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EMPIRISMO

AULA 8
 “O conhecimento derivado da metafísica e da teologia devia ser
rejeitado; só o conhecimento produzido pela ciência era considerado
válido. Outras idéias no campo da filosofia sustentavam o positivismo
antimetafísico. Os estudiosos adeptos do materialismo acreditavam
que todas as coisas podiam ser descritas em termos físicos e
compreendidas à luz das propriedades físicas da matéria e da energia.
Eles pensavam que a consciência também podia ser explicada nos
termos da física e da química. As considerações materialistas dos
processos mentais privilegiavam o aspecto físico, isto é, as estruturas
Mudando de anatômicas e fisiológicas do cérebro. Um terceiro grupo de filósofos,

rota os defensores do empirismo, estava voltado para o modo como a


mente adquire conhecimento. Eles alegavam que todo conhecimento é
derivado da experiência sensorial. A concepção popular da natureza
humana e do mundo estava em rápida modificação. O positivismo, o
materialismo e o empirismo iriam converter-se nos fundamentos
filosóficos da nova psicologia. Começava-se a entabular discussões
sobre os processos psicológicos no âmbito de evidências factuais
observacionais e quantitativas baseadas na experiência sensorial;
dava-se uma crescente ênfase aos processos fisiológicos envolvidos
no funcionamento mental” (p.45)
“Segundo a concepção empirista, a
mente se desenvolve por meio do
acúmulo progressivo de
experiências sensoriais. ”(p.45)
Essência do empirismo: consiste na utilização
dos sentidos: primeiros contatos com o mundo e
fonte de aprendizado (referências e
observações);

Limites do empirismo: 1. limites em seu uso;


Empirismo 2. limites na confiabilidade dos sentidos;

Crítica ao empirismo: ausência de delimitação


da conexão que fundamenta o conhecimento, ou
seja, não explica como o objeto é construído
abstratamente.
 “O filósofo empirista inglês John Locke alegou que, quando nascemos, a
mente é uma folha em branco que adquire conhecimento mediante a
experiência sensorial. Algumas noções, como a de Deus, podem parecer
inatos aos adultos, mas que isso se deve ao fato de essas idéias nos terem
sido ensinadas na infância e ao fato de nós não podermos nos lembrar de
nenhuma época em que não tivéssemos consciência delas. Desse modo,
Locke explicou o caráter aparentemente inato de algumas idéias em termos
de aprendizagem e de hábito”

Tabula rasa
Empirismo: tábula rasa
06/30/2023

Origem das ideias e


tábula rasa

 Tábula rasa: tudo o que sabemos advém e é


absorvido de nossas experiências e vivências. Não
existe conteúdo já disposto na mente.

Origem das ideias: objetos sensíveis externos +


operações internas da mente. Nossos sentidos retiram
dos objetos sensíveis várias percepções, construindo
as noções de, por exemplo, quente/frio, doce/amargo.
A sensação se impõe com mais força ao homem do
que a reflexão.
O empirismo de John Locke
Argumentos contra o inatismo das ideias

1. Os homens podem adquirir todos os seus conhecimentos sem a


ajuda das ideias;

2. e 3. O acordo universal não prova o inatismo das ideias desde


que possa provar que exista outro modo de promover assentimento
universal;

4. Proposições científicas como “o que é, é” não recebem


assentimento universal, pois não são conhecidas por todos;

5. As ideias não são inatas em vista de que as crianças e as pessoas


com deficiência mental não as conhecem;

6. e 7. Contra-argumento: quando alcançam ao uso da razão todos


os homens sabem e consentem às ideias inatas;
8. Do fato de a razão descobrir, não se segue que esses princípios sejam inatos,
pois isso implicaria que, pelo uso da razão somos capazes de alcançar certo
conhecimento e concordar com ele e, nesse sentido, até as máximas e teoremas
matemáticos seriam inatos;

9., 10., 11. Se os homens carecem do uso da razão para conhecer as verdade neles
impressas, então elas não podem ser inatas (não tem como distinguir das
adquiridas);

12. Uso da razão não coincide com as descoberta das máximas ditas inatas, pois,
mesmo no uso da razão avançado muitos homens não tomam o conhecimento dos
conhecimentos ditos inatos;

13. e 14. Mesmo no caso em que se admitisse que as ideias inatas se revelariam
junto ao uso da razão, como provar que uma coisa se segue, necessariamente, da
outra;
15 e 16. Muito antes do uso da razão se percebe o armazenamento de
ideias na memória.

