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D edicatória

Este material é dedicado a você que busca incansavelmente tocar o coração das
crianças, e ajudá-las a voar. Quando você se sentir cansado, não esqueça que
você é um...

Ponto de partida
Sou um ponto de partida
desde onde as pessoas alçam voo,
decolam.
Quando alcançam altura,
olham para baixo e ali estou
um ponto… um simples ponto.
Um ponto de partida
Talvez se esqueçam de mim,
talvez nunca regressem.
Entretanto,
o que sou jamais deixarei de ser:
seu ponto de partida.
Há também os que regressam,
porque para eles,
além de ponto de partida
sou uma parada de descanso.

(Claudine Bernardes)
Introdução

D orme, meu coração, porque enquanto sonhas velarei por ti. Estás tão sereno que ninguém diria que
acordado tu és meu tsunami e minha alegria. Segues crescendo, meu amor, mas enquanto eu for a tua
“mamá querida”, te guardarei nos meus braços e te encherei de carinhos. Já virá o dia em que terás
vergonha de demonstrar-me afeto em público. Mas, ainda assim te olharei nos olhos e, ali, escondido
dentro de ti, verei todo o amor que tens por mim. Descansa entre sonhos, minha vida, e perdoa-me por
todos os erros que cometi pelo caminho. Eu sei que foram muitos! No entanto, se há algo que possa dizer
em minha defesa, é que me equivoquei, não por amar pouco, sim por amar intensamente e desejar que
fosses o melhor de mim. Ah, “mi niño”! Não entendo como pudeste transformar toda minha vida em tão
pouco tempo. Me mostraste que me falta paciência, me sobra intolerância e, ainda assim, me amas. Sigo
aprendendo, “cariño”, porque contigo estou no caminho. Espero caminhar ao teu lado durante muitos anos.
D orme, amor “mio”.

Se existe um lugar que me convida a escrever e onde encontro inspiração, esse lugar é o meu
filho. Talvez você diga que pessoas não são lugares, no entanto, preciso discordar. Todas as pessoas são
lugares! Há pessoas que são “oásis”, enquanto outras são “deserto”; há pessoas “lar”, “pousada”, “parada
de descanso”; há também pessoas “ponto de partida”; umas são “ilha”, enquanto outras são “ponte”.
Alejandro é um “oceano” onde, às vezes, sinto que me afogo por não saber nadar. É tão belo em seu azul
infinito, porém, no mesmo lugar onde às vezes reina beleza e calma, também há tempestades e perigosos
monstros marinhos. Às vezes observo meu reflexo nas suas águas e vejo que o monstro sou eu. Não é fácil
ser mãe, entretanto é inspirador. Os sentimentos que experimentei durante estes últimos anos, mudaram
minha forma de ver o mundo, de me ver e de compreender as outras pessoas.

Acredito, de todo o meu coração, que qualquer pessoa que deseja entrar no mundo emocional
de outras e ensiná-las, deve primeiramente fazer uma avaliação dos seus próprios sentimentos. Deve
compreender seu próprio mundo interior e fazer um balanço da sua vida emocional. Do contrário seremos
sempre “cegos guiando a cegos”.

É incrível perceber a quantidade de pais, professores e outros profissionais que são influência
para as crianças, que desejam que estas sejam algo que eles mesmos não estão dispostos a ser: exigem
atitudes que eles mesmos não tomam. Exigimos que as crianças sejam tolerantes, que perdoem, se
mostrem seguras e não se frustrem com facilidade. Porém, muitas vezes, diante daqueles para os quais
somos um exemplo, usamos palavras ofensivas ou expressões de desdém em relação a outras pessoas.
Nos mostramos iracundos, perdemos os estribos e nos frustramos por besteiras.

Por esta razão, o material que você tem em mãos, mais que o produto da minha experiência
como mãe ou como especialista em contos e fábulas terapêuticas, é o resultado de me olhar no espelho e
analisar a menina que levo dentro de mim. Isso mesmo, levo dentro de mim uma menina que não quis
crescer em muitos aspectos, a qual devo ajudar a desenvolver-se e a amadurecer para que seja uma mãe
melhor, esposa melhor, educadora melhor. Enfim, uma pessoa melhor.

É importante que você saiba que se decidir aplicar este projeto com seus filhos ou alunos, você
será questionado. Quando se trata de educação emocional, não podemos ser hipócritas; ninguém pode dar
o que não tem. Mas não se assuste! Não pense em desistir, porque fomentar a educação emocional das
crianças é um belo e necessário trabalho. Na verdade, este projeto trata de vivenciar a educação emocional
com os nossos alunos, de entrar em um processo e estar disposto a mudar, a crescer e ajudar a crescer.

Educação emocional é uma via de mão dupla,


onde você ensina e ao mesmo tempo aprende.

Começamos?
Educação através de contos

1. Contoterapia
Era uma vez…
O menino estava deitado comodamente na sua cama, mas não conseguia dormir. Sua
mãe, como uma fada madrinha, sentou-se ao seu lado e sabendo o que o filho
necessitava, começou a contar-lhe uma história: - Era uma vez…
A criança deixou levar-se pela história, adentrando no mundo mágico da imaginação.
Caminhou por sendas íngremes; lutou ao lado de príncipes contra ferozes dragões e,
depois de vencê-los, regressou vitorioso para pedir a mão da princesa e viver feliz para
sempre.

Antes de ser mãe havia lido dezenas de livros sobre como educar os filhos. Com tanta
informação, pensei que já estava preparada e que tiraria de letra essa tarefa. Hoje dou
risadas de mim mesma e da minha grande ignorância. Os primeiros anos com o meu filho
foram desastrosos, eu me sentia perdida e desesperada. Foi então que descobri o mundo
mágico dos contos e como poderia usá-los para educar ao meu pequeno terremoto. Para
minha surpresa, ele reagia positivamente e captava os ensinamentos das histórias que eu
criava e, por consequência, observei uma mudança de comportamento.

Um exemplo: Ele começou a utilizar constantemente a palavra tédio. “Que tédio, mamãe!”
“Que entediado estou.” “Não me divirto nada, que tédio!”
Criei horror a essa palavra. Eu não podia aceitar que o meu filho crescesse pensando que
a vida é um tédio. Então, criei um conto cuja mensagem final é: quem tem imaginação
nunca se entediará. Esse passou a ser o seu conto favorito e ele deixou de dizer
constantemente que se entediava.
Houve uma mudança de pensamento, baseada na reflexão aprendida através do conto.
Depois dessa experiência comecei a pesquisar sobre o assunto e vi que existem muitos
profissionais, tanto na área da educação como da psicologia, que realizaram vários
estudos sobre a influência dos contos na conduta humana. Acabei me apaixonando pelo
assunto e resolvi estudar Contos e Fábulas terapêuticas, ou contoterapia.

O Conceito de Contoterapia que mais se identifica ao meu enfoque de aplicação é:

A contoterapia é a técnica e ferramenta que se baseia no uso de contos e material


didático, para abordar diversas situações socioemocionais e comportamentais
apresentadas por algumas crianças, entre elas: manifestações de tristeza,
ansiedade, emoções positivas e negativas, baixa regulação como condutas
imediatistas, impaciência, deficiência no controle de impulsos e intolerância.
Também comportamentos perturbadores como: agitação, distração, gritos, maltrato
físico ou verbal por parte da criança. Além disso também podem ser tratados temas
como: conflito armado, morte, mudanças na estrutura familiar e déficit em
habilidades comunicativas.1

1 Cuentoterapia un programa funcional de intervención psicopedagógica de conductas internalizantes y


externalizantes en niños de básica primaria. Autores: Martínez Luján, Catalina. Ramírez Atehortúa, Cristina.
Pineda Córdoba, Manuela. Fonte: http://hdl.handle.net/10819/267
Bruno Bettelheim, psicólogo e psicanalista que dedicou grande parte de sua pesquisa
científica à utilização de contos no desenvolvimento da criança, explica que as histórias
contribuem com mensagens importantes para o consciente, o pré-consciente e
inconsciente infantil. Ao referir-se aos problemas humanos universais, especialmente
aqueles que preocupam a mente da criança, essas histórias se comunicam com seu
pequeno “ego” em formação, estimulando o seu desenvolvimento. À medida que as
histórias são decifradas, elas dão crédito consciente e corpo às pulsões do id e mostram
os diferentes modos de satisfazê-los, de acordo com as exigências do ego e do super-ego
(Bettelheim, p. 12).

