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Escola Estadual Professora Juvenília Ferreira Dos Santos

Língua Portuguesa
Professora: Elza Coelho Barroso

Senhora
De José de Alencar

Henrique Lúcio
Isabella Cristina Ferreira Costa
Kauan Rideyke Santana Magalhães
Leonardo de Souza Alves
Méllani Freitas
Raissa Carneiro da Silva
Samuel Fiais

Uberlândia, 2022
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Sumário

Biografia 3
Infância e Juventude 3
Primeiro Romance 3
Vida Política 3
Literatura 4
Curiosidades 4

Parte 2 - Quitação 5

Parte 1 - Preço 7

Parte 3 - Posse 8

Parte 4 - Resgate 10

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Biografia

Infância e Juventude
José Martiniano de Alencar Júnior nasceu no sítio Alagadiço Novo, Mecejana,
Ceará, no dia 1 de maio de 1829. Era filho de José Martiniano de Alencar, senador do
império, e de Ana Josefina. Em 1838 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro.
Com 10 anos, José de Alencar ingressou no Colégio de Instrução Elementar.
Durante a noite, presenciou os encontros políticos de seu pai. Com 14 anos, José de
Alencar foi para São Paulo, onde terminou o secundário e ingressou na Faculdade de
Direito do Largo de São Francisco.
Em 1844, ao ver o sucesso do livro “A Moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo,
resolveu que seria escritor de romances. Entregou-se à leitura dos autores mais influentes
da época, como Alexandre Dumas, Balzac, Byron, entre outros.
Em 1847, com 18 anos, iniciou seu primeiro romance "Os Contrabandistas", que
ficou inacabado. Em 1848 foi para Pernambuco, onde continuou seu curso na Faculdade de
Direito de Olinda, concluído em 1851. De volta a São Paulo levou o esboço de dois
romances históricos: Alma de Lázaro e O Ermitão da Glória, que só seriam publicados no
fim da vida.

Primeiro Romance
Ainda em 1851, José de Alencar voltou para o Rio de Janeiro onde exerceu a
advocacia. Em 1854, ingressou no Correio Mercantil, na seção "Ao Correr da Pena", onde
comentava os acontecimentos sociais, as estreias de peças teatrais, os novos livros e as
questões políticas.
Em 1855 assumiu as funções de gerente e redator-chefe do "Diário do Rio", onde
publicou, em folhetim, seu primeiro romance Cinco Minutos'', em 1856. No dia 1 de janeiro
de 1857 começou a publicar o romance O Guarani, também em forma de folhetim, que
alcançou enorme sucesso e logo foi editado em livro.

Vida Política
Em 1858, José de Alencar abandonou o jornalismo para ser Chefe da Secretaria do
Ministério da Justiça, chegando a Consultor com o título de Conselheiro, em simultâneo, em
que lecionava Direito Mercantil.
Em 1860, com a morte do pai, se candidatou a deputado pelo Ceará, pelo partido
Conservador, reeleito em quatro legislaturas. Na visita a sua terra Natal se encantou com a
lenda de "Iracema" e a transformou em livro.
Em 1865, sob um pseudônimo, publicou Cartas de Erasmo, dirigidas ao imperador,
onde descrevia a situação do país. Defendia um governo forte e propunha uma abolição
gradativa da escravatura. Embora D. Pedro II não simpatizasse com Alencar, não se opôs a
sua escolha para o Ministério da Justiça do Império.

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Em 1870 foi eleito senador pelo Ceará, porém, com os conflitos com o Ministro da
Marinha não foi o escolhido. Voltou para a Câmara, onde permaneceu até 1877, porém
rompido com o Partido Conservador.

