Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O texto de Boaventura de Sousa Santos tem como principal objetivo induzir uma
reflexão e expor ao leitor uma discussão a respeito das ciências sociais sob a ótica dos
cientistas naturais. Diante disso, o autor busca estabelecer a definição mais bem aceita
por parte da comunidade científica hegemônica como "ciência natural" que presidiu a
partir do séc. XVI, bem como detalhar as suas características imprescindíveis para que
seja considerada como tal. Entretanto, com o avanço das percepções analíticas dessa
comunidade, Boaventura verifica a ascensão de um conhecimento que versa sobre as
relações humanas que é conhecido como o grupo das "ciências sociais". Dessa forma,
através da alcunha de "ciência", a emergente expressão acabou tendo certa contraposição
por parte da maioria destes cientistas naturais, por não possuir metodologia e
epistemologia própria, o que por sua vez seria contrário a definição básica que se tinha
por ciência. Portanto o autor busca com seu livro expor diversos exemplos, metáforas e
comparações para se legitimar a existência dos conhecimentos que estudam as relações
humanas como uma nova ordem científica emergente e inevitável.
Uma vez reconhecidas as leis como parte do "método" da ciência moderna, que
fora rapidamente adicionada como categorias de inteligibilidade da metodologia, possui
sua predefinição baseada no conceito de causalidade escolhido pela física aristotélica. E
Aristóteles distingue quatro tipos de causa: a causa material, formal, eficiente e final.
Dessa forma, define-se as leis da ciência moderna como um tipo de causa formal que
privilegia o funcionamento das coisas em detrimento do agente e da finalidade das coisas,
ou seja, acaba englobando conceitos e objetivos de todas as formas supramencionadas de
causalidade, e é a partir deste pensamento que o conhecimento científico diverge do senso
comum.
“as ciências sociais não dispõem de teorias explicativas que lhes permitam
abstrair do real para depois buscar nele, de modo metodologicamente
controlado, a prova adequada; as ciências sociais não podem estabelecer leis
universais porque os fenómenos sociais são historicamente condicionados e
culturalmente determinados; as ciências sociais não podem produzir previsões
fiáveis porque os seres humanos modificam o seu comportamento em função
do conhecimento que sobre ele se adquire; os fenómenos sociais são de
natureza subjectiva e como tal não se deixam captar pela objectividade do
comportamento; as ciências sociais não são objectivas porque o cientista social
não pode libertar-se, no acto de observação, dos valores que informam a sua
prática em geral e, portanto, também a sua prática de cientista” - Uma discurso
sobre as ciências, Boaventura de Sousa Santos, 2008.
Em sua segunda tese que justifica "todo o conhecimento é local e total" propõe o
dilema básico da ciência moderna ao verificar que o rigor a ser cobrado da ciência
aumenta proporcionalmente a arbitrariedade de suas abordagens diante da realidade.
Assim, relembra a caracterização plural da ciência moderna como um fator necessário ao
paradigma emergente, sendo total e ao mesmo tempo local por relatar e denunciar temas
que sai adotados por grupos sociais específicos com objetivos delimitados.