É importante ressaltar que utilizo “conto” como categoria genérica que inclui: contos de
fada (ou contos maravilhosos), lendas, fábulas, mitos, inclusive as parábolas.

Creio que é fundamental explicar, de forma mais detalhada, a importância e o resultado


da utilização dos contos na educação infantil desde a primeira infância, o que farei
tomando como base textos científicos de vários profissionais, tanto psicólogos como
educadores, que foram formando, com suas pesquisas, as técnicas de contoterapia.

Conforme explica Bruno Bettelheim, os contos

Ajudam as crianças a elaborar seus medos e conflitos afetivos, a criar identificação


positiva e formar referentes que lhes darão segurança no seu processo de
amadurecimento. Os contos são especialmente adequados para as crianças, já que
prendem sua atenção, porque são capazes de diverti-las, aumentar sua curiosidade,
estimular sua imaginação e enriquecer sua vida, ao mesmo tempo que ajudam a
desenvolver seu intelecto, reconhecer suas emoções, tratar a ansiedade e abordar
seus sonhos.2

Os contos possuem ao menos cinco funções ou utilidades que influenciam a vida do ser
humano:

1. Mágica: estimular a imaginação e a fantasia;


2. Lúdica: entreter e divertir;
3. Ética: transmitir ensinamentos morais e identificar valores;
4. Espiritual: compreender verdades metafísicas e filosóficas;
5. Terapêutica: encontrar nos personagens e situações, referentes para a sua vida.
Encontrar também orientação para compreender o seu mundo interior e seus
conflitos.

Durante a realização de sua pesquisa sobre a utilização de contos na educação infantil,


DIEZ RIENZI e DOMIT PALAZUELOS, encontraram uma série de elementos em comum,
que resultam da utilização de contos na educação. Vejamos:

1 – Os contos são ferramentas fundamentais para trabalhar com as crianças, pois elas
compreendem a linguagem da fantasia e, portanto, assimilam o conteúdo dos contos.

2 – A fantasia fala diretamente ao inconsciente da criança.

2 BETTELHEIM, B (2007). Educación Especial. El boletín de la educación especial. 21-23.


3 – A criança vive o mundo adulto como algo estranho para ela, não consegue entender
plenamente as explicações dos adultos. Porém, quando se utilizam contos, a criança se
relaciona diretamente com as histórias, identificando-se com elas e conectando-as com
suas próprias experiências de vida. Os contos fornecem às crianças um ponto de
referência que as ajuda a avançar.

4 – As histórias ajudam as crianças a entender as suas emoções, ajudando-as a entender


e resolver os problemas, ao observarem de forma fantasiosa as circunstâncias que
acontecem na vida.

5 – Nos diferentes contos, as crianças se identificam e empatizam com os personagens,


experimentando a vivência destes. Por isso devemos estar atentos aos sentimentos que
os contos podem despertar em cada criança.

6 – É importante contar histórias com tons de voz diferentes. Isso fará com que as
crianças gostem mais da experiência e manterá sua atenção por mais tempo, além de
ajudá-las a alcançar uma maior identificação com o enredo da história.

7 – Os elementos trágicos nas histórias são fundamentais, porque a criança deve


entender que o mundo em que vive tem conflitos que ela terá que resolver. É a maneira
de mostrar que nem tudo é bom. Além disso, coloca um ponto de referência para quando
ela atravessar situações difíceis. Assim, as crianças podem entender que situações
adversas acontecem na vida de todos.

8 – Os contos são ferramentas muito valiosas se utilizados da forma adequada, pois há


uma grande quantidade de atividades que podem ser realizadas com as crianças,
tomando-se como base um conto.

9 – A leitura de contos motiva e estimula a imaginação das crianças. O nível de análise


crítico é maior nas crianças que costumam escutar contos. Além disso desenvolvem uma
facilidade maior para se expressarem.

Assim sendo, minha proposta é a utilização de contos e materiais de apoio (didáticos e


lúdicos), preparados especialmente para que as crianças possam desenvolver suas
capacidades emocionais, sempre utilizando uma linguagem que se adapte ao mundo
infantil.

2 – Contos como base para o estabelecimento de um


“Horizonte de Significado”

Um dos axiomas fundamentais da psicologia confirma a importância dos primeiros anos


de vida da criança, para o seu desenvolvimento como ser humano. Partindo desta base,
vemos de grande importância o estabelecimento de um “horizonte de significado” que dê
sentido às experiências de vida da criança. Entendendo-se “horizonte de significado”
como:

“(...) ponto de referência no qual os eventos da vida cotidiana começam a encontrar


sentido, um enredo que os unifique. Assim, a criança pode acomodar todas as suas
experiências de vida deixando de vê-las como experiências caóticas, como se não
existisse relação de uma experiência com as outras. Pouco a pouco a criança começa a
compreender que sua vida tem um sentido, uma orientação, ou melhor, um enredo.”3

O horizonte de significado pode ser entendido como


o sentido da vida.

Muitos autores concordam que se queremos viver, não momento a momento, mas
realmente cientes da nossa existência, necessitamos encontrar significado em nossas
vidas. Entretanto, não adquirimos a compreensão do significado da vida em uma idade
determinada, ou quando se atinge a maturidade cronológica. Trata-se de um processo
que culmina com a maturidade psicológica.

Como os contos podem ajudar as crianças na elaboração de um horizonte de


significado?

Como já vimos, um horizonte de significado é a compreensão de que a vida tem um


sentido, uma linha de tempo onde os eventos vão se complementando e formando uma
história. Os contos são narrações, orais ou escritas. A narração consiste em arranjar uma
sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à
medida que o tempo passa. O texto narrativo é baseado na ação que envolve
personagens, tempo, espaço e conflito. Quando a criança desde pequena escuta
narrações orais, começa receber a informação de que a vida, assim como as histórias que
escuta, é uma sequência de fatos. Possui um princípio, um desenvolvimento e um fim.
Além disso, percebe que a vida tem um propósito.

“Ao longo da história, os contos têm sido um meio básico utilizado pelos seres humanos
para dar sentido à sua experiência. Inventar histórias para entender ou explicar certas
coisas estão além do nosso entendimento, vem do início da história da humanidade. É
mais, desde o início de cada vida humana. Como seres humanos, tendemos a criar
histórias. Hillman4, na Revista Parábola (1979), introduz o conceito de “story awareness”
ou "consciência da história", isto é, a capacidade de encontrar o sentido, a sequência e
significado em uma narrativa. Uma criança para a qual foram contadas ou lidas histórias,
possui um reconhecimento básico e familiaridade com o que é uma narração. Dessa
forma pode entender o conceito de perspectiva na vida. Uma criança nessas
circunstâncias, adquire a capacidade de integrar sua vida como uma narração, porque ela
já tem no inconsciente os contêineres para organizar os eventos em experiências
significativas. Para Hillman (1979), o fato de ter tido contato com narrativas desde a
primeira infância, permite que a pessoa dê sentido e orientação aos eventos de sua vida
diária, como um enredo que dá sentido ao seu horizonte de significado.”5

3 La capacidad de los cuentos de hadas de desarrollar un horizonte de significado desde la niñez


temprana. DIEZ RIENZI, L. Y DOMIT PALAZUELOS, V. - ODISEO, REVISTA ELECTRÓNICA DE
PEDAGOGÍA. MÉXICO. AÑO 4, NÚM. 7. JULIO-DICIEMBRE 2006. ISSN 1870-1477.