Literatura
Mesmo no auge da carreira política, José de Alencar não abandonou a literatura. Em
1864, casou-se com Georgina, com quem teve quatro filhos, entre eles Mário Alencar, que
seguiria a carreira de letras do pai. Viu suas obras atacadas por jornalistas e críticos que
faziam campanha sistemática contra o romancista.
Triste e desiludido publicou sob o pseudônimo de Sênio, porém, a maioria o louvava.
Durante toda sua vida procurou trazer para os livros, as tradições, a história, a vida rural e
urbana do Brasil. Famoso, a ponto de ser aclamado por Machado de Assis, como "o chefe
da literatura nacional". José de Alencar morreu aos 48 anos, no dia 12 de dezembro de
1877, no Rio de Janeiro, vítima da tuberculose.

Curiosidades
● Seu apelido de infância era Cazuza.
● Era grande amigo de Machado de Assis
● Conta um boato nunca confirmado que Mário de Alencar, filho de José Alencar, seria
filho ilegítimo de Machado de Assis.
● Antes de morrer, Alencar viajou para a Europa em busca da cura da tuberculose.

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Parte 2 - Quitação

A história do romance se passa na metade do séc XIX, ambientada no Rio de


Janeiro da época. Começamos a história com Dona Emília Lemos, mulher pobre que residia
na Rua de Santa Tereza. Quando nova, se apaixonou por um estudante de medicina, Pedro
de Sousa Camargo, filho natural, porém não reconhecido, de um fazendeiro muito rico.
Pedro também se apaixonou por Emília, porém este não confessava para seu pai o
amor que sentia por medo, então se casaram às escondidas. Seu pai, sabendo que seu
filho vivia com uma mulher, pediu para um dos seus criados mais leais para intimar o filho a
voltar para casa, e caso não quisesse, levasse-o à força. Assim se sucedeu, com Pedro
prometendo para a amada que voltaria.
Pedro não teve coragem de pedir a licença do pai para voltar, e após somente um
ano retornaria, depois de Emília ter passado certas dificuldades pela falta do amado. Meses
juntos se passaram e tiveram dois filhos, o primeiro, Emílio o mais velho, e depois de um
tempo veio Aurélia, nossa protagonista.
Após doze anos de casamento, o velho fazendeiro resolvera que Pedro, seu filho
que agora tinha 36 anos, tinha que se casar, e este já escolhera a moça adequada, filha de
um fazendeiro muito rico, que acabara de completar 15 anos. Pedro que já tinha uma
amada, se opôs passivamente à vontade do pai. Certa vez, Lourenço (Pai de Pedro),
percebendo que Pedro resistiria até o fim, o ameaçou para ir naquele mesmo instante se
encontrar com a noiva. Pedro, obedientemente, pegou seu cavalo, porém não foi a
fazenda vizinha, mas para um rancho onde esperava ter tempo para resolver o que faria.
Toda essa situação que lhe afligia, fez com que seu organismo se abalasse violentamente,
trazendo-lhe uma enorme febre cerebral, que longe de recursos e socorro, o levou para o
túmulo.
Emília, agora se encontrava viúva, enviou uma carta para o seu Lourenço, onde
revelava o casamento oculto, porém, ele assim como os familiares dela, não acreditaram
em tamanha história.
Após certo tempo, Emílio começou a trabalhar na praça como corretor, porém não
tinha grandes facilidades com cálculos, então Aurélia, que era dotada de uma incrível
inteligência, cuidava dos cálculos. Depois de um longo dia de trabalho, Emílio, que estava
com calor, resolveu tomar um banho de água gelada, como consequência, lhe sobreveio
uma febre que o levou em pouco tempo.
Dona Emília, que agora só tinha a filha e nenhum homem para sustentar a casa, viu
como única saída que Aurélia se casasse. Então a colocava diariamente na janela, à vista
do público, de modo que viesse um pretendente interessado, porém Aurélia não gostava
muito de se mostrar. Inúmeros moços beiravam a janela, pois a beleza da moça era
inestimável, mas ela não se interessava por nenhum deles.
Em uma certa ocasião, Fernando Seixas, por influência de amigos, passou perto da
janela para observá-la, e ela o encantou, e ele lhe tirou o coração. Seixas diariamente
visitava Aurélia, ambos se apaixonaram, e passada várias visitas, ele pediu a mão dela em
casamento, formalizando com Dona Emília.
Apenas depois do pedido de casamento, Seixas pensou como esse ato causaria
enorme mudança em sua vida, tendo em vista que a família de Aurélia era de grande

