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Teoria da

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Inteligência
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Multifocal e Gestão
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da Emoção
Gestão dos Pensamentos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Augusto Cury

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Gestão dos Pensamentos

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução;
• Tipos de Pensamentos Perturbadores;
• Síndrome do Pensamento Acelerado – SPA;
• Síndrome Psicossocial Tri-Hiper;
• GEEI – Gasto de Energia Emocional Inútil
e GEEU-Gasto de Energia Emocional Útil;
• O Eu como Gestor do Intelecto.

Objetivo
• Conhecer os tipos de pensamentos que invadem e detonam nossa psique e, conse-
quentemente, nossa qualidade de vida, fornecendo ferramentas e técnicas de gestão
dos pensamentos.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Gestão dos Pensamentos

Contextualização
Os pensamentos podem ser nossos maiores aliados e promover a maior aventura no
mundo dos sonhos, da criatividade e da realização.

Mas podem ser nossos maiores vilões, transformando nossa vida em um filme de
terror, sendo fonte de estresse, angústia, medo, culpa, obsessões e inseguranças.

Se o Eu é imaturo, se não questiona suas interpretações e crenças limitantes, coloca


combustível no pensamento negativo. Se o Eu é maduro e lúcido, ele se dá o benefício
da dúvida, da crítica e aplica um choque de gestão em seus pensamentos.

Há muitos pensamentos que invadem o nosso território psíquico e muitos deles não
são construídos no palco da consciência, mas nos bastidores inconscientes da psique
como vimos na Unidade anterior.

Uma pessoa madura não dá as costas para seu conflito, seja qual for, mas aprende a
transformar o caos em oportunidade criativa, bem como aprende a escrever os melho-
res textos da sua vida, ainda que com lágrimas, nos dias mais dramáticos da sua história.

Se abrirmos mão de escrever a nossa própria história, provavelmente nossos erros,


conflitos, culpas, medos, rejeições, privações, traumas da infância a escreverão.

A escolha é inteiramente nossa!!!

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Introdução
Não temos o controle da vida, esta é a verdade. O mundo é desafiador, muitas vezes
caótico, seletivo e contraditório. Se quisermos mudar algo, se quisermos chegar a um
objetivo, vamos precisar enfrentar esse caos com nossas habilidades psíquicas.
Gerenciar a construção dos pensamentos e a formação da memória não quer dizer ter
pleno domínio sobre esses processos ou sobre as variáveis que os produzem. Mas significa
realizar um gerenciamento com consciência crítica e maturidade, embora tendo limites.
Na Ciência, gerenciar a inteligência é, antes de tudo, vivenciar a arte da dúvida e da
crítica no processo de observação dos fenômenos psíquicos, é aprender a ter uma postu-
ra aberta e crítica, é aprender a se “esvaziar”, tanto quanto possível, das contaminações
decorrentes da história intrapsíquica, é ter consciência da construção dos pensamentos,
da consciência existencial, da história intrapsíquica e da transformação da energia emo-
cional, e aprimorar qualitativamente essa construção, por meio de um treino diário.
Porém, nós jamais atingiremos o pleno controle da nossa mente, seja na pesquisa cien-
tífica, seja no processo existencial diário.
Nenhum ser humano, seja ele um intelectual, um líder religioso, um filósofo ou um
psicoterapeuta consegue ter total domínio do funcionamento da mente. Na realidade,
em grande parte do processo existencial, somos controlados pelo mundo das ideias que
são produzidas no cerne da alma.
Além disso, gerenciar é muito diferente de controlar. Nós não controlamos o que
queremos pensar na hora que desejamos pensar ou sentir as emoções que quando de-
sejamos sentir.
A ideia do controle é uma ilusão que nos enfraquece emocionalmente, porque não
nos prepara para enfrentar fracassos e adversidades. Assim, quando falamos de apren-
dizado de posicionamento diante da vida, habilidade para questionar, interpretar, es-
colher, ampliar a visão, estamos falando de aprendizado de gerenciamento, essencial
para nossa saúde emocional e para a construção de nossa carreira profissional. Isso é
gerenciamento psíquico.
Mas esse é um trabalho fácil?
Muito pelo contrário!
É necessário um trabalho árduo e constante do Eu. Se não estivermos atentos, pen-
samentos inquietantes e perturbadores podem nos roubar o encanto pela vida, nossa
energia vital.
Ser gestor da psique é algo que exige tanto trabalho ou mais do que ser o gestor de uma
Empresa. Nosso salário, nesse caso, da gestão psíquica bem-sucedida é nossa paz, nossa
serenidade, nossa capacidade de sermos resilientes e reconstruirmos a nossa história.
Imagine-se dirigindo um veículo. Para poder conduzi-lo, é necessário domínio dos meca-
nismos da direção, freio e outros dispositivos, e para isso foi necessário treino e paciência.
Agora, imagine-se dirigindo um veículo em uma situação de risco, um pneu que fura,
problemas no freio ou qualquer problema que surja no veículo em alta velocidade.

