Você está na página 1de 4

FICHAMENTO – METODOLOGIA QUALITATIVA I

Nome: Maria

O método científico surgiu a partir da necessidade do ser humano compreender a


realidade (DEUS; CUNHA; MACIEL, ...). Sendo assim, metodologia é o caminho
para chegar ao objetivo.

Segundo Alami, Desjeux e Garabuau-Moussaoui (2010), os métodos quantitativos


não explicavam o suficiente as demandas de pesquisa no mercado, principalmente
as relacionadas ao consumo. Desse modo, os autores afirmam que começaram a
surgir demandas para pesquisa de método qualitativo que revela diversidades,
dinâmicas e detalhes do universo estudado. Isto é, a metodologia qualitativa
apresenta os significados e as representações do objeto de estudo. Nas palavras de
Chizzotti (2003), a metodologia qualitativa busca encontrar sentido nos fenômenos
e interpretar os significados que as pessoas dão a eles.

Como nos mostra Guerra (2006), ela é composta de uma diversidade de posturas
teóricas e técnicas. Dentre as teorias, temos a hermenêutica (interpretação da
cultura), fenomenologia (busca entender o subjetivo do sujeito) e a etnometodologia
ou ainda teorias explanadas por Minayo (2010) como o positivismo sociológico, o
funcionalismo e o marxismo. A composição da metodologia qualitativa é também
explicada por Chizzotti (2003) que assegura que há diversas técnicas como a
entrevista e a observação. Ele afirma que no caso da metodologia quantitativa, seus
instrumentos são as frequências estatísticas. Assim, podemos entender que o que
compõe a metodologia é a teoria que a fundamenta, seus instrumentos - que variam
caso a pesquisa seja qualitativa ou quantitativa – e a criatividade do pesquisador
(Minayo, 2010).

Apesar de ser uma teoria muito criticada, o positivismo, como afirma Minayo (2010),
deu sua contribuição para as ciências sociais demonstrando a importância da prática
da pesquisa empírica.
No texto “Fase de trabalho de campo”, evidencia-se que um processo fundamental
para a pesquisa qualitativa é o trabalho de campo. Mas antes de falar sobre ele, é
importante conceituar campo. Campo é o recorte delimitado e empírico que está
relacionado com a teoria correspondente do objeto de estudo. Nesse texto é
explicado que é no campo que ocorre a interação social entre a subjetividade – isto
é, os valores, as representações, os significados do sujeito - do pesquisador com a
subjetividade do outro.

O trabalho de campo é constituído pela entrevista e pela observação participante.


A entrevista é conceituada por Kahn & Cannell citado no texto Fase do trabalho de
campo, sendo então, basicamente, uma conversa entre duas pessoas, sendo
iniciado a partir do pesquisador, que tem um objetivo e que busca na(s) entrevista(s)
cumprir este objetivo. Dessa maneira, será na entrevista que o pesquisador colherá
informações objetivas e subjetivas do sujeito entrevistado.

Como afirma May (2004), as entrevistas produzem entendimentos ricos sobre os


valores, as opiniões, os desejos, as atitudes, os sentidos e as experiências das
pessoas. O autor fala de quatro tipo de entrevistas da pesquisa qualitativa. São elas:
a entrevista estruturada – que utiliza questionário para coletar as informações e o
entrevistador deve ser neutro, uma vez que não se deve desviar do esquema de
perguntas e nem improvisar; a entrevista semiestruturada – onde algumas
perguntas podem ser padronizadas e outras abertas porque o entrevistador tem
maior liberdade para abrir um diálogo com o entrevistado, podendo ir além de suas
respostas; a entrevista não-estruturada – que possui caráter aberto porque o
entrevistador pode conduzir a entrevista a partir das respostas da pessoa que está
sendo entrevistada, existindo assim flexibilidade; e, por fim, a entrevista de grupo e
focais – que envolve um número de pessoas e o entrevistador direciona a entrevista
e a discussão a partir dos tópicos da pauta. O tipo de entrevista será definido de
acordo com o objetivo.

O conceito de observação diz respeito a um processo do olhar atento sobre a


realidade empírica estudada (FASE...). Existem dois tipos de observação: a
observação participativa e a observação participante. No primeiro tipo, o observador
não participa do cotidiano do objeto estudado, apenas em um determinado
momento. Já o segundo tipo, como define Schwartz & Schwartz citado no texto Fase
de trabalho de campo, é um processo onde o observador está presente no cotidiano
do observado, estando face a face com eles. Um exemplo da utilização de
observação participante em uma pesquisa qualitativa é do livro Da casa à praça: um
estudo da revitalização de praças em João Pessoa das autoras Mônica Franch e
Tereza Queiroz (2010), que foram nas praças estudadas em diferentes horários e
dias para saber mais sobre o cotidiano de cada uma delas.