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pobreza. Apoiado nisso, e no fato de Tavares do Amaral ter oferecido sua filha, Adelaide,
com um alto dote, de 30 contos de réis, ele aceitou.
Com um certo peso na consciência, Seixas não se deixou levar por seu amor, mas
pela sua ambição. Evitou se encontrar com Aurélia, inventando desculpas para não ter que
vê-la, porém certo dia teve que romper formalmente com Aurélia, que, aliás, ficou muito
triste e abatida. Por acaso, após passar um tempo, descobriu por outros meios que ele lhe
trocara por dinheiro, fazendo com que a tristeza só aumentasse e a raiva surgisse.
Depois desses acontecimentos, lhe aparecera na porta de casa um senhor, a quem
se revelara ser Lourenço, seu avô, dizendo-lhe que encontrara nos pertencentes do filho
morto, as certidões de casamento e nascimento dos filhos de Emília. Isso fez com que a
vida delas melhorasse bastante, pois apesar de não pedirem com frequência, o velho lhes
dava presentes. Certo dia ele lhe deu uma carta e pediu para abrir somente no tempo certo.
Determinado dia, após o velho Lourenço ter enfrentado parentes, frutos das suas
festas, sua indignação subiu à cabeça e fulminou-o. Um pouco depois, Dona Emília também
faleceu, deixando a pobre Aurélia órfã. A única parente a quem lhe socorreu foi Dona
Firmina e seu tio, Lemos, tornou-se seu tutelar, este por simples interesse.
Acontecido essas coisas, veio ao encontro de Aurélia o correspondente do falecido
Lourenço, dizendo que a carta que seu avô lhe entregara, estava em seu testamento onde
deixava toda a sua herança, de aproximadamente 1 milhão de réis, para Aurélia.
Com todo esse dinheiro, Aurélia mudou seu modo de vestir e começou a frequentar
os grandes bailes do Rio de Janeiro, porém não mudou sua personalidade.

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Parte 1 - Preço

Aurélia Camargo, moça de 18 anos, rica e frequentadora de bailes da alta


sociedade, jovem moça muito bonita, que chamava a atenção de todos os homens que a
conheciam. Possuía uma excentricidade invejável em personalidade. Caracterizava-se por
ser uma mulher altamente educada, com outras qualidades como grande delicadeza,
coragem, elegância e inteligência.
Aurélia, torna-se rica graças à herança de seu avô que é recebida aos seus 18 anos,
quando apresentada a sociedade Fluminense, ela estava sempre acompanhada de sua
parenta viúva D. Firmina Mascarenhas e acreditava que todos só se interessavam por ela
devido a sua beleza e dinheiro. Em um baile de costume, Aurélia começou a questionar
sobre sua educação e seu destino. Então decidiu escrever uma carta ao Sr. Lemos, que era
irmão mais velho de D. Emília, dando-lhe a missão de arrumar seu casamento com o atual
noivo de Adelaide Amaral, Fernando Seixas.
Fernando Rodrigues de Seixas, era filho de um empregado público e órfão aos seus
18 anos, ele, infelizmente, foi obrigado a abandonar seus estudos na faculdade de São
Paulo, por conta de acreditar que sua mãe não conseguiria se sustentar sozinha.
Morava próximo ao campo, em uma casa que desapareceu com as últimas
reconstruções, a aparência da casa se revelava tanto fora quanto dentro bem pobres, com
paredes amareladas e percebia-se que em alguns pontos já havia vários remendos.
D. Camila, a mãe de Seixas por conselho de amigos, colocou seu dinheiro na Caixa
Econômica, por onde ia tirando seus juros razoáveis a cada seis em seis meses do banco,
com o que ajudava aos gastos da casa, aluguéis e dois escravos.
Fernando, ao contrário da protagonista, Aurélia Camargo, é uma pessoa interesseira
em busca de um bom casamento com um alto dote. Era pertencente a uma família de
situação pouco favorável e queria se casar com uma moça rica para lhe oferecer melhores
condições para sua mãe, D. Camila e suas irmãs, Mariquinhas e Nicota, e também para
seus próprios luxos pessoais.
Lemos faz a proposta de 100 contos de réis para o casamento e se o noivo não
aceitasse ele aumentaria para 200 contos de réis. Fernando que mesmo sem conhecer a tal
noiva rica, exige um adiantamento do alto dote por 20 contos de réis e após receber o
adiantamento aceita o compromisso
Quando foi apresentado a Aurélia, Seixas se sente profundamente humilhado, pois
no passado teve um relacionamento com ela que foi rompido por seu interesse em
continuar na alta sociedade ficando noivo de Adelaide que tinha um grande dote.
Na noite de núpcias, a formosa moça trocara seu vestuário de noiva por outro que
bem se podia chamar traje de esposa Após trocada Aurélia dúvida de que Fernando
realmente a ame sem ser pelo seu interesse ao dote dado e chama seu então marido de
homem vendido.

