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UNIDADE 6  Uma explicação racionalista do conhecimento


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GRUPO I
Testes sumativos

1 A
2 A
3 B
4 B
5 C
6 C
7 D
8 D

GRUPO II
1 1.1 A expressão que indica o novo projeto filosófico de Descartes é a seguinte: «queria estabelecer algo
estável e duradouro nas ciências.»
1.2 Ao recorrer à formulação de hipóteses céticas, Descartes pretende chegar aos erros incomuns e gerar
a dúvida radical. Existem erros percetivos comuns, que resultam de informação errada fornecida pelo
contacto com o mundo através dos sentidos; estes erros são naturalmente fáceis de corrigir. Ora,
Descartes quer chegar às possibilidades de erro de difícil correção. As hipóteses céticas cumprem esse
papel, pois constroem cenários muito implausíveis para explicar certas crenças, fazendo-o de maneira
hábil ao gerar a dúvida sobre se essa será a explicação correta ou não. Em geral, as hipóteses céticas
caracterizam-se por oferecer uma explicação sobre como certos tipos de crença surgem no sujeito,
segundo a qual as crenças são falsas; o sujeito não pode afirmar se essa explicação para as suas crenças
é correta ou não e, assim, suspende o assentimento a crenças e opiniões que antes considerava
verdadeiras. Assim, além de obrigar o sujeito a não prosseguir com o seu modo de pensar, as hipóteses
céticas têm o benefício de afastar a mente dos sentidos e libertar os sujeitos de preconceitos. Descartes
queria também que surgisse um resultado construtivo disso, isto é, queria que a verdade pudesse ser
proporcionada pelas próprias hipóteses céticas. No seu pensamento, Descartes formulou duas
hipóteses céticas: a hipótese do sonho e a hipótese do génio maligno.
1.3 Afirmar que o cogito é o primeiro princípio da filosofia significa que este é um dos fundamentos do
conhecimento, surgindo no momento mais radical da dúvida. Mesmo sob a astúcia de um génio
maligno, um deus enganador, Descartes, convencido de que nada há no mundo (nem céu, nem terra,
nem corpos), percebe que é alguma coisa. Além disso, Descartes afirma que, por mais que esse génio
maligno seja hábil e se esforce por o enganar, nunca conseguirá que ele seja nada, enquanto ele pensar
que é alguma coisa. Assim, na força da evidência da sua existência, gerada pelo pensamento, ele sabe
que existe porque sabe que pensa; existe porque pensa. Então, o cogito surge como a primeira ideia
clara e distinta, imune à dúvida. Aliás, quanto mais o génio maligno se esforçar por enganar o sujeito,
mais este reforçará o pensamento de que é alguma coisa. O cogito é, assim, o primeiro princípio da
filosofia, pois é na condição de pensar que Descartes encontra a certeza de que existe.
1.4 Descartes prova a existência de Deus através da ideia clara de Deus que encontra na sua mente
e da evidência de que Deus é a causa dessa ideia de Deus que existe na mente. Descartes considera
evidente que a causa de uma ideia deve ter tanta realidade como o que ela representa. Ora, ele, sendo
finito e imperfeito, não pode ser a causa da ideia de Deus, que está reservada a um ser infinito e
perfeito. Segue-se que Deus existe, pois é a causa da ideia de Deus contida na mente. Descartes
apresentou ainda outro argumento para provar a existência de Deus, através da ideia de perfeição: um
ser com todas as perfeições terá de existir, uma vez que não seria perfeito se não existisse.
1.5 Descartes é considerado um filósofo racionalista porque o conhecimento que ele foi capaz de produzir
resultou apenas das ideias que estão contidas na sua mente. Trata-se de um conhecimento dos
fundamentos, sem qualquer recurso aos dados provenientes dos cinco sentidos.  

