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A criança e a cidade
Participação infantil na
construção de políticas públicas
Levindo Diniz Carvalho
Luciana Maciel Bizzotto (Org.)
A criança e a cidade
Participação infantil na
construção de políticas públicas
Levindo Diniz Carvalho
Luciana Maciel Bizzotto
ORGANIZADORES
Este material foi produzido no contexto do curso de extensão “A criança e a
cidade: participação infantil da construção de políticas públicas”, realizado em
2022 pelo Núcleo de Estudo e Pesquisas sobre a Infância e a Educação Infantil
– NEPEI, com o apoio do grupo Territórios Educação Integral e Cidadania –
TEIA, ambos da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas
Gerais – FaE/ UFMG.
Formadores: Colaboradores:
Aline Regina Gomes Cibele Noronha de Carvalho
Maria Fernanda Arias Godoy Eugênia da Silva Pereira
Mara Catarina Evaristo Fábio Accardo de Freitas
C928 A criança e a cidade: participação infantil na construção de políticas Kassiane dos Santos Oliveira
2022 públicas / Organizadores: Levindo Diniz Carvalho, Luciana Maciel Túlio Campos Ilustrações:
Bizzotto. – [Belo Horizonte]: UFMG/FaE/NEPEI/TEIA, [2022]. Mariana Cabral
257 p., il., color. Tutores:
Antônio Marcos de Sousa Barbosa Miranda Identidade visual e
ISBN: 978-65-88446-22-5 (e-book). Charllane Synara Assis dos Santos Webdesign:
Inclui bibliografias. Gustavo Eleutério Pena Micrópolis
Jéssica Sapore de Aguiar
1. Infância. 2. Políticas públicas. 3. Direitos das crianças. 4. Larissa Maria Santos Altemar Desenvolvimento web:
Educação de crianças.
Lucas Rocha de Brito Rodrigues Ian Godoi
I. Título. II. Carvalho, Levindo Diniz, 1978-. III. Bizzotto, Luciana
Talita Gabriela de Oliveira Ribeiro
Maciel.
Virgínia Souza Oliveira Agradecimentos:
Adriana Torres Máximo Monteiro
CDD- 320.6 Bolsistas de Graduação: Áurea Carolina
Catalogação da Fonte : Biblioteca da FaE/UFMG (Setor de referência) Ana Júlia Lopes Souza Danúbia Gardênia
Bibliotecário: Albert Torres CRB6 2582 Camila Trigo Matos Isabella Gregory
(Atenção: É proibida a alteração no conteúdo, na forma
e na diagramação gráfica da ficha catalográfica.) Gabriel Fonseca Fischer Kassiane dos Santos Oliveira
Júlia Ribeiro Tamietti Lúcia Helena Alvarez Leite
Késia Cristina Matos da Silva Mara Catarina Evaristo
Lariane Fátima Spinula Mônica Correia Baptista
Roberto Andrés
Secretaria: Rômulo Silva
Coordenação editorial: Levindo Diniz Carvalho e Luciana Maciel Bizzotto
Aline de Oliveira Chagas Sandro Vinicius Sales dos Santos
Revisão: Maria Cristina Soares de Gouvêa Sílvia Maria de Miranda Túlio Campos
Revisão e normalização: Olívia Almeida
Imagem de capa: Mariana Cabral Suporte tecnológico:
Micrópolis Cirdes Lopes de Oliveira
A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
29 Direitos das crianças: o marco legal 140 Como as crianças participam da vida social
e política?
45 As políticas públicas para a infância
157 Como escutar as crianças?
54 O direito das crianças à cidade
176 Gostou do assunto e quer saber mais?
59 Gostou do assunto e quer saber mais?
180 Referências
63 Referências
80 Onde estão as crianças nas cidades? 218 Como a cidade pode cuidar das crianças?
8 9
Este material foi elaborado para o curso de
aperfeiçoamento que compõe o projeto
realizado pelo Núcleo de Estudo e Pesquisas
sobre a Infância e a Educação Infantil –
NEPEI, com o apoio do grupo Territórios
Educação Integral e Cidadania – TEIA, ambos
da Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Minas Gerais – FaE/UFMG. O
projeto nasce do pressuposto de que as
crianças são atores sociais, sujeitos históricos
e de direitos, entretanto são pouco ouvidas na
formulação de políticas a elas destinadas.
A criança
e dos direitos das crianças. A proposta foi de
colocar em diálogo educadores, gestores e
técnicos dos campos da Educação, Assistência
8 9
Como ler este material:
Ao longo do texto, você encontrará hiperlinks Para uma melhor experiência de leitura deste
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políticas
Direitos das crianças: o marco legal
As políticas públicas para a infância
Cibele Noronha de Carvalho O direito das crianças à cidade
13
Infâncias, direitos e políticas
Bansky, Policeman
Searching Girl,
Londres, 2007.
Imagem disponível
no site de Bansky.
Cláudia Jaguaribe,
Mariana e amiga, 2010.
Imagem disponível no
site de Claudia Jaguaribe.