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Parte 3 - Posse

Seixas em seu quarto, passou por uma intensa crise emocional: avaliou todos os
luxos que o cercavam e que antes lhe atraíam, mas agora o repulsam. Refletindo sobre o
debate travado com Aurélia, Seixas agora sentia alguma admiração pelo amor que ela lhe
dedicou.
Às dez horas foi servido o almoço e Fernando foi chamado, a mando de sua
senhora. Na sala a mesa estava servida com grande variedade de alimentos. Aurélia já
atuava sem demonstrar nenhum sarcasmo: comia e conversava alegremente. Tal ação fez
com que Seixas, por alguns instantes, esquecesse a situação que estava vivendo.
Percebendo que ele havia se servido com muito pouco, é dos mais simples pratos, a
senhora ofereceu-lhe servir outros alimentos, o qual Fernando recusou, usando da mesma
ironia, dizendo que sua felicidade lhe tirara o apetite. Seixas lia o jornal quando o criado
ofereceu-lhe charutos de Havana. Fernando recusou, dizendo ter os seus, e Aurélia
respondeu que aqueles também eram dele. Questionando se ela não se incomodaria com a
fumaça, Aurélia afirmava que deveria aceitar as vontades do marido. Fernando rebateu,
dizendo que como marido ele não possuía vontades, mas somente deveres.
Ao anoitecer, sentaram-se ao sofá enquanto D. Firmina distraía-se com os folhetins
dos jornais, esforçando-se para não olhar os noivos que, segundo ela imaginava, deveriam
estar trocando carícias. Fernando e Aurélia, no entanto, mantinham-se distantes tanto
fisicamente quanto no pensamento.
Os dias de lua-de-mel passaram-se como o primeiro, até que no quinto dia Fernando
decidiu voltar à sua rotina de trabalho. Se antes ele apenas assinava o ponto em sua
repartição, agora cumpria seu horário rigorosamente. Percebendo a atitude do marido,
Aurélia perguntou se ele realmente necessitava empenhar-se tanto no emprego público e
zombava-o, oferecendo-lhe um salário maior para ser seu empregado.Fernando
manteve-se firme e ressaltou que sua relação com ela era apenas a de marido.
Voltando do trabalho, Fernando trocava poucas palavras com Aurélia, exceto se
houvesse algum convidado: então dava-lhe um beijo para demonstrar a suposta harmonia
do casal. Aurélia percebeu que Fernando não usava as roupas novas que lhe eram
oferecidas em seu armário, o que fez com que uma de suas empregadas mais próximas
comentasse sobre comportamento oposto que tinha seu marido, muito econômico,
poupando até mesmo o uso do sabonete. Após o jantar, no tradicional passeio pelo jardim,
Aurélia questionou tais hábitos de Fernando: o marido que ela havia comprado era um
homem nobre, não um avarento. Seixas decidiu abrir seu jogo: ele cumpriria todas as suas
funções de marido, com respeito, fidelidade e até mesmo amor, mas este nunca seria
verdadeiro, afinal havia sido comprado.
Aurélia enraivou-se com tal postura de Fernando, argumentando que ela entendia
muito bem da matéria de amor, e se havia ainda algo do amor que ela sentiu por ele, já
estava morto e logo seria enterrado. Fernando reafirmou que se vendeu como um marido,
mas não sua alma ou seu caráter, portanto tinha o direito de encenar a avareza, se assim
preferisse; ela não poderia forçá-lo a ser um esbanjador. Aurélia retrucou ser exatamente
isto o que ele era antes do casamento, ao que Fernando concordou, tanto que foi por essas

