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INTRODUÇÃO AO CÓDIGO BRASILEIRO DE

TRÂNSITO
Faculdade de Minas

NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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SUMÁRIO
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2

MOBILIDADE URBANA ............................................................................................. 4

BREVE HISTÓRICO DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO ............................. 6

CAMPO JURÍDICO NO TRÂNSITO ......................................................................... 12

A APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO E SUA VIGÊNCIA


................................................................................................................................. 13

CONHECENDO O CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO..................................... 14

SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO ..................................................................... 17

CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO E AS RESOLUÇÕES DO CONTRAN ....... 19

CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO ............................................. 21

AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO ..................................................................... 21

PENALIDADES ADMINISTRATIVAS DO CTB ........................................................ 22

AS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS DO CTB ........................................................... 25

LEI 14.071 – NOVA LEI DE TRÂNSITO E AS MUDANÇAS NO CTB ..................... 32

LEI 14.229/2021 ....................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 38

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MOBILIDADE URBANA

Um estudo do IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal (2005),


intitulado “Mobilidade e política urbana: subsídios para uma gestão integrada”,
conceitua o sistema mobilidade urbana como:

Um conjunto estruturado de modos, redes e infraestruturas que garante o


deslocamento das pessoas na cidade e que mantém fortes interações com as demais
políticas urbanas. Considerando que a característica essencial de um sistema é a
interação de suas partes e não as performances dos seus componentes tomadas em
separado, um fator determinante na performance de todo o sistema é exatamente
como as suas partes se encaixam, o que é diretamente relacionado com o nível de
interação e compatibilidade entre agentes e processos intervenientes no sistema
(MACÁRIO, apud IBAM, 2005).

Quando o ser humano começou a conviver, sentiu a necessidade de explorar


o espaço que o mundo proporcionava. Caminhar já não era mais suficiente para um
objetivo maior, então passou a criar inovações que facilitassem a sobrevivência e isso
incluía formas mais eficientes de se locomover e transportar bens de um lugar para
outro.

Marconi e Presotto (1986) nos contam acerca dos primeiros vestígios de


evolução da mobilidade: trenós no período Mesolítico, canoas e pirogas no período
Neolítico, barcos maiores na Idade do Cobre, além do uso do transporte de carga
movido por tração animal. Entretanto, foi a invenção da roda, na Mesopotâmia, que
fez com que os meios de transporte começassem a ganhar melhor performance. A
partir disso, o transporte rodoviário se desenvolveu consideravelmente e, atualmente,
é o principal meio de transporte de passageiros e cargas utilizado no Brasil.

Duarte, Sánchez e Libardi (2008) classificam os caminhos de uma cidade em


seis modos: do pedestre, sobre bicicleta, sobre motocicleta, do automóvel, do
transporte coletivo e sobre trilhos. Os autores dizem que vivemos em disputa por
espaço, de modo que a mobilidade urbana é uma das principais armas no
desenvolvimento da cidade. Além de ter o objetivo de acabar com grandes

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engarrafamentos e ter uma fluidez aceitável de veículos nas vias urbanas, esses
privilégios buscam reviver e dar um ar mais humano aos espaços urbanos.

A mobilidade urbana é um dos maiores desafios para o governo e em muitos


países representa uma das faces da crise que os atinge. De acordo com Vasconcellos
(2012), “a liberdade de ir e vir nas metrópoles é diretamente proporcional ao acesso
que cada indivíduo tem aos meios de transporte e circulação”. Os menos favorecidos
encontram péssimas condições de transporte nas áreas periféricas, tornando difícil a
locomoção até local de trabalho, escolas e postos de saúde. Jovens e crianças
enfrentam problemas para se locomoverem a pé ou com bicicletas. Idosos e pessoas
com deficiências físicas têm que superar problemas de uma cidade despreparada
para atender às suas necessidades. Glaeser (2011) mostra a dificuldade que é a luta
contra a segregação existente nas cidades e ressalta o poder dos transportes em
moldar as cidades.

Segundo Vasconcellos (2012), a mobilidade é cercada por consumos e


problemas. O consumo do espaço no Brasil, por exemplo, é de 1.720.643 quilômetros
de extensão da rede rodoviária (DNIT, 2015), cerca de 2.090 quilômetros de estrutura
cicloviária (MOBILIZE, 2015), além de trens metropolitanos, metrôs e calçadas. O
consumo de tempo também é alto. É comum, nas cidades grandes, com alta
densidade populacional, que os centros habitacionais fiquem distantes do centro
urbano, o que sobrecarrega o transporte público e evidencia não apenas sua
precariedade, mas a insuficiência de vias, que ficam frequentemente engarrafadas.

Com isso, a qualidade de vida dos habitantes destas cidades é diminuída e


prejudicada. Como exemplo, o tempo médio de deslocamento casa trabalho nas
regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo é de, respectivamente, 49
e 45 minutos (MOBILIZE, 2015). Vasconcellos (2012) também cita o consumo de
recursos naturais para construção de vias e calçadas, carros, bicicletas,
complementos da infraestrutura de mobilidade, produção de gasolina, entre outros.
Além disso, é alto o custo do transporte, bem como o valor do carro e da tarifa de
transporte público e tributos.

Junto com todos os custos e consumos vêm outros problemas. A poluição


atmosférica e sonora, além da visual, trazem muitos problemas para a saúde da

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população, para o desenvolvimento da cidade e do país e, principalmente, para o


futuro do planeta. Outros problemas são os acidentes, que no Brasil representam
altos índices, se comparado aos outros países em desenvolvimento
(VASCONCELLOS, 2012). Em 2013 foram mais de 42 mil mortes em acidentes de
trânsito nas ruas e estradas brasileiras (OMS, 2015).

Uma pesquisa da empresa multinacional de tecnologia da informação, IBM –


International Business Machines, feita em 20 cidades do mundo, relatou que o trânsito
é uma das principais preocupações da população e a tendência, na medida em que
a urbanização vai se intensificando, é piorar se o desenvolvimento da infraestrutura
urbana não acompanhar o crescimento econômico (CHEDE, 2011). A mobilidade
urbana, se bem planejada, traz benefícios socioeconômicos, de modo que o espaço
urbano apresentará melhor qualidade e será utilizado de forma menos agressiva,
tornando o ambiente urbano mais propício para convívio humano.

BREVE HISTÓRICO DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

O advento das revoluções sociais e, especialmente a Revolução Industrial,


contribuíram sobremaneira para o crescimento da população e consequentemente
houve um incremento das cidades e das relações interpessoais. Muitas vezes, as
distâncias entre os centros comerciais dificultavam as negociações no livre mercado,
daí a necessidade de um avanço tecnológico no sentido de criar meios de transporte
para que estas distâncias fossem superadas.

Assim ocorreu com a humanidade, os negócios eram realizados com pessoas


próximas, os animais eram utilizados como meio de transporte e locais, ainda que
distantes, poderiam ser atendidos pelos negociantes. Somente no século XIX, no ano
de 1886, foi criado por Karl Benz o primeiro automóvel.

A criação dos automóveis e a colocação dos mesmos no mercado propiciou


novas implicações decorrentes da utilização desse novo meio de transporte na
sociedade e para organizar e regulamentar essas situações fazia-se necessária a
criação de leis, pois em razão da utilização de veículos automotores poderiam ocorrer

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atos lícitos que necessitassem de regulamentação e até mesmo atos ilícitos


referentes às diversas áreas do direito e, em especial, no âmbito penal.

O primeiro tratamento destinado ao assunto remonta ao início do século XX,


mais especificamente a 1902, ano em que o Rio de Janeiro, então Distrito Federal,
por intermédio da Postura Municipal nº 858, de 15 de abril, estabeleceu que a
velocidade dos automóveis não poderia ultrapassar a 10 Km/h na região urbana, a 20
Km/h na região suburbana e a 30 Km/h na zona rural. (PIRES, SALES, 2012, p 23).

