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2022
O paradigma emergente surge de uma necessidade de reconhecer os avanços das
ciências no âmbito geral, mostrando que não se é mais aceito a separação dos tipos de
ciências, pois todas elas necessitam de transdisciplinaridade para serem compreendidas em
sua totalidade.
Pensando no campo do futuro, Boaventura defende que não importa o quanto
tentemos prever o futuro e criemos todo um estudo ao redor deste, não é possível acertar
todas as previsões, pois sempre haverá caminhos que não imaginamos, portanto o futuro
sempre será fruto de nossa imaginação.
Outros autores também apresentam teses que mesmo diferentes, convergem em alguns
pontos, sendo alguns casos "nova aliança" de Ilya Prigogine, "mudanças do segundo tipo" de
Eugene Wigner, "a sociedade pós-industrial" de Daniel Bell e tantas outras que convergem
com o paradigma emergente, de Boaventura.
Ele nomeia ainda a sua tese como "paradigma de um conhecimento prudente para uma
vida decente", pois ele defende que do contrário da revolução científica ocorrida no século
XVI, a revolução científica que nossa sociedade está passando -e tendo em vista que a nossa
sociedade já é respaldada nesta cientificidade-, o novo paradigma exige também o respaldo
social, pois assim, segundo o autor, alcançaremos uma transformação para uma vida decente.
Esse paradigma que emerge é separado em três teses.
A primeira tese que justifica o novo paradigma científico que floresce é sustentada
pela justificativa de que “Todo o conhecimento científico natural é científico-social”. Fazer
tal afirmação implica diretamente no avanço da ciência como um todo, uma vez que segregar
os saberes implica em um caráter limitante para compreender a relação do homem com a
natureza. O ser humano dentro da sociedade constitui e é constituído, e apesar de tal fator ser
percebido por alguns estudiosos de forma escassa, o mundo funcionara até então dentro da
lógica mecanicista, desde a matéria (a exemplo dos estudos do átomo e da física em geral) até
a compreensão da antropologia e etc.
Boaventura sustenta seu discurso ainda ao relacionar os pilares do Paradigma
Emergente com o funcionamento do metabolismo e auto-organização, tendo em vista que
cada vez mais teorias introduziram aos estudos da matéria termos que implicam processos de
historicidade, liberdade, etc. Fatores estes que como dito em metáfora no texto, fazem parecer
que o homem evoluiu em seus estudos para perceber enfim, que seus objetos de estudos
refletem a si mesmo. Há portanto a consideração de uma dimensão psíquica para a natureza.
Ela não funciona de forma aleatória e segregada, tudo estaria ligado como uma mente mais
ampla, e que a mente do sujeito seria mais uma parte dentro desse sistema global, de forma a
citar aqui a concepção junguiana da mente coletiva.
Por fim, não haveria natureza humana, pois toda natureza é humana, dada toda a
analogia e comunicação entre termos humanos com a matéria, como estudar a biografia das
reações químicas, etc.