14 15
A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
Como você se sentiu ao ver essas imagens? Porém, para atingir os nossos objetivos,
Comovido? Indignado? Incomodado? basta observarmos que a escola e a casa são
Indiferente? Imagina por que se sentiu assim? na atualidade os lugares onde as crianças
passam a maior parte de seu tempo. Por isso,
Nossa reação diante de imagens como essas
é uma manifestação do que historiadores da espaço doméstico e as instituições educativas
infância apontam como uma nova fronteira seriam os únicos espaços realmente infantis,
entre gerações traçada pelo mundo moderno enquanto a rua seria um lugar inadequado
ocidental -
tos, as informações e as atividades compreen- para circular desacompanhado. Com isso,
didas como infantis. Nesse processo, o espaço as atividades infantis, que antes aconteciam
público da rua, onde reuniões e decisões cole- ao ar livre, em grupos de diferentes idades
tivas da vida em sociedade acontecem, passou e longe do olhar adulto, se tornaram mais
a ser atribuído aos homens adultos, sendo o supervisionadas, sendo o contato entre os
espaço doméstico da casa, onde se realizam pares reduzido a relações entre crianças
as atividades de cuidado para a sobrevivência agrupadas por idade em instituições escolares
e as decisões individuais sobre a família, ou sociais.
destinado a proteger as mulheres e as
crianças. Paralelamente, surgiram as escolas,
que se encarregaram da formação preparató-
ria para a vida adulta, social e produtiva,
separando as crianças das atividades laborais
e de outros assuntos e vivências, como aqueles
relacionados à violência e ao sexo.
Especialistas e ativistas têm alertado para as participação das crianças, como o direito ao
inúmeras, diversas e graves consequências acesso às informações que lhes dizem respeito,
decorrentes dessa situação. Mas, neste o direito à organização coletiva e, até mesmo, à
material, gostaríamos de chamar atenção mobilização para pressionar as autoridades na
para um aspecto para o qual pouco destaque defesa de seus interesses.
é dado: o fato de que a ausência de meninos
e meninas no espaço público produz a Veja a seguir algumas experiências interessan-
invisibilidade social das crianças. Nem tes do exercício da cidadania na infância:
eleitoras, nem contribuintes, as crianças foram
– e continuam sendo – privadas do direito à
participação social e política, o que muitas
As cartas
vezes impede que instituições, governantes
das crianças da
e agentes sociais levem em consideração os Maré: “Não gosto
impactos que as decisões políticas podem ter do helicóptero
porque ele atira
sobre suas vidas. e as pessoas
morrem”. El País,
14 ago. 2019.
Qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça
quando você pensa em participação social e
política? Eleições? Pois bem, no senso comum,
a participação social e política é imaginada
como algo a se realizar na vida adulta, sendo
necessária uma longa preparação até que
esse direito seja adquirido. Você pode estar
pensando, “Ah, mas, é claro, as crianças não
podem votar”, e não vamos aqui refutar esse
argumento. Mas o que estamos propondo é que
a cidadania não seja associada exclusivamente
ao exercício do voto. Ao contrário, convidamos
você a imaginar diversas formas possíveis de
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A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
Crianças
que citaram
Paulo Freire
Sem Terrinhas
em protesto
cobram mais atenção
conseguem
às escolas do campo,
mais tempo de
no Rio. Brasil de Fato,
recreio. Correio
1 nov. 2017.
Braziliense,
1 out. 2021.
Carta de um menino
negro da Escola
Integrada à sua
professora. Acervo
pessoal de Mara
Evaristo, 2022.
20 21
A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
O que você pensa sobre esses exemplos? estado do Espírito Santo. Através de um
Conhece outras iniciativas assim? telefone de lata, elas falam sobre práticas
A fala de Clarice Cohn nos mostra que aquilo de trabalho infantil e 1,6 milhão de crianças
que geralmente consideramos infância – ou
seja, o período da vida para brincar, estudar e estar na escola.
ser protegido do mundo considerado adulto –
não corresponde às formas de vida de todas Infelizmente esses dados não são isolados,
as crianças. Aliás, sobre meninos e meninas
que vivem outras infâncias, costuma-se dizer
- experimentada na região a partir do século
ção, ainda que preocupada com a violação XXI, em 2016, a cada 100 crianças com menos
de direitos, nega a riqueza e a complexidade de 15 anos, 47 viviam em situação de pobreza,
das experiências infantis. Não é porque essas sendo que 17 delas se encontravam em situ-
crianças não correspondem a uma imagem ação de pobreza extrema, como mostra um
idealizada que podemos dizer que elas não estudo realizado pela Comissão Econômica
têm infância.