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UNIDADE
Gestão dos Pensamentos

Quanto maior o conhecimento e a prática, melhor será seu desempenho nessas situ-
ações. Agora imagine-se querendo seguir por um trajeto e o veículo segue outro, querer
virar para a esquerda e o veículo para a direita.
Quais as consequências?
A mente humana é mais complexa do que qualquer máquina já inventada pelo ser
humano, qualquer equipamento da mais alta tecnologia, e a grande maioria das pessoas
não a conhece e, consequentemente, não a gerencia, tornando-se frágeis.
Na aula anterior, estudamos os bastidores da mente humana, conhecemos os fenô-
menos inconscientes (utilizando a metáfora do carro, os copilotos do Eu) e os conscien-
tes que interferem no processo de construção dos pensamentos.
Vimos que uma Janela Killer nos pode desestruturar, mas uma Plataforma Killer tem
o poder de nos encarcerar. E aprendemos que o Eu, o centro de nossa personalidade,
nossa consciência crítica, o líder de nossa psique, pode e deve assumir o controle de
nossa vida, gerenciando pensamentos e emoções.
No entanto, a produção de pensamentos é ininterrupta pelo Fenômeno do Autofluxo,
mas se este estiver hiperacelerado pode trazer grandes prejuízos. O Eu não apenas deve cui-
dar da qualidade de seus pensamentos, mas também da quantidade de produção de ideias.
O excesso de pensamentos, preocupações e ideias não apenas é uma fonte de inquietação,
mas de insatisfação. Ansiedade e desprazer são cardápios comuns do ser humano moderno.
Além de sermos constantemente invadidos por pensamentos perturbadores, o exces-
so de atividades e de estímulos sociais, as inúmeras atividades diárias, a sobrecarga de
trabalho, o perfeccionismos constante e a tendência a levar “o mundo todo nas costas”
nos levam a ter uma mente agitada, inquieta, que nos impede o desenvolvimento das
funções mais nobres da inteligência, como refletir antes de reagir, expor e não impor
ideias, exercer a resiliência e se colocar no lugar do outros.
É uma verdadeira bola de neve. Ficamos agitados porque a velocidade é alta para
gerenciar tantos pensamentos e acabamos por tomar decisões e comunicar as coisas de
forma acelerada, sem refletir nas consequências.

Tipos de Pensamentos Perturbadores


Pensamentos perturbadores descobertos pela Teoria da Inteligência Multifocal, que
transformam nossa vida pessoal e profissional em pesadelo:
• Pensamento inquietante: nenhum ser humano consegue parar de pensar. Mesmo
o mais profundo relaxamento não paralisa completamente a produção de pensa-
mentos, apenas a desacelera. Pensar é saudável, o problema é pensar excessiva-
mente e com ansiedade. Infelizmente, nossa mente tem se tornado uma fonte de
preocupações, mal está resolvendo um problema, outros dez aparecem. Pensamen-
tos negativos insistem em Tentativas. Os pensamentos inquietantes geram ansieda-
de e estressam nosso cérebro, impedindo-nos de descansar.

