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Epopeia

A epopeia (ou poema épico) é um extenso poema narrativo heroico que faz referência a temas históricos,
mitológicos e lendários.

Uma das principais características dessa forma literária, que pertence ao gênero épico, é a valorização de seus
heróis bem como de seus feitos.

O termo epopeia, deriva do termo grego “épos” que significa narrativa em versos de fatos grandiosos centrados na
figura de um herói ou de um povo.

Um grande exemplo de epopeia é a obra “Os Lusíadas” do escritor português de Luís de Camões.

Épico é quando temos uma narrativa de fundo histórico; é os feitos heroicos e os grandes ideais de um povo o tema
das epopeias. O narrador mantém um distanciamento em relação aos acontecimentos (esse distanciamento
é reforçado, naturalmente, pelo aspecto temporal) - os fatos narrados situam-se no passado.

Temos um Poeta-observador voltado, portanto, para o mundo exterior, tornando a narrativa objetiva.
A objetividade é característica marcante do gênero épico.
A épica já foi definida como a poesia da “3ª pessoa do tempo passado”.

Elementos da Epopeia

Narrador: quem narra a história.


Enredo: sucessão dos acontecimentos.
Personagens: principais e secundárias.
Tempo: época em que decorrem os fatos.
Espaço: local ou locais dos episódios.

Estrutura da Epopeia
A epopeia é um longo poema que apresenta uma estrutura fixa, dividida em 5 partes:

Proposição: apresentação do herói e do tema.


Invocação: parte da epopeia em que o herói pede auxílio e inspiração as divindades.
Dedicatória: a epopeia sempre é dedicada a alguém.
Narração: narração dos feitos heroicos.
Epílogo: encerramento da obra.

Os Lusíadas de Luís Vaz Camões - Inês de Castro


Os Lusíadas é na verdade uma sequência de episódios históricos e lendários, por isso é comum conhecer os
heróis que acabam se mostrando com qualidades maiores e melhores do que a dos seres humanos.

Análise:
Tragédia de amor e momento lírico em poema épico

No Renascimento, muitos poetas ao tentarem compor suas obras, utilizam o gênero máximo: o épico. A epopeia
(ou poema épico) é um longo poema narrativo, de estilo elevado e assunto heroico, envolvendo grandes
acontecimentos do passado. Se os heróis e as façanhas são históricos ou míticos (reais ou fictícios), esta não é
uma questão significativa para a épica antiga.
Mas era um ponto importante para Camões, que se orgulhou de estar contando em “Os Lusíadas” (1572) uma
história grandiosa realmente ocorrida, verdadeira, e não falsa, inventada, como as dos heróis míticos
celebrados tanto pelos gregos e romanos da Antiguidade, quanto pelos poetas de seu tempo. A estes teria faltado
um tema da magnitude daquele que a história recente de Portugal oferecia a Camões: a estupenda aventura da
conquista do mar e busca de terras distantes e ignoradas, que ampliaram enormemente os limites do mundo então
conhecido. Com uma história dessas, com seu gênio artístico e uma extraordinária experiência de vida,
Camões escreveu a melhor epopeia do Renascimento.

Nela, três histórias se superpõem e se imbricam:


1) a história da viagem de Vasco da Gama e seus marinheiros à Índia;
2) a história de Portugal, chegando até a época da viagem e antecipando acontecimentos posteriores a ela, e
3) a história dos deuses que, como forças do destino, tramam e destramam a sorte daqueles bravos portugueses
que enfrentam perigos e inimigos desconhecidos para ampliar as fronteiras de seu reino e de sua religião.

Numa longa etapa da obra (cantos III-V), Vasco da Gama (herói da história 1) conta ao rei de Melinde (costa oriental
da África) a história de Portugal (história 2). Entre os acontecimentos notáveis do passado português, o capitão se
detém no relato dos eventos que envolveram Inês de Castro, compondo um dos mais belos episódios do poema
(canto III, estrofes 118-135). Trágico conto de amor, é a história daquela “que depois de ser morta foi rainha”.

O fato relatado por Camões foi registrado por cronistas da época e pode, em seus dados históricos, ser assim
resumido. Dona Inês, da importantíssima família castelhana Castro, veio a Portugal como dama de
companhia da princesa Constança, noiva de D. Pedro, herdeiro do rei D. Afonso 4º. O príncipe apaixonou-se
loucamente pela moça com quem teve filhos, ainda em vida da sua esposa. Com a morte da esposa, em 1435,
ter-se-ia casado clandestinamente com Inês, segundo o que ele mesmo declarou tempos depois, quando já se
tornara rei. Talvez tal declaração, embora solene, fosse falsa; é fato, porém, que o príncipe rejeitou diversos
casamentos, politicamente convenientes, que lhe foram propostos depois que ficou viúvo.

