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Discentes:
Introdução
O objetivo principal deste ensaio é analisar esse projeto em seus pontos positivos e
negativos. Apesar da aplicação fenomenológica de abordagem metodológica qualitativa, na
qual o pesquisador observa dados e acontecimentos buscando se distanciar ideologicamente
em suas análises5, esta produção textual ressoa, inevitavelmente, como uma crítica com certo
teor de cobranças. Isto é compreensível, dado o inconformismo imediato destes estudantes ao
vislumbrar os dados e notarem os prejuízos causados aos cidadãos.
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BRUNS, M. A. de T. HOLANDA, A. F. Psicologia e fenomenologia: reflexões e perspectivas. Campinas, SP:
Alínea, 2003. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 6º ed. - São Paulo: Cortez, 2003.
DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3º ed. - São Paulo: Atlas, 1995. FREIRE, M. Observação,
registro, reflexão. São Paulo: Espaço Pedagógico - Série Seminários, 1996. MARTINS, H. H. T. de S.
Metodologia qualitativa de pesquisa. São Paulo: Educação e Pesquisa, v.30, n.2, p. 289-300, mai/ago - 2004.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo:
Atlas, 1987.
6
Gestão Urbana de São Paulo: Lei nº 16.402, 31 de julho de 2014 https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/
marco-regulatorio/zoneamento/texto-da-lei/. Acesso em 19 nov. 2023.
Ampliou-se a linha 2 – Verde do Metrô. Imaginava-se que essa linha continuaria após
o Oratório e que chegaria até Cidade Tiradentes. Por parte da Prefeitura, havia, inclusive, um
projeto de ligação do Parque Dom Pedro II até a Cidade Tiradentes. O projeto foi para um
corredor com 32 km de extensão, dos quais nove elevados, seis terminais, várias estações de
transferência e capacidade para transportar 350 mil passageiros por dia – aproximadamente a
mesma capacidade que um monotrilho, beneficiando 1,5 bilhão de paulistanos por dia.7
Esse que seria o maior corredor da cidade, chegaria em elevado até a Vila Prudente,
com um ramal para Sacomã. Sendo esse último terminal, um pólo regional de distribuição de
linhas8. Essa parte do projeto foi concluída e funciona sobre a Avenida do Estado e depois
pela Avenida Professor Luiz de Anhaia Mello, Avenida Sapopemba, Avenida Ragueb chohfi,
Estrada do Iguatemi e Cidade Tiradentes, entretanto, a situação do abarrotamento no
transporte público ainda não se solucionou, permanecendo extremamente crítica. O governo
do Estado anunciou em 2009 que a Linha 2 – Verde não iria seguir em frente e sim fazer uma
curva em direção a Estação da Penha, na Linha 3 – Vermelha9.
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PREFEITURA DE SÃO PAULO. Linha Expressa Parque Dom Pedro-Cidade Tiradentes: novo corredor de
ônibus vai beneficiar 1,5 milhão de paulistanos. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secre
tarias/comunicacao/noticias/?p=139565. Acesso em: 19 nov. 2023.
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PREFEITURA DE SÃO PAULO. Expresso Tiradentes entra em operação no dia 8 de março. Cidade de São
Paulo Comunicações. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/comunicacao/noticias/
?p=129261. Acesso em: 19 nov. 2023.
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FOLHA VILA PRUDENTE ONLINE. Sobre o monotrilho da linha 15 – Prata. Disponível em:
https://folhavponline.com.br/2015/11/sobre-o-monotrilho-da-linha-15-prata/. Acesso em: 19 de nov. 2023.
potencialmente aptas ao adensamento construtivo e populacional e foram demarcadas em um
mapa de ação - imagem 1.
A escolha dos pontos demarcados em rosa nas áreas de influência é explicada por
infográfico que busca desenvolver critérios de demarcação de influência dos Eixos. Faixas ou
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GESTÃO URBANA. Estruturação Territorial e Eixos de Estruturação da Transformação Urbana. Disponível
em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/eixos-de-transformacao/localizacao/. Acesso
em: 19 nov. 2023.
circunferências inseridas a partir dos pontos modais são inseridas de maneira a abarcar
quarteirões ou quadras mais beneficiadas pelo meio de transporte.
