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1. Interpretação e Compreensão
2. Tipos de Interpretação
3. Qual o papel da gramática?
INTERPRETAÇÃO E
COMPREENSÃO
Interpretar um texto pode ser complexo e que requer bastante atenção, pois quando
fazemos esse exercício, usamos as informações contidas nele para inferir e entender
as informações que estão sendo expressas. Deste modo, a interpretação de texto pode
adquirir um caráter mais subjetivo, já que o leitor precisará tirar suas próprias conclusões
a partir do que está escrito e também permite certa multiplicidade de sentidos.
Há também textos que não permitem interpretações subjetivas, ou seja, não permitem
que o leitor faça inferências por possuir uma estrutura bastante clara e com informações
precisas, não deixando margem para interpretações.
Nestes casos, podemos pensar no sentido não da interpretação do texto, mas sim da
compreensão do texto, visto que lidaremos com a decodificação das palavras, da coesão
e da coerência do texto e até mesmo da pontuação que ajudará o leitor a compreender
melhor as informações expressas.
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Existem alguns requisitos que nos ajudam a fazer uma boa interpretação de texto e
Interpretação e Compreensão
CUIDADO!
Quando falamos que a interpretação de texto permite uma multiplicidade de
sentidos, não estamos dizendo que todas as respostas são permitidas, visto que é
necessário que a interpretação seja feita observando o contexto e as possibilidades
interpretativas. Em português claro: NÃO VIAJE NA MAIONESE!
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RECAPITULANDO
Interpretação e Compreensão
Interpretação e compressão textuais são coisas distintas: a primeira parte da decodificação
das informações contidas no texto para que se possa, através delas, deduzir e fazer
inferências para compreender o que está nas entrelinhas. Já a compreensão do texto
consiste em codificar as informações que estão no texto, ou seja, ler e compreender
apenas o que está dito ali, sem margem para interpretações. Interpretar é um processo
subjetivo e compreender é um processo objetivo.
ANOTAÇÕES
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Português Lista de Exercícios
Exercício 5
(Unicamp 2020) Texto I
Texto II
a) esclarece o significado do neologismo “maratonar” como a) melhoram a saúde do homem, quando usadas intensamente.
esforço físico exaustivo, derivado de “maratona”. b) podem ocasionar prejuízos à saúde do ser humano.
b) deprecia a definição de “maratona” como ação contínua de c) promovem situações salutares de convivência humana.
superação de dificuldades e melhoria da saúde. d) permitem o aguçamento da percepção das pessoas.
c) reflete sobre o impacto que a falta de exercícios físicos e a e) influenciam pouco a saúde, assim como as atividades físicas.
permanência em casa provocam na saúde.
Exercício 8
d) menospreza o uso do termo “maratonar” relacionado a um
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
estilo de vida sedentário, antagônico a maratona.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
d) Pinóquio ter uma agenda em seu tablet demonstra um
O Ceará, apesar de restrições de renda, destaca-se em exemplo de fake news.
alfabetização. Um dos motivos do êxito é a parceria com os e) o personagem Pinóquio utilizará fake news para conseguir
municípios, os principais encarregados dos primeiros anos de fazer campanha política.
escolarização.
Exercício 10
Além de medidas que incluem formação de professores e
material didático estruturado, o governo cearense acionou um (G1 - ifce 2019) Observe a tirinha a seguir.
incentivo financeiro: as cidades com resultados melhores recebem
fatia maior do ICMS, com liberdade para destinação dos recursos.
O modelo já foi adotado em Pernambuco e está sendo
implantado ou avaliado por Alagoas, Amapá, Espírito Santo e São
Paulo.
Replicam-se igualmente as boas iniciativas do ensino médio em
Pernambuco, baseado em tempo integral, que permite ao O livro é escolhido como presente por representar um(a)
estudante escolher disciplinas optativas, projeto acolhido em São
Paulo.
a) objeto de desejos.
Auspiciosa, essa rede multilateral e multipartidária pela educação
b) fonte de conhecimentos.
é exemplo de como a sociedade pode se mobilizar em torno de
c) objeto de entretenimento.
propostas palpáveis.
d) meio de melhorar literalmente a visão das pessoas.
e) forma de aproximar as pessoas.
(“Unidos pelo Ensino”. Folha de S.Paulo, 27.08.2019. Adaptado.)
Exercício 11
(Fuvest 2019) Examine o anúncio.
Exercício 12
(Enem 2019)
Exercício 15
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o
(...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. posicionamento do escritor perante a sua condição no mundo.
Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu Considerando-o como representativo desse seu aspecto, o poema
bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. “Remissão”
Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu
quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite a) traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da
pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos
sensação de incomunicabilidade com uma realidade indiferente à
somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)
sua poesia.
b) revela uma perspectiva inconformada, mesclando-a, livre da
Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.
indulgência dos anos anteriores, a um novo formalismo estético.
(G1 - epcar (Cpcar) 2021) O título do texto faz referência a uma O bicho
expressão da língua inglesa que, no contexto utilizado, aponta
para Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
a) a tentativa da autora de afirmar que, no Brasil, a agressividade Catando comida entre os detritos.
tornou-se um problema generalizado e sem solução.
Quando achava alguma coisa,
b) o comportamento do brasileiro de apresentar uma postura
Não examinava nem cheirava:
racista nas redes sociais.
c) a capacidade irrestrita das pessoas de não aceitação de Engolia com voracidade.
convivência pacífica com o inusitado e inesperado.
d) a postura, insistente, difundida entre os brasileiros que não O bicho não era um cão,
reconhecem a tolerância como conduta a ser praticada. Não era um gato,
Não era um rato.
Exercício 18
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O bicho, meu Deus, era um homem.
O QUE É INTOLERÂNCIA
1A palavra “intolerância” vem do latim intolerantia, que significa Assinale a alternativa que identifica esse tema recorrente nas
impaciência, incapacidade de suportar, falta de condescendência duas obras.
Exercício 24 Texto 2
(Ufjf-pism 1 2020) Texto 1
O que é um meme?
Quer virar um gênio da web? Saiba como criar seu meme para Por Nova Escola
WhatsApp 02/06/2015
Por Márcio Padrão
Você sabia que o criador do termo é um biólogo que não estava a) constrói a ideia de que a mudança individual de hábitos
nem aí para a cultura digital? O renomado (e polêmico) biólogo promove a saúde.
britânico Richard Dawkins, um dos principais cientistas que b) considera a homogeneidade da escolha de hábitos saudáveis
estuda a evolução das espécies, esteve na Editora Abril na pelos indivíduos.
semana passada para uma palestra e explicou a origem do c) reforça a necessidade de solucionar os problemas de saúde da
conceito, cunhado em seu best-seller O gene egoísta, de 1976. sociedade com a prática de exercícios.
O livro O gene egoísta popularizou a ideia de que a seleção d) problematiza a organização social e seu impacto na mudança
natural acontece a partir dos genes. Eles “buscam” a de hábitos dos indivíduos.
sobrevivência, por meio de corpos capazes de sobreviver e de se e) reproduz a noção de que a melhoria da aptidão física pela
reproduzir (para replicar os genes). O biólogo contou que queria prática de exercícios promove a saúde.
terminar o livro com a proposta de que a cultura também se
Exercício 26
espalha como os genes. O meme é o equivalente cultural do
gene, a unidade básica de transmissão cultural, que se dá por (Enem 2020) Em 2000 tivemos a primeira experiência do futebol
meio da imitação. feminino em um jogo de videogame, o Mia Hamm Soccer. Doze
Sobre o uso do termo para descrever os virais da internet, ele anos depois, uma petição on-line pedia que a EA Sports incluísse
disse que não se importa com a apropriação: “A internet é um o futebol feminino no Fifa 13. Contudo, só em 2015, com uma
nova petição on-line, que arrecadou milhares de assinaturas,
fenômeno novo, que não existia quando eu criei o meme. É um
tivemos o futebol feminino incluído no Fifa 16. Vendo um nicho
belo ambiente para o meme espalhar!”, disse.
de mercado inexplorado, a EA Sports produziu o jogo com 12
Texto adaptado. Disponível em: seleções femininas e o apresentou como inovação. A empresa
https://novaescola.org.br/conteudo/4629/o-que-e-um-meme#. sabe que mais de 40% dos praticantes de futebol nos EUA são
meninas. Para elas, ver o futebol feminino representado em um
Acesso em: 18 jul. 2019.
jogo de videogame é extremamente importante. Ter o futebol
feminino no Fifa 16 é um grande passo para a sua popularização
A partir da relação entre o Texto 1 e o Texto 2, podemos dizer na luta pela igualdade de gênero, num contexto machista, sexista,
que ambos conferem ao meme a seguinte característica: misógino e homofóbico.
Exercício 28 Exercício 30
(Enem 2019) Com o enredo que homenageou o centenário do Rei (Enem 2019) Expostos na web desde a gravidez
do Baião, Luiz Gonzaga, a Unidos da Tijuca foi coroada no
Carnaval 2012. Mais da metade das mães e um terço dos pais ouvidos em uma
À penúltima escola a entrar na Sapucaí, na segunda noite de pesquisa sobre compartilhamento paterno em mídias sociais
desfiles, mergulhou no universo do cantor e compositor brasileiro discutem nas redes sociais sobre a educação dos filhos. Muitos
e trouxe a cultura nordestina com criatividade para a Avenida, são pais e mães de primeira viagem, frutos da geração Y (que
com o enredo O dia em que toda a realeza desembarcou na nasceu junto com a internet) e usam esses canais para saberem
Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão. que não estão sozinhos na empreitada de educar uma criança. Há,
contudo, um risco no modo como as pessoas estão
Disponível em: www.cultura.rj.gov.br. Acesso em: 15 maio 2012 compartilhando essas experiências. É a chamada exposição
(adaptado). parental exagerada, alertam os pesquisadores.
De acordo com os especialistas no assunto, se você compartilha
uma foto ou vídeo do seu filho pequeno fazendo algo ridículo, por
A notícia relata um evento cultural que marca a achar engraçadinho, quando a criança tiver seus 11, 12 anos,
. pode se sentir constrangida. A autoconsciência vem com a idade.
A exibição da privacidade dos filhos começa a assumir uma
a) primazia do samba sobre a música nordestina.
característica de linha do tempo e eles não participaram da
b) inter-relação entre dois gêneros musicais brasileiros.
aprovação ou recusa quanto à veiculação desses conteúdos.
c) valorização das origens oligárquicas da cultura nordestina.
Assim, quando a criança cresce, sua privacidade pode já estar
d) proposta de resgate de antigos gêneros musicais brasileiros.
violada.
e) criatividade em compor um samba-enredo em homenagem a
uma pessoa.
OTONI, A. C. O Globo, 31 mar. 2015 (adaptado).
Exercício 29
(Enem 2019) Mídias: aliadas ou inimigas da educação física
escolar? Sobre o compartilhamento parental excessivo em mídias sociais,
o texto destaca como impacto o(a)
No caso do esporte, a mediação efetuada pela câmera da TV
construiu uma nova modalidade de consumo: o esporte a) interferência das novas tecnologias na comunicação entre pais
telespetáculo, realidade textual relativamente autônoma face à
e filhos.
prática “real” do esporte, construída pela codificação e mediação
b) desatenção dos pais em relação ao comportamento dos filhos
dos eventos esportivos efetuados pelo enquadramento, edição na internet.
das imagens e comentários, interpretando para o espectador o c) distanciamento na relação entre pais e filhos é provocado pelo
que ele está vendo. Esse fenômeno tende a valorizar a forma em uso das redes sociais.
relação ao conteúdo, e para tal faz uso privilegiado da linguagem
d) fortalecimento das redes de relações decorrente da troca de
audiovisual com ênfase na imagem cujas possibilidades são
experiências entre as famílias.
levadas cada vez mais adiante, em decorrência dos avanços
e) desrespeito à intimidade das crianças cujas imagens têm sido
tecnológicos. Por outro lado, a narração esportiva propõe uma divulgadas nas redes sociais.
concepção hegemônica de esporte: esporte é esforço máximo,
busca da vitória, dinheiro... O preço que se paga por sua Exercício 31
espetacularização é a fragmentação do fenômeno esportivo. A (Enem 2019) TEXTO I
experiência global do ser-atleta é modificada: a socialização no
confronto e a ludicidade não são vivências privilegiadas no O Estatuto do Idoso completou 15 anos em 2018 e 56 no
enfoque das mídias, mas as eventuais manifestações de violência, primeiro semestre o Disque 100 recebeu 16 mil denúncias de
em partidas de futebol, por exemplo, são exibidas e reexibidas violação de direitos dos idosos em todo o País.
em todo o mundo. Para especialistas da área, o aumento no número de denúncias
pode ser consequência do encorajamento dos mais velhos na
BETTI, M. Motriz, n. 2, jul.-dez. 2001 (adaptado). busca pelos direitos. Mas também pode refletir uma onda
crescente de violência na sociedade e dentro das próprias b) mostra que as reivindicações feitas nas redes sociais não têm
famílias. impacto fora da internet.
Políticas públicas mais eficazes no atendimento ao idoso são o c) expõe a possibilidade de as redes sociais favorecem
mínimo que um país deve estabelecer. O Brasil está ficando para comportamentos e manifestações violentos dos adolescentes que
trás e é preciso levar em consideração que o País envelhece nela se relacionam.
(tendência mundial) sem estar preparado para arcar com os d) trata as redes sociais como modo de agregar e empoderar
desafios, como criar uma rede de proteção, preparar os serviços grupos de pessoas, que se unem em prol de causas próprias ou
de saúde pública e dar suporte às famílias que precisam cuidar de de mudanças sociais.
seus idosos dependentes, e) evidencia que as redes sociais são usadas inadequadamente
pelos adolescentes, que, imaturos, não utilizam a ferramenta
Disponível em: www.folhadelondrina.com.br. como forma de mudança social.
Acesso em: 9 dez. 2018 (adaptado).
Exercício 33
(Enem 2018) o que será que ela quer
essa mulher de vermelho
TEXTO II
alguma coisa ela quer
pra ter posto esse vestido
não pode ser apenas
uma escolha casual
podia ser um amarelo
verde ou talvez azul
mas ela escolheu vermelho
ela sabe o que ela quer
Na comparação entre os textos, conclui-se que as regras do e ela escolheu vestido
Estatuto do Idoso e ela é uma mulher
então com base nesses fatos
eu já posso afirmar
a) apresentam vantagens em relação às de outros países. que conheço o seu desejo
b) são ignoradas pelas famílias responsáveis por idosos. caro watson, elementar:
c) alteram a qualidade de vida das pessoas com mais de 60 anos. o que ela quer sou euzinho
sou euzinho o que ela quer
d) precisam ser revistas em razão do envelhecimento da só pode ser euzinho
população. o que mais podia ser
e) contrastam com as condições de vida proporcionadas pelo País.
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo:
Cosac Naify, 2013.
Exercício 32
(Enem 2019) Na semana passada, os alunos do colégio do meu
filho se mobilizaram, através do Twitter, para não comprarem na
No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu
cantina da escola naquele dia, pois acharam o preço do pão de
lírico uma identidade que aqui representa a
queijo abusivo São adolescentes. Quase senhores das novas
tecnologias, transitam nas redes sociais, varrem o mundo através
dos teclados dos celulares, iPads e se organizam para fazer um a) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum.
movimento pacífico de não comprar lanches por um dia. Foi parar b) mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher.
na TV e em muitas páginas da internet c) tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina.
d) importância da correlação entre ações e efeitos causados.
GOMES, A. A revolução silenciosa e o Impacto na sociedade das e) valorização da sensibilidade como característica de gênero.
redes sociais. Disponível em: www.hsm.com.br.
Acesso em: 31 jul. 2012 Exercício 34
(Enem 2018)
Exercício 44
(G1 - ifpe 2020) AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum.
ESOPO – Língua.
14
se descreve, 15se elogia, 16se mostra, 17se afirma. É com a
língua que dizemos sim. É a língua que ordena os exércitos à
vitória, é a língua que desdobra os versos de Homero. A língua
cria o mundo de Ésquilo, a palavra de Demóstenes. Toda a Grécia,
Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de Pidias, dos
deuses do Olimpo à glória sobre Tróia, da ode do poeta ao
ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi feita com a língua, a
O uso da função apelativa é predominante nas campanhas
língua de belos gregos claros falando para a eternidade.
comunitárias. O texto, produzido pelo Ministério Público de Goiás,
reforça essa função ao priorizar o protagonismo do interlocutor.
XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) – Bravo,
Isso pode ser comprovado a partir do uso
Esopo. Realmente, tu nos trouxeste o que há de melhor. (Toma
a) da logomarca do Ministério Público. outro saco da cintura e atira-o ao escravo) Vai agora ao mercado,
b) de verbos no imperativo. e traze-nos o que houver de pior, pois quero ver a sua sabedoria!
c) da imagem no centro do texto. (Esopo retira-se à frente com o saco, Xantós fala a Agnostos.)
d) de letras com formatação diferente. Então, não é útil e bom possuir um escravo assim?
e) do número telefônico que receberá a denúncia.
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com prato
Exercício 45 coberto)
Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme
de Figueiredo. A cena ocorre na cidade de Samos (Grécia antiga),
XANTÓS – 18Agora que já sabemos o que há de melhor na terra,
na casa de Xantós, um filósofo grego, que recebe o convidado
vejamos o que há de 19pior na opinião deste horrendo escravo!
Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e
Melita, escravos de Xantós. Língua, 20ainda? Mais língua? 21Não disseste que língua era o
que havia de melhor? Queres ser espancado?
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está
coberto com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem para a ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte
mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.) de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de
todas as discussões. É a língua que usam os maus poetas que nos
XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer fatigam na praça, é a língua que usam os filósofos que não sabem
com as mãos, e faz um sinal para que Melita sirva Agnostos. pensar. É a língua que mente, que esconde, que tergiversa, que
1Este também começa a comer vorazmente, dando grunhidos de blasfema, que insulta, que se acovarda, que se mendiga, que
impreca, que 22bajula, que 23destrói, que 24calunia, que vende,
satisfação.) Fizeste bem em trazer língua, Esopo. 2É realmente
que seduz, é com a língua que dizemos morre e canalha e corja. É
uma das melhores coisas do mundo. (Sinal para que sirvam o
com a língua que dizemos não. Com a língua Aquiles mostrou sua
vinho. Esopo serve, Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de qualquer
cólera, com a língua a Grécia vai tumultuar os pobres cérebros
modo é bom possuir riquezas. Não gostas de saborear 3esta
humanos para toda a eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua
língua e 4este vinho? é a pior de todas as coisas!
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. XIII
Cópia digitalizada pelo GETEB – Grupo de Estudos e Pesquisa em
Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins didáticos em “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme- Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
figueiredo-araposa-e-as-uvas-2/ Acesso em 13/03/2019.) Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
(Epcar (Afa) 2020) Em relação ao estudo morfossintático do
texto, assinale a alternativa que traz uma análise correta. E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-láctea, como um pálio aberto,
a) Em “Este também começa a comer vorazmente (...)” (referência
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
1), o pronome “este” é anafórico e substitui a personagem Xantós.
Inda as procuro pelo céu deserto.
b) O vocábulo “se” (referências 8 a 17) é uma marcação de
indeterminação do sujeito.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
c) O emprego do pronome “esta” (referência 3) e “este” (referência
Que conversas com elas? Que sentido
4) demonstra que a língua e o vinho estão próximos do locutor.
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
d) Entre as palavras “agora” (referência 18), “pior” (referência 19),
“ainda” (referência 20) e “não” (referência 21), há advérbios
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
classificados como de tempo, intensidade e negação.
Pois só quem ama pode ter ouvido
Exercício 46 Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam
as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55.
esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um Via-Láctea. Disponível em:
“infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>.
Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos Acesso em: 19/08/2019.
telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT
do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões (Ime 2020) O vocábulo afim ao campo semântico da palavra
armados matando em brigas de trânsito e supermercados. “espanto”, empregada em “E abro as janelas, pálido de espanto…”
Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais (verso 4), é
conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de a) desequilíbrio.
amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No
b) tristeza.
jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente
c) euforia.
espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao
d) admiração.
hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da
e) distração.
UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora,
repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando Exercício 48
alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias. QUAIS SÃO OS DEVERES E DIREITOS DAS CRIANÇAS?
(Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é Essa foi a pergunta feita pela pequena leitora Vitória, de 10 anos
que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível de idade, à Turminha do MPF (Ministério Público Federal).
em https://cinegnose. Blogs pot.com/2019/02/globo-adota-boa-
noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03 /2019.) Resposta do Rod, personagem da Turminha do MPF:
Olá, Vitória! Nós temos muitos direitos e deveres e existem
(Unicamp 2020) Para se referir a matérias jornalísticas televisivas algumas leis que tratam só disso, como, por exemplo, o Estatuto
que informam e, ao mesmo tempo, entretêm os espectadores, o da Criança e do Adolescente (ECA) e a Convenção sobre os
autor cria um neologismo por meio de Direitos da Criança, aprovada pela Organização das Nações
Unidas (ONU). Mas, para resumir um pouco a resposta à sua
a) derivação prefixal.
pergunta, posso dizer alguns dos nossos direitos:
b) composição por justaposição.
c) composição por aglutinação.
1. ter uma educação de boa qualidade;
d) derivação imprópria.
2. ter acesso à cultura e aos meios de comunicação e informação;
Exercício 47 3. poder brincar com outras crianças da nossa idade;
O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro 4. não ser obrigado a trabalhar como adulto;
Poesias, é o texto mais famoso da antologia, obra de estreia do 5. ter uma boa alimentação, que dê ao nosso organismo todos os
poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e nutrientes de que precisamos para crescer com saúde e energia;
a escolha da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao 6. receber assistência médica gratuita nos hospitais públicos
movimento parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em sempre que precisarmos de atendimento;
colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como 7. ser livre para ir e vir, conviver em sociedade e expressar nossas
concebido no continente europeu. ideias e sentimentos;
8. ter a proteção de uma família que nos ame, seja ela natural ou editor e vendê-lo. Dava muito trabalho. Hoje eu faço um post, e
adotiva, ou de um lar oferecido pelo Estado se, por infelicidade, com um enter, atinjo mais gente do que um livro clássico atingiria.
perdermos os nossos pais e parentes mais próximos; O ataque anônimo nas redes, sem o custo do ataque
9. não sofrer agressões físicas ou psicológicas por parte daqueles pessoal, deu ao ódio do covarde uma energia muito grande. Deu-
que são encarregados da nossa proteção e educação ou de lhe a proteção da distância física e do anonimato. O pior do ódio
qualquer outro adulto; social, que é universal, agora pode ser dirigido sem custos. Numa
comunidade, as relações são pessoais. Na rede, 4deletérias.
Enfim, temos direito a uma vida digna, saudável e feliz. É errado, portanto, dizer que a internet transformou as
pessoas em odiosas. Mas é fato que ela gera mais tranquilidade
Quanto aos nossos deveres, eles precisam começar pelo respeito no exercício desse ódio. O enter é tão destruidor quanto qualquer
ao direito das pessoas com quem convivemos, pois só assim outra coisa. Antes da internet, matar dava trabalho. 5Agora,
poderemos esperar que elas também nos respeitem. Outro dever incita-se o ódio com um clique.
nosso é estudar e nos preparar para a vida adulta, quando a Junte a proteção do anonimato e da distância, o senso de
sociedade exigirá de nós uma série de responsabilidades que não
identidade do ódio e acrescente um terceiro elemento importante:
temos hoje, enquanto somos crianças. 1Por exemplo, trabalhar posso a todo instante dialogar com todos. Isso me empodera.
para criar e educar nossos próprios filhos ou para ser capaz de Imagine se no passado alguém teria acesso ao universo de
votar, com discernimento, nos melhores representantes para pessoas em todo o mundo que temos hoje? Hoje, com um simples
governar nossas cidades e nosso país. post, posso enlamear. 6Não preciso ter mais compromisso, algo
Temos também o dever de respeitar as pessoas que são ou diferente da mentira. A mentira é usada por alguém que tem
pensam diferente de nós. Como cidadãos de um país democrático, noção da verdade. Não importa saber se é verdade. O que
precisamos aprender, desde a infância, a lidar com as diferenças e importa é a sua eficácia.
aceitá-las. Como fazemos isso? Não discriminando pessoas que
tenham alguma deficiência física ou mental, as mais pobres, que
KARNAL, Leandro. Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia.
não receberam a mesma educação nem tiveram as mesmas
Rio de Janeiro: Leya, 2017 (adaptado).
oportunidades que nós, ou as que são diferentes porque têm
outra religião, nacionalidade, etnia, idade, sexo, cor da pele,
orientação sexual ou outro partido político. 2exacerbação: exageração; aumento.
É nosso dever respeitar os que são diferentes, porque eles
4
deletérias: prejudiciais.
também são cidadãos e possuem os mesmos direitos e deveres
que nós na sociedade brasileira.
Exercício 49
A internet facilita a vida de quem odeia
1
Se a globalização fez com que bobagens alcançassem
escala global, a internet maximizou a expressão de ódio, de
intolerância, de 2exacerbação de preconceitos e da violência da
linguagem. Mas a internet não cria o sentimento de ódio, talvez
apenas torne mais evidente aquilo que só se daria no campo do
relacionamento pessoal.
3Há cem anos, se eu fosse um racista, precisaria
Mas, por uma grande coincidência, naquela noite houve uma bela gigante descesse. 21Aí disse para o grandalhão:
lua cheia. — Senhor gigante, meu filho agiu muito mal. Por favor, nos
Quando João acordou na manhã seguinte, viu que um enorme pé desculpe. Isso não vai mais acontecer. Pode levar sua perua.
de feijão tinha crescido no seu quintal. Era tão alto que passava Ainda bufando de raiva, o gigante tomou a ave nos braços e pôs a
das nuvens! mão num dos galhos do pé de feijão.
O garoto não pensou duas vezes 9e começou a subir pela planta No entanto, antes de subir, pensou: “22Puxa, eles poderiam ter
para ver o que tinha lá em cima. cortado o pé de feijão, mas essa mulher preferiu fazer a coisa
Depois de passar pela última nuvem, avistou um castelo. 10Ele certa. 23Isto não acontece todos os dias. Acho que darei uma
era muito grande, muitíssimo grande, muitíssimo grandíssimo! E recompensa a ela.”
tinha torres pretas bem pontudas. E, tirando o ovo de ouro do bolso, entregou-o à mãe de João.
João andou até o castelo e passou por baixo da porta como se 24
— Tome, faça o que quiser com isso.
fosse uma barata.
Depois, sem dizer mais nada, voltou para seu castelo nas nuvens.
11Mal entrou, ouviu um barulho diferente: “glu-glu!”.
25A mãe de João vendeu o ovo de ouro e comprou várias vacas
Olhando na direção do “glu-glu” ele viu uma enorme perua (que davam leite) e galinhas (que botavam ovos de verdade).
dentro de uma gaiola de ouro. Então pensou: “Vou levar esta Assim, o menino aprendeu uma lição e eles nunca mais passaram
perua para casa. Assim, eu e minha mãe comeremos omeletes fome.
para sempre!”.
12João ia abrir a gaiola quando o chão começou a tremer. Pou!
26
Moral da história: Às vezes quem é bom não se dá mal.
Pou! Pou!
O menino se escondeu atrás de um malcheiroso cesto de roupas
TORERO, José Roberto & PIMENTA, Marcus Aurelius: ilustrações
sujas e quase desmaiou ao ver um gigante na sala. Jean-Claude R. Alphen. João e os 10 pés de feijão. São Paulo:
Para piorar, ele cantava assim: Companhia das Letrinhas, 2016. p.5-6, 20-25.
Fi-fi-fa-fa, fi-fi-fó-fum,
Mau como eu só existe um.
Fi-fi-fa-fa, fi-fi-fó-fum,
(G1 - cmrj 2020) Na frase “— Meu filho, nosso dinheiro acabou e
Mau como eu só existe um.
nossa vaquinha secou.” (referência 5), usou-se a vírgula pelo
13O gigante vinha todo contente, mas então torceu o nariz e fez
mesmo motivo em que foi usada na passagem
“snif, snif, snif”
— Sinto o cheiro de criança! Urrou ele.
14 a) “Mas, um dia, quando João foi ordenhá-la, não saiu nem uma
Já chegava perto do cesto em que João se escondia quando,
gota.” (referência 4)
ploc, a perua botou um ovo. Só que não era um ovo comum. Era
b) “Desapontada, ela atirou o grão pela janela.” (referência 8)
de ouro!
c) “— Espere aí, seu patife, vais virar um belo bife.” (referência 17)
15
O grandalhão caminhou até a gaiola, pegou o ovo e guardou-o d) “Puxa, eles poderiam ter cortado o pé de feijão, mas essa
no bolso. Depois foi comer seu almoço, que naquele dia foi um mulher preferiu fazer a coisa certa.” (referência 22)
cavalo assado e, de sobremesa, cavalos-marinhos cobertos de e) “— Tome, faça o que quiser com isso.” (referência 24)
chocolate.
Então ele abriu um baita bocejo e dormiu. Exercício 54
Quando o gigante começou a roncar, João abriu a gaiola e A oposição passado/presente é essencial na aquisição da
amarrou seu cinto no pescoço da ave. consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma
Ele estava 16quase saindo do castelo, no entanto (sempre tem um construção. Com efeito, o interesse do passado está em
“no entanto” nas histórias) a perua fez “glu-glu” bem alto. esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz
O gigante acordou. E com muita raiva. intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na
17— Espere aí, seu patife, vais virar um belo bife. releitura desses vestígios.
(Jacques Le Goff) 6testemunho de sua coesão. Um álbum de fotos de família é, em
(DERRIDA, Jacques. Essa estranha instituição chamada literatura. Enfeixar: amarrar ou prender em feixe; colocar junto; ajuntar;
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2014. p. 46-47. Texto adaptado.) reunir.
Vocabulário
(G1 - cmrj 2020) “Assim como as fotos dão às pessoas a posse
Especular: 1 estudar com atenção, pesquisar, investigar; 2
referente a espelho, que reflete, que tem as propriedades de um
imaginária de um passado irreal, também as ajudam a tomar
espelho.
posse de um espaço em que se acham inseguras”. (referência 7)
Especulativo: 1 relativo à especulação, que se caracteriza por
Nessa passagem, o trecho sublinhado apresenta o valor de
investigar teoricamente, que busca o conhecimento, curioso; 2
contemplativo. a) conclusão.
b) concessão.
(G1 - cmrj 2020) Em dois momentos, o autor utiliza travessões c) explicação.
para introduzir “ou deixa de acontecer” (referência 2) e “ou quase d) alternância.
atravessaram” (referência 4). Essas expressões separadas pelos e) comparação.
travessões assumem, no texto, o papel de
Exercício 56
a) limitar a reflexão do leitor. Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
b) indicar a opinião do senso comum. responder à(s) questão(ões) a seguir.
c) desconstruir a tese defendida pelo autor.
d) ratificar o que foi afirmado anteriormente. Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido,
e) ampliar as possibilidades de leitura do texto.
pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês.
Exercício 55 Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas
A oposição passado/presente é essencial na aquisição da estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não
poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de
construção. Com efeito, o interesse do passado está em
Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais
esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz
próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como
releitura desses vestígios.
outros destruidores de telas que entram num museu armados de
facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não
(Jacques Le Goff)
apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não,
usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente
Colecionar fotos é colecionar o mundo. As fotos são, de fato, insuspeitados: os cupins.
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário
experiência capturada, e 1a câmera é o braço ideal da consciência,
treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para
2em sua disposição aquisitiva. 3Imagens fotografadas não
isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do
parecem manifestações a respeito do mundo, 4mas sim pedaços artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução
dele, miniaturas da realidade que qualquer um pode fazer ou açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais
adquirir. obras de outras.
Fotos, que enfeixam o mundo, parecem solicitar que as Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que
enfeixemos também. São afixadas em álbuns, emolduradas e só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os
expostas em mesas, pregadas em paredes, projetadas como insetos era agradável, e isso era o que importava.
diapositivos. Por meio de fotos, 5cada família constrói uma crônica Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que
visual de si mesma — um conjunto portátil de imagens que dá aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar
as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do Como o comportamento de manada explica adesão impensada
prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram aos ativismos políticos
detectados.
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua O ativismo se expressa, sobretudo, através de movimentos
desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram coletivos. Mas essa própria noção de coletividade pode ser uma
encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe pressão para pessoas participarem de um movimento
serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem simplesmente para sentirem que fazem parte de algo: a chamada
querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a “mob mentality” ou comportamento de manada é um instrumento
mesma coisa. político e uma arma para promover a agenda de grupos
específicos.
(O imaginário cotidiano, 2002.) A teoria psicológica de “comportamento de manada” sugere que
seres humanos têm maior probabilidade de adotar determinados
(Unifesp 2020) No trecho “Enquanto existirem no mundo aqueles comportamentos porque seus amigos, colegas de trabalho e
horríveis girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles vizinhos já o adotam. Basicamente, ninguém quer ser o primeiro
ciprestes deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu ou o último a fazer algo, mas sim estar seguro e inserido em um
instinto criador” (1º parágrafo), a sensação explicitada pelo pintor, determinado grupo social.
em relação à obra de Van Gogh, é de “Se a questão é o que fazer com uma caixa de pipoca vazia em um
cinema, com que rapidez dirigir em um determinado trecho de
a) temor.
rodovia ou como comer o frango em um jantar, as ações das
b) devoção.
pessoas ao nosso redor serão importantes para definir nossa
c) indiferença.
resposta”, diz o psicólogo Robert Cialdini, autor de “Influência: A
d) inibição.
Psicologia da Persuasão”.
e) submissão.
A mesma lógica se aplica a ideologias políticas: um estudo da
Exercício 57 Universidade da Califórnia em Berkeley constatou que as pessoas
Leia o texto a seguir e responda. tendem a alinhar suas opiniões políticas às do grupo em que
estão inseridas.
O experimento reuniu 63 pessoas de duas cidades do Colorado: o
primeiro de Boulder, um município com maioria de esquerda,
enquanto o outro reunia pessoas de Colorado Springs. Ambos os
grupos discutiram aquecimento global, ações afirmativas e união
civil para casais do mesmo sexo.
Nas duas discussões, o principal efeito foi tornar os membros do
grupo mais extremos em suas opiniões, comparado ao que eram
antes de começarem a conversar. Ou seja: progressistas se
tornaram mais progressistas nas três questões, enquanto
conservadores se tornaram mais conservadores.
“Todos queremos tomar decisões melhores. Estudos identificam
os papéis benéficos das estruturas de diversidade de
pensamento, subgrupo e liderança plana na otimização de ideias
e resolução de problemas”, diz Zac Baynham-Herd, analista da
prática de ciências comportamentais da Ogilvy Consulting. “À
medida que a atividade online cresce, o potencial de proliferação
(G1 - cotuca 2020) Essa imagem foi fotografada em um banheiro de 'ovelhas negras' e ‘comportamento de manada’ também
público e apresenta uma frase de autor desconhecido. Qual das
aumenta”, acrescenta.
alternativas a seguir melhor analisa a informalidade da
linguagem da frase, característica do contexto apresentado, em
Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-
relação à norma padrão?
o-comportamento-de-manada-explica-adesao-impensada-aos-
ativismos-politicos/>. Acesso em: 23 set. 2019. Publicado em 22
a) Uso da palavra “você”, cuja grafia não é a formalizada pelos set. 2019. [Fragmento adaptado].
dicionários.
b) Uso da palavra “te”, que já caiu em desuso e não é
recomendada em textos formais. (Acafe 2020) Considerando o texto, assinale a alternativa
c) Ausência de vírgulas na frase, com a construção de uma frase correta.
muito longa. a) A frase “Ou seja: progressistas se tornaram mais progressistas
d) Uso das palavras “te” e “você” num mesmo texto, misturando nas três questões, enquanto conservadores se tornaram mais
as pessoas verbais.
conservadores” mantém o mesmo significado se for reescrita da
e) Uso da palavra “vê”, por estar conjugada no modo imperativo.
seguinte forma: “isso quer dizer que se os progressistas se
Exercício 58
tornaram mais progressistas então os conservadores se tornaram c) faz referência à época de nascimento de Carolina Maria de
mais conservadores”. Jesus.
b) Em “[...] um estudo da Universidade da Califórnia em Berkeley d) pretende mostrar a consequência dos estudos de Carolina
constatou que as pessoas tendem a alinhar suas opiniões Maria de Jesus.
políticas às do grupo em que estão inseridas”, o vocábulo “às” é e) marca a ideia de oposição em relação à ideia de sofrimento na
constituído pela combinação da preposição “a” mais o artigo infância de Carolina Maria de Jesus.
definido “as”.
Exercício 60
c) Em “A mesma lógica se aplica a ideologias políticas [...]”, faltou
(Fuvest 2021) Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da
indicar a ocorrência de crase em “à ideologias políticas”.
d) Em “[...] seres humanos têm maior probabilidade de adotar manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do
determinados comportamentos porque seus amigos, colegas de chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que
trabalho e vizinhos já o adotam”, há um erro de concordância ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas em verdade vos
nominal. digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o
presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora! Capitalista.
Exercício 59 Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe
GALILEU deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim,
para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as
CULTURA chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de
Quem foi Carolina Maria de Jesus, que completaria 105 anos propriedade.
em março – Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele.
Se mana Piedade tem casado com Quincas Barba, apenas me
Ela foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é dano uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e
considerada uma das mais relevantes para a literatura nacional aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma
desgraça...
- MARILIA MARASCIULO
29 MAR 2019 - 15H06 |ATUALIZADO EM 29 MAR 2019 - Machado de Assis, Quincas Borba.
15H06
Negra, catadora de papel e favelada, 1Carolina Maria de Jesus foi O primeiro capítulo de Quincas Borba já apresenta ao leitor um
uma autora improvável. Nasceu em 14 de março de 1914 em elemento que será fundamental na construção do romance:
Sacramento, Minas Gerais, em uma comunidade rural, filha de
pais analfabetos. Foi maltratada durante a infância, 2mas aos sete a) a contemplação das paisagens naturais, como se lê em “ele
anos frequentou a escola — em pouco tempo, aprendeu a ler e admirava aquele pedaço de água quieta”.
escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. b) a presença de um narrador-personagem, como se lê em “em
Em 1937, após a morte da mãe, ela mudou para São Paulo. Aos verdade vos digo que pensava em outra coisa”.
33 anos, desempregada e grávida, mudou-se para a favela do c) a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu percurso, como
Canindé, na zona norte da capital paulista. Trabalhava como se lê em “Cotejava o passado com o presente”.
catadora de papel e, nas horas vagas, registrava o cotidiano da d) o sentido místico e fatalista que rege os destinos, como se lê
favela em cadernos que encontrava no material que recolhia. em “Deus escreve direito por linhas tortas”.
Um destes diários deu origem a seu primeiro livro, Quarto de e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em “de
Despejo - Diário de uma Favelada, publicado em 1960. A obra modo que o que parecia uma desgraça...”.
virou best-seller, foi vendida em 40 países e traduzida para 16
idiomas. Exercício 61
(Fuvest 2021)
(...)
25. (G1 - ifce 2020) Ao usar a conjunção “mas” no trecho “..., mas
aos sete anos frequentou a escola...” (referência 2), a autora
Exercício 62
(Fuvest 2021) Terça é dia de Veneza revelar as atrações de seu A crônica instiga o leitor a ficar atento à desigualdade na cidade
festival anual, cuja 77ª edição começa no dia 2 de setembro, com de São Paulo. Assinale a alternativa que identifica corretamente
a dramédia “Lacci”, do romano Daniele Luchetti, seguindo até os recursos expressivos (estilísticos e literários) de que se vale o
12/9, com 50 produções internacionais e uma expectativa autor.
(extraoficial) de colocar “West Side Story”, de Steven Spielberg,
na ribalta. a) A desigualdade está escrita nas linhas de trens e ressoa nos
versos de Solano Trindade: onomatopeia.
Rodrigo Fonseca. “À espera dos rugidos de Veneza”. b) No destino dos transportes coletivos no sentido centro
O Estado de S. Paulo. Julho/2020. Adaptado. subúrbio é possível viver a desigualdade: eufemismo.
c) A desigualdade se mostra na expectativa de vida dos
moradores de bairros bem situados e periferias: alusão.
Um processo de formação de palavras em língua portuguesa é o d) Na cobertura da imprensa, números da desigualdade perdem
cruzamento vocabular, em que são misturadas pelo menos duas para pontos da bolsa de valores: ambiguidade.
palavras na formação de uma terceira. A força expressiva dessa
Exercício 64
nova palavra resulta da síntese de significados e do inesperado
da combinação, como é o caso de “dramédia” no texto. Ocorre
esse mesmo tipo de formação em
a) “deleitura” e “namorido”.
b) “passatempo” e “microvestido”.
c) “hidrelétrica” e “sabiamente”.
d) “arenista” e “girassol”.
e) “planalto” e “multicor”.
Exercício 63
(Unicamp 2021) Entre todas as palavras do momento, a mais
flamejante talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra,
(G1 - epcar (Cpcar) 2021) Abaixo são feitas algumas afirmações
incomoda. Começa com des. Des de desalento, des de desespero,
referentes à tirinha de Duke:
des de desesperança. Des, definitivamente, não é um bom
prefixo.
I. A janela do primeiro quadrinho e a do segundo podem ser
Desigualdade. A palavra do ano, talvez da década, não importa
eliminadas, porque não têm um sentido no conjunto da tirinha.
em que dicionário. Doravante ouviremos falar muito nela.
II. As expressões fisionômicas dos personagens, no terceiro
De-si-gual-da-de. Há quem não veja nem soletre, mas está
quadrinho, da esquerda para a direita, revelam o inesperado da
escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido
cena, que terá desfecho no quarto quadrinho.
centro/subúrbio, na linha reta de um trem. Solano Trindade, no
III. Pela fala do personagem da janela, subentende-se que a
sinal fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com fome, tem
discussão estava se estendendo cada vez mais e incomodando.
gente com fome, tem gente com fome”, somente com esses
IV. Os advérbios, o tom imperativo de algumas frases, as
substantivos. Você ainda não conhece o Solano? Corra, dá tempo.
exclamações, tudo denuncia o clima de intolerância que atravessa
Dá tempo para você entender que vivemos essa desigualdade.
o texto.
Pegue um busão da Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes,
passe o vale-transporte na catraca e simbora – mais de 30
Estão corretas
quilômetros. O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média,
do que um humaníssimo habitante da Cidade Tiradentes, por
todas as razões sociais que a gente bem conhece. a) I, II e III apenas.
Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de desesperança b) II, III e IV apenas.
os leitores, os números rendem manchete, mas carecem de rostos c) II e IV apenas.
humanos. Pega a visão, imprensa, só há uma possibilidade de d) I e III apenas.
fazer a grande cobertura: mire-se na desigualdade, talvez não
Exercício 65
haja mais jeito de achar que os pontos da bolsa de valores
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
signifiquem a ideia de fazer um país.
Os estatutos do homem (Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony sua insistência bovina, tive de me render à evidência de que eu
não sabia responder à sua pergunta.
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade. Bernardo Carvalho, Nove Noites. Adaptado.
Agora vale a vida, (Fuvest 2021) Sem prejuízo de sentido e fazendo as adaptações
E de mãos dadas, necessárias, é possível substituir as expressões em destaque no
Marcharemos todos pela vida verdadeira. texto, respectivamente, por
Ser amado ou ser temido (Fepar 2018 - Adaptada) Julgue as afirmativas com relação aos
conteúdos e à estrutura do texto.
Creio que todo príncipe deve desejar muito ser considerado ( ) Resumo do parágrafo 1: a crueldade para com os súditos
compassivo, e não cruel; no entanto, deve ter cuidado e não usar constitui uma falta ética que deve ser combatida pela
mal essa piedade. César Bórgia foi considerado cruel, mas Sua demonstração de piedade.
crueldade reformou toda a Romanha, uniu-a e proporcionou-lhe ( ) No parágrafo 2, Maquiavel apresenta uma perspectiva
paz e fidelidade. Bem vistas as coisas, seu procedimento foi mais realista em relação aos homens, constatando que eles são ora
compassivo que o do governo florentino, o qual, para evitar a bons, ora maus.
fama de cruel, deixou destruir Pistoia1. Portanto, o príncipe não se ( ) No parágrafo 3, Maquiavel afirma que as amizades são
deve preocupar com ganhar fama de cruel para conservar todos geralmente relativas e traiçoeiras, enquanto o medo é mais
os súditos em união e obediência, pois será muito mais ético do seguro para manter a colaboração dos súditos.
que aqueles que, por excesso de clemência, deixam alastrar a ( ) No parágrafo 4, Maquiavel apresenta uma receita para
desordem, da qual se geram assassínios e rapinas: a desordem evitar inimizades e aplicar a pena de morte a algum súdito.
prejudica a todos, ao passo que as penas infligidas pelo príncipe ( ) Vínculos de nacionalidade e companheirismo são o melhor
só atingem particulares. [...] meio de promover a lealdade num grupo social.
Daqui nasce um dilema: vale mais ser amado do que temido, ou o Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
inverso? Seria preferível ser ambas as coisas, mas, como é difícil
conciliá-Ias, parece-me muito mais seguro ser temido do que
A) F – F – V – V – F.
amado, se só se puder ser uma delas. Há uma verdade que se
B) F - V - F - V - F
pode dizer da maioria dos homens: que são ingratos, instáveis,
C) V - F - V - F - F
dissimulados, inimigos do risco e do perigo, ávidos de ganhar.
D) V - V - F - F - V
Enquanto lhes fazes bem, são teus, oferecem-te o sangue, os
bens, a vida e os filhos, porque, como já disse, os riscos maiores Exercício 69
estão no futuro; mas, quando o perigo se aproxima, furtam-se, (G1 - cftmg 2020) De repente, ele começou a gritar:
debandam, e o príncipe que se baseou somente em suas palavras – Pare! Pare já com isso! Não suporto ninguém se fingindo de bom
encontra-se despojado de outros preparativos; está de fato moço por mais de cinco minutos. E o senhor já está aqui há dez!
perdido. Fiquei sem ação, de novo. O que ele queria que eu fizesse?
As amizades que se conquistam com dinheiro ou favores, e não Chamasse-o de “mano”, “veio”, “bróder”? A vontade de ir embora
pelo coração nobre e altivo, terão seus efeitos, mas são como se bateu outra vez.
não as tivéssemos, pois de nada nos servem quando delas Ele respirou fundo, pigarreou e recomeçou:
precisamos. Os homens hesitam menos em prejudicar um homem – Na verdade, é mais uma aposta do que uma pesquisa... Um
que se torna amado do que outro que se faz temer, pois o amor professor inglês, que conheci pela rede, apostou comigo que eu
mantém-se por um laço de obrigações que, em virtude de os não conseguiria encontrar as frases-chave em três peças do
homens serem maus, se quebra quando surge ocasião de melhor Shakespeare.
proveito. Mas o medo mantém-se por um temor do castigo, que Eu entendi e não entendi. Depois de um instante, deduzi que
nunca nos abandona. “rede” queria dizer internet.
Por outro lado, o príncipe deve fazer-se temer de tal modo que, se
não conseguir a amizade, possa pelo menos fugir à inimizade, LACERDA, Rodrigo. O Fazedor de Velhos. São Paulo: Companhia
visto haver a possibilidade de ser temido e não ser odiado, ao das Letras, 2017. p. 56.
mesmo tempo. Isso sucederá, sempre, se ele se abstiver de se
apoderar dos bens e riquezas de seus concidadãos e súditos, e
– Como é que está errado se você entende? Você não aceita a
O trecho evidencia que, entre o narrador e o professor, há marcas inventividade linguística do povo. “Amostrar” é verbo torto no
de variação linguística fundamentadas na diferença de manual das conjugações e “amostrado” é particípio de amostra
grátis! Captou?
a) faixa etária.
(Adaptado de Cidinha da Silva, Absurdada. Disponível em
b) classe social.
http://notarodape. blogspot. com/search/label/Cotidiano.
c) região geográfica.
Acessado em 22/05/2019.)
d) nível de escolarização.
Exercício 70
(G1 - cftmg 2020) Compare os textos 1 e 2 extraídos da obra O Considerando que a comparação entre modos de falar pode ser
Fazedor de Velhos, de Rodrigo Lacerda. fonte de preconceito, o exemplo citado por uma das personagens
da crônica
Texto 1
Eu não lembro direito quando meu pai e minha mãe começaram a
a) reforça o preconceito em relação às turmas de jovens de um
me enfiar livros garganta abaixo. Mas foi cedo. Lembro das
mesmo bairro, com base nos significados de “amostrado” e
sessões de leitura de poesia a que eu e minha irmã éramos “exibido”.
submetidos pela nossa mãe, e que ela só aceitava interromper b) explicita o preconceito, valendo-se de “amostrado” e “exibido”
quando um filho, em geral eu, caía de joelhos a sua frente com para distinguir dois grupos de jovens do mesmo bairro.
gestos de reza fervorosa, e o outro, normalmente minha irmã, c) dissimula o preconceito e reconhece que “se amostrar” é, de
agarrava sua mão com a intensidade de um moribundo fazendo o fato, um verbo que não está de acordo com as normas
último desejo. Ela nos olhava contrariada, mas ria do nosso gramaticais.
desespero exagerado: “Para, mãe, pelo amor de Deus, para!”. (p. d) refuta o preconceito e confirma o desconhecimento da regra de
9). formação do particípio passado do verbo “se amostrar”.
Texto 2 Exercício 72
Aos poucos, recriar num texto aquelas lembranças todas, felizes (Enem 2020) A vida às vezes é como um jogo brincado na rua:
ou não, foi me dando uma sensação diferente. Era bom ser quem estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não
eu era aos vinte anos, mas por outro lado eu sentia uma saudade sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho a
imensa do que já vivera. Será que eu trocaria a minha vida atual avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar. A vida
para voltar no tempo? Por um lado, lamentei não ser mais criança, afinal acontece muito de repente – nunca ninguém nos avisou que
meus pais não serem tão jovens. Foi um pouco triste concretizar aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória. O Carnaval
que certas etapas da minha vida estavam encerradas, e que nada também chegava sempre de repente. Nós, as crianças, vivíamos
poderia trazê-las de volta. (p. 121). num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos calendários
de verdade. [...] O “dia da véspera do Carnaval”, como dizia a avô
Esses fragmentos põem em evidência a Nhé, era dia de confusão com roupas e pinturas a serem
preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era
um dia rápido, porque os dias mágicos passam depressa
a) consciência do sofrimento diante das perdas da vida.
deixando marcas fundas na nossa memória, que alguns chamam
b) angústia do personagem ao descrever fatos do passado.
também de coração.
c) percepção da ineficácia da educação no contexto familiar.
d) memória afetiva remodelada pela perspectiva do narrador.
ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.
Exercício 71
(Unicamp 2020) – Pela milionésima vez, por favor, “se amostrar”
não existe. Não pega bem usar uma expressão incorreta como As significações afetivas engendradas no fragmento pressupõem
essa. o reconhecimento da
– Ora veja, incorreto para mim é o que não faz sentido, “se
amostrar” faz sentido para boa parte do país. a) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.
– Por que você não usa um sinônimo mais simples da palavra? b) suspensão da linearidade temporal da narração.
Que tal ”exibido”? Todo mundo conhece. c) tentativa de materializar lembranças da infância.
– Não dá, porque quem se exibe é exibido, quem se amostra é
d) incidência da memória sobre as imagens narradas.
amostrado. Por exemplo: quando os vendedores de shopping
e) alternância entre impressões subjetivas e relatos factuais.
olham com desprezo para os meninos dos rolezinhos e moram no
mesmo bairro deles, são exibidos. Eles acham que a roupa de Exercício 73
vendedor faz deles seres superiores. Por outro lado, as meninas e (Ufrgs 2020) Leia os fragmentos abaixo da obra "Quarto de
os meninos dos rolezinhos vão para os shoppings para se despejo".
amostrar uns para outros, e são, portanto, amostrados. Percebeu
a sutileza da diferença? Quando eu fui catar papel encontrei um preto. Estava rasgado e
– Entendo, mas está errado. sujo que dava pena. Nos seus trajes rôtos êle podia representar-
se como diretor do sindicato dos miseráveis. do que planta
2 de maio de 1958 […] Passei o dia catando papel. A noite meus GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. José Olympio: Rio de Janeiro,
pés doíam tanto que eu não podia andar. 2000.
Exercício 76
(G1 - cmrj 2020) “Mas como estão aí e não há mais jeito para
conseguir manter a massa na ignorância total, até parece que
surgiu outra tática de propósito: distrair a maioria da população
com outras coisas, [...]” (referência 14)
a) I, apenas. a) conclusão.
b) I e II, apenas. b) concessão.
c) II e III, apenas. c) explicação.
d) contradição.
d) I, II e III.
e) condição.
Exercício 78
Exercício 80
(Enem 2020) Uma das mais contundentes críticas ao discurso da (Enem 2020)
aptidão física relacionada à saúde está no caráter eminentemente
individual de suas propostas, o que serve para obscurecer outros
determinantes da saúde. Ou seja, costuma-se apresentar o
indivíduo como o problema e a mudança do estilo de vida como a
solução. Argumenta-se ainda que o movimento da aptidão física
relacionada à saúde considera a existência de uma cultura
homogênea na qual todos seriam livres para escolher seus estilos
de vida, o que não condiz com a realidade. O fato é que vivemos
numa sociedade dividida em classes sociais, na qual nem todas as
pessoas têm condições econômicas para adotar um estilo de vida
ativo e saudável. Há desigualdades estruturais com raízes
políticas, econômicas e sociais que dificultam a adoção desses
estilos de vida.
Exercício 82
Com base no conceito apresentado no texto, a saúde é (como um velado esplendor)
consequência direta do(a) a memória da palavra amor
Exercício 85
*sesta: repouso após o almoço.
(Acafe 2020) Preencha os espaços em branco com Há, a, à,
nessa ordem.
Exercício 89
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e
Leia o texto a seguir e responda. pronominais
b) usada em algumas modalidades esportivas. a) pela a alternância das pessoas do discurso que determinam o
c) criada em bares de jazz de Chicago. foco narrativo.
d) que, em português, significa “porta que bate”. b) utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos
e) característica de meios musicais, principalmente de jazz. variados.
c) indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os
Exercício 90 eventos narrados.
(Enem 2019) Toca a sirene na fábrica, d) justaposição de frases que relacionam semanticamente os
e o apito como um chicote acontecimentos narrados.
bate na manhã nascente e) recorrência de expressões adverbiais que organizam
e bate na tua cama temporalmente a narrativa.
no sono da madrugada.
Ternuras da áspera lona Exercício 92
pelo corpo adolescente. (Enem 2018)
É o trabalho que te chama.
c) A repetição do emprego da conjunção “mas” para contrapor
ideias.
d) A finalização do texto com a frase de efeito “Será que ele
conseguirá acertar as coisas?”.
e) O uso do pronome de terceira pessoa “ele” ao longo do texto
para fazer referência ao protagonista “João/Zero”.
Exercício 94
(Enem 2016) L.J.C.
— 5 tiros?
— É.
— Brincando de pegador?
— É. O PM pensou que...
— Hoje?
— Cedinho.
Exercício 96
(Enem 2015) TEXTO I
Exercício 102
Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh
largou o emprego bem remunerado numa agência de publicidade
e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como roteirista. Lá
chegando, anotou o nome e o endereço de todos os diretores,
produtores e executivos que conseguiu encontrar e enviou-lhes o
que certamente é o pedido de emprego mais eficaz que alguém já
escreveu, pois resultou em três entrevistas, uma das quais lhe
rendeu o cargo de roteirista assistente na MGM.
Prezado senhor:
Exercício 101
(G1 - ifmt 2020) Considerando a norma culta da língua (Epcar (Afa) 2020) Considerando o texto, em que o autor agrupa
portuguesa acerca do plural dos compostos, assinale a alternativa as palavras para poder classificá-las, assinale a alternativa
em que todos os substantivos estão corretamente flexionados verdadeira:
para o plural.
a) “choramingar” significa chorar aos berros, para chamar a
a) Guardas-florestais; bates-bocas; batata-doces. atenção dos outros. Equivale à expressão “Quem não chora não
b) Guardas-roupas; beija-flores; couve-flores. mama”.
c) Guardas-costas; guardas-noturnos; pãos-de-ló.
b) Em “Gosto de palavras com “V”, como Svengali, avesso, a usina já não a purga: da infância,
bravura, nota-se a presença do efeito da aliteração, também não de depois de adulto, ela o educa;
usado em poesia. em enfermarias, com vácuos e turbinas,
c) Em “Palavras escorregadias”, está presente a linguagem em mãos de metal de gente indústria,
denotativa, que equivale, por exemplo, a “Os ombros suportam o a usina o leva a sublimar em cristal
mundo”. o pardo do xarope: não o purga, cura.
d) Em “onde passei um ano estudando”, o termo “onde” indica a Mas como a cana se cria ainda hoje,
posse de um lugar imaginário, a que o autor nunca foi. em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
Exercício 103 quer inverno ou verão mele o açúcar.
Uma última gargalhada estrondosa. 1E depois, o silêncio. O
palhaço jazia 2imóvel no chão. 3Mas seu rosto continua sorrindo, João Cabral de Meio Neto, A Educação pela Pedra.
para sempre. Porque a carreira original do Coringa era para durar
apenas 30 páginas. O tempo de envenenar Gotham, sequestrar *banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal.
4Robin, enfiar um par de sopapos na Homem-Morcego e disparar
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha Gastei a manhã inteira pensando um verso
ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a que a pena não quer escrever.
liberdade”, EI País. Junho/2020. No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
(Fuvest 2021) No fragmento “ao tropeçar, cravava sua própria e não quer sair.
adaga no peito.” (ref. 5), a oração em negrito abrange, Mas a poesia deste momento
simultaneamente, as noções de inunda minha vida inteira.
a) proporção e explicação.
b) causa e proporção. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 8. ed. Rio de
c) tempo e consequência. Janeiro: Record, 2007, p. 45.)
d) explicação e consequência.
e) tempo e causa.
Assinale a alternativa INCORRETA referente ao texto “Poesia”.
Exercício 104
a) “No entanto”, no terceiro verso, e “Mas”, no penúltimo verso,
Psicanálise do açúcar
têm sentido adversativo; reforçam a luta do poeta com as
palavras.
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
b) No segundo verso, “que a pena não quer escrever”, a forma
mostra a mais instável das brancuras:
verbal apropriada, para o racionalismo que o poema defende,
quem do Recife sabe direito a quanto,
seria “quis escrever”.
e apouco desse quanto, que ela dura.
c) O poema fala da própria busca da poesia. Trata-se de um texto
Sabe a mínimo do pouca que a cristal
metalinguístico.
se estabiliza cristal sobre a açúcar,
d) Em “inunda minha vida inteira” há um exagero verbal, que
por cima da fundo antiga, de mascavo,
recebe o nome de hipérbole; o exagero nasce do contentamento
da mascava barrenta que se incuba;
do eu-lírico.
e sabe que tudo pode romper a mínima
em que o cristal é capaz de censura: Exercício 106
pois a tal fundo mascavo logo afiara (G1 - ifmt 2020) Analise as alternativas abaixo e marque aquela
quer inverno ou verão mele o açúcar. em que todas as palavras têm a mesma classificação quanto ao
número de sílabas:
Só os banguês* que-ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura; a) primeiro – saída – tragédia – consegui.
b) sentia – roupa – transtorno – adjetivo. b) Diferenças de ordem fonológica ocorrem quando um mesmo
c) loura – trabalho – superou – noite. significado é designado por significantes diferentes.
d) árvore – casamento – ambiente – madeira. c) Diferenças linguísticas em outros países, como Angola,
e) poeira – alegria – troféu – igual. Moçambique, Cabo Verde, Timor Leste e São Tomé e Príncipe, são
tão pequenas que não chegam a caracterizar línguas diferentes.
Exercício 107
d) As alterações linguísticas entre Portugal e Brasil ocorrem
“É Brasileiro, já passou de Português...”
principalmente, por serem mais verificáveis, no campo da escrita.
Exercício 108
Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos
A possibilidade de se registrar graficamente o mesmo fonema “O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram
empregando-se diferentes letras ou dígrafos pode gerar dúvidas obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que
que, às vezes, resultam em erros de ortografia.
depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O Disponível em: ˂http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/587390-
outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma devemos-mudar-nosso-estilo-de-vida-e-preciso-um-pacto-
viatura do 5º BPM”, afirmou o major. entre-geracoes˃ Acesso em: 25 ago. 2019.
Disponível em https://www.gp1.com.br/.
(G1 - ifsul 2020) Assinale a alternativa INCORRETA:
Exercício 115
1. (Unesp 2020) a) “no meio da multidão que jorrava das portas
(Fgv 2016) No primeiro aniversário da morte de Luís Garcia, Iaiá
da Central, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar” (1º
foi com o marido ao cemitério, afim de depositar na sepultura do
parágrafo). Identifique as figuras de linguagem utilizadas pelo
pai uma coroa de saudades. Outra coroa havia ali sido posta, com
narrador nas expressões sublinhadas.
uma fita aonde lia-se estas palavras: – A meu marido. Iaiá beijou
b) Reescreva o trecho “lembrava-se que nem mesmo o nome
com ardor a singela dedicatória, como beijaria a madrasta se ela
delas sabia pronunciar” (2º parágrafo), empregando a ordem
lhe aparecesse naquele instante. Era sincera a piedade da viúva.
direta e adequando-o à norma-padrão da língua escrita.
Alguma coisa escapa ao naufrágio das ilusões.
Exercício 117
(Machado de Assis. Iaiá Garcia, 1983. Adaptado) (Unicamp 2019) Atrás dos olhos das meninas sérias
Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo Exercício 118
de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da (Fuvest 2018) Leia o texto.
Central, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua
sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio A complicada arte de ver
tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus
companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando
qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os
personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou
sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é
era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para
fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato
representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e
todos, que nem o olhavam. [...] tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles
Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a
inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral
rapazes a conversar sobre coisas de que ele não entendia e a gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se
trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o
placards1 dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões...
não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
comparando o desembaraço com que os fregueses pediam
bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à
nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementares", de Pablo
que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação
no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que
aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou
de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não
personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a
a quase coisa alguma. ver".
(Clara dos Anjos, 2012.) Rubem Alves, Folha de S.Paulo, 26/10/2004. Adaptado.
natureza humana, que são muitos e teimosos, vêm sustentando
a) Segundo a concepção do autor, como a poesia pode ser que se é certo que a ocasião nem sempre faz o ladrão, também é
entendida? certo que o ajuda muito. 2Quanto a nós, permitir-nos-emos
b) Reescreva o trecho “Agora, tudo o que vejo me causa pensar que se o cego tivesse aceitado o segundo oferecimento do
espanto.”, substituindo o termo sublinhado por “Naquela época” e afinal falso samaritano, naquele derradeiro instante em que a
empregando a primeira pessoa do plural. Faça as adaptações bondade ainda poderia ter prevalecido, referimo-nos o
necessárias. oferecimento de lhe ficar a fazer companhia enquanto a mulher
não chegasse, quem sabe se o efeito da responsabilidade moral
resultante da confiança assim outorgada não teria inibido a
Exercício 119
tentação criminosa e feito vir ao de cima o que de luminoso e
(Fuvest 2018) Leia o texto.
nobre sempre será possível encontrar mesmo nas almas mais
perdidas.
Um tema frequente em culturas variadas é o do desafio à ordem
divina, a apropriação do fogo pelos mortais. Nos mitos gregos,
JOSÉ SARAMAGO
Prometeu é quem rouba o fogo dos deuses. Diz Vernant que
Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Prometeu representa no Olimpo uma vozinha de contestação,
espécie de movimento estudantil de maio de 1968. Zeus decide
esconder dos homens o fogo, antes disponível para todos,
(Uerj 2018) Observe a mudança de posição do advérbio afinal
mortais e imortais, na copa de certas árvores – os freixos –
nos enunciados a seguir:
porque Prometeu tentara tapeá-lo numa repartição da carne de
um touro entre deuses e homens.
1) Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego
tivesse aceitado o segundo oferecimento do afinal falso
samaritano, (ref. 2)
Na mitologia dos Yanomami, o dono do fogo era o jacaré, que
2) Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego
cuidadosamente o escondia dos outros, comendo taturanas
tivesse aceitado afinal o segundo oferecimento do falso
assadas com sua mulher sapo, sem que ninguém soubesse. Ao
samaritano.
resto do povo – animais que naquela época eram gente – eles só
davam as taturanas cruas. O jacaré costumava esconder o fogo na
Explique a diferença de sentido entre os enunciados, a partir da
boca. Os outros decidem fazer uma festa para fazê-lo rir e soltar
posição do advérbio. Justifique, ainda, a opção pela primeira
as chamas. Todos fazem coisas engraçadas, mas o jacaré fica
construção, tendo em vista a sequência dos acontecimentos.
firme, no máximo dá um sorrisinho.
Betty Mindlin, O fogo e as chamas dos mitos. Revista Estudos Exercício 121
Avançados. Adaptado. (Fuvest 2020)
Exercício 120
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Ao oferecer-se para ajudar o cego, o homem que depois roubou o Quarenta e seis anos depois, a vietnamita que comoveu o mundo
carro não tinha em mira, nesse momento preciso, qualquer quer que sua foto contribua para a paz
intenção malévola, muito pelo contrário, o que ele fez não foi mais
que obedecer àqueles sentimentos de generosidade e altruísmo Só vi esse registro muito tempo depois. Passei 14 meses no
que são, como toda a gente sabe, duas das melhores hospital, tratando as queimaduras. Quando voltei para casa, meu
características do género humano, podendo ser encontradas até pai me mostrou a foto, recortada de um jornal vietnamita: “Aqui
em criminosos bem mais empedernidos do que este, simples está sua foto, Kim”. Olhei a foto e, meu Deus, como fiquei
1ladrãozeco de automóveis sem esperança de avanço na carreira, envergonhada! Como eu estava feia! E pelada! Todos estavam
explorado pelos verdadeiros donos do negócio, que esses é que vestidos, e eu, uma menina, estava sem roupa. Vi a agonia e dor
se vão aproveitando das necessidades de quem é pobre. (...) Foi em meu rosto. Fiquei com raiva. Por que ele tirou aquela foto de
só quando já estava perto da casa do cego que a ideia se lhe mim? Era melhor não ter tirado nenhuma! Eu era só uma criança,
apresentou com toda a naturalidade (...). Os cépticos acerca da
mas tinha de lidar com muita dor. Quanto mais famosa a imagem molambos de roupas pendentes. E eles negaceavam e pulavam,
ficava, mais eu precisava encarar minha tragédia. numa dança ligeira, de sorriso na boca e de faca na mão.
– Se entregue, mano velho, que eu não quero lhe matar...
Kim Phuc Phan Thi, em depoimento a Ruan de Sousa Gabriel, – Joga a faca fora, dá viva a Deus, e corre, seu Joãozinho Bem-
19/09/2018. Disponível em https://epoca.globo.com/. Bem...
– Mano velho! Agora é que tu vai dizer: quantos palmos é que
a) Justifique o emprego das sentenças exclamativas, explicitando tem, do calcanhar ao cotovelo!...
o motivo do espanto de Kim. – Se arrepende dos pecados, que senão vai sem contrição, e vai
b) A partir da expressão “minha tragédia”, que encerra o direitinho p’ra o inferno, meu parente seu Joãozinho Bem-Bem!...
depoimento, analise os dois níveis de apreensão do evento – Úi, estou morto...
trágico, considerando o momento do primeiro contato de Kim com
o registro fotográfico e o momento do testemunho. a) Nesse trecho, em que se narra a luta entre Nhô Augusto e seu
Joãozinho Bem-Bem, os combatentes, ao mesmo tempo em que
Exercício 122 se agridem, dispensam, um ao outro, um tratamento que
(Fuvest 2018) Leia o texto. demonstra estima e consideração. No âmbito dos valores que são
postos em jogo no conto, como se explica esse tratamento?
No Brasil colonial, o indissolúvel vínculo do matrimônio, tal como
b) No trecho, Nhô Augusto é designado como “o Homem do
ele era concebido pela Igreja Católica, nem sempre terminava
Jumento”. Considerando-se essa designação no intertexto
com a morte natural de um dos cônjuges. A crise do casamento
religioso, muito presente no conto, como se pode interpretá-la?
assumia várias formas: a clausura das mulheres, enquanto os
Justifique sua resposta.
maridos continuavam suas vidas; a separação ou a anulação do
matrimônio decretadas pela Igreja; a transgressão pela bigamia Exercício 125
ou mesmo pelo assassínio do cônjuge. (Fuvest 2017) Examine a seguinte citação:
Maria Beatriz Nizza da Silva, História da Família no Brasil É menor pecado elogiar um mau livro, sem lê-lo, do que depois
Colonial. Adaptado. de o haver lido. Por isso, agradeço imediatamente depois de
receber o volume.
Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha.
a) No texto, que ideia é sintetizada pela palavra “crise”?
b) Reescreva a oração “tal como ele era concebido pela Igreja
Católica”, empregando a voz ativa e fazendo as adaptações a) Explique por que o autor agradece “imediatamente depois de
necessárias. receber o volume”.
b) Levando em conta o contexto, reescreva duas vezes o trecho
Exercício 123 “sem lê-lo”, substituindo “sem” por “sem que”, na primeira vez, e
(Fuvest 2018) Examine a transcrição do depoimento de Eduardo por “mesmo não”, na segunda.
Koge, líder indígena de Tadarimana, MT.
Exercício 126
Nós vivemos aqui que nem gado. Tem a cerca e nós não podemos (Fuvest 2017) Leia o seguinte texto, extraído de uma matéria
sair dessa cerca. Tem que viver só do que tem dentro da cerca. É, jornalística sobre supercomputadores:
nós vivemos que nem boi no curral.
Paulo A. M. Isaac, Drama da educação escolar indígena Bóe- Supercomputadores são usados para cálculos de simulação
Bororo. pesada. Um exemplo recorrente do uso desse tipo de
equipamento é a de simulação climática: com quatrilhões por
segundo de processamento, torna-se possível que um
a) Nos trechos “Tem a cerca...” e “Tem que viver...”, o verbo “ter” computador tenha capacidade de calcular as oscilações
assume sentidos diferentes? Justifique. meteorológicas. Isso ajuda a prevenir desastres, ou a preparar
b) Reescreva, em um único período, os trechos “Nós vivemos aqui políticas de apoio à agricultura, se antecipando a cenários os mais
que nem gado” e “nós não podemos sair dessa cerca”, variados.
empregando discurso indireto. Comece o período conforme Evidentemente, há outros usos, como pesquisas científicas que
indicado na página de respostas. precisam também simular cenários, com uma ampla gama de
variáveis. Estudos militares e de desenvolvimento de tecnologia
também se beneficiam do poder computacional desse tipo de
Exercício 124 equipamento.
(Fuvest 2017) Leia o trecho do conto “A hora e vez de Augusto
Matraga”, de Sagarana, de João Guimarães Rosa, para responder
www.techtudo.com.br, 24.06.2016.
ao que se pede.
Exercício 130
a) A prensa é paralela aos tipitis. Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja
b) A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros. traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor
c) As duas camarinhas são transversais à cozinha. procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira,
d) O alpendre é perpendicular às zonas de serviço. aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada
e) O mandiocal e o Ipiranga são equidistantes do sítio. pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para
ficar mais próximo deste, um passo importante será dado.
Exercício 128 Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando
A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e
serviço das moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do
Reino. Instalou nos alpendres roceiros a prensa de espremer “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de
mandioca ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.
a menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por exemplo,
efetuado em 1623, fala-se num sítio nas bandas do Ipiranga “com
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.
seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa
no dito sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa
(Fuvest 2017) De acordo com o texto, a boa tradução precisa
proveniente do mandiocal também inventariado. Mas a farinha
não exigia somente a prensa – pedia, também, raladores, cochos
de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a casa de fazer a) evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto original.
farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha. b) desconsiderar as características da linguagem primeira para
poder atingir a língua de chegada.
Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc. c) desviar-se da norma-padrão tanto da língua original quanto da
língua de chegada.
(Fuvest 2017) Além de “tipitis”, constituem contribuição indígena d) privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das
para a língua portuguesa do Brasil as seguintes palavras peculiaridades do texto original.
empregadas no texto: e) buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao
texto original.
a) “cardápio” e “roceiros”.
b) “alpendre” e “fogão”. Exercício 131
c) “mandioca” e “Ipiranga”. Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja
d) “sítio” e “forno”. traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor
e) “prensa” e “quintal”. procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira,
aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada
Exercício 129 pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para
ficar mais próximo deste, um passo importante será dado.
Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando uma ponta de uma mola. Outra haste, logo abaixo do joelho,
o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e segura uma espécie de embreagem (...).
transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do
“escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de Fernando Reinach, www.estadao.com.br, 13/06/2015. Adaptado.
fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia. a) Transcreva o trecho do texto em que o autor explora, com fins
expressivos, o emprego de termos contraditórios, sublinhando-os.
(Fuvest 2017) O prefixo presente na palavra “transpostos” tem o b) Esse excerto provém de um artigo de divulgação científica.
mesmo sentido do prefixo que ocorre em Aponte duas características da linguagem nele empregada que o
diferenciam de um artigo científico especializado.
a) A marchinha “Prá Frente, Brasil” também contribuiu para o setor, enquanto a propaganda encarregou-se de, pelo menos,
processo de neutralização da grande massa da população. neutralizar gradualmente o segundo. Para alcançar este último
b) A repressão no Governo Médici foi dirigida a um setor que, objetivo, o governo contou com o grande avanço das
além de minoritário, era também irrelevante no conjunto da telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de crédito
ajudou a mascarar inúmeras dificuldades econômicas daquele urbanas tinham televisão; em 1970, a porcentagem chegava a
período. 40% Por essa época, beneficiada pelo apoio do governo, de quem
d) Uma característica do governo Médici foi ter conseguido levar a se transformou em porta-voz, a TV Globo expandiu-se até se
televisão à maioria dos lares brasileiros. tornar rede nacional e 2alcançar praticamente o controle do setor.
e) A TV Globo foi criada para ser um veículo de divulgação das A propaganda governamental passou a ter um canal de
realizações dos governos militares. expressão como nunca existira na história do país. A promoção do
“Brasil grande potência” foi realizada a partir da Assessoria
Exercício 137 Especial de Relações Públicas (AERP), criada no governo Costa e
A ARMA DA PROPAGANDA Silva, mas que não chegou a ter importância nesse governo. Foi a
época do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente,
O governo Médici não se limitou à repressão. Distinguiu Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do Mundo
claramente entre um setor significativo, mas minoritário da de 1970.
sociedade, adversário do regime, e a massa da população que
vivia um dia a dia de alguma esperança nesses anos de Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.
prosperidade econômica. A repressão 1acabou com o primeiro
setor, enquanto a propaganda encarregou-se de, pelo menos,
neutralizar gradualmente o segundo. Para alcançar este último
objetivo, o governo contou com o grande avanço das (Fuvest 2016) A estratégia de dominação empregada pelo
telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de crédito governo Médici, tal como descrita no texto, assemelha-se,
sobretudo, à seguinte recomendação feita ao príncipe – ou ao
governante – por um célebre pensador da política:
Exercício 139
Examine este anúncio de uma instituição financeira, cujo nome foi
substituído por X, para responder às questões a seguir.
Exercício 141
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões)
a) a afirmativa 1 apenas.
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa
b) a afirmativa 2 apenas.
noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste
c) as afirmativas 1 e 2 apenas.
Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
d) as afirmativas 2 e 3 apenas.
e) as afirmativas 1, 2 e 3.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
Exercício 143
(Ufpr 2020)
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas O jogo do salário mínimo
atingidas por determinadas doenças. [...] Em menos de trinta minutos, dois times centenários do futebol
carioca, Bonsucesso e Olaria, vão se enfrentar num jogo-treino,
na preparação para a disputa da segunda divisão do campeonato
(Fuvest 2016) Das propostas de substituição para os trechos do Rio.
sublinhados nas seguintes frases do texto, a única que faz, de ¹Na arena vazia, os jogadores vivem a desigualdade salarial do
maneira adequada, a correção de um erro gramatical presente no futebol brasileiro. Na esperança de chegar a um clube grande, os
discurso do narrador é: 22 atletas em campo correm no estádio em troca de um salário
a) “Assim mesmo morrera negro, morrera pobre.”: havia morrido mínimo (998 reais) na carteira assinada – ²isso quando não há
negro, havia morrido pobre. atraso no pagamento. Juntos, ganham cerca de 22 mil reais –
b) “Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara.”: Omolu menos de 2% do salário mensal de uma estrela como o atacante
dizia, no entanto, que não fora. Gabriel Barbosa, o Gabigol, do Flamengo. Longe do ³glamour dos
c) “Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não estádios padrão Fifa, os 22 em campo no chamado Clássico da
sabiam tampouco da vacina.”: mas tão pouco sabiam da vacina. Leopoldina, ⁴em referência à antiga linha de trem, são um retrato
d) “Mas para que seus filhos negros não o esqueçam [...].”: não lhe do precário mercado de trabalho da bola no Brasil.
esqueçam. Levantamento do antigo Ministério do Trabalho revela que a
e) “E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas [...].”: maioria (54%) dos jogadores de futebol do país empregados em
2017 recebia até três salários mínimos (2.811 reais). Os dados
numa noite em que os atabaques.
constam da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de
Exercício 142 2017.
(Ufpr 2020) Na Seção II (Das Atribuições do Congresso [...]
Nacional), que integra o Título IV (Da Organização dos Poderes), A estatística do antigo Ministério do Trabalho é o único
da Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, o artigo levantamento que tenta mapear os salários no futebol brasileiro.
48 traz a seguinte redação em seu caput: ⁵A CBF fazia uma pesquisa parecida, mas deixou de publicar por
causa das distorções criadas pelos contratos de direito de
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente imagem. Segundo a última edição do trabalho da entidade que
da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, comanda o futebol nacional, mais de 80% dos jogadores de
51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, futebol ganhavam até 1 mil reais por mês em 2016. ⁶Sem citar
especialmente sobre: nomes, a CBF informou que apenas um jogador recebia mais de
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; 500 mil reais, mas o número estava longe da realidade, e o
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, mesmo se pode dizer dos dados da RAIS. O salário em carteira é
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; só uma parte do que os atletas recebem, pois o principal vem dos
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; direitos de imagem e patrocínios.
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de Mas essa é uma realidade dos clubes grandes. Em clubes como
desenvolvimento; Bonsucesso e Olaria, não há direitos de imagem, já que não há
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marinho e bens imagem a ser vendida. Os patrocinadores estão mais para
do domínio da União; [...] pequenos comerciantes locais do que para grandes financiadores
do futebol.
Com base no caput desse artigo, considere as seguintes (Sérgio Rangel. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/o-
afirmativas: jogo-do-salario-minimo/. 31/05/2019.)
1. A sanção do Presidente da República às matérias de Com base no texto de Rangel, considere as seguintes afirmativas:
competência da União, especificadas nesse artigo, deve ser 1. Em “Os patrocinadores estão mais para pequenos
entendida como o veto presidencial. comerciantes locais do que para grandes financiadores do
2. O Congresso Nacional pode dispor sobre matérias de futebol”, temos uma relação de contraposição.
competência da União, como as especificadas nos incisos do art. 2. Os baixos salários, somados aos atrasos nos pagamentos, são
48, condicionado à apreciação do Presidente da República. aspectos da precariedade do mercado da bola no Brasil.
3. Os dados salariais dos jogadores brasileiros, apontados pela Maneiras’, ‘O Animal Cordial’ e ‘Benzinho’). Da agitação e
RAIS, apresentam distorções porque a maioria dos jogadores cacofonia dessa primeira parte do filme, Muritiba vai, na segunda
recebem até três salários mínimos por mês, enquanto outros metade, para um estilo oposto: com atenção e reflexão,
recebem até quinhentos mil reais por mês. acompanha o sofrimento de Renet (o também muito bom
4. A ausência de comercialização de imagens de jogadores de Giovanni de Lorenzi) com as consequências do episódio que
clubes como Bonsucesso e Olaria decorre do fato de esses afetou Tati. Aqui, duas visões morais muito distintas se opõem: a
jogadores não terem direitos de imagem como o jogador Gabigol, do pai (Enrique Diaz), que quer poupar Renet, e a da mãe (a
por exemplo. calorosa Clarissa Kiste), que quer obrigá-lo a enfrentar os fatos.
Maduro, lúcido, muito bem escrito e filmado, ‘Ferrugem’ está na
Assinale a alternativa correta. comissão de frente dos possíveis indicados do Brasil ao Oscar do
ano que vem.
a) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
(Disponível em: <https://veja.abril.com.br/tveja/em-
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
cartaz/ferrugem-um-otimo-nacional-encara-o-cyberbullying/>.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Acesso em 31/08/2018.)
d) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
As expressões ‘equipamento emocional’ e ‘ostracismo social’, no
e) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
segundo parágrafo, podem ser interpretadas, segundo o contexto
Exercício 144 de ocorrência, respectivamente, como:
(Ufpr 2019) Assinale a alternativa corretamente pontuada.
a) objeto que regula emoções – exílio.
a) A técnica de Mourou e Strickland criada em 1985, e conhecida b) capacidade de sentir emoções – exclusão.
como: amplificação de pulso com varredura em frequência – CPA, c) experiência – falta de exposição.
por sua sigla em inglês, tornou-se muito rapidamente a d) maturidade – isolamento.
ferramenta-padrão para obter lasers de alta intensidade, e) malícia – incapacidade de se expressar.
utilizados, desde então, em milhões de cirurgias do olho.
Exercício 146
b) A técnica de Mourou e Strickland, criada em 1985, e conhecida
(Ufpr 2016)
como amplificação de pulso com varredura em frequência (CPA,
Outras razões para a pauta negativa
por sua sigla em inglês); tornou-se muito rapidamente, a
Venício A. Lima
ferramenta-padrão para obter lasers de alta intensidade
O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana,
utilizados desde então em milhões de cirurgias do olho.
notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais,
c) A técnica de Mourou e Strickland criada em 1985 e conhecida
informa, na edição de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por
como amplificação de pulso com varredura em frequência, (CPA,
grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação
por sua sigla em inglês), tornou-se muito rapidamente a
(DCC) em torno da “análise de sentimento”, que relaciona o
ferramenta-padrão, para obter lasers de alta intensidade
sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva.
utilizados desde então, em milhões de cirurgias do olho.
Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-
d) A técnica de Mourou e Strickland, criada em 1985 e conhecida
UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907
como amplificação de pulso com varredura em frequência – CPA,
manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais
por sua sigla em inglês – tornou-se muito rapidamente, a
ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC,
ferramenta-padrão para: obter lasers de alta intensidade
Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco
utilizados desde então em milhões de cirurgias do olho.
grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e
e) A técnica de Mourou e Strickland, criada em 1985 e conhecida
tecnologia, esportes e mundo. As conclusões da pesquisa são
como amplificação de pulso com varredura em frequência (CPA,
preciosas.
por sua sigla em inglês), tornou-se muito rapidamente a
Cerca de 70% das notícias diárias estão relacionadas a fatos que
ferramenta-padrão para obter lasers de alta intensidade,
geram “sentimentos negativos” – tais como catástrofes, acidentes,
utilizados desde então em milhões de cirurgias do olho.
doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram
Exercício 145 relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala
(Ufpr 2019) de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-
‘Ferrugem’: um ótimo nacional encara o cyberbullying se que o sucesso de uma notícia, vale dizer, o número de vezes
Um celular perdido, um vídeo viralizado, e Tati, de 16 anos, se vê em que é “clicada” pelo eventual leitor está fortemente vinculado
no meio de um furacão que abalaria qualquer um – e muito mais a esses “sentimentos” e que os dois extremos – negativo e
uma menina a quem ainda falta o equipamento emocional para positivo – são os mais “clicados”. As manchetes negativas,
lidar com uma situação tão drástica de exposição da intimidade e todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores.
de ostracismo social. Os amigos e amigas vão caindo fora; com os Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites
pais, ela não consegue falar. Renet, o garoto com quem ela internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos
começava a engatar um flerte quando tudo começou, dá as costas pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a
a ela. E Tati, interpretada pela ótima novata Tiffanny Dopke, de predominância do “jornalismo do vale de lágrimas” na grande
fisionomia suave e jeitinho cativante, sucumbe à pressão. mídia brasileira.
‘Ferrugem’, do diretor Aly Muritiba, é um dos pontos altos de uma Para além da partidarização seletiva das notícias, parece haver
safra surpreendentemente boa do cinema nacional nos últimos também uma importante estratégia de sobrevivência empresarial
meses (completada ainda por ‘Aos Teus Olhos’, ‘As Boas influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais
exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se cego em que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao
transformando em incansáveis noticiários diários de crises, mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não deixa de ser o
crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. tema deste livro, que talvez possa interessar a quem esteja
Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram disposto a lê-lo independentemente de conhecer o futebol ou de
sentimentos negativos. Mais do que isso: os âncoras dos ser ou não “intelectual”.
telejornais, além das notícias negativas, se encarregam de Não é incomum, também, que intelectuais vivam intensamente o
editorializar, fazer comentários, invariavelmente críticos e futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a
pessimistas, reforçando, para além da notícia, exatamente seus admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois
aspectos e consequências funestos. personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar
Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notícia ruim numa pessoa só. [...]
e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode (José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil.
ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse São Paulo: Companhia das Letras, 2008.)
tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um
inexorável “vale de lágrimas” mediavalesco. “Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no
Adaptado de <http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de- começo podem se encontrar numa pessoa só”. Com isso, o autor
ebates/outras-razoes-para-a-pauta-negativa/>. Acesso em 19 reconhece que:
mai. 2015. 1. é desejável pensar o esporte por outro viés que não seja
aquele permeado por admiração e paixão.
