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ESTUDO DIRIGIDO II

Nome: Maria

A partir das referências bibliográficas e das discussões em sala, responda:

1. Como o método científico foi compreendido pelos empiristas ingleses e qual é a crítica que Popper faz a
essa escola de pensamento? Na sua discussão defina o que ele entende por “falseamento”.

O método científico era o positivismo lógico, que considerava que somente era ciência a hipótese que
pudesse ser provada empiricamente como verdadeira. Uma teoria que não pudesse determinar como
verdadeira, seria uma pseudociência. Determinaria se a hipótese é verdadeira ou não, através da
sistemática repetição e observação de algum fenômeno. Dessa forma, no positivismo lógico, utiliza-se do
método indutivo, ou seja, parte de um fato particular para posteriormente generalizá-lo. Popper critica tal
método, uma vez que para ele, o que determina a cientificidade de uma teoria é a possibilidade de ser
falsa. Isto é, uma teoria científica se distingui de uma pseudociência, se sua hipótese for suscetível a ser
refutada. Assim, para Popper, as provas de uma teoria considerada como verdadeira é aceita
temporariamente, enquanto for possível refutá-la empiricamente.

2. Qual seria o principal argumento de Kuhn que o distingue da posição neo-positivista de Popper? Na sua
discussão defina o que ele entende por “ciência normal” e “paradigma”.

Enquanto Popper acredita que o falseamento é a mais adequada opção para provar a cientificidade da
teoria, Kuhn já compreende a ciência pelo enfoque historicista, ou seja, ela é uma atividade que se
desenvolve ao longo do tempo e em cada período apresenta especificidades próprias. Para Kuhn, sob o
enfoque historicista, a ciência se desenvolve a partir do conjunto de teses ou pressupostos (o
paradigma), que são aceitos pela comunidade científica e também são por onde a ciência se orienta.
Durante o período que a atividade científica é desenvolvida baseada em um paradigma, Kuhn denomina
esse momento como ciência normal. Quando o paradigma não traz respostas suficientes, ocorre um
momento de crise do paradigma, onde surgem novos paradigmas, sendo que que um deles pode
substituir (total ou parcialmente) o anterior.

3. Em seu livro “Um discurso sobre as ciências”, Boaventura Santos defende que a ideia de que estaria para
ocorrer uma transição de paradigma na ciência contemporânea, levando a uma aproximação entre as
diferentes disciplinas científicas e da ciência com o senso comum. Quais são os principais argumentos
que ele utiliza para defender seu ponto de vista?

Boaventura Santos afirma que estaríamos vivendo um momento de crise do paradigma dominante e esta
crise é profunda e irreversível. A revolução científica se iniciou com Einstein (em sua teoria da
relatividade) e a mecânica quântica, no entanto, não se sabe quando terminará. O autor demonstra que
quatro teorias contribuíram para a crise do paradigma dominante. A teoria da relatividade de Einstein foi a
primeira ruptura do paradigma dominante, pois ela revolucionou as antigas concepções de espaço e de
tempo. Assim, como não há simultaneidade universal, o tempo e o espaço absolutos das leis de Newton
deixam de existir. A mecânica quântica, a segunda teoria que contribuiu para a revolução científica, veio
da teoria de Heisenberg e Bohr, que demonstram que não é possível observar ou medir um objeto sem
interferir ou alterá-lo, “e a tal ponto que o objeto que sai de um processo de medição não é o mesmo que
lá entrou”. Na mecânica quântica, parte-se do princípio que não se conhece o real senão o que nele
introduzimos, isto é, não conhecemos do real senão a nossa intervenção nele. A partir dessa teoria, veio a
terceira teoria que contribuiu para a crise do paradigma dominante, a teoria de Gödel com o teorema da
incompletude e os teoremas sobre a impossibilidade. Suas pesquisas demonstraram que o rigor da
matemática “carece ele próprio de fundamento”, portanto, pode-se não apenar questionar o rigor da
matemática, como também redefini-lo. A quarta e última condição teórica da crise do paradigma, veio com
a teoria de Prigogine: a ordem a partir da desordem.

4. Apresente os principais argumentos expostos no primeiro capítulo do livro Metodologia das Ciências
Sociais (1986) por Silva e Pinto quando defendem que as Ciências Sociais fazem três rupturas em relação
ao senso comum: natureza x cultura, indivíduos x sociedade e nós x os outros. Em sua resposta, dê
exemplos que explicitem as posições dos autores, mas que já não tenham sido utilizados por eles, por
favor.

