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GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. Toda a sardinha é um animal marítimo. Todo o salmão é um animal marítimo. Logo, todo o
animal marítimo é sardinha. Estamos perante um:
A. silogismo válido;
B. silogismo inválido;
C. falso silogismo;
D. silogismo condicional.
1.2. O seguinte silogismo pertence à segunda figura:
A. Todos os criminosos são sancionados. Ora, os ladrões são criminosos. Logo, os ladrões são
sancionados.
B. Os irlandeses não são ingleses. ingleses são indivíduos naturais de Inglaterra. Assim, alguns
indivíduos naturais de Inglaterra não são irlandeses.
C. Alguns pintores são expressionistas. Todos pintores são artistas. Logo, alguns artistas são
expressionistas.
D. Os avaros não são generosos. Os beneficentes são generosos. Portanto, os beneficentes não são
avaros.
1.3. A seguinte alínea contém a definição correta da falácia das premissas exclusivas:
A. Ocorre quando o termo menor se encontra distribuído na conclusão e não na premissa menor.
B. Acontece quando se extrai uma conclusão de duas premissas negativas.
C. Ocorre quando o termo maior se encontra distribuído na conclusão e não na premissa maior.
D. Dá-se quando o silogismo não respeita a regra que determina que o silogismo tem três e só três
termos.
1.4. É o conjunto de seres, objetos, membros que são abrangidos por um conceito/termo. Esta
definição refere-se:
A. à extensão;
B. à compreensão;
C. à intensão;
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D. ao quantificador existencial.
NCON11LP
85 Testes de avaliação e sugestões de resposta
GRUPO II NCON11LP
2. Refira quais os termos que se encontram distribuídos e quais os que não se encontram distribuídos
nas seguintes proposições:
a) Alguns doces não são açucarados.
b) Alguma energia é renovável.
c) Todos os bombeiros são benfeitores.
d) Nenhum eletrodoméstico é máquina industrial.
6. Avalie os silogismos que se seguem. Se algum deles for inválido, justifique a sua invalidade. a) Os
catalães são espanhóis.
Alguns espanhóis são independentistas. Logo,
os catalães são independentistas.
b) As ruas não são quarteirões.
As estradas não são ruas.
Logo, as estradas não são quarteirões.
7. Partindo dos termos indicados, apresente um exemplo de silogismo categórico inválido em que
seja cometida a falácia da ilícita maior:
Testes de avaliação e sugestões de resposta 86
9. Construa, para a proposição a seguir expressa, os dois modos válidos do silogismo disjuntivo
(disjunção exclusiva):
Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico.
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pontos
9. ............................................................. 20 pontos
NCON11LP
10.
10.1. ........................................................ 10 pontos
87 Testes de avaliação e sugestões de resposta
10.2. ........................................................ 10 pontos Figura: 4.ª. NCON11LP
B. simples;
C. complexa;
D. imperativa.
1.2. O operador «ou» é um operador:
A. singular;
B. unário;
C. monádico;
D. binário.
1.3. A condicional é falsa se o antecedente:
A. for verdadeiro e o consequente também;
B. for falso e o consequente também;
C. for verdadeiro e o consequente for falso;
D. for falso e o consequente for verdadeiro.
1.4. À proposição (ou proposições) sobre a qual (ou sobre as quais) um operador incide chama-se:
A. âmbito de um operador;
B. operador principal; C. função de um operador;
D. tautologia.
GRUPO II
1. Refira quais das proposições a seguir expressas são proposições simples e quais as complexas,
justificando:
a) Se corro, então tornar-me-ei um grande atleta.
b) Os computadores não são realidades simples.
c) O conhecimento é uma crença verdadeira justificada.
d) Eu trabalho.
Testes
e) Maria é cozinheira ou agricultora.
f) Chove e está frio.
g) Picasso não é um músico.
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NCON11LP
89 Testes de avaliação e sugestões de resposta
2. Formalize as proposições a seguir indicadas, apresentando a sua expressão canónica e a respetiva NCON11LP
4. Refira, usando uma tabela de verdade, se as seguintes proposições são ou não logicamente
equivalentes. Justifique.
– Se gosto de futebol, então tenho um clube.
– Não gosto de futebol ou tenho um clube.
COTAÇÕES GRUPO II
GRUPO I 1. ............................................................. 30
pontos
1.
2.
1.1. .......................................................... 5
pontos a) ............................................................. 10
1.2. .......................................................... 5 pontos
pontos b) ............................................................. 10
1.3. .......................................................... 5 pontos
pontos c) ............................................................. 10
1.4. .......................................................... 5 pontos
pontos 3.
Testes de avaliação e sugestões de resposta 90
a) ............................................................. 15 pontos 3
b) ............................................................. 15 pontos a)
4. ............................................................. 20 P Q (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q)
pontos V V FFFFVFFF FVVFFFV
5. V F V VVFFFVVF
5.1. .......................................................... 30 pontos F V VV V VV VF V
5.2. .......................................................... 15 pontos F F
6. ............................................................. 25 pontos
TOTAL ..................................................... 200
pontos
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO Conting
N.º 3 ência.
b)
GRUPO I
P Q (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P
1.
V V F F F V F
1.1. B; 1.2. D; 1.3. C; 1.4. A.
V F F F V V F
GRUPO II F V V F F V V
1. São proposições simples as expressas nas F F V V V V V
seguintes alíneas: c) e d). São proposições complexas
as expressas nas seguintes alíneas: a), b), e), f) e g).
Aquelas são simples porque não contêm qualquer
operador. Estas são complexas porque contêm
operadores. Tautologia.
2. 4.
a) P Q (P Æ Q) ´ (ÿ P ⁄ Q)
Expressão canónica Interpretação Formalização
V V V
As árvores são P: As árvores V F V
protetoras e as são protetoras.
PŸQ F V FV
grutas são Q: As grutas são
protetoras. protetoras. F F F
V
FF
V V VV
V V VV
b) Testes
Expressão canónica Interpretação Formalização
Ou Deus existe ou o P: Deus existe. Q: O
Universo é uma Universo é uma P⁄Q
sombra errante. sombra errante. São proposições equivalentes, porque a fórmula em
causa é tautológica.
