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5º Teste de

Português

26 de Maio 2022

Salesianos de Évora

Tomás Martins Ferreira


Colégio Salesianos de Évora 2021/2022

Luís Vaz de Camões


Lírica camoniana
A lírica camoniana tem vários temas que Luís Vaz de Camões representa nos seus poemas.
Estes temas são: a representação da amada; a representação da Natureza; a experiência
amorosa e a reflexão sobre o Amor; a reflexão sobre a vida pessoal; o desconcerto do mundo;
e o tema da mudança que não estará incluindo no teste referente aos presentes resumos.

1.1 A representação da amada


A obra camoniana representa dois tipos de mulher: a mulher da lírica tradicional (a medida
velha) e a mulher de Petrarca (a medida nova). Existem várias diferenças entre as duas como:

• A mulher da lírica tradicional é acessível e está receptiva ao amor; a mulher de Petrarca


está inacessível ao amador, é inatingível, e celeste/divinal;
• A mulher da lírica tradicional tem uma descrição objetiva e está presente na natureza; a
mulher da medida nova tem uma descrição muito subjetiva, clássica e estereotipada.

Também existem traços comuns entre os dois modelos de mulher, como por exemplo:

• Ambas têm um poder transformador no seu meio, na Natureza, nos homens e,


sobretudo, no eu lírico que se demonstra apaixonado;
• Ambas são construídas nos poemas através de meios retóricos (quando diz ouro, fala dos
cabelos dourado, quando diz neve, fala da pele branca, quando diz ébano, fala das
pestanas, quando diz rosa, fala das faces, e, quando diz coral, fala dos lábios – isto no caso
da descrição da mulher petrarquista) e pictóricos (descrições por analogia e visuais).

A inovação de Camões neste nível da poesia foi a seguinte:

• Combinou traços típicos da mulher petrarquista com os da mulher da lírica tradicional;


• Conjugou a mulher ideal com a mulher sensual.

Assim, em síntese, a representação da amada surge de 2 formas:

• Surge na forma de uma mulher idealizada, divinizada, sublime e inacessível;


• Ou surge na forma de uma mulher terrena, sensual que atrai o sujeito poético.

1.2 A experiência amorosa e a reflexão sobre o amor

Durante os poemas nos quais este tema está presente o sujeito poético:

• Revela os sentimentos que decorrem da sua experiência amorosa, na qual o seu amor
costuma ser não correspondido, normalmente negativos (a sua experiência amorosa é
marcada pela insatisfação sofrimento desilusão, conflito e saudade);

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• Escreve sobre o amor espiritual, que consiste num sentimento idealizado, influenciado
por Petrarca que relata a mulher como uma figura angelical, e que assim, permite que o
sujeito poético eleve a sua amada (este amor está desprovido de sensualidade);

• Escreve também sobre o amor sensual, que representa a beleza da mulher através da sua
sensualidade

• Ao longo do poema apercebe-se de que é impossível conciliar o amor espiritual e o amor


sensual e isso desencadeia uma nova angústia.

• A única coisa que o anuvia dessa angústia é a ideia de Amor-Paixão, que consiste no facto do
sujeito poético amar a ideia de amor.

1.3 A reflexão sobre a vida pessoal

Este tipo de poesia é a autobiografia do autor, onde o sujeito poético se lamuria, fazendo o
papel de vítima a partir de 3 fatores: da sorte, pois teve má fortuna; do Amor, pois o seu amor
não foi correspondido; e das suas ações, pois foram erros cometidos.

Este conjunto de acontecimentos que lhe aconteceram, uns por influência do mesmo e outros
não, levaram a um destino considerado pelo sujeito poético injusto e inelutável, ou seja, a uma
predestinação para ser infeliz.

Por estas razões, no presente momento (e podemos ver descrito no poema) o sujeito poético
faz uma introspeção sobre os momentos da sua vida (onde sintetiza o seu percurso existencial
[exprimindo as suas experiências marcadas pelo sofrimento] e onde também sintetiza o seu
percurso amoroso [caracterizado pelo engano que levou a sucessivas desilusões amorosas]), e ao
reviver a sua vida, autoculpabiliza-se pelas suas ações e demonstra revolta. Conclui que o seu
desencanto em relação à vida não é só culpa dele nem das suas desilusões amorosas, mas do
destino que o persegue.

1.4 A representação da natureza

Este tema é marcado pela representação da natureza, como aliás, sugere o título. O sujeito
poético apresenta uma descrição de uma paisagem amena, verdejante e colorida (locus
amoenus). Após essa descrição personifica a Natureza, normalmente, na sua amada. Exalta assim
a graça, a pureza e a luz da sua amada.

Conseguimos perceber quando a sua amada não está consigo ou quando o seu amor não
é correspondido, pois, nesse caso, o sujeito poético enuncia distúrbios na natureza, que
significam sofrimento.

Podemos encarar assim a descrição da natureza como o estado de alma, e a sua amada
em termos de beleza do sujeito poético.

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1.5 O desconcerto do mundo

O desconcerto do mundo na lírica camoniana está dividido em 3 partes: na parte da injustiça


social, na parte da inconstância do poeta, e na parte do sentimento de insegurança e inconsistência
que se nota na escrita do poeta pelas profundas ambiguidades que apresenta.

O mundo é injusto na lírica camoniana porque os “bons” são castigados e os “maus”


premiados (“Os bons vi sempre passar/no mundo graves tormentos;/e, para mais m’espantar,/os
maus vi sempre nadar/em mar de contentamentos.”).

O sujeito poético também passa, abruptamente, de momentos de lucidez e consciência da


situação que relata, para momentos onde só quer desistir e assumir, ainda que revoltado, a
derrota.

