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Aliado aos problemas internos, a conjuntura internacional joga o seu papel. Os preços de
combustível estão aumentando cada dia que passa tendo atingido cerca de 150 USD por barril em
Julho de 2008 contra os 68 USD em meados de 2007 e 50 USD em 2005. Estes aumentos dos
preços de combustível têm causado o aumento de preços de bens alimentares e não alimentares.
O aumento no custo de vida reflectido em quase todas áreas das economias familiares, fez com
que em 5 de Fevereiro de 2008, o anúncio do aumento no preço de transporte urbano (vulgo
Chapa 100) em 50% (5 para 7.5 e 7.5 para 10 Mt), a população se revoltasse o que resultou em
avultados danos materiais ao património da Cidade de Maputo e privado.
São várias causas que podem estar por detrás desta manifestação, podendo ser algumas,
(i) o encurtamento das rotas por parte dos transportadores semi-colectivos nas viagens intra-
urbanas e inter-urbanas, fazendo com que o cidadão pague muito mais para a sua deslocação; (ii)
a falta de recursos financeiros para a deslocação aos locais de trabalho agravada com o aumento
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das tarifas; (iii) a falta de um serviço de transporte eficiente e funcional providenciado pelo
Estado, o que cria de certa forma um monopólio de algumas rotas por transportadores privados; e
(iv) a dependência da população do transporte público e privado rodoviário para se deslocarem
aos seus locais de trabalho e de outros afazeres, etc. .
Nesta base um primeiro relatório foi produzido e entregue ao MPD em Outubro de 2008,
onde se indicava os diferentes estudos realizados por várias instituições que trabalharam na área
de urbanização e transporte na Cidade de Maputo (Município de Maputo, Ministério de
Transporte e Comunicações, Banco Mundial, USAID, etc). O objectivo central dessa fase era a
de identificar, junto dos parceiros e actores deste processo, as questões críticas que mereciam
uma maior atenção numa pesquisa sobre a urbanização e o transporte na Cidade de Maputo, por
forma a evitar-se também a duplicação de esforços e melhorar abordagem a se dar a esta
pesquisa. Nesta ultima fase pretende-se usar a informação obtida na primeira etapa para
desenvolver referências que possam fornecer informação útil na área de transporte e urbanização
na Cidade de Maputo.
1. INTRODUÇÃO
O setor de transporte intermunicipal de passageiros é identificado como um segmento de
grande importância para o deslocamento de passageiros em Moçambique. Assim, o interesse
desse estudo é tentar identificar um parâmetro que possa ser utilizado para medir a satisfação do
consumidor quanto à prestação desse serviço.
Hoje, mais que nunca, é fundamental que, no município de Maputo, o sistema de
transportes esteja assente num planeamento integrado, dado o profundo inter-relacionamento com
as demais actividades económicas e sociais, devendo obedecer a um plano global estratégico
(visão), que não se compadece com visões a curto prazo. Particularmente os transportes
colectivos de passageiros, quer públicos como privados, desempenham especial importância na
rentabilidade das actividades dos munícipes. O acesso ao trabalho, serviços sociais, educação e
saúde constituem elementos essenciais para o aumento da economia e bem estar dos cidadãos.
Com o aumento do crescimento urbano, as deslocações dos cidadãos tendem a aumentar em
termos de distância e frequência. Nestas circunstâncias, há que aumentar as acessibilidades
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através dos transportes públicos. Esta é mais uma questão de equidade do que propriamente de
eficiência, ou, por outras palavras, o acesso aos serviços de transporte público urbano deve
constituir hoje um direito fundamental de todos os indivíduos. Este acesso reflecte a visão de que
viajar é essencial e que todos os cidadãos têm direito a dispor de serviços de transporte
adequados às circunstâncias locais. Isto significa também que a devemos prestar o melhor serviço
de transporte publico de passageiros à população considerando, neste caso, serviço adequado,
aquele que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, actualidade,
generalidade e cortesia na sua prestação, sendo imprescindível que as empresas concessionárias
na adequação de seus recursos à execução dos serviços visem à satisfação total do cliente.
2. OBJECTIVOS
De acordo com o exposto no documento do Conselho de Ministros os objectivos da
problemática de transporte de passageiros são: (i) Assegurar a mobilidade dos utentes e a
acessibilidade ao transporte; (ii) Garantir uma administração do trânsito que regule o fluxo de
veículos evitando desequilíbrios e congestionamentos; (iii) Minimizar as distâncias e o tempo;
(iv) Combater a segregação social; e (v) Garantir uma gestão coerente e integral que possa buscar
melhoramentos contínuos e adaptação proactiva às mudanças do ambiente circundante de
transportes.
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A realização destes objectivos, assenta-se nas seguintes linhas estratégicas: (i) Mobilidade
e Acessibilidade; (ii) Administração de trânsito; (iii) Minimização das distâncias e tempo; (iv)
Atenção especial aos grupos mais vulneráveis; e (v) Gestão de transportes públicos.
Com esta consultoria pretende-se realizar um estudo que possa informar sobre as questões
de transporte e a urbanização da Cidade de Maputo. Nesta ultima fase o trabalho tem como
objectivo principal usar a informação obtida na primeira etapa para desenvolver referências que
possam fornecer informação útil na área de transporte e urbanização na Cidade de Maputo.
Paralelamente, constitui objectivo desta consultoria a criação de capacidades dos técnicos
da Instituição Ministério da Planificação e Desenvolvimento - Direcção Nacional de Estudos e
Análises de Políticas (DEP) na análise das matérias ligadas à urbanização e transporte colectivo
de passageiros.
3. PERMISSAS BÁSICAS
A análise do sistema de transportes, tendo em vista a identificação de eventuais problemas
que lhe possam ser subjacentes, implica desde logo que se considerem todas as suas
componentes, nomeadamente:
o - Modos de Transporte
o - Pessoas e valores a serem transportados
o - Veículos de transporte
o - Rede de infra-estruturas, incluindo terminais, etc.
o - Movimentos através do sistema, quer sejam de fluxos de pessoas, quer de bens e
de todas as origens para todos os destinos.
o - Viagem total, desde o ponto de origem até ao ponto de destino, para todos os
modos e infra-estruturas e por cada fluxo especifico.
1.- O conjunto do sistema de transportes de uma região deve ser visto como um sistema
multimodal único.
2.- A consideração do sistema de transportes não pode ser isolada da consideração do
sistema social, económico e político da região.