5.
5.1.
a)
c) Interpretação Formalização
Expressão canónica Interpretação Formalização
P: Vou à feira. PÆQ
Se não tenho talento P: Tenho talento Q: Compro sapatos. P
artístico, então não artístico. \Q
sou pintor, se, e só Q: Sou pintor.
se, os dicionários (ÿ P Æ ÿ Q) ´ R
R: Os dicionários
fornecem definições
fornecem definições
©Porto Editora corretas.
corretas.
NCON11LP
P Q P Æ Q, P |=
Q
91 Testes de avaliação e sugestões de resposta
V V VVV FVF P: A noite é tempestuosa. P Æ Q NCON11LP
P Q P Æ Q, ÿ P |= ÿ
Q)
O argumento é válido.
V V VFF FFV VV
b)
V F F
Interpretação Formalização
F V V V V
P: Acredito em ti. P⁄Qÿ
F F
Q: Sou inteligente. P
\Q
O argumento é inválido.
5.2.
P Q P ⁄ Q, ÿ P |= Q
a) Modus ponens.
V V VFV VFF V
b) Silogismo disjuntivo.
V F VV
F V c) Falácia da negação do antecedente.
F V F
F F 6. Silogismo hipotético.
(P Ÿ Q) Æ R
RÆS
\ (P Ÿ Q) Æ S
O argumento é
válido. c) AÆB
Interpretação Formalização BÆC
\AÆC
Argumentação e retórica
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. No âmbito da argumentação, é legítimo afirmar que:
A. a opinião do orador é sempre indubitável;
B. o auditório pode ser individual ou coletivo;
C. o orador apresenta uma tese a favor da qual o auditório irá argumentar;
D. o contexto de receção é irrelevante na adesão à tese e aos argumentos do orador.
1.2. O pathos:
A. diz respeito ao auditório, a quem o orador quer convencer a aderir à(s) sua(s) ideia(s);
B. reporta-se ao discurso, aos argumentos apresentados em defesa de uma determinada tese;
C. refere-se ao orador, à sua credibilidade, honestidade e integridade;
Testes de avaliação e sugestões de resposta 92
D. está relacionado com a linguagem utilizada, com o seu conteúdo e os aspetos formais que a
caracterizam.
1.3. A credibilidade do orador, o seu carácter e a sua integridade moral dizem respeito:
A. ao ethos;
B. ao logos;
C. à validade dos argumentos que apresenta para defender as suas ideias;
D. ao pathos.
1.4. A validade de um argumento por analogia depende:
A. da autoridade em que este se sustenta;
B. da indução que nele se efetua;
C. do facto de as semelhanças que existem entre as realidades comparadas serem mais
relevantes do que as diferenças que as separam; D. da credibilidade do sujeito que o
formula.
1.5. Todos os alunos do ensino profissional que até hoje tive são indisciplinados. Logo, todos os
alunos do ensino profissional são indisciplinados. Trata-se:
A. de um argumento de autoridade;
B. de um argumento por analogia;
C. de um argumento indutivo, por generalização;
D. de uma previsão indutiva.
1.6. David Attenborough e Jane Goodall são defensores do controlo populacional. Assim, os
números da população mundial deviam estar regulados. Trata-se:
A. de um argumento de autoridade;
B. de um argumento por analogia;
C. de um argumento indutivo, por generalização;
D. de uma previsão indutiva.
1.7. Argumento que reduz as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as restantes Testes
alternativas. Esta definição corresponde à falácia:
A. ad hominem;
B. da derrapagem;
C. do falso dilema; D. do “boneco de palha”.
1.8. Santo Anselmo era um homem religioso. Logo, o argumento ontológico – que concebeu,
para provar a existência de Deus – deve ser ignorado. Estamos perante a falácia:
A. da derrapagem;
B. do falso dilema; C. do “boneco de palha”;
D. ad hominem.
GRUPO II
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2. «Numa demonstração tudo é dado. (...) Na argumentação, pelo contrário, as premissas são
instáveis. À medida que se vai argumentando, elas podem enriquecer-se; mas estas são sempre
precárias, a intensidade com que lhes aderimos modifica-se. A ordem dos argumentos é pois ditada,
em grande parte, pelo desejo de destacar novas premissas, de distinguir alguns elementos e de
obter certos compromissos da parte do interlocutor.»
Chaïm Perelman e L. Olbrechts-Tyteca (1983), Traité de l’Argumentation, 4.ª éd., Bruxelles,
Editions de l’Université de Bruxelles, p. 65.
4. «Aristóteles, pai fundador [da retórica] (...) compreende o que mais ninguém depois dele percebe: o
ethos, o pathos e o logos estão em pé de igualdade na relação retórica.»
Michel Meyer et al. (1999), História da Retórica, Lisboa, Temas e Debates, p. 266.
Mostre, com base nesta afirmação, a importância do ethos, do pathos e do logos no âmbito da
relação retórica.
GRUPO III
1. Esclareça o significado de cada um dos seguintes argumentos informais:
a) Argumento indutivo, por generalização.
b) Argumento indutivo, por previsão.
c) Argumento por analogia.
d) Argumento de autoridade.
COTAÇÕES
GRUPO I
1.
1.1. .......................................................... 5
pontos 1.2. ..........................................................
5 pontos
1.3. .......................................................... 5
pontos 1.4. ..........................................................
5 pontos
1.5. .......................................................... 5
pontos 1.6. ..........................................................
5 pontos
1.7. .......................................................... 5
pontos
1.8. .......................................................... 5
pontos GRUPO II
1. ............................................................. 25
pontos 2. .............................................................
25 pontos
3. ............................................................. 25
pontos
4. ............................................................. 25
pontos
GRUPO III
1. ............................................................. 20
pontos
2. ............................................................. 40
pontos
TOTAL ..................................................... 200
pontos
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NCON11LP
95 Testes de avaliação e sugestões de resposta
NCON11LP
©Porto Editora
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4 estão, como se afirma no texto, «em pé de igualdade».