Considere as seguintes sentenças retiradas do texto e assinale a 2. admitir o futebol na ordem do pensamento significa fazer do
alternativa em que a expressão verbal grifada concorda com um torcedor apaixonado uma pessoa capaz de refletir sobre seus
sujeito posposto. pontos positivos e negativos.
3. há intelectuais que, mesmo não admitindo que possam haver
a) Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-
abordagens intelectualizadas do futebol, são torcedores
UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907
fervorosos.
manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais
4. o torcedor apaixonado é aquele que prefere pensar o futebol
ao longo de oito meses de 2014.
na sua expressão cultural e, portanto, é o que congrega as
b) As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem
características de leitor preferencial do livro.
maior interesse dos leitores.
c) Os principais telejornais exibidos na televisão brasileira, por
Assinale a alternativa correta.
exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários
diários de crises. a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
d) Mais do que isso: os âncoras dos telejornais, além das notícias b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentários, c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
invariavelmente críticos e pessimistas. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
e) Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos
pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a Exercício 148
(Ufpr 2017) Livro e futebol
predominância do “jornalismo do vale de lágrimas” na grande
mídia brasileira. O leitor a quem se dirige esse livro não é evidente: em geral,
quem vive o futebol não está interessado em ler sobre ele mais
Exercício 147 do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros
(Ufpr 2017) Livro e futebol e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre
O leitor a quem se dirige esse livro não é evidente: em geral, Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva é
quem vive o futebol não está interessado em ler sobre ele mais desdenhada pelos sociólogos e menosprezada pelos envolvidos
do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros com o esporte. A observação pode valer também para ensaios
e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre como este aqui, embora ele não seja do gênero sociológico. No
Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva é limite, a onipresença do jogo de bola soa abusiva e irrelevante
desdenhada pelos sociólogos e menosprezada pelos envolvidos para quem acompanha a discussão cultural. Assim, mais do que
com o esporte. A observação pode valer também para ensaios um desconhecimento recíproco entre as partes, pode-se falar, de
como este aqui, embora ele não seja do gênero sociológico. No fato, de uma dupla resistência. Viver o futebol dispensa pensá-lo,
limite, a onipresença do jogo de bola soa abusiva e irrelevante e, em grande parte, é essa dispensa que se procura nele. Os
para quem acompanha a discussão cultural. Assim, mais do que pensadores, por sua vez, à esquerda ou à direita, na meia ou no
um desconhecimento recíproco entre as partes, pode-se falar, de centro, têm muitas vezes uma reserva contra os componentes
fato, de uma dupla resistência. Viver o futebol dispensa pensá-lo, anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a
e, em grande parte, é essa dispensa que se procura nele. Os endossá-los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro.
pensadores, por sua vez, à esquerda ou à direita, na meia ou no Tudo isso, por si só, já daria um belo assunto: o futebol como o nó
centro, têm muitas vezes uma reserva contra os componentes cego em que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao
anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não deixa de ser o
endossá-los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro. tema deste livro, que talvez possa interessar a quem esteja
Tudo isso, por si só, já daria um belo assunto: o futebol como o nó
disposto a lê-lo independentemente de conhecer o futebol ou de podem resultar de passados diferentes. Essa constatação pode
ser ou não “intelectual”. ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história.
Não é incomum, também, que intelectuais vivam intensamente o Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema
futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares –
admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a
personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus
numa pessoa só. [...] habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos
(José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil. sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que
São Paulo: Companhia das Letras, 2008.) completam uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos
de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e
O autor inicia o texto dizendo que o leitor de seu livro não é quase sete vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso
evidente, porque o tema por ele tratado, o futebol, é abordado de sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se
maneira incomum. Tendo isso em vista, considere as seguintes enquadram Terra, Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais
afirmativas: bem raros do que imaginávamos a princípio.
1. Os apaixonados pelo futebol anseiam há muito por uma A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo
abordagem sociológica do esporte. menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento de
2. Pensar o futebol do ponto de vista intelectual é algo muito sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas
comum num país em que esse esporte é o mais apreciado, e é teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual
esse tratamento que predomina hoje em jornais e revistas. configuração. ²Isso implica responder perguntas tais como
3. O livro aborda o futebol do ponto de vista cultural, intelectual, quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas
distanciando-se do tratamento do senso comum que impera em órbitas em que estão hoje, de que forma os planetas rochosos
jornais e revistas. surgiram etc.
4. Viver e pensar o futebol são coisas diferentes e independentes, Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram
mas é possível uma abordagem intelectual que agrade os dois formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam
tipos de espectador. consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o
Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na
Assinale a alternativa correta. comunidade astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da
cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra
a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
e, em última instância, da vida por aqui. [...]
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
(Paulo Nogueira, editorial de Scientific American – Brasil – nº 168,
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
junho 2016.)
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
“Isso” (ref. 2) se refere:
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
a) ao florescimento da busca de planetas extrassolares.
Exercício 149 b) a gigantes feitos de gás, alguns chegando a possuir mais de
(Ufpr 2017) seis vezes a massa e quase sete vezes o raio de Júpiter.
A épica narrativa de nosso caminho até aqui c) à formulação de novas teorias para explicar como o Sistema
Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela Solar adquiriu sua configuração atual.
experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos d) à constatação de que somos quase um ponto fora da curva.
depararmos com uma realidade diferente ¹daquela em que
e) ao nosso atual estágio de conhecimento de sistemas
estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de planetários.
alerta: deve haver uma razão, um motivo, para que as coisas
funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só
GABARITO
a) I, III e IV
Exercício 1
Exercício 4
e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em
“de modo que o que parecia uma desgraça...”. c) Um realismo que parta do real cotidiano para compreender
a realidade, cuidando de tomar certo distanciamento da
Exercício 2 matéria para não tomá-la de forma demasiado personalista.
d) curiosidade e satisfação.
Exercício 5
Exercício 3
d) menospreza o uso do termo “maratonar” relacionado a um Exercício 21
estilo de vida sedentário, antagônico a maratona.
c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu
Exercício 6 estatuto.
d) incorruptível. Exercício 22
Exercício 9 Exercício 24
b) por ser experiente em mentiras, Pinóquio seria um bom a) Difusão cultural, sendo capaz de se propagar entre as
consultor para a criação de fake news.
pessoas.
Exercício 10 Exercício 25
b) fonte de conhecimentos. d) problematiza a organização social e seu impacto na
Exercício 12 gênero.
b) antonímica, que se estabelece contextualmente entre as c) “— Espere aí, seu patife, vais virar um belo bife.” (referência
palavras “muros” e “pontes”. 17)
Exercício 37 Exercício 54
Exercício 38 Exercício 55
Exercício 39 Exercício 56
Exercício 44 Exercício 60
Exercício 48 Exercício 64
Exercício 49 Exercício 65
Exercício 69 Exercício 85
a) faixa etária. b) I - V
Exercício 70 Exercício 86
d) memória afetiva remodelada pela perspectiva do narrador. d) o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra
“amora”.
Exercício 71 Exercício 87
b) explicita o preconceito, valendo-se de “amostrado” e b) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
“exibido” para distinguir dois grupos de jovens do mesmo
bairro. Exercício 88
Exercício 76 Exercício 92
Exercício 77 Exercício 93
Exercício 80 Exercício 96
d) problematiza a organização social e seu impacto na a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
mudança de hábitos dos indivíduos.
Exercício 97
Exercício 81
c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência.
d) diminuir alguma coisa, ao passo que na linguagem
Exercício 98
matemática é sinônimo de converter.
c) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.
Exercício 82
d) refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2). a) O termo verbal “jorrava” foi usado em sentido figurado,
a) primeiro – saída – tragédia – consegui. b) Na ordem direta, o trecho “lembrava-se que nem mesmo o
nome delas sabia pronunciar” (2º parágrafo) apresenta a
Exercício 107
seguinte redação: lembrava-se de que nem mesmo sabia
e) O signo linguístico não necessita, para sua existência, de um pronunciar o nome delas.
caráter motivado.
Exercício 117
Exercício 108
a) No segmento “Mas poderei dizer-vos que elas ousam?”, o
c) presídio - lazer - execução uso do pronome pessoal oblíquo em segunda pessoa do
plural, “vos”, indica que o eu lírico se dirige ao interlocutor, no
Exercício 109 caso, o próprio leitor do poema, enquanto que o pronome
d) A visualização da trajetória do projétil só seria possível à pessoal reto, “elas”, se refere a “meninas sérias”, mencionadas
noite. no próprio título do poema.
e) os termos ‘mais’ e ‘diretamente’ são advérbios, de um comportamento revelador de paixões que não podem ser
intensidade e de modo, respectivamente. expostas publicamente por estarem carregadas de culpas,
associadas à noção religiosa do pecado.
Exercício 112
a) O termo “crise” refere-se a conflitos matrimoniais que b) A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros.
obrigavam à separação do casal, contrariando assim os
preceitos da Igreja Católica que considerava o casamento Exercício 128
b) contraintuitivas.
Exercício 123
Exercício 133
b) Os ícones e os algarismos informam a posição geográfica
a) Os termos “simples” e “sofisticada” na expressão “uma exata do campo de soja a que se refere o texto. Assim, através
traquitana simples, mas extremamente sofisticada” configuram dessa inclusão, associa-se facilmente a precisão do local com
uma contradição. a eficiência da empresa baseada no conhecimento rigoroso da
realidade do negócio.
b) O uso da primeira pessoa do plural (“nosso andar”, “somos
capazes”, “nossas pernas”), a linguagem coloquial presente no
Exercício 140
uso do termo “traquitana”, assim como a imprecisão semântica
da expressão “espécie de embreagem” diferenciam o texto de a) A sequência dos verbos “conhecer”, “oferecer”,
Fernando Reinach dos textos científicos em que predomina a “proporcionar” e “alcançar” estabelecem uma relação temporal
função referencial da linguagem, denotativa e objetiva. de continuidade e progressão. Em primeiro lugar, é necessário
conhecer a atividade do cliente, para depois oferecer
Exercício 134
propostas que venham a proporcionar resultados positivos e
a) Segundo o autor, os diários íntimos surgiam com maior correspondam aos objetivos positivos do negócio.
frequência nos países em que a Reforma Protestante se
consolidou, pois os adeptos dessa nova corrente religiosa, que b) Os verbos mencionados devem ser conjugados no modo
não contempla o ato da confissão, não podiam recorrer à subjuntivo, na primeira pessoa do plural: Conhecer
autoridade sacerdotal para fazer exame de consciência. Assim, profundamente os negócios de nossos clientes é só o primeiro
recorriam com frequência à escrita de textos autobiográficos passo que permite que ofereçamos sempre respostas mais
para elaborarem questionamentos autocríticos relacionados rápidas, proporcionemos decisões mais assertivas e
com comportamento individual ou conduta social. alcancemos melhores resultados.
SINÔNIMOS
Assim, os sinônimos são palavras que apresentam significados muito próximos ou
iguais. Tomemos alguns exemplos:
Sinônimos Perfeitos
Após Depois
Alfabeto Abecedário
Morrer Falecer
Bonito Belo
Encontrar Achar
Calmo Tranquilo
Casa Lar
www.biologiatotal.com.br 3
Sinônimos e Antônimos
Sinônimos Imperfeitos
Amor Paixão
Moça Jovem
Planeta Terra
Feliz Alegre
Ouça Escute
Quando os sinônimos são perfeitos não há alteração de sentido na frase, como podemos
observar logo abaixo:
Neste caso, os sinônimos são considerados perfeitos por manterem apenas uma
possibilidade de entendimento em ambas as frases, ou seja, não há a produção de
outros sentidos diante dos sinônimos.
Mas por que é importante estudar sinônimos? E melhor ainda, por que é importante
compreender os sinônimos e o seu funcionamento?
Os sinônimos são um importante recurso dentro de um texto, servem para tornar seu
texto menos repetitivo e mais fluido e é importante para retomar um assunto. Outro
ponto importante é que conhecer e entender os sinônimos pode nos ajudar a construir
sentidos dentro de um texto, seja ele uma dissertação ou mesmo um texto que você
pretende mandar para o crush.
4
ANTÔNIMOS
Sinônimos e Antônimos
Ao contrário dos sinônimos que apresentam significados iguais ou muito parecidos, os
antônimos são aquelas palavras que apresentam significado contrário a outras palavras.
Ou seja, são aquelas palavras que apresentam sentido de contrariedade ou oposição.
É importante observarmos que os antônimos podem ser constituídos de palavras
diferentes, mas também pelo acréscimo de prefixos de negação, que são as partículas
que inserimos antes de uma palavra para alterar o sentido, como in; des; a, e também
formamos antônimos com o auxílio de palavras que possuem prefixos com significados
contrários. Vejamos alguns exemplos abaixo:
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Vejamos o exemplo de um trecho da música Certas coisas, do cantor Lulu Santos.
Sinônimos e Antônimos
Podemos notar que cada verso da música é constituído por antônimos, a saber: som/
silêncio; luz/escuridão; dia/noite; não/sim.
ANOTAÇÕES
6
POLISSEMIA E AMBIGUIDADE
POLISSEMIA
A polissemia é um fenômeno linguístico em que uma única palavra apresenta mais de um
significado, sendo que o que vai determinar o seu sentido é o contexto. É importante nos
atentarmos para o fato de que muitas pessoas confundem polissemia com homonímia, visto
que as duas apresentam uma multiplicidade de sentidos, entretanto, na polissemia a origem
e o conceito da palavra partilham a mesma base, ao contrário da homonímia, que apresenta
conceito e origem diferente.
Na primeira frase temos o emprego da palavra cabeça referindo-se a uma parte do corpo e na
segunda a palavra cabeça está precedida do artigo determinado o e dá o sentido de líder do grupo.
Nesse caso precisamos observar que todas as palavras possuem significados distintos,
significados estes determinados pelo contexto, entretanto, a origem da palavra é a mesma
em todas as frases, que é a ideia de mente. A seguir uma lista com palavras polissêmicas:
Gato Pode ser o animal ou ainda a palavra usada para se referir a beleza de um rapaz.
Mangueira Pode ser a árvore frutífera ou o utensílio de borracha por onde passa a água.
Banco Banco pode ser a instituição financeira ou o objeto feito para sentar.
Vela Vela pode ser o objeto feito de parafina e usado para iluminação, ou
ainda o instrumento utilizado no barco ou ainda o ato de velar alguém.
Cabo Cabo pode ser parte de um objeto, como o cabo de vassoura ou uma
patente militar.
Dama A palavra dama pode ser utilizada para se referir a uma mulher ou então
pode ser a peça de um jogo de tabuleiro.
Boca Um exemplo clássico é a música “Boquinha da garrafa”. O verso clássico “vai
descendo na boquinha na garrafa” se refere a abertura na parte superior de
uma garrafa. Mas boca também pode ser usado para indicar a parte do corpo.
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POLISSEMIA E AMBIGUIDADE
Polissemia e Ambiguidade
Como já dito anteriormente, a polissemia diz respeito a palavras que possuem mais de
um significado e geralmente esses significados são definidos a partir do contexto da
frase. Se a palavra estiver fora de contexto pode provocar ambiguidade em seu sentido,
ou seja, causar um duplo sentido na apresentação. Vejamos um exemplo abaixo:
No caso da tirinha, a polissemia está presente através da palavra vendo, que dependendo
do contexto adquirir o sentido de vender algo ou de observar, ver algo. Essa tirinha
brinca justamente com essas possibilidades interpretativas para retratar a ambiguidade,
já que o interlocutor do personagem principal pergunta a ele quanto custa o pôr do sol
e ele diz que só está vendo, ou seja, observando o acontecimento.
f Lexical;
f Estrutural.
Ela é lexical quando acontece em decorrência dos significados das palavras. Observe a
tirinha abaixo:
2
A ambiguidade lexical nesse caso está na palavra “porca”, que para o pai é a ferramenta
Polissemia e Ambiguidade
usada para encaixar o parafuso, mas para o filho é o animal que está em sua fazenda.
Nessa tirinha a dúvida do aluno é causada pelo emprego do pronome oblíquo a, que
causa a dúvida se o que caiu foi a aranha ou a parede. A ambiguidade estrutural é
sintática, visto que as palavras ocupam posições inadequadas nas frases, causando
dúvidas quanto ao seu sentido.
ANOTAÇÕES
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HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS
Os homônimos e parônimos fazem parte dos estudos que compreendem a significação
das palavras na língua portuguesa.
HOMÔNIMOS
Os homônimos são representados pelas palavras que possuem a mesma pronúncia,
em alguns casos até a mesma escrita, mas com significados diferentes.
Homônimos Homógrafos
São palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.
Exemplos:
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Homônimos Homófonos
Homônimos e Parônimos
Exemplos:
Homônimos Perfeitos
São palavras iguais na pronúncia e na escrita.
2
Exemplos:
Homônimos e Parônimos
Cedo (substantivo) / Cedo (verbo)
f Acordei cedo.
PARÔNIMOS
Já os parônimos são palavras que possuem semelhanças na escrita e na pronúncia,
mas tem significados completamente diferentes.
Exemplos:
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Flagrante (evidente)/ Fragrante (relacionado a cheiro)
Homônimos e Parônimos
Expressões Parônimas
Assim como as palavras, as expressões parônimas possuem semelhança na escrita e
na pronúncia, mas significados diferentes. É importante se atentar pois elas alteram o
sentido do texto.
4
Exemplos:
Homônimos e Parônimos
"Ao encontro de" "De encontro a"
A favor Contrário
Proporção Causa
ANOTAÇÕES
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TIPOS DE DISCURSO E
TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO
TIPOS DE DISCURSO
Na língua portuguesa existem três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso
indireto e o discurso indireto livre, eles são usados nas narrativas para introduzir as
falas dos personagens e seu uso varia de acordo com a intencionalidade do narrador e
de qual efeito ele pretende provocar na narrativa.
Discurso Direto
O discurso direto consiste na transcrição exata da fala dos personagens, sem que o
narrador interfira no discurso. Muitas narrativas utilizam o discurso direto para compor
suas histórias. O discurso direto é geralmente introduzido por verbos que anunciam a
fala, como por exemplo, comentar, falar, observar, exclamar, entre outros; seguido
por dois pontos e travessão na linha seguinte, ou em alguns casos vem entre aspas.
Observem o exemplo abaixo:
[...] Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu
desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
- Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso
bem!
(Clarice Lispector)
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Discurso Indireto
Tipos de Discurso e Transformação do Discurso
O discurso indireto acontece através da intervenção do narrador, que usa suas palavras
para transmitir o discurso do personagem. Logo, esse tipo de discurso acontece na
terceira pessoa e não mais na primeira pessoa. O discurso indireto também é introduzido
por meio de verbos de elocução, mas estão sempre acompanhados pelas conjunções
que e se, como uma marca diferencial do momento da fala do narrador e da fala da
personagem. Vejamos o exemplo abaixo:
Em voz baixa, amarrada (assim tipo voz dos mafiosos do cinema, a gente sente
uma coisa, diria o Rôni mais tarde, revirando os olhos), ele pediu calmamente
que não telefonassem mais para a oficina porque o patrão estava puto da vida
e além disso (a voz foi engrossando) não podia namorar com ninguém, estava
comprometido...
Aqui podemos notar o verbo de elocução (pediu) seguido pela conjunção que,
tornando o discurso indireto, entretanto, antes do verbo de elocução temos ainda
uma contextualização da situação, que é a voz do narrador antes de iniciar a fala da
personagem, assim como logo depois da conjunção há também a fala da personagem
expressa pela voz do narrador. Logo, a forma do discurso indireto é:
TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO
Muitos são os questionamentos sobre como transformamos o discurso direto em
discurso indireto e vice-versa, mas para fazermos essa passagem devemos observar
fatores como os tempos verbais, a pontuação, os pronomes e os advérbios. Observem
o exemplo abaixo:
2
f Discurso indireto: O presidente decretou que todos se vacinassem.
Podemos notar que no discurso direto há o uso dos dois pontos, mas no discurso indireto
a pontuação deixa de existir. O tempo verbal também muda quando transformamos o
discurso, quando mudamos para o discurso indireto estamos descrevendo uma frase
que já foi dita por alguém, logo, o tempo verbal também irá para o passado e também
é importante observar que, no discurso indireto, a frase ganha uma conjunção, neste
caso que, ao contrário do discurso direto, que é marcado pela pontuação como forma
de separar o discurso.
Logo abaixo poderemos ver alguns pontos dignos de atenção quando transformamos
o discurso:
ANOTAÇÕES
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PONTUAÇÃO EXPRESSIVA
Os sinais de pontuação são um importante recurso da língua portuguesa, pois eles têm
a capacidade de marcar entonações específicas e atribuir sentido as falas. Assim, a
pontuação expressiva consiste no uso dos sinais de pontuação de modo criativo, com o
objetivo de expressar sentimentos.
Dois-pontos
Quando utilizados no texto, os dois-pontos marcam uma quebra sensível na cadência
do texto para introduzir uma informação relevante. Para essa pontuação existem duas
possibilidades de uso expressivo.
REMÉDIO
O paciente responde:
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Pontuação Expressiva
Nessa primeira tirinha temos uma série de considerações sobre o significado do que
é amar e o uso dos dois pontos marca a sequência que resume e explica ao mesmo
tempo a ideia expressa no início, amar é, antes de tudo, sinônimo de generosidade.
Nesta segunda tirinha temos o exemplo perfeito de como podemos usar os dois-
pontos de modo expressivo, visto que a personagem usa a pontuação justamente para
enumerar, ou seja, criar uma sequência que explica como foram as suas férias.
Aspas
Esse sinal de pontuação assume diversos papéis dentro do texto enquanto pontuação
expressiva, dentre elas: destacar uma citação, separar as gírias, estrangeirismos e
coloquialismos e dar ênfase às ironias. Vejamos os exemplos abaixo.
“O objetivo principal para (vacinas contra) a maioria dos vírus é para prevenir
doenças clínicas, para prevenir doenças sintomáticas, e não necessariamente
para prevenir infecções. Esse é um objetivo secundário. A principal coisa que
você quer fazer é que, se as pessoas forem infectadas, que se evite que elas
fiquem doentes. E se você evita que fiquem doentes, você acabará evitando
que fiquem gravemente doentes”, afirmou Fauci durante um evento online do
Yahoo na segunda-feira (26/10) sobre caminhos para sair dessa crise.
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54723037).
2
f Separar gírias, estrangeirismos e coloquialismos
Pontuação Expressiva
As aspas, nesse caso, delimitam expressões que além de regionalismos, podemos
entender como coloquialismos, se referindo ao famoso “mineirês”.
Neste exemplo a palavra acidentalmente foi colocada entre aspas para marcar a ironia
na tirinha, visto que essa seria uma ação premeditada para que a esposa pudesse se
livrar da camisa do marido.
Reticências
As reticências também são um recurso importante dentro da pontuação expressiva...
Elas tendem a marcar a descontinuidade de uma sequência dentro do texto e ainda
dão margem para que questões ligadas a interpretação possam surgir. Vejamos os
exemplos abaixo.
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O primeiro exemplo utiliza reticências para dar a noção de descontinuidade e hesitação
Pontuação Expressiva
A segunda tirinha também usa o efeito da hesitação da fala, tão comum em situações
de oralidade, para criar um efeito de suspense conforme o diálogo vai se desenvolvendo
entre pai e filho.
Ponto de Interrogação
O ponto de interrogação é usado para perguntas diretas, podendo ser usado para
perguntas que só possuem duas respostas possíveis, do tipo “sim ou não”, ou para perguntas
que permitem respostas mais amplas e ainda para perguntas retóricas, que é o tipo de
pergunta que não espera uma resposta verdadeira, visto que seu retorno já é conhecido
pelo interlocutor ou está subentendido pelos ouvintes. Vejamos os exemplos abaixo:
PERGUNTAS
SIM OU NÃO
• O homem realmente foi à lua?
• Você acredita em vida após a morte?
• Tem medo de morrer?
• Existe vida inteligente em outros planetas?
• Você gostaria de viver em outro planeta?
• Se fizessem uma proposta para que você
se tornasse um robô, você aceitaria?
• Gostaria de ser um animal selvagem?
• Viveria na selva, longe da civilização?
• Você apoia a diversidade sexual?
• Você é a favor da igualdade de género?
• Você é a favor do sistema de monarquia?
• Você gostaria de nascer de novo?
4
f Ponto de interrogação usado para perguntas que permitem respostas
Pontuação Expressiva
mais amplas
Ponto de Exclamação
O ponto de exclamação é usado sempre que queremos carregar o texto com uma
conotação mais subjetiva, expressando entusiasmo, surpresa, alegria, tristeza, entre outros,
mas também pode ser usado após interjeições, que é a classe gramatical responsável por
expressar na escrita, as reações emocionais dos falantes. Vejamos os exemplos abaixo:
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Pontuação Expressiva
Nessa tirinha vemos o ponto de exclamação acompanhado das interjeições oba e legal,
que indica contentamento, felicidade da personagem.
Travessão e Travessão-duplo
O travessão e o travessão-duplo também são um importante recurso expressivo que
pode ser utilizado nos textos. O travessão simples é usado principalmente para inserir
a fala de algum personagem ou ainda para indicar a mudança de interlocutor durante
um diálogo. Já o travessão-duplo é geralmente utilizado para destacar alguma parte do
texto, substituindo o uso de vírgulas. Podemos observar os usos nos exemplos abaixo.
- Raquel, minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria
era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se
isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa
que vive espiando pelo buraco da fechadura...
6
f Travessão-duplo
Pontuação Expressiva
Os livros – nossos companheiros de todas as horas – ensinam-nos a viver.
Parênteses
Os parênteses são usados para separar explicações ou comentários menos importantes
dentro do texto e são usados em duas situações, conforme veremos nos exemplos abaixo.
Sabendo de seus usos podemos entender também que a vírgula, esse singelo sinal
de pontuação, pode alterar todo o sentido de uma frase ou texto, causando situações
engraçadas, confusões e muitos mal entendidos. Vejamos alguns exemplos abaixo.
Aqui temos uma postagem de uma rede social, em que uma mãe anuncia a venda de
algum produto que era de seu filho, entretanto, com a falta da vírgula o anúncio diz
que ela está vendendo o próprio filho por não utilizar mais. Se a pontuação tivesse sido
empregada da maneira correta a frase seria: Tô vendendo, meu filho não usa mais, valor
150 reais e entrego.
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Como recurso estilístico, a ambiguidade provocada pela falta de vírgula funciona quando
Pontuação Expressiva
queremos atribuir um sentido mais cômico, fora desse contexto, em textos mais formais
como dissertações, por exemplo, a falta da pontuação ou seu uso equivocado será
entendida como erro.
No último exemplo até a ilustração contribui para que possamos compreender a diferença
de sentido nas duas situações. Na primeira não há o uso de vírgula, o que acarreta a
interpretação não literal da frase, visto que ninguém pode vomitar amor. Se observarmos
a ilustração veremos a expressão calma do pai e do bebê. Já na segunda imagem temos
a vírgula separando o vocativo, com o pai comunicando a companheira/companheiro
que o bebê está vomitando. Esse acontecimento é reforçado pela expressão do pai
nitidamente aflito.
8
Português Lista de Exercícios
Exercício 5
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
REDES SOCIAIS E COLABORAÇÃO EXTREMA: O FIM DO
SENSO CRÍTICO?
Eugênio Mira
Exercício 18
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco,
(G1 - cftmg 2020) Eu, quando via uma árvore daquelas
1998, p. 48.
gigantescas, que fazem de um homem uma coisinha ridícula, me
desmanchava em admiração. Respirava com mais largueza,
abrindo os braços, e sentia os raios do sol no meu rosto, como se
Há três conceitos clássicos de discursos, estudados pela
eu também fosse uma criatura privilegiada pela natureza. É sério.
gramática tradicional, que designam três modos de reproduzir ou
Sempre fui assim, piegas profissional. A Mayumi, diante da
citar um ato de enunciação. O texto acima é constituído por
mesma árvore, tecia considerações sobre a evolução genética da
apenas um tipo de discurso. Analise as proposições em relação a
espécie.
ele e aos tipos de discursos.
6 bombas da Crimeia – referência à Guerra da Crimeia (1853- (Famerp 2020) No primeiro parágrafo, o trecho “Livre em todas
as minhas ações, não quero sujeitar-me à lei absurda que a
1856), assunto do livro que o autor lia, durante o voo.
sociedade me impõe” é parte da fala do personagem Luís Soares.
O mesmo trecho, em discurso indireto, seria:
(G1 - cftmg 2020) A explicação do emprego dos sinais de a) Luís Soares dizia que, livre em todas as suas ações, não quer
pontuação foi corretamente apresentada entre colchetes em sujeitar-se à lei absurda que a sociedade lhe impõe.
b) Luís Soares dizia, livre em todas as suas ações, que não quer
a) “Atenção, senhores passageiros, caso haja um médico a bordo,
sujeitar-se à lei absurda que a sociedade o impõe.
favor se apresentar a um de nossos comissários”. [as duas
c) Luís Soares dizia que, livre em todas as suas ações, não queria
primeiras vírgulas foram utilizadas para isolar vocativo]
sujeitar-se à lei absurda que a sociedade o impunha.
b) “desde tempos imemoriais, enquanto o corpo seguia ao deus-
d) Luís Soares dizia, livre em todas as suas ações, que não quis
dará, a alma era tratada por mitos, versos, fábulas” [todas as
sujeitar-se à lei absurda que a sociedade o impôs.
e) Luís Soares dizia que, livre em todas as suas ações, não queria Exercício 23
sujeitar-se à lei absurda que a sociedade lhe impunha. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O diálogo, desenvolvido entre as personagens Menipo e Hermes,
Exercício 22 faz parte do livro Diálogo dos Mortos, do escritor Luciano de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Samósata.
Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
responder à(s) questão(ões) a seguir.
Menipo – Onde estão os belos e as belas, Hermes1? Leva-me até
eles, pois eu sou novato aqui.
Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido,
Hermes – Não tenho tempo, Menipo. Mas, olha aquilo ali, à
pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês.
Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas direita: ali está Jacinto, também Narciso e Nireu e Aquiles2; e
estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não ainda Tiró, Helena3, Leda, em suma, todas as beldades antigas.
poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador. Menipo – Eu estou vendo só ossos e crânios desprovidos de
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de carnes, a maioria desses semelhantes.
Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais Hermes – Contudo, aqueles são os ossos que todos os poetas
próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo. admiram e que tu pareces desprezar.
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como Menipo – Mesmo assim, mostra-me Helena, pois eu não saberia
outros destruidores de telas que entram num museu armados de reconhecê-la.
facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não Hermes – Esse crânio aí é Helena.
apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não, Menipo – Então é por causa disso aí que foram lotados milhares
usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente de navios da Grécia inteira e tombaram tantos gregos e bárbaros,
insuspeitados: os cupins. e tantas cidades foram arrasadas!
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário Hermes – Mas, Menipo, tu não viste essa mulher em vida; senão
treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para tu também terias dito que não merece castigo “sofrer dores por
isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do muito tempo por uma mulher”, porque também as flores secas, se
artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução alguém as contempla depois que elas perdem o viço, é evidente
açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais que lhe parecerão murchas; mas enquanto florescem e mantêm o
obras de outras. colorido, elas são muito belas.
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que Menipo – Pois é isso mesmo que me causa admiração, Hermes:
só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os que os Aqueus4 não perceberam que estavam sofrendo por uma
insetos era agradável, e isso era o que importava. coisa tão efêmera e tão facilmente perecível.
Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que
aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar Luciano de Samósata, Diálogo dos Mortos. Trad. Henrique G.
as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do Murachco. Edusp: São Paulo, p. 67.
prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram
detectados.
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua 1. Hermes: divindade grega posteriormente assimilada à
desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram representação do deus Mercúrio, pela mitologia romana. Na cena,
encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe Hermes entrega as almas a Caronte, que se encarrega de fazê-las
serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem atravessar o Aqueronte, rio que separa o mundo dos vivos e dos
querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a mortos.
mesma coisa. 2. Aquiles: filho de Peleu e Tétis, o mais valente dos heróis na
guerra de Troia, de cabeleira dourada. É jovem, forte e belo. Morre
(O imaginário cotidiano, 2002.) em plena juventude; por isso ele está ao lado de beldades, tais
como Jacinto e Narciso.
3. Helena: mulher de Menelau, raptada por Páris, filho de Príamo,
rei de Troia, foi a causa da guerra que levou ao Hades milhares de
(Unifesp 2020) “Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis almas de heróis, segundo Homero.
girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes 4. Aqueu: relativo aos aqueus, um dos quatro ramos do povo
deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto grego antigo, ou indivíduo dos aqueus, relativo à Acaia (antiga
criador.” (1º parágrafo) Grécia), ou ao seu natural ou habitante.
Amar a nossa falta mesma de amor, _____2_____, azuis ou verdes, conforme o reflexo da roupa. De
e na secura nossa amar a água implícita, que cor estariam hoje 13seus olhos?
e o beijo tácito, e a sede infinita. Ema aprumou o corpo.
– Pensava que se nós morássemos numa casa grande,
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: vocês e nós...
Companhia das Letras. 2012. p. 26.) Bárbara sorriu. Também ela uma vez tivera a 14ideia. – As
crianças brigariam o tempo todo.
15
Novamente a amiga tinha razão. 16Os filhos não se
Vocabulário:
suportavam, discutiam por qualquer motivo, ciúme doentio de
Expectante: aquele que espera, que observa.
tudo. 17O que sombreava o relacionamento dos casais.
Inerte: o que não possui movimento nem se consegue
– Pelo menos podíamos morar mais perto, então.
movimentar; imóvel.
Se o marido estivesse em casa, 18seria obrigada a assistir
Inóspito: local sem condições para ser habitado.
à televisão, _____3_____, ele mal chegava, ia ligando o aparelho,
Pérfida: desleal; em que há traição, falsidade.
ainda que soubesse que ela detestava sentar que nem múmia
Rapina: ato de roubar astuciosa e violentamente.
diante do aparelho – levantou-se, repelindo a lembrança.
Tácito: algo que é implícito ou que está subentendido.
Preparou uma jarra de limonada. _____4_____ todo aquele
interesse de Bárbara na revista? Reformulou a pergunta em voz
alta.
(G1 - cmrj 2019) Algumas estratégias argumentativas foram
empregadas no texto para persuadir o leitor de que a opinião do – Nada em especial. Uma pesquisa sobre o
eu lírico é um fato inquestionável. comportamento das crianças na escola, de como se modificam
19
as personalidades longe dos pais.
A estratégia de persuasão presente no poema caracteriza-se de
modo mais evidente pelo uso de Adaptado de: VAN STEEN, Edla. Intimidade. In: MORICONI, Italo
(org.) Os cem melhores contos brasileiros do século. 1. ed. Rio de
a) discurso direto.
Janeiro: Objetiva, 2009. p. 440-441.
b) pergunta retórica.
c) linguagem figurada.
d) repetição de termos.
(Ufrgs 2019) Assinale a alternativa que realiza adequadamente a
e) argumento de autoridade.
transposição para o discurso indireto do trecho a seguir.
Exercício 28
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: – Para mim esta é a melhor hora do dia – Ema disse, voltando
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionadas ao texto abaixo. do quarto dos meninos (ref. 1).
Exercício 31
(Espm 2019) Em Lima Barreto, a sequência grande de perguntas (UFU 2018) Muitos paquistaneses acreditam que a mídia local e
ao longo do texto configura o: internacional promove a jovem ativista de forma exagerada e
desnecessária. Partidos de direita afirmam que a “campanha”
a) discurso direto, em que há reprodução da fala da personagem para promovê-la é a prova de que há um "lobby internacional" por
ou do diálogo entre personagens. trás de tudo isso. [...]
b) discurso indireto, em que o narrador conta aos leitores o que a Os defensores da ganhadora do Nobel da Paz acusam os
personagem disse. Não há travessão. “odiadores de Malala” de campanha de difamação contra ela. Até
que a mentalidade das pessoas mude, argumentam, a jovem não
c) discurso indireto livre, em que há o pensamento da
poderá viver em sua terra natal de forma permanente.
personagem, expresso pelo narrador, em meio à narrativa.
d) solilóquio, em que a personagem extravasa os seus
Disponível em:<https://goo.gl/abhkYN>. Acesso em: 30 mar.
pensamentos e emoções em monólogos, sem dirigir-se
2018.
especificamente a qualquer ouvinte.
e) fluxo da consciência, em que há transcrição do complexo
No texto sobre o retorno de Malala Yousafzai ao Paquistão pela
processo de pensamento não-linear de uma personagem, com o
raciocínio lógico entremeado com impressões pessoais primeira vez desde que foi baleada pelo Talibã, o emprego das
momentâneas e exibindo os processos de associação de ideias. aspas em “odiadores de Malala” tem o efeito de
JUIZ: Terá a bondade de entregar o filho a seu dono, pois é aqui TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
da mulher do senhor. A(s) questão(ões) refere(m)-se à crônica a seguir.
Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela
JUIZ: Nem mais nem meios mais; entregue o filho, senão, cadeia.
moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha
história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e
(Martins Pena. Comédias (1833-1844), 2007.)
dissesse — “ai meu Deus, que história mais engraçada!”. E então
a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três
(UNIFESP 2016) O emprego das aspas no interior da fala do
amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem
escrivão indica que tal trecho
muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre.
a) reproduz a solicitação de Francisco Antônio. Ah, que minha história fosse como um raio de sol,
b) recorre a jargão próprio da área jurídica. irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa,
c) reproduz a fala da mulher de Francisco Antônio. enlutada, doente.
d) é desacreditado pelo próprio escrivão. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois
e) deve ser interpretado em chave irônica. repetisse para si própria — “mas essa história é mesmo muito
engraçada!”. [...] Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas
Exercício 40
de espera a minha história chegasse — e tão fascinante de graça,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu
Leia o texto para responder a(s) questão(ões).
coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito,
depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes
dissesse — “por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de
Uma organização não governamental holandesa está propondo
prender ninguém!”. E que assim todos tratassem melhor seus
um desafio que muitos poderão considerar impossível: 1ficar 99
empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e
dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é
espontânea homenagem à minha história. [...]
medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
E quando todos me perguntassem — “mas de onde é que você
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos
tirou essa história?” — eu responderia que ela não é minha, que
realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o
eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a
teste é completamente voluntário.
outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim:
Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto
“Ontem ouvi um sujeito contar uma história...”.
do perfil no Facebook e postar um contador na rede social.
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da
na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está
abstinência.
doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
cinzenta de meu bairro.
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem
acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que BRAGA, Rubem. In: A traição das elegantes. Record: Rio de
poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais Janeiro, 1982, p. 93.
realizadoras”.
(G1 - CFTMG 2015) No primeiro parágrafo, o uso de aspas na
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.) expressão “ai meu Deus, que história mais engraçada!” tem por
objetivo
(UNIFESP 2015) Considere o enunciado a seguir:
a) indicar uma fala.
[...] ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. (ref. b) reforçar o humor.
1) c) sinalizar uma ironia.
[...] que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente d) destacar uma citação.
mais realizadoras”. (ref. 2)
Exercício 42
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Nos dois trechos, utilizam-se as aspas, respectivamente, para Utilize o texto abaixo para responder à(s) questão(ões).
a) indicar o sentido metafórico e marcar a fala coloquial.
b) enfatizar o discurso direto e marcar uma citação. Na semana passada, um telejornal exibiu uma matéria sobre a
c) marcar o sentido pejorativo e enfatizar o sentido metafórico. “morte” das lâmpadas incandescentes. O (ótimo) texto do
repórter começava assim: “A velha e boa lâmpada incandescente, b) reforçar-lhe o sentido contextual, equivalente a predestinado.
mais velha do que boa...”. c) marcá-lo com sentido conotativo, equivalente a reprovável.
Hábil com as palavras, o repórter desfez a igualdade que a d) enfatizar-lhe o sentido denotativo, equivalente a desgraçado.
conjunção aditiva “e” estabelece entre “velha” e “boa” e instituiu e) destituí-lo do sentido literal, equivalente a buliçoso.
entre esses dois adjetivos uma relação de comparação de
Exercício 44
superioridade, que não se dá da forma costumeira, isto é, entre
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
dois elementos (“A rua X é mais velha do que a Y”, por exemplo),
mas entre duas qualidades (“velha” e “boa”) de um mesmo Princesa Arabela, mimada que só ela!
elemento (a lâmpada incandescente). Mylo Freeman
Ao dizer “mais velha do que boa”, o repórter quis dizer que a tal
Era uma vez uma princesinha chamada Arabela. Ela morava num
lâmpada já não é tão boa assim. Agora suponhamos que a
grande palácio com seu pai e sua mãe: o rei e a rainha. O dia do
relação entre “velha” e “boa” se invertesse. Como diria o repórter:
seu aniversário estava chegando. Mas o que se pode dar a uma
“A velha e boa lâmpada incandescente, mais boa do que velha...”
princesinha que tem tudo?
ou “A velha lâmpada incandescente, melhor do que velha...”?
– Minha querida Arabelinha, o que você quer ganhar de presente?
Quem gosta de seguir os burros “corretores” ortográficos dos
– perguntou o rei. A princesa Arabela pensou... Pensou...
computadores pode se dar mal. O meu “corretor”, por exemplo,
1
condena a forma “mais boa do que velha” (o “mestre” grifa o par – O que você acha de um par de patins com rubis nas rodas? –
“mais boa”). Quando escrevo “melhor do que boa”, o iluminado sugeriu a rainha.
me deixa em paz. E por que ele age assim? Por que, para ele, não – Eu já tenho – respondeu a princesa Arabela.
existe “mais bom”, “mais boa”; só existe “melhor”. – E uma bicicleta dourada?
– Eu já tenho – respondeu a princesa.
(Pasquale Cipro Neto, Folha de S. Paulo, 11/07/13) – E um ratinho de pelúcia gostoso de abraçar?
(INSPER 2014) As aspas empregadas em “o mestre”, na oração – Eu já tenho – respondeu a princesa.
“‘o mestre’ grifa o par ‘mais boa’” (último parágrafo), revelam – E uma zebra de balanço?
– Já tenho.
a) ironia.
– E um joguinho de chá? E um carrinho de boneca? E um...
b) ênfase. 2
– Eu já tenho tudo isso! – exclamou a princesa. – Agora eu quero
c) reverência.
uma coisa diferente. Eu quero... Um elefante!
d) apropriação de discurso alheio.
– Um elê o quê? – gritou a rainha.
e) inserção de termo de outro nível linguístico.
– Xiiii... Murmurou o rei. – Onde vamos encontrar um animal
Exercício 43 desses?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: – E quem vai deixar que ele fique conosco?
O silêncio é a matéria significante por excelência, um continuum A princesa Arabela nem quis saber das dificuldades. Ela queria
significante. O real da comunicação é o silêncio. E como o nosso um elefante.
objeto de reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação No dia seguinte, o rei ordenou a seus servos que fossem procurar
que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso. um elefante.
O homem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras, Os servos procuraram por sete dias e sete noites. Voltaram no
diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo tem de oitavo dia. Com um elefante.
fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem está Finalmente chegou o grande dia do aniversário da princesa
irremediavelmente constituído pela sua relação com o simbólico. Arabela.
Numa certa perspectiva, a dominante nos estudos dos signos, se 3
Quando ela abriu os olhos de manhã, seu presente já estava lá.
produz uma sobreposição entre linguagem (verbal e não-verbal) Arabela dançou de alegria em volta do elefante.
e significação. – Eu vou brincar com ele agora mesmo! – ela disse, toda contente.
Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando Venha, Elefante, sente-se aqui!
uma redução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é, é Elefante ficou parado, triste, olhando para frente.
remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja 4– Ei, você é o meu presente, tem que brincar comigo! – gritou
atribuído sentido. Arabela, impaciente.
Nessa mesma direção, coloca-se o “império do verbal” em nossas Mas Elefante nem se mexeu. Uma grande lágrima escorreu
formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o devagar pela sua tromba. E mais uma, e mais outra. Não demorou
silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto muito, e a princesa Arabela estava num lago de lágrimas que
matéria significante distinta da linguagem. alcançava seus tornozelos.
5– Pare com isso, senão eu acabo me afogando! – ela disse.
(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)
– Quero ir pra casa! – soluçava Elefante. – Por favor, leve-me de
volta.
– Não posso, você é meu presente – protestou a princesa. Mas
(UNIFESP 2013) No segundo parágrafo do texto, empregam-se
quando Elefante começou a soluçar de novo, ela gritou depressa:
as aspas no termo “condenado” para
– Por favor, pare de chorar. Eu vou levar você de volta agora
a) atribuir-lhe um segundo sentido, equivalente a culpado. mesmo!
Pelo caminho, a princesa Arabela viu uma porção de bichos V. Na oração “Não nos maltrate”, de acordo com a classificação
diferentes. morfológica, é correto afirmar que o termo sublinhado deve ser
6 classificado como pronome possessivo.
– Eu quero este, e aquele, e aquele outro também! – Elefante foi
andando depressa... Quando finalmente chegaram ao lugar onde
Elefante morava, 7uma elefantinha correu em direção a eles. Estão CORRETAS, apenas, as proposições
8 a) I e V.
– Mamãe! Você chegou bem na hora! E trouxe meu presente com
você! b) I e II.
– Sim, filhinha – Elefante respondeu. c) II e V.
– E é justamente o que você sempre quis: uma princesinha de d) III e IV.
verdade! e) II e III.
Exercício 46
FREEMAN, Mylo. Princesa Arabela, mimada que só ela! Tradução
(ITA 2017)
Ruth Salles. Coleção Giramundo. São Paulo: Editora Ática, 2008.
Frasco de âmbar
À força de guardar-te
(G1 - CMRJ 2019) “– Eu já tenho tudo isso! – exclamou a
evaporaste!
princesa.” (ref. 2) A palavra sublinhada indica que a princesa
a) sussurrou bem alto. (Em: Vivenda. São Paulo: Duas Cidades, 1989.)
b) reclamou em voz alta. No poema de Maria Lúcia Alvim intitulado Frasco de âmbar, que
c) proferiu com serenidade. possui uma atmosfera muito feminina,
d) estava exaltada de felicidade.
e) ordenou que o narrador colocasse o ponto de exclamação. I. a voz lírica expressa-se de modo sentimental – daí o ponto de
exclamação – revelando forte afeto do "eu" em relação ao "tu".
Exercício 45
II. a fala dirigida ao objeto contém um lamento pela sua perda,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ocorrida apesar de todo o cuidado e apego que a ele foram
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
dedicados.
III. o teor metafórico do poema se reforça na associação
estabelecida entre a volatilidade do perfume e o sentimento
amoroso.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas I e II.
c) apenas II.
d) apenas II e III.
e) todas.
Exercício 47
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(G1 - IFPE 2019) No primeiro balão presente no texto, (G1 - IFSP 2012) No primeiro quadrinho, os pontos de
encontramos a seguinte sentença: “Não nos maltrate!”. Acerca exclamação empregados na fala de Helga contribuem para
dos aspectos linguísticos presentes nela, julgue as assertivas mostrar que a personagem
abaixo.
a) espanta-se, pois vê as condições lamentáveis em que seu
marido chega em casa.
I. A oração é iniciada por um advérbio de intensidade: “não”.
b) entristece-se, pois esperava ansiosamente que Hagar lhe
II. O ponto de exclamação é utilizado para indicar a emoção
trouxesse o que ela havia pedido.
expressa no pedido feito pelo idoso.
c) lamenta-se, pois sabe que seu marido não se empenha para
III. O termo nos pertence à mesma classe gramatical que me,
dar sustento à família.
conforme emprego na seguinte oração: “não me engane”.
d) irrita-se, pois a chegada de Hagar interrompe o chá e a
IV. O uso do modo verbal imperativo, “maltrate”, indica a presença
conversa com sua filha.
de informalidade.
e) alegra-se com o retorno do marido, pois ele é o responsável No entanto, esse encontro não acontece. Tampouco a livre
por prover a casa. circulação. As pessoas só encontram uma multidão “sem rosto e
coração” — nos dizeres dos Racionais MC’s —, e a circulação no
Exercício 48 interior do shopping não pode ocorrer de forma livre e
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: espontânea. Ela tem regras claras e rígidas: os pobres podem
circular pelo shopping, contanto que finjam pertencer a outra
classe social. Mesmo que circulem no shopping sem recursos
para consumir, eles devem desejar consumir. Da mesma forma, os
negros podem circular pelo shopping tranquilamente, desde que
finjam ser brancos nas vestimentas, nos cabelos, no
comportamento etc.
(G1 - CFTRJ 2017) O recurso expressivo usado na tirinha está Os rolezinhos em shoppings — da periferia ou das áreas
corretamente explicado na alternativa: abastadas —, que se tornaram um fenômeno neste verão, têm
características muito semelhantes com os pancadões de rua
a) A gíria “joça” carrega valor apreciativo.
realizados de forma espontânea e congregam um número
b) A onomatopeia “Primm! Primm!” reproduz o som da televisão
significativo de jovens que se reúnem, sobretudo, em torno da
ligada.
expressão cultural do funk. O polêmico e famigerado funk é um
c) As reticências em “Perdi tudo...” reforçam a tristeza da
dos principais mobilizadores dos jovens na metrópole paulistana.
personagem.
E um dos segredos da sua força não está necessariamente no
d) As exclamações em “Atende essa joça!!!” expressam euforia da
apelo sexual de algumas músicas ou na sua batida envolvente,
personagem.
mas na forma como ressignificou as ruas para esses jovens. “No
Exercício 49 dia em que tem pancadão, a rua é nossa!” E se a rua é “nossa”,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: pode-se fazer qualquer coisa, inclusive não fazer nada... E, se o
A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo. “som é de preto, de favelado e, quando toca, ninguém fica
parado”, não há necessidade de fingir ser outra coisa, como
O rolezinho da juventude nas ruas do consumo e do protesto exigem os shoppings centers. Ao contrário, é um momento de
afirmação dessa mesma identidade periférica.
por Renato Souza de Almeida Nesse sentido, estar no shopping — no local que a sociedade
estabeleceu para substituir a rua — é bastante provocador. Os
Os jovens têm criado formas cada vez mais interessantes de rolezinhos levaram para dentro do paraíso do consumo a
manifestação. Desde as jornadas de junho de 2013 — que levou afirmação daquilo que esse mesmo espaço lhes nega: sua
às ruas milhares de brasileiros — até os chamados “rolezinhos” identidade periférica. Se quando o jovem vai ao shopping namorar
— que também vêm colocando centenas em circulação — se ou consumir com alguns amigos ele deve fingir algo que não é,
instalou uma crise na análise daqueles que insistiam em afirmar com os rolezinhos ele afirma aquilo que é! E quando faz essa
uma possível apatia dessa geração juvenil. afirmação ele revela a contradição na lógica dos shopping
“Sair de rolê...” significa dar uma circulada despretensiosa pela centers. Ou seja, os rolezinhos põem por terra a aparente
vila ou pela cidade. É possível dar um rolê de trem, de ônibus ou a circulação livre e o espaço aberto que os shoppings dizem
pé. Geralmente, o rolê está ligado ao lazer ou a alguma prática proporcionar. Quando o jovem afirma, por meio do rolezinho, sua
cultural. 1Sai de rolê o pichador, o skatista, o caminhante... O que identidade de negro e pobre, a contradição se evidencia e a
vem chamando a atenção de muita gente é como um simples polícia é acionada, e tão logo o paraíso do consumo e do prazer se
gesto de sair e circular de forma livre tem ocupado um papel revela como o inferno do preconceito racial e da violência.
central nas principais mobilizações juvenis na cidade de São Esses jovens que hoje mobilizam os rolezinhos são intitulados
Paulo nos últimos tempos. “geração shopping center”, consumista, por parte dos mais
[...] Quem não é mais jovem e sempre morou nas periferias de São velhos. Porém a prática dos rolezinhos nos shoppings está
Paulo, com raras exceções, vai se recordar que a rua era o espaço revelando a contradição mais aguda desse espaço que tentou
por excelência da sociabilidade, do lazer e da convivência. Com a tomar o locus simbólico da rua. Nos rolezinhos, os jovens não são
chegada do asfalto, vieram também muitos carros e se instituiu consumidores, mas produtores. Produzem um novo jeito de
circular pelo shopping. Produzem uma prática cultural que se
como verdade o discurso de que a rua é lugar perigoso e violento.
contradiz com esse lugar. Produzem contradição e desordem no
Para muitos adultos, as políticas culturais só se justificam se for
sistema. E produzem uma nova gramática política ao afirmar sua
para “tirar os jovens das ruas”. Para os jovens, ao contrário, suas
classe num espaço que existe para negá-la. [...]
ações culturais só têm força e sentido quando acontecem na rua,
no espaço público.
Disponível em: < http://www.diplomatique.org.br>. Acesso em: 29
A condenação da rua como espaço da violência veio
ago. 2014 - Artigo publicado em 03 fev. 2014 (fragmento de
acompanhada da chegada dos shopping centers também às
texto)
periferias. Muita gente vai ao shopping tentar encontrar um vazio
deixado pelo “fim” das ruas. Para além do consumo, busca-se
num shopping um passeio mais livre, solto, e a possibilidade de
encontro com pessoas de fora do círculo mais próximo, familiar. (G1 - CFTMG 2015) “Sai de rolê o pichador, o skatista, o
caminhante... O que vem chamando a atenção de muita gente é
como um simples gesto de sair e circular de forma livre tem e) A palavra “fortuna”, tal como foi empregada (ref.6), pode ser
ocupado um papel central nas principais mobilizações juvenis na substituída por “bens”, sem prejuízo para o sentido.
cidade de São Paulo nos últimos tempos.” (ref. 1)
Exercício 51
Nesse trecho, o uso das reticências tem sentido equivalente ao TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
emprego do termo Texto
pessoal que defendem. 13Além disso, mantêm com a solidão uma são muitos que chegam lá, mas − quanto tempo ele pode ainda
relação mais do que cordial. viver? (...) mesmo que ele viva dez anos, mesmo que ele viva vinte
14Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não anos, a casimira sem dúvida durará mais. Aí, depois que o
necessariamente. Entre os habitados há de tudo, gente fenomenal sepultarmos, depois que voltarmos do cemitério, depois que
e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não recebermos os pêsames dos parentes, e dos amigos, e dos
merecem abrandamento de pena pelo fato de serem, em certos conhecidos, teremos de decidir o que fazer com as coisas dele,
aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam. que são poucas e sem valor − à exceção de um casaco
confeccionado com o corte de casimira que você pretende lhe dar.
Interessam, mas causam dano. 15Eu não gostaria de repartir a
Você, em lágrimas, dirá que não quer discutir o assunto, mas eu
mesa de um restaurante com Hannibal Lecter, "The Cannibal",
terei que insistir, até para o seu bem, Matilda; os mortos estão
16
ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem mortos, os vivos precisam continuar a viver, eu direi. Algumas
imortalizado por Anthony Hopkins renderia um papo mais hipóteses serão levantadas. Vender? Você dirá que não; seu pai, o
estimulante do que uma conversa com, 17sei lá, Britney Spears, velho fazendeiro, verdade que arruinado, despreza coisas como
que 18só tem gente em casa porque está grávida. comprar e vender, ele acha que ser lojista, como eu, é a suprema
Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao degradação. Dar? A quem? A um pobre? Mas não, ele sempre
mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer seja detestou pobres, Matilda, você lembra a frase característica de
nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou seu pai: 3tem que matar esses vagabundos. O casaco ficaria
a vida inteira, o que é melhor ainda. pendurado em nosso roupeiro, Matilda. Ficaria pendurado muito
tempo lá. A não ser, Matilda, que seu pai dure mais tempo que o
MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos. casaco. Não apenas isso é impossível, como remete a uma outra
As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva, 324-325. interrogação: e o seguro de vida dele, Matilda? E as joias de sua
mãe, que ele guarda debaixo do colchão? Quanto tempo ainda
terei de esperar?
(UECE 2016) Sobre o seguinte enunciado interrogativo: “Então Estou partindo Matilda. Deixo o meu endereço. Como você vê,
são as criaturas mais incríveis do universo?” (referência 14), é estou indo para longe, para uma pequena praia da Bahia. Trópico,
INCORRETO dizer que Matilda. 4Lá ninguém usa casimira.
a) constitui o que se conhece como pergunta retórica.
b) é uma tentativa de interação com o leitor por parte do Moacyr Scliar
enunciador. Contos reunidos. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
c) nesse tipo de interrogação, o enunciador espera uma resposta
do leitor ou coenunciador. (UERJ 2014) Ele está fazendo noventa anos. É uma idade
d) torna o texto mais vivo, uma vez que há uma tentativa de respeitável, e não são muitos que chegam lá, mas − quanto
diálogo. tempo ele pode ainda viver? (ref. 6)
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 22. ed. Rio de Janeiro: (UFPR 2020) Acerca de aspectos relativos à pontuação, assinale
José Olympio, 2010. p. 97. a alternativa correta com relação a alguns excertos do texto.
futebol brasileiro. Na esperança de chegar a um clube grande, os 1O pensamento iluminista abraçou a ideia do progresso e buscou
22 atletas em campo correm no estádio em troca de um salário ativamente a ruptura com a história e a tradição esposada pela
mínimo (998 reais) na carteira assinada – 2isso quando não há modernidade. Foi, sobretudo, um movimento secular que
atraso no pagamento. Juntos, ganham cerca de 22 mil reais – procurou desmistificar e dessacralizar o conhecimento e a
menos de 2% do salário mensal de uma estrela como o atacante organização social para libertar os seres humanos de seus
grilhões. Ele levou a injunção de Alexander Pope, de que “o
Gabriel Barbosa, o Gabigol, do Flamengo. Longe do 3glamour dos
estudo próprio da humanidade é o homem”, muito a sério. Na
estádios padrão Fifa, os 22 em campo no chamado Clássico da
medida em que ele também saudava a criatividade humana, a
Leopoldina, 4em referência à antiga linha de trem, são um retrato
descoberta científica e a busca da excelência individual em nome
do precário mercado de trabalho da bola no Brasil.
do progresso humano, os pensadores iluministas acolheram o
Levantamento do antigo Ministério do Trabalho revela que a
turbilhão da mudança e viram a transitoriedade, o fugidio e o
maioria (54%) dos jogadores de futebol do país empregados em
fragmentário como condição necessária por meio da qual o
2017 recebia até três salários mínimos (2.811 reais). Os dados
projeto modernizador poderia ser realizado. Abundavam
constam da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de
doutrinas de igualdade, liberdade, fé na inteligência humana (uma
2017.
vez permitidos os benefícios da educação) e razão universal.
[...]
“Uma boa lei deve ser boa para todos”, pronunciou Condorcet às
A estatística do antigo Ministério do Trabalho é o único
vésperas da Revolução Francesa, “exatamente da mesma maneira
levantamento que tenta mapear os salários no futebol brasileiro.
como uma proposição verdadeira é verdadeira para todos”. Essa
5
A CBF fazia uma pesquisa parecida, mas deixou de publicar por visão era incrivelmente otimista. Escritores como Condorcet,
causa das distorções criadas pelos contratos de direito de observa Habermas (1983, p. 9), estavam possuídos “da
imagem. Segundo a última edição do trabalho da entidade que extravagante expectativa de que as artes e as ciências iriam
comanda o futebol nacional, mais de 80% dos jogadores de promover não somente o controle das forças naturais, mas
futebol ganhavam até 1 mil reais por mês em 2016. 6Sem citar também a compreensão do mundo e do eu, o progresso moral, a
nomes, a CBF informou que apenas um jogador recebia mais de justiça das instituições e até a felicidade dos seres humanos”.
500 mil reais, mas o número estava longe da realidade, e o 2O século XX – com seus campos de concentração e esquadrões
mesmo se pode dizer dos dados da RAIS. O salário em carteira é da morte, seu militarismo e duas guerras mundiais, sua ameaça
só uma parte do que os atletas recebem, pois o principal vem dos
de aniquilação nuclear e sua experiência de Hiroshima e Nagasaki
direitos de imagem e patrocínios.
– certamente deitou por terra esse otimismo. Pior ainda, há
Mas essa é uma realidade dos clubes grandes. Em clubes como
suspeita de que o projeto do Iluminismo estava fadado a voltar-se
Bonsucesso e Olaria, não há direitos de imagem, já que não há
contra si mesmo e transformar a busca da emancipação humana profissionais, bailarinas austríacas, cabeleireiras lituanas. Paul
num sistema de opressão universal em nome da libertação Balt toca acordeão, Ivan Donef faz coquetéis, Galar Bedrich é
humana. Essa foi a atrevida tese apresentada por Horkheimer e vendedor, Serof Nedko é ex-oficial, Luigi Tonizo é jogador de
Adorno em Dialética do esclarecimento (1972). Escrevendo sob futebol, Ibolya Pohl é costureira. Tudo 15gente para o asfalto,
as sombras da Alemanha de Hitler e da Rússia de Stálin, eles “para entulhar as grandes cidades”, como diz o repórter.
alegavam que a lógica que se oculta por trás da racionalidade 6O repórter tem razão. 3Mas eu peço licença para ficar
iluminista é uma lógica da dominação e da opressão. A ânsia por imaginando uma porção de coisas vagas, ao olhar essas belas
dominar a natureza envolvia o domínio dos seres humanos, o que fotografias que ilustram a reportagem. Essa linda costureirinha
no final só poderia levar a “uma tenebrosa condição de morena de Badajoz, essa Ingeborg que faz fotografias e essa
autodominação”, conforme salienta Bernstein (1985, p. 9). A Irgard que não faz coisa alguma, esse Stefan Cromick cuja única
revolta da natureza, que eles apresentavam como a única saída
experiência na vida parece ter sido vender bombons 11– não, essa
para o impasse, tinha, portanto, de ser concebida como uma
gente não vai aumentar a produção de batatinhas e quiabos nem
revolta da natureza humana contra o poder opressor da razão
16
puramente instrumental sobre a cultura e a personalidade. plantar cidades no Brasil Central.
7É insensato importar gente assim. Mas o destino das pessoas e
São questões cruciais saber (i) se o projeto do Iluminismo estava
ou não fadado desde o começo a nos mergulhar num mundo dos países também é, muitas vezes, insensato: principalmente da
kafkiano; (ii) se tinha ou não de levar a Auschwitz e Hiroshima; e gente nova e países novos. 8A humanidade não vive apenas de
(iii) se lhe restava ou não poder para formar e inspirar o carne, alface e motores. Quem eram os pais de Einstein, eu
pensamento e a ação contemporâneos. 3Há quem, como pergunto; e se o jovem Chaplin quisesse hoje entrar no Brasil
Habermas, continue a apoiar o projeto, se bem que com forte acaso poderia? Ninguém sabe que destino terão no Brasil essas
dose de ceticismo quanto às suas metas, com muita angústia mulheres louras, esses homens de profissões vagas. Eles estão
quanto à relação entre meios e fins e com certo pessimismo no procurando alguma coisa12: emigraram. Trazem pelo menos o
tocante à possibilidade de realizar tal projeto nas condições patrimônio de sua inquietação e de seu 17apetite de vida. 9Muitos
econômicas e políticas contemporâneas. E há quem – e isso é o se perderão, sem futuro, na vagabundagem inconsequente das
cerne do pensamento filosófico pós-modernista – insista que cidades; uma mulher dessas talvez se suicide melancolicamente
devemos, em nome da emancipação humana, abandonar por dentro de alguns anos, em algum quarto de pensão. Mas é
inteiro o projeto iluminista. A posição a tomar depende de como preciso de tudo para 18fazer um mundo; e cada pessoa humana é
se explica o “lado sombrio” da nossa história recente e do grau um mistério de heranças e de taras. Acaso importamos o pintor
até o qual o atribuímos aos defeitos da razão iluminista, e não à Portinari, o arquiteto Niemeyer, o físico Lattes? E os construtores
falta de sua correta aplicação. de nossa indústria, como vieram eles ou seus pais? Quem
pergunta hoje, 10e que interessa saber, se esses homens ou seus
HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as
pais ou seus avós vieram para o Brasil como agricultores,
origens da mudança cultural. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993. p.
comerciantes, barbeiros ou capitalistas, aventureiros ou
23-24. (Adaptado).
vendedores de gravata? Sem o tráfico de escravos não teríamos
tido Machado de Assis, e Carlos Drummond seria impossível sem
(UEG 2020) Considere o seguinte trecho do texto: uma gota de sangue (ou uísque) escocês nas veias, 4e quem nos
garante que uma legislação exemplar de imigração não teria feito
“O século XX – com seus campos de concentração e esquadrões Roberto Burle Marx nascer uruguaio, Vila Lobos mexicano, ou
da morte, seu militarismo e duas guerras mundiais, sua ameaça Pancetti chileno, o general Rondon canadense ou Noel Rosa em
de aniquilação nuclear e sua experiência de Hiroshima e Nagasaki Moçambique? Sejamos humildes diante da pessoa humana: 5o
– certamente deitou por terra esse otimismo”. (ref. 2). grande homem do Brasil de amanhã pode descender de um
clandestino que neste momento está saltando assustado na
O travessão duplo é usado no período com a função de praça Mauá13, e não sabe aonde ir, nem o que fazer. Façamos
a) introduzir um discurso direto. uma política de imigração sábia, perfeita, materialista14; mas
b) demarcar uma sequência. deixemos uma pequena margem aos inúteis e aos vagabundos,
c) ligar um termo ao outro. às aventureiras e aos tontos porque dentro de algum deles, como
d) sinalizar uma metáfora. sorte grande da fantástica 19loteria humana, pode vir a nossa
e) intercalar um aposto. redenção e a nossa glória.
imigrantes logo que chegam. E falou dos equívocos de nossa I. o travessão da referência 11 serve para realçar uma conclusão
2 do que foi dito anteriormente.
política imigratória. As pessoas que ele encontrou não eram
agricultores e técnicos, gente capaz de ser útil. Viu músicos
II. os dois pontos da referência 12 podem ser substituídos por Lembro que um dos meus jogos favoritos tinha uma enciclopédia
ponto e vírgula. de personagens e passos, e eu parava para ficar lendo, em um
III. a vírgula, em “está saltando assustado na praça Mauá, e não jogo! Eu amava. Eu acho que está tudo integrado, as ideias são
sabe”, referência 13, pode ser excluída. contadas de várias formas diferentes e cada meio dá uma
IV. o ponto e vírgula da referência 14 pode ser substituído por roupagem diferente para a história. Cada uma dessas obras acaba
ponto final. completando a outra”.
(6) Mas existe o risco dos livros perderem público para outros
Estão corretas apenas meios? De acordo com a autora, não: “Eu acho que, querendo ou
não, sempre vai ter um (meio de entretenimento) mais popular, eu
a) I, II e III.
não acho que um interfere na produtividade do outro, os meios e
b) I, III e IV.
as formas de contar história são independentes e podem se
c) II e III.
manter”. Bárbara também deixa claro como reagiria caso uma de
d) II, III e IV.
suas obras literárias fosse adaptada para outros meios: “Eu ia
e) III e IV.
amar, mesmo que não fosse uma adaptação boa, ia popularizar
Exercício 59 meu trabalho; eu toparia, sim”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (7) Segundo o professor do departamento de comunicação da
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir. Universidade Católica de Brasília, Ciro Inácio Marcondes, a ideia
de uma consciência “transmídia” não é algo novo, pelo contrário,
FRONTEIRAS ENTRE GAMES, LIVROS E CINEMA ESTÃO já marca um fluxo de conhecimento da humanidade - “como
CADA VEZ MENORES desde o texto oral para os livros” -, mas, atualmente, ganha um
panorama monetário: “Essa questão da intermidialização tem se
(1) Interatividade, pioneirismo e criação. Essas são as palavras- proliferado no contexto da comunicação, e essas narrativas
chave que designam os meios do videogame, do livro e do transmídias passam não só pelos meios que foram criados, mas,
cinema, e que levam à seguinte conclusão: o entretenimento também, por redes sociais, marketing, e isso funciona, inclusive,
contemporâneo nunca esteve em tamanha sincronia. como uma nova economia”.
Economicamente, são três plataformas com distâncias pequenas (8) Mas, afinal, o fim das fronteiras no entretenimento é para o
(em determinadas vertentes, até opostas), e criativamente, em bem ou para o mal? A questão principal dessa discussão não tem
consonância, a trindade do entretenimento visual caminha para uma solução simples: “Eu, sinceramente, não consigo ter uma
um mundo com fronteiras cada vez mais ínfimas. opinião qualitativa. É muito complexo “bater o martelo”. É um
(2) Recentemente, o ministro da Cultura espanhol, José Guirao, fenômeno que já acontece, o grande desafio é você marcar cada
apresentou um dado sucinto, mas reverberante: em menos de cultura com uma vertente, e a expectativa é isso aumentar, pois
cinco anos, espera-se que o faturamento do país europeu em as mídias já são muito manipuláveis e isso não tem como mudar,
videogames ultrapasse a arrecadação do mercado literário. é um circuito novo que já está aí”, conclui o acadêmico.
Atualmente, o setor editorial do país fatura cerca de 2 bilhões de
euros por ano, já a indústria de videogames ficou com pouco mais NUNES, Ronayre. Fronteiras entre games, livros e cinema estão
de 700 milhões de euros em 2017. Por essa perspectiva, a cada vez menores. Disponível em:
diferença pode até parecer inalcançável, mas tudo muda se https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-
considerado que os 700 milhões de euros tinham como marca, no arte/2019/02/24/interna_diversao_arte,739280/relacao-entre-
ano anterior, “apenas” 300 milhões, ou seja, o faturamento anual games-e-filmes.shtml. Acesso em: 25 out. 2019 (adaptado).
do mercado de videogames mais do que dobrou nas terras do
Dom Quixote.
(3) Em geral, a alta de arrecadamento da indústria do videogame (S1 - IFPE 2020) Os parênteses foram utilizados em “sempre vai
mundo afora não é necessariamente uma novidade. O instituto de ter um (meio de entretenimento) mais popular” (6º parágrafo)
data base Steam apontou, ainda em maio do ano passado, que, para
em mídias digitais, os jogos de computadores já rendiam mais do
a) inserir um comentário do autor do texto sobre o meio ao qual
que o streaming de vídeo, livros e música globalmente. E se, na
se referia.
vertente econômica, os números ditam a narrativa, criativamente, b) explicar o significado de um termo, uma vez que “meio” pode
contudo, é mais difícil perceber na prática essa exclusão de ter mais de uma interpretação.
fronteiras. Mas elas existem. E, para falar sobre isso, nada melhor c) tornar o texto mais claro, expondo algo que ficou implícito na
do que ouvir quem trabalha todo dia nesses meios. fala da entrevistada.
(4) Felipe Dantas é um desenvolvedor de videogames e explica d) indicar a supressão de uma parte que foi dita pela entrevistada,
um fator chave que comunga os três meios de forma bem mas que o jornalista omitiu.
profunda: a narrativa. “Existem narrativas muitos fortes que e) transcrever a fala da entrevistada na íntegra.
ultrapassam qualquer meio. São enredos que funcionam não só
nos filmes, mas também em livros e videogames. Ter essa boa Exercício 60
narrativa é a principal forma de quebrar fronteiras”, afirma ele. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(5) Bárbara Morais é uma autora brasiliense que vê essa quebra Precisamos falar sobre fake news
de fronteiras de uma maneira extremamente positiva: “É super
interessante, eu acho que não existem mais barreiras, na verdade.
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no mundo, O problema das fake news certamente passa pelo domínio das
faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando por voz novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime, mas,
ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade dos também, pela pedagogia do esclarecimento.
netos e netas. O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de pessoas, o antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas
celular pode ser também uma fonte de engano. De vez em em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a
quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no seu utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.
WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma
fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez
desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não nascemos (G1 - COL. NAVAL 2020) Em "Nesta sociedade somos os
na era digital. Nesta sociedade somos os chamados migrantes e, chamados migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo
como tais, a tecnologia nos gera um certo estranhamento (e até estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e
constrangimento), embora nos fascine e facilite a vida. facilite a vida." (3º parágrafo), o texto entre parênteses indica
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para essas uma:
mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil
a) ideia irônica que passa pela cabeça do autor no momento em
destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.
que ele escrevia.
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias falsas
b) informação acessória, podendo ser retirada sem prejuízo de
na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi
entendimento.
realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na
c) questão de estilo pessoal, bastante característica nos textos
sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias
jornalísticos atuais.
falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
d) informação bastante relevante, a qual não pode passar
alcançam muito mais gente.
despercebida pelo leitor.
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas,
e) confissão feita ao leitor, fazendo-o enxergar, claramente, os
polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
sentimentos do autor.
a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre
tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que Exercício 61
chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a (G1 - IFPE 2019) Leia o texto para responder à questão.
critérios de apuração e checagem.
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença, quase que A HORA DA ESTRELA
religiosa, junto a mensagens das quais não Identificamos sequer a
origem, boa parte delas disseminada em redes sociais. Confia-se Macabéa por acaso vai morrer? Como posso saber? E nem as
a ponto de compartilhar, sem questionar. pessoas ali presentes sabiam. Embora por via das dúvidas algum
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que vizinho tivesse pousado junto do corpo uma vela acesa. O luxo da
mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam rica flama parecia cantar glória.
opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das (Escrevo sobre o mínimo parco enfeitando-o com púrpura, joias e
notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da esplendor. É assim que se escreve? Não, não é acumulando e sim
História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí. desnudando. Mas tenho medo da nudez, pois ela é a palavra
Os problemas gerados estão em todos os campos. No âmbito final.)
familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar seus Enquanto isso, Macabéa no chão parecia se tornar cada vez mais
filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública de uma Macabéa, como se chegasse a si mesma.
impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência virtual e
física. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Disponível em:
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais fecham <https://vivelatinoamerica.files.wordpress.com/2013/12/a-hora-
portas, profissionais perdem suas reputações e produtos são da-estrela.pdf>. Acesso em: 03 out. 2018.
desacreditados como resultado de uma foto descontextualizada,
uma Imagem alterada ou uma legenda falsa.
A democracia também se fragiliza. O processo democrático corre No trecho reproduzido no texto acima, Macabéa havia acabado de
o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos. Não ser atropelada. A característica linguística que se destaca
há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas especialmente no trecho entre parênteses é
iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
a) o sarcasmo, já que o narrador zomba da agonia da
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve ser
personagem.
entendido para encontrarmos um caminho seguro de convivência
b) a metalinguagem, pois o narrador comenta o próprio ato de
com as novas formas e ferramentas de comunicação.
narrar.
No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse sentido,
c) a interpelação, pois o narrador não inclui seu leitor potencial.
que precisam ser amplamente debatidas, com a participação de
d) o rebuscamento, uma vez que a forma do gênero romance era
especialistas e representantes da sociedade civil.
fundamental nas narrativas de Clarice.
e) a objetividade, que foca na ação e priva a narrativa de vulneráveis, humanos e uma versão mais honesta e completa
subjetividades e de conjecturas sobre a própria história narrada. deles mesmos”, disse.
Exercício 62 (BOECHAT, R. IstoÉ. 1 out. 2014. Semana. ano 38. n.2340. p.23.)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(...) Minutos depois, já sozinhos, o médico foi sentar-se ao lado da Observe, a seguir, a pontuação utilizada em três fragmentos do
mulher, o rapazinho estrábico dormitava num canto do sofá, o cão texto.
das lágrimas, deitado, com o focinho sobre as patas dianteiras,
abria e fechava os olhos de vez em quando para mostrar que I. Famosa por interpretar a astuta Hermione – a melhor amiga do
continuava vigilante, pela janela aberta, apesar da altura a que bruxo Harry Portter – a atriz jogou um novo encanto sobre o
estava o andar, entrava o rumor das vozes alteradas, as ruas
feminismo.
deviam estar cheias de gente, a multidão a gritar uma só palavra,
II. Conquistou repercussão mundial e sua fala acabou se
Vejo, diziam-na os que já tinham recuperado a vista, diziam-na os
transformando em ação de marketing contra o site 4chan, que
que de repente a recuperavam, Vejo, vejo, em verdade começa a
recentemente abrigou fotografias de artistas nuas como Jennifer
parecer uma história doutro mundo aquela em que se disse, Estou
Lawrence e Kim Kardashian, e mobilizou anônimos e famosos a
cego. (...) Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se
aderir à campanha “HeForShe”.
chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz,
III. Quero que os homens se comprometam para que suas filhas,
1Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que
irmãs e mães se libertem do preconceito e também para que seus
veem, Cegos que, vendo, não veem. filhos sintam que têm permissão para serem vulneráveis,
A mulher do médico levantou-se e foi à janela. Olhou para baixo, humanos e uma versão mais honesta e completa deles mesmos.
para a rua coberta de lixo, para as pessoas que gritavam e
cantavam. Depois levantou a cabeça para o céu e viu-o todo A partir da leitura do texto e dos três fragmentos, responda aos
branco, Chegou a minha vez, pensou. O medo súbito fê-la baixar itens a seguir.
os olhos. A cidade ainda ali estava.
a) Explique e compare o uso dos travessões duplos no fragmento
JOSÉ SARAMAGO I com o uso das vírgulas no fragmento II.
Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. b) Compare o uso das vírgulas nos fragmentos II e III.
Exercício 68
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Quando
Quando você me clica,
Contribui para o efeito de humor do cartum o recurso à seguinte
quando você me conecta, me liga,
figura de linguagem:
quando entra nos meus programas, nas minhas janelas,
quando você me acende, me printa, me encompassa,
a) sinestesia. me sublinha, me funde e me tria:
b) personificação. meus pensamentos esvoaçam,
meus títulos se põem maiúsculos, a) “O calor do sol está dizendo aos homens que vão descansar e
e meu coração troveja! dormir” (1º parágrafo) – personificação.
b) “a frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se
(CAPPARELLI, Sérgio. 33 ciberpoemas e uma fábula digital. Porto deve viver” (1º parágrafo) – eufemismo.
Alegre: L&PM, 2001.) c) “Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império
da natureza corrigindo a obra da sociedade” (1º parágrafo) –
(G1 - epcar (Cpcar) 2020) Leia as quatro afirmações abaixo gradação.
referentes ao poema “Quando”: d) “Olhava para todas as grandes cousas com a mesma cara com
que via uma mulher feia” (3º parágrafo) – pleonasmo.
I. No poema, verifica-se a presença do recurso estilístico da e) “Podia vir a ser um grande perverso; até então era apenas uma
anáfora. grande inutilidade” (3º parágrafo) – paradoxo.
II. Em “e meu coração troveja”, há personificação e o verbo indica
fenômeno da natureza. Exercício 70
III. No verso “meus títulos se põem maiúsculos”, vê-se que o TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
sentido é conotativo. Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder
à(s) questão(ões) a seguir.
IV. Em “quando você me conecta, me clica”, há dez sílabas
poéticas.
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Estão corretas as afirmações
Tudo outra natureza tem tomado,
a) I e II apenas E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
b) II e IV apenas.
c) I, III e IV apenas. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
d) I, II, III e IV. De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Exercício 69
Quanto pode dos anos o progresso!
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o início do conto “Luís Soares”, de Machado de Assis, para
Árvores aqui vi tão florescentes,
responder à(s) questão(ões).
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império da
natureza corrigindo a obra da sociedade. O calor do sol está
Eu me engano: a região esta não era;
dizendo aos homens que vão descansar e dormir, ao passo que a
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se deve
Meus males, com que tudo degenera!
viver. Livre em todas as minhas ações, não quero sujeitar-me à lei
absurda que a sociedade me impõe: velarei de noite, dormirei de
(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)
dia.
Contrariamente a vários ministérios, Soares cumpria este
programa com um escrúpulo digno de uma grande consciência. A
aurora para ele era o crepúsculo, o crepúsculo era a aurora.
O eu lírico recorre ao recurso expressivo conhecido como
Dormia 12 horas consecutivas durante o dia, quer dizer das seis
hipérbole no verso:
da manhã às seis da tarde. Almoçava às sete e jantava às duas da
madrugada. Não ceava. A sua ceia limitava-se a uma xícara de a) “Quem fez tão diferente aquele prado?” (1ª estrofe)
chocolate que o criado lhe dava às cinco horas da manhã quando b) “E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.” (1ª estrofe)
ele entrava para casa. Soares engolia o chocolate, fumava dois c) “Quanto pode dos anos o progresso!” (2ª estrofe)
charutos, fazia alguns trocadilhos com o criado, lia uma página de d) “Que faziam perpétua a primavera:” (3ª estrofe)
algum romance, e deitava-se. e) “Árvores aqui vi tão florescentes,” (3ª estrofe)
Não lia jornais. Achava que um jornal era a cousa mais inútil deste
mundo, depois da Câmara dos Deputados, das obras dos poetas Exercício 71
e das missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu em TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
religião, política e poesia. Não. Soares era apenas indiferente. Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
Olhava para todas as grandes cousas com a mesma cara com que responder à(s) questão(ões) a seguir.
via uma mulher feia. Podia vir a ser um grande perverso; até
então era apenas uma grande inutilidade. Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido,
pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês.
(Contos fluminenses, 2006.) Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas
estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não
(Famerp 2020) Assinale a alternativa que apresenta um trecho poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de
do texto e uma figura de linguagem que nele ocorre.
Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais
próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Abrigavam-se... e os tronos e os palácios,
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como Os palácios dos reis, o albergue e a choça
outros destruidores de telas que entram num museu armados de Ardiam por fanais. Tinham nas chamas
facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não As cidades morrido. Em torno às brasas
apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não, Dos seus lares os homens se grupavam,
usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente P’ra à vez extrema se fitarem juntos.
insuspeitados: os cupins. Feliz de quem vivia junto às lavas
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário Dos vulcões sob a tocha alcantilada!”
treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para
isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do (Ufms 2020) As figuras de linguagem estão presentes em textos
artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução poéticos e produzem expressividade no discurso, criando efeitos
açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais de sentido variados. Assinale a alternativa que nomeia a figura
obras de outras. em destaque nos seguintes versos: “E as almas
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que conglobadas/Gelavam-se num grito de egoísmo”.
só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os
a) Aliteração.
insetos era agradável, e isso era o que importava.
b) Comparação.
Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que
c) Metonímia.
aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar
d) Catacrese.
as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do
e) Sinestesia.
prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram
detectados. Exercício 73
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe
serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem Mundo Pequeno I
querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a
mesma coisa. O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
(O imaginário cotidiano, 2002.) Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
(Unifesp 2020) Em “Mediante cruzamentos sucessivos, obteve Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas.
um tipo de cupim que só queria comer Van Gogh” (5º parágrafo), Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves.
o cronista recorre à figura de linguagem denominada: Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco,
os besouros pensam que estão no incêndio.
a) metonímia.
Quando o rio está começando um peixe,
b) hipérbole.
Ele me coisa.
c) eufemismo.
Ele me rã.
d) personificação.
Ele me árvore.
e) pleonasmo.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
Exercício 72 os ocasos.
Exercício 76
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
5. Perigo das Armas
Entrei para a escola mista de D. Matilde.
(G1 - ifpe 2020) Observando o uso de figuras de linguagem no
Ela me deu um livro com cem figuras para contar a mamãe a
texto, analise as afirmativas abaixo como verdadeiras ou falsas.
história do Rei Carlos Magno.
Roldão num combate espetou com um pau a gengiva aflita do
( ) O termo “papel” é uma metáfora para “planeta”, na tirinha.
Maneco que era filho da venda da esquina e mamãe botou no
( ) Ao dizer “este é o meu planeta”, a criança cria um paradoxo,
fogo a minha Durindana.
já que não existiria um mundo só de crianças.
( ) A tirinha trabalha com antíteses: tanto o tamanho do adulto
6. Maria da Glória
e da criança quanto seus pontos de vista se chocam. Preta pequenina do peso das cadeias. Cabelos brancos e um
( ) A fala da criança “eu vi você deixar cair o papel” é um guarda-chuva.
eufemismo para “eu vi você jogar lixo no chão”. O mecanismo das pernas sob a saia centenária desenrolava-se da
( ) O termo “Coroa” é utilizado como uma personificação, que casa lenta à escola pela manhã branca e de tarde azul.
atribui características humanas a objetos inanimados. Ia na frente bamboleando maleta pelas portas lampiões eu
menino.
A sequência CORRETA é
a) F V F F V. 7. Felicidade
b) V V V V F. Napoleão que era um grande guerreiro que Maria da Glória
c) F F V V V. conheceu em Pernambuco disse que o dia mais feliz da vida dele
d) F F V V F. foi o dia em que eu fiz a minha primeira comunhão.
e) V V F F F. 8. Fraque do ateu
Saí de D. Matilde porque marmanjo não podia continuar na classe
Exercício 75 com meninas.
(Fuvest 2020) O vídeo “Por que mentiras óbvias geram ótima Matricularam-me na escola modelo das tiras de quadros nas
propaganda” destaca quatro aspectos principais da propaganda paredes alvas escadarias e um cheiro de limpeza.
russa: 1) alto volume de conteúdo; 2) produção rápida, contínua e Professora magrinha e recreio alegre começou a aula da tarde um
repetitiva; 3) sem comprometimento com a realidade; e 4) sem bigode de arame espetado no grande professor Seu Carvalho.
consistência entre o que se diz entre um discurso e outro. No silêncio tique taque da sala de jantar informei mamãe que não
Essencialmente, isso é o firehosing (fluxo de uma mangueira de havia Deus porque Deus era a natureza.
incêndio). O conceito foi concebido após cerca de seis anos de Nunca mais vi o Seu Carvalho que foi para o Inferno.
observação do governo de Vladimir Putin. No entanto, é
impossível não notar as semelhanças com as táticas discursivas ANDRADE, Oswald. Memórias sentimentais de João Miramar.
de políticos ocidentais. São Paulo: Globo, 1990.
Le Monde Diplomatique Brasil, “Firehosing: a estratégia de [...] 1O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o
disseminação de mentiras usada como propaganda política”. português como língua oficial, mas cheio de 2dialetos diferentes.