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A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
Embora as desigualdades que recaem sobre a indígenas que vivem nas regiões Norte e
infância brasileira sejam históricas e persisten-
tes, diversas pesquisas têm apontado para o de renda, em comparação com brancos das
agravamento da situação durante a pandemia, demais regiões do País, chegando a pobreza
monetária infantil a dobrar no primeiro grupo
abandono escolar, o recuo nas matrículas em em relação ao segundo. Esses dados são
creches, a estagnação da taxa de mortalidade preocupantes porque a pobreza e as múltiplas
privações (à educação, saúde, informação,
número de crianças abaixo de 5 anos desnu-
Por isso, a construção de políticas públicas A infância não foi inventada em uma
que tenham por objetivo garantir os direitos
A construção da ideia de infância, como
reconhece a diversidade cultural e as desigual- pensamos hoje, foi uma obra coletiva de
dades sociais (econômicas, culturais, raciais, adultos e crianças que começou há séculos
atrás, sofreu avanços e recuos e, claro, ainda
brasileiro. Sobre esse tema, ouça a fala de não terminou. Um dos desdobramentos desse
Maria de Salete Silva, especialista em Políticas percurso foi o reconhecimento da criança
Públicas para a Infância: como um sujeito de direitos, processo que
implicou no surgimento de uma série de
marcos legais, dentre os quais se destaca
a Convenção sobre os Direitos da Criança
M AT E R I A L
BÁS I CO
das crianças tenham surgido com esse
documento. Na verdade, eles são fruto de
um intenso debate que antecedeu a sua
aprovação e de conquistas que marcam esse
percurso histórico.
crianças e adolescentes
Clique aqui
para assistir Vídeo disponível no canal do YouTube do
ao vídeo. Instituto Arcor Brasil , 2021.
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A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
Apesar de a Convenção de 1989 não inaugurar (1) Direitos à provisão: Reúne os direitos
essa ideia de criança como sujeito de direitos, relativos aos recursos necessários para se
ela inovou, em relação aos documentos ante- garantir o desenvolvimento físico, mental,
cedentes, por sua extensão, por sua pretensão espiritual, moral e social adequado, incluindo
de abarcar diversas dimensões da vida infantil os direitos à alimentação, vestuário, moradia
e por reconhecer às pessoas menores de 18
anos todos os direitos e liberdades inscritos à educação, através do estabelecimento
na Declaração dos Direitos Humanos. Vale da obrigatoriedade do primário e da
lembrar que, na maior parte dos documentos acessibilidade dos níveis seguintes, do estímulo
anteriores, as crianças e os adolescentes eram à frequência e do combate à evasão escolar
reduzidos a objeto de proteção, que precisa-
vam ser tutelados pelos adultos, principalmen-
te pelos pais. Isso porque os “menores”, como
frequentemente eram chamados, eram con- (2) Direitos à proteção: Diz respeito à
siderados responsabilidade de suas famílias,
cabendo aos governos apenas intervenções desenvolvimento e aos direitos à proteção
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A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
(3) Direitos à participação: São aqueles que (1) Princípio da não discriminação:
garantem às crianças e aos adolescentes o Estabelece que todos os direitos devem ser
direito à liberdade de expressão, de manifes- garantidos, independentemente de gênero,
tar sua opinião sobre questões que afetam raça, etnia, idioma, religião, posição eco-
nômica, opinião política ou nacionalidade.
de forma individual, mas também de forma Esse princípio se faz especialmente relevan-
te no contexto brasileiro, em que a negação
à participação, que é um dos pontos em que do acesso aos direitos das crianças atende
a Convenção dos Direitos da Criança de 1989 a critérios étnico-raciais, de classe social, de
avança em relação aos marcos anteriores,
falaremos mais nos módulos seguintes.
Curiosidade
expressas no estatuto, ressaltamos a institui- aqueles direitos que dizem respeito às espe-
ção da inimputabilidade penal de crianças e
jovens menores de 18 anos e a previsão da após essas importantes conquistas normativas,
criação de órgãos do sistema de garantia de -
direitos da criança no Brasil, que têm por sistem, o Brasil observa a diminuição da taxa
função acompanhar e efetivar as políticas de mortalidade infantil, o avanço no acesso das
para a infância, como: crianças e adolescentes à educação, além da
redução da exploração do trabalho infantil.
(1) Conselhos Tutelares: Constituídos por
membros eleitos da sociedade civil, são encar- Na sua área de atuação, houve avanços no
regados de acompanhar e eventualmente atendimento às crianças depois do ECA? Você
encaminhar à rede de proteção casos de
crianças e adolescentes em privação de na realidade nacional e/ou local?
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A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
(4) Políticas de defesa jurídica, vale destacar o Sistema de Garantia dos Di-
exigibilidade de direitos e garantia de
direitos no marco dos procedimentos criado, em 2006, para buscar a integração de
administrativos e judiciais: São incluídas aqui atores sociais, instâncias públicas governa-
as ações destinadas a garantir uma justiça mentais ou da sociedade civil que atuam para
adaptada a crianças e adolescentes. No Brasil, garantir os direitos humanos de crianças e
destaca-se a criação, em algumas cidades, adolescentes em todo o território brasileiro.
