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Testes e questões-aula

Dossiê do Professor, Em Questão, Filosofia 11.° ano 4


Questão-aula 2
EQT11DP © Porto Editora

Nome da Escola: Ano letivo: Filosofia | 11.° ano


Nome do Aluno(a): Turma: N.°: Data: - -

Professor(a): Classificação:

1. Leia atentamente o texto e responda seguidamente às questões colocadas:

«Sexto Empírico […] resumiu […] os argumentos mais famosos do ceticismo antigo. O primeiro é que
qual- quer tema de debate suscita pontos de vista rivais, tanto entre pessoas comuns, como entre
filósofos, tor- nando impossível aceitar ou rejeitar qualquer lado da disputa. De modo que temos de
suspender o juízo. O segundo é que quando tentamos justificar uma tese de um argumento, é preciso
apelar a uma tese anterior. Mas isto, por sua vez, tem de ser justificado – e assim por diante, numa
regressão que nunca acaba. De modo que temos de suspender o juízo. Um terceiro é que tudo é
relativo: as coisas só têm a aparência que têm em função das circunstâncias da perceção ou do juízo.
De modo que temos de suspender o juízo. O quarto é que todas as tentativas de ajuizar dependem de
pressupostos, mas poder-se-ia invocar pressupostos alter- nativos, tornando impossível decidir. De modo
que temos de suspender o juízo. E, finalmente, descobrimos vastas vezes que, ao tentar confirmar um
juízo, damos connosco a invocar considerações implícitas nesse juízo; mas isto é circular. De modo que
temos de suspender o juízo.»
A. C. Grayling (2020), Uma História da Filosofia, Lisboa, Edições 70, p.

1.1. Formule o problema filosófico implícito no texto.

1.2. Diga qual é a tese defendida pelo «ceticismo antigo».

1.3. Redija, à sua escolha, três dos argumentos apresentados para justificar essa tese. Exponha os
argumentos sem recorrer à transcrição.

1.4. Apresente uma objeção a essa tese.

1.5. Analise o seguinte argumento: «Se é possível conhecer, algumas crenças estão justificadas. Mas,
como nenhuma crença está justificada, não é possível conhecer.» É um argumento válido? É um bom
argumento? Justifique a sua resposta.

1.6. Considerando a distinção entre crenças básicas e crenças não-básicas, como responde o
fundacionalismo ao argumento de que «quando tentamos justificar uma tese de um argumento, é
preciso apelar a uma tese anterior; mas isto, por sua vez, tem de ser justificado – e assim por diante,
numa regressão que nunca acaba»?

Cotações
1.
1.1. .............................................................................................................................................................................. 30 pontos
1.2. .............................................................................................................................................................................. 30 pontos
1.3. .............................................................................................................................................................................. 40 pontos
1.4. .............................................................................................................................................................................. 30 pontos
1.5. .............................................................................................................................................................................. 30 pontos
1.6. .............................................................................................................................................................................. 40 pontos

TOTAL........................................................................................................................................200 pontos

José Ferreira Borges, Marta Paiva, Nuno Fadigas, Orlanda


Tavares
4 Testes e questões-aula
Dossiê do Professor, Em Questão, Filosofia 11.°
ano

Sugestões de resposta da questão-aula 2


1.1. Será que o conhecimento é possível? OU Conseguiremos justificar suficientemente as crenças que
tomamos por verdadeiras? OU Haverá justificação alguma capaz de garantir que efetivamente sabemos o
que dizemos saber?
1.2. O conhecimento não é possível. (Em alternativa: não conseguimos justificar suficientemente as crenças
que tomamos por verdadeiras. OU Não há justificação capaz de garantir que efetivamente sabemos o que
dizemos saber.)
1.3. (Três das cinco, à escolha): a) A existência de opiniões divergentes a respeito dos mais variados assuntos,
tornando impossível que nos decidamos por uma ou por outra; b) O facto de, para justificar uma crença, ter
de se recorrer a outra, e assim sucessivamente até ao infinito (a regressão infinita da justificação); c) A
existência, relativamente ao mesmo objeto, de sensações e perceções diferentes, e até incompatíveis, para
diferentes pessoas e em circunstâncias diversas, não havendo, assim, possibilidade de distinguir o que é
verdadeiro do que é falso; d) O facto de se tomar como ponto de partida algo que não se encontra
justificado, ou seja, algo que se pressupõe como garantido, sem precisar de provas, tornando-se impossível
decidir entre pressupostos distintos; e) A invocação de considerações implícitas nos nossos juízos para
tentar confirmar esses mesmos juízos, o que gera circularidade.
1.4. O ceticismo radical ou absoluto, que é aquele que encontramos no texto, pode, em certa medida, ser
considerado autocontraditório ou autorrefutante. O cético radical afirma que não temos crenças verdadeiras
justificadas, mas, ao afirmar isso, já exprime a crença verdadeira justificada de que não há crenças
verdadeiras justificadas.
1.5. O argumento é válido. Não é um bom argumento porque, apesar da sua validade, a segunda premissa é
bastante discutível, e tanto os racionalistas como os empiristas a procuraram negar. Por outras palavras,
tanto os racionalistas como os empiristas afirmaram existirem crenças suficientemente justificadas.
1.6. As crenças básicas ou fundacionais não necessitam de uma justificação fornecida por outras crenças,
porque se justificam a si mesmas. São autoevidentes. As crenças não-básicas são aquelas que são
justificadas por outras crenças, ou que se inferem de outras crenças, não sendo autoevidentes. A
autoevidência das primeiras permite evitar a regressão infinita da justificação. Ora, o fundacionalismo é a
perspetiva segundo a qual o conhecimento deve ser concebido como uma estrutura que se ergue a partir de
fundamentos certos, seguros e indubitáveis. As crenças básicas são esses fundamentos certos, seguros e
indubitáveis.

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