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FILOSOFIA – Material de Apoio 11ºANO

Racionalidade Argumentativa e Filosofia – Noções de Lógica Informal

 Falácia: Todo o raciocínio aparentemente válido, mas na realidade incorreto. Trata-


se pois de um raciocínio que leva ao erro ou ao engano, incluindo-se aqui os casos
de violação das regras do silogismo.

 Distinção Clássica:

Falácia  Paralogismo: É um vício (erro) de raciocínio cometido involuntariamente, sem


 consciência da sua falsidade. Neste caso, não há má-fé da parte do
 orador.

Sofisma: Trata-se de uma falácia cometida voluntariamente, isto é, concebida com plena
consciência da sua falsidade, com o objetivo de enganar o interlocutor. Neste
caso há má-fé.

 Tipos de Falácias:

 Verbais: O erro decorre de ambiguidades no uso da linguagem (ex.:


Equívoco – uma palavra assumir mais do que um significado – “Qualquer
homem grande é um grande homem.”)

 Lógicas  Formais  O erro provém do não cumprimento das regras lógi-


 cas de inferência (silogismo).


Informais  Argumentos em que as premissas não sustentam a conclusão
em virtude de deficiências no conteúdo. O erro provém da
matéria ou conteúdo do raciocínio.

 Lógica Informal: Área específica da lógica que trata dos argumentos não dedutivos.

 Tipos de Argumentos Indutivos  Generalização  Argumentos induti-


 vos com premissas menos gerais do que
 a conclusão. (Ex.: Os cisnes observados
 até agora são brancos. Logo, todos os cis-
 nes são brancos.)

Previsão: Argumentos indutivos cujas premissas são particulares
(os casos observados no passado) e a conclusão é algo
que ocorrerá no futuro. (Ex.: Gostei de todos os livros
de Saramago que li até hoje. Logo, vou gostar do novo
livro de Saramago.)

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 Argumentos Indutivos  Fortes: Embora não exista garantia lógica da verdade
 da conclusão, é geralmente improvável que a conclu-
 são se venha a revelar falsa.

Fracos: A probabilidade da verdade da conclusão é muito menor, pois as
premissas não suportam nem justificam a conclusão.

 Nota: Consultar regras para uma boa generalização (manual pág. 92): Amostra
ampla; Amostra relevante/representativa; Não omitir informação relevante.

 Argumentos por Analogia  Comparação entre dois tipos de objetos


diferentes que apresentam certas semelhanças. Parte-se do princípio que se
existem certas semelhanças é possível estabelecer outras.

 Nota: Consultar regras para uma boa analogia (manual pág. 93) – Amostra deve
ser suficiente; O número de semelhanças deve ser suficiente; As
semelhanças devem ser relevantes.

 Falácias Associadas aos Argumentos Indutivos:

 Generalização precipitada ( falsa generalização): Ex.: O nosso vizinho


é cristão, mas tem um comportamento hipócrita. Portanto, todos os cristãos
são hipócritas.

 Falácia da falsa causa ( falácia de ignorância de causa): Quando se


atribui, erradamente, uma causa a um determinado fenómeno.

a) Depois de, logo, por causa de (  post hoc, ergo propter hoc) 
Consiste em atribuir a causa de um fenómeno a outro fenómeno, pela
simples razão de o preceder.
(Ex.: - Acho que hoje me vai correr mal o teste de Filosofia!
- Porquê?
- Porque ontem fui ao futebol e o meu clube também perdeu!)

 Falácia Associada aos Argumentos por Analogia:

 Falsa analogia: Ex.: Quando se planta trigo, colhe-se trigo;


quando se planta morangos, colhe-se morangos. Do mesmo modo, quando se
planta ódio, guerra e morte não se pode esperar colher paz e justiça.
Argumento fraco porque se fixa nas semelhanças (plantar / colher),
desprezando as diferenças (processos agrícolas / comportamentos ético-políticos
do homem).

 Outras Falácias Informais:

 Argumento de autoridade ( argumento ad verecundiam)  São


falaciosos quando em vez de se apresentarem razões se usa a credibilidade
e/ou notoriedade de uma autoridade que:

a) é especialista em matérias sobre as quais não há consenso – Ex.:


Descartes afirmou que há conhecimentos inatos, portanto, há
conhecimentos inatos.

OU

b) não é especialista no assunto em questão – Ex.: Dr. House


recomenda-lhe que compre o novo carro híbrido da Toyota.