Por fim, e onde podemos ver as maiores ambiguidades ao longo dos poemas deste tema, é na
forma como ele passa de ver um amor belo, como construção de um caminho positivo, para uma
visão de amor sob forma de ilusão, submissão e destruição. Passa de ter esperança para não se
conseguir “contentar” pois não vê futuro, antes pelo contrário, vê um ponto sem retorno. Vê, por
vezes, ainda possível a construção de um ideal humano de heroísmo e perfeição e passa para
momentos onde só relata a completa desordem do mundo onde não é possível que esse ideal
exista.

Gramática
Funções sintáticas

2.1 Funções sintáticas ao nível da frase

• Sujeito: pode ser simples (quando se refere a uma pessoa/conjunto de pessoas); pode ser
composto (quando se refere a duas pessoas em separado [O José e a Maria…]); pode ser
subentendido (quando poderia lá estar um pronome mas só acontece não estar); ou, pode
ainda ser, indeterminado (quando não se refere a ninguém a particular e a inclusão de um
pronome torna a frase agramatical).

• Predicado: Função sintática que é toda a frase excluindo o sujeito.

• Vocativo: É a parte da frase que designa a entidade a quem o interlocutor se está a


referir. Normalmente encontra-se entre vírgulas e é usado para chamar a quem a frase se
dirige.

2.2 Funções sintáticas do grupo nominal

• Complemento do nome: É a palavra/conjunto de palavras que apenas tem a função de


caracterizar o nome. Normalmente não tem um verbo como antecedente.

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• Modificador do nome: É um constituinte facultativo em qualquer um dos casos (ou seja,


mesmo que o mesmo fosse retirado da frase, a mesma continuaria gramatical). Pode ser
restritivo (quando: 1) não tem vírgulas; 2) adiciona uma informação ao nome); ou pode ser
apositivo (quando: 1) tem vírgulas; 2) adiciona uma informação sobre o nome).

2.3 Funções sintáticas internas ao grupo verbal

• Complementos: existem variados complementos, a saber: complemento direto


(podemos encontrá-lo questionando ao verbo: 1) o quê?; 2) quem?. Pode ser substituído pelos
pronomes o/a/os/as.); complemento indireto (podemos encontra-lo questionando ao
verbo: a quem?. Pode ser substituído pelos pronomes lhe/lhes.); complemento oblíquo
(não pode ser substituído por nenhum pronome, ficando a frase agramatical se o
retirarmos. Não o podemos encontrar fazendo perguntas ao verbo.) complemento
agente da passiva (este complemento apenas consta em frases passivas e é seguido da
preposição, simples ou contraída, por. Corresponde ao sujeito na frase ativa.).

• Predicativos: existem dois tipos de predicativo, a saber: predicativo do sujeito (que é o


complemento direto das frases com verbos copulativos [ser, estar, ficar, parecer, permanecer,
tornar-se e revelar-se].); predicativo do complemento direto (que é uma informação
adicional ao complemento direto [Acho a Ana feliz – complemento direto; predicativo do
complemento direto].

• Modificador do grupo verbal: O modificador do grupo verbal é a função sintática que se


segue do grupo verbal e que determina onde, quando ou porquê é que a ação determinada,
vai correr. [A Ana lê, no jardim, todos os dias, porque quer.

2.4 Funções sintáticas internas ao grupo adjetival

• Complemento do adjetivo: Esta função sintática é selecionada pelo adjetivo (segue-se ao


adjetivo), é iniciada por uma preposição e completa o sentido do adjetivo. [Devemos estar
atentos à realidade.].

Orações

3.1 Orações coordenadas


Oração coordenada copulativa
Adiciona informação. E O João foi à praia e à piscina.
Oração coordenada adversativa
Informações contrárias. Mas O João foi à praia, mas não foi à piscina.
Oração coordenada disjuntiva
Apresenta duas hipóteses. Ou O João foi à praia ou à piscina.
Oração coordenada conclusiva
Conclui o enunciado. Logo O João foi à praia, logo, estava sol.

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Oração coordenada explicativa
Explica o enunciado Pois O João foi à praia pois estava sol.

3.2 Orações subordinadas adverbial


Oração subordinada adverbial causal

Justifica a subordinante. Porque O João foi à praia porque estava sol.


Oração subordinada adverbial temporal
Dimensão temporal. Quando O João foi à praia quando esteve sol.
Oração subordinada adverbial final
Explica a finalidade de algo. Para O João foi à praia para estar com um amigo.
Oração subordinada adverbial comparativa
Compara as duas Como O João foi à praia como na semana passada.
Oração subordinada adverbial condicional
Aplica condição. Se O João vai à praia se estiver sol.
Oração subordinada adverbial concessiva
(“Contrário”) Embora Embora estivesse sol, o João não foi à praia.
Oração subordinada adverbial consecutiva
Consequência da subordinante. Que O João foi à praia porque estava sol.

3.3 Orações subordinadas adjetivas


Oração subordinada adjetiva relativa restritiva
Não tem vírgulas ¬Vírgulas A praia que limpei recebeu a bandeira azul.
Oração subordinada adjetiva relativa explicativa
Tem vírgulas. Vírgulas As praias, que se devem conservar, estão poluídas.

3.4 Orações subordinadas substantivas


Oração subordinada substantiva completiva
Apenas apresenta informação em relação ao referido (específico) na Ele disse que tinhas ido à
frase. Oração que tem de tem verbo e nome/adjetivo. É comumente praia.
introduzida por se, para e que.
Oração subordinada substantiva relativa
Apresenta informação a todos os que cumprem um requisito (geral). Quem vai à praia,
Oração introduzida por quem, quanto onde ou como. descansa.

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