17 e 18. O assentimento não prova que as ideias sejam inatas, uma vez
que é signo de algo evidente, mas não de impressões inatas. Ideias
adquiridas também são passíveis de assentimento universal.
 “Locke se interessava essencialmente pelo
funcionamento cognitivo, isto é, os modos pelos
quais a mente adquire conhecimento. Ao tratar
John
dessa questão, ele negou a existência de idéias
Locke
(1632-1704) inatas propostas por Descartes, alegando que os
seres humanos não estão equipados ao nascer
com qualquer espécie de conhecimento. ”(p.46)
 Ideias simples tem origem na
observação
 Ideias complexas são oriundas de
trabalho da faculdade da mente
(composição,
 Sentidos ideias relação)
particularessobre ideias
(primeiros dados) simples;
nomes

(memória)
Ideias complexas nomes mais
podem ser criadas
gerais, ideias complexas e
linguagem.
pela mente
 Ideias simples podem ser criadas pela
mente

30/06/2023
Qualidadesprimáriasequalidadessecundárias.

Qualidadesprimáriasequalidadessecundárias.
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 “Berkeley concordava com Locke que todo conhecimento do
mundo exterior vem da experiência, mas discordava da
distinção lockeana entre qualidades primárias e secundárias.
Ele dizia que não há qualidades primárias, mas somente o
que Locke denominava qualidades secundárias. Para
Berkeley, todo conhecimento era uma função da pessoa que
George
percebe ou passa pela experiência. Anos depois, sua posição
foi denominada mentalismo, para denotar a ênfase em Berkeley
fenômenos puramente mentais. Ele afirmava que a percepção
é a única realidade de que podemos estar certos. Não nos é (1685-1 753)
dado conhecer com certeza a natureza dos objetos físicos do
mundo vivencial. Tudo o que sabemos é como percebemos
esses objetos. Como está dentro de nós, sendo portanto
subjetiva, a percepção não reflete o mundo externo.”(p.49)
 “Hume apoiou a noção lockeana da combinação de idéias
simples em idéias complexas, e desenvolveu e tornou mais
explícita a teoria da associação. Concordou com Berkeley que
o mundo material não existe para o indivíduo até ser percebido,
e levou a idéia um pouco mais longe: aboliu a mente como
substância, dizendo que ela, tal como a matéria, é uma
David Hume qualidade secundária. A mente só é observável por meio da
percepção e não passa do fluxo de idéias, sensações e
(1711-1776) lembranças. Estabeleceu uma distinção entre duas espécies de
conteúdo mental: impressões e idéias. As impressões são os
elementos básicos da vida mental, assemelhando-se à sensação
e à percepção na terminologia de hoje. As idéias são as
experiências mentais que temos na ausência de objetos
estimulantes; seu equivalente moderno é a imagem. ”
 “A lei fundamental de associação de Hartley é a contigüidade,
com a qual ele tentou explicar os processos da memória, do
raciocínio, da emoção, bem como da ação voluntária involuntária.
As idéias ou sensações que ocorrem juntas, de modo simultâneo
David Hartley
ou sucessivos associam de tal maneira que a ocorrência de uma
(1705-1757) resulta na ocorrência da outra. Hartley também acreditava que a
repetição era tão necessária quanto a contigüidade para a formação
de associações.”p.52
 “Ele concordava com Locke que todas as idéias e todo o
David Hartley conhecimento são derivados experiência sensorial, que não há
associações inatas nem conhecimentos presentes ao
(1705-1757) nascimento. À medida que a criança cresce e acumula uma
variedade de experiências sensorial vão se estabelecendo
conexões ou cadeias de associação de complexidade crescente.
Assim. época em que a pessoa alcança a idade adulta
desenvolvem-se sistemas superiores de pensamento. A vida
mental de ordem superior pode ser analisada ou reduzida aos
elementos átomos dos quais se formou mediante a combinação
mental de associações. Hartley foi primeiro a aplicar a doutrina
da associação para explicar todos os tipos de atividade mental”.
(p.52)
 “Mill aplicou a doutrina mecanicista à mente humana com uma precisão
James Mill e abrangência raras. Seu objetivo era destruir a idéia de atividades
psíquicas ou subjetivas e demonstrar que a mente não passa de uma
(1773-1836) máquina. MIII acreditava que os outros empiristas, ao alegarem que a
mente é semelhante a uma máquina em suas operações, não tinham ido
longe o bastante. A mente é uma máquina — ela funciona do mesmo
modo mecânico que um relógio — e é posta em ação por forças físicas
externas, sendo dirigida por forças físicas internas. Segundo James
Mill, a mente é uma entidade passiva que sofre a ação de estímulos
externos. A pessoa responde a esses estímulos de modo automático e é
incapaz de agir com espontaneidade. Como se vê, Mill não deu espaço
algum para o livre-arbítrio. Esse ponto de vista persiste hoje nas formas
de psicologia derivadas da tradição mecanicista, principalmente o
comportamentalismo de B. F. Skinner”(p.53)
John Stuart Mill(1806-
1873): o experimento
 “Graças aos seus escritos sobre uma variedade de tópicos, John
Stuart Mill tomou-se uma figura conhecida e um influente
colaborador daquilo que logo se tomaria a nova ciência da
psicologia. Manifestou-se contra a posição mecanicista e atomista
do pai, James Mill, que considerara a mente uma entidade
inteiramente passiva, algo que apenas sofria a ação de estímulos