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O perfeito entendimento das relações causa-efeito e das interacções entre os diferentes
sistemas de uma dada região, incluindo o dos transportes, é então fundamental para planear com
sucesso a intervenção pretendida (Fig. 1).
Tendo em conta os três actores principais na problemática dos transportes públicos urbanos
(utentes, governo e empresas publicas ou privadas de transporte urbano de passageiros), há que
conceber um planeamento tendo em conta os objectivos de cada actor deste processo, muitas
vezes conflituosos entre si. O planeamento, por exemplo, na óptica dos objectivos empresariais,
procura maximizar o lucro exercendo maior pressão nos eixos de maior procura, dissociando-se
da estruturação do espaço a nível local, sub-regional e regional e das necessidades de deslocação
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das populações, não criando alternativas de deslocação vocacionadas às características de um
espaço de baixa densidade populacional.
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estrutura ecológica, bem como o sistema urbano de circulação de transporte público e
privado e de estacionamento;
- A definição do zoneamento para localização das diversas funções urbanas,
designadamente habitacionais, comerciais, turísticas, de serviços e industriais, bem
como identificação das áreas a recuperar ou reconverter;
- A adequação do perímetro urbano definido no plano director municipal em função do
zoneamento e da concepção geral da organização urbana definidos;
- Os indicadores e os parâmetros urbanísticos aplicáveis a cada uma das categorias e
subcategorias de espaços;
- estratégico;
- táctico e
- operacional.
Não existe nenhuma dúvida que o problema actual de transporte de passageiros não é de
diagnóstico. O conhecimento das raízes dos problemas, suas relações de causas e efeitos, enfim,
tudo que é necessário para um bom diagnóstico, já consta em diversos outros estudos já
realizados anteriormente e que não foram implantados. O problema, claramente, é de gestão. Ele
existe, é perfeitamente conhecido mas como fazer para resolvê- lo de imediato e de que forma
proceder?
1
A ideia é não duplicar esforços e evitar criar mais uma instituição com duplicação de recursos. De acordo com a
experiência de outros países esta função estaria adstrita a um órgão intitulado genericamente como “Agencia ou
Autoridade do Transporte Terrestre”. No nosso caso entendemos que esta “Agência” poderia funcionar debaixo de
um órgão já existente e desenvolver-se até poder atingir a maturidade e sustentabilidade.
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daí terem os proveitos dessa actividade, mediante a assinaturas de contratos. Sugere-se
que se formem companhias de transporte de passageiros através da fusão de
operadores individuais , tendo como liderança deste processo a FEMATRO e outras
Associações congéneres (UNICOTRAMA, etc.);
4. A rede mãe ou rede da espinha dorsal dos transportes públicos de passageiros deve
ser uma rede estrutural de transporte de massa, onde esteja reservado e preservado
para o futuro, sítios próprios para os corredores de transporte que possam prever o
crescimento da oferta, de forma gradual, sempre em sintonia com o crescimento da
procura, de maneira eficiente e eficaz, ao longo do tempo.
9. Que se faça cumprir a lei com a obrigação, para todos os operadores, de terem
uma tabela de tarifas em que se privilegie o bilhete de estudante, de operário (nas
primeiras horas da manhã), dos antigos combatentes e o bilhete vitalício. Neste âmbito
deve-se ainda estimular a compra de passes semanal, mensal, trimestral e semestral
conforme já vem sendo prática nos TPM;
2
[Os distritos urbanos de Marracuene, Boane e Matola constituem 72% da população da Provincia Maputo]
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Figura 2 – Rede mãe “Espinha Dorsal” extraída do trabalho da QUALYBUS
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- Assegurar a concretização de uma boa complementaridade entre os vários
modos de transportes: marítimo, ferroviário e rodoviário, em especial nos
pontos de transferência intermodal;
- Proporcionar melhor divulgação da rede de transportes públicos do
município;
- Desenvolver formas de colaboração com os municípios envolventes,
entidades e operadores em estudos/projectos comuns numa perspectiva de
consenso e articulação;
- Reduzir os níveis de emissão de poluentes por veículos automóveis, visando
o crescimento de padrões de qualidade do ar, principalmente nos centros
urbanos;
- Criar programas de inspecção e manutenção para veículos motorizados em
uso.
13. Estudar formas de canalizar receitas para cobrir os transportes públicos de
passageiros. Noutros países essas receitas derivam de:
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14. Ao nível do Município de Maputo, definir o âmbito de aplicação da receita
consignada pela Resolução nº 56/AM/2006 de 27 de Dezembro por forma a permitir a
utilização desta receita na área dos transportes públicos tanto para a capacitação do
órgão superintendente desta actividade, bem como para a construção de infra-
estruturas de apoio;
15. Tratando-se de servir áreas geográficas com movimentos internos e de saída para a
cidade capital, sugere-se a atribuição faseada de segmentos de mercado que tenham
funções de, para além de responder aos movimentos internos dos municípios, resposta
às tendências de expansão. Assim passaríamos a ter os TPM – Maputo que iriam
operar na zona de jurisdição do município de Maputo, com pequenas extensões que
não devem ser superiores a 2 km para fora deste, os TPM – Matola, que iriam operar
na zona de jurisdição do município da Matola, com pequenas extensões que não
devem ser superiores a 2 km para fora deste e o TPM – Grande Maputo, que iria
operar fazendo ligações entre os municípios de Maputo, Matola, vilas de Marracuene
e Boane. Importa referir que exclui-se deste projecto os Distritos Municipais de
Inhaca e Catembe, dadas a suas particularidades. Para o caso da Catembe, sugere-se a
criação de uma unidade local podendo estar sob responsabilidade do Conselho
Municipal ou do Governo para garantir ligações internas e para fora deste;
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Nº Origem Destino Veículos Lugares
14 Singatela Matendene 17 255
15 Singatela Zimpeto 1 15
16 Khongolote Benfica 1 15
17 Boquisso Benfica 6 90
18 Boquisso Xipamanine 1 15
19 Patrice Lu mumba Xipamanine 31 465
20 Patrice Lumumba Liberdade 9 135
21 Fomento Junta 5 75
22 Boane Benfica 33 495
23 Boane Xipamanine 31 465
24 Boane Zimpeto 11 165
25 Liberdade Benfica 14 210
26 Liberdade Malhampsene 16 240
27 Liberdade Junta 17 255
28 Liberdade Xipamanine 13 195
29 Machava Socimol Xipamanine 21 315
30 Machava Socimol Junta 28 420
31 Matola C Benfica 16 240
32 Matola C Junta 18 270
33 Matola C Zimpeto 16 240
34 Matola Gare Xipamanine 16 240
35 Machava Mozal 18 270
36 1º de Maio Benfica 22 330
37 Machava Sede Matola Gare 11 165
Total 656 9840
P. Dos Combatentes -
4 Xipamanine Compone/Shoprite 84 84 1260
4 P. Dos Combatentes - A. Voador P. Dos Herois 40 40 600
4 Hulene - A. Voador 137 137 2055
4 Albazine - A. Voador 92 7 24 5 128 2428
4 Albazine - Museu 4 4 60
4 Albazine - A. Voador 3 4 1 8 178
4 Hulene - Museu 5 5 75
4 Albazine - Museu 56 56 840
4 Laulane - Museu 45 3 4 52 869
4 Hulene - A. Voador 2 1 3 56
4 Hulene - Xipamanine Av. Angola 4 4 60
4 Albazine - Xipamanine 80 1 81 1226
Av. Angola/E.
