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E nunca se vê surgindo?
O país afortunado
Poema localizado na terceira parte da obra (terceiro poema de “Os Tempos”) após os poemas
“Noite”; e “Tormenta”- momento em que a vida obtém uma “Calma” inesperada, ganhando-se
consistência para depois se possibilitar a concretização do Quinto Imperio (assumindo-se D.
Sebastião como o libertador que reconduzirá Portugal a um novo estado).
Este poema é composto por três estrofes, duas sétimas e uma oitava de versos heptassilábicos
e esquema rimático abbcabc (nas sétimas) e abbacbbc (na oitava).
É possível dividir este poema em três partes, sendo a primeira a primeiraa estrofe a
segunda a segunda estrofe e ultima a terceira estrofe.
1º Parte:
Que costa é que as ondas contam
E se não pode encontrar
Por mais naus que haja no mar?
O que é que as ondas encontram
E nunca se vê surgindo?
Este som de o mar praiar
Onde é que está existindo?
Nesta primeira parte, Pessoa questiona sobre a origem e o destino das ondas do mar,
pergunta em que costa as ondas estão a bater, já que não a consegue encontrar, pois
trata-se de um costa imaginária, e não de uma costa física, feita de portos seguros. O
sujeito poético deseja encontrar a verdade pura. Depois do sofrimento da “tormenta”
Fernando pessoa não tem consolo, e não há realidade que apare o sofrimento mesmo
que haja muitos navios no mar. Ele menciona o som do mar, que esta presente, mas
questiona onde exatamente ele esta existindo. O último verso remete para a loucura
que se passava na mente perdida do sujeito poético ou para o sinal de que algo divino
estava prestes a acontecer, pois a costa não existe, mas ele ouve as ondas a bater
contra ela
Esta estrofe convida-nos a refletir sobre a natureza misteriosa e imprevisível das ondas
do mar assim como sobre a existência de algo imprevisível, como o som, que esta
presente mesmo que não possamos vê-lo a surgir.
Recursos expressivos: interrogação retorica: expressa as duvidas e reflexões sobre a
origem e o destino das ondas do mar, bem como sobre a existência do som do mar.
Metáfora: “que costa é que as ondas contam” uso da metáfora para representar a ideia
de que as naus têm uma história para contar, uma trajetória a percorrer.
Hipérbole: “por mais naus que haja no mar” uso da hipérbole para enfatizar a ideia de
que, mesmo com muitos navios no mar, não conseguimos encontrar a costa
mencionada.
Antítese: a oposição entre “o que é que as ondas encontram” e “e nunca se vê
surgindo” cria uma antítese, destacando a contradição entre o que as ondas encontram
e o facto de não podermos velas surgindo.
Sinestesia:
Estes recursos expressivos contribuem para a expressividade e a profundidade do
poema despertando a curiosidade e a reflexão do leitor.
2º Parte:
Ilha próxima e remota,
Que nos ouvidos persiste,
Para a vista não existe.
Que nau, que armada, que frota
Pode encontrar o caminho
A praia onde o mar insiste,
Se à vista o mar é sozinho?
Nesta segunda parte do poema, o poeta descreve uma ilha próxima e remota, que
persiste apenas nos ouvidos, ou seja, é lembrada e desejada, mas não é visível aos
olhos. Esta ilha é, segundo a lenda, onde vive D. Sebastião o futuro salvador de
portugal, ou seja pessoa, refere-se á ilha afortunada. O sujeito poético retira a
consciência de verdade ao chamar-lhe de próxima e remota. Questiona qual navio ou
frota seria capaz de encontrar o caminho para a praia onde as ondem batem, se o mar
esta vazio e sozinho á vista. O poeta enfatiza a ideia de que esta ilha é inacessível e
invisível, desafiando qualquer tentativa de encontrá-la, pois é uma ilha de pensamento,
não uma ilha real que nenhuma nau pode encontrar o caminho, porque é a alma que
que vai percorrer sozinha. Pessoa utiliza a ironia sobre quem pensa que essa ilha
realmente existe e pode ser acessível.
Recursos expressivos: antítese: entre “ilha próxima e remota”, destaca a contradição
entre a proximidade sonora da ilha, que persiste nos ouvidos, e a sua inexistência visual.
Interrogação retorica: enfatiza a complexidade da situação.
Hipérbole: presente na expressão “á vista o mar é sozinho” exagera a solidão visual do
mar, transmitindo a ideia de que é impossível encontrar a praia desejada.
3º Parte:
Haverá rasgões no espaço
Que deem para outro lado,
E que, um deles encontrado,
Aqui, onde há só sargaço,
Surja uma ilha velada,
O país afortunado
Que guarda o Rei desterrado
Em sua vida encantada?
Esta ultima parte, possui uma linguagem poética e sugestiva, ela descreve a
possibilidade de existirem aberturas no espaço que levam para outro lugar,
representadas como rasgões no espaço. Essa imagem metafórica sugere a ideia de que
existe uma passagem para um mundo desconhecido. Além disso, a estrofe menciona a
descoberta de um desses rasgões, que levaria á ilha afortunada onde vive D. Sebastião,
mas mais uma vez, este caminho que leva á ilha afortunada apenas é possível através
do sonho e da alma. Pessoa utiliza a ironia, em quem acredita que esta ilha é real e não
algo derivado do pensamento, e reforça a ideia de que o que realmente existe é o mito,
e será ele o nosso salvador.
Recursos expressivos:
Metáfora: a expressão rasgões no espaço.
Hipérbole: haverá rasgões no espaço que deem para outro lado utiliza uma hipérbole
para enfatizara a ideia de aberturas no espaço de forma exagerada.
Aliteração: repetição do som consonantal “s” nas palavras “sargaço” e “surja”, o que
contribui para a musicalidade do verso.
Personificação: a expressão “o pais afortunado que guarda o rei desterrado em sua vida
encantada” atribui características humanas ao pais e á vida
O destino do portugueses reside na forca humana do povo lusitano, este povo terá que
remar em direção ao sucesso, assim o mito ganha força porque sem a esperanca o povo
não acredita que seja capaz, logo, havendo o mito há tudo o que o povo precise para
triunfar.