A ligação entre o príncipe e sua amante não foi bem vista pelo rei, que temia fosse seu filho envolvido em
manobras pró-Castela da família de Pérez de Castro, pai de Inês.
(Aqui é preciso lembrar que o conflito entre Portugal e Castela, ou seja, a Espanha, remonta à fundação de
Portugal, que nasceu de um desmembramento do território castelhano e que Castela sempre almejou reintegrar).
Em consequência, o rei, estimulado por seus conselheiros, decidiu-se pelo assassinato de Inês, que foi degolada
quando o príncipe se achava caçando fora de Coimbra, onde vivia o casal. O crime motivou um longo conflito entre
o príncipe e o pai. Depois que se tornou rei, D. Pedro ordenou a exumação (desenterramento) do cadáver, para que
Inês fosse coroada como rainha.

Os Lusíadas de Camões episódio Inês de Castro: Camões, que se concentra no conflito entre o amor e os poderes
perversos do mundo, não é o único nem foi o primeiro a dar tratamento literário à história de Inês de Castro, mas a
sua versão paira sobre todas as outras, anteriores ou posteriores. Vários fatores concorrem para que o episódio
seja dos mais admirados de “Os Lusíadas”: a pungência da história, devida tanto à piedade que inspiram Inês e
seus filhos, quanto ao amor constante, inconformado e revoltado de D. Pedro; a gravidade da questão envolvida,
que opõe o interesse pessoal e os interesses coletivos (a “razão de Estado”), e, finalmente e sobretudo, o encanto
lírico de que Camões cercou a figura de Inês, a quem atribui longo e eloquente discurso, impondo-a como
um dos grandes símbolos femininos da literatura e não só da literatura de língua portuguesa.
Os Lusíadas de Luís Vaz Camões - O Velho do Restelo
Os Lusíadas é na verdade uma sequência de episódios históricos e lendários.

Velho do Restelo é uma personagem criada por Luís de Camões no canto IV da sua obra Os Lusíadas.
O Velho do Restelo simboliza os pessimistas, os conservadores e os reacionários que não acreditavam no sucesso
da epopeia dos descobrimentos portugueses, e surge na largada da primeira expedição para a Índia com avisos
sobre a odisseia que estaria prestes a acontecer:

Análise da obra

Quando as naus de Vasco da Gama se despediam do porto de Belém, um ancião, o Velho do Restelo, elevando a
voz, manifestou sua oposição à viagem às Índias. A sua fala pode ser interpretada como a sobrevivência da
mentalidade feudal, agrária, oposta ao expansionismo e às navegações, que configuravam os interesses da
burguesia e da monarquia. É a expressão rigorosa do conservadorismo. Certo é que Camões, mesmo numa
epopeia que se propõe a exaltar as Grandes Navegações, dá a palavra aos que se opõem ao projeto expansionista.
Portanto, O Velho do Restelo representa a oposição; passado x presente, antigo x novo. O Velho chama de
vaidosos aqueles que, por cobiça ou ânsia de glória, por sua audácia ou coragem, se lançam às aventuras
ultramarinas. Simboliza a preocupação daqueles que anteveem um futuro sombrio para a Pátria.
Vasco da Gama conta ao rei de Melinde (África) a história de seu país (cantos III e IV).
Na parte final de seu relato, Vasco fala de sua própria viagem.

No início dela, situa-se um dos episódios mais célebres da obra:


O Velho do Restelo (canto IV, estrofes 94-104). O sentido do discurso atribuído ao Velho é bastante claro; não
obstante, o episódio coloca alguns problemas quanto ao pensamento do poeta relativamente à questão tratada. Os
navios portugueses estão prestes a largar; esposas, filhos, mães, pais e amigos dos marinheiros apinham-
se na praia (do Restelo) para dar seu adeus, envolto em muitas lágrimas e lamentos, àqueles que partiam
para perigos inimagináveis e talvez para não mais voltar.

No meio desse ambiente emocionado, destaca-se a figura imponente de um velho que, com sua "voz pesada",
ouvida até nos navios, faz um discurso veemente, condenando aquela aventura insana, impelida, segundo
ele, pela cobiça-o desejo de riquezas, poder, fama. Diz o velho que, para ir enfrentar desnecessariamente
perigos desconhecidos, os portugueses abandonavam os perigos urgentes de seu país, ainda ameaçado pelos
mouros e no qual já se instalava a desorganização social que decorreu das grandes navegações.