4 Hulene - Museu Mondlane 1 1 29
Av. Angola/E.
4 Magoanine - Museu Mondlane 4 1 5 86
Av. Angola/E.
4 Laulane - Museu Mondlane 2 1 3 59
Sub-Total DM4 691 17 31 5 744 11876
Av. Angola/E.
5 Magoanine - A. Voador Mondlane 43 1 2 46 729
Av. Angola/E.
5 Malhazine - A. Voador Mondlane 53 7 8 68 1209
Av. Angola/E.
5 Malhazine - Museu Mondlane 1 1 2 55
Av. Angola/E.
5 Malhazine - A. Voador Mondlane 2 2 30
5 Magoanine - Museu 1 1 15
5 Malhazine - Museu 2 1 3 56
5 Magoanine - A. Voador 1 1 15
5 Magoanine - Xipamanine 0 0
5 Benfica - Praça dos Combatentes 63 63 945
Matendene - Praça dos
5 Combatentes 2 2 30
5 Matendene - Museu Benfica 5 7 21 33 66 1988
5 Benfica - Museu Av. Angola 24 20 37 1 82 1987
5 Zimpeto - Museu Av. Angola 18 45 63 13 139 3709
5 Malhazine - Museu 7 55 85 2 149 4068
5 Drive in - Xipamanine 49 2 51 793
5 Benfica - Xipamanine 40 40 600
5 Benfica - A. Voador 28 1 1 30 475
5 Zimpeto - A. Voador 1 1 2 4 123
5 Matendene - a. Voador 2 2 2 6 178
5 B. Jardim - Costa do Sol 35 3 6 44 777
5 Malhazine - Museu 1 4 8 13 351
5 Zimpeto - Museu 2 2 52
Sub-Total DM5 374 150 237 53 814 18185
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Classificação por
Passg.
Distrito Origem - Destino Via Lotação
Estimados
15 26 29 34 Total
16. Há espaço para termos operadores públicos e privados a operar na rede. No caso
da rede estrutural recomenda-se uma pareceria publico privado (PPP) dado que,
fundamentalmente, é importante um maior investimento na infra-estrutura de rede de
transporte colectivo de passageiros;
17. As empresas sob gestão dos municípios, poderão adoptar os esquemas de gestão
que melhor se ajustam á realidade de cada um, podendo também convidar privados. É
importante desde já que sejam convidadas empresas privadas com experiência e
capacidade comprovada de gestão deste tipo de transporte para trabalhar com os
Municípios ou que se opte pelas PPP no âmbito das concessões de algumas rotas
internas. O objectivo desta estratégia é o de permitir uma melhor gestão dos recursos,
melhorar a eficiência e eficácia das empresas e criar maior espírito de competitividade
entre empresas;
18. Para o sucesso de qualquer processo, a formação joga um papel fundamental. Para
o caso concreto do transporte público de passageiros exige-se que haja formação de
quadros a todos os níveis e do público utente dos serviços, pois trata-se de introduzir
mudanças e deve ser entendido por todos para que cada um possa desempenhar bem o
seu papel para o alcance dos objectivos.
19. Os governos municipais em parceria com governo central e sector privado deve
encontrar formas adequar as infra-estruturas de transporte conforme recomendações
constantes do Plano Director de Estradas.
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20. Num futuro sistema de transportes públicos urbanos sustentável, há que garantir a
requalificação do desenho urbano que disponibilize moradia adequada e equipamentos
na sua proximidade, universalizando o acesso e a cobertura de serviços fundamentais
e garantindo o direito da propriedade e segurança, a mobilidade e acessibilidade a
partir de sistemas de transporte público, o uso e ocupação de solos que se traduzam
numa forma ecológica de fixação das populações que combata os “guetos” ou
“enclaves”, optimizando os consumos de energia e diminuindo as distâncias, a
valorização do património, cultura, espaços públicos e identidade urbana, uma base
económica favorável, a capacidade de articulação com outras cidades e/ou
comunidades, abrindo caminhos alternativos para a criação de novas formas de
investimento, o estabelecimento de um processo de autoavaliação contínuo na
promoção de práticas inovadoras e gestão urbana;
22. A resolução dos problemas de TCP não se compadece com visões a curto prazo.
Hoje, considera-se fundamental que o sistema de transportes esteja assente num
planeamento integrado, dado o profundo interrelacionamento com as demais
actividades económicas e sociais, devendo obedecer a um plano global estratégico
(visão);
23. O problema da pobreza não é somente rural. O crescimento junto dos grandes
centros urbanos fará com que cidadãos de baixo salário possam vir a ter que
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despender cerca de três horas por dia, em média, ou gastar até 40% do seu salário, em
viagem de e para o trabalho;
24. Há que aumentar as acessibilidades através dos transportes públicos. Esta é mais
uma questão de equidade do que propriamente de eficiência, ou, por outras palavras, o
acesso aos serviços de transporte urbano deve constituir hoje um direito fundamental
de todos os indivíduos. Este acesso reflecte a visão de que viajar é essencial e que
todos os cidadãos têm direito a dispor de serviços de transporte adequados às
circunstâncias locais;
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congestionamentos e escoamento de passageiros. Os pequenos minibuses não são
adequados para um trânsito massivo. Note-se que o comprimento de um autocarro
pode ser equivalente ao comprimento de 2 a 2,5 mini buses. Porém, os 2
Minibuses só transportam 33% dos passageiros de um autocarro. Seria necessário
5 a 6 Minibuses para transportar o mesmo número de passageiros de um
autocarro;
3
Extraído do documento da QUALYBUS apresentado ao governo de Moçambique em 2008.
