Você está na página 1de 7

FREI LUÍS DE SOUSA

Texto dramático, contém:

 Falas das personagens (discurso direto)


 Didascálias ou notações cénicas – com informações sobre: tempo, espaço,
caracterização e movimentação das personagens, expressão facial das mesmas,
etc.

Divide-se:

 Atos (grandes divisões que mudam com o espaço)


 Cenas (mudam com a entrada ou saída das personagens)

Romantismo – movimento literário do final do séc. XVIII e a 1ªparte do séc. XIX.

Caracterização do romantismo:

 Escrito em prosa
 Patriotismo (Manuel e Maria)
 Religiosidade (vocativos, Frei Luís de Sousa, noção de pecado – em Madalena
com o 2º casamento)
 Interesse pela história D. Sebastião, batalha de Alcácer Quibir, sobrevalorização
dos sentimentos

Estrutura externa:

 Ato I – 12 cenas
 Ato II – 15 cenas
 Ato III – 12 cenas

Estrutura interna:

 1ªparte – exposição
Cenas I e II do Ato I – apresentação das personagens e outros elementos que
permitem compreenderem o desenrolar da ação.

 2ªparte – conflito
Da cena III do Ato I até à cena IX do Ato III

 3ªparte – desenlace
Cena X, XI e XII do Ato III – morte física de Maria e morte para o mundão de Madalena
e Manuel de Sousa Coutinho

Tragédia – quanto ao conteúdo


Drama – quanto à forma
Não é tragédia porque está escrito em prosa

Pai: Manuel de Sousa Coutinho


Mãe: D. Madalena
Filha: D. Maria
Telmo: Escudeiro Velho
Frade: Frei Luís de Sousa
Romeiro: D. João de Portugal
Apesar de serem todos bons, acaba em tragedia por causa do DESTINO

Aspetos importantes - Frei Luís de Sousa

ATO I
Didascália (caracterização do cenário)
 Espaço: luxuoso e elegante (riqueza do séc. VXIII resultante dos Descobrimentos)

1. Luminosidade: 2 janelas grandes, rasgadas viradas para o Tejo – vê-se


Lisboa
 Sentimentos de felicidade e bem-estar

2. Retrato de Manuel de Sousa Coutinho:


 Em corpo inteiro
 Jovem
 Vestido de hábito de ordem cavaleira que combatia os infiéis

 Tempo: fim da tarde


1. Cena I – contraste este o espaço luxuoso, agradável, rico e as personagens

Palácio de Manuel de Sousa Coutinho

 Livro lido por Madalena: os Lusíadas – a ler a mais trágica cenas: Inês de
Castro
 “Naquele engano d´alma ledo e cego, que a fortuna não deixa durar muito…” –
madalena compara-se a Inês e conclui que está pior que Inês, usando o “Mas”,
mostra a sua posição contrária/oposta à de Inês
 “… o estado em que viva… este medo, estes contínuos terrores, que não
deixam gozar um só momento de toda a imensa felicidade que me dava o seu
amor”
- Hipervalorização dos sentimentos
- Madalena não tem razões para estar infeliz, pois é amada

3 Responsáveis pela morte de Inês de Castro:


 Povo
 Destino
 Amor

2. Cena II – compreendeu o que ficou para trás, apresenta personagens que


ainda não apareceram
 Heterocaracterização:
Telmo e Madalena, caracterizam: D. João de Portugal, Manuel de Sousa
Coutinho, Maria
 Telmo confrontado com a decisão de escolher D. João ou Maria, Telmo
escolhe Maria: “tenho cá uma coisa que me diz que antes de muito, se há de
ver quem é que quer mais à nossa menina nesta casa”
 Madalena muda de postura devido à referência implícita de Telmo a Maria
(toma uma atitude grave e firme: levantai-vos AUTORIDADE)
 Madalena elogia Telmo, dizendo que foi como um PAI para ela e que em
tudo a este obedeceu, exceto no casamento
 Madalena não teve amor por D. João
 Amou Manuel, ainda com D. João vivo
 Telmo: corresponde à personagem couro na tragédia clássica
 Preocupação com Portugal e Castela