118 DESAFIOS  •  Filosofia  •  11.o ano •  © Santillana

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Descartes é racionalista precisamente porque abandonou todas as fontes empíricas e nunca recorreu  
à experiência para adquirir quaisquer conhecimentos. Os seus conhecimentos básicos, como o cogito,
o conhecimento do mundo material ou a existência de Deus, resultaram de ideias contidas na sua

Testes sumativos
mente, e não de experiências sensíveis.

GRUPO III
1 1.1 Descartes quis modificar profundamente a perspetiva básica acerca do mundo e das capacidades do
sujeito para o entender, ou seja, o filósofo procurava que a relação cognitiva estabelecida entre  
o sujeito e o mundo se libertasse do domínio dos sentidos. Para tal, Descartes precisou de propor um
método novo e radical através do qual fosse possível abandonar a via da aquisição da informação
através dos cinco sentidos; ele procurou um método que disciplinasse as capacidades cognitivas dos
sujeitos de maneira apropriada. O método que inaugurou foi o método da dúvida, que se tornou uma
ferramenta indispensável ao desenvolvimento do seu projeto filosófico de investigar os fundamentos
do conhecimento. 
Este método estabelece um princípio exigente, que não se atém apenas ao dever de suspendermos  
a nossa aprovação de opiniões que são evidentemente falsas, mas de o fazermos também perante
opiniões que não são completamente certas. Assim, o princípio forte da dúvida obriga a recusar  
o nosso assentimento a opiniões que não são completamente certas e indubitáveis, isto é, àquelas  
em que descobrimos alguma razão de dúvida. Tal como refere o texto 1, este processo da dúvida leva  
a demolir todas as opiniões acerca das quais não existe uma certeza. 
A dúvida cartesiana caracteriza-se, então, por ser: metódica, isto é, torna-se a via para alcançar  
a verdade que recomenda o exame das nossas crenças e opiniões; hiperbólica, pois exagera a ponto
de fazer de uma razão ligeira de dúvida um motivo para suspendermos o assentimento a uma
opinião mesmo que muito razoável; estratégica, na medida em que é calculada para servir  
a finalidade de destruir a perspetiva básica da Natureza em que assenta a física medieval; artificial,
pois não é uma extensão do tipo de dúvida que naturalmente levantamos na vida prática nem  
a esta se aplica; radical, incidindo sobre crenças muito básicas para averiguar se podem ser ideias
claras e distintas e servir como fundamentos do conhecimento; sistemática, pois afeta todo o sistema
de crenças construído a partir das ideias básicas. 
Como é referido no texto 2, a dúvida, após uma fase de desconstrução, encontra uma fase construtiva,
na qual é possível alcançar um princípio indubitável, isto é, imune à dúvida. Duvidando de tudo, e sob  
a astúcia de um génio maligno, há algo do qual não é possível duvidar — o cogito (o pensamento).
Segundo o texto: «mas não assim que nada somos, nós que tais coisas pensamos: pois repugna  
que se admita que aquele que pensa, no próprio momento em que pensa, não exista».  
De facto, não é possível duvidar de que se está a pensar mesmo enquanto se duvida de tudo.
Consequentemente, também não é possível duvidar da existência desse ser pensante. Nesta medida,  
o cogito surge como o primeiro princípio da filosofia, a certeza absoluta, fundada numa ideia clara
e distinta, que resiste ao esforço do génio maligno para nos enganar. Daí o cogito, ergo sum («penso,
logo existo»). 
Através do método da dúvida é possível afastar a mente dos sentidos, libertar o sujeito de preconceitos
e alcançar o conhecimento verdadeiro, que, para Descartes, reside nas ideias claras e distintas, que são
evidentes e imunes ao princípio forte da dúvida, como, por exemplo, o cogito e a ideia de Deus.

UNIDADE 7  Uma explicação empirista do conhecimento


GRUPO I
1 A
2 B
3 B
4 C
5 D

DESAFIOS  •  Filosofia  •  11.o ano •  © Santillana 119

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