Disponível em https://diplomatique.org.br/. Adaptado. 3
No Rio de Janeiro é “merrmão! CB, sangue bom!” Até eu
entender que merrmão era “meu irmão” levou um tempo. 4Para
conseguir se comunicar, além de arranhar a garganta com o erre,
a) De que maneira o conceito de firehosing aproxima-se da
você precisa aprender a chiar que nem chaleira velha: “vai rolá
imagem do fluxo de uma mangueira de incêndio?
umasch paradasch ischperrtasch”.
Na cidade de São Paulo eles botam um “i” a mais na frente do “n”: fogueira. Por trás de nós estavam os cercados e as casinhas dos
“ôrra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindendo o que eu tô poucos habitantes desse lugar, e, por trás dessas casinhas,
veindo”. E no interiorrr falam um erre todo enrolado: “a estendiam-se as florestas sem fim.
Ferrrnanda marrrcô a porrrteira”. Dá nó na língua. A vantagem é No meio do silêncio geral e profundo sobressaía o rugido
que 5a pronúncia deles no inglês é ótima. monótono de uma cachoeira próxima, que
Em Mins, quer dizer, em Minas, eles engolem letras e falam ora 1estrugia como se estivesse a alguns passos de distância, ora
Belzonte, Nossenhora, Doidemais da conta, sô! Qualquer objeto é quase se 2esvaecia em abafados murmúrios, conforme o correr da
chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na viração.
plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando 4No sertão, ao cair da noite, todos tratam de dormir, como os
as malas: “Muié, pega os trem que o bicho tá vindo”. passarinhos. As trevas e o silêncio são sagrados ao sono, que é o
No Nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe silêncio da alma.
é mainha, vó é voinha. E pra você conseguir falar com acento 5
Só o homem nas grandes cidades, o tigre nas florestas, o
típico da região, é só cantar a primeira sílaba de qualquer palavra
3mocho nas ruínas, as estrelas no céu e o gênio na solidão do
numa nota mais aguda que as seguintes. As frases são sempre
em escala descendente, ao contrário do sotaque gaúcho. gabinete costumam velar nessas horas que a natureza consagra
6Mas o lugar mais interessante de todos é Florianópolis, um ao repouso.
Entretanto, eu e meus companheiros, sem pertencer a nenhuma
paraíso sobre a terra, abençoado por Nossa Senhora do Desterro.
dessas classes, por uma exceção de regra estávamos acordados a
Os nativos tradicionais, conhecidos como Manezinhos da Ilha, têm
essas horas.
o linguajar mais simpático da nossa língua brasileira. Chamam
Meus companheiros eram bons e robustos caboclos, dessa raça
lagartixa de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca
semisselvática e nômade, de origem dúbia entre o indígena e o
(que deve ser lido rôschca). Carne moída é boi ralado. Telefone
africano, que vagueia pelas infindas florestas que correm ao
público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a
longo do Paranaíba, e cujos nomes, decerto, não se acham
ficha de telefone é pastilha de prosa. Ovo eles chamam de
inscritos nos assentos das freguesias, e nem figuram nas
semente de galinha e motel é lugar de instantinho. [...]
estatísticas que dão ao império... não sei quantos milhões de
habitantes.
(RAMIL, Kledir. Tipo assim. Porto Alegre: RBS Publicações, 2003.
p. 75-76.)
BERNARDO GUIMARÃES
TUFANO, Douglas (org.) Antologia do conto brasileiro. Do
Romantismo ao
2 - dialetos: variedades regionais de uma língua
Modernismo. São Paulo: Moderna, 2005.
Vocabulário:
(G1 - cp2 2012) No período destacado do quarto parágrafo do
ref. 1: estrugia – vibrava fortemente
texto “Muié pega os trem que o bicho tá vindo”, há duas
ref. 2: esvaecia – desfalecia
metáforas: trem e bicho.
ref. 3: mocho – coruja
Qual o significado de cada uma dessas duas palavras, de acordo
com o texto?
1
Meteoro Jaime Ovalle (1894-1955): compositor e instrumentista.
(Sorocaba) Aproximou-se do meio intelectual carioca e se tornou amigo
íntimo de Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Sérgio Buarque de Hollanda
Te dei o Sol e Manuel Bandeira. Sua música mais famosa é “Azulão”, em
Te dei o Mar parceria com o poeta Manuel Bandeira. (Dicionário Cravo Albin da
Pra ganhar seu coração música popular brasileira)
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos que eu não pude acreditar Pleonasmo (do grego pleonasmós, superabundância): emprego
Aaaahh... de palavras redundantes, de igual sentido; redundância. Há o
Como é bom poder te amar [...] pleonasmo vicioso, decorrente da ignorância da língua e que deve
ser evitado, e o pleonasmo estilístico, usado intencionalmente
O trecho da canção de autoria de Sorocaba, que ficou famosa na para comunicar à expressão mais vigor ou intensidade.
voz de Luan Santana, está escrito em linguagem coloquial. (Domingos Paschoal Cegalla. Dicionário de dificuldades da língua
Quanto ao uso dos pronomes oblíquos, marque a alternativa portuguesa, 2009. Adaptado.)
correta.
Exercício 85
(UFRRJ 2007) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
NO PRINCÍPIO DO FIM
Exercício 89
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O texto está inserido no movimento literário Poesia Marginal.
Leminski, como outros poetas, substituíram os meios tradicionais
de circulação por meios alternativos, ficando à margem do
mercado editorial, o que os deixou conhecidos como “poetas
marginais”. Eles abordam, comumente, temas cotidianos com
sarcasmo, humor e ironia, e utilizam uma linguagem coloquial e
espontânea.
BEM NO FUNDO
Paulo Leminski
No fundo, no fundo,
Colabora para o efeito de humor da tira o recurso à figura de bem lá no fundo,
linguagem denominada a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a) eufemismo.
b) pleonasmo. a partir desta data,
c) hipérbole. aquela mágoa sem remédio
d) personificação. é considerada nula
e) sinestesia. e sobre ela
– silêncio perpétuo
Exercício 88
(Simulado 2020) EU NASCI HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS
extinto por lei todo o remorso,
Raul Seixas
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na
e nada mais
calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
mas problemas não se resolvem,
O povo parou para ouvir, ele agradeceu as moedas
problemas têm família grande,
E cantou essa música, que contava uma história
e aos domingos
Que era mais ou menos assim:
saem todos a passear
o problema, sua senhora
Eu nasci há dez mil anos atrás
e outros pequenos probleminhas.
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais (2x)
Texto 1 - AUTO-RETRATO
Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida República
Democrática Alemã, um operário alemão consegue um emprego
Provinciano que nunca soube na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos
Escolher bem uma gravata; censores, ele combina com os amigos: “Vamos combinar um
Pernambucano a quem repugna código: se uma carta estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é
A faca do pernambucano; verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um
Poeta ruim que na arte da prosa mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul:
Envelheceu na infância da arte, “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem cheias, a comida é
E até mesmo escrevendo crônicas abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os
Ficou cronista de província; cinemas exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre
Arquiteto falhado, músico prontas para um programa – o único senão é que não se
Falhado (engoliu um dia consegue encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a estrutura é
Um piano, mas o teclado mais refinada do que indicam as aparências: apesar de não ter
Ficou de fora); sem família, como usar o código combinado para indicar que tudo o que está
Religião ou filosofia; dito é mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem.
Mal tendo a inquietação de espírito
Como? Pela introdução da referência ao código, como um de seus
Que vem do sobrenatural,
elementos, na própria mensagem codificada.
Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu
(Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.) encontrara galopando na praia. Ela era corada, forte. Viera do Rio,
sabíamos que era muito rica, filha de um irmão de um homem de
nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela
usava calças compridas, fazia caçadas, dava tiros, saía de barco
A “introdução da referência ao código, como um de seus com os pescadores. Mas na segunda noite, quando nos juntamos
elementos, na própria mensagem codificada” constitui um todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido
exemplo de cachaça, como todos nós, e cantou primeiro uma coisa em inglês,
depois o Luar do sertão e uma canção antiga que dizia assim:
“Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma
a) eufemismo.
canção triste.
b) metalinguagem.
Cantando, ela parou de me assustar; cantando, ela deixou que eu
c) intertextualidade.
a adorasse com essa adoração súbita, mas tímida, esse fervor
d) hipérbole.
confuso da adolescência – adoração sem esperança, ela devia ter
e) pleonasmo.
dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de
Exercício 93 basquete, que costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem
(Unifesp 2018) Leia o soneto “Aquela triste e leda madrugada”, casado, que já tinha ido até à Europa e tinha um automóvel e uma
do escritor português Luís de Camões (1525? – 1580), para coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com minha pobre
responder à(s) questão(ões). 3
flaubert, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que
não sabia lidar nem com um motor de popa, apenas tocar um
Aquela triste e leda madrugada, batelão com meu remo.
cheia toda de mágoa e de piedade, Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia
enquanto houver no mundo saudade solitária; eu vinha a pé, ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe,
quero que seja sempre celebrada. meu coração bateu adivinhando quem poderia estar galopando
sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela
Ela só, quando amena e marchetada fosse passar me dando apenas um adeus, esse “bom-dia” que no
saía, dando ao mundo claridade, interior a gente dá a quem encontra; mas parou, o animal
viu apartar-se de uma outra vontade, resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro
que nunca poderá ver-se apartada. da blusa fina, branca. São as duas imagens que se gravaram na
minha memória, desse encontro: a pele escura e suada do cavalo
Ela só viu as lágrimas em fio e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar
que, de uns e de outros olhos derivadas, fino da manhã.
se acrescentaram em grande e largo rio. E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria,
como se eu fosse um rapaz mais velho do que ela, um homem
Ela viu as palavras magoadas como os de sua roda, com calças de “palm-beach”, relógio de
que puderam tornar o fogo frio, pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não
e dar descanso às almas condenadas. saber quase nada, não sabia os nomes dos peixes que ela dizia,
deviam ser peixes de outros lugares mais importantes, com
(Sonetos, 2001.) certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos
dos coqueirinhos junto da praia – e falou de minha irmã, que
conhecera, quis saber se era verdade que eu nadara desde a
A imagem das lágrimas a formarem um “largo rio” (3ª estrofe) ponta do Boi até perto da lagoa.
produz um efeito expressivo que se classifica como De repente me fulminou: “Por que você não gosta de mim? Você
me trata sempre de um modo esquisito...” Respondi, estúpido,
com a voz rouca: “Eu não”.
a) paradoxo.
Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo
b) pleonasmo.
dela, e eu disse: “Não é isso.” Montou o cavalo, perguntou se eu
c) personificação.
não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar na casa dos
d) hipérbole.
Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia
e) eufemismo.
seguinte foi-se embora.
Exercício 94 Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone
(Unesp 2018) Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga apanhar uns camarões vivos para isca; e o relincho distante de um
(1913-1990), para responder à(s) questão(ões) a seguir. cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu disse comigo –
rema, bobalhão! – e fui remando com força, sem ligar para os
A madrugada era escura nas moitas de mangue, e eu avançava respingos de água fria, cada vez com mais força, como se isto
no 1batelão velho; remava cansado, com um resto de sono. De adiantasse alguma coisa.
Exercício 95
(Ebmsp 2017) A onda
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde? a) Metáfora.
aonde? b) Hipérbole.
a onda a onda c) Hipérbato.
d) Metonímia.
BANDEIRA, Manoel. A onda. A Estrela da Tarde, 1960. e) Pleonasmo.
Disponível em: <https://pensador.uol.com.br>. Acesso em: 16 ago.
2016. Exercício 97
(ESPM 2005)
fora tão rosa. E seu coração de jardineiro soube que nunca mais noite. Corria então o inverno, aquele benigno inverno que os
teria coragem de podá-la. Nem mesmo para mantê-la presa em fluminenses têm a ventura de conhecer e agradecer ao céu.
4O dr. Antero acendeu uma vela e sentou-se à mesa para
seu desenho.
(COLASANTI, M. Doze reis e a moça no labirinto do vento. 12. ed. escrever. 5Não tinha parentes, nem amigos a quem deixar carta;
São Paulo: Global Editora, 2006. p. 26-28.) entretanto, não queria sair deste mundo sem dizer a respeito dele
a sua última palavra. Travou da pena e escreveu as seguintes
(Uel 2016) Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a linhas:
figura de linguagem encontrada na passagem “nem uma só gota Quando um homem, perdido no mato, vê-se cercado de animais
de vermelho brilhava no corpo da roseira”. ferozes e traiçoeiros, procura fugir se pode. De ordinário a fuga é
impossível. Mas estes animais meus semelhantes tão traiçoeiros e
a) Elipse, pois ocorreu a supressão do verbo no trecho.
ferozes como os outros, tiveram a inépcia de inventar uma arma,
b) Hipérbole, pois há exagero na ausência da cor vermelha.
mediante a qual um transviado facilmente lhes escapa das unhas.
c) Paradoxo, já que falta nexo entre a cor da gota e a da roseira.
É justamente o que vou fazer.
d) Pleonasmo, em razão da redundância viciosa presente na
Tenho ao pé de mim uma pistola, pólvora e bala; com estes três
passagem.
elementos reduzirei a minha vida ao nada. Não levo nem deixo
e) Metonímia, pois há contiguidade entre a gota de vermelho e a
saudades. Morro por estar enjoado da vida e por ter certa
rosa.
curiosidade da morte.
Exercício 99 Provavelmente, quando a polícia descobrir o meu cadáver, os
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: jornais escreverão a notícia do acontecimento, e um ou outro fará
O anjo Rafael a esse respeito considerações filosóficas. Importam-me bem
Machado de Assis pouco as tais considerações.
Cansado da vida, descrente dos homens, desconfiado das Se me é lícito ter uma última vontade, quero que estas linhas
mulheres e aborrecido dos credores, 1o dr. Antero da Silva sejam publicadas no Jornal do Commercio. Os rimadores de
determinou um dia despedir-se deste mundo. ocasião encontrarão assunto para algumas estrofes.
Era pena. O dr. Antero contava trinta anos, tinha saúde, e podia, O dr. Antero releu o que tinha escrito, corrigiu em alguns lugares
se quisesse, fazer uma bonita carreira. Verdade é que para isso a pontuação, fechou o papel em forma de carta, e pôs-lhe este
fora necessário proceder a uma completa reforma dos seus sobrescrito: Ao mundo.
costumes. Entendia, porém, o nosso herói que o defeito não Depois carregou a arma; e, para rematar a vida com um traço de
estava em si, mas nos outros; cada pedido de um credor impiedade, a bucha que meteu no cano da pistola foi uma folha
inspirava-lhe uma apóstrofe contra a sociedade; julgava conhecer do Evangelho de S. João.
Era noite fechada. O dr. Antero chegou-se à janela, respirou um assinale a alternativa correta em relação a ele, do ponto de vista
pouco, olhou para o céu, e disse às estrelas: da norma padrão.
– Até já.
a) “... também o são”: este “o” é inaceitável, pois é uma repetição
E saindo da janela acrescentou mentalmente:
de ideia, um pleonasmo.
– Pobres estrelas! Eu bem quisera lá ir, mas com certeza hão de
b) O uso da conjunção “mas” não é obrigatório. Tem valor aditivo
impedir-me os vermes da terra. Estou aqui, e estou feito um
e não de oposição.
punhado de pó. É bem possível que no futuro século sirva este
c) A conjunção “se” não deveria ser usada depois da (outra)
meu invólucro para macadamizar a rua do Ouvidor. Antes isso; ao
conjunção “mas”.
menos terei o prazer de ser pisado por alguns pés bonitos.
d) A ideia de condição está garantida pela conjunção “mas”.
Ao mesmo tempo que fazia estas reflexões, lançava mão da
e) “se o planeta é intrigante” está entre vírgulas por ser um
pistola, e olhava para ela com certo orgulho.
aposto.
6
– Aqui está a chave que me vai abrir a porta deste cárcere, disse
ele. Exercício 101
7
Depois sentou-se numa cadeira de braços, pôs as pernas sobre a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
mesa, à americana, firmou os cotovelos, e segurando a pistola O filósofo e romancista Umberto Eco concedeu uma entrevista ao
com ambas as mãos, meteu o cano entre os dentes. Jornal El País em março de 2015, pouco menos de um ano antes
Já ia disparar o tiro, quando ouviu três pancadinhas à porta. de sua morte. Na ocasião, o escritor falou sobre o conteúdo de
Involuntariamente levantou a cabeça. Depois de um curto silêncio seu último romance, Número Zero, uma ficção sobre o jornalismo
repetiram-se as pancadinhas. O rapaz não esperava ninguém, e inspirada na realidade e sobre as relações da temática da obra
era-lhe indiferente falar a quem quer que fosse. Contudo, por com a atualidade: o papel da imprensa, a Internet e a sociedade.
maior que seja a tranquilidade de um homem quando resolve
abandonar a vida, é-lhe sempre agradável achar um pretexto Pergunta: Agora a realidade e a fantasia têm um terceiro
para prolongá-la um pouco mais. aliado, a Internet, que mudou por completo o jornalismo.
O dr. Antero pôs a pistola sobre a mesa e foi abrir a porta. Resposta: A Internet pode ter tomado o lugar do mau
jornalismo... Se 1você sabe que está lendo um jornal como EL
PAÍS, La Repubblica, Il Corriere della Sera…, pode pensar que
(G1 - ifce 2016) No fragmento “[...] o dr. Antero da Silva existe um certo controle da notícia e confia. 2Por outro lado, se
determinou um dia despedir-se deste mundo” (referência 1) a 3você lê um jornal como aqueles vespertinos ingleses,
expressão grifada é uma figura de linguagem conhecida como
sensacionalistas, não confia. Com a Internet acontece o contrário4:
a) hipérbole. confia em tudo porque não sabe diferenciar a fonte credenciada
b) pleonasmo. da disparatada. Basta pensar no sucesso que faz na Internet
c) eufemismo. qualquer página web que fale de complôs 5ou que 6invente
d) metáfora. histórias absurdas: tem um acompanhamento incrível, de
e) comparação. internautas e de pessoas importantes que as levam a sério.
Exercício 100
Pergunta: Atualmente é difícil pensar no mundo do jornalismo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que era protagonizado, aqui na Itália, por pessoas como Piero
O texto abaixo serve de referência para a(s) questão(ões) a
Ottone e Indro Montanelli…
seguir.
Resposta: Mas a crise do jornalismo no mundo começou nos anos
1950 e 1960, bem quando chegou a televisão, antes que eles
Júpiter sempre foi a menina dos olhos dos astrônomos. E motivos
7desaparecessem! Até então o jornal 8te contava o que acontecia
não faltam. Em primeiro lugar está o fato de ele ser o maior
planeta do sistema solar (...), tem vezes a massa da Terra. O na tarde anterior, por isso muitos eram chamados jornais da
segundo ponto a justificar o interesse dos cientistas é que Júpiter tarde: Corriere della Sera, Le Soir, La Tarde, Evening Standard…
possui o mais rápido movimento de rotação (...). Ele também é o Desde a invenção da televisão9, o jornal te diz pela manhã o que
quarto corpo cósmico mais brilhante, depois do Sol, da Lua e de você já sabe. E agora é a mesma coisa. O que um jornal deve
Vênus (...). Para aqueles que observam profissionalmente esse fazer?
gigante através de instrumentos, a sua característica mais
marcante é a Grande Mancha Vermelha, tempestade que o cerca Pergunta: Diga o senhor.
com ventos de até quilômetros por hora. Mas, se o planeta é Resposta: Tem que se transformar em um semanário. Porque um
intrigante, suas luas Europa e Ganimedes também o são – e semanário tem tempo, são sete 10dias para construir 11suas
desde que a sonda Galileo capturou imagens que evidenciam reportagens. Se você lê a Time ou a Newsweek vê que várias
nelas a presença de oceanos, a NASA percebeu a necessidade de pessoas 12contribuíram para uma história concreta, que
explorá-las. trabalharam nela semanas ou meses, enquanto que em um jornal
(Isto é, 4 mar 2009). tudo é feito da noite para o dia. Um jornal que em 1944 tinha
quatro páginas hoje tem 64, então tem que preencher
(G1 - utfpr 2016) Analise o período “Mas, se o planeta é obsessivamente com notícias repetidas, cai na fofoca, não
intrigante, suas luas Europa e Ganimedes também o são” e
consegue evitar... A crise do jornalismo, 13então, começou há A figura de linguagem predominante nesse poema é
quase cinquenta anos e é um problema muito grave e importante. a) hipérbole, pois a palavra estrela foi empregada para suavizar
um termo.
Pergunta: Por que é tão grave? b) pleonasmo, pois a palavra história apresenta o mesmo sentido
Resposta: Porque é verdade que, como dizia Hegel, a leitura dos de incidente.
14jornais é a oração matinal do homem moderno. E 15eu não
c) sinestesia, pois a felicidade da estrela é tratada com indiferença
consigo tomar meu café da manhã se não folheio o jornal; mas é pelo poeta.
um ritual quase afetivo e religioso, porque folheio olhando os d) catacrese, pois a palavra pena foi empregada
títulos, e por 16eles me dou conta de que quase tudo já sabia na inadequadamente, num sentido impróprio.
noite anterior. 17No máximo, leio um editorial ou um artigo de e) personificação, pois a lua vivencia uma situação que é própria
opinião. Essa é a crise do jornalismo contemporâneo. E disso não dos seres humanos.
sai!
Exercício 103
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Pergunta: Acredita de verdade que não?
Texto para a(s) questão(ões) seguinte(s)
Resposta: O jornalismo poderia ter outra função. Estou pensando
em alguém que faça uma crítica cotidiana da Internet, e é algo
Argumento (Paulinho da Viola)
que acontece pouquíssimo. Um jornalismo que me diga: 18“Olha o
que tem na Internet, olha que coisas falsas estão dizendo, reaja a Tá legal
isso, eu te mostro”. E isso pode ser feito tranquilamente. 19No Eu aceito o argumento
entanto, ainda 20pensam que o jornal é feito para que seja lido Mas não me altere o samba tanto assim
por alguns velhos senhores 21– já que os jovens não 22leem – Olha que a rapaziada está sentindo a falta
que ainda não usam a Internet. Teria que se fazer um jornal que De um cavaco, de um pandeiro
não se torne apenas a crítica da realidade cotidiana, mas também Ou de um tamborim.
a crítica da realidade virtual. Esse é um futuro possível para um Sem preconceito
bom jornalismo. Ou mania de passado
Sem querer ficar do lado
(EL PAÍS. Caderno cultura. 30 de março de 2015. Disponível em De quem não quer navegar
Faça como um velho marinheiro
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/26/cultura/1427393303_512601.html.
Acesso em 10 abr. 2016) Que durante o nevoeiro
(Upf 2016) Observe o segmento: Leva o barco devagar.
“Um jornalismo que me diga: ‘Olha o que tem na Internet, olha
que coisas falsas estão dizendo, reaja a isso, eu te mostro’.” (ref.
18) (Fgvrj 2015) Ao empregar, na letra da canção, o verbo “navegar”
em sentido metafórico e desdobrar esse sentido nos versos
Em sua construção, percebe-se o emprego de: seguintes, o compositor recorre ao seguinte recurso expressivo:
a) Hipérbole. a) alegoria.
b) Personificação. b) personificação.
c) Pleonasmo. c) hipérbole.
d) Antonomásia. d) eufemismo.
e) Eufemismo. e) pleonasmo.
greves inesperadas, 7intempestivas, fora do calendário, fruto de b) num eufemismo, figura de pensamento que se caracteriza por
cisões e disputas entre lideranças sindicais e seus padrinhos empregar uma expressão mais suave para transmitir algo áspero,
última quinta-feira. A incrível depredação de 467 ônibus tem a catacrese, figura de linguagem que consiste em utilizar palavra ou
ver com a Operação Anti-UPP em curso, tática de exploração expressão que não descreve com exatidão o que se quer explicar,
por não haver palavra mais adequada.
emocional de cada incidente adotada pela 8grande delinquência –
d) numa antítese, figura de pensamento que, no caso, evidencia a
o 9crime organizado – com o propósito de desmoralizar a política oposição entre as duas características fundamentais das greves
de pacificação das favelas e debilitar a capacidade de reação do deflagradas.
sistema de segurança. e) num pleonasmo literário, figura de estilo utilizada, no contexto,
10Os fins nunca justificam os meios: as reivindicações de
para reforçar a inadequação do momento de deflagração das
trabalhadores não podem sequestrar os direitos da sociedade greves.
nem levar a extremos que impliquem a destruição das
ferramentas de trabalho. 11É suicídio. A 12propagação da Exercício 105
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
violência só pode partir daqueles que 13dela necessitam para
Leia o texto abaixo para responder à(s) quest(ões) a seguir.
ocupar espaços e manter o poder.
Geração espontânea
Os celulares
(Esc. Naval 2015) Em que opção ocorre o mesmo tipo de (Sermão da Sexagésima, Pe. Antonio Vieira)
pleonasmo que no trecho “[...] só um pequeno detalhe, sem maior
surpresa [...].” (5º §)? ¹empeçado: com obstáculo, com empecilho.
https://super.abril.com.br/cultura/quantos_assassinatos_cada_heroi_e_vilao_da_marvel_cometeu_nos_cinemas.
Adaptado.
Exercício 118 Medeiros, Martha. Nunca Imaginei um dia. 2009. Disponível em:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com/2009/12/nunca-imaginei-
Nunca imaginei um dia um-dia-martha-medeiros.html. Acesso em: 10 fev. 2021.
Até alguns anos atrás, eu costumava dizer frases como “eu (G1 - col. naval 2021) Assinale a opção em que o sinônimo
jamais vou fazer isso” ou “nem morta eu faço aquilo”, limitando indicado para o termo sublinhado NÃO mantém o mesmo sentido
minhas possibilidades de descoberta e emoção. Não é fácil daquele apresentado no texto.
libertar-se do manual de instruções que nos autoimpomos. Às a) “[...] e nem assim conseguimos viabilizar esse projeto.” (1º
vezes, leva-se uma vida inteira, e nem assim conseguimos parágrafo) - oportunizar
viabilizar esse projeto. Por sorte, minha ficha caiu há tempo. b) “Meu paladar deixou de ser monótono: [...]”. (4º parágrafo) -
Começou quando iniciei um relacionamento com alguém gosto
completamente diferente de mim, diferente a um ponto radical c) “[...] a insanidade que nunca me permiti, [...]”. (7º parágrafo) -
mesmo: ele, por si só, foi meu primeiro "nunca imaginei um dia". desvario
Feitos para ficarem a dois planetas de distância um do outro. Mas d) “E o que mais me estarrece: [...]”. (8º parágrafo) - espanta
o amor não respeita a lógica, e eu, que sempre me senti tão e) “[...] deixei de ser tão cética.” (9º parágrafo) - inflexível
confortável num mundo planejado inaugurei a instabilidade
emocional na minha vida. Prendi a respiração e dei um belo Exercício 119
mergulho. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A partir daí, comecei a fazer coisas que nunca havia feito. Da sua janela, ponto 1culminante da Travessa das Acácias,
Mergulhar, aliás, foi uma delas. Sempre respeitosa com o mar e o Prof. Clarimundo 2viaja o 3olhar pela paisagem. No pátio de D.
chata para molhar os cabelos afundei em busca de tartarugas
Veva um cachorro magro fuça na lata do lixo. Mais no fundo, um
gigantes e peixes coloridos no mar de Fernando de Noronha.
pomar com 4bergamoteiras e 5laranjeiras pontilhadas de frutos
Traumatizada com cavalos (por causa de um equino que quase
dum amarelo de gemada. Quintais e telhados, fachadas cinzentas
me levou ao chão quando eu tinha oito anos), participei da minha
com a boca aberta das janelas. Na frente da sapataria do Fiorello,
primeira cavalgada depois dos 40, em São Francisco de Paula.
Roqueira convicta e avessa a pagode, assisti a um show do Zeca dois homens conversam em voz 6alta. A fileira das acácias se
Pagodinho na Lapa. Para ver o Ronaldo Fenômeno jogar ao vivo, estende rua afora. As sombras são dum violeta profundo. O céu
me infiltrei na torcida do Olímpico num jogo entre Grêmio e está 7levemente enfumaçado e a luz do sol é de um amarelo
Corinthians, mesmo sendo colorada. oleoso e fluido. Vem de outras ruas a trovoada dos bondes
atenuada pela distância. Grasnar de buzinas. Num trecho do TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Guaíba que se avista longe, entre duas paredes caiadas, passa Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
um veleiro.
Para Clarimundo tudo é novidade. Esta hora é uma espécie Sozinhos
de parêntese que ele abre em sua vida interior, para contemplar o
mundo chamado real. E ele verifica, com divertida surpresa, que Esta ideia para um conto de terror é tão terrível que, logo depois
continuam a existir 8os cães e as latas de lixo, apesar de Einstein. de tê-la, me arrependi. Mas já estava tida, não adiantava mais.
O sol brilha e os veleiros passam sobre as águas, 9não obstante Você, leitor, no entanto, tem uma escolha. Pode parar aqui, e se
poupar, ou ler até o fim e provavelmente nunca mais dormir. Vejo
Aristóteles. 10Seus olhos contemplam a paisagem com a alegria
que decidiu continuar. Muito bem, vamos em frente. Talvez, posta
meio inibida 11duma criança que, vendo-se de repente solta num no papel, a ideia perca um pouco do seu poder de susto. Mas não
bazar de brinquedos maravilhosos, não quer no primeiro posso garantir nada. É assim:
momento acreditar no 12testemunho de seus próprios olhos. Um casal de velhos mora sozinho numa casa. Já criaram os filhos,
Clarimundo debruça-se 13à janela... Então tudo isto existia os netos já estão grandes, só lhes resta implicar um com o outro.
14 15 16 1
antes, enquanto ele passava _____ horas _____ voltas com Retomam com novo fervor uma discussão antiga. Ela diz que ele
números e teorias e 17cogitações, tudo isto tinha realidade? (Este ronca quando dorme, ele diz que é mentira.
pensamento é de todas as tardes à mesma hora: mas a surpresa é – Ronca.
sempre nova.) 17E 18depois, quando ele voltar para os livros, para – Não ronco.
as aulas, para dentro de si mesmo, a vida ali fora continuará – Ele diz que não ronca – comenta ela, impaciente, como se
assim, sem o menor hiato, sem o menor colapso? falasse com uma terceira pessoa.
Um galo canta num quintal. Roupas brancas se balouçam Mas não existe outra pessoa na casa. Os filhos raramente visitam.
ao vento, pendentes de cordas. Clarimundo ali está como um Os netos, nunca. A empregada vem de manhã, faz o almoço,
deixa o jantar e sai cedo.
deus onipresente que 19tudo vê e ouve. A impressão que 20_____
Ficam os dois sozinhos.
causam aquelas cenas domésticas 21_____ levam a pensar no seu – Eu devia gravar os seus roncos, pra você se convencer – diz ela.
livro. E em seguida tem a ideia infeliz. – É o que eu vou fazer! Esta noite,
A sua obra... Agora ele já não enxerga mais a paisagem. O quando você dormir, vou ligar o gravador e gravar os seus roncos.
mundo objetivo se 22esvaeceu 23misteriosamente. Os olhos do – Humrfm – diz o velho.
professor estão fitos na fachada amarela da casa fronteira, 24mas Você, leitor, já deve estar sentindo o que vai acontecer. Pare de
o que ele vê agora são as suas próprias teorias e ideias. Imagina o ler, leitor. Eu não posso parar de escrever. As ideias não podem
livro já impresso... Sorri, exterior e 25interiormente. O leitor (a ser desperdiçadas, mesmo que nos custem amigos, a vida ou o
palavra leitor corresponde, na mente de Clarimundo, à imagem sono. 2Imagine se Shakespeare tivesse se horrorizado com suas
dum homem debruçado sobre um livro aberto: e esse homem – próprias ideias e deixado de escrevê-las, por puro comedimento.
extraordinário! – é sempre o sapateiro Fiorello) – o leitor vai se ver Não que eu queira me comparar a Shakespeare. Shakespeare era
diante dum assunto inédito, diferente, bem mais magro. 3Tenho que exercer este ofício, esta danação.
original. Você, no entanto, não é obrigado a me acompanhar, leitor. Vá
passear, vá tomar um sol. 4Uma das maneiras de controlar a
Adaptado de: VERISSIMO. Erico. Caminhos Cruzados. 26. ed. demência solta no mundo é deixar os escritores falando sozinhos,
Porto Alegre/Rio de Janeiro: Editora Globo, 1982. p. 57-58. 5exercendo sozinhos a sua profissão malsã, o seu vício solitário.
Você ainda está lendo. Você é pior do que eu, leitor. Você tinha
escolha.
(Ufrgs 2020) Considere as seguintes propostas de substituição
Sozinhos. Os velhos sozinhos na casa. Os dois vão para a cama.
de palavras do texto.
Quando o velho dorme, a velha liga o gravador. Mas em poucos
minutos a velha também dorme. O gravador fica ligado, gravando.
1. testemunho (ref. 12) por declaração.
Pouco depois a fita acaba. Na manhã seguinte, certa do seu
2. cogitações (ref. 17) por proposições.
triunfo, a velha roda a fita. Ouvem-se alguns minutos de silêncio.
3. esvaeceu (ref. 22) por dissipou.
Depois, alguém roncando.
– Rarrá! – diz a velha, feliz.
Quais propostas indicam que a segunda palavra constitui
Pouco depois ouve-se o ronco de outra pessoa, a velha também
sinônimo adequado da primeira, considerando o contexto de
ronca!
ocorrência
– Rarrá! – diz o velho, vingativo.
a) Apenas 1. E em seguida, por cima do contraponto de roncos, ouve-se um
b) Apenas 2. sussurro. Uma voz sussurrando, leitor. Uma voz indefinida. Pode
c) Apenas 3. ser de homem, de mulher ou de criança. A princípio – por causa
d) Apenas 2 e 3. dos roncos – não se distingue o que ela diz. Mas aos poucos as
e) 1, 2 e 3. palavras vão ficando claras. São duas vozes.
É um diálogo sussurrado.
Exercício 120
“Estão prontos?”
“Não, acho que ainda não…” chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a
“Então vamos voltar amanhã…” critérios de apuração e checagem.
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença,
Verissimo. Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. quase que religiosa, junto a mensagens das quais não
Disponível em: Identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em
http://files.jornalagito.webnode.com.br/200000103- redes sociais. Confia-se a ponto de compartilhar, sem questionar.
7b0077b18a/Comedias%20pra%20ler%20na%20escola.pdf. O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que
Acesso em 26/09/2019. mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam
opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das
notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da
(G1 - ifsc 2020) Assinale a única alternativa em que a expressão História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí.
entre parênteses NÃO representa um sinônimo da palavra Os problemas gerados estão em todos os campos. No
destacada nas frases retiradas do texto. âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar
seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública
a) Imagine se Shakespeare tivesse se horrorizado com suas
de impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência
próprias ideias e deixado de escrevê-las, por puro comedimento.
virtual e física.
(prudência) (referência 2)
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais
b) Tenho que exercer este ofício, esta danação. (afazer)
fecham portas, profissionais perdem suas reputações e produtos
(referência 3)
são desacreditados como resultado de uma foto
c) ... exercendo sozinhos a sua profissão malsã, o seu vício
descontextualizada, uma Imagem alterada ou uma legenda falsa.
solitário. (benéfica) (referência 5)
A democracia também se fragiliza. O processo democrático
d) Uma das maneiras de controlar a demência solta no mundo é
corre o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos.
deixar os escritores falando sozinhos... (insanidade) (referência 4)
Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas
iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
e) Retomam com novo fervor uma discussão antiga. (entusiasmo)
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve
(referência 1)
ser entendido para encontrarmos um caminho seguro de
Exercício 121 convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse
Precisamos falar sobre fake news sentido, que precisam ser amplamente debatidas, com a
participação de especialistas e representantes da sociedade civil.
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no O problema das fake news certamente passa pelo domínio
mundo, faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando das novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime,
por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.
dos netos e netas. O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas
pessoas, o celular pode ser também uma fonte de engano. De vez em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a
em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.
seu WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma
fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez
desistir de se vacinar. (G1 - col. naval 2020) Assinale e opção na qual o antônimo do
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não vocábulo em destaque está correto, observando-se o contexto.
nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os chamados a) "[...] que deve ser entendido para encontrarmos um caminho
migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo seguro de convivência com as novas formas e ferramentas de
estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e comunicação." (12º parágrafo) (amizade)
facilite a vida. b) "No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para sentido, que precisam ser amplamente debatidas, [...] (13º
essas mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil parágrafo) (surgem)
destrinchar o que é verdade em tempo de fake news. c) "Pior: é difícil destrinchar o que é verdade em tempo de fake
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias news." (4º parágrafo) (agrupar)
falsas na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi d) "Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados,
realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na mas iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco."
sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias (11º parágrafo) (remediar)
falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
alcançam muito mais gente. e) "Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas,
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, polêmico, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
a temas de saúde, [...] (6º parágrafo) (desconexas)
a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre
tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que Exercício 122
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Para responder à(s) questão(ões) à seguir, considere o texto
Mito nº 6 abaixo.
Das minhas relações mais próximas, só três comungam comigo Exercício 126
não ter facebook. Não pensem que tenho críticas, sou um (Ufsc 2017) Os filhos chegaram tarde, cada um por sua vez, e
entusiasta, apenas não quero usar. Pouco dou conta dos meus Pedro mais cedo que Paulo. A melancolia de um ia com a alma da
amigos, onde vou arranjar tempo para mais? Minha etiqueta me casa, a alegria de outro destoava desta, mas tais eram uma e
faz responder a tudo, teria que largar o trabalho se entrasse na outra que, apesar da expansão da segunda, não houve repressão
rede social. Só recentemente minhas filhas me convenceram que nem briga. Ao jantar, falaram pouco. Paulo referia os sucessos
se não respondesse um spam ninguém ficaria ofendido. amorosamente. Conversara com alguns correligionários e soube
1A 2cidade ganhou a parada. Acabou o pequeno mundo onde do que se passara à noite e de manhã, a marcha e a reunião dos
todos se conheciam, 3onde não se podia esconder segredos e batalhões no campo, as palavras de Ouro Preto ao Marechal
Floriano, a resposta deste, a aclamação da República. A família
pecados. Viver na 4urbe é cruzar com desconhecidos, sentir a
ouvia e perguntava, não discutia, e esta moderação contrastava
frieza do anonimato. Essa é a realidade da maioria.
com a glória de Paulo. O silêncio de Pedro principalmente era
Meu 5apreço com as redes sociais é por acreditar que elas são um como um desafio. Não sabia Paulo que a própria mãe é que o
antídoto para o isolamento urbano. São uma novidade que imita o pedira ao irmão com muitos beijos, motivo que em tal momento ia
passado, uma nova versão, por vezes mais rica, por vezes mais com o aperto do coração do rapaz.
pobre, da antiga comunidade. Detalhe: não quero 6retroceder, a
simpatia é pelo resgate da nossa essência social. Vivemos para o ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. São Paulo: Ática, 1999, p. 119.
olhar dos outros, essa é a realidade simples, evidente. 7Quem
pensa o contrário vai à conversa da literatura de autoajuda, 8que
idolatra a autossuficiência e acredita que é possível ser feliz Com base no texto e na leitura integral do romance de Machado
sozinho. É uma ilusão tola. Nascemos para vitrine. de Assis, Esaú e Jacó, publicado pela primeira vez em 1904, é
Quando checamos insistentemente para saber como reagiram às correto afirmar que:
território brasileiro, projeto considerado pelo narrador como algo - Para com esse barulho, meu filho - falou, sem se voltar.
impossível dado o passado colonial, retrógrado e agrário do país. Com três anos, já sabia reagir como homem ao impacto
das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, só
32) no romance de Machado de Assis, a libertação dos escravos é estava empurrando uma cadeira.
um tema político sobre o qual os dois irmãos, Pedro e Paulo, - Pois então para de empurrar a cadeira.
expressam mesma postura ideológica, momento em que se dá - Eu vou embora - foi a resposta.
uma trégua na rivalidade entre os dois. Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às
palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as
Exercício 127 num pedaço de pano, era sua bagagem: um caminhão de plástico
(Fuvest 2014) Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde
de um produto alimentício: diabo meteram a chave da despensa? a mãe mais tarde irá saber),
metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a
grande aventura, um botão amarrado num barbante.
EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O A calma que baixou então na sala era vagamente
MELHOR DA NATUREZA inquietante. De repente o pai olhou ao redor e não viu o menino.
Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a - Viu um menino saindo desta casa? - gritou para o
sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores operário que descansava diante da obra, do outro lado da rua,
querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis. sentado no meio-fio.
www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado. - Saiu agora mesmo com uma trouxinha - informou ele.
Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe,
caminhando cabisbaixo ao longo do muro.
Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor A trouxa, arrastada no chão, ia deixando pelo caminho
alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e - saíra
a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.
de casa prevenido - uma moeda de um cruzeiro. Chamou-o mas
b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
ele apertou o passinho e abriu a correr em direção à avenida,
c) explora o caráter polissêmico das palavras.
como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia à distância.
d) mescla as linguagens científica e jornalística.
- Meu filho, cuidado!
e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos
O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a
contrários.
esquerda, os pneus cantaram no asfalto.
Exercício 128 O menino, assustado arrepiou carreira. O pai precipitou-se
(Ufsc 1999) Leia as frases a seguir e assinale a(s) e o arrebanhou com o braço como um animalzinho:
proposição(ões) VERDADEIRA(S). - Que susto você me passou, meu filho - e apertava-o
contra o peito comovido.
01) As palavras ARDIL, FUNIL, FÓSSIL e RÉPTIL formam o plural
- Deixa eu descer, papai. Você está me machucando.
mudando o IL para IS.
Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe
02) A frase "Houve muitos comentários sobre o escândalo sexual
dar umas palmadas:
de Bill Clinton" pode ser reescrita como "Houveram muitos
- Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai.
comentários sobre o escândalo sexual de Bill Clinton".
- Me larga. Eu quero ir embora.
04) Por definição, oração coordenada que seja desprovida de
Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala - tendo
conjunção é denominada ASSINDÉTICA, como o exemplo a
antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave, como
seguir: Antigamente, para comunicar-se com um primo no oeste
ele fizera com a da despensa.
do Estado, o jovem era obrigado a escrever uma carta.
- Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando. 16Exemplos 17correntes são frases como “chegaram e saíram em
- Fico, mas vou empurrar esta cadeira. seguida”, que todos conhecemos das gramáticas; b) sempre que
E o barulho recomeçou. há um vocativo, em princípio, o sujeito pode não aparecer na
frase. É o que ocorre em “meninos, saiam daqui”; mas o sujeito
FERNANDO SABINO pode aparecer, pois 18não seria estranha a sequência “meninos,
vocês se comportem”; c) 19se 20forem aceitas as hipóteses a) e b)
(G1 1996) Observe a palavra "Distraído". Está acentuada porque:
(diria que são fatos), não 21seria estranho que a frase “Pessoal,
a) a letra "i" do hiato está sozinha e é tônica. leiam o livro X” pudesse ser tratada como se sua estrutura fosse
b) a palavra é paroxítona terminada em "o". “Pessoal, vocês leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não
c) a palavra é proparoxítona. estivesse apagada, a concordância se explicaria normalmente; d)
d) houve erro de impressão.
assim, o problema 22real não é a concordância entre “pessoal” e
e) a palavra tem homônimos e o acento diferencia.
“leiam”, mas a passagem de “pessoal” a “vocês”, que não aparece
Exercício 130 na superfície da frase.
(Uel 1994) Os pares acidente/incidente; cheque/xeque; Este caso é apenas um, dentre tantos outros, que nos
vultoso/vultuoso; verão/estio são, respectivamente: obrigariam a considerar na análise elementos que parecem não
estar 23na frase, mas que atuam como se 24lá estivessem.
a) sinônimos, homônimos, parônimos e antônimos.
b) parônimos, homônimos, parônimos e sinônimos.
Adaptado de: POSSENTI, Sírio. Malcomportadas línguas. São
c) parônimos, parônimos, sinônimos e sinônimos.
Paulo: Parábola Editorial, 2009. p. 85-86.
d) homônimos, homônimos, parônimos e sinônimos.
e) sinônimos, parônimos, sinônimos e antônimos.
Estou contente de me reunir com vocês nesta que será conhecida (G1 - ifpe 2018) Com relação aos aspectos de coesão textual,
como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa analise as afirmativas acerca do TEXTO 1.
nação.
Há dez décadas, um grande americano, sob cuja sombra I. Em “Estou contente de me reunir com vocês nesta que será
simbólica nos encontramos hoje, assinou a Proclamação da conhecida como a maior demonstração pela liberdade na história
Emancipação. Esse magnífico decreto surgiu como um grande de nossa nação” (1º parágrafo), o pronome grifado antecipa o
farol de esperança para milhões de escravos negros que arderam substantivo a que se refere: demonstração.
nas chamas da árida injustiça. Ele surgiu como uma aurora de II. Em “Esse magnífico decreto surgiu como um grande farol de
júbilo para pôr fim à longa noite de cativeiro. esperança para milhões de escravos negros que arderam nas
Mas cem anos depois, o negro ainda não é livre. Cem anos depois, chamas da árida injustiça” (2º parágrafo), o pronome destacado
a vida do negro ainda está tristemente debilitada pelas algemas retoma a expressão “magnífico decreto”.
da segregação e pelos grilhões da discriminação. Cem anos III. No terceiro parágrafo, a repetição do substantivo “negro”
depois, o negro vive isolado numa ilha de pobreza em meio a um prejudica a fluidez do texto. A utilização de sinônimos ou de
vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o negro outras estratégias poderia tornar o trecho menos prolixo.
ainda vive abandonado nos recantos da sociedade na América, IV. Em “Quando os arquitetos da nossa república escreveram as
exilado em sua própria terra. Assim, hoje viemos aqui para magníficas palavras da Constituição e da Declaração da
representar a nossa vergonhosa condição. Independência, eles estavam assinando uma nota promissória...”
De uma certa forma, viemos à capital da nação para descontar um (4º parágrafo), o pronome destacado retoma a expressão
cheque. Quando os arquitetos da nossa república escreveram as “arquitetos da nossa república”.
magníficas palavras da Constituição e da Declaração da V. Em “os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa
Independência, eles estavam assinando uma nota promissória da nação onde não serão julgados pela cor de sua pele” (9º
qual todos os americanos seriam herdeiros. A nota era uma parágrafo), o pronome sublinhado refere-se ao substantivo
promessa de que todos os homens, sim, negros e brancos “nação” e seria gramaticalmente inadequado se retomasse
igualmente, teriam garantidos os “direitos inalienáveis à vida, à qualquer outro substantivo que não representasse lugar.
liberdade e à busca da felicidade”. É óbvio neste momento que, no
Estão CORRETAS, apenas, as assertivas humana, passou a ser tratada 4sob a perspectiva 5dessa forma de
a) II, III e V. conhecimento, 6ou seja, passou a ser objeto de investigação
b) I, II e III. científica, a partir do início do século XX.
c) I, IV e V. Por ter um papel central na vida dos seres humanos, a
d) I, III e IV. linguagem tem como sua característica 7primordial ser
e) II, IV e V. 8
multifacetada. Tal característica exige que, ao 9submeter-se ao
tratamento científico, essa realidade multifacetada sofra cortes e
Exercício 134
10abstrações, tendo como consequência 11o fato de que 12ela só
(Ufrgs 2017) Leia o conto Memórias da afasia, de Moacyr Scliar.
pode ser entendida 13a partir de diferentes perspectivas, gerando
Nos últimos anos de sua vida Mateus descobriu, consternado, que uma pluralidade de teorias que buscam 14compreendê-la e
mesmo o seu derradeiro prazer – escrever no diário – lhe havia explicá-la.
sido confiscado pela afasia, que nele se manifestava como
esquecimento de certas palavras. A coisa foi gradual: a princípio, Esmeralda Vailati Negrão, “A cartografia sintática”, em Novos
eram poucos os vocábulos que lhe faltavam. Recorrendo a caminhos da linguística.
um de sinônimos, ele conseguia preencher com êxito as
lacunas. Com o decorrer do tempo, porém, acentuou-se o , e o
desgosto por este gerado. Foi então que ele começou a deixar em (Mackenzie 2017) Assinale a alternativa com relação correta
branco os espaços que não consegue preencher. Era com entre sinônimos, tendo em vista o emprego das palavras no texto.
fascinação que contemplava esses vazios em meio ao ;
a) inserem-se (ref. 2) = concluem-se
tinha certeza de que as letras ali estavam, como se traçadas com
b) psíquicas (ref. 3) = mentais
tinta invisível por mão também invisível. Essa existência virtual
c) primordial (ref. 7) = única
das palavras não o afligia, pelo contrário; sabia que o é
d) submeter-se (ref. 9) = desenvolver-se
tão importante quanto o não . No território da afasia ele
e) abstrações (ref. 10) = afirmações
encontrava agora uma pátria. Ali recuperaria o seu passado
perdido. Ali se uniria definitivamente àquela que fora seu grande Exercício 136
amor, uma linda moça chamada . Soneto do Corifeu*
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações São demais os perigos desta vida
sobre o conto. Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
( ) O distúrbio de linguagem de Mateus afeta também o E se deixa no céu, como esquecida.
narrador, o que explica os espaços em branco no texto.
( ) Os espaços em branco no texto constroem a metáfora de E se ao luar que atua desvairado
uma das principais características da literatura: as lacunas de Vem se unir uma música qualquer
interpretação. Aí então é preciso ter cuidado
( ) O título do conto constrói o paradoxo da afasia, que se Porque deve andar perto uma mulher.
caracteriza pela perda da memória.
( ) Os vazios no texto apontam um dos traços da recuperação Deve andar perto uma mulher que é feita
do passado, que se constrói a partir do que se lembra e do que se De música, luar e sentimento
esquece. E que a vida não quer, de tão perfeita.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima Uma mulher que é como a própria Lua:
para baixo, é Tão linda que só espalha sofrimento
a) F – F – V – F. Tão cheia de pudor que vive nua.
b) V – V – F – F.
c) V – F – V – F. * Corifeu: personagem sempre presente no antigo teatro grego.
d) F – V – F – V.
e) V – V – V – V. MORAES, Vinícius de. Livro de Sonetos. São Paulo: Companhia
das Letras, 2009.
Exercício 135
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Uerj 2019) Na última estrofe, a figura feminina é descrita por
Ciência é uma das formas de busca de conhecimento meio de elementos que estabelecem entre si uma relação do
1 2 seguinte tipo:
desenvolvida pelo homem moderno. Sob seu escopo inserem-
se as mais diferentes realidades físicas, sociais e 3psíquicas, entre a) ambígua
outras. A linguagem, manifestação presente em todos os b) antitética
momentos de nossas vidas e em todas as nossas atividades, c) denotativa
podendo até ser tomada como definidora da própria natureza d) metalinguística
Exercício 137 Diário não tem graça, mas 7esquenta, pega-se de novo a
(Ufsc 2020) caneta abandonada, e o interlocutor é fundamental. Escrevo
para você sim. 8Da cama do hospital. A lesma quando passa
deixa um rastro prateado.
Leiam se forem capazes.
Com base nos Textos 1 e 2 e de acordo com a variedade padrão testemunho” (referência 6) é usado, nos dois casos, para
da língua escrita, é correto afirmar que: introduzir uma retificação acerca do termo precedente.
02) em “me faça” (referência 3) e em “me sinto” (referência 4),
01) nos Textos 1 e 2, o garoto toma a decisão de não responder a colocação pronominal poderia ser alterada para “faça-me” e
à questão que lhe é proposta. “sinto-me”, pois a ordem do pronome em relação ao verbo é
02) o tema do Texto 1 é uma questão de matemática e o do opcional nos dois casos.
Texto 2 é uma questão de física, mas o efeito de humor desses 04) as formas verbais “reesquentando” (referência 2) e
textos consiste em relacioná-los à literatura e à linguística, “esquenta” (referência 7) são usadas com sentido denotativo,
respectivamente. em referência direta ao calor do sol.
04) a ideia central e comum aos dois textos é de que tanto para 08) as cinco perguntas presentes no texto (referências 1 e 5)
responder a uma questão de matemática quanto a uma de produzem uma impressão de colóquio, isto é, de conversa,
física são necessários conhecimentos de literatura e de ainda que seja uma fala de si para si em um texto escrito.
linguística. 16) o excerto “Da cama do hospital. A lesma quando passa
08) as palavras “transformo”, “instigantes” e deixa um rastro prateado. Leiam se forem capazes” (referência
“desinteressantes” são formadas por prefixo acrescido de 8) constitui uma provocação de Ana Cristina Cesar para que o
radical. leitor decifre a natureza do testemunho registrado.
16) o Texto 2 explora a ambiguidade identificada pelo garoto 32) a organização do texto obedece à natureza tradicional dos
na expressão “suas próprias palavras”. diários íntimos ao exigir um interlocutor externo, alguém
32) no Texto 1, as palavras “número”, “subtraído”, “literário” e diferente da própria pessoa que os escreve.
“mistério” recebem acento gráfico agudo decorrente da mesma 64) marcas textuais presentes no texto e que o caracterizam
regra de acentuação. como pertencente ao gênero diário são: discurso em primeira
64) no Texto 2, “essas brechas”, no quarto quadro, retoma o pessoa, entrada de data, tom intimista e confessional.
duplo sentido expresso pelo primeiro quadro, que permite ao
garoto a resposta apresentada no terceiro quadro. Exercício 139
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Exercício 138 Leia a fábula “O morcego e as doninhas” do escritor grego Esopo
(Ufsc 2017) dia 16 de outubro de 1983 (620 a.C.?-564 a.C.?) para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha1.
Primeira noite decente. Sonhei com o consultório da Mary Como seria morto, rogou à doninha que poupasse sua vida.
atravessado de papel higiênico, 1grande confusão: seria quem? – Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por
Analista, amiga ou namorada? Nenhuma das três? natureza, inimiga de todos os pássaros.
Não quero agora computar as perdas. Perder é uma lenha. Lá – Não sou um pássaro – alegou o morcego. – Sou um rato.
fora está sol, quem escreve deixa um testemunho. E assim ele conseguiu escapar. Mais tarde, ao cair de novo e ser
2Reesquentando. Joguei fora algumas coisas já escritas porque capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não o
não era o testemunho que eu queria deixar. É outro. Outro devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos,
agora. Acredite se puder. Rejane por perto, acompanhando ele afirmou que não era um rato, mas um morcego. E de novo
meus progressos. Peço a ela encarecidamente que 3me faça o conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe bastou
favor de lembrá-los. Eu mesma me exercito, mas que péssima mudar de nome para ter a vida salva.
memória! Notas, Armando. A memória Fraca para os (Fábulas, 2013.)
progressos! Chega desse lero, Poesia virá quando puder. Por
enquanto, Filho, é isso aí apenas. Saí ao sol onde tentei um do- 1doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e
in, 4me sinto exaurida. 5Lembra que o diário era alimento de patas curtas (também conhecido como furão).
cotidiano? Que importa a má fama depois que estamos mortos?
Importa tanto que 6abri a lata de lixo: quero outro testemunho.
(Unesp 2016) “– Não sou um pássaro – alegou o morcego.” (3º mais de um linguista que de um encerador. Como encerador, não
parágrafo) ia muito lá das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu
Ao se transpor este trecho para o discurso indireto, o verbo “sou” trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma
assume a seguinte forma: flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas, como
linguista, cultor do 1vernáculo e aplicador de sutilezas
a) era.
gramaticais, seu Afredo estava sozinho.
b) fui.
Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em
c) fora.
quem a preocupação linguística perturbava às vezes a colocação
d) fosse.
pronominal. Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou
e) seria.
ligeiramente 2ressabiada quando seu Afredo, casualmente de
Exercício 140 passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: segunda do singular:
Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro – Onde vais assim tão elegante?
e Guilherme Assis de Almeida, para responder à(s) questão(ões) Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo
abaixo. do trabalho, fazendo os mais deliciosos pedantismos que já me
De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à 3lide caseira,
com estranhos. À noite, não saia para caminhar, principalmente se queixou-se do fatigante 4ramerrão do trabalho doméstico. Seu
estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar, Afredo virou-se para ela e disse:
tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em – Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e
sinal vermelho. Se for assaltado, não reaja – entregue tudo. tomar a sua quilometragem. Diz que é muito bão.
É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora,
recomendações. Faz tempo que a ideia de integrar uma cantarolava ao piano enquanto seu Afredo, acocorado perto dela,
comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte de um esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto minha tia
coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das mais gorda. Pois bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe:
grandes cidades brasileiras. As noções de segurança e de vida – Cantas?
comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso amarelo:
pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto – É, canto às vezes, de brincadeira...
como parceiro ou parceira em potencial; o desconhecido é Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe
encarado como ameaça. O sentimento de insegurança transforma explicou o temperamento do nosso encerador:
e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, – Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É
troca, comunidade, participação coletiva, as moradias e os excesso de... gramática.
espaços públicos transformam-se em palco do horror, do pânico e Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela
do medo. com ar disfarçado e falou:
A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades, – Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua
drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas – especialmente irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio com essa voz, ‘tá
as dos jovens e dos mais pobres –, Dilacera famílias, modificando redondamente enganada. Nem em programa de calouro!
nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais E, a seguir, ponderou:
cidadãos, passamos a ser consumidores do medo. O que fazer – Agora, piano é diferente. Pianista ela é!
diante desse quadro de insegurança e pânico, denunciado E acrescentou:
diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual – Eximinista pianista!
tarefa impõe-se aos cidadãos, na democracia e no Estado de Para uma menina com uma flor, 2009.
direito?
(Violência urbana, 2003.) 1vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.
2ressabiado: desconfiado.
(Unesp 2017) O modo de organização do discurso predominante 3lide: trabalho penoso, labuta.
no excerto é 4ramerrão: rotina.
a) a dissertação argumentativa.
(Unesp 2017) “[Seu Afredo] perguntou-lhe à queima-roupa, na
b) a narração.
segunda do singular:
c) a descrição objetiva.
– Onde vais assim tão elegante?” (2º parágrafo/3º parágrafo)
d) a descrição subjetiva.
Ao se adaptar este trecho para o discurso indireto, o verbo “vais”
e) a dissertação expositiva.
assume a seguinte forma:
Exercício 141 a) foi.
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia a crônica “Seu b) fora.
‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980), publicada c) vai.
originalmente em setembro de 1953. d) ia.
Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar e) iria.
com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva, um seu criado...”)
tornou-se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito Exercício 142
Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga (1913-1990), para rema, bobalhão! – e fui remando com força, sem ligar para os
responder à(s) questão(ões) a seguir. respingos de água fria, cada vez com mais força, como se isto
A madrugada era escura nas moitas de mangue, e eu avançava adiantasse alguma coisa.
no 1batelão velho; remava cansado, com um resto de sono. De (Os melhores contos, 1997.)
longe veio um 2rincho de cavalo; depois, numa choça de 1batelão: embarcação movida a remo.
pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina. 2rincho: relincho.
Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu 3flaubert: um tipo de espingarda.
encontrara galopando na praia. Ela era corada, forte. Viera do Rio,
sabíamos que era muito rica, filha de um irmão de um homem de
nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela (Unesp 2018) Ao se converter o trecho “Ela então riu, disse que
usava calças compridas, fazia caçadas, dava tiros, saía de barco eu confessara que não gostava mesmo dela” (7º parágrafo) para o
com os pescadores. Mas na segunda noite, quando nos juntamos discurso direto, o verbo “confessara” assume a forma:
todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido
a) confessei.
cachaça, como todos nós, e cantou primeiro uma coisa em inglês,
b) confessou.
depois o Luar do sertão e uma canção antiga que dizia assim:
c) confessa.
“Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma
d) confesso.
canção triste.
e) confessava.
Cantando, ela parou de me assustar; cantando, ela deixou que eu
a adorasse com essa adoração súbita, mas tímida, esse fervor Exercício 143
confuso da adolescência – adoração sem esperança, ela devia ter TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de Leia o trecho do conto O 1alienista, de Machado de Assis (1839-
basquete, que costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem 1908), para responder à(s) questão(ões) a seguir.
casado, que já tinha ido até à Europa e tinha um automóvel e uma Era a vez da terapêutica. Simão Bacamarte, ativo e sagaz em
coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com minha pobre descobrir enfermos, excedeu-se ainda na diligência e penetração
3flaubert, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que com que principiou a tratá-los. Neste ponto todos os cronistas
não sabia lidar nem com um motor de popa, apenas tocar um estão de pleno acordo: o ilustre alienista fez curas pasmosas, que
batelão com meu remo. excitaram a mais viva admiração em Itaguaí.
Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia Com efeito, era difícil imaginar mais racional sistema terapêutico.
solitária; eu vinha a pé, ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe, Estando os loucos divididos por classes, segundo a perfeição
meu coração bateu adivinhando quem poderia estar galopando moral que em cada um deles excedia às outras, Simão Bacamarte
sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela cuidou em atacar de frente a qualidade predominante.
fosse passar me dando apenas um adeus, esse “bom-dia” que no Suponhamos um modesto. Ele aplicava a medicação que pudesse
interior a gente dá a quem encontra; mas parou, o animal incutir-lhe o sentimento oposto; e não ia logo às doses máximas,
resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro — graduava-as, conforme o estado, a idade, o temperamento, a
da blusa fina, branca. São as duas imagens que se gravaram na posição social do enfermo. Às vezes bastava uma casaca, uma
minha memória, desse encontro: a pele escura e suada do cavalo fita, uma cabeleira, uma bengala, para restituir a razão ao
e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar alienado; em outros casos a moléstia era mais rebelde; recorria
fino da manhã. então aos anéis de brilhantes, às distinções honoríficas, etc.
E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria, Houve um doente, poeta, que resistiu a tudo. Simão Bacamarte
como se eu fosse um rapaz mais velho do que ela, um homem começava a desesperar da cura, quando teve ideia de mandar
como os de sua roda, com calças de “palm-beach”, relógio de correr matraca, para o fim de o apregoar como um rival de Garção
pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não 2 e de Píndaro 3.
saber quase nada, não sabia os nomes dos peixes que ela dizia, — Foi um santo remédio, contava a mãe do infeliz a uma comadre;
deviam ser peixes de outros lugares mais importantes, com foi um santo remédio.
certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos [...]
dos coqueirinhos junto da praia – e falou de minha irmã, que Tal era o sistema. Imagina-se o resto. Cada beleza moral ou
conhecera, quis saber se era verdade que eu nadara desde a mental era atacada no ponto em que a perfeição parecia mais
ponta do Boi até perto da lagoa. sólida; e o efeito era certo. Nem sempre era certo. Casos houve
De repente me fulminou: “Por que você não gosta de mim? Você em que a qualidade predominante resistia a tudo; então, o
me trata sempre de um modo esquisito...” Respondi, estúpido, alienista atacava outra parte, aplicando à terapêutica o método da
com a voz rouca: “Eu não”. estratégia militar, que toma uma fortaleza por um ponto, se por
Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo outro o não pode conseguir.
dela, e eu disse: “Não é isso.” Montou o cavalo, perguntou se eu No fim de cinco meses e meio estava vazia a Casa Verde; todos
não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar na casa dos curados! O vereador Galvão, tão cruelmente afligido de
Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia moderação e equidade, teve a felicidade de perder um tio; digo
seguinte foi-se embora. felicidade, porque o tio deixou um testamento ambíguo, e ele
Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone obteve uma boa interpretação, corrompendo os juízes, e
apanhar uns camarões vivos para isca; e o relincho distante de um embaçando os outros herdeiros.
cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu disse comigo – [...]
Agora, se imaginais que o alienista ficou radiante ao ver sair o Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o
último hóspede da Casa Verde, mostrais com isso que ainda não velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no
conheceis o nosso homem. Plus ultra! 4 era a sua divisa. Não lhe passado. [...]
bastava ter descoberto a teoria verdadeira da loucura; não o Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de
contentava ter estabelecido em Itaguaí o reinado da razão. Plus “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do
ultra! Não ficou alegre, ficou preocupado, cogitativo; alguma coisa bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo
lhe dizia que a teoria nova tinha, em si mesma, outra e novíssima inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo
teoria. suas necessidades íntimas.
— Vejamos, pensava ele; vejamos se chego enfim à última Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro,
verdade. ausente:
Dizia isto, passeando ao longo da vasta sala, onde fulgurava a – E ele é muito hiputrélico...
mais rica biblioteca dos domínios ultramarinos de Sua Majestade. Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:
Um amplo chambre de damasco, preso à cintura por um cordão – Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.
de seda, com borlas de ouro (presente de uma Universidade) Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:
envolvia o corpo majestoso e austero do ilustre alienista. A – Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?
cabeleira cobria-lhe uma extensa e nobre calva adquirida nas – É. Mas não existe.
cogitações cotidianas da ciência. Os pés, não delgados e Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já
femininos, não graúdos e mariolas, mas proporcionados ao vulto, feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:
eram resguardados por um par de sapatos cujas fivelas não – O senhor também é hiputrélico...
passavam de simples e modesto latão. Vede a diferença: — só se E ficou havendo.
lhe notava luxo naquilo que era de origem científica; o que (Tutameia, 1979.)
propriamente vinha dele trazia a cor da moderação e da singeleza,
virtudes tão ajustadas à pessoa de um sábio. (Unesp 2021) O efeito cômico do texto deriva, sobretudo, da
(O alienista, 2014.) ambiguidade da expressão
a) “homem-de-bem”.
1alienista: médico especialista em doenças mentais.
b) “bom português”.
2Garção: um dos principais poetas do Neoclassicismo português.
c) “indesejável maçante”.
3Píndaro: considerado o maior poeta lírico da antiga Grécia.
d) “necessidades íntimas”.
4Plus ultra!: expressão latina que significa “Mais além!”.
e) “indivíduo pedante”.
(Unesp 2018)
a) Transcreva o trecho “ele [vereador Galvão] obteve uma boa
interpretação, corrompendo os juízes, e embaçando os outros
herdeiros” (5º parágrafo), substituindo os termos sublinhados por
outros de sentido equivalente.
b) Transcreva o trecho “— Foi um santo remédio, contava a mãe
do infeliz a uma comadre” (3º parágrafo) em discurso indireto e
em ordem direta.
Exercício 144
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro
Tutameia, de João Guimarães Rosa.
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e
ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o
significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a
prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático,
sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante,
importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob
mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se
verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos,
começa ele por se negar nominalmente a própria existência.
Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos?
Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase
ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do
espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é
que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos
seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada?
GABARITO
regime totalitarista em que a censura o impede de manifestar
Exercício 1
a sua insatisfação.
e) a polissemia de um termo provocou ambiguidade no texto, o b) Mas se você perguntar a quaisquer cidadãos de uma
que levou o personagem a uma interpretação equivocada ditadura o que acham do seu país, eles respondem sem
sobre o que poderia ser feito com a camisa. hesitação: “Não podemos nos queixar”.
Exercício 2 Exercício 13
Exercício 7
Exercício 15
d) Mesmo sem revogar dogmas, Papa vira alvo dos
Duas interpretações possíveis para esse título são:
conservadores.
Exercício 8 - Uma mulher grávida não encontra um remédio, por ser caro,
nos centros de distribuição de São Paulo.
c) “A escolha pela alta gastronomia tem seu preço”.
- Uma mulher grávida encontra em São Paulo apenas remédio
Exercício 9 barato.
Exercício 26 a) ironia.
c) deixou. Exercício 43
Exercício 29 e) II e III.
Exercício 62 Exercício 65
Como visto no trecho “a multidão a gritar uma só palavra, Vejo, 1ª ocorrência: surpresa, perplexidade.
diziam-na os que já tinham recuperado a vista, diziam-na os 2ª ocorrência: lástima, pesar.
que de repente a recuperavam”, as falas são iniciadas por letra
Exercício 66
maiúscula e são introduzidas por vírgula. Dessa forma, ao
eliminar-se a pontuação convencional, eliminam-se também b) personificação.
as pausas, tornando o texto mais fluido e aproximando-o de
Exercício 67
um texto mais oral, afinal, é na fala que se nota a ausência de
pontuação. Além disso, é possível aproximar o narrador das b) as raízes profundas, presentes na imagem, representam
personagens, mesclando o discurso do observador onisciente metaforicamente o quão complexo é acabar com o racismo no
ao das personagens. Brasil, pois a ideia de raça foi historicamente construída e
mantida por muito tempo em nosso país.
Exercício 63
Exercício 68
a) No fragmento I, os travessões isolam e destacam um aposto
de uma personagem interpretada pela atriz, o qual, por sua c) I, III e IV apenas.
vez, poderia ser isolado pela vírgula. No fragmento II, as
vírgulas isolam uma oração subordinada adjetiva explicativa Exercício 69
cujo propósito é apontar a razão da repercussão mundial do a) “O calor do sol está dizendo aos homens que vão descansar
site 4chan. Nesse caso, tais vírgulas poderiam ser substituídas e dormir” (1º parágrafo) – personificação.
pelos travessões, assim como os travessões pelas vírgulas. Em
ambos os casos, as vírgulas e os travessões isolam trechos Exercício 70
que correspondem a informações adicionais e acessórias. d) “Que faziam perpétua a primavera:” (3ª estrofe)
Exercício 71 d) exploração de recursos musicais e figurativos.
a) metonímia. Exercício 80
d) F F V V F. Exercício 81
b) Caro investidor, cuide melhor de seu dinheiro. e) personificação, pois a lua vivencia uma situação que é
própria dos seres humanos.
Exercício 87
a) alegoria.
Exercício 88
c) Paradoxo, pois contrapõem-se duas ideias antagônicas: b) O emprego do diminutivo nas palavras “letrinha(s)” e
fingimento e sinceridade. “tijolinhos” permite ao leitor comum aproximar-se da
linguagem científica, vencer a complexidade do estudo do
Exercício 98 mundo da microbiologia, ramo da ciência que estuda os seres
e) Metonímia, pois há contiguidade entre a gota de vermelho e vivos minúsculos que só podem ser vistos pelos humanos por
Exercício 121
b) As conjunções pois e porque substituem os dois pontos do
período, já que o segundo segmento estabelece relação de e) "Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas,
explicação com o primeiro: “Vale dizer que o usuário polêmico, sensacionalistas, com destaque para notícias
contabilizou apenas mortes relevantes à história, pois (porque) atreladas a temas de saúde, [...] (6º parágrafo) (desconexas)
só entraram na planilha vítimas que tinham, pelo menos, nome
antes de baterem as botas”. Exercício 122
Exercício 116 04) Por definição, oração coordenada que seja desprovida de
conjunção é denominada ASSINDÉTICA, como o exemplo a
b) "apático" e "esperto". seguir: Antigamente, para comunicar-se com um primo no
Exercício 117 oeste do Estado, o jovem era obrigado a escrever uma carta.
08) Nos versos: ''Minha cidade toda se enfeito Pra ver a banda
b) homenagear. passar Cantando coisas de amor'' há uma prosopopeia.
16) Em "O alfaiate COSE a roupa, enquanto sua mulher COZE
Exercício 118
as verduras para o jantar" e em "A garota fez a DESCRIÇÃO
e) “[...] deixei de ser tão cética.” (9º parágrafo) - inflexível do assaltante com muita DISCRIÇÃO", os pares cose/coze e
descrição/discrição são, respectivamente, homônimos e
Exercício 119
parônimos.
c) Apenas 3.
Exercício 129
Exercício 120
a) a letra "i" do hiato está sozinha e é tônica.
Exercício 130 ainda que seja uma fala de si para si em um texto escrito.
16) o excerto “Da cama do hospital. A lesma quando passa
b) parônimos, homônimos, parônimos e sinônimos.
deixa um rastro prateado. Leiam se forem capazes”
Exercício 131 (referência 8) constitui uma provocação de Ana Cristina
Cesar para que o leitor decifre a natureza do testemunho
c) desvendar – usuais – verdadeiro
registrado.
Exercício 132 64) marcas textuais presentes no texto e que o caracterizam
como pertencente ao gênero diário são: discurso em
d) ser pais biológicos não pressupõe laços afetivos. primeira pessoa, entrada de data, tom intimista e
c) I, IV e V. Exercício 139
e) V – V – V – V. Exercício 140
2020 - 2022
CONJUNÇÕES
As conjunções conectam os termos de uma oração. Se conecte nessas aulas e fique por
dentro dos diferentes valores das conjunções.
f Vimos seu irmão e sua irmã no parque. – Nesse caso a conjunção “e” liga dois
termos na frase.
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f Conjunções coordenativas alternativas;
Conjunções Aditivas e Adversativas
IMPORTANTE
As conjunções aditivas podem ser usadas tanto para indicar adições com sentido
positivo quanto para expressar adições com sentido negativo. Observe os exemplos
abaixo:
f Adriana comprou não só uma cama nova, mas também um novo guarda-roupas.
Em ambos os exemplos vemos as conjunções aditivas “e”, “não só, mas também”
trazendo sentidos positivos de adição para as frases. Agora vejamos o exemplo em que
a adição ganha sentido negativo:
4
Conjunções adversativas
Na tirinha acima, o personagem fala com Hagar, elogiando a sua ótima forma física,
entretanto, quando a cadeira em que ele está sentado quebra, o personagem usa a
conjunção adversativa “entretanto” para contradizer a ideia inicial, afirmando que talvez
seja melhor ele perder peso.
Na tirinha acima podemos ver que o personagem tece uma série de comentários sobre
algum candidato político, apresentando primeiro uma característica negativa e em
seguida uma característica que contradiz e ameniza a primeira, como em “ele rouba,
mas faz.”
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A seguir uma tabela com as conjunções aditivas e adversativas.
Conjunções Aditivas e Adversativas
ANOTAÇÕES
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CONJUNÇÕES ALTERNATIVAS,
CONCLUSIVAS E EXPLICATIVAS
IMPORTANTE
As conjunções alternativas podem ser usadas sozinhas ou duplicadas, reforçando a
ideia de alternância na oração. Observe os exemplos abaixo:
f Não gosto muito de conversar por WhatsApp, ora demoram para responder, ora
falam demais.
f Seja do jeito dela, seja do meu jeito, sei que logo chegaremos a um acordo.
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Conjunções Conclusivas
Conjunções Alternativas, Conclusivas e Explicativas
f Perdi o último ônibus, portanto terei que chamar um uber para chegar em casa.
IMPORTANTE
As conjunções conclusivas devem ser precedidas por vírgula, visto que pelas regras
gramaticais, é obrigatório o uso de vírgula antes de orações coordenadas conclusivas.
Conjunções Explicativas
As conjunções coordenadas explicativas ou conjunções explicativas são usadas para
explicar uma ideia. Elas unem duas orações, sendo que a segunda explica uma ideia
introduzida na primeira oração. Dentre as principais conjunções explicativas estão
porque, pois, que, entre outras. Vejamos alguns exemplos:
f Não soltem fogos de artifícios, porque eles provocam medo nos cachorros.
IMPORTANTE
As conjunções explicativas devem ser precedidas por vírgula, visto que pelas regras
gramaticais, é obrigatório o uso de vírgula antes de orações coordenadas explicativas.
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A seguir uma tabela com as conjunções alternativas, conclusivas e explicativas.
ANOTAÇÕES
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CONDICIONAIS E CONCESSIVAS
CONJUNÇÕES CONDICIONAIS
As conjunções subordinativas condicionais ou simplesmente conjunções condicionais
são responsáveis por iniciar uma oração subordinada que expressa uma hipótese ou
condição para que o fato expresso na primeira oração aconteça ou não. Dentre as
principais conjunções condicionais podemos destacar: se, caso, quando, dado que,
desde que, entre outras.
f “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser
feliz!” (O Pequeno Príncipe)
Vemos na tirinha acima uma situação que envolve a criação do mundo e das espécies. No
primeiro quadrinho vemos uma espécie de cachorro atormentando o criador enquanto
ele parece estar pensativo e no segundo quadrinho há a seguinte frase: “Se você não
parar, eu te dou um pescoção!”, indicando uma condição, uma hipótese passível de ser
realizada caso o animal não pare de falar.
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CONJUNÇÕES CONCESSIVAS
Condicionais e Concessivas
f Embora Teresa ficasse muito nervosa, sempre tirava nota máxima nas provas.
f “Ainda que eu falasse a língua dos homens/sem amor eu nada seria”. (Monte
Castelo, Legião Urbana)
Na frase acima vemos que o arroz e o feijão, ou seja, o alimento trivial é mais gostoso que o
sushi. Assim, o argumento utilizado após a conjunção ganha mais importância e destaque.
Já no caso das conjunções concessivas, seu uso indica uma ressalva, introduzir uma
condição que não anula o argumento expresso na oração principal e ao contrário
das conjunções adversativas, as orações concessivas possuem função sintática, pois
introduzem uma oração subordinada adverbial concessiva, estabelecendo uma relação
de subordinação entre as frases. Vejamos um exemplo:
Como podemos ver na frase acima, embora haja uma situação conflitante, ela não anula
a ação inicial, que é ir à praia.
Conjunções Condicionais Se, desde que, caso, contanto que, a menos que, somente se.
Conjunções Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, em que pese,
posto que.
2
CONJUNÇÕES FINAIS,
PROPORCIONAIS E TEMPORAIS
CONJUNÇÕES FINAIS
As conjunções subordinativas finais ou simplesmente conjunções finais indicam a
finalidade, o objetivo presente na oração principal. Elas são responsáveis por ligar duas
orações que são sintaticamente dependentes e o uso desse tipo de conjunção indica o
objetivo da oração. Dentre as principais conjunções comparativas podemos destacar: a
fim de que, para que, que e porque (utilizado no sentido de que).
f Fez toda a tarefa para que a professora não lhe desse uma bronca.
CONJUNÇÕES PROPORCIONAIS
As conjunções subordinativas proporcionais ou simplesmente conjunções proporcionais
são usadas para introduzir uma oração que apresenta acontecimentos concomitantes,
simultâneos, ou seja, a ação é realizada ao mesmo tempo na oração principal e na
oração subordinada.
Desta forma, as conjunções proporcionais ligam as duas orações, sendo que a segunda
oração indica um acontecimento que ocorre ao mesmo tempo que o da primeira oração,
além disso também pode indicar uma relação de proporcionalidade entre as duas
orações. As principais conjunções conformativas são à proporção que, à medida que,
ao passo que, quanto mais (no sentido de mais), quanto menos (no sentido de
menos), entre outras. Vejamos alguns exemplos:
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Conjunções Finais, Proporcionais e Temporais
Na tirinha acima podemos ver uma reflexão do personagem identificado como O pai
da Aline, que reflete sobre a calvície iminente. Ele começa o seu discurso falando: “À
medida que vamos ficando mais velhos...” e continua falando sobre as perdas da
vida, falando que conforme envelhece vai perdendo os cabelos, indicando uma ação
simultânea.
CONJUNÇÕES TEMPORAIS
As conjunções subordinativas temporais ou simplesmente conjunções temporais são
usadas para introduzir uma oração subordinada que apresenta uma circunstância de
tempo ao fato expresso na oração principal.
Desta forma, as conjunções temporais ligam as duas orações, sendo que a segunda
adiciona uma noção de tempo em relação à primeira. Dentre as principais conjunções
temporais podemos destacar quando, enquanto, antes que, depois que, logo que, assim
que, agora que, entre outras. Vejamos alguns exemplos:
f Meus pais ficaram tristes depois que meu irmão foi morar em outro país.
2
Na tirinha acima vemos uma conversa entre dois funcionários que precisam limpar a
ANOTAÇÕES
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COMPARATIVAS E
CONFORMATIVAS
CONJUNÇÕES COMPARATIVAS
As conjunções subordinativas comparativas ou simplesmente conjunções comparativas
indicam que a oração subordinada expressa uma comparação em relação a oração
principal. Elas são responsáveis por ligar duas orações que são sintaticamente
dependentes, sendo que a segunda oração indica uma comparação em relação à
primeira. Dentre as principais conjunções comparativas podemos destacar: que, qual
(usado depois de tal), como, assim como, entre outras.
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CONJUNÇÕES CONFORMATIVAS
Comparativas e Conformativas
ANOTAÇÕES
2
CAUSAIS E CONSECUTIVAS
Conjunções Causais
As conjunções subordinativas causais ou simplesmente conjunções causais indicam
uma oração subordinada expressa causa. Elas são responsáveis por ligar duas orações,
sendo que a segunda oração indica uma causa em relação à primeira. Dentre as
principais conjunções alternativas podemos destacar: porque, pois, por isso que, uma
vez que, entre outras.
f Escolheram não levar a menina uma vez que ela não se comportou bem da
última vez.
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Causais e Consecutivas
Na primeira parte da tirinha vemos Garfield fazendo uma reflexão sobre a sua relação
com a comida: “Eu como demais porque estou deprimido” e “Estou deprimido porque
como demais”. A conjunção causal porque é empregada para expressar a relação
presente entre a primeira e a segunda oração.
Conjunções Consecutivas
As conjunções subordinativas consecutivas ou simplesmente conjunções consecutivas
são usadas para expressar uma consequência em relação ao que foi dito na primeira
oração. Elas são responsáveis por ligar as duas orações, sendo que a segunda oração
transmite a ideia de consequência de uma ação iniciada na primeira parte. As principais
conjunções consecutivas são que (vindo junto dos termos intensificadores tal, tão,
tamanho, tanto), de modo que, de maneira que, entre outras. Vejamos alguns
exemplos:
f Não sabíamos o que fazer de modo que ficamos aguardando novas instruções
durante toda a tarde.
ANOTAÇÕES
2
Português Lista de Exercícios
Exercício 1 Exercício 2
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Fgv 2013) Leia estas frases:
O fragmento de texto apresentado foi retirado do romance O
crime do padre Amaro, de Eça de Queirós.* I. Mandou, chegou.
(Slogan publicitário de uma empresa de serviço de encomenda
FRAGMENTO V expressa)
Mas Amaro, radiante de se achar ali, numa praça de Lisboa, em II. Vim, vi, venci.
conversação íntima com um estadista ilustre, perguntou ainda, (Tradução de uma frase latina, atribuída ao general e cônsul
pondo nas palavras uma ansiedade de conservador assustado: romano Júlio César)
– E crê Vossa Excelência que essas ideias de república, de
materialismo, se possam espalhar entre nós?
O conde riu: e dizia, caminhando entre os dois padres, até quase a) A ordem dos verbos, nas duas frases, é aleatória ou é
junto das grades que cercam a estátua de Luís de Camões: determinada por algum fator específico? Explique.
– Não lhes dê isso cuidado, meus senhores, não lhes dê isso b) Transcreva essas frases, unindo as orações que compõem cada
cuidado! É possível que haja aí um ou dois esturrados que se uma delas mediante o emprego das conjunções adequadas à
queixem, digam tolices sobre a decadência de Portugal, e que relação de sentido que nelas se estabelece.
estamos num marasmo, e que vamos caindo no embrutecimento,
e que isto assim não pode durar dez anos etc., etc. Baboseiras!...
Tinha-se encostado quase às grades da estátua, e tomando uma Exercício 3
atitude de confiança: (Fuvest 2004) Leia com atenção as seguintes frases, extraídas do
– A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros invejam-nos... termo de garantia de um produto para emagrecimento:
(CAPÍTULO XXV)
a) Reescreva os trechos destacados nas frases I e II, substituindo
as conjunções que os iniciam por outras equivalentes e fazendo
* Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000.
as alterações necessárias.
b) Reescreva a frase III, fazendo as correções necessárias.
continuará a elevar-se por décadas. O aquecimento global já está roupas para permanecer "cool" (bacana, ou, literalmente, fresco)
inscrito no futuro da Terra. enquanto o mundo se aquece [...].
Para manter esses gases nos níveis atuais, seria preciso O aquecimento global virou moda, modismo. Já houve até
cortar a emissão de gás carbônico em 60%. Tendo em vista a evento fashion "carbon-neutral", em que hedonistas compungidos
voluntariam uns caraminguás para plantar árvores, não se sabe
tecnologia disponível, seria necessário cortar a atividade
industrial mundial em uma escala que faria a crise de 1929 nem se quer saber onde. Peles de animais, contudo, voltaram a
ser chiques. O mundinho é verde, "ma non troppo". Ao final, todos
parecer pequena. 4Na verdade, é quase certo que haverá uma
montam em seus jipões 4 × 4 movidos a (muito) diesel e rodam
emissão de carbono consideravelmente maior. A maioria dos
superiores sobre o asfalto esburacado das metrópoles brasileiras.
estudos prevê que o consumo de energia no mundo vai dobrar
Os mais radicais se filiam a alguma ONG - com nome em inglês,
até 2050. Boa parte vai acontecer na China e na Índia. Esses dois
claro [...].
países estão construindo 650 usinas termelétricas. A emissão de
Marcelo Leite. Folha de S. Paulo, 18 de março de 2007.
CO2 delas todas será cinco vezes maior que a economia que o
acordo assinado em 1997 em Kyoto obteria se todos os países
ocidentais tivessem aderido a suas metas, o que não ocorreu.
Exponho esses fatos não para incentivar fatalismo ou
(Ufu 2007) Observe os trechos a seguir.
condescendência. Não termos começado a parar de usar
combustíveis "sujos" é escandaloso. Mas, mesmo se tivéssemos, a
1) Por favor, não me tome por um cético. As evidências me
Terra ainda sofreria um aquecimento considerável nas próximas
deixam totalmente convencido de que as mudanças climáticas
décadas. Então, além de nossos esforços para evitar e atenuar as
são reais e graves. (ref. 1 - texto 1)
mudanças climáticas, precisamos pôr em prática outra estratégia:
2) Os gases que estão provocando o aquecimento da Terra vêm
adaptação.
se acumulando há centenas de anos. Não vão desaparecer
Ninguém gosta de falar disso porque parece derrotismo.
facilmente. (ref. 2 - texto 1)
Mas o resultado é que, enquanto debatemos, estamos
3) [...] a concentração de gases que provocam o efeito estufa
despreparados para lidar com as consequências do aquecimento.
continuará a elevar-se por décadas. O aquecimento global já está
Seja ou não a emissão de CO2 a responsável, podemos ver que o
inscrito no futuro da Terra. (ref. 3 - texto 1)
nível do mar está subindo. O que faremos? 4) Na verdade, é quase certo que haverá uma emissão de carbono
Em setembro do ano passado, a presidente da Associação consideravelmente maior. A maioria dos estudos prevê que o
Britânica pelo Avanço da Ciência, Frances Cairncross, pediu que consumo de energia no mundo vai dobrar até 2050. (ref. 4 - texto
se começasse essa discussão. 5"Precisamos pensar em políticas 1)
para nos preparar para um mundo mais quente e mais seco,
sobretudo nos países pobres", disse. "Isso pode demandar, por a) Escreva a conjunção que pode substituir o ponto final entre os
exemplo, novos cultivos, barragens contra enchentes, novas períodos em cada um dos itens, sem alteração do sentido e da
normas para construção perto do nível do mar." Ao contrário dos ordem.
planos para a diminuição do aquecimento global, que demandam b) Descreva a relação que as conjunções ajudam a estabelecer em
um esforço internacional enorme e simultâneo, as estratégias de cada item.
adaptação podem ser levadas a cabo individualmente por países,
Estados, cidades ou localidades.
