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Discurso Preliminar
Muitas vezes se acreditou ter se chegado a uma geometrização, no entanto, não passou de uma
primeira representação geométrica fundada em um realismo ingênuo das propriedades
espaciais. Essa é uma geometrização que é mais estágio intermediário = meio caminho entre
concreto e abstrato.
Geometrização: implica leis topológicas (estudo das formas) e relações que pressupõem
vínculos essenciais mais profundos do que as relações métricas imediatamente aparentes.
Defende a abstração matemática que não atua como descritor, mas como formador. A abstração
sugere a Bachelard que a ordem não poderá mais ser relacionada com a concordância entre
nossos esquemas e objetos, nem a desordem como a ordem desconhecida (a natureza tem as
suas próprias leis que desconhecemos) – parece com o pragmatismo.
Enfim, Bachelard considera erro: toda experiência cuja afirmação não esteja ligada a um método
de experimentação geral, verdade que não faça parte de um sistema geral. Assim não é
construído, se não é construído, não pode ser verificado, permanece fato.
Capítulo Primeiro
O ato de conhecer para o autor dá-se tanto contra o real (o que parece dado), quanto contra um
conhecimento estabelecido anteriormente e não mais questionado.
“Nada é gratuito. Tudo é construído.” Mundo vasto mundo. (Nora) fala sobre Bachelard ser
construtivista e estar sendo utilizado na educação (Elyana)
Com o uso, as idéias se legitimam, uma mentira se torna uma verdade = inércia do espírito,
cessa o crescimento espiritual. (Espírito formativo cedendo ao espírito conservativo)
É no abandono da unificação fácil dos fenômenos que a ciência efetua suas etapas mais
marcantes do progresso científico. (unidade da natureza? Do criador?) O pensamento inquieto
rejeita as identidades aparentes, buscando ocasiões de distinguir. Mundo, vasto mundo. Denise:
falando sobre a palavra retificar pra Bachelard como algo que desenvolve o conhecimento, pelo
erro, e não pela verdade é que o surgimento se dá.
II
“Só com as luzes atuais que podemos julgar com plenitude os erros do passado espiritual.” – Da
necessidade de ver a história do ponto de vista normativo, na medida em que nem tudo que
ocorreu na história do pensamento científico serviu à evolução do mesmo. Então, pensamentos
catalogados na ciência, muitas vezes, em nada serviu para fazer aquele pensamento evoluir.
Somente existiu.
Para o epistemólogo: um fato pode ser obstáculo (se mal interpretado) ou um avanço científico.
Se pensarmos em uma palavra: energia. Esta serviu e serve para designar e explicar algo, no
entanto, sugere vários conceitos diferentes para o técnico, engenheiro, matemático, civil, pessoa
que acredita em sistemas holísticos... O historiador considera todas essas noções iguais, pois não
tenta explicar os diversos aparecimentos da palavra energia na história. O epistemólogo, de
cada noção estabelece uma escala de conceitos procurando ver como um conceito deu origem a
outro: avaliação da eficácia epistemológica.
A priori já existe um conhecimento constituído em cada um, portanto, não se trata de adquirir
uma cultura experimental, mas de mudar a cultura experimental já constituída sobre pilares de
obstáculos cotidianos.
O autor faz uma crítica à educação nos moldes que se dá. Enfatizo a parte em que também
concordo: da necessidade de substituir um saber fechado por um saber aberto e dinâmico. (a
cultura cientifica se iniciaria com uma catarse intelectual)
III
Ressalva: a desarticulação provocada por esses dois obstáculos que entravam o espírito
científico torna possível a insurgência de movimentos úteis. Porque, quer queira quer não, o
pensamento empírico galgou um sistema, que mesmo sendo falso, tem a utilidade de
desprender o pensamento do conhecimento sensível.
Obstáculo Verbal: falsa explicação obtida com a ajuda de uma palavra explicativa. Isto é:
desenvolver um pensamento de um conceito, ao invés de inserir um conceito numa síntese
racional. (Cap. 4)
Por fim, Bachelard acredita que está contribuindo para moralizar a ciência.
Capítulo II
“O espírito científico deve formar-se contra a Natureza. O espírito científico deve formar-se
enquanto se reforma.” Isso vai de encontro com a educação científica elementar que fornece
uma ciência imóvel e socializada.
O livro de ensino científico moderno é caracterizado pelo: “preste atenção aluno”, o livro
formula suas próprias perguntas.
O livro científico do século XVIII, o autor dialoga com o leitor como um conferencista, com
preocupações naturais como: a causa do trovão e responde a questão falando sobre o medo que
as pessoas têm de trovão, categorizando em 4 medos.
Neste século a posição social dos leitores influenciava o tom do livro científico. (levantar a
cauda do cometa pra ver se era masculino ou feminino)
Dedicatórias dos livros científicos do século XVII: mais adulação que os livros literários.
No século XVIII havia um cultivo a erudição ( vastos conhecimentos científicos), de maneira que
antes de se tratar de um assunto o autor checava as “46” diferentes teorias sobre o assunto. Para
Bachelard, a redução da erudição seria um critério para reconhecer um bom livro científico
moderno!! (que lindo, não preciso estudar)
Um determinado autor do século XVII e XVIII citava com mais freqüência um coetâneo seu, do
que todos os cientistas atuais citam os autores desses séculos. Por isso a máxima: “o espírito
científico avança em progressão geométrica e não em progressão aritmética.”
II
O fato de substituir o conhecimento pela curiosidade e admiração é um obstáculo para a cultura
científica.
A primeira visão empírica não oferece nem o desenho exato dos fenômenos, nem ao menos a
descrição bem ordenada e hierarquizada dos fenômenos.
O pensamento pré-científico não procura a variação, mas sim a variedade. A variedade é as idas
e vindas de um objeto para o outro sem método. (A eletricidade está nas pedras, enxofre,
fumaça, chama – dá atenção ao que é natural, não era vista como uma propriedade geral) A
variação está ligada a um fenômeno particular, que testa e objetiva as variáveis.
Nas ciências físicas: abismo entre charlatão e especialista. (não vem com essa)
A ciência do século XVIII não era uma vida nem um ofício como a dos jurisconsultos e dos
matemáticos.
III
O século XVIII então é permeado pelo desejo de impressionar a razão diante do mistério do que
se desconhece, de aproveitar o desconhecido como atrativo.
Neste período: inércia da intuição substancialista (assombro encontrar faísca de fogo em gelo –
que não contém fogo)
IV
Compara esse entusiasmo com as experiências feitas nas classes do curso elementar, em que se
houver algum incidente o interesse chega a auge e se esquece das causas objetivas (fórmula e
teoria)
Essa relação entre o conhecimento e as condições que lhe deram origem é o voltar ao “estado
nascente” necessário = momento em que a resposta saiu do problema, faz com que não gere um
inconsciente do espírito científico. “O conhecimento comum é a inconsciência de si.”