3. Cena III – conversa sobre D. Sebastião


 Maria justifica a passagem da cena II para a cena III
 Telmo e Maria: acreditam em D. Sebastião (sebastianismo)
 Quimeras = sonhos
 “É o da ilha encoberta onde está el-rei D. Sebastião” – referencia à
mensagem do poema de Fernando Pessoa (Maria)
 “Voz do povo, voz de Deus” – proverbio (Maria)
 “o nosso bravo rei, o nosso santo rei D. Sebastião” – adjetivos dados por
Maria a D. Sebastião “meu querido rei D. Sebastião”
 Maria: confiante e crente

4. Cena IV – flores: papoilas


 Maria esta com “uma tristeza muito grande”, porque D. Madalena anda
preocupada, triste e receosa por sua causa - esse cuidado que vos vejo
andar sempre por minha causa
 Papoilas: vermelhas como o sangue – indício de tragédia
Murcharam todas com o calor “murchou tudo... tudo estragado da calma…
estas papoilas que fazem dormir”
 Madalena diz que a Maria que ela é a única filha e que, por isso, todas as
esperanças do pai são nela. Contuso, Maria diz que não lhas pode realizar,
apesar de estudar, ler, …
 “o que sou… só eu o sei… e não sei, não, não sei nada, senão que o devia
ser não sou..”
- Devia ser um galhardo e valente mancedo

Ser rapaz para comandar as tropas do pai
 Maria ao ver o retrato do seu pai ainda novo, diz “como ele era boniro, meu
pai!”
5. Cena V – Jorge: irmão de Manuel
 Madalena e Jorge tratam-se por irmãos
 Os governadores – personagens compreensivas por causa da peste
 Maria: “coitado do povo!”
Critica aos governadores: se o povo está em perigo, o rei deve estar lá e,
não, saírem da cidade (como é o caso)
 os governadores escolheram a cidade de Almada para irem
 Frei Jorge diz que os governadores querem ir para aquela casa e por lá
hospedarem-se
Maria: gosta de guerras. Reage emocionalmente, vivamente
- Madalena: reage racionalmente. Tenta perceber porque vão para lá
 Manifestação da doença de Maria, quando ouve demasiado bem

6. Cena VI – (criado “Miranda”, anuncia que Manuel está a chegar)


 Presença de deíticos: pessoais, temporais e espaciais

7. Cena VIII – é noite fechada (pior)


Trochas para iluminar no escuro
 Manuel dá ordens. Mostra-se determinado, autoritário.

Vem decidido a abandonar o palácio “sairemos esta semana”
 Tem tempo para abandonar o palácio
- “São oito horas, à meia-noite vão quatro … e eles não virão antes da
manhã”
 Personagens que apoiam Castela
- Luís de Maria, Conde, Arcebispo
 Os “naturais” são compatriotas, que deviam defender Portugal
 Patriotismo de Maria ao apoiar o Pai
- “Sim, sim, mostrai-lhes quem sois e o que vale um português dos
verdadeiros”
 Oposição de Madalena perante a situação
 Convento dos Dominicanos: S. Paulo
 Com a mudança para a casa de D. João, Frei Jorge anuncia que ficam
juntos, tendo acesso para a capela. “Ficando como vivendo juntos”

8. Cena VIII – enorme indício de tragédia


 Há de saber-se no mundo que ainda há um português em Portugal
 Madalena diz a Manuel que sempre o respeitou em tudo e apoiou todas as
suas decisões, mas pede-lhe para não irem para a casa de D. João (seu ex-
marido)
 Manuel diz-lhe que mudaram depois, se ela quiser
 Caráter elevado de Manuel de Sousa Coutinho:
- “Estimei, respeitei, honro”, por D. João
 Manuel tenta perceber as razoes pelas quais Madalena não quer ir para a
casa de D. João
 Manuel diz que não tem ciúmes de um passado que não lhes pertenceu. E
diz, também, que é preciso partirem, e já.
 Madalena mostra-se emotiva. Incerteza

Certeza
- “ Pareceu-me que é voltar ao poder dele, que é tirar-me dos teus braços, que
o vou encontrar ali”
“… que vou achar ali a sombra despeitosa de D. João, que me está
ameaçando com uma espada… que a atravessa no meio de nós, entre mim e
ti e a nossa filha, que nos vai separar para sempre”
- “Sei decerto que vou ser infeliz”
 Manuel: “Rezemos pela alma de D. João de Portugal nessa devota capela
que é a parte da sua casa”
“querida mulher, com vás quimeras (sonhos) de criança”
“alumiar” – iluminar – incendeia (para iluminar) o seu palácio como exemplo
para o povo (guiá-lo, ensiná-lo)

