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Resumos de filosofia

Ciência e pseudociência

A ciência constitui uma atividade e um tipo de conhecimento. Ao tipo de teoria que não sem
qualquer base cientifica mas que pretende ser cientifica chamamos de pseudociência.

Cientismo- doutrina que considera o conhecimento cientifico como a única forma de


conhecimento fiável seguro e rigoroso.

Pseudociência- tipo de teoria ou atividade sem qualquer base cientifica, mas que procura
passar por cientifica

Conhecimento senso comum

 De geração em geração
 Desorganizado
 Ametódico
 Assistemático
 Impreciso
 Superficial
 Apreensão sensorial

Conhecimento cientifico

 Sistemático
 Rigoroso
 Organizado, metódico e critico
 Fundamentado
 Respostas explicativas

O problema da demarcação

O problema da demarcação constitui um dos problemas filosóficos centrais da filosofia da


ciência. Genericamente, trata-se de saber o que distingue a ciência do que não é ciência, ou
que separa o conhecimento científico de outras formas do saber

As teorias científicas são enunciados ou hipóteses explicativas sobre os fenómenos. Como


vimos, para além de serem sistemáticas, as teorias científicas são explicativas. O facto de as
teorias serem sistemáticas e explicativas é condição necessária para as podermos considerar
científicas, mas isso não é suficiente para garantir a sua cientificidade. Uma teoria pode ser
sistemática e explicativa e, ainda assim, não ser científica.

O critério da verificabilidade

Critério da verificabilidade- Uma teoria é científica apenas se consistir em afirmações


empiricamente verificáveis, isto é, apenas se for possível verificar pela experiência aquilo que
ela afirma
Uma afirmação empiricamente verificável é determinada através da observação ou da
experiência.

Afirmações verificáveis são aquelas que podem ser observadas na prática através da
observação.

Afirmações não verificáveis não podem ser empiricamente verificadas.

O critério da verificabilidade enfrenta algumas objeções. Uma delas passa pelo


reconhecimento de que a maioria das teorias científicas se expressa em enunciados universais
e que esses enunciados não são, na verdade, suscetíveis de verificação empírica. Esta limitação
do critério de verificabilidade levanta problemas no processo de aprovação das teorias
científicas. Alguns filósofos, no entanto, defendem que a confirmação das hipóteses científicas
não exige necessariamente uma verificação exaustiva de todos os casos observados.

Sugerem, em alternativa, que a verificação empírica parcial é suficiente, desde que o "grau de
confirmação" das teorias possa ser estabelecido e, assim, a partir de uma base probabilística,
possa ser escolhida aquela hipótese científica que estiver em conformidade com o maior
número de dados empíricos. Em suma, as hipóteses científicas, embora não possam ser objeto
de uma verificação conclusiva, podem ser confirmadas.

Grau de confirmação- Uma hipótese possui uma probabilidade indutiva que vai aumentando
ou diminuindo segundo as novas observações confirmem ou não a hipótese em causa.

Rudolf Carnap, considera que o processo de confirmação das teorias ou hipóteses científicas
deve assentar nesta lógica probabilística.

O critério de falsificabilidade

Karl Popper

Critério de falsificabilidade- Uma teoria é científica apenas se for empiricamente falsificável, ou


seja, apenas se for possível falsificar pela experiência aquilo que ela afirma.

Sabendo agora que o que demarca segundo Popper uma teoria cientifica do que o que não o é,
para tal é mesurado o seu conteúdo empírico, quanto mais conteúdo empírico uma teoria
tiver, mais ousada será e maior alcance explicativo terá, e quanto maior for o grau de
falsificabilidade de uma afirmação, mais interessante ela será para a ciência.

Falsificabilidade- Característica que todas as teorias têm de ter para serem consideradas
científicas; têm de poder ser submetidas a testes empíricos que visam refutá-las ou falsificá-
las.

Falsificação- Todas as teorias científicas são falsificáveis, mas nem todas as teorias são ou
foram falsificadas, isto é, dadas como falsas.
O método científico e o problema da verificação das hipóteses

Em ciência, o método corresponde ao conjunto de procedimentos, orientados por um


conjunto de regras, que estabelecem a ordem das operações a realizar com vista a atingir um
determinado resultado.