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qualidades escolhido como marido, mas não seria ele obrigado a mantê-las. Por fim, Aurélia
afirma que esta redenção tardia de Seixas não passa de um arrependimento covarde, e
Seixas retruca que sua sagacidade comprova seu parentesco com o Sr. Lemos. Aurélia não
suportou esta última ofensa e foi sozinha para dentro da casa pela primeira vez desde que
se casaram.
Noutro dia, Aurélia cobrou que Seixas a acompanhasse a visitas sociais, já que
estavam casados há mais de um mês. Fernando pediu que tais visitas ocorressem à tarde,
para poder manter seus compromissos de trabalho, mas Aurélia, propositalmente, ordenou
o oposto. Aurélia enrolou de manhã apenas para contrariar e saiu apenas de tarde.
Retornando à casa, Aurélia reclamou de cansaço e foi se deitar. Desde a noite em
que Fernando recitara Byron, ele percebia uma maior irritação em sua esposa. Seixas
pensou em chamá-la em seu quarto, mas deteve-se e decidiu bisbilhotar pelo buraco da
fechadura: viu Aurélia imóvel, pálida, estirada sobre o divã. No dia seguinte Aurélia
permaneceu deitada até a hora do jantar. Assim que Fernando retorna do trabalho, Aurélia
sugere que ele pegue o cavalo e saia à vontade, para divertir-se, visto que deve estar
cansado de sua companhia. Fernando discorda, afirmando que só sairia se esse fosse o
desejo expresso da mulher. Por fim, Aurélia ressalta que não quer fazê-lo sofrer e propõe,
para a surpresa de Seixas, o divórcio. Seixas recusou a proposta de divórcio, dizendo não
poder ter de volta a liberdade que ele vendera.
Também casaram-se Dr. Torquato Ribeiro e Adelaide Amaral, que teve Aurélia como
madrinha. Seixas enxergava no altar às duas moças as quais traíra, não pela paixão, mas
pelo interesse: era o seu passado que o assombrava. Mantinha, entretanto, a aparência
alegre, juntamente de sua esposa, e toda a sociedade via ali um feliz casal. A presença de
Fernando era cada vez mais um incômodo para Aurélia, que passava dias evitando-o.
Certo dia havia na varanda da casa, dois cavaletes com os esboços dos retratos de
Aurélia e Fernando: por pedido da moça eles foram feitos baseados em fotografias e seriam
terminados com os modelos presentes. Conforme finalizado, o retrato de Fernando
incomodou Aurélia: ele tinha uma fisionomia muito séria e triste. O pintor argumentou que
apenas pintava o que via, então a mulher pediu que lhe desse um tempo para um retoque
final. Aurélia, que antes mantinha-se distante de Seixas, procurou-o mais alegre, para falar
de música, admirar a natureza e ler livros em sua companhia. Nesse ponto, Aurélia solicitou
que o pintor retornasse ao seu trabalho, conseguindo retratar um Seixas que aparentava ser
mais jovem e mais alegre. Após isto, entretanto, Aurélia retornou ao seu estado de
distanciamento: evitava o contato com o marido a todo custo.
Passaram-se meses até que Aurélia voltasse a comportar-se com alegria: agora ela
fazia questão que toda a sociedade notasse sua felicidade. Participava dos bailes, saía a
passeios, realizava reuniões em sua casa. Comentando com Fernando sobre sua “febre” de
divertimentos, a mulher argumentou desejar ao menos ser invejada, já que não pôde ser
amada. Fernando mantinha-se cumprindo seu papel, afirmando ser direito de Aurélia gozar
aquela vida, mas que talvez um dia observasse a existência por outro ângulo.