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6. A mobilidade e a acessibilidade se ganham com aumento de oferta a preços
acessíveis de meios de transporte, quer sejam de domínios público ou privado,
quer sejam de carácter colectivo ou individual. Este aumento de oferta deve estar
ligado ao aumento paralelo de assistência técnica, conforto e segurança da sua
operacionalidade. Quer isto dizer que a aquisição e disponibilização de mais meios
de transporte é condição necessária, mas não suficiente. É preciso que haja um
suporte que garanta a manutenção e renovação da frota e a qualificação dos
operadores (condutores, mecânicos, entre outros) 4 ;
4
Extraído do documento de Conselho Ministros 2008.
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9. O sistema proposto atenderá, inicialmente, a demandas da ordem de 2.000 a 3.000
passageiros, por hora e por sentido, operando com autocarros médios, (oferta
considerada adequada para Maputo para os próximos 6 anos) podendo atender,
apenas com a expansão das estações de embarque, o crescimento da demanda com
a utilização de autocarros articulados e biarticulados, até níveis de 10.000 a 12.000
passageiros por hora e por sentido. Durante este período o País terá que tomar
decisões sérias nomeadamente a opção gás natural para os veículos rodoviários e
opção trólei-carros 5 (movido a energia eléctrica que nós próprios produzimos)
e/ou metro de superfície ou subterrâneo, de forma a atender requisitos ecológicos e
preços galopantes das tarifas, basicamente. A este propósito refira-se que “o local
onde as redes de troleicarros melhor se adaptam são as cidades consolidadas de
média dimensão, em que a procura de transportes é suficientemente elevada para
viabilizar um sistema de transportes públicos urbanos”6 .
10. Seja qual for a solução há que ser peremptório e firme, pois que essa solução passa
pela existência de uma operação de transporte estruturada e integrada, que produza
níveis de serviços dentro de padrões internacionais de qualidade. Passa, também,
pela eliminação da indisciplina dos chapas, de modo a enquadrá- los dentro de
uma operação definida pelo poder concedente, em áreas e com veículos
compatíveis com suas características intrínsecas, rigorosamente fiscalizada e com
um sistema consequente de penalizações severo para a falta de cumprimento das
especificações previamente estabelecidas;
5
No espaço lusófono fala-se também em ómnibus eléctricos sendo no anglófono conhecido por trolleybus. “Um
troleicarro é um veículo de transporte colectivo rodoviário alimentado directamente por um motor eléctrico, pelo que
não necessita do consumo de qualquer tipo de combustível nem da acumulação de energia no veículo. A alimentação
eléctrica é feita por uma linha aérea, através de um cabo metálico condutor de energia, designado por catenária”
[Seco, Álvaro : http://www.ofigueirense.com/seccao.php?id_edi=42&id_sec=1, 23/08/08, 11h25]. Ver mais
informação em http://ehgarde.no.sapo.pt/trolleybus/troleis.htm , sendo o Engº Emídio Garde um grande entusiasta e
pesquisador desta área de TCP.
6
Segundo um artigo Internet da autoria do presidente da Metro Mondego, Álvaro Maia Seco., e de uma bolseira de
investigação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) Carla Galvão. :
http://www.ofigueirense.com/seccao.php?id_edi=42&id_sec=1
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11. Criação de condições para uma fiscalização minuciosa e permanente das
condições de transitabilidade das viaturas e obediência rigorosa às regras de
trânsito;
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questões mais relevantes, levantadas pelos utentes que já experimentam esta
facilidade há alguns anos, baseiam-se no desconforto em ter que trocar de
autocarros, no facto de viajarem sentados numa linha alimentadora e depois em pé
numa linha troncal, não sincronização de horários e ne cessidade de subir e descer
escadas ou mesmo de enfrentar nova fila de espera para o novo embarque. Estas
legítimas desvantagens são atenuadas pelo impacto positivo que a integração
tarifária pode trazer para o utente de TCP. Poder viajar a um preço único, com um
número ilimitado de ligações seja em que operador for na mesma área geográfica
previamente definida, é bom para o utente. Com a tarifa integrada também se
explora melhor o potencial da rede, reduzindo não só os custos da viagem como
também os tempos de viagem. Assim, os trechos mais carregados são evitados, os
trajectos de menor tempo são preferidos, etc.
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19. Envolver cada vez mais as empresas de transporte ferroviário e marítimo nas
ligações inter- municipais;
Resumindo, o funcionamento dos corredores que compõem a rede mãe estrutural atenderá
às seguintes condicionantes básicas:
7
Fonte da QualyBus
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estações de embarque, o crescimento da demand a com a utilização de autocarros articulados e
biarticulados, até níveis de 10.000 a 12.000 passageiros por hora e por sentido;
8. Criação de condições para que as viaturas de transporte público sejam dotadas de meios
apropriados para facilitar o embarque, conforto e desembarque de portadores de
deficiências físicas;
9. Criação de condições para que em cada autocarro haja lugares previamente escolhidos
para garantir que os portadores de deficiências físicas, idosos, mulheres grávidas e
doentes possam viajar com o melhor conforto possível;
11. O sistema deve ser integrado de tal forma que o passageiro possa fazer as transferências
necessárias com o mesmo bilhete desde que tenha pago a tarifa que cobre a distância a
percorrer. O uso de bilhete integrado será por aderência dos operadores privados ao
sistema, mas obrigatória para as empresas subsidiárias do Estado;
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12. Disponibilização de bilhetes em vários sítios da cidade como tabacarias, quiosques,
bombas de gasolina e algumas paragens principais, entre outras. Esta situação vai permitir
maior controle financeiro e reduzir risco de dinheiro vivo nas mãos dos cobradores;
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implementada de imediato, como forma de criação de um ambiente para a intervenção orientada
para estabilidade conjuntural. No conjunto as medidas propostas permitirão agregar ao sistema as
seguintes vantagens:
À margem da necessidade da resposta aos actuais problemas que afectam o sector, urge
conceber e implementar medidas estratégicas de alcance de longo termo. Estas medidas se
dividem em 4 componentes, nomeadamente (i) Infra-estruturas; (ii) Tecnologia; (iii)
Combustíveis e (iv) transporte alternativo.
Infra-estruturas
A pressão exercida pelo actual parque automóvel levanta a necessidade de adopção de medidas
no ramo de redimensionamento e reabilitação das terminais, paragens, bem como as estações
ferroviárias e as pontes cais nas principais travessias.