Relativamente ao ethos, podemos dizer que um dos
GRUPO I
aspetos que nos levam a confiar no discurso de alguém e
1. que se traduz numa disponibilidade para ouvir e para
1.1. B aderir aos argumentos que nos são propostos é o carácter
1.2. A do orador, associado à sua credibilidade.
1.3. A
1.4. C NCON11LP_F07
neste caso: «Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de d) Petição de princípio. Trata-se de um argumento
um Criador inteligente» constitui uma disjunção falsa já que circular no qual se toma por já provado o que ainda carece
há mais alternativas possíveis – o mundo existir desde de prova. Neste exemplo é isso que se verifica, pois a
sempre, ter sido criado por uma equipa de deuses, etc. conclusão – «Todos os animais são merecedores de
respeito» – é antecipadamente usada como premissa – «Os
animais merecem ser respeitados».
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1.6. A manipulação caracteriza-se pela:
A. prática do discurso que tem como finalidade a livre adesão do auditório à tese que o orador
pretende que seja acolhida por aquele;
B. prática abusiva do discurso – abusiva na medida em que obriga o recetor a aderir a uma
dada mensagem (que um dado emissor deseja impor);
C. prática do discurso que tem como finalidade a adesão do auditório a uma tese oculta;
D. prática abusiva do discurso que visa retirar a liberdade ao orador de modo a que ele não
possa defender a tese em que realmente acredita.
1.7. A retórica que corresponde a um uso ilegítimo do discurso, porque visa enganar, iludir e
manipular o interlocutor, recebe a designação de:
A. retórica branca;
B. retórica manipuladora;
C. retórica negra;
D. retórica persuasiva.
1.8. A racionalidade argumentativa implica:
A. o reconhecimento do pluralismo que a racionalidade encerra, aliado ao reconhecimento de
que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras.
B. o reconhecimento de uma verdade e de uma realidade unívocas;
C. a afirmação de uma verdade única, aliada a uma atitude dogmática;
D. a afirmação de uma única realidade, aliada a uma atitude crítica.
GRUPO II
1. Refira a que se deve a visão depreciativa a que os sofistas começaram por estar associados.
2. «A retórica, ao que me parece, é uma prática estranha à arte, mas exige uma alma dotada de
imaginação, de ousadia e, naturalmente apta para o trato com as pessoas. (...) Não sei se entenderás
bem a minha resposta: na minha opinião, a retórica é como o simulacro de uma parte da política.»
Platão (1997), Górgias, Lisboa, Lisboa Editora, p. Testes
69. Critique a retórica dos sofistas à luz da perspetiva presente neste excerto.
GRUPO III
1. «Proteger a liberdade de expressão é indispensável, mas proteger a liberdade de receção é-o
também, e na mesma medida.»
Philippe Breton (2001), A Palavra Manipulada, Lisboa, Editorial Caminho, p.
209. Explique esta afirmação, clarificando as duas formas de liberdade nela referidas.
2. «A filosofia, mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade, associa-se à crença na verdade e
à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e,
eventualmente, por todas as pessoas (...). Ora, esta admissão, esta tentativa de fazer admitir certas
teses, só pode ser realizada através de meios argumentativos.»
Rui Alexandre Grácio (1999), “Introdução à Tradução Portuguesa”, in C.
Perelman, O Império Retórico, Porto, Edições ASA, p. 10.
Testes de avaliação e sugestões de resposta
98
COTAÇÕES .
3
GRUPO I
.
1.
1.1. .......................................................... 5 A
pontos 1.2. .......................................................... .
5 pontos
1.3. .......................................................... 5 1
pontos 1.4. .......................................................... .
4
5 pontos
.
1.5. .......................................................... 5
pontos 1.6. .......................................................... D
5 pontos .
1.7. .......................................................... 5
pontos 1
1.8. .......................................................... 5 .
pontos 5
GRUPO II .
1. ......................................................
A
....... 30 pontos
.
2. ......................................................
....... 30 pontos
1.6. B.
3. ............................................................. 30
pontos 1.7. C.
GRUPO III 1.8. A.
1. ............................................................. 35 GRUPO II
pontos 1. Os sofistas eram professores itinerantes
2. ............................................................. 35 que se dedicavam ao ensino dos jovens
cidadãos mediante uma remuneração.
pontos
Dominavam a arte de persuadir pela palavra e
TOTAL ..................................................... 200 eram dotados de habilidade linguística e de
pontos estilo eloquente, surpreendendo pela sua vasta
CORREÇÃO DO TESTE DE erudição e pelos seus discursos expressivos.
Enquanto professores, os sofistas centravam
AVALIAÇÃO N.º 5 o seu ensino mais na forma do que no
GRUPO I conteúdo, ensinando, por isso, a técnica do
1. discurso, a arte de fazer triunfar um discurso
1.1. B. em função da conveniência de cada um.
1 Sócrates, Platão e seus discípulos não podiam
aceitar este relativismo da verdade, esta
.
valorização da retórica como arte do discurso
2
persuasivo em detrimento da sabedoria. Este
.
aspeto, aliado ao facto de os sofistas se
fazerem pagar pelos seus serviços, originou
D uma visão depreciativa dos sofistas.
.
2. Enquanto Górgias considera a retórica uma
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arte, Sócrates caracteriza-a como uma atividade
1
empírica, destinada a produzir uma certa
NCON11LP
99 Testes de avaliação e sugestões de resposta
NCON11LP
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espécie de agrado no auditório. Com efeito, dada mensagem (que um dado emissor deseja
no diálogo «Górgias» de Platão, Sócrates, impor). Essa manipulação pode assumir a forma
para além de tecer críticas aos sofistas, de manipulação dos afetos, centrada no apelo à
define a retórica como uma atividade emoção e aos sentimentos do recetor, e de
empírica, que visa apenas o agradável, o manipulação cognitiva, que opera por falsificação
prazer, uma prática que serve de simulacro à do conteúdo do discurso.