A perspetiva indutivista do método científico

O indutivismo é a posição adotada por diversos filósofos que salienta a importância da indução
para a ciência. Entre os filósofos que o representam destacam-se Francis Bacon e Stuart Mill.

Bacon considerava que o conhecimento cientifico se devia fundar na indução e na


experimentação, os indutivistas destacam o papel da observação pois consideram que é a
partir da observação rigorosa e objetiva que é possível construir e testar teorias.

Teorias científicas

Contexto de descoberta- processo pelo qual o cientista formula ou descobre a teoria ou a


hipótese

Contexto de justificação- processo pelo qual o cientista testa ou defende a hipótese ou teoria.
Como se aplica o raciocínio indutivo? Por um lado, as hipóteses científicas resultam de
generalizações baseadas na experiência; a formulação da hipótese pressupõe uma explicação
geral para as observações realizadas que depende de uma generalização indutiva.

Por outro lado, no processo de estabelecimento da lei geral, as hipóteses só passam a leis após
serem confirmadas por um conjunto de experiências e observações particulares.

Houve algumas críticas ao indutivismo como:

 A observação não é necessariamente o ponto de partida para fazer ciência


 O raciocínio indutivo não confere o rigor logico necessário as teorias científicas
 Há teorias científicas que tem como objetos factos que não são observáveis.

A perspetiva falsificacionista do método científico

Karl Popper concorda com Hume relativamente ao problema da indução: a indução não é
racionalmente justificável. No entanto, acredita que este problema não põe em causa a
ciência.

Nestas condições, o trabalho do cientista é, após o confronto com um problema, avançar com
uma hipótese de resposta ao mesmo, submetendo-a depois a tentativas de refutação. Por isso
se dá a esta forma de proceder em ciência (e também em filosofia) a designação de método
crítico (método da discussão crítica) ou método das conjeturas e refutações. A ciência é uma
atividade crítica, e o método científico exige que o cientista seja crítico em relação às suas
teorias.

Popper diz que não há observações puras e neutras.

Deste modo o método científico começa por problemas, perante o problema o cientista
avança com uma tentativa de solução, essa solução é a hipótese ou seja uma conjetura.

Em seguida, a hipótese será testada, ou seja, submetida a tentativas sérias de refutação.


Tentar refutar uma hipótese ou teoria científica significa buscar os seus pontos fracos.

É aqui, e não antes, que a observação e a experimentação desempenham um importante


papel. Com efeito, uma vez formulada a hipótese, o cientista procura prever o que pode
acontecer se tal hipótese ou teoria for correta. Em seguida, ele irá procurar realizar
observações e experiências cujos resultados se mostrem incompatíveis com as previsões.

Se a hipótese for refutada, terá de ser revista/reformulada ou substituída por uma hipótese
melhor. Se a hipótese não for refutada, o cientista terá de continuar a tentar refutá-la,
utilizando testes cada vez mais severos, se for refutada a nova terá de passar por testes
severos também.

Daqui resulta que não se pode afirmar que haja teorias científicas verdadeiras. As teorias
científicas são refutáveis e conjeturais, e as melhores teorias são as conjeturas mais resistentes
aos muito exigentes testes ou tentativas de refutação a que foram sujeitas.
Enquanto uma teoria resistir aos mais rigorosos testes que conseguirmos conceber, ela será
aceite. Quando não resistir, ela será rejeitada. As teorias mais resistentes chamam se teorias
corroboradas. Este método baseia se no raciocínio dedutivo

Mas há várias criticas a popper tais como:

 O processo de refutação ou falsificação não é procedimento mais comum entre


cientistas
 Conceção idealizada da ciência
 Popper subestima o valor das previsões bem-sucedidas

Os problemas da evolução da ciência e da objetividade do conhecimento científico

A perspetiva de Popper sobre a evolução da ciência

Para Popper, a ciência progride através do método das conjeturas e refutações. E a


possibilidade de as teorias científicas serem falsificadas ou refutadas que permite à ciência
avançar progressivamente detetando erros e propondo novas teorias.

Popper faz uma analogia com a teoria da evolução por seleção natural de Darwin para explicar
como evolui a ciência.