Como podemos perceber nos critérios apontados pelo Plano Gestor, o monotrilho está
inserido no contexto de abrangência de 400 a 600 metros. Mas o monotrilho Roberto Marinho
é um projeto de sucesso do Estado na capital paulista? O presente ensaio acadêmico objetiva
introduzir uma análise sobre aspectos sociais e econômicos do projeto estadual desse
monotrilho, avaliando problemáticas resultantes de seu projeto e de sua implantação no
ambiente urbano e de suas contínuas e insuficientes revisões, sob a ótica do Direito
Urbanístico.
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GESTÃO URBANA. Estruturação Territorial e Eixos de Estruturação da Transformação Urbana. Disponível
em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/eixos-de-transformacao/localizacao/. Acesso
em: 19 nov. 2023.
Análise crítica
O governo estadual não apenas desejou implantar o monotrilho, ele ensejou a criação
de um novo modal, que seria idealmente um monotrilho de diferenciada capacidade, projeto
que não existe em lugar nenhum, que teria a capacidade para 48 mil passageiros hora sentido
ou aproximadamente 500 mil diariamente.
O Córrego da Mooca, por exemplo, não estava nos estudos. Foi preciso um desvio
para a construção da linha. Observando as obras de monotrilho em São Paulo, percebe-se
assim que seguem o mesmo caminho calcado em más projeções, estudos e manutenção. A
linha 18 – Bronze de ligação com São Bernardo do Campo proposta para 2018, teve atraso
nas obras pois o governo estadual não teve recursos para desapropriações.
Em outra situação, afirmou-se que o monotrilho não iria mais à Cidade Tiradentes -
prejudicando Jequiriçá, Jacu-Pêssego, Érico Semer, Marcio Beck, Cidade Tiradentes e
Hospital Cidade Tiradentes, bem como trecho até a Estação Ipiranga. A linha 17 – Ouro, que
fora reduzida para ligar somente Congonhas à Estação Morumbi da linha 9 - Esmeralda da
CPTM. Isso causaria a redução de 10 quilômetros do projeto, rechaçando ainda moradores de
Paraisópolis. Essa linha deveria ter sido inaugurada em 2014.
O corredor diminuiria de 140 minutos para 70 minutos a viagem ponta a ponta. A obra
previa extensa intervenção urbana desde o Parque D. Pedro II até a Cidade Tiradentes,
requalificando e melhorando o entorno do corredor. O custo pela IGPM do Corredor Parque
D. Pedro II à Cidade Tiradentes: R$2,2 bilhões.
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GESTÃO URBANA. Plano Diretor ilustrado. Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco
-regulatorio/plano-diretor/texto-da-lei-ilustrado/>. Acesso: 19 nov. 2023.
Após catorze anos de atrasos e investimentos significativos, as obras se encontram
paradas em meio a uma série de problemas, que impedem uma análise crítica sob a ótica do
Direito Urbanístico. É importante enfatizar que o planejamento urbanístico disponibiliza para
os gestores instrumentos de efetivação das funções sociais da cidade14. Quando isso não é
feito da maneira adequada ocasiona insucessos que se refletem em diversas ambitos da
sociedade repercutindo em desafios ambientais - em seu mais abrangente conceito, o uso do
dinheiro público - o Direito Econômico e o planejamento consciente em prol da Produção do
Espaço Urbano. Intensas críticas foram feitas contra a proposta do novo zoneamento:
A proposta de novo zoneamento não adota o estoque de potencial construtivo adicional por
usos e por distritos. Tal eliminação se justifica especialmente pela nova distribuição
espacial dos coeficientes de aproveitamento máximos, uma vez que o PDE estabeleceu que
os maiores coeficientes deverão ocorrer somente no entorno das estações de metrô, trem e
monotrilho e ao longo dos corredores de ônibus (áreas de influência dos eixos de
estruturação da transformação urbana). Ou seja, o PDE, além de eleger a matriz de
mobilidade urbana sustentável pautada na prevalência do transporte público sobre o
individual e dos modos não motorizados sobre os motorizados, condicionou o uso do solo,
especialmente as maiores densidades construtivas e demográficas aos locais com maior
oferta de transporte público. Ademais, estabeleceu um conjunto de parâmetros de uso e
ocupação do solo que busca a qualificação paisagística, tendo por objetivo melhorar a
circulação de pedestres. Com esses mecanismos (que foram recepcionados e aprimorados
pelo presente Projeto de Lei), o estoque passou a não fazer mais sentido, uma vez que o
controle das densidades passou a ser feito pela nova estratégia de distribuição espacial das
maiores densidades urbanas. (Perguntas e Respostas Zoneamento - GestaoUrbanaSP) 15
Dessa forma, é importante salientar que há ciência e divulgação pública de que o novo
zoneamento proposto não vislumbra estoques potenciais construtivos adicionais16, o que
acarreta o abarrotamento do sistema. Levar o monotrilho até Cidade Tiradentes, pode
representar um erro do governo estadual, escolhendo um sistema que sequer existia no mundo
e cujo projeto pode não atender o que foi prometido. A demanda estimada, quando tomada a
decisão de 500 mil passageiros diários, justificaria a construção de uma linha de metrô.