de Centros de Atendimento Integrado, que
A desarticulação entre atores, instituições
crianças vítimas de violências e possuem e níveis de governo não é um problema
exclusivo do Brasil, mas compartilhado por
de cuidado e de escuta da criança e do outros países latino-americanos, já que,
adolescente sobre os fatos ocorridos. historicamente, as políticas de assistência
social e educação se desenvolveram na região
Algumas dessas políticas, como o Progra- separadamente. Para evitar leis e instituições
duplicadas, além de iniciativas institucionais
Agricultura Familiar, articulado ao Programa fragmentadas, os governos latino-americanos
têm investido na criação de políticas
intersetoriais, ou seja, articulam mais de um suprainstitucionais, buscando maior sinergia
políticas das ações. São exemplos os programas Cero
intersetoriais respondem a uma concepção a Siempre na Colômbia, Chile Crece Contigo,
holística da criança, superando a fragmen- Estratégia Nacional Intersetorial para a
tação dos conhecimentos e a desarticulação Primeira Infância: Infância Plena no Equador, o
de instituições e agentes sociais para poten- Programa Uruguay Crece Contigo e o Sistema
cializar recursos, ações e resultados. Outras Rector Nacional para la Protección Integral
políticas foram desenhadas de modo a envol- de Niños, Niñas y Adolescentes na Venezuela.
ver diferentes entes federativos, e a própria (O tema da intersetorialidade será tratado de
modelo de
governança democrático e multinível. Aqui, Além da articulação dos diversos setores e
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A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
cultura da desconti-
nuidade das políticas públicas do país. Um
exemplo é a substituição do Bolsa Família,
maior programa condicionado de transferên-
cia de renda do mundo, pelo Auxílio Brasil.
Sobre esse tema, não deixe de ler abaixo a
entrevista com Rogério Veiga, realizada pelo
projeto Criança Livre de Trabalho Infantil.
Especialista em políticas públicas, Veiga tra-
balhou no Ministério da Educação, entre 2009
a 2011, e participou da equipe de formulação
e implementação do programa São Paulo
Carinhosa, voltado para políticas de primeira
infância da cidade de São Paulo.
Essa diminuição da sociabilidade das crianças em cada cinco vítimas entre 15 e 19 anos, faixa
nos espaços públicos faz parte de um proces- etária em que ocorre a maior parte das mortes.
so relacionado a uma concepção individualista
de cidade, que priorizou o deslocamento por
carros, alargando progressivamente as ruas,
reduzindo as calçadas e tornando as cidades
mais perigosas para os pedestres, principal-
mente os de pouca idade. Para se ter uma
ideia, o trânsito é a principal causa de mortes
de crianças de 1 a 14 anos no Brasil, segundo
o site Criança Segura. Por isso, o espaço
urbano não deve ser pensado como um lugar
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A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
E essa situação está se agravando. Entre debate público sobre o planejamento urbano
2016 e 2020, o número anual de mortes a partir do projeto Cidade das Crianças. Essa
violentas de crianças com idade entre 0 e discussão teve seus desdobramentos na
4 anos aumentou 27%. Somente em 2020 legislação brasileira, como mostram as falas
das urbanistas Tainá de Paula e Irene Quintàns.
e adolescentes entre 10 a 19 anos como
decorrentes de intervenção policial, indicando
uma média de mais de duas mortes por dia no
M AT E R I A L
país. Esses dados evidenciam a centralidade BÁS I CO
da questão racial no debate sobre o direito das
crianças e adolescentes brasileiros à cidade.
PODCAST
SITE CINEMA
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A criança e a cidade
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A criança e a cidade Infâncias, direitos e políticas
ROSEMBERG, Fúlvia. A criança pequena na agenda de FUNDAÇÃO ABRINQ. Cenário da Infância e Adolescência
políticas para a infância: representações e tensões. In: no Brasil. 2021.
A Primeira Infância (0
. Madri: Fundação Santillana, 2009. UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância.
p. 49-62. Panorama da violência letal e sexual contra crianças e
adolescentes no Brasil. 2021.
ROSEMBERG, Fúlvia; MARIANO, Carmem Lúcia Sussel. A
convenção internacional sobre os direitos da criança: de- UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infân-
bates e tensões. Cadernos de pesquisa, v. 40, p. 693-728, cia. Pobreza Infantil Monetária no Brasil – Impactos
2010. da pandemia na renda de famílias com crianças e
adolescentes. 2022.
SARMENTO, Manuel Jacinto. Visibilidade social e estudo
da infância. In: VASCONCELOS, Vera Maria Ramos de; Alguns documentos do marco legal dos direitos da criança
SARMENTO, Manuel Jacinto. .
São Paulo: Junqueira & Marin Editores, 2007. p. 25-49. BRASIL. Decreto nº 17.943-A, de 12 de outubro de 1927.
Consolida as leis de assistência e proteção a menores.
SANTOS, Gevanilda. Da lei do ventre livre ao Estatuto da
Criança e do Adolescente: uma abordagem de interesse BRASIL. Código de Menores. Lei nº 6.697, de 10 de
da juventude negra. Boletim do Instituto de Saúde, n. 44, outubro de 1979.
p. 15-18, 2008.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº
SERTORIO, Henrique Nascimento. Crianças e adolescen- 8.069, de 13 de julho de 1990.
tes e o direito à cidade: cidadania ou violência? In: GÓES,
Djalma Lopes et al Criança, Adolescente e Racis- BRASIL. Plano Nacional da Primeira Infância. 2010
mo: 31 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente.