Exemplo de pensamento inquietante: http://bit.ly/39KSHp8

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• Pensamento desconectado do presente: as pessoas que têm essa síndrome não
se fixam muito no presente. Geralmente, estão viajando para o passado ou para o
futuro. Muitos vivem em função dos problemas do passado, por exemplo. Remoem
seus erros, suas falhas, suas inseguranças e se culpam intensamente. Outros vivem
em função de conquistas do passado ou de um futuro que ainda não aconteceu e
esquecem de ver as conquistas atuais.

Figura 1
Fonte: Getty Images

• Pensamento antecipatório: o pensamento antecipatório é outro grande ladrão da


qualidade de vida. Faz o velório antes do tempo, os problemas ainda não acontece-
ram, mas a pessoa sofre antecipadamente. Provavelmente, mais de 90% dos nos-
sos pensamentos antecipatórios não se tornarão reais. Jovens se martirizam pela
prova que farão, mães, por imaginar os perigos que assolam seus filhos, executivos,
por fantasiar a perda do seu emprego ou o fracasso de um projeto, adultos, por
criar doenças que não possuem. Sofremos inutilmente.

Figura 2
Fonte: Getty Images

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UNIDADE
Gestão dos Pensamentos

• Pensamento acelerado: não apenas o conteúdo ruim dos pensamentos é um pro-


blema que afeta a qualidade de vida, mas também a velocidade com que pensamos.
Tudo se complica quando os pensamentos são acelerados. Mesmo se o conteúdo for
positivo, o aceleramento gera um desgaste cerebral intenso, produzindo ansiedade e
outros sintomas. Nós podemos acelerar tudo no mundo exterior com vantagens: os
transportes, a automação industrial, a velocidade das informações nos computadores,
mas nunca deveríamos acelerar a construção de pensamentos, pois o aumento da
velocidade do pensamento estimula excessivamente o Gatilho da Memória, o Auto-
fluxo e o registro das Janelas da Memória. Esses Fenômenos Inconscientes, quando
superestimulados, enfraquecem o papel do Eu e a consciência crítica.

Síndrome do Pensamento Acelerado – SPA


Todos esses pensamentos levam a um estresse e a um desgaste altíssimo do cérebro
e da emoção, mas, aqui, falaremos em especial a respeito da Síndrome do Pensamento
Acelerado – SPA.

O excesso de informações e de atividades do mundo moderno, a competição no


trabalho e a paranoia do consumismo são grandes causas que têm estimulado excessi-
vamente os três atores coadjuvantes no teatro da mente humana.

Esses fenômenos têm construído aceleradamente os pensamentos como em nenhu-


ma outra geração, gerando a SPA que atinge a grande maioria da população mundial.

Agora mesmo, você, querido(a) aluno(a), direcionando sua atenção para o conteúdo
deste material, pode ser invadido por pensamentos que tendem a desviar seu foco,
como, por exemplo, de outras atividades que necessita fazer, contas a serem pagas,
outras pessoas etc.

Todos esses pensamentos ao mesmo tempo e em alta velocidade, detonam não ape-
nas a atenção e o raciocínio, desgastam nossa mente e roubam a tranquilidade.

Muitos neurologistas, psiquiatras, psicólogos e psicopedagogos, ao observar crianças


e adolescentes agitados, inquietos, com dificuldade de concentração e rebeldes a normas
sociais, chegam a diagnósticos errados, atribuindo tais comportamentos ao Transtorno
de Déficit de Atenção ou Hiperatividade, quando a grande maioria é vítima da Síndrome
do Pensamento Acelerado.

