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Trovadorismo

Marianna Ribeiro
Queda do Império
Romano Baixa Idade Média
(Séc. IV - 476 d. C. ) Século XI

Independência política de Portugal


Alta Idade Média
Século XIII
Século V ao XI
Queda do Império Romano e Início da
Idade Média

● Crises Econômicas.
● Invasões dos povos germânicos ( bárbaros) no território romano.
● Expansão do Cristianismo.
● Crise do sistema escravista.
● Instabilidade política.
Império romano do Império romano do
ocidente oriente

Idade Média Império


Bizantino
Catedral de Santa Sofia - Istambul (Turquia)
Características da Idade Média

● Inicia no Século IV e tem sua queda no século XV. Durou mais de 1000 anos.
● Caracterizou-se por uma sociedade rural baseada na agricultura e
administrada, por muito tempo, de forma descentralizada.
● A fé cristã se expandiu e tornou a Igreja a instituição mais poderosa do
mundo ocidental.
● Feudalismo.
● Vassalagem
● A Igreja controlava o acesso ao conhecimento.
● Cruzadas.
● Teocentrismo.
NOBREZA

POVO
Vitrais representando os cavaleiros cruzados chegando a Jerusalém
Gárgulas nas igrejas medievais
Independência de
Portugal (1139)
A produção literária
como fuga das
inquietudes
Características do Trovadorismo

● Após o fim dos conflitos que garantiram a


● O poeta era chamado trovador.
paz em Portugal, agora como Estado
● Habilidade do Trovador: compor, reunir
independente, a produção artística passa a
versos e sons (melodia) porque os poemas
dar um salto.
eram cantados.
● A poesia trovadoresca se apresentava em
Teses sobre a origem da poesia portuguesa
dois tipos:

1. Tese arábica Lírico-Amorosa


2. Tese folclórica
3. Tese médio-latinista Satírica
4. Tese litúrgica ● As poesias (cantigas) eram produzidas em
galego-português.
Cantiga de amor
● A arte de trovar.
● O trovador imprime sua confissão,
dor de amor,melancolia de uma
angustiante experiência e
passional.
● Impulso erótico se esconde nos
véus das convenções morais.
● Coita: sofrimento amoroso.
● Respeito e subserviência à dama
(vassalagem)
● Eu-lírico masculino
CANTIGA DA RIBEIRINHA (DA GARVAIA) - PAIO SOARES DE TAVEIRÓS

No mundo non me sei parelha, (não conheço ninguém igual a mim)


Mentre me for como me vai, (enquanto)
Cá já moiro por vós, e – ai!
Mia senhor branca e vermelha. (pele branca e rosto avermelhado)
Queredes que vos retraya
Retratar (pintar) a amada despida
Quando vos eu vi em saya!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desdaqueldi, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai Cobrir com um manto vermelho
Moniz, e bem vos semelha - geralmente usado pela
Dhaver eu por vós guarvaia, Nobreza - como forma de
Pois eu, mia senhor, dalfaia honrar o amor daquela mulher
Nunca de vós houve nem hei
Valia dua correa.

Nunca te dei algo de pouco valor


A MAIOR SAUDADE - HENRIQUE E JULIANO

Chega chamando pelo nome


Quem chamou de amor
E a boca que falou te amo
Fala que acabou
E o nosso pra sempre
Infelizmente não vingou
Apesar de não te comover
Com o meu sofrimento
Mesmo que sair da sua vida
Seja um livramento
Apesar de não valer o álcool
Que eu 'to bebendo
Mesmo que você ligue o foda-se
'Cê segue sendo
A maior saudade de todos os tempos
A maior saudade de todos os tempos
Cantiga de amigo
● Eu-lírico feminino. ● As mulheres se entregavam ao amor,
● O sofrimento de uma jovem pelo mesmo ocupadas pelas demandas
amigo (namorado). cotidianas (domésticas).
● As jovens são camponesas ou ● Paixão intransitiva ou incompreendida
pastoras (pessoas do povo). - não correspondida
● Desgosto de amar e ser ● Enquanto a mulher quer o homem só
abandonada em razão da guerra para ela, o homem quer ser “livre”, sem
ou de outra mulher. amarras de relacionamento.
● Mesmo que o eu-lírico seja ● Caráter narrativo.
feminino, o autor da trova é um
homem.
A MEU AMIGO QUE EU SEMPR’AMEI - JOÃO GARCIA
A meu amigo, que eu sempr'amei,
des que o vi, mui mais ca mim nem al, Amei mais a você do que a mim mesma
foi outra dona veer por meu mal;
mais eu, sandia, quando m'acordei, Mas eu louca, quando tomei consciência
nom soub'eu al em que me del vengar
senom chorei quanto m'eu quis chorar. Não soube mais nada em que me deveria vngar, senão
chorei quanto mais quis chorar.
Mailo amei ca mim nem outra rem, Amei mais que qualquer outra coisa
des que o vi, e foi-m'ora fazer
tam gram pesar que houver'a morrer;
mais eu, sandia, que lhe fiz por en?
Nom soub'eu al em que me del vengar
se nom chorei quanto m'eu quis chorar.
A donzela censura-se a si própria: o seu amigo, o
Sab'ora Deus que no meu coraçom único que sempre amou, foi encontrar-se outra
nunca rem tiv[i] ẽno seu logar, mulher. E ela, louca, o que fez? Não encontrou outra
e foi-mi ora fazer tam gram pesar; vingança senão a de chorar até mais não poder.
mais eu, sandia, que lhe fiz entom?
nom soub'eu al em que me del vengar
se nom chorei quanto m'eu quis chorar.
DE QUEM É A CULPA - MARÍLIA MENDONÇA

