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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Departamento de Ciências Sociais

Maria Virgínia Souza Pereira

Projeto PUCcaronas

Belo Horizonte
2017
O aplicativo PUCcaronas1 é um sistema de acesso via web que tem como
enfoque a viabilização do compartilhamento de caronas da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais – PUC Minas (campus Coração Eucarístico), integrando
funcionários, professores e estudantes. Será de responsabilidade da PUC Minas,
através da Secretaria de Assuntos Estudantis, gerenciar a plataforma, de modo a
permitir o acesso e a organização de informações e comunicações entre os usuários
cadastrados.

2. JUSTIFICATIVA E DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA DA MOBILIDADE URBANA


EM BELO HORIZONTE

Desde sua fundação em 1897, Belo Horizonte cresceu muito em termos


econômicos e populacionais. Hoje, com mais de dois milhões de habitantes,
segundo o IBGE (2016), a capital mineira, mesmo com o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) considerado muito alto 2, encara diversos problemas que outras
capitais do Brasil também enfrentam. A mobilidade urbana é um deles. Como afirma
Marrara (2015), para que a cidade cumpra suas funções sociais e materiais, a
mobilidade é um aspecto indispensável. Logo, uma mobilidade urbana deficiente
acarreta em um município onde seus residentes têm dificuldades em usufruir do
direito a cidade.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2013 3 pelo Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia (Inct), através do Observatório Urbano das Metrópoles, Belo
Horizonte é uma das piores cidades do país em mobilidade urbana 4, uma vez que o
tempo de deslocamento dos usuários da casa para o trabalho é alto, considerando a
distância e os congestionamentos frequentes.
O problema da mobilidade urbana é amplo, porque atinge todas as pessoas
que precisam se deslocar de suas casas seja para trabalhar, para estudar ou para
ter lazer. O público diretamente atingido são os trabalhadores e os estudantes,

1 Este projeto tem como inspiração o Projeto Unb Caronas, que pode ser visualizado no
seguinte link: <https://naaunbmobilidade.files.wordpress.com/2012/05/projeto_unbcarona_solidaria-
1.pdf>.
2 O IDH de Belo Horizonte é de 0,810 de acordo com o PNUD 2010.
<http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idhm-municipios-2010.html>
3 Esta pesquisa do Inct teve como base o censo demográfico de 2010, examinando os valores
de distância, tempo e velocidade média dos deslocamentos identificados.
4 Disponível em: <http://cadernosmetropole.net/system/artigos/arquivos/000/000/272/original/
cm30_273.pdf?1474650658>.
sobretudo aqueles que residem em uma distância considerável entre seu local de
residência e seu local de trabalho/estudo e os que dependem exclusivamente de
transporte público urbano. Como afirmam Lobo, Cardoso e Magalhães (2013), que
analisaram especificamente o problema da mobilidade urbana na capital mineira:
Com efeito, os serviços de transporte e trânsito, em particular, afiguram-se
como um dos meios de consumo coletivo que apresentam problemas mais
visíveis e sentidos pela população, independentemente da classe social
(embora os mais pobres sejam notoriamente mais prejudicados), uma vez
que esses sistemas interagem diretamente com a estruturação do espaço.
Fruto de um crescimento urbano acelerado, pautado principalmente pela
adoção de um modelo de planejamento econômico voltado para o incentivo
à industrialização, tais condições, associadas às precariedades dos
transportes públicos coletivos e, principalmente, ao incremento da utilização
de modalidades de transporte individual, têm contribuído para o avanço de
problemas referentes aos elevados índices de acidentes de trânsito, ao
aumento dos congestionamentos viários e dos níveis de poluição, fatores
que acarretam processos de vulnerabilidade social, uma vez que impactam
negativamente a vida das pessoas e as diversas atividades sociais e
econômicas, indispensáveis à manutenção da dinâmica urbana. (LOBO;
CARDOSO; MAGALHÃES, 2013, p.514)