política, confrontando o discurso como 2. A argumentação é fundamental para a
instrumento de poder, próprio dos sofistas, atividade filosófica, que procura uma visão
com o discurso como instrumento de integrada do real, uma compreensão da realidade
verdade, próprio dos filósofos. É neste no seu todo, do ser, dedicando-se à busca da
diálogo que Sócrates alerta Polo para o verdade. As teorias filosóficas estão,
contraste metodológico entre ele e os frequentemente, dependentes das suas
sofistas: enquanto os sofistas se refugiam na perguntas e respostas. A filosofia socrático-
eloquência de longos discursos, Sócrates platónica, por exemplo, exigia encontrar a
prefere o diálogo, a metodologia de Verdade – única, absoluta e universal, capaz de
pergunta-resposta. dizer uma realidade absoluta, perfeita e imutável
3. Enquanto os sofistas são professores – e, por isso, criticava fortemente a retórica
itinerantes que se fazem pagar pelos seus sofística, por esta dar espaço ao subjetivismo e ao
serviços, os filósofos, de acordo com Sócrates relativismo.
e Platão, são amantes, desinteressados, do Reconhece-se, contudo, que a diversidade dos
saber. Por oposição a um discurso centrado discursos, quer estejamos a falar de sistemas
na forma, na técnica e na eficácia, próprio filosóficos, quer nos estejamos a referir ao
dos sofistas, os filósofos preferem centrar o conhecimento científico, à religião ou à política,
discurso no conteúdo, na sabedoria e na reflete a riqueza de perspetivas e leituras que
procura da verdade absoluta. Por último, ao podemos fazer da realidade. Nesse sentido, a razão
contrário dos sofistas, que entendem a não é mais entendida como a faculdade humana
verdade à medida das circunstâncias detentora de conhecimentos definitivos e unívocos,
individuais e baseiam o discurso em opiniões mas como faculdade humana plural, portadora de
e aparências, os filósofos entendem a conhecimentos plurívocos e o mais próximos possível
verdade como existente em si, baseando o da verdade. Portanto, emerge uma nova conceção da
discurso na Verdade e no Bem. racionalidade – uma racionalidade argumentativa.
GRUPO III Muito embora a argumentação pressuponha a
existência de diferentes teses e, também, a
1. Nas democracias atuais, a liberdade de
possibilidade da contradição, não quer isto dizer, no
expressão é considerada um direito
entanto, que com o novo modelo de racionalidade se
fundamental que não pode ser posto em
caia num relativismo puro ou que se negue o esforço
causa. Contudo, para além da liberdade de
de universalidade dos nossos conhecimentos acerca
expressão de um dado orador, é igualmente
do real. Pelo contrário, isso significa o
necessário que o auditório a que ele se dirige
reconhecimento do pluralismo que a racionalidade
seja também livre, ou seja, é também
encerra, isto é, o reconhecimento de que se pode
necessário garantir a liberdade de um dado
dizer/conhecer o real de diferentes maneiras. Impõe-
recetor. Tal exigência pode parecer, à primeira
se, por isso, para o filósofo de hoje, a afirmação de
vista, despropositada porque partimos sempre
uma (ou várias) verdade(s) possível(eis), aliada(s) a
do princípio de que o recetor tem liberdade de
uma atitude crítica, de abertura e questionamento
aceitar, ou não, a tese. Tal problema não se
face ao real. Para a filosofia contemporânea, a busca
colocaria se o orador, no decurso do processo
da verdade não é mais incompatível com a retórica;
argumentativo, apenas visasse a persuasão do
pelo contrário, há quem afirme poder encontrar
auditório, ou seja, levar o auditório a mudar de
nesta o método da filosofia. Daí que a filosofia, «mais
ideias, mas pressupondo a sua livre adesão à
do que encontrar-se ligada à posse da verdade», se
tese que o orador pretende que seja acolhida
associe «à crença na verdade e à aspiração de tornar
por aquele. Todavia, nem sempre o orador
a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras
permite essa liberdade do auditório, sobretudo
pessoas, e, eventualmente, por todas as pessoas». Tal
quando impõe, com recurso à manipulação, a
admissão, como se refere no texto, «só pode ser
sua tese. O discurso é manipulador quando
realizada através de meios argumentativos», isto é,
abusivamente obriga o recetor a aderir a uma
Testes de avaliação e sugestões de resposta
100
os meios argumentativos são o método da filosofia para fazer com que o auditório admita as suas teses.
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A. universais e necessários;
B. sintéticos a posteriori;
C. contingentes e a priori;
D. universais e contingentes.
1.7. A seguinte frase expressa um juízo analítico: A. A Joana é bela.
B. Os cães ladram.
C. Estou triste.
D. Os solteiros não são casados.
1.8. «As vacas poluem a atmosfera.» Estamos perante um juízo:
A. a priori;
B. a posteriori;
C. sintético a priori; D. analítico a posteriori.
GRUPO II
1. Relacione os seguintes conceitos: «experiência», «saber que», «saber-fazer» e «conhecimento
por contacto».
3. «TEETETO – Sócrates, fiquei agora a pensar numa coisa que tinha esquecido e que ouvi alguém
dizer: que o saber é opinião verdadeira acompanhada de explicação e que a opinião carente de
explicação se encontra à margem do saber.»
Platão (2005), Teeteto ou Da Ciência, 2.ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 302.
Refira de que modo E. Gettier contestou a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião
verdadeira acompanhada de explicação».
4. Mostre qual a diferença estabelecida por Kant entre juízos sintéticos e juízos analíticos,
salientando em que medida as verdades dos primeiros podem ser conhecidas a partir de duas
fontes distintas.
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sendo contingentes. Ao contrário dos anteriores, há juízos independentes da experiência, tendo uma
estes juízos são extensivos, isto é, ampliam o nosso origem racional – a priori –, mas cujo predicado não
conhecimento. No entanto, as verdades dos juízos está implícito no conceito do sujeito – sintéticos.
sintéticos podem ser conhecidas a partir de duas Como tal, esses juízos aumentam o nosso
fontes distintas, o que significa que tais juízos tanto conhecimento. São os juízos sintéticos a priori,
podem ser a posteriori (aqueles que foram acima caracterizados, tal como os analíticos, pela
referidos) como a priori. Com efeito, segundo Kant, necessidade e pela universalidade.