Muitos defensores do meio ambiente temem que falar Exercício 5
sobre enfrentar o aquecimento global atrapalhe os esforços para TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
diminuí-lo. Na verdade, não temos outra saída além de fazer os Um escritor! Um escritor!
dois. O crucial é parar de falar e começar a agir. Antônio Prata*
Fareed Zakaria. Época, 19 de fevereiro de 2007.
Com o jornal numa mão e um guaraná diet na outra, eu
TEXTO 2 caminhava pelas ruas de 1Kiev, desviando de barricadas e
coquetéis molotov, quando a voz no sistema de som me trouxe
Hoje em dia ninguém mais cita o filósofo Gilles Deleuze de volta à poltrona 11C do Boeing 737: “Atenção, senhores
(1925-1995) em jornal - a não ser, talvez, para criticá-lo. Mesmo passageiros, caso haja um médico a bordo, favor se apresentar a
quem o conhece mal, porém, não deixará de reconhecer como é um de nossos comissários”.
Foi aquele discreto alvoroço: todos cochichando, olhando em Vocabulário de apoio:
volta, procurando o doente e torcendo por um doutor, até que, do 1
Kiev: capital e maior cidade da Ucrânia. No trecho: “eu
fundo da aeronave, despontou o nosso herói. Vinha com passos caminhava pelas ruas de Kiev, desviando de barricadas e
firmes — grisalho, como convém —, a vaidade disfarçada num coquetéis molotov”, o autor se refere ao tema do livro (Guerra da
leve enfado, como um Clark Kent que, naquele momento, Crimeia) que ele lia, enquanto estava no voo. Os termos
estivesse menos interessado em demonstrar os superpoderes do ‘barricadas’(trincheiras feitas de improviso) e ‘coquetéis molotov’
que em comer seus amendoins. (tipo de arma química, geralmente usada em guerrilhas) estão
Um comissário o encontrou no meio do corredor e o levou, relacionados ao tema da leitura feita pelo autor.
apressado, até uma senhora gorducha que segurava a cabeça e
hiperventilava na primeira fileira do avião. O médico se agachou, 2 fagocitada: neologismo criado a partir de fagocitose: processo
tomou o pulso, auscultou peito e costas, conversou baixinho com
de ingestão e destruição de partículas sólidas, como bactérias ou
ela, depois falou com a aeromoça. Trouxeram uma caixa de metal,
pedaços de tecido necrosado, por células ameboides chamadas
ele deu um comprimido à mulher e, nem dez minutos mais tarde, de fagócitos [tem como uma das funções a proteção do
voltou pros seus amendoins, sob os olhares admirados de todos.
organismo contra infecções.]; no texto, ‘fagocitada’ pode ser
Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir, foi
substituída por ‘devorada’.
rapidamente 2fagocitada pela inveja. Ora, quando a medicina
nasceu, com Hipócrates, a história de 3Gilgamesh já circulava 3
No trecho: “a medicina nasceu, com Hipócrates, a história de
pelo mundo havia mais de dois milênios: desde tempos Gilgamesh”, o autor se refere a Hipócrates – pensador grego,
imemoriais, enquanto o corpo seguia ao deus-dará, a alma era considerado o “pai da Medicina” – e a Gilgamesh - rei da Suméria,
tratada por mitos, versos, fábulas — e, no entanto... mais conhecido atualmente por ser o personagem principal da
No entanto, caros leitores, quem aí já ouviu uma aeromoça pedir, Epopeia de Gilgamesh, um épico mesopotâmico preservado em
ansiosa: “Atenção, senhores passageiros, caso haja um escritor a tabuletas escritas com caracteres cuneiformes (o mais antigo tipo
bordo, favor se apresentar a um de nossos comissários”? de escrita do mundo).
Eu não me abalaria. Fecharia o jornal, sem afobação, poria uma
Bic e um guardanapo no bolso, iria até a senhora gorducha e me 4
anamnese: lembrança, recordação pouco precisa. No campo da
agacharia ao seu lado. Conversaríamos baixinho. Ela me medicina, anamnese é um histórico que vai desde os sintomas
confessaria, quem sabe, estar prestes a reencontrar o filho, depois
iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base
de dez anos brigados: queria falar alguma coisa bonita pra ele,
nas lembranças do paciente.
mas não era boa com as palavras. Eu faria uma rápida
5anamnese: perguntaria os motivos da briga, 5se o filho estava
5
No trecho: “se o filho estava mais pra Proust ou pra UFC”, o
mais pra Proust ou pra UFC, levantaria recordações prazerosas
autor se refere a um escritor francês (Proust, importante escritor
da relação e, antes de tocarmos o solo, entregaria à mulher três no cenário da literatura mundial) e a UFC, cuja sigla em inglês
parágrafos capazes de verter lágrimas até da estátua do Borba
Ultimate Fighting Championship, designa organização de MMA
Gato. (Artes Marciais Mistas) que produz eventos ao redor de todo o
De volta ao meu lugar, passageiros me cumprimentariam e
mundo.
compartilhariam histórias semelhantes. Uma jovem mãe me
contaria do primo poeta que, num restaurante, ao ouvir os apelos 6 bombas da Crimeia – referência à Guerra da Crimeia (1853-
do garçom —”Um escritor, pelo amor de Deus, um escritor!”—,
1856), assunto do livro que o autor lia, durante o voo.
tinha sido levado até um rapaz apaixonado e conseguido escrever
seu pedido de casamento no cartão de um buquê antes que a
futura noiva voltasse do banheiro.
(G1 - cftmg 2020) No texto, há o uso de diferentes conjunções
Um senhor comentaria o caso muito conhecido do romancista
(elementos coesivos) com a finalidade de demarcar conexões de
que, após as súplicas de mil turistas, fora capaz de convencer 200
sentido. A partir dessa afirmação, existe correlação entre a
tripulantes de um cruzeiro a abandonar o gerúndio.
conjunção em destaque e a informação de sentido entre colchetes
Eu sorriria, de leve. Diria “Pois é, se você escolheu essa profissão,
em
tem que estar preparado pras emergências”, então recusaria,
educadamente, o segundo saquinho de amendoins que a a) Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir, foi
aeromoça me ofereceria e voltaria, como se nada tivesse rapidamente fagocitada pela inveja. [explicação]
acontecido, para as 6bombas da Crimeia, com meu copo de
guaraná. b) “Atenção, senhores passageiros, caso haja um escritor a bordo,
favor se apresentar a um de nossos comissários”? [causa]
*Antonio Prata
Escritor e roteirista, autor de Nu, de Botas. c) Trouxeram uma caixa de metal, ele deu um comprimido à
Jornal Folha de São Paulo, 25 mai. 2014 – Disponível em: mulher e, nem dez minutos mais tarde, voltou pros seus
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/>. Acesso amendoins, sob os olhares admirados de todos. [tempo]
em 27 ago.2019.
d) Ela me confessaria, quem sabe, estar prestes a reencontrar o
filho, depois de dez anos brigados: queria falar alguma coisa
bonita pra ele, mas não era boa com as palavras. [adição]
(1) Galileu: Qual é a relação que você manteve no idioma com a
Exercício 6 cultura Dothraki?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Peterson: O idioma inteiro é baseado na realidade dos Dothraki.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Consequentemente, há palavras para descrever todas as plantas,
animais e os fenômenos que acontecem em seu cotidiano — e
Xote Ecológico
nenhuma para situações desconhecidas.
Não posso respirar, não posso mais nadar (2) Galileu: Pode dar exemplos?
A terra tá morrendo, não dá mais pra plantar
Peterson: Não faria sentido criar palavras para “livro”, “ler” e
Se planta não nasce se nasce não dá
“escrever”, já que o Dothraki não existe na forma escrita. Também
Até pinga da boa é difícil de encontrar
não há palavra equivalente a “obrigado”, porque a cultura deles
Cadê a flor que estava ali?
não observa a gratidão da mesma forma. Mas há palavras
Poluição comeu.
diferentes para fezes de animais, dependendo se elas estão
E o peixe que é do mar?
frescas ou secas. Como as fezes secas são usadas para fazer
Poluição comeu
fogueiras, essa distinção é muito importante para eles. Também
E o verde onde que está? há 14 palavras diferentes para “cavalo”.
Poluição comeu
Nem o Chico Mendes sobreviveu
(3) Galileu: Os atores da série conseguem se comunicar na
língua?
Disponível em: ˂https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/295406/
Peterson: Pelo que sei, os atores apenas memorizam as falas,
˃
sem aprender o idioma. Não esperava que eles aprendessem,
Acesso em: 28 ago. 2019 afinal, seria um trabalhão. Eles “pegaram” algumas palavras e
expressões, mas duvido que conseguissem manter uma conversa
simples em Dothraki.
(G1 - ifsul 2020) Acerca do texto, é INCORRETO afirmar
a) A palavra “até”, no quarto verso, recebe acento gráfico pelo (4) Galileu: Você também criou o Alto Valiriano, outro idioma
mesmo motivo de “dá”, no segundo verso. falado em Essos, e disse, em entrevista, que a língua é “quase
b) O primeiro verso apresenta discurso direto. bonita demais”. Quais são os sons e as construções que tornam
isso possível? De que forma o Alto Valiriano se opõe aos sons
c) No quinto verso, a palavra “cadê” pertence ao registro guturais e pesados do Dothraki?
coloquial. Peterson: O Alto Valiriano é mais rico em ditongos do que o
Dothraki. E enquanto possui uma pegada gutural, o som é mais
d) No terceiro verso, as partículas “se” pertencem à classe das raro. Gramaticamente, as línguas têm suas diferenças. As duas
conjunções. não têm artigos, mas a ordem das palavras é diferente, com o
verbo sempre entrando no final da sentença e os adjetivos
Exercício 7 sempre precedendo o pronome que eles modificam.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
SAIBA MAIS SOBRE A LÍNGUA DOTHRAKI (5) Galileu: Em aulas de línguas estrangeiras, uma das primeiras
Conversamos com David Peterson, linguista responsável pela coisas que aprendemos (normalmente através dos colegas e não
criação dos idiomas de Game of Thrones dos professores) são os xingamentos. E também gostamos de
zoar os gringos que vêm ao Brasil, ensinando palavrões em
Se você encontrar um integrante de uma tribo Dothraki, é uma português, como se tivessem outro significado. Você pode nos
boa ideia saudá-lo com um respeitoso “m’athchomaroon” e ensinar a xingar em Dothraki?
passar longe de palavras como “gale”. Quem afirma isso é o Peterson: Claro! O Dothraki é um idioma “abençoado” com muitos
linguista contratado pela série Game of Thrones para criar as palavrões. “Ifak”, por exemplo, é uma palavra que tem o
línguas “estrangeiras” da história - o Dothraki e o Alto Valiriano. significado de gringo, de estrangeiro. Mas no Dothraki é usado
David Peterson, formado pela Universidade da Califórnia em San como um insulto. “Graddakh” é a palavra usada para fezes,
Diego, é integrante da Sociedade de Criação de Linguagens, sempre em tom pejorativo. Muitos dos outros xingamentos são
organização que se dedica às conlangs. óbvios, como “gale” que significa ovo — mas também a genitália
Conlang não é uma gíria Dothraki e, sim, uma sigla que, em masculina.
inglês, significa “língua construída”. Ou seja, idiomas como o
esperanto, que tiveram suas regras, palavras e construções GALASTRI, Luciana. Saiba mais sobre a língua dothraki.
pensadas e desenvolvidas — diferente das línguas naturais, que Disponível em:
surgem de forma espontânea através da derivação de sons e de <https://revistagalileu.globo.com/Cultura/Series/noticia/2014/06/o-
dialetos. criador-das-linguas-de-game-thrones.html>. Acesso em: 04 maio
Conversamos com David Peterson sobre a Guerra dos Tronos, a 2019 (adaptado).
criação do Dothraki e até pedimos para que ele nos ensinasse a
xingar no idioma de Khal Drogo. Confira:
(G1 - ifpe 2019) Marque a única alternativa que analisa Estudos estimam que aproximadamente 25 milhões de
CORRETAMENTE as relações de sentido estabelecidas pelo uso trabalhadores agrícolas de países pobres sofram com algum tipo
de conjunções. de intoxicação causada por exposição a agrotóxicos. Há diversas
situações comprovadas, como o caso de duas grandes empresas
a) Em “Quem afirma isso é o linguista contratado pela série Game
multinacionais que firmaram acordo – em 2013 – para
of Thrones para criar as línguas ‘estrangeiras’ da história” (1º
indenização da ordem de R$ 200 milhões, envolvendo cerca de
parágrafo), a conjunção destacada introduz uma relação de causa
mil trabalhadores contaminados por substâncias cancerígenas,
e consequência entre as orações, enfatizando a ação do linguista
entre 1974 e 2002, numa fábrica de pesticidas em Paulínia,
e, consequentemente, sua criação: as línguas estrangeiras.
interior de São Paulo.
Todos esses problemas se tornam especialmente importantes
b) Em “Se você encontrar um integrante de uma tribo Dothraki, é
para o Brasil por tratarem-se de uma das principais fronteiras
uma boa ideia saudá-lo com um respeitoso ‘m’athchomaroon’” (1º
agrícolas do planeta. Por isso, é importante discutir alternativas
parágrafo), a conjunção destacada introduz uma relação de
saudáveis aos agrotóxicos.
condição, ajudando a criar uma ideia de possibilidade no
Uma das possíveis opções para a substituição de agrotóxicos são
enunciado.
os biopesticidas. De acordo com a EPA, o termo se refere a
produtos feitos a partir de micro-organismos, substâncias
c) Em “Como as fezes secas são usadas para fazer fogueiras”
naturais ou derivados de plantas geneticamente modificadas, que
(pergunta 2) e em “ensinando palavrões em português, como se
façam controle de pestes.
tivessem outro significado” (pergunta 5), a conjunção “como”
Para o consumidor final, a situação é mais complexa, já que é
introduz o sentido de comparação.
difícil saber se o produtor utilizou ou não biopesticidas na sua
lavoura. Então, a opção é escolher, preferencialmente, alimentos
d) Em “Não faria sentido criar palavras para ‘livro’, ‘ler’ e
orgânicos e sempre lavar frutas, legumes e verduras,
‘escrever’, já que o Dothraki não existe na forma escrita”
independentemente da sua procedência.
(pergunta 2), a expressão destacada apresenta uma consequência
sobre a falta de sentido na criação de determinadas palavras na
AIRES, Luiz. Os problemas causados pelos agrotóxicos justificam
língua Dothraki.
seu uso? Disponível em:
<https://www.ecycle.com.br/component/content/article/35-
e) Em “Eles ‘pegaram’ algumas palavras e expressões, mas
atitude/1441-os-problemas-causados-pelos-agrotoxicos-
duvido que conseguissem manter uma conversa simples em
justificam-seu-uso.html>. Acesso em: 07 maio 2019 (adaptado).
Dothraki” (pergunta 3), a conjunção destacada estabelece uma
relação de finalidade entre aprender algumas palavras e falar, de
fato, o idioma Dothraki.
Exercício 11
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
5. (G1 - ifpe 2018) Para estabelecer unidade de sentido, os APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA!
textos são construídos com recursos que permitem articulação
entre suas partes. Quanto à ligação entre os parágrafos do texto, Tenho sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia
analise as afirmativas abaixo. alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.
Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que
I. A relação entre o segundo e o primeiro parágrafos se vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do
estabelece por meio da elipse, pois o verbo “ser” em “Foi uma banheiro.
revolução sem igual na história” retoma a criação da prensa de Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e
tipos móveis descrita no primeiro parágrafo. trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era
II. O terceiro parágrafo é iniciado pela conjunção “mas”, que claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.
introduz uma ideia oposta à construída no parágrafo anterior: a Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu
superação do papel impresso pelo crescimento da internet, sendo endereço. Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já
assim, há uma quebra de expectativa. estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que
III. Com a afirmação “Você sabe por quê”, que inicia o quarto não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam
parágrafo, o autor mantém a continuidade textual por meio da mandar alguém assim que fosse possível.
resposta às questões retóricas que finalizaram o terceiro Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:
parágrafo. – Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não
precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da
escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas tentar mimetizar-se, falar com o menor sotaque possível, ficar
situações. O tiro fez um estrago danado no cara! invisível no horário do Pai Nosso diário.
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco Certamente todos conhecem esse sentimento de sentir-se
carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma estrangeiro, ficar de fora, de não ser tão autêntico quanto os
equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam outros, ou não ser escolhido para o que realmente importa. Na
isso por nada neste mundo. 3infância, tudo é grande demais, amedronta e entendemos
Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo fragmentariamente, como recém-chegados. Na puberdade,
com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que perdemos a familiaridade com nossos familiares: o que antes
aquela era a casa do Comandante da Polícia.
parecia natural começa __________ soar como estrangeiro. 4Na
No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse: 5adolescência, sentimo-nos estranhos __________ quase tudo,
– Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.
andamos por aí enturmados com os da mesma idade ou estilo,
Eu respondi:
tendo apenas uns aos outros como cúmplices para existir.
– Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura
O fim desse desencontro deveria ocorrer no começo da vida
disponível.
adulta, quando trabalhamos, procriamos e tomamos decisões de
Acesso em: 27/08/2015. Adaptado. (Autor desconhecido, mas há cidadãos da vida. 7Porém, julgamos ser uma fraude:
quem atribua a autoria a Luís Fernando Veríssimo.) 8imaginávamos que os adultos eram algo maior, mais consistente
a) O narrador deu dois telefonemas para a polícia: no primeiro, ele Uma das formas mais simples de combater todo esse 9mal-estar
falou a verdade, e a polícia respondeu supostamente com uma é encontrar outro para chamar de diferente, de inadequado.
10Quem pratica o bullying, quer seja entre alunos ou com os que
mentira; no segundo, contou uma mentira, e a polícia entrou em
contradição. têm hábitos e aparência distintos do seu, conquista
momentaneamente a ilusão da legitimidade. Quem discrimina
b) A oração “[...] que não perderiam isso por nada neste mundo” é arranja no grito e na violência um lugar para si.
ambígua, pois o pronome relativo “que” pode tanto retomar “uma Conviver com as diferentes cores de pele, interpretações dos
equipe de TV e a turma dos direitos humanos” quanto retomar gêneros, formas de amar e casar, vestimentas, religiões ou a falta
apenas “a turma dos direitos humanos”. delas, línguas faz com que todos sejam estrangeiros. Isso produz
a mágica sensação de inclusão universal: 11se formos todos
c) Em “Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do diferentes, ninguém precisa sentir-se excluído. Movimentos
Comandante da Polícia”, ocorre apenas um pronome, e esse migratórios misturam povos, a eliminação de barreiras de casta e
pronome retoma “o ladrão”. de preconceitos também. Já pensou que delícia se, no futuro,
entendermos que na vida ninguém é nativo. 12A existência de
d) Na frase “Esclareci que não e disseram-me que não havia cada um é como um barco em que fazemos um trajeto ao final do
nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar qual sempre partiremos sem as malas.
alguém assim que fosse possível”, todos os “quês” têm a mesma
função sintática, isto é, funcionam como conjunções integrantes. Texto adaptado de Diana Corso, publicado em 12 de setembro de
2015. Disponível em:
Exercício 12
<http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/09/12/artigo-somos-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
todos-estrangeiros/?topo=13,1,1,,,13>. Acesso em: 19 out. 2015
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões).
Volta e meia, em nosso mundo redondo, colapsa o frágil convívio a) condição e oposição.
1
entre os diversos modos de ser dos seus habitantes. Neste
momento, vivemos uma nova rodada 2dessas com os inúmeros b) concessão e oposição.
lhe trouxe o café, Antero proferiu paternalmente as seguintes mesa, à americana, firmou os cotovelos, e segurando a pistola
palavras: com ambas as mãos, meteu o cano entre os dentes.
3– Pedro, tira de minha gaveta uns cinquenta mil-réis que lá Já ia disparar o tiro, quando ouviu três pancadinhas à porta.
estão, são teus. Vai passar a noite fora e não voltes antes da Involuntariamente levantou a cabeça. Depois de um curto silêncio
madrugada. repetiram-se as pancadinhas. O rapaz não esperava ninguém, e
– Obrigado, meu senhor, respondeu Pedro. era-lhe indiferente falar a quem quer que fosse. Contudo, por
– Vai. maior que seja a tranquilidade de um homem quando resolve
Pedro apressou-se a executar a ordem do amo. abandonar a vida, é-lhe sempre agradável achar um pretexto
O dr. Antero foi para a sala, estendeu-se no divã, abriu um para prolongá-la um pouco mais.
volume do Dicionário filosófico e começou a ler. O dr. Antero pôs a pistola sobre a mesa e foi abrir a porta.
Já então declinava a tarde e aproximava-se a noite. A leitura do
dr. Antero não podia ser longa. Efetivamente daí a algum tempo
levantou-se o nosso herói e fechou o livro. (G1 - ifce 2016) Em “Não tinha parentes, nem amigos a quem
Uma fresca brisa penetrava na sala e anunciava uma agradável deixar carta; entretanto, não queria sair deste mundo sem dizer a
noite. Corria então o inverno, aquele benigno inverno que os respeito dele a sua última palavra” (referência 5), o uso do ponto
fluminenses têm a ventura de conhecer e agradecer ao céu. e vírgula se justifica porque
4O dr. Antero acendeu uma vela e sentou-se à mesa para
a) indica um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.
escrever. 5Não tinha parentes, nem amigos a quem deixar carta;
entretanto, não queria sair deste mundo sem dizer a respeito dele
a sua última palavra. Travou da pena e escreveu as seguintes b) trata de sujeitos diferentes.
linhas:
Quando um homem, perdido no mato, vê-se cercado de animais c) anuncia uma enumeração.
ferozes e traiçoeiros, procura fugir se pode. De ordinário a fuga é
impossível. Mas estes animais meus semelhantes tão traiçoeiros e d) alonga a pausa de conjunções adversativas, substituindo,
ferozes como os outros, tiveram a inépcia de inventar uma arma, assim, a vírgula.
mediante a qual um transviado facilmente lhes escapa das unhas.
É justamente o que vou fazer. e) separa orações coordenadas não unidas por conjunção, que
Tenho ao pé de mim uma pistola, pólvora e bala; com estes três guardem relação entre si.
elementos reduzirei a minha vida ao nada. Não levo nem deixo
Exercício 14
saudades. Morro por estar enjoado da vida e por ter certa
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
curiosidade da morte.
Provavelmente, quando a polícia descobrir o meu cadáver, os
jornais escreverão a notícia do acontecimento, e um ou outro fará
volume de recursos financeiros e humanos para conter o avanço
da doença.
e) Finalidade, condição, concessão, causa, concessão. (Unesp 2019) Em “Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou
potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem
Exercício 21 como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial” (1º
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 5 QUESTÕES: parágrafo), a locução conjuntiva sublinhada pode ser substituída,
Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro sem prejuízo para o sentido do texto, por:
Marcelo Gleiser, para responder à(s) questão(ões) a seguir.
a) À medida que.
b) Ainda que.
c) Desde que.
Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade.
d) Visto que.
Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente)
e) A menos que.
revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou
não acreditam no seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar
Exercício 22
sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou
Leia o artigo “Pó de pirlimpimpim”, do neurocientista brasileiro
manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção. O
Sidarta Ribeiro.
mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.
Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo poderoso,
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da
pois o cérebro sem informação é pouco mais que estofo de
história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no macela1. Emília, a sabida boneca de Monteiro Lobato, aprendeu a
centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que falar copiosamente após engolir uma pílula, adquirindo de
suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de supetão todo o vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No
críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta
filme Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o
no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito
personagem Neo descobrir que todo o mundo em que sempre
com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma
viveu não passa de uma simulação chamada Matriz, dentro da
platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes,
qual é possível programar qualquer coisa. Poucos instantes
Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol
depois de se conectar a um computador, Neo desperta e profere
passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o
estupefato: “I know kung fu”.
Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos
Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de carne e osso,
vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O aprendizado A VOZ: Um moço que parece estudante?
de comportamentos complexos é difícil e demorado, pois requer a MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala.
alteração massiva de conexões neuronais. Há consenso hoje em A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé?
dia de que o conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura
padrões de ativação de vastas redes neuronais, impossibilitando a como tua mãe!
aquisição instantânea de memórias intrincadas. A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando
Mas nem sempre foi assim. Há meio século, experimentos madrugar iremos procurar.
realizados na Universidade de Michigan pareciam indicar que as OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço
planárias, vermes aquáticos passíveis de condicionamento o burro...
clássico, eram capazes de adquirir, mesmo sem treinamento, MACÁRIO: E minha mala?
associações estímulo-resposta por ingestão de um extrato de A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!...
planárias já condicionadas. O resultado, aparentemente MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (atira com uma cadeira no
revolucionário, sugeria que os substratos materiais da memória chão)
são moléculas. Contudo, estudos posteriores demonstraram que O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro?
a ingestão de planárias não condicionadas também acelerava o MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu...
aprendizado, revelando um efeito hormonal genérico, O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o
independente do conteúdo das memórias presentes nas planárias chamareis...
ingeridas. MACÁRIO: Porém a raiva...
A ingestão de memórias é impossível porque elas são estados O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Senti
complexos de redes neuronais, não um quantum de significado alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa de vinho?
como a pílula da Emília. Por outro lado, é sim possível acelerar a MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda
consolidação das memórias por meio da otimização de variáveis imensa, irreparável... era o meu cachimbo...
fisiológicas envolvidas no processo. Uma linha de pesquisa O DESCONHECIDO: Fumais?
importante diz respeito ao sono, cujo benefício à consolidação de MACÁRIO: Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola
memórias já foi comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me
publicaram um estudo sobre os efeitos mnemônicos da pergunteis se fumo!
estimulação cerebral com ondas lentas (0,75 Hz) aplicadas O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo
durante o sono por meio de um estimulador elétrico. Os primoroso.
resultados mostraram que a estimulação de baixa frequência é [...]
suficiente para melhorar o aprendizado de diferentes tarefas. Ao MACÁRIO: E vós?
que parece, as oscilações lentas do sono são puro pó de O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (tira outro
pirlimpimpim. cachimbo e fuma)
(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.) MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso
nome?
1macela: planta herbácea cujas flores costumam ser usadas pela O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?
população como estofo de travesseiros. MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois
eu sou um estudante. Vadio ou estudioso, talentoso ou estúpido,
(Unesp 2022) Em “Contudo, estudos posteriores demonstraram pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito
que a ingestão de planárias não condicionadas também acelerava Romano. Amo as mulheres e odeio o romantismo.
o aprendizado” (3º parágrafo), o termo sublinhado pode ser O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão)
substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por: MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um
poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto
a) Por conseguinte.
ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas,
b) Inclusive.
acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma
c) Todavia.
cantiga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a
d) Além disso.
fazer morrer de sono.
e) Conquanto.
O DESCONHECIDO: E a poesia?
Exercício 23 MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão
Leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo. do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se em moeda de cobre; não há
MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa! mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém
UMA VOZ (de fora): Senhor! azinhavrado1. Entendeis-me?
MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui... O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou- se
A VOZ: O burro? vulgar e comum. Antigamente faziam-na para o povo; hoje o povo
MACÁRIO: A mala, burro! fá-la... para ninguém...
A VOZ: A mala com o burro? (Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.)
MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na
cerca. 1azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se
A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro? forma na superfície dos objetos de cobre ou latão, resultante da
MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro. corrosão destes quando expostos ao ar úmido).
alívio para os césares. A história, porém, orgulhosa de quem a
resgatou, não deixa que sua voz se cale.”
(Unesp 2022) “MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e (Nicolau Sevcenko, O outono dos césares e a primavera da
tragam-ma aqui... história.
A VOZ: O burro? Revista da USP, São Paulo, n. 54, p. 30-37, jun-ago 2002.)
MACÁRIO: A mala, burro!
A VOZ: A mala com o burro? a) No último período do texto, há uma ocorrência do conectivo
MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na “porém”. Que argumentos do texto são articulados por esse
cerca.” conectivo?
b) Apresente o argumento que embasa a posição atribuída a
(Unesp 2022) “Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela Euclides da Cunha em relação ao lema da Bandeira Nacional.
mão do rico, ia muito bem.”
Em relação à oração que o sucede, o trecho sublinhado expressa
noção de
a) tempo.
b) comparação.
c) concessão.
d) causa.
e) condição.
Exercício 24
(Unicamp 2016) Em ensaio publicado em 2002, Nicolau
Sevcenko discorre sobre a repercussão da obra de Euclides da
Cunha no pensamento político nacional.
“Acima de tudo Euclides exaltava o papel crucial do
agenciamento histórico da população brasileira. Sua maior aposta
para o futuro do país era a educação em massa das camadas
subalternas, qualificando as gentes para assumir em suas
próprias mãos seu destino e o do Brasil. Por isso se viu em
conflito direto com as autoridades republicanas, da mesma forma
como outrora lutara contra os tiranetes da monarquia. Nunca
haveria democracia digna desse nome enquanto prevalecesse o
ambiente mesquinho e corrupto da ‘república dos medíocres’(...).
Gente incapaz e indisposta a romper com as mazelas deixadas
pelo latifúndio, pela escravidão e pela exploração predatória da
terra e do povo. (...) Euclides expôs a mistificação republicana de
uma ‘ordem’ excludente e um ‘progresso’ comprometido com o
legado mais abominável do passado. Sua morte precoce foi um
GABARITO
a) Em ambos os casos, as frase são constituídas de orações
Exercício 1
assindéticas que sugerem a rapidez das ações efetuadas pelo
Apesar de se tratar de conjunções temporais, há diferença de sujeito de cada uma. Na primeira frase, a ação de chegar é
sentido entre elas: “enquanto” indica que já existem quase simultânea à de mandar e, na segunda, o ato de vencer
sacerdotes respeitáveis; já “quando” indica que ainda não há é quase imediato ao de vir e ver.
outros sacerdotes respeitáveis.
O efeito de sentido é irônico, pois o conde de Ribamar crê b) [I] Assim que mandou, chegou.
haver padres idôneos em Portugal, e a leitura da obra indica [II] Mal vim, logo vi e venci.
exatamente o oposto desse pensamento.
Exercício 3
Exercício 2
a)
I. "CASO O PRODUTO NÃO SEJA CORRETAMENTE Exercício 11
UTILIZADO".
a) O narrador deu dois telefonemas para a polícia: no primeiro,
II. "SE ELE CONTIVER MENOS DE 60% DE SEU CONTEÚDO."
ele falou a verdade, e a polícia respondeu supostamente com
uma mentira; no segundo, contou uma mentira, e a polícia
b)
entrou em contradição.
b) 1. explicação
Exercício 16
2. adição
3. causa e) Adversidade, adição, explicação, adição.
4. causa
Exercício 17
Exercício 5
c) concessão e causa.
a) Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir,
foi rapidamente fagocitada pela inveja. [explicação]
Exercício 18
Exercício 7 Exercício 19
d) Logo
Exercício 21
b) Ainda que.
Exercício 9
Exercício 22
c) I, II e III.
c) Todavia.
Exercício 10 Exercício 23
Exercício 24
a) A conjunção coordenativa adversativa “porém” estabelece escravidão e pela exploração predatória da terra e do povo”.
relação de oposição entre a posição reformista dos b) Segundo Euclides da Cunha, os termos “ordem” e
republicanos, que discordavam das teses de Euclides da “progresso” que constituem o lema político do Positivismo,
Cunha, e o julgamento histórico que viria a dar razão às críticas cujos ideais visavam à busca de condições sociais básicas
escritor. Segundo o autor, não haveria condições para a através do respeito aos seres humanos, não eram respeitados
instalação da democracia enquanto um sistema alicerçado na pelos republicanos. Na verdade, da mesma forma que o
exploração do trabalhador do campo e na destruição da terra sistema monárquico anterior, a República continuava a mesma
não fosse erradicado do país: “Gente incapaz e indisposta a prática de exploração do povo, relegando-o à exclusão social
romper com as mazelas deixadas pelo latifúndio, pela ou submetendo-o a meios de sobrevivência indignos.
2020 - 2022
ANÁLISE SINTÁTICA
ANÁLISE SINTÁTICA
Em análise sintática você vai estudar as regras que regem a posição dos elementos nas
frases e orações.
SUJEITO
O sujeito é uma das partes fundamentais da oração, e deve concordar com o verbo ou
locução verbal em número e pessoa. Há, entretanto, orações sem sujeito, como veremos
a seguir.
Tipos de sujeito
Sujeito simples: possui apenas um núcleo — mesmo quando o verbo está no plural.
Sujeito oculto ou elíptico: não está expresso na oração, mas pode ser inferido a partir
da conjugação do verbo.
Sujeito indeterminado: não está expresso na oração e não pode ser inferido a partir da
conjugação do verbo. Acontece com verbos na terceira pessoa do plural e verbos com
o pronome “se”, chamado de índice de indeterminação do sujeito.
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Orações sem sujeito
Sujeito e Objeto Direto
OBJETO DIRETO
O objeto direto é um complemento verbal, vindo após o verbo transitivo direto sem o
uso de preposição.
Os pronomes oblíquos “o”, “a”, “os”, “as” e suas variações são sempre objetos diretos.
ANOTAÇÕES
4
OBJETO INDIRETO E ADJUNTO
ADVERBIAL
OBJETO INDIRETO
O objeto indireto é um complemento verbal que vem após o verbo transitivo indireto
e requer preposição.
Os pronomes oblíquos “me”, “te”, “se”, “nos” e “vos” podem ser objeto direto ou indireto,
dependendo da oração.
Adjunto adverbial
O adjunto adverbial é um termo acessório (não fundamental) da oração, que indica uma
circunstância e modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Pode ser expresso
por um advérbio ou locução adverbial.
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f Você já procurou as chaves dentro da gaveta?
Sujeito e Objeto Direto
2
Adjunto adverbial de companhia
ANOTAÇÕES
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VERBOS INTRANSITIVOS
E TRANSITIVOS
Já aprendemos que todas as orações precisam de pelo menos um verbo. Os verbos, por
outro lado, podem ter sentido completo sozinhos ou podem precisar de complementos.
Isso é a transitividade do verbo.
Uma dica: as orações com verbos intransitivos não podem ser passadas para a voz
passiva. Por exemplo, não se pode dizer: “Eram bastados três contos”.
Verbos transitivos
Os verbos que necessitam de um ou mais complementos são verbos de predicação
incompleta ou verbos transitivos. De acordo com os complementos de que eles
necessitam, são classificados em:
Transitivos diretos
São os verbos que precisam de complementos que não são introduzidos por preposição.
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Construíram a casa em tempo recorde. - O complemento é “a casa”.
Verbos Intransitivos e Transitivos
Transitivos indiretos
São os verbos que precisam de complementos que são introduzidos por preposição.
“Nem nos sonhos cheguei a aspirar a tal emprego” (Ciro dos Anjos) - O
complemento é “a tal emprego”.
ANOTAÇÕES
2
VERBOS DE LIGAÇÃO E
PREDICATIVOS
Ainda dentro do tema da predicação verbal, temos os verbos de ligação. Como o nome
demonstra, eles ligam o sujeito a uma característica deste. Veja os exemplos:
Predicativo do sujeito
O verbo de ligação liga o sujeito a uma característica dele. Esta característica é o
predicativo do sujeito. Note que não são apenas adjetivos que funcionam como
predicativos do sujeito:
Predicativo do objeto
O verbo de ligação pode também ligar o objeto a uma característica dele. Neste caso,
a característica é chamada de predicativo do objeto. Tanto o objeto direto quanto o
indireto podem ter predicativo, embora ele seja bem mais comum com objetos diretos.
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“o” é objeto e “embriagado” é seu predicativo.
Sujeito e Objeto Direto
ANOTAÇÕES
2
TIPOS DE PREDICADO
PREDICADO VERBAL
O núcleo do predicado verbal é um verbo. Este predicado pode apresentar outros
termos, como advérbios e complementos verbais.
PREDICADO NOMINAL
O núcleo do predicado nominal é um nome, o chamado predicativo do sujeito. O sujeito
se liga ao seu predicativo através de um verbo de ligação.
PREDICADO VERBO-NOMINAL
Este é um predicado com dois núcleos: um verbo e um nome. Ocorre quando o
predicativo do sujeito não é ligado ao sujeito por um verbo de ligação OU quando há
predicativo do objeto.
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COMPLEMENTO NOMINAL E
ADJUNTO ADNOMINAL
Por vezes, os nomes também são acompanhados de termos que os complementam,
caracterizam ou determinam. Alguns nomes necessitam de complementos nominais,
enquanto outros vêm acompanhados de adjuntos adnominais.
COMPLEMENTO NOMINAL
Não são só os verbos transitivos que necessitam de complemento: alguns nomes
também não possuem sentido completo sozinhos, necessitando de um complemento
nominal. Todo complemento nominal é iniciado por preposição, e pode se referir a
substantivos abstratos, adjetivos ou advérbios. Observe:
ADJUNTO ADNOMINAL
Alguns nomes, na oração, vêm acompanhados de termos que os caracterizam ou
determinam. Estes nomes, que em geral são núcleo do sujeito ou do predicado, já têm
sentido sozinhos, mas vêm com adjuntos adnominais que os especificam. Ao contrário
do complemento nominal, o adjunto adnominal se refere somente a substantivos
(concretos ou abstratos). Veja:
Dois cães foram vistos sem coleira no parque. - “Dois” é adjunto adnominal,
determinando o termo “cães”.
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Trabalhadores do campo acordam muito cedo. - “Do campo” é adjunto adnominal,
Complemento Nominal e Adjunto Adnominal
Os alunos que se dedicam vão bem nas provas. - “Que se dedicam” é adjunto
adnominal, determinando o termo “alunos”.
ANOTAÇÕES
2
APOSTO E VOCATIVO
APOSTO
Aposto é um elemento que explica, descreve ou resume outro termo da oração. Pode
ser composto de uma ou mais palavras. Ele quase sempre vem separado do resto da
oração por vírgulas, dois pontos ou travessão, mas pode vir sem essas separações, no
caso de um aposto de especificação.
Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, é uma cidade planejada. - Aposto: capital
de Minas Gerais.
A capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, é uma cidade planejada. - Aposto: Belo
Horizonte.
Desejamos apenas uma coisa: que você tenha muito sucesso. - Aposto: que você
tenha muito sucesso.
Casas e pastos, tudo foi destruído pela enchente. - Aposto: tudo foi destruído pela
enchente.
“No fim de algum tempo — dez ou doze minutos — Raimundo meteu a mão no
bolso…” (Machado de Assis) - Aposto: dez ou doze minutos.
Minha irmã Beatriz é três anos mais velha que eu. - Aposto de especificação: Beatriz.
É possível ser aposto de outro aposto, como neste exemplo do autor Ledo Ivo:
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do velho coronel Tavares,
senhor de engenho”. - “Senhor de engenho” é aposto de “filha do velho coronel
Tavares”, outro aposto.
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VOCATIVO
Aposto e Vocativo
ANOTAÇÕES
2
VOZ PASSIVA ANALÍTICA
Nem sempre o sujeito da oração é aquele que pratica a ação expressa pelo verbo – o
sujeito pode ser aquele que sofre a ação expressa pelo verbo. Isso acontece quando o
verbo está na voz passiva, e dizemos que neste caso o sujeito é paciente.
Só verbos transitivos diretos podem ser usados na voz passiva, e de acordo com a
construção da frase classificamos a voz passiva em analítica ou sintética.
Uma frase na voz passiva analítica é aquela formada pelo verbo auxiliar “ser” conjugado
e seguido do particípio passado do verbo principal. Observe:
Em alguns casos, existe o agente da passiva, ou seja, quem pratica a ação sofrida pelo
sujeito paciente.
Ao construir uma frase na voz passiva em vez de na voz ativa, destaca-se o sujeito
paciente. Veja como há mais ênfase no sujeito na segunda frase, que está na voz passiva:
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VOZ PASSIVA
SINTÉTICA E REFLEXIVA
Nem sempre o sujeito da oração é aquele que pratica a ação expressa pelo verbo – o
sujeito pode ser aquele que sofre a ação expressa pelo verbo. Isso acontece quando o
verbo está na voz passiva, e dizemos que neste caso o sujeito é paciente.
Só verbos transitivos diretos podem ser usados na voz passiva, e de acordo com a
construção da frase classificamos a voz passiva em analítica ou sintética.
Uma frase na voz passiva sintética é formada pelo verbo na terceira pessoa mais um
pronome apassivador. Observe:
Alugam-se apartamentos.
Vendem-se flores.
Compram-se roupas e brinquedos usados.
Não se via ninguém no auditório.
Uma frase na voz passiva sintética pode ser transformada em voz passiva analítica,
dando mais destaque ao sujeito e menos ao verbo. Essas construções, entretanto, soam
estranhas por já estarmos acostumados a usar a voz passiva sintética no cotidiano.
Veja:
VOZ REFLEXIVA
A voz reflexiva, por sua vez, acontece quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e
paciente, ou seja, quando pratica e sofre a ação ao mesmo tempo. Na voz reflexiva há
sempre um pronome oblíquo átono (me, te, se, nos ou vos) acompanhando o verbo. Este
pronome é complemento do verbo transitivo direto.
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VOZ REFLEXIVA RECÍPROCA
Voz passiva sintética e reflexiva
Na voz reflexiva recíproca, há um sujeito no plural e o verbo indica que dois indivíduos
praticaram uma ação mutuamente. É possível mentalmente adicionar a expressão “um
ao outro”, substituindo o pronome, na frase e ela manter seu sentido quando está na voz
reflexiva recíproca. Observe:
Os irmãos não se viam havia anos. → Os irmãos não viam um ao outro havia anos.
Os noivos se beijaram com paixão. → Os noivos beijaram um ao outro com paixão.
Os animais se feriram na luta. → Os animais feriram um ao outro na luta.
ANOTAÇÕES
2
Português Lista de Exercícios
Exercício 1 a) “E muita humildade, algo que faltava aos que achavam que a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: física estava quase completa.” (3º parágrafo)
Leia o trecho do artigo “Flertando com o desconhecido”, de
Marcelo Gleiser. b) “Para a surpresa de muitos, experimentos revelaram
fenômenos que não podiam ser explicados pelas teorias da
Muita gente acha que a ciência é uma atividade sem chamada era clássica.” (2º parágrafo)
emoções, destituída de drama, fria e racional. Na verdade, é
justamente o oposto. A premissa da ciência é a nossa ignorância, c) “A premissa da ciência é a nossa ignorância, nossa
nossa vulnerabilidade em relação ao desconhecido, ao que não vulnerabilidade em relação ao desconhecido, ao que não
sabemos. Muitas vezes, quando experimentos revelam novos sabemos.” (1º parágrafo)
aspectos da Natureza que sequer haviam sido conjecturados, a
sensação de tatearmos no escuro pode levar ao desespero. E d) “Muitas vezes, quando experimentos revelam novos aspectos
agora? Se nossas teorias não podem explicar o que estamos da Natureza que sequer haviam sido conjecturados, a sensação
observando, como ir adiante? Nenhum exemplo na história da de tatearmos no escuro pode levar ao desespero.” (1º parágrafo)
ciência ilustra melhor esse drama do que o nascimento da física
quântica, que descreve o comportamento dos átomos e das e) “Planck viu-se forçado a propor algo novo, que ia contra tudo o
partículas subatômicas, e que está por trás de toda a revolução que havia aprendido até então e que acreditava ser correto sobre
digital que rege a sociedade moderna. a Natureza.” (3º parágrafo)
Ao final do século XIX, a física estava com muito prestígio.
A mecânica de Newton, a teoria eletromagnética de Faraday e Exercício 2
Maxwell, a compreensão dos fenômenos térmicos, tudo levava a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
crer que a ciência estava perto de chegar ao seu objetivo final, a Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia o trecho de uma
carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 4 de abril de
compreensão de toda a Natureza. Para a surpresa de muitos,
1654.
experimentos revelaram fenômenos que não podiam ser
explicados pelas teorias da chamada era clássica. Não se sabia,
por exemplo, se átomos eram ou não entidades reais, já que a No fim da carta de que 1V. M. me fez mercê me manda V. M. diga
física clássica previa que seriam instáveis. Gradualmente, ficou meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois
claro que uma nova física era necessária para lidar com o mundo capitães-mores ou um só governador.
do muito pequeno. Mas que física seria essa? Ninguém queria Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito
mudanças muito radicais. Ou quase ninguém. menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
A primeira ideia da nova era veio de Max Planck. Eis como Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais
Planck relatou em 1900 seu estado emocional ao propor a ideia dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo
do quantum (o menor valor que certas grandezas físicas podem propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de
apresentar): “Resumidamente, posso descrever minha atitude duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um
como um ato de desespero, já que por natureza sou uma pessoa porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os
pacífica e contrária a aventuras irresponsáveis.” O uso da palavra dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de
“desespero” é revelador. Planck viu-se forçado a propor algo Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não
novo, que ia contra tudo o que havia aprendido até então e que sei qual é maior tentação, se a _____1_____, se a _____2_____.
acreditava ser correto sobre a Natureza. Abandonar o velho e Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale
propor o novo requer muita coragem intelectual. E muita 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio
humildade, algo que faltava aos que achavam que a física estava do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe
quase completa. Planck sabia que a física tem como missão vão logrando bem as indústrias.
explicar o mundo natural, mesmo que a explicação contrarie Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais
nossas ideias preconcebidas. Nunca devemos arrogar que nossas trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem
ideias tenham precedência sobre o que a Natureza nos diz. para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que,
além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem
(O caldeirão azul, 2019. Adaptado.) muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres.
Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que
vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos
(Fmj 2021) Exerce a função sintática de objeto direto o termo nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos,
sublinhado em: de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de
tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu
choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso,
sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.” alienar-se.
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas,
porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se Capítulo IV
reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um UMA TEORIA NOVA
desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir.
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve 1Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de
quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase Janeiro, Simão Bacamarte estudava por todos os lados uma certa
todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia.
tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes 2Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era
pecados que por ocasião deste serviço se cometem. pouco para andar na rua, ou de casa em casa, conversando as
gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.) olhar que metia medo aos mais heroicos.
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando
1V. M.: Vossa Majestade.
Crispim Soares ocupado em temperar um medicamento, vieram
dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse,
(Unesp 2020) Sempre que haja necessidade expressiva de
acrescentou o portador. 3Crispim empalideceu. Que negócio
reforço, de ênfase, pode o objeto direto vir repetido. Essa importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e
reiteração recebe o nome de objeto direto pleonástico.
especialmente da mulher? 4Porque este tópico deve ficar
(Adriano da Gama Kury. Novas lições de análise sintática, 1997.
claramente definido, visto insistirem nele os cronistas; Crispim
Adaptado.)
amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados
um só dia. 5Assim se explicam os monólogos que fazia agora, e
Antônio Vieira recorre a esse recurso expressivo em: que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito, quem te
mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe
a) “Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o bajulador! Só para adular ao Dr Bacamarte. Pois agora aguenta-
provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável.
descontentavam” (3º parágrafo) Dizes amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos
b) “e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu- outros nomes feios, que um homem não deve dizer aos outros,
me” (4º parágrafo) quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é
c) “e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil
um nada. 6Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das
cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as
drogas e voou à Casa Verde.
indústrias” (3º parágrafo) 7
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio,
uma alegria abotoada de circunspeção até o pescoço.
d) “São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das
– Estou muito contente, disse ele.
Ilhas” (5º parágrafo)
8
– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz
e) “Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei trêmula.
muito menos” (2º parágrafo) O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
9– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência
Exercício 3
científica. 10Digo experiência, porque não me atrevo a assegurar
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares,
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis,
senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma
ocorreu como folhetim na revista carioca A Estação, entre os anos
experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da terra. A
de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma
loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida
educacional efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira
no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.
de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma psiquiatria ainda 11
Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário.
embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da
12
escassez de conhecimento científico e da abundância de vaidades, Depois explicou compridamente a sua ideia. No conceito dele a
concomitantemente. A obra deixa ver as relações promíscuas insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu
entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o isto com grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos.
13Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como um
poder político tal como era exercido em Itaguaí, então uma vila,
distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O raro espírito que era, 14reconheceu o perigo de citar todos os
conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos casos de Itaguaí e refugiou-se na história. Assim, apontou com
quais o alienista vai fazendo suas experimentações cientificistas especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio
até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, familiar, Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala,
visto que reconhece em si mesmo a única pessoa cujas Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos e pessoas, em que
faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele, de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. 15E
porque o boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal
alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou segurança, que a teologia não soube enfim se devia crer em si ou
sentenciosamente: na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma revolução.
16
– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.
– Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante
as mãos ao céu. Brasileiro / USP. Disponível em:
17 <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o
select_action=&co_obra=1939>. Acesso em: 12/08/2019.
boticário extravagante; mas a modéstia, principal adorno de seu
espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre
entusiasmo; 18declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou
que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem equivalente
(Ime 2020) “Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa
no estilo moderno. 19Naquele tempo, Itaguaí, que como as
Verde era pouco para andar na rua, ou de casa em casa,
demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as
imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio falas de um olhar que metia medo aos mais heroicos.” (ref. 2)
de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da
matriz; – ou por meio de matraca.
Assinale a opção em que o vocábulo em negrito nos fragmentos a
Eis em que consistia este segundo uso. 20Contratava-se um seguir exerce a mesma função sintática das palavras destacadas
homem, por um ou mais dias, 21para andar as ruas do povoado, no trecho acima:
com uma matraca na mão.
a) “Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das drogas e
De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, 22e ele voou à casa verde.” (ref. 6)
anunciava o que lhe incumbiam, – um remédio para sezões, umas
terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor b) “– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz
tesoura da vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha trêmula.” (ref. 8)
inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela
grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos c) “Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário.” (ref.
vereadores, – aquele justamente que mais se opusera à criação da 11)
Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador de
cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses d) “E porque o boticário se admirasse de uma tal promiscuidade,
bichos; mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos o alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, [...]” (ref. 15)
os meses. 23E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam
ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação e) “– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.” (ref.
perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no 25)
24
sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo
Exercício 4
regime mereciam o desprezo do nosso século.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la,
Diáspora
respondeu o alienista à insinuação do boticário.
E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver,
"Acalmou a tormenta; pereceram
disse-lhe que sim, que era melhor começar pela execução.
25– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.
Os que a estes mares ontem se arriscaram;
Vivem os que, por um amor, temeram
Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:
E dos céus os destinos esperaram."1
– Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr.
Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros
Atravessamos o Mar Egeu
termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da
o barco cheio de fariseus
loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades;
com os cubanos, sírios, ciganos
fora daí insânia, insânia e só insânia.
como romanos sem Coliseu
O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou
Atravessamos pro outro lado
lisamente que não 26chegava a entendê-la, que era uma obra
no Rio Vermelho do mar sagrado
absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não
nos center shoppings
merecia princípio de execução.
superlotados
– Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou,
de retirantes
a loucura e a razão estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se
refugiados
onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a
cerca?
27Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra Where are you?2
where are you?
de uma intenção de riso, em que o desdém vinha casado à
where are you?
28comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias
where are you?
entranhas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Onde está Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
meu irmão responder à(s) questão(ões) a seguir.
sem irmã
o meu filho Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido,
sem pai pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês.
minha mãe Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas
sem avó estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não
dando a mão poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
pra ninguém Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de
sem lugar Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais
pra ficar próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
os meninos Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como
sem paz outros destruidores de telas que entram num museu armados de
onde estás facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não
meu senhor apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não,
onde estás? usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente
insuspeitados: os cupins.
Onde estás? Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário
treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para
"Deus! Ó, Deus, onde estás que não respondes? isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução
Embuçados3 nos céus? açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais
Há dois mil anos te mandei meu grito obras de outras.
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que
Que embalde4 desde então corre o infinito
só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os
Onde estás, senhor Deus?... "5
insetos era agradável, e isso era o que importava.
Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que
(ANTUNES, Arnaldo; BROWN, Carlinhos; MONTE, Marisa.
aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar
Diáspora. In.: Tribalistas. Rio de Janeiro: Som Livre, 2017)
as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do
prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram
detectados.
Vocabulário
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua
1
Primeira estrofe do Canto 11, do livro O Guesa (1878), de desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram
Joaquim de Sousa Andrade (Sousândrade).
encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe
2
Tradução da frase em inglês: "Onde está você?". serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem
3 Embuçado: encoberto, escondido. querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a
4 Embalde: inutilmente. mesma coisa.
5 Primeira estrofe do poema "Vozes d’África" (1868), de Castro
e) “performances poéticas” (G1 - ifmt 2020) Leia as assertivas e, na sequência, faça o que se
pede.
Exercício 7
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: I. A oração “O gerúndio expressa uma ação que está em curso
Gerundismo - evite esse vício de linguagem [...]” tem sujeito simples: o gerúndio.
II. Na oração “Se procurarmos as definições nas gramáticas em
Tanto se tem falado a respeito de gerundismo, que já há uso, encontraremos, geralmente, a seguinte explicação [...]”, o
quem tenha prática sobre o uso do gerúndio. Há até quem verbo “encontraremos” tem o sujeito oculto “nós”.
pergunte se o gerúndio não é mais usado ou se é errado o seu III. Na oração “Ele apresenta-se de duas formas”, “ele” é o sujeito
emprego. Então, antes que se comece a tomar o certo pelo indeterminado do verbo “apresenta”.
duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas
regras gramaticais. Das assertivas acima, no que se refere à classificação dos sujeitos
Comecemos pelo significado da palavra “gerúndio”. Se nas orações em destaque, podemos afirmar que:
procurarmos as definições nas gramáticas em uso,
a) apenas a I está correta.
encontraremos, geralmente, a seguinte explicação: “Gerúndio é
uma das formas nominais do verbo que apresenta o processo
b) estão corretas a I e a III. são desacreditados como resultado de uma foto
descontextualizada, uma Imagem alterada ou uma legenda falsa.
c) estão corretas a I, a II e a III. A democracia também se fragiliza. O processo democrático
corre o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos.
d) estão corretas a II e a III. Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas
. iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
e) estão corretas a I e a II Estamos em um novo momento cultural e social, que deve
ser entendido para encontrarmos um caminho seguro de
Exercício 8
convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse
Precisamos falar sobre fake news sentido, que precisam ser amplamente debatidas, com a
participação de especialistas e representantes da sociedade civil.
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no O problema das fake news certamente passa pelo domínio
mundo, faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando
das novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime,
por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade
mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.
dos netos e netas. O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas
pessoas, o celular pode ser também uma fonte de engano. De vez em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a
em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no
utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.
seu WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma
fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina
D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez
desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não (G1 - col. naval 2020) Em "Ninguém nos preparou para essas
nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os chamados
mudanças que revolucionaram a comunicação.", o pronome
migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo
relativo exerce a mesma função sintática que o destacado em:
estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e
facilite a vida. a) As informações diárias que nós recebemos pelos celulares
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para podem ser falsas e mentirosas.
essas mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil
destrinchar o que é verdade em tempo de fake news. b) O jornalista de quem peguei as últimas informações descartou
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias a possibilidade de fake news.
falsas na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi
realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na c) Todos esses são os jornalistas por quem as notícias
sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias sensacionalistas foram amplamente analisadas.
falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
alcançam muito mais gente. d) O processo democrático a que somos favoráveis corre o risco
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, de ser afetado pelos boatos.
polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre e) Conhecemos o jornalista que defenderá o problema nas redes
tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que sociais em relação às notícias sensacionalistas.
chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a
Exercício 9
critérios de apuração e checagem.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença,
quase que religiosa, junto a mensagens das quais não
Identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em
redes sociais. Confia-se a ponto de compartilhar, sem questionar.
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que
mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam
opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das
notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da
História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí.
Os problemas gerados estão em todos os campos. No
âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar
seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública
de impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência
virtual e física.
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais
fecham portas, profissionais perdem suas reputações e produtos
(Alphonsus de Guimaraens)
Exercício 11
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Considere o texto para responder à(s) questão(ões):
Tintim
Guinle. Exercício 14
– Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo Para responder às questões leia o texto a seguir.
de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.
– Vou visitar você todo domingo, quer? Lanchinho de avião
– É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu Drauzio Varella
canto.
Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos
trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos A comissária de bordo pede para afivelarmos os cintos e
nessa breve conversa a longos intervalos. 4Ele chegava e saía desligarmos os celulares. O comandante avisa que a decolagem
curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem foi autorizada, a aeronave ganha velocidade na pista e levanta
matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a voo. Pela janela, São Paulo vira um paliteiro de prédios espetados
doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital um ao lado do outro. Um pouco mais à frente, a periferia inchada,
pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora. com ruas tortuosas e casas sem reboque, abraça o centro da
– Pelo rádio – explicou Santos. cidade como se fosse esganá-lo.
Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações Em poucos minutos, ouve-se um som agudo, sinal de que os
fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não computadores podem ser ligados. Junto à porta de entrada, as
ficava até o dia seguinte, só essa vez? comissárias se levantam e preparam o carrinho de lanches. De
– 5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se fileira em fileira, perguntam o que cada passageiro deseja beber.
referia à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo No carrinho, acotovelam-se latas de refrigerantes, a garrafa de
que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a café e uma infinidade de pacotes de sucos mais doces do que o
mesada: uma hora de companhia por mês. sorriso da mulher amada. O rapaz à minha direita prefere suco de
manga; o da esquerda quer um de pêssego. Agradeço, não quero
nada. A moça estranha: “Nada, mesmo?”.
Em seguida, ela nos estende a mão que oferece um objeto (G1 - cftmg 2016) Houve emprego de sujeito desinencial em:
ameaçador, embrulhado em papel branco. Em seu interior, um
a) Em poucos minutos, ouve-se um som agudo, sinal de que os
pão adocicado cortado ao meio abriga uma fatia de queijo e outra
computadores podem ser ligados.
retirada do peito de um peru improvável. No reflexo, encolho as
pernas. Se, porventura, um embrulho daqueles lhe escapa da
b) Cerca de 52% dos brasileiros com mais de 18 anos sofrem com
mão e cai em meu pé, adeus carreira de maratonista. [...]
o excesso de peso, taxa que nove anos atrás era de 43%
O comandante informa que, em Belo Horizonte, o tempo é bom e
que nosso voo terá duração de 40 minutos. São dez e meia, é
c) No carrinho, acotovelam-se latas de refrigerantes, a garrafa de
pouco provável que os circunstantes tenham saído de casa em
café e uma infinidade de pacotes de sucos mais doces do que o
jejum. O que os leva a devorar no meio da manhã calorias sorriso da mulher amada.
adicionais, com gosto de isopor? Qual é o sentido de servir
comida em voos de 40 minutos? d) A possibilidade de ganharmos a vida, sentados na frente do
Cerca de dos brasileiros com mais de 18 anos sofrem com computador, as comodidades da rotina diária e a oferta generosa
de bebidas e alimentos industrializados repletos de gorduras e
o excesso de peso, taxa que nove anos atrás era de Já
açúcares que nos oferecem a toda hora criaram uma combinação
caíram na faixa da obesidade de nossos conterrâneos. Os perversa que conspira para o acúmulo de gordura no corpo.
que visitam os Estados Unidos ficam chocados com o padrão e a
prevalência da obesidade. Lá, a dieta e a profusão de alimentos Exercício 15
consumidos até em elevadores conseguiram a proeza de (Ufms 2020) Considere o seguinte texto para responder à
engordar todo mundo; não escapam japoneses, vietnamitas nem questão abaixo.
indianos.
As silhuetas de mulheres e homens com mais de quilos
pelas ruas e shopping centers deixam claro que existe algo Todo dia, duzentos milhões de pessoas levam suas vidas em
profundamente errado com os hábitos alimentares do país. português. Fazem negócios e escrevem poemas. Brigam no
Nossos números mostram que caminhamos na esteira deles. trânsito, contam piadas e declaram amor. Todo dia, a língua
Chegaremos lá, é questão de tempo; pouco tempo. portuguesa renasce em bocas brasileiras, moçambicanas, goesas,
A possibilidade de ganharmos a vida, sentados na frente do angolanas, japonesas, cabo-verdianas, portuguesas, guineenses.
computador, as comodidades da rotina diária e a oferta generosa Novas línguas mestiças, temperadas por melodias de todos os
de bebidas e alimentos industrializados repletos de gorduras e continentes, habitadas por deuses muito mais antigos, e que ela
açúcares que nos oferecem a toda hora criaram uma combinação acolhe como filhos. Língua da qual povos colonizados se
perversa que conspira para o acúmulo de gordura no corpo. apropriam e que devolvem agora, reinventada. Língua que novos
e velhos imigrantes levam consigo para dizer certas coisas que
Os que incorporaram as calorias em excesso no caminho
nas outras não cabem. Toda noite, duzentos milhões de pessoas
para Belo Horizonte só o fizeram porque o lanche lhes foi servido.
sonham em português.
Milhões de anos de evolução, num mundo com baixa
disponibilidade de recursos, ensinaram o corpo humano a comer a
(TV Zero, Disponível em: http://www.tvzero.com/projeto/lingua-
maior quantidade disponível a cada refeição, única forma de
vidas-em-portugues/>. Acesso em: 30 out. 2019).
sobreviver aos dias de jejum que fatalmente viriam.
Engendrado em tempos de miséria, o cérebro humano está mal
adaptado à fartura. A saciedade à mesa só se instala depois de
O emprego da primeira vírgula do primeiro período do texto
ingerirmos muito mais calorias do que as necessárias para cobrir
justifica-se em função de que:
os gastos daquele dia. A seleção natural nos ensinou a não
desperdiçá-las, o excesso será armazenado sob a forma de a) a oração em que se encontra é iniciada por um adjunto
gordura. adnominal.
O tecido gorduroso não é um reservatório inerte, produz
hormônios, libera mediadores químicos que interferem com o b) é obrigatório o emprego da vírgula para separar o aposto dos
metabolismo e o equilíbrio entre fome e saciedade. E, o mais demais termos da oração.
grave, dá origem a um processo inflamatório crônico que aumenta
o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, vários tipos de c) o adjunto adverbial foi deslocado para o início da oração.
câncer e de outros males que infernizam e encurtam a vida
moderna. d) a expressão que inicia o período é um vocativo.
Por essas e outras razões, caríssimo leitor, é preciso olhar para a
comida como fazemos com a bebida: é bom, mas em excesso faz e) o período é iniciado por uma oração ordenada sindética.
mal.
Exercício 16
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 05 set. 2015. (Adaptado).
Leia o poema a seguir e responda à(s) questão(ões).
Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra apenas
RETRATO quando o efeito prolongado e sistemático da droga se encerra.
Como uma pausa para respirar, às vezes tendo passado muitos
Eu não tinha este rosto de hoje, dias entre uma jornada de diversão e sua suspensão
Assim calmo, assim triste, assim magro, momentânea. Para muitos, apenas pelo tempo mínimo da
Nem estes olhos tão vazios, reposição das forças até a próxima jornada, extenuante, sem fim,
Nem o lábio amargo pela política imaginária da noite.
Eu não tinha estas mãos sem força, E, ainda mais. Para outros tantos, o próprio efeito da droga sob a
Tão paradas e frias e mortas; pulsação infinita da música eletrônica, experiência programática e
Eu não tinha este coração enfeitiçada, não deveria se encerrar jamais: estes estariam
Que nem se mostra. destinados ao projeto de dissolução na pulsação sem eu da
Eu não dei por esta mudança, música tecno, seja a dissolução do espírito, em uma infantilização
Tão simples, tão certa, tão fácil: sem fim para os embates materiais da vida, seja a dissolução do
– em que espelho ficou perdida corpo, ambos igualmente reais.
a minha face? De fato, após uma noite de vida tecno, é forte a experiência
radical de vazio que se torna o espírito do dia. A energia foi
MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de imensamente gasta à noite. Foi devastada, tornando o dia vazio
Janeiro: José Aguilar, 1958. de objeto, porém vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado à
busca pelo excedente absoluto de mais tarde, à noite.
(Epcar (Afa) 2017) Assinale a alternativa que apresenta uma A música do tempo infinito, 2012. Adaptado.
análise correta.
c) O verbo “dar” (v. 9) significa notar, perceber e classifica-se No período em que está inserida, a oração destacada tem valor e
como verbo transitivo direto, embora esteja ligado a seu função, respectivamente, de
complemento por meio de preposição. a) advérbio e adjunto adverbial.
Exercício 17
d) substantivo e objeto direto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto de Tales Ab’Sáber para responder à(s) questão(ões) a
e) adjetivo e predicativo.
seguir.
Exercício 18
Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não (Mackenzie 1997) No voo do instante, ele sentiu uma coisinha
termina jamais pode de fato começar a qualquer momento do dia, caindo em seu coração, e advinhou que era tarde, que nada mais
às sete da manhã ou ainda às dez. Lá todos os tempos se adiantava.
estendem e noite e dia se transformam em outra coisa. Naquela (Guimarães Rosa)
imensa boate que pretende expandir o seu plano de existência,
seu tempo infinito, sobre a vida e a cidade, construída em uma Assinale a alternativa correta quanto ao texto anterior.
antiga fábrica – uma antiga usina de energia nazista –, todo tipo
a) O adjunto adverbial anteposto apresenta uma metáfora que
de figura da noite se encontra, em uma festa fantástica alucinada
expressa a fugacidade do tempo.
que deseja não terminar jamais.
À luz da vida 1tecno avançada, as ideias tradicionais de dia e de
b) A oração subordinada adjetiva reduzida de gerúndio reforça,
noite se revelam mais frágeis, bem mais insólitas do que a vida
pela escolha lexical do verbo, a ideia de leveza, trazida pelo nome
cotidiana sob o regime da produção nos leva a crer. Para alguns, o
voo.
mundo do dia se tornará definitivamente vazio e apenas a noite
excitada e veloz vai concentrar em si o valor do que é vivo.
c) As duas orações subordinadas à oração /e adivinhou/ apontam
para a reversibilidade dos fatos.
Exercício 20
d) Na primeira oração, o sujeito COISINHA mostra o agente da TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ação de voar. A ALMA ESFÉRICA DO CARIOCA
e) A quinta oração justapõe-se à quarta, na ideia decrescente da "Chego do mato vendo tanta gente de cara triste pelas ruas, tanto
perda. silêncio de derrota dentro e fora das casas, como se o gosto da
vida se tivesse encerrado, de vez, com as cinzas do finado
Exercício 19 carnaval dos últimos dias.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Imperdoável melancolia de quem sabe, e sabe muito bem, que
TEXTO I esta deliciosa cidade não é samba, apenas; que o Rio, alma do
O Espelho
Brasil, afina também seus melhores sentimentos populares por
outra paixão não menos respeitável - o futebol.
É um retângulo de luar aquecido no quarto
Esse abençoado binômio, carnaval-futebol, é que explica e
- que a lua não recolheu na sua pressa noturna
eterniza a alma esférica da gente mais alegre de nosso alegre
Imitador como um plagiário
País.
decalca servilmente a imagem que reflete.
Por que, então, chorar a festa passada se ao breve ciclo da
Não tem memórias. Não guarda
fantasia do samba logo se segue a ardente realidade do futebol?
na sua glacial retina indiferente
Desmontaram o palanque por onde desfilou a elite do samba? E
o brilho de um olhar e a flor de um gesto. daí? Lá está o Maracanã, rampas gigantescas, assentos
Entretanto intermináveis, tudo pronto para o grande desfile de angústias e
o corpo núbil dela deu-lhe estátuas paixões que precedem a glória de um chute. Agora mesmo,
miraculosamente lindas!
alguém me veio dizer, contente, que a grama está uma beleza, de
(Menotti del Picchia)
área a área, e que, com as últimas chuvas, o verde rebentou
verdíssimo.
TEXTO II
Salgueiro, Fluminense, Mangueira, Flamengo, Império, Botafogo -
INTERROGAÇÕES
milagrosa alternação de emoções na vida de uma cidade; passos
e passes de uma gente que curtiu seu amor ao mesmo tempo no
1 "Certa vez estranhei a ausência de espelhos nos sonhos.
contratempo de um tamborim e no instante infinito de um gol.
2 Talvez porque neles não nos podemos ver, como no velho
Mal se foi o Salgueiro, já vem chegando o Flamengo, preto e
conto do homem que perdeu a sombra. vermelho, apontando, ardente, na boca do túnel que se abre para
3 Pelo contrário, seremos tão nós mesmos a ponto de a multidão em delírio.
dispensar o testemunho dos reflexos? Couro de gato, bola de couro, quicando e repicando pela glória de
4 Ou será tão outra a nossa verdadeira imagem - e aqui
uma cidade que não tem por que chorar tristezas.
começa um arrepio de medo - que seríamos incapazes de a
Rio."
reconhecer naquilo que de repente nos olhasse do fundo de um
espelho?
(Armando Nogueira)
5 Em todo caso, lá deve ter suas razões o misterioso
cenarista dos sonhos..."
(Mario Quintana)
e) "...LÁ deve ter suas razões o misterioso cenarista dos sonhos..." Perante a Morte empalidece e treme,
(texto II - par. 5) - adjunto adverbial de lugar Treme perante a Morte, empalidece.
Coroa-te de lágrimas, esquece
O Mal cruel que nos abismos geme. Exercício 22
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Cruz e Souza, Perante a morte. Leia a “Lira XVIII” da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio
Gonzaga.
a) objeto indireto, complemento nominal e objeto direto. geografias interiores de meus personagens neuróticos, 9me senti
tão deslocada quanto um macaco em uma loja de cristais.
10
b) objeto indireto, adjunto adverbial e sujeito. Mesmo que tentasse explicar, ninguém acreditaria que
eu era tão brasileira quanto qualquer negra de origem africana
c) complemento nominal, objeto indireto e objeto direto. vendendo acarajé nas ruas de Salvador. Porque o Brasil é tudo
isso.
d) objeto indireto, objeto indireto e sujeito. E nem a cor de meu cabelo e olhos, nem meu sobrenome,
nem os livros que li na infância, 18nem o idioma que falei naquele
e) complemento nominal, adjunto adverbial e objeto direto. tempo além do português, 20me fazem menos nascida e vivida
nesta terra de tão surpreendentes misturas: imensa,
Exercício 27
desaproveitada, instigante e (por que ter medo da palavra?)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
maravilhosa.
NÓS, OS BRASILEIROS
(LUFT, Lya. Pensar e transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.
49-51.)
Uma editora europeia me pede que traduza poemas de
autores estrangeiros sobre o Brasil.
Como sempre, 14eles falam da floresta amazônica, uma
floresta muito pouco real, aliás. Um bosque poético, com
(G1 - cftmg 2006) A função do substantivo destacado está
3
"mulheres de corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das corretamente identificada em:
a) "Ué, mas no Brasil existem EDITORAS?" (ref. 22) OBJETO espinhosa. Fê-lo nervoso e ágil, refletido e preguiçoso; artista até
DIRETO ao requinte, sarcasta até a tortura, e para os amigos bom rapaz,
desconfiado para os indiferentes, e terrível com agressores e
b) "[...] eles falam da FLORESTA amazônica (...)" (ref. 14) OBJETO adversários... .
INDIRETO Desde que o nosso tempo englobou os homens em três
categorias de brutos, o burro, o cão e o gato - isto é, o animal de
c) "Nunca imaginei que no Brasil houvesse PESSOAS cultas!" (ref. trabalho, o animal de ataque, e o animal de humor e fantasia - por
23) SUJEITO que não escolheremos nós o travesti do último? É o que se
quadra mais ao nosso tipo, e aquele que melhor nos livrará da
d) "A culminância foi a observação de uma CRÍTICA berlinense, escravidão do asno, e das dentadas famintas do cachorro.
num artigo sobre um romance meu editado por lá (...)" (ref. 1) Razão por que nos acharás aqui, leitor, miando um pouco,
COMPLEMENTO NOMINAL arranhando sempre e não temendo nunca.
Exercício 28
FIALHO DE ALMEIDA
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
MEU POVO, MEU POEMA
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. (Ufrgs 2018) Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas 1, 2 e 3, nessa ordem.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. a) Às vezes – têm – lhe
Exercício 33
d) Às vezes – tem – o
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.
e) As vezes – têm – lhe
Exercício 35
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Imed 2015) As lacunas das referências 1, 5, 10, 14 e 15 ficam
Instrução: A(s) quest(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.
correta e respectivamente preenchidas por:
1 b) Há – havia – a – a – à
____ exatos 125 anos, em 15 de novembro de 1889, foi
proclamada a república do Brasil.
c) A – haviam – a – a – à
Na época, o país era governado por D. Pedro II e passava por
grandes problemas, em razão da abolição da escravidão, em
d) A – havia – à – à – à
1888.
2
Como os negros não trabalhavam mais nas lavouras, os
e) Há – haviam – à – a – a
3
imigrantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e
colhendo, mas cobravam pelos trabalhos realizados, o que gerou Exercício 36
insatisfação nos proprietários de terras. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
As perdas também foram grandes para os coronéis, 4pois Leia o conto “A cartomante”, de Lima Barreto (1881-1922), para
5 responder à(s) questão(ões).
________ gasto uma enorme 6quantidade de dinheiro investindo
nos escravos, e o governo, após a abolição, não pagou nenhuma
indenização a eles. Não havia dúvida que naqueles atrasos e atrapalhações de sua
A guerra do Paraguai (1864 a 1870) também ajudou na luta vida, alguma influência misteriosa preponderava. Era ele tentar
7 qualquer coisa, logo tudo mudava. Esteve quase para arranjar-se
contra o regime monárquico no Brasil. Soldados brasileiros se
na Saúde Pública; mas, assim que obteve um bom “pistolão1”,
aliaram aos exércitos do Uruguai e da Argentina, recebendo
toda a política mudou. Se jogava no bicho, era sempre o grupo
orientações para implantarem a república no Brasil.
seguinte ou o anterior que dava. Tudo parecia mostrar-lhe que ele
Os movimentos republicanos também já aconteciam no 8país, a
não devia ir para adiante. Se não fossem as costuras da mulher,
9
imprensa trazia politização 10____ população civil, 11para não sabia bem como poderia ter vivido até ali. Há cinco anos que
lutarem pela libertação do país dos domínios de Portugal. Com
não recebia vintém de seu trabalho. Uma nota de dois mil-réis, se
isso, vários partidos teriam sido criados, desde 1870.
alcançava ter na algibeira por vezes, era obtida com auxílio de
A Igreja também teve sua participação para que a república do
não sabia quantas humilhações, apelando para a generosidade
Brasil fosse proclamada. Dois bispos foram nomeados para
dos amigos.
12
acatarem as ordens de D. Pedro II, tornando-se seus Queria fugir, fugir para bem longe, onde a sua miséria atual não
subordinados, 13mas não aceitaram tais imposições. Com isso, tivesse o realce da prosperidade passada; mas, como fugir?
foram punidos com pena de prisão, levando 14_____ igreja Onde havia de buscar dinheiro que o transportasse, a ele, a
15 mulher e aos filhos? Viver assim era terrível! Preso à sua
_____ ir contra o governo.
Com as tensões aquecendo o mandato de D. Pedro II, o imperador vergonha como a uma calceta2, sem que nenhum código e juiz
dirigiu-se com sua família para a cidade de Petrópolis, também no tivessem condenado, que martírio!
A certeza, porém, de que todas as suas infelicidades vinham de
uma influência misteriosa, deu-lhe mais alento. Se era “coisa e) adjunto adverbial.
feita”, havia de haver por força quem a desfizesse. Acordou mais
Exercício 37
alegre e se não falou à mulher alegremente era porque ela já
(Eear 2017) Leia:
havia saído. Pobre de sua mulher! Avelhantada precocemente,
trabalhando que nem uma moura, doente, entretanto a sua
I. Lembrou-se da pátria com saudades e desejou sentir
fragilidade transformava-se em energia para manter o casal.
novamente os aromas de sua terra e de sua gente.
Ela saía, virava a cidade, trazia costuras, recebia dinheiro, e aquele
II. A defesa da pátria é o princípio da existência do militarismo.
angustioso lar ia se arrastando, graças aos esforços da esposa.
Bem! As coisas iam mudar! Ele iria a uma cartomante e havia de
descobrir o que e quem atrasavam a sua vida. Assinale a alternativa que apresenta correta afirmação sobre os
Saiu, foi à venda e consultou o jornal. Havia muitos videntes, termos destacados nas frases I e II.
espíritas, teósofos anunciados; mas simpatizou com uma a) As frases I e II apresentam em destaque adjuntos adnominais.
cartomante, cujo anúncio dizia assim: “Madame Dadá, sonâmbula,
extralúcida, deita as cartas e desfaz toda espécie de feitiçaria,
principalmente a africana. Rua etc.”. b) As frases I e II apresentam em destaque complementos
Não quis procurar outra; era aquela, pois já adquirira a convicção nominais.
de que aquela sua vida vinha sendo trabalhada pela mandinga de
algum preto-mina3, a soldo do seu cunhado Castrioto, que jamais c) A frase I apresenta em destaque um objeto indireto e a frase II
vira com bons olhos o seu casamento com a irmã. apresenta em destaque um complemento nominal.
Arranjou, com o primeiro conhecido que encontrou, o dinheiro
necessário, e correu depressa para a casa de Madame Dadá. d) A frase I apresenta em destaque um objeto indireto e a frase II
O mistério ia desfazer-se e o malefício ser cortado. A abastança apresenta em destaque um adjunto adnominal.
voltaria à casa; compraria um terno para o Zezé, umas botinas
Exercício 38
para Alice, a filha mais moça; e aquela cruciante vida de cinco
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
anos havia de lhe ficar na memória como passageiro pesadelo.
Leia o excerto da crônica “Mineirinho” de Clarice Lispector (1925-
Pelo caminho tudo lhe sorria. Era o sol muito claro e doce, um sol
1977), publicada na revista Senhor em 1962, para responder à(s)
de junho; eram as fisionomias risonhas dos transeuntes; e o
questão(ões).
mundo, que até ali lhe aparecia mau e turvo, repentinamente lhe
surgia claro e doce.
Entrou, esperou um pouco, com o coração a lhe saltar do peito.
É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós,
O consulente saiu e ele foi afinal à presença da pitonisa4. Era sua
que devo procurar por que está doendo a morte de um 1facínora.
mulher.
E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que
(Contos completos, 2010.) mataram 2Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha
cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a
pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o
1pistolão: recomendação de pessoa influente; indivíduo que faz que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não
saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta
essa recomendação.
2 irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se
calceta: argola de ferro que, fixada no tornozelo do prisioneiro,
dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer
ligava-se à sua cintura por meio de corrente de ferro.
que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós
3preto-mina: indivíduo dos pretos-minas (povo que habita a
o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me
região do Grand Popo, no Sudoeste da África). talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que
4pitonisa: profetisa.
estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não
serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso?
Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”.
(Uefs 2018) Em “Onde havia de buscar dinheiro que o Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”.
transportasse, a ele, a mulher e aos filhos?” (3º parágrafo), o Por quê? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida
termo sublinhado refere-se ao substantivo “dinheiro” e exerce a insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior
função sintática de garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e
a) sujeito. assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão
para mim.
b) objeto direto. Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e
o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa
c) objeto indireto. alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem
de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo
d) adjunto adnominal. de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no
décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo
segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina
— porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro. Mesmo quando ela possui
Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por tua plácida elegância,
precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, esse teu reboco claro,
os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim riso franco de varandas,
como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a
minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, uma casa não é nunca
minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da só para ser contemplada;
casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. melhor: somente por dentro
Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que é possível contemplá-la.
treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e
oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, Seduz pelo que é dentro,
que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de ou será, quando se abra;
uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o pelo que pode ser dentro
erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não de suas paredes fechadas;
nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em
silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se pelo que dentro fizeram
abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta com seus vazios, com o nada;
e sangue, a lama viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de pelos espaços de dentro,
viver. não pelo que dentro guarda;
(Unifesp 2016) “Até que treze tiros nos acordam, e com horror efeito igual ao que causas:
digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Mineirinho a vontade de corrê-la
nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem.” (4º por dentro, de visitá-la.
parágrafo)
Disponível em:
Os termos “a esse” e “nos” constituem, respectivamente, http://amoraroxa.blogspot.com.br/2008/02/mulher-e-casa-joo-
cabral-de-melo-neto.html. Acesso em: 24.09.2015
a) objeto indireto e objeto direto.
b) objeto indireto e objeto indireto. (G1 - ifba 2016) Fazendo a análise morfossintática da última
estrofe, pode-se afirmar que, em “visitá-la”:
c) objeto direto preposicionado e objeto direto.
a) o verbo é intransitivo.
d) objeto direto.
rua, vi-lhes no rosto e na atitude 2uma expressão a que não acho humanidade. 9Ele nos fornecerá a experiência vívida e a imagem
nome certo ou claro: digo o que me pareceu. Queriam ser perturbadora de um planeta devastado, inabitável. Destino certo
risonhos e 4mal se podiam consolar. 1Consolava-os a saudade de da Terra em vários milhões de anos. 3Ou, mais provável, em
si mesmos.
poucas décadas, 4se prosseguir o saque a descoberto da energia
(ASSIS, Machado de. "Memorial de Aires". In: OBRA COMPLETA.
fóssil pelo hipercapitalismo globalizado, inflando a bolha
Rio de Janeiro, Aguilar, 1989.)
ambiental.
d) adjunto adnominal 1. Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não
remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das
e) complemento nominal conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro.
Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem,
Exercício 45 quindim, brisa ou filosofia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 2. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até
Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões). paixão é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil.
3. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a
Marte é o Futuro quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente
treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção
O pouso na Lua não foi só o ápice da corrida espacial. Foi também dele não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um
o passo inicial do turbocapitalismo que dominaria as três décadas olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
seguintes. Dependente, porém, de matérias-primas do século 19: 4. Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é
aço, carvão, óleo. 5Lançar-se ao espaço implicava algum quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três
reconhecimento dos limites da Terra. Ela era azul, mas finita. Com
pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, (Ufv 1996) Dependendo da frase, um verbo normalmente
mesmo assim pode não ter namorado. empregado como transitivo direto pode tornar-se verbo de
5. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, ligação. Assinale a alternativa em que aparece um exemplo:
cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou
a) "Não tem namorado..."
drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho,
quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e
b) "... quem transa sem carinho...'
quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de
amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com
c) "... quem acaricia sem vontade..."
felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de
durar.
d) "... de virar sorvete ou lagartixa..."
6. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas;
de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada
e) "... e quem ama sem alegria."
no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa,
Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de Exercício 47
gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, Leia o trecho do poema “Amor feinho”, de Adélia Prado.
bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete
interplanetário. Eu quero amor feinho.
7. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, Amor feinho não olha um pro outro.
fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado Uma vez encontrado é igual fé,
quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e não teologa mais.
horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado e filhos tem os quantos haja.
quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com Tudo que não fala, faz.
ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Planta beijo de três cores ao redor da casa
Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da e saudade roxa e branca,
Metro. da comum e da dobrada.
8. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, Amor feinho é bom porque não fica velho.
quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem eu sou homem você é mulher.
namorado quem ama sem gostar: quem gosta sem curtir; quem Amor feinho não tem ilusão,
curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o o que ele tem é esperança:
gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na eu quero amor feinho.
madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não
tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem (Bagagem, 2011.)
brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem
esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem
confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado
quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de (Famema 2021) “Eu quero amor feinho.”
ser afetivo.
9. Se você não tem namorado porque não descobriu que o O verbo sublinhado é transitivo direto, assim como o verbo
amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de sublinhado em:
medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos
a) “Amor feinho não olha um pro outro.”
dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a
alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e
b) “não teologa mais.”
coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o
próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para
c) “Uma vez encontrado é igual fé,”
quem passe debaixo de sua janela.
10. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor
d) “Amor feinho é bom porque não fica velho.”
de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de
sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada
e) “Planta beijo de três cores ao redor da casa”
qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras
de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não Exercício 48
enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de repente parecer que faz sentido. MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO TEMPO
11. Enlou-cresça. Hélio Gurovitz
Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para palavra impressa. 11O computador só engatinhava, e Postman
o topo da lista dos mais vendidos (...) 1A distopia de Orwel, mal poderia prever como celulares, tablets e redes sociais se
mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo: tornariam – bem mais que a TV – o soma contemporâneo. Mas
o stalinismo. (...) 2O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos suas palavras foram prescientes: “O que afligia a população em
alternativos” e da anestesia intelectual nas redes sociais mais Admirável mundo novo não é que estivessem rindo em vez de
parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo pensar, mas que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham
novo, de Aldous Huxley. parado de pensar”.
3Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira
vez em 1985, num livreto do teórico da comunicação americano Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de 2017, p. 67.
(1) Fui doente durante dois anos (e estou são). ( ) A menina GANHOU uma boneca.
(2) Fui doente para Buenos Aires (e voltei são). ( ) Ele É inteligente e bondoso.
