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O presente resumo faz parte de uma pesquisa científica da cadeira de antropologia cultural de
Moçambique, aquando o decente jazia abordado. No entanto para o efeito da crítica fora
escolhido o livro “O discurso sobre as ciências” escrito pelo autor Português Boaventura de
Souza Santos, 5ª edição, publicado originalmente em Portugal em 1987, é composto por 92
páginas, revistado, organizado pelo autor e também a sair pela Cortez Editora.
A descoberta de que a natureza poderia ser descrita em leis, propõe a ideia de uma ordem e
estabilidade, assim como a ideia de uma história cíclica em que os fenômenos são os mesmos
em todos os tempos se repetindo continuamente. Baseando-se na mecânica de Newton o
mundo físico é visto como uma máquina que pode ser determinada, que podem ser escritas
por leis físicas e matemáticas, e permanecem assim eternamente.
Surge então uma nova forma de pensar a matéria e a natureza, ou seja, o objecto, diferente do
período moderno, fazer ciência agora deve considerar a história e os fenómenos devem ser
entendidos como imprevisíveis e desordenados. Do ponto de vista sociológico, esse novo
modelo traz reflexões sobre os próprios cientistas e suas pesquisas, agora considerando seus
motivos e interesses e a problematização sobre suas práticas. Passou-se a analisar a natureza
através das condições sociais e culturais a partir dos modelos organizacionais da investigação
científica. E o que antes seriam leis universais agora passaram a ser definidas como
possibilidades provisórias passíveis de contestação e mudanças.
Dessas mudanças, o autor propõe uma especulação com base nessa perspectiva da crise, via
um conjunto de teses e suas justificações. A primeira delas é que não tem mais sentido e
utilidade a proposta de uma separação entre ciência e natureza, pois desde Einstein a física e a
biologia já vinham postulando que os fenómenos a serem pesquisados ou como acontecem
sofrem interferência ou precisam da interferência, como provou Heisenberg e Bohr. Outro
ponto defendido é que todo conhecimento é local e total, enquanto o conhecimento procura
uma universalização eles partem de contextos locais específicos, partindo dos cientistas e seus
interesses.
Dado o exposto, a obra de Santos nos leva a uma trajectória histórica dos processos e do
próprio entendimento do fazer científico. Acredito assim como ele que estamos vivendo ainda
nesse paradigma emergente, mas que ainda falta muito tempo para que ocorra essa inversão
completa ou o abandono do paradigma dominante e que talvez nem seja possível essa cisão
completa. Ademais, a obra nos faz pensar sobre o nosso papel como pesquisador na
actualidade e reflectir se queremos apenas produzir por produzir ou se queremos realmente
buscar ou contribuir com nossa realidade
A primeira parte do livro é debativel, embora não concorde com a maioria dos pontos de vista
do autor. A segunda parte, entretanto, pode ser considerada apenas como uma sequência de
afirmações aleatórias, mas um pouco suscitam reflexões interessantes. Há uma quantidade
considerável de usos incorrectos de física, com analogias esdrúxula e mal-fundamentada e
uma série de assertivas vagas, a linguagem não é tão acessível assim (por exemplo pra quem
se deparar com esse livro se noção da gramática o livro fica um tremendo ruído e confusão), e
também o autor traz alguns conceitos e teorias específicas, quem não conhece acaba se
enrolando lendo o que torna um pouco desagradável. Apesar dos apesares, esse livro pode ser
considerado como sendo um livro importante desse tipo de literatura, se não pelas
contribuições (houveram realmente?), então pelo numero de citações em outros trabalhos (não
num sentido pejorativo). A ciência é vista como fechada (exacta: não contem erros), domínio
de poucos e afastada, de modo geral, do conhecimento popular. Santos tenta quebrar esse
paradigma em poucas páginas, trazendo elementos históricos, situação do presente e
alternativas para o futuro.