estudantes 7
conta de uma construção posterior sobre e fez pouco para mudá-lo na sua estrutura.
o evento, a partir dos escritos de Lourival Reforçou, inclusive, que os artistas da Se-
Gomes Machado no livro “Retrato Da Arte mana não devem servir de exemplo, mas
Moderna Do Brasil”, de 1946, que foi repli- de lição.
cado, reconstruído e chegou ao que se é Atualmente, os campos artísticos buscam
comumente falado hoje. Em resumo, a Se- incorporar as pautas raciais, LGBTQIA +, de
mana não foi um grande sucesso na mulheres, indígenas e outros grupos
época, mas o modo como foi re- Esse minoritários em suas produções, a
tratada posteriormente garantiu evento não deu partir do ponto de vista dessas
seu lugar dentro da história do e não dá conta pessoas, e não pelo olhar do ou-
de quem somos
Brasil. enquanto Brasil e tro, que foi o que prevaleceu na
Talvez o mais importante quan- da complexidade Semana de Arte Moderna. Nes-
do se pensa no assunto é con- e diversidade dos se sentido, a presença dessas
siderar que esse evento não deu olhares sobre pessoas, discussões e pautas na
e não dá conta de quem somos o país produção artística expande nossa
enquanto Brasil e da complexidade representação nas artes, tornando-as
e diversidade dos olhares sobre o país. A mais fiéis à grande mistura de gente que é
investida daqueles artistas foi interessante o Brasil, sejam os trabalhos dessas pessoas
do ponto de vista formal, mas insuficiente relacionados à identidade de forma direta
no que se propôs, principalmente quanto ou não. Mais do que celebrar a Semana de
à construção de uma identidade nacional Arte Moderna, é importante entendê-la
nas artes. A Semana de Arte Moderna foi como de fato foi e se aproximar do que
elaborada por uma elite branca, em São vem sendo produzido hoje nas diversas
Paulo, que teve a oportunidade de estu- artes, não só as visuais, mas também a
dar arte dentro e fora do Brasil, influencia- dança, a música, no centro e na periferia.
dos por ideais que vieram também de fora, Afinal, a história é feita no agora. Artistas
principalmente da Europa. Como menciona contemporâneos como Rosana Paulino,
Cardoso (2022), o próprio Mário de Andra- Priscila Resende, Sérgio Adriano, Rosa
de, que foi uma importante figura da Se- Luz, Ventura Profana, Uýra Sodoma,
mana, criticou esse movimento em 1942 Denilson Baniwa, Isael Maxakali, Sallisa
na conferência “O movimento modernista” Rosa, Daiely Gonçalves e Yan Nicolas São
, dizendo que os artistas da Semana não Thiago são apenas alguns dos que mere-
captaram de fato o que acontecia no Brasil cem nossa atenção.
Em comemoração aos 100 anos da Semana de
Arte Moderna, evento que mudou os rumos da
produção artística no país, o CCBB (Centro
Cultural Banco do Brasil) realiza a mostra
Brasilidade Pós-Modernismo.
8 JORNAL LUPA n. 12, NOV. 2022 C U R I O S I D A D E S
Física nuclear analisa filme Radioactive e destaca
trajetória de mulheres na USP
Na série Filme com o Especialista, professores da USP comentam trailers de filmes a partir de suas
experiências de pesquisa, ensino e extensão
Por Tabita Said, para Jornal da USP, em 24/09/2021 - Atualizado em 19/05/2022. Disponível em: https://tinyurl.com/3n58ab5k.
Reconhecida por parte da comunidade científica,
ignorada pela Academia Francesa de Ciências.
Não fosse uma carta do marido, Pierre, a própria
Academia Real Sueca de Ciências também não
teria concedido a Marie Curie o primeiro de seus
dois prêmios Nobel. Mesmo assim, na cerimônia
de entrega do prêmio, foi tratada como uma mera
auxiliadora.
A trajetória da cientista que comprovou a pro-
priedade atômica da radioatividade já havia sido
retratada no cinema com o filme estadunidense
Madame Curie, de 1943. Em 2019, Radioactive
(disponível na Netflix) aposta em um cenário ro-
mântico da Paris do século XIX para revisitar os
principais fatos da vida de Marie Skłodowska-Cu-
rie. Em ambos, historiadores da ciência questio-
nam a acurácia científica das produções, apon-
tando falhas nas representações científicas e no
contexto histórico.
“Eu acho que tem várias coisas ali que remetem
aos dias de hoje, infelizmente, no sentido da falta
de reconhecimento. Naquele momento eu acho
que talvez mais por ser mulher do que pela área
que ela abraçou”, avalia Elisabeth Yoshimura, pro-
fessora do Departamento de Física Nuclear do
Instituto de Física (IF) da USP.
Ela destaca que a história das mulheres que rece-
beram o Nobel traduz o que as instituições enxer-
gam a respeito das cientistas. Menos de 4% dos
laureados são mulheres.