Uma vez delimitado o objeto de estudo e a teoria a ser utilizada, é necessário fazer o
primeiro contato com o campo que será estudado, isto é, um mapeamento do local.
Este mapeamento, como nos mostra Marques (2006), são informações sobre a área
física do lugar. No texto Entorno, drogas e violência nas escolas, o autor explica em
seu mapeamento do entorno das escolas estudadas, como são as ruas, se tem
comércios, se tem instituições, igrejas, o fluxo de pessoas, entre outras informações.
Às vezes é preciso um acompanhante para auxiliar o pesquisador durante o
percurso para realizar o mapeamento. Essa figura é essencial dependendo do local.

Um tipo de pesquisa qualitativa é o estudo de caso. Para Ventura (2007) o estudo de


caso é um tipo de pesquisa em que a escolha de um objeto de estudo é definido
pelo interesse em casos individuais. Busca a investigação de um caso específico,
que deverá ser generalizada. Existem dois tipos de estudos de caso, os que focam
em uma unidade – um caso único e particular - ou múltiplo, nos quais vários estudos
são acompanhados ao mesmo tempo, podendo ser vários indivíduos ou várias
organizações. Assim, um estudo de caso é feito definindo quatro fases de “[...] seu
delineamento: a) delimitação da unidade-caso; b) coleta de dados; c) seleção,
análise e interpretação dos dados; d) elaboração do relatório.” (GIL apud VENTURA,
2007, p. 385)

A história de vida é um outro tipo de pesquisa que, de acordo com o texto História e
memória: metodologia da história oral (p.15-16), é um registro de depoimentos sobre
uma história vivida. Dialoga com disciplinas como a antropologia, a sociologia e a
psicanálise, que ajudam a elaborar os roteiros de entrevistas que conduzirão o
depoimento do entrevistado. Entretanto, não é só uma história de um indivíduo,
podendo ser também uma autobiografia ou uma história oral. Nesse texto é
explicado que na história de vida, a memória é um aspecto importante, porque ela
alimenta a narrativa.
No texto "Fase de trabalho de campo" (p.126), a história de vida é vista como uma
estratégia para entender a realidade, porque considera as experiências subjetivas do
sujeito como informações importantes. Ela mistura observação, relatos de
lembranças e roteiros com base em um tema. Para este tipo de pesquisa os
pesquisadores utilizam técnicas como entrevistas e observação participante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALAMI, Sophie; DESJEUX, Dominique; GARABUAU-MOUSSAQUI, Isabelle. Os


métodos qualitativos. Petrópolis, Vozes, 2010.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução
e desafios. Revista Portuguesa de Educação, 2003. 16 (2) pp. 221-236.
DEUS, Adélia Meireles de; CUNHA, Djanira do E. S. Lopes; MACIEL, Emanoela
Moreira. Estudo de caso na pesquisa qualitativa em educação: uma metodologia.
FASE de trabalho de campo. Capítulo 3, p. 105-196.
FRANCH, Mônica; QUEIROZ, Tereza (orgs.). Da casa à praça. Um estudo da
revitalização de praças em João Pessoa. Belo Horizonte. Argvmentvm, 2010.
GUERRA, Isabel Carvalho. Pesquisa qualitativa e análise de conteúdo. Sentido e
forma de uso. Cascais. Precípua, 2008.
HISTÓRIA e memória: metodologia da história oral, p.16-31.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa
em saúde. 7ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: ABRASCO, 2000.
MARQUES, Robson dos Santos. Entorno, drogas e violência nas escolas: uma
contribuição sobre espacialidade no município de Belo Horizonte. In: MEDEIROS,
Regina (org.). A escola no singular e no plural. Um estudo sobre violência e drogas
nas escolas. Belo Horizonte: Autêntica, 2006, p. 47-83.
MAY, Tim. Pesquisa Social. Questões, métodos e processos. Porto Alegre. Artmed,
2004.
VENTURA, Magda Maria. O Estudo de caso como modalidade de pesquisa. Revista
SOCERJ, 2007; (20)5; p. 383-386.

Você também pode gostar