( ) DESOBEDECERAM aos regulamentos.
( ) NASCI em Porto Alegre.
( ) A festa ESTAVA animada. (Unifesp 2021) Pode ser reescrito na voz passiva o seguinte
trecho do texto:
Exercício 67
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: a) “Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de
Leia o trecho do livro O oráculo da noite, do neurocientista Sidarta construir o próprio destino” (4º parágrafo).
Ribeiro.
b) “É gritante o contraste entre a relevância motivacional do
A palavra sonho, do latim somnium, significa muitas coisas sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado” (3º
diferentes, todas vivenciadas durante a vigília, e não durante o parágrafo).
sono. Realizei “o sonho da minha vida”, “meu sonho de consumo”
são frases usadas cotidianamente pelas pessoas para dizer que c) “O sonho é a imaginação sem freio nem controle, solta para
pretendem ou conseguiram alcançar algo. Todo mundo tem um temer, criar, perder e achar” (4º parágrafo).
sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que
não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente d) “Mesmo assim a insônia impera” (3º parágrafo).
noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é
justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se e) “Desejo é o sinônimo mais preciso da palavra ‘sonho’” (2º
quer ter? parágrafo).
O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas
Exercício 68
de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Desejo é o sinônimo mais preciso da palavra “sonho”. [...] Na área
Leia o texto do crítico de arte Jorge Coli para responder à(s)
de desembarque de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto
questão(ões) a seguir.
enorme de um casal belo e sorridente, velejando num mar
caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde
Dizer o que seja a arte é coisa difícil. Um sem-número de tratados
seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de
de estética debruçou-se sobre o problema, procurando situá-lo,
cartão de crédito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como
procurando definir o conceito. Mas, se buscamos uma resposta
veleiros, capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos,
clara e definitiva, decepcionamo-nos: elas são divergentes,
altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo que
contraditórias, além de frequentemente se pretenderem
é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser
exclusivas, propondo-se como solução única.
e principalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem
Entretanto, se pedirmos a qualquer pessoa que possua um
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, mas
mínimo contato com a cultura para nos citar alguns exemplos de
que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores de um
obras de arte ou de artistas, ficaremos certamente satisfeitos.
mágico cartão plástico.
Todos sabemos que a Mona Lisa, que a Nona sinfonia de
A rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e
Beethoven, que a Divina comédia, que Guernica de Picasso ou o
sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, são cruciais
Davi de Michelangelo são, indiscutivelmente, obras de arte.
para o mal-estar da civilização contemporânea. É gritante o
Assim, mesmo sem possuirmos uma definição clara e lógica do
contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua
conceito, somos capazes de identificar algumas produções da
banalização no mundo industrial globalizado. [...] A indústria da
cultura em que vivemos como sendo “arte”. Além disso, a nossa
saúde do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor
atitude diante da ideia “arte” é de admiração: sabemos que
estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim
Leonardo ou Dante são gênios e, de antemão, diante deles,
a insônia impera. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos
predispomo-nos a tirar o chapéu.
diariamente com o toque insistente do despertador, ainda
Podemos, então, ficar tranquilos: se não conseguimos saber o que
sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se
a arte é, pelo menos sabemos quais coisas correspondem a essa
renovam ao infinito, se tão poucos se lembram que sonham pela
ideia e como devemos nos comportar diante delas. Infelizmente,
simples falta de oportunidade de contemplar a vida interior,
esta tranquilidade não dura se quisermos escapar ao superficial e
quando a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar
escavar um pouco mais o problema. O Davi de Michelangelo é
da sobrevivência do sonho.
arte, e não se discute. Entretanto, eu abro um livro consagrado a
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel,
um artista célebre do século XX, Marcel Duchamp, e vejo entre
sonha-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade,
suas obras, conservado em museu, um aparelho sanitário de
da incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Dirá a
louça, absolutamente idêntico aos que existem em todos os
formiga cética que quem sonha assim tão livre é o artista, cigarra
mictórios masculinos do mundo inteiro. Ora, esse objeto não
de fábula que vive de brisa. [...] Na peça teatral A vida é sonho, o
corresponde exatamente à ideia que eu faço da arte.
espanhol Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de
Assim, a questão que há pouco propusemos – como saber o que é
construir o próprio destino. O sonho é a imaginação sem freio
ou não é obra de arte – de novo se impõe. Já vimos que responder
nem controle, solta para temer, criar, perder e achar.
com uma definição que parte da “natureza” da arte é tarefa vã.
Mas, se não podemos encontrar critérios a partir do interior
(O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho, 2019.)
mesmo da noção de obra de arte, talvez possamos descobri-los
fora dela.
Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura possui manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia,
instrumentos específicos. Um deles, essencial, é o discurso sobre meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os
o objeto artístico, ao qual reconhecemos competência e mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as
autoridade. Esse discurso é o que proferem o crítico, o historiador ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta:
da arte, o perito, o conservador de museu. São eles que conferem Navegar é preciso, a ciência da navegação é saber preciso, exige
o estatuto de arte a um objeto. Nossa cultura também prevê aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com precisão,
locais específicos onde a arte pode manifestar-se, quer dizer, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem
locais que também dão estatuto de arte a um objeto. Num museu, com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos
numa galeria, sei de antemão que encontrarei obras de arte; num de navegação não informam mais ou menos. Assim, eles se
cinema “de arte”, filmes que escapam à “banalidade” dos circuitos tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua – juntos para
normais; numa sala de concerto, música “erudita” etc. Esses locais navegar.
garantem-me assim o rótulo “arte” às coisas que apresentam, Chegou então o momento de grande decisão – para onde
enobrecendo-as. navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais
Desse modo, para 1gáudio meu, posso despreocupar-me, pois dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exóticos
nossa cultura prevê instrumentos que determinarão, por mim, o mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem
que é ou não arte. Para evitar ilusões, devo prevenir que a quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi então que
situação não é assim tão rósea. Mas, por ora, o importante é compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino,
termos em mente que o estatuto da arte não parte de uma as ciências que conheciam para nada serviam.
definição abstrata do conceito, mas de atribuições feitas por De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. Os
instrumentos de nossa cultura, dignificando os objetos sobre os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em
quais ela recai. silêncio. Os computadores não têm preferências – falta-lhes essa
sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana.
(O que é arte, 2013. Adaptado.) Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não
entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde se
estava indo.
1gáudio: alegria; júbilo. Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se
com sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em
saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração
(Famema 2019) Em “Nossa cultura também prevê locais humano. É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da
específicos onde a arte pode manifestar-se, quer dizer, locais que navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário
também dão estatuto de arte a um objeto.” (5º parágrafo), o termo da ciência, é coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver não é preciso.
sublinhado refere-se a Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo
de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar.
a) “arte”. Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas
imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cânticos
b) “locais”. dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as
vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da
c) “objeto”. terra, monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do
grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche:
d) “estatuto”. Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar
mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar
e) “cultura”. esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos
filhos... Viver é navegar no grande mar!
Exercício 69
Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio,
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos
O homem deve reencontrar o Paraíso...
mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão
Rubem Alves
cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O
ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar.
Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos
A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o
nós: moscas presas na enorme teia de aranha que é a vida da
porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos
cidade. Todos os dias a aranha que é a vida da cidade. Todos os
importa. O que importada é a velocidade com que navegamos.
dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados.
C Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa
Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o
civilização por meio duma imagem plástica: multiplicam-se os
mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade.
meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que
Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de
as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia
atravessar mares e sobreviver tempestades.
alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um
Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São
navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde.
muitos os saberes necessários para se navegar. Puseram-se
Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma
então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco:
utopia. Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho
impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é um ponto (Efomm 2018) Assinale a alternativa em que o termo sublinhado
inatingível que indica uma direção. NÃO cumpre a função de sujeito.
Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as
a) Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber.
coisas são inatingíveis... ora!/ não é um motivo para não querê-
las... Que tristes os caminho, se não fora/ A mágica presença das
b) Disse certo poeta: ‘Navegar é preciso’, a ciência da navegação é
estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem,
saber preciso (...).
já na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa
civilização: Não temos consciência de direções, não escolhemos
c) É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação.
direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino.
Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas,
determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante é
d) Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens
produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é
na mente dos poetas.
saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como
posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E
e) O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard (...).
em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não preciso
de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo. Exercício 70
Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência (Efomm 2018) Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa
da navegação, sem que os estudantes sejam levados a sonhar ciência da navegação, sem que os estudantes sejam levados a
com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas sonhar com as estrelas.
universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica:
cada especialista se dedica com paixão e competência, a fazer Observando o período acima, nota-se que a partícula sublinhada
pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. cumpre uma função específica, que aparece nas outras
Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem alternativas, EXCETO em
bem-sucedidas, suas pesquisas serão publicadas em revistas
a) Barcos se fazem com precisão, astronomia se aprende com o
internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco
rigor da geometria (...)
está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os
sonhos não são objetos de conhecimento científico.
b) (...) velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e
E assim ficam os homens comuns abandonados por
ventos, instrumentos de navegação não informam ‘mais ou
aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam
menos’.
mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas,
começando com as crianças e continuando com os cientistas,
c) É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação.
como outra que não a da realização do dito poeta: Navegar é
preciso. Viver não é preciso.
É necessário ensinar os precisos saberes da navegação
d) Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com os
enquanto ciência. Mas é necessário apontar com imprecisos sinais
sonhos.
para os destinos da navegação: A terra dos filhos dos meus filhos,
no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa.
e) Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um
Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a
brilho chamado ‘progresso’. Está na bandeira nacional...
ciência da navegação. É inútil ensinar a ciência da navegação a
quem mora nas montanhas. Exercício 71
O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O (Eear 2017) Assinale a alternativa em que o se é índice de
universo tem um destino de felicidade. O homem deve indeterminação do sujeito na frase.
reencontrar o Paraíso. O paraíso é o jardim, lugar de felicidade,
a) Não se ouvia o barulho.
prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um
pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em
b) Perdeu-se um gato de estimação.
que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso.
Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera
c) Precisa-se de novos candidatos militares.
navega em direção ao progresso, a uma velocidade cada vez
maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas
d) Construíram-se casas e apartamentos na rua pacata.
são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e
veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo – e Exercício 72
tudo ficou feio e triste. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sugiro aos educadores que pensem menos nas Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro
tecnologias do ensino – psicologias e quinquilharias – e tratem de e Guilherme Assis de Almeida, para responder à(s) questão(ões)
sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso. abaixo.
Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar
com estranhos. À noite, não saia para caminhar, principalmente se
estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar, los, autoritariamente, aos idênticos programas das várias
tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em estações. No livro Televisão e Consciência de Classe, Sarah
sinal vermelho. Se for assaltado, não reaja – entregue tudo. Chucid Da Viá afirma que o vídeo apresenta um conjunto de
É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas imagens trabalhadas, cuja apreensão é momentânea, de forma a
recomendações. Faz tempo que a ideia de integrar uma persuadir rápida e transitoriamente o grande público. Por sua vez,
comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte de um o psicólogo social Gustav Le Bon considerava que, nas massas, o
coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das indivíduo deixava de ser ele próprio para ser um autômato sem
grandes cidades brasileiras. As noções de segurança e de vida vontade e os juízos aceitos pelas multidões seriam sempre
comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e impostos e nunca discutidos. 1Assim, fomentou-se a concepção
pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto de que a mídia seria capaz de manipular incondicionalmente uma
como parceiro ou parceira em potencial; o desconhecido é audiência submissa, passiva e acrítica.
encarado como ameaça. O sentimento de insegurança transforma Todavia, como bons cidadãos céticos, 2devemos duvidar
e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, (ou ao menos manter certa ressalva) de proposições imediatistas
troca, comunidade, participação coletiva, as moradias e os e aparentemente fáceis. As relações entre mídia e público são
espaços públicos transformam-se em palco do horror, do pânico e demasiadamente complexas, vão muito além de uma simples
do medo.
análise behaviorista de estímulo/resposta. 3As mensagens
A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades,
transmitidas pelos grandes veículos de comunicação não são
drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas – especialmente
recebidas automaticamente e da mesma maneira por todos os
as dos jovens e dos mais pobres –, Dilacera famílias, modificando
nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais indivíduos. 4Na maioria das vezes, o discurso midiático perde seu
cidadãos, passamos a ser consumidores do medo. O que fazer significado original na controversa relação emissor/receptor. Cada
diante desse quadro de insegurança e pânico, denunciado indivíduo está envolto em uma “bolha ideológica”, apanágio de
diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual seu próprio processo de individuação, que condiciona sua maneira
tarefa impõe-se aos cidadãos, na democracia e no Estado de de interpretar e agir sobre o mundo. Todos nós, ao entramos em
contato com o mundo exterior, construímos representações sobre
direito?
a realidade. Cada um de nós forma juízos de valor a respeito dos
vários âmbitos do real, seus personagens, acontecimentos e
(Violência urbana, 2003.)
fenômenos e, consequentemente, acreditamos que esses juízos
correspondem à “verdade”. [...]
(Unesp 2017) O trecho “As noções de segurança e de vida [...] 5A mídia é apenas um, entre vários quadros ou grupos
comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e de referência, aos quais um indivíduo recorre como argumento
pelo isolamento que o medo impõe.” (2º parágrafo) foi construído para formular suas opiniões. 6Nesse sentido, competem com os
na voz passiva. Ao se adaptar tal trecho para a voz ativa, a veículos de comunicação como quadros ou grupos de referência
locução verbal “foram substituídas” assume a seguinte forma: fatores subjetivos/psicológicos (história familiar, trajetória
pessoal, predisposição intelectual), o contexto social (renda, sexo,
a) substitui. .
idade, grau de instrução, etnia, religião) e o ambiente
a) Assim, fomentou-se a concepção de que a mídia seria capaz de o Brasil no início do século XIX etc. –, cada sociedade (e cada ser
manipular incondicionalmente uma audiência submissa, passiva e humano) apenas se utiliza de um número limitado de “22coisas”
acrítica. (ref. 1) (e de experiências) 23para se construir como algo único.
24
Nessa perspectiva, a chave para entender a 25sociedade
b) As mensagens transmitidas pelos grandes veículos de
brasileira é uma 26chave dupla. 27E, 28para mim, a capacidade
comunicação não são recebidas automaticamente e da mesma
relacional — do antigo com o moderno – tipifica e singulariza a
maneira por todos os indivíduos. (ref. 3)
sociedade brasileira. Será preciso, 29portanto, discutir o Brasil
c) “Os vários tipos de receptor situam-se numa complexa rede de como uma 30moeda. Como algo que tem dois lados. 31E mais:
referências [...]” (ref. 7) como uma realidade que nos tem 32iludido, precisamente porque
33
nunca lhe propusemos esta questão relacional e reveladora:
d) “[...]complexa rede de referências em que a comunicação afinal de contas, como se ligam as duas faces de uma mesma
interpessoal e a midiática se completam e modificam” [...] (ref. 8)
moeda? O que faz o 34brasil, 35Brasil?
outra qualquer2, 3e o Brasil que designa um povo, uma 4nação, b) Trata-se, sempre, da questão de identidade (ref. 16) – é
um conjunto de valores, escolhas e ideais de vida. O “brasil” com tratado, sempre, da questão de identidade.
b minúsculo é apenas um objeto sem vida5, pedaço de coisa que c) A pergunta, na sua discreta singeleza, permite descobrir algo
muito importante (ref. 17) – algo muito importante é perguntado,
morre e não tem a menor condição de 6se reproduzir como
na sua discreta singeleza.
sistema. 7Mas o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais
complexo. d) o Brasil ter sido descoberto por portugueses e não por
Estamos interessados em responder esta pergunta: afinal de chineses (ref. 19) – portugueses, e não chineses, terem
contas, o que faz o brasil, BRASIL? Note-se que se trata de uma descoberto o Brasil.
pergunta relacional que, tal como faz a própria sociedade
brasileira, quer juntar e não dividir. Queremos, 8isto sim, descobrir e) nunca lhe propusemos esta questão relacional e reveladora
como é que eles se ligam entre 9si10; como é que cada um (ref. 33) – esta questão relacional e reveladora nunca lhe foi
depende do outro; e 11como os dois formam uma realidade única proposta.
que existe concretamente naquilo que chamamos de “12pátria”. Exercício 75
13Se a condição humana determina que todos os homens devem
(G1 - ifsp 2016) Considerando a norma padrão da Língua
comer, dormir, trabalhar, reproduzir-se e rezar, essa determinação Portuguesa, marque (VP), para voz passiva, (VA), para voz ativa e
não chega ao ponto de especificar também qual comida ingerir, assinale a alternativa correta.
de que modo produzir e para quantos deuses 14ou espíritos rezar.
É precisamente aqui, nessa espécie de zona indeterminada, mas I. O jogador marcou um belo gol na última semana. ( )
necessária, que nascem as diferenças e, nelas, os estilos, os II. O ônibus atrasou bastante na tarde de ontem. ( )
15 III. A bola foi atrasada de modo muito forte pelo zagueiro. ( )
modos de ser e estar; os “ jeitos” de cada grupo humano.
16Trata-se, sempre, da questão de identidade. IV. O computador foi desligado inadequadamente na última vez. (
Como se constrói uma identidade social? Como um povo se )
transforma em Brasil? 17A pergunta, 18na sua discreta singeleza, a) VA, VP, VP, VA.
permite descobrir algo muito importante. É que, no meio de uma
multidão de experiências dadas a todos os homens e sociedades, b) VP, VA, VA, VP.
algumas necessárias à própria sobrevivência – como comer,
c) VA, VA, VP, VP. a) Que sua contribuição contenha o tanto de informação exigida;
b) Que sua contribuição não contenha mais informação do que é
d) VP, VP, VA, VA. exigido.
Máximas da qualidade (da verdade)
e) VP, VA, VP, VA. a) Que sua contribuição seja verídica;
b) Não diga o que pensa que é falso;
Exercício 76 c) Não afirme coisa de que não tem provas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Máxima da relação (da pertinência)
Os princípios da conversa
Fale o que é concernente ao assunto tratado (seja pertinente).
José Luiz Fiorin Máximas de maneira
As condições gerais de linguagem que permitem fazer inferências Seja claro.
na troca verbal a) Evite exprimir-se de modo obscuro;
b) Evite ser ambíguo;
Uma anedota conhecida conta que um agente alfandegário
c) Seja breve (evite a prolixidade inútil);
pergunta a um passageiro que desembarcara de um voo
d) Fale de maneira ordenada.
internacional e passava pela aduana:
– Licor, conhaque, grapa...? http://revistalingua.com.br/textos/100/artigo304577-1.asp.
O passageiro responde: (Adaptado).
– Para mim, só um cafezinho.
A graça da piada reside no fato de que o passageiro fez,
propositadamente ou não, uma inferência errada nessa situação (Uemg 2016) Julgue estas afirmações:
de comunicação. Inferiu que o fiscal aduaneiro lhe oferecia um
digestivo, como no final de uma refeição num restaurante, I. A construção “Ele enuncia-se assim...” equivale à construção
quando, na realidade, a inferência correta é se ele trazia alguma “Ele é enunciado assim...”.
bebida alcoólica na bagagem. Ele violou o princípio de pertinência II. O pronome lhe, do trecho “Inferiu que o fiscal aduaneiro lhe
que rege o uso da linguagem. oferecia um digestivo”, substitui o nome passageiro.
Chama-se inferência pragmática aquela que resulta do uso dos III. No trecho “Pode-se infringir uma máxima para não transgredir
princípios que governam a utilização da linguagem na troca outra, cujo respeito é considerado mais importante”, o pronome
verbal. Paul Grice (1975) postula que um princípio de cooperação cujo exprime ideia de posse.
preside à comunicação. Ele enuncia-se assim: sua contribuição à
IV. No trecho “Com efeito, quem pergunta quer de fato saber é a
comunicação deve, no momento em que ocorre, estar de acordo
firma onde João presta serviços”, a expressão “com efeito”
com o objetivo e a direção em que você está engajado.
equivale a “não obstante”.
Categorias
Esse princípio é explicitado por quatro categorias gerais – a da
Estão CORRETAS apenas:
quantidade das informações dadas, a de sua verdade, a de sua
pertinência e a da maneira como são formuladas, que constituem a) I e IV.
as máximas conversacionais. (...)
Não são regras b) I e II.
Pode-se infringir uma máxima para não transgredir outra, cujo
respeito é considerado mais importante. c) II e III.
No exemplo que segue, a resposta do interlocutor viola a máxima
da quantidade para não desobedecer à da qualidade: d) III e IV.
– Onde João trabalha? Ele saiu daquela firma?
Exercício 77
– No Rio de Janeiro.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Com efeito, quem pergunta quer de fato saber é a firma onde João
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir.
presta serviços. A resposta mais vaga permite inferir que o
interlocutor não sabe exatamente onde João trabalha.
Onde há maior engajamento das pessoas no trabalho? Para
Pode-se explorar a infringência de uma máxima com vistas a criar
responder essa pergunta, a consultoria Marcus Buckingham
um dado efeito de sentido. Por exemplo, a ironia é a exploração
Company fez uma pesquisa em 13 países, entrevistando cerca de
de uma transgressão da máxima da qualidade. O que o texto
mil pessoas de várias empresas em cada um. Os Estados Unidos
irônico está dizendo não é verdade. Deve-se entendê-lo pelo
avesso. No exemplo que segue, “modesto” quer dizer o oposto: e a China estão empatados em primeiro lugar (com de
“‘Tenho uma voz conhecida, então não é qualquer narrador, é o engajamento total cada), o que não chega a ser uma surpresa
Falabella contando a história’, diz o modesto autor-locutor” (+ diante da potência de suas economias. Mas aí começam as
Miguel Falabella) (Veja, 11/1/2012, p. 109) novidades: em segundo lugar está a Índia, com e em
terceiro, o Brasil, com de engajamento, acima de países
como a Inglaterra, o Canadá, a Alemanha, a Itália e a França.
MÁXIMAS CONVERSACIONAIS
Solicitou-se aos entrevistados hierarquizar oito afirmações
Máximas da quantidade
básicas, como “no trabalho, sei claramente o que esperam de
mim” ou “serei reconhecido se fizer um bom trabalho”. Para os
sendo, portanto, um dos fatores que levaram
autores, a diferença de engajamento em cada país seria explicada
de acordo com o grau de confiança que o entrevistado teria sobre Revolução Francesa. 12Para evitar que torvelinho 13similar
a utilização de suas capacidades pessoais no trabalho. Mas há vitimasse o Reino Unido, Malthus argumentou que 14toda
nuances: no Brasil, assim como na França, Canadá e Argentina, a assistência aos 15pobres deveria ser suspensa de imediato e a
afirmação “meus colegas me apoiam” recebeu também grande taxa de natalidade deveria ser severamente controlada.
destaque, enquanto na Inglaterra e na Índia se valoriza mais o Já David Ricardo, que publicou em 1817 os seus Princípios de
fato de ter colegas que compartilhem os mesmos valores. economia política e tributação, preocupava-se com a 16evolução
do preço da terra. Se o crescimento da população e,
(Adaptado de: NOGUEIRA, P. E. A preguiça é mito? Época 17consequentemente, da produção agrícola se prolongasse, a
Negócios. ago. 2015. n.102. p. 21.)
terra tenderia a se 18tornar escassa. De acordo com a lei da oferta
e da procura, o preço do bem escasso – a terra – deveria subir de
(Uel 2016) Com base no trecho “Solicitou-se aos entrevistados modo contínuo. No limite, 19os donos da terra receberiam uma
hierarquizar oito afirmações básicas”, assinale a alternativa que parte cada vez mais significativa da renda nacional, e o 20restante
apresenta a sua correta reescrita. da população, uma parte cada vez mais reduzida, 21destruindo o
a) A hierarquia de oito afirmações básicas foi solicitada aos equilíbrio social. De fato, 22o valor da terra permaneceu alto por
entrevistados. algum tempo, mas, ao longo de século XIX, caiu em relação
MINO. Como se conjuga um empresário. Disponível em: Chagas e Silva chegou a Porto Alegre em 1928. 16Fixou-20se na
<http://docslide.com.br/documents/como-se-conjuga-um- Rua da Praia, que percorria com passos lentos, carregando um ar
empresario.html>. de 12indecifrável importância, tão ao jeito dos grandes de então.
Acesso em: 18 jan. 2016. Adaptado. 17
Os estudantes tomaram conta dele. Improvisaram comícios na
praça, carregando-o nos braços e 11fazendo-o discursar. Dava
discretas mordidas 33e consentia em que lhe pagassem o
(Uefs 2016) Sobre análise linguística dos aspectos que
cafezinho. Mandava imprimir sonetos, que "trocava" por dinheiro.
estruturam o texto e de seus efeitos de sentido, está correto o
Não era de meu propósito 31ocupar-me do "doutor" Chagas 34e, Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre
sim, de como se comia bem na Rua da Praia de antigamente. Mas mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que
ele como que me puxou pela manga e levou-me a visitar casas possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
por onde sua imaginação de longe esvoaçava. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo
Porto Alegre, sortida por tradicionais armazéns de com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de
especialidades, 30dispunha da melhor matéria-prima para as minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia
seguinte e que ela o emprestaria. (...)
casas de pasto. 18Essas casas punham ao alcance dos gourmets
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não
virtuosíssimos "secos e molhados" vindos de Portugal, da Itália,
morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou
da França e da Alemanha. Daí um longo e 2________ período de entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia
boa comida, para regalo dos homens de espírito e dos que eram emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia
mais estômago que outra coisa. seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a
Na arte de comer bem, talvez a 26dificuldade fosse a da escolha. esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a
Para qualquer lado que o passante se virasse, encontraria salões andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas
ornamentados 3_________ maiores ou menores, tabernas 35ou de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o
simples tascas. A Cidade 32divertia-se também 13pela barriga. dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha
vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando
Adaptado de: RUSCHEl, Nilo. Rua da Praia. Porto Alegre: Editora pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
da Cidade, 2009. p. 110-111. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do
dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá
estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração
(Ufrgs 2015) Assinale a alternativa que apresenta a correta batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em
passagem de segmento do texto da voz ativa para a voz passiva. seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. (...) E assim continuou.
Quanto tempo? Não sei. (...) Eu ia diariamente à sua casa, sem
a) Chagas e Silva postava-se de palito à boca (ref. 14) - Chagas
faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo
e Silva era postado de palito à boca
ontem, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a
outra menina. (...)
b) Ele, que tanto marcou a rua (ref. 15) - A rua, que tanto foi
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo
marcada por ele
humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia
estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à
c) Fixou-se na Rua da Praia (ref. 16) - Foi fixado na Rua da Praia
porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma
confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas.
A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar
d) Os estudantes tomaram conta dele (ref. 17) - Ele foi tomado
entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a
conta pelos estudantes
filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu
daqui de casa e você nem quis ler! (...)
e) Essas casas punham ao alcance dos gourmets virtuosíssimos
Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a
''secos e molhados" (ref. 18) - Os gourmets eram postos ao
filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E
alcance de virtuosíssimos "secos e molhados" por essas casas
você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia
Exercício 82 mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de
Leia o texto para responder à(s) questão(ões). querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim
Felicidade Clandestina recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro.
Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar.
Clarice Lispector (...) Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha,
só para depois ter o susto de o ter. (...) Criava as mais falsas
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A
crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já
todas ainda éramos achatadas. (...) Mas possuía o que qualquer pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor
criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de em mim. Eu era uma rainha delicada. (...)
livraria. (...)
Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como (http://tinyurl.com/veele-contos Acesso em: 27.08.14. Adaptado)
essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente
bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu
com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu (Fatec 2015) Observe o trecho do texto: “e assim recebi o livro
nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a na mão(...)”
implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Ao passar a oração sublinhada nesse trecho para a voz passiva empenhada a Revolução Francesa? Liberdade, igualdade,
analítica, teremos: fraternidade.
As infelizes cotas, contras as quais tenho escrito e às quais me ... a água potável acabar?
oponho desde sempre, servem magnificamente para alcançarmos
este objetivo: a mediocrização também do ensino superior. Alunos As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve
que não conseguem raciocinar porque não lhes foi ensinado, acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém mais tomará banho
numa educação de brincadeirinha. E, porque não sabem ler nem todo dia. Chuveiro com água só duas vezes por semana. Se
escrever direito e com naturalidade, não conseguem expor em alguém exceder 55 litros de consumo (metade do que a ONU
letra ou fala seu pensamento truncado e pobre. [...] E as cotas recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados,
roubam a dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino não haveria carne, pois, se não há água para você, imagine para o
superior por mérito [...] Meu conceito serve para cotas raciais gado. Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de
também: não é pela raça ou cor, sobretudo autodeclarada, que carne. 1Mas não é só ela que faltará. A Região Centro-Oeste do
um jovem deve conseguir diploma superior, mas por seu esforço e Brasil, maior produtor de grãos da América Latina em 2012, não
capacidade. [...] conseguiria manter a produção. Afinal, no País, a agricultura e a
agropecuária são, hoje, as maiores consumidoras de água, com
Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros
jovens, em lugar de educá-los com e para o trabalho, zelo, grãos.
esforço, busca de mérito, uso da própria capacidade e talento, já A vida nas metrópoles será mais difícil. Só a grande São Paulo
entre as crianças. O ensino nas últimas décadas aprimorou-se em consome atualmente 80,5 bilhões de litros por mês. A água que
fazer os pequenos aprender brincando. Isso pode ser bom para os abastece a região virá de Santos, uma das grandes cidades do
bem pequenos, mas já na escola elementar, em seus primeiros litoral que passarão a investir em dessalinização. O problema é
anos, é bom alertar, com afeto e alegria, para o fato de que a vida que, para obter 1 litro de água dessalinizada, são necessários 4
não é só brincadeira, que lazer e divertimento são necessários até litros de água do mar, a um custo de até US$ 0,90 o m2,
à saúde, mas que a escola é também preparação para uma vida 2segundo a International Desalination Association. Só São Paulo
profissional futura, na qual haverá disciplina e limites – que aliás
gastaria quase RS 140 milhões em dessalinização por mês, Como
deveriam existir em casa, ainda que amorosos.
resultado, a água custaria muito mais do que os R$ 3 por m3 de são tratados os pobres. 16A única coisa que eles querem saber
hoje. são os nomes e os endereços dos pobres.
Mas há quem não concorde com esse cenário caótico. 3“Á água só
acaba se você acabar com o ciclo dela”, diz Antônio Felix JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: diário de uma
Domingues, da Agência Nacional de Águas. [...] favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, pp. 41 e 42.
Exercício 90
(G1 - cps 2016) Analisando o verso “É um seio de mãe a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
transbordar carinhos...” é correto afirmar que a predicação da Leia o texto e responda à(s) quest(ões) a seguir.
expressão verbal destacada
Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de
a) depende de um termo que lhe complete, ligando-se a ele com opinião, qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria
auxílio de uma preposição. indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam
apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de
b) depende de um termo que lhe complete, ligando-se a ele sem preparar os jovens para a compreensão de textos simples,
auxílio de uma preposição. elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas,
conhecimento elementar de física e química, e outros fornecidos
c) depende de um termo que lhe complete, ligando-se a ele com pelas escolas fundamentais.
auxílio de um advérbio. [...]
Certa vez, participava de uma reunião de pais e
d) não depende de um termo que lhe complete o sentido, pois professores em uma escola privada brasileira de destaque e notei
tem sentido por si só. que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores,
salas de aula com poucos alunos, mas não se sentiam
e) não depende de um termo que lhe complete o sentido, pois responsáveis para participarem ativamente das atividades
expressa um estado. educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não
conseguiam entender que esta aritmética não fecha e que a sua
Exercício 89
aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que
(Ufpr 2012) A sentença “Ele anda ouvindo música” pode ser
consigam transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.
interpretada de duas formas: a) ele ouve música enquanto
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no
caminha – neste caso, o verbo “andar” funciona como verbo
aprendizado dos exemplos dados pelos pais.
pleno, significando “caminhar”; b) a atividade de ele ouvir música
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver outros
tem se repetido ultimamente – neste caso, o verbo “andar” se
problemas de uma sociedade como a brasileira parece lógico. No
esvazia de seu sentido pleno e funciona como elemento
entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende
gramatical, um auxiliar. Podemos identificar no português outros
somente das autoridades. Ela começa com os próprios pais, que
verbos que podem ter esses dois usos: um com seu sentido
não podem simplesmente terceirizar essa responsabilidade.
lexical pleno e outro funcionando como elemento gramatical.
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a
Tendo isso em vista, considere os conjuntos de sentenças abaixo:
sociedade como um todo esteja convencida de que todos
precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes
1. Ele chegou na festa e bagunçou o tempo todo.
que partilhem desta convicção e não estejam pensando somente
Ele chegou a interferir no processo, mas foi neutralizado.
nos seus benefícios pessoais.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos
2. Ela está querendo comer camarão.
muitos cursos que estão se tornando disponíveis no Brasil, nota-
Ela está querendo ficar doente.
se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua
ascensão social, mesmo sendo precários. O número daqueles que
3. O que ela fez com a faca que estava no chão? Ela pegou e
trabalham para obter o seu sustento e para ajudar a família, e ao
guardou na gaveta.
mesmo tempo se dispões a fazer um sacrifício adicional
Como ele agiu quando se deparou com o grupo? Ah, ele pegou e
frequentando cursos até noturnos, parece estar aumentando.
foi batendo em todo mundo.
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para
o bom exercício da profissão está em alta. É tratada como
4. Todos trabalham pela causa.
prioridade tanto no governo como em instituições representativas
Eles trabalham vendendo computadores.
das empresas. O mercado observa a carência de pessoal
qualificado para elevar a eficiência do trabalho.
Em qualquer caso, independente do contexto, o verbo grifado
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que
pode ser interpretado com sentido lexical pleno em ambas as
estão melhorando, a duras penas, a sua distribuição de renda.
ocorrências:
Mas, para que este processo de melhoria do bem-estar da
a) do conjunto 3 apenas. população seja sustentável, há que se conseguir um aumento da
produtividade do trabalho, que permita, também, o aumento da
parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os I - Em "A população urbana brasileira, principalmente a de
investimentos indispensáveis. grandes centros, vive constantemente em situação ambiental
A população que deseja melhores serviços das autoridades muito ruim" (ref. 1), a oração foi interrompida por uma explicação;
precisa ter a consciência de que uma boa educação, não por isso, há vírgulas separando o sujeito do predicado.
necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as II - Em "Tênues esforços públicos são levados a cabo em véspera
suas aspirações. de desastre" (ref. 2), o verbo ser (são) está no plural porque
concorda com o sujeito composto.
(YOKOTA, Paulo. Os problemas da educação no Brasil. Em III - O sujeito de "Porém, esbarram no individualismo da solução
http://www.cartacapital.com.br/educacao/os-problemas-da- automotiva" (ref. 3), no contexto do parágrafo, é indeterminado.
educacao-no-brasil-657.html - Com adaptações) IV - Em "deram mostras de seu potencial" (ref. 4), o pronome seu
refere-se a brasileiro (ref. 5).
(G1 - col. naval 2015) Assinale a opção na qual o termo São CORRETAS apenas as afirmativas:
oracional foi classificado corretamente.
a) II e III.
a) “[...] inclusive elegendo representantes que partilhem desta
convicção e não estejam pensando somente nos seus benefícios b) I, II e IV.
pessoais.” (5º §) (núcleo do predicado verbal)
c) I e IV.
b) “[...] e notei que muitos pais expressavam o desejo de ter bons
professores [...].” (2º §) (predicativo do sujeito) d) III e IV.
de educação.” (2º §) (objeto direto) de Janeiro para representar os favelados do país, descrevia uma
cena que presenciou durante anos a fio em sua vida: 'É o bacana
Exercício 91 da Zona Sul estacionar seu Mitsubishi no pé do morro e comprar
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: cocaína de um garotinho de 12 anos'. Em seguida, fez uma
TEXTO pergunta perturbadora: 'Quem é o criminoso? O bacana da Zona
Sul ou o garoto de 12 anos?'. E deu a resposta: 'Para vocês, o
1A população urbana brasileira, principalmente a de garoto de 12 anos tem de ser preso porque ele é um traficante de
grandes centros, vive constantemente em situação ambiental drogas. Para nós, tem de prender o bacana da Zona Sul porque
muito ruim. 2Tênues esforços públicos são levados a cabo em ele está aliciando menores para o crime'. Não resta dúvida de que
véspera de desastre, para evitar o mal maior. Mas, de maneira a situação retrata um dilema poderoso: de um lado, tem-se uma
vítima do vício induzida ao crime de comprar drogas e, de outro,
geral, o 5brasileiro não está educado nem conscientizado para a
necessidade de mudar de hábitos e efetivamente melhorar o tem-se uma vítima da pobreza e da desigualdade 5induzida ao
ambiente e a qualidade de vida urbana, em vez de só evitar o mal crime de vendê-las. Na cegueira legal em que vivemos, a solução
maior. Iniciativas I tímidas I como o rodízio de carros particulares é simples: prendem-se vendedor e comprador.
(...)
em São Paulo, entre 1996 e 1998, 4deram mostras de seu
Começa agora a surgir uma alternativa mais realista com a
potencial em melhorar a qualidade do ar e de reduzir o caos no
intenção do governo federal de implantar a chamada 1'política de
transporte. 3Porém, esbarram no individualismo da solução
automotiva e no status que o carro tem na nossa redução de danos'. Ou seja: em vez de punir os 3usuários,
tratando-os como criminosos, passa-se a encará-los como
contemporaneidade.
(BUYS, Bruno. In: MACHADO, Anna Raquel et al. Resenha: leitura doentes e atendê-los de modo a reduzir os riscos a que estão
4
e produção de textos técnicos e acadêmicos. São Paulo: Parábola expostos - como a overdose, aids, hepatite e outras doenças. É
editorial, 2004, p. 44) mais realista porque 6a repressão do uso de drogas é uma
política bem-intencionada, na qual se pretende a purificação pela
via da punição, mas que tem se mostrado sistematicamente falha.
A ideia brasileira - já em uso em outros países, e não apenas na
(G1 - cftsc 2008) Analise as afirmativas a seguir, com base no Holanda - é um pedaço de bom senso e humildade. 2Encarar um
texto. viciado como doente é um enfoque justo e generoso."
André Petry. Revista VEJA, 24 de novembro de 2004, p. 50.
c) "neles há pouca montanha," (v. 14)
(G1 - cftce 2007) "... a repressão do uso de drogas é uma política d) "sons que se despedaçam" (v. 22)
bem-intencionada" (ref. 6) - verifica-se que o predicado é:
Exercício 94
a) verbal TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
CONSIDERAÇÃO DO POEMA
b) nominal (Fragmento)
(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no a sintaxe dessa frase.
campo a) sujeito: uma gota de sangue
como pedras aflitas e queimam a erva e a água,
e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade. b) verbo intransitivo
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião.10 livros de poesia.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1977.) c) adjuntos adverbiais: uma e de sangue
(Uerj 2002) É comum encontrar nos livros escolares a definição e) predicado verbal: toda a oração
de predicado como aquilo que se declara sobre o sujeito de uma
oração. Exercício 96
Essa definição de predicado, entretanto, não é suficiente para TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
identificá-lo em todas as suas ocorrências. Procura-se algum lugar no planeta
O exemplo em que NÃO se poderia identificar o predicado pela onde a vida seja sempre uma festa
definição dada é: onde o homem não mate
nem bicho nem homem
a) "falta-lhes / não sei que atributo essencial," (v. 3-4) e deixe em paz
b) "Toda a expressão deles mora nos olhos" (v.11) as árvores da floresta.
Procura-se algum lugar no planeta casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não
onde a vida seja sempre uma dança propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença
e mesmo as pessoas mais graves era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da
tenham no rosto um olhar de criança. Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos
para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos
MURRAY, Roseana. Disponível em começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E
https://www.orelhadelivro.com.br/livros mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna
vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado.
– Quando você ficar bom...
– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.
(G1 - ifpe 2019) Acerca de gêneros textuais, classes de palavras Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar
e termos da oração, assinale a alternativa CORRETA em relação remédio e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela
ao texto acima. por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o
reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito
a) Nos versos “onde a vida seja sempre uma festa” e “onde a vida 12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e
e) adjuntos adverbiais.
e) do ponto de vista semântico, uma refere o objeto em nível
Exercício 98 denotativo e a outra refere o mesmo objeto, mas em nível
conotativo; já, do ponto de vista sintático, são idênticas: enquanto
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: a primeira assume a função do adjunto adnominal, a segunda
Emoções na montanha-russa (fragmento) assume a do adjunto adverbial.
Exercício 99
Uma das sensações mais intensas e perturbadoras 4que se pode
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
experimentar, neste nosso mundo atual, é um passeio na
montanha-russa. Só não é nem um pouco recomendável para
quem tenha problemas com os nervos ou com o coração, nem
para aqueles com o sistema digestivo sensível. A própria decisão
de entrar na brincadeira já requer alguma coragem, a gente sabe
1que a emoção pode ser forte até demais e 2que podem decorrer
(G1 - ifce 2012) Sobre as expressões do primeiro período “uma d) adjunto adnominal.
das sensações mais intensas e perturbadoras” e “um passeio na
montanha-russa”, uma análise possível, correta e coerente é a de e) aposto.
que
Exercício 100
a) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível (G1 1996) Destaque com letra maiúscula o predicado e
denotativo, têm significados diferentes, isto é, denotam ou classifique-o (PV - PN - PVN)
referem o mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, são a) A família de Alexandre recebeu a notícia alegre.
idênticas: enquanto a primeira assume a função do sujeito, a b) Alexandre parecia cansado.
segunda assume a do predicativo do sujeito. c) Seu relato terminou.
d) Velasco nomeou os tubarões pontuais.
e) Rufino morreu afogado. direção à garantia do acesso a esses serviços como direito social.
Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a
Exercício 101 criação da Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das
(G1 1996) Nas orações a seguir, separe o sujeito do predicado, Cidades, que deram à política urbana uma base de participação e
grife o sujeito, circule o núcleo e o classifique em simples, controle social.
composto ou oculto: Houve também, até 2014, uma progressiva ampliação de
a) As andorinhas e as gaivotas voavam juntas. recursos para o setor, sobretudo a partir do PAC 1 e PAC 2; a
b) Ficou humilhada a noiva branca. instituição de um marco regulatório (Lei 11.445/2007 e seu
c) O pombo marcou um encontro mas chegou atrasado.
decreto de regulamentação) e de um Plano Nacional para o setor,
d) Concordou com alegria e pudor a pomba. o PLANSAB, construído com amplo debate popular, legitimado
e) Gritavam esganadas as gaivotas do mar.
pelos Conselhos Nacionais das Cidades, de Saúde e de Meio
f) O pombo chegou e explicou o atraso. Ambiente, e aprovado por decreto presidencial em novembro de
verbal? a gestão dos serviços seja pautada por uma visão de saneamento
como direito de cidadania: a) articulação da política de
Exercício 103 saneamento com as políticas de desenvolvimento urbano e
(Eear 2019) Marque a alternativa que apresenta, em destaque, regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua
complemento nominal. erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde; e b) a
transparência das ações, baseada em sistemas de informações e
processos decisórios participativos institucionalizados.
a) O conflito contra o ódio é o início da paz.
A Lei 11.445/2007 reforça a necessidade de planejamento para o
saneamento, por meio da obrigatoriedade de planos municipais
b) Os preceitos contra os quais luto são muitos.
de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos,
drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza urbana e manejo
c) Brigue pelas boas causas sem desistir do amor.
de resíduos sólidos. Esses planos são obrigatórios para que
possam ser estabelecidos contratos de delegação da prestação
d) Aludia aos problemas corriqueiros da relação.
de serviços e para que possam ser acessados recursos do
Exercício 104 governo federal (OGU, FGTS e FAT), com prazo final para sua
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: elaboração terminando em 2017. A Lei reforça também a
Política pública de saneamento básico: as bases do participação e o controle social, através de diferentes
saneamento como direito de cidadania e os debates sobre mecanismos como: audiências públicas, definição de conselho
novos modelos de gestão municipal responsável pelo acompanhamento e fiscalização da
política de saneamento, sendo que a definição desse conselho
Ana Lucia Britto também é condição para que possam ser acessados recursos do
Professora Associada do PROURB-FAU-UFRJ governo federal.
Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles O marco legal introduz também a obrigatoriedade da regulação
da prestação dos serviços de saneamento, visando à garantia do
A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à cumprimento das condições e metas estabelecidas nos contratos,
água potável e ao esgotamento sanitário é indispensável para o à prevenção e à repressão ao abuso do poder econômico,
pleno gozo do direito à vida. É preciso, para tanto, fazê-lo de reconhecendo que os serviços de saneamento são prestados em
modo financeiramente acessível e com qualidade para todos, sem caráter de monopólio, o que significa que os usuários estão
discriminação. Também obriga os Estados a eliminarem submetidos às atividades de um único prestador.
progressivamente as desigualdades na distribuição de água e
esgoto entre populações das zonas rurais ou urbanas, ricas ou FONTE: adaptado de
pobres. http://www.assemae.org.br/artigos/item/1762-saneamento-
No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de basico-como-direito-de-cidadania
35 milhões de brasileiros não são atendidos com abastecimento
de água potável, mais da metade da população não tem acesso à
(Espcex (Aman) 2019) “Mais da metade da população não tem
coleta de esgoto, e apenas de todo o esgoto gerado são
acesso à coleta de esgoto”.
tratados. Aproximadamente da população que compõe o
déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda
No fragmento, é correto afirmar que há
domiciliar mensal de até salário mínimo por morador, ou seja, a) sujeito simples e predicado nominal.
apresentam baixa capacidade de pagamento, o que coloca em
pauta o tema do saneamento financeiramente acessível. b) verbo intransitivo e predicado verbal.
Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades,
identificam-se avanços importantes na busca de diminuir o déficit c) verbo transitivo e objetos direto e indireto.
já crônico em saneamento e pode-se caminhar alguns passos em
pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem
d) sujeito composto e objeto indireto. comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus
refrigeradores.
e) sujeito simples e complemento nominal. Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar
por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um
Exercício 105 curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao
Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação
O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano,
reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de
inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a
reincidência (amplamente admitida, mas nunca comprovada privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no
empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10
tratamento cruel e na vingança.
criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos
cadeia.
educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar
Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à
que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir
sociedade.
aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece, A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte:
para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes,
de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e respeitando a população, aqui os presos saem roubando e
laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente
cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no
pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a
festa, dizia Nietzsche). vingança é uma festa, dizia Nietzsche).
Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela
ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH) LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto
e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema Estou no blogdolfg.com.br.
carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas ** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora
2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das do Instituto Avante Brasil.
menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-
Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/.
de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali Acessado em 17 de março de 2017.
passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o
Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter
(Espcex (Aman) 2018) Em "A população manifesta muito mais
seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por prazer no massacre contra o preso", o termo destacado tem a
vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso,
função de:
não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer
criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela a) Adjunto Adnominal
legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar
estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será b) Agente da Passiva
prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
comprovada. c) Objeto Direto
O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com
grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não d) Objeto Indireto
possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso
sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela e) Complemento Nominal
plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos,
Exercício 106
além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem
Fiu-fiu
os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de
Luis Fernando Veríssimo
trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação
profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma
Existe coisa mais melancólica do que uma mesa de quatro
pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas
pessoas, num restaurante, em que três estão dedilhando seus
atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.
smartphones e uma está falando sozinha?
A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos
presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos
Lançaram agora um celular à prova d’água, que você pode usar
separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida
no chuveiro. Ou em qualquer outro lugar embaixo d’água. No mar,
por exemplo. b) Prosopopeia; núcleo do aposto, núcleo do sujeito, núcleo do
– Bem, não me espere para o jantar... adjunto adnominal.
– Onde você está? c) Interjeição; núcleo do sujeito, parte de frase nominal, núcleo do
– Sabe a nossa pesca submarina? adjunto adnominal.
– O que houve? d) Metonímia; núcleo do aposto, núcleo do sujeito, núcleo do
1– Pensei que fosse uma garoupa e era um tubarão. E ele está complemento nominal.
vindo na minha direção.
– Você ainda está embaixo d’água?! e) Eufemismo; núcleo do sujeito, núcleo do objeto direto, núcleo
– Estou. do adjunto adnominal.
– E o seu arpão?
Exercício 107
– O tubarão engoliu!
(Espcex (Aman) 2017) Marque a alternativa correta quanto à
– Ligue para a Guarda Costeira!
função sintática do termo grifado na frase abaixo.
2São cada vez mais raros os lugares em que você pode se ver
livre de celulares, e agora nem as piscinas estão seguras. “Em Mariana, a igreja, cujo sino é de ouro, foi levada pelas águas”.
Os celulares são práticos e se tornaram indispensáveis, eu sei,
a) adjunto adnominal
mas empobreceram a vida social. 3Existe coisa mais melancólica
do que uma mesa de quatro pessoas, num restaurante, em que
b) objeto direto
três estão dedilhando seus smartphones e uma está falando
sozinha? Ou um casal em outra mesa, os dois mergulhados nos
c) complemento nominal
respectivos celulares sem nem se olharem, 4o que dirá se falarem
– a não ser que estejam trocando mensagens silenciosas entre si,
d) objeto indireto
o que é ainda mais triste.
5Os celulares podem ser perigosos de várias maneiras, mesmo
e) vocativo
que não derretam o cérebro, como se andou espalhando há
algum tempo. Imagino uma velhinha que ganhou um celular dos Exercício 108
netos sem que estes se dessem ao trabalho de explicar seu (G1 - ifce 2016) Na frase “Isto lhe será bastante útil”, o termo em
funcionamento para a vovó. Não contaram, por exemplo, que o destaque é um
celular dado assobia quando recebe uma mensagem. É um
assovio humano, um nítido fiu-fiu avisando que alguém ligou, e
a) adjunto adverbial.
que pode soar a qualquer hora do dia ou da noite. 6E imagino a
vovó, que mora sozinha, dormindo e, de repente, acordando com b) complemento nominal.
o assovio. Um fiu-fiu no meio da noite! A vovó, se não morrer
imediatamente do coração, pode ficar apavorada. Quem está lá? c) adjunto adnominal.
Um ladrão ou um fantasma assoviador? E o assovio tem algo de
galante. A vovó pode muito bem sair da cama, sem saber se está d) predicativo do sujeito.
acordada ou sonhando, e caminhar na direção do fiu-fiu sedutor,
como se tivessem vindo buscá-la. Alguém pensou nas vovós e) objeto indireto.
solitárias quando inventou o assovio?
7O fato é que não há mais refúgio. Nem castelos anti- Exercício 109
smartphones com um fosso em volta. Eles agora podem
atravessar o fosso. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões).
Jornal O Globo, 03/08/2014. Disponível em
<https://oglobo.globo.com/opiniao/fiu-fiu-13464128>. Último
acesso em 30 de setembro de 2017. SOMOS TODOS ESTRANGEIROS
(Insper 2012) Em “... não lhe passou pela cabeça que pudesse ser
(G1 - ifsul 2016) Na frase “Quem pratica o bullying, quer seja
ele o centro das atenções”, os pronomes pessoais destacados
entre alunos ou com os que têm hábitos e aparência distintos do
exercem, respectivamente, a função sintática de
seu, conquista momentaneamente a ilusão da legitimidade” (ref.
10), a expressão em destaque representa a função sintática de a) objeto indireto, sujeito.
Sobre o mar e o navio (CESAR, William Carmo. Sobre o mar e o navio. In: __________.
Uma história das Guerras Navais: o desenvolvimento tecnológico
Na guerra naval, existem ainda algumas peculiaridades das belonaves e o emprego do Poder Naval ao longo dos tempos.
que merecem ser abordadas. Rio de Janeiro: FEMAR, 2013. p. 396-398)
Uma delas diz respeito ao cenário das batalhas: o mar.
Diferente, em linhas gerais, dos teatros de operações terrestres, o
mar não tem limites, não tem fronteiras definidas, a não ser nas (Esc. Naval 2016) Marque a opção em que a função sintática do
proximidades dos litorais, nos estreitos, nas baías e enseadas. pronome relativo está corretamente indicada.
Em uma batalha em mar aberto, certamente, poderão ser
a) “[...] que merecem ser abordadas.” (1º parágrafo) – objeto direto
empregadas manobras táticas diversas dos engajamentos
efetuados em área marítima restrita. Nelas, as forças navais
podem se valer das características geográficas locais, como fez o
b) “[...] onde pôde proteger [...]” (3º parágrafo) – adjunto adverbial
comandante naval grego Temístocles, em 480 a.C. ao atrair as
forças persas para a baía de Salamina, onde pôde proteger os
flancos de sua formatura, evitando o envolvimento pela força
c) “[...] cujas baixas por afogamento [...]” (5º parágrafo) – aposto
naval numericamente superior dos invasores persas.
As condições meteorológicas são outros fatores que
d) “[...] dos quais apenas três [...]” (5º parágrafo) – objeto indireto
também afetam, muitas vezes de forma drástica, as operações
nos teatros marítimos. O mar grosso, os vendavais, ou mesmo as
longas calmarias, especialmente na era da vela, são responsáveis
e) “[...] que conseguem saltar [...]” (6º parágrafo) – adjunto
por grandes transtornos ao governo dos navios, dificultando
adnominal
fainas e manobras e, não poucas vezes, interferindo nos
resultados das ações navais ou mesmo impedindo o Exercício 116
engajamento. É oportuno relembrar que o vento e a força do mar TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
destruíram as esquadras persa (490 a.C.), mongol (1281) e a Leia o texto e responda à(s) quest(ões) a seguir.
incrível Armada Espanhola (1588), salvando respectivamente a
Grécia, o Japão (que denominou de kamikaze o vento divino Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de
salvador) e a Inglaterra daqueles invasores vindos do mar. opinião, qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria
indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam a) “[...] qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria
apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de indica a precariedade da educação.” (1° §)
preparar os jovens para a compreensão de textos simples, b) “Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado
elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas, dos exemplos dados pelos pais.” (3° §)
conhecimento elementar de física e química, e outros fornecidos c) “A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades
pelas escolas fundamentais. para o bom exercício da profissão está em alta.” (7° §)
[...]
Certa vez, participava de uma reunião de pais e d) “[...] a compreensão de textos simples, elaboração de cálculos
professores em uma escola privada brasileira de destaque e notei aritméticos de operações básicas, [...].“ (1° §)
que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores,
salas de aula com poucos alunos, mas não se sentiam e) “No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende
responsáveis para participarem ativamente das atividades somente das autoridades.” (4° §)
educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não
conseguiam entender que esta aritmética não fecha e que a sua Exercício 117
aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que O texto abaixo serve como base para a(s) questão(ões) a seguir.
aprendizado dos exemplos dados pelos pais. Emília, que andava rondando por ali:
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver outros – Vá perguntar à vovó o que quer dizer folk-lore.
problemas de uma sociedade como a brasileira parece lógico. No – Vá? Dobre a sua língua. Eu só faço coisas quando me pedem
entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende por favor. — Pedrinho, que estava com preguiça de levantar-se,
somente das autoridades. Ela começa com os próprios pais, que cedeu à exigência da ex-boneca.
não podem simplesmente terceirizar essa responsabilidade. – 1Emilinha do coração — disse ele —, faça-me o maravilhoso
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a favor de ir perguntar à vovó que coisa significa a palavra folk-lore,
sociedade como um todo esteja convencida de que todos sim, teteia? — Emília foi e voltou com a resposta.
precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes – Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer
que partilhem desta convicção e não estejam pensando somente dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe
nos seus benefícios pessoais. por boca, de um contar para o outro, de pais a filhos.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos Os contos, as histórias, as anedotas, as superstições, as
muitos cursos que estão se tornando disponíveis no Brasil, nota- bobagens, a sabedoria popular etc. e tal. Por que pergunta isso,
se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua Pedrinho?
ascensão social, mesmo sendo precários. O número daqueles que O menino calou-se. Estava pensativo, com os olhos lá longe.
trabalham para obter o seu sustento e para ajudar a família, e ao Depois disse: — Uma ideia que eu tive. 2Tia Nastácia é o povo.
mesmo tempo se dispões a fazer um sacrifício adicional Tudo que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve
frequentando cursos até noturnos, parece estar aumentando. saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para leite do folclore que há nela.
o bom exercício da profissão está em alta. É tratada como Emília arregalou os olhos. – Não está má a ideia, não, Pedrinho!
prioridade tanto no governo como em instituições representativas 3Às vezes, a gente tem uma coisa muito interessante em casa e
e) complemento nominal.
(YOKOTA, Paulo. Os problemas da educação no Brasil. Em
http://www.cartacapital.com.br/educacao/os-problemas-da- Exercício 118
educacao-no-brasil-657.html - Com adaptações) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A Marselhesa do subúrbio
Sérgio Martins
(G1 - col. naval 2015) Qual das orações abaixo traz o adjunto
adnominal em destaque?
1Tchudum, tchá, tchá, tchá, tchá, tchudum, tchá, tchá, tchá, tchá,
Saudade de escrever
(G1 - epcar (Cpcar) 2019) (ADAPTADA) Observe os termos Apesar da concorrência (internet, celular), a carta continua firme e
sublinhados em cada alternativa e assinale aquela cuja análise, forte. Basta uma folha de papel, selo, caneta e envelope para que
entre parênteses, está adequada. uma pessoa do Rio Grande do Norte, por exemplo, fique por
dentro das fofocas registradas por um amigo em São Paulo, dois
a) “... MC Guimê, o principal nome do funk ostentação, fará seu dias depois. “Adoro receber cartas, fico super ansiosa para
show...” – (Aposto) descobrir o que está escrito”, conta Lívia Maria, de 9 anos. Mas ela
admite que faz tempo que não escreve nenhuma cartinha. “As
últimas foram para a Angélica e para um dos programas do
b) “Por quarenta minutos, ele intercala canções de seu repertório Gugu.”
com sucessos de outros funkeiros...” – (Adjunto Adverbial de Isabela, de 9 anos, lembra que, quando morava em Curitiba, no
Tempo) Paraná, trocava correspondência com sua amiga Raquel, que vive
em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Eu ficava sabendo das
c) “Para Guimê, natural da periferia de Osasco, cidade da grande novidades e não gastava dinheiro com telefonemas.”
São Paulo...” – (Adjunto Adverbial de Lugar) Já Amanda, de 10 anos, também gosta de receber cartinhas, mas
prefere enviar e-mails. “Atualmente estou conversando com meu
d) “Como tantos gêneros musicais que vieram das áreas urbanas primo que está nos Estados Unidos via computador, já que a
mais pobres...” – (Explicativa) mensagem chega mais rápido e não pago interurbano.”
Exercício 119
TOURRUCCO, Juliana. Saudade de escrever. O Estado de São
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Paulo, p.5, 25 jul.1998. Suplemento infantil.
Leia o cartum abaixo para responder à(s) questão(ões).
a) Na frase Basta uma folha de papel, selo, caneta e envelope..., “Esse é um golpe de ‘soft power’. 9O Catar precisa demonstrar ao
o verbo está no singular concordando com folha, o núcleo mais mundo que, apesar de todas as acusações, é o país mais resiliente
próximo do sujeito composto. no Oriente Médio”, 10disse à AFP Andreas Krieg, 11analista de
risco político no King’s College de Londres. “Ter o melhor jogador
b) O verbo Basta também poderia ficar no plural se o sujeito do mundo mostra ao resto do mundo que se o Catar é
composto fosse papel, selo, caneta e envelope. determinado, eles ainda têm os maiores recursos para tirar e, se
necessário, usar o dinheiro que têm para promover a sua agenda”,
c) Pelas regras ortográficas atuais, quando o prefixo termina por acrescentou.
consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar O custo da transferência de Neymar “envia um sinal muito forte
por vogal, sendo assim, a expressão superansiosa, no segundo para o mundo esportivo e um sinal muito forte de desafio contra
parágrafo, deveria se constituir num só vocábulo. os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita”, disse Krieg. “Eles
queriam esse jogador e usaram o dinheiro para comprá-lo a
d) As expressões que, no texto, indicam a idade das crianças são qualquer preço”. [...]
aposto, razão por que vêm separadas dos termos antecedentes
por vírgulas. https://g1.globo.com/mundo/noticia/transferenciade-neymar-ao-
psg-e-golpe-de-soft-power-docatar-a-paises-do-golfo-dizem-
e) As expressões adverbiais no Paraná e Minas Gerais, no especialistas.ghtml
segundo parágrafo, funcionam como vocativo, por isso estão
isoladas por vírgulas.
(Uece 2018) Sobre o uso de expressões apositivas no texto, é
Exercício 121 INCORRETO afirmar que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Transferência de Neymar ao PSG é golpe de ‘soft power’ do a) o aposto “especialista em geopolítica do mundo árabe
Catar a países do Golfo, dizem especialistas consultado pela AFP” (referência 3), para se referir a Mathieu
Guidere, é empregado com o mesmo sentido do utilizado para
descrever Andreas Krieg como “analista de risco político no King’s
A transferência do 1fenômeno brasileiro Neymar ao Paris Saint-
College de Londres” (referência 11), qual seja: o de autorizar a
Germain (PSG) representa uma estratégia de marketing e um
legitimidade de um discurso.
golpe de ‘soft power’ do Catar contra os países do Golfo que
cortaram relações diplomáticas com o emirado. Esta é a análise
b) embora possa ser classificado gramaticalmente como uma
de especialistas ouvidos pela agência de notícias France Presse e
oração adjetiva, o enunciado “que é de um fundo de
do 2comentarista da GloboNews, Marcelo Lins. investimentos do Catar” (referência 4) tem, no texto, o mesmo
Neymar se tornou o jogador mais caro da história do futebol, com
valor sintático e semântico de um aposto explicativo: o de
o pagamento da cláusula de rescisão no valor de € 222 milhões relacionar-se a um termo antecedente, explicando-o.
(R$ 812 milhões).
Segundo Mathieu Guidere, 3especialista em geopolítica do c) o aposto “comentarista da GloboNews” (referência 2) tem
mundo árabe consultado pela AFP, o anúncio da transferência do sentido semelhante aos apostos “especialista em geopolítica do
jogador ao PSG, 4que é de um fundo de investimentos do Catar, mundo árabe consultado pela AFP” (referência 3) e “analista de
“foi testado entre catarianos como uma espécie de estratégia de risco político no King’s College de Londres” (referência 11), a
comunicação que ofuscaria o debate em torno de outras saber: autorizar a legitimidade de um discurso.
considerações, como o terrorismo”.
Marcelo Lins, comentarista da GloboNews, 5afirmou que a d) ainda que não venha entre vírgulas, mas entre parênteses, a
transferência beneficia a imagem do Catar. “Um pequeno país expressão “‘poder suave’, em tradução livre” (referência 8), pode
riquíssimo em petróleo, do Golfo, que bota tanto dinheiro para dar funcionar perfeitamente como um aposto, na medida em que
alegria a uma torcida, ou a milhões de torcedores espalhados serve para explicar/traduzir o termo que lhe antecede, “soft
pelo mundo... você tem uma volta disso na imagem do Catar, que power” (referência 7).
b) I, II e IV.
Um leitor de La Repubblica perguntou o que podemos fazer para
escapar da situação alarmante em que nos encontramos depois
c) I e III.
da crise do crédito e como evitar suas consequências
o vosso gesto é como um balouçar de palma; Pensando em 11retrospecto, os anos anteriores à crise do crédito
o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso gesto canta! parecem ter sido tempos tranquilos e alegres do tipo “aproveite
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, agora, pague depois”; uma época em que nós agíamos com a
rolas à volta da negra torre da minh’alma.
certeza 12de que haveria riqueza suficiente e até maior no dia
seguinte, anulando qualquer preocupação com o crescimento das
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes,
dívidas de hoje, desde que fizéssemos 13o que se exigia para
Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma,
aderir aos “caras mais inteligentes da turma” e seguir seu
O vosso gesto é como um balouçar de palma,
exemplo. Naqueles dias que ficaram para trás, o exercício de subir
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes...
montanhas cada vez mais altas e ter acesso a paisagens cada vez
mais arrebatadoras, eclipsar as grandiosas montanhas de ontem
Mãos afiladas, mãos de insigne formosura,
com o perfil das colinas de hoje e aplainar as colinas de ontem na
Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim,
gentil ondulação das planícies de hoje parecia durar para sempre.
Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim,
Uma possível reação à crise econômica atual é o que Mark d) O termo “se”, em “o que se exigia” (ref. 13) possui o mesmo
Furlong denominou de “militarização do eu”. É o que vão fazer, valor morfossintático do “se”, presente em “Trata-se” (ref. 17),
sem dúvida, os produtores e comerciantes interessados em visto que, nas duas estruturas, ele permite a indeterminação do
capitalizar a catástrofe transformando-a em lucro acionário, agente verbal, consolidando o discurso imparcial e distanciado do
14como de hábito. A indústria farmacêutica já está em plena locutor.
atividade, tentando invadir, conquistar e colonizar a nova “terra
virgem” da depressão pós-crise a fim de vender sua “nova e) O prefixo, nos vocábulos “inverossímil” (ref. 18), “indivíduo”
geração” de smart drugs, começando por semear, cultivar e fazer (ref. 19), “imperativa” (ref. 21) e “inevitável” (ref. 22), apresenta a
crescer as novas ilusões que tendem a propulsionar a demanda. mesma função, que é a de derivar vocábulos que denotam ideia
Já estamos ouvindo falar de drogas fantásticas que prometem de privação ou negação.
“melhorar tudo”, memória, humor, potência sexual e a energia de
Exercício 125
quem as ingere com regularidade, proporcionando assim total
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
controle sobre a construção do próprio ego e sua preponderância
sobre o ego de outros.
15Contudo há outra possibilidade. Existe a opção de tentar chegar
(Uefs 2016) O aspecto linguístico do texto e seus efeitos de Non chegou, madre, o meu amigo,
sentido estão devidamente analisados em e oje est o prazo saido!
Ai, madre, moiro d’amor!
a) A forma verbal “fazemos” (ref. 3) destaca uma ação reflexiva
praticada pelo interlocutor do texto, que assume posturas
Non chegou, madre, o meu amado,
diferentes do próprio autor.
e oje est o prazo passado!
Ai, madre, moiro d’amor!
b) A expressão “versões líquido-modernas do bezerro de ouro
bíblico” (ref. 8) é um aposto metafórico, evidenciando uma relação
E oje est o prazo saido!
por similaridade da importância dada a um ícone bíblico, no
Por que mentiu o desmentido?
passado, e aos “ídolos”, no presente.
Ai, madre, moiro d’amor!
d) as frases interrogativas.
b) objeto direto.
e) as reticências.
c) adjunto adnominal.
Exercício 128
d) vocativo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
INSTRUÇÃO: As questões seguintes são relacionadas a uma
e) aposto. passagem bíblica e a um trecho da canção Cálice, realizada em
1973, por Chico Buarque (1944 -) e Gilberto Gil (1942 -).
Exercício 127
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO BÍBLICO
O preto Henrique tomou o caneco das mãos da preta velha e
Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha
bebeu dois tragos.
vontade, mas a tua seja feita! (Lucas, 22)
(In: Bíblia de Jerusalém. 7ª impressão. São Paulo: Paulus, 1995)
- Ainda tá quente, meu filho? É o restinho...
- 1Tá, tia. Bota mais.
TRECHO DE CANÇÃO
Quando acabou, disse:
Pai, afasta de mim esse cálice!
- Você lembra dessas histórias que você sabe, minha tia?
Pai, afasta de mim esse cálice!
- Que histórias?
Pai, afasta de mim esse cálice
- Essas histórias de escravidão...
De vinho tinto de sangue.
- O que é que tem?
- 2Você vai esquecer elas todas. Como beber dessa bebida amarga,
- Quando? Tragar a dor, engolir a labuta,
- No dia em que nós for dono disso... Mesmo calada a boca, resta o peito,
- Dono de quê? Silêncio na cidade não se escuta.
- Disso tudo... Da Bahia... do Brasil... De que me vale ser filho da santa,
- Como é isso, meu filho? Melhor seria ser filho da outra,
- 3Quando a gente não quiser mais ser escravo dos ricos, titia, e Outra realidade menos morta,
acabar com eles... Tanta mentira, tanta força bruta.
- Quem é que vai fazer feitiço tão grande 4pros ricos ficar tudo ......................................................
pobre? (In: www.uol.com.br/chicobuarque/)
- Os pobres mesmo, titia.
- Negro é escravo. Negro não briga com branco. Branco é senhor
dele.
- O negro é liberto, tia. (Unifesp 2003) Os três primeiros versos de "Cálice" apresentam
- Eu sei. Foi a Princesa Isabel, no tempo do Imperador. Mas negro a mesma estrutura sintática, cujos elementos constitutivos são, na
continua a respeitar o branco... sequência,
- Mas a gente agora livra o preto de vez, velha. a) um sujeito, PAI; um verbo no presente do indicativo, na
- 5Você sabe qual é a coisa mais melhor do mundo, Henrique? segunda pessoa do singular, AFASTA; objeto indireto, DE MIM;
- Não. objeto direto, ESSE CÁLICE.
- Não sabe o que é? É cavalo. Se não fosse cavalo, branco
montava em negro...
Adap. AMADO, Jorge. Suor. Rio de Janeiro: Record, 1984, 43ª ed., b) um vocativo, PAI; um sujeito oculto, TU; um verbo no presente
p.43/44. do indicativo, na terceira pessoa do singular, AFASTA; objeto
indireto, DE MIM; objeto direto, ESSE CÁLICE.
a) vocativo
c) foram evocados.
b) aposto
d) tinham evocado.
c) sujeito
e) eram evocados.
(Insper 2012) Se a frase “Nisso Amy evoca os gênios do qualquer outro grupo, declarou um líder ferroviário. 1Os
romantismo tardio” for reescrita na voz passiva analítica, a forma ferroviários viam seus problemas organizacionais como diferentes
verbal correta será de todas as demais classes; o mesmo acontecia com os altos
funcionários do governo. Os dirigentes das companhias de
a) são evocados. seguros reagiam da mesma forma, o que também era feito pelos
diretores de empresas manufatureiras, grandes e pequenas.
2 Entretanto, no momento em que começavam a falar de Energias renováveis: o vento tem a resposta
seus problemas, as reivindicações que faziam de sua unicidade As usinas eólicas são as que mais crescem no mundo –
tornavam-se invalidadas. Através de uma análise de seus mas falta ainda torná-las baratas.
No Brasil, o potencial é de dez Itaipus.
problemas teria sido difícil estabelecer diferença entre o diretor
de uma estrada de ferro e um alto funcionário público, entre o
Revista Veja. 30 dez. 2009
vice-presidente de uma companhia seguradora e seu igual de
uma fábrica de automóveis. 3Conquanto haja aspectos únicos em TEXTO II
qualquer situação social, também existem padrões comuns e,
quanto mais nos aprofundamos, maiores se tornam as Propaganda: vende-se mobilização
similaridades genotípicas. Chocar com anúncios vale para divulgar uma marca, mas
3 Por outro lado, o teorista social global pode ficar tão serve também de ativismo em nome das boas causas
envolvido em certas dimensões abstratas de todas as situações ambientais.
sociais que ele será incapaz de explicar as principais origens de
variação em qualquer dada situação. O bom senso indica para Revista Veja. 30 dez. 2009
b) Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
estrito, administrando as atividades sociais, econômicas, No país da biodiversidade, faltam recursos para gerir os nossos
(G1 1996) Em "Seriam enviadas tropas de reforço" temos uma de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi de USD 142,6
milhões (em reais, 791 milhões), para administrar uma área cinco
oração na voz passiva analítica. Transformando-a numa passiva
sintética, teremos: "_______________________________" vezes maior (se considerarmos unidades de conservação
terrestres e marinhas).
Exercício 145 17Tudo isso se reflete nas condições de visitação e no uso
(G1 1996) Em "Serão encontrados os verdadeiros culpados."
público dos parques brasileiros. 18Mais da metade declara não
temos uma oração na voz passiva analítica. Transformando-a em contar com infraestrutura básica para receber visitantes − como
passiva sintética teremos: "______________________________"
banheiros e estacionamento, por exemplo. E, entre as unidades
que receberam visitantes em 2019 (79%), apenas 7% afirmam indicativo de crase justifica-se pelo fato de o verbo “alcançar”
contar com uma estrutura que garante plenamente as exigir a preposição “a” e o substantivo “altura” admitir o artigo
necessidades básicas de visitação, enquanto somente 11% “a”.
consideram que a manutenção das estruturas está em excelente e) No enunciado “O sinal de alerta dessa escassez de recursos foi
estado. declarado por 67% dos respondentes, que afirmaram não contar
19Esses dados evidenciam uma triste contradição: 20se, com subsídios – humanos e financeiros – necessários para a
por um lado, nossos parques possuem belezas naturais únicas, realização de suas atividades no parque” (ref. 12), poderíamos
equipes altamente qualificadas e experientes, além de um substituir “para a” por “a” sem o acento indicativo de crase, uma
potencial turístico promissor, por outro, tudo isso se arrefece com vez que não temos na oração um verbo que exija a preposição “a”.
a precariedade observada na implementação e manutenção das
atividades de uso público na maioria deles. Basta pensar que, em
Exercício 147
2019, o Brasil foi listado pelo Fórum Econômico Mundial como 2º
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
lugar em recursos naturais, mas figura somente na 32ª colocação
A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.
do ranking global de competitividade turística.
21Alcançar um patamar condizente à altura do nosso
anatomia
capital natural é mais do que possível. 22Para isso, faz-se
necessário fortalecer os órgãos gestores dessas áreas e avançar qual a matéria do poema?
numa agenda mais moderna, empreendedora e sustentável a fúria do tempo com suas unhas e algemas?
voltada à gestão desses espaços. E, nesse sentido, as parcerias e
concessões podem ser uma alternativa possível − já qual a semente do poema?
experimentadas em alguns parques brasileiros a fornalha da alma com seus divinos dilemas?
internacionalmente reconhecidos como Igraçu e Chapada dos
Veadeiros, por exemplo − para apoiar as equipes gestoras a qual a paisagem do poema?
potencializar a visitação, o turismo e a conservação. 23Afinal de a selva da língua com suas feras e fonemas?
contas, quanto mais os brasileiros conhecerem o seu patrimônio
natural, maior será a conscientização sobre o valor e a qual o destino do poema?
necessidade de cuidar dessas áreas. o poço da página com suas pedras e gemas?
comprometido grande parte do seu potencial gerador de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
desenvolvimento, saúde e bem-estar...” (ref. 10), o verbo “tem” O texto a seguir foi extraído de uma crônica de Affonso Romano
deveria estar acentuado, pois está no plural, uma vez que de Sant’Anna, cronista e poeta mineiro. Professor universitário e
concorda com a expressão “gestão e manutenção dessas áreas”. jornalista, escreveu para os maiores jornais do País. “Com uma
c) No enunciado “Ainda de acordo com a pesquisa, grande parte produção diversificada e consistente, pensa o Brasil e a cultura do
seu tempo, e se destaca como teórico, como poeta, como cronista,
(49%) das equipes que administram essas áreas conta somente
com até 10 funcionários, ao passo que 9% possuem apenas um como professor, como administrador cultural e como jornalista.”
Porta de colégio
colaborador” (ref. 13), o verbo “conta” concorda com a expressão
“grande parte”, mas poderia estar no plural, mantendo um
Passando pela porta de um colégio, me veio a sensação nítida de
paralelismo sintático com o verbo “administram”. que aquilo era a porta da própria vida. Banal, direis. Mas a
d) No enunciado “Alcançar um patamar condizente à altura do sensação era tocante. Por isso, parei, como se precisasse ver
nosso capital natural é mais do que possível” (ref. 21), o acento melhor o que via e previa.
Primeiro há uma diferença de 1clima entre 6aquele bando de A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro”.
adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que
em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que dizem”.
transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É toda C. “Há coisas que melhor se dizem calando”. (Machado de Assis)
uma 2atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma
8redoma ou aquário, numa bolha, resguardados do mundo. Com base na leitura acima, assinale a(s) proposição(ões)
Talvez não estejam. Vários já sofreram a pancada da separação CORRETA(S).
dos pais. 7Aprenderam que a vida é também um exercício de
01) Em cada um dos provérbios observa-se um paralelismo
separação. 9Um ou outro já transou droga, e com isso deve ter se sintático, que ajuda a conferir ritmo ao provérbio e favorece sua
sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma sensação
memorização.
de pureza angelical misturada com palpitação sexual, que se
02) No provérbio (A) ocorrem duas metáforas.
exibe nos gestos sedutores dos adolescentes.
04) No provérbio (B) as orações “o que sabem” e “o que dizem”
Onde estarão 4esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte
funcionam como adjetivos que caracterizam, respectivamente, os
anos?
5 sábios e os tolos.
Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece
08) Tanto o item A quanto o item C funcionam como elogios à
gostar de esporte, vai se interessar pela informática ou
discrição.
economia; 5aquela de cabelos louros e crespos vai ser dona de
16) A frase de Machado de Assis contém um pleonasmo, porque
boutique; 5aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a
é um exagero dizer que se pode falar calado.
gorduchinha vai acabar casando com um gerente de
32) No provérbio (B) temos a figura de linguagem paradoxo,
multinacional; 5aquela esguia, meio bailarina, achará um
porque é absurdo que os sábios tenham que se calar para que os
diplomata. Algumas estudarão Letras, se casarão, largarão tudo
tolos falem.
e passarão parte do dia levando filhos à praia e à praça e
pegando-os de novo à tardinha no colégio. [...]
Exercício 150
Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ternura. Pudesse passava a mão nos seus cabelos e contava-
FELICIDADE INTERNA BRUTA
lhes as últimas histórias da carochinha antes que o 3lobo feroz
as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem
enquanto estão no aquário e na redoma, enquanto estão na E se fosse possível medir o nível de felicidade das pessoas? Foi o
porta da vida e do colégio. O destino também passa por aí. E a que fez o rei do Butão, pequeno país do Himalaia, questionando
gente pode às vezes modificá-lo. se o Produto Interno Bruto seria o melhor índice para designar o
desenvolvimento de uma nação. O conceito de Felicidade Interna
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Bruta (FIB) nasceu em 1972 e atraiu a atenção do mundo como
Sant’Anna: seleção e prefácio de Letícia Malard. Coleção uma nova fórmula para o cálculo de riqueza de um país que
Melhores Crônicas. p. 64-66.
considera aspectos como a conservação do meio ambiente e a
qualidade de vida das pessoas. O FIB tem quatro pilares:
economia, cultura, meio ambiente e boa governança.
Em uma pesquisa de 2005 no Butão, 97% da população disse
estar entre ‘Feliz’ e ‘Muito Feliz’. Ao passar a aferir os índices do
FIB e criar políticas públicas para atacar os problemas
encontrados, o país conseguiu dar um salto em seus indicadores
(Uece 2014) Atente ao parágrafo quatro, que é constituído de
sociais e chamar a atenção do mundo para essa experiência
assertivas do enunciador sobre os adolescentes que vê na porta
inovadora.
do colégio, partindo de previsões feitas por ele mesmo.
A felicidade também foi motivo de pesquisa em duas revistas
internacionais. A Journal of Reserch in Personality e o Journal of
I. Poderíamos dividir o parágrafo em duas partes, considerando a
Hapiness Studies apontaram em 2008 que dois fatores são
oposição individual/coletivo.
determinantes para o nível de felicidade do ser humano: a
II. Em uma das assertivas, verifica-se quebra de paralelismo
genética, responsável por 50% desse sentimento, e o
sintático-semântico.
comportamento positivo diante da vida, que equivale a 40%. Já os
III. Todas as assertivas constituem previsões.
10% restantes, segundo a pesquisa, são referentes a
circunstâncias como beleza, dinheiro, fama e prestígio, tão
Está correto o que se afirma em
desejadas pela maioria das pessoas.
a) I e III apenas. Susan Andrews, psicóloga e antropologa formada pela
b) I e II apenas. Universidade de Harvard e coordenadora do FIB no Brasil
c) I, II e III. (www.felicidadeinternabruta.org.br), sintetiza a questão:
d) II e III apenas. 5“Estamos vivendo numa época única da história. 4Temos prédios
Editorial - Extraclasse, ano 14, n. 138, out. 2009, pág. 2. a) marcação da crase no verso 3 é opcional.
b) paralelismo sintático ocorre entre os versos 2 e 3.
(Unisc 2012) No quarto parágrafo (ref. 4 e 5) é empregado um c) emprego da preposição "até" tem forte efeito de sentido.
recurso linguístico responsável pelo encadeamento de funções d) último verso está na ordem canônica sujeito-verbo-objeto.
sintáticas idênticas, cujo objetivo é facilitar a progressão temática,
a leitura do enunciado e a clareza da expressão. Esse recurso Exercício 153
gramatical é denominado TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
a) polissíndeto.
b) elipse do sujeito de terceira pessoa. Só o ensino superior salva
c) articulador coesivo de referência.
d) elemento de coesão lexical. Sou do tipo que chora. Batizado, casamento*, mas principalmente
e) paralelismo sintático. formatura. Como é bonita a chance e o cumprimento do estudo.
Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e terso, E mais orgulhosamente ainda 9vos digo: a URCA, segundo o
Em vão não e que eu digo ao verso: “Fala!” Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
E ele fala-me sempre, porque e verso. Teixeira (Inep), 10viva o gênio Anísio Teixeira, tem a menor taxa
de evasão universitária do Brasil, apenas 4,47%. Como a turma
(Júlio César da Silva. Arte de amar. São Paulo: Companhia Editora dá valor ao candeeiro iluminista sertões adentro. Choro um Orós
Nacional, 1961.) inteiro e ainda derramo minhas lágrimas no Jaguaribe, rio 11que
constava nos meus livros didáticos como o “rio mais seco do a) Sou do tipo que chora tanto em batizado, casamento, quanto
mundo”. 12Desculpa aí, hoje só 13venho 14com as grandezas. principalmente formatura.
Hoje, se eu pudesse, faria você também refletir com um discurso b) Sou do tipo que chora seja batizado, casamento, seja
na linha do David Foster Wallace (1962-2008). Aquela sua fala principalmente em formatura.
como paraninfo de uma turma de formandos americanos do c) Sou do tipo que chora não apenas em batizado, casamento,
Kenyon College, em 2005, Gambier, Ohio. Ele escreveu uma principalmente em formatura.
singularíssima fábula sobre — 15repare só! — dois peixinhos e a d) Sou do tipo que chora não só em batizado, casamento, mas
água. Recomendo a leitura. O texto está no livro Ficando longe do principalmente em formatura.
fato de já estar meio que longe de 16tudo (Companhia das Exercício 154
Letras). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
De Ohio ao Cariri. Além da URCA, em 2013 conquistamos (nada O DISCURSO
é de graça) a UFCA, a brava Universidade Federal do Cariri. 17Era
um facho, uma fogueira, era um candeeiro, era uma lamparina, era Natividade é que não teve distrações de espécie alguma. Toda ela
uma luminária a gás butano, fez-se a luz, pardon matriz estava nos filhos, e agora especialmente na carta e no discurso.
iluminista, perdão Paris, mas o mundo e o futuro 18será de um Começou por não dar resposta às 1efusões políticas de Paulo; foi
certo Cariri que peleja, aprende a preservar e estuda, somos a um dos conselhos do conselheiro. Quando o filho tornou pelas
própria ideia viva de Patrimônio Universal da Humanidade, só férias tinha esquecido a carta que escrevera.
falta o referendo da Unesco — escuto os mestres do Reizado ao O discurso é que ele não esqueceu, mas quem é que esquece os
fundo, que batuque afro-indígena-futurista. discursos que faz? Se são bons, a memória os grava em bronze;
[...] se ruins, deixam tal ou qual amargor que dura muito. 2O melhor
Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, e, se a
léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação Princesa do razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a
Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por aceitem, e crer nelas. A opinião é um velho óleo incorruptível.
desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde morava —, o Crato Paulo tinha talento. O discurso naquele dia podia pecar aqui ou ali
de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a por alguma ênfase, e uma ou outra ideia vulgar e exausta. Tinha
Nova Olinda das primeiras letras. Seria o primeiro representante talento Paulo. Em suma, o discurso era bom. Santos achou-o
do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, excelente, leu-o aos amigos e resolveu transcrevê-lo nos jornais.
família meio pernambucana meio cearense, a chegar ao ensino 3Natividade não se opôs, mas entendia que algumas palavras
superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário deviam ser cortadas.
ao campus da UFPE. Hoje tenho uma penca de primos a cada – Cortadas, por quê? perguntou Santos, e ficou esperando a
nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa. resposta.
E pensar que não havia a 19ideia de universidade no meu terreiro. – Pois você não vê, Agostinho; estas palavras têm sentido
Nada disso do que hoje comemoro com os formandos da URCA e republicano, explicou ela relendo a frase que a afligira.
UFCA. [...]. Santos ouvia-as ler, leu-as para si, e não deixou de lhe achar
Só nos resta defender [...]. Sem sequer o direito ao 20VAR (olho razão. Entretanto, não havia de as suprimir.
no lance) da história. 21jmmmmmmmmmmmkk kkll l – Pois não se transcreve o discurso.
çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa, caro leitor, pela incompreensão da – Ah! isso não! O discurso é magnífico, e não há de morrer em S.
escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica — tentando Paulo; é preciso que a Corte o leia, e as províncias também, e até
ver a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal- não se me daria fazê-lo traduzir em francês. Em francês, pode ser
traçadas linhas. [...] que fique ainda melhor.
– Mas, Agostinho, isto pode fazer mal à carreira do rapaz; o
Texto adaptado de Xico Sá, publicado em 10 ago. 2019. imperador pode ser que não goste...
Disponível em: Pedro, que assistia desde alguns instantes ao debate, interveio
docemente para dizer que os receios da mãe não tinham base; era
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/10/opinion/1565450440_001442.html.