Diploma do Prêmio Nobel de Física, concedido em dezembro de 1903 a Pierre e Marie Curie. Ambos
compartilharam a distinção com Henri Becquerel - Foto: Wikimedia Commons
Uma publicação da
Universidade Esta-
dual Paulista Júlio
de Mesquita Filho
(Unesp) de São José
do Rio Preto e da
Universidade Federal
de Alagoas analisou
a história não conta-
da do filme por meio
da percepção de alu-
nos de graduação
em física. No artigo,
os autores lamen-
tam que Radioacti-
ve – que se propõe
ser uma história real
e até recomendada os líquidos, misturando com outros, borbulhando
pela Amazon como didática – não se dedique a enormes quantidades do ácido sulfídrico fedo-
apresentar aspectos fundamentais da radioativi- rento”, descreve o físico, filósofo e historiador da
ciência Roberto de Andrade Martins, na biografia
dade. Paradoxalmente, o longa explora o uso de
de Curie.
elementos radioativos para finalidades inadequa-
das, sempre exibindo a cientista com pequenos Com as promissoras descobertas, seu marido dei-
frascos de cor verde. xa as pesquisas sobre eletricidade e magnetismo
O Grupo de História, Teoria e Ensino de Ciên- e passa a colaborar no desconhecido universo
cias da USP (GHTC) indica que o esforço físico dos fenômenos radioativos. O casal terminaria
exigido pelo trabalho de Curie era enorme. “Ao por apresentar ao mundo dois novos elementos
químicos: o polônio e o rádio, levando-os ao prê-
invés de utilizar pequenos tubos de ensaio, era
mio Nobel de Física.
preciso manipular baldes e caldeirões com cerca
de 20 kg de material de cada vez, transportando De acordo com o cientista social Gabriel Pu-
os recipientes de um lado para o outro, fervendo gliesi, o primeiro Nobel de Madame Curie foi o
único na história concedido a três cientistas. A
láurea, no entanto, foi dividida em dois: meta-
de para Henri Becquerel “em reconhecimento
aos serviços extraordinários que ele tem de-
senvolvido pela radioatividade espontânea”, e
metade para o casal “em reconhecimento aos
extraordinários serviços que eles têm desen-
volvido com suas pesquisas conjuntas sobre o
fenômeno da radiação descoberto pelo profes-
sor Becquerel”.
Em 1911, já viúva, Marie Curie é indicada nova-
mente ao Nobel, agora de Química. Mas circuns-
tâncias de sua vida pessoal incidem diretamente
sobre sua atuação científica, e a mesma Acade-
mia de Ciências de Estocolmo que a condecorou
com o Nobel, sugeriu que ela abdicasse do rece-
bimento. Machismo e xenofobia foram elemen-
tos persistentes em sua trajetória até a morte, aos
66 anos.
 Periódico pedagógico para estudantes 9

Mulheres na física
“Tem que ter paixão pela física para continuar na
área”, reconhece Elisabeth, que se graduou na
primeira turma do Instituto de Física da USP na
Cidade Universitária. Dona de uma memória pers-
picaz, ela recorda que embora seja uma das únicas
que ainda não se aposentou, não foi a primeira a
desbravar o então masculino ambiente acadêmico
das exatas. Dos 120 professores titulares ativos
do IF, apenas 27 são mulheres.
“Naquela época, a gente não devia ter nenhuma
professora livre-docente no instituto. A primei-
ra foi a Lia Queiroz, mas ela se aposentou logo
em seguida. Aí deve ter vindo a Marília Caldas, a
Alinka Lepine. De ter uma, duas docentes titula-
res. Isso vem mudando”. Ela acredita que, além
de motivos externos, as mulheres demoram mais
para seguir na carreira porque se satisfazem me-
nos com o que fazem do que os homens. Despre-
tensiosamente, ela alegou isso para sua banca de
livre-docência, composta de cinco homens. “Olhei
em volta e pensei: ‘pronto, me ferrei’, porque aca- ção possível para a professora, que admitiu não ter
bei de dizer que homens não preparados se arris- estrutura para lidar com o ambiente do hospital. Mas
cam e as mulheres não”, recorda sorrindo. uma área correlata, a Física das Radiações, tem sido
Mas, em quase 50 anos de carreira, não são ape- sua paixão. “Continuei nos bastidores. Além de lidar
nas memórias divertidas que a docente com fenômenos da física, está muito próximo da
acumula. Em um concurso, ela chegou aplicação porque essa área é muito empre-
a escutar que um candidato seria es- gada na medicina”, explica.
colhido porque ele era pai de famí- Neste ramo da Física, outro desafio
lia, e assim sua esposa não precisa- acompanha a docente. Ela conta
ria trabalhar. “Eu também era mãe que há um desmerecimento com as
de filhos, na época, mas ninguém lupa ciências aplicadas por uma parce-
se lembrou que, pelo mérito, tal- la de cientistas. “Às vezes eu sinto
vez eu merecesse maior nota que essa reação à ciência aplicada como
ele.” Para ela, o episódio retrata o se ela fosse de baixa categoria, e não
machismo arraigado na sociedade, é! Porque você tem que entender de
que se reflete também no ambiente mais de uma coisa e trabalhar na inter-
acadêmico. disciplinaridade”, afirma. E apesar da defesa,
Atualmente, a professora Yoshimura coordena o ela diz que não é do seu estilo ficar se lamuriando.
grupo de trabalho que formulou o mais novo curso “Vou continuar trabalhando, fazendo coisas que
de graduação da USP em São Paulo: o Bacharelado eu acho que são importantes e que têm tido re-
em Física Médica. A área em si não foi uma realiza- flexo nas publicações. Isso é suficiente para mim”.

H I S T Ó R I A Periódico pedagógico para estudantes

Bebê mumificado pode ter morrido por falta de sol

Criança austríaca, que teria vivido no século 16 ou 17, teria sofrido uma forte deficiência nos níveis de
vitamina D - causada pela ausência de exposição aos raios solares
Fonte: Leo Caparroz. Disponível em: https://tinyurl.com/ycxe7fky

Foi encontrado, escondido na cripta de uma antiga
família austríaca, o cadáver mumificado de um me-
nino que morreu com um ou dois anos de idade.