Como há falta de incentivo e de infraestrutura para o uso de bicicletas, o


transporte ferroviário (metrô) da capital mineira não abrange grande parte dos locais
afastados do centro da cidade e nem todos têm condições financeiras de arcar com
os custos de manter um automóvel pessoal, muitos se tornam dependentes do
transporte público.
Diante desse quadro, como demonstra a figura 1, na Árvore de problemas,
certamente que uma frota de veículos grande, aumenta os congestionamentos, o
número de acidentes de trânsito e prejudica o meio ambiente; uma população de
milhões de habitantes, muitos residirão longe dos seus locais de trabalho; uma
cidade desigual, implica em muitas pessoas com condições precárias para deslocar
dentro do município e indivíduos com dificuldades financeiras em custear o alto
preço do combustível; um transporte público deficiente, pode induzir cidadãos a
comprar/usar veículos pessoais, o que nos leva às consequências de uma cidade
com muitos automóveis, como já mencionado. Entre os ônibus que trafegam em
Belo Horizonte, no período entre o primeiro semestre de 2015 e o primeiro de 2016,
houve um aumento de 66% nos assaltos dentro do transporte coletivo 5 (GALDINO;
MENDES, 2016).

Figura 1 – Árvore de problemas


5 Disponível em: <http://hojeemdia.com.br/horizontes/assaltos-dentro-de-%C3%B4nibus-
aumentam-66-no-primeiro-semestre-deste-ano-em-bh-1.402317>.
Fonte: Adaptado pela autora de Brandt apud Neto (2014).

Embora a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) tenha lançado intervenções


para tentar melhorar a mobilidade urbana na capital (como o Boulevard Arrudas e o
Move), esse ainda é um problema difícil de ser amenizado, já que tem-se uma
população grande (milhões de habitantes), uma desigualdade social preocupante 6,
uma frota de veículos que aumentou 149% de 1999 a 2014 (segundo a PBH 7) e um
transporte público ineficiente, de ruim qualidade, caro e inseguro.
Tendo índices tão preocupantes com relação a mobilidade urbana, a
Prefeitura de Belo Horizonte tem realizado algumas intervenções nos últimos anos
com o intuito de amenizar o problema. Algumas dessas ações foram o Boulevard
Arrudas, o Move, a ampliação do Centro de Operações e o Complexo Via 210. O
Boulevard Arrudas8 e o Complexo Via 2109 foram obras que tiveram como propósito

6 Uma pesquisa da UFMG mostrou a disparidade no Índice de Desenvolvimento Humano


Municipal (que considera longevidade, educação e renda) entre os bairros de BH. Disponível em:
<http://transite.fafich.ufmg.br/idh-bairros-de-belo-horizonte/>.
7 Disponível em: <http://hojeemdia.com.br/horizontes/mobilidade-urbana-%C3%A9-entrave-
para-que-bh-se-destaque-em-ranking-de-bem-estar-1.416755>.
8 Via pública que funciona como um dos principais acessos ao tráfego de veículos em direção
à Linha Verde. Está localizado em área próxima a Estação Central, a Casa do Conde, a Serraria
Souza Pinto e o Parque Municipal.
9 Nova avenida que liga a Avenida Tereza Cristina, nas imediações do Bairro Vista Alegre, e o
Anel Rodoviário, no Bairro Betânia.
melhorar o tráfego em pontos estratégicos da cidade. O Move é um sistema de
Transporte Rápido por Ônibus que constitui-se por uma rede de corredores
exclusivos e estações de integração e de transferência ao longo de avenidas
principais da capital, realizando uma conexão entre o hipercentro e o vetor norte do
município e região metropolitana10. Já o Centro de Operações é um edifício que
abriga os diversos sistemas de controle, tornando as operações de trânsito e do
MOVE mais eficazes, permitindo dar uma resposta mais rápida às necessidades de
circulação na capital mineira11.
A BHTrans possui inúmeros projetos com esse objetivo, alguns em parceria
com a Prefeitura de Belo Horizonte 12. Esses projetos focam em sua maioria no
transporte público, na tentativa que se tenha mais usuários desse tipo de transporte
que de outro. As ações da Prefeitura que visam alguma obra têm como objetivo de
melhorar o tráfego na capital. Nesse sentido, carece na capital mineira de um projeto
mais local e que tenha como foco algum segmento específico para os belo-
horizontinos.
Assim, o PUCcaronas é um aplicativo que visa atingir universitários,
professores e funcionários da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais –
PUC Minas (campus Coração Eucarístico).
O sistema de carona não é uma novidade e já existem vários aplicativos para
os diferentes sistemas operacionais dos aparelhos celulares (Android, IOs e
Windows Phone), no entanto, se destacam três sites: o UniCaronas, o Caronas
Brasil e o UnB Carona Solidária. Os dois primeiros foram uma inspiração para o
último, criado mais recentemente. A Unicaronas foi criada por alunos da Unicamp e
atualmente é utilizada por outras instituições de ensino. Pode-se enviar um convite a
alguém que não seja de nenhuma das universidades vinculadas ao aplicativo, desde
que garanta-se a confiabilidade da pessoa. Dessa forma, ainda que esteja se
expandindo, é um aplicativo restrito aos estudantes universitários. A UnB Carona
Solidária restringe o cadastro para apenas aqueles que são funcionários,
professores ou alunos da Universidade de Brasília. Já o Caronas Brasil não
apresenta restrições quanto ao cadastro de usuários e permite o deslocamento
10 Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Move_(sistema_de_transportes)>.
11 Disponível em: <http://www.bhtrans.pbh.gov.br/portal/page/portal/portalpublico/Temas/
BHTRANS/CCO-2013>.
12 Todos estão na cartilha de Planejamento Estratégico BHTrans 2020 que pode ser
visualizada na íntegra em: <http://www.bhtrans.pbh.gov.br/portal/page/portal/portalpublicodl/Temas/
BHTRANS/planejamento-estrategico-2013/Cartilha-PlanejamentoEstrat%C3%A9gico2013.pdf>.
dentro de uma cidade e entre estados. Existem páginas na rede social Facebook
para disponibilizar caronas, inclusive para a PUC Minas.