O falsificacionismo exige do cientista que este procure ativamente o erro numa hipótese ou
teoria, porque e mediante esse processo de crítica permanente que as teorias evoluem e o
progresso cientifico ocorre. Segundo Popper, nunca podemos afirmar que uma teoria científica
é verdadeira. Mesmo no caso das teorias corroboradas, há sempre a hipótese de virem a ser
refutadas no futuro. A verosimilhança é o grau com que uma teoria capta a verdade: uma
teoria é mais verosímil do que uma teoria rival apenas no caso de implicar mais verdades e
menos falsidades do que essa teoria rival.

A perspetiva de Popper sobre a objetividade da ciência

Popper entende as teorias científicas como conjeturas. Apesar de rejeitar o antigo ideal
científico do conhecimento absolutamente certo, e compreender o progresso da ciência como
um processo de aproximação à verdade, Popper não põe em causa a objetividade do
conhecimento científico. Ele acredita que a ciência evolui de acordo com critérios racionais,
lógicos e objetivos.

A objetividade científica é, para Popper, uma realidade porque na escolha entre teorias E
concorrentes só intervêm critérios objetivos, sem a interferência de quaisquer aspetos E
subjetivos.

Eis pois alguns critérios objetivos para avaliação das teorias cientificas.
Segundo Popper, o que designamos por objetividade científica é o facto de nenhuma teoria
científica ser aceite como um dogma e de todas as teorias serem provisórias e passíveis de
críticas severas, ou de uma discussão crítica racional que visa eliminar erros.

A perspetiva de Kuhn sobre a evolução da ciência

Thomas S. Kuhn rejeita a ideia, defendida por Popper, de que a ciência evolui ou progride em
direção à verdade. Ao estudar em profundidade a história da ciência, Kuhn encontra longos
períodos de estabilidade - períodos em que os cientistas desenvolvem o seu trabalho e obtêm
resultados que vão ao encontro das suas expectativas - e curtos períodos de instabilidade -
períodos revolucionários, de transição radical de ideias e pressupostos.

Kuhn nota que a aceitação de grandes teorias cientificas se faz à custa de tensões e implica a
mudança de conceitos Fundamentais no interior da comunidade científica, para além de
acarretar alterações profundas na maneira de pensar das pessoas.

Kuhn considera que o progresso da ciência depende essencialmente do trabalho dos cientistas
e salienta que para o compreendermos é necessário ter em conta o contexto histórico e
sociológico em que esse trabalho se faz.

Um dos conceitos inovadores que Kuhn introduz no debate sobre o progresso da ciência e o
conceito de paradigma científico.

Paradigma cientifico- Matriz disciplinar, ou uma visão do mundo que os membros de uma
comunidade científica partilham e que fornece princípios teóricos e práticos para se fazer
ciência num determinado domínio de investigação durante um certo período.

O paradigma funciona como um modelo de referência reconhecido por todos os cientistas, a


partir do qual desenvolvem o seu trabalho. O paradigma é constituído pelas teorias
fundamentais que a comunidade científica aceita, e inclui instrumentos, valores, objetivos e
pressupostos metafísicos. É o paradigma que fornece as regras, os objetivos, os métodos
teóricos e práticos.
Pré ciência- Fase pré-paradigmática, em que ainda não há ciência propriamente dita; é uma
situação marcada por divergências e por tentativas avulsas de resolução dos problemas.

Após o surgimento de um paradigma, o trabalho dos cientistas traduz-se numa atividade de


resolução de problemas de acordo com esse mesmo paradigma. O trabalho desenvolvido
durante este período passa por definir os factos que é relevante explicar; verificar se os factos
observados estão ou não de acordo com a teoria dominante e desenvolver a teoria dominante,
aprofundando-a e tornando-a mais explicativa e preditiva.

Ciência normal- Investigação que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela
comunidade científica. Consiste essencialmente na resolução de enigmas (puzzles) de acordo
com a aplicação dos princípios, regras e conceitos do paradigma vigente.

Durante a fase de ciência normal, os cientistas desenvolvem um estudo cada vez mais
específico e aprofundado dos fenómenos. Os enigmas resolvem-se como puzzles e o
conhecimento científico vai-se acumulando e reforçando. Neste sentido, nos períodos de
ciência normal, o desenvolvimento ou progresso da ciência é cumulativo.

