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Os Lusíadas, de Luís de Camões

Páginas de revisão
A epopeia: natureza e estrutura da obra
• origem na Antiguidade Clássica (Ilíada e Odisseia, de Homero, e Eneida, de Virgílio)

• ação inteira e completa de uma narrativa heroica, num tom elevado e majestoso

• multiplicidade de ações grandiosas

• feitos heroicos, históricos, individuais, coletivos, reais, lendários ou mitológicos

• diversidade de episódios

Mural dos ARM Collective, Lisboa, Avenida da Índia, 2013 (pormenor)


A epopeia: natureza e estrutura da obra
Estrutura externa Estrutura interna
• 10 cantos com um número variável de estrofes • Proposição (canto I, est. 1-3)

• 1102 estâncias em oitavas de versos • Invocação (canto I, est. 4-5)


decassilábicos
• Dedicatória (canto I, est. 6-18)
• esquema rimático: abababcc, rima cruzada nos
seis primeiros versos e emparelhada nos dois • Narração in medias res (canto I, est. 19 até ao fim)
últimos
Os quatro planos
• Alterna com o plano da mitologia. Confere unidade de ação ao texto. Consiste na
Viagem narração in medias res da viagem de Vasco da Gama até à Índia.

• Encaixado no plano da viagem como pretexto para enaltecimento do povo português.


História de
Os feitos históricos surgem narrados em analepse – Vasco da Gama (cantos III e IV) e
Portugal
Paulo da Gama (canto VIII) – e em prolepse – Adamastor (canto V) e Tétis (canto X)

• Alterna com o plano da viagem. Contribui para a mitificação dos portugueses, que
Mitologia conseguem vencer os deuses e que, na Ilha dos Amores, alcançam o prémio supremo,
a imortalidade.

• Quase sempre no final dos cantos, constituem o momento em que o Poeta se


Reflexões do manifesta criticamente, expressa a sua opinião, faz reflexões, emite juízos de valor,
Poeta profere lamentos, desabafos e exortações. Esses versos correspondem a divagações
em tom crítico e didático.
Matéria épica: feitos históricos e viagem
• Núcleo da ação: viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia  superação de obstáculos e recompensa
pelo heroísmo

• Início da narrativa in medias res  I, 19  No oceano Índico, na costa ocidental africana.

• partida de Belém e episódio do Velho do Restelo


• os episódios do Fogo de Santelmo e da Tromba Marítima  fenómenos naturais,
Viagem adversidades
• o Gigante Adamastor, episódio simbólico  o medo do desconhecido
• o episódio da Tempestade  último grande perigo antes da chegada à Índia

• narrativa da Histórica de Portugal por Vasco da Gama ao rei de Melinde


Feitos • engrandecimento dos monarcas portugueses e de figuras históricas
históricos • explicação das figuras representadas nas bandeiras da nau de Paulo da Gama
Sublimidade do canto
• estilo sublime  necessidade de uma Invocação para um canto superior, sublime, “grandíloco”:

• vocabulário erudito

• sintaxe complexa, latinizante (inversão da ordem sintática)

• recursos expressivos

• presença de elementos mitológicos e sua simbologia


Mitificação do herói
• Superação dos feitos dos heróis da Antiguidade Clássica

• elevação dos marinheiros à condição de deuses, como prémio pela sua ousadia e coragem  Ilha dos Amores

• o ser humano, “bicho da terra tão pequeno”, enfrenta os perigos do desconhecido, “por mares nunca dantes
navegados”, com audácia

• transcendência da condição humana, através da superação dos obstáculos naturais e do próprio medo

recompensa:

A Ilha dos Amores  os marinheiros ascendem ao patamar das divindades e Vasco da Gama conhece a Máquina do
Mundo, representação em miniatura do universo, pela mão de Tétis
Reflexões do Poeta
Canto I (ests. 105 e 106) O Poeta alerta para os “Grandes e gravíssimos perigos” que os portugueses irão
enfrentar na viagem (ciladas, guerras, tempestades), refletindo sobre a insegurança e
a fragilidade da vida humana – “bicho da terra tão pequeno”
Canto V (ests. 92 a 100) Camões critica a falta de interesse pelas artes e pelas letras por parte dos seus
compatriotas e alerta para a necessidade de imortalizar os feitos dos portugueses
Canto VII (ests. 78 a 87) O Poeta lamenta-se pelos infortúnios sofridos e pelo não reconhecimento do seu
mérito, facto inviabilizador do incentivo a futuros escritores
Canto VIII (ests. 96 a 99) O Poeta reflete sobre o poder do dinheiro, que tudo corrompe e “a tudo nos obriga”
Canto IX (ests. 88 a 95) O sentido alegórico da Ilha dos Amores e a advertência aos portugueses contra a
cobiça, a tirania e a ambição, porque “essas honras vãs” não dão verdadeiro valor
aos homens
Canto X (ests. 145 a 156) Camões lamenta a decadência da pátria, “que está metida [...] / No gosto da cobiça e
na rudeza”, e incentiva o rei, D. Sebastião, a continuar a expansão marítima,
disponibilizando-se para servir a pátria pelas armas e pelas letras

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