John Stuart externos. Para John Stuart Mill, a mente tinha um papel ativo na
associação de idéias. As idéias complexas, sugeriu ele, não são
Mill(1806- apenas uma soma decorrente da associação de idéias simples; elas

1873) são mais do que a soma das partes individuais (as idéias simples)
porque assumem novas qualidades que não estavam presentes nos
seus componentes mais simples. Por exemplo, a mistura de
pigmentos azuis, vermelhos e verdes na proporção correta produz
o branco, que é uma qualidade inteiramente nova. Do ponto de
vista dessa síntese criativa, a combinação de elementos mentais
sempre gera alguma coisa nova. ”
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John Stuart Mill e as mudanças de seu tempo

Ciência – Técnica e Capitalismo (1760-


1820/40)
- Razão Instrumental;
Exploração da mão de obra;
Desigualdades;
Degradação de recursos naturais.
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 Harriet Taylor Mill: Mill resgatou o pensamento filosófico


de sua falecida esposa, Harriet Taylor, em A Sujeição das
Mulheres. A obra defende que as mulheres deveriam
ter plenos direitos sobre a propriedade, sobre o
voto e exercer carreira política ou qualquer outra carreira
profissional que lhes interessasse.
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 o livro traça um paralelo entre a luta do indivíduo pela liberdade política frente aos déspotas e a luta das
mulheres por liberdade frente aos homens.

 se é legítimo que os homens tenham lutado ao longo da história por direitos de propriedade, por menos
impostos, leis justas e participação política qual seria o sentido de negar essas mesmas liberdades a metade da
humanidade?

 Para Mill e Taylor, as diversas restrições a que as mulheres estavam sujeitas eram danosas não somente a elas
mesmas, mas também à sociedade como um todo.

 Mill e Taylor acreditavam que as mulheres seriam mais capazes de se conectar em um nível intelectual com
seus maridos, melhorando, assim, os relacionamentos, além de suas próprias possibilidades.

 o poder conferido aos maridos sobre as esposas pode despertar o que há de pior neles em termos de violência,
tirania e mesquinhez.
 defender a liberdade das mulheres não significa criar condições especiais para elas, antes significa derrubar as
proibições legais e culturais que as impedem de exercer suas escolhas livremente. 
 o enriquecimento da sociedade e desenvolvimento dos indivíduos depende de que suas escolhas sejam
verdadeiramente livres. Livres tanto de regras injustas quanto de tradições baseadas em preconceitos sem
fundamento.
Adaptado de: https://www.eusoulivres.org/textos/a-sujeicao-das-mulheres/
 “O principal papel desempenhado pelo empirismo na
formação da nova psicologia científica estava prestes a tornar-
se evidente, e veremos que os interesses do empiristas
Contribuiçõe constituem o objeto de estudo básico da psicologia. Perto da
s do metade do século XIX, a filosofia tinha feito tudo o que podia.
Empirismo à A justificativa teórica de uma ciência natural do homem fora
estabelecida. O que era necessário para traduzi a teoria em
Psicologia
prática era uma abordagem experimental do objeto de estudo.
E isso logo iria desenvolver sob a influência da fisiologia
experimental, que forneceu os tipos de experimentação que
completaram as bases para a nova psicologia. ”(p.55)
Síntese