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. De acordo com os racionalistas, o modelo do conhecimento ou do saber é a:
A. experiência;
B. matemática;
C. indução;
D. dedução a posteriori.
1.2. O conceito de «dogmatismo» enquanto confiança de que a razão pode atingir a certeza e a
verdade opõe-se ao conceito de:
A. realismo;
B. ceticismo;
C. criticismo;
D. otimismo racionalista.
1.3. Uma das regras do método cartesiano é a regra da análise. Esta regra estabelece:
A. que nada deve ser aceite como sendo verdade sem que se apresente com clareza e distinção;
B. a necessidade de se conduzir, com ordem, o pensamento, partindo sempre das ideias mais
simples para as mais complexas;
C. que se deve sempre rever cautelosamente o trabalho efetuado, de modo a nada omitir;
D. a obrigatoriedade de dividir as dificuldades por partes, para melhor as resolver.
1.4. Em relação às regras do método cartesiano, podemos dizer que elas:
A. permitem guiar a razão na procura da verdade;
B. apenas se aplicam aos conhecimentos matemáticos;
C. variam em função dos vários domínios do saber;
Testes de avaliação e sugestões de resposta
104
GRUPO II
1. Refira em que medida se pode afirmar que o dogmatismo ingénuo não ocorre na filosofia.
3. «Locke é o autor do texto “canónico” do empirismo. A alma, escreve ele, é uma tábua rasa, uma
página branca sem caracteres. (…) O empirismo clássico recusa, pois, as ideias inatas de que falava
Descartes.»
AAVV (1999), Dicionário Prático de Filosofia, 2.ª ed., Lisboa, Terramar, p. 113.
GRUPO III
1. «A faculdade de conhecer que ele [Deus] nos deu, a que chamamos luz natural, nunca apreende
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nenhum objeto que não seja verdadeiro no que ela apreende, isto é, no que ela conhece clara e
NCON11LP
105 Testes de avaliação e sugestões de resposta
NCON11LP
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distintamente; pois teríamos razão para acreditar que Deus seria enganador, se no-la tivesse
dado de tal modo que tomássemos o falso pelo verdadeiro, quando a usássemos bem.»
Descartes (2005), Princípios da Filosofia, Porto, Areal Editores, p.
70. Relacione as ideias do texto com o significado de Deus na edificação do sistema do saber.
2. «Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral que não admite exceção, que o
conhecimento desta relação [a relação de causa e efeito] não é, em circunstância alguma, obtido
por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns
objetos particulares se combinam constantemente uns com os outros.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, p. 33.
Relacione a afirmação segundo a qual o conhecimento da ligação de causa e efeito não é obtido
por raciocínios a priori com a ideia de conexão necessária.
3. «[O ceticismo de Descartes e outros] recomenda uma dúvida universal, não só de todas as nossas
opiniões e princípio anteriores, mas também das nossas próprias faculdades, de cuja veracidade,
dizem eles, nos devemos assegurar mediante uma cadeia de raciocínio, deduzida de algum
princípio original que, possivelmente, não pode ser falaz ou enganador. Mas, não existe um tal
princípio original, que tenha uma prerrogativa sobre os outros, que são autoevidentes e
convincentes.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, pp. 143-144.
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relativa à ideia de conexão necessária entre convincentes»: as crenças básicas são as crenças de
fenómenos. que se está a ter determinadas experiências. Para
3. Descartes e Hume são ambos Descartes, ao invés, o fundamento do conhecimento
fundacionalistas. Mas divergem no fundamento tem de ser procurado na razão. Descartes descobre-o
que adotam para o conhecimento. Hume encontra no cogito, primeira verdade, o «princípio original» a
na experiência o fundamento do conhecimento. que Hume se refere, assim como noutras ideias claras
Como tal, na sua perspetiva, o conhecimento e distintas da razão.
apoia-se em crenças básicas inseparáveis das Todavia, este fundamento do conhecimento depende
impressões dos sentidos, que são «autoevidentes e daquele que é o princípio de toda a realidade: Deus.
Testes de avaliação e sugestões de resposta
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109 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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Testes de avaliação e sugestões de resposta
110
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. Qual das seguintes questões não constitui um problema da epistemologia (ou filosofia da
ciência)?
A. O que é a ciência?
B. Em que consiste a teoria científica da evolução por seleção natural?
C. Como progride a ciência?
D. Que significa o conceito de «objetividade científica»?
1.2. A atitude do cientista é essencialmente:
A. problematizadora, racional e dogmática;
B. problematizadora, racional e crítica;
C. problematizadora, racional e acrítica; D. problematizadora, racional e superficial.
1.3. O conhecimento científico é:
A. subjetivo;
B. imetódico e assistemático; C. explicativo;
D. superficial.
1.4. O conhecimento científico procura ser objetivo porque:
A. se encontra sujeito a correções e a alterações;
B. se mantém como aceitável até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade;
C. tem em atenção o facto, excluindo as apreciações subjetivas;
D. visa ordenar a diversidade empírica.
1.5. O problema da demarcação pode ser formulado na seguinte questão:
A. O que distingue a investigação nas ciências, como a biologia e a física, da investigação
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noutras disciplinas, como a história e a sociologia?
B. Em que consiste a teoria científica do heliocentrismo?
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111 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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C. A clonagem humana é eticamente legítima?
D. O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?
1.6. Segundo o critério da falsificabilidade, o enunciado «A carne de ave não contribui para o
aumento do nível de “mau” colesterol» é científico porque:
A. pode ser confirmado por um conjunto finito de observações;
B. é passível de ser refutado;
C. pode confirmar-se a sua veracidade com uma única observação;
D. só pode ser confirmado, não é passível de ser refutado.
1.7. Considere as proposições abaixo expostas. Selecione, depois, a alternativa que
corretamente se lhes adequa.
1. Todos os metais oxidam.
2. Na sétima dimensão, alguns metais oxidam.
3. Este metal oxida.
4. Nenhum metal oxida.
A. só as proposições 1, 3 e 4 são falsificáveis;
B. só as proposições 2 e 4 são falsificáveis; C. só as proposições 1 e 2 são falsificáveis;
D. só as proposições 3 e 4 são falsificáveis.
1.8. Na conceção indutivista do método científico:
A. as teorias científicas surgem, por indução, a partir de factos e de observações;
B. as teorias científicas surgem, por dedução, a partir de factos e de observações;
C. as teorias científicas são propostas, por indução, sem ser necessário recorrer aos factos e
observações simples;
D. as teorias científicas são propostas, por dedução, sem ser necessário recorrer aos factos e
observações simples.