6- Objetivos e metas

Considerando o aumento no número de pessoas que preferem utilizar o


transporte individual ao coletivo e o grande tempo gasto em congestionamentos em
Belo Horizonte, e tendo como alvo o público universitário da PUC Minas (alunos,
professores e funcionários), propõe-se, como objetivo superior, melhorar a
mobilidade dos usuários da PUC Minas (campus Coração Eucarístico). Para isto,
como mostra na matriz do quadro lógico (Quadro 1), o objetivo do projeto é criar um
aplicativo de Carona Solidária que tem como enfoque a viabilização do
compartilhamento de caronas entre a comunidade acadêmica, integrando
funcionários, professores e estudantes. Este projeto tem duração de um ano. Os
resultados são: aplicativo PUCcaronas implementado e funcionando para os
sistemas operacionais Android e iOS; meios de segurança fortalecido para os
usuários do aplicativo e divulgação do aplicativo para os usuários internos (alunos,
professores e funcionários).
Para alcançar o objetivo superior deve-se ter como parâmetro a diminuição de
20% do congestionamento em torno da universidade. Para averiguar se houve tal
diminuição, a pesquisa Origem-Destino domiciliar realizada pela BHtrans servirá
como fonte de comprovação.
O objetivo do projeto pode ser mensurado pela participação em 20% da
comunidade acadêmica da PUC Minas (campus Coração Eucarístico) no aplicativo
durante um ano, através da realização de uma pesquisa interna promovida pela
universidade para verificar se há participação dos estudantes, professores e alunos.
Os resultados podem ser diagnosticados também pela pesquisa Origem-
Destino domiciliar da BHtrans e por uma pesquisa interna promovida pela
universidade para verificar se houve redução do gasto com combustível dos
usuários do aplicativo e se há segurança em relação ao seu uso. É importante
considerar as suposições de que os usuários que não possuem celular com Android
ou iOS ficarão excluídos do projeto; os usuários podem se sentir inseguros em ser
caronista e/ou caroneiro, dessa forma, é preciso criar mecanismos dentro do
aplicativo para que haja maior confiança e segurança e, por último, a informação
sobre o aplicativo pode não chegar ao conhecimento de grande parte da
comunidade acadêmica. Nesse sentido, deve-se averiguar se a informação está
sendo divulgada com eficiência nos âmbitos da PUC Minas.
Quadro 1 – Matriz do quadro lógico
Indicadores
Lógica da Fontes de Suposições
objetivamente
Intervenção comprovação importantes
comprováveis
Objetivo superior: Diminuir em 20% o Pesquisa Origem-
Melhorar a congestionamento Destino domiciliar
mobilidade dos em torno da PUC da BHtrans.
usuários da PUC Minas no período de
Minas (campus um ano.
Coração
Eucarístico).
Objetivo do projeto: Participação de 20% Pesquisa interna Preço para a
Criar um aplicativo da comunidade promovida pela realização da
de Carona Solidária acadêmica da PUC universidade para pesquisa e para a
que tem como Minas (campus verificar se há criação do aplicativo
enfoque a Coração Eucarístico) participação dos pode ser alto.
viabilização do no aplicativo durante estudantes,
compartilhamento de um ano. professores e alunos.
caronas entre a
comunidade
acadêmica,
integrando
funcionários,
professores e
estudantes.
Resultados: Diminuição em 10% Pesquisa Origem- 1. Usuários que não
1. Aplicativo do tempo gasto nas Destino domiciliar possuem celular com
PUCcaronas viagens tanto na ida, da BHtrans. Android ou iOS
implementado e quanto na volta da Pesquisa interna ficarão excluídos do
funcionando para os universidade; promovida pela projeto.
sistemas Redução em 15% do universidade para 2. Usuários podem
operacionais gasto com o verificar se houve se sentir inseguros
Android e iOS. combustível ao redução do gasto em ser caronista e/ou
2. Meios de longo de um ano. com combustível dos caroneiro. É preciso
segurança usuários do criar mecanismos
fortalecidos para os aplicativo e se há dentro do aplicativo
usuários do segurança em para que haja maior
aplicativo. relação ao seu uso. confiança e
3. Divulgação do segurança.
aplicativo para os 3. A informação
usuários internos sobre o aplicativo
(alunos, professores pode não chegar ao
e funcionários). conhecimento de
grande parte da
comunidade
acadêmica. Deve-se
averiguar se a
informação está
sendo divulgada com
eficiência nos
âmbitos da PUC
Minas.
Atividades:
1. Solicitar suporte
para criação do
aplicativo com o
departamento de TI
da universidade.
2. Gerenciar o
aplicativo para
garantir seu bom
funcionamento e
desempenho.
3. Disponibilizar
uma equipe para
prestar apoio ao
usuário.
4. Disponibilizar
uma vez a cada dois
meses uma aula na
biblioteca para
orientação do uso do
aplicativo.
5. Contratar uma
gráfica para a
produção de banners
e panfletos para a
divulgação.
6. Divulgar no site
oficial da
universidade e nas
suas páginas nas
redes sociais on-line.
(como o Facebook)