Enrolado em uma fina roupa de seda, foi enterrado
na cripta dos Condes de Starhemberg, provavel-
mente em meados dos séculos 16 ou 17. Seu cai-
xão era o único sem inscrição de nome, e também
o único com tamanho para bebês.
O que torna esse menino especial para a ciência é
que ele não morreu por falta de comida ou algum
machucado. Mas sim pela simples falta de luz solar.
Para chegar ao motivo de sua morte, pesquisa-
dores conduziram uma autópsia virtual do ca-
dáver usando tomografia computadorizada. O
procedimento revelou malformações nas coste-
las que apontavam para sinais de desnutrição –
mais especificamente, deficiência de vitamina D.
A falta desse tipo de vitamina aumenta as chan-
ces de desenvolver doenças ósseas, como ra-
quitismo e osteoporose. Contudo, analisando os
ossos do garoto, os cientistas perceberam que
eles não apresentavam algumas malformações
características dessas condições – como os os-
sos das pernas arqueados.
Os pesquisadores, então, partiram para uma
segunda possibilidade – baixas quantidades de
vitamina C, que resultariam em escorbuto (uma
doença muito comum entre marinheiros das
grandes navegações).
A análise da camada de gordura revelou que a
criança estava acima do peso para sua idade, se
comparada às outras da época. Assim, os pes-
quisadores inferiram que a criança foi bem ali-
mentada em sua vida, tornando a deficiência de
vitamina C menos provável.
Diferente da C, a fonte principal de vitamina
D não é a nossa alimentação, mas sim, a pro-
dução que ocorre na pele, graças à reações
químicas com a radiação ultravioleta (UV).
Uma nova hipótese sugeria que a criança
estava desnutrida não pela falta de comi-
da, mas pela falta de luz solar. A vitamina é
essencial na formação dos ossos durante a
infância, o que explicaria as anormalidades.
“A combinação da obesidade com uma defici-
ência severa de vitaminas só pode ser explica-
da por um estado nutricional geralmente ‘bom’,
juntamente com uma quase completa falta de
exposição à luz solar”, explica o patologista An-
dreas Nerlich, da Universidade de Munique e
primeiro autor do estudo.
Uma análise dos pulmões do menino também
revelou sinais de pneumonia, uma infecção co-
mum em bebês que apresentavam deficiência
de vitamina D. A descoberta provê uma visão in-
teressante sobre as condições de vida de bebês
da nobreza na época. Inclusive, a boa preserva-
ção do corpo se deve provavelmente ao seu alto
nível de gordura corporal.
“Não temos informações sobre o destino de ou-
tras crianças da família”, afirma Nerlich. “De acor-
do com nossos dados, o bebê era provavelmente
o primogênito do conde, então cuidados espe-
ciais podem ter sido aplicados”, o que explicaria
o pano de seda em que foi enterrado. Seu nome
provavelmente era Reichard, de acordo com as
análises dos pesquisadores da árvore genealógi-
ca da família.
10 JORNAL LUPA n. 12, NOV. 2022 L I T E R A T U R A
O perigo de uma história única
A escritora Chimamanda Ngozi deixou a Nigéria aos 19 anos para estudar comunicação e sociologia nos Estados Unidos.
Foi quando aprendeu que ser negra naquele país é completamente diferente do que na Nigéria.
Sou de uma família nige-
riana convencional, de
classe média. Meu pai
era professor universitá-
rio e minha mãe era ad-
ministradora. Tínhamos,
como era comum, em-
pregados domésticos
que moravam em nossa
casa e que, em geral, vi-
nham de vilarejos rurais
próximos. No ano em
que fiz oito anos, um
menino novo foi tra-
balhar lá em casa. O nome dele era Fide. A única
coisa que minha mãe nos contou sobre ele foi que
sua família era muito pobre. Minha mãe manda-
va inhame, arroz e nossas roupas velhas para eles.
Quando eu não comia todo o meu jantar, ela dizia:
“Coma tudo! Você não sabe que pessoas como a
família de Fide não têm nada?”. E eu sentia uma
pena enorme deles. Certo sábado, fomos ao vila-
rejo de Fide fazer uma visita. Sua mãe nos mostrou
um cesto de palha pintado com uns desenhos lin-
dos que o irmão dele tinha feito. Fiquei espantada.
Não havia me ocorrido que alguém naquela família
pudesse fazer alguma coisa. Eu só tinha ouvido fa-
lar sobre como eram pobres, então ficou impossí-
vel para mim vê-los como qualquer coisa além de
pobres. A pobreza era minha história única deles.