Acesso em: 14 ago. 2019 bom pôr a frase toda, e, a rigor, não diferia muito do que os
liberais diziam em 1848.
– Um monarquista liberal pode muito bem assinar esse trecho,
* Os termos sublinhados neste texto representam hyperlinks no concluiu ele depois de reler as palavras do irmão.
texto original publicado no sítio eletrônico do jornal El País. – Justamente! 4assentiu o pai.
Conforme o dicionário Michaelis, hyperlink é, “no contexto da 5Natividade, que em tudo via a inimizade dos gêmeos, suspeitou
hipermídia e do hipertexto, endereço que aparece em destaque que o intuito de Pedro fosse justamente comprometer Paulo.
(geralmente sublinhado ou apresentado em uma cor diferente) e Olhou para ele a ver se lhe descobria essa intenção torcida, mas a
que, a um clique no mouse, permite a conexão com outro site”. cara do filho tinha então o aspecto do entusiasmo. Pedro lia
trechos do discurso, acentuando as belezas, repetindo as frases
(S1 - ifsul 2020) Qual alternativa apresenta o paralelismo mais novas, cantando as mais redondas, revolvendo-as na boca,
sintático entre os dois primeiros períodos do texto de acordo com tudo com tão boa sombra que a mãe perdeu a suspeita, e a
a norma culta? impressão do discurso foi resolvida. Também se tirou uma edição
em folheto, e o pai mandou encadernar ricamente sete e) sujeito.
exemplares, que levou aos ministros, e um ainda mais rico para a
Regente. Exercício 156
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES:
MACHADO DE ASSIS A(s) questão(ões) a seguir toma(m) por base uma passagem de
uma palestra de Amadeu Amaral (1875-1929) proferida em São
Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.
Paulo, em 1914, e uma charge de Dum.
Árvores e poetas
1efusão − manifestação expansiva de sentimentos Para o botânico, a árvore é um vegetal de grande altura,
composto de raiz, tronco e fronde, subdividindo-se cada uma
4assentir − concordar
dessas partes numa certa quantidade de elementos: – reduz-se
tudo a um esquema. O botânico estuda-lhe o nascimento, o
crescimento, a reprodução, a nutrição, a morte; descreve-a;
(Uerj 2017) O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los
classifica-a. Não lhe liga, porém, maior importância do que aquela
excelentes, e, se a razão não aceita esta imaginação, consultar que empresta ao mais microscópico dos fungos ou ao mais
pessoas que a aceitem, e crer nelas. (ref. 2) desinteressante dos cogumelos. O carvalho, com toda a sua
corpulência e toda a sua beleza, vale tanto como a relva que lhe
A conjunção sublinhada e estabelece paralelismo sintático entre cresce à sombra ou a trepadeira desprezível e teimosa que lhe
duas orações. Identifique-as. Reescreva o trecho acima, enrosca os sarmentos1 colubrinos2 pelas rugosidades do caule.
substituindo a conjunção e por outra conjunção coordenativa, Por via de regra vale até menos, porque as grandes espécies já
mantendo o mesmo sentido e a mesma estrutura do período dificilmente deparam qualquer novidade. Para o jurista, a árvore é
original. um bem de raiz, um objeto de compra e venda e de outras
relações de direito, assim como a paisagem que a enquadra – são
Exercício 155
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES: propriedades particulares, ou terras devolutas. E há muita gente a
quem a vista de uma grande árvore sugere apenas este grito de
As questões a seguir tomam por base a crônica de Luís Fernando
Veríssimo. alma: – “Quanta lenha!...”
O poeta é mais completo. Ele vê a árvore sob os aspectos da
A invasão
A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira como as beleza e sob o ângulo antropomórfico3: encara-a de pontos de
pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-se ao computador, vista comuns à humanidade de todos os tempos. Vê-a na sua
e a toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro graça, na sua força, na sua formosura, no seu colorido; sente tudo
e à palavra impressa. Mas o computador não eliminará o papel. quanto ela lembra, tudo quanto ela sugere, tudo quanto ela
Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o computador evoca, desde as impressões mais espontâneas até as mais
não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o remotas, mais vagas e mais indefiníveis. Dá-nos, assim, uma
mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada noção “humana”, direta e viva da árvore, – pelo menos tão
no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar verdadeira quanto qualquer outra.
numa embalagem de papelão e num embrulho para presente. O (Letras floridas, 1976.)
editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de 3antropomórfico: descrito ou concebido sob forma humana ou
passar sua obra para o papel é quase irresistível. com atributos humanos.
Exercício 166
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é reservado
para o desenvolvimento muscular, sobrando muito pouco tempo
para a mobilidade, a flexibilidade, o treino restaurativo, o
relaxamento e o treinamento cardiovascular. Na teoria, seria algo
em torno de 70% para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10%
Texto 2 para a flexibilidade e outros. Na prática, muitos alunos direcionam
Por respeito à natureza, artista Tik una levou 16 anos para criar 100% do tempo para o fortalecimento.
um cocar Como a prática cardiovascular é infinitamente mais significativa e
As primeiras penas de gavião real que conseguiu chegaram em determinante para a nossa saúde orgânica como um todo,
2005. Um amigo o encontrou na aldeia certa vez e ofereceu podendo ser considerada o “coração” de um treinamento
algumas penas do animal que tinha encontrado morto no meio do consciente e saudável, essa ordem deveria ser revista.
mato tempos antes. "Depois, em 2011, um cacique me disse que Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021. Adaptado.
tinha algumas também, perguntou se eu queria, eram umas oito.
Juntando com as que eu tinha, já dava para fazer um pedaço do
cocar", conta José Tikuna. (Fuvest 2022) Dentre as expressões destacadas, a que exerce a
Para completar a peça, ele precisou contar com mais doações mesma função sintática do termo sublinhado em “o treino
de amigos e conhecidos. José mesmo chegou a rodar pela floresta restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular” é:
atrás das penas do bicho, mas não encontrava nada. Os anos a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.
passavam, e ele seguia procurando e esperando. b) o amor ao esporte é fundamental para o atleta.
Só em 2014 encontrou novas penas. Dessa vez, um colega o c) a população incorpora radicalmente atitudes saudáveis.
procurou paro que ele usasse seus dotes artísticos para criar um d) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.
amarrador de cabelo com pena. José topou fazer e ainda e) todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental.
conseguiu ficar com algumas paro colocar em seu cocar.
GABARITO
c) “Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário.”
Exercício 1 (ref. 11)
c) “A premissa da ciência é a nossa ignorância, nossa
vulnerabilidade em relação ao desconhecido, ao que não
Exercício 4
sabemos.” (1º parágrafo)
d) "refugiados" é um dos referentes sintático-semânticos
destes verbos, o que fica claro nos versos seguintes da canção.
Exercício 2
a) “Smith” Exercício 19
a) adjunto adverbial.
Exercício 13
c) inexistente. Exercício 26
Exercício 17
Exercício 31
c) adjetivo e adjunto adnominal.
b) “tenhamos” está flexionado na 1ª pessoa do plural e
“praticado” está no particípio passado.
Exercício 18
Exercício 33 Exercício 47
Exercício 48
Exercício 34
a) “O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos alternativos” e da
d) “entre” e “viu”. anestesia intelectual nas redes sociais mais parece outra
distopia.” (ref. 2)
Exercício 35
Exercício 49
e) Há – haviam – à – a – a
d) II – III – I
Exercício 36
Exercício 50
a) sujeito.
b) Verbal e Nominal.
Exercício 37
Exercício 51
c) A frase I apresenta em destaque um objeto indireto e a frase
II apresenta em destaque um complemento nominal. a) ação – ação – ação – ação
Exercício 38 Exercício 52
c) objeto direto preposicionado e objeto direto. c) "E olhas, então, essas tuas mãos vazias, ..."
Exercício 39 Exercício 53
Exercício 40 Exercício 54
Exercício 41 Exercício 55
Exercício 42 Exercício 56
e) Foi fiel À LEI durante todos os anos que passou nos Açores. a) verbal, com verbo transitivo direto
Exercício 43 Exercício 57
Exercício 44 Exercício 58
Exercício 45 Exercício 59
a) Em “Lançar-se ao espaço implicava algum reconhecimento” a) O verbo “surfar” é usado como transitivo direto no título do
(ref. 5), o verbo implicar, nesse contexto, é um verbo transitivo texto da campanha e em sentido figurado, pois está
direto, por isso seu complemento não exige preposição. relacionado à capacidade de transição entre sites acessíveis na
internet. Na última frase, o mesmo verbo é usado como
Exercício 46
intransitivo e apresenta significado literal, pois pertence ao TENHO novidades para você.
mesmo campo lexical da palavra “nadar”. Eles PRECISAM de dinheiro.
b) No trecho do enunciado, os termos verbais “empolga”, Ela só DIZ a verdade.
“agarra” e “passageira” associados à palavra “internet”
Exercício 66
sugerem uma ação intensa, apaixonante, mas efêmera, ao
contrário do que acontece com os que estão ligados à palavra A sequência correta, de cima para baixo, é 2 - 4 - 3 - 1 - 4.
“revista”, menos intensos, mas mais duradouros (“envolvem”,
”abraçam”, “são permanentes”). O mesmo é sugerido no título, Exercício 67
já que “surfar” é atividade esportiva moderna e “nadar”, uma a) “Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de
modalidade tradicional. construir o próprio destino” (4º parágrafo).
Exercício 60
1) intransitivo
Exercício 74
2) intransitivo
3) transitivo direto a) como os dois formam uma realidade única (ref. 11) – como
4) transitivo direto uma realidade única é formada pelos dois.
Exercício 62
Exercício 75
O verbo intransitivo não tem complemento, e o transitivo tem.
c) VA, VA, VP, VP.
Exercício 63
b) nominal
Exercício 79
Exercício 94
Exercício 81
b) sujeito simples e predicado verbo-nominal
b) Ele, que tanto marcou a rua (ref. 15) - A rua, que tanto foi
marcada por ele
Exercício 95
Exercício 97
Exercício 84
d) predicativos do objeto.
a) Ali vê-se um ataviado dandy [...].
Exercício 98
Exercício 85
b) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível
a) (...) a possibilidade de serem punidos aqueles que não denotativo, são equivalentes, isto é, denotam ou referem o
apenas prejudicaram monetariamente o país (...). mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, não se
equivalem: enquanto a primeira assume a função do sujeito, a
Exercício 86
segunda assume a do predicativo do sujeito.
c) “Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de
carne.”
Exercício 99
d) adjunto adnominal.
Exercício 87
b) F – F – V – V – V
Exercício 100
Exercício 88 a) A família de Alexandre RECEBEU A NOTÍCIA ALEGRE.
b) depende de um termo que lhe complete, ligando-se a ele b) Alexandre PARECIA CANSADO.
sem auxílio de uma preposição. c) Seu relato TERMINOU.
d) Velasco NOMEOU OS TUBARÕES PONTUAIS.
e) Rufino MORREU AFOGADO.
Exercício 89
b) do conjunto 4 apenas. a) PV
b) PN
c) PV
Exercício 90 d) PVN
a) “[...] inclusive elegendo representantes que partilhem desta e) PVN
Exercício 109
c) I e III.
Exercício 110
d) vocativos.
Exercício 111
c) predicativo do objeto - complemento nominal. d) A vírgula é utilizada antes de “minha senhora” para separar
o vocativo.
Exercício 114
d) IV e V. Exercício 126
d) vocativo.
Exercício 115
c) os vocativos.
Exercício 140
Exercício 144
Exercício 131
Enviar-se-iam tropas de reforço.
a) vocativo
Exercício 145
f Os meninos caíram.
f O menino caiu.
UM ADJETIVO E UM SUBSTANTIVO
Nas sentenças em que houver apenas um adjetivo e um substantivo, o adjetivo deve
concordar em gênero e número com o substantivo.
Exemplos:
Como vemos a partir dos exemplos, “bonita” é um adjetivo feminino e singular porque está
concordando com o substantivo “casa”. O mesmo acontece nas frases subsequentes,
em que os adjetivos “alto” e “alta” variam conforme o gênero do substantivo que os
acompanha. Quando o substantivo é masculino, o adjetivo também é, e assim por diante.
Casos Especiais
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f Colocando o artigo antes do último adjetivo. Exemplos:
Concordância Nominal – Regra Geral
Numerais
Nos casos em que há números ordinais antes do substantivo, este pode ficar tanto no
singular quanto no plural. Exemplos:
O adjetivo concorda com o substantivo quando existem artigos ou outras palavras que o
determinam. Contudo, ele deve permanecer no masculino e singular quando não estiver
acompanhado de nenhum artigo ou determinante.
As palavras anexo, obrigado, mesmo, próprio, incluso e quite deve concordar em gênero
e número com os substantivos que qualificam. Exemplos:
4
Ex.: Envio anexas as faturas.
Palavra “bastante”
Quando assume função de adjetivo, ela varia em gênero e número, concordando com
o substantivo. Exemplo:
Quando essas palavras têm sentido de “sozinho”, elas só funcionam como adjetivo, e
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por isso devem concordar em número com o substantivo que caracterizam. Exemplos:
Concordância Nominal – Regra Geral
Particípios
ANOTAÇÕES
6
CONCORDÂNCIA VERBAL:
REGRA GERAL
Os verbos sofrem mudanças nas orações para se adequar a outros elementos. A estas
mudanças damos o nome de concordância verbal.
Eu nasci no Sudeste.
Tu nasceste no Sudeste.
Sujeito composto
Caso o sujeito composto (com mais de um núcleo) esteja antes do verbo, o verbo
concorda em número e pessoa com o sujeito, ou seja, fica no plural. Caso o sujeito
composto venha depois do verbo, o verbo pode concordar apenas com o núcleo mais
próximo do sujeito. Assim, os exemplos abaixo estão todos corretos:
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Sujeito composto de pessoas diferentes
Concordância Verbal: Regra Geral
Porém, como o pronome “vós” e suas conjugações estão em desuso, é aceitável usar o
verbo na terceira pessoa do plural:
2
Se “com” indicar companhia e vier entre vírgulas, o verbo concorda com o antecedente:
Pronome relativo “quem”: neste caso, o verbo fica sempre na terceira pessoa do
singular:
Sujeito coletivo
Coletivos simples: o verbo fica na terceira pessoa do singular.
Caso o coletivo venha especificado (dizendo do que se trata), o verbo pode ficar no
singular ou no plural.
No caso de coletivos partitivos ― como “a maioria de”, “grande parte de”, “pequena
parte de”, “a maior/menor parte de” e variantes ― o verbo pode vir no singular ou no
plural, embora seja mais comum no singular.
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Sujeito “mais de”, “menos de”, “cerca de”
Concordância Verbal: Regra Geral
Neste caso, o verbo concorda com o numeral que acompanha a expressão “mais de”,
“menos de”, “cerca de”. Veja:
4
f Quando o sujeito for o pronome interrogativo “que” ou “quem”:
É primeiro de julho.
Partícula “se”
f Quando “se” é partícula apassivadora, o verbo concorda com o sujeito:
ANOTAÇÕES
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Português Lista de Exercícios
Texto
b) Desde muito jovem, Solano namorava com várias meninas ao
mesmo tempo.
Brasileira ganha bolsa para estudar em Harvard
Uma gonçalense de 18 anos é a única estudante brasileira
c) A torcida não cansava de assistir os gols da seleção brasileira.
aprovada para estudar na Universidade de Harvard, nos EUA,
este ano. E com bolsa integral.
Posso trocar algumas com o senhor? diapositivos. Por meio de fotos, 5cada família constrói uma crônica
visual de si mesma — um conjunto portátil de imagens que dá
6
Robert Pirosh testemunho de sua coesão. Um álbum de fotos de família é, em
Madison Avenue, 385 geral, um álbum sobre a família ampliada — e, muitas vezes, o
Quarto 610 que dela resta.
7
Nova York Assim como 8as fotos dão às pessoas a posse imaginária de um
Eldorado 5-6024. passado irreal, 9também as ajudam a tomar posse de um espaço
10
em que se acham inseguras.
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência
inesquecível de pessoas notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São (SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das
Paulo: Companhia das Letras, 2014.p. 48.) Letras, 2006. p. 14-5 e 19. Texto adaptado.)
Vocabulário
3. (Epcar (Afa) 2020) Abaixo, são feitas algumas afirmações que
tomaram como referência o texto:
Diapositivo: imagem positiva, estática e translúcida, de modo
geral em película, e que se pode projetar; imagem fotográfica.
I. “Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator” pode Enfeixar: amarrar ou prender em feixe; colocar junto; ajuntar;
ser substituída corretamente por ‘Gosto mais da palavra roteirista reunir.
do que da palavra redator.’
II. A palavra “vermiformes”, na sua etimologia, quer dizer aquilo
que mata as formas dos vermes. G1 - cmrj 2020) Na oração “as fotos dão às pessoas a posse
III. Em “perambulando” (do verbo perambular), o sentido é andar
imaginária de um passado irreal” (referência 8), o verbo apresenta
sem rumo, vagar. Nos substantivos “ambulância” e “ambulante”
uma regência equivalente à que ocorre em
existe também a ideia de movimento.
IV. Em “Gosto de palavras”, o mesmo verbo “gostar” tem sentido a) “a câmera é o branco ideal da consciência.” (referência 1)
e regência diferentes do apresentado na frase: “E o homem
angustiado gostou o pão e gostou o vinho...” b) “Imagens fotografadas não parecem manifestações a respeito
do mundo.” (referência 3)
Estão corretas
a) III e IV apenas.
c) “cada família constrói uma crônica visual de si mesma.” pneus daquele carro amassando as folhas de outono empilhadas
(referência 5) junto ao meio-fio.
I. Fábio aspirou o perfume das flores. O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você
II. O candidato aspirava a tal vaga do processo seletivo. está no quentinho da sua cama.
Em função da regência do verbo “aspirar”, considerando a norma Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua,
gramatical, marque a alternativa correta. provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias
em algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar
a) As sentenças I e II estão corretas, porém, em II, é possível
estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém
apagar a preposição “a”, posposta ao verbo “aspirava”, mantendo
que passou, fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto
a correção gramatical e o sentido do enunciado.
assim.
b) A sentença I está correta. A sentença II apresenta erro de
regência percebido pela presença da preposição “a”,
11
indevidamente colocada após o verbo. O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a
c) As sentenças I e II estão corretas. Ambas as regências do verbo chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza.
“aspirar” estão de acordo com a norma gramatical.
d) Somente a sentença II está correta. Houve erro de regência O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular.
verbal na sentença I.
12
A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de
Exercício 7 trabalho.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sons que confortam 13O sinal da hora do recreio.
Martha Medeiros
14A música que você mais gosta tocando no rádio do carro.
1Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso Aumente o volume.
cardíaco. 2Só estavam os três na casa: o pai, a mãe e ele, um O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para
garoto de 13 anos. Chamaram o médico da família. 3E dezenas de desconhecidos.
aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. 4Até que o garoto
15O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a
escutou um barulho lá fora. É ele que conta, hoje, adulto: 5Nunca
na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os amar.
E o mais raro de todos: o silêncio absoluto. sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro
também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda
MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. São Paulo: L&PM Editores, que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado
2011. no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos
que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao
senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora,
(Uece 2019) Em função de uma linguagem mais simples e quitandando.
coloquial, a crônica, muitas vezes, pode “desrespeitar” a norma Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem
gramatical própria do uso culto da escrita formal da língua, o que lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do
pode ser observado no texto de Martha Medeiros na seguinte fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por
passagem: onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a
quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou
a) “Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso
“receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em
cardíaco” (ref. 1), em que, gramaticalmente, o verbo “ser”,
cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo,
indicando tempo, não varia em número para concordar com
vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o
“quatro da manhã”.
rigor da lei contra quem o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria
b) “Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser
nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei
bem-vinda” (ref. 10), em que o verbo “anteceder” exige um
e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações
complemento com preposição.
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou
estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para
c) “A música que você mais gosta tocando no rádio do carro” (ref.
outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir
14), em que a regência do verbo “gostar” não é obedecida.
também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem
que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.
d) “O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a
chegada do namorado” (ref. 11), em que a expressão “a chegada’
(Contos: uma antologia, 1998.)
deveria vir com o acento indicativo de crase, já que o verbo
“aguardar” exige complemento com a preposição “a”, bem como o
artigo que acompanha o substantivo é do gênero feminino.
Exercício 8 (Unesp 2018) “Quem perdia um escravo por fuga dava algum
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: dinheiro a quem lho levasse.” (4º parágrafo)
Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis Na oração em que está inserido, o termo destacado é um verbo
(1839-1908), para responder à(s) questão(ões). que pede
acompanhando _____3_____ notícias da guerra no Oriente Médio. que prefere o smartphone ao velho e bom cochilo.
Meu pai estava entusiasmado com o novo Estado: em Israel, Especialistas diversos gostam de explicar a compulsão. 5É como
explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da
uma droga, dizem eles: quando 6espreitamos as mensagens, o e-
Europa, judeus pretos da África, judeus da Índia, isto sem falar mail, as redes sociais, procuramos uma espécie de recompensa
nos beduínos com seus camelos: tipos muito esquisitos, Guedali.
neurobiológica muito semelhante a um viciado.
Tipos esquisitos – aquilo me dava ideias. Por que não ir para 7
O problema se agrava quando somos privados da nossa dose –
Israel? 15Num país de gente tão estranha – e, 16ainda por cima,
e eu sei, o leitor sabe, todos sabemos dessa miserável privação.
em guerra – eu certamente não chamaria a atenção. Ainda menos Tempos atrás, esqueci-me do celular em casa e parti em viagem.
como combatente, entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me
Quando dei conta do estrago, uma inquietude foi crescendo com o
via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando um
passar das horas.
revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo, Ainda pensei em pedir ao companheiro do lado para me
17varado de balas. 18Aquela, sim, era a 19morte que eu almejava,
emprestar o smartphone dele. Só para eu ler as minhas
morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável, mensagens. Ou até, sei lá, as mensagens dele. Qualquer coisa
de monstro 20encurralado. E, caso não morresse, poderia viver servia. 8Eu era como alguns alcoólatras que, na ausência de
depois num kibutz . Eu, que conhecia tão bem a vida numa bebidas legais, começam a despejar perfume pela goela.
fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os Controlei-me. Telefonei para casa – de um telefone fixo, entenda
membros do kibutz terminariam por me aceitar; numa nova – e pedi, com um último fôlego, que me lessem as novidades.
sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo. Nenhuma delas era urgente, sequer interessante. Mas o corpo
sossegou e mergulhou naquele estranho 9torpor que Thomas de
Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto Quincey relatou nas suas "Confissões de um Comedor de
Alegre: L&PM, 2001. 10Ópio". Como se chegou até aqui?
VOCABULÁRIO:
2. Toga – traje preto e comprido, usado por advogados e por e) Antônio é leigo em astrofísica.
professores catedráticos e doutorados em ocasiões especiais.
3. Nefasto – nocivo, prejudicial, perverso, trágico, mau. Exercício 13
(Eear 2017) Leia:
6. Espreitar – espiar, olhar demorada e fixamente.
9. Torpor – indiferença ou apatia moral; indolência, prostração.
10. Ópio – narcótico, droga que provoca adormecimento. I. Encontrei a pessoa certa.
II. Falei sobre os olhos dela.
“Assisto a conferências e a moda não engana”. (ref. 1) b) Encontrei a pessoa certa sobre os olhos dela falei.
Marque a única opção que obedece à norma padrão quanto à c) Encontrei a pessoa certa sobre cujos olhos falei.
regência verbal ou nominal nas frases que seguem.
a) Consumidores preferem mais smartphones do que celulares d) Encontrei a pessoa certa cujos olhos falei.
convencionais.
Exercício 14
(G1 - ifsp 2017) De acordo com a norma-padrão da Língua
b) Hoje todas as músicas que as pessoas gostam podem ser Portuguesa e com a gramática normativa e tradicional, quanto à
acessadas no celular, por exemplo, pelo Spotify. regência verbal, assinale a alternativa incorreta.
c) Os smartphones também são usados para assistir vídeos no a) Aspiramos o ar poluído da carvoaria.
Youtube.
d) O medo ao tédio leva muitas pessoas a se manterem b) Apenas um sorvete não apetece o menino.
conectadas todo o tempo em que estão acordadas.
e) Hoje professores pedem constantemente a seus alunos que c) Custava-me lutar contra a ideia do trabalho infantil.
deixem o celular e participem das aulas.
d) Lembro-me de que vimos os meninos encarapitados nas
Exercício 11 alimárias.
(Espcex (Aman) 2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
emprego do pronome relativo. e) Não pagaram o salário ao carvoeiro?
c) Refiro-me ao livro que está sobre a mesa. a) Com aquele dinheiro visava a compra de um automóvel.
d) Aquele foi um momento onde eu tive grande alegria. b) Sua campanha visou a conquistar os eleitores indecisos.
e) As pessoas que falei são muito ricas. c) Visava àquela nomeação havia anos.
b) A hospedagem aos congressistas ficou a cargo do reitor. a) Os criadores das fake news, em todo o mundo, não obedecem
nenhuma regra que prime pela ética e pelo respeito aos cidadãos.
c) Eliana é atenciosa com os colegas.
d) Lucas deixou o cachorro atado por um poste. b) Notícias, sejam elas de que natureza forem, tornam-se
importantes e necessárias apenas quando servem o bem comum.
b) “Imagens fotografadas não parecem manifestações a respeito
do mundo.” (referência 3)
c) Todos aspiramos a um mundo no qual a verdade, a
transparência e o respeito estejam a serviço da humanidade. c) “cada família constrói uma crônica visual de si mesma.”
(referência 5)
d) Pessoas que não pesquisam a origem das notícias pagam a
altos preços quando acreditam e divulgam fake news. d) “também as ajudam a tomar posse de um espaço.” (referência
9)
e) Não esqueça de conferir se as notícias que serão postadas em
suas mídias contemplarão a informação relevante e digna. e) “em que se acham inseguras” (referência 10)
Exercício 17 Exercício 18
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Ufpr 2019) É verdade que na Alemanha (da mesma forma que
A oposição passado/presente é essencial na aquisição da em outros países europeus) sempre existiram ressentimentos
consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma xenófobos e antissemitas, como também grupos e partidos de
construção. Com efeito, o interesse do passado está em extrema direita. Não são fenômenos novos. A novidade desses
esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz últimos anos é o exibicionismo desavergonhado __________ são
intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na manifestadas em público essas posturas desumanas, o desenfreio
releitura desses vestígios. __________ se assedia e se fustiga nas ruas os que têm aspecto,
crenças e uma forma de amar diferentes dos da maioria. A
(Jacques Le Goff) novidade é o consenso social __________ é tolerável dizer e o que
deve continuar sendo intolerável.
geral em película, e que se pode projetar; imagem fotográfica. de ferro que eu vou vender no Seu Manuel. Quando o João
Enfeixar: amarrar ou prender em feixe; colocar junto; ajuntar; chegou da escola eu mandei ele vender os ferros. Recebeu 13
reunir. cruzeiros. Comprou um copo de água mineral, 2 cruzeiros.
Zanguei com ele. 6Onde já se viu favelado com estas finezas?
... Os meninos come muito pão. Eles gostam de pão mole.
(G1 - cmrj 2020) Na oração “as fotos dão às pessoas a posse Mas quando não tem eles comem pão duro.
imaginária de um passado irreal” (referência 8), o verbo apresenta
Duro é o pão que nós comemos. 7Dura é a cama que
uma regência equivalente à que ocorre em
dormimos. Dura é a vida do favelado.
a) “a câmera é o branco ideal da consciência.” (referência 1) Oh! São Paulo rainha que 8ostenta vaidosa a tua coroa de
ouro que são os arranha-céus. Que veste 9viludo e seda e calça
meias de algodão que é a favela. 6Um beija-flor de verdade em 1972, um beija-flor vivo numa
...O dinheiro não deu para comprar carne, eu fiz macarrão cidade de 6 milhões de habitantes.
com cenoura. 10Não tinha gordura, ficou horrível. A Vera é a única Ficaram pasmos. 7Mas me amavam e acreditaram em mim.
que reclama e pede mais. E pede: 8Minha filha pediu que o descrevesse, pediu que o desenhasse e
11– Mamãe, 12vende eu para a Dona Julita, porque lá tem
que o pintasse com todas as cores dos seus lápis. Meu marido
comida gostosa. comoveu-se, eu era uma mulher que 9tinha visto um beija-flor, e
Eu sei que existe brasileiros aqui dentro de São Paulo que
era dele. 10Beijou-me na testa. As domésticas foram convocadas
sofre mais do que eu. Em junho de 1957 eu fiquei doente e
para participar da alegria, mas, pessoas de pouca fé, se
percorri as sedes do Serviço Social. Devido eu carregar muito
entreolharam descrentes. As amigas às quais telefonamos me
ferro fiquei com dor nos rins. Para não ver meus filhos passar
deram parabéns; afinal, eram amigas. A novidade habitou minha
fome eu fui pedir auxílio ao 13propalado Serviço Social. Foi lá que
casa.
14eu vi as lagrimas deslisar dos olhos dos pobres. Como é
A notícia correu. Verdade, Marina, que você viu um beija-
pungente ver 15os dramas que ali se desenrola. A ironia com que flor? E eu modesta mas banhada de graça, verdade. Ligaram do
são tratados os pobres. 16A única coisa que eles querem saber jornal. Alô, Marina, a que horas? Que cor? De que tamanho? E
são os nomes e os endereços dos pobres. você tem certeza? Alguém mais viu? Olha gente, não quero fazer
declarações. Sei que parece estranho, mas eu vi. A hora não sei
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: diário de uma bem, nem o tamanho, não medi. 11Sei que era um beija-flor feito
favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, pp. 41 e 42. os de antigamente, com asas, bico, tudo. Um beija-flor de penas.
Fotos? Não tenho, não falei com ele.
12
Vieram ver o terraço, mediram tudo, controlaram os
ventos, 13aspiraram as flores. E chegaram à conclusão de que
4. (Udesc 2019) Relacione as duas colunas pautando a
não, não era possível, nenhum beija-flor 14havia estado ali.
transgressão, quanto à língua formal culta, identificada no texto
apresentado.
COLASANTI, Marina. Crônicas para jovens, 1ª ed. São Paulo:
Global, 2012, pp. 23 e 24.
1. “Cosinhei as batatas” (ref. 4)
2. “Dura é a cama que dormimos” (ref. 7)
3. “vende eu para Dona Julita” (ref. 12)
4. “eu vi as lagrimas” (ref. 14)
5. (Udesc 2019) Analise as proposições em relação à crônica De
5. “os dramas que ali se desenrola” (ref. 15)
Mavioso Encanto, Marina Colasanti e assinale (V) para verdadeira
e (F) para falsa.
( ) acentuação gráfica
( ) regência verbal
( ) Da leitura do período “Mas me amavam e acreditaram em
( ) concordância verbal
mim” (ref. 7), infere-se que os familiares, mesmo surpresos e
( ) ortografia
duvidosos com a notícia, deixaram que o amor fosse mais forte
( ) emprego inadequado do pronome reto
que a dúvida.
( ) Em “Mas me amavam” (ref. 7) e “Beijou-me na testa” (ref.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima
10), quanto à colocação pronominal, têm-se próclise e ênclise,
para baixo.
sequencialmente, porém, na segunda oração, o pronome pode
a) 4 – 5 – 2 – 1 – 3 estar também proclítico e, mesmo assim, mantém-se a língua
b) 5 – 2 – 3 – 1 – 4 culta e a correção gramatical.
c) 2 – 1 – 4 – 3 – 5 ( ) No período “Minha filha pediu que o descrevesse, pediu que
d) 4 – 2 – 5 – 1 – 3 o desenhasse e que o pintasse com todas as cores” (ref. 8) as
e) 4 – 5 – 2 – 3 – 1 palavras destacadas são, sequencialmente, na morfossintaxe,
pronome pessoal/ objeto direto; pronome pessoal/ objeto direto;
Exercício 20
pronome pessoal/ objeto direto e artigo definido/ adjunto
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
adnominal.
DE MAVIOSO ENCANTO
( ) A estrutura “Sei que era um beija-flor feito os de
antigamente” (ref. 11) revela que o beija-flor, devido ao avanço da
1Eu vi um beija-flor.
civilização, sofreu mutações e portanto diferente do beija-flor
2De manhã reuni a família ao redor da mesa do café e
conhecido em outra época.
disse: Gente, vou contar uma coisa importante e vocês precisam ( ) O verbo aspirar em “aspiraram as flores” (ref. 13), quanto à
acreditar em mim. Hoje, enquanto vocês dormiam, vi um beija-flor regência, classifica-se como transitivo direto e o vocabulário
no terraço. flores, sintaticamente, é objeto direto. Substituindo-se o objeto
Foi assim. 3Era de madrugada e acordei chamada pela direto pelo pronome pessoal oblíquo tem-se: aspiraram-nas.
sede. 4Mas o dia me pareceu tão novo que parei de olhar. 5E de
repente, lá estava ele tecendo entre as flores a rede de seus voos. Assinale a alternativa correta, de cima para baixo.
a) F – F – F – V – V cidade que reúne todos os critérios geográficos adequados à
nossa moradia?”
b) V – V – F – V – F 22A cena 1 é um exemplo clássico de análise de redes, enquanto
c) F – F – V – V – V a cena 2 é um exemplo clássico de alocação espacial – duas das
d) V – F – F – F – V técnicas mais importantes da análise geoespacial.
e) V – F – V – F – V 23A análise geoespacial reúne um conjunto de métodos e
nova distância a ser percorrida, o tempo gasto no deslocamento, a (Ufrgs 2019) Assinale a alternativa que preenche corretamente
quantidade de cruzamentos existentes em cada rota, em qual das as lacunas das linhas 1, 2, 3 e 4, nessa ordem.
rotas encontrará chuva e em quais rotas passará por áreas
a) a – as quais – lhe – em que as
sujeitas a alagamento.
Exercício 23
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Unesp 2018) “Quem perdia um escravo por fuga dava algum
Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis dinheiro a quem lho levasse.” (4º parágrafo)
(1839-1908), para responder à(s) questão(ões).
Na oração em que está inserido, o termo destacado é um verbo
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá que pede
sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos
a) apenas objeto direto, representado pelo vocábulo “lho”.
senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao
pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de b) objeto direto e objeto indireto, ambos representados pelo
flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos vocábulo “lho”.
escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para
ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um
c) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto
cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar,
indireto, representado pelo vocábulo “lho”.
porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam
com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a d) apenas objeto indireto, representado pelo vocábulo “quem”.
sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas
a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco,
e) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto
e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à
indireto, representado pelo vocábulo “quem”.
venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai Exercício 24
uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à (Espcex (Aman) 2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. emprego do pronome relativo.
Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo
a) Aquele era o homem do qual Miguel devia favores.
que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um
reincidente, e com pouco era pegado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos,
b) Eis um homem de quem o caráter é excepcional.
e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente
apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada.
c) Refiro-me ao livro que está sobre a mesa.
Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que
servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o
d) Aquele foi um momento onde eu tive grande alegria.
sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro
também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda
e) As pessoas que falei são muito ricas.
que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado
no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos Exercício 25
que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora,
quitandando. A épica narrativa de nosso caminho até aqui
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem
lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela
fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos
onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a depararmos com uma realidade diferente 1daquela em que
quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de
“receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em alerta: deve haver uma razão, um motivo, para que as coisas
cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só
podem resultar de passados diferentes. Essa constatação pode Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas
ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história. que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os
Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era
Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares – uma mulher muito velha, uma solteirona, que morava numa
aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a casinha caindo aos pedaços, no fim de nossa rua. Seu nome era
dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de “bruxa”.
habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o
sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo. E
completam uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa,
de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a
quase sete vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso encontraríamos preparando venenos num grande caldeirão.
sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia
enquadram Terra, Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais invadíamos o pequeno pátio para dali roubar frutas e quando, por
bem raros do que imaginávamos a princípio. acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno
A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando “bruxa, bruxa!”.
menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento de Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem
sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas pertencera esse animal, nós não sabíamos, mas logo descobrimos
teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil.
configuração. 2Isso implica responder perguntas tais como Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez
quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas por esquecimento, ela deixara aberta a janela da frente. Sob
órbitas em que estão hoje, de que forma os planetas rochosos comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o
surgiram etc. bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós
Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram o levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí
formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam os chifres ficaram presos na cortina.
consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o – Vamos logo – gritava o João Pedro –, antes que a bruxa apareça.
Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente,
comunidade astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali
cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo,
e, em última instância, da vida por aqui. [...] saímos correndo. Eu, gordinho, era o último.
E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De
(Paulo Nogueira, editorial de Scientific American – Brasil – nº 168, imediato senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava
junho 2016.) quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a
bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura
na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava longe,
12. (Ufpr 2017) Considere a estrutura “daquela em que estamos ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria
imersos” (ref. 1) e compare-a com as seguintes: em mim sua fúria.
Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva.
1. o espaço __________ que moramos... Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou. Agachou-
2. a organização __________ que confiamos... se junto a mim e começou a examiná-la com uma habilidade
3. a cidade __________ que almejamos... surpreendente.
4. os problemas __________ que constatamos nos relatórios... – Está quebrada – disse por fim. – Mas podemos dar um jeito. Não
se preocupe, sei fazer isso. Fui enfermeira muitos anos, trabalhei
Tendo em vista as normas da língua culta, a preposição “em” em hospital. Confie em mim.
deveria preencher a lacuna em: Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com
seu cinto de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me a perna.
a) 1 apenas.
A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa.
“Chame uma ambulância”, disse a mulher à minha mãe. Sorriu.
b) 1 e 2 apenas.
Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou
minha perna e em poucas semanas eu estava recuperado. Desde
c) 2 e 3 apenas.
então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande amigo
de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito
d) 1, 3 e 4 apenas.
boa que se chamava Ana Custódio.
e) 2, 3 e 4 apenas.
Moacyr Scliar. Disponível em:
Exercício 26 http://novaescola.org.br/fundamental-1/bruxas-nao-existem-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 689866.shtml. Acesso em: 11/07/2016.
Bruxas não existem
(Upe-ssa 2 2017) Considerando alguns dos aspectos formais do contundente: “Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta
texto “Bruxas não existem”, analise as proposições a seguir. comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão.” Até se
fala muito, mas ouvir o outro? Falo de conversas entre pessoas no
a) No enunciado: “os cabelos pareciam palha” (2º parágrafo), a
mundo real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele,
inversão do sujeito exigiria a concordância com o predicativo:
até que se conversa muito; porém, é tão diferente, mesmo quando
“Parecia palha, os cabelos.”.
um está vendo o outro. O compartilhamento do mesmo espaço,
diria, é que nos proporciona a abrangência do outro, a captação
do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu
b) Para o trecho: “A quem pertencera esse animal, nós não
humor...
sabíamos” (4º parágrafo), a regência verbal também estaria
Desse diálogo é que tanta gente está sentindo falta. Até
correta na seguinte construção: “De quem fora esse animal, nós
por telefone as pessoas conversam, atualmente, bem menos. Pelo
não sabíamos”.
WhatsApp fica mais fácil, alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a
conversa? Conversa-se, sim, replicam. Será? Ou se trocam
c) Para o trecho: “No momento exato em que conseguíamos
algumas palavras? Quando falo em conversa, refiro-me àquelas
introduzir o bode” (5º parágrafo), a regência verbal também
que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto, a
estaria correta em: “No momento exato pelo qual conseguíamos
pularem de assunto em assunto. O WhatsApp é de graça,
introduzir o bode”.
proclamam. Talvez um argumento que pode ser robusto, como se
diz hoje, a favor da utilização desse instrumento moderno.
d) No trecho: “Não se preocupe, sei fazer isso.” (8º parágrafo), a
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra: no
presença da vírgula anula o sentido de explicação que existe
WhatsApp se trocam mensagens por escrito. Eu sei. Entretanto,
entre as duas orações.
língua escrita é um outra modalidade, outro modo de ativar a
linguagem, a começar pela não copresença física dos
e) A concordância verbal está em conformidade com a norma-
interlocutores. No telefone, não há essa copresença física, mas
padrão vigente, no seguinte enunciado: “Eu não acredito que
esse meio de comunicação não é impeditivo de falante e ouvinte,
hajam bruxas, mas há quem acredite que elas existem.”
a cada passo, trocarem de papéis e até mesmo de falarem ao
Exercício 27 mesmo tempo, configurando, pois, características próprias da
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: modalidade oral. Contudo, não se respira o mesmo ar, ainda que
Texto para a(s) questão(ões) a seguir. já se possa ver o outro. As pessoas passaram a valer-se menos
do telefone, e as conversas também vão, por isso, tornando-se
Encontros e Desencontros menos frequentes.
Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência com poucos
Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui perto de companheiros, sem pauta, sem temas censurados, sem se ter de
casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena que já me tinham esmerar na linguagem. Conversa sem compromisso, a não ser o
descrito. Um casal de meia idade se senta à mesa vizinha da de evitar a chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões
minha. Feitos os pedidos ao garçom, o homem, bem depressinha, e momentos de solidariedade. Conversa que é vida, que retrata a
tira o celular do bolso, e não mais o deixa, a merecer sua atenção vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de tudo: o louco, o
exclusiva. A mulher, certamente de saber feito, não se faz de filósofo, o depressivo, o conquistador de garganta, o saudosista...
rogada e apanha um livro que trazia junto à bolsa. Começa a lê-lo Nem sempre, é verdade, estou motivado para participar desses
a partir da página assinalada por um marcador. Espichando o meu grupos. Porém, passado um tempo, a saudade me bate.
pescoço inconveniente (nem tanto, afinal as mesas eram Aqueles bate-papos intimistas com um amigo tantas
coladinhas) deu para ver que era uma obra da Martha Medeiros. afinidades, merecedores que nos tornamos da confiança um do
Desse modo, os dois iam usufruindo suas gulodices, sem outro, esses não têm nada igual. A apreensão abrangente do
comentários, com algumas reações dele, rindo com ele mesmo amigo, de seu psiquismo, dos seus sentimentos, das dificuldades
com postagens que certamente ocorriam em seu celular. Até dois mais íntimas por que passa, faz-no sentir, fortemente, a nossa
estranhos, postos nessa situação, talvez acabassem por falar natureza humana, a maior valia da vida.
alguma coisa. Pensei: devem estar juntos há algum tempo, sem Esses momentos vão se tornando, assim me parece, uma
ter mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada a cena menos habitual nestes tempos digitais. A pressa, os
acrescentar, nada de novo ou surpreendente. E assim caminhava, problemas a se multiplicarem, as tarefas a se diversificarem,
decerto, a vida daquele casal. como encontrar uma brecha para aquela conversa, que é entrega,
O que me choca, mesmo observando esta situação, como confiança, despojamento? Conversa que exige respeito: um local
outras que o dia a dia me oferece, é a ausência de conversa. Sem calminho, sem gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim,
conversa eu não vivo, sem sua força agregadora para trocar umas tulipas estourando de geladas e uns tira-gostos de nosso
ideias, para convencer ou ser convencido pelo outro, para paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder esses
manifestar humor, para desabafar sobre o que angustia a alma, encontros. Afinal, a vida está passando tão depressa...
em suma, para falar e para ouvir. A conversa não é a base da
terapia? Sei não, mas, atualmente, contar com um amigo para Adaptado de: UCHOA, Carlos Eduardo. Disponível em:
jogar conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe está http://carloseduardouchoa.com.br/blog/.
roubando o sossego talvez não seja fácil. O tempo também, nesta
vida corre-corre, tem lá outras prioridades. Mia Couto é
(G1 - col. naval 2017) Em que opção a reescritura está transmitido pelo autor, mas que reflete em quem lê de uma forma
totalmente de acordo com a norma-padrão da língua? muito pessoal. É do leitor o prazer. É do leitor a identificação. É do
leitor o aprendizado. É o leitor o livro.
a) “[...] pude presenciar, ao vivo, uma cena que já me tinham
Dias atrás gravei um comercial de rádio em prol do
descrito”. (1º parágrafo) – ...pude assistir, ao vivo, uma cena que já
Instituto Estadual do Livro em que falo aos leitores exatamente
me tinham descrito.
isso: os meus livros são os seus livros. E são, de fato. Não existe
livro sem leitor. Não existe. É um objeto fantasma que não serve
b) “Contudo, não se respira o mesmo ar, ainda que já se possa ver
para nada.
o outro” (5º parágrafo) – Contudo, não se aspira ao mesmo ar,
Aquele garoto de Moçambique não vê assim. Para ele, o
ainda que já se possa ver o outro.
livro é de quem traz o nome estampado na capa, como se isso
sinalizasse o direito de posse. Não tem ideia de como se dá o
c) “Quando falo em conversa, refiro-me àquelas que se esticam
processo todo, possivelmente nunca entrou numa livraria, nem
[...]” (4º parágrafo) – Quando falo em conversa, aludo àquelas que
sabe o que é tiragem.
se esticam.
Mas, em seu desengano, teve a gentileza de tentar colocar
as coisas em seu devido lugar, mesmo que para isso tenha
d) “Conversa que exige respeito: um local calminho, sem gritos
roubado o livro de uma garota sem perceber.
[...]” (8º parágrafo) – Conversa que implica em respeito: um local
Ela era a dona do livro. E deve ter ficado estupefata. Um fã
calminho, sem gritos.
do Mia Couto afanou seu exemplar. Não levou o celular, a
carteira, só quis o livro. Um danado de uma amante da literatura,
e) “[...] rindo com ele mesmo com postagens que certamente
deve ter pensado ela. Assim são as histórias escritas também
ocorriam em seu celular.” (2º parágrafo) – rindo com ele mesmo
pela vida, interpretadas a seu modo por cada dono.
com postagens que certamente se desenrolavam em seu celular.
e) buscá-la – contar-lhe – o – ajudá-la levado 16_____ efeito pelo Supremo Tribunal Federal no ano de
2011, em decisão unânime e histórica. Agora esta é a realidade:
Exercício 31 17
homossexuais casam18, têm filhos19, ou seja20, podem
(G1 - ifce 2016) A regência verbal está incorreta em constituir família.
a) Obedeça à sinalização. Ativismo judicial? Não, interpretação da Carta Constitucional
segundo um punhado de princípios fundamentais. É a Justiça
b) As enfermeiras assistiram irrepreensivelmente o doente. cumprindo o seu papel de fazer justiça, mesmo diante da lacuna
legal.
c) Paguei todos os trabalhadores. Da inércia, passou o Legislativo21, dominado por autointitulados
profetas religiosos22, a reagir.
d) Todos nós carecemos de afeto. Não foi outro o intuito do Estatuto da Família, que acaba de ser
aprovado pela comissão especial na Câmara dos Deputados (PL
e) Costumo obedecer a preceitos éticos. 6.583/2013). 23Tentar limitar o conceito de família à união entre
Durante séculos, ninguém 1titubeava em responder: família, só Mas 25_____ mais. Proceder ao cadastramento das entidades
familiares e criar Conselhos da Família é das formas mais
tem uma – a 2constituída pelos sagrados laços do matrimônio.
perversas de excluir direito à saúde, à assistência psicossocial, à
Aos noivos era imposta a obrigação de se multiplicarem até a
segurança pública, que são asseguradas somente às entidades
morte, mesmo na tristeza, na pobreza e na doença. Tanto que se
familiares reconhecidas como tal. Limitar acesso à Defensoria
falava em débito conjugal.
Pública e à tramitação prioritária dos processos à entidade
Esse modelito se manteve, ao menos na 3aparência, 4_____
familiar definida na lei, às claras tem caráter punitivo.
expensas da integridade física e psíquica das mulheres, que se
O conceito de família mudou. E onde procurar a sua definição
mantinham dentro de casamentos 5esfacelados, pois assim exigia atual? Talvez na frase piegas de Saint-Exupéry: na
a sociedade. Tanto que o casamento era indissolúvel. As pessoas responsabilidade decorrente do afeto.
até podiam se desquitar6, mas não podiam se casar de novo.
Caso encontrassem um par, 7tornavam-se 8concubinos e alvos de (Fonte: Zero Hora, Caderno PrOA, 27-09-2015 – Adaptação)
punições.
As mudanças foram muitas: vagarosas, mas significativas. As
causas9, incontáveis. No entanto, o resultado foi um 10só. O 20. (Imed 2016) Considere as seguintes propostas de
conceito de família mudou, se esgarçou. O casamento perdeu a substituição de formas verbais do texto:
sacralidade e permanecer dentro dele deixou de ser uma
imposição social e uma obrigação legal. I. Uso de transformavam-se em lugar de tornavam-se (ref. 7).
II. Troca de punindo-se (ref. 13) por dando-se punição.
Veio o 11divórcio. Antes, porém, o 12purgatório da separação, que
III. Substituição de afrontar (ref. 24) por confrontar.
exigia que se identificassem causas, 13punindo-se os culpados. A
liberdade total de casar e descasar chegou somente no ano de
Quais provocariam necessidade de ajuste na estrutura do texto?
2006.
A lei regulamentava exclusivamente o casamento. Punia com o a) Apenas I.
silêncio toda e qualquer modalidade de estruturas familiares que
se afastasse do modelo “oficial”. b) Apenas II.
14
E foi assumindo a responsabilidade de julgar que os juízes
começaram a alargar o conceito de família. As mudanças c) Apenas I e II.
Exercício 35
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Ufrgs 2015) Assinale a alternativa que preenche correta e
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
respectivamente as lacunas indicadas pelas referências 1, 2, 3 e 4
do texto.
Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não mais
5 a) que - que - de que - para cuja
revelareis 6vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas
polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões
b) que - de que - de que - cuja
ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África,
quando a aviação 9avilta a floresta americana antes mesmo de
c) de que - de que - de que - para cuja
poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa
10evasão da viagem conseguir outra coisa que não 14confrontar-
d) que - que - que - cuja
15
nos com as formas mais miseráveis de nossa existência
histórica? e) de que - que - que - cuja
18Ainda 22assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das
Exercício 36
narrativas de viagem. Elas 16criam a ilusão daquilo 1__________ TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
não existe mais, mas 2__________ ainda deveria existir. Trariam Texto para a(s) questão(ões) seguinte(s)
nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distantes,
desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais Argumento (Paulinho da Viola)
3
_________ nossa sociedade experimenta uma necessidade
aguda ao se sentir 11soçobrar no tédio? Tá legal
É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir Eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços. 19Então,
26insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas.
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro
Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens, quando
Ou de um tamborim.
um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se
Sem preconceito
oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o jogo Ou mania de passado
de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, Sem querer ficar do lado
em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia levar a De quem não quer navegar
conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar Faça como um velho marinheiro
ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite Que durante o nevoeiro
27
salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença Leva o barco devagar.Argu
suplementar.
21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber
que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de (Fgvrj 2015) No verso “Mas não me altere o samba tanto assim”,
enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo o pronome “me” não exerce função sintática alguma. Segundo a
intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de se gramática da língua portuguesa, trata-se de um recurso
expressivo de que se serve a pessoa que fala para mostrar que
comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos
está vivamente interessada no cumprimento da exortação feita.
eram capazes de perceber a riqueza e o significado da
Constitui uso mais comum na linguagem coloquial.
diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de uma
32
alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um
Nas citações abaixo, todas extraídas de Memórias póstumas de
prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava 24— Brás Cubas, de Machado de Assis, esse recurso ocorre em:
ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante
a) Mano Brás, que é que você vai fazer? perguntou-me aflita.
moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade
desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que
b) ... estou farto de filosofias que me não levam a coisa nenhuma.
me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao
verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante,
mas 4__________ observação, meu grau de humanidade ainda
c) Mostrou que eu ia colocar-me numa situação difícil.
13
carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma
centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o d) ... achou que devia, como amigo e parente, dissuadir-me de
desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. semelhante ideia.
Um dos principais motores do avanço da ciência é a e) O primeiro passo para buscar a cura de uma nova doença é
curiosidade humana, descompromissada de resultados concretos conhecer os seus agentes causadores.
e livre de qualquer tipo de tutela ou orientação. A produção
Exercício 39
científica movida apenas por essa curiosidade tem sido capaz de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
abrir novas fronteiras do conhecimento, de nos tornar mais sábios
Quando pensamos em EXPERIÊNCIAS ESTUDANTIS NO
e de, no longo prazo, gerar valor e mais qualidade de vida para o
EXTERIOR, automaticamente relacionamos o tema aos melhores
ser humano.
aspectos positivos possíveis, como a vivência na língua, na
Por meio dos seus métodos e instrumentos, a ciência nos
cultura, na culinária, entre outros. Contudo, há outros aspectos
permite analisar o mundo ao redor e ver além do que os olhos
relevantes – positivos e negativos – que a atividade deseja
podem enxergar. O empreendimento científico e tecnológico do
também abordar. Somos seres humanos em construção e
ser humano ao longo de sua história é o principal responsável por
interligados pela intensa globalização do século XXI. Assim, a
tudo que a humanidade construiu até aqui, desde o domínio do
escolha desse tema se dá pelo desejo de acrescentar reflexões
fogo até a moderna ciência da informação, passando pela
importantes ao cotidiano de nossos jovens estudantes.
domesticação dos animais, pelo surgimento da agricultura e da
indústria modernas e, é claro, pela espetacular melhora da
Texto
qualidade de vida de toda a humanidade no último século.
Apesar dos seus feitos extraordinários, a ciência enfrenta
Brasileira ganha bolsa para estudar em Harvard
uma crise de legitimação social no mundo todo. Existe uma
Uma gonçalense de 18 anos é a única estudante brasileira
descrença do cidadão comum no conhecimento técnico e científico
aprovada para estudar na Universidade de Harvard, nos EUA,
e, mais do que isso, um certo orgulho da própria ignorância sobre
este ano. E com bolsa integral.
vários temas complexos. Vários fenômenos sociais recentes,
como o movimento antivacinação ou mesmo a desconfiança sobre
Uma gonçalense de 18 anos é a única estudante brasileira
o aquecimento global, apesar de todas as evidências científicas
aprovada para estudar na Universidade de Harvard, no EUA, este
em contrário, são exemplos dessa descrença.
ano. E com bolsa integral. A façanha de Flávia Medina da Cunha é
A relação entre ciência, tecnologia e sociedade é de
considerada tão especial que será tema de palestra de
extrema complexidade, sem dúvida alguma. Ela passa por uma
orientadores educacionais, nesta quarta-feira de manhã (19 de
série de questões, tais como de que forma a ciência e as novas
agosto de 2009), no auditório do Colégio Militar do Rio de Janeiro.
tecnologias afetam a qualidade de vida das pessoas e como fazer
Na mesma época dos exigentes exames para Harvard, ela passou
com que seus efeitos sejam os melhores possíveis? Como ampliar
nos vestibulares da UFRJ, UFF e UERJ e na prova de admissão da
o acesso da população aos benefícios gerados pelo conhecimento
Academia da Força Aérea (AFÃ). "Estudei tantas horas que perdi
científico e tecnológico? Em que medida o progresso científico e
a conta de quantas", confessa Flávia, que vai cursar Engenharia
tecnológico contribui para mitigar ou aprofundar as
Química. Ela já havia começado o curso na UFRJ.
desigualdades socioeconômicas? Essas são questões cruciais
Fã da obra de Machado de Assis, ela precisou se debruçar
para a ciência e a tecnologia nos dias de hoje.
sobre livros especializados na cultura norte-americana. Flávia
obteve ainda 90% de bolsa na Universidade da Pensilvânia.
Disponível em: <www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-
"Fiquei na lista de esperada Yale University, Duke University, Rice
conteudo/artigos/artigos/116-a-ciencia-e-a-tecnologiacomo-
University e Tufts", enumerou Flávia, cujos dois irmãos estudam
estrategia-de-desenvolvimento>. Acesso em: 24 ago. 2020.
na Escola Naval. Os pais, que são professores, estão orgulhosos,
Adaptado.
mas não escondem a preocupação. "O coração está apertado, mas
ela é perseverante e carismática", conta a mãe, Gilza da Cunha,
57 anos. Em Harvard, a estudante terá alojamento, refeição e
receberá US$ 3mil (R$ 5,3 mil) por mês, além da oportunidade de
(Fmp 2021) O acento grave indicador de crase deve ser utilizado,
emprego no campus. Flávia embarca hoje à noite no voo 860 da
de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, na palavra
United Airlines. Na bagagem, a bandeira do Brasil e a medalha de
Santo António. No coração, a saudade de casa. "Não vou chorar", E foi o que fizeram. Cavaram pouco e, à flor da terra, viram umas
avisa Flávia. "Muita gente sonha em ir à Disney e realiza o sonho. raízes grossas e morenas, quase da cor dos curumins, nome que
Por que não sonhar em aprimorar os conhecimentos no exterior?", dão aos meninos índios. Mas, sob a casquinha marrom, lá estava
lança o desafio o gerente de pesquisas do escritório da Harvard a polpa branquinha, quase da cor de Mani. Da oca de terra de
no Brasil, Tomás Amorim. (...) Mani surgia uma nova planta!
– Vamos chamá-la Mani-oca, resolveram os índios.
(Adaptado de 2
– E, para não deixar que se perca, vamos transformar a planta
https://www.mundovestibular.com.br/vestibular/noticias/brasileira- em alimento!
ganha-bolsa-para-estudar-em-han/ard/. Acessado em: Assim fizeram!
02/09/2020) Depois, fincando outros ramos no chão, fizeram a primeira
plantação de mandioca. E até hoje entre os índios do Norte e
Centro do Brasil é este um alimento muito importante. E, em todo
(G1 - cmrj 2021) No trecho "Muita gente sonha em ir à Disney e o Brasil, quem não gosta da plantinha misteriosa que surgiu na
realiza o sonho", pode-se afirmar que o emprego do sinal casa de Mani?
indicativo de crase encontra-se de acordo com a norma
gramatical. Adaptado de macvirtual.usp.br/mac/templates/jogo/lenda.asp/
Acessado em 10/10/19.
A mesma afirmação só pode ser feita em relação a uma das
alternativas a seguir. Assinale-a.
a) Irei à Santa Catarina aproveitar o sol. (G1 - cotil 2020) No primeiro parágrafo, lê-se: “A filha do cacique
b) Fui à Londres e visitei vários castelos. da tribo deu à luz uma linda indiazinha.” (ref. 1)
c) Fui cedo à Madri e vi um belo jogo.
Sobre a ocorrência da crase, considere a afirmação correta quanto
d) Não há como ir à Roma e não visitar o Papa. à expressão em destaque:
Exercício 40
b) Não está apropriada a expressão, devendo ser grafada da
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
seguinte forma: deu a luz à uma linda indiazinha.
A Lenda da Manioca (lenda dos índios Tupis)
Um dia, perceberam que do túmulo de Mani rompia uma da discriminação racial ainda presente no 6país em que mais da
plantinha verde e viçosa. metade da população se autodeclara negra.
– Que planta será esta? Perguntaram, admirados. Ninguém a “Precisamos refletir sobre o significado da compreensão de que
conhecia. vivemos em um país racialmente harmônico, que ainda está
– É melhor deixá-la crescer, resolveram os índios. presente em nosso imaginário. Pela noção de democracia racial,
E continuaram a regar o brotinho mimoso. A planta desconhecida dizemos que o racismo não existe e, se a população negra vive
crescia depressa. Poucas luas se passaram e ela estava altinha, em desvantagem social, é porque não se esforçou o suficiente”,
com um caule forte, que até fazia a terra se rachar em torno. explica Giselle dos Anjos Santos, doutoranda em História Social
– A terra parece fendida, comentou a mãe de Mani. pela USP e consultora do Centro de Estudos das Relações de
– Vamos cavar? Trabalho e Desigualdades (CEERT), organização pioneira na
promoção da equidade racial e de gênero no mercado de trabalho d) a – à – à – as.
no Brasil.
Exercício 42
Na 7área de recrutamento e seleção por quase uma década, a ex-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
recrutadora Marion Caruso vivenciou de perto as 8inconsistências
O texto abaixo serve como base para a(s) questão(ões) a seguir.
entre discurso e prática relacionadas __1__ aceitação racial dentro
do mercado de trabalho. “Me pediam que não enviasse pessoas Pedrinho, na varanda, lia um jornal. De repente parou e disse à
negras para as vagas porque tinham ‘cara de empregadinha’”. Emília, que andava rondando por ali:
Com demandas como __2__ que Marion recebia, não é difícil – Vá perguntar à vovó o que quer dizer folk-lore.
imaginar por que a expectativa de que o Brasil alcance __3__
– Vá? Dobre a sua língua. Eu só faço coisas quando me pedem
igualdade racial no mercado de trabalho é de 150 anos, 9segundo por favor. — Pedrinho, que estava com preguiça de levantar-se,
uma pesquisa realizada pelo Instituto Ethos em 2016. cedeu à exigência da ex-boneca.
Os números não param de alarmar. 10Ainda de acordo com o – 1Emilinha do coração — disse ele —, faça-me o maravilhoso
Ethos, embora 54% da população brasileira seja negra, eles favor de ir perguntar à vovó que coisa significa a palavra folk-lore,
ocupam apenas 5% dos cargos de liderança nas maiores sim, teteia? — Emília foi e voltou com a resposta.
empresas do país. Quando se fala em mulheres pretas e pardas – Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer
em altos cargos de chefia, esse índice chega a menos de 1%. O dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe
espaço para homens e mulheres negros vai se 11afunilando por boca, de um contar para o outro, de pais a filhos.
conforme os cargos vão ficando cada vez mais altos: na base da Os contos, as histórias, as anedotas, as superstições, as
pirâmide 12corporativa, os aprendizes negros chegam a bobagens, a sabedoria popular etc. e tal. Por que pergunta isso,
ultrapassar os brancos. Pedrinho?
Giselle explica que, ao longo da história, a sociedade brasileira se O menino calou-se. Estava pensativo, com os olhos lá longe.
construiu nas bases do racismo. Daí a desigualdade e falta de Depois disse: — Uma ideia que eu tive. 2Tia Nastácia é o povo.
oportunidades. “Todos os indicadores sociais refletem __4__ Tudo que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve
desigualdades colocadas”, explica a estudiosa. A mulher negra saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o
tem 50% mais chances de estar desempregada do que qualquer leite do folclore que há nela.
outro grupo da nossa sociedade. 13É fundamental que pensemos Emília arregalou os olhos. – Não está má a ideia, não, Pedrinho!
3
em ações afirmativas que venham no sentido de superar as Às vezes, a gente tem uma coisa muito interessante em casa e
desigualdades históricas.” nem percebe.
Mesmo que o número de estudantes negros nas universidades
federais tenha triplicado na última década, garantindo a Fonte: do livro Histórias de Tia Nastácia. São Paulo: Globo, 2009.
qualificação necessária para as vagas, a consultora e
pesquisadora alerta que as barreiras começam muito antes do
14recrutamento. “Existe uma lógica de rede de informação e (S1 - ifce 2020) A expressão “às vezes” (referência 3) contida no
contato. Quando perguntados nos censos desenvolvidos pelo texto apresenta o fenômeno da crase
CEERT em diferentes instituições como ficaram sabendo de a) uma vez que é uma locução coordenada explicativa.
determinada vaga, os profissionais brancos respondem que
souberam por parentes e amigos. 15A realidade é diferente para b) visto que é uma locução adverbial deslocada.
pessoas negras, cujos familiares geralmente trabalharam a vida
toda no setor informal.” [...] c) por tratar-se de uma expressão adverbial feminina.
Publicado em 23/08/19, por Nayara Fernandes, no portal de d) pois é um elemento coesivo que inicia a frase.
notícias R7. Disponível em: <https://noticias.r7.com/economia/por-
tras-da-boa-aparencia-o-racismo-em-numeros-no-mercado- e) tendo em vista que é uma locução verbal.
23082019>. Acesso em: 25 ago. 2019 (Texto adaptado para fins
didáticos). Exercício 43
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Precisamos falar sobre fake news
(G1 - ifsul 2020) Nas lacunas 1, 2, 3 e 4, o correto
preenchimento deve ser realizado, respectivamente, por meio da Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no
sequência presente em mundo, faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando
por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade
a) à – a – à – as.
dos netos e netas.
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de
pessoas, o celular pode ser também uma fonte de engano. De vez
b) a – à – à – às. em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no
seu WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma
c) à – a – a – as. fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina
da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez
desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não (G1 - col. naval 2020) Assinale a opção em que o acento
nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os chamados indicativo de crase foi corretamente empregado.
migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo
a) As novas tecnologias têm gerado muito estranhamento à
estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e
pessoas que não nasceram na era digital.
facilite a vida.
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para
b) As notícias falsas começam à chegar rapidamente através da
essas mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil
internet, do WhatsApp e das redes sociais.
destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias
c) O problema das fake news é um assunto sério e alarmante
falsas na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi
relativo à toda a sociedade contemporânea.
realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na
sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias
d) Em relação as notícias falsas, devemos procurar iniciativas que
falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
nos levem à uma solução imediata.
alcançam muito mais gente.
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas,
e) Textos alarmistas e sensacionalistas ganham destaque à
polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
medida que vão sendo compartilhados.
a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre
tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que Exercício 44
chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a (Eear 2019) Assinale a alternativa que completa, correta e
critérios de apuração e checagem. respectivamente, as lacunas do período seguinte:
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença,
quase que religiosa, junto a mensagens das quais não Mineradora paga multa milionária de um bilhão de reais
Identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em
redes sociais. Confia-se a ponto de compartilhar, sem questionar. A tristeza dos pescadores do Rio Doce refere-se ___ desgraça
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que que ocorreu no local em novembro de 2015. ___ empresa
mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam responsável foi aplicada ___ multa. No entanto, esta não foi
opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das suficiente para devolver ___ natureza o equilíbrio ambiental
notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da aniquilado. Pouco ___ pouco esses pescadores tentam encontrar
História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí. alternativa sustentável.
Os problemas gerados estão em todos os campos. No
a) à – À – a – à – a
âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar
seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública
b) à – A – a – à – a
de impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência
virtual e física.
c) a – À – a – à – a
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais
fecham portas, profissionais perdem suas reputações e produtos
d) à – A – à – a – à
são desacreditados como resultado de uma foto
descontextualizada, uma Imagem alterada ou uma legenda falsa. Exercício 45
A democracia também se fragiliza. O processo democrático (Espcex (Aman) 2019) Assinale a alternativa correta, quanto ao
corre o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos. emprego do acento grave
Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas
iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco. a) As nações juntam-se a Assembleia da ONU, para eliminarem
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve progressivamente os problemas de gestão do serviço.
ser entendido para encontrarmos um caminho seguro de
convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse b) A Secretaria de Saneamento e as Conferências das Cidades
sentido, que precisam ser amplamente debatidas, com a foram criadas com vistas à diminuir as desigualdades de acesso a
participação de especialistas e representantes da sociedade civil. esse serviço.
O problema das fake news certamente passa pelo domínio
das novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime, c) Pode-se caminhar alguns passos no sentido de garantir que a
mas, também, pela pedagogia do esclarecimento. essa tarefa alinhe-se a participação social.
O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o
antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas d) A gestão dos serviços deve ser acrescentada uma visão de
saneamento básico como direito à cidadania.
em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a
utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.
e) O marco legal estabelece que a prestação dos serviços tem
como foco à garantia do cumprimento das metas.
D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
Exercício 46 comprometer a classificação morfológica, o sentido e a coerência,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: no texto.
– Mas que ossos tão 1miudinhos! São de criança? IV. Nas estruturas “é raro à beça” (ref. 2) e “Café das sete às nove”
– Ele disse que eram de adulto. De um anão. (ref. 7) o sinal gráfico da crase somente é obrigatório na segunda
– De um anão? É mesmo, a gente vê que já estão formados... Mas estrutura, por se tratar de hora determinada, e na primeira
estrutura o emprego é optativo.
que maravilha, 2é raro à beça esqueleto de anão. E tão limpo,
V. Na oração “Não deixem a porta aberta senão meu gato foge”
olha aí – admirou-se ela. Trouxe na ponta dos dedos 3um
(ref. 9) a palavra em destaque pode ser substituída por se não,
pequeno crânio de uma 3brancura de cal. – Tão perfeito, todos os pois ambas têm a mesma acepção que contrário, logo não há
4dentinhos!
alteração semântica.
– Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode ficar com
ele. O banheiro é aqui do lado, 5só vocês é que vão usar, tenho o Assinale a alternativa correta.
6 7
meu lá embaixo. Banho quente, extra. Telefone, também. Café a) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
das sete às nove, deixo a mesa posta na cozinha coma garrafa
térmica, fechem bem a garrafa – recomendou coçando a cabeça. A b) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
peruca se deslocou ligeiramente. 8Soltou uma baforada final: – c) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
9Não deixem a porta aberta senão meu gato foge. d) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
Ficamos nos olhando e rindo enquanto ouvíamos o barulho de e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
seus chinelos de salto na escada. E a tosse encatarrada.
Exercício 47
Esvaziei a mala, dependurei a blusa 10amarrotada num cabide
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que enfiei num vão da veneziana, prendi na parede, com durex,
Rap: uma linguagem dos guetos
uma gravura de Grassmann e 11sentei meu urso de pelúcia em
cima do travesseiro. Fiquei vendo minha prima subir na cadeira, Entre as vozes que se cruzam na cacofonia urbana da sociedade
12desatarraxar 13a lâmpada 14fraquíssima que pendia de um fio
globalizada, há uma que se sobressai pela sua radicalidade
solitário no meio do teto e no lugar atarraxar uma lâmpada de marginal: o rap. A moderna tradição negra dos guetos norte-
duzentas velas que tirou da sacola. 15O quarto ficou mais alegre. americanos é, hoje, cantada pelos jovens das periferias de todos
Em compensação, agora a gente podia ver que a roupa de cama os quadrantes do globo. Mas diferentemente das estereotipias
não era tão alva assim, alva era a pequena tíbia que ela tirou de produzidas pela nação hegemônica e difundidas em escala
dentro do 16caixotinho. Examinou-a. Tirou uma vértebra 17e planetária, a cultura hip-hop costuma ser assimilada como uma
olhou pelo buraco tão reduzido como o aro de um anel. Guardou- fala histórica essencialmente crítica por uma juventude com tão
as com a delicadeza com que se amontoam os ovos numa caixa. escassas vias de fuga ao sempre igual. Quando, por exemplo,
jovens de uma favela brasileira incorporam esta linguagem
– Um anão. 18Raríssimo, entende? E acho que não falta nenhum
tornada universal, por mais que a sua realidade seja diferente
ossinho, vou trazer as ligaduras, quero ver se no fim de semana
daquela dos marginalizados do país de origem, a forma
começo a montar ele.
permanece associada a um conteúdo crítico – uma visão de
mundo subalterna e frequentemente subversiva.
TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos | Lygia Fagundes
1O rap é hoje uma forma de expressão comunitária, por meio da
Telles, seleção de Eduardo Portella. – [13 ed.] – São Paulo:
Global, 2015, p.123. qual se comunicam e afirmam sua identidade habitantes dos
morros e comunidades populares. /.../
O surgimento do movimento hip-hop nos remete ao contexto no
(Udesc 2019) Analise as proposições em relação à obra qual estavam inseridos os Estados Unidos dos anos 60 e 70, no
Melhores contos, Lygia Fagundes Telles, ao conto “As formigas” e auge da Guerra Fria. Foram anos de tensão e muita agitação
ao trecho apresentado. política. 2O descontentamento popular com a guerra do Vietnã
somava-se à pressão das comunidades negras segregadas,
I. Embora a autora se enquadre no período pós-moderno ou 3
submetidas a leis similares às do apartheid sul-africano. O clima
contemporâneo, o conto possui uma linguagem simbólica, que de revolta e inconformismo tomava conta dos guetos negros.
comprova a exuberância da narrativa pela fusão de imagens /.../
(descrições) auditivas, olfativas e visuais, constituindo uma Na trilha da agitação política ocorriam inovações culturais. Nos
característica da escola simbolista – sinestesia. guetos, o que se ouvia era o soul, que foi importante para a
II. A descrição caricata da dona da pensão, a presença do animal organização e conscientização daquela população. /.../ No mesmo
de estimação – um gato, o codinome que ela recebe – bruxa, são período surge uma variedade de outros ritmos, como o funk,
elementos que causam estranheza e cotizam-se para a atmosfera marcados por pancadas poderosas que causavam estranhamento
do fantástico, do sobrenatural. aos brancos, letras que invocavam a valorização da cultura negra
III. No período “e olhou pelo buraco tão reduzido como o aro de e 4denunciavam as condições às quais eram submetidas as
um anel” (ref. 17) a palavra destacada, e que estabelece a relação populações dos guetos. O soul e o funk foram as bases musicais
de comparação, pode ser substituída por tal qual, sem que permitiram o surgimento do rap, que virá a ser um dos
elementos do movimento hip-hop.
5Por essa época ou um pouco antes, jovens negros já dançavam que eram submetidas as populações dos guetos.
[o break] nas ruas ao som do soul e do funk de uma forma
Exercício 48
inovadora, executando passos que lembravam ao mesmo tempo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
uma luta e os movimentos de um robô. /.../
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Finalmente, 6além da música e da dança, propagava-se pelos
guetos, ainda, o hábito de desenhar e escrever em muros e
COMO A DESIGUALDADE PODE ESTAR IMPULSIONANDO AS
paredes. /.../ Nesse contexto de efervescência político-cultural,
SELFIES SENSUAIS
grafiteiros, breakers e rappers começaram a se reunir para realizar
O que está por trás do fenômeno da selfie sexy? A obsessão
eventos juntos, 7afinal suas artes estavam relacionadas a uma online que vivemos hoje tem sido vinculada à vaidade e até à
experiência comum, a 8cultura de rua. /.../ opressão de gênero. Mas esse poderia ser também um
9Por volta de 1982, o rap chegou ao Brasil, fixando-se, comportamento guiado pela economia
sobretudo, em São Paulo. /.../
Nos últimos anos da década de 90, o rap brasileiro ultrapassou os Uma imagem vale mais que mil palavras. Da mesma forma,
limites da periferia dos grandes centros e chegou à classe média. parece que há mais por trás das selfies do que pode parecer à
primeira vista. A obsessão online que vivemos hoje tem sido
/.../ 10O rap de caráter mais comercial passou então a ser
vinculada à vaidade e até à opressão de gênero. Mas poderia ser
amplamente difundido pelo país, ao mesmo tempo em que, em
também um comportamento guiado pela economia?
sua forma marginal, a linguagem continuava a se desenvolver nos
Asma Elbadawi é uma artista visual de origem inglesa e
espaços populares.
sudanesa. Ela acha que o capitalismo moderno impulsiona as
Há que se destacar o caráter inovador do rap nacional, que
mulheres a se fotografarem como objetos de desejo.
reelabora, de forma criadora, a partir de tradições populares
Recentemente, ela postou uma selfie no Instagram com desenhos
brasileiras, a linguagem dos guetos norte-americanos, mesclando
no rosto, lembrando as marcas feitas em pacientes antes de uma
o ritmo do Bronx a gêneros como o samba e a embolada.
/.../ cirurgia plástica. Elbadawi, ativista reconhecida pelo
Não se trata, no entanto, de idealizar o hip-hop como forma de empoderamento de jovens muçulmanas, afirma que sua intenção
era usar a linguagem de cartazes publicitários, criando uma
conhecimento. 11O movimento, seguramente, não é homogêneo:
mensagem irônica.
possui tendências mais ou menos politizadas, mais ou menos
O trabalho de Elbadawi levanta uma questão interessante.
engajadas e críticas. Há, por assim dizer, uma vertente cuja tônica
Conquistas femininas possibilitaram às mulheres denunciarem
é a denúncia, a agitação e o protesto. Outra, espontânea, sem
tudo que as objetifica, desde a cantada na rua até a cultura
uma linha política coerente e definida. 12E outra ainda, talvez
machista do teste de fidelidade de programas de auditório.
hegemônica, já assimilada pelo mercado, que reproduz o modelo Apesar disso, a disseminação das redes sociais faz com que
de comportamento, aspirações e ideais dominantes (consumismo, sejamos bombardeados com imagens sexualizadas de mulheres.
individualismo e exaltação da vida privada), como a maioria das Por quê?
canções ditas "de massa". Khandis Blake, psicóloga na Universidade de New South Wales,
em Sydney, pesquisa o que a sexualização das mulheres pode
(COUTINHO, Eduardo Granja, ARAÚJO, Marianna. Rap: uma nos dizer sobre as sociedades. Segundo ela, as selfies são
linguagem dos guetos. In: PAIVA, Raquel, TUZZO, Simone geralmente tiradas como um sinal de discriminação de gênero. Ou
Antoniaci (Orgs.). Comunidade, mídia e cidade: possibilidades seja, as mulheres tiram selfies porque elas sentem que precisam
comunitárias na cidade hoje. Goiânia: FIC/UFG, 2014.) parecer atraentes para os homens.
Mas, além disso, a última pesquisa de Blake encontrou um
aspecto econômico. O resultado é que o fenômeno da selfie sexy
(G1 - epcar (Cpcar) 2019) Assinale a alternativa em que a é mais prevalente em países educados e desenvolvidos, afirma
reescrita proposta NÃO está de acordo com a norma padrão da Blake. "São as mesmas sociedades que passaram décadas
Língua Portuguesa. lutando contra a objetificação sexual de mulheres e garotas - e
a) “O rap é hoje uma forma de expressão comunitária, por meio que estão fazendo com que homens poderosos expliquem seu
da qual se comunicam...” (ref. 1) O rap é hoje uma forma de comportamento em relação a mulheres".
expressão comunitária, com à qual se comunicam. Para entender essa aparente contradição, a equipe da psicóloga
avaliou indicadores econômicos e de gênero nesses países e
b) “O descontentamento popular com a guerra do Vietnã somava- descobriu que as mulheres são mais propensas a investir tempo e
se à pressão das comunidades negras...” (ref. 2 - Ao esforço em tirar e postar selfies sexy em países onde a
descontentamento popular com a guerra do Vietnã somava-se a desigualdade econômica está subindo.
pressão das comunidades negras. Isso explicaria, segundo ela, por que os Estados Unidos, Reino
Unido e Cingapura - onde a desigualdade de renda está
c) “...submetidas a leis similares às do apartheid...” (ref. 3) aumentando - estão entre os países mais viciados em selfies,
- ...submetidas a leis similares àquelas do apartheid. juntamente com um conjunto de países menos desenvolvidos
mas muito desiguais - como Brasil, México e Colômbia.
d) “...denunciavam as condições às quais eram submetidas as
populações dos guetos.” (ref. 4) - denunciavam as condições a
UCHOA, P. #Instaperfect: como a desigualdade pode estar não seria de surpreender que a atual repreendesse a fera por sua
impulsionando as selfies sensuais. Disponível em: atitude sexista quando a abordasse no bosque. A força do conto,
<https://www.bbc.com/portuguese/geral-45416858>. Acesso em: no entanto, está no fato de que ele fala por meio de uma
25 set. 2018 (adaptado). linguagem simbólica e nos convida a explorar a escuridão do
mundo, a cartografia dos medos, tanto ancestrais como íntimos.
Por isso ele desafia todos nós, incluindo os adultos. [...]
(G1 - ifpe 2019) A propósito do uso do acento grave indicativo A poetisa Wislawa Szymborska falou sobre um amigo escritor
de crase no texto, avalie as análises abaixo. que propôs a algumas editoras uma peça infantil protagonizada
por uma bruxa. As editoras rejeitaram a ideia. Motivo? É proibido
I. A expressão “à primeira vista” (1º parágrafo), recebe o acento assustar as crianças. A ganhadora do prêmio Nobel, admiradora
grave por causa da regência do verbo “parecer”, que exige de Andersen – cuja coragem se destacava por ter criado finais
complemento com a preposição “a”. tristes –, ressalta a importância de se assustar, porque as crianças
II. Em “A obsessão online que vivemos hoje tem sido vinculada à sentem uma necessidade natural de viver grandes emoções: “A
vaidade” (1º parágrafo), o uso do acento grave indica a contração figura que aparece [em seus contos] com mais frequência é a
da preposição “a” exigida pela locução “tem sido vinculada” e o morte, um personagem implacável que penetra no âmago da
artigo “a”, determinante do substantivo “vaidade”. felicidade e arranca o melhor, o mais amado. Andersen tratava as
III. Na expressão “até à opressão de gênero” (1º parágrafo), o uso crianças com seriedade. Não lhes falava apenas da alegre
do acento grave é facultativo, pois “até” já cumpre a função de aventura que é a vida, mas também dos infortúnios, das tristezas
preposição. e de suas nem sempre merecidas calamidades”. C. S. Lewis dizia
IV. No trecho “Conquistas femininas possibilitaram às mulheres que fazer as crianças acreditar que vivem em um mundo sem
denunciarem tudo que as objetifica” (3º parágrafo), o uso do violência, morte ou covardia só daria asas ao escapismo, no
acento grave é obrigatório para indicar a junção da preposição sentido negativo da palavra.
exigida pelo verbo “possibilitar” com o artigo “as”, que antecede o Depois de passar dois anos mergulhado em relatos compilados
substantivo “mulheres”. durante dois séculos, Italo Calvino selecionou e editou os 200
V. Em “descobriu que as mulheres são mais propensas a investir” melhores contos da tradição popular italiana. Após essa
(6º parágrafo), o uso do acento grave diante do substantivo investigação literária, sentenciou: “Le fiabe sono vere [os contos
“mulheres” é facultativo, pois a conjunção “que” já cumpre a de fadas são verdadeiros]”. O autor de O Barão nas Árvores tinha
função de preposição. confirmado sua intuição de que os contos, em sua “infinita
variedade e infinita repetição”, não só encapsulam os mitos
Estão CORRETAS, apenas, as proposições duradouros de uma cultura, como também “contêm uma
explicação geral do mundo, onde cabe todo o mal e todo o bem, e
a) I, III e V.
onde sempre se encontra o caminho para romper os mais terríveis
feitiços”. Com sua extrema concisão, os contos de fadas nos falam
do medo, da pobreza, da desigualdade, da inveja, da crueldade,
b) I, II e III.
da avareza... Por isso são verdadeiros. Os animais falantes e as
fadas madrinhas não procuram confortar as crianças, e sim dotá-
c) II, III e IV.
las de ferramentas para viver, em vez de incutir rígidos patrões de
conduta, e estimular seu raciocínio moral. Se eliminarmos as
d) II, IV e V.
partes escuras e incômodas, os contos de fadas deixarão de ser
essas surpreendentes árvores sonoras que crescem na memória
e) I, IV e V.
humana, como definiu o poeta Robert Bly.
Exercício 49
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Marta Rebón. Disponível em:
O texto a seguir é referência para a(s) questão(ões) a seguir. <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/18/eps/1537265048_460929.h
Era uma vez um lobo vegano que não engolia a vovozinha, três
porquinhos que se dedicavam _____ especulação imobiliária e (Ufpr 2019) Assinale a alternativa que preenche corretamente as
uma estilista chamada Gretel que trabalhava de garçonete em lacunas do primeiro parágrafo, na ordem em que aparecem no
Berlim. Não deveria nos surpreender que os contos tradicionais se texto:
adaptem aos tempos. Eles foram submetidos _____ alterações no a) a – a – à – às.
processo de transmissão, oral ou escrita, ao longo dos séculos
para adaptá-los aos gostos de cada momento. Vejamos, por b) à – à – a – as.
exemplo, Chapeuzinho Vermelho. Em 1697 – quando a história foi
colocada no papel –, Charles Perrault acrescentou _____ ela uma
c) à – a – a – às.
moral, com o objetivo de alertar as meninas quanto _____
intenções perversas dos desconhecidos.
d) a – à – à – as.
Pouco mais de um século depois, os irmãos Grimm abrandaram o
enredo do conto e o coroaram com um final feliz. Se a
e) à – à – à – as.
Chapeuzinho Vermelho do século XVII era devorada pelo lobo,
Exercício 50
(G1 - ifsul 2018) Em qual trecho a substituição proposta gera Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto
erro no que diz respeito ao emprego do acento grave? Alegre: L&PM, 2001.
1– Temos sorte de viver no Brasil – dizia meu pai, depois da Jones. Pois bem, quando do 4auge do sucesso de Indiana Jones, o
arqueólogo brasileiro Paulo Zanettini escreveu um artigo no
guerra. – Na Europa 2mataram 3milhões de judeus. Jornal da Tarde, de São Paulo, intitulado “Indiana Jones deve
Contava as 4experiências que 5os médicos nazistas faziam com os morrer!”. Para ele, assim como para outros arqueólogos
prisioneiros. Decepavam-lhes as cabeças, faziam-nas encolher – à
profissionais, envolvidos com um trabalho 5árduo, sério e distante
6
maneira, li depois, dos índios Jivaros. Amputavam pernas e das 6peripécias das telas, essa imagem aventureira é incômoda.
braços. Realizavam estranhos transplantes: uniam a metade
O fato é que o arqueólogo, 7à diferença do historiador, do
superior de um homem _____1_____ metade inferior de uma
geógrafo ou de outros estudiosos, possui uma imagem muito
mulher, ou aos quartos traseiros de um bode. 7Felizmente mais atraente, inspiradora não só de filmes, mas também de
8morriam 9essas atrozes quimeras; 10expiravam como seres
romances e livros os mais variados.
humanos, não eram obrigadas a viver como aberrações.
Bem, para usar uma expressão de Eça de Queiroz, 8“sob o manto
(_____2_____ essa altura eu tinha os olhos cheios de lágrimas. 9
diáfano da fantasia” escondem-se as histórias reais que
Meu pai pensava 11que a descrição das maldades nazistas me
fundamentaram 10tais percepções. 11A arqueologia surgiu no
deixava comovido.)
12bojo do Imperialismo do século XIX, como um subproduto da
12
Em 1948 13foi proclamado 14o Estado de Israel. Meu pai abriu
expansão das potências coloniais europeias e dos Estados
uma garrafa de vinho – o melhor vinho do armazém –, brindamos
Unidos, que procuravam enriquecer explorando outros territórios.
ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio,
Alguns dos primeiros arqueólogos de fato foram aventureiros,
acompanhando _____3_____ notícias da guerra no Oriente Médio.
responsáveis, e não em pequena medida, pela fama que se
Meu pai estava entusiasmado com o novo Estado: em Israel,
propagou em torno da profissão.
explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da
Europa, judeus pretos da África, judeus da Índia, isto sem falar
Adaptado de Pedro Paulo Funari, Arqueologia
nos beduínos com seus camelos: tipos muito esquisitos, Guedali.
Tipos esquisitos – aquilo me dava ideias. Por que não ir para
Israel? 15Num país de gente tão estranha – e, 16ainda por cima,
(Mackenzie 2018) Assinale a alternativa correta.
em guerra – eu certamente não chamaria a atenção. Ainda menos
como combatente, entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me a) O pronome relativo cuja (ref. 2) refere-se à palavra
via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando um arqueologia, denotando sentido de possessividade.
revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo, b) Em há alguns anos (ref. 3) a forma verbal também pode ser
17 escrita sem a letra h inicial.
varado de balas. 18Aquela, sim, era a 19morte que eu almejava,
c) Pelas novas regras de ortografia, a palavra auge (ref. 4)
morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável,
também pode ser escrita na forma “auje”.
de monstro 20encurralado. E, caso não morresse, poderia viver
d) É opcional o emprego do acento indicador de crase em à
depois num kibutz . Eu, que conhecia tão bem a vida numa
diferença (ref. 7).
fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os
membros do kibutz terminariam por me aceitar; numa nova
sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo.
e) A expressão tais percepções (ref. 10) refere-se às imagens
descritas em romances de Eça de Queiroz. Não ganhava mesada, nem ajuda de custo na infância. Eu
me virava como dava. Recebia casa, comida e roupa lavada e não
Exercício 53
havia como miar, latir e __________ mais nada aos pais, só
(G1 - ifsul 2017) Quanto às regras de uso da crase, qual a única
agradecer.
frase correta em seu emprego?
As minhas fontes de renda eram praticamente duas:
a) Fiquem atentas à homens dominadores. procurar dinheiro nas bolsas vazias da mãe, torcendo para que
deixasse alguma nota na pressa da troca dos acessórios, ou catar
b) Preciso estar pronta até às 13h, senão perderei o voo e todas moedas nas ruas e nos bueiros.
as conexões. A modalidade de caça a dinheiro perdido exigia disciplina e
profissionalismo. Saía de casa pelas 13h e caminhava por duas
c) As mulheres discutiram cara a cara acerca da melhor forma de horas, com a cabeça apontada ao meio-fio como pedra em
obedecer as leis. estilingue. Varria a poeira com os pés e cortava o mato com
canivete. Fui voluntário remoto do Departamento Municipal de
d) O endereço correto é daqui à duas quadras, à esquerda da Limpeza Urbana.
avenida principal. Gastava o meu Kichute em vinte quadras, do bairro
Petrópolis ao centro. Voltava quando atingia a entrada do viaduto
Exercício 54 da Conceição e reiniciava a minha arqueologia monetária no outro
(Eear 2017) Assinale a alternativa em que o emprego do acento lado da rua.
grave, indicador de crase, está correto. Levava um saquinho para colher as moedas. Cada tarde
a) Peça desculpas à seu mestre. rendia o equivalente a três reais. Encontrar correntinhas, colares e
__________ salvava o dia. Poderia revender no mercado paralelo
b) Atribuiu o insucesso à má sorte. da escola. As meninas pagavam em jujubas, bolo inglês e
guaraná.
c) Quando a festa acabou, voltamos à casa felizes. Já o bueiro me socializava. Convidava com frequência o
Liquinho, vulgo Ricardo. Mais forte do que eu, ajudava a levantar
d) Daqui à quatro meses muita coisa terá mudado. a pesada e lacrada tampa de metal. Eu ficava com a
responsabilidade de descer __________ profundezas do lodo.
Exercício 55 Tirava toda a roupa – a mãe não perdoaria o petróleo do esgoto –
(G1 - ifsc 2017) Considerando o emprego do acento grave e pulava de cueca, apalpando às cegas o fundo com as mãos.
indicativo de crase, assinale (V) para as frases que estão de Esquecia a nojeira imaginando as recompensas. Repartia os
acordo com a norma padrão escrita da língua e (F) para aquelas lucros com os colegas que me acompanhavam nas expedições ao
que não estão. submundo de Porto Alegre. Lembro que compramos uma bola de
futebol com a arrecadação de duas semanas.
( ) Mesmo com muita chuva, Jean preferiu ir à pé. Espantoso o número de itens perdidos. Assim como os
( ) Às vezes, Ana recorria às recomendações da mãe. professores paravam no meu colégio, acreditava na greve dos
( ) Sempre sai para o trabalho às sete horas. objetos: moedas e anéis rolavam e cédulas voavam dos bolsos
( ) Guilherme foi à Itália, à Espanha e à Áustria. para protestar por melhores condições.
( ) Raquel foi à cidade enquanto o marido foi à praia. Sofria para me manter estável, pois nunca pedia dinheiro a
ninguém. Desde cedo, descobri que vadiar é também trabalhar
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA das duro.
respostas, de cima para baixo.
Disponível em: <
a) F – V – V – V – V.
http://carpinejar.blogspot.com.br/2016/06/achado-nao-e-
roubado.html > Acesso em: 22 jun. 2016.
b) V – V – F – V – F.
c) F – V – F – V – V.
(G1 - ifsul 2017) As palavras que completam, de maneira
d) V – F – F – F – F. correta, as lacunas no texto, de cima para baixo, são,
respectivamente,
e) F – F – V – V – V. a) reinvindicar – broxes – as.
Exercício 56
b) reinvindicar – broches – as.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto, do qual foram retiradas três palavras, e responda
c) reivindicar – broches – às.
à(s) questão(ões).
Devemos mudar nosso estilo de vida. É preciso um pacto entre Salve, lindo pendão1 da esperança,
gerações Salve, símbolo augusto2 da paz!
Tua nobre presença à lembrança
Os custos ligados ao desenvolvimento sustentável do planeta são A grandeza da pátria nos traz.
infinitamente menores do que qualquer nossa inércia. Hoje, a (trecho do Hino à Bandeira – letra de Olavo Bilac música de
dimensão e a velocidade da mudança climática desafiam Francisco Braga)
qualquer negacionismo: comentamos sobre a seca prolongada,
mas _____ algumas semanas estávamos _____ voltas com o gelo Glossário:
e antes disso com as chuvas aluviais. Alguns dizem que isso 1 Pendão – bandeira, flâmula
sempre aconteceu: não é verdade. A intensidade e a
2
agressividade dos fenômenos meteorológicos estão na cara de Augusto – nobre
todos. O clima extremo tem um impacto tangível na qualidade da
produção agrícola, portanto em nossa alimentação e em nossa
saúde e, portanto, nos números de nossa exportação que é (Eear 2019) No fragmento do texto “Tua nobre presença à
baseada na excelência do agronegócio. Antes que seja tarde lembrança A grandeza da pátria nos traz”, ocorre crase
demais, algo deve ser feito: no plano global, é claro, mas também a) por haver um verbo, embora posposto, que reclama a
mudando nossos estilos de vida insustentáveis. preposição “a”.
O comentário é de Andrea Segrè, agro-economista e professor
universitário em Bolonha, escreveu "Il gusto per le cose giuste. b) por conta da presença da preposição “traz” que reclama a
Lettera alla generazione Z” (O gosto para as coisas certas. Carta ocorrência de crase.
_____ geração Z" (Monadori), publicado por la Repubblica, 12-03-
2019. A tradução é de Luisa Rabolini. c) para evitar a ambiguidade gerada pela inversão dos versos,
Desde agosto do ano passado, Greta Thunberg nos lembra isso tratando-se de uso de acento diferencial.
com insistência, antes uma estudante solitária acampada em
frente ao parlamento sueco, agora líder do movimento Global d) para que o leitor reconheça o sujeito “à lembrança”, por meio
Climate Strike. Os jovens estão nos dando uma grande lição: nós do acento grave em seu adjunto adnominal “a”.
vivemos a crédito e deixaremos _____ eles um planeta no
vermelho. A dívida pública e a dívida ecológica são apostas feitas Exercício 59
jogando sobre o futuro daqueles que ainda não nasceram, e TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
apenas um pacto intergeracional pode mitigar esse futuro em Escrever é um ato 1não natural. 2A palavra falada é mais
queda livre. Respeitar os acordos internacionais sobre o clima é velha do que nossa espécie, e o instinto para a linguagem permite
apenas o primeiro passo: os resultados serão vistos em algumas que as crianças engatem em conversas articuladas anos antes de
gerações. Enquanto isso, devemos nos focar sobre a pesquisa e a entrar numa escola. 3Mas a palavra escrita é uma invenção
formação, mesmo na agricultura. Assistimos, na Itália, ao recente que não deixou marcas em nosso 4genoma e precisa ser
envelhecimento da classe dos agricultores - 41% têm mais de 65
adquirida 5mediante esforço ao longo da infância e depois.
anos, apenas 4% têm menos de 35 anos. A agricultura inteligente 6
A fala e a escrita diferem em seus mecanismos, 7é claro, e
pode nos ajudar contra a mudança climática com a tecnologia,
mas precisamos saber como usá-la. A pesquisa pode desenvolver essa é uma das razões pelas quais 8as crianças precisam lutar
a resistência das plantas, mas é necessário investir. com a escrita: reproduzir os sons da língua com um lápis ou com o
teclado 9requer prática. 10Mas a fala e a escrita diferem também
Disponível em: ˂http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/587390- de outra maneira, o que faz da aquisição da escrita um desafio
devemos-mudar-nosso-estilo-de-vida-e-preciso-um-pacto- para toda uma vida, mesmo depois que seu funcionamento foi
entre-geracoes˃ Acesso em: 25 ago. 2019. dominado. Falar e escrever envolvem tipos diferentes de
relacionamentos humanos, e somente o que 11diz respeito à fala
nos chega naturalmente. A conversação falada é 12instintiva
(G1 - ifsul 2020) Assinale a alternativa que completa porque a interação social é instintiva: falamos às pessoas “com
corretamente as lacunas acima quem temos diálogo”. Quando começamos um diálogo com
a) à, as, a, a nossos interlocutores, temos uma suposição do que já sabem e
do que poderiam estar interessados em aprender, e durante a
b) à, as, à, à conversa monitoramos seus olhares, expressões faciais e
atitudes. Se eles precisam de esclarecimentos, ou não conseguem
c) há, às, a, a aceitar uma afirmação, ou têm algo a acrescentar, podem
interromper ou replicar.
d) há, às, à, a Não gozamos dessa troca de feedbacks quando lançamos
ao vento um texto. Os destinatários são invisíveis e
Exercício 58
13imperscrutáveis, e temos que chegar até eles sem conhecê-los Felizmente a dor existirá sempre, a 10nossa velha amiga, nada a
bem ou sem ver suas reações. 14No momento em que suprimirá. E 11seríamos ingratos se 12desejássemos a supressão
escrevemos, o leitor existe somente em nossa imaginação. dela, não 13lhe parece? Veja como os nossos ricaços em geral são
Escrever é, antes de tudo, um ato de faz de conta. Temos de nos burros.
imaginar em algum tipo de conversa, ou correspondência, ou Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos
discurso, ou solilóquio, e colocar palavras na boca do pequeno trouxesse tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem desgostoso,
avatar que nos representa nesse mundo simulado. porque não nascemos para tal sensaboria. O meu desejo é que,
eliminados os ricos de qualquer modo e os sofrimentos causados
Adaptado de Steven Pinker, Guia de Escrita por eles, venham novos sofrimentos, 14pois sem isto não temos
arte.
E adeus,15 meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para
(Mackenzie 2018) Assinale a alternativa correta.
Maria.
a) É claro (ref. 7) é oração intercalada que tem como função
reafirmar o que se diz no período anterior. Graciliano
b) Alterar a posição do advérbio não (ref. 1) para o início do sensaboria: contratempo, monotonia
período manteria o mesmo sentido do que se encontra no texto
tal como está.
(Mackenzie 2018) Assinale a alternativa correta.
c) O conector mas (ref. 3) introduz período que semanticamente
a) A forma pronominal o (referência 3) refere-se ao substantivo
estabelece uma consequência em relação ao afirmado no período
trabalho, presente no período imediatamente posterior ao do
anterior.
emprego do pronome citado.
Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor Cândido Portinari e) A forma pronominal lhe (referência 13) refere-se
anaforicamente ao substantivo dor, presente no início do
Rio – 18 – Fevereiro – 1946 parágrafo.
1
Caríssimo Portinari: Exercício 61
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A sua carta chegou muito atrasada, e receio que 2esta resposta já A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionadas ao texto abaixo.
não 3o ache 4fixando na tela a nossa pobre gente da roça. Não há
trabalho mais digno, penso eu. 5Dizem que somos pessimistas e Não faz muito que 1temos esta nova TV com controle remoto,
exibimos deformações; 6contudo as deformações e miséria 2
mas devo dizer que se trata agora de um instrumento sem 3o
existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram. qual eu não saberia viver. Passo os dias sentado na velha
O que às vezes pergunto 7a mim mesmo, com angústia, Portinari, poltrona, mudando de um canal para o outro – uma tarefa que
é 8isto: se elas desaparecessem, poderíamos continuar a antes exigia certa movimentação, 4mas que agora ficou muito
trabalhar? Desejamos realmente que elas desapareçam ou fácil. Estou num canal, não gosto – 5zap, mudo para outro. 6Eu
seremos também uns exploradores, tão perversos como os 7gostaria de ganhar em dólar num mês o número de vezes que
outros, quando expomos desgraças? Dos quadros que você você troca de canal em uma hora, diz minha mãe. 8Trata-se de
mostrou 9quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que
uma pretensão fantasiosa, 9mas pelo menos 10indica
mais me comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua 11disposição para o humor, admirável nessa mulher.
casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e
12Sofre minha mãe. Sempre 13sofreu14: infância carente, pai
sem miséria seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e
cruel, etc. Mas o seu sofrimento aumentou muito quando meu pai
feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que faríamos
a deixou. Já faz tempo; foi logo depois que eu nasci, e estou agora
cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.
com treze anos. Uma idade em que se vê muita televisão, e em e) à – a – à – à
que se muda de canal constantemente, ainda que minha mãe
Exercício 62
ache 15isso um absurdo. Da tela, uma moça sorridente pergunta
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
se o caro telespectador já conhece certo novo sabão em pó.
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
16
Não conheço nem quero conhecer, de modo que – 17zap –
mudo de canal. “Não me abandone, Mariana, não me AÇÚCAR, O NOVO CIGARRO
abandone18!”. Abandono, sim. Não tenho o menor 19remorso, e
agora é um desenho, que eu já vi duzentas vezes, e – 20zap – um 1. Há um setor que vende um produto que faz mal à saúde do
homem 21falando. Um homem, abraçado _____1_____ guitarra homem. Uma geração atrás, esse era o setor fumageiro, e o
elétrica, fala _____2_____ uma entrevistadora. É um roqueiro. É produto era o cigarro. Hoje, é o setor alimentício e o produto é o
meio velho, tem cabelos grisalhos, rugas, falta-lhe um dente. É o açúcar. O açúcar adicionado – não o açúcar natural que existe em
meu pai. frutas e legumes – está em tudo. Uma das maiores fontes são
bebidas como refrigerantes, energéticos e sucos, mas um passeio
É sobre mim que 22ele fala. Você tem um filho, não tem?,
pelo supermercado mostra que há açúcar adicionado a pães,
pergunta a apresentadora, e ele, meio 23constrangido – situação
iogurtes, sopas, vinhos, salsichas – na verdade, a quase todos os
pouco admissível para um roqueiro de verdade –, diz que sim, que
alimentos industrializados.
tem um filho só que não vê há muito tempo. Hesita um pouco e
2. Esse “açúcar invisível” recebe muitos nomes. Nos Estados
acrescenta: você sabe, eu tinha que fazer uma opção, era a família
Unidos e na Europa, por exemplo, o consumidor pode encontrar
ou o rock. A entrevistadora, porém, insiste (24é chata, ela): mas o
até 83 nomes diferentes para o açúcar adicionado. Sobre esse
seu filho gosta de rock25? Que você saiba, seu filho gosta de
assunto, Helen Bond, nutricionista da Associação Dietética
rock26? Britânica, diz: “É um marketing inteligente: palavras como ‘frutose’
Ele se mexe na cadeira; o microfone, preso _____3_____ fazem pensar que estamos reduzindo o açúcar adicionado, mas o
desbotada camisa, roça-27lhe o peito, produzindo um fato é que estamos polvilhando açúcar branco sobre a comida.”
desagradável e bem audível rascar. Sua angústia é Outros especialistas afirmam, ainda, que esse açúcar a mais é
compreensível; aí está, num programa local e de baixíssima completamente desnecessário, pois, ao contrário do que a
audiência – e ainda tem de passar pelo vexame de uma pergunta indústria alimentícia quer que acreditemos, o organismo não
que o embaraça e à qual não sabe responder. E então ele me precisa da energia de nenhum açúcar adicionado.
olha. 28Vocês dirão que não, que é para a câmera que ele olha; 3. No Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde,
aparentemente é isso; mas na realidade é a mim que ele olha, o açúcar adicionado representa da ingestão total de açúcar
sabe que, em algum lugar, diante de uma tevê, estou a fitar seu do brasileiro. Ainda segundo o Ministério, o excesso de açúcar na
rosto atormentado, as lágrimas me correndo pelo rosto; e no meu dieta é fator de risco para o desenvolvimento da obesidade,
olhar ele procura a resposta _____4_____ pergunta da embora o perigo para a saúde não seja só o desenvolvimento
apresentadora: você gosta de rock? Você gosta de mim? Você me desse mal: há indícios que ligam o açúcar a doenças hepáticas,
29 diabetes tipo 2, cardiopatias e cáries. Ainda assim, o setor de
perdoa? – mas aí comete um engano mortal : insensivelmente,
automaticamente, seus dedos começam a dedilhar as cordas da bebidas e alimentos continua a promover o açúcar, com muita
guitarra, é o vício do velho roqueiro. Seu rosto se ilumina e 30ele publicidade de seus produtos açucarados. Grandes quantias
vai dizer que sim, que seu filho ama o rock tanto quanto ele, mas também são empregadas para se opor à rotulagem mais explícita
dos produtos e combater o aumento da tributação de alimentos e
nesse momento – 31zap – aciono o controle remoto e ele some.
32Em seu lugar, uma bela e sorridente jovem que está – à exceção bebidas açucarados.
4. Os defensores da saúde pública levantam a ideia de que duas
do pequeno relógio que usa no pulso – nua, completamente nua.
abordagens bem-sucedidas na redução do hábito de fumar são
necessárias no combate ao consumo excessivo de açúcar: a
Adaptado de: SCLIAR, M. Zap. In: MORICONI, Í. (Org.) Os cem
educação do consumidor e a tributação. Em janeiro de 2014, o
melhores contos brasileiros.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 547-548. México criou um imposto de sobre bebidas açucaradas, e
sua venda caiu no primeiro ano. Na França, um imposto
sobre refrigerantes criado em 2012 resultou no declínio gradual
do consumo. A Noruega tributa alimentos e bebidas açucarados e
(Ufrgs 2017) Assinale a alternativa que preenche corretamente divulga informações há muitos anos, com bons resultados. Em
as lacunas 1, 2, 3 e 4, nesta ordem. março deste ano, o chanceler britânico George Osborne anunciou
a criação de um imposto sobre bebidas açucaradas a ser cobrado
a) à – a – à – a
de produtores e importadores de refrigerantes.
5. Embora tenha havido algum sucesso com a tributação, o setor
b) à – à – a – a
de alimentos e bebidas continua a fazer pressão contra informar
sobre o açúcar adicionado ao consumidor – mais uma vez,
c) a – à – a – à
exatamente como fizeram as empresas fumageiras ao
combaterem as tentativas do governo de pôr nas embalagens de
d) a – a – à – a
cigarros mensagens alertando para o perigo de fumar (medida
adotada também no Brasil). Na esteira das preocupações em A Educação tem resultados profundos e abrangentes no
relação ao açúcar, o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira desenvolvimento de uma sociedade: contribui para o crescimento
das Indústrias da Alimentação (ABIA) anunciaram recentemente econômico do país, para a promoção da igualdade e bem-estar
que estudam um acordo para reduzir a quantidade de açúcar nos social, e também tem impactos decisivos na vida de cada um. Um
alimentos processados, semelhante ao que é feito com o sal. A deles, por exemplo, é na própria renda do trabalhador. Uma
primeira etapa deve começar em 2017, com análise das principais análise feita __________ alguns anos pelo economista Marcelo
fontes de açúcar na dieta dos brasileiros. Neri mostrou que, a cada ano a mais de estudo, o brasileiro ganha
15% a mais de salário. Além disso, o estudo também mostrou
ECENGARGER, William. AIKINS, Mary S. Açúcar, o novo cigarro que quem completou o Ensino Fundamental tem 35% a mais de
(adaptado). Revista Seleções. chances de ocupação que um analfabeto. Esse número sobe para
Disponível em: <http://www.selecoes.com.br/acucar-o-novo- 122% na comparação com alguém que tenha o Ensino Médio e
cigarro>. Acesso: 01 out. 2016. 387% com Ensino Superior.
Diante disso, o direito do acesso 2à Educação é o ponto de
partida na formação de uma pessoa e, consequentemente, no
desenvolvimento e prosperidade de uma nação. 3Não obstante os
6. (G1 - ifpe 2017) Em relação ao uso do acento grave indicativo
avanços alcançados pelo Brasil nas duas últimas décadas4,
da crase, observe os termos destacados e analise as afirmativas a
5ainda 6há 7importantes desafios a superarmos no que tange
seguir.
esse direito. Se 8por um lado conseguimos universalizar o
I. Em “um produto que faz mal à saúde do homem (...)” (1º atendimento escolar no Ensino Fundamental, temos 9ainda, por
parágrafo), o acento grave foi bem empregado, pois há uma outro lado, 2,8 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora
palavra feminina determinada pelo artigo definido “a” e um outro da escola. Isso corresponde ______ um país do tamanho do
termo que exige a preposição “a”. Uruguai. O desafio, em termos de acesso, é a universalização da
II. No trecho “são empregadas para se opor à rotulagem mais Pré-Escola (crianças de 4 e 5 anos) e do Ensino Médio (jovens de
explícita (...)” (3º parágrafo), houve um equívoco no emprego do 15 a 17 anos).
acento grave, visto que não há indicação de crase pela utilização Há outro desafio em jogo10: o de como motivar 5,3
dos termos destacados. milhões de jovens de 18 a 25 anos que nem estudam e nem
III. Em “A Noruega tributa alimentos e bebidas açucarados e
trabalham, a chamada 11“geração nem-nem”, para trazê-12los de
divulga informações (...)” (4º parágrafo), o acento grave indicativo
volta __________ escola e, posteriormente, 13incluí-los no mundo
da crase deveria ter sido empregado pelo fato de “Noruega” ser
do trabalho. Isso é essencial para um país que passa por um
um substantivo próprio feminino.
IV. No fragmento “imposto sobre bebidas açucaradas a ser bônus demográfico que se completará, 14segundo os
cobrado de produtores e importadores (...)” (4º parágrafo), não foi especialistas, em 2025. O país, para seu crescimento econômico e
empregado o acento grave pelo fato de sua utilização antes de sua sustentabilidade, não poderá abrir mão de nenhum de seus
verbos ser facultativa. jovens.
V. Em “fazer pressão contra informar sobre o açúcar adicionado No Ensino Superior, o 15desafio não é menor. O Brasil
ao consumidor (...)” (5º parágrafo), se substituíssemos a tem apenas 17% de jovens de 18 a 24 anos matriculados nesse
expressão destacada por “as pessoas”, haveria a ocorrência da nível de ensino. Em conformidade com o Plano Nacional de
crase e o acento grave deveria ser empregado no vocábulo “as”. Educação (PNE), o país precisará dobrar esse percentual nos
próximos dez anos, ou seja, chegar __________ 33%. Para se ter
Estão CORRETAS apenas as afirmações constantes nos itens uma ideia da complexidade dessa meta, esse era o percentual
previsto no PNE que se concluiu em 2010. Isso exige – sem que
a) II e III.
haja perda de qualidade com essa expansão – que a educação
básica melhore significativamente, tanto em acesso como em
b) I e IV.
qualidade, tomando como referência os atuais índices de
aprendizagem escolar.
c) II e V.
O acesso 16à Educação é, 17portanto, ainda um desafio e,
caso seja efetivado com qualidade, poderá contribuir
d) III e IV.
decisivamente para que o país 18reduza o enorme hiato que
e) I e V. separa o seu desenvolvimento econômico, medido pelo seu
Produto Interno Bruto – PIB (o Brasil é o 7º PIB mundial) e o seu
Exercício 63 desenvolvimento social, medido pelo seu Índice de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Desenvolvimento Humano – IDH (o Brasil ocupa a 75ª posição no
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões). ranking mundial). Somente quando o país alinhar 19esses índices
nas melhores posições do ranking mundial, teremos de fato um
O acesso 1à Educação é o ponto de partida Brasil com menos desigualdade e menos pobreza. Para que isso
Mozart Neves aconteça, não se conhece nada melhor do que a Educação.
Disponível em: <http://istoe.com.br/o-acesso-educacao-e-o-
ponto-de-partida/>.
Acesso em: 20 mar. 2017)
a) a – há – à – a.
b) há – a – à – há.
c) à – há – a – à.
d) há – a – à – a.
Exercício 64
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
(Esc. Naval 2017) Assinale a opção em que o termo destacado a) Por que – à – a – porquê
deve ser acentuado, conforme ocorre na expressão “à primeira
leitura”. b) Porquê – a – a – por que
Exercício 66
d) Foi a primeira vez que viajei a Portugal, e já quero retornar. (Fatec 2016) Assinale a alternativa que apresenta o correto
emprego da crase.
e) Não peça informações a qualquer primeira pessoa que
encontrar.
a) Alguns atletas olímpicos irão à São Paulo fazer exames
Exercício 65 médicos periódicos.
(Unifesp 2016)
b) À um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, é impossível adquirir
alguns ingressos.
Exercício 67
(G1 - ifce 2016) Assinale a alternativa que exemplifica o uso
correto da crase.
a) O jantar desta noite será um delicioso filé à Chatô. estamos pasmos e sem saber o que fazer por que só pesa no
nosso bolso e a vergonha nem se fala.
b) Voltarei daqui à uma hora.
b) E importante esclarecer que somente a efetivação de
c) O fórum ocorrerá de 15 à 20 deste mês de janeiro. funcionários derivada da realização e admissão através de
concurso público possibilita a criação dos denominados planos de
d) Nosso curso começará à partir da próxima semana. cargos e salários e caracteriza uma carreira, subordinada ao
Estatuto dos Funcionários Públicos.
e) Irei à casa logo depois do treino.
c) Brad Pitt, constrói 109 casas para as vítimas do furacão katrina,
Exercício 68 louvável a atitude, a tragédia acorreu em Agosto de 2005, após
(Acafe 2016) Assinale a alternativa correta quanto ao acento dez anos, no País mais rico do mundo muitos vivem da caridade
indicador de crase. alheia!
a) Em tempos de doenças transmitidas à seres humanos pelo
mosquito Aedes aegypti, médicos de todo o país dirigem-se à d) É só pegar números de sindicalista liberados pelas estatais, só
Curitiba para estudar temas transversais relacionados a dengue, a eles já da uma grande passeata, exemplo disso é o sindicato dos
chikungunya e ao zika. eletrecitários onde tem um monte ganhando na mamata.
Exercício 71
b) Convém não confundir a habitação voltada a moradia própria,
(Acafe 2016) Assinale a frase elaborada de acordo com as
mesmo que irregular, com a ação de especuladores, que, às
normas do português padrão.
vezes, invadem às áreas de preservação permanente e vendem
até barracos prontos. a) Sinceramente, temos a expectativa de que os nossos
governantes passem a tratar com mais atenção as questões de
c) Temos que aprender à punir com o voto todos os corruptores, segurança e, assim, a população possa circular com mais
da direita a esquerda, ano a ano, independentemente da cor liberdade pelas ruas.
partidária.
b) De acordo com os estudos de mobilidade urbana, deveriam
d) Rosamaria recebeu do Juizado Militar a opção da liberdade haver outras alternativas de transporte para a população chegar a
vigiada e pôde sair da cadeia, embora a liberação tivesse fortes praia de Canasvieiras no verão.
limitações como proibição de deixar a cidade, de chegar a casa
após as 22h e de trabalhar. c) Consumindo todas as energias nos primeiros 100 metros e, por
isso, não alcançando o índice mínimo para participar da prova
Exercício 69 final.
(G1 - col. naval 2016) Assinale a opção na qual o acento
indicativo de crase foi corretamente empregado. d) Um estilete, uma faca, um porrete, um pedaço de ferro é uma
a) A leitura deve ser um prazer, mas muitos usam um tom irônico arma que pode machucar a alguém com isso, ou mesmo matá-la.
quando se referem à ela.
Exercício 72
b) Às pessoas que leem cabe o papel de ver o mundo de modo
(G1 - cotil 2019) Observe os trechos abaixo e escolha aquele
claro, especial e lúcido, independentemente de classe social.
que mais se aproximar do padrão formal da norma culta,
considerando os aspectos gramaticais, semânticos e lexicais:
c) Quando os livros perdem espaço para o computador, a
sociedade começa à perder oportunidades ímpares de a) ao contrário dos meninos ricos que na maioria das vezes se
conhecimento. perdem dentro de suas próprias mansões, os meninos pobres do
Brasil se perdem nas ruas a míngua e ignorados muitas vezes por
d) Até à Educação pode utilizar-se dos meios cibernéticos, desde aqueles que tem o dever de acolhê-lo, com ele se envolver, se
que não abandone os valores primeiros de sua estrutura. importar e cuidar deles.
e) Quanto à Vossa Senhoria, peço que se retire agora mesmo b) ao contrário dos meninos ricos que, na maioria das vezes se
desse tribunal para não causar maiores constrangimentos. perdem dentro de suas próprias mansões, os meninos pobres do
Brasil se perdem nas ruas a míngua e ignorados muitas vezes por
Exercício 70 aqueles que têm o dever de acolhê-lo, com ele se envolver, se
(Acafe 2016) Assinale o texto cuja redação é a mais adequada à importar e cuidar.
norma padrão da língua portuguesa.
a) Ao saber disso, alguém estaria falando que isto é “SAMBA DE c) ao contrário dos meninos ricos, que, na maioria das vezes,
CRIOLO DOIDO”, onde ninguém se entende, ninguém viu nada e perdem-se dentro de suas próprias mansões, os meninos pobres
muito menos não sabe de nada. E, nós ilustres brasileiros do Brasil se perdem nas ruas à míngua e são ignorados, muitas
vezes, por aqueles que têm o dever de acolhê-los, com eles se
envolver e cuidar deles.
Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos dois
d) ao contrário dos meninos ricos que, na maioria das vezes, se pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os lagostins
perdem dentro de suas próprias mansões, os meninos pobres do saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer ingás? Ou vamos
Brasil se perdem nas ruas a míngua e são ignorados, muitas ficar bestando nessa areia onde o sol dourado atravessa a água
vezes, por aqueles que tem o dever de acolhê-lo, com ele se rasa? Não catemos pedrinhas redondas para atiradeira, porque é
envolver, se importar e cuidar deles. urgente subir no morro; os sanhaços estão bicando os cajus
maduros. É janeiro, grande mês de janeiro!
Exercício 73 Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: morro e descer escorregando no capim até a beira do açude. Com
“Para que ninguém a quisesse” dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval é só no
mês que vem, vamos apanhar tabatinga para fazer formas de
Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, máscaras. Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do
mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se jardim tem um pé de saboneteira.
pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha,
obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os numa simples menina de pernas magras e vamos passear nessa
sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da infância de uma terra longe. É verdade que jamais comeu angu de
gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro fundo de panela?
olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino.
tosquiou-lhe os longos cabelos. Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com o
Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, canivete. Mas não consigo imaginá-la assim; talvez se na praia
homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, ainda houver pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? Tenho
não mais atravessava praças. E evitava sair. Tão esquiva se fez,
uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia. Iremos catar
que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em
conchas cor-de-rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto
silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.
do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três
Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias.
horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de sono,
Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por
você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu lhe vou aipim
ela. Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À
ainda quente com melado. Talvez você fosse como aquela menina
noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que
rica, de fora, que achou horrível nosso pobre doce de abóbora e
restava dos cabelos. Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas
coco.
coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido em Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do
uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então ir descendo o
de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda. rio numa canoa bem devagar e de repente dar um galope na
correnteza, passando rente às pedras, como se a canoa fosse um
(COLASANTI, Marina. Um espinho de Marfim & outras histórias. cavalo solto. Ou nadar mar afora até não poder mais e depois
Porto Alegre: L&PM, 1999, p. 88 - 89.) virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei;
os outros meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-
peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os
(Epcar (Afa) 2019) Assinale a alternativa que apresenta uma soldados de canoa dando tiros, e havia uma mulher do outro lado
análise morfossintática correta. do rio gritando.
a) Em “...um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela...”, a Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la em
crase obrigatoriamente deixará de existir caso o pronome “se” menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu
seja retirado da estrutura, sem mudança de sentido. junto de um tronco queimado; e me lembro de muitas meninas.
Tinha uma que para mim uma adoração. Ah, paixão da infância,
b) Em “À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe paixão que não amarga. Assim eu queria gostar de você, mulher
o que restava dos cabelos.”, a expressão “de cetim” e o pronome estranha que ora venho conhecer, homem maduro. Homem
“lhe” possuem a mesma classificação sintática. maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, você estava distraída,
meus olhos eram outra vez daquele menino feio do segundo ano
c) Em “...sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir primário que quase não tinha coragem de olhar a menina um
que eliminasse os decotes...”, a vírgula é obrigatória para separar pouco mais alta da ponta direita do banco.
duas orações coordenadas. Adoração de infância. Ao menos você conhece um
passarinho chamado saíra? É um passarinho miúdo: imagine uma
d) Em “...permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos...”, saíra grande que de súbito aparecesse a um menino que só
todos os acentos tônicos se justificam pela mesma regra. tivesse visto coleiros e curiós, ou pobres cambaxirras. Imagine um
arco-íris visto na mais remota infância, sobre os morros e o rio. O
Exercício 74 menino da roça que pela primeira vez vê as algas do mar se
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: balançando sob a onda clara, junto da pedra.
Passeio à Infância Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da
infância. Na minha adolescência você seria uma tortura. Quero
levá-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma vez na
fazenda rira: ele não sabe nem passar um barbicacho! Mas o que determinadas situações, é em grupo que nos fortaleceremos e
sei lhe ensino; são pequenas coisas do mato e da água, são nos motivaremos a continuar.
humildes coisas, e você é tão bela e estranha! Inutilmente tento Essa necessidade de aceitação é mais forte entre os adolescentes,
convertê-la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um que querem se autoafirmar junto àqueles com os quais se
pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés. identifica, ou mesmo junto aos que julgam descolados. A
Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande! Na maturidade vem nos tranquilizar nesse sentido, facilitando nossa
adolescência e torturaria; mas sou um homem maduro. Ainda conformidade com o que somos e temos, tornando-nos mais
assim às vezes é como um bando de sanhaços bicando os cajus aptos a nos aceitar, a sermos o que pulula aqui dentro.
de meu cajueiro, um cardume de peixes dourados avançando, Infelizmente, muitos não conseguem encontrar a própria
saltando ao sol, na piracema; um bambual com sombra fria, onde individualidade, incapazes que são de se tornarem seres
ouvi um silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir! autônomos, com vontades e desejos próprios, permanecendo
Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com dependentes do julgamento alheio enquanto viverem. Passam a
cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas cigarras vida seguindo o rebanho homogêneo do que é comum,
cantando numa pobre tarde de homem. socialmente disseminado como o certo, do que é da maioria,
menos de si próprio. Lutam contra si mesmos, deixando
Julho, 1945 adormecidos seus sonhos e aspirações, por medo da censura
alheia.
Crônica extraída do livro 200 crônicas escolhidas, de Rubem Isso porque não é fácil viver as próprias verdades, correr atrás do
Braga que faz o nosso coração vibrar, dizer o que sentimos, exprimir o
que pensamos, haja vista o policiamento ostensivo de gente que
critica agressivamente qualquer um que não siga o rebanho dos
ditames e convenções sociais já cristalizadas. Hoje, ser alguém
(Efomm 2019) A possibilidade da presença de um acento grave único, autêntico, verdadeiro consigo mesmo, é ofensivo e passível
ocorre na opção: de ataques condenatórios por parte da sociedade.
Até entendemos a homogeneidade nas vestimentas e linguajares
a) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e
de adolescentes, porém, a vida adulta nos impõe nada menos do
descer escorregando no capim até a beira do açude.
que viver o que se é, lutar pelo que se acredita, fazer o que se
gosta, sem ferir ninguém, mas agindo de acordo com o que pulsa
dentro de cada um de nós. Agradar a maioria, enquanto se vive
b) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do
em desagrado íntimo, equivale a uma tortura diária e injusta.
bambual; ali pescarei piaus.
Nascemos livres para sermos nós mesmos, porque não há nada
mais belo e prazeroso do que uma vida sem mentiras e
c) Ou nadar mar afora até não poder mais e depois virar e ficar
frustrações.
olhando as nuvens brancas.
Fonte: http://www.contioutra.com/pessoas-se-ofendem-com-
d) (...) olhos daquele menino feio do segundo ano primário que
quem-e-autentico/. 27 abr. 2017.
quase não tinha coragem de olhar a menina um pouco mais alta
da ponta direita do banco.
d) correta, tal como em “Fui àquela praça, mas não o encontrei”. b) Ensinar à distância é uma tarefa árdua, mas bastante
desafiadora para todos nós.
e) incorreta, tal como em “Dirigiu-se ao local disposto à falar com
o delegado”. c) Por motivos óbvios, todos sabem que as redações devem,
sempre, ser redigidas à mão.
Exercício 78
(G1 - ifsc 2016) Considerando a norma padrão da língua escrita,
d) Cabe à sociedade auxiliar na construção da cidadania de
assinale a alternativa CORRETA.
crianças e de jovens, em qualquer tempo.
a) Na última terça-feira, fui ao cinema para ver o último filme de
Woody Allen. Embora a crítica não tenha se posicionado e) Se a escola entrega à população uma educação de qualidade,
favoravelmente ao longa-metragem, a sessão à qual assisti jovens e crianças têm um futuro promissor.
estava praticamente lotada.
Exercício 81
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
b) Os jornais publicaram uma notícia terrível sobre os temporais
Para responder a(s) questão(ões), leia o texto a seguir.
ocorridos no oeste do estado. Apesar das matérias serem
esclarecedoras, nenhum de nós compreendemos bem o que e
A humanidade parece ter um problema recorrente com o uso do
como tudo aconteceu.
sal [...]. O historiador britânico Felipe Fernandez-Arnesto, da
Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, diz que, desde
c) Ontem à tarde, levei as nossas filhas a praça para brincarem no
que os primeiros humanos deixaram de ser nômades, houve um
parquinho. Quando voltamos, elas tomaram banho, jantaram e
crescimento explosivo do uso do sal. A ingestão diária aumentou
foram se deitar. Como estavam cansadas, deixei-as dormirem
cinco ou seis vezes desde o período paleolítico – com enorme
bastante.
aceleração nas ultimas décadas. A American Heart Association,
que reúne os cardiologistas americanos, estima que mudanças no
d) No último encontro, expliquei aos alunos toda à situação. A
maioria da turma entendeu e concordou com os motivos pelos estilo de vida provocaram aumento de no consumo de sal
1
quais ficaram sem aula nos dois primeiros meses do ano. desde os anos 1970. Em boa medida, graças ao consumo de
e) Na reunião dos diretores, ficou estabelecido que todos os comida industrializada.
inscritos participarão do debate na Câmara de Vereadores do A culpa pelo abuso do sal não deve, porém, ser atribuída somente
município. Embora os governantes tem de discutir as propostas, a 2à indústria. A maior responsabilidade cabe ao nosso paladar. Os
responsabilidade não cabe apenas a eles. especialistas acreditam que a natureza gravou em nosso cérebro
circuitos que condicionam a gostar de sal e procurar por ele – em
Exercício 79
razão do sódio essencial que contém. A indústria, assim como a
(G1 - utfpr 2015) Analise a frase:
arte gastronômica, responde 3ao desejo humano. “É provável que
o sal seja tão apreciado porque tem a capacidade de ativar o
Poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros
sistema de recompensa do nosso cérebro”, diz o neurofisiologista
aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da
brasileiro Ivan de Araújo, afiliado a Universidade Yale, nos
inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou raça
Estados Unidos. Isso significa que sal nos deixa felizes [...].
utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
Com base nas repercussões negativas na saúde pública, muitos
Considerando o texto acima, assinale a alternativa correta quanto médicos têm falado em “epidemia salgada” e promovido um
às regras gramaticais. movimento similar 4àquele que antecedeu as restrições impostas
ao tabaco e ao álcool. Desde 2002, a Organização Mundial da
a) O verbo poder está no plural porque concorda com “aqueles”.
Saúde (OMS) faz campanhas para chamar a atenção sobre o
excesso de sal. O movimento que defende as restrições ao sal já
b) O verbo concorrer exige complemento e se este for feminino
chegou 5ao Brasil. Na segunda quinzena de junho, reuniram-se
plural não deve vir com crase.
em Brasília representantes do meio acadêmico, da indústria de
alimentos, técnicos do Ministério da Saúde, da Agricultura e da
c) O termo “utilizado” refere-se à expressão “cor ou raça”.
Anvisa, agência federal que regulamenta a venda de comida
industrializada e remédios. Como meta, discutiu-se passar, em
d) O adjetivo “reservadas” refere-se a “inscrição”.
dez anos, de gramas per capita de sal por dia para os
e) A conjunção “conforme” pode ser substituída por “já que”. gramas recomendados pela OMS. “Essa mudança ajudaria a
E esses novos cargos e deveres novos, que foram se comida razoável, preços idem, não tem música de triturar os
multiplicando a bordo de velhos e saudosos navios, deixariam
ouvidos. 11O dono senta-se à mesa da gente, para bater um papo
agradáveis e duradouras lembranças em nossa memória. Com o leve, sem intimidades.
passar dos tempos, inúmeros Conveses e Praça d’ Armas, hoje 3Meu relógio parou. Pergunto-lhe quantas horas são.
saudosas, foram se incorporando ao acervo profissional-afetivo
— Estou sem relógio.
de cada um dos integrantes daquela Turma de Guardas-Marinha
— Então vou perguntar ao garçom.
de 1967.
Ele também está sem relógio.
Ah! Como é gratificante, ainda que melancólico, repassar tantas
— E o colega dele, que serve aquela mesa?
lembranças, tantos termos expressivos, tanta gíria maruja, tantas
— Ninguém está com relógio nesta casa.
tradições, fainas e eventos tão intensamente vividos a bordo de
— Curioso. É moda nova?
inesquecíveis e saudosos navios...
2— Antes de responder, e se o senhor permite, vou lhe fazer, não
E as viagens foram se multiplicando ao longo de bem
aproveitados anos de embarque, de centenas de dias de mar e de propriamente um pedido, mas uma sugestão.
— Pois não.
milhares de milhas navegadas em alto mar, singrando as
extensas massas líquidas que formam os grandes oceanos, ou ao — Não precisa trazer relógio, quando vier jantar.
— Não entendo.
longo das águas costeiras que banham os recortados litorais, com
passagens, visitas e arribadas em um sem-número de enseadas, — Estamos sugerindo aos nossos fregueses que façam este
baías, barras, angras, estreitos, furos e canais espalhados pelos pequeno sacrifício.
quatro cantos do mundo, percorridos nem sempre com mares — Mas o senhor podia explicar...
bonançosos e ventos tranquilos e favoráveis. — Sem querer meter o nariz no que não é da minha conta,
Inúmeros foram também os portos e cidades visitadas, não só no gostaria também que trouxesse pouco dinheiro, ou antes,
contato com povos diferentes e até mesmo de culturas exóticas e — Coma o que quiser, depois mandamos receber em sua casa.
5— Bem, eu moro ali adiante, mas e outros, os que nem se sabe
hábitos às vezes totalmente diversos dos nossos, como os
ribeirinhos amazonenses ou os criadores de serpentes da antiga onde moram, ou estão de passagem na cidade?
Taprobana, ex-Ceilão e hoje Sri Lanka. — Dá-se um jeito.
Como foi fascinante e delicioso navegar por todos esses cantos. — Quer dizer que nem relógio nem dinheiro?
Cada novo mar percorrido, cada nova enseada, estreito ou porto — Nem joias. 12Estamos pedindo às senhoras que não venham
visitado tinha sempre um gosto especial de descoberta... Sim, de joia. É o mais difícil, mas algumas estão atendendo.
pois, como dizia Câmara Cascudo, “o mar não guarda os vestígios — Hum, agora já sei.
das quilhas que o atravessam. Cada marinheiro tem a ilusão — Pois é. Isso mesmo. O amigo compreende...
cordial do descobrimento”. — Compreendo perfeitamente.
Desculpa ter custado um pouco a entrar na jogada. Sou meio
(CÉSAR, CMG (RM1) William Carmo. Laivos de memória. In: 6obtuso quando estou com fome.
Revista de Villegagnon, Ano IV, nº 4, 2009. p. 42-50. Texto — Absolutamente. Até que o amigo compreendeu sem que eu
adaptado) precisasse dizer 7tudo. Muito bem.
— Mas me diga uma coisa. Quando foi 8isso?
— Quarta-feira passada.
(Esc. Naval 2016) Assinale a opção em que o uso do acento
grave, indicativo de crase, é facultativo. — E como 9foi, pode-se saber?
— Como 10podia ser? Como nos outros lugares, no mesmo
a) “[...] novos rumos à minha vida.” (2º parágrafo)
figurino. Só que em ponto menor.
— Lógico, sua casa é pequena. Mas levaram o quê?
b) “[...] resistir à sedução e ao fascínio [...].” (3º parágrafo)
— O que havia na caixa, pouquinha coisa. Eram 9 da noite, dia
meio parado.
c) “[...] às nossas caras famílias de origem [...].” (6º parágrafo)
— Que mais?
— Umas coisinhas, liquidificador, relógio de pulso, meu, dos
d) “[...] às respectivas cidades de nascimento [...]” (6º parágrafo)
empregados e dos fregueses.
— An. (Passei a mão no pulso, instintivamente.)
e) “[...] às vezes totalmente diversos [...].” (17º parágrafo)
— O pior foi o cofre.
Exercício 88 — Abriram o cofre?
13— Reviraram tudo, à procura do cofre. Ameaçaram, pintaram e
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto a seguir para responder a(s) questão(ões). bordaram. Foi muito desagradável.
— E afinal?
Esparadrapo — Cansei de explicar a eles que não havia cofre, nunca houve,
como é que eu podia inventar cofre naquela hora?
— Ficaram decepcionados, imagino. anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem
— Não senhor. Disseram que tinha de haver cofre. Eram cinco, contato 5nem notícia.
inclusive a moça de bota e revólver, querendo me convencer que A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________
tinha cofre escondido na parede, no teto, embaixo do piso, sei lá.
minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, 11mas de
— E o resultado?
— Este — e baixou a cabeça, onde, no cocuruto, alvejava a estrela maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com
de esparadrapo. todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na
4— Oh! Sinto muito. Não tinha notado. Felizmente escapou, é o intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais
que vale. Dê graças a Deus por estar vivo. íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos
livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando
— Já sei. Sabe que mais? Na polícia me perguntaram se eu tinha
seguro contra roubo. E eu pensando que meu seguro fosse a meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta,
talvez até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é
polícia. 14Agora estou me segurando à minha maneira, deixando
as coisas lá em casa e convidando os fregueses a fazer o mesmo. totalmente estranho. De repente fere-me 2__________ ideia de
E vou comprar um cofre. Cofre pequeno, mas cofre. que o intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de
— Para que, se não vai guardar dinheiro nele? hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete
— Para mostrar minha boa-fé, se eles voltarem. Abro anos. O intruso sou eu, não ele.
imediatamente o cofre, e verão que não estou escondendo nada. Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de
Que lhe parece? ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em
— Que talvez o senhor precise manter um estoque de
respondê-las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse
esparadrapo em seu restaurante.
caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas
Assinale a alternativa CORRETA: parece que fascinado, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e
conta que, toda vez que faz reparos 3__________comida, mamãe
a) Em todas as frases, a ocorrência da crase explica-se pela
diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De
regência dos verbos, porque temos sempre verbos intransitivos.
repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que
se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o
b) Na frase III, ainda haveria crase caso o substantivo procura jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um
fosse substituído pelo verbo procurar: Reviraram tudo, à procurar cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele
pelo cofre. suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça.
de sessões individuais e em grupo, 80% voltam a niveis aceitáveis nos perenizarmos como singularidade, desejamos subsumir na
de uso da internet. Não seria factível, tampouco desejável, que se névoa...como a 14montanha e a tarde.
mantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por A vida sempre para numa tarde assim. É como se tudo
exemplo, de um alcoólatra em relação à bebida. Com a rede, congelasse. Moléculas, músculos, máquinas e espíritos
afinal, descortina-se uma nova dimensão de acesso às interrompem seu 5furor produtivo 19e se rendem, estáticos, à
informações, à produção de conhecimento e ao próprio lazer, dos 6magia da tarde cinzenta.
quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a 20Numa tarde assim, não há senão uma coisa a fazer:
questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um
contemplar. O espírito, carregando consigo um corpo por vezes
consenso acerca do razoável: até duas horas diárias, no caso de
contrariado, 7aquieta-se e divaga; 8torna-se receptivo a tudo: aos
crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for
sedimentada, melhor. Na avaliação de uma das psicólogas, "Os mínimos sons, 24às réstias de luz que atravessam a névoa, ao
pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os filhos lento e pesado progresso que tudo conduz para o fim do dia, para
sobre como usá-lo de forma útil e saudável". Desse modo, reduz- o mergulho nas brumas da noite. 25As narinas absorvem com
se drasticamente a possibilidade de que, no futuro, eles prazer um odor que parece carregado de umidade; a pele sente o
enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados. toque enérgico do frio. O langor impõe-se e comanda esse estar-
no-mundo como que suspenso por um tênue fio 21que nos liga,
Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. timidamente, à vida ativa.
Adaptado. Nas tardes cinzentas, o coração balança entre a paz e a
inquietação, 23porque a calma e o silêncio inquietam. 9O azáfama
anestesia; 10o não fazer deixa o espírito alerta — como um nervo
(G1 - col. naval 2011) Assinale a opção em que o uso do sinal exposto a qualquer acontecer.
indicador de crase se justifica pela mesma razão que ocorre em "
Não há jamais nada de espetacular nas 15tardes cinzentas,
[...] à medida que o uso da própria rede se dissemina." (1º
a não ser o espetáculo da própria tarde. E este é grandiosamente
parágrafo)
simples: ar friorento, claridade difusa que se perde no cinza,
a) "[...] mas pesa também uma explicação de fundo mais contemplação, inatividade e o contraditório do espírito aguçado e
psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz." (3º acuado por esse acontecer minimalista da vida.
parágrafo)
Na tarde fria e cinzenta, corpos se rendem ao aconchego considera que, entre especialistas, o assunto é controverso. Como
de 16roupas macias ou de braços macios em abraços suaves. explicar o fenômeno?
Somente olhares e corações conservam o fogo das paixões. As Estamos aqui diante de um dos mais fascinantes aspectos da
vozes agudas e imperativas transformam-se em sons baixos, natureza. Se você pretende produzir seres sociais, precisa
quase guturais, que muitas vezes convertem-se em sussurros, encontrar um modo de fazer com que eles colaborem uns com os
como temendo quebrar a magia da tarde. outros e, ao mesmo tempo, se protejam dos indivíduos dispostos
Não nos iludamos com as aparências: não há a explorá-los. A fórmula que a evolução encontrou para
necessariamente tristeza nas tardes cinzentas. Mas também não equacionar esse e outros dilemas foi embalar regras de conduta
existe aquela alegria inconsequente dos dias cálidos e dourados em instintos, emoções e sentimentos que provocam ações que
pelo sol. 22Existe, sim, um equilíbrio perfeito, numa equidistância funcionam em mais instâncias do que não funcionam.
Assim, para evitar a superexploração pelos semelhantes,
entre o tédio e a euforia, fazendo-nos caminhar sobre um 17tênue
desenvolvemos verdadeiro horror àquilo que percebemos como
fio distendido entre o amargor e a satisfação, entre o entusiasmo
injustiças. Na prática, isso se traduz no impulso que temos de
e o tédio. Tudo isso, porém, só se mostra aqui e ali, em meio à
punir quem tenta levar vantagem indevida. Quando não podemos
bruma difusa, ao cinza que permeia tudo.
castigá-los diretamente, torcemos para que levem a pior, o que,
Uma simples tarde cinzenta pode parar o mundo, pode
além de garantir o sucesso de filmes de Hollywood, torna a
deter a vida. Somente por um instante. Mas talvez apenas nos
justiça retributiva algo popular em nossa espécie.
corações sensíveis.
Isso, porém, é só parte do problema. Uma sociedade pautada
apenas pelo ideal de justiça soçobraria. Se cada mínima ofensa
CARINO, J.
exigisse imediata reparação e todos tivessem de ser tratados de
Disponível em: http://www.almacarioca.net/tarde-cinzenta-j-
forma rigorosamente idêntica, a vida comunitária seria impossível.
carino/
A natureza resolve isso com sentimentos como amor e
Acesso em: 23 ago. 2010. (Adaptado)
favoritismo, que permitem, entre outras coisas, que mães prefiram
seus próprios filhos aos de desconhecidos.
Nas sociedades primitivas, bandos de 200 pessoas onde todos
(Cesgranrio 2011) Considere as afirmativas abaixo, segundo o
tinham algum grau de parentesco, o sistema funcionava
registro culto e formal da língua.
razoavelmente bem. Os ímpetos da justiça retributiva eram
I. O uso do acento grave indicativo da crase em “às réstias de luz
modulados pela empatia familiar. Agora que vivemos em grupos
que atravessam a névoa,” (ref. 24), constitui caso de regência
de milhões sem vínculos pessoais, a vontade de punir impera
nominal.
inconteste.
II. Em “As narinas absorvem com prazer um odor...” (ref. 25),
SCHWARTSMAN, Hélio. Folhaonline, em 24 jun. 2015.
substituindo-se o verbo destacado por aspirar, teríamos as
narinas aspiram com prazer a um odor.
Considere o verbo grifado na seguinte frase extraída do texto:
III. Acrescentando-se à expressão destacada em “...que nos liga,
“Uma sociedade pautada apenas pelo ideal de justiça soçobraria”.
timidamente, à vida ativa.” (ref. 21) o pronome minha (à minha
Um dos objetivos de um dicionário é esclarecer o significado das
vida ativa), o uso do acento grave indicativo da crase passa a ser
palavras, apresentando as acepções de um vocábulo indo do
facultativo.
literal para o metafórico. No caso dos verbos, há também
informações sobre a regência.
Está correto o que se afirma em
Exercício 3
Exercício 16
c) I, III e IV apenas.
c) Todos aspiramos a um mundo no qual a verdade, a
transparência e o respeito estejam a serviço da humanidade.
Exercício 4
Exercício 21
Exercício 9 Exercício 23
a) Aquela, sim, era a morte a que eu aspirava. b) objeto direto e objeto indireto, ambos representados pelo
vocábulo “lho”.
Exercício 10
deixem o celular e participem das aulas. c) Refiro-me ao livro que está sobre a mesa.
Exercício 11
b) 1 e 2 apenas.
Exercício 12
esticam [...]” (4º parágrafo) – Quando falo em conversa, aludo d) Está apropriada a expressão, devendo-se manter a oração
àquelas que se esticam. como está.
Exercício 41
Exercício 28
c) à – a – a – as.
e) “[...] na capa, como se isso sinalizasse o direito de posse.” (8º
parágrafo) – (a)
Exercício 42
Exercício 29
c) por tratar-se de uma expressão adverbial feminina.
a) Em “Para que esse ciclo vicioso seja rompido, são
necessárias ações que incidam na vida do trabalhador [...]” (9º
parágrafo), o verbo sublinhado está corretamente flexionado Exercício 43
em concordância ao sujeito posposto. e) Textos alarmistas e sensacionalistas ganham destaque à
medida que vão sendo compartilhados.
Exercício 30 Exercício 44
e) buscá-la – contar-lhe – o – ajudá-la a) à – À – a – à – a
Exercício 31
c) Apenas I e II.
Exercício 46
Exercício 48
Exercício 35
c) II, III e IV.
a) que - que - de que - para cuja
Exercício 49
Exercício 36
c) à – a – a – às.
e) Ânimo, Brás Cubas; não me sejas palerma.
Exercício 37 Exercício 50
a) “Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa c) ... escrevi uma coluna como está sentado na primeira fila, ao
tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta lado de um bebê com dor de ouvido... / Escrevi uma coluna
crônica.” como está sentado na primeira fila, a esquerda de um bebê
com dor de ouvido.
Exercício 38
Exercício 52
a) O pronome relativo cuja (ref. 2) refere-se à palavra d) Nenhum atleta dessa delegação pode comer o que deseja o
arqueologia, denotando sentido de possessividade. tempo todo, à vontade.
Exercício 53
Exercício 67
b) Preciso estar pronta até às 13h, senão perderei o voo e
todas as conexões. a) O jantar desta noite será um delicioso filé à Chatô.
Exercício 54 Exercício 68
Exercício 70
Exercício 57 b) E importante esclarecer que somente a efetivação de
d) há, às, à, a funcionários derivada da realização e admissão através de
concurso público possibilita a criação dos denominados planos
Exercício 58 de cargos e salários e caracteriza uma carreira, subordinada ao
a) por haver um verbo, embora posposto, que reclama a Estatuto dos Funcionários Públicos.
preposição “a”.
Exercício 71
Exercício 59 a) Sinceramente, temos a expectativa de que os nossos
a) É claro (ref. 7) é oração intercalada que tem como função governantes passem a tratar com mais atenção as questões de
reafirmar o que se diz no período anterior. segurança e, assim, a população possa circular com mais
liberdade pelas ruas.
Exercício 60
Exercício 72
b) O verbo dizem (referência 5) denota que se está diante de
um sujeito da ação indeterminado, sem uma referência precisa c) ao contrário dos meninos ricos, que, na maioria das vezes,
e relativo a comentários que eram familiares aos interlocutores perdem-se dentro de suas próprias mansões, os meninos
da carta. pobres do Brasil se perdem nas ruas à míngua e são
ignorados, muitas vezes, por aqueles que têm o dever de
acolhê-los, com eles se envolver e cuidar deles.
Exercício 61
e) à – a – à – à Exercício 73
d) há – a – à – a. Exercício 74
Exercício 65
Exercício 75
d) Por quê – à – à – porque
c) Essa necessidade de aceitação é mais forte no adolescente,
que quer se autoafirmar junto àqueles com os quais se
Exercício 66 identifica.
Exercício 76 Exercício 85
a) Ela ficou parada à espera de uma oportunidade para dar sua b) antes de palavra feminina regida pela preposição "a".
opinião.
Exercício 77 Exercício 86
e) incorreta, tal como em “Dirigiu-se ao local disposto à falar d) Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer.
com o delegado”.
Exercício 78 Exercício 87
a) Na última terça-feira, fui ao cinema para ver o último filme a) “[...] novos rumos à minha vida.” (2º parágrafo)
de Woody Allen. Embora a crítica não tenha se posicionado
favoravelmente ao longa-metragem, a sessão à qual assisti
estava praticamente lotada. Exercício 88
d) a – a – à – a
Exercício 80
2 3 4
a) Há as onde
Exercício 81
Exercício 91
c) “ao desejo humano” (ref. 3) por à vontade das pessoas
c) Sempre desejou mostrar o mar às suas queridas irmãs.
Exercício 82
Exercício 92
a) O verbo “chegar” estabelece, no segundo quadrinho,
regência com a preposição “a”, a qual se aglutina com o artigo a) Não gostava de fazer os deveres de casa às pressas.
que sucede o verbo.
Exercício 93
Exercício 84 Exercício 95
c) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, às c) t.d/int. por metáfora: reduzir(-se) a nada; acabar (com),
descobertas, aos medos, à alegria e à força que nos aniquilar(-se) <com tanta dissipação, sua fortuna soçobrara>.
impulsiona para a frente.
ORAÇÕES
2020 - 2022
ORAÇÕES
Oração é um conjunto linguístico que se estrutura em torno de um verbo ou locução verbal.
Venha conhecer as orações coordenadas, subordinadas e reduzidas.
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f Gosto dela, entretanto não nego que tem muitos defeitos.
Orações Coordenadas
Há a ideia de escolha ou alternância. Algumas conjunções alternativas são: ou, ou… ou,
ora… ora, quer… quer, já… já, seja… seja.
ANOTAÇÕES
4
ORAÇÕES SUBORDINADAS
ADVERBIAIS
É muito raro encontrar, nos textos, períodos formados por apenas uma oração, ou seja,
períodos simples. Os períodos compostos podem ser compostos por coordenação e
por subordinação. Nos períodos compostos por subordinação, há uma oração principal
e uma ou mais orações subordinadas, que exercem funções sintáticas em relação à
oração principal. As orações subordinadas adverbiais são aquelas que exercem função
sintática de adjunto adverbial da oração principal.
Exprimem a causa da oração principal. São em geral introduzidas por: porque, visto que,
uma vez que, já que, como.
Exprimem uma condição para que algo se realize. São em geral introduzidas por: se,
caso, contanto que, desde que.
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Orações Subordinadas Adverbiais Consecutivas
Orações Subordinadas Adverbiais
Exprimem finalidade ou objetivo. São em geral introduzidas por: a fim de que, para que, que.
2
Orações Subordinadas Adverbiais Proporcionais
ANOTAÇÕES
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ORAÇÕES SUBORDINADAS
ADJETIVAS
É muito raro encontrar, nos textos, períodos formados por apenas uma oração, ou seja,
períodos simples. Os períodos compostos podem ser compostos por coordenação e
por subordinação. Nos períodos compostos por subordinação, há uma oração principal
e uma ou mais orações subordinadas, que exercem funções sintáticas em relação à
oração principal. As orações subordinadas adjetivas são aquelas que exercem função
sintática de adjunto adnominal da oração principal. Essas orações são sempre
introduzidas por pronomes relativos (que, quem, onde, o qual e variáveis, cujo e
variáveis, quanto e variáveis). Elas são classificadas em:
Observe que o fato de não virem entre vírgulas muda o sentido da frase:
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ORAÇÕES REDUZIDAS
As orações subordinadas nem sempre vêm desenvolvidas num texto ou na fala. Elas
podem vir reduzidas, isto é, sem ser introduzidas por conectivo e com o verbo numa
forma nominal (infinitivo, particípio ou gerúndio). Em casos muito raros, as orações
coordenadas podem vir também reduzidas. As orações reduzidas são usadas para
adicionar concisão no texto e na fala.
f Esta é a nota divulgada pela diretoria → Esta é a nota que a diretoria divulgou.
Alguns exemplos de orações reduzidas fixas, isto é, que não podem ser desenvolvidas:
REDUZIDAS DE INFINITIVO:
É importante prevenir os acidentes. (Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida
de infinitivo).
Diz ter pressa. (Oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo).
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Ao perceber o ocorrido, chamou a polícia. (Oração subordinada adverbial temporal
Orações Reduzidas
reduzida de infinitivo).
Não veio por se encontrar doente. (Oração subordinada adverbial causal reduzida de
infinitivo).
Ela devia estar muito distraída para não nos ver. (Oração subordinada adverbial
consecutiva reduzida de infinitivo).
Não era uma mulher de inventar mentiras. (Oração subordinada adjetiva restritiva
reduzida de infinitivo).
REDUZIDAS DE GERÚNDIO:
Havia cinco crianças brincando no lago. (Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida
de gerúndio).
Fico admirado que, sendo tão esperto, tenha caído neste velho golpe. (Oração
subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio).
REDUZIDAS DE PARTICÍPIO:
As histórias contadas por ele eram adoradas pelas crianças. (Oração subordinada
substantiva adjetiva reduzida de particípio).
2
Feito isto, estão dispensados. (Oração subordinada adverbial temporal reduzida de
Orações Reduzidas
particípio).
Cercada por todos os lados, a cidadezinha não se rendeu. (Oração subordinada adverbial
concessiva reduzida de particípio).
Observação:
O objetivo aqui não é decorar quais orações podem ser reduzidas por quais formas
nominais, mas sim reconhecer orações reduzidas, desenvolvê-las e saber usá-las para
uma melhor comunicação oral e escrita.
ANOTAÇÕES
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ORAÇÕES SUBORDINADAS
SUBSTANTIVAS
É muito raro encontrar, nos textos, períodos formados por apenas uma oração, ou seja,
períodos simples. Os períodos compostos podem ser compostos por coordenação
e por subordinação. Nos períodos compostos por subordinação, há uma oração
principal e uma ou mais orações subordinadas, que exercem funções sintáticas em
relação à oração principal. As orações subordinadas substantivas são aquelas que
exercem função sintática de objeto direto da oração principal. Elas são classificadas
em:
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Orações subordinadas substantivas predicativas: exercem função de predicativo do
Orações subordinadas substantivas
Dica: para descobrir qual a função sintática exercida pela oração subordinada, basta substituí-la
pela palavra “isso” e descobrir sua função sintática. Tente fazer isso nos exemplos acima.
ANOTAÇÕES
2
Através dos cursos
Português Lista de Exercícios
Exercício 1
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho, 2019.)
Leia o trecho do livro O oráculo da noite, do neurocientista Sidarta
Ribeiro.
A palavra sonho, do latim somnium, significa muitas coisas (Unifesp 2021) “Mesmo assim a insônia impera.” (3º parágrafo)
diferentes, todas vivenciadas durante a vigília, e não durante o
sono. Realizei “o sonho da minha vida”, “meu sonho de consumo” No contexto em que se encontra, a expressão sublinhada exprime
são frases usadas cotidianamente pelas pessoas para dizer que ideia de
pretendem ou conseguiram alcançar algo. Todo mundo tem um
a) causa.
sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que
não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente
b) condição.
noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é
justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se
c) oposição.
quer ter?
O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas
d) conclusão.
de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos.
Desejo é o sinônimo mais preciso da palavra “sonho”. [...] Na área
e) consequência.
de desembarque de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto
enorme de um casal belo e sorridente, velejando num mar Exercício 2
caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de Quando pensamos em EXPERIÊNCIAS ESTUDANTIS NO
cartão de crédito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como EXTERIOR, automaticamente relacionamos o tema aos melhores
veleiros, capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, aspectos positivos possíveis, como a vivência na língua, na
altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo que cultura, na culinária, entre outros. Contudo, há outros aspectos
é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser relevantes – positivos e negativos – que a atividade deseja
e principalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem também abordar. Somos seres humanos em construção e
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, mas interligados pela intensa globalização do século XXI. Assim, a
que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores de um escolha desse tema se dá pelo desejo de acrescentar reflexões
mágico cartão plástico. importantes ao cotidiano de nossos jovens estudantes.
A rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e
sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, são cruciais Texto
para o mal-estar da civilização contemporânea. É gritante o
contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua Relato de experiência
banalização no mundo industrial globalizado. [...] A indústria da
saúde do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor Meu nome é Rafael Lemos da Silva e eu estudo Relações
estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
a insônia impera. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos No segundo semestre de 2015, eu decidi fazer um intercâmbio
diariamente com o toque insistente do despertador, ainda acadêmico para a Universidade da Flórida (UF), tendo em vista
sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se que o meu curso requer uma experiência internacional.O meu
renovam ao infinito, se tão poucos se lembram que sonham pela intercâmbio acadêmico foi incrível, porque foi a primeira vez que
simples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, eu fui para outro país. O intercâmbio possibilitou o exercício diário
quando a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar do inglês e do espanhol. Por outro lado, inicialmente eu achei
da sobrevivência do sonho. difícil me adaptar à cultura estadunidense, porque eles não
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, gostam de contato físico e costumam ser extremamente diretos
sonha-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, em suas conversações. Além disso, existe uma cultura favorável
da incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Dirá a ao consumo de fast food, o que prejudicou a minha saúde. (...)
formiga cética que quem sonha assim tão livre é o artista, cigarra As minhas aulas foram sensacionais! Meus professores
de fábula que vive de brisa. [...] Na peça teatral A vida é sonho, o eram especialistas nos assuntos tratados em aula e tinham
espanhol Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de diversos livros publicados sobre os mesmos, o que enriquecia a
construir o próprio destino. O sonho é a imaginação sem freio aprendizagem. A estrutura das aulas era completamente
nem controle, solta para temer, criar, perder e achar. diferente, porque eu tinha a mesma matéria três vezes por
semana durante 50 minutos, fazendo com que o professor nome de uma cidade da Bélgica, famosa, desde o século 14, por
sintetizasse a matéria e com que a disciplina cobrisse mais suas águas minerais. Século 14, sim: é muito antiga a crença do
tópicos. As aulas eram dialogadas e muitos professores atribuíam homem no poder dessas águas que brotam do seio da terra,
uma nota considerável para a participação em sala de aula. aquecidas, segundo a lenda, nas forjas do deus Vulcano. E há
Ademais, eu tinha cerca de 500 páginas em inglês para ler todas muito tempo pessoas vão aos banhos termais, em busca de
as semanas para as minhas aulas. tratamento para situações que vão desde as doenças de pele até
Um fator impressionante foi a infraestrutura da os proverbiais males do fígado. As águas foram estudadas e
Universidade da Flórida. A universidade ocupa quase metade da classificadas: sulfurosas, bicarbonatadas, ferruginosas. E para
cidade de Gainesville, na Flórida. Eu morei em uma república cada tipo de doença havia uma água específica. Tamanha
dentro da universidade e dividia o meu quarto com um americano. demanda acabou criando uma verdadeira indústria: grandes
Eu geralmente passava mais tempo na biblioteca da universidade estabelecimentos foram construídos para hospedar pessoas que
que possuía uma infraestrutura incrível. As bibliotecas ficavam vinham muitas vezes de longe em busca de curas para os seus
abertas 24 horas por dia para estimular o estudo por parte dos males. Alguns desses hotéis ficaram famosos pelo luxo barroco;
alunos e eles tinham uma loja do Starbucks dentro da própria num desses, Alain Resnais filmou o famoso O ano passado em
biblioteca. Marienbad, um filme cult dos anos 60, no qual os longos
As universidades estadunidenses costumam incentivar corredores serviam de metáfora para os labirintos da paixão. Irai,
atividades internas para os seus estudantes. Por exemplo, aqui no Rio Grande do Sul, sempre foi um equivalente modesto,
durante o meu intercâmbio a Universidade da Flórida promoveu mas digno.
cerca de cinco shows com artistas americanos como T.I. e Andy As pessoas melhoravam no spa. E por que não haviam de
Grammer. Além disso, a Universidade da Flórida costumava melhorar? Comiam bem (inclusive para afastar o espectro da
promover palestras sobre temas como a violência policial e tuberculose, sempre associada à magreza), descansavam,
convidava personalidades estadunidenses influentes nessas conversavam e sobretudo relaxavam: mergulhadas na água
questões. (...) tépida, voltavam por algumas horas ao líquido amniótico onde o
feto está a salvo dos desgostos do amor e da fúria da inflação. E
(Fonte: https://www.ufsm.br/oraaos-de-apoio/sai/relatos-de- isso preserva a reputação das termas até hoje.
exDeriencia-no-exterior/. Acessado em: 02/09/2020)
(A face oculta, 2001. Adaptado.)
Observação: por se tratar de um relato de experiência publicado
no blog (ambiente informal) da Universidade Federal de Santa
Maria, o texto apresenta desvios quanto à norma-padrão. (Famema 2021) “Irai, aqui no Rio Grande do Sul, sempre foi um
equivalente modesto, mas digno.” (1º parágrafo)
(G1 - cmrj 2021) Analise o trecho destacado do texto abaixo: Mantendo aproximadamente o sentido original, o trecho
sublinhado pode ser substituído por:
"Além disso, a Universidade da Flórida costumava promover
a) modesto, no entanto digno.
palestras sobre temas como a violência policial e convidava
personalidades estadunidenses influentes nessas questões.
(...)"
b) modesto, senão digno.
a) Os estudos não somente instruem, mas também divertem. d) modesto, apesar de digno.
Exercício 7
Cientistas americanos recrutaram uma curiosa aliada para
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
desenvolver tratamentos contra a gripe: a lhama. O sangue desse
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
animal sul-americano foi utilizado para produzir uma nova terapia
com anticorpos que têm o potencial de combater todos os tipos
Sinopse - O Rei Leão
de gripe.
A gripe é uma das doenças mais hábeis na hora de mudar
O Rei Leão, da Disney, dirigido por Jon Favreau, retrata uma
de forma. Constantemente, modifica sua aparência para despistar
jornada pela savana africana, onde nasce o futuro rei da Pedra do
nosso sistema imunológico. Isso explica porque as vacinas nem
Reino, Simba. O pequeno leão que idolatra seu pai, o rei Mufasa, é
sempre são efetivas e, a cada inverno, é necessário receber uma
fiel ao seu destino de assumir o reinado. Mas nem todos no reino
nova injeção para prevenir a doença.
pensam da mesma maneira. Scar, irmão de Mufasa e ex-herdeiro
Por isso, a ciência está à procura de uma forma de acabar
do trono, tem seus próprios planos. A batalha pela Pedra do
com todos os tipos de gripe, não importando de qual cepa
Reino é repleta de traição, eventos trágicos e drama, o que acaba
provenha ou o quanto possa sofrer mutações. É aí que entra a
resultando no exílio de Simba. Com a ajuda de dois novos e
lhama.
inusitados amigos, Simba terá que crescer e voltar para recuperar
Esses animais, nativos dos Andes, têm anticorpos
o que é seu por direito.
incrivelmente pequenos em comparação com os dos humanos. Os
anticorpos são as armas do sistema imunológico, e aderem às
Disponível em: https://www.cinepolis.com.br/filme/9848-o-rei-
proteínas que sobressaem na superfície dos vírus.
leao.html. Acesso em: 02 set. 2019
Os anticorpos humanos tendem a atacar as pontas dessas
proteínas, __________ essa é a parte em que o vírus da gripe
muda com mais rapidez. __________ os anticorpos da lhama, com
(G1 - ifsc 2020) No período Mas nem todos no reino pensam da
seu tamanho diminuto, conseguem atacar as partes do vírus da
mesma maneira a palavra sublinhada expressa, em relação ao
gripe que não sofrem mutação.
período anterior, a ideia de:
Uma equipe do Instituto Scripps, nos Estados Unidos,
infectou lhamas com múltiplos tipos de gripe, para estimular uma a) causa
resposta do seu sistema imunológico. Em seguida, analisou o
sangue dos animais, procurando pelos anticorpos mais potentes, b) consequência
que poderiam atacar uma ampla variedade de vírus.
Os cientistas, __________, identificaram quatro anticorpos c) explicação
das lhamas. Depois, começaram a desenvolver um anticorpo
sintético, que une elementos desses quatro tipos. d) justificativa
O trabalho, que foi publicado na revista científica Science,
ainda está em estágios muito iniciais. A equipe de cientistas e) oposição
pretende realizar mais experimentos antes de fazer testes com
Exercício 8
humanos. “Ter um tratamento que possa funcionar contra uma
(Eear 2019) Marque a alternativa incorreta quanto à classificação
variedade de cepas diferentes do vírus da gripe é algo muito
das orações coordenadas sindéticas destacadas.
desejado. É o Santo Graal da gripe”, afirma o professor Jonathan
Ball, da Universidade de Nottingham. a) Fabiano não só foi o melhor, mas também foi o mais votado.
(aditiva)
pressuporia a diluição e a perda de sua potência signo-estética.
Enquanto o graffiti foi sendo introduzido como uma nova
b) Apresente seus argumentos ou ficará sem chance de defesa. expressão de arte contemporânea, a pichação utilizou o princípio
(conclusiva) de não autorização para fortalecer sua essência.
Mas o quão sensível é essa forma de expressão extremista e
c) Estude muito, pois a prova de conhecimentos específicos estará antissistema como a pixação? Como lidar com a linha tênue dos
bem difícil. (explicativa) princípios estabelecidos para não cair em contradição? Na 26ª
Bienal de Arte de São Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na
d) Ela era a mais bem preparada candidata, mas a vaga de obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu
emprego foi destinada a sua amiga. (adversativa) comentário, diante da intervenção, foi “Se alguém faz alguma
coisa no seu trabalho, isso é positivo, para mim, porque
Exercício 9
escolheram a minha peça entre as expostas” […]. “Quem fez isso
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.
fazendo sua própria obra dentro da minha. Pode ser só uma
brincadeira” e finalizou dizendo que “pichar a obra de alguém
Pichação-arte é pixação?
também não é tão incomum. Já é tradicional”.
É interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a
As discussões muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento
recorrência de padrões em movimentos de qualquer natureza, e o
da pixação como expressão artística trazem à tona um
inevitável enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que
questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte imposto e organizado pelos próprios elementos do grupo. Na
contemporânea, o movimento perderia sua essência? Para
pixação, levando em conta o “sistema” em que estão inseridos,
compreendermos os desdobramentos da pixação, alguns
constatamos que também passa longe de ser perfeito; existe
aspectos presentes no graffiti são essenciais e importantes de rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo
serem resgatados. O graffiti nasceu originalmente nos EUA, na
“poder”.
década de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop
Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema “Forget Fear”,
(Break, MC, DJ e Graffiti). Daí até os dias atuais, ele ganhou em
considerado ousado, priorizou fatos e inquietações políticas da
força, criatividade e técnica, sendo reconhecido hoje no Brasil
atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito,
como graffiti artístico. Sua caracterização como arte
William e R.C., foram convidados na ocasião para realizar um
contemporânea foi consolidada definitivamente por volta do ano
workshop sobre pixação em um espaço delimitado, na igreja
2000.
Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas não seguiram as regras
A distinção entre graffiti e pixação é clara; ao primeiro é atribuída impostas pela curadoria, ao pixar o próprio monumento. O
a condição de arte, e o segundo é classificado como um tipo de
resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a
prática de vandalismo e depredação das cidades, vinculado à
curadoria do evento.
ilegalidade e marginalidade. Essa distinção das expressões deu- O grande dilema diante do fato é que, ao aceitarem o convite para
se em boa parte pela institucionalização do graffiti, com os
participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as
primeiros resquícios já na década de 1970.
regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento
Esse desenvolvimento técnico e formal do graffiti ocasionou a esperado, caíram em contradição. Por outro lado, pela pichação
perda da potência subversiva que o marca como manifestação
ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, não tão
genuína de rua e caminha para uma arte de intervenção
conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles
domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema
não seguiriam padrões pré-estabelecidos.
de arte tradicional. O grafiteiro é visto hoje como artista plástico,
Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a
possuindo as características de todo e qualquer artista
pixação como forma de arte, como é o caso dos curadores da
contemporâneo, incluindo a prática e o status. Muito além da
Bienal de Berlim, há uma questão substancial que permeia a
diferenciação conceitual entre as expressões – ainda que elas
realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua
compartilhem da mesma matéria-prima – trata-se de sua força e expressão reconhecida como arte? Se arte pressupõe, como
essência intervencionista.
ocorreu com o graffiti, adaptar-se a um molde específico, seguir
Estudos sobre a origem da pixação afirmam que o graffiti nova-
determinadas regras e por consequência ver sua potência
iorquino original equivale à pixação brasileira; os dois mantêm os intervencionista diluída e branda, é muito improvável que tenham
mesmos princípios: a força, a explosão e o vazio. Uma das
esse desejo.
principais características do pixo é justamente o esvaziamento
A representação da pixação como forma de expressão destrutiva,
sígnico, a potência esvaziada. Não existem frases poéticas, nem
contra o sistema, extremista e marginalizada é o que a mantêm
significados. A pichação possui dimensão incomunicativa,
viva. De certo modo, a rejeição e a ignorância do público é o que
fechada, que não conversa com a sociedade. Pelo contrário, de
garante sua força intervencionista e a tão importante e sensível
certa forma, a agride. A rejeição do público geral reside na falta
essência.
de compreensão e intelecção das inscrições; apenas os membros
da própria comunidade de pixadores decifram o conteúdo. Adaptado de: CARVALHO, M. F. Pichação-arte é pixação? Revista
A significância e a força intervencionista do pixo residem,
Arruaça, Edição nº 0. Cásper Líbero, 2013. Disponível em
portanto, no próprio ato. Ela é evidenciada pela impossibilidade
<https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-pixacao/>
de inserção em qualquer estatuto pré-estabelecido, pois isso Acesso em: maio 2018.
Eu vim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã.
Então descobri que não tinha mais passado.
(Ita 2019) Assinale a alternativa em que o trecho sublinhado Diante de mim, o Museu Nacional do Rio queimava.
expressa ideia de causa. O Crânio de Luzia, a “primeira brasileira”, entre 12.500 e 13 mil
anos, queimava. Uma das mais completas coleções de
a) Essa distinção das expressões deu-se em boa parte pela
pterossauros do mundo queimava. Objetos que sobrevivem à
institucionalização do graffiti, com os primeiros resquícios já na
destruição de Pompeia queimavam. A múmia do antigo Egito
década de 1970.
queimava. Milhares de artefatos dos povos indígenas do Brasil
queimavam.
b) Enquanto o graffiti foi sendo introduzido como uma nova
Vinte milhões de memória de alguma coisa tentando ser
expressão de arte contemporânea, a pichação utilizou o princípio
um país queimavam.
de não autorização para fortalecer sua essência.
O Brasil perdeu a possibilidade da metáfora. Isso já
sabíamos. O excesso de realidade nos joga no não tempo. No fora
c) A rejeição do público geral reside na falta de compreensão e
do tempo.
intelecção das inscrições; apenas os membros da própria
O Museu Nacional em chamas. Um bombeiro esguichando
comunidade decifram o conteúdo.
água com uma mangueira um pouco maior do que a que eu tenho
na minha casa. O Museu Nacional queimando. Sem água em
d) Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caíram em
parte dos hidrantes, depois de quatro horas de incêndio ainda
contradição.
chegaram caminhões-pipa com água potável. O Museu Nacional
queimando. Uma equipe tentava tirar água do lago da Quinta da
e) O grafiteiro é visto hoje como artista plástico, possuindo as
Boa Vista. O Museu Nacional queimando. Outras pessoas
características de todo e qualquer artista contemporâneo,
tentavam furtar o celular e a carteira de quem tentava entrar para
incluindo a prática e o status.
ajudar ou só estava imóvel diante dos portões tentando
Exercício 10 compreender como viver sem metáforas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Brasil, é você. Não posso ser aquele que não é.
O Museu Nacional queimando.
O que há mais para dizer agora que as palavras já não
dizem e a realidade se colocou além da interpretação?
Diante do Museu Nacional em chamas, de costas para o
palácio, de frente para onde deveria estar o povo, Dom Pedro II
em estátua. Sua família tinha tentado inventar um país e o
fundaram sobre corpos humanos. Seu Avô, Dom Pedro VI, criou
aquele museu no Palácio de São Cristóvão. Dom Pedro II está no
(G1 - cmrj 2019) “As crianças precisam saber que existem centro, circunspecto, um homem feito de pedra, um imperador.
limites!” Diante da parte da esquerda do museu, indígenas de diferentes
“Educar também é saber dizer ‘NÃO’!”
etnias observam as chamas como se mais uma vez fossem eles
que estivessem queimando. Estão. É o maior acervo de línguas
Podem-se unir essas duas falas em apenas uma única frase, sem indígenas da América Latina, diz Urutau Guajajara. É a nossa
alterar o seu sentido original, por meio do seguinte termo:
memória que estão apagando. É o golpe, é o golpe. 1Poderiam ter
a) se. salvo, e não salvaram, ele grita.
Nunca salvaram. Há 500 anos não salvaram.
b) mas. As costas de Pedro ferviam.
Quando soube que o museu queimava, eu dividi um táxi
c) embora. com um jornalista britânico e uma atriz brasileira com uma câmera
na mão. “Não é só como se o British Museum estivesse
d) porque. queimando, é como se junto com estivesse queimando também o
Palácio de Buckingham”, disse Jonathan Watts. “Não há mais
e) quando. possibilidade de fazer documentário”, afirmou Gabriela Carneiro
da Cunha. “A realidade é 2Science Fiction.”
Exercício 11
Eu, que vivo com as palavras e das palavras, não consigo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
dizer. Sem passado, indo para o Museu do Amanhã, sou
Leia o texto com atenção e, em seguida, responda à(s)
convertida em muda. Esvazio de memória como o Museu
questão(ões) a seguir.
Nacional. Chamas dentro de todo ele, uma casca do lado de fora,
Sou também eu. Uma casca que anda por um país sem país. Eu,
O Brasil queimou – e não tinha água para apagar o fogo
sem Luzia, uma não mulher em lugar nenhum.
Eu sim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã. Então
A frase ecoa em mim. E ecoa. Fere minhas paredes em
descobri que não tinha mais passado.
carne viva.
Eliane Brum
“O Brasil é um construtor de ruínas. O Brasil constrói dos europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país.
ruínas em dimensões continentais.” Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O latim
A frase reverbera nos corredores vazios do meu corpo. Se predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem
a primeira brasileira incendiou-se, que brasileira posso ser eu? poder, as fronteiras perderam força, os germânicos dividiram as
O que poderia expressar melhor este momento? A história cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na
do Brasil queima. A matriz europeia que inventou um palácio e fez Espanha, a poderosa região da Catalunha ainda mantém seu
dele um museu. Os indígenas que choram do lado de fora porque idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol.
suas línguas se incendiaram lá dentro. E eu preciso alcançar o Não é à toa que esses povos insistem em cuidar de seus idiomas.
