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Grupo I
Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.
Parte A
Lê o texto.
O tempo sujo
1 Interpreta a comparação presente na primeira estrofe, atendendo aos sentimentos referidos nos
versos 10 e 11.
Explicita dois dos sentimentos que justificam o ódio do sujeito poético a certos dias, fundamentando
a tua resposta com elementos textuais.
3 Seleciona a opção de resposta adequada para completar as afirmações abaixo apresentadas.
O carácter negativo dos dias referidos pelo sujeito poético é realçado, na última estrofe, por
meio da . O poema encerra com o reconhecimento, nessa mesma estrofe, da dimensão
de tais dias.
(A) metáfora ... repetitiva
(B) metáfora ... paradoxal
(C) perífrase ... paradoxal
(D) perífrase ... repetitiva
Parte B
Lê o excerto do Sermão de Santo António, de Padre António Vieira, e as notas.
A primeira coisa, que me desedifica1, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande
escândalo é este; mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão
que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos
comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os
5 pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande. Olhai como estranha isto Santo
Agostinho: Homines pravis, præversisque cupiditatibus facti sunt veluti pisces invicem se devorantes:
«Os homens com suas más, e perversas cobiças vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos
outros». Tão alheia coisa é, não só da razão, mas da mesma natureza, que sendo todos criados no
mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer.
1 Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer2 a fealdade deste escândalo, mostrou-
0 lho nos peixes; e eu que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o
vejais nos homens. Olhai, peixes, lá do mar para a terra. Não, não; não é isso o que vos digo. Vós
virais os olhos para os matos, e para o Sertão? Para cá, para cá; para a Cidade é que haveis de
olhar. Cuidais que só os Tapuias3 se comem uns aos outros; muito maior açougue é o de cá, muito
mais se comem os brancos. Vedes vós todo aquele bulir4, vedes todo aquele andar, vedes aquele
1 concorrer às praças, e cruzar as ruas; vedes aquele subir, e descer as calçadas, vedes aquele
5 entrar, e sair sem quietação, nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como
hão de comer, e como se hão de comer.
VIEIRA, Padre António, 2014. «Sermão de Santo António». In Obra Completa (Direção de José Eduardo Franco e
Pedro Calafate). Tomo II. Volume X (Sermões Hagiográficos I). Lisboa: Círculo de Leitores (pp. 149-155)
Testes por sequência
Letras em dia, Português, 12 .° ano • Teste 5
1. desedifica: escandaliza; 2. encarecer: aumentar; 3. Tapuias: tribo indígena do interior do Brasil que comia os seus mortos em rituais funerários;
4. bulir: mexer; trabalhar (na linguagem coloquial).
5 Explica de que modo a alegoria dos peixes contribui para a intenção persuasiva do sermão.
Sugestões de resolução
Letras em dia, Português, 12 .° ano
Parte C
7 Na obra dos poetas contemporâneos, tal como no Sermão de Santo António, de Padre António
Baseando-te na leitura dos textos apresentados nas Partes A e B, escreve uma breve exposição na
qual compares o modo como a realidade contemporânea é representada.
A tua exposição deve incluir:
– uma introdução ao tema;
– um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos em que a representação do contemporâneo
se aproxima;
– uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Testes por sequência
Letras em dia, Português, 12 .° ano • Teste 5
Grupo II
Lê o texto.
Um poema que foi lido apenas uma vez não foi lido vezes suficientes.
Normalmente, leem-se as notícias de jornal para adquirir a informação que contêm. Depois
de saber o que lá está escrito, esses textos perdem a sua utilidade, não faz sentido lê-los de
novo.
5 Os poemas são o contrário disso, os poemas não se leem apenas para saber o que está lá
escrito.
Um poema é um mecanismo. Quando o lemos, pomo-lo a funcionar. Ao contrário dos
relógios, o poema não funciona a corda ou a pilhas. Somos nós que lhe damos energia. Quanto
mais nos empenhamos nele, melhor funciona o poema. Essa é uma das razões pelas quais
1 devemos lê-lo várias vezes.
0 A cada leitura, o poema irá dar-nos mais poema. Nos grandes poemas, nos versos mais
ricos, é possível descobrir novos significados todos os dias. De certo modo, os nossos olhos
leitores também escrevem o poema. Ao interpretá-lo, revelam-no.
Por isso, a poesia é uma atividade eminentemente humana: um ser humano comunica com
outro ser humano através de uma matéria criada ao longo de inúmeras gerações, as palavras.
1 Fruto de uma evolução que ainda não terminou, as palavras tentam dar forma àquilo que, tantas
5 vezes, é invisível e informe. Entre outras coisas, a poesia é a combinação precisa de palavras, a
sinergia que nasce desse encontro, a explosão de reflexos que sugere.
Muitas vezes, no entanto, essa representação humana tenta decifrar as leis e as razões
da natureza, aspira a ser natureza. Então, como num paradoxo que se transforma de repente
em epifania, percebemos que o humano aspira à natureza porque essa é a sua origem, esse é o
2 centro mais profundo de si próprio.
0 O tamanho dessa procura é a história da poesia. Ao longo de séculos, o seu caminho tem
sido o de uma liberdade crescente. Recusando as ideias em que o quiseram fechar tantas
vezes, o poema tem-se reinventado sempre.
De certo modo, o poema pergunta sempre: quem sou? A resposta que encontra é dada por
cada um de nós, ao lê-lo. Pode dar-se o caso de, a cada leitura, encontrarmos uma resposta
2 diferente. É também assim com a vida, com aquilo que nos acontece. Não é raro tirarmos
5 conclusões novas de algo que já nos aconteceu muitas vezes.
O poema é uma experiência. No entanto, experiência não é o que nos acontece, é o que
aprendemos daquilo que nos acontece.
PEIXOTO, José Luís, 2017. «Os poemas que nos acontecem». In SILVA, Pedro, et alii.
Outras Expressões 12. Porto: Porto Editora (p. 194)
Sugestões de resolução
Letras em dia, Português, 12 .° ano
Testes por sequência
Letras em dia, Português, 12 .° ano • Teste 5
Grupo III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, faz a apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Anne Derenne.
O teu texto deve incluir:
– a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
– um comentário crítico, fundamentando devidamente a tua apreciação e utilizando um discurso
valorativo;
– uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos.
Anne Derenne
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
Cotações
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 104
16 16 8 16 16 16 16
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8
III Item único 40
Testes por sequência
Letras em dia, Português, 12 .° ano • Teste 5
Total 200
Sugestões de resolução
Letras em dia, Português, 12 .° ano
Parte C
Escrita • Escrever uma exposição,
respeitando as marcas de género.
7. 16 pontos
1. 8 pontos
• Ler textos de diferentes graus
de complexidade argumentativa:
2. 8 pontos
artigo de opinião.
Resposta pessoal.