No Brasil, o primeiro decreto a regulamentar o trânsito e as relações dele


advindas foi o Decreto número 8.324 de 1910 (BRASIL, 1910) que tratou
especificamente sobre os serviços de transporte por automóveis. Nova legislação
acerca das relações de trânsito foi criada em 1922 pelo Decreto Legislativo número
4.460 de 1922 (BRASIL, 1922), este decreto proibiu algumas condutas e priorizou e
incentivou a criação de estradas, além de criar medidas destinadas a evitar o uso de
veículo com tração animal. Nesta época, o Brasil era governado pelo presidente
Washington Luiz.

Antes da era Vargas, criou-se ainda o Decreto Legislativo número 5.141 de


janeiro de 1927 (BRASIL, 1927), ainda com o objetivo de estimular a criação de
estradas para ligar as regiões brasileiras, isto é, as unidades federativas. Neste
período foi criado o fundo especial para a construção e conservação de estradas de
rodagem federais, o que demonstra o interesse em incentivar a criação de estradas
e estimular o uso de veículos automotores como meio de transporte. Em maio de
1928 foi publicado o Decreto número 18.223 (BRASIL, 1928) que permitiu o tráfego
internacional de automóveis dentro do espaço territorial brasileiro, além de atualizar
questões relacionadas à atividade policial, sinalização e segurança no trânsito.

No ano de 1929, enquanto o mundo vivia um colapso econômico, devido à


quebra da bolsa de valores norte americana, o então Presidente da República dos
Estados Unidos do Brasil, denominação do Estado brasileiro à época, publicou o
Decreto número 19.038 (BRASIL, 1929) e, por meio deste, promulgou-se a
convenção internacional relativa à circulação de automóveis, a qual foi firmada em
Paris.

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Após esse decreto, somente em 1941 entrou em vigor o primeiro Código de


Trânsito em âmbito nacional, criado pelo Decreto Lei número 2.994 de 1941 (BRASIL,
1941), contudo não obteve muito êxito em sua vigência, já que vigorou por apenas 08
(oito) meses, sendo revogado no mesmo ano pelo Decreto Lei número 3.561(BRASIL,
1941), pelo qual se criou o Conselho Nacional de Trânsito e os Conselhos Regionais
de Trânsito, estes últimos com competência limitada aos Estados membros da
Federação.

Por outro lado, foi em 1966 que se criou o antigo e revogado Código Nacional
de Trânsito, o qual continha 130 (cento e trinta) artigos, Lei número 5.108 (BRASIL,
1966). Este código produziu seus efeitos por 31 (trinta e um) anos, ou seja, até o ano
de 1997 quando se promulgou o Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997) que é
o código atualmente em vigor. Instituído pela Lei número 9.503 (BRASIL, 1997)
publicada no vigésimo terceiro dia do mês de setembro, no ano de 1997, tal lei entrou
em vigor 120 (cento e vinte) dias após a sua publicação, ou seja, a partir do dia 23 de
janeiro de 1998 passa a regular as ações e produzir efeitos.

A Lei número 9.503 de 1997 (BRASIL, 1997) trouxe muitas inovações para a
regulamentação do trânsito no Brasil. A regulamentação do trânsito no Brasil é
constituída por leis e decretos, além de resoluções dos conselhos competentes,
sempre observando a hierarquia das leis brasileiras. As leis estabelecem normas
gerais, por outro lado os decretos apenas regulamentam, enfatizam e disciplinam a
aplicação daquelas. Já as resoluções estabelecem regras explicitadas nas leis.

Cabe mencionar que em 1997, o Brasil era Governado por Fernando Henrique
Cardoso, havia crise nos países sul americanos, principalmente no final de outubro
quando houve quebra da bolsa de valores de Hong Kong, não só na América do Sul,
mas também na Rússia que declarou a moratória em meados de 1998. Além disso, o
Presidente da República vivia a expectativa da reeleição o que, de fato, ocorreu em
1998.

Neste período, o Brasil apresentava estatísticas com auto número de


acidentes, considerando a proporção de veículos por habitantes. Número este que
crescia desde 1966, como relata Francisco Guimarães do Nascimento (1999, p.1)
“Para fazer face a este incremento, que nos levou à triste condição de recordista

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mundial de acidentes, se levado em conta cálculo proporcional veículos/habitantes


(...)”.

Percebe-se então que muitos acidentes ocorriam nas estradas, principalmente


em feriados, e não só nas estradas, mas também nas vias públicas municipais, tanto
que o governo criou propagandas com acidentes para impactar os motoristas, de
modo a conscientizá-los a ter maior prudência e evitar os violentos sinistros que
retiravam a vida de inúmeras pessoas. Então, em razão dos demasiados deslizes que
a própria população cometia ao conduzir veículos, tornou-se necessário a
reformulação do antigo código de trânsito, sendo assim, publicou-se no dia 23 de
setembro de 1997 o Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997), é uma norma de
paz, que contém um capítulo destinado ao cidadão, à condução de escolares, outro
para pedestres e veículos sem tração motorizada, além de tratar dos crimes de
trânsito.

Foi um código direcionado para as regiões municipais, visando à


conscientização dos condutores, de modo que os seus preceitos pudessem ser
estimulados pelo ente federativo mais próximo dos cidadãos, ou seja, os municípios,
como bem observa Francisco Guimarães do Nascimento. Após alguns anos de
tramitação veio à luz o Código de Trânsito Brasileiro, de feição municipalista. Alguns
conceitos do novo código na verdade representam uma tentativa de civilizar os
nossos condutores.

O código de Trânsito é, acima de tudo, um conjunto de normas de condutas


para coagir o mal-educado. O Código de Trânsito é, na realidade, uma reação da
sociedade a um estado de coisas insuportável (NASCIMENTO, 1999, p.1). Percebe-
se por esta citação o caráter civilizatório e a ênfase maior destinada aos municípios
do novo código. O objetivo do código foi resguardar e oferecer maior segurança,
eficiência e comodidade no trânsito. Também há um nítido foco nos elementos
homem, veículo e via pública, procurando um equilíbrio entre eles de modo que haja
segurança a todos aqueles que necessitem trafegar, seja o pedestre ou o condutor.

É importante ressaltar que uma grande inovação do novo código (BRASIL,


1997) foi apresentar um capítulo específico sobre os crimes de trânsito, que não
existia no Código de 1966 (BRASIL, 1966). Para se aplicar sanções penais às

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infrações cometidas no trânsito, recorria-se ao Código Penal (BRASIL, 1940) e à Lei


de Contravenções Penais (BRASIL, 1941), e não é outro o entendimento de Ruy
Carlos de Barros Monteiro.

Os dispositivos legais em que assentavam, de modo superficial, fragmentário


e indireto, os elementos tipificadores dessas infrações, bem como a substância das
penas a elas cominadas, datavam, na sua quase globalidade, de há mais de 50 anos
– do Código Penal – Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, e da Lei das
Contravenções Penais – Decreto-lei n. 3.688, de 10 de outubro de 1941.

De ver-se, então, que as infrações cometidas em veículos automotores em via


pública ou particular, não tinham previsão na Lei 5.108 de 1966 (BRASIL, 1966),
devendo-se aplicar aos casos concretos outras leis penais. Sendo assim, de grande
importância para a sociedade e para os próprios operadores do direito, foi a criação
do novo diploma legal (BRASIL, 1997), pois além de ser voltado para o cidadão e ter
um caráter educativo, inseriu um capítulo destinado aos tipos penais, o capítulo XIX
que trata dos crimes de trânsito.