Essa perturbadora Síndrome produz alguns sintomas semelhantes aos da hiperativi-


dade, mas suas causas são diferentes. A disciplina Saúde Mental da Criança e do Ado-
lescente explica algumas causas da TDH.

Aqui, trataremos de algumas diferenças:


• TDH: é um distúrbio de ordem neurobiológica, que pode ocorrer devido a influen-
cias genéticas e fatores ambientais;
• SPA: a inquietação é construída pouco a pouco, ao longo dos anos. Entre as
causas em crianças, estão o excesso de estimulação, de brinquedos, de atividades
e de informação;

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• Tratamento TDH: prescreve-se Ritalina, que é derivada da anfetamina, que estabi-
liza a dopamina e a noradrenalina no cérebro, atenuando a agitação e melhorando
a concentração;
• Tratamento SPA: como não há alteração metabólica, e sim funcional e social,
ligada ao processo de formação da personalidade e ao funcionamento da mente,
deve ser corrigida com técnicas específicas. Desacelerar a criança com SPA é fun-
damental. Encorajá-la, por exemplo, a desenvolver atividades mais lentas e lúdicas,
como ouvir músicas tranquilas (música clássica), tocar instrumentos, pintar, praticar
esportes, fazer teatro, pode ser muito útil.

Crianças e adolescentes hiperativos também podem e devem aprender essas práticas.

Figura 3
Fonte: Getty Images

Alguns jovens só conseguem perceber algo errado em sua vida quando se tornam
adultos frágeis, dependentes, ansiosos, cujos sonhos foram enterrados nos becos da his-
tória. Alguns pais só conseguem perceber a crise familiar depois que suas relações com
os filhos estão esfaceladas, sem respeito, afeto e amor.

Alguns casais só percebem que sua relação está falida depois que vivem o inferno dos
atritos. Alguns profissionais só conseguem perceber que não são produtivos, proativos, cria-
tivos depois que perderam o encanto pelo trabalho, quando estão na lama da frustração.

Um simples barulho no carro já nos perturba e nos faz ir ao mecânico. Entretanto,


muitas vezes, nosso corpo grita por meio de fadiga excessiva, insônia, compulsão, tris-
teza, dores musculares, dores de cabeça e outros sintomas psicossomáticos e, mesmo
assim, não procuramos ajuda.

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Gestão dos Pensamentos

• Consequências Graves da SPA


» Comprometimento do rendimento intelectual;
» Envelhecimento precoce da emoção;
» Insatisfação crônica;
» Reclamação frequente;
» “Eu” engessado e autossabotador;
» A emoção flutua entre o céu e o inferno;
» Imaturidade da emoção;
» Egocentrismo, egoísmo e individualismo;
» Dificuldade de superação dos conflitos e de adaptação às adversidades;
» Dificuldade de lutar pelos seus sonhos;
» Morte precoce do tempo emocional: a vida passa num piscar de olhos.

E você? Consegue ouvir a voz do seu corpo e da sua mente? O primeiro passo é o
automapeamento. Conhecer a voz, muitas vezes inaudível, de nosso corpo. Assim,
preparamos ao final desta Unidade, um teste autoavaliativo, com alguns dos sinto-
mas provocados pela SPA.