4 Hillman, J. (1979), Myth and the Quest for meaning, A note on story, by James Hillman, Story telling
and Education, Parabola, volumen IV, número 4, USA
5 La capacidad de los cuentos de hadas de desarrollar un horizonte de significado desde la niñez
temprana. DIEZ RIENZI, L. Y DOMIT PALAZUELOS, V. - ODISEO, REVISTA ELECTRÓNICA DE
PEDAGOGÍA. MÉXICO. AÑO 4, NÚM. 7. JULIO-DICIEMBRE 2006. ISSN 1870-1477.
3 – Contos e educação emocional6

É muito importante criar um ambiente que possibilite que as crianças falem sobre os seus
sentimentos. Um lugar de experimentação onde elas possam aprender a identificar os
sentimentos, tanto em si próprias como em outras pessoas, além de poder expressar
seus sentimentos de forma adequada e saber administrá-los.

Como mãe de um menino com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (e


impulsividade), percebi a necessidade de uma educação emocional efetiva, tanto dentro
do âmbito escolar quanto no âmbito familiar, para que o meu filho desenvolvesse
ferramentas de controle emocional.

Por essa razão criei o conto “Carlota não quer falar” e as ferramentas de apoio que
fazem parte do livro e deste projeto. Também pensei que seria necessário aproximar os
pais da contoterapia e fomentar a leitura de contos no seio da família, de uma forma mais
consciente.

“Carlota não quer falar” é um conto para ser compartilhado entre pais e filhos, professores
e alunos e, porque não, dentro do marco de um tratamento psicológico orientado à
crianças com TDAH e autismo.

Depois continuaremos falando sobre o uso de “Carlota não quer falar”, e como enfocá-lo.
Agora nos centraremos na Educação Emocional que é o objetivo específico do conto.

“Era o ano de 1794, quando uma criança de nove anos de idade foi submetida a uma
cirurgia para remover um tumor. Os antibióticos ainda não tinham sido descobertos e
não havia anestesia química para controlar a dor. Tudo o que poderia ser oferecido à
criança era um conto. Assim, para ajudar a distrair sua atenção, lhe contaram uma
história tão fascinante que quando a operação terminou, a criança jurou que não havia
sentido nenhuma dor.
É possível que uma história possa ser tão poderosa? Para aquela criança foi! Dezoito
anos depois, ele entregou ao editor uma de suas histórias. Aquele menino se chamava
Jacob Grimm, e sua história se chamava Branca de Neve. Depois de alguns anos, ele
tornou-se um dos mais famosos autores do contos de fadas do mundo. Até hoje as suas
histórias ainda são transmitidas pela tradição oral ou impressas em livros.
Há palavras mágicas que abrem o espaço de muitas histórias: "Era uma vez...". Quando
as escutamos, nos sentimos subjugados pela emoção de entrar num mundo mágico,
fantástico, lendário e misterioso, que cativa nossa atenção e nossa imaginação, que nos
tira da monotonia do cotidiano e abre a porta para um mundo onde tudo é possível.”
(Begoña Ibarrola López de Davalillo)

As emoções estão presentes nas experiências do dia a dia e afetam nosso humor,
influenciando decisivamente nosso comportamento e a maneira como nos relacionamos
com os outros. Mas o que são emoções? É necessário educar as emoções? Como as
emoções são ensinadas? Qual o papel que os contos desempenham nesse processo?
Numerosas descobertas científicas sobre o processamento das emoções demonstram a

6 Texto base: Educación Emocional a través del cuento: por Begoña Ibarrola López de Davalillo
importância de conhecer o mundo emocional para permitir que o ser humano tenha um
nível adequado de bem-estar físico e mental.

Já se sabe que ser inteligente não garante o sucesso na vida, nem facilita a felicidade.
São outras habilidades emocionais e sociais que nos ajudam a alcançar a estabilidade
emocional e mental, a satisfação em nossos relacionamentos e a adaptação ao meio
ambiente. Esta é uma tarefa que os pais e professores devem enfrentar juntos, para
desenvolver em seus filhos/alunos uma série de habilidades emocionais que, sem dúvida,
serão úteis em todos os setores e durante toda a vida.

Se a educação é orientada para o desenvolvimento integral do ser humano, ela deve


atender de forma equilibrada tanto à sua dimensão cognitiva quanto à sua dimensão
emocional. No entanto, notamos um certo déficit nos aspectos relacionados à educação
das emoções que devem ser abordados em todos os estágios educacionais, a começar
na educação infantil.

Por outro lado, o mundo das emoções é um território difícil de explorar sem os materiais
adequados e, acima de tudo, sem o uso de grande delicadeza e respeito, aspectos
essenciais quando abordamos o mundo interior da criança.

3.1 - O que são emoções?

Podemos definir a emoção como uma reação que é experimentada como uma forte
comoção de humor. Geralmente está acompanhada de expressões faciais, motoras, etc.,
e surge como reação a uma situação externa específica, mas também pode ser
provocada por uma informação interna do próprio indivíduo.

As emoções são fenômenos multidimensionais caracterizados por quatro elementos:


cognitivo (como se chama, e o que significa o que eu sinto), fisiológico (que mudanças
biológicas experimento), funcional (para onde as emoções dirigem o meu comportamento)
e expressivo (através de que sinais corporais se expressa).

Em 1990, dois psicólogos, Peter Salovey da Universidade de Harvard e John Mayer, da


Universidade de New Hampshire, usaram pela primeira vez o termo "inteligência
emocional" para descrever qualidades emocionais relacionadas ao êxito pessoal, como
empatia, expressão e compreensão dos sentimentos, autocontrole, independência,
adaptabilidade, simpatia, persistência, cordialidade, amabilidade, respeito ou a
capacidade de resolver problemas de forma interpessoal. Salovey e Mayer definem a
inteligência emocional como "um subconjunto da inteligência social que inclui a
capacidade de controlar os próprios sentimentos e emoções, bem como os dos outros;
discriminar entre eles e usar essa informação para orientar nossos pensamentos e
ações".

Entretanto, foi em 1995, quando Daniel Goleman publicou seu best-seller "Inteligência
Emocional", que este pesquisador e jornalista do New York Times fez com que o assunto
fosse debatido em ambientes culturais, acadêmicos, empresariais e familiares. Ele
defende que a pessoa pode aprender a ser emocionalmente inteligente, e que esse
processo é desenvolvido através de uma educação emocional adequada.
3.2 - O que é educação emocional?

Educação emocional é um processo educativo contínuo e permanente, que pretende


otimizar o desenvolvimento emocional como um complemento essencial do
desenvolvimento cognitivo. Ambos elementos são essenciais no desenvolvimento integral
da personalidade.

Os sentimentos e as emoções são meios pelos quais o ser humano se relaciona afetiva e
emocionalmente com o seu entorno, por isso é necessário aprender a expressá-los
adequadamente.

Michèle Petit, em "O livro e a leitura, além do utilitarismo e do prazer" afirma que "Se a
leitura continua a ter sentido para muitas crianças e adolescentes que leem com
entusiasmo é, na sua opinião, porque consideram que a leitura é um meio privilegiado
para elaborar seu mundo interior e, consequentemente, estabelecer sua relação com o
mundo exterior. Da mesma forma, essa atitude lhes permite descobrir ou construírem-se,
dar forma às suas experiências, elaborarem sentido".

Essa atitude está acima de tudo, porque a leitura permite que eles descubram ou
construam, moldem suas experiências, elaborem seu significado.

