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Sem Você
Chico Buarque
Composição: Tom Jobim / Vinícius de Moraes
Sem você
Sem amor
É tudo sofrimento
Pois você
É o amor
Que eu sempre procurei em vão
Você é o que resiste
Ao desespero
E à solidão
Nada existe
E o tempo é triste
Sem você
Meu amor
Meu amor
Nunca te ausentes de mim
Para que eu viva em paz
Para que eu não sofra mais
Tanta mágoa assim
No mundo sem você
Amado
Vanessa da Mata
Composição: Vanessa da Mata
Amor Antigo
Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos
Ó mulher,
Tu que criaste o amor!
Aqui estou eu tão só
Na imensa treva
Da tua ausência.
Mulher canção!
Noturna flor do adeus
Vem me matar de amor,
De amor nos braços teus.
Regina Michelli (UERJ)
O eu-lírico apresenta-se, desde a primeira linha, como o coitado, o que sofre por
um amor iniciado ao ver aquela que se tornaria a dona de seu coração. A dama é
focalizada como a mais perfeita de todas, marca de excelência que a aproxima de
Maria, cujo culto teve início à época medieval. O amor não reverte em bem para o
amador. Nesta cantiga, a senhora sequer tem conhecimento do sentimento que lhe
é dedicado, amor marcado pela impossibilidade do trovador ver a sua dama,
inviabilizando o prazer de viver. Num período caracteristicamente teocêntrico, Deus
é vislumbrado como o que tem o poder de favorecer o eu-lírico com a visão da
amada – máxima aspiração do amador. Recai também sobre a figura divina a
responsabilidade de deflagrar esse sentimento inaugurado pelo ver. A regra de
ocultar a identidade da dama é respeitada; a única possibilidade de transgredi-la é
através do ensandecimento a que conduz o amor.
O amor caracteriza-se, nas cantigas de amor, pela sublimação amorosa, haja vista
a freqüência com que a impossibilidade de sua realização e o sofrimento habitam
esses textos. Mas, nas suas franjas, o amor às vezes se faz possível quanto à
correspondência da amada. Outras são, entretanto, as interdições que marcam
esse amor, em eterno confronto com o social.
A possível concretização amorosa nas cantigas de amigo
As cantigas de amigo, por sua singeleza e proximidade a uma vida real, com suas
mazelas e felicidades, celebra a própria vida através de histórias de mulheres. São
mães, filhas e amigas que entretecem o amor a seus amigos nas nuances de uma
palavra poética que cultua a paixão.
Uã donzela coitado
d' amor por si me faz andar1
e en sas feituras falar
quero eu, come namorado:
restr’ agudo come foron,
barva no queix' e no granhon,
e o ventre grand' e inchado.
Sobrancelhas mesturadas,
grandes e mui cabeludas,
sobre-los olhos merjudas;
e as tetas pendoradas
e mui grandes, per boa fé;
á un palm’ e meio no pé
e no cós três plegadas.
A testa ten enrugada
E os olhos encovados,
dentes pintos come dados...
e acabei, de passada.
Atal a fez Nostro Senhor:
mui sen doair' e sen sabor,
des i mui pobr’ e forçada. [7]