Síndrome Psicossocial Tri-Hiper


Outra importante Síndrome que atinge milhões de pessoas no mundo todo é Síndro-
me Psicossocial Tri-Hiper. Quem é hipersensível, hiperpreocupado com a imagem social
e hiperpensante tem mais propensão para desenvolver depressão, síndrome do pânico
doenças psicossomáticas.
• Hiperprodução de pensamentos: representa a Síndrome do Pensamento Acele-
rado (SPA), proveniente da construção e aceleração excessiva de pensamentos que
rouba a energia cerebral;
• Hiperpreocupação com a imagem social: autoestima baixa, medo de não ser
aceito, alta expectativa com relação aos outros, extrema preocupação com o que
pensam e falam ao seu respeito, vive escravizado(a) em atingir os padrões impos-
tos pela sociedade, em busca constante de aprovação, com tendências excessivas
à autocritica;
• Hipersensibilidade emocional: não consegue proteger sua emoção, deixando que
qualquer ofensa o(a) contamine. Pequenos problemas tornam-se monstros e frustra-
ções são um martírio que atrapalham incontáveis noites de sono. As perdas podem
causar grandes impactos. Nada pode comprometer tanto a personalidade do que
uma emoção que vive nas raias da insensibilidade ou, ao contrário, nas trajetórias
da hipersensibilidade. Decifrar a linguagem da sensibilidade é refinar a arte de sen-

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tir, inspirar, aspirar, ver, perceber. Tanto a insensibilidade quanto a hipersensibili-
dade são duas armadilhas devastadoras da mente humana que podem bloquear o
Eu como gestor psíquico, comprometendo o altruísmo e a resiliência – Capacidade
de superar conflitos e infortúnios. Uma pessoa insensível exclui os outros, uma hi-
persensível os superprotege. Uma pessoa insensível fere facilmente quem o rodeia,
uma hipersensível fere facilmente a si mesmo para não magoar os outros. Uma
pessoa insensível não tem sentimento de culpa quando erra, uma hipersensível o
tem excessivamente. Uma pessoa insensível não se preocupa com o futuro, uma
hipersensível sofre por antecipação. Uma pessoa insensível deixa todos doentes ao
seu redor, uma pessoa hipersensível adoece por tudo que acontece ao seu redor.
A diferença entre ambos é gritante. Uma pessoa insensível é carrasco dos outros,
uma pessoa hipersensível é algoz de si mesma.

Quantas noites de sono, horas de descanso, de lazer, de encontros em família tem sacrifica-
do por sofrer com pensamentos perturbadores e emoções tóxicas? Quanto tem sacrificado
sua tranquilidade, sua qualidade de vida?

Gestão é fundamental para a sobrevivência de uma família, uma empresa, uma institui-
ção e uma pessoa. Toda gestão tem etapas e processos que devem ser observados, cum-
pridos e melhorados. Na gestão doméstica, cumpre-se com um orçamento, compra-se
mobília, supre-se de alimentos, organiza-se a roupa, faz-se a limpeza, poupa-se dinheiro.

Na gestão de um carro, propicia-se manutenção, abastece-se com combustível,


dirige-se com cuidado, presta-se atenção a ruídos estranhos. Na gestão empresarial,
estabelecem-se metas, avaliam-se custos, supre-se de materiais, realizam-se transações,
melhoram-se processos, faz-se a contabilidade.

Em todas as atividades humanas, a gestão é fundamental. Sem uma gestão adequa-


da, uma empresa vai à falência, uma família entra em decadência, uma pessoa entra
em crise.

Figura 4
Fonte: Getty Images

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Gestão dos Pensamentos

GEEI – Gasto de Energia Emocional Inútil


e GEEU-Gasto de Energia Emocional Útil
Ignácio Morón, professor e pesquisador professor da Universidade de Granada e pes-
quisador do Centro de Pesquisa Mente, Cérebro e Comportamxento, afirma que o cére-
bro humano tem aproximadamente 2% do peso corporal, consome 20% do oxigênio e
da glicose do organismo, em média 350 calorias por dia, um gasto calórico comparável
ao das atividades físicas.

O cérebro queima em um dia as mesmas calorias que correr meia hora. Então, pensar muito
emagrece?, disponível em: http://bit.ly/39NZ4rG

Se, em um estado normal, o cérebro humano consome cerca de 20% de calorias, imagine
quanto gasta aprisionado por um estresse intenso provocado pela Síndromes Tri-Hiper, SPA
e PIB (Padrão Inatingível de Beleza? Quanto de energia emocional gastamos com pensa-
mentos sabotadores e perturbadores? Como tomar decisões sábias na carreira ou filtrar os
comandos estressantes se o meu raciocínio está aprisionado?

