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O Problema da Demarcação
“Quando é que uma teoria deve ser classificada como científica? (...) Existe algum
critério que determine o caráter ou o estatuto científico de uma teoria?”
Este permitirá dizer quais são as características que as teorias devem ter para
serem consideradas científicas.
- Lisa Bortolotti, Introdução à Filosofia da Ciência, Gradiva, Lisboa, 2008, pp. 318 (adaptado)
Nota: Portanto, as artes, a literatura e a filosofia não são ciências, mas também não
são pseudociências.
Há várias razões que justificam a necessidade de encontrar um critério de
cientificidade:
Critério de verificabilidade
Para esclarecer o critério de verificabilidade, vejamos os seguintes exemplos:
• Filósofo britânico.
• Proponente do positivismo lógico.
• Foi professor na Universidade de Londres.
“O critério que utilizamos para testar a genuinidade de aparentes enunciados factuais
é o critério de verificabilidade. Dizemos que uma frase tem significação factual para
um indivíduo se, e apenas se, ele souber como verificar a proposição que a dita frase
parece exprimir. Isto é, se ele souber quais são as observações que o levariam, sob
determinadas condições, a aceitar a proposição como verdadeira, ou a rejeitá-la
como falsa.”
Por maior que seja o número de casos observados, não é possível garantir a
verdade de uma lei que se expressa num enunciado universal, já que é impossível
observar indefinido de casos a que a proposição universal se refere.
Confirmação
• Filósofo alemão.
• Defensor do positivismo lógico.
• Membro do Círculo de Viena.
Se uma teoria é científica, então é empiricamente confirmável.
Em suma:
Sendo impossível a verificação das hipóteses, é possível a sua confirmação (mais forte
ou mais fraca, dependendo dos dados existentes para o sustentar).
Contudo, também a confirmação das hipóteses coloca dificuldades.
Karl Popper
(1902 – 1994)
• Nasceu na Áustria.
• Doutorou-se em Psicologia da educação.
• Dedicou-se ao estudo da Física, da Matemática
e da Filosofia da Ciência.
Proponho um outro
critério:
a falsificabilidade!
De acordo com Popper, a principal distinção entre as teorias científicas (o filósofo
tem em vista as ciências empíricas e não a Matemática) e não científicas é o facto de
as primeiras serem falsificáveis.
Popper salienta que essas condições empíricas que permitem refutar (ou falsificar) as
teorias científicas têm de ser logicamente pensáveis ou imaginárias, não significa que
tenham de vir a ocorrer: podem acontecer ou não.
“O comportamento de uma mesa contradiria a teoria de Newton [sobre gravidade
terrestre] caso a mesa começasse a andar. Se a chávena em cima da minha mesa
começasse subitamente a dançar, a girar e a dar voltas, seria uma falibilização da
teoria de Newton – especialmente se o chá não se entornasse com as voltas dadas pela
chávena.”
- Karl Popper, A Vida é Aprendizagem, Edições 70, Lisboa, 2020, pp. 34-35
Quando uma teoria procura explicar o mundo corre o risco de falhar. Se uma teoria
se apresenta como infalsificável é porque contém algum “truque” para evitar o
falhanço e o preço disso é incapacidade explicativa.
→ É por isso que a falsificabilidade, longe de ser uma característica negativa, é uma
condição necessária para uma teoria científica.
De acordo com Popper, os cientistas devem adotar uma atitude crítica.
Popper considera que as teorias mais interessantes para a ciência são aquelas que
possuem um elevado grau de falsificabilidade.
Os cientistas devem procurar teorias ousadas e com elevado conteúdo empírico, que
digam mais sobre o mundo, com maior poder explicativo e, por isso, correndo mais
risco de falhar.
Tais teorias têm um grau de falsificabilidade mais elevado e é positivo que assim
seja.
Por conseguinte, os cientistas não devem interessar-se por teorias que “passem”
facilmente nos testes empíricos, mas antes por teorias que resistam a tentativas
exigentes de falsificação.
→ Quanto maior for a generalidade de um enunciado científico universal, maior
será o seu grau de falsificabilidade: quanto mais fenómenos referir, maior será a
possibilidade de surgirem contraexemplos.
A falsificabilidade é uma condição necessária para uma teoria ser científica. Mas, não
é uma condição suficiente.
Para ser científica uma teoria deverá reunir, em simultâneo, os seguintes requisitos:
1. Ser falsificável.
2. Ter capacidade explicativa, fornecendo respostas para problemas com alguma
complexidade.
Sendo assim, há enunciados que são falsificáveis, mas não são científicos, pois são
respostas a questões banais.
→ Se uma teoria não pode ser sujeita ao processo de falsificação, as suas explicações
são irrefutáveis.
Para além da astrologia, Popper afirma que a psicanálise e o marxismo são também
pseudociências.