Anos depois, pensei nisso quando saí da Nigéria
para fazer faculdade nos Estados Unidos. Eu tinha
dezenove anos. Minha colega de quarto americana
ficou chocada comigo. Ela perguntou onde eu ti-
nha aprendido a falar inglês tão bem e ficou confu-
Reprodução/Rex Features
sa quando respondi que a língua oficial da Nigéria da minha colega de quarto em relação a mim. Se
era o inglês. Também perguntou se podia ouvir o eu não tivesse crescido na Nigéria e se tudo o que
que chamou de minha “música tribal”, e ficou muito eu soubesse sobre a África viesse das imagens
decepcionada quando mostrei minha lista da Ma- populares, também ia achar que se tratava de um
riah Carey. Ela também presumiu que eu não sabia lugar com paisagens maravilhosas, animais lindos
como usar um fogão. O que me impressionou e pessoas incompreensíveis travando guerras
foi: ela já sentia pena de mim antes de me sem sentido, morrendo de pobreza e de
conhecer. Sua postura preestabelecida Antes aids, incapazes de falar por si mesmas e
em relação a mim, como africana, era de ir para os esperando para serem salvas por um
uma espécie de pena condescenden- Estados Unidos, eu estrangeiro branco e bondoso. Veria
te e bem-intencionada. Minha colega os africanos da mesma maneira como
não me reconhecia
de quarto tinha uma história única da eu via a família de Fide quando era
África: uma história única de catás- conscientemente criança. Acho que essa história única
trofe. Naquela história única não havia como africana da África veio, no final das contas, da li-
possibilidade de africanos serem pareci- teratura ocidental. Aqui está uma citação
dos com ela de nenhuma maneira; não havia de um mercador de Londres chamado John
possibilidade de qualquer sentimento mais com- Lok, que velejou para a África ocidental em 1561
plexo que pena; não havia possibilidade de uma e fez um relato fascinante de sua viagem. Após se
conexão entre dois seres humanos iguais. referir aos africanos negros como “animais que não
Devo dizer que, antes de ir para os Estados Uni- têm casa”, ele escreveu: “Também é um povo sem
dos, eu não me reconhecia conscientemente como cabeça, com a boca e os olhos no peito”.
africana. Mas, naquele país, sempre que a África Rio toda vez que leio isso. É preciso admirar a ima-
era mencionada, as pessoas se voltavam para mim. ginação de John Lok. Mas o importante sobre o
Não importava que eu não soubesse nada sobre que ele escreveu é que representa o início de uma
lugares como a Namíbia. Passei a aceitar essa iden- tradição de contar histórias sobre a África no Oci-
tidade e, de muitas formas, agora penso em mim dente: uma tradição da África subsaariana como
como africana, embora ainda que bastante irritada um lugar negativo, de diferenças, de escuridão, de
quando dizem que a África é um país. O exemplo pessoas que, nas palavras do maravilhoso poeta
mais recente disso foi num voo da Virgin, mara- Rudyard Kipling, são “metade demônio, metade
vilhoso em todos os outros aspectos, que peguei criança”. Assim, comecei a me dar conta de que
em Lagos dois dias atrás, durante o qual falaram de minha colega de quarto americana devia ter passa-
obras de caridade feitas “na Índia, na África e em do a vida inteira vendo e ouvindo versões diferen-
outros países”. tes dessa história única, assim como um professor
Depois que passei alguns anos nos Estados Uni- universitário que certa vez me disse que meu ro-
dos como africana, comecei a entender a reação mance não era “autenticamente africano”. Eu esta-
va bastante disposta a admitir que havia diversas
coisas erradas com o romance e que ele fracassava
em vários aspectos, mas não chegara a imaginar
que fracassava em alcançar algo chamado “auten-
ticidade africana”. Na verdade, eu não sabia o que
era autenticidade africana. O professor me disse
que meus personagens pareciam demais com ele
próprio, um homem instruído de classe média: eles
dirigiam carros, não estavam passando fome; por-
tanto, não eram autenticamente africanos.
Quem é Chimamanda Ngozi Adichie?
Chimamanda Ngozi Adichie nasceu em 1977, na
cidade de Enugu, Nigéria. A escritora é uma das
vozes de maior destaque da cultura do país e da
literatura contemporânea em língua inglesa. O
sucesso de títulos da autora como Americanah
(2014), Hibisco roxo (2011)e Notas sobre o luto
(2021), vai muito além do feminismo: segundo o
The Times Literary Supplement, o fenômeno que
Chimamanda representa chamou atenção para
toda uma geração de escritores africanos da atu-
alidade.
P E R F I L
Cecília Meireles, um ícone da literatura brasileira
Falecida em 1964, a obra da autora continua conquistando leitores entre as novas gerações.
Por Enize Vidigal, para o portal O Liberal. Disponível em: https://tinyurl.com/mrymzy3p. [Adaptado]
A jornalista, professora, escritora e pin-
tora carioca Cecília Meireles, considerada
uma das poetas mais importantes do Bra-
sil, completou 121 anos de nascimento no
dia 7. Ela repudiava a expressão "poetisa",
que designa o gênero feminino de quem
faz poesia. Nascida em 7 de novembro
de 1901 e falecida em 9 de novembro de
1964, Cecília Meireles se perpetua através
da sua obra, reconhecida pelo caráter inti-
mista que foi destaque na segunda fase do
modernismo no país. Ela foi contemplada
com os maiores prêmios nacionais de re-
levância literária e poética: Jabuti, Olavo
Bilac e Machado de Assis.
Pessoas como a professora de Letras, es-
critora e poetisa Nathália Cruz, ajudam a
expandir o público leitor de Cecília Meire-
les entre a nova geração. Ela leva as poe-
sias da autora para debater com os alunos
Periódico pedagógico para estudantes 11
autora de três livros premiados de poesia,
entre outras obras que publicou e orga-
nizou, Nathália Cruz é uma pesquisadora
e amante da obra de Cecília Meireles.
“Tenho influência dela não pela forma de
escrever, mas pelo que ela representou
como professora e teórica. É uma escri-
tora de literatura infanto-juvenil e infantil
muito conhecida, mas ela vai além, a sua
produção provoca reflexões sobre a litera-
tura”, destaca.
A jornalista, escritora e poeta (como prefere
ser identificada) Carla Vianna, detentora do
prêmio da Biblioteca Nacional, reconhece
na carioca uma artista virtuosa. “Ela tinha 9
anos quando escreveu os primeiros poemas.
Ela terminou a graduação em Jornalismo
com louvor, foi professora e tem bibliotecas
na América no Sul com o nome dela. O pri-
meiro marido dela, que durou menos de cin-
co anos, se suicidou. Ela casou novamente e
teve três filhas”, recorda.