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 Nota: Consultar regras para um bom argumento de autoridade (manual pág. 94) –
As fontes devem ser citadas; As fontes devem ser qualificadas para a
afirmação; As fontes devem ser imparciais e deve existir acordo
relativamente à informação.

 Falácia de apelo à ignorância ( argumento ad ignorantiam)  Consiste


em refutar um enunciado, só porque ninguém provou que é verdadeiro, ou em
defendê-lo, só porque ninguém conseguiu provar que é falso. Este tipo de
argumento é muito utilizado no âmbito de fenómenos psíquicos raros e
excecionais, como fenómenos de telepatia, fantasmas, lobisomens, etc. – (Ex.:
Não se conseguiu provar a verdade de A logo, A é falso.).

 Falácia de apelo ao terror ( argumento ad terrorem)  Quando a


argumentação procura obter a adesão do auditório com base em ameaças de
consequências negativas. (Ex.: - Sempre pensas utilizar a cábula?
- Claro!
- Isso é um disparate! Já pensaste que podes reprovar se fores apanhado?)

 Falácia de apelo à misericórdia ( argumento ad misericordiam) 


Consiste em pressionar psicologicamente o auditório, desencadeando
sentimentos de piedade e compaixão (chantagem afetiva). (Ex.: O candidato
a um emprego tenta convencer a entidade empregadora a admiti-lo,
invocando que tem muitos filhos, a mulher doente e desempregada, etc.).

 Falácia de apelo à força ( argumento ad baculum)  Argumento que


recorre a formas de ameaça como meio de fazer aceitar uma afirmação.
(Ex.: Apontar uma arma a alguém dizendo: “o dinheiro ou a vida”.).

 Falácia de apelo contra a pessoa ( argumento ad hominem) 


Quando em vez de se apresentar razões contra uma opinião de outra pessoa,
se pretende refutar essa opinião, atacando diretamente a pessoa que a
defende O ataque pessoal sobrepõe-se ao debate de opiniões. (Ex.: A
doutrina de Marx afirma que os capitalistas exploram os trabalhadores. Ora,
o pai dele era judeu. Logo, a teoria de Marx é falsa.).

 Petição de princípio  Ocorre nos argumentos cuja conclusão já está


contida nas premissas. Trata-se de um raciocínio circular.
(Ex.: -Deus existe!
- Como é que sabes?
- Porque a Bíblia o diz!
- E por que é que acreditas na Bíblia?
- Porque foi inspirada por Deus?).

● Falácia da derrapagem  Também conhecida por falácia da “bola de


neve”, ocorre quando invocando uma cadeia de causas muito improvável, se
defende que devemos recusar algo, pois, se não o fizermos, poderemos ser
conduzidos a algo terrível.
(Ex.: Se vou à escola, tenho de estudar. Se tenho de estudar, canso-me. Se
me canso, fico debilitado. Se fico debilitado, adoeço. Se adoeço, posso
morrer. Logo, se vou à escola, posso morrer. Como não quero morrer não
vou à escola.

● Falácia do falso dilema  Também conhecida por falácia da “falsa


dicotomia”, consiste na apresentação de duas alternativas como sendo a
únicas existentes em dado universo, ignorando ou omitindo outras possíveis.

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(Ex.: Ou acreditas em Deus ou és ateu. Não acreditas em Deus. Logo, és
ateu.)

● Falácia do boneco de palha  Também conhecida por falácia do


“espantalho”, consiste em atribuir a outrem uma opinião fictícia ou em
deturpar as suas afirmações de modo a terem outro significado.
(Ex.: Os ateus defendem que o Universo surgiu do nada. Ora, é inconcebível
que o Universo tenha surgido do nada. Logo, os ateus estão enganados –
Deus existe.)

 EXERCÍCIOS:

1. Identifique as falácias cometidas e justifique a sua resposta.

a) Ninguém demonstrou até hoje que os fantasmas não existem. Logo, os fantasmas
existem.

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b) Se continuarmos a deixar os jovens jogar no computador podem tornar-se


viciados no jogo. Se os jovens são altamente influenciáveis, ficarão viciados no
jogo. As pessoas viciadas no jogo acabam por gastar tudo o que têm e entrar
numa espiral de dependência. Por isso, não podemos permitir que os jovens
joguem no computador.

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c) O motivo por que Eça de Queirós escreveu romances é porque era romancista.

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