Fonte: Elaborado pela autora com base no quadro de Pfeiffer (2000).

8- Beneficiários do projeto

Beneficiários diretos: Comunidade Acadêmica da PUC Minas.


Alunos: por volta de 18.000
Professores e funcionários: por volta de 2.000 13
13 Dados recolhidos da divulgação da instituição. Pode ser visualizada em:
<http://www.revista.pucminas.br/wp-content/uploads/P--ginas-de-PUC_MIOLO1.pdf>
Total de beneficiários diretos: 20.000

Beneficiários indiretos: Moradores da região noroeste de Belo Horizonte: em torno


de 300.000

REFERÊNCIAS

GALDINO, Renata; MENDES, Alessandra. Assaltos dentro de ônibus aumentam


66% no primeiro semestre deste ano em BH. Hoje em dia, 02 ago 2016. Disponível
em: <http://hojeemdia.com.br/horizontes/assaltos-dentro-de-%C3%B4nibus-
aumentam-66-no-primeiro-semestre-deste-ano-em-bh-1.402317>. Acesso em 15 set
2017.

LOBO, Carlos; CARDOSO, Leandro; MAGALHÃES, David. Acessibilidade e


mobilidade espaciais da população na Região Metropolitana de Belo Horizonte:
análise com base no censo demográfico de 2010. Cadernos Metrópoles, São
Paulo, v. 15, n. 30, pp. 513-533, jul/dez 2013. Disponível em:
<http://cadernosmetropole.net/system/artigos/arquivos/000/000/272/original/
cm30_273.pdf?1474650658>. Acesso em 19 out 2017.

MARRARA, Thiago. Transporte público e desenvolvimento urbano: aspectos


jurídicos da Política Nacional de Mobilidade. Revista Digital de Direito Administrativo,
v. 2, n. 1, p. 120-136, 2015.
NETO, Luis Moretto. Planejamento Estratégico Situacional. ResearchGate, 2014.
Disponível em: <https://www.researchgate.net/figure/308735525_fig10_Figura-10-
Arvore-dos-problemas-Fonte-Brandt-2014-O-produto-final-do-esforco-da>. Acesso
em 16 set 2017.
PFEIFFER, Peter. O Quadro Lógico: um método para planejar e gerenciar
mudanças. Revista do Serviço Público, v.51, n.1, p.81-124, jan./mar. 2000.
http://seer.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/320

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