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No entanto, essa atitude se baseia no mito do progresso cognitivo. As emoções não são respostas
assim tão burras que sempre precisam ser ignoradas ou até corrigidas pela aptidão racional. Elas
são avaliações do que você acabou de vivenciar ou pensar sobre - nesse sentido, elas são também
uma forma de processamento de informação.
Isso assegura que o cérebro está sempre preparado para lidar com as situações da melhor forma
possível. Quando há uma incompatibilidade (algo que não foi previsto), seu cérebro atualiza o
modelo cognitivo.
Por exemplo, você pode estar dirigindo por uma rodovia no escuro ouvindo alguma música,
quando de repente você tem a intuição de dirigir mais perto da faixa que divide a pista.
Continuando na direção, você percebe que evitou um enorme buraco que poderia ter causado
grande dano ao carro. Você fica feliz por ter confiado no seu instinto mesmo que não saiba de
onde ele veio. Na realidade, o carro que está longe na sua frente fez um desvio parecido (pois
nele estavam pessoas locais que conhecem a estrada), e você percebeu o movimento mesmo que
não conscientemente.
Quando você tem muita experiência em uma área específica, seu cérebro tem mais informação
para combinar as experiências atuais com as do passado. Isso torna a intuição mais confiável. E
significa que, assim como a criatividade, sua intuição pode melhorar com a experiência.
Assim, embora seja verdade que um estilo de pensamento provavelmente pareça dominante
sobre o outro em qualquer situação - em particular o pensamento analítico -, a natureza
subconsciente do pensamento intuitivo torna difícil determinar exatamente quando ele ocorre, já
que muita coisa acontece sob o guarda-chuva da nossa consciência.
As falhas da intuição
Então será que deveríamos nos basear apenas na intuição, já que ela ajuda nossa tomada de
decisão? É complicado. A intuição se baseia em um processamento evolutivamente mais antigo,
automático e rápido, é vítima da desorientação, como de tendências cognitivas. Esses são erros
sistemáticos do pensamento, que podem ocorrer automaticamente. Apesar disso, familiarizar-se
com um viés cognitivo comum pode ajudar a identificá-lo em ocasiões futuras.
Da mesma forma, como o processamento rápido é antigo, ele pode estar um pouco desatualizado.
Considere, por exemplo, um prato de donuts. Mesmo que você se sinta compelido a comer todos
de uma vez, é improvável que precise dessa quantidade enorme de açúcar e gordura. Entretanto,
na época dos "caçadores-coletores", estocar energia era um instinto sábio.
Emocional
Por isso, para cada caso que envolve uma decisão baseada na sua avaliação, considere se sua
intuição mensurou a situação. Trata-se de uma situação evolutiva antiga ou nova? Ela envolve
inclinações cognitivas? Você tem experiência ou expertise nesse tipo de situação? Se for
evolutivamente antiga e envolver tendências cognitivas e se você não tiver experiência nela,
então é melhor confiar no pensamento analítico. Do contrário, sinta-se livre para usar seu
pensamento intuitivo.
Está na hora de parar a caça às bruxas da intuição e enxergá-la pelo que ela é: um estilo de
processamento rápido, automático e subconsciente que pode nos dar informações muito úteis que
a deliberação analítica não pode. Precisamos aceitar que o pensamento analítico e o intuitivo
deveriam ocorrer concomitantemente e ser pesados um contra o outro em decisões difíceis.