Para Carla, a obra de Cecília expressou esses
momentos de tensão e até de depressão da
vida pessoal, como no verso: “Eu sou como
a primavera, deixa eu me cortar para voltar
sempre inteira”. E nesse outro: “Tenho fases
como a lua, fases de ficar escondida, fases
de ir para rua”. “Ela tem versos bem pro-
fundos. Ela chega a admitir que, em alguns
em sala de aula. “Além dela ser escri- momentos, fica reclusa ou ‘escondida’
tora conhecida nacionalmente, ela porque não estava bem. O trabalho
ainda é leitura obrigatória em Eu consegui dela é espetacular, foi um ícone da
exames de análise da literatura, ter coragem de literatura brasileira. Eu lia muito
pois ela traz uma literatura de canalizar a minha Cecília Meireles. Percebo que ela
fácil identificação, embora seja dor de forma teve experiências muito doloro-
carregada de símbolos, de figu- poética sas, que transpareciam no traba-
ras de linguagem”, descreve. lho dela”.
“Já levei poemas de vários autores “Eu consegui ter coragem de ca-
para a sala de aula, mas os alunos se nalizar a minha dor de forma poética
identificam com os poemas dela. Uma boa porque aprendi com Cecília Meireles, como
literatura é quando a mensagem gera iden- milhares de pessoas aprenderam lendo os
tificação e emociona o leitor”, acrescenta. livros dela. Afinal, ela era professora, ela
“Ela foi a primeira a questionar a distinção não deixou de ser isso, continua ensinan-
entre poeta e poetisa. Não haveria porque do. É uma poeta em que todos querem se
haver distinção entre os poetas (pelo fato mirar”, destaca Carla Viana. “‘Eu canto por-
de serem homens ou mulheres). Essa é que o instante existe. Não sinto gozo, nem
uma inspiração que guardo dela como es- tormento. Não sou alegre e nem sou triste.
critora”, acrescenta. Sou poeta’”, conclui recitando um dos versos
Doutora em Linguística e Teoria Literária e mais famosos de Cecília Meireles.
12 JORNAL LUPA n. 12, NOV. 2022 M E I O A M B I E N T E

Usina vai transformar CO2 e luz

solar em combustível para aviões
Ela usa uma tecnologia inventada na década de 1920, só que de
maneira 100% limpa - e produz um querosene de aviação totalmente
neutro em carbono.
Fonte: Texto Larissa Pessi e Bruno Garattoni. Disponível em: https://tinyurl.com/v86x4rwh

A aviação é responsável por aproximadamente nova usina é um projeto piloto, que funcionará O syngas em aviões – e além
2% das emissões totais de CO2 no mundo. Pode 24 horas por dia. Em julho deste ano, o Parlamento Europeu de-
até parecer pouco, mas definitivamente não é: dá Se a tecnologia funcionar na prática, a Synhelion terminou que, a partir de 2025, o querosene de
760 milhões de toneladas de CO2, o equivalente diz que seria possível construir mais usinas como aviação deverá conter pelo menos 2% de com-
às emissões de 165 milhões de automóveis. essa, e produzir até 875 milhões de litros de bustíveis limpos na fórmula – e o plano é chegar
E o principal é que, ao contrário do que acontece combustível solar a cada ano, no mundo, a partir a 85% até 2050.
com os carros, que já começaram a se eletrifi- de 2030. O custo, diz a empresa, seria competi- O regramento lembra a lei que determina, no
car, essa mudança será muito mais difícil no se- tivo com o dos combustíveis fósseis: no máximo Brasil, a adição de etanol (um combustível neu-
tor aéreo: com as tecnologias atuais, as baterias 1 euro por litro. tro em carbono, já que a cana-de-açúcar absorve
simplesmente não conseguem armazenar ener- A técnica pode revolucionar a aviação, mas ex- da atmosfera o CO2 liberado quando o etanol
gia suficiente para voar por mais de 20 ou 30 plora um processo químico antigo: o Fischer- é queimado) à gasolina comum, hoje em 27,5%
minutos. E isso com aeronaves bem pequenas, -Tropsch, desenvolvido pelos alemães Franz Fis- da composição. Além de diminuir a emissão de
levando apenas uma ou duas pessoas. Em suma: cher e Hans Tropsch em 1923. Eles inventaram poluentes, a norma criada nos anos 1990 busca
a aviação é um obstáculo no caminho da descar- um método para transformar carvão em gás e, amenizar as oscilações do preço internacional do
bonização. em seguida, num combustível sintético. petróleo.
Mas uma tecnologia pode ter a resposta. Perto O processo, em que o carvão era exposto a Em janeiro, a Synhelion firmou uma parceria com
da fronteira com a Bélgica, a cidade alemã de temperaturas entre 150ºC e 300ºC, chegou a Swiss International Air Lines para abastecer
Jülich abriga o Parque Brainergy, um hub foca- a ser bastante usado na Alemanha durante a parte da frota desta empresa com uma mistura
do no desenvolvimento de soluções de energia Segunda Guerra Mundial, quando faltou com- de querosene solar já a partir de 2023. A ideia do
sustentável. É lá que, em setembro, começou a bustível. Grupo Lufthansa, controlador da companhia aé-
ser construída uma fábrica de combustíveis que Estima-se que mais de 90% do combustível usa- rea, é impulsionar a tecnologia do syngas com a
serão produzidos a partir do CO2 da atmosfera do nos aviões alemães, e mais de 50% do pe- construção de uma segunda fábrica, na Espanha.