A primeira lição emocional é dada através do rosto e da voz. Mesmo que o bebê não
entenda as palavras, ele entende a emoção que acompanha o tom da voz. Por essa
razão, é importante começar a contar contos às crianças desde muito pequenos, e com
muita entonação e mímica, para que a mensagem emocional as alcance.

O objetivo da educação emocional centra-se no desenvolvimento de quatro


competências, as quais passaremos a tratar de forma mais detalhada.

3.2.1 - CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL

A – Consciência Emocional

Capacidade de reconhecer um sentimento no mesmo momento em que aparece, o que


constitui a pedra angular da Inteligência Emocional. A criança não possui conhecimento
emocional inato das situações e conflitos.
A percepção de nossas próprias emoções envolve saber como prestar atenção ao nosso
próprio estado interior. Mas estamos muito desacostumados a fazê-lo e devemos
aprender isso a partir da infância. Também é importante avaliar a sua intensidade: os
sentimentos devem ser detectados no momento em que aparecem, no princípio com
pouca intensidade, para poder controlá-los sem esperar que eles transbordem.
O segundo passo é aprender a identificar e nomear corretamente cada sentimento.
Para alcançar este objetivo o conto “Carlota não quer falar” apresenta uma proposta
muito interessante. Através de seu formato interativo, ele possibilita que a criança exercite
sua consciência emocional. E como faremos isso? Durante a contação, dirija a criança
para que se identifique com a situação vivida pela personagem. Exemplo: quando Carlota
se incomoda com o menino no parque, a ilustração mostra que ela tem os olhos como
duas línguas de fogo, sua expressão facial é negativa e a expressão corporal é fechada e
rígida (com os punhos fechados). Peça para as crianças imitarem o gesto de Carlota.
Também é interessante fazer perguntas complementares às que aparecem no conto (ver
lista de perguntas no Guia Didático que acompanha o conto).

Concordo totalmente com o que Italo Calvino disse:

"Penso que a leitura não é comparável com nenhum outro meio de aprendizagem e
comunicação, já que a leitura tem seu próprio ritmo, governado pela vontade do leitor. A
leitura abre espaços de interrogação, meditação e exame crítico, em suma, liberdade: a
leitura é uma relação conosco e não apenas com o livro, com nosso mundo interior
através do mundo que o livro nos abre".

B - Regulação Emocional

Regulação emocional é a capacidade que nos permite controlar a expressão de nossos


sentimentos e emoções, e adaptá-los ao momento e ao lugar.
Por controle emocional, não entendemos afogar ou suprimir as emoções, trata-se de
regular, controlar ou, eventualmente, modificar estados anímicos e sentimentos - ou sua
manifestação imediata - quando estes são inconvenientes em uma dada situação.

Um aspecto importante do autocontrole é a capacidade de adequar a reação emocional à


uma situação, seja essa reação negativa ou positiva (por exemplo, não seria apropriado
expressar alegria excessiva, diante de colegas ou amigos, que neste momento estão
vivendo situações problemáticas ou desagradáveis).

Para poder controlar as emoções é muito bom estar ciente das mudanças corporais que
ocorrem ao experimentar cada uma delas. Desta forma, teremos consciência quando
surgirem os sinais de alarme que antecedem a uma possível "explosão" emocional.
As histórias confrontam o leitor com conflitos ajudando-o a enxergar as consequências
dos atos. Toda ação tem consequências, e muitas vezes em nossa vida uma expressão
descontrolada de emoções tem consequências muito negativas, prejudicando as pessoas
que nos rodeiam. A expressão adequada do que sentimos, melhora a convivência e nos
torna pessoas mais respeitadoras.
Essa competência nos ajuda a controlar a impulsividade, atrasar a gratificação e tolerar a
frustração, aspectos essenciais para lidar adequadamente com as situações que a vida
nos apresenta.

No conto “Carlota não quer falar” confrontamos os nossos pequenos ouvintes com
emoções fortes como: ira, medo, remorso, ciúmes. Através das perguntas levantadas pelo
conto, as crianças têm a possibilidade de expressar esses sentimentos e praticar o
autocontrole, a partir de uma distância segura.

Demonstrou-se experimentalmente que os alunos que foram treinados em


habilidades emocionais de autocontrole atuam melhor no mundo acadêmico.

C - Autonomia Emocional

Autonomia emocional é o conjunto de habilidades relacionadas à autogestão emocional,


cujo objetivo é evitar a dependência emocional. Aprender a ser autônomo é um dos
objetivos do estágio de educação infantil, mas também é importante aprender a
desenvolver essa autonomia no campo emocional.
Está provado que os contos favorecem a aquisição da linguagem, despertam a
curiosidade para aprender coisas novas e libertam a imaginação da criança, bem como
desenvolvem a confiança em suas próprias qualidades, expandindo seu valor próprio. A
autoestima é um dos pilares da educação emocional, e alimentá-la adequadamente é
tarefa e responsabilidade dos adultos que cercam a criança no estágio infantil.
Outro aspecto importante a desenvolver é a automotivação. As crianças auto-motivadas
esperam ter êxito e não têm problema em estabelecer metas altas para si.

As pessoas que têm essa habilidade são geralmente mais produtivas e eficazes nas
atividades que empreendem. As atitudes importantes que têm a ver com essa habilidade
são: esforço e persistência, não muito em moda no momento. Estabelecendo metas e
sendo persistente, embora seja difícil, elas podem ser alcançadas com esforço e
perseverança. Isto é o que acontece em muitos contos onde o protagonista deve superar
muitas provas, algumas bem difíceis, para finalmente alcançar o triunfo e a recompensa
pelos seus esforços. Mas também é importante que a criança saiba que algumas vezes,
ainda que haja muito esforço, não se alcança o objetivo desejado. Mas, mesmo assim,
sempre se aprende algo ou se exercita alguma habilidade durante o processo.

Outro elemento básico da autonomia emocional é o otimismo com que uma pessoa
enfrenta a vida. Otimismo e pessimismo são formas de perceber e interpretar eventos.
Eles são aprendidos durante a infância. Algumas histórias ajudam a desenvolver o
otimismo porque, no final, terminam bem. Outras, por sua vez, nos mostram as
dificuldades que na vida podemos encontrar, sem que o fim seja infeliz.
Em quase todas as histórias, os protagonistas passam por dificuldades e somente quando
conseguem superá-las, encontram o que buscam ou resolvem as suas dificuldades.

O Ludo das Emoções e o material didático e lúdico que acompanha este projeto,
favorecem o exercício da Autonomia Emocional.

Me lembro que quando comecei a trabalhar a educação emocional com meu filho, para
ajudá-lo a controlar a frustração e a ira, dava-lhe um abraço para tranquilizá-lo. Então
pensei, o que ele poderia fazer quando estiver no colégio e não me tiver ao seu lado para
abraçá-lo? Foi então que tive a ideia de dizer-lhe que quando se sentisse nervoso
(também o ensinei a identificar este sentimento no momento em que surgisse) pedisse a
algum colega que o abrace. Cheia de orgulho contei esta incrível ideia a um amigo
psicólogo, esperando um “tapinha nas costas”. Porém, ele me perguntou: - E o que ele
fará quando estiver num lugar onde ninguém queira abraçá-lo? O que ele fará para se
controlar em um ambiente hostil?

Não podemos depender de outros para controlar os nosso sentimentos,


devemos desenvolver uma autonomia emocional eficaz e devemos ensinar
isso também às nossas crianças.