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Parte 4 - Resgate

Aurélia voltando de um baile em que dançou até o fim da noite, quando retornava
para sua casa reclamava de cansaço para Fernando, ao chegar em sua casa Aurélia se
jogou nos braços de Fernando de maneira saliente. Ela pediu que Fernando a levasse para
seus aposentos reclamando de fraqueza e se tinha febre, logo depois Fernando colocou
Aurélia sobre a cama. Seixas quase a beijou. Quando Seixas se retirava do local, Aurélia se
levantou da cama e perguntou se realmente a amava, Fernando fez somente um aceno de
cabeça confirmando. Aurélia se dirigiu até um canto da sala onde pegou uma foto antiga de
Fernando beijando-o falando que o homem que amava era o da foto não o que está em sua
frente.
Em uma conversa de uma leitura de um livro foi comentado sobre o jovem Eduardo
Abreu que havia perdido toda sua fortuna e também suas tentativas de suicídio. Isso deixou
Aurélia apreensiva, que no dia seguinte chamou Adelaide e Dr Torquato para um teatro
lírico, ela pediu que levasse Eduardo com frequência até à sua casa para que lhe tirasse a
ideia do suicídio. No decorrer do teatro Aurélia acabou percebendo Adelaide dando à
mostra bastante seu busto e que o Fernando não tirava o olho, enciumada Aurélia deu uma
desculpa qualquer e saiu do teatro com Fernando.
Aurélia organizava frequentemente bailes em sua residência. Em uma dessas noites
apareceu Eduardo Abreu, chamado por Aurélia para dançar e dar voltas entre os
convidados. Fernando escutava comentários maldosos e reparou a intimidade de Aurélia e
Eduardo, pensando que talvez o amasse de verdade. Ficou perdido em seus pensamentos
até a Aurélia surgir e o convidar para o baile. A conversa do casal, como sempre, era
repleta de ironias com Seixas se dizendo ” escravo da senhora ”. Aurélia, entretanto,
chegou a conclusão que eles poderiam parar de se ferirem mutuamente, afinal, eles eram
um casal. Em seguida, deu Fernando à Adelaide para uma contradança falando que assim
ele estaria ” liberto da senhora ”. Fernando retrucou dizendo rejeitar tal liberdade, mas não
disse o motivo, o que deixou Aurélia curiosa.
Assim Fernando entregou Adelaide a outro cavaleiro. Uma convidada chamada
Lísia, levou Fernando até Aurélia exigindo que o casal dance uma valsa: o pedido foi aceito
por todos os convidados ali em volta, obrigando o casal a dançar uma valsa. O casal iniciou
a dança, Aurélia pediu para serem rápidos com isso. Em 6 meses de casamento, foi a
primeira vez que os dois se tocaram tão intimamente. Trocaram os olhares encantados
enquanto dançavam. Havia uma energia positiva que contraia seus corpos pedindo ao
maestro ritmo ainda mais rápido. De repente, Fernando percebeu que Aurélia desmaiou em
seus braços. Com um grande inquietação Aurélia foi levada ao seu quarto por Fernando,
quando começou a se recuperar Aurélia ainda segurava a mão de Seixas, e começou um
discurso falando odiar a opinião pública e que não permitiria que lhe tirasse o seu marido
pelo qual pagou tão caro.
Fernando se levantou irritado porque tinha quase se fascinado pela mulher que já
amou, após mais um diálogo irônico do casal Aurélia sugeriu que voltassem a dançar,
porém, agora seria uma dança, sem sentimentos envolvidos. A festa se encerrava e os
últimos convidados deixavam a casa, depois Fernando procurou Aurélia para pedir perdão
pela discussão que aconteceu mais cedo. Aurélia em seu quarto sozinha tirou sua roupa e