GEEI, Gasto de Energia Emocional Inútil é um outro mecanismo sabotador do nosso equi-
líbrio emocional. Quando desperdiçamos energia biopsíquica com pensamentos improdutivos,
não valem a pena serem pensados, tais como autocobrança, autopunição, preocupação com
opiniões de outros etc., temos um alto índice de GEEI, que provoca exaustão emocional.
Esgotamos, assim, o recurso de energia que deveria ser utilizado para situações e
atividades importantes, que possibilitam autonomia, autodeterminação, criatividade, ou-
sadia, psicoadaptação às intempéries e prevenção de transtornos psíquicos.
Imagine uma pessoa que está a mais de 6 meses desempregada e passará por uma
entrevista de emprego. Ela pode gastar sua energia psíquica-emocional com pensamen-
tos úteis se preparando, pesquisando informações a respeito da empresa, organizando a
logística para a realização da entrevista, ou pode gastar sua energia com pensamentos
inúteis, tais como: “E se tiverem outros candidatos? E se forem melhores do que eu? E se
o entrevistador não gostar de mim? E se fizer uma pergunta que eu não saiba respon-
der?” Uma enxurrada de “e se...” que independe de sua vontade ou formas de prevenir.

Como você tem gasto sua energia?

O Eu como Gestor do Intelecto


Capacitar o Eu para ser gestor psíquico não é apenas vital para a desaceleração do
pensamento, mas também para promover uma emoção saudável e uma mente criativa.
Nunca seremos plenamente donos do nosso próprio destino, como Jean-Paul Sartre
e os demais existencialistas sonhavam. Nunca seremos plenamente autônomos como

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Paulo Freire almejava. Mas não estamos de mãos atadas. Podemos e devemos deixar
de ser meros atores coadjuvantes e assumir o papel de ator principal do teatro mental.

Ser livre para pensar é não ser escravo de pensamentos perturbadores e estressantes.
Ser livre em nossa mente é libertar o imaginário, inovar, ousar e propor novas ideias. É
duvidar e criticar nossas crenças limitantes. É filtrar estímulos estressantes, fazer a higie-
ne psíquica, reciclar pensamentos, reeditar o filme do inconsciente e construir Janelas
Paralelas para superar nossos conflitos.

Mas como fazemos isso?

1° Aprenda a se priorizar
Para aliviar a SPA, a Tri-Hiper e outras Síndromes que levam ao esgotamento mental
e emocional extremos, aprenda a se priorizar.

Diminua o ritmo de trabalho, organize seu tempo de forma a priorizar tarefas impor-
tantes e a delegar tarefas para não se tornar uma máquina de trabalhar. Entenda que
não precisa dar conta de tudo e muito menos sozinho(a). Aprenda a compartilhar suas
dores, sofrimentos e anseios. E, acima de tudo, entenda que todos nós somos mortais.

2° Aplique a Ferramenta Mapeamento Psíquico


Mapear os pensamentos identificando os que provocam o GEEI e investir em pensa-
mentos produtivos que promovam o GEEU.

Voltando a situação da entrevista, podemos destacar um do pensamento improduti-


vo, por exemplo: E se houver outros candidatos?

É improdutivo, pois não tenho como saber quantos candidatos foram selecionados.
Esse pensamento perturbador e inquietante pode prender o Eu no Circuito fechado da
Memória e bloquear acesso a pensamentos mais saudáveis.

3° Aplique a Técnica do DCD – Duvidar, Criticar e Determinar


O DCD é uma técnica que estrutura e fortalece a liderança do Eu que deve ser pra-
ticada no foco de tensão, sempre que um pensamento perturbador, sabotador invada
sua mente.

