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Crónica de D.

João I
Fernão Lopes
Quem foi Fernão Lopes?
Foi escrivão e cronista oficial do reino de Portugal e o 4. ° guarda-mor da Torre do
Tombo. De origem plebeia, pelos serviços prestados à Coroa, recebeu carta de nobreza.
Distinguiu-se dos seus antecessores, dando grande importância à análise crítica da
História e à comprovação documental dos eventos, buscando relatar os factos como eles
ocorreram, com verdade e objetividade, corrigindo as opiniões parciais, os exageros
retóricos e as lendas. De uma forma inovadora, mostrou o povo como um importante
agente da História. Por isso, é considerado um renovador do género da crónica histórica
e o fundador da historiografia portuguesa.
A data de sua morte é incerta, mas consta-se que terá morrido com cerca de 80 anos de
idade. Das crónicas que escreveu sobre a história de Portugal restam-nos apenas três
identificadas com segurança: a Crónica de D. Pedro, a Crónica de D. Fernando e a
Crónica de D. João I. Fernão Lopes forma-se num contexto próximo a acontecimentos
que se faziam recentes na memória dos portugueses, como a Crise de 1383-1385 e a
Batalha de Aljubarrota (1385), o que lhe permitiu entrar em contacto com testemunhos
dos acontecimentos, sendo estes eventos relatados na sua obra de 1443, Crónica de D.
João I.

Género de texto - Crónica medieval - textos em que se registam acontecimentos


históricos por ordem cronológica.

Características inovadoras de Fernão Lopes


• Articulação entre a compilação de fontes e a investigação original e crítica;
• Dimensão interpretativa e estética;
• Visão global e integradora de várias perspetivas.

Afirmação da consciência coletiva


 Manifestação de sentimentos de pertença a um grupo – a nação – assente no
reconhecimento da autonomia política;
 Ação popular coesa na defesa da independência nacional face a Castela e no
apoio ao Mestre de Avis;
 Valorização da «terra», da identidade nacional e da vontade popular em
detrimento da sucessão dinástica;
 Demonstração de coragem, altruísmo e patriotismo durante a guerra civil com
Castela e o cerco de Lisboa.

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Estilo
• Objetividade presente no rigor da pormenorização (cf. Descrições pormenorizadas
com valor descritivo e informativo).
• Subjetividade: presente na apreciação crítica e emotiva dos factos relatados
(interrogação retórica, frase exclamativa). “pensa alto, comenta, interpela”
• Conjugação de planos – planos gerais (focalização da cidade e dos atores coletivos que
nela intervêm) e planos de pormenor (incidência em grupos de personagens e/ou
situações particulares).
• Visualismo – recursos (comparação, personificação, enumeração, hipérbole) e
vocábulos que marcam o sensorialismo da linguagem (atos de ver e ouvir). Uso da
técnica da reportagem: o leitor "vê" e "sente" os acontecimentos, está no centro da ação.
• Coloquialismo – recursos expressivos (interrogação retórica, apóstrofe) e interpelação
do interlocutor, recorrendo à 2ª pessoa do plural.
• Dinamismo – recriação dos acontecimentos de forma dinâmica.
• Uso do discurso direto e indireto, misturados, com períodos longos e curtos e
alternados.

Pajem do Mestre

Individu Álvaro Pais


Leonor Teles

ais Conde Andeiro


D.João, Mestre de
Avis

Atores (figuras históricas) D.João I, rei de


Castela

Coletiv Povo
os
Síntese da obra
• Glorificação da memória de D. João I;
• Construção dos pilares da consciência nacional, através da criação de uma tradição
histórica legitimadora, mediante a elaboração da História de Portugal desde os
primórdios da humanidade;
• Narração do reinado de D. João I, desde a sua aclamação (depois da morte do Conde
Andeiro) até ao estabelecimento da paz com Castela;
•Afirmação de D. João como Regedor e Defensor do reino e, posteriormente, como rei;

2
•Manifestação da coragem, do espírito de sacrifício e dos sentimentos de patriotismo da
população durante a Guerra Civil com Castela.

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