– e do calor do sol. tróleo fabricado no país durante os anos 1940, A Airbus também está investindo no desenvolvi-
Trata-se da DAWN, uma iniciativa da startup su- tenham sido produzidos via Fischer-Tropsch. No mento de um combustível sustentável de aviação
íça Synhelion, que promete ser a primeira usina Brasil houve algo parecido. Com o racionamen- – conhecido pela sigla SAF, sustainable aviation
do mundo a produzir combustível sintético (syn- to da gasolina, também nos tempos de guerra, o fuel. No ano passado, a gigante europeia realizou
fuel) em escala industrial. país utilizou um combustível sintético chamado um voo teste de três horas a partir do aeroporto
A usina se espalha por um campo de 1.500 me- gasogênio. de Toulouse, na França, utilizando um querosene
tros quadrados, cobertos por heliostatos. Pareci- Só que esses processos eram poluentes: afinal, 100% sustentável.
dos com painéis solares gigantes, esses aparelhos tudo se resumia a queimar carvão, ainda que Ele era feito de óleo de cozinha usado, mistura-
são formados por espelhos giratórios que transformado em outro combustível. A do com outras gorduras. A iniciativa faz parte do
concentram e direcionam os raios para Além Synhelion também emprega o processo consórcio SAF+, que busca começar a produzir
uma torre de 20 metros de altura. de querosene de Fischer-Tropsch, mas de forma com- em escala comercial a partir de 2025.
Dentro da torre fica o reator termo- aviação, o gás pletamente diferente. A temperatura Em um relatório divulgado no ano passado, a em-
químico, que pesa 12 toneladas e sintético também usada é bem mais alta, e as maté- presa de pesquisas de mercado Lux, dos EUA,
fica cheio de CO2 e água. poderia ser rias-primas são outras: energia solar estimou que a produção de synfuels baseados
Quando essa mistura é exposta ao transformado em e CO2 da atmosfera. em CO2 poderia chegar a 110 milhões de litros já
calor, vindo dos raios de sol con- gasolina ou E, o mais importante, o combustível nos próximos cinco anos. E sua utilização não se
centrados, ela alcança uma tempera- diesel. sintético é neutro em carbono – pois limitaria ao segmento energético: os combustí-
tura de 1500 graus – e isso, junto com sua produção retira da atmosfera a mes- veis sintéticos também são úteis para a indústria
a pressão dentro do reator termoquímico, ma quantidade de CO2 que ele libera quan- química.
converte o CO2 e a água em hidrogênio (H2) e do é queimado. Na cidade chinesa de Tongyezhen, o Grupo He-
um monóxido de carbono (CO) sintético, que en- Além de querosene de aviação, o gás sintético nan Shuncheng está construindo uma fábrica
tão é processado quimicamente e transformado também poderia ser transformado em gaso- que vai usar CO2 da atmosfera e hidrogênio para
em querosene de aviação sintético – que pode lina ou diesel. Em todos os casos, ele seria um produzir metanol renovável, um biocombustível
ser usado no lugar do combustível tradicional. drop-in fuel, ou seja, quimicamente similar aos que pode ser usado para várias finalidades – des-
A primeira demonstração do sistema foi feita na combustíveis adotados hoje – por isso, os veícu- de solvente industrial até a fabricação de plás-
sede da do Instituto de Tecnologia de Zurique, los não precisariam de nenhuma adaptação para tico, além de servir como combustível propria-
do qual se originou da Synhelion, em 2019. A começar a usá-lo. mente dito.
T E C N O L O G I A
Cidade inteligente mede poluição sonora e faz boa
gestão da saúde
Prêmio Connected Smart Cities reconhece uma empresa que mede a barulheira de maneira simples e outra
capaz de levar a gestão da saúde pública a um outro patamar
Renato Krausz https://exame.com/bussola/cidade-inteligente-mede-poluicao-sonora-e-faz-boa-gestao-da-saude/
Entre todos os tipos de poluição do mundo, a
sonora é a mais contraditória que há, porque nos
mata silenciosamente. Sorrateiro, o barulho vai
se infiltrando na pessoa e causa no começo só
um incômodo, depois raiva, até que lá na frente,
quando a gente se dá conta, ou mesmo sem se
dar, já está impingindo problemas no metabo-
lismo e danos psicológicos mais severos, se não
gástricos ou cardiorrespiratórios.
A solução de qualquer problema começa com
um bom diagnóstico, e esse acaba sendo outro
agravante da poluição sonora: medi-la sempre
foi caro e os resultados costumavam vir tão ci-
frados que somente profissionais experientes
eram capazes de decifrá-los.
A Otoh, uma startup paulistana, nasceu para re-
solver isso. Ela criou dentro de casa toda uma
tecnologia de baixo custo e alta eficiência capaz
de medir ruídos e apresentar os resultados de
forma extremamente simples. E já está medindo
a barulheira de grandes eventos e de obras na
capital paulista, mas também pode capturar os
decibéis produzidos dentro de escritórios, esco-
las ou hospitais.
As construções, por sinal, devem fazer fila para
contratar o novo serviço, pois um decreto muni-
cipal do ano passado estabeleceu um limite de 85
decibéis para obras privadas em São Paulo – podia
incluir as públicas, hein, prefeito? –, das 7h às 19h.
Obviamente, a regra não vale para o período mais
aterrorizante, que é o do bate-estaca. “Se valesse,
inviabilizaria toda obra na cidade”, explica Carolina
Monteiro, head de produto da Otoh.