Exagerado sim
Sou mais você que eu
Sobrevivo de olhares
E alguns abraços que me deu
E o que vai ser de mim
E meu assunto que não muda
Minha cabeça não ajuda, loucura, tortura
E que se dane a minha postura
Se eu mudei você não viu
Eu só queria ter você por perto
Mas você sumiu
É tipo um vício que não tem mais cura
E agora de quem é a culpa?
A culpa é sua por ter esse sorriso
Ou a culpa é minha por me apaixonar por ele
Só isso
Não finja que eu não tô falando com você
Eu tô parado no meio da rua
Eu tô entrando no meio dos carros
Sem você a vida não continua
Cantiga de escárnio
● A sátira se constrói de modo
indireto.
● Uso de ironia e ambiguidade.
● Não há uma citação direta a quem
quer dirigir a ofensa.
● Uso de palavras de baixo calão.
● Poesia produzida no ambiente dos
jograis de má vida (soldadeiras e
bailadeiras).
AI DONA FEA, FOSTES-VOS QUEIXAR - JOÃO GARCIA DE GUILHADE

Ai dona fea, fostes-vos queixar


que vos nunca louv'en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
A mulher se queixa por nunca ter sido elogiada
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
O eu-lírico a “elogia” como velha e louca
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, se Deus mi perdom,


pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia; Há vontade do eu-lírico em louvar (elogiar) a
e vedes qual será a loaçom: mulher. Entretanto seu elogio é “feia, velha e
dona fea, velha e sandia! louca”

Dona fea, nunca vos eu loei


em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei Nunca louvei em minhas trova, mas louvarei
em que vos loarei todavia; dona feia, velha e louca.
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
QUEM ENSINOU FUI EU - MAIARA E MARAÍSA

'Tá tirando onda aí com o meu ex-namoradinho


Passando na boca que era minha
Coitada, já caiu na conversinha
Já caiu no lero-lero, né?
Mas eu não dou um mês, parece até replay
A gente larga, ele arruma uma trouxa
Pra passar ciúme ne mim outra vez
Não dou um mês, parece até replay
'Tá achando que é 0 km, mas eu já rodei
Se ele te beija gostoso
Dá um amasso cabuloso
Quem ensinou fui eu
Quem ensinou fui eu
Se ele faz a noite inteira
Pede pra falar besteira
Quem ensinou fui eu
Quem ensinou fui eu
Cantiga de maldizer
● Sátira feita diretamente a uma
pessoa.
● Uso de agressividade e
xingamentos.
● Canções da vida boemia:
produzidas em ambientes como
tabernas e prostíbulos.
● A poesia tinha por obejtivo
zombar de alguém.
Mal se guardou e perdeu quant'havia,
ELVIRA LÓPEZ, QUE MAL VOS SABEDES - ca se nom soub'a cativa guardar:
JOÃO GARCIA DE GUILHADE leixou-o sigo na casa albergar,
e o peom [logo] fez que dormia;
Elvira López, aqui noutro dia, e levantou-s'o peom traedor
se Deus mi valha, prendeu um cajom: Teve um azar e, como x'era de mal sabedor,
deitou na casa sigo um peom, fodeu-a tost'e foi logo sa via.
e sa maeta e quanto tragia Deitou-se com um servo
qualquer
pôs cabo de si e adormeceu; E o peom virom em Santarém;
e o peom levantou-s'e fodeu, Trazia dinheiro numa maleta, e nom se avanta nem dá por en rem,
e nunca ar soube contra u s'i ia. adormeceu e o peão fez sexo e a mais lev'o Demo quant[o]en tragia!
roubou, depois sumiu.
Elvira Lopes não deu ouvidos aos bons
Ante lh'eu dixi que mal sem faria conselhos de João Garcia de Guilhade e acabou
Já tinham avisado que ela seria
que se nom queria del a guardar insensata mesmo por ser "assaltada" pelo peão. De resto, a
[e] sigo na casa o ia jeitar; alusão final a Santarém, cidade que foi um dos
e dixi-lh'eu quanto lh'end'averria; palcos da guerra civil portuguesa de 1245-1248,
Disse o que aconteceria por essa
ca vos direi do peom como fez: razão
poderá ser mais do que um simples detalhe
abriu a porta e fodeu ũa vez, geográfico. De qualquer forma, sendo
[e] nunca soube del sabedoria. praticamente impossível datar a cantiga, esse
Nunca mais soube nada do peão eventual sentido político da alusão é difícil de
que sumiu com o dinheiro comprovar.
A cantiga tem exatamente a mesma medida
(estrófica, métrica e rítmica) da anterior, pelo que
decerto ambas seriam executadas com a mesma
melodia.
BANDIDA - MC LIVINHO E PÉRICLES