GRUPO II Testes
1. «O pensamento científico está no prolongamento do pensamento comum: é um aperfeiçoamento e
um crescimento deste.»
M. Gex (1964), Élements des Philosophie des Sciences, Neuchâtel, Éditions du Griffon, p. 18.
Qual dos autores estudados – Karl Popper e Gaston Bachelard – poderia subscrever esta
afirmação? Justifique a sua resposta.
2. «Por não ser explicativo, o senso comum é absolutamente desnecessário.» Concorda com esta
afirmação? Justifique e elabore um comentário, tendo em conta as características do senso comum.
3. Esclareça as duas críticas de que foi objeto a conceção indutivista do método científico.
4. Descreva as etapas do método hipotético-dedutivo (ou conjetural).
COTAÇÕES 1.
GRUPO I
Testes de avaliação e sugestões de resposta
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113 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8 necessidade; mas do facto de não ser explicativo não se ©Porto Editora
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. Para os indutivistas, uma teoria é científica se for:
A. empiricamente verificável;
B. falsificável pelos fenómenos;
C. verificada pela hipótese;
D. refutada pela aplicação de testes experimentais.
1.2. Levantado por Hume, o problema da indução traduz-se na:
A. possibilidade de justificar as inferências indutivas;
B. impossibilidade de justificar as inferências dedutivas; C. impossibilidade de justificar as
inferências indutivas;
D. possibilidade de justificar as inferências dedutivas.
1.3. Popper pensa ter ultrapassado o problema da indução ao defender que o desenvolvimento da
ciência é independente das inferências de tipo indutivo. Esta afirmação é:
A. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações,
recorrendo ao raciocínio indutivo;
B. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao Testes
raciocínio dedutivo e indutivo;
C. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações,
recorrendo ao raciocínio dedutivo;
D. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao
raciocínio dedutivo e indutivo.
1.4. Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as conceções indutivista e
popperiana do método das ciências (empíricas).
1. Para os indutivistas, a observação é o ponto de partida para a construção das teorias
científicas; para Popper, a observação não constitui um recurso relevante no processo
de investigação científica.
2. As duas perspetivas defendem que a observação é o ponto de partida para a construção
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de teorias científicas.
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115 Testes de avaliação e sugestões de resposta
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3. Para os indutivistas, a confirmação e a verificação empíricas de uma teoria garantem o
rigor e a cientificidade dessa teoria; para Popper, a possibilidade de falsificação da
teoria constitui o critério de cientificidade.
4. As duas perspetivas defendem que as teorias científicas devem ser avaliadas através da
realização de testes para as refutar.
Deve afirmar-se que o(s) enunciado(s):
A. 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto;
B. 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos;
C. 1, 2 e 4 são incorretos; 3 é correto;
D. 3 é incorreto; 1, 2 e 4 são corretos.
1.5. Para Popper as teorias científicas são:
A. refutáveis e conjeturais;
B. refutáveis e confirmáveis;
C. confirmáveis e corroboráveis;
D. refutáveis e verificáveis.
1.6. Kuhn entende por ciência normal:
A. a fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica;
B. a fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do paradigma vigente, de debate
sobre a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha de um novo paradigma;
C. a fase de tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos os
factos ou anomalias;
D. a fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela
comunidade científica, em que se procede à resolução de enigmas (quebra-cabeças) de
acordo com a aplicação dos princípios, regras e conceitos do paradigma vigente.
1.7. Para Kuhn, a ciência entra em crise quando:
A. surge uma anomalia;
B. ocorre uma revolução;
C. a ciência normal se desenvolve e cria novos problemas;
D. não se consegue resolver as anomalias persistentes.
1.8. Kuhn contribui para a definição de uma nova racionalidade científica ao afirmar que o
desenvolvimento da ciência:
A. depende de fatores históricos, sociológicos e psicológicos;
B. é independente de fatores históricos, sociológicos e psicológicos; C. depende
exclusivamente de fatores subjetivos;
D. depende exclusivamente de fatores objetivos.
Testes de avaliação e sugestões de resposta
116
GRUPO II
1. «Se dizemos que hoje em dia sabemos mais que Xenófanes ou Aristóteles, provavelmente isso está
errado, se acaso interpretarmos “saber” em sentido subjetivo. Provavelmente cada um de nós não
sabe mais, mas sabe antes outras coisas. Trocámos certas teorias, certas hipóteses, certas conjeturas
por outras, muitas vezes melhores: melhores no sentido de estarem mais próximas da verdade.»
Karl Popper (1987), Sociedade Aberta, Universo Aberto, Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 105.
3. Uma das críticas levantadas a Kuhn incide sobre a questão da incomensurabilidade dos paradigmas.
Explicite-a.
«A escolha [entre paradigmas rivais] não é, nem pode ser, determinada meramente pelos
procedimentos de avaliação característicos da ciência normal, pois estes dependem, em parte,
de um paradigma específico, e esse paradigma está em causa. Quando os paradigmas são
incluídos, como devem, num debate de escolha entre paradigmas, o seu papel é
necessariamente circular. Cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em
defesa do próprio.» Testes
Thomas Kuhn (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37.
Deverá, para o efeito, atender à reflexão que cada um elaborou a respeito dos seguintes aspetos:
• Os critérios utilizados na escolha de teorias (ou paradigmas) científicas.
• O progresso da ciência. COTAÇÕES
• A objetividade do conhecimento científico. GRUPO I
1.
1.1. .......................................................... 7,5
pontos 1.2. ..........................................................
7,5 pontos
©Porto Editora 1.3. .......................................................... 7,5
pontos 1.4. ..........................................................