São Paulo: Casa Flutuante, 2022. p. 162-172. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988.
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A criança e a cidade
A criança
e a cidade
Maria Fernanda Arias Godoy
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A criança e a cidade A criança e a cidade
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A criança e a cidade A criança e a cidade
Fonte: Arquivo do
NEPEI, 2021.
Fonte: BIZZOTTO,
2022.
Fonte: COUTINHO,
2019.
Fonte: EntrImagens,
2020.
Por outro lado, as crianças das camadas médias advoga pelo desemparedamento da infância,
e superiores pouco usufruem dos espaços da conceito criado pela professora Lea Tiriba. Ela
cidade, que não foram pensados para as crian- nos alerta para a importância de oferecer possi-
ças. O lazer se reduz aos espaços privados ou bilidades para que as crianças se conectem com
a praças, nem sempre voltadas para o brincar a natureza e com os espaços livres de forma
infantil, e os deslocamentos se dão a partir de rotineira. Veja no vídeo abaixo como Lea Tiriba
carros que não promovem nenhuma interação apresenta a importância de “desemparedar” as
com a cidade. crianças na escola, permitindo que elas se rela-
cionem com os elementos do mundo natural.
Pensando no cotidiano da criança, geralmen-
te são as instituições de educação que retêm
as crianças por um maior tempo em espaços M AT E R I A L
fechados e supervisionadas, sendo em muitas BÁS I CO
escolas o acesso aos espaços livres bastante res-
trito. As experiências urbanas e com a natureza
não podem ser apartadas. Crianças precisam
de espaços livres onde possam correr, pular,
cair. Precisam de subir em árvores e pisar na
grama, entre outras importantes experiências
sensório-motoras. Porém, muitas vezes, essas
experiências são limitadas quando se substitui
Vídeo disponível no canal do YouTube
a grama e a areia dos parquinhos por materiais Clique aqui
para assistir do Instituto Alana, Programa Criança e
-
ao vídeo. Natureza, 2017.
tirando da criança toda a riqueza de exploração
do ambiente natural.
Uma iniciativa que lembra a importância da Leia também a reportagem sobre o desloca-
relação das crianças com os espaços livres e mento das crianças na cidade do Recife.
com os elementos naturais é o movimento que A reportagem, além de trazer entrevista a
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A criança e a cidade A criança e a cidade
As relações de gênero
forma como uma criança experimenta a vida
na cidade. Vemos que meninos, negros e
pobres são mais presentes desacompanhados
na cidade, especialmente no contexto de crise
contemporânea. Eles são também as vítimas
mais frequentes de violência urbana, sendo
constantemente criminalizados. No vídeo a
Clique aqui
Vídeo disponível no canal do YouTube da seguir, vejam como Zianna Oliphant, uma
para assistir
ao vídeo. Maria Farinha Filmes, 2021. menina negra de 9 anos, interrompeu uma
assembleia na cidade de Charlotte, nos Esta-
dos Unidos, palco de violentos protestos por
causa da morte de um homem negro por um
policial, manifestando-se sobre esse cenário
Será que todos e todas vivenciamos o de violência.
mesmo tipo de cidade? Será que ser menina
ou menino, ser negro ou branco, morar na
periferia ou num bairro central faz diferença
nas experiências das crianças? Sim, faz dife-
rença. Existem pesquisas em cidades brasilei-
ras que revelam como diferentes marcadores
sociais – principalmente gênero, raça e renda
M AT E R I A L
BÁS I CO
(8) Reduzir intencionalmente as velocidades, Você pode estar pensando: isto é muito
estabelecendo vias com velocidade máxima bonito no papel, mas como fazer? Veja a
reduzida e planejando o desenho delas de seguir uma série de experiências nacionais e
forma a favorecer tal comportamento. estrangeiras que nos ajudam a pensar uma
cidade para as crianças.
(9) Promover a arborização e o paisagismo,
que, além de promover o vínculo das crianças
com a natureza, favorece a qualidade do ar e
MATERIAL
temperaturas mais amenas. COMPLEMENTAR diseñadas para los niños
(10) Priorizar as crianças nas políticas O que faz que uma rua seja pensada – também –
públicas, lembrando que, para essa questão, para crianças? As cidades de Fortaleza e Bogotá
irrefutavelmente, é preciso a participação delas. transformaram algumas de suas ruas pensando no
bem-estar e na segurança das crianças, a partir da
prioridade da bicicleta, criando novos espaços públicos
e diminuindo o espaço do automóvel, entre outras
ações que promovem o encontro e o brincar.
Clique aqui para
ler a notícia. Reportagem disponível em La Network, 13 ago. 2020.