Mesmo se essa linha estivesse concluída estaria sobrecarregada, vez que a demanda é de 55
mil passageiros hora sentido.
14
QUEIROZ FRANCO DE OLIVEIRA, Lizziane Souza; PEREIRA, Edlla Karina Gomes. O planejamento
urbano e a utilização dos instrumentos de política urbana na efetivação do desenvolvimento sustentável.
Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=da6dfa42744e1e42. Acesso em: 19 nov. 2023.
15
GESTÃO URBANA. Como ficaram os estoques de potencial construtivo adicional? Disponível em:
<https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/perguntas-e-respostas-zoneamento/>. Acesso em: 07 dez. 2023
16
GESTÃO URBANA. Perguntas e Respostas sobre Zoneamento. Disponível em:
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/perguntas-e-respostas-zoneamento/. Acesso em: 19 nov. 2023.
O governador Tarcísio, em entrevista para o Diário do Transporte, afirmou que seu
desejo não era apenas chegar em 2016 com a linha 17 operando, mas também, revitalizar a
região que vai da Águas Espraiadas pela Roberto Marinho.17 Apesar das colocações positivas
do governador, o plano do monotrilho segue esquelético.
Em audiências públicas feitas nas regiões, esses movimentos sociais apontam que o
mais correto seria que o governo estadual levasse o Metrô até a Cidade Tiradentes, ou que, no
mínimo, avançasse até São Mateus. Justificam que somente o Metrô possui capacidade de
transportar com segurança, qualidade e conforto a demanda que já ultrapassa 80 mil
passageiros por hora. Outra constatação desses movimentos no terceiro setor: o monotrilho
não fornece a segurança necessária para os passageiros. Apontam que vários países
abandonaram o modal. A exemplo, Sidney, na Austrália. Ou ainda, são ineficientes como em
Dubai, atendendo só cerca de 05 mil passageiros por dia.
Os argumentos de custo menor e mais rápido para se construir como foi anunciado não
se justificam mais. Quanto aos custos, ninguém sabe ainda quanto efetivamente custará essa
linha, pois no decorrer do contrato tem sido feito aditivos e novas obras, como o desvio do
córrego da Mooca, que a encarecerá muito mais do que foi anunciado. Um trem de metrô
pode transportar dois mil passageiros, enquanto a composição do monotrilho da linha 15 –
Prata, a capacidade é de mil passageiros, ou seja, metade. A Companhia do Metropolitano de
São Paulo domina a tecnologia e a operação do modal. Se a obra fosse subterrânea não
ocorreria significativo impacto urbano e haveria desenvolvimento de regiões contempladas
com estações.
17
DIÁRIO DO TRANSPORTE. Viamobilidade apresentará proposta para assumir construção do monotrilho da
Linha 17-Ouro. Disponível em: https://diariodotransporte.com.br/2023/06/09/viamobilidade-apresentara-pr
oposta-para-assumir-construcao-do-monotrilho-da-linha-17-ouro/. Acesso em: 19 out. 2023.
18
GESTÃO URBANA. Texto da lei ilustrado. Disponível em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco
-regulatorio/plano-diretor/texto-da-lei-ilustrado/. Acesso em: 19 nov. 2023.
Do ponto de vista jurídico, a escolha da construtora Andrade Gutierrez por licitação e
a subsequente desistência da empresa em 2015 levanta questões sobre a transparência e a
eficácia dos processos de licitação no setor público. A troca de acusações entre a empresa e o
Metrô demonstra falta de controle e fiscalização adequada, o que prejudica o andamento do
projeto.
CONCLUSÃO