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Título: A “objetividade” do conhecimento nas ciências sociais.

Aula: 4
Autor: Max Weber. 26/04
José Guillermo Pérez

O artigo escrito por Max Weber foi inspirado por uma mudança de direção na revista alemã
"Archiv". Tomando como desculpa a pergunta sobre "a tendência" que a revista vai tomar,
pretende expor o papel da objectividade nas ciências sociais.

É importante notar que para Max Weber a objetividade significa várias coisas. Uma primeira coisa
que significa objetividade no seu trabalho é o reconhecimento dos valores do próprio investigador.
Um elemento importante salientado por Weber ao longo da sua escrita tem a ver com a afirmação
de que o papel que a ciência deve desempenhar não é o de escolher os valores finais, pelo
contrário, afirma que “sustentamos que jamais será tarefa de uma ciência empírica produzir
normas e ideais obrigatórios, para delas extrair receitas para prática” (p. 15 O papel que deve ser
desempenhado pela ciência está ligado à concepção que Weber tem da ação humana e em que as
ações têm sempre um sentido e que está orientado para os meios e fins, neste sentido o autor
alemão considera que “uma ciência empírica não tem como ensinar a ninguém sobre o que deve,
somente sobre o que pode e – eventualmente- sobre o que quer” (p.17)

Durante o texto, torna-se evidente que Max Weber está em disputa com várias outras concepções
da ciência. Por um lado, com as ideias inspiradas pelas ciências naturais, que aspiram a construir
leis gerais e onde o critério da objectividade e do pensamento indutivo são factores
determinantes. Por outro lado, critica as concepções científicas provenientes do marxismo, nas
quais também são produzidas uma série de leis gerais, que também são confundidas com os
valores morais do investigador.

Um elemento importante a salientar é que para o autor alemão, a ideia central da ciência continua
a ser o valor da busca da verdade. Neste sentido, também se opõe aos princípios de outros
sistemas de pensamento, o marxismo, por exemplo, propõe, em vez disso, a transformação da
realidade social.

Según Weber “Carência de conviccoes e ‘objetividade’ científica nao tem nenhuma afinidade
interna.”

Weber está plenamente consciente de que no domínio científico (tanto nas ciências sociais como
em qualquer outro) não é possível conceber que são os factos puros nem uma relação
transparente entre as "coisas" que inspiram e orientam o trabalho dos cientistas sociais, pelo
contrário, considera que “O domínio do trabalho científico nao tem por base as conexoes
‘objetivas’ entre as ‘coisas’, mas as conexoes conceituais entre os problemas. Só quando se estuda
um novo problema com o auxílio de um método novo e se descobrem verdades que abrem novas
e importantes perspectivas é que nasce uma nova ‘ciência’” (p.37).
Em Weber é possível traçar uma certa linha de continuidade com as concepções kantianas no
reconhecimento de que o mundo é infinito, mas a capacidade finita dos sentidos humanos obriga-
nos a conhecer apenas partes da realidade. Em continuidade lógica com isto, Weber considera que
é por isso que o investigador é sempre obrigado a dar coerência à série infinita de dados e factos
através de certos princípios, para os quais a objectividade total é impossível, e não só impossível,
mas improdutiva, pois os preconceitos da Weber podem dar uma certa orientação ao
conhecimento da realidade. Como afirma Weber: “Assim, todo conhecimento reflexivo da
realidade infinita realizado pelo espíritu humano finito baseia-se no presuposto tácitode que
apenas um fragmento limitado dessa realidade poderá constituir de cada vez o objeto da
comprensao científica, e de que só ele será ‘esencial’ no sentido de ‘digno de ser conhecido’”
(p.44)
A utilidade do conceito de "tipo ideal" deriva também deste princípio. Como não podemos
conhecer toda a realidade, o conceito de tipo ideal ajuda-nos a concentrar-nos numa série de
características que têm valor heurístico, permitindo-nos comparar ou visualizar as facetas da
realidade com aquela hipótese de trabalho.

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