Assim, não será mais necessário recorrer-se a outros diplomas legais para se
aplicar sanções penais àqueles que cometem condutas criminosas relacionadas à
condução de veículos, o que facilita e torna mais efetiva a aplicação da norma.
Atualmente, além da regulamentação específica da lei 9.503/97 – CTB -, o trânsito é
tratado por intermédio da Constituição Federal, Convenção de Viena, Acordo do
MERCOSUL, Resoluções e Deliberações do Conselho Nacional de Trânsito –
CONTRAN -, Portarias do Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN -, Leis,
Decretos e Portarias estaduais e municipais, além do tratamento doutrinário e
jurisprudencial destinado ao assunto. (HONORATO, 2000, p.28)

O trânsito no Brasil vem aumentando a cada ano que passa e os números de


acidentes são consequências desse crescimento, por ser um tema pouco abordado
pela coletividade e pelas autoridades, o trânsito não está sendo considerado
importante para a sociedade. O descaso da sociedade, tanto por parte da população
quanto das autoridades competentes, faz o trânsito ser perigoso, pois os condutores
e pedestres não respeitam as leis de trânsito e as autoridades são omissas quanto a
este assunto.

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O Código de Trânsito Brasileiro – CTB atribui uma grande responsabilidade


que não é cumprida pelos municípios, por meio da municipalização do trânsito, para
que haja uma ordem no trânsito e seja mais seguro, reduzindo assim as estatísticas
de acidentes que há nele. A municipalização do trânsito assegura que o município,
está mais próximo dos condutores, dos pedestres e das vias de circulação, possa ter
uma ação direta frente ao trânsito e passa assumir uma responsabilidade que não
tinha anteriormente ao CTB.

Embora a municipalização seja uma obrigação atribuída pelo Código de


Trânsito Brasileiro aos municípios, poucos são os que estão cadastrados no Sistema
Nacional de Trânsito, sendo apenas de 14% deles. O ato da municipalização consiste
em transferir responsabilidades ao município referentes ao trânsito, incluindo seu
planejamento, a manutenção das vias e sinalizações, e até a aplicação das sanções
impostas pelas leis de trânsito aos que a infringirem.

O Código de Trânsito Brasileiro em seu dispositivo legal fornece a seguinte


definição no artigo 1°, § 1°: Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas,
veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de
circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.

Em seu Anexo I do referido diploma legal completa a definição com “a


movimentação e imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres”.
Quando nos referimos ao trânsito muitas são as dúvidas relacionadas a ele, por
exemplo, ao associarmos o trânsito com veículo, trânsito de veículos não
motorizados, a circulação de pedestres, entre outros. Vasconcellos define o trânsito
como: “conjunto de todos os deslocamentos diários, feitos pelas calçadas e vias da

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cidade, e que aparece na rua na forma de movimentação geral de pedestres e


veículos”, fazendo assim uma definição mais ampla e genérica sobre trânsito,
considerando pedestres e veículos.

Ao comentar sobre o trânsito, Wilson de Barros Santos, faz um


questionamento, “há, no entanto, um equívoco quando associamos o trânsito
exclusivamente aos deslocamentos de veículos, pois as pessoas” vestem “um modo
de transporte para suprir a necessidade de locomoção. De forma errônea dizemos
que “ali vem uma motocicleta, um automóvel, etc”, mais adequado seria dizer “ali vem
uma pessoa em uma motocicleta, em um automóvel, etc”, são as pessoas que se
deslocam, elas apenas utilizam um modo de transporte para estar finalidade”,
questionando assim as distinções entre veículos e pedestres.

Wilson de Barros Santos distingue os usuários do trânsito quanto ao seu


deslocamento, utilizando um modo de condução natural ou artificial. Em relação aos
deslocamentos realizados menciona que: “nem sempre são realizados de forma
pacífica, às vezes ocorrem conflitos de interesses tendo como consequência os
famosos acidentes de trânsito”. Pode-se definir os principais fatores que geram
conflitos existentes no trânsito, como à não observância das leis do trânsito pelos
condutores e falta de interesse das autoridades do poder público.

CAMPO JURÍDICO NO TRÂNSITO

Com o intuito de estabelecer a organização no trânsito, há legislações a serem


seguidas, algumas na esfera penal, outras na cível e outras nas administrativas.
Dentro da legislação específica de trânsito, temos as normas, resoluções, as
deliberações, as portarias de diversos órgãos e entidades competentes, não se
restringindo apenas ao Código de Transito Brasileiro – CTB, lei nº. 9503/97.

O Código de Trânsito Brasileiro especifica quais são os crimes penais no


trânsito, porém seus procedimentos gerais estão no Código Penal e no Código de
Processo Penal. Todo esse ordenamento jurídico específico de trânsito tem como
finalidade mantê-lo em condições seguras para todos os membros da sociedade,

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sendo condutores ou pedestres. Outras legislações, embora não sejam sobre trânsito,
são utilizadas para solucionar alguns conflitos que são gerados no trânsito, como por
exemplo, o emprego do Código Civil para resolver as lides de indenizações e
reparações de danos que surgem no trânsito.

A APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO E SUA


VIGÊNCIA

O Código de Trânsito Brasileiro – CTB entrou em vigor no dia 22 de Janeiro de


1998 pela lei 9.503, contendo 341 artigos e divididos em 20 capítulos, que abrange
disposições sobre o sistema nacional de trânsito; normas gerais; normas específicas
para veículos e pedestres; sobre sinalizações; entre outras áreas relacionadas ao
trânsito. O atual CTB em seu art. 341 revogou o código anterior, Lei 5.108/66,
ampliando a aplicabilidade das normas de trânsito em todas as vias terrestres do
território nacional, inclusive via interna como condomínio fechado.

Assim, somente serão aplicadas as normas de trânsito estabelecidas pelo CTB


às pessoas, veículos e animais que se utilizarem das vias públicas, incluindo praias
abertas ao público, bem como vias internas de condomínios fechados. Porém, tais
normas não terão aplicabilidade no interior das propriedades privadas, urbanas ou
rurais.

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CONHECENDO O CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO

São 341 os artigos que compõem o Código de Trânsito Brasileiro. Do 161 até
o 255 são descritas as infrações de trânsito e suas respectivas penalidades. Ou seja,
o código é muito mais do que isso. Além do capítulo destinado às infrações, há outros
19.

Veja quais são:

Capítulo I – Disposições Preliminares: Trata dos conceitos-chave da lei, alguns


dos quais já vimos aqui, como o que é considerado trânsito e a quem as disposições
do código são aplicadas.

Capítulo II – Do Sistema Nacional de Trânsito: composto por duas seções,


uma que define e estabelece os objetivos do Sistema Nacional de Trânsito e outra
que detalha a sua composição e as competências de seus órgãos.

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Capítulo III – Das Normas Gerais de Circulação e Conduta: orienta qual deve
ser o comportamento de motoristas (por exemplo, como deve ser feita uma
ultrapassagem).

Capítulo III-A – Da Condução de Veículos por Motoristas Profissionais:


capítulo incluído pela Lei Nº 12.619/2012 e praticamente todo reescrito pela Lei Nº
13.103/2015. Ele estabelece regras especiais para os motoristas profissionais de
transporte coletivo de passageiros ou de cargas.

Capítulo IV – Dos Pedestres e Condutores de Veículos Não Motorizados: você


sabia que pedestres e ciclistas também precisam respeitar regras de trânsito? Elas
estão estabelecidas nesse capítulo, entre os artigos 68 e 71 do CTB.

Capítulo V – Do Cidadão: em dois artigos, este capítulo confere a qualquer


cidadão o direito de solicitar melhorias na infraestrutura ou normas de trânsito.

Capítulo VI – Da Educação Para o Trânsito: define a educação para o trânsito


como direito de todos e estabelece obrigações aos órgãos de trânsito nesse sentido.

Capítulo VII – Da Sinalização de Trânsito: as principais regras sobre placas,


equipamentos e pinturas na via são definidas pelo Contran, mas nesse capítulo você
encontra algumas definições básicas para guiar a implantação da sinalização.

Capítulo VIII – Da Engenharia de Tráfego, da Operação, da Fiscalização e do


Policiamento Ostensivo de Trânsito: apesar desse nome comprido, o capítulo traz
poucos artigos. A maioria das normas quanto a essas ações são estabelecidas pelo
Contran.