D - Competência Social

Competência social a capacidade de reconhecer as emoções em outros e saber como


manter relacionamentos interpessoais satisfatórios.
Uma das habilidades básicas para entender o outro é ouvir e, assim, entender a sua
comunicação não-verbal. Escutar é prestar atenção ao que você ouve. As crianças abrem
os seus ouvidos dispostas a transportar-se ao mundo do conto e, sem perceber, estão
aprendendo a centrar sua atenção. Além disso, ao ler uma história para uma criança, ela
se sente importante e querida. Isso irá ajudá-la a ter maior confiança no mundo ao seu
redor.
Ter empatia significa entender o que outras pessoas sentem, é saber como colocar-se em
seu lugar, mesmo com pessoas que não consideramos agradáveis. É estar atento aos
sutis sinais que indicam o que o outro sente ou necessita.
Quando desenvolvemos empatia, as emoções dos outros ressoam dentro de nós.
Sentimos os sentimentos que o outro experimenta, sua intensidade eu que coisas
provocam.

Graças aos contos, o leitor (ou ouvinte) tem a possibilidade de multiplicar ou expandir sua
experiência através das vivências dos personagens, possibilitando a oportunidade de
explorar o comportamento humano de forma compreensível.

No conto “Carlota não quer falar” fomentamos o exercício da empatia. Convidamos o


ouvinte a “entrar na pele” da protagonista e dar voz aos seus sentimentos, além de ajudar
Carlota a resolver os seus problemas ao indicar qual das duas opções é a melhor para
resolver o problema vivido por ela.
4. Carlota não quer falar

O conto “Carlota não quer falar” pretende servir como ponte, ou seja, um espaço que
conecte o mundo infantil com o mundo adulto. Uma oportunidade para o conhecimento e
a expressão dos sentimentos.

É importante aclarar que durante a história não se determinou o motivo pelo qual a
protagonista não fala dos seus sentimentos. Isso foi feito de forma intencional para que
cada criança interiorize e aplique a mensagem à sua própria experiência vital.

Também é importante compreender que ainda que existam crianças que falem muito,
como é o caso do meu filho, isso não significa que elas conseguem expressar-se de
forma adequada. Em muitos casos elas realmente não compreendem o que sentem (o
que tratamos anteriormente como consciência emocional, ou a falta dela). Se uma criança
não consegue identificar o que está sentindo, pode sentir-se frustrada, reprimir o
sentimento, ou expressá-lo de forma inadequada.

Existem também as crianças que simplesmente são tímidas e, por essa razão, não se
sentem livres para expressar-se. Porém, há situações ainda mais complicadas para as
quais é imprescindível a educação emocional. Me refiro àqueles casos em que as
crianças sofrem de Autismo, TDAH, Alexitimia ou outras doenças que dificultam a correta
expressão emocional.

De qualquer forma, como já expliquei anteriormente, a educação emocional é


extremamente importante na vida da criança, e o livro “Carlota não quer falar”, juntamente
com o material de apoio que consta neste projeto, deseja ajudar a todas as pessoas que
desejem adentrar nesse maravilhoso mundo.

4.1 – Partes do livro


O livro “Carlota não quer falar” é composto por um conto interativo, Guia didático, o Ludo
das emoções com 30 Cartas. Abrimos o livro convidando o adulto (pais, avós, professores
etc.), a ler o Guia Didático antes de contar o conto à criança. Esse é um ponto muito
importante, para que possamos alcançar os objetivos propostos.

Também é importante esclarecer que “Carlota não quer falar” é um conto que deve ser
contado por um adulto a uma criança, para que a experiência seja mais completa. É
lógico que a criança pode ler o conto sozinha, porém, é melhor que nas primeiras vezes
seja o adulto que o leia para a criança.

4.1.1 - Conto Interativo


Carlota, a protagonista, é uma menina que tem um grande problema, não é capaz de falar
sobre os seus sentimentos. Guardou tantos sentimentos dentro de si, que se sente cheia
como um balão e pesada como uma grande pedra. Desde a primeira página convidamos
as crianças a participarem da história: “Você gostaria de ajudá-la?”

Observado a ilustração, pedimos à criança que ela identifique o problema de Carlota, e o


que deve fazer para solucionar o seu problema.

Quando você estiver contando a história, peça à criança para simular a expressão
corporal da protagonista. Exemplo: Será que ela está chateada? Como você acha que é a
cara de uma pessoa que se sente chateada? Como é uma cara de medo?

Explore com a criança o sentido das palavras, os sinônimos e os antônimos dos


sentimentos. Também proponha que a criança pense o que aconteceria se escolhesse,
por exemplo, ficar acordada a noite toda. Depois de trabalhar com a criança os
sentimentos e as circunstâncias da protagonista, dentro do problema em questão,
veremos se Carlota aceitou a sugestão da criança.

Costuma acontecer com as crianças menores (3 ou 4 anos), que elas fiquem muito felizes
quando observam que Carlota resolveu “seguir o conselho delas”. É algo mágico, porque
elas realmente pensam que Carlota está escutando o que elas dizem.

O conto trabalha quatro sentimentos negativos que podem ser “combatidos” através de
sentimentos positivos:

a) Raiva/ira X Perdão;
b) Medo X Confiança;
c) Ciúmes X Amor;
d) Remorso X Arrependimento.

Despertando o conhecimento através de perguntas

Existe algo mais chato e monótono que um professor falando e falando, sem deixar que
os alunos participem da aula? O educador atual não deve monopolizar o conhecimento ou
pensar que é o possuidor supremo das respostas, esperando que aluno as decore e que
as escreva ao pé-da-letra durante as provas. O Sr. Google possui mais informação que o
mais capacitado professor, e a maioria das crianças já sabem como utilizá-lo. Por essa
razão, o educador atual deve assumir o papel de guia, conduzindo seus alunos e
despertando neles o desejo de aprender e superar-se.

Como você pode ver na imagem, durante a contação o adulto vai fazendo perguntas à
criança e, com paciência, deve esperar que ela responda, sem dar-lhe a resposta. Isso
significa que aplicaremos o método socrático:

O método socrático é uma técnica de investigação filosófica feita em diálogo, que consiste
em o professor conduzir o aluno a um processo de reflexão e descoberta dos próprios
valores. Para isso o professor faz uso de perguntas simples e quase ingênuas que têm por
objetivo, em primeiro lugar, revelar as contradições presentes na atual forma de pensar do
aluno, normalmente baseadas em valores e preconceitos da sociedade, e auxiliá-lo assim a
redefinir tais valores, aprendendo a pensar por si mesmo.
Tal técnica deve seu nome "socrático" a Sócrates, o filósofo grego do século V a.C., que
teria sido o primeiro a utilizá-la. O filósofo não deixou nenhuma obra escrita, mas seus
diálogos nos foram transmitidos por seu discípulo Platão. Nesses textos, Sócrates,
utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica (levar ou induzir uma pessoa, por ela
própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida) e
pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a
chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado.7

O objetivo é fazer com que a criança pense por si mesma, que desde o seu interior surjam as
respostas. Assim não subestimaremos o seu conhecimento, e o processo de aprender e pôr em
prática o aprendido será mais rápido. No Guia Didático, que acompanha o conto, há uma série de
perguntas que podem ser feitas à criança.

Em conclusão, o objetivo do educador não é explicar a história, mas sim guiar a criança ao
conhecimento, possibilitando um aprendizado muito mas completo e eficaz.

Contando o conto mais de uma vez

A mente infantil não segue a mesma lógica que a nossa mente, por isso nos parece tão
estranho quando uma criança vê uma e outra vez o mesmo filme, ou pede para ouvir/ler
várias vezes o mesmo conto. Isso é assim porque elas necessitam elaborar o que estão
aprendendo. Os valores, os ensinamentos e todas as informações recebidas necessitam
ser interiorizadas. Outro dia conversei com uma pessoa que havia estado no lançamento
do livro aqui na Espanha, e que havia comprado um exemplar para a sua filha. Cinco
meses se passaram e a menina (que tem 4 anos) ainda pede para que leiam o conto para
ela.

Siga as indicações do Guia, aumentando a carga de informação a cada nova leitura, ou


introduzindo suas próprias histórias. No material de apoio, também vou sugerir alguns
contos que podem ser introduzidos durante o decorrer do projeto, para que a
compreensão da criança seja crescente.