EMPIRISMO:
DEFINIÇÃO;
LIMITES E
CRÍTICA.
30/06/2023
30/06/2023

Compare os pontos de vista de descartes e


Locke no que diz respeito às ideias inatas.
Qual a posição mais defensável? Justifique.
Síntese
Comente a seguinte passagem:
“Outra doutrina proposta por Locke, relevante para a
Síntese
psicologia, é a noção de qualidades primárias e
secundárias aplicada a idéias sensoriais simples. As
qualidades primárias existem no objeto quer as
percebamos ou não. O tamanho e a dimensão de um
edifício são qualidades primárias, ao passo que a sua
cor é uma qualidade secundária. A cor não é inerente
ao objeto, mas depende da pessoa que a percebe. As
qualidades secundárias — como a cor, o odor, o som
e o gosto — não existem no objeto, mas na percepção
que a pessoa tem dele. As cócegas provocadas por
uma pena não estão na pena, mas em nossa reação a
ela. A dor infligida por uma faca não está na faca, mas
em nossa experiência da faca.”(p.48)
30/06/2023
30/06/2023

Compare os pontos de vista de Locke E


Berkeley a partir das qualidades primárias e
secundárias
Síntese
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Em sua Investigação acerca do


 a) a fé entendimento humano, David
Hume fala daquele que
 b) a razão considera ser “o único princípio
que torna útil nossa experiência
 c) a imaginação e nos faz esperar, no futuro,
 d) o costume uma série de eventos
semelhantes àqueles que
 e) o entendimento apareceram no passado”.
Segundo Hume, esse princípio,
que seria o grande guia da vida
humana, é
30/06/2023

 O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia


parte,
 a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua
aquisição deriva da experiência.  
(Unicamp 2015) A maneira
pela qual adquirimos
qualquer conhecimento
 b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os
constitui suficiente prova de conhecimentos possam ser obtidos.  
que não é inato.
LOCKE, John. Ensaio acerca
do entendimento humano.  c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar
São Paulo: Nova Cultural, a existência de ideias inatas.  
1988, p.13.
 d) defende que as ideias estão presentes na razão desde
o nascimento.  
30/06/2023

O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia


parte,
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua
aquisição deriva da experiência.
b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os
conhecimentos possam ser obtidos.
c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar
a existência de ideias inatas.
d) defende que as ideias estão presentes na razão desde
o nascimento.
30/06/2023

O ponto de partida do empirismo de Locke é a ideia de que tudo que está na mente passou
antes pelos sentidos.
Considerando isso, qual das alternativas abaixo está INCORRETA:
A) Locke também usou a expressão latina “tábula rasa” para se referir à sua concepção sobre o
conhecimento.
B)Tato, paladar, olfato, audição e visão são os meios pelos quais ideias sobre o mundo exterior são
criadas na mente humana.
C)A ideia de infinito é uma ideia simples produzida pela visão, sem o trabalho das faculdades da
mente.
D) Ideias como pensamento e emoção são obtidas a partir da observação de nossas próprias
operações mentais.
30/06/2023

O que caracteriza o empirismo de Locke?


Assinale todas as alternativas corretas.
1- Defesa da ideia de que tudo o que está na mente passou antes pelos sentidos.
2- Defesa da ideia de que Deus não existe, porque não pode ser observado.
3- Defesa da concepção segundo a qual ideias como Deus, infinito, perfeição, embora não possam
ser observadas diretamente, ainda assim têm origem na sensação.
4-Toda ideia nasce de uma sensação ou da combinação, relação e abstração de outras ideias.
5- Existem algumas ideias inatas na mente humana.
 
Todas as ideias derivam da sensação ou reflexão. Suponhamos que a mente é, como
30/06/2023
dissemos, um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer
ideias; como ela será suprida? (…) De onde apreende todos os materiais da razão e do
conhecimento?

A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela
fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento.”

(LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p.
165).

1) Para John Locke, embora nosso conhecimento se origine na experiência, nem


todo ele deriva da experiência. No entendimento, existem ideias inatas abstraídas
das coisas pela reflexão.
02) Como seguidor de Descartes, John Locke assume a diferença entre conhecimento
verdadeiro, que é puramente intelectual e infalível, e conhecimento sensível, que,
por depender da sensação, é suscetível de erro.
03) John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento em sentido estrito, pois se
propôs, no Ensaio acerca do entendimento humano, a investigar explicitamente a
natureza, a origem e o alcance do conhecimento humano
04) Para John Locke, todo nosso conhecimento provém e se fundamenta na
experiência. As impressões formam as ideias simples; a reflexão sobre as ideias
simples, ao combiná-las, formam ideias complexas, como substância, Deus, alma
etc.
 

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