Capítulo IX – Dos Veículos: capítulo dividido entre a seção I, que traz


definições sobre tipos de veículos e disposições gerais sobre as suas características
(proibições e permissões); seção II, que versa sobre os requisitos de segurança (o
detalhamento é atribuído ao Contran); e seção III, que explica como deve ser feita a
identificação do veículo (número do chassi e placas).

Capítulo X – Dos Veículos em Circulação Internacional: tem apenas dois


artigos, que definem regras básicas para a circulação de veículo em território nacional

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(independentemente de sua origem) e entrada e saída temporária ou definitiva de


veículos no país.

Capítulo XI – Do Registro de Veículos: o nome é autoexplicativo. Todo o


veículo que trafega em vias públicas precisa estar registrado junto ao órgão de
trânsito, e nesse capítulo estão as regras para essa obrigação.

Capítulo XII – Do Licenciamento: assim como o registro, o veículo precisa


estar com o licenciamento em dia. Aqui estão algumas regras para isso.

Capítulo XIII – Da Condução de Escolares: o serviço de conduzir veículos


destinados ao transporte coletivo de alunos é tão importante que ganha um capítulo
especial, que estabelece regras para a autorização, inspeção, equipamentos e
habilitação do condutor.

Capítulo XIII-A – Da Condução de Moto-Frete: esse serviço profissional


ganhou um capítulo com a Lei Nº 12.009/2009. Ele versa sobre os requisitos para o
exercício legal dessa atividade.

Capítulo XIV – Da Habilitação: é um dos capítulos mais importantes. Ele versa


sobre o processo de habilitação que confere aos cidadãos o direito de dirigir. Apesar
de ter 20 artigos, muita coisa desse processo é detalhada pelas resoluções do
Contran. Vários de seus artigos já foram atualizados por outras leis.

Capítulo XV – Das Infrações: é o maior capítulo do Código de Trânsito. Seus


artigos descrevem quais são as infrações de trânsito e suas respectivas penalidades.
Mais adiante, você vai conhecer melhor essa parte.

Capítulo XVI – Das Penalidades: a multa pecuniária, ou seja, a necessidade


de pagar determinado valor ao órgão de trânsito, não é a única penalidade aplicada
a quem comete uma infração. Aqui, todas elas são descritas e detalhadas.

Capítulo XVII – Das Medidas Administrativas: além das penalidades descritas


no capítulo anterior, uma infração também pode resultar em medidas como a remoção
do veículo. Aqui, essas ações são detalhadas.

Capítulo XVIII – Do Processo Administrativo: quando um motorista é autuado,


ele não sofre as penalidades diretamente. É aberto um processo administrativo, no

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qual ele terá respeitado seu direito à ampla defesa. Em duas seções, esse capítulo
versa sobre a lavratura do auto de infração e o julgamento das autuações.

Capítulo XIX – Dos Crimes de Trânsito: Dependendo da gravidade da conduta


do motorista, ele estará cometendo um crime de trânsito, e não uma infração. Nesse
caso, terá outras punições (como a detenção ou reclusão) e responderá judicialmente.
As disposições gerais e descrição dos crimes e penas estão nesse capítulo, dividido
em duas seções.

Capítulo XX – Disposições Finais e Transitórias: é o último capítulo do Código


de Trânsito Brasileiro. Ele versa sobre prazos para resoluções do Contran, destinação
de receitas de multas e outros detalhes de interesse apenas dos órgãos de trânsito.

Os 341 artigos do Código de Trânsito estão, portanto, divididos entre esses 20


capítulos que você acabou de conhecer.

SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO

O conceito de Sistema Nacional de Trânsito pode ser encontrado no próprio


Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 5º: O Sistema Nacional de Trânsito é o
conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento,
administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos,
formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação
do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e
aplicação de penalidades.

Essa definição abrange diversos órgãos e entidades com competência


municipal, estadual, federal e Distrito Federal, atribuindo-lhes algumas funções
administrativas e punitivas.

O Sistema Nacional de Trânsito – SNT tem por objetivos básicos, estabelecer


as diretrizes da Política Nacional de Trânsito, visando a segurança, fluidez, conforto,
defesa ambiental, e à educação para o trânsito e ainda fiscalizar seu cumprimento. O

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SNT é responsável por realizar uma padronização de ações de seus órgãos, mediante
fixação de normas e procedimentos relativos a critérios técnicos, financeiros e
administrativos para a execução das atividades de trânsito para que não haja
controvérsias entre as ações de seus órgãos.

O Sistema Nacional de Trânsito é um complexo de órgãos que juntos garantem


o perfeito funcionamento do trânsito no país. Estes órgãos têm competências
nacionais, estaduais ou municipais e visam, de acordo com a sua competência,
regular, planejar, pesquisar, normatizar, educar e fiscalizar tudo que for relativo ao
trânsito de pessoas ou de veículos, em vias rurais e urbanas dentro do território
nacional.

Para desempenhar o papel normativo dentro do Sistema Nacional de Trânsito,


foram criado os conselhos: Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, com uma
atuação em todo território nacional; os Conselhos Estaduais de Trânsito – CETRAN,
tendo uma atuação restrita apenas ao uma unidade federativa; e o Conselho de
Trânsito do Distrito Federal – CONTRADIFE, com as mesmas funções do CETRAN.

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CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO E AS RESOLUÇÕES DO


CONTRAN

O atual Código de Trânsito Brasileiro revogou o antigo Código Nacional de


Trânsito, porém várias foram as leis que alteraram o Código de Trânsito Brasileiro. O
Código de Trânsito Brasileiro costuma ser modificado por diversas resoluções, porém
não deveria ser assim, as resoluções somente deveriam completar a legislação e não
a alterar. Porém, há muitos casos em que as Resoluções do CONTRAN modificam,
literalmente o CTB. O Código de trânsito Brasileiro, é regido por diversos princípios,
entre eles citamos o principal que é o princípio de proteção prioritária a vida, conforme
especifica os artigos 1º, §5º e artigo 269, § 1º do Código de Trânsito Brasileiro.

“Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território


nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código. § 5º Os órgãos e entidades
de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas
ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente.”

“Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das


competências estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá
adotar as seguintes medidas administrativas: § 1º A ordem, o consentimento, a
fiscalização, as medidas administrativas e coercitivas adotadas pelas autoridades de
trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade
física da pessoa.”

Portanto, o Código de Trânsito Brasileiro, não visa arrecadação de fundos para


o estado ou nem punição de condutores que cometem infrações de trânsito, visa sim
garantir a integridade física do cidadão.

O artigo 1º, § 1º do CTB, conceitua o que é transito portanto, transito, segundo


o Código de Trânsito Brasileiro é: Art 1º, § 1º do CTB: “Considera-se trânsito a
utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos
conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de
carga ou descarga”.

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Ou seja, a simples utilização das vias de circulação sejam elas rurais, ou


urbanas, já é considerado trânsito. Por exemplo, um carroceiro que transporta objetos
para um sítio, na zona rural, de acordo com o CTB, conceitua como trânsito, estando
ele sujeito a aplicação do Código de Trânsito Brasileiro. Só lembrando que o CTB,
não tem por finalidade punir um condutor que comete uma infração de trânsito, e sim
tem por objetivo educá-lo de forma que este[condutor, infrator], não venha a cometer
novamente a mesma infração, protegendo assim o bem maior tutelado que é a vida,
pois evitando o cometimento de infrações o Código de Trânsito Brasileiro evita a
ocorrência de acidentes por usuários das vias de circulação terrestres.

O artigo 2º do CTB no seu parágrafo único, dá outras classificações para os


locais de aplicação do CTB: “Art. 2º. São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as
avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que
terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas,
de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. Parágrafo
único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias
abertas à circulação pública e as vias internas pertencentes aos condomínios
constituídos por unidades autônomas.”

De acordo com o código qualquer lugar onde tenha via terrestre, aplica-se o
CTB, um exemplo, os condomínios fechados, aqueles condomínios autônomos,
também estão sujeitos ao CTB, complementando, condomínios autônomos são
aqueles formados por casas, os condomínios verticais, pois há vias abertas nestes
condomínios.