Contudo, por vezes, certos enigmas constituem verdadeiras ameaças à pesquisa científica,
como puzzles cujas peças parecem não encaixar. Trata-se de irregularidades – anomalias

Anomalias- Problemas ou enigmas que os cientistas não conseguem resolver a partir dos
pressupostos teóricos fundamentais de um paradigma, dentro do qual era suposto serem
resolvidos.

Ao contrário do que se poderia pensar, os cientistas não abandonam o paradigma ou as teorias


vigentes imediatamente após surgir uma anomalia. Na verdade, num período de ciência
normal, a atitude da comunidade científica é de conservadorismo e de resistência à mudança:
a maioria dos cientistas tudo faz para resolver as anomalias inesperadas. Só em condições
muito especiais, isto é, quando já não é possível responder às exigências e dos factos e há uma
acumulação de anomalias persistentes, e que a ciência entra em crise.

A crise instalada leva a ciência para uma nova fase do seu desenvolvimento, a que Kuhn deu o
nome de ciência extraordinária ou revolucionária.

Ciência revolucionaria- Fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do


paradigma vigente. Gera-se o debate sobre a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha
de um novo paradigma.

Durante o período de ciência extraordinária, a comunidade científica vê-se envolvida em


desacordos, divergências e no debate sobre quais as melhores teorias, que novos concei tos e
princípios devem ou não ser adotados, procurando definir os alicerces de um novo paradigma
que permita explicar aquilo que não é mais explicável à luz do paradigma anterior.
A mudança de um (velho) paradigma para outro (um novo paradigma) não é um processo
cumulativo, mas antes um processo revolucionário - equiparável às grandes revoluções
políticas - que acarreta uma alteração profunda na forma como os cientistas olham para a
realidade, concebem os problemas e os resolvem.

Esta mudança radical, profunda e muitas vezes abrupta leva Kuhn a defender a tese da
incomensurabilidade dos paradigmas, ou seja, a perspetiva segundo a qual não existem, entre
os paradigmas, pontos comuns a partir dos quais eles possam ser objetivamente comparados.

No fundo, não é possível afirmar a superioridade de um paradigma relativamente a outros. A


verdade das teorias científicas estará sempre dependente do paradigma em E que elas se
inserem, e aquilo que é verdadeiro num paradigma pode não o ser noutro.

A tese da incomensurabilidade dos paradigmas leva Kuhn a fazer uma interpretação diferente
do desenvolvimento da ciência. Ao contrário de Popper, Kuhn não entende a evolução da
ciência como um processo de contínua aproximação à verdade, mas como um processo
descontínuo, sem um fim predeterminado. A mudança para um novo paradigma representa
algum progresso, pelo menos para os membros da comunidade científica, na sua tarefa de
resolução de problemas. Mas Kuhn considera que a ciência não tem de progredir em direção a
uma meta ou um fim preestabelecido (tal como, segundo Darwin, a evolução biológica não
tem uma finalidade predeterminada), recusando a ideia de que a ciência progride em direção à
ver dade. Se a tese da incomensurabilidade for correta, então o paradigma em vigor não está
mais próximo da verdade do que o paradigma que ele substituiu.

A conceção de kuhn recebeu várias criticas tais como:

 Posição relativista sobre a ciência


 A conversão a um novo paradigma implica irracionalidade na atividade científica
A perspetiva de kuhn sobre a objetividade da ciência

Kuhn acredita que a avaliação e a escolha das teorias científicas obedecem a determinados
critérios que são conhecidos e partilhados no seio da comunidade científica. Todos os
cientistas saberão, por exemplo, identificar uma teoria mais consistente ou de maior alcance
que outra.

A escolha entre teorias rivais pressupõe, neste sentido, o recurso a critérios que permitem
avaliá-las objetivamente a partir de princípios e regras comumente adotados e que definem a
fronteira que separa o que é aceitável do que não é aceitável numa teoria científica.
Simplificando, os cientistas avaliam as teorias a partir de um conjunto de qualidades ou
características que esperam encontrar nessas teorias. São exemplos destas características as
que se apresentam no quadro seguinte:

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