NCON11LP
117 Testes de avaliação e sugestões de resposta
NCON11LP
©Porto Editora
7,5 pontos 1.5. .......................................................... provisórios da realidade (conjeturas). A crítica
7,5 pontos é o pilar central do trabalho científico e a
1.6. .......................................................... 7,5 pontos garantia do escape à posição dogmática. Ao
procurar detetar o erro (ou ao tentar falsificar
NCON11LP_F08 as suas teorias), o cientista garante o
aperfeiçoamento do conhecimento científico,
1.7. .......................................................... 7,5 pontos
no sentido de uma tentativa de aproximação à
1.8. .......................................................... 7,5 pontos verdade.
GRUPO II A nova racionalidade científica não se baseia na
1. ............................................................. 35 ideia de uma verdade absolutamente certa,
pontos universal e necessária; apenas admite a
2. ............................................................. 35 possibilidade de haver teorias mais ou menos
pontos verosímeis e mais ou menos plausíveis que
3. ............................................................. 30 procuram explicar corretamente os factos.
pontos 2. Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência
4. ............................................................. 40 pontos está dependente de um paradigma ou modelo
científico, isto é, de um conjunto de teorias,
TOTAL ..................................................... 200 pontos
factos, crenças e conhecimentos, regras,
CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO técnicas e valores, compartilhados e aceites pela
maioria dos cientistas. Dizer-se que os
N.º 9
paradigmas são incomensuráveis equivale a
GRUPO I
afirmar que são incomparáveis e incompatíveis.
1. Não se pode comparar objetivamente aquilo
1.1. A que cada paradigma defende, dado que eles
1. correspondem a formas totalmente diferentes
2. de explicar e prever os fenómenos. Como o
C texto mostra, há termos que, quando integrados
1. em diferentes paradigmas, remetem para
3. significados distintos. Dado que cada paradigma
corresponde a um modo qualitativamente
C
diferente de olhar o real, a verdade que cada
1.4. C um contém está circunscrita ao que nele se
1.5. A determina. Cada paradigma é uma
1.6. D representação do real.
1. 3. Uma vez que os paradigmas são
7. incomensuráveis, cada paradigma representa
D um modo totalmente diferente de encarar os
1. problemas e propor as soluções. Dois
8. paradigmas rivais são mundos diferentes em
A que as mesmas coisas são entendidas de modos
distintos. Neste sentido,
GRUPO II
não se pode aferir qual dos paradigmas em discussão
1. Tradicionalmente, a racionalidade científica
contém mais verdade, porque esta é, em parte,
encontrava-se associada às noções de
inerente aos paradigmas em discussão. Kuhn foi
«objetividade», «neutralidade», «verdade certa,
criticado por ter instaurado uma visão relativista da
necessária e universal» e «demonstração». As
ciência e uma perceção que acaba por ser subjetivista
correntes positivista e neopositivista contribuíram
da verdade.
para essa visão da ciência como o modelo único do
conhecimento verdadeiro e objetivo. Atualmente, 4. Para Popper, o critério utilizado na escolha
assistimos a uma redefinição da racionalidade de teorias (ou, para usarmos a terminologia de
científica. Graças ao contributo de novas perspetivas Kuhn, de paradigmas) científicas é o critério da
epistemológicas, como o falsificacionismo de falsificabilidade. São os contraexemplos que,
Popper, as teorias científicas não são tidas como depois de sujeitos à experimentação e de
definitivas, mas como modelos explicativos e atestada a sua verdade, determinam a escolha
Testes de avaliação e sugestões de resposta
118
de teorias rivais. Para Kuhn, o critério em causa é, em o sujeito que o produz; é independente do sujeito e
parte, interior aos paradigmas. Além de critérios do contexto – e daí a relevância, como o texto sugere,
objetivos como a exatidão, a consistência, o alcance, a da «análise lógica do conhecimento científico». A
simplicidade e a fecundidade, há aspetos de ordem validação das teorias obedece ao critério da
psicológica que interferem na referida escolha. falsificabilidade, e este garante a sua cientificidade.
Para Popper, a ciência claramente progride. As teorias Alicerçada na lógica, a ciência pode aspirar ao rigor e
substitutas têm maior grau de correspondência à realidade, à objetividade. Para Kuhn, pelo contrário, o
enquanto as teorias substituídas se encontram mais conhecimento depende, em parte, do sujeito – de um
distantes dela. Para Kuhn, o progresso da ciência não pode sujeito integrado numa comunidade científica. Além
ser entendido da mesma maneira. Sendo os paradigmas de fatores objetivos, há também aspetos subjetivos
incomensuráveis, não se pode afirmar que a ciência que interferem na avaliação e na decorrente escolha
progride no sentido de uma maior aproximação à verdade. de teorias rivais, o que compromete a objetividade da
A mudança de paradigma não significa necessariamente ciência. Como Kuhn afirma, «cada grupo utiliza o seu
progresso cumulativo e contínuo em direção a um fim (a próprio paradigma para argumentar em defesa do
verdade). No entanto, também não podemos dizer que a próprio». Dependente de critérios subjetivos, a
ciência não se desenvolve. Kuhn destaca dois momentos ciência vê hipotecada a sua objetividade.
fundamentais para explicar como ela evolui: na fase da Apesar do exposto, para nenhum dos autores a
produção científica normal (ciência normal) e na das ciência é um conhecimento certo e indubitável. Para
revoluções científicas (que permitem a mudança de Popper, sendo a tentativa de falsificação o
paradigmas). procedimento-base, nenhuma teoria pode ser
Por último, no que se refere à objetividade do tomada como definitiva e absolutamente certa. Para
conhecimento científico, Popper é dela um absoluto Kuhn, sendo a mudança na ciência pautada por
partidário. A ideia de “conhecimento sem conhecedor” critérios, em parte, subjetivos, a certeza, ou
advogada por Popper é exemplificativa de que, na sua indubitabilidade, não a pode caracterizar.
perspetiva, o conhecimento científico não se confunde com
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B. processo;
C. consenso;
D. perspetiva.
1.4. A transferência dos métodos de uma disciplina para outra diz respeito à:
A. interdisciplinaridade;
B. disciplinaridade; C. transdisciplinaridade;
D. pluridisciplinaridade.
1.5. A visão transdisciplinar propõe-nos que consideremos a realidade como:
A. multidimensional, estruturada num único nível;
B. unidimensional, estruturada em múltiplos níveis; C. multidimensional, estruturada em
múltiplos níveis;
D. unidimensional, estruturada num único nível.
GRUPO II
1. O conceito de «verdade» é, no domínio filosófico, um conceito unívoco? Justifique.
2. Refira a principal diferença entre a verdade como correspondência e a verdade como coerência.
transdisciplinar.