O DCD se constitui de três pilares: a arte de duvidar (princípio da sabedoria na fi-


losofia), a arte de criticar (princípio da psicologia) e a arte da determinação estratégica
(princípio da área de recursos humanos). Você deve duvidar de tudo o que o controla,
criticar todo pensamento perturbador e determinar estrategicamente aonde quer chegar.

Duvide de todas as suas falsas crenças. Duvide de que não consiga superar seus
conflitos, suas dificuldades, seus desafios, sua dependência. Duvide de que não consiga
ser livre. Lembre-se de que tudo aquilo em que você crê o controla. Se não duvidar fre-
quentemente das suas falsas crenças, elas o escravizarão e você não conseguirá reeditar
o filme do inconsciente.

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Gestão dos Pensamentos

Critique cada ideia pessimista, cada preocupação excessiva e cada pensamento an-
gustiante. Jamais se esqueça de que cada pensamento negativo deve ser combatido pela
arte da crítica.

Seu Eu tem de deixar de ser passivo, tem de questionar a raiva, o ódio, a inveja.
Critique a ansiedade, a agitação mental, a necessidade de estar em evidência social.
Questione seu medo do futuro, de não ser aceito, de falhar.

Após exercer a arte de duvidar e criticar no palco da sua mente, pratique o terceiro
estágio da técnica do DCD. Determine estrategicamente ser livre, não ser escravo dos
seus conflitos. Determine lutar pelos seus sonhos, ter uma mente saudável e generosa.
Decida continuamente ter um romance com sua própria história e jamais se abandonar.
Determine aprender todos os dias a agradecer mais e reclamar menos, a abraçar mais e
julgar menos, a elogiar mais e condenar menos.

No exemplo anterior, frente ao pensamento: “E se houver outros candidatos?”;


• Duvide: “E se houver? Por que me preocupar com isso?”;
• Critique: “Me chamaram para a entrevista porque identificaram potencial em meu
currículo. Me preparei para esse momento. Por que ter medo? Sou competente,
tenho experiencia e conhecimento em minha área”;
• Determine: Farei o melhor que puder, manterei a tranquilidade e mostrarei que sou
o melhor candidato para essa posição”.

Vejamos outro exemplo.

Desde a infância, Alberto Santos Dumont tinha paixão por coisas mecânicas. Passou
pelo alpinismo, pelo automobilismo, pelo balonismo e até pelo dirigibilismo.

Ansiava por poder controlar o voo, e para isso desenhou uma série de balões alon-
gados dotados de lemes e motores a gasolina.

O primeiro dirigível projetado por Santos Dumont, o N-1, acabou rasgado antes de
experimentado. Reparado dois dias depois, a aeronave partiu e evoluiu em todos os sen-
tidos. Um imprevisto, porém, encurtou a viagem, e o dirigível, a 400 metros de altura,
começou a se dobrar e a descer com rapidez.

Numa entrevista, Santos Dumont contou que escapou da morte certa pedindo que
puxassem o cabo pendente do dirigível na direção oposta à do vento, diminuindo a ve-
locidade da queda.

Foi muito criticado na ocasião, mas manteve forte seu proposto e, em 1899, Santos
Dumont construiu nova aeronave, a N-2.

À hora do primeiro teste, uma forte chuva tornou o balão pesado. A demonstração
feita consistiu em manobras simples com a aeronave presa por uma corda; não obstante,
o teste terminou nas árvores adjacentes.

Mesmo assim, nunca desistiu de seu sonho. As dificuldades encontradas o motivaram


a buscar outras alternativas. Ele foi líder de seu teatro psíquico, conseguiu combater as
Janelas killer e se tornou autor de sua própria história.

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No vídeo a seguir, para facilitar a compreensão, desenhamos o processo dessa pro-
dução de pensamentos e a gestão psíquica que provavelmente Dumont fez.

Propriedade da Escola da Inteligência, disponível em: http://bit.ly/2tCHKFz

4° Aplique a Técnica da Mesa Redonda do Eu ou Autodiálogo


Conhecemos a expressão popular “pôr as cartas na mesa”, que significa esclarecer
uma situação, resolver um problema, expor toda a verdade.