Tecnologia
A diversificação arbitrária das marcas de autocarros tem sido uma das principais razões da
ineficiência dos sistemas de gestão da manutenção, pelo que afigura-se como um dos problemas a
erradicar. A Direcção da unidade de manutenção e assistência técnica deverá ser responsável pela
elaboração de termos de referência do equipamento a ser adquirido, tendo em consideração a sua
utilização e a especificidade da nossa rede rodoviária, assim como a nossa situação geográfica.
Dado que os custos de combustíveis representam uma grande componente na estrutura dos custos
operacionais e por forma a gerir melhor os seus consumos torna-se necessário introduzir o
sistema de abastecimento automatizado (denominado “fuel master”) que permite um maior
controle dos abastecimentos assim como o seu registo automático em uma rede informatizada,
em tempo real.
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Combustíveis
Transporte alternativo
Para fazer face aos frequentes aumentos dos combustiveis fosseis, urge encontrar mecanismos de
massificar a utilização quer de combustíveis alternativos, quer de meios de transporte de baixo
custo, como bicicletas e motorizadas. Para o efeito, está a ser analisada uma proposta dos
empresários ligados a importação e venda de bicicletas e motorizadas, na qual solicitam a
actualização da legislação de impostos deste ramo, com vista a popularização destes meios. O
Ministério da Indústria e Comércio deve incentivar a criação de fábricas de montagem de
bicicletas e motorizadas no país e os municípios devem estudar formas de organização das vias
urbanas para acomodar a circulação destes tipos de transporte.
FORMA DE COBRANÇA
A cobrança das tarifas tem por base, regra geral, os seguintes dois casos:
o Tipo de trajecto realizado.
o Distância percorrida pelo utente (tarifa quilométrica ou por secção ou
segmento)
o Comprimento da linha (tarifa por linha)
o Área geográfica (Tarifa por zona)
o Horário (Horas de pico e entre picos)
o Não depende do trajecto, horário ou distância. É uma tarifa única, dentro do
espaço circunscrito, dependendo, em regra, do modo de transporte utilizado.
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o Tipo de utente do serviço.
o Diferenciação comercial que visa criar tarifas adaptadas aos diferentes
segmentos do mercado de transporte, considerando especialmente sua
frequência de uso;
o Diferenciação social, em especial para as classes de utentes de menor renda.
FORMAS DE PAGAMENTO
Este trabalho aborda os Métodos de determinação da tarifa, as opções de pagamento da tarifa,
destacando-se, para este ultimo caso, as seguintes opções de pagamento:
o Bilhete 8 unitário: dá direito a uma única viagem ou acesso a uma rede integrada de
transporte. Ainda é a opção de pagamento mais utilizada e, geralmente, é a unidade de
aquisição mais cara.
o Crédito antecipado: o cartão com ship é carregado com determinado valor ou quantidade
de créditos, i.e., a cada viagem o valor da tarifa é deduzido do saldo disponível. A opção é
adequada aos sistemas com tarifas diversificadas.
o Serviço pós-pago : nesta opção, rara no exterior, o utente utiliza serviços de transporte que
são controlados por meio de um cartão e cobrados posteriormente por uma conta enviada
à sua residência ou escritório.
8
Usa-se aqui o termo “bilhete” podendo no entanto ser em papel, fichas de metal ou plástico, cartões magnéticos ou
com ship e ainda pagamento com moeda.
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POLITICA TARIFÁRIA
A politica tarifária é abordada neste trabalho destacando que a implementação de uma politica
tarifária compreende um conjunto de acções que se prende não só com o valor da tarifa mas
sobretudo com as eventuais distinções entre utentes e os beneficiários directos, as formas de
cobrança da tarifa (estrutura e métodos), subsídios, contribuições sociais, etc. que dão corpo aos
objectivos estratégicos. Há ainda a considerar, nesta politica tarifária, os descontos ou isenções
(gratuidades) oferecidos a determinados grupos de utentes
Assim, os elementos centrais de uma política tarifária são os seus objectivos, que
normalmente podem ser classificados em quatro grupos principais [ANETU, 2005] :
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Como se pode verificar estes objectivos são conflituantes. Na óptica estritamente financeira o
ideal seria ter a tarifação pelo custo médio do serviço. Na óptica social cada utente deveria ser
cobrado de acordo com a sua capacidade de pagamento. A política tarifária é assim o resultado do
grau de importância de cada objectivo.
1. Operação da rede por linha. Trata-se do caso mais comum na grande maioria das cidades
brasileiras por exemplo [NTU, 2004]. Nas cidades pequenas e de médio porte é comum a
existência de uma única empresa na operação de todas as linhas do sistema de transporte
de passageiros. Neste caso cada empresa é responsável pela operação de uma linha, ou de
um conjunto de linhas, de forma independente umas das outras. Este sistema pode
provocar sobreposição de serviços de diferentes empresas operadoras, diminuindo a
concorrência. As empresas operadoras têm dificuldade em optimizar os seus serviços,
9
As sociedades formadas têm sempre um propósito específico que advém das negociações com o poder municipal
aqui também referido como poder público. Este poder não é circunscrito a um único município, podendo ser o
conjunto de dois ou mais municípios vizinhos que compartilham mesmo espaço e gerem as suas “responsabilidades”
de acordo com as politicas traçadas. Esta sociedade pode ser formada por empresas profissionais do ramo (por
exemplo, resultantes de uma união entre transportadores da UNICOTRAMA ou FEMATRO, etc), com
personalidade jurídica própria e dedicada exclusivamente à concessão em disputa.
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dificultando ainda a criação de novas linhas em locais onde não havia previsão de
procura. Por estas e outras razões esta operação está a cair em desuso;
2. Operação da rede por grupo de linhas. Normalmente agrupam-se linhas por lotes sendo
que estas se situam numa mesma região ou bacia 10 . Porém, para não eliminar a
concorrência é permitida que nessa bacia ou região haja a operação de mais que uma
empresa ou consórcio ou sociedades. Assim, os utentes podem escolher as linhas que
querem usar mas não podem escolher a empresa;
3. Operação da rede por área geográfica. Trata-se de uma opção adoptada com vista à
diminuição da concorrência predatória entre empresas ou operadores. Normalmente
adoptada para grandes cidades com um numero de passageiros superior a 1 milhão por
dia, circunscreve-se a uma área geográfica especifica e atende normalmente um problema
especifico. Esta organização dos serviços tem o defeito de gerar dificuldades na expansão
ou introdução de melhorias dos serviços (dificulta a criação de linhas periféricas entre
bacias), principalmente quando tais iniciativas oferecem possibilidades de alteração do
equilíbrio da exclusividade;
4. Operação da rede por lotes de veículos. Normalmente não é explorada esta hipótese.
Consiste na prestação de serviços por diferentes tipos e tamanhos de veículos. Facilita a
manutenção e a organização interna da empresa, i.e., é possível termos empresa que se
envolva em serviços especializados;
5. Operação da rede por rede. Compreende um conjunto de linhas integradas constituído por
serviços troncais, alimentadores, circulares, complementares ou selectivos e operado por
uma empresa ou grupo de empresas;
As explorações por bacia, grupo de linhas ou área geográfica é sempre possível ter
empresas que compartilhem a operação de diferentes linhas. Nestes casos é requerida uma maior
organização da receita (depositada numa caixa única) e maior articulação na utilização da frota.