Natureza X Cultura – A ideia de que os seres humanos possuem habilidades inerentes e/ou aptidões ou
características que são atribuídas pela natureza (seja ela de ordem psíquica, moral, política) excluindo a
influência da cultura sobre isso. Segundo os autores, antropólogos e sociólogos já provaram por meio de
pesquisas que grande parte do que é atribuído como “natural”, na realidade faz parte de diferentes
contextos sociais e históricos e são determinados por eles. Em alguns casos, se utilizam do argumento
biológico para legitimar uma a forma de dominação. Por exemplo, a crença de que o ser humano nasce
“bom” ou “mau”, sendo que a própria concepção do que é considerado como “bom” ou “ruim” varia de
cultura para cultura. Geralmente, se considera um indivíduo “mau”, àquele que transgrede as regras
determinadas pela cultura.
Indivíduos X Sociedade – A ideia de que a sociedade é um conjunto de indivíduos autônomos e
diferentes, que agem e tomam decisões por livre arbítrio. Essa concepção tem a perspectiva de que
indivíduo e sociedade são questões separadas. Os autores criticam essa noção, uma vez que para eles
não se pode estudar um e simplesmente excluir o outro. Os indivíduos biológicos são atores, exatamente
porque são indivíduos já socializados. Nas palavras de Bourdieu, o corpo socializado é uma das formas de
existência da sociedade. Ainda assim, a dicotomia indivíduo versus sociedade, é uma questão polêmica
dentro das Ciências Sociais, sendo que de um lado estão os que defendem que as ciências sociais devem
partir da análise dos intra e inter-individuais, colocando em destaque analítico o indivíduo; do outro estão
os que acreditam que as análises devem partir dos fatos e instituições sociais, pois é neles que se
encontram as determinantes das ações pessoais. Por exemplo, o suicídio.
Nós X Os outros – O etnocentrismo se trata de uma maneira de entender as relações de poder entre o
“nós” – definidor, para o autor, de uma “identidade de um certo grupo, classe, etnia, nação ou área
civilizacional” – e os “outros” – aqueles “outros grupos, classes, etnias, nações, civilizações”. Silva explica
que o etnocentrismo muitas vezes legitima a dominação. Além disso, o etnocentrismo pode ser
encontrado até mesmo nas relações intra-civilizacionais ou mesmo dentro das relações entre diferentes
grupos da sociedade. Um exemplo de “nós” X “outros” é a xenofobia.

5. A partir do texto de Minayo discuta as semelhanças e as diferenças entre as teorias de Marx e Durkheim e
Weber em relação a cada um dos itens abaixo:
a) Objetividade e à neutralidade do método científico nas Ciências Sociais

Para Durkheim, o cientista social ao estudar um fenômeno, deve se manter o mais distante possível do
seu objeto, sendo, portanto, indispensável a neutralidade científica e a objetividade, isto é, o
pesquisador deve impedir tanto quanto possível a intervenção de suas emoções em sua análise.
Embora Weber concorde que deve haver neutralidade e objetividade nas pesquisas, ele não exclui
completamente o juízo de valor, uma vez que este está presente desde o início do estudo, pois é a
subjetividade do pesquisador que define qual objeto será estudado. Porém, a pesquisa deve ser
orientada por regras objetivas e neutras. Já Marx acredita que por trás do discurso neutro e objetivo da
ciência se encontra ideologias de classes. Isto é, sempre há interesses por trás de uma pesquisa. A
ciência para Marx estaria na superestrutura.

b) Compreensão da sociedade como sendo “um todo maior do que as partes que o compõem”.
Durkheim possui essa compreensão sobre a sociedade (a consciência coletiva), porque ela exerce
uma força coercitiva sobre os indivíduos, uma vez que ela se impõe sobre eles. Weber já não possui
esse mesmo entendimento, porque para ele a sociedade é o resultado do desenvolvimento histórico,
nem é essencial em si mesma, pois a ordem social não difere, nem se opõe ao indivíduo como força
exterior a ele.
Marx, sendo coletivista como Durkheim, dá ênfase na estrutura econômica da sociedade, ou seja, é a
estrutura econômica que determina as relações sociais. Logo, tem a compreensão da sociedade como
um todo maior que as partes que o compõem.

REFERÊNCIAS

MARQUES, Alexandre. A doutrina do falseamento em Popper.

PINTO, José Madeureira; SILVA, Augusto dos Santos (orgs). Metodologia das Ciências Sociais. 4ª edição.
Porto: Edições Afrontamentos, 1990.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 4ª edição. São Paulo: Cortez, 2006.

THOMAS Kuhn. Wikipédia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Kuhn>. Acesso em 24 set


2016.

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