Você está na página 1de 16

CANTIGAS

TROVADORESCAS

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-NC-ND.


CANTIGAS

As cantigas foram cultivadas tanto no gênero lírico quanto no satírico: 


Líricas
• Cantigas de amor;
• Cantigas de amigo;
Satíricas
• Cantigas de escárnio;
• Cantigas de maldizer.
LÍRICAS

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-SA.


CANTIGAS TROVADORESCAS DE AMOR

As cantigas de amor surgiram entre os séculos XI e XIII influenciadas pela arte desenvolvida na
região da Provença, no sul da França.
A influência do lirismo provençal foi intensificada com a chegada de colonos franceses na Península
Ibérica e que foram lutar contra os mouros ligados a Provença. Além disso, destaca-se o intenso
comércio entre a França e a região ocidental da Península Ibérica, alcançando o Atlântico Norte.
Nesse contexto, surge o "amor cortês", baseado num amor impossível, onde os homens sofrem de
amor, pois desejavam mulheres da corte que geralmente eram casadas com nobres.
Esse conceito é mais intenso na voz dos trovadores da Galiza e Portugal, que não se limitam a imitar,
mas a "sofrer de maneira mais dolorida".
CARACTERÍSTICAS DE CANTIGAS DE AMOR

As cantigas de amor são escritas em primeira pessoa do singular (eu). Nelas, o eu poético,
ou seja, o sujeito fictício que dá voz à poesia, declara seu amor a uma dama, tendo como
pano de fundo o formalismo do ambiente palaciano. É por este motivo que ele se dirige a
ela, chamando-a de senhora.
CANTIGAS DE AMIGO

As cantigas de amigo originam-se do sentimento popular e na própria Península Ibérica.


Nelas, o eu poético é feminino, no entanto, seus autores são homens.
Essa é a principal característica que as diferencia das cantigas de amor, onde o eu lírico é
masculino. Além disso, o ambiente descrito nas cantigas de amigo não é mais a corte, e
sim, a zona rural.
Os cenários envolvem mulheres camponesas, característica que reflete a relação dos nobres
com as plebeias. Esta é, sem dúvida, uma das principais marcas do patriarcalismo da
sociedade portuguesa.
CARACTERÍSTICAS DE CANTIGAS DE AMIGO

As cantigas de amigo são escritas em primeira pessoa (eu) e, geralmente, são apresentadas
em forma de diálogo. Isso resulta em um trabalho formal mais apurado em relação às
cantigas de amor.
SATÍRICAS

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-NC-ND.


CANTIGAS DE ESCÁRNIO

As cantigas de escárnio fazem críticas de forma direta a uma pessoa. Nas cantigas de
escárnio, o nome da pessoa em questão não era falado.
CANTIGAS DE MALDIZER

As cantigas de maldizer são canções cuja estrutura comporta críticas mais diretas e
grosseiras. Nelas, são usadas termos de baixo calão, como palavrões, pois o intuito é mesmo
agredir alguém verbalmente.
EXEMPLOS DE
CANTIGAS
TROVADORESCAS

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-NC.


“Cantiga da Ribeirinha” de Paio Soares de Taveirós

No mundo non me sei parelha,


mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia me levantei,
CANTIGA DE que vos enton non vi fea!

AMOR E, mia senhor, des aquelha


me foi a mí mui mal di'ai!,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós houve nen hei
valía dũa correa.

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-NC-ND.


antiga “A meu amigo, que eu sempr'amei” de João Garcia

A meu amigo, que eu sempr'amei,


des que o vi, mui máis ca min nen al
foi outra dona veer por meu mal,
mais eu, sandía, quando m'acordei,
non soub'eu al en que me del vengar,
senón chorar quanto m'eu quis chorar.

CANTIGA DE Mai-lo amei ca min nen outra ren,


des que o vi, e foi m'ora fazer

AMIGO tan gran pesar que houver'a morrer,


mais eu, sandía, que lhe fiz por én?
Non soub'eu al en que me del vengar,
senón chorar quanto m'eu quis chorar.

Sab'ora Deus que no meu coraçón


nunca ren tiv'eu eno seu logar
e foi-mi ora fazer tan gran pesar,
mais eu, sandía, que lhe fiz entón?
Non soub'eu al en que me del vengar,
senón chorar quanto m'eu quis chorar.

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-NC-ND.


Cantiga “Ai, dona fea, foste-vos queixar” de João Garcia de Guilhade
Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
CANTIGA DE E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
ESCÁRNIO Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-SA-NC.


Cantiga “A dona fremosa do Soveral” de Lopo Lias
A dona fremosa de Soveral
ha de mí dinheiros per preit'atal
que veess'a mí, u non houvess'al,
un día talhado a cas de Don Corral;
e é perjurada,
ca non fez en nada
e baratou mal,
ca desta vegada
CANTIGA DE será penhorad'a
que dobr'o sinal.
MALDIZER Se m'ela crever, cuido-m'eu, dar-lh'-hei
o melhor conselho que hoj'eu sei:
dé-mi meu haver e gracir-lho-hei;
se mi o non der, penhorá-la-hei:
ca mi o ten forçado,
do corp'alongado,
non lho sofrerei;
mais, polo meu grado,
dar-mi-á ben dobrad'o
sinal que lh'eu dei.

Esta Foto de Autor desconhecido está licenciada sob CC BY-NC.


FIM

Você também pode gostar