4.1.2 - Guia Didático

O Guia Didático que acompanha o conto foi preparado utilizando as técnicas de


contoterapia. Abaixo você poderá ler o seu conteúdo.

7 https://pt.wikipedia.org/wiki/Método_socrático
4.1.3 - Ludo das Emoções
O Ludo das Emoções faz parte do conto “Carlota não quer falar” e foi criado para promover
um espaço lúdico e educativo depois de uma contação, tanto em família como no colégio,
em oficinas sobre emoções e, inclusive, dentro de um espaço terapêutico. A diferença
entre este material e os ludos normais, é que o Ludo das Emoções está acompanhado
por 30 Cartas para ajudar as crianças a compreender, expressar e administrar as
emoções, além de fomentar a empatia. Com o Ludo das Emoções fomentaremos as
capacidades emocionais das crianças enquanto elas se divertem, e haverá uma troca de
conhecimento e experiências.

As Cartas que acompanham o livro estão divididas em: Pergunta, Coringa, Sanção. Utilizando as
cartas os jogadores falarão sobre sentimentos, compartilharão experiências, interpretarão situações e
terão que fazer diversas escolhas de índole emocional e prática.
Abaixo você pode ver as regras do jogo e observar que se trata de um ótimo material e muito
simples de utilizar:
4.2 - Materiais de Apoio
Preparei uma série de materiais que servirão de apoio ao objetivo perseguido pelo livro,
qual seja, fomentar a educação emocional das crianças. Depois de contar pela primeira
vez o conto às crianças, o material deverá ser utilizado pouco a pouco, lembrando-se que
durante o desenvolvimento do projeto, o conto deve ser contado mais de uma vez,
sempre acrescentando algo novo à contação, conforme sugerido e explicado
anteriormente.

A ordem de utilização do material de apoio é somente uma orientação. Penso que cada
profissional conhece as crianças com as quais trabalha e, além disso, tem seu modo
próprio de trabalhar e pode adaptar o material à sua rotina de trabalho.

1. Vamos colorir a Capa do Conto

Proponho que este seja o primeiro material que se utilize, como forma de introduzir as
crianças em tudo que será o projeto. Convide a criança a pintar a capa do conto com as
cores que ela mais gosta.

Se fosse você o ilustrador desse conto, que cores você utilizaria para:
1 – O cabelo de Carlota,
2 – O vestido,
3 – O tapete.
4 – A pele de Carlota

Adoraria receber fotos com as capas pintadas pelas crianças.

- Com a cor da pele é possível trabalhar o conceito de Lápis Cor de Pele e mostrar aos
alunos o espectro de cores que há, conforme exemplo abaixo:
Materiais de Apoio

2. Fichas para ajudar a reconhecer e falar sobre as emoções

a) – 40 Estados Emocionais:
• para utilizá-la como material de referência e consulta, por parte do profissional. É
importante esclarecer que a lista apresentada não está fechada, ou seja, existem
outros estados emocionais que não estão nesta lista. Você pode imprimir a ficha e
colocá-la em um lugar visível da sala.
• Outra sugestão é imprimir duas lista, uma delas colar na parede, a outra você
cortará cada estado emocional, dobrará em papeis pequenos, para colocá-los em
um pote ou caixa. Cada dia uma pessoa diferente (incluindo o professor), deverá
tirar um papel e falar sobre esta emoção (contar alguma historia, explicar o que
pensa que é, como essa emoção se expressa corporalmente, uma imagem que
defina a emoção, um sinônimo, um antônimo etc.). - Como alternativa, ao invés de
falar sobre essa emoção em sala de aula, pode-se ao terminar a aula, retirar um
papel da caixa e como tarefa os alunos devem trazer recortes de revistas de casa,
com rosto de pessoas expressando a emoção que foi retirada.

b) – Completando as emoções: É uma atividade simples, onde a criança deverá praticar


a observação e desenhar a emoção que falta.

c) – Desenhando uma emoção em Carlota: Vejamos que emoção a criança resolve


colocar no rosto da protagonista.
Materiais de Apoio
3. Técnicas de Gestão dos sentimentos:

3.1 O Vulcão
O objetivo desta técnica é ensinar a criança a identificar as emoções que acompanham
seu comportamento impulsivo, o que lhe permitirá tomar consciência de seus próprios
sentimentos e, em segundo lugar, controlá-los.

Aplicar esta técnica é bastante fácil: quando a criança está calma, lhe pedimos que
imagine que dentro dela há um grande vulcão, que representa toda a sua energia e
vitalidade. Então, explicamos que quando essa energia é muito intensa e começa a
crescer (porque aconteceu algo que provocou nela raiva, irritação, medo, frustração...), o
vulcão começa a esquentar, a produzir borbulhas e a lava começa a crescer e subir... está
a ponto de entrar em erupção se não for controlado.

Quando você percebe que a criança começa a ficar agitada, peça-lhe para visualizar o
vulcão. Isso irá ajudá-la a tomar consciência das emoções que precedem a explosão da
impulsividade e, portanto, detê-las antes que seja muito tarde e perder completamente o
controle.

Ensinar esta técnicas às crianças, antes da técnica do Semáforo, as ajudará a


compreender melhor como identificar quando um sentimento começa a ficar
descontrolado.

3.2 O Semáforo

Essa é uma atividade muito legal para ajudar as crianças a gerir as emoções antes que
elas transbordem.

Um semáforo é algo que todos conhecem, fácil de compreender e


que fazem parte do dia a dia de toda pessoa, inclusive dos mais
pequenos.
Apesar de que este material foi pensado inicialmente para controlar
a irritação, penso que ele pode também ser utilizado como técnica
para controlar muitas emoções.
A ira, a irritação e a frustração, principalmente em pessoas
impulsivas, são sentimentos que obviamente necessitam entrar
neste exercício.
Agora pensemos em outros sentimentos como: entusiasmo, a
vergonha e euforia. Estes sentimentos também podem ser um
problema para, por exemplo, uma pessoa impulsiva como eu. Isso
mesmo, às vezes me sinto tão entusiasmada com algo que a euforia
do momento toma conta de mim, e tomo decisões das quais me
arrependo depois.
Também lembro de um aluno (de quando trabalhava num jardim de
infância) que ficava tão nervoso quando seus pais o deixavam no
jardim, que se descontrolava por completo e vomitava. Era um vômito “voador”, ao estilo
exorcista (risos). Como vemos, todos temos sentimentos que às vezes transbordam e nos
colocam em problemas. Assim que essa técnica é algo que tanto crianças como adultos
devem aprender.

É importante saber que às vezes simplesmente não conseguimos evitar alguns


sentimentos, eles simplesmente surgem em virtude de circunstâncias que vivemos, afinal,
somos seres humanos e as emoções fazem parte da nossa natureza. Sentir raiva,
irritação, frustração, medo... não é um problema. O problema surge com o que fazemos
quando sentimos estes sentimentos. Exemplo: Você vai a um restaurante lhe serviram a
comida fria e insossa. Você, que tinha tanta fome e esperava comer uma comida deliciosa
(já que pagou por ela), ficou super-irritado e frustrado. A seguir, duas possíveis reações:

1. Você chamou o garçom e disse a ele que era um absurdo servir a comida daquela
forma; que não iria comer aquela comida horrível e não iria pagar! Você foi
bastante grosseiro, já que se sentia dono da razão (e talvez tivesse razão mesmo,
não acha?) e saiu do restaurante prometendo que nunca mais voltaria. Quando
saiu do restaurante, ainda com fome e tão indignado que resolveu entrar nas suas
redes sociais e falar mal do restaurante. Essa atitude gerou muitos comentários de
pessoas dizendo “É bom saber, agora não vou lá”, e outros parecidos.
2. Você chamou o garçom e expressou seu desgosto de uma forma bastante
educada. Pediu que ele falasse com o cozinheiro, já que a comida realmente não
estava boa. O garçom ofereceu trocar o prato e o cozinheiro veio pessoalmente
pedir desculpa, e agradeceu a sua compreensão. Você regressou outro dia e a
comida estava muito boa.