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A criança e a cidade A criança e a cidade
MATERIAL
COMPLEMENTAR
todo o processo. O projeto mais completo foi Nesse sentido, é de grande importância con-
siderar que o tempo das crianças é diferente
protagonismo das crianças da Escola Munici- do tempo das pessoas adultas. A educadora
pal Anne Frank e de outros grupos vulneráveis Maria Montessori, ao discutir sobre o “andar”,
da região.
e para uma meta, já a criança, nessa jornada,
tinha outros propósitos. Andar é contemplar, é
tocar, é explorar, é usar os cinco sentidos.
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A criança e a cidade A criança e a cidade
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BÁS I CO BÁS I CO
Clique aqui
para ler Reportagem de Tereza Novaes. TAB Uol, Clique aqui
a notícia. 5 jun. 2022. para assistir Coalición Unidos San Agustín Convive.
ao vídeo. Caracas, Venezuela, 2017.
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A criança e a cidade A criança e a cidade
Não perca, ainda, a série Jovens Exploradores, Em que as experiências das crianças desses
que conta a experiência de três crianças vídeos se diferenciam? Quais são os olhares
de até 6 anos. Tristam em Canarsie, Nova em comum entre elas?
Iorque, Estados Unidos, Lulu em Recife,
Pernambuco, Brasil e Ahaan em Pune, Índia, Além da caminhada, é necessário prever
exploram suas cidades a partir da caminhada. que os sistemas de transportes coletivo
Cair e levantar-se, andar de costas, recolher acolham as crianças e forneçam a elas e suas
uma folha seca do chão e cumprimentar os famílias viagens mais seguras e acessíveis.
vizinhos, faz parte do deslocamento para elas. Principalmente as crianças que moram
em áreas periféricas, mais distantes dos
equipamentos urbanos de cultura e lazer,
M AT E R I A L
BÁS I CO
cidades que impliquem longas distâncias,
tanto pelo preço da passagem como pela
própria frequência e cobertura das linhas de
transportes em alguns setores das cidades.
Pensar no acesso ao transporte das crianças
mais pequenas é também pensar em quem
cuida delas, criando igualmente condições
confortáveis e acessíveis para essas pessoas.
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A criança e a cidade A criança e a cidade
Gostou do assunto e
quer saber mais?
MATERIAL
COMPLEMENTAR
baseou-se na obra de Jader Janer e foi utili- de cidade. Mas vale ressaltar que, diante das
zado no Chile para a Campanha "MINEDUC- grandes transformações na economia nas
NOMATESLAGEOGRAFIA", que buscou impedir últimas décadas e da aceleração dos proces-
que o Ministério da Educação retirasse a sos de produção do espaço, muitas dessas
comunidades não podem mais ser vistas como
apartadas da realidade urbana, que também
Clique aqui Vídeo disponível no canal do YouTube do permeia a sua realidade. Podemos, ainda, nos
para assistir. pautar no que a prática de resistência dos
povos tradicionais latino-americanos defende
como o bem viver para construir um novo
paradigma para o planejamento das cidades e
a construção das políticas públicas, cultivando
a harmonia na relação entre seres humanos
e natureza, compreendendo a complementa-
ridade presente na diversidade que nos atra-
vessa, e nos deslocando de uma trajetória de
exclusão e violência.
114 115
A criança e a cidade A criança e a cidade
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A criança e a cidade
AZEVEDO, Giselle; TANGARI, Vera; FLANDES, Alain. GOMEZ, Hilda; SANCHEZ, Jesús; FLOREZ, Nancy. A cidade
O habitar das infâncias na cidade: territórios educativos educadora e a formação fora da escola. Espaços urbanos
como uma forma de resistência. Desidades, Rio de e cidades educadoras, Rosário, n. 5, p. 17-26, 2019.
Janeiro, n. 28, p. 111-126, dez. 2020.
LIMA, Mayumi S. A cidade e a criança. São Paulo:
BERNET, Jaume Trilla. La Educación y la Ciudad, 1997. Nobel, 1989.
BIZZOTTO, Luciana. Territorialidades infantis na ocupação LOPES Jader; VASCONCELLOS, Tânia. GEOGRAFIA DA
Rosa Leão. Belo Horizonte. 2022. Não publicado. INFÂNCIA: Territorialidades Infantis. Currículo sem
Fronteiras, v. 6, n. 1, p. 103-127, jan./jun. 2006.
COUTINHO, Rejane. Mário de Andrade e a Arte/Educação.
Rebento, São Paulo, n. 11, p. 30-56, dez. 2019. MAPBIOMAS. Área urbanizada nos últimos 36 anos:
destaques do mapeamento anual das áreas urbanizadas
CRIANÇA SEGURA. Entenda os acidentes. 2020. no Brasil entre 1985 a 2020. Coleção 6, nov. 2021.
EDUCAÇÃO E TERRITÓRIO. Conceito: Território Educativo. MOLL, Jaqueline et al. Escola pública brasileira e educa-
[s.d.]. Revista e-Curricu-
lum, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 2095-2111, out./dez. 2020.
EntrImagens. Tradução de Francisco Gobbi Barbosa e
Anne Viegas Rathsam. São Paulo: Pró-Reitoria de Cultura MONTESSORI, Maria. Andar. In: ______. A criança.
e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo; São Paulo: Círculo do livro, 1988. p. 89-92.