Nestes casos é sempre recomendável a formação de consórcios ou sociedades para que exista
10
A bacia operacional corresponde a determinada área urbana referenciada a uma via arterial radial que canaliza as
viagens provenientes do sistema viário secundário ao sistema viário estrutural e da periferia ao centro da cidade.
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menos atrito na divisão da receita, segundo critérios previamente acordados aquando da formação
desse mesmo consórcio. Neste caso todos os actores, público, governo e operadores, ganham.
A composição de consórcios pode incluir, para além das empresas do ramo de transporte
de passageiros, outras empresas dos sectores da construção civil industria, actividades bancárias,
desenvolvimento urbano entre outros, podendo até evoluir para a constituição de uma sociedade
de propósito especifico sobre controle dos consorciados.
Neste trabalho é proposto um Modelo empresarial para Maputo. De facto, o modo como
as empresas operadoras do transporte colectivo urbano estruturam as suas funções e se
interrelacionam para operar, para realizar a gestão do negócio, para solucionar conflitos e
distribuir custos e receitas caracterizam o modelo de organização. Neste momento cada “chapa” é
uma empresa. Este actual cenário é inaceitável para os desafios e a evolução natural do negócio
de transporte de passageiros.
Verificando que cada empresa tem sempre três áreas principais, nomeadamente a
administrativa, a operacional e a de manutenção, é importante escolher um modelo
organizacional que seja sustentável, optimizado e que deva ser guiada pelas condições locais,
cultura, objectivos e recursos. O foco da área operacional está intimamente ligado ao modelo
regulatório e de fiscalização do sistema adoptado. Nestas circunstâncias a maior preocupação é a
questão da frota (quantidade e tipo de veículo), seguindo-se a avaliação do mercado. Há casos em
que as empresas também participam na organização da oferta sendo a produtividade considerada
para efeitos de remuneração [ver capitulo 6.6]. As áreas administrativa e de manutenção apresentam
estruturas semelhantes nas empresas fruto do amadurecimento de gestão. A profissionalização do
quadro de pessoal, a utilização de tecnologias de informação e comunicação, o domínio de
técnicas de pesquisa de mercado e até mesmo do planeamento estratégico e marketing são áreas
de referência das empresas [NTU,2004 b].
PRODUÇÃO DE SERVIÇOS
AUTORIDADE DE TRANSPORTES
Existem demasiados interesses no âmbito da aplicação de qualquer que seja a política dos
transportes públicos de passageiros. Garantir estabilidade e confiança num sistema de transportes
públicos de passageiros só pode ser atingido se os diferentes actores (Estado, Público, Privado,
Parcerias, etc) estiverem juntos na elaboração dos planos Directores de desenvolvimento para um
horizonte mínimo de 10 a 15 anos. Há demasiados factores de ordem técnica e especializada que
induz a necessidade urgente na criação deste órgão, capaz de gerir acções ao nível táctico e
operacional do sistema. Por exemplo, baixar as tarifas introduz uma visão mais abrangente, uma
integração tarifária, uma procura de soluções tecno lógicas (bilhete electrónico, gestão de frotas
por GRPS, combustíveis, etc.) e um significativo aumento da eficiência operacional e qualidade
dos serviços de transporte público de passageiros. Soluções pontuais, de magra visão e que não
contemplem a inserção de outros modos de transporte, outras fontes de combustível e utilização
potencial dos mecanismos na lei para uma maior assistência ao público não servem para o
patamar tecnológico actual. Maputo já tem cerca de 2 milhões de habitantes, sendo que a
população economicamente activa depende largamente deste meio de transporte. Este órgão é
ainda necessário porque constituiria o garante da prestação de serviços públicos, que sejam
eficazes na protecção do mercado (monopólios, etc.) e, ao mesmo tempo, utilizaria os necessários
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instrumentos para compartilhar o risco e o compromisso financeiro entre o sector privado e
público. Se desenvolvido no correcto ambiente político, este órgão também iria contribuir para
um maior investimento nas infra-estruturas de transporte que possam ter efeito na redução da
pobreza, sendo um estímulo na criação de oportunidades de crescimento. Os objectivos,
principais actividades e resultados da Autoridade Transportes Públicos de Passageiros de
Moçambique (ATP – MOZ)11 poderão ser, na fase inicial os seguintes:
Numa segunda fase, caberia a este órgão realizar, entre outras, a tradução da politica e da
estratégia do governo, neste domínio, elaborando documentos que consubstanciem e dêem forma
ao futuro PDTPM - Plano Director de Desenvolvimento dos Transportes Públicos de
Moçambique. A regulação e a fiscalização, incluindo a continua pesquisa de opinião e de outros
estudos do sector serão igualmente actividades regulares do ATP – MOZ. Recorde-se que este
órgão, numa primeira fase, poderia estar inserido num órgão do Ministério dos Transportes, como
por exemplo, o INAV. Só depois do seu amadurecimento 12 é que este órgão seria independente.
11
Trata-se apenas de um nome. Nada ainda é oficial.
12
Calcula -se, neste âmbito, um período de 2 a 5 anos.
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NOVAS TECNOLOGIAS
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o Rádio transmissor: Existe a possibilidade de adiciona r aos demais equipamentos um
sistema de rádio transmissão que envia, on-line, as informações recolhidas no veículo
para uma central de controle. Ele pode ser utilizado, ainda, para comunicação entre o
motorista/cobrador e a central de controlo.
o Viagens realizadas;
o Distribuição dos headways efectivamente praticados;
o Horários cumpridos;
o Tempo de percurso das viagens;
o Velocidade média comercial;
o Total de passageiros transportados por viagem;
o Passageiros gratuitos por viagem, por tipo de gratuidade;
o Movimentação de passageiros nas linhas;
o Quantificação de incidentes (acidentes, congestionamentos, avarias, etc.), com
informações sobre causas e tempo perdido em função deles;
o Acções operacionais praticadas com motivo e resultados.