Para efeitos do Código de trânsito Brasileiro, não são considerados vias


terrestres, pátios internos de quartéis (pois estes estão sujeitos a legislações
próprias), os estabelecimentos comerciais, como estacionamento de shopping
centers, supermercados e outros, postos de gasolinas. Os outros estabelecimentos
que não são considerados “de livre acesso”, aqueles que por qualquer motivo podem
ser fechados não permitindo a entrada de pessoas.

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CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO

As infrações de trânsito estão classificadas no artigo 161, do CTB: As infrações


são consideradas como a inobservância do Código de Trânsito Brasileiro, desde que
a conduta inobservada esteja prevista dos artigos 162 ao 255 do CTB. Por exemplo,
o Código de Trânsito, nas suas disposições preliminares, explica que todo motorista
ter atenção ao conduzir seu veículo, inclusive ter atenção ao abrir a porta, tanto do
passageiro, quanto do condutor, porém não existe nenhuma infração de trânsito para
o condutor ou passageiro que abre a porta do veículo sem prestar a tenção na via e
causa um acidente. Concluímos então que as infrações de trânsito devem estar
tipificadas no código de trânsito brasileiro.

As medidas administrativas, são aquelas previstas no artigo 260 do CTB, são


aplicadas pela autoridade de trânsito e seus agentes nas esferas de suas atribuições,
competências e circunscrições. Por exemplo, o agente de trânsito, autua e remove
um veículo cujo condutor ou o veículo estejam irregulares. A autoridade de trânsito
no caso do mesmo veículo, multa e recolhe o veículo.

O capítulo III, do artigo 26 ao artigo 67 do CTB, referem-se as normas gerais


de circulação e conduta, mais claramente, ao comportamento ideal do condutor. O
Capitulo XV, refere-se as infrações e suas consequências. Só acrescentando que os
capítulos III e XV se interagem.

AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO

Com relação ao auto de infração, este por sua vez não é uma medida
administrativa, é um ato administrativo, e tem por finalidade documentar a prática de
uma infração de trânsito. Para concluir acrescentamos que existem duas esferas de
competência na aplicação das autuações de trânsito, um estadual, existindo um total
de 63 infrações, sendo estas infrações toas referentes, em regra geral, a condutores,
documentação, além do ato de permitir, entregar ou confiar a direção de veículos

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automotores. A segunda esfera é a esfera municipal, totalizando 164, infrações de


trânsito, todas aquelas relacionadas com circulação, parada e estacionamento.

Para que um agente de trânsito, por exemplo a polícia militar, realize autuações
em ambas as esferas, é necessária a existência de um convênio por parte dos órgãos
executivos responsáveis, por exemplo em um município a polícia militar só poderá
autuar se houver convenio entre o batalhão responsável e o município de atuação. A
mesma coisa ocorre na esfera estadual, porém, no caso do estado de São Paulo, o
fato da Policia Militar e o DETRAN pertencerem à mesma secretaria extingue a
necessidade do convenio pelo fato das duas instituições pertencerem a mesma pasta
do Governo Estadual.

PENALIDADES ADMINISTRATIVAS DO CTB

O CTB no seu artigo 256 determina que a autoridade de trânsito na esfera das
competências estabelecidas no código e dentro da sua circunscrição, deverá aplicar,
pela inobservância às infrações nele previstas, às seguintes penalidades:

I – Advertência por escrito;

II – Multa;

III – suspensão do direito de dirigir;

IV – Apreensão do veículo

V – Cassação da Carteira Nacional de Habilitação;

VI – Cassação da permissão para dirigir;

VII – Frequência obrigatória em curso de reciclagem.

Cada penalidade apresenta a sua particularidade, inicialmente falando da


“advertência por escrito” que poderá ser aplicada em substituição à multa quando
tratar-se de infração de natureza leve ou média cometida por condutores ou
proprietários de veículos. Quando a multa é aplicada aos pedestres esta poderá ser

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substituída por participação do infrator em cursos de segurança viária, à critério da


autoridade de trânsito.

Toda infração terá prevista como penalidade pelo menos a multa, podendo ser
de natureza leve (03 pontos), média (04 pontos), grave (05 pontos) e gravíssima (07
pontos), sendo todas infrações definidas quanto à gravidade pelo legislador, que
também previu para um grupo de dez artigos do CTB que são tipos infracionais de
trânsito de natureza gravíssima atribuída pelo legislador conhecidos como fatores
multiplicadores (multas agravadas) por três, por cinco e por até cinco vezes1 o valor
da multa de natureza gravíssima, conforme cada tipo infracional previsto de forma
específica.

A suspensão do direito de dirigir será aplicada nos casos previstos pelo CTB
pelo prazo mínimo de um mês até o máximo de um ano, no caso de reincidência nos
próximos doze meses, a suspensão será pelo prazo mínimo de seis meses até o
máximo de dois anos, com critérios estabelecidos pelo CONTRAN. A suspensão
também se dará sempre que o infrator atingir a soma de vinte pontos em seu
prontuário de habilitação em doze meses ou quando pela infração cometida, haja
previsão de forma específica a penalidade de suspensão do direito de dirigir.

A apreensão do veículo se dará por um prazo de até 30 dias regulamentadas


pelo CONTRAN. No entanto, há previsão desta penalidade para os tipos infracionais
determinados, sendo a falta de registro e de licenciamento um deles. Esta apreensão
se dará depois do encerramento do processo administrativo para aplicação da pena
e consiste na entrega do veículo pelo proprietário ao depósito credenciado pelo órgão
que impôs a penalidade, onde permanecerá sob custódia do órgão ou entidade
apreendedora, com ônus para o seu proprietário.

A cassação da Carteira Nacional de Habilitação, penalidade imposta ao


condutor que tiver o seu direito de dirigir suspenso e for flagrado conduzindo veículo
em via pública ou no caso de reincidência nos tipos infracionais dos artigos 162, 163,
164, 165, 173, 174 e 175 num período de doze meses, podendo o condutor voltar a
reabilitar-se após decorridos dois anos da cassação.

A cassação da Permissão para dirigir se dará pelos mesmos motivos


ensejadores da cassação da CNH, o diferencial é que a Permissão é o documento de

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habilitação com validade para um ano. Neste período, o condutor, não cometendo
nenhuma infração de natureza grave, gravíssima ou reincidência de infração média
garantirá habilitação definitiva; então, todos os condutores definitivamente habilitados
renovarão exame médicos e psicológicos de cinco em cinco anos e de três em três
para aquelas pessoas com idade superior a sessenta e cinco anos de idade.

Quanto a penalidade de frequência obrigatória em curso de reciclagem o


legislador apenas inseri-a no rol de penalidades previstas pelo CTB, na legislação
complementar tratou ela apenas como curso de reciclagem conforme Resolução n°
182 de 09 de setembro de 2005 do CONTRAN, porém todos infratores para efeito do
curso é como se nunca tivessem sido habilitados anteriormente, pois terão a carga
horária de 30h de curso, e após, se aprovados, voltarão à conduzir na categoria de
habilitação que se encontravam antes da imposição da penalidade de suspensão ou
cassação da habilitação.

Para aplicação das penalidades acima previstas os órgãos e entidades de


trânsito necessitam obrigatoriamente da instauração de um processo administrativo
que existe no âmbito da função administrativa e prevista pelo CTB e normas
complementares.

Teve significativa mudança o processo administrativo previsto pelo CTB, tendo


em vista a publicação da Súmula Vinculante n° 21 que afirma que é inconstitucional
a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a
admissibilidade de recurso administrativo. O CTB previa o pagamento da penalidade
de multa para recorrer para segunda instância o que não é mais possível, inclusive
tendo sido revogado o § 2º do art.288 do CTB pela Lei nº 12.249 de 11 de junho de
2010.