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começou a admirar o retrato de seu marido ela tinha certeza que o amor que sentia por seu
marido era real e que o amor de Fernando por ela também poderia se provar real.
Em sua rotina Aurélia começou a notar que o caráter de Fernando havia mudado ele
ficava muito mais tempo com sua esposa, mesmo que parecesse algo forçado no início,
porém, agora se dava como algo natural.
Voltando à casa, procurando um papel que não via há muito tempo, Fernando
surpreendeu Aurélia e Eduardo reunidos. Todos ficaram constrangidos com o inesperado
encontro, mas Fernando rapidamente saiu em direção ao seu aposento. Chegou no seu
quarto remexendo sua escrivaninha realizando uma grande bagunça, depois de um tempo
achou seu papel e saiu pela porta lateral. Aurélia após se despedir de Eduardo foi até os
aposentos de Fernando, porém não o encontrou, mas dando uma leve olhada na bagunça
dos papéis achou um antigo papel que lembra a antiga prometida de Fernando.
Em um ataque de ciúmes Aurélia rasga o papel. Durante o jantar Aurélia se
demonstrou irritada, citando Adelaide, mas Fernando já não se importava com as
provocações de Aurélia. Mais tarde, porém, procurou-a no jardim para tirar satisfações
sobre a presença de Eduardo Abreu em sua casa na sua ausência, defendendo sua honra.
Aurélia tratou ele com desprezo, dizendo que só deveria falar esses tipos de coisas a um
homem que a amasse, mas este não era o caso, e caçoava de como Seixas preocupava-se
com as aparências.
Aurélia se recordava do seu passado dela ter visto o seu único amado ter a trocado
e depois ter sido comprada pelo dinheiro. Fernando se sentia mal, mas sentia ter cumprindo
o seu papel como marido conforme tinha lhe sido pedido. Aurélia discute com Fernando
sobre ele ainda guardar lembranças de Adelaide, Fernando só entendeu quando retornou
para seu quarto e se deparou com o papel rasgado. Fernando foi tirar satisfações com
Aurélia, que se surpreendeu com o anúncio da visita de Eduardo.
Ele argumentava que a esposa não deveria recebê-lo, mas Aurélia o convence do
oposto. Eduardo recebeu um cumprimento seco de Fernando, que se dirigiu à janela e o
deixou à vontade com Aurélia. Certa noite Seixas não apareceu para o jantar. Aurélia
preocupava-se quando ele chegou, pedindo desculpas, pois estava concluindo alguns
negócios
Pediu ainda que Aurélia se encontrasse com ele mais tarde, no seu aposento,
deixando-a curiosa sobre qual seria o teor da conversa. Fernando suportou a humilhação da
mulher até conseguir dinheiro suficiente para cobrir tudo que ela havia gasto investindo no
casamento. Ele já não estava mais interessado no luxo e conseguiu trabalhar com
dedicação em um negócio importante.
Quando juntou o equivalente ao dote, procurou Aurélia para pedir o divórcio. A
verdade é que ele precisou comprar sua liberdade de volta, deixar de ser tratado como o
homem vendido. Fernando já não era mais o mesmo homem que buscava um casamento
arranjado, tornando-se um trabalhador. Olharam-se como estranhos, despediram-se. Mas
antes Aurélia confessa todo o amor que tinha por Fernando, declarando que com a
mudança pela qual passaram e sendo estranhos mutuamente, o passado podia ser
esquecido e viveriam o amor que sentiam.
Fernando, ouvindo essa confissão, beijou sua esposa e assim se reconciliaram.
Aurélia, diante de tudo isso, fez uma revelação. Mostrou-lhe um testamento que havia
escrito no dia do casamento. Nele estava declarado que ela o amava e deixava toda sua
fortuna para ele. Eles fizeram as pazes e consumaram o casamento, dessa vez, com amor.

FIM.

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