FINANCIAMENTO E TARIFA
Relativamente à tarifa única e diferenciada, o autor entende que esta é uma questão
estratégica. Cobrar a mesma tarifa (única) para qualquer deslocamento na rede de transporte
público urbano é uma estratégia inerente à política tarifária, estando intimamente ligada à rede,
tipo de operadores, de concessão adoptadas e tecnologia de gestão utilizada. Tal como qualquer
outra estratégia também esta tem os seus pontos positivos e negativos. De facto ter a mesma tarifa
afigura-se simples, do ponto de vista operacional, permite um melhor controlo das receitas sendo
também fácil de perceber pelo utente destes serviços. Porém, realizada uma análise mais
profunda, verifica-se que alguém estará a subsidiar as viagens, i.e., os que usam a rede para
viagens de pequena distância suportam custos adicionais em relação aos que usam a rede para
realizar viagens mais longas (em regra estes últimos estão conotados como os mais necessitados
desta rede por viverem na periferia da cidade). Embora estas deduções teóricas sejam
verdadeiras, a verdade é que a rede de TCP é utilizada basicamente para viagens longas, i.e., a
nossa população da cidade e província de Maputo é caracterizada por percorrer longas distâncias
a pé (até 4 a 5 km), ao contrário dos cenários tipicamente urbanos. Assim, no caso vertente de
Maputo, pode-se afirmar com alguma propriedade, face aos diferentes estudos já realizados, que
as deslocações entre origens e destinos no “grande Maputo” são caracterizadas por serem
superiores a 14 km. A distância média da rede actual13 é de 23 km. Se esta tarifa única for
14
elevada em relação ao salário dos trabalhadores haverá certamente redução acentuada da
receita.
13
Em Fevereiro de 2008 os TPM operavam em 23 linhas, incluindo Boane e Marracuene.
14
É mais ou menos consensual que as despesas mensais de transporte público não ultrapassem os 10% do salário do
trabalhador. Há países que fixaram 6% como referencia para atribuição do subsidio de transporte ao trabalhador,
cativo do sistema de transporte publico de passageiros.
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A outra aposta estratégica é fazer aplicar a diversificação tarifária, i.e., criar várias tarifas de
forma a ter em conta as diferenças entre utentes, a qualidade dos serviços, a extensão das viagens
ou o momento em que são realizadas. Para que esta estratégia seja eficiente é preciso tomar em
consideração o seguinte:
o Pela qualidade dos serviços: serviços selectivos ou que utilizam tecnologias veiculares
distintas, como por exemplo os chapas ou comboio terem preços diferenciados dos
serviços comuns;
o Pela extensão da viagem: tarifa proporcional à distância percorrida ou por secção;
o Por período: tarifa diferenciada segundo o período ou momento da viagem (dia da
semana, hora do dia, feriado, período de férias, etc.)
o Tarifas especiais destinadas a grandes eventos desportivos, feiras, exposições, etc., com
razoável potencial de atracção de nova procura.
Relaciona-se com critérios relativos às condições sociais das pessoas (pessoas e famílias
carentes) e à maneira de sua inserção no mercado (maior conforto, serviços expressos, etc.).
Por outro lado, onde todos mais sentem este problema do financiamento do transporte
público (na sua operação que é visível para os utentes) a questão principal é se devemos optar
pelo financiamento através da receita global gerada, pela combinação de fontes diversas,
incluindo as comerciais (publicidade em veículos e aluguer de espaços, etc.), pelas compensações
governamentais específicas (via tarifas reduzidas ou por obrigações sociais ou gratuidades, etc.)
e/ou pela remuneração extraordinária paga pelo poder público para garantir que determinados
níveis de serviço sejam atingidos.
Parece claro que a tarifa levada não é saudável, não responde aos anseios da população e
não atende ao problema dos cativos de transporte público urbano que, para o caso de Maputo, é
15
Em importantes países europeus, verificam-se taxas de cobertura dos custos operacionais pela receita tarifária das
seguintes ordens: Itália (40%), França (50%) e Grã Bretanha (68 %), conforme dados da International Union of
Public Transport (UITP). Nas cidades norte-americanas, a receita tarifária tem coberto, em média, apenas 35% do
custo dos serviços de transporte público, outras receitas operacionais respondem por 14% e os subsídios públicos
(divididos entre os três níveis de governo) por pouco mais da metade do custo (51 %), segundo informa a American
Public Association (APTA). No Brasil, à excepção dos sistemas metro-ferroviários, os custos operacionais do
transporte público, vêm sendo cobertos quase que exclusivamente pela receita tarifária.
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de cerca de 85%. Uma tarifa elevada introduz ainda a “expulsão” de utentes da rede de TCP dada
terem salários baixos 16 ou que estão no desemprego.
a) Contribuição de beneficiários não usuários dos serviços de TCP. Esta ideia parte do
pressuposto que todos devem apoiar os serviços desta natureza uma vez que todos se
beneficiam dele, directa ou indirectamente.
b). Compensações por externalidades negativas. Baseia-se no princípio que aqueles que
geram externalidades negativas devem compensar a comunidade pela imposição desses custos
sociais (congestionamentos, poluição, por exemplo ) 17 .
16
Atendendo à necessidade de transbordos e às características das viagens realizadas, pode-se dizer que uma família
de 4 pessoas economicamente activas gasta mensalmente cerca de 1,400 MT em média, contra um rendimento
estimado de 4,500 MT/mês. Esta despesa familiar em TCP é muito superior ao convencionado mundialmente. Na
verdade deveria rondar cerca de 450 MT ao invés dos 1,400 MT/mês.
17
É o caso da taxa alemã que é paga na compra de combustível e utilizada no financiamento do transporte público;
de certas taxas ambientais sobre o uso e a propriedade de automóveis e de vaga de estacionamento, também
empregadas nos transportes públicos.