9. Cena XII – grande ironia


 Manuel: “Ilumino a minha casa para receber os muitos poderosos e
excelentes senhores governadores destes reinos”
 Indicio de tragédia – quando uma coluna de fogo salta

ATO II
Palácio de D. João de Portugal
- Didascália
 Espaço: salão antigo, de gosto melancólico e pesado
- Contraste com a casa luxuosa e elegante de Manuel de Sousa Coutinho
- Com grandes retratos de D. João de Portugal, Camões e D. Sebastião
Acesso da casa de D. João para o convento

1. Cena I - preocupação com Madalena (Maria e Telmo)


 Informação de tempo: “Há oito dias…”
 Modo como Maria encarou a situação:
- “… Primeira noite que durmo em sossego nessa casa”
 Maria achou que o palácio a arder e o povo a gritar foi uma maravilha, um
espetáculo.
Já, Madalena, aterrou-a, o seu favorito retrato de Manuel não lhe sai da
cabeça a sua perda. Acha que a certeza da separação entre os dois.
 Madalena: agitada e preocupada
 Maria. “Creio! Que são os avisos que Deus nos manda para nos preparar” –
para a desgraça/ tragédia
 Telmo: valoriza Manuel e nunca a tinha visto, só depois do incêndio ao
palácio – “aquilo é um homem! Toda a minha pena é que o não conheci, que
o não estimei sempre noque ele valia”
 Maria fascinada com D. Sebastião
- “(designando o el-rei D. Sebastião) …é o do meu querido e amado rei D.
Sebastião”
 Maria indica o retrato de Camões
“Numa mão sempre a espada e noutra a pena” – conciliou a capacidade de
escrever com a capacidade de lutar  Camões
 Telmo conheceu Camões
 Maria perguntou a Telmo que está no outro retrato (D. João), mas Telmo não
lhe responde. Esta, vai saber por Manuel, mais e frente

2. Cena II – explica quem é D. João com um grande elogio

3. Cena III
 “Ordem dos pregadores” – dominicanos
 Referencia ao hábito que Maria usará no desfecho

4. Cena VII
 Quem vai para Lisboa: Manuel, Maria e Telmo
Madalena e Frei Jorge ficam em Almada

5. Cena VIII
 Madalena: diz que foi em exemplo de fé – “morrer longe um do outro, sós,
sós!” (indício do que do que irá acontecer)
6. Cena XI
 Madalena (a criada) vai infirmar Frei Jorge e Madalena de que à porta um
senhor que diz ter um recado para Madalena.
- “Muito velho, e com umas barbas!”
“O recado que traz, diz que o outrem não dará senão a vás, e que muto vos
importa sabê-lo”

7. Cena XIV – romeiro = peregrino


 D. João de Portugal aparece como Romeiro, a dar a notícia de que D. João
ainda se encontra vivo! Diz que já não tem família. E, que os mais chegados
contaram com a sua morte e fizeram a sua felicidade (D. Madalena). Não o
conhecem. Amigos têm um, com o qual pode contar – Telmo. Esta velho e
mudado do que foi!
Jurou que, na data de tano cumprido, estaria ali, diante de Madalena.
 Recado – no dia em que faz 21 anos da Batalha de Alcácer Quibir – 7de
procura, 14 de casamento
 Reconhecimento – quando Frei Jorge lhe pergunta se é o mesmo homem
que está no retratal quando era novo.

8. Cena XV
 Frei Jorge pergunta quem ele é
 O romeiro responde: “- Ninguém!”

Autoanulação do sujeito – bom neste contexto
ATO III
- Didascália
 Espaço: Parte Baixa do Palácio de D. João de Portugal
 Tempo: alta noite (tarde)

1. Cena V – Telmo e Romeiro


 Telmo: ou aceita Maria ou aceita D. João de Portugal
 Telmo: “Que há aqui um anjo” – (Maria)
 Romeiro (D. João) diz que foi injusto e imprudente, duro, e cruel
D. João morreu no dia em que D. Madalena anunciou a sua morte – “Na
hora em que acreditou na mina morte, eu morri”
 Romeiro pede a Telmo que diga a Madalena que ele falou, com um Romeiro,
para que ela não posse pela vergonha de o ex-marido estar ainda vivo,
depois de ela própria anunciar o contrário

2. Cena X

Você também pode gostar