Mano é verdade, escuta o que eu digo


Mexi no whats dela
Tinha conversa contigo
Quanta maldade!
Por que ela fez isso comigo?
Tanto cara no mundo
Foi pegar logo um amigo
Eu já sei o que fazer
Vamos acabar com a raça dessa mina
Pilantra, bandida
Se eu me apaixono
Ela acaba com a minha vida
Safada, ela quer namorar dois
Quer ficar comigo
E ficar contigo depois
SEGREL: Nobre,
Trovadores trovador profissional
Portugueses geralmente um fidalgo
qualificado,
JOGRAL: De classe social compunha e
popular, cantor e tocador delcamava suas
de instrumentos próprias poesias. Era
ambulante, compunha e pago por isso.
declamava suas próprias MENESTREL: De classe
cantigas e recebia social popular, músico TROVADOR: Nobre ou
pagamento. poeta sedentário, vivia na clérigo, poeta culto,
casa de um fidalgo, trovador profissional,
declamava e cantava compunha e declamava
cantigas compostas por suas próprias poesias e
terceiros e era pago por não era pago.
isso.
AS CANTIGAS FORAM COMPILADAS
EM LIVROS DENOMINADOS
CANCIONEIROS :

● Cancioneiro da Ajuda
● Cancioneiro da Biblioteca
Nacional
● Cancioneiro da Vaticana
Novela de Cavalaria

● Originárias da França ou da Inglaterra.


● Surgiram a partir das canções de temas de
guerreiros.
● Expressas em prosa.
● Divididas em três ciclos: Bretã0 ou
arturiano; Carolíngio; e Greco-Latinas.

Principal obra traduzida para o galego-português:

A DEMANDA DO SANTO GRAAL.


CARACTERÍSTICAS DA NOVELA DE CAVALARIA

● Grandes aventuras e atos heroicos dos cavaleiros medievais.


● Os enredos merecem mais destaque que os personagens.
● As aventuras pareciam sempre ter uma continuidade.
● Amor idealizado pela dama que amava - AMOR CORTÊS (transforma a amada quase que numa divindade)
● Fazer a corte à amada: submissão e fidelidade incondicional à mulher amada por parte do cavaleiro medieval.
● Provação da honra, lealdade e coragem do cavaleiro - enfrentamento em batalhas, monstros míticos.
● Alguns temas ligados às batalhas entre cristãos e mulçumanos (Cruzadas)
● Marcadas pela tradição oral, os romances de cavalaria eram narrados em capítulos.
● Apologia à violência desmedida.
● Referência a periodos históricos e míticos do passado.
● Apresentação do código de conduta do cavaleiro.
● Termos como “serviço”, “senhora” são recorrentes.
Amadis de Gaula -

● *Filho da relação proibida entre o Rei


Perion de Gaula e Elisena,filha do rei da
Pequena Bretanha.
● Depois de nascer, Amadis é abandonado
no mar e recolhido pela família da
Infanta ( filha do rei e não era herdeira
da Coroa) Oriana.
● Torna-se pajem e por ela se apaixona.
● Enfrenta muitos desafios para lutar
pelo amor da amada.
● Ao final, se casam.
rEFERÊNCIAS:

MOISES, M. A Literatura Portuguesa - 37. Ed. São Paulo: Cultrix, 2013.

CANTIGAS MEDIEVAIS GALEGO-PORTUGUESAS. Disponível em:


https://cantigas.fcsh.unl.pt/listacantigas.asp. Acesso em 19 mai 2022.

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