A empresa, que é uma spin-off da consultoria de
acústica Harmonia, venceu na semana passada
a categoria de negócios pré-operacionais – que
ainda não dão lucro – da oitava edição do Prê-
mio Connected Smart Cities, organizado pela
consultoria Neurônio Ativação de Negócios e
Causas e pela Necta. Desde 2014, o prêmio re-
conhece iniciativas que ajudam a tornar nossas
Periódico pedagógico para estudantes 13
cidades menos áridas e mais sustentá- Menos logia e pesquisa do IPM, Lúcia Mees.
veis – e inteligentes, como o próprio burocracia se traduz Mas a grande diferença mesmo está
nome da iniciativa preconiza. em menos gargalos e, na melhoria do serviço prestado.
Saúde acessível e descomplicada “Em algumas cidades, como Cacho-
consequentemente,
Na categoria de negócios em opera- eirinha (RS), diminuímos as filas de
ção, o vencedor do Connect Smart mais atendimentos. espera em 80%”, orgulha-se ela. Ou-
Cities foi o IPM Saúde, um sistema que tra vantagem é o prontuário único, no
estende o alcance da saúde pública nos qual 78 especialidades médicas, odonto-
municípios, democratiza o seu acesso e torna lógicas e de enfermagem acabam contribuindo
muito mais eficiente a sua gestão. Criado há oito umas com as outras para benefício do paciente,
anos em Rio do Sul (SC), o IPM Saúde hoje está que também pode avaliar os serviços pelo pró-
em operação em 97 cidades, sobretudo de Esta- prio aplicativo, induzindo a administração públi-
dos da região Sul, além de algumas de São Paulo ca a aprimorá-los.
e Minas Gerais, com um total de 6 milhões de Menos burocracia se traduz em menos gargalos
habitantes beneficiados. e, consequentemente, mais atendimentos. Em
Funciona como um santo remédio para a buro- 2021, o IPM Saúde registrou por mês a realiza-
cracia e o desperdício que, a despeito de todas as ção de 1.548.872 consultas, número 38% maior
dádivas do SUS, tanto castigam os mais de 70% que o de 1.119.107 realizadas no ano anterior.
de brasileiros que dependem exclusivamente do “Crescemos também de 225.523 para 285.374
sistema público de saúde. Numa única cidade po- visitas domiciliares ao mês entre 2020 e 2021,
dem coexistir 300 sistemas ou planilhas de Excel uma alta de 27%”, conta Lúcia.
para inserir dados, e aquilo que foi inserido numa Os indicadores de APS (Atenção Primária à
unidade de saúde não é facilmente acessado pelo Saúde), do Ministério da Saúde, registram
laboratório que fica na outra rua, gerando atrasos, igualmente saltos de qualidade nas cidades
filas e outros problemas com os quais a população atendidas pelo IPM. O município de Dois Ir-
lida diariamente. Com o IPM, tudo isso dá lugar a mãos (RS), por exemplo, conseguiu impulsio-
uma única plataforma, que conversa com todas as nar o indicador de “proporção de gestantes
outras oficiais e pode ser acessada de qualquer com realização de exames para sífilis e HIV”
dispositivo, pois tudo está na nuvem. E mais: os de 17%, em 2018, para 55%, em 2021. Para
dados nem sequer precisam ser digitados, porque 2023, a meta do IPM Saúde é chegar a novas
o sistema reconhece voz. 30 cidades e investir ainda mais na transfor-
Outro exemplo: para determinado tratamento mação digital do SUS.
que demandasse triagem numa unidade básica Otoh e IMP Saúde são duas iniciativas que, nes-
de saúde, marcação de consulta, realização de ses tempos de ESG e impacto, terão vida longa
diferentes exames, retorno e etc, havia uma mé- e certamente atrairão os olhares de clientes e
dia de oito deslocamentos do paciente, que, com investidores, mas o que importa mesmo é poder
o IPM e os mecanismos de agendamento online de transformação que possuem para tornar nos-
e telemedicina de que ele dispõe, passa a fazer sas vidas cotidianas mais humanas, com menos
somente um. “Economizamos 72 milhões de fo- ruído e menos chance de adoecermos, e, mes-
lhas de papel e R $1,7 bilhão em deslocamentos mo quando isso acontecer, com um caminho
somente em 2021”, afirma a gerente de tecno- mais fácil para a cura.
14 JORNAL LUPA n. 12, NOV. 2022 S A Ú D E
Nosso coração será o mesmo após a COVID-19?
Daniel Fernandes, Departamento de Farmacologia UFSC.Disponível em: https://tinyurl.com/pcrc69uy
A atual pandemia de COVID-19 tem sido um dos
maiores desafios da nossa sociedade. E agora,
passados alguns anos de seu início, estamos per-
cebendo que independentemente da gravidade do
quadro inicial de COVID-19 muitas pessoas apre-
sentam acometimentos depois da fase aguda. Esta
tem sido uma grande preocupação, já que muitas
pessoas depois do quadro de COVID-19 têm mui-
ta dificuldade de retornar às suas atividades usu-
ais. Esta condição tem sido chamada de “síndrome
pós-COVID” ou “COVID longa”.
Em um estudo publicado recentemente os cientis-
tas descobriram que após a recuperação da fase
aguda da doença, há um aumento no risco de de- dos de registros médicos eletrônicos de um exten-
senvolvimento de uma série de problemas cardio- so banco de dados de uma instituição de saúde nos
vasculares como arritmias, infarto do miocárdio Estados Unidos (Department of Veterans Affairs
e insuficiência cardíaca. E o que é mais preocu-
pante, os riscos aumentados são evidentes
mesmo entre aquelas pessoas que não
foram hospitalizadas com COVID-19
durante o período agudo da doença.