Como você pode ver o problema não está no sentimento, e sim como afrontamos este
sentimento. Muitos inventos geniais foram frutos da frustração e até da irritação de
algumas pessoas, que buscando uma solução para um problema pessoal, presentearam
o mundo com grandes inventos.

A Teoria da Técnica do Semáforo

“Um sentimento descontrolado é como um carro circulando pela rua a toda


velocidade e sem freios... ele pode fazer grandes estragos.”

PARAR (vermelho): Às vezes algum sentimento quer tomar conta de nós (raiva/ira,
irritação, frustração, medo, euforia, etc.). Quando percebemos que não vamos conseguir
controlar esta emoção, então é hora de se relaxar; vamos contar devagar: 10, 9, 8, 7, 6, 5,
4, 3, 2, 1... Tranquilo. Já estamos DESACELERADOS, e então daremos o próximo passo.

PENSAR (amarelo): É hora de PENSAR nas coisas que podemos fazer para
abordar a situação que nos faz experimentar esse sentimento. Porque sinto isso? O que
pode acontecer se eu não me controlo? Se o problema é medo, raiva ou irritação: No que
posso pensar para deixar de sentir medo? Papai/mamãe ou outro adulto podem me
ajudar? Quem pode me ajudar? O que posso fazer para deixar de sentir raiva? Qual é a
melhor opção para sair dessa situação?

FAZER (verde): Já pensamos nas opões, e agora que já nos sentimos mais
controlados, podemos escolher a opção mais adequada para resolver o problema e/ou
abordar a situação.

A prática da Técnica:

1. Imprimir a ficha do professor, pintá-la para mostrar aos alunos. O Semáforo do


professor pode ser fixado num palito de picolé e segurá-lo na mão durante a
explicação, ou colado num cordão pendurado no pescoço.
2. Explicar a técnica aos alunos;
3. Fazer a ficha com os alunos. A ficha dos alunos pode ser um marca páginas
guardado dentro do caderno ou de um livro (para sempre lembrar da técnica e
poder aplicá-la quando necessário);
4. É interessante fazer uma pequena demonstração da técnica num teatro encenado
pelos alunos, no qual simulam uma situação real.
5. Tenha o Semáforo sempre à mão, para quando acontecer uma situação real dentro
da sala ou memo no pátio, poder fazer uma demonstração prática para os alunos.

3.3 O Código de Controle


Deve-se encontrar uma palavra que sirva de código entre o adulto e a criança, para poder
utilizar como “controle” de uma situação onde o sentimento está a ponto de transbordar
ou até já transbordou. Utilizei esta técnica com o meu filho durante um tempo (quando
ainda não conseguia autogerir a sua frustração), e realmente funciona. Se você já aplicou
a técnica do Semáforo (acima), poderia utilizar a palavra “Semáforo” como código.
É importante que a criança compreenda as “regras do jogo”, por assim dizer, do contrário
a técnica não funcionará.

1. Explique à criança (ou crianças, porque também pode ser utilizado em sala de aula),
que quando você disser a palavra código, por exemplo “SEMÁFORO”, ela deve PARAR.
Se estava falando, deve parar de falar, se estava correndo, parar de correr...
simplesmente deve PARAR.

2. Se o CÓDIGO foi ATIVADO é porque a criança estava fazendo algo que está
começando a sair do controle. PARE e Respire fundo, não vale retrucar.

3. Essa técnica pode também ser aplicada em conjunto com a técnica 3.2, ou seja,
quando for ativado o Código, a criança deve aplicar a técnica do Semáforo: parar, pensar,
fazer.

Abaixo seguem as fichas do Semáforo


Materiais de Apoio
4. Fichas para colorir

Vamos compreender os sentimentos

O material e atividades propostas têm o objetivo de ajudar a criança a reconhecer os


sentimentos, tanto nela, como em outras pessoas, além de adquirir vocabulário
emocional.

1 – Ficha Perdão

Às vezes quando alguém nos faz sentir raiva, desejamos que aconteçam coisas ruins a
esta pessoa. Esse sentimento “estraga” o nosso coração, porque a raiva pode
transformar-se em sentimentos ainda mais feios como o ódio, e rancor. Se escolhemos
perdoar, isso ajudará a outra pessoa, mas na verdade nos ajudará ainda mais.

a) Faça o aluno lembrar o que aconteceu com Carlota, como ela se irritou com o menino
no parque e como ela resolveu perdoá-lo. Pergunte: Como vocês acham que ela se
sentiria se não tivesse perdoado o menino?

b) Pense em perguntas que você pode fazer. Através de perguntas ajude a criança a
compreender o sentido da frase:
O perdão cai como como chuva suave (uma chuva suave faz estrago? - Você já sentiu o
frescor da chuva num dia de muito calor?). - É duas vezes bendito (o que significa ser
bendito?).

c) Pintar a ficha com a protagonista do Conto.

2 – Ficha Amor

Muitas pessoas pensam que ciúmes e amor caminham de mãos dadas. O que não é
verdade. Quando amamos alguém devemos confiar, devemos descansar nesse
sentimento tão profundo. Na ficha do Ciúme X Amor trabalharemos o antagonismo desses
sentimentos. O ciúme é desconfiança, e quando a desconfiança entra o amor sai. É
importante que trabalhemos esses sentimentos porque muitas crianças vivem essa
realidade quando nasce um irmãozinho. Elas se sentem deixadas de lado porque já não
são as protagonistas. Quando em nossa casa passamos por essa situação, antes que
nascesse a minha segunda filha, trabalhamos esse conceito com o nosso menino.
Explicamos para ele que “o amor nunca se divide, só soma”. Com uma pessoa a mais em
nossa família, teríamos muito mais amor entre todos. Foi ótimo, ele entendeu direitinho e
nunca demonstrou ciúmes.

Proponha um exercício de imaginação: O que poderia ter acontecido ou deixado de


acontecer se Carlota tivesse regressado para casa sem brincar com Júlia e a outra
menina.

Proposta: Peça para as crianças trazerem um brinquedo do qual gostam muito (sem
dizer o motivo). Proponha que elas troquem os brinquedos entre elas e depois pergunte
como elas se sentiram.
3 – Ficha Confiança

Quem não sente medo? Todos sentimos. Porém, confiar que existe algo maior ou
importante que o medo, nos ajuda a enfrentá-lo. O que é esse algo? Pergunte às crianças
do que elas sentem medo. Estar ao lado de papai e mamãe as deixa mais seguras? É
importante que as crianças compreendam que não é feio sentir medo.

Super-homem teme a criptonita,


porque sabe que ela o fez perder os seus poderes.

Proponha um exercício de imaginação: O que poderia ter acontecido ou deixado de


acontecer se Carlota tivesse ficado acordada toda a noite. Como ela se sentiria no dia
seguinte.

Proponha que as crianças perguntem aos pais sobre coisas de que eles têm medo,
e que na seguinte aula tragam anotado.

4 – Ficha Arrependimento

Quem nunca fez algo do qual se arrependeu depois? A culpa e o remorso pesam na
consciência, e incomodam como uma pedra no sapato.

Lição de Vida:

Pedir perdão significa: arrepender-se + tentar corrigir o erro + mudar de


atitude. Tomar esta decisão e colocá-la em prática fará de você
uma pessoa melhor.