A Constituição Federal de 1988 contemplou o termo processo para significar a


processualidade administrativa, nestes termos: art. 5º, inc. LV: “aos litigantes, em
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”

O Código de Trânsito por ocasião da distribuição de competências atribuiu ao


CONTRAN a regulamentação do CTB, no entanto, este deixou de regulamentar a
aplicação da penalidade de advertência por escrito, apreensão do veículo, cassação

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da permissão para conduzir e frequência obrigatória em curso de reciclagem. O CTB


apenas contemplou no capítulo VIII DO PROCESSO ADMINISTRATIVO a multa, a
suspensão do direito de dirigir e a cassação da Carteira Nacional de Habilitação.
Quanto às finalidades do processo administrativo ensina Medauar (2010, p. 168-169),

As várias finalidades do processo administrativo apresentam-se cumulativas


sem se excluírem, embora sejam expostas de modo separado, por
exigências de sistematização científica: Garantia; Melhor conteúdo das
decisões; Legitimação do poder; Correto desempenho da função; Justiça na
Administração; Aproximação entre Administração e cidadãos;
Sistematização de atuações administrativas e facilitar o controle da
Administração.

Para a aplicação das penalidades previstas pelo CTB é necessário que estejam
presentes alguns princípios basilares consagrados na nossa Constituição e na
legislação infraconstitucional qual sejam: Lei 9.503/1997 (Código de Trânsito
Brasileiro) e Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública federal.

AS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS DO CTB

Medidas Administrativas são atos administrativos, com os atributos de


presunção de legitimidade, imperatividade, auto executoriedade e tipicidade, de
competência da Autoridade de Trânsito com circunscrição sobre a via ou seus
agentes. Ensinam Alexandrino, Marcelo e Paulo, Vicente (2009, p. 454-456):

A presunção de legitimidade ou presunção de legalidade é um atributo


presente em todos os atos administrativos, quer imponham obrigações, quer
reconheçam ou confiram direitos aos administrados. Esse atributo deflui da própria
natureza do ato administrativo, está presente desde o nascimento do ato e independe
de norma legal que o preveja. A auto executoriedade é qualidade própria dos atos
inerentes ao exercício de atividades típicas da administração, quando ela está
atuando na condição de poder público. A necessidade de defesa ágil dos interesses
da sociedade justifica essa possibilidade de a administração agir sem prévia
intervenção do Poder Judiciário. A imperatividade decorre do denominado poder
extroverso do estado. Essa expressão é utilizada para representar a prerrogativa que

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o poder público tem de praticar atos que extravasam sua própria esfera jurídica e
adentram a esfera alheia, alterando-a, independentemente da anuência prévia de
qualquer pessoa. (p.454-457).

Elas têm como objetivo principal e prioritário a proteção à vida e à incolumidade


física das pessoas, evitar que certas infrações continuem ou se repitam, com todas
as suas consequências, assim como servir de instrumento para aplicação de algumas
penalidades administrativas do CTB. Para diversos tipos infracionais previstos no
CTB do art.162 ao art.255, há previsão de implementação de mais de uma medida
administrativa por infração cometida.

Não suprimem a aplicação das penalidades por infrações estabelecidas no


CTB, há situações em que são implementadas em caráter complementar a estas.
Diferentemente da penalidade, a aplicação de medida administrativa independe de
processo administrativo. Nem sempre elas serão executadas de imediato à autuação
já que algumas delas dependem da aplicação da penalidade, como no caso do
recolhimento da habilitação derivada da suspensão do direito de dirigir, bem como,
da remoção do veículo no caso da aplicação da penalidade de apreensão do veículo.

Elencadas no art. 269 do CTB assim descritas:

a) Retenção do veículo;
b) Remoção do veículo;
c) Recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
d) Recolhimento da Permissão para Dirigir;
e) Recolhimento do Certificado de Registro;
f) Recolhimento do Certificado de Licenciamento;
g) Transbordo do excesso de Carga;
h) Realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia
de substância Entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica;
i) Recolhimento de animais que se encontrem soltos nas
vias e na faixa de domínio das vias de circulação,
restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento
de multas e encargos devidos.

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j) Realização de exames de aptidão física, mental, de


legislação, de prática de primeiros socorros e de direção
veicular.

Retenção do veículo

Medida administrativa que deverá ser aplicada toda vez que for cometida
infração de trânsito e que o código preveja para esta infração a aplicação desta
medida e excepcionalmente a adoção ainda de outra para a mesma infração
cometida. Ex: Art.165 Dirigir sob influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determina dependência. – Medida Administrativa – Retenção do
veículo até apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de
habilitação.

A retenção do veículo significa que o veículo deverá permanecer no local do


cometimento da infração por um lapso temporal necessário apenas para
regularização desde que as circunstâncias assim o permitam. As infrações de trânsito
previstas pelo CTB encontram-se todas descritas no capítulo XV do CTB, do artigo
162 ao 255.

Remoção do veículo

Trata-se de medida administrativa que independe de processo e que tem a


finalidade de cessar a violação da norma, através da retirada do veículo de
determinado local, utilizando-se de guincho ou similar, o qual é encaminhado para
depósito fixado pela autoridade com circunscrição sobre a via.

ABREU, Waldir de (1998, p.120) relaciona a remoção do veículo à finalidade


de desobstrução da via pública: A remoção do veículo é medida administrativa que
tem por objetivo proceder à desobstrução da via pública, em favor de seus usuários,
seja nos acostamentos ou calçadas, ou onde lhe seja vedado permanecer. Rizzardo
(2003, p.120) destaca a necessidade de remoção para um local permitido ou
determinado pela Autoridade de Trânsito: A remoção equivale ao deslocamento ou
ao afastamento de um local onde se encontra o veículo para um local permitido ou
ordenado pela autoridade. Retira-se ou afasta-se de um lugar inconveniente o bem,
para desobstruir, a via ou o passeio.

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O sentido é mais profundo do que uma simples transferência de posição ou


lugar, eis que requer a colocação em lugar permitido ou determinado. A medida
administrativa de remoção do veículo, entretanto, não está associada apenas às
infrações relacionadas a estacionamentos irregulares, mas também a outras
infrações em que está prevista a penalidade de apreensão do veículo. Assim,
entende-se que a remoção do veículo visa restabelecer as condições de segurança
e a fluidez da via e, ainda, possibilitar a aplicação da penalidade de apreensão do
veículo.

Consiste em deslocar o veículo do local onde é verificada a infração, para


depósito fixado pela Autoridade de Trânsito com circunscrição sobre a via (artigo 271
do CTB). Adotando a melhor doutrina, considera-se que a remoção do veículo deixará
de ser aplicada, como medida administrativa, se o responsável estiver presente e se
dispuser a retirá-lo do local em que se encontra estacionado de forma irregular, desde
que isso ocorra antes que o veículo destinado à remoção esteja em movimento com
destino ao depósito fixado pela Autoridade de Trânsito. Conforme o habeas corpus nº
63.065, relatado pelo Desembargador Euclides Custódio Silveira do Tribunal de
Justiça de São Paulo (apud PINHEIRO, 2001, p. 482):

É ilegal guinchar o veículo estacionado momentaneamente em local proibido


se o responsável presente se dispõe a retirá-lo incontinenti. Assim, opondo-se ele a
insistência do guarda de trânsito em executar o ato ilegal, não comete o crime de
resistência ou qualquer outro. Este procedimento não se aplica aos casos em que o
veículo deva ser removido em decorrência da previsão de penalidade de apreensão
do veículo. Como se vê, a remoção do veículo e a retenção do veículo, não se
confundem, pois são medidas administrativas distintas com natureza jurídica diversa.

Recolhimento da carteira nacional de habilitação

Medida Administrativa que será adotada de acordo com a previsão do CTB


para a infração cometida. Medida está assim denominada pois trata-se do
recolhimento daquelas habilitações de condutores que não se encontram mais
naquele período de doze meses que poderíamos denominar “condutores
permissionários” e condutores efetivos. Ex: Art.173.