No estudo publicado na Nature Medi-
cine, os pesquisadores estimaram os
riscos do desenvolvimento de doen-
ças cardiovasculares por até 12 meses
após a COVID-19. Para isso, usaram da-
National Healthcare). Foram comparados mais de
150.000 pacientes que sobreviveram após
Os contrair COVID-19 com dois grupos de
pesquisadores pessoas não infectadas, um grupo de
estimaram os riscos mais de cinco milhões de pessoas que
do desenvolvimento
de doenças usaram o mesmo sistema médico du-
cardiovasculares por rante a pandemia e que não tinham
até 12 meses após evidência de infecção pelo vírus SAR-
a COVID-19 S-CoV-2 e um grupo de tamanho se-
melhante que usaram o sistema em 2017,
antes da circulação do SARS-CoV-2.
As pessoas que se recuperaram da COVID-19
apresentaram aumento de problemas cardiovascu-
lares ao longo do ano após a infecção. Por exem-
plo, a cada 1.000 pessoas estudadas, havia cerca
de quatro pessoas a mais no grupo COVID-19 que
sofreu acidente vascular cerebral. Dito de outra
forma, eles eram 52% mais propensos a ter um aci-
dente vascular cerebral do que o grupo controle.
Já o risco de insuficiência cardíaca aumentou 72%,
ou havia mais 12 pessoas no grupo COVID-19 por
1.000 estudadas.
A hospitalização (em laranja na imagem acima) au-
mentou a probabilidade de complicações cardio-
vasculares futuras, mas mesmo as pessoas que não
foram hospitalizadas (em cor verde) apresentaram
um risco maior de sofrer destas complicações.
É claro que estudos observacionais como este
sempre têm as suas limitações. Por exemplo, as
pessoas do grupo controle não foram testadas
para COVID-19, então é possível que algumas de-
las realmente tiveram infecções leves. Além disso,
a amostra é formada predominantemente por ho-
mens brancos, e, portanto, os resultados podem
não ser extrapolados para todas as populações.
Os riscos relatados no estudo podem parecer pe-
quenos, mas dado o grande número de pessoas
com COVID-19 globalmente, esses números pro-
vavelmente se traduzirão em milhões de pessoas
com doenças cardíacas pelo mundo.
Além disso, como a severidade do quadro de CO-
VID-19 aumenta o risco de complicações cardio-
vasculares muito mais do que a doença leve, é
importante que aqueles que não são vacinados re-
cebam a vacina imediatamente. Por fim, estes no-
vos dados reforçam que a COVID-19 não é apenas
uma gripezinha!
Gráfico comparativo entre a relação de riscos de
doenças cardiovasculares entre não hospitaliza-
dos, hospitalizados e de terapia intensiva.
S O C I E D A D E
Identidade e diversidade
Disponível em: https://fundacaotidesetubal.org.br/midia/publicacao_265.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022.
Se você entrar no ônibus ou olhar para a rua com
atenção vai perceber a enorme variedade de gente
que existe ao seu redor: baixos, altos, orientais, oci-
dentais, peles e cabelos claros ou escuros de dife-
rentes estilos, roupas modernas ou tradicionais. Se
as pessoas podem ser muito diversas na aparência,
imagine como são variados os gostos e modos de ser
de cada um. Veja, por exemplo, em um grupo de ami-
gos ou em uma família na qual as pessoas convivem
estreitamente, cada um é de um jeito: um é mais cal-
mo, outro é mais agitado, um fala tudo o que pensa,
outro não ousa desagradar, um gosta de rap, outro de
música popular brasileira. Toda essa riqueza de carac-
terísticas forma a identidade de cada um.
T I R I N H A
Mafalda
https://segredosdomundo.r7.com/mafalda/
É especialmente na fase da adolescência que ques-
tões, tais como: quem sou eu? Do que eu gosto?
Do que eu não gosto? Quem eu quero ser na vida?
– surgem com mais intensidade.
Esse momento é crucial na formação da personali-
dade de cada um. É lógico que vamos nos transfor-
mando ao longo de toda a vida, mas existem alguns
aspectos, alguns jeitos de ser que construímos no
transcorrer da adolescência e que nos acompanham
para sempre.
Assim, se por um lado, você é uma pessoa úni-
ca, singular, ninguém no mundo é igual a você,
por outro, todos temos algo em comum. A todos
nós é ensinado o que se pode e o que não se
Periódico pedagógico para estudantes 15
pode fazer na sociedade em que vivemos. Com-
partilhamos e respeitamos diversas leis e regras
sociais, sabemos, por exemplo, que não se pode
sair nu no meio da rua ou que não podemos pra-
ticar delitos. Ao mesmo tempo, há muitas coisas
que podemos escolher: estilo de roupa, músicas,
esportes, valores, crenças, enfim, elementos que
compõem a nossa personalidade, nosso jeito de
ser e pensar.
No entanto, nem sempre essas diferenças pessoais
são respeitadas. Vivemos em um mundo muito im-
paciente e intolerante com tudo aquilo que é dife-
rente. Por isso mesmo, que às vezes pode ser difícil
afirmarmos a nossa individualidade.
 JORNAL

P E R I Ó D I C O P E DAG Ó G I C O PA R A E S T U DA N T E S
D O E N S I N O F U N D A M E N TA L A N O S F I N A I S E E N S I N O M É D I O .
G O V E R N O D O E S TA D O D E M I N A S G E R A I S
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O D E M I N A S G E R A I S
E S C O L A D E F O R M A Ç Ã O E D E S E N V O LV I M E N T O P R O F I S S I O N A L D E E D U C A D O R E S