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Passaram-se semanas após a partida de Mª Eduarda para França.

Entretanto saiu na “Gazeta


Ilustrada “a notícia acerca da partida de Carlos e Ega numa longa viagem pelo mundo: Londres,
Nova York, China, Japão. Ega regressou um ano e meio depois desta viagem, informando que
Carlos tinha ficado em Paris, onde alugara um apartamento e de onde não desejava regressar,
tendo perdido o interesse por Portugal. Entretanto Ega revelou o seu propósito de escrever um
livro com o título “Jornadas de Ásia “.
Dez anos depois Carlos visita Lisboa, regressando da sua longa viagem. Carlos não tem
intenções de se demorar muito tempo, querendo apenas tratar de alguns assuntos e matar
saudades dos amigos. Dez anos depois Carlos visita Lisboa, regressando da sua longa viagem.
Carlos não tem intenções de permanecer em Portugal por muito tempo, querendo apenas
tratar de alguns assuntos e matar saudades com os amigos.

Carlos almoça com Ega no hotel Bragança. Ega conta, então as últimas novidades: a sua mãe
morrera tendo-lhe deixado uma boa herança; apareceram então poeta Alencar e o maestro
Cruges, Alencar tinha a seu cuidado uma sobrinha que tinha ficado sem mãe e Cruges
escrevera uma ópera cómica a “Flor de Granada”, que lhe valera o merecido reconhecimento.
Por fim separam-se após Carlos os ter convidado para um jantar.

Entretanto Ega e Carlos vão visitar o Ramalhete, passaram pelo Largo do Loreto e Carlos
espanta-se com o facto de nada ter mudado.” Estavam no Loreto; e Carlos parara olhando,
reentrando na intimidade daquele velho coração da capital. Nada mudara.” Ao descerem o
Chiado, Carlos tem a mesma impressão pois ás portas dos cafés encontram-se as mesmas
pessoas de a dez anos atras com o seu ar triste e melancólico.” Foram descendo o Chiado. E
Carlos reconhecia, encostados ás mesmas portas, sujeitos que lá deixara havia dez anos”

Pelo caminho cruzaram-se com o Dâmaso que se casara com a filha dos condes de Águeda,
uma gente arruinada. Dâmaso sustentava a família e alem disso a sua mulher traia-o.
Passaram também em frente do consultório de Carlos e reviveram momentos do passado
quando se instalaram em Lisboa
A certa altura viram passar uma vitória com duas éguas inglesas, que trazia um rapaz loiro, com
um aspeto delicado. Carlos não o reconheceu e Ega lembrou-lhe que era Charlie, o filho de
madame Gouvarinho, seu antigo doente. Depararam ainda com Eusebiozinho, que subia a
avenida, de braço dado com uma mulher muito forte. Ele tinha sido obrigado a casar com essa
mulher, porque o pai dela, dono de um prego, os tinha apanhado num encontro. Eusebiozinho
tinha um aspeto ainda mais triste e molengão e dizia-se que a mulher lhe batia.

Apanharam depois uma tipóia para o Ramalhete. O procurador Vilaça já os esperava à porta do
Ramalhete e apresentou-lhes o jardineiro que ali vivia com a mulher e o filho, guardando o
casarão.
Os dois amigos percorreram então a casa, passando pelas diversas salas, onde se guardavam os
móveis e outros objetos trazidos da Toca. Entraram emocionados no escritório de Afonso, onde
romperam em espirros, devido a um pó que Vilaça colocara sobre os móveis e os lençóis que os
tapavam. Alguns móveis já estavam preparados para serem levados para Paris, onde Carlos
fixara a sua morada. Sentaram-se no terraço e observaram o jardim, que tinha um aspeto
melancólico, simbolizando a decadência da família, com a estátua de Vénus coberta de alguma
ferrugem, o pranto da cascata e o cipreste e o cedro envelhecendo juntos, “como dois amigos
num ermo “.
A propósito de Maria Eduarda, Carlos comunicou então ao amigo a notícia de que ela ia casar,
numa resolução de encarar a velhice com o apoio de um homem de bem e que tinha afinidades
com ela.
Já no quarto de Carlos, revendo a sua mocidade, os dois concluíram que ambos tinham falhado
na vida, não tendo levado por diante os seus projetos. Carlos refletiu que só tinha vivido dois
anos naquela casa, mas que era ali que estava toda a sua vida. Ega não se admirou, porque fora
nesses dois anos que Carlos viveu uma paixão. Esta era uma ideia de românticos, mas Ega
reconheceu que afinal todas as criaturas são românticas, governando-se pelo sentimento mais
do que pela razão.” - É curioso! Só vivi dois anos nesta casa, e é nela que me parece estar metida
a minha vida inteira! Ega não se admirava. Só ali, no ramalhete, ele vivera realmente daquilo
que dá sabor e relevo é vida- a paixão”
Por fim decidiram aceitar a teoria sobre a vida chamada “fatalismo muçulmano” que consistia
em não ter ambições nem esperanças e tudo aceitar com a consciência acerca de não se ter
qualquer controlo sobre a vida
.
Com este final o leitor fica certamente desencantado pois este nos aponta para uma situação de
desistência nas personagens e de crise no país, já tão familiar aos portugueses.

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