Santander, 2020.
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE INFÂNCIA E
FERNANDES, Florestan. As “Trocinhas” do Bom Retiro. EDUCAÇÃO INFANTIL – NEPEI. Pesquisa Infância e
Contribuição ao estudo folclórico e sociológico da cultura Pandemia. Mural de fotos/desenhos recebidos. 2021.
e dos grupos infantis. Pro-Posições, v. 15, n. 1(43), p. 229-
250, jan./abr. 2004.
118 119
A criança e a cidade A criança e a cidade
120 121
Participação infantil
infantil
Como as crianças participam da vida
social e política?
Como escutar as crianças?
Maria Fernanda Arias Godoy e
Levindo Diniz Carvalho
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A criança e a cidade Participação infantil
1. Introdução
M AT E R I A L Participação política de crianças
BÁS I CO
e adolescentes
de participação infantil.
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A criança e a cidade Participação infantil
Para compreender as crianças como sujeitos vive a idade da não infância: está aí, presente nas múltiplas
participantes ativos na construção da socieda- dimensões que a vida das crianças (na sua heterogeneidade)
de, Manuel Sarmento, professor de Sociologia continuamente preenche (SARMENTO, 2007, p. 35-36).
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A criança e a cidade Participação infantil
130 131
A criança e a cidade Participação infantil
O próximo vídeo narra uma experiência O que você acha dessas experiências de
chilena, na qual crianças com suas famílias participação política das crianças? Você
foram à Plaza de la Dignidad para defender conhece outros casos de crianças que têm
seus pontos de vista e argumentar sobre os lutado pelos seus direitos?
seus motivos da necessidade de construção de
um país mais democrático e de uma sociedade Esses vídeos demonstram que, sim, as
nova. Veja como o contexto dos protestos crianças podem e devem participar da
foi uma explosão de manifestações, que vida política e social. Seus pontos de vista
começaram com estudantes do ensino médio, são singulares e relevantes, e elas revelam,
inclusive, forte capacidade de propor soluções,
da passagem de metrô, mas que depois a partir de seus olhares e experiências.
denunciavam também a violência policial e os
altos índices de desigualdade no país. A participação como direito no Brasil é
resguardada às crianças principalmente pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente. Vimos
M AT E R I A L no Módulo 1 que, anos após a promulgação do
BÁS I CO ECA, em 2016, foi aprovado o Marco Legal da
participação infantil.
138 139
Participação infantil
Cabe destacar que a participação das crianças Leia o texto a seguir que discute a participação
e a própria ideia de protagonismo infantil infantil a partir da inserção de crianças
têm sido compreendidas em nossa socieda- em dois movimentos sociais brasileiros: o
de a partir de uma perspectiva idealizada de Movimento Nacional dos Meninos e Meninas
infância, que não necessariamente correspon- de Rua e o Movimento dos Sem Terra.
de à realidade de países desiguais e diversos
como o Brasil. Assim como apontamos no
Módulo 1, é importante estarmos atentos para M AT E R I A L
compreender que a concepção universal de BÁS I CO
Os vídeos a seguir apresentam exemplos de não apenas puderam expressar suas opiniões
espaços comunitários de participação e desejos, mas também tomaram frente e
infantil na América Latina. O primeiro apre- geraram, junto a outros adultos, um projeto
senta a iniciativa de uma fundação no bairro cultural comunitário, participando como
Pátio Bonito, em Bogotá, na qual crianças sujeitos coletivos e históricos.
participam de diversos projetos a partir de
seus interesses, aprendendo sobre seus
direitos e como exercê-los M AT E R I A L
BÁS I CO
M AT E R I A L
BÁS I CO
M AT E R I A L
BÁS I CO Achou interessante a experiência? Ouça
também o 13º episódio do podcast Cidades
Possíveis, em que Eveline Trevisan, arquiteta
e urbanista de Belo Horizonte, e Rita de
Cacia Oenning da Silva, uma das diretoras
do documentário, se encontram para um
bate-papo sobre suas experiências com
O direito de brincar infâncias e cidades.
(Rede Nacional Primeira Infância)
Clique aqui
Vídeo disponível no canal do YouTube do MATERIAL
para assistir COMPLEMENTAR , Cidades Possíveis,
ao vídeo. Avante – Educação e Mobilização Social, 2017.
com Eveline Trevisan e Rita de Cacia Oenning
da Silva, 2020.
forma de ocupar a cidade? Veja o texto a Cristina Soares de Gouvêa, a criação do projeto
seguir sobre a construção coletiva de uma Nossa Pracinha na Vila Pindura Saia, em Belo
praça, com o protagonismo das crianças, Horizonte, é um exemplo disso. Como resultado
em Vila Pindura Saia, em Belo Horizonte. dessa intervenção, atualmente, os moradores
da Vila se apropriaram da praça como espaço
de sociabilidade e convivência intergeracional.