Segundo parece, o velho representa a opinião conservadora (alguns diriam "reacionária") da época - opinião da
aldeia, do torrão natal, da vida segura, mas não heroica. Seria estranho que Camões se identificasse com esse tipo
de atitude, pois, como observou J. F. Valverde, "não seria compreensível que compusesse uma epopeia para
celebrar o que condenava como erro fatal". Mas, segundo se pode inferir de diversos elementos do discurso do
Velho, assim como do resto do poema, a opinião expressa no admirável discurso não era inteiramente
rejeitada por Camões, por mais que ele fosse empolgado pelo empreendimento marítimo de seu país. Como
o Velho do Restelo, pensavam muitos naqueles tempos, assim como muitos pensam hoje em relação a assuntos
semelhantes (como a conquista espacial ou a manipulação genética, por exemplo).

O discurso do Velho contém uma condenação enfática da guerra, de acordo com o ponto de vista do
Humanismo, que era antibelicista. Mas o Velho, como Camões, abre exceção (sob a forma de concessão) para
a guerra na África (lembremos que o poeta, no início e no fim do poema, recomenda enfaticamente a D. Sebastião
que embarque nessa aventura).

Sabemos que havia, na época, uma corrente de opinião em Portugal que condenava a política ultramarina
do país, direcionada desde D. João 3º em favor da Índia, com o abandono das conquistas africanas. Portanto, o
Velho do Restelo não é propriamente uma voz discordante a que o poeta concede um lugar em seu poema,
representando nele simplesmente os rumores do povo ou o ponto de vista de um partido adversário da
empresa que o poeta se punha a celebrar.

A fala do Velho é também a expressão de ideias camonianas, divididas entre o Humanismo pacifista e o
belíssimo dos ideais da Cavalaria e das Cruzadas, cujo espírito muito influenciou a visão camoniana da missão
de seu país.

Elementos básicos para uma composição deste gênero são:


1º) o viajante (no caso, Vasco da Gama e os seus marinheiros),
2º) quem se despede (o Velho),
3º) a relação que os une (no caso, o fato de serem portugueses) e
4º) o cenário apropriado para a despedida (a praia do Restelo, com os navios a ponto de largar).

Neste tipo de poema há alguns assuntos constantes (lugares-comuns): os perigos e as inconveniências da viagem,
os perigos do lugar de destino, considerações sobre os motivos da viagem, a quebra de fé implicada na viagem etc.
Uma das modalidades desse gênero inclui o que em grego se chamava skhetliasmós, isto é, uma reclamação ou
lamentação, cuja finalidade é, condenando a viagem, persuadir o viajante a desistir de fazê-la. Diversos desses
elementos se encontram no discurso do Velho, organizados com formidável eloquência, retomando
virtuosisticamente e com novidade um gênero de poesia que remonta a Homero.

O Velho do Restelo

Um ancião português decide que ele precisa se manifestar contrário a viagem dos portugueses pelos mares,
quando eles começam a se despedir de seus familiares antes de partir. Para realizar essa contradição o velho
afirma que os portugueses estão em estado de insanidade e em busca de poder, fama, cobiça e também de uma
ambição desmedida.

Portanto, o Velho do Restelo é a representação de um mentalidade portuguesa feudal, por isso ela vai contra tudo o
que a monarquia e os burgueses decidem, inclusive, quanto aos interesses dessas classe, predominantemente
ligada as grandes navegações.

Episódio de Inês de Castro

Tem como principal trama a história de amor entre D. Pedro e Inês de Castro. No entanto D. Pedro era casado com
Constança e por isso ele decidiu mandar a amante para exílio em um castelo, o de Albuquerque. Isso porque sua
paixão tinha sido descoberta pelo povo e por toda a corte portuguesa, logo, seu ato tinha sido completamente
reprovado.
Depois de um tempo D. Constança acaba morrendo durante um trabalho de parto, deixando então que D. Pedro
leve sua amante de volta à Portugal para se casar com ele, com quem acaba tendo 4 filhos. Com medo que um
desses filhos tome o trono do país, o pai de D. Pedro manda que matem Inês, para o desespero do monarca. Isso
acontece quando seu filho estava em batalha. Ao voltar e ver a mulher morta ele toma uma decisão desesperada.
Desenterra a mulher, a coroa e faz com que toda a corte beije a mão da nova Rainha.

Sobre a obra

Os Lusíadas é composto por 1102 estrofes com 8816 versos e 10 cantos. Seus versos são feitos em oitavas
decassílabas com um sistema rímico conhecido por AB AB AB CC, ou a oitava rima camoniana.

A obra é dividida em 4 partes:


Da Viagem,
Da Mitologia,
Plano do Poeta e
História de Portugal.

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