Fazer a Mesa-Redonda do Eu é se reunir consigo mesmo e enxergar a situação/


problema que estamos vivenciando em um determinado momento, utilizando o olhar
multifocal, capaz de ampliar o território da memória em busca de soluções mais saudá-
veis e inteligentes.

É considerar todas as emoções que nos controlam, anulam, fomentam conflitos e exer-
citar diariamente a libertação do pensamento multiangular, antidialético ou imaginário.
Lutar contra toda forma unifocal, uniangular e fechada de pensar. Usar a arte da dúvida
para questionar verdades absolutas e paradigmas rígidos. É enfrentar os medos e os fan-
tasmas que assolam nossa existência. É ter coragem para percorrer caminhos inexplora-
dos. Desengessar a mente humana e enxergar o caos como oportunidade criativa.

A Teoria da Inteligência Multifocal nos mostra que uma Janela Killer não se enfrenta
apenas com uma Janela Light. É preciso uma Plataforma Light paralela (ao redor da
Janela Killer) para neutralizá-la e permitir que nossa parte saudável possa emergir.

O segredo, então, é construir essas Janelas Paralelas em nossa memória. Ter cora-
gem para velejar para dentro de si, reconhecer suas fragilidades, suas angústias, admitir
suas loucuras e, acima de tudo, ter um caso de amor com a vida, construindo Janelas
Ligth em seu terreno psíquico é ser autor de sua história.

E ninguém pode fazer essa tarefa por você!

Só você mesmo.…

Lute por sua sanidade mental, por sua energia emocional, praticando o mapeamento
psíquico, o DCD e a Mesa Redonda do eu todos os dias!

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UNIDADE
Gestão dos Pensamentos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
O Futuro da Humanidade
CURY, A. O Futuro da Humanidade. São Paulo: Sextante, 2005.

Ansiedade, como enfrentar o mal do Século


CURY, A. Ansiedade, como enfrentar o mal do Século. São Paulo: Saraiva, 2013.

Gestão da Emoção
CURY, A. Gestão da Emoção. São Paulo: Benvirá, 2015.

Filmes
Peaceful Warrior (O Poder além da Vida)
Baseado no livro “O caminho do guerreiro pacífico”, de Dan Millman. O filme conta a
história de um jovem atleta de ginástica olímpica que sofre um acidente e se vê impedido
de disputar o ouro nas Olimpíadas junto à sua antiga equipe. Esse jovem encontra um
novo treinador que lhe ensina que a verdadeira competição que irá enfrentar não é fora,
mas dentro de si, com seus pensamentos autossabotadores, seus apegos, medos, ilusões e
convicções sobre o que é vencer, o que é o sucesso e o que é amar, o que se faz de verdade.

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Referências
ADLER, A. A ciência da natureza humana. São Paulo: Nacional, [s.d.].

CURY, A. Ansiedade: Como Enfrentar o Mal do Século. São Paulo: Saraiva, 2013.

_______. Gestão da Emoção. São Paulo: Benvirá, 2015.

_______. Inteligência Multifocal: Análise da construção dos pensamentos e da forma-


ção de pensadores. São Paulo: Cultrix, 2006.

_______. O Futuro da Humanidade. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.

FOUCAULT, M. A doença e a existência. Rio de Janeiro: Folha Carioca, 1998.

LÓPEZ, Á.. G. Textos. O cérebro queima em um dia as mesmas calorias que correr meia
hora. Então, pensar muito emagrece? 2018. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/
brasil/2018/11/23/ciencia/1542992049_375998.htm>. Acesso em: 4 nov. 2019.

SARTRE, J. O ser e o nada. Petrópolis: Vozes, 1997.

STEVEN, P. Cómo funciona la mente. Buenos Aires: Planeta, 2001.

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