M AT E R I A L Inclusive, o poder público local reconheceu a
BÁS I CO
praça formalmente como espaço público,
passo importante para resistir à privatização
do local por setores de interesse econômico.
cabe aos adultos valorizar o engajamento de ser mais instigantes, uma vez que as crianças
crianças menores ou mais tímidas e fomentar valorizam a materialidade. Essa feitura pode
a participação de meninas e crianças negras, se dar a partir de uma dinâmica coletiva de
buscando evitar que preconceitos raciais e de trocas entre os pares, como em modelos de
gênero sejam reproduzidos.
e mais pragmáticos.
Além disso, é preciso garantir que as
crianças tenham autonomia de deixar o Para ajudar a pensar em metodologias de
projeto a qualquer momento, seja por algum escuta de crianças, veja o material produzido
constrangimento ou apenas por ter perdido o pelo Centro de Criação de Imagem Popular
interesse. Por isso, é necessário compreender (CECIP), que contém sugestões de atividades
os diferentes tempos da criança em cada
atividade proposta.
M AT E R I A L
BÁS I CO
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A criança e a cidade Participação infantil
e criar espaços para que elas exerçam seu Cidade das crianças
direito à participação e compartilhem sua Clique aqui
visão de mundo não é, também, uma forma para assistir Vídeo disponível no canal do YouTube da
de mobilizar os adultos e de criar diálogos ao vídeo. Usina da Imaginação, 2022.
educativos intergeracionais?
DOSSIÊ
TESE
A publicação Quem está na escuta? Diálogos,
No capítulo “Sobrevivendo na ilha: decidir, ima-
ginar e participar” de sua tese intitulada Infân- e voz às crianças reúne uma série de artigos
cia e movimentos sociais: participação política de pesquisadores que atuam em diferentes
de crianças no Movimento dos Trabalhadores áreas e que se propõem a escutar as
Rurais Sem Terra (MST), Fábio Accardo de Frei- crianças. A leitura aponta para a diversidade
tas propõe uma discussão sobre a experiência de linguagens, brincadeiras, histórias e
paisagens que permeiam o encontro com
elas simulam estar numa ilha deserta. A tese as crianças, anunciando a importância de
pode ser acessada pela Biblioteca da Universi- Clique aqui uma educação sensível à poesia presente na
dade Federal de Minas Gerais. para ler. expressão infantil.
176 177
A criança e a cidade Participação infantil
LITERATURA CINEMA
Um romance angustiante e grandioso a gênero drama, dirigido por Zoltán Fábri, foi
respeito da infância e violência. O apareci- baseado no livro homônimo de Ferenc Molnár,
mento de crianças violentas de origem des- publicado em 1906. A história se passa em
conhecida perturba – e subverte – a vida de Budapeste, em 1889, e retrata um grupo de
San Cristóbal, uma cidade encravada entre garotos na pré-adolescência, os meninos da
a selva e o rio. Vinte anos depois, uma das Rua Paulo, que ocupa um playground
testemunhas revisita o episódio numa crônica da vizinhança.
recheada de fatos, evidências e especulações
sobre como a cidade foi forçada a reformu-
lar sua ideia de ordem e violência, além da
própria noção de infância.
178 179
Participação infantil
Referências bibliográficas
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In:______. (org.). O direito das
crianças à cidade: perspectivas desde o Brasil e Portugal.
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DEMARTINI, Zelia de Brito Fabri; PRADO, Patrícia Dias
(org.). Por uma cultura da infância: metodologias de ROCHA, Eloisa Acires Candal. A pedagogia e a educação
pesquisa com crianças. Campinas: Autores Associados, infantil. Revista Brasileira de Educação, n. 16, 2001.
2005. p. 49-68. SARMENTO, Manuel. Visibilidade social e estudo da
180 181
A criança e a cidade Participação infantil
TAFT, Jessica K.
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Políticas públicas, educação e contextos de participação
1. Introdução
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Políticas públicas, educação e contextos de participação
Mariana
O Caso de Mariana
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Constituição Cidadã
Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA)
Mariana
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A criança e a cidade Políticas públicas, educação e contextos de participação
Educação
Assistência
Mariana Saúde
Segurança
equipamentos públicos
Mariana
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A criança e a cidade Políticas públicas, educação e contextos de participação
medidas de
proteção social
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reparação histórica
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MATERIAL
COMPLEMENTAR
intersetoriais
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MATERIAL
COMPLEMENTAR gem (NAAPA)
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Mariana
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M AT E R I A L intersetorialidade
BÁS I CO
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Mariana
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COMPLEMENTAR
Mariana
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as publicações.
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Trecho de
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sujeito integral
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gestão compartilhada
território de Mariana
o território
Mariana
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a notícia.
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COMPLEMENTAR e encaminhamentos
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MATERIAL Trecho de
COMPLEMENTAR
Mariana
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Marianas
cidade
educadora
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escola
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território educativo
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integral e inclusiva
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entrevista.
Mariana
papel articulador
nos territórios
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Mariana
política multissetorial
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Trecho de
articulação intersetorial e
territorializada das políticas.
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COMPLEMENTAR
Mariana
Rede de Proteção
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Educação Integral
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Mariana
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