GRUPO III
1. «Os avanços científico-técnicos verificados desde há uns decénios – muito especialmente no
domínio da genética e da fetologia – têm ampliado notavelmente o campo da bioética.»
R. Cabral (1997), “Bioética”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia,
vol. 1, Lisboa, Editorial Verbo, p. 686.
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das humanidades (filosofia, ética, teologia,
psicologia, antropologia), ciências sociais
(economia, politologia, sociologia) e doutras
disciplinas, como o direito;
– salientar o papel da transdisciplinaridade na
compreensão do mundo atual, para a qual um
dos imperativos é a unidade do conhecimento;
– reconhecer o significado do conhecimento
complexo, aliado à ideia de realidade como um
tecido complexo;
– apresentar o seu ponto de vista pessoal,
devidamente argumentado, sobre a possibilidade
de a racionalidade pluridisciplinar e
transdisciplinar servir o propósito prático de
resolução das grandes questões do nosso tempo,
servindo-se do exemplo de questões ligadas à
bioética.
122 Testes de avaliação e sugestões de resposta
A Filosofia na cidade
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. No contexto da democracia ateniense antiga, os cidadãos eram:
A. os homens livres e os escravos;
B. todos os homens e mulheres, livres ou não;
C. todos aqueles que se dedicavam à filosofia;
D. os homens livres, participantes nas decisões públicas da cidade;
1.2. Para os gregos:
A. o espaço público sobrepõe-se ao espaço privado;
B. o espaço público não se distingue do espaço privado;
C. o espaço privado permite ao ser humano a realização plena da sua natureza;
D. o espaço privado é mais importante que o público, porque se encontra ligado ao sustento
individual.
1.3. A tarefa da reflexão política é a de tentar conciliar as exigências pessoais e individuais com as
exigências:
A. coletivas;
B. familiares;
C. da classe social a que se pertence; D. do partido político a que se pertence.
1.4. A obra A República foi escrita por:
A. Aristóteles;
B. Hannah Arendt;
C. Platão; D. John Locke.
1.5. Equivale à condição daquele que tem liberdades públicas, gozando de certos direitos, e que,
por outro lado, cumpre os deveres sociais definidos na lei. Estamos perante a definição de:
A. tolerância;
B. cidadania;
C. igualdade;
D. obediência.
1.6. Alguém que tem uma convicção é alguém que:
A. é necessariamente intolerante;
B. segue uma ideia sabendo por que razões o faz;
C. é necessariamente tolerante;
D. segue uma ideia sem saber por que razões o faz.
123 Testes de avaliação e sugestões de resposta
GRUPO II NCON11LP
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1. Explicite a importância do espaço público para os gregos dos séculos V e IV a. C.
2. Refira qual o problema central que subjaz às diferentes conceções políticas desenvolvidas ao longo da
história.
3. Exponha os princípios fundamentais que se encontram na base do trabalho dos filósofos e politólogos
(ocidentais) atuais.
GRUPO III
1. «Onde quer que o diálogo foi interrompido, eclodiram os conflitos – quer na esfera pública quer
privada. Onde quer que as conversações falharam, instaurou-se a repressão e imperou a lei do mais
forte, das elites e dos mais inteligentes.»
Hans Küng (1996), Projeto para uma Ética Mundial, Lisboa, Instituto Piaget, p. 186.
Desenvolva, com base na afirmação e de forma argumentada, o seguinte tema: O diálogo como via de
construção da cidadania.
Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam, e ter em
conta as perspetivas de Apel, Habermas e Rawls relativas a esta temática.
Testes
TESTE DE AVALIAÇÃO
N.º 12
A Filosofia e o sentido
GRUPO I
1. Indique, para cada questão, a opção correta.
1.1. São estes os principais pensadores das
filosofias da existência:
A. Sartre, Descartes, Heidegger, Marx e Marcel;
B. Platão, Górgias, Mill, Camus e Marcel;
C. Sartre, Jaspers, Heidegger, Camus e Marcel;
D. Kierkegaard, Feuerbach, Camus, Locke e
Sartre.
1.2. O sentido prático é o sentido:
A. funcional;
B. incondicionado; C. absoluto;
D. divino.
1.3. A vida é-nos dada vazia. Esta afirmação Testes
significa que a vida:
A. não tem sentido, porque é vazia;
B. é vazia, porque não tem sentido;
C. é uma tarefa e um conjunto de problemas a que
somos indiferentes;
D. é algo que recebemos e que temos de
preencher.
1.4. A obra em que Albert Camus desenvolve a
tese do absurdo da vida intitula-se:
A. A Grandeza de Sísifo;
B. O Mito de Sísifo;
Testes de avaliação e sugestões de resposta
GRUPO II
1. «O existencialismo pode considerar-se [uma]
reação às construções filosóficas sistemáticas
que dissolviam o homem numa série de
abstrações.»
A
lexandre Fradique Morujão (1999), “Existencialismo”,
in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de
Filosofia, vol. 2, Lisboa, Editorial Verbo, p. 396.
Explique o sentido desta afirmação.
GRUPO III
1. Desenvolva, de forma argumentada, o
seguinte tema: O sentido da vida.
Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de
vista pessoal e os argumentos que o suportam
relativamente à existência ou não de sentido
na vida, e confrontar também as perspetivas
de Albert
Camus e de Susan Wolf 1.6. .........................
................................
. 5 pontos
GRUPO II
1. ..................................
acerca desta temática. ........................... 30
pontos
2. .................................
............................ 30
pontos
3. .................................
............................ 30
pontos
4. .....................................
........................ 30 pontos
GRUPO III
COTAÇÕES 1. ....................................
GRUPO I ......................... 50