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Disputar corrida por espírito de emulação. Medida Administrativa:


Recolhimento do documento de habilitação. Portanto como é previsível que
condutores “permissionários” cometam esta infração aos moldes de condutores
efetivos, o legislador denominou a medida administrativa neste caso como
recolhimento do documento de habilitação tendo em vista que o infrator poderia ser
qualquer um deles e ser denominada de recolhimento da permissão para dirigir.

Esta medida está prevista para todos aqueles tipos infracionais em que a pena
prevista além da multa é também a suspensão do direito de dirigir. Evidentemente
que recolher o documento de habilitação por ocasião da constatação da infração
caracteriza pelo menos o cerceamento do direito ao contraditório e a ampla defesa.

Recolhimento da permissão para dirigir

Medida administrativa já abordada no item anterior por tratar-se do


recolhimento do documento de habilitação daquele infrator permissionário ao qual foi
concedido a oportunidade de conduzir veículos automotores por doze meses e após
senão cometer nenhuma infração gravíssima, grave ou reincidente de infração média
estaria apto a receber a habilitação efetiva com validade de cinco anos.

É notório que o legislador optou para fazer distinção de ambos documentos de


habilitação, porém com a mesma finalidade, até para uma melhor compreensão do
texto legal. Ambos documentos de habilitação serão recolhidos além das previsões
pelos tipos infracionais, quando houver suspeita de inautenticidade ou adulteração,
sempre com contra recibo.

Recolhimento do certificado de registro

Medida administrativa que será aplicada para aqueles tipos infracionais


previstos e se houver suspeita de inautenticidade ou adulteração, ou se alienado o
veículo, não for transferida sua propriedade no prazo de trinta dias. Medida esta de
complexa implementação, tendo em vista que o Certificado de Registro não é
documento de porte obrigatório na condução de veículo automotor, logo o condutor
ou proprietário não portarão este documento. O verso do Certificado de registro é
utilizado para realizar a transferência do veículo por ocasião da venda.

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Recolhimento do certificado de licenciamento anual

Medida administrativa que será implementada sempre quando o tipo infracional


prever que ela seja executada. As autoridades de trânsito ou seus agentes deverão
recolhê-lo sempre que o tipo infracional prever a penalidade de apreensão do veículo
e ou quando um veículo for retido por alguma irregularidade e esta não puder ser
satisfeita no local da fiscalização, tão logo satisfeita e apresentado o veículo
regularizado será restituído o Certificado de Licenciamento Anual (CLA), importante
salientar que o recolhimento de documentos sempre se dará contra recibo.

Devendo ser recolhido também sempre que houver suspeita de inautenticidade


ou adulteração e devendo ser comunicada a autoridade policial do tipo penal
infringido. Recolher o Certificado de licenciamento e de registro sempre que o artigo
do tipo infracional prever a penalidade de apreensão do veículo é ato abusivo e ilegal,
mas infelizmente o CTB prevê estes procedimentos havendo o cerceamento do direito
fundamental de ir e vir e o direito à ampla defesa e o contraditório, pois é proibido a
circulação com veículo automotor sem possuir documentos de porte obrigatório e ao
mesmo tempo recolhendo o documento sem o devido processo legal.

Transbordo do excesso de carga

Medida Administrativa implementada pelas autoridades ou seus agentes dos


órgãos de trânsito fiscalizadores de veículos transportadores de cargas diversas.
Toda vez que for flagrado o veículo transportador de carga com excesso de peso, por
ocasião da fiscalização através de balança rodoviária ou através do documento fiscal
de porte obrigatório do transportador, será autuado, retido até a realização da
descarga do excesso verificado para posterior prosseguimento na sua viagem.

Realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância


entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica

Medida administrativa adotada sempre que condutores se envolverem em


acidentes de trânsito ou forem alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir
sob influência de álcool. Os respectivos testes serão realizados com o emprego de
aparelhos homologados pelo CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito),
conhecidos popularmente por bafômetros e etilômetros.

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O CTB estabelece que o agente poderá caracterizar a ingestão de bebidas


alcóolicas mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos
notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor. Serão
aplicadas as medidas administrativas estabelecidas no Art.165 do CTB, ao condutor
que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos do caput do Art. 277 do
CTB. Art. 277.

Todo condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que


for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool
será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia ou outro exame que,
por meios técnicos ou científicos, em aparelhos homologados pelo CONTRAN,
permitem certificar seu estado. O legislador com a redação deste artigo garantiu ao
condutor de veículo automotor o direito fundamental de não produzir provas contra si
próprio, mas por outro lado aquele condutor que houver fundada suspeita de
embriaguez que negar-se a confirmar o seu estado será autuado e será lavrado termo
de constatação de embriaguez apontando comportamento e apresentação pessoal
do suspeito.

Recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e faixa de


domínio das vias de circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o
pagamento de multas e encargos devidos

Medida administrativa com um grau maior de dificuldade para sua


implementação tendo em vista muitas vezes a dificuldade de identificação do
proprietário dos animais soltos e falta de depósitos para sua colocação e também pela
falta de regulamentação quanto ao valor das multas e cobrança dos demais encargos.
O CTB prevê o recolhimento destes animais e prevê também que serão levados à
hasta pública se não forem reclamados em noventa dias e o dinheiro arrecadado será
para fazer frente às despesas de remoção e estada destes animais e o valor
remanescente será depositado à conta do proprietário caso for devidamente
identificado.

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Realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática


de primeiros socorros e de direção veicular

Medida administrativa implementada por ocasião do processo de habilitação


em que o candidato a obtenção da primeira habilitação se sujeitará aos exames
preliminares de aptidão física, mental(psicológico) e após participará de 30(trinta)
horas aula teórica em Centro de Formação de Condutores assim distribuídas: 12
horas/aula de Legislação de Trânsito, 8 horas/aula de Direção defensiva, 4 horas/aula
de Noções de Primeiros Socorros, 4 horas/aula de Noções de Proteção e Respeito
ao Meio Ambiente e de Convívio Social no Trânsito e 2 horas/aula de Noções Sobre
Funcionamento do Veículo de 2 e 4 rodas e após Prática de Direção Veicular 20
hora/aula.

Esta medida é de competência privativa dos órgãos e entidades executivos de


trânsito dos Estados e do distrito federal (DETRAN), sendo executada pelos Centro
de Formação de Condutores (CFC), que são empresas particulares e prestam serviço
público.

LEI 14.071 – NOVA LEI DE TRÂNSITO E AS MUDANÇAS NO CTB

Entrou em vigor em 12 de abril, a Lei 14.071/2020, que alterou o Código de


Trânsito Brasileiro (CTB). A partir de então, a validade da Carteira Nacional de
Habilitação (CNH) é de 10 anos e o aumento da quantidade de pontos necessários
para a suspensão do documento foi instaurado. Além disso, são novas regras de
trânsito: a obrigação da cadeirinha até os 10 anos e a idade mínima para uma criança
andar na garupa de uma moto.

As mudanças foram sancionadas pelo presidente Jair Bolsonaro em 13 outubro


de 2020 e tinham o limite de 180 dias para serem colocadas em prática. O que
significa que os motoristas já podem receber multas caso não se atualizem e
descumpram as novas determinações. Entenda, abaixo, as alterações mais
relevantes.

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Faculdade de Minas

Com a nova Lei de Trânsito, são necessários até 40 pontos para a perda da
CNH. Esse número, no entanto, não é fixo. Multas gravíssimas, como falar no celular
ao volante, podem acarretar na diminuição desse limite, passando para 30 ou 20
pontos. Veja bem:

O condutor pode perder a CNH com 20 pontos alcançados, se tiver duas ou


mais infrações gravíssimas; com 30 pontos, se tiver apenas uma infração
gravíssima; ou 40 pontos, se não constar entre as suas infrações nenhuma
infração gravíssima.

Vale lembrar que, mesmo com a nova lei, o motorista continua podendo perder
a carteira se for autuado em infrações que preveem de forma específica a
suspensão da CNH, como é o caso da Lei Seca, por exemplo.