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de TCP ao mesmo preço. As questões mais relevantes, levantadas pelos utentes que já
experimentam esta facilidade há alguns anos, baseiam-se no desconforto em ter que trocar de
autocarros, no facto de viajarem sentados numa linha alimentadora e depois em pé numa linha
troncal, não sincronização de horários e necessidade de subir e descer escadas ou mesmo de
enfrentar nova fila de espera para o novo embarque. Estas legítimas desvantagens são atenuadas
pelo impacto positivo que a integração tarifária pode trazer para o utente de TCP. Poder viajar a
um preço único, com um número ilimitado de ligações seja em que operador for na mesma área
geográfica previamente definida, é bom para o utente. Com a tarifa integrada também se explora
melhor o potencial da rede, reduzindo não só os custos da viagem como também os tempos de
viagem. Assim, os trechos mais carregados são evitados, os trajectos de menor tempo são
preferidos, etc.
Para o caso de Maputo e pensando no comboio e no barco outra questão que se levanta é a
integração modal. A integração modal é importante para o passageiro e acentua uma excelente
visão integrada das políticas urbanas. No entanto três aspectos têm que se ter em conta:
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uma política tarifária. Simples mecanismos de coordenação das decisões não são
suficientes.
o Devido às grandes diferenças de custo operacional entre os modos, sobretudo entre os
metro- ferroviários e os rodoviários, a integração com tarifa única pode ocasionar sérios
problemas de financia mento. Não havendo subsídios, algum grau de diferenciação entre
as tarifas de integração unimodais e multimodais é necessário.
o Incompatibilidades entre as tecnologias de bilhetagem electrónica representam um
importante obstáculo às políticas de integração intermodal e metropolitana. A solução
desses problemas pode exigir adaptações de custo elevado.
A remuneração dos operadores pode ser efectuada com base no custo do serviço prestado
(custo do quilómetro) ou por acesso de passageiros. Neste último caso, define-se um valor
unitário que é multiplicado pela quantidade total de acessos computados (um passageiro poderá
aceder duas ou mais linhas num mesmo deslocamento). A remuneração por custo do quilómetro
percorrido estimula os operadores a aumentar a sua produção
o A integração tarifária deve ser observada como uma segurança do investimento, não
podendo ser equacionada sem a necessária contrapartida governamental e diferenciação
tarifária (opção de serviço 18 ou medidas de diferenciação 19 ).
19
Por exemplo, cobrar tarifas menores para deslocamentos locais.
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com poderes para o efeito, como é o caso da ATP-MOZ aqui proposta. Neste contexto,
ressalta-se a importância do debate aberto e franco com todos os segmentos envolvidos
com a questão da política tarifária;
o A rede estruturante dos Transportes Públicos de Maputo recomenda-se que seja do tipo
mista (radial e transversal) com ligações entre origens/destinos sempre que necessário.
Recomenda-se três terminais principais na área central urbana de Maputo (Museu, Praça
dos Trabalhadores e Anjo Voador) e outros quatro terminais externos à coroa de
Maputo 20 , como sejam, Drive In, Praça Juventude, Cidade da Matola e Malhanpswene.
Este cenário, tendo em conta uma distância média de 19km entre as origens e destinos da
cidade, deveria ser suportado com pelo menos 90 a 110 autocarros por forma a permitir
uma maior frequência nas linhas (tempos de espera de 20 a 30 minutos, na forma de ciclos
para atender aos períodos de pico) e ter uma reserva de 5 a 10% da frota disponível;
o Sendo claro que o objectivo do subsidio operacional é o de reduzir o valor da tarifa paga
pelos utentes … há então que evitar que este importante valor de subsidio seja usado para
cobrir ineficiências da planificação ou prejuízos das empresas resultantes da má gestão;
o Qualquer subsídio deve ser concedido sob a forma de contrato entre as autoridades e os
operadores, e devem ser abertos a todos os operadores de uma forma competitiva;
20
[Os distritos urbanos 3, 4 e 5 são os mais necessidatos sendo igualmente os mais populosos]
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o A remuneração dos operadores deveria ser efectuada com base no acesso de passageiros.
Neste caso, define-se um valor unitário que é multiplicado pela quantidade total de
acessos computados (atenção que um passageiro poderá aceder duas ou mais linhas num
mesmo deslocamento).
o Os valores tarifários praticados nos últimos tempos pelo mundo fora, cada vez mais
dissociados da capacidade de pagamento das camadas mais pobres, são reconhecidos
como causas da redução da mobilidade dessa parcela da população, o que remete à
questão da responsabilidade sobre o financiame nto da operação;
o Não há e nem deve haver modelo único para políticas tarifárias. Cada sistema deve
construir e aprimorar seu próprio modelo. Contudo, a tendência aponta para o caminho da
diferenciação tarifária (especialmente por hora, dia e outros factores). Ainda persiste forte
resistência no sector de transportes à integração tarifária e à diferenciação de tarifas
baseada principalmente no forte receio de se desequilibrar economicamente o sistema;
o Poder viajar a um preço único, com um número ilimitado de ligações seja em que
operador for na mesma área geográfica previamente definida, é bom para o utente. Com a
tarifa integrada também se explora melhor o potencial da rede, reduzindo não só os custos
da viagem como também os tempos de viagem. Assim, os trechos mais carregados são
evitados, os trajectos de menor tempo são preferidos, etc.
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ANEXO - DIPLOMA MINISTERIAL Nº 92/89 DE 20 DE SETEMBRO
Este diploma define as normas que devem ser observadas para o exercício de actividades de
transporte semi-colectivo de passageiros, que alguns aspectos relevantes a citar:
Artigo 7.1- Compete aos presidentes dos Conselhos Executivos ou administradores distritais a
autorização da emissão das licenças nos termos deste diploma.
• Assegurar o transporte público de passageiros nos grandes centros urbanos, através das
empresas públicas as quais poderão entrar em esquemas de gestão privada, se tal for
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aconselhável, atendendo ao carácter social da sua operação, definir uma política
consentânea;
• Incentivar o desenvolvimento do sector privado nos segmentos de tráfego onde haja falta,
ou inadequação do transporte colectivo de passageiros
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ÍNDICE
PREFÁCIO 1
1. INTRODUÇÃO 2
2. OBJECTIVOS 3
3. PERMISSAS BÁSICAS 4
FORMA DE COBRANÇA 31
FORMAS DE PAGAMENTO 32
POLITICA TARIFÁRIA 33
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS 34
PRODUÇÃO DE SERVIÇOS 36
AUTORIDADE DE TRANSPORTES 37
NOVAS TECNOLOGIAS 39
FINANCIAMENTO E TARIFA 41
BIBLIOGRAFIA 50
ANEXO - DIPLOMA MINISTERIAL Nº 92/89 DE 20 DE SETEMBRO 52
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