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Apresentação Oral de Português

Introdução

A obra que hoje vou apresentar é o “Sermão de Santo António aos peixes” de Padre António
Vieira, relembrando o Exórdio, para uma melhor precessão, e focando-me, posteriormente no
Capítulo IV, onde são feitas as Repreensões em Geral aos peixes.

O motivo pelo qual decidi escolher este tema consiste no facto de considerar que o seu
conteúdo é bastante abrangente no sentido em que até aos dias de hoje continua a ser
necessário alertar o homem para as atitudes que tem em relação a terceiros, sendo, por isso,
uma obra atual.

Desenvolvimento

Então, na introdução do sermão, ou seja no Exórdio (Capitulo I), é-nos primeiramente


apresentada a frase “Vós sois o sal da Terra”, à qual damos o nome de conceito predicável.

O conceito predicável é um processo retórico característico da oratória barroca, que consiste


numa passagem bíblica que serve de tema a ser desenvolvido de acordo com a intenção e
objetivo do autor, estando relacionado, neste caso, com o efeito que a pregação produz nos
homens, dado que o “Vós” se refere aos oradores, o “sal” à doutrina, uma vez que esta
substância é o que faz impedir a deterioração dos alimentos, sendo assim utilizada de forma
metafórica e a “terra” aos homens, especificando-se até nos colonos.

Padre António Vieira utiliza, desta forma, o conceito predicável para mostrar a frustração que
sente relativamente à falta de interesse dos homens no que diz respeito às tentativas de
aprendizagem, questionando-se se o problema está, de facto, neles ou em quem aplica a
doutrina.

Posto isto, o orador expõe-nos, posteriormente, a razão pela qual opta por pregar aos peixes
ao invés de fazê-lo ao homem, sendo ela, por isso, o facto de não ser escutado pelos mesmos e
seguindo assim o exemplo de Santo António e honrando também o seu dia, visto que a data
era 13 de julho – Dia de Santo António. Para tal, faz uso da alegoria, atribuindo aos peixes
qualidades que este não encontra nos homens e criticando-os quando encontrados os mesmos
defeitos, tendo assim como objetivo condenar a corrupção existente na terra e a exploração
que é feita aos mais fragilizados, como, por exemplo, os indígenas, dado que este era um
grande defensor dos mesmos.

Relativamente às Repreensões aos Peixes em Geral (Capítulo IV), Padre António Vieira inicia a
sua enumeração de críticas referindo que os peixes se comem uns aos outros, sendo mais
ultrajante ainda o facto dos grandes comerem os mais pequenos, o que o leva de imediato a
relacionar tal atitude com a do homem.
Ao querer deixar claro o desagrado que quer transmitir, o pregador diz aos peixes para estes
não olharem para a floresta, visto que assim pensariam que o orador se estaria a referir aos
Tapuias, indígenas que têm como ritual funerário o devorar dos restos mortais dos seus
companheiros tribais, mas sim para a cidade, onde acontece de facto a verdadeira matança.
Com isto, Padre António Vieira pretende dizer que os homens tentam ao máximo tirar
vantagens, maior parte das vezes, à custa do sofrimento dos outros, pois, para além do
aproveitamento que paira sobre pessoas já mortas, sendo exemplo disso, os herdeiros e
testamenteiros, também tal acontece com quem ainda é vivo, dando o exemplo dos
criminosos, os quais têm à sua volta vários indivíduos que lucram com a sua ruína, e ainda,
para acentuar a sua repulsa, menciona os indígenas, os quais são explorados constantemente,
comparando-os até ao pão dos colonos, visto que, para Padre António Vieira, o pão é algo que
todos os dias se come.

O defeito que é seguidamente apontado reside na ignorância e cegueira dos peixes, explicando
que é lastimável o facto de estes perderem a vida por um simples pedaço de pano, ou seja, o
isco que é colocado no anzol, porém, garante aos peixes que tal situação se iguala ao que se
sucede com os homens, apresentando dois exemplos, um que não engloba o Maranhão e
outro que o descreve em particular.

No que toca ao primeiro, o pregador toma como referência as guerras, afirmando que o
homem ignorantemente se deixa enganar por outrem, partindo, desta forma, para conflitos
armados que os deixam sem vida, pois, para além da ignorância, a vaidade também constitui
algo que os motiva, uma vez que ambicionam a aquisição de hábitos e de bons cargos sociais.

Em relação ao segundo, Padre António Vieira descreve como, novamente, por pura ignorância
e vaidade, habitantes do Maranhão ficam em ruína, chegando até à morte, devido à falta de
recursos, por, todos os anos, se deixarem enganar por um comerciante português que lhes
vende tecidos a preços exorbitantes, sendo estes, na realidade, muito inferiores relativamente
à descrição que foi feita.

Conclusão

Para concluir, podemos observar, através desta obra, que a razão que foi atribuída ao homem
não é, de forma geral, utilizada pelo mesmo, visto que conseguimos verificar atitudes quase
tão absurdas como as dos peixes, continuando até, algumas delas, a serem atuais. Desta
forma, considero importante que conteúdos como estes sejam divulgados e escutados para
que progressivamente deixemos de reconhecer a realidade que é aqui descrita.

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