A validade da CNH também sofreu mudanças no novo Código de Trânsito


Brasileiro. Todos os habilitados com menos de 50 anos passam a contar com o prazo
de 10 anos para que o documento expire. “Pessoas entre 50 e 69 anos deverão
renovar a sua carteira de motorista a cada cinco anos. A partir dos 70, a sua CNH
valerá por apenas três anos”, explica o especialista em trânsito e em processos de
contestação de multas indevidas Lucas Oliveira.

As alterações na obrigatoriedade do exame toxicológico são especialmente


importantes para os motoristas profissionais. Condutores de transportes rodoviários,
de cargas ou habilitados nas categorias C, D ou E deverão realizar o teste a cada
dois anos e meio. No antigo CTB, o período de atualização era de cinco anos.

Caso o motorista não execute essa obrigação, sua CNH poderá ser suspensa
por três meses, além de receber uma multa no valor de R$1.467,35.

Quem tem criança pequena já está acostumado com a obrigatoriedade do uso


da cadeirinha. Acontece que o tema também sofreu mudanças com as novas regras
de trânsito. De acordo com o CTB atualizado, crianças de até 10 anos de idade e que
tenham menos de 1,45m de altura devem, obrigatoriamente, usar a cadeirinha. A
multa para o motorista que transportar criança sem cadeirinha é de R$293,47 e sete
pontos na carteira.

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Condutores de motos também deverão se atentar ao transportar crianças na


garupa. “Até então, não era permitido transportar crianças com menos de sete anos
de idade na garupa de motos. Com as novas regras de trânsito, esse limite aumenta
para 10 anos”, explica Lucas Oliveira. A penalidade para o transporte indevido de
crianças na garupa é de R$293,47 e suspensão do direito de dirigir.

De acordo com a nova Lei de Trânsito, o condutor deve manter acesos os faróis
do veículo, por meio da utilização da luz baixa:

 à noite; e

 mesmo durante o dia, em túneis e sob chuva, neblina ou cerração.

Os veículos que não dispuserem de luzes de rodagem diurna deverão manter


acesos os faróis nas rodovias de pista simples situadas fora dos perímetros urbanos,
mesmo durante o dia.

Os veículos de transporte coletivo de passageiros, quando circularem em


faixas ou pistas a eles destinadas, e as motocicletas, motonetas e ciclomotores
deverão utilizar-se de farol de luz baixa durante o dia e à noite.

A partir de 2021, quando se tratar de blindagem de veículo, não será exigido


qualquer outro documento ou autorização para o registro ou o licenciamento.

Com as novas diretrizes do Código de Trânsito, as informações referentes às


campanhas de chamamento de consumidores para substituição ou reparo de veículos
não atendidas no prazo de 1 (um) ano, contado da data de sua comunicação, deverão
constar do Certificado de Licenciamento Anual. Após a inclusão das informações, o
veículo somente será licenciado mediante comprovação do atendimento às
campanhas de recall.

No caso de transferência de propriedade, expirado o prazo previsto pelo


Código de Trânsito sem que o novo proprietário tenha tomado as providências
necessárias à efetivação da expedição do novo Certificado de Registro de Veículo, o
antigo proprietário deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do Estado ou
do Distrito Federal, no prazo de 60 (sessenta) dias cópia autenticada do comprovante
de transferência de propriedade, devidamente assinado e datado. Isso sob pena de

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ter que se responsabilizar solidariamente pelas sanções impostas e suas


reincidências até a data da comunicação.

Consta nas novas regras de trânsito que deverá ser imposta a penalidade de
advertência por escrito à infração de natureza leve ou média, passível de ser punida
com multa, caso o infrator não tenha cometido nenhuma outra infração nos últimos
12 (doze) meses.

Por fim, a lei que alterou o Código de Trânsito determina que, caso o infrator
opte pelo sistema de notificação eletrônica, conforme regulamentação do Contran, e
opte por não apresentar defesa prévia nem recurso, reconhecendo o cometimento da
infração, poderá efetuar o pagamento da multa por 60% do seu valor até o vencimento
da multa.

Jair Bolsonaro foi pessoalmente à Câmara dos Deputados apresentar o Projeto


de Lei 3267/19, de autoria do Poder Executivo, que reformulava diversos artigos do
CTB. Para além do aumento do limite de pontos na CNH, o texto, que foi entregue
diretamente ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tratava dos seguintes
temas:

 Mudança nas regras para o transporte de crianças;


 Fim da exigência de exame toxicológico para motoristas profissionais;
 Ampliação da validade da CNH de idosos de 2 anos e meio para 5 anos;
 Aumento da validade da CNH de cinco para 10 anos;
 Uso de equipamentos de proteção para motociclistas;
 Possibilidade de o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) liberar
bicicletas elétricas sem maiores exigências.

A proposta também pedia que fosse retirado dos departamentos de Trânsito


(Detrans) o dever de credenciar clínicas para emitirem o atestado de saúde para
renovação da CNH. Segundo o próprio presidente da República, “qualquer médico”
poderia conceder esse laudo. O documento foi revisado pelo deputado Juscelino Filho
(DEM-MA), relator do processo, e disponibilizado para análise dos parlamentares. O
Plenário da Câmara dos Deputados votou, em 24 de junho de 2020, o Projeto de Lei
3267/19 atualizado e encaminhou o texto para o Senado.

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Em setembro, o Senado foi favorável às mudanças da proposta, apesar de


fazer algumas alterações no texto. Como foi modificada, a matéria teve nova votação
na Câmara. Em 22 de setembro de 2020 a Câmara aprovou a maior parte das
emendas (8 de 12) do Senado ao PL 3267/19. Foi quando as novas regras de trânsito
seguiram para sanção do presidente da República.

LEI 14.229/2021

As alterações vieram da lei 14.229/2021, aprovada em outubro. As principais


são sobre o limite de peso dos veículos, a multa sobre carros sem identificação de
condutor pelas empresas e o efeito suspensivo para os motoristas que cometerem
alguma infração.

Apesar de ainda não ter todos os pontos esclarecidos, a nova Carteira Nacional
de Habilitação começará a valer no mês de junho de 2022. Ela vai apresentar um
design renovado e contará com categorias novas como A e A1, B e B1, C e C1 e
assim por diante.

Conforme a nova lei, a tolerância do peso máximo por eixo em veículos de


transporte da carga como ônibus e caminhões subirá de 10% para 12,5% sem que
haja a aplicação de penalidades. Essa mudança é fruto de uma reivindicação antiga
dos caminhoneiros e empresas de transporte.

Também haverá mudanças, a partir do mês de abril, na multa por Não


Indicação de Condutor (NIC) por parte da empresa proprietária do veículo.
“Atualmente, a legislação prevê multa com valor equivalente à multiplicação pelo
número de infrações cometidas no período de 12 meses por aquele veículo. A nova
redação reduziu o valor da multa para duas vezes o valor da multa originária, o que
irá evitar uma imposição elevada de multas para as empresas”, explica o advogado
especialista em trânsito Cristiano Baratto.

Também haverá mudanças, a partir do mês de abril, na multa por Não


Indicação de Condutor (NIC) por parte da empresa proprietária do veículo.
“Atualmente, a legislação prevê multa com valor equivalente à multiplicação pelo

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número de infrações cometidas no período de 12 meses por aquele veículo. A nova


redação reduziu o valor da multa para duas vezes o valor da multa originária, o que
irá evitar uma imposição elevada de multas para as empresas”, explica o advogado
especialista em trânsito Cristiano Baratto.

A última grande alteração no Código para 2022 está relacionada ao efeito


suspensivo. Na prática, nenhuma punição poderá ser aplicada ao motorista sem ter
esgotado todas as possibilidades de defesa.

“Esse aspecto se aplica à autoridade de trânsito que não respeitar o prazo de


180 dias entre o fato e a notificação e de 360 dias para o agente de trânsito responder
a quem exerceu o seu direito de apresentar defesa prévia. A legislação também
estabelece prazo de até 24 meses para o julgamento dos recursos. Caso esse limite
seja ultrapassado, a pretensão punitiva prescreve”, disse Baratto.

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