Proposta: Pegue pequenas pedrinhas e peça que as crianças coloquem uma no sapato,
e tentem caminhar. Pergunte como se sentiram. Foi confortável ou desconfortável? Se
continuassem com a pedrinha no sapato, o que poderia acontecer?
Materiais de Apoio
5. Minha história:

Lembra quando na introdução eu disse que esse projeto seria um desafio para você
também? Pois agora chegou o momento de você abrir o coração. Isso mesmo! Seus
alunos devem perceber que você é um ser humano com sentimentos, alguém que pode
sentir medo, remorso, raiva, frustração, alegria, esperança, etc. Você é gente!

Você acha que estou exagerando e que não é necessário, não é? Vai pular essa parte?
Então escute essa história:

Era uma vez uma princesinha cujo pai faleceu. A rainha logo depois voltou a casar e por isso a
princesa pensou que a rainha, sua mãe, na verdade não sentia muita falta do rei, seu pai. Que ela
nem devia tê-lo amado de verdade. Tudo isso fez a princesa sentir-se triste, muito triste.
A princesa cresceu, viveu suas próprias aventuras e depois se casou com um príncipe de um reino
distante. Um dia, quando a Rainha-mãe foi visitá-la, em meio a uma conversa ela contou-lhe que
sofreu muito quando o Rei, seu marido, morreu. A princesa ficou admirada, e a Rainha
continuou. - Eu sofri muito quando o rei morreu! Chorei muito! Sentia tanta saudade dele que
todas as manhãs, bem cedinho, antes que você e o seus irmãos acordassem, eu ia ao cemitério
chorar. Chorava ali, longe de vocês, para não fazê-los sofrer. - Naquele dia o amor da princesa
pela sua mãe cresceu ainda mais e ela aprendeu que se compartilhássemos os nossos sentimentos
com mais frequência, nossos laços de amor seriam ainda mais fortes.

Essa é a minha história... e é uma história real.

Para esse exercício você deve escrever 4 histórias contando alguma experiência
pessoal.

Como fazer:

1. Escreva: escrever é sempre melhor, deixa tudo mais claro e ajuda a organizar o
pensamento (utilize as fichas que seguem).
2. Siga o meu exemplo e comece por “Era uma vez” e conte a história como se fosse
um conto. Não se trata de uma história tipo “sermão”, deve ser algo mágico para os
seus ouvintes.
3. Não tenha medo de expressar os seus sentimentos.
4. Deixe claro para as crianças que é uma história real, vivida por você.
Materiais de Apoio
6. Jogos.

Além do Ludo das Emoções, que desenvolvi com muito carinho, também preparei outros
jogos para trabalhar em sala de aula, inclusive levá-los para casa. Além disso, desenhei 3
dados diferentes que podem ser utilizados com o Ludo das Emoções, com o Jogo das
Emoções ou, até mesmo, como um jogo mesmo.

6.1 – Memory das Emoções: As instruções estão na própria ficha e são muito simples.
Há duas fichas diferentes, cada uma contendo 5 emoções distintas.

6.2 – Formando as Emoções: as instruções também estão na ficha. É um jogo bem legal
para a sala de aula. Cada criança deve ter sua ficha e quando o professor disser o nome
de uma emoção (alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa), a criança deve formar a emoção
na imagem da cabeça de Carlota, juntando uma expressão dos olhos e da boca, que
devem ser previamente recortadas.

6.3 – Quebra-cabeça: Preparei um lindo quebra-cabeça para que as crianças possam


pintar e recortar. Também pode ser uma atividade para fazer em casa, com os pais. É
importante que todo o quebra-cabeça esteja pintado, para que seja mais fácil de montar.
Deve ser impresso em cartolina, ou um papel ainda mais grosso.

6.4 – Dado das emoções: Aqui podemos fazer um jogo de ESTÁTUA adaptado. Dizemos
para as crianças se moverem pelo espaço de forma aleatória, o professor joga o dado e
grita o sentimento que cair. Cada crianças deve parar de mover-se e ficar ESTÁTUA,
porém com a expressão que tiver sido anunciada. O professor tentará fazê-las mover-se.
A criança que se mover, estará fora da brincadeira.

6.5 – Jogo das Emoções: Esse é um jogo um pouco mais difícil, não foi pensado para
crianças de educação infantil. É mais apropriado para crianças a partir de 9 anos,
inclusive para adolescentes.
Este jogo ajudará a criança a compreender as emoções, não somente nela, mas também
nas outras pessoas. Ajudará a desenvolver a empatia e as capacidades emocionais já
tratadas neste projeto. Pode ser jogado em casa (com os pais e irmãos), ou no colégio.
Pode ser um jogo individual, onde cada pessoa é um jogador, ou grupal, onde grupos
jogam entre si.

Instruções: O jogo é composto por seis fichas, cada uma delas se relaciona com uma
emoção. Cada ficha possui 6 perguntas (ou propostas) que devem ser respondidas
(realizadas) pelos jogadores. O jogador (ou líder de grupo) deve jogar o dado, o número
que cair indicará a ficha/emoção que deverá utilizar. Deve voltar a lançar o dado para
responder a pergunta que consta na ficha. Mais que um jogo competitivo, é um jogo para
desenvolver o trabalho grupal (quando se joga em equipe) ou o conhecimento familiar
(quando se joga em família). Pode-se dar pontos pela tarefa realizada.
Materiais de Apoio

7. Alguns presentes

Para terminar, preparei alguns presentinhos que, espero, sirvam de alguma maneira.

1. Marca-páginas para colorir.


2. Marca-páginas em cores.
3. Cartão em forma de coração.

Também deixo uma amostra do “Calendário para dormir” que preparei para ajudar os pais
que estão no processo de deixar as crianças para dormirem sozinhas em seus quartos.
Como são calendários, mês a mês, farei a atualização e colocarei os novos meses na
minha web. Se você conhece alguma família que necessita deste material, basta
escrever-me que enviarei o material por e-mail (acaixadeimaginacao@gmail.com).
Agradecimentos
Desejo agradecer a todos os profissionais que se dedicam à pesquisa e divulgação de
materiais sobre o uso dos contos na educação emocional. Os trabalhos realizados por
vocês me serviram de inspiração e suporte para realizar este trabalho.

Espero que este material tenha sido de ajuda. Você pode comprar o conto “Carlota não
quer falar” na página da Livraria Grafar:

www.livrariagrafar.com.br/carlota-nao-quer-falar.html

Será um prazer conversar com você e trocar ideias. Também gostaria de saber se você
utilizou parte ou todo o projeto e como foi o processo. Escreva-me, por favor e me conte a
sua experiência sobre o uso deste material.

Um grande Abraço,

Claudine Bernardes
Especialista em Contos e Fábulas Terapêuticas
www.acaixadeimaginacao.com.br
Bibliografia

Bettelheim, B. (1975), Psicoanálisis de las Cuentos de hadas. , Editorial biblioteca de


Bolsillo, Barcelona.

DIEZ RIENZI, L. Y DOMIT PALAZUELOS, V. - La capacidad de los cuentos de hadas de


desarrollar un horizonte de significado desde la niñez temprana. - ODISEO, REVISTA
ELECTRÓNICA DE PEDAGOGÍA. MÉXICO. AÑO 4, NÚM. 7. JULIO-DICIEMBRE 2006.
ISSN 1870-1477.

Hillman, J. (1979), Myth and the Quest for meaning, A note on story, by James Hillman,
Story telling and Education, Parabola, volumen IV, número 4, USA

Ibarra Lopez, Begoña. EDUCACIÓN EMOCIONAL A TRAVÉS DEL CUENTO.

Justo de la Rosa, Marisol. La Lectoescritura y la Inteligencia Emocional (Ponencia). Ei


Editora de la Infancia.

Martínez Luján, Catalina. Ramírez Atehortúa, Cristina.Cuentoterapia un programa


funcional de intervención psicopedagógica de conductas internalizantes y externalizantes
en niños de básica primaria. Fonte: http://hdl.handle.net/10819/267

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