Museu do Amanhã. Mas o Brasil já não é o país do futuro. O Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus
Brasil perdeu a possibilidade de imaginar um futuro. O Brasil está falantes. “Quando um idioma morre, morre também a história. O
em chamas. melhor jeito de entender o sentimento de um escravo é pelas
O Museu Nacional sem recursos do Governo Federal. Os músicas deles”, diz Luana Vieira, da Olimpíada de Linguística.
funcionários do Museu Nacional fazendo vaquinha na Internet Veja pelo aimará, uma língua falada por mais de 2 milhões de
para reabrir a sala principal. O Museu Nacional morrendo de pessoas da Cordilheira dos Andes. Nós gesticulamos para trás ao
abandono. O Museu Nacional sem manutenção. O Rio de Janeiro. falar do passado. Esses povos fazem o contrário. “Eles acreditam
Flagelado e roubado e arrancado Rio de Janeiro. Entre todos os que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não
Brasis, tinha que ser o Rio. visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se
Ouço então o chefe de bombeiros dar uma coletiva diante estivéssemos de costas para ele”, explica.
do Museu Nacional, as labaredas lambem o cenário atrás dele. O
bombeiro explica para as câmeras de TV que não tinha água, ele CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017,
conta dos caminhões-pipa. E ele declara: “Está tudo sob controle”. p. 31.
Eu quero gargalhar, me botar louca, queimar junto, ser
aquela que ensandece para poder gritar para sempre a única
frase lúcida que agora conheço: “O Museu Nacional está
queimando! O Museu Nacional está queimando!”. (Uel 2019) Acerca de trechos do texto, considere os exemplos a
O Brasil está queimando. seguir, quanto à presença de oração coordenada.
E o meteoro estava dentro do museu.
I. “os germânicos dividiram as cidades”.
(El País Brasil: O Jornal Global. Opinião. 3 de setembro de 2018. II. “e luta contra o domínio do espanhol”.
Disponível em: III. “os índios perderam sua língua e cultura”.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/03/opinion/1535975822_774583.html.
IV. “em cuidar de seus idiomas”.
Acesso em 14 de setembro de 2018.)
Assinale a alternativa correta.
Nota:
a) Somente os exemplos I e II são corretos.
2
Ficção Científica.
b) Somente os exemplos I e IV são corretos.
Exercício 13
b) alternância.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Mito nº 6
c) consequência.
acaba por redimensionar a literatura em todo o mundo. Sobre esse fragmento, só não se pode afirmar que
O espaço cibernético proporcionou também a aproximação
a) há duas orações e uma frase..
do escritor com seu leitor. 10Há menos de quinze anos, o escritor
era um completo desconhecido. Comprávamos um livro e o
b) ocorrem três circunstâncias adverbiais.
líamos sem grandes possibilidades de contato com o autor. Hoje,
ao lermos um livro impresso ou digitalizado, podemos encontrar
c) trata-se de um período composto por coordenação e
sites e blogs que trazem mais informações sobre o autor e seus
subordinação.
processos de escrita, entrevistas, curiosidades sobre personagens
e todo tipo de informação que puder advir da obra em questão.
d) há uma conjunção integrante.
Vários desses endereços virtuais disponibilizam 3até mesmo o e-
mail do autor, de forma que seus leitores podem estabelecer Exercício 19
contato com ele através de mensagens que muitas vezes são TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
respondidas num tom cordial. TEXTO I
O escritor atual está mais próximo de seu leitor. A geração
literária brasileira que vem se destacando no mercado editorial da OS QUE COMEÇAM...
última década, como Luís Ruffato, Cíntia Moscovich, Marcelino Não há decerto exploração mais dolorosa que a das crianças. Os
Freire, Santiago Nazarian, Daniel Galera, Simone Campos, Nélson homens, as mulheres ainda pantomimam a miséria para lucro
próprio. As crianças são lançadas no ofício torpe pelos pais, por relacionamento que era tecido por favores, empréstimos
criaturas indignas, e crescem com o vício adaptando a curvilínea e impagáveis e consideração até na hora da morte.
acovardada alma da mendicidade malandra. Nada mais pavoroso São as pessoas nesse desespero absoluto que a polícia procura,
do que este meio em que há adolescentes de dezoito anos e espanca com seus cassetetes possíveis e sua razão impossível,
pirralhos de três, garotos amarelos de um lustro de idade e fazendo com que elas, com seus olhares carcomidos pela fome,
moçoilas púberes sujeitas a todas as passividades. Essa criançada achem plausíveis os feitos e os passos de Pequeno e de sua
parece não pensar e nunca ter tido vergonha, amoldadas para o quadrilha pelos becos que, por terem só uma entrada, se tornam
crime de amanhã, para a prostituição em grande escala. Há no Rio becos sem saídas, e achem, também, corriqueira essa visão de
um número considerável de pobrezinhos sacrificados, petizes que meia cara na quina do último barraco de cada beco de crianças
andam a guiar senhoras falsamente cegas, punguistas sem negras ou filhas de nordestinos, de peito sem proteção, pé no
proteção, paralíticos, amputados, escrofulosos, gatunos de sacola, chão, shorts rasgados e olhar já cabreiro até para o próprio amigo,
apanhadores de pontas de cigarros, crias de famílias que, por sua vez, se tornava inimigo na disputa de um pedaço de
necessitadas, simples vagabundos à espera de complacências sebo de boi achado no lixo e que aumentaria o volume da sopa,
escabrosas, um mundo vário, o olhar de crime, o broto das de um sanduíche quase perfeito nas imediações de uma
árvores que irão obumbrar as galerias da Detenção, todo um lanchonete, de uma pipa voada, ou de um ganso dado numa
exército de desbriados e de bandidos, de prostitutas futuras, partida de bola de gude.
galopando pela cidade à cata do pão para os exploradores. Lá ia Pequeno, senhor de seu desejo, tratando bem a quem o
Interrogados, mentem a princípio, negando; depois exageram as tratava bem, tratando mal a quem o tratava mal e tratar mal era
falcatruas e acabam a chorar, contando que são o sustento de dar tiros de oitão na cabeça para estuporar os miolos.
uma súcia de criminosos que a polícia não persegue. Os exterminadores pararam na tendinha do Zé Gordo para tomar
A metade desse bando conhece as leis do prefeito, os delegados uma Antarctica bem gelada, porque esta era a cerveja de
de polícia e acompanha o movimento da política indígena, malandro beber. Pequeno aproveitou para perguntar pelos
oposicionista e vendo em cada homem importante uma amigos que fizera no morro, pelas tias que faziam um mocotó
roubalheira. São em geral os mendigos claramente defeituosos a saboroso nos sábados à tarde, pelos compositores da escola.
que falta uma perna, um braço. - Qualé, Zé Gordo, se eu te der um dinheiro, tua mulher faz um
A perda que os tornou inválidos é uma espécie de felicidade, a mocotó aí pra gente?
indolência e o sustento garantidos. - Então, meu cumpádi!
À beira das calçadas o dia inteiro têm tempo de se tornarem Pequeno deu a quantia determinada pela esposa de Zé Gordo, em
homens e de ler os jornais. Fazem tudo isso com vagar. Quando seguida retornaram à patrulha que faziam.
um ponto se torna insustentável vão para outros, e há entre eles (LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras,
relações, morfeias que se ligam às úlceras, olhos em pus que 1997.)
olham com ternura companheiros sem braços, e todos guardando
a data do desastre que os mutilou, que os fez entrar para a nova (Uerj 2004) Em "Interrogados, mentem a princípio, negando;"
vida com a saudade da vida passada. (texto I) o particípio e o gerúndio assinalam circunstâncias
(RIO, João do. A alma encantadora das ruas: crônicas. Rio de adverbiais do fato expresso em "mentem".
Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1987.) A circunstância denotada pelo particípio e a indicada pelo
gerúndio significam respectivamente:
a) tempo e modo
TEXTO II
b) causa e proporção
CIDADE DE DEUS
Barracos de caixas de tomate, madeiras de lei, carnaúba, pinho-
c) concessão e finalidade
de-riga, caibros cobertos, em geral, por telhas de zinco ou folhas
de compensados. Fogueiras servindo de fogão para fazer o
d) comparação e consequência
mocotó, a feijoada, o cozido, o vatapá, mas, na maioria das vezes,
para fazer aquele arroz de terceira grudado, angu duro ou muito Exercício 20
ralo, aqueles carurus catados no mato, mal lavados, ou (Fgv 2003) Observe, nos seguintes períodos, as orações que
simplesmente nada. Apenas olhares carcomidos pela fome, em contêm verbo no gerúndio:
frente aos barracos, num desespero absoluto e que por ser
absoluto é calado. Sem fogueira para esquentar ou iluminar como - Estando as meninas em Araxá, foi Ronaldo ter com elas.
o sol, que se estendia por caminhos muitas vezes sem sentido - Sendo o aluno um jovem estudioso, deverá facilmente obter
algum para os que não soltavam pipas, não brincavam de pique- aprovação.
pega e não se escondiam num pique-esconde. - Sendo brasileiro o advogado, poderei atendê-lo; caso contrário,
Os abismos têm várias faces e encantam, atraem para o seu seio não.
como as histórias em quadrinhos que chegavam ao morro
compradas nas feiras da Maia Lacerda e do Rio Comprido, baratas Essas orações são subordinadas adverbiais. Assinale a alternativa
como a tripa de porco que sobrava na casa do compadre maneiro que indique respectivamente a circunstância de cada uma. Leve
que nem sempre era compadre de batismo. Era apenas o adjetivo, em conta que a oração pode indicar mais de uma circunstância.
usado como substantivo, sinônimo de uma boa amizade, de um
a) Causa, causa, consequência. d) apenas duas orações, uma principal e uma subordinada
adverbial causal;
b) Tempo, causa, finalidade.
e) todas as alternativas estão erradas.
c) Consequência, concessão, finalidade.
Exercício 23
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
d) Tempo, causa, condição.
Das vantagens de ser bobo
e) Condição, finalidade, tempo.
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver,
Exercício 21 ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase
(Mackenzie 1996) CONFORME DECLAREI, Madalena possuía um sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz
excelente coração. Descobri nela manifestações de ternura QUE alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando.".
ME SENSIBILIZARAM. E, COMO SABEM, não sou homem de 1Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os
sensibilidades. É certo QUE TENHO EXPERIMENTADO espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo
MUDANÇAS NESTES DOIS ÚLTIMOS ANOS. MAS ISTO PASSA. tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
(Graciliano Ramos) O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não
veem. Os espertos estão sempre tão atentos _____i_____
Aponte a alternativa correta sobre a classificação das orações espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes
destacadas em maiúsculo desse parágrafo e seus respectivos os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade
efeitos de sentido. e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No
a) "Conforme declarei" e "como sabem" são orações subordinadas entanto, muitas vezes, 2o bobo é um Dostoievski.
adverbiais conformativas, que servem para o autor dialogar com o _____ii_____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo,
leitor. confiou na palavra de um desconhecido para _____iii_____ compra
de um ar refrigerado de segunda mão: 3ele disse que o aparelho
b) "Como sabem" é uma oração subordinada substantiva objetiva era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea
direta que aponta para o objeto do saber do narrador. onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer.
Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste
c) "Que me sensibilizaram" é uma oração subordinada substantiva era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria
objetiva direta, que aponta para o objeto da descoberta do caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a
narrador. vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto
estar tranquilo, enquanto o esperto não dorme à noite com medo
d) "Que tenho experimentado mudanças nestes dois últimos de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O
anos" é uma oração subordinada substantiva subjetiva, que bobo não percebe que venceu.
aponta para a involução do narrador em termos de aquisição de Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode
sensibilidade. receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das
e) "Mas isto passa" é uma oração coordenada sindética tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre
adversativa, cortada do período a que pertence, para demonstrar frase: "Até tu, Brutus?".
a dureza do narrador ao constatar que as ternuras de Madalena, Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
que tanto o sensibilizaram, iriam passar. Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no
céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
Exercício 22
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem
(G1 1996) No texto:
passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda
"Caso não criemos novas destinações para o lixo urbano e
criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem
não modifiquemos nossos hábitos de consumo e nossas atitudes
passar por bobos. 4Os espertos ganham dos outros. Em
frente ao problema do lixo, teremos, dentro de bem pouco tempo,
uma situação verdadeiramente caótica na Grande São Paulo" compensação os bobos ganham a vida. 5Bem-aventurados os
encontram-se: bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se
importam que saibam que eles sabem.
a) 3 orações, sendo a primeira subordinada causal, a segunda Há lugares que facilitam mais _____iv_____ pessoas serem bobas
coordenada aditiva e a terceira principal; (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais,
por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não
b) 5 orações, sendo a primeira subordinada adverbial, a segunda nascer em Minas!
e terceira aditivas, a quarta oração principal e a quinta oração Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das
subordinada adverbial temporal; casas. É quase impossível evitar o excesso de amor que o bobo
provoca. É que só 6o bobo é capaz de excesso de amor. E só o
c) 3 orações sendo as duas primeiras subordinadas adverbiais
amor faz o bobo.
condicionais, coordenadas entre si, e a última, oração principal;
LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo. Disponível em: oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o jogo
http://www.revistapazes.com/das-vantagens-de-ser-bobo/. de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia,
Acesso em 10 de maio de 2017. em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia levar a
Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 12 de setembro conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar
de 1970. ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite
27
salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença
suplementar.
8. (Ime 2018) Observe os conectivos destacados no trecho
21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber
abaixo, retirado do texto. Assinale a opção em que a análise
semântica está de acordo com a que foi estabelecida no texto. que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de
enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo
(…) ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de se
porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos
compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. eram capazes de perceber a riqueza e o significado da
Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de uma
32
estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um
comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava 24—
ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo, enquanto o
ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante
esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto
moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade
vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu
desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que
(referência 3).
me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao
a) O conectivo porque estabelece uma relação de consequência. verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante,
mas 4__________ observação, meu grau de humanidade ainda
b) O advérbio sequer introduz uma ideia de exceção. 13
carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma
centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o
c) A expressão tão... que estabelece uma relação de causa. desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou.
d) O conectivo portanto estabelece uma ideia de finalidade. Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia.
das Letras, 1996. p. 38-44.
e) O conectivo enquanto estabelece ideia de comparação.
Exercício 24
(Ufrgs 2015) Considere as seguintes afirmações acerca de
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
expressões e trechos do texto.
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
quando a aviação 9avilta a floresta americana antes mesmo de ( ) O segmento Uma vez encetado (ref. 20) poderia ser
substituído por Quando fosse encetado, preservando o sentido e
poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a
a correção, sem qualquer outra alteração na frase.
pretensa 10evasão da viagem conseguir outra coisa que
( ) A substituição de Mas (ref. 21) pela conjunção Contudo
não 14confrontar-nos 15com as formas mais miseráveis de nossa preservaria a correção e a relação de contraste estabelecida na
existência histórica? frase.
18
Ainda 22assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das
narrativas de viagem. Elas 16criam a ilusão daquilo 1__________ A alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima
para baixo, é
não existe mais, mas 2__________ ainda deveria existir. Trariam
nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distantes, a) F - V - V - V.
desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias
morais 3_________ nossa sociedade experimenta uma b) V - V - F - F.
11
necessidade aguda ao se sentir soçobrar no tédio?
É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir c) V - F - F - F.
o exotismo com o auxílio de fragmentos e de
d) F - F - F - V.
destroços. 19Então, 26insidiosamente, a ilusão começa a tecer
suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras
e) F - F - V - V.
viagens, quando um espetáculo ainda não estragado,
contaminado e maldito se oferecia em todo o seu Exercício 26
esplendor. 20Uma vez 12encetado, o jogo de conjecturas não tem
mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
dos selvagens brasileiros poderia levar a conhecê-los na forma A Internet e a neutralidade da rede
menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII?
Cada década para 23trás 29permite 27salvar um A Internet vista, unanimemente, como o território livre, a
costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença tecnologia libertadora que, em muitos países, permitiu o
suplementar. florescimento da cidadania, a ampliação das oportunidades de
21 educação, o ambiente para novas empresas e novos
Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber
empreendedores, para o trabalho colaborativo em rede.
que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de
Graças a seu ambiente libertário, internacionalmente
enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo
ajudou a derrubar ditaduras e monopólios de mídia, o controle da
intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de se
informação, tanto por governos como por cartéis.
comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos 1
No entanto, não se considere um modelo consolidado. Em
eram capazes de perceber a riqueza e o significado da
outros momentos da história surgiram novas tecnologias,
diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de
promovendo rupturas, abrindo espaço para a democratização e,
uma 32alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um
no momento seguinte, quedaram dominadas por novos cartéis e
prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava 24— monopólios que se formaram.
ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante 2
Foi assim com o início da telefonia. Enquanto a Bell Co se
moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade consolidava, como grande companhia nacional, surgiram
desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que inúmeras experiências locais, como a Mesa Telephone, para
me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao localidades rurais norte-americanas, de tecnologia rudimentar
verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante, porém útil para ligar comunidades agrícolas.
mas 4__________ observação, meu grau de humanidade 3
Nasceram centenas de outras companhias por todo o
ainda 13carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma país. Esse mesmo modelo disseminou-se pelo Brasil dos anos 40
centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o em diante, com companhias municipais levando o telefone a
desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. cidades menores, em um surto de pioneirismo extraordinário.
Nos Estados Unidos, o movimento dos "independentes"
Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia. permitiu às comunidades rurais estreitar laços, criar amizades,
das Letras, 1996. p. 38-44. sistemas de informação, da mesma maneira que as redes sociais
(Ufrgs 2015) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as de agora. Através do telefone desenvolveram noticiários sobre o
afirmações abaixo, referentes às substituições de nexos no texto. clima, sobre a região, relatórios de mercado etc.
Os "independentes" chegaram a ter 3 milhões de
( ) A substituição da locução Ainda assim (ref. 18) pelo nexo aparelhos, contra 2,5 milhões da Bell.
Destarte preservaria a relação de sentido que se estabelece entre
Com a ajuda do J.P.Morgan, o mais influente banco da época, a
Bell reestruturou-se em torno da AT&T. 5As pessoas que falam uma língua estrangeira sem sotaque são
Em vez de declarar guerra aos "independentes", a nova geralmente as que aprenderam o idioma estrangeiro na infância,
direção propôs um trabalho conjunto, facilitando para eles as
juntamente com a língua materna. Nesses 1verdadeiros bilíngues,
ligações de longa distância, desde que trocassem seus sistemas
de alto desempenho, a mesma região do cérebro que produz a
rústicos pelos padrões Bell. Quem não aderisse, não teria
fala é compartilhada pela representação dos dois idiomas,
ligações de longa distância. 2enquanto nas pessoas que aprendem a segunda língua, na vida
Como resultado, a AT&T matou a concorrência dos
adulta, duas regiões vizinhas, separadas, cuidam cada uma de um
"independentes" e construiu o mais longevo e poderoso
idioma. A representação conjunta 4talvez explique a maior
monopólio da história, só desmembrado na década de 1980.
O mesmo processo de concentração se repetiu no rádio. facilidade dos bilíngues verdadeiros em transitar 6entre os dois
No início, o rádio tornou-se uma ferramenta tão idiomas, 3já que as mesmas redes neurais de associação devem
democrática e disseminada quanto a Internet. Não havia controle ser acionadas por um idioma e outro.
e qualquer pessoa, adquirindo um kit de rádio, montava sua Adaptado de Suzana Herculano-Houzel
estação sem fio.
Em 1921 havia 525 estatais transmissoras nos Estados
Unidos. Até o final de 1924, mais de 2 milhões de aparelhos de
rádio. Segundo Tim Wu, autor do importante "Impérios da (Mackenzie 2009) Assinale a alternativa CORRETA.
Comunicação", antes da Internet os rádios foram a maior mídia
a) "enquanto" (ref. 2) denota temporalidade e pode ser
aberta do século.
substituído, sem alteração do sentido original do texto, por
4
Repetiu-se o mesmo processo do telefone. À medida que "sempre que".
aumentava o público e criava escala, o mercado libertário era
enquadrado pelo poder público e a ocupação do espaço entregue b) "já que" (ref. 3) apresenta o mesmo valor semântico observado
a grupos particulares. na expressão destacada em "Ele sairá cedo, PARA QUE possa
Hoje em dia, as concessões de rádio se tornaram ativos de voltar depois".
empresas privadas, as rádios comunitárias são criminalizadas e o
exercício pessoal se restringe aos rádios amadores. c) Considerando a correção gramatical, o uso do advérbio "talvez"
Esse é o desafio atual da Internet. Se não for garantida a (ref. 4) implica o uso do modo verbal subjuntivo ("explique").
neutralidade da rede - isto é, o direito de qualquer site ou pessoa
de ter acesso à rede, sem privilégios - em breve o grande sonho d) Em "As pessoas que falam" (ref. 5), o "que" exerce a mesma
libertário da Internet terá o mesmo destino do telefone e do rádio. função e expressa o mesmo valor que em "Eu sei QUE você
conhece".
Luís Nassif. Coluna Econômica. 07/09/2013.
e) É possível alterar, sem prejuízo do sentido original do texto,
"entre" (ref. 6) por "dentre", uma vez que as preposições denotam
(Uece 2015) Os parágrafos do texto têm um alto grau de coesão. o mesmo sentido.
Assinale a afirmação FALSA em relação ao mecanismo coesivo.
Exercício 28
a) Entre os parágrafos 1 e 2, a coesão é feita só com a progressão
(Acafe 2021) Leia as frases a seguir e analise as relações de
das ideias do parágrafo 1, sem nenhum elo linguístico.
significado expressas pelas orações destacadas.
oposição do período acima. terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu
a) Malgrado vasculhar a consciência, não acho pecado que poder, e todo o seu coração, 11conserva-a para os seus filhos, e
mereça remorso. ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso
Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo
b) Mesmo vasculhando a consciência, não acho pecado que o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”
mereça remorso.
www.culturabrasil.pro.br/seattle1.htm. Acesso em 16/04/2016.
c) Em vasculhando a consciência, não acho pecado que mereça
remorso.
(G1 - epcar (Cpcar) 2017) Assinale a opção que contém uma
d) A despeito de vasculhar a consciência, não acho pecado que análise correta dos períodos abaixo.
mereça remorso. a) “O homem branco também vai desaparecer, talvez mais
depressa do que as outras raças.” – Período composto, no qual se
e) Não obstante vasculhar a consciência, não acho pecado que verifica que há entre a oração principal e a subordinada uma
mereça remorso. relação de comparação.
Exercício 31
b) “De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus.” – Período
Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões).
composto por subordinação, no qual identificamos duas orações
substantivas apositivas.
Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de
Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos
c) “Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador.” –
(Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que
Período simples, constituído por objeto direto, verbo de ligação e
pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz
complementos nominais.
mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma
incrível atualidade.
d) “Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos.”
– Período composto por uma oração principal, intermediada,
“(...) De uma coisa sabemos, que o homem branco 1talvez venha a
respectivamente, por uma condicional e outra conformativa.
um dia descobrir: 2o nosso Deus é o mesmo Deus. 3Julga, talvez,
que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir Exercício 32
a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é Como prevenir a violência dos adolescentes
amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo
“(...) Quando deparo com as notícias sobre crimes
Criador. O homem branco também vai desaparecer, 4talvez mais
hediondos envolvendo adolescentes, como o ocorrido com Felipe
depressa do que as outras raças. 5Continua sujando a sua própria
Silva Caffé e Liana Friedenbach, fico profundamente triste e
cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios
constrangida. Esse caso é consequência da baixa valorização da
dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os
prevenção primária da violência por meio das estratégias
cavalos selvagens, 6quando as matas misteriosas federem à cientificamente comprovadas, facilmente replicáveis e
definitivamente muito mais baratas do que a recuperação de baratas, facilmente replicáveis e adaptáveis em todo o território
crianças e adolescentes que comentem atos infracionais graves nacional. (...)”
contra a vida. “(...) Com relação à idade mínima para a maioridade penal,
Talvez seja porque a maioria da população não se deu deve permanecer em 18 anos, prevista pelo Estatuto da Criança e
conta e os que estão no poder nos três níveis não estejam do Adolescente e conforme orientações da ONU. Mas o tempo
conscientes de seu papel histórico e de sua responsabilidade máximo de três anos de reclusão em regime fechado, quando a
legal de cuidar do que tem de mais importante à nação: as criança ou o adolescente comete crime hediondo, mesmo em
crianças e os adolescentes, que são o futuro do país e do mundo. locais apropriados e com tratamento multiprofissional, que
A construção da paz e a prevenção da violência dependem urgentemente precisam ser disponibilizados, deve ser revisto.
de como promovemos o desenvolvimento físico, social, mental, Três anos, em muitos casos, podem ser absolutamente
espiritual e cognitivo das nossas crianças e adolescentes, dentro insuficientes para tratar e preparar os adolescentes com graves
do seu contexto familiar e comunitário. Trata-se, portanto, de uma distúrbios para a convivência cidadã. (...)”
ação intersetorial, realizada de maneira sincronizada em cada
comunidade, com a participação das famílias, mesmo que estejam Zilda Arns Neumann, 69, médica pediatra e sanitarista; foi
incompletas ou desestruturadas (...)” fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança. (Folha
“(...) Em relação às crianças e adolescentes que cometeram de S Paulo, 26/11/2003.)
infrações leves ou moderadas – que deveriam ser mais bem
expressas – seu tratamento para a cidadania deveria ser feito com
instrumentos bem elaborados e colocados em prática, na família (G1 - ifal 2011) No período: “Urgente é incorporar os ministérios
ou próxima dela, com acompanhamento multiprofissional, do Esporte e da Cultura às iniciativas da educação...” (9º
desobstruindo as penitenciárias, verdadeiras universidades do parágrafo), temos, respectivamente.
crime. (...)”
a) uma relação de coordenação, com orações coordenadas
“(...) A prevenção primária da violência inicia-se com a
assindética e sindética, respectivamente.
construção de um tecido social saudável e promissor, que começa
antes do nascer, com um bom pré-natal, parto de qualidade,
b) uma relação de subordinação, com orações coordenadas.
aleitamento materno exclusivo até seis meses e o complemento
até mais de um ano, vacinação, vigilância nutricional, educação
c) orações subordinadas, sendo uma principal e outra
infantil, principalmente propiciando o desenvolvimento e o
subordinada substantiva.
respeito à fala da criança, o canto, a oração, o brincar, o andar, o
jogar; uma educação para a paz e a nãoviolência.
d) orações subordinadas substantivas completivas nominais.
A pastoral da criança, que em 2003 completa 20 anos,
forma redes de ação para multiplicar o saber e a solidariedade
e) orações subordinadas, sendo uma principal, outra subordinada
junto às famílias pobres do país, por meio de mais de 230 mil
adverbial.
voluntários, e acompanhou no terceiro trimestre deste ano cerca
de 1,7 milhão de crianças menores de seis anos e 80 mil Exercício 33
gestantes, de mais de 1,2 milhão de famílias, que moram em (S1 - ifce 2020) Apresenta uma oração subordinada substantiva
34.784 comunidades de 3.696 municípios do país. predicativa o item
O Brasil é o país que mais reduziu a mortalidade infantil
a) João esperou para que você não fosse sozinho.
nos últimos dez anos; isso, sem dúvida, é resultado da
organização e universalização dos serviços de saúde pública, da
b) Queremos que você se saia bem na prova.
melhoria da atenção primária, com todas as limitações que o SUS
possa ainda possuir, da descentralização e municipalização dos
c) Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
recursos e dos serviços de saúde. A intensa luta contra a
mortalidade infantil, a desnutrição e a violência intrafamiliar
d) O ideal é que nós sejamos amigos.
contou com a contribuição dessa enorme rede de
solidariedade da Pastoral da Criança. (...)”
e) Não consegui falar com meu amigo que mora em Portugal.
“(...) A segunda área da maior importância nessa
prevenção primária da violência envolvendo crianças e Exercício 34
adolescentes é a educação, a começar pelas creches, escolas (G1 - ifce 2016) No período “É importante que ele não falte à
infantis e de educação fundamental e de nível médio, que devem reunião”, a oração sublinhada é
valorizar o desenvolvimento do raciocínio e a matemática, a
a) subordinada substantiva objetiva direta.
música, a arte, o esporte e a prática da solidariedade humana.
As escolas nas comunidades mais pobres deveriam ter
b) subordinada substantiva objetiva indireta.
dois turnos, para darem conta da educação integral das crianças e
dos adolescentes; deveriam dispor de equipes multiprofissionais
c) subordinada substantiva subjetiva.
atualizadas e capacitadas a avaliar periodicamente os alunos.
Urgente é incorporar os ministérios do Esporte e da Cultura às
iniciativas da educação, com atividades em larga escala e simples, d) coordenada assindética.
e) subordinada substantiva predicativa. a) O professor verificou se as alternativas estavam em ordem.
(Oração Subordinada Substantiva Predicativa)
Exercício 35
(Espcex (Aman) 2013) Assinale a alternativa correta quanto à
b) Lembre-se de que tudo não passou de um engano. (Oração
classificação sintática das orações grifadas abaixo, Subordinada Substantiva Completiva Nominal)
respectivamente.
c) O sargento indagou de quem era aquela identidade. (Oração
— Acredita-se que a banana faz bem à saúde.
Subordinada Substantiva Objetiva Indireta)
— Ofereceram a viagem a quem venceu o concurso.
d) Seu medo era que ele fosse reprovado no concurso. (Oração
— Impediram o fiscal de que recebesse a propina combinada.
Subordinada Substantiva Predicativa)
— Os patrocinadores tinham a convicção de que os lucros seriam
compensadores. Exercício 39
(Eear 2019) Assinale a alternativa em que a oração em destaque
a) subjetiva – objetiva indireta – objetiva indireta – completiva
é subordinada substantiva objetiva indireta.
nominal
a) Aqui ninguém se opõe a que se conheça o sistema.
b) subjetiva – objetiva indireta – completiva nominal – completiva
nominal b) Seu medo era que morresse na data da festa.
c) adjetiva – completiva nominal – objetiva indireta – objetiva c) Nunca se sabe quem está contra nós.
indireta
d) Perguntei-lhe quando voltaria.
d) objetiva direta – objetiva indireta – objetiva indireta –
Exercício 40
completiva nominal
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
e) subjetiva - completiva nominal - objetiva indireta - objetiva Leia o fragmento do romance O Cabeleira, abaixo, e responda à(s)
indireta questão(ões) a seguir.
d) adverbial modal.
(Uel 2016) No trecho “com receio de ficarem sepultados para
sempre em tão medonhos sarcófagos”, há uma oração reduzida
e) adverbial causal.
a) subordinada adverbial final.
Exercício 38
(Eear 2019) Marque a alternativa que apresenta correta b) subordinada adverbial temporal.
classificação da oração apresentada.
c) subordinada substantiva objetiva indireta.
d) subordinada substantiva completiva nominal. de soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem dúvida. Mas foi
excelente para a felicidade.”
e) subordinada substantiva predicativa. No universo de Orwell, a população é controlada pela dor. No de
Huxley, pelo prazer. “Orwell temia que nossa ruína seria causada
Exercício 41
pelo que odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve Postman.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Só precisa haver censura, diz ele, se os tiranos acreditam que o
MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO TEMPO
público sabe a diferença entre discurso sério e entretenimento.
Hélio Gurovitz (...) O alvo de Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele
julgava ter imposto uma cultura fragmentada e superficial,
Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para incapaz de manter com a verdade a relação reflexiva e racional da
o topo da lista dos mais vendidos (...) 1A distopia de Orwel,
palavra impressa. 11O computador só engatinhava, e Postman
mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo:
mal poderia prever como celulares, tablets e redes sociais se
o stalinismo. (...) 2O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos tornariam – bem mais que a TV – o soma contemporâneo. Mas
alternativos” e da anestesia intelectual nas redes sociais mais suas palavras foram prescientes: “O que afligia a população em
parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo Admirável mundo novo não é que estivessem rindo em vez de
novo, de Aldous Huxley. pensar, mas que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham
3Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira parado de pensar”.
vez em 1985, num livreto do teórico da comunicação americano
Neil Postman: Amusing ourselves to death (4Nos divertindo até Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de 2017, p. 67.
morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no
The Guardian. “Na visão de Huxley, não é necessário nenhum
Grande Irmão para despojar a população de autonomia, Distopia = Pensamento, filosofia ou processo discursivo
maturidade ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria amando caracterizado pelo totalitarismo, autoritarismo e opressivo
sua opressão, adorando as tecnologias que destroem sua controle da sociedade, representando a antítese de utopia.
capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que proibiriam os (BECHARA, E. Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de
livros. Huxley temia que não haveria motivo para proibir um livro, Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533).
pois não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell temia
aqueles que nos privariam de informação. Huxley, aqueles que
nos dariam tanta que seríamos reduzidos à passividade e ao (Epcar (Afa) 2018) Assinale a alternativa em que a análise dos
egoísmo. 5Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós. termos presentes no excerto abaixo está de acordo com o que
Huxley, que fosse afogada num mar de irrelevância.” prescreve a Gramática Normativa da Língua Portuguesa.
6
No futuro pintado por Huxley, (...) não há mães, pais ou
“A distopia de Orwell, mesmo situada no futuro, tinha um
casamentos. O sexo é livre. A diversão está disponível na forma
endereço certo em seu tempo: o stalinismo.” (ref. 1)
de jogos esportivos, cinema multissensorial e de uma droga que
garante o bem-estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na a) O período é composto por três orações, sendo duas
Terra dez áreas civilizadas e uns poucos territórios selvagens, subordinadas e uma coordenada.
onde 7grupos nativos ainda preservam costumes e tradições
primitivos, como família ou religião. “O mundo agora é estável”, b) “... mesmo situada no futuro...” é classificada como oração
diz um líder civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam subordinada adverbial temporal reduzida de particípio.
e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em
c) “... o stalinismo” é um aposto que se refere ao termo imediato
segurança; nunca adoecem; 8não têm medo da morte; vivem na
que o antecede – “seu tempo”.
ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham
sobrecarregadas de pais e mães; 9não têm esposas, nem filhos,
d) As vírgulas servem para isolar a oração subordinada adverbial
nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são
que está inserida em sua oração principal.
condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar
de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar Exercício 42
mal, há o soma.” TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
10
Para chegar à estabilidade absoluta, foi necessário abrir mão da – Mas que ossos tão 1miudinhos! São de criança?
arte e da ciência. “A felicidade universal mantém as engrenagens – Ele disse que eram de adulto. De um anão.
em funcionamento regular; a verdade e a beleza são incapazes de – De um anão? É mesmo, a gente vê que já estão formados... Mas
fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as massas tomavam o poder que maravilha, 2é raro à beça esqueleto de anão. E tão limpo,
público, era a felicidade, mais que a verdade e a beleza, o que
olha aí – admirou-se ela. Trouxe na ponta dos dedos 3um
importava.” A verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a
pequeno crânio de uma 3brancura de cal. – Tão perfeito, todos os
arte, perigos públicos. Mas não é necessário esforço totalitário
4
para controlá-las. Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer dentinhos!
sacrifício em troca de uma vida sossegada” e de sua dose diária – Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode ficar com
ele. O banheiro é aqui do lado, 5só vocês é que vão usar, tenho o
meu lá embaixo. Banho quente, extra. 6Telefone, também. 7Café
das sete às nove, deixo a mesa posta na cozinha coma garrafa b) V – V – V – V – V
térmica, fechem bem a garrafa – recomendou coçando a cabeça. A c) F – F – V – V – F
peruca se deslocou ligeiramente. 8Soltou uma baforada final: – d) F – V – V – V – F
9 e) F – V – F – V – F
Não deixem a porta aberta senão meu gato foge.
Ficamos nos olhando e rindo enquanto ouvíamos o barulho de Exercício 43
seus chinelos de salto na escada. E a tosse encatarrada. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Esvaziei a mala, dependurei a blusa 10amarrotada num cabide 1
Eu tinha nove ou dez anos, e uma tia, que era pintora, me
que enfiei num vão da veneziana, prendi na parede, com durex, convidara para ir ao seu ateliê para conhecer o local onde ela
uma gravura de Grassmann e 11sentei meu urso de pelúcia em trabalhava. O pequeno aposento estava frio e tinha um cheiro
cima do travesseiro. Fiquei vendo minha prima subir na cadeira, maravilhoso de terebintina e óleo; as telas armazenadas,
12desatarraxar 13a lâmpada 14fraquíssima que pendia de um fio apoiadas uma nas outras, me pareciam livros deformados no
solitário no meio do teto e no lugar atarraxar uma lâmpada de sonho de alguém que soubesse vagamente o que eram livros e os
houvesse imaginado enormes, feitos de uma única página, dura e
duzentas velas que tirou da sacola. 15O quarto ficou mais alegre.
grossa [...].
Em compensação, agora a gente podia ver que a roupa de cama
Francis Bacon observou que, para os antigos, todas as imagens
não era tão alva assim, alva era a pequena tíbia que ela tirou de
que o mundo dispõe diante de nós já se acham encerradas em
dentro do 16caixotinho. Examinou-a. Tirou uma vértebra 17e
nossa memória desde o nascimento. “Desse modo, Platão tinha a
olhou pelo buraco tão reduzido como o aro de um anel. Guardou-
concepção”, escreveu ele, “de que todo conhecimento não
as com a delicadeza com que se amontoam os ovos numa caixa.
passava de recordação; do mesmo modo, Salomão proferiu sua
– Um anão. 18Raríssimo, entende? E acho que não falta nenhum
conclusão de que toda novidade não passa de esquecimento”. Se
ossinho, vou trazer as ligaduras, quero ver se no fim de semana
isso for verdade, estamos todos refletidos de algum modo nas
começo a montar ele.
numerosas e distintas imagens que nos rodeiam, uma vez que
elas já são parte daquilo que somos: imagens que criamos e
TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos | Lygia Fagundes imagens que emolduramos; imagens que compomos fisicamente,
Telles, seleção de Eduardo Portella. – [13 ed.] – São Paulo: à mão, e imagens que se formam espontaneamente na
Global, 2015, p.123. imaginação; imagens de rostos, árvores, prédios, nuvens,
paisagens, instrumentos, água, fogo e imagens daquelas imagens
– pintadas, esculpidas, encenadas... Quer descubramos nessas
(Udesc 2019) Analise as proposições em relação ao conto “As imagens circundantes lembranças desbotadas de uma beleza
formigas”, Lygia Fagundes Telles, e ao trecho apresentado, que, em outros tempos, foi nossa (como sugeriu Platão), quer elas
assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa. exijam de nós uma interpretação nova e original, por meio de
todas as possibilidades que nossa linguagem tenha a oferecer,
( ) Na estrutura “um pequeno crânio de uma brancura de cal”
somos essencialmente criaturas de imagens, de figuras.
(ref. 3) a palavra destacada, quanto ao gênero, é classificada
feminina, por referir-se à cor, quando ele se referir ao óxido de
(MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das
cálcio, substância química , ela será classificada masculina.
Letras, 2009. p. 19-20.)
( ) No período “Soltou uma baforada final: Não deixem a porta
aberta senão meu gato foge” (ref. 9) a oração destacada,
sintaticamente, é classificada subordinada substantiva apositiva,
(G1 - cmrj 2019) As orações adjetivas cujo conteúdo é
uma vez que está exercendo a função de um aposto para o termo relevante para a identificação da entidade, ser ou objeto a que
substantivo final. se refere o antecedente do pronome relativo chamam-se
( ) Na oração “sentei meu urso de pelúcia em cima do restritivas [...].
travesseiro” (ref. 11) tem-se, quanto à sintaxe, sujeito Quando, entretanto, o conteúdo da oração adjetiva não
desinencial/elíptico e, em relação às expressões destacadas, contribui para essa identificação, dizemos que a oração adjetiva
objeto direto, adjunto adnominal e adjunto adverbial, é não restritiva (ou explicativa).
sequencialmente. (Azeredo, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua
( ) A oração “a lâmpada fraquíssima que pendia de um fio portuguesa. 1.ed. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 319-320.)
solitário” (ref. 13) contribui para a criação de uma atmosfera
sombria, nebulosa que é desfeita pela lâmpada de 200 velas – “O
quarto ficou mais alegre” (ref. 15). Ao longo do texto, observam-se algumas ocorrências de orações
( ) Os adjetivos “fraquíssima” (ref. 14) e “Raríssimo” (ref. 18), adjetivas.
quanto à flexão de grau, encontram-se na forma sintética – No período “Eu tinha nove ou dez anos, e uma tia, que era pintora,
superlativo absoluto sintético, para estabelecer a relação de me convidara para ir ao seu ateliê para conhecer o local onde ela
simetria entre a luminosidade e o anão. trabalhava.” (ref. 1), a oração adjetiva destacada estabelece com o
vocábulo “tia” uma relação semântica de
Assinale a alternativa correta, de cima para baixo.
a) conclusão.
a) V – F – F – V – V
Marque a alternativa correta.
b) comparação.
a) A frase I possibilita a conclusão de que todos os brasileiros,
indiscriminadamente, desejam ingressar na Força Aérea
c) retificação.
Brasileira.
d) generalização.
b) As frases I e II estão em desconformidade com as normas
gramaticais vigentes em relação às Orações Subordinadas
e) caracterização.
Adjetivas.
Exercício 44
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: c) A frase I, por conter Oração Subordinada Adjetiva Restritiva,
Leia a letra da música “É você” de Marisa Monte e responda à(s) não apresenta vírgulas. Esse fato está em conformidade com as
questão(ões). normas gramaticais vigentes.
c) subordinadas adjetivas, pois exercem a função de adjetivo. (CARLOS, Newton. Narcotráfico corrói a estabilidade do estado
mexicano. In: Mundo – geografia e política internacional. Edição
d) coordenadas sindéticas, pois exercem a função aditiva. 100, ano 17, n. 4, agosto/2009, p. 11. Adaptado)
b) ... Estados Unidos, onde se constroem muros e se fortalecem a sério, não é 19saber 20que tudo tem um dono, e dele receber
repressão... ordens. Não21! 22É entrar numa sala 23onde outras pessoas
também aguardam na fila, e todos se olham com uma ofensiva
c) ... Estados Unidos, que constroem muros e que fortalecem a indiferença porque ninguém sabe quem é quem. 24No Brasil, a
repressão... igualdade é vivida como uma ofensa ou um castigo.
25O anonimato associado à cidadania nos perturba. Para nós, o
d) ... Estados Unidos logo que constroem muros e fortalecem a maior castigo não é a prisão, é saber que somos iguais a todo
repressão... mundo porque burlamos a lei que foi feita para todos, menos para
nós. 26Quando indiciados, viramos vítimas de uma maldosa
e) ... Estados Unidos no qual constroem muros que fortalecem a
igualdade republicana! No Brasil lido como Estado nacional,
repressão...
somos todos “cidadãos”. Mas no Brasil relacional da casa e das
27
Exercício 47 amizades que nos impedem de dizer não, somos todos
(G1 1996) Classifique as orações adjetivas marcando: parentes e amigos. Não somos como todo mundo.
28Saiu ao pai ou ao avô... Merece a nomeação. Ademais, é
“14conheci Frank Sinatra 15quando ele morava em Hoboken e era A República proclamada sem um viés igualitário 52só tem a perna
um merdinha”16; 17ou, “esse eu conheço!” — confirma a nossa da liberdade. 53A da 54igualdade que, ao lado da fraternidade,
55regularia o seu caminho, nasceu 56atrofiada e até hoje
ontologia segundo 18a qual “conhecer” ou relacionar-se
permanece torta. A liberdade de gritar, de confrontar, é cúmplices de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por
reveladora. 57Só grita quem pode, e calar é sinal de juízo e omissão.
respeito. – Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a
58Hoje assistimos às tramas para impedir a realização da ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e
igualdade que, para muitos poderosos, foi longe demais enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para
igualando quem deveria estar acima da lei. decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários
59 tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar
— Como ser como todo mundo numa sociedade marcada por
nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais.
privilégios? Qual a fórmula do viver democrático e igualitário?
O trecho pertence à carta de um grupo de 170 indígenas que
60Aprenda a dizer não a si mesmo. É nesse abrir-se para ser
vivem à beira de um rio no município de Iguatemi, no Mato Grosso
como todo mundo que está o espírito igualitário. A alma da do Sul, cercados por pistoleiros. As palavras foram ditadas em 8
democracia. de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis
Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal
*Roberto DaMatta é antropólogo e colunista dos jornais O Estado decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e
de São Paulo e O Globo. 70 crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência –
2
morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence.
(Texto adaptado do original e disponível em
Há cartas, como a de Pero Vaz de Caminha, de 1º de maio de
<https://oglobo.globo.com/opiniao/ser-como-todo-mundo-
1500, que são documentos de fundação do Brasil: fundam uma
21656782>. Acesso em 30 ago. 2017)
nação, ainda sequer imaginada, a partir do olhar estrangeiro do
colonizador sobre a terra e sobre os habitantes que nela vivem. E
há cartas, como a dos Guaranis Caiovás, escritas mais de 500
Vocabulário
anos depois, que são documentos de falência. A partir da carta
dos Guaranis Caiovás, tornamo-nos cúmplices de genocídio.
Ontologia: Parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é,
Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é.
do ser concebido como tendo uma natureza comum que é
inerente a todos e a cada um dos seres (Dicionário Aurélio da
Eliane Brum
Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2010)
Fonte:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/elianebrum/noticia/2012/10/dec
nossa-extincao-e-nos-enterrem-aqui.html (Adaptado)
(Uem 2018) Assinale o que for correto quanto ao emprego de
elementos linguísticos no texto.
01) Em “É entrar numa sala onde outras pessoas também (G1 - cp2 2018) Releia o seguinte trecho do texto (ref. 2):
aguardam na fila” (referência 22), o vocábulo “onde” (referência
23) poderia ser substituído por “que”, sem prejuízo sintático- [...] morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence.
semântico.
Substituindo a oração adjetiva sublinhada por um termo simples,
02) Na referência 4, o vocábulo “que” retoma a expressão “as assinale a alternativa em que a reescrita do trecho altera
hierarquias e as gradações”, desencadeando uma concordância significativamente o sentido do texto
verbal no plural com o verbo “estão” (referência 5).
a) [...] morrer com tudo o que são, na terra deles.
Exercício 49
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Carta da Terra (excerto)
“Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA I. “Orientar ações (...) mesmo quando a informação científica for
(...) incompleta...” (ref. 4) – a expressão coesiva mesmo quando serve
para evidenciar uma exceção em relação à prática de as ações
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as serem pautadas em conhecimentos científicos conclusivos.
futuras gerações. II. “Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de
proteção ambiental...” (ref. 2) – a palavra como introduz um termo
a) Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é com função adverbial e estabelece um sentido de conformidade.
condicionada pelas necessidades das gerações futuras. III. “... quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura
b) Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições de precaução.” (ref. 3) – É possível afirmar que a conjunção
que apoiem, em longo prazo, a prosperidade das comunidades quando além de veicular uma ideia de tempo, sugere também
humanas e ecológicas da Terra. uma condição.
IV. “Manejar o uso de recursos renováveis (...) de forma que não
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA excedam as taxas de regeneração...” (ref. 1) o pronome relativo
que introduz uma oração adjetiva que está subordinada ao
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da substantivo “forma”, especificando-o.
Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e
pelos processos naturais que sustentam a vida. Está correto o que se afirma nos enunciados
Exercício 52
(Espcex (Aman) 2015) Assinale a alternativa que analisa
(G1 - epcar (Cpcar) 2017) Dá-se o nome de coesão à conexão
corretamente a oração sublinhada na frase a seguir.
interna entre os vários enunciados de um texto, a qual é fruto das
“Os animais que se alimentam de carne chamam-se carnívoros.”
relações de sentido entre eles. Essas relações são manifestas por
a) A oração adjetiva sublinhada serve para explicar como são (Unesp 2015) No início do segundo parágrafo, por ter na frase a
chamados os animais que se alimentam de carne e, portanto, por mesma função sintática que o vocábulo “vagaroso” com relação a
ser explicativa, deveria estar separada por vírgulas. “passo”, a oração “de quem não tem pressa” é considerada
a) coordenada sindética.
b) Como todos os animais carnívoros alimentam-se de carne, não
há restrição. Nesse caso, a oração sublinhada só poderá ser
b) subordinada substantiva.
explicativa e, portanto, deveria estar separada por vírgulas.
c) subordinada adjetiva.
c) Trata-se de uma oração evidentemente explicativa, pois ensina
como são chamados os animais que se alimentam de carne.
d) coordenada assindética.
Sendo assim, a oração adjetiva sublinhada deveria estar separada
por vírgulas.
e) subordinada adverbial.
d) conjunção integrante e encabeça oração subordinada Sobre as proposições acima, pode-se afirmar que
substantiva.
a) apenas I está correta.
c) apenas III.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. 13. ed. São Paulo:
Record, 2006. p. 20-21. (Adaptado).
d) apenas I e II.
e) I, II e III.
(Ueg 2018) Considere o seguinte parágrafo:
Exercício 61
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “É sobre tais alicerces que se edifica o discurso da escassez, afinal
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões) a seguir. descoberta pelas massas. A população, aglomerada em poucos
pontos da superfície da Terra, constitui uma das bases de
O mundo como pode ser: uma outra globalização reconstrução e de sobrevivência das relações locais, abrindo a
possibilidade de utilização, ao serviço dos homens, do sistema
Podemos pensar na construção de um outro mundo a partir de técnico atual”.
uma globalização mais humana. As bases materiais do período
atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos A oração reduzida de gerúndio “abrindo a possibilidade de
momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas utilização, ao serviço dos homens, do sistema técnico atual”
que o grande capital se apoia para construir uma globalização retoma como sujeito o seguinte sintagma:
perversa. Mas essas mesmas bases técnicas poderão servir a
a) “uma das bases de reconstrução e de sobrevivência das
outros objetivos, se forem postas a serviço de outros
relações locais”
fundamentos sociais e políticos. Parece que as condições
históricas do fim do século XX apontavam para esta última
b) “a população aglomerada em poucos pontos da superfície da
possibilidade. Tais novas condições tanto se dão no plano
Terra”
empírico quanto no plano teórico.
Considerando o que atualmente se verifica no plano empírico,
c) “descoberta pelas massas”
podemos, em primeiro lugar, reconhecer um certo número de
fatos novos indicativos da emergência de uma nova história. O d) “o discurso da escassez”
primeiro desses fenômenos é a enorme mistura de povos, raças,
culturas, gostos, em todos os continentes. A isso se acrescente, e) “tais alicerces”
graças ao progresso da informação, a “mistura” de filosofia, em
detrimento do racionalismo europeu. Um outro dado de nossa Exercício 62
era, indicativo da possibilidade de mudanças, é a produção de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
uma população aglomerada em áreas cada vez menores, o que REFLETINDO SOBRE APROPRIAÇÃO CULTURAL
permite um ainda maior dinamismo àquela mistura entre pessoas Os efeitos desta supervalorização da cultura europeia é a
e filosofias. As massas, de que falava Ortega y Gasset na primeira existência de uma hierarquia cultural
metade do século (A rebelião das massas, 1937), ganham uma
nova qualidade em virtude de sua aglomeração exponencial e de Já há algum tempo, acompanho esse debate sobre apropriação
sua diversificação. Trata-se da existência de uma verdadeira cultural e, lendo os artigos produzidos (a favor ou contra), percebi
sociodiversidade, historicamente muito mais significativa que a que a maioria não consegue articular este debate com questões
própria biodiversidade. Junte-se a esses fatos a emergência de mais amplas: racismo e capitalismo.
uma cultura popular que se serve dos meios técnicos antes É preciso aceitar que há apropriação cultural. E que esta
exclusivos da cultura de massas, permitindo-lhe exercer sobre apropriação não é resultado de uma troca cultural. E por quê? A
esta última uma verdadeira revanche ou vingança. cultura predominante em nosso país é a ocidental que nos obriga
É sobre tais alicerces que se edifica o discurso da escassez, afinal a digerir a cultura europeia. Isso é bem problemático numa
descoberta pelas massas. A população, aglomerada em poucos sociedade marcada pela diversidade étnico-cultural. Os efeitos
pontos da superfície da Terra, constitui uma das bases de desta supervalorização da cultura europeia é a existência de uma
reconstrução e de sobrevivência das relações locais, abrindo a hierarquia cultural. E é aqui que racismo e capitalismo se
possibilidade de utilização, ao serviço dos homens, do sistema articulam na apropriação da cultura do outro.
técnico atual. Ninguém no Brasil é proibido de usar um turbante, uma guia ou
No plano teórico, o que verificamos é a possibilidade de produção de pertencer a alguma religião de matriz africana. Porém, há um
de um novo discurso, de uma nova metanarrativa, um grande olhar diferenciado quando negros ou negras usam um turbante,
relato. Esse novo discurso ganha relevância pelo fato de que, pela uma guia que os identificam com o candomblé em espaço público.
primeira vez na história do homem, se pode constatar a existência Diferente de brancos. Os primeiros são logo tachados de
de uma universalidade empírica. A universalidade deixa de ser macumbeiros e os segundos, na moda, estilo e tendência étnica.
apenas uma elaboração abstrata na mente dos filósofos para
O cerne da questão se dá quando a cultura africana e afro-
brasileira é apropriada por empresas e os protagonistas são b) II e III.
excluídos do processo. Outro problema da assimilação cultural é
seu retorno. Esta retorna na forma de mercadoria esvaziada de c) III e V.
sentido. A filósofa e feminista negra Djamila Ribeiro faz a
provocação: “A etnia Maasai não quer ser reparada pelo mundo d) III, IV e V.
da moda por apropriação, porque lucraram com sua cultura sem
que eles recebessem por isso.” A relação entre capitalismo e e) I, II e IV.
racismo se manifesta desta forma.
O debate sobre apropriação cultural propõe refletir sobre o uso Exercício 63
da cultura africana e afro-brasileira por empresas sem a presença TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
e um retorno aos protagonistas. Para os que fazem este debate Janelas Quebradas: uma teoria do crime que merece reflexão
de forma ampla, há uma compreensão de que não é justo atingir
A teoria das janelas quebradas ou “broken windows theory” é um
pessoas. Estas não possuem um conhecimento sobre tal
modelo norte-americano de política de segurança pública no
problemática. É preciso atacar as empresas que usam e abusam
enfrentamento e combate ao crime, tendo como visão
da cultura desses povos e a transformam em simples mercadoria.
fundamental a desordem como fator de elevação dos índices da
Chamo atenção (finalizando) para o fato de alguns artigos que,
sem entender ou por pura desonestidade intelectual, procuram, criminalidade. Nesse sentido, apregoa tal teoria que, 1se não
ao combater os argumentos daqueles que escrevem sobre a forem reprimidos, os pequenos delitos ou contravenções
apropriação cultural, desqualificar toda uma produção de conduzem, inevitavelmente, a condutas criminosas mais graves,
conhecimento forjada a partir de uma longa experiência no em vista do descaso estatal em punir os responsáveis pelos
combate ao racismo. Penso que todo debate é válido, porém, crimes menos graves. Torna-se necessária, 2então, a efetiva
sejamos éticos. atuação estatal no combate à criminalidade, seja ela a
microcriminalidade ou a macrocriminalidade.
FERREIRA, H. Refletindo sobre apropriação cultural. Disponível Essa teoria na verdade começou a ser desenvolvida em 1982,
em: < http://www.opovo.com.br/jornal/opiniao/2017/02/hilario- 3quando o cientista político James Q. Wilson e o psicólogo
ferreira-refletindo-sobre-apropriacao-cultural.html>. Acesso em: criminologista George Kelling, americanos, publicaram um estudo
09 maio 2017 (adaptado). na revista Atlantic Monthly, estabelecendo, pela primeira vez,
uma relação de causalidade entre desordem e criminalidade.
Nesse estudo, utilizaram os autores da imagem das janelas
(G1 - ifpe 2017) Com base nas estratégias lógico-discursivas quebradas para explicar como a desordem e a criminalidade
mobilizadas no texto, considere as seguintes afirmativas. poderiam, aos poucos, infiltrar-se na comunidade, causando a sua
decadência e a consequente queda da qualidade de vida. O
I. No trecho “lendo os artigos produzidos (a favor ou contra), estudo realizado por esses criminologistas teve por base a
percebi que a maioria não consegue articular este debate” experiência dos carros abandonados no Bronx e em Palo Alto.
(parágrafo 1), o verbo grifado institui uma oração subordinada Em suas conclusões, esses especialistas acreditam que,
reduzida de gerúndio e estabelece, com a oração seguinte, uma ampliando a análise situacional, se por exemplo uma janela de
relação de alternância. uma fábrica ou escritório fosse quebrada e não
II. Em “Porém, há um olhar diferenciado” (parágrafo 3), a fosse,4incontinenti, consertada, quem por ali passasse e se
conjunção destacada introduz uma ideia de oposição com relação deparasse com a cena logo iria concluir que ninguém se
ao período anterior. importava com a situação e que naquela localidade não havia
III. Em “O cerne da questão se dá quando a cultura africana e autoridade responsável pela manutenção da ordem.
afro-brasileira é apropriada por empresas” (parágrafo 4), a Logo em seguida, as pessoas de bem deixariam aquela
conjunção grifada introduz uma circunstância de tempo. comunidade, relegando o bairro à mercê de gatunos e
IV. No trecho “A etnia Maasai não quer ser reparada pelo mundo desordeiros, pois apenas pessoas desocupadas ou imprudentes
da moda por apropriação, porque lucraram com sua cultura sem se sentiriam à vontade para residir em uma rua cuja decadência
que eles recebessem por isso” (parágrafo 4), a expressão em se torna evidente. Pequenas desordens, portanto, levariam a
destaque introduz a consequência do lucro do mundo da moda grandes desordens e, posteriormente, ao crime.
com a cultura Maasai. Da mesma forma, concluem os defensores da teoria, quando são
V. Em “Chamo atenção (finalizando) para o fato de alguns artigos
cometidas “pequenas faltas” (estacionar em lugar proibido,
que [...] procuram, ao combater os argumentos daqueles que
exceder o limite de velocidade, passar com o sinal vermelho) e as
escrevem sobre a apropriação cultural, desqualificar toda uma
mesmas não são sancionadas, logo começam as faltas maiores e
produção de conhecimento forjada” (parágrafo 6), a expressão
os delitos cada vez mais graves. Se admitirmos atitudes violentas
verbal grifada introduz uma oração reduzida de infinitivo que
como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de
estabelece uma relação de conformidade com a oração anterior.
desenvolvimento será de maior violência quando essas crianças
se tomarem adultas.
Estão CORRETAS apenas as assertivas
A Teoria das Janelas Quebradas definiu um novo marco no estudo
a) I e III. da criminalidade ao apontar que a relação de causalidade entre a
criminalidade e outros fatores sociais, tais como a pobreza ou a
“segregação racial” é menos importante do que a relação entre a III. Se for aplicada de modo unilateral, pode facilmente ser usada
desordem e a criminalidade. Não seriam somente fatores como instrumento opressor pela autoridade fascista de plantão,
ambientais (mesológicos) ou pessoais (biológicos) que teriam tal como um ditador ou uma força policial dura.
influência na formação da personalidade criminosa, contrariando Reescrita: Aplicando-a de modo unilateral, (...).
os estudos da criminologia clássica. Consideração: a reescrita com emprego de uma oração reduzida
(...) de gerúndio manteve o mesmo grau de condicionalidade para que
A expressão “tolerância zero” soa, 5a priori, como uma espécie de a afirmação a seguir seja sustentada.
solução autoritária e repressiva. Se for aplicada de modo
unilateral, pode facilmente ser usada como instrumento opressor Assinale a alternativa correta.
pela autoridade fascista de plantão, tal como um ditador ou uma a) Somente a afirmativa I está correta.
força policial dura. Mas seus defensores afirmam que o seu
conceito principal é muito mais a prevenção e a promoção de b) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o
delinquente, mas sim de impedir a eclosão de processos criminais c) Somente a afirmativa III está correta.
incontroláveis. O método preconiza claramente que aos abusos
de autoridade da polícia e dos governantes também se deve d) Somente a afirmativa II está correta.
aplicar a tolerância zero. Ela não pode, em absoluto, restringir-se
à massa popular. Não se trata, é preciso frisar, de tolerância zero e) Todas as afirmativas estão corretas.
em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em
relação ao próprio delito. 6Trata-se de criar comunidades limpas, Exercício 64
ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
convivência social humana. Como percepção da sociedade moderna, não há nada que se
A tolerância zero e sua base filosófica, a Teoria das Janelas compare a ‘O Capital’, ao ‘Manifesto Comunista’ e aos escritos
Quebradas, colocou Nova York na lista das metrópoles mundiais sobre a luta de classes na França. A potência da formulação e da
mais seguras. Talvez elas possam, também, não apenas explicar o análise até hoje deixa boquiaberto. Dito isso, os prognósticos de
que acontece aqui no Brasil em matéria de corrupção, Marx sobre a revolução operária não se realizaram, o que obriga a
impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc., mas uma leitura distanciada. Outros aspectos da teoria, entretanto,
tornarem-se instrumento para a criação de uma sociedade melhor ficaram de pé, mais atuais do que nunca, tais como a
e mais segura para todos. mercantilização da existência, a crise geral sempre pendente e a
exploração do trabalho. Nossa vida intelectual seria bem mais
http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/116409/Janelas- relevante se não fechássemos os olhos para esse lado das coisas.
Quebradas-Uma-teoria-do-crime-que-merece-
reflex%C3%A3o.htm (Roberto Schwarz, “Por que ler Marx”, Folha de S.Paulo,
22.02.2013)
quais apenas três sobreviveram. 3imigrantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e
colhendo, mas cobravam pelos trabalhos realizados, o que gerou III. a ocupar seus lugares poderia ser expandida, assumindo a
insatisfação nos proprietários de terras. forma a ocupação de seus lugares.
As perdas também foram grandes para os coronéis, 4pois
5 Quais estão corretas?
________ gasto uma enorme 6quantidade de dinheiro investindo
nos escravos, e o governo, após a abolição, não pagou nenhuma a) Apenas I.
indenização a eles.
A guerra do Paraguai (1864 a 1870) também ajudou na luta b) Apenas II.
7contra o regime monárquico no Brasil. Soldados brasileiros se
subordinados, 13mas não aceitaram tais imposições. Com isso, A internet tem sido um veículo de extrema importância
foram punidos com pena de prisão, levando 14_____ igreja para a divulgação dos escritores das novas gerações, 4assim
15
_____ ir contra o governo. como dos autores de épocas em que os únicos meios de acesso à
Com as tensões aquecendo o mandato de D. Pedro II, o imperador leitura eram o livro e os jornais. Hoje, com todo o advento da
dirigiu-se com sua família para a cidade de Petrópolis, também no tecnologia, os leitores de diversas faixas etárias e de qualquer
estado do Rio de Janeiro. parte do mundo podem acessar e fazer o download gratuito de
16Porém seu afastamento não foi nada favorável, fazendo com uma infinidade de livros, usando o site de buscas Google.
13Pesquisas recentes indicam que o número de obras literárias de
que fosse posto em prática um golpe militar, onde o Marechal
Deodoro da Fonseca conspirava a derrubada de D. Pedro II. poesia e ficção tem crescido consideravelmente dentro do espaço
Boatos de que os responsáveis pelo plano seriam presos fizeram cibernético nos últimos anos. 9Vários escritores têm preferido
com que a armada acontecesse, recebendo o apoio de mais de publicar seus textos ou livros virtualmente a ter que enfrentar os
seiscentos soldados. critérios e a seleção, muitas vezes injusta, das editoras.
No dia 15 de novembro de 1889, ao passar pela Praça da 12Portanto, a internet tem se tornado um espaço facilitador que
Aclamação, o Marechal, com espada em punho, declarou que, a acaba por redimensionar a literatura em todo o mundo.
partir daquela data, o país seria uma república. O espaço cibernético proporcionou também a aproximação
Dom Pedro II recebeu a notícia de que seu governo 17havia sido do escritor com seu leitor. 10Há menos de quinze anos, o escritor
derrubado e um decreto o expulsava do país, juntamente com sua era um completo desconhecido. Comprávamos um livro e o
família. Dias depois, voltaram a 18Portugal. líamos sem grandes possibilidades de contato com o autor. Hoje,
Para governar o Brasil República, os responsáveis pela ao lermos um livro impresso ou digitalizado, podemos encontrar
conspiração montaram um governo provisório, mas o Marechal sites e blogs que trazem mais informações sobre o autor e seus
Deodoro da Fonseca permaneceu como presidente do país. Rui processos de escrita, entrevistas, curiosidades sobre personagens
Barbosa, Benjamin Constant, Campos Sales e outros foram e todo tipo de informação que puder advir da obra em questão.
escolhidos para formar os ministérios. Vários desses endereços virtuais disponibilizam 3até mesmo o e-
mail do autor, de forma que seus leitores podem estabelecer
(FONTE: Jussara de Barros, http://www.brasilescola.com-Texto contato com ele através de mensagens que muitas vezes são
Adaptado) respondidas num tom cordial.
O escritor atual está mais próximo de seu leitor. A geração
literária brasileira que vem se destacando no mercado editorial da
(Imed 2015) Em relação ao período: última década, como Luís Ruffato, Cíntia Moscovich, Marcelino
Freire, Santiago Nazarian, Daniel Galera, Simone Campos, Nélson
Como os negros não trabalhavam mais nas lavouras, os de Oliveira, e muitos outros, tem permitido que o leitor possa
imigrantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e ingressar no “mundo do autor” e conhecer o dia a dia do escritor
colhendo, mas cobravam pelos trabalhos realizados (ref. 2), são através de seus blogs e sites. 5Além disso, há sites e portais
feitas as seguintes afirmações: especializados em literatura, como o Portal Literal, Literatura e
Arte, Cronópios, Rascunho, Releituras e outros, repletos de
I. É um período composto, formado por orações subordinadas e informações sobre literatura e entrevistas com uma ampla
coordenadas. variedade de autores.
II. plantando e colhendo representam orações reduzidas de 6Nos dias atuais, não basta publicar a obra, é preciso
gerúndio.
também publicar o autor. E grande parte dessa acessibilidade à
figura do escritor tem sido proporcionada pela internet. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a
(...) diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa
Muitos questionamentos acerca da resistência dos livros simplificação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos,
em relação à internet são constantemente elaborados, tanto por sentia-se vivo e desagradado.
leitores comuns quanto por especialistas de várias áreas. O que já 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha
sabemos é que 1mesmo com o desaparecimento do livro sendo penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do
alardeado há muitos anos, desde que obras digitalizadas casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não
começaram a aparecer na internet, as obras impressas não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença
sumiram das editoras nem das livrarias. 11Pelo contrário, o era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da
número de editoras tem crescido consideravelmente no Brasil. Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos
As vantagens que o advento da internet ofereceu ao para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos
ressurgimento dos livros nessa era de tecnologia e modernização começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E
não são poucas. Contudo, não podemos afirmar que se lê menos mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna
hoje do que há décadas. É possível que se leia de forma diferente. vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado.
Agora há mais informações, textos mais diversificados, o leitor – Quando você ficar bom...
pode escolher e selecionar o que realmente quer ler. Claro que há – Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.
aqueles que não dispensam os livros, as páginas, o cheiro, a Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar
história no papel impresso. 8Não podemos negar que é excitante remédio e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela
possuir um livro nas mãos e lê-lo. 7Mas também, 2por outro lado, por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o
não podemos duvidar que a internet nos possibilita a leitura de reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito
12
livros que não poderiam chegar às nossas mãos a não ser por ela. quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e
Guinle.
(Revista Conhecimento Prático. Março/2010.p.24-28.) – Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei
licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo
de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.
(G1 - epcar (Cpcar) 2011) Assinale a alternativa em que não há – Vou visitar você todo domingo, quer?
uma oração subordinada reduzida de infinitivo. – É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu
canto.
a) “Nos dias atuais, não basta publicar a obra, é preciso também
Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos
publicar o autor.” (ref. 6)
trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos
b) “Mas também, por outro lado, não podemos duvidar que a nessa breve conversa a longos intervalos. 4Ele chegava e saía
internet nos possibilita a leitura de livros...” (ref. 7) curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem
matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a
c) “Não podemos negar que é excitante possuir um livro nas mãos doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital
e lê-lo.” (ref. 8) pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.
– Pelo rádio – explicou Santos.
d) “Vários escritores têm preferido publicar seus textos ou livros Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações
virtualmente a ter que enfrentar os critérios e a seleção...” (ref. 9) fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não
ficava até o dia seguinte, só essa vez?
– 5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se
Exercício 73 referia à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a
O Outro Marido mesada: uma hora de companhia por mês.
Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. 13Dona
14Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância.
Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele
Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez,
a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-
avaliem pela casca. 9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o
mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não endereço da viúva?
mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros – Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada.
não percebem. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o
quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). 3Por falta de casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e
filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de
derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como Santos. Deixara três órfãos, coitado.
um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam
10Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos.
Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, 7a outra pontinhas de dotes profundos, que, em faltando, a mulher parece
realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava antes um homem, ou antes um animal sem sexo. Margarida era
outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível. muitíssimo do seu sexo, mas das que são pouco femininas, pouco
– Desculpe, foi engano. 8A pessoa a que me refiro não é esta – mulheres, pouco damas, e muito fêmeas. Mas aquilo tinha artes
disse Dona Laurinha, despedindo- se. do Capiroto. Transfigurava-se ao vibrar de não sei que diacho de
molas.
Esposando ao Major Joaquim Damião de Barros, uns dezesseis
(Carlos Drummond de Andrade)
anos mais avançado que ela na idade, passou a chamar-se
Margarida Reginaldo de Oliveira Barros. Se, recebendo o nome do
marido, ela fez tudo o mais que ordena a Santa Madre Igreja, a
(Espcex (Aman) 2011) “Ao aparecerem nele as primeiras dores,
Deus pertence.
D. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as
relações do casal.” (ref.1)
PAIVA, Manuel de Oliveira. Dona Guidinha do Poço. São Paulo:
Assinale a alternativa que contém a classificação sintática correta Ática, 2000, 4ª ed. p.16-17
das orações do período transcrito acima.
d) a fim de lisonjeá‐la.
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto
Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
e) tanto quanto a lisonjeava. terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que
eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e
Exercício 77
os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se
(Ufpr 2019) A explosão das medusas em todo o mundo se deve a
não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem
uma série de fatores inter-relacionados. Uma das principais a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
causas é o excesso de pesca de seus predadores naturais, como o
atum, o que ao mesmo tempo elimina a concorrência pelo (Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio, em:
alimento e o espaço de reprodução. Em paralelo, diversas <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000033.pdf>.)
atividades humanas em regiões costeiras também ajudam a
explicar o fenômeno: ali onde enormes quantidades de nutrientes Vieira é um homem do século XVII. É possível detectar, no texto
são jogadas no mar (em forma de resíduos agrícolas, por de Vieira, características da língua portuguesa que divergem de
exemplo), produzindo grandes explosões de populações de algas seu uso contemporâneo. Pensando nessa diferença entre o
e plânctons, que consomem o oxigênio da água e geram as português atual e o português usado por Vieira, considere as
denominadas zonas mortas. Não muitos peixes e mamíferos seguintes afirmativas:
aquáticos conseguem sobreviver nelas, mas as medusas sim,
além de encontrarem no plâncton uma fonte de alimentação 1. Diferentemente de hoje, o pronome pessoal oblíquo átono
abundante e ideal. Quando as populações de medusas antecedia a negação.
conseguem se estabelecer, as larvas de outras espécies acabam 2. O “porque” é empregado no texto como conjunção explicativa e
sendo parte do cardápio também, desequilibrando a cadeia
sua grafia é a mesma usada atualmente.
trófica.
3. A conjunção “ou” tem no texto um uso que não é o de
As medusas são, além disso, um dos poucos vencedores naturais
alternância.
da mudança climática, já que seu ciclo reprodutivo é favorecido
pelo aumento da temperatura nos ciclos oceânicos. Mas há mais
Assinale a alternativa correta.
fatores. Existem evidências de que certas espécies de medusa se
reproduzem com mais facilidade junto a estruturas costeiras a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
artificiais, como molhes e píeres. Por isso, é difícil saber se os b) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
esforços para deter, ou até reverter a mudança climática, c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
representam uma solução à crescente presença de medusas nos d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
mares, pelo menos enquanto continuem gerando problemas em e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
ecossistemas costeiros e cadeias alimentares marinhas. [...]
Exercício 79
No entanto – e não muito longe de Monte Hermoso – um cientista
O Brasil entre a norma culta e a norma curta
elucubra uma ideia mais interessante: se queremos resolver o
problema das medusas, temos de parar de vê-las como um mal, e
Boa parte de nossa elite letrada do século XIX desejava
começar a vê-las como comida.
ardentemente viver numa sociedade branca e europeia. Tinha,
(Disponível em:
portanto, de virar as costas para o país real, figurá-lo diferente
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/18/ciencia/1537282711_864007.html>.)
do que era. 1Não à toa essa elite defendeu o que se costumava
Entre o segmento “Quando as populações de medusas
chamar 2“higienização da raça”, ou seja, 3a implementação de
conseguem se estabelecer” e o segmento “as larvas de outras
políticas que resultassem no 4“embranquecimento” do país.
espécies acabam sendo parte do cardápio também”, exprime-se
Em matéria de língua, essa elite vivia complexas contradições.
uma relação de:
Duas realidades eram evidentes para todos5: 6o português de
a) causalidade. cá tinha diferenças em relação ao português europeu; 7e aqui
b) condicionalidade. dentro o “nosso” português diferia do português do “vulgo”. Na
c) proporcionalidade. construção do novo país, 8como resolver esse duplo eixo de
d) temporalidade. diferenças?
e) complementaridade. 9Quando se acirrou, no século XIX, a questão da norma culta,
nossas diferenças foram logo interpretadas como deturpações
Exercício 78 da língua. Não adiantou José de Alencar, no seu esforço para
(Ufpr 2017) abrasileirar a norma escrita, apelar para os clássicos, a fim de
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o mostrar a antiguidade de fatos da língua do Brasil. 10O que
sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na prevaleceu foi a imagem de que somos uma sociedade que fala
terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas e escreve mal a língua portuguesa. E tudo o que – no
quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo português culto brasileiro – não coincidia com certa norma
tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a lusitana passou a ser listado por 11gramatiqueiros
causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a pseudopuristas como erro.
terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os Nessa guerra, venceram os conservadores, definindo certa
pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra
norma lusitana do romantismo como modelo para nossa
se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina escrita. 12Como eram claras, inevitáveis e persistentes as
que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, diferenças da norma culta brasileira em relação a esse padrão
e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a artificialmente fixado, foi preciso construir uma norma “curta”,
um discurso categórico, uma contínua 13desqualificação do Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha1.
falante brasileiro. Como seria morto, rogou à doninha que poupasse sua vida.
Nem o desenvolvimento dos estudos filológicos e linguísticos, – Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por
nem a rebelião literária de 1922, nem a crítica da norma curta natureza, inimiga de todos os pássaros.
por nossos melhores filólogos, nada disso conseguiu romper a – Não sou um pássaro – alegou o morcego. – Sou um rato.
força do imaginário construído no século XIX. Ainda se diz que E assim ele conseguiu escapar. Mais tarde, ao cair de novo e ser
os brasileiros falam errado, não sabem falar português, tratam capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não o
mal sua língua e assim por diante. devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos,
Não é difícil mostrar com fatos e argumentos lógico-racionais ele afirmou que não era um rato, mas um morcego. E de novo
que essas certezas não existem. Mas o imaginário resiste aos conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe bastou
fatos, aos argumentos lógico-racionais. Fica, então, a pergunta mudar de nome para ter a vida salva.
que não quer calar14: 15como enfrentar poderosos (Fábulas, 2013.)
imaginários?
1doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e
FARACO, C. A. O Brasil entre a norma culta e a norma curta. In: de patas curtas (também conhecido como furão).
LAGARES, X. C.; BAGNO, M. (Org.). Políticas da norma e
conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011, p. 259-275.
[Adaptado]. (Unesp 2016) “Como seria morto, rogou à doninha que poupasse
sua vida.” (1º parágrafo)
Em relação à oração que a sucede, a oração destacada tem
Obs.: A noção de “norma culta” equivale à noção de “variedade sentido de
padrão”, termo utilizado no Edital 06/Coperve/2017 e no
a) proporção.
Programa das Disciplinas.
b) comparação.
c) consequência.
(Ufsc 2018) Considere os trechos abaixo, retirados do texto.
d) causa.
e) finalidade.
I. Quando se acirrou, no século XIX, a questão da norma culta,
nossas diferenças foram logo interpretadas como deturpações Exercício 81
da língua. (ref. 9) Leia o trecho extraído do artigo “Cosmologia, 100”, de Antonio
II. O que prevaleceu foi a imagem de que somos uma sociedade Augusto Passos Videira e Cássio Leite Vieira, para responder à(s)
que fala e escreve mal a língua portuguesa. (ref. 10) questão(ões) a seguir.
III. Como eram claras, inevitáveis e persistentes as diferenças “Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri,
da norma culta brasileira em relação a esse padrão árdua e sinuosa.” A frase – que tem algo da essência do hoje
artificialmente fixado, foi preciso construir uma norma “curta”, clássico A estrada não percorrida (1916), do poeta norte-
um discurso categórico, uma contínua desqualificação do americano Robert Frost (1874-1963) – está em um artigo
falante brasileiro. (ref. 12) científico publicado há cem anos, cujo teor constitui um marco
histórico da civilização.
Em relação aos trechos, é correto afirmar que: Pela primeira vez, cerca de 50 mil anos depois de o Homo sapiens
01) em I, o vocábulo “quando” introduz uma informação deixar uma mão com tinta estampada em uma pedra, a
temporal que situa a época em que a questão da norma se humanidade era capaz de descrever matematicamente a maior
introduz uma oração conclusiva. Ao terminar aquele artigo de 1917, o físico de origem alemã
04) em II, “O que [...] foi” é um recurso de ênfase que pode ser escreveu a um colega dizendo que o que produzira o habilitaria a
retirado da frase, sem ferir a norma culta da língua escrita. ser “internado em um hospício”. Mais tarde, referiu-se ao
arcabouço teórico que havia construído como um “castelo alto no
08) em II, há uma relação semântica de causa e consequência:
se fala mal, então escreve mal. ar”.
O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três
16) em I e III, a palavra “como” funciona como conector
comparativo em cada uma das ocorrências. características básicas: era finito, sem fronteiras e estático – o
derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a
32) em I e III, os termos “a questão da norma culta” e “as
diferenças da norma culta brasileira” funcionam como sujeito e Einstein nas décadas seguintes.
Em “Considerações Cosmológicas na Teoria da Relatividade
estão em relação de concordância com as formas verbais
“acirrou” e “eram”, respectivamente. Geral”, publicado em fevereiro de 1917 nos Anais da Academia
64) em III, “esse padrão” faz referência a “norma culta Real Prussiana de Ciências, o cientista construiu (de modo muito
brasileira”. visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado
pouco antes: a teoria da relatividade geral, finalizada em 1915,
Exercício 80 esquema teórico já classificado como a maior contribuição
Leia a fábula “O morcego e as doninhas” do escritor grego Esopo intelectual de uma só pessoa à cultura humana.
(620 a.C.?-564 a.C.?) para responder à(s) questão(ões) a seguir. Esse bloco matemático impenetrável (mesmo para físicos) nada
mais é do que uma teoria que explica os fenômenos Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um
gravitacionais. Por exemplo, por que a Terra gira em torno do Sol filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em
ou por que um buraco negro devora avidamente luz e matéria. Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase
Com a introdução da relatividade geral, a teoria da gravitação do envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo
físico britânico Isaac Newton (1642-1727) passou a ser um caso de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não
específico da primeira, para situações em que massas são bem preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que
menores do que as das estrelas e em que a velocidade dos mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem;
corpos é muito inferior à da luz no vácuo (300 mil km/s). porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca,
Entre essas duas obras de respeito (de 1915 e de 1917), e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é
impressiona o fato de Einstein ter achado tempo para escrever argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]
uma pequena joia, “Teoria da Relatividade Especial e Geral”, na Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles
qual populariza suas duas teorias, incluindo a de 1905 (especial), miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a
na qual mostrara que, em certas condições, o espaço pode este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou
encurtar, e o tempo, dilatar. alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai
Tamanho esforço intelectual e total entrega ao raciocínio nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu
cobraram seu pedágio: Einstein adoeceu, com problemas no trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...].
fígado, icterícia e úlcera. Seguiu debilitado até o final daquela Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que
década. cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes
Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente
ser facilmente vistos como um ponto fora da reta. Porém, a merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os
historiadora da ciência britânica Patricia Fara lembra que aqueles exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a
eram tempos de “cosmologias”, de visões globais sobre temas administração das cidades, os quais já com manha, já com força,
científicos. Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um
continentes, do geólogo alemão Alfred Wegener (1880-1930), homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo
marcada por uma visão cosmológica da Terra. do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam,
Fara dá a entender que várias áreas da ciência, naquele início de são enforcados: estes furtam e enforcam.
século, passaram a olhar seus objetos de pesquisa por meio de
um prisma mais amplo, buscando dados e hipóteses em outros (Essencial, 2011.)
campos do conhecimento.
Folha de S. Paulo, 01.01.2017. Adaptado.
(Unesp 2017) Em “O Universo que saltou dos cálculos de (Unesp 2018) “Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o
Einstein tinha três características básicas [...]” (4º parágrafo), a que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o
oração destacada encerra sentido de mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.” (1º parágrafo)
a) consequência.
Em relação ao trecho que o sucede, o trecho destacado tem
b) explicação.
sentido de
c) causa.
d) restrição. a) condição.
e) conclusão. b) proporção.
c) finalidade.
Exercício 82 d) causa.
Leia o excerto do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira e) consequência.
(1608-1697), para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Exercício 83
Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Para responder à(s) questão(ões), leia o trecho de uma fala do
Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença personagem Quincas Borba, extraída do romance Quincas Borba,
um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1891.
repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; — […] O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas
porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas,
“Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma
vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O é condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o
roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico
pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas.
Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que
as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra
Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos
e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se
merecem o mesmo nome. suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a
outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol
aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o
ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos
chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes.
pelo=motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias
que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no
vencedor, as batatas. [...] Aparentemente, há nada mais passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário
contristador que uma dessas terríveis pestes que devastam um conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para
ponto do globo? E, todavia, esse suposto mal é um benefício, não o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria
só porque elimina os organismos fracos, incapazes de resistência, novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os
como porque dá lugar à observação, à descoberta da droga frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução
curativa. A higiene é filha de podridões seculares; devemo-la a que involuntariamente causou.
milhões de corrompidos e infectos. Nada se perde, tudo é ganho. Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo
(Quincas Borba, 2016.) suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentário).
Embora na época fosse relativamente fácil publicar um
manuscrito, Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando
(Unesp 2020) Em “mas, rigorosamente, não há morte, há vida, apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava
porque a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra” piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas aqueles que
e “As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos”, os eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à
termos sublinhados estabelecem relação, respectivamente, de astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria.
Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de
a) consequência e conformidade.
alguém que fora educado durante anos dentro da tradição
b) causa e conformidade.
humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o
c) conformidade e consequência.
clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão “perigosas”
d) causa e finalidade.
eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas
e) consequência e finalidade.
próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica?
Exercício 84 Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que
Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas
Marcelo Gleiser, para responder à(s) questão(ões) a seguir. ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico
são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas.
Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade. (A dança do universo, 2006. Adaptado.)
Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente)
revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou
não acreditam no seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar (Unesp 2019) “Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de
sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que
manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção. O involuntariamente causou.” (3º parágrafo)
mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da Em relação ao trecho que o sucede, o trecho sublinhado tem
história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no sentido de
centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que a) consequência.
suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de b) condição.
críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta c) conclusão.
no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito d) concessão.
com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma e) causa.
platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes,
GABARITO
Exercício 2
Exercício 1
a) Os estudos não somente instruem, mas também divertem.
c) oposição.
Exercício 3 Exercício 16
a) modesto, no entanto digno. d) [Ainda que as cervejas artesanais servidas na festa sejam
de ótima procedência], alguém ficará insatisfeito. / Alguns
trabalhadores chegaram atrasados [embora tivessem sido
avisados do horário de fechamento da secretaria da empresa].
Exercício 4
Exercício 5
Exercício 18
b) tem uma função de justificação das razões pelas quais o
poeta é capaz de ouvir e entender estrelas. c) trata-se de um período composto por coordenação e
subordinação.
Exercício 6
Exercício 19
c) mas – Já – então.
a) tempo e modo
Exercício 7
Exercício 20
e) oposição
d) Tempo, causa, condição.
Exercício 8
d) porque.
Exercício 23
Exercício 11
e) O conectivo enquanto estabelece ideia de comparação.
a) oposição.
Exercício 24
e) I, II e III.
Exercício 12
Exercício 25
a) Somente os exemplos I e II são corretos.
d) F - F - F - V.
Exercício 13
Exercício 26
e) todavia
a) Entre os parágrafos 1 e 2, a coesão é feita só com a
Exercício 14 progressão das ideias do parágrafo 1, sem nenhum elo
b) I e III. linguístico.
Exercício 15 Exercício 27
b) “Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a c) Considerando a correção gramatical, o uso do advérbio
encarar o horror, as crueldades...” (ref. 8) "talvez" (ref. 4) implica o uso do modo verbal subjuntivo
("explique").
Exercício 28 Exercício 41
c) finalidade - condição - tempo - proporção - causa d) As vírgulas servem para isolar a oração subordinada
adverbial que está inserida em sua oração principal.
Exercício 29 Exercício 42
Exercício 31
depressa do que as outras raças.” – Período composto, no qual c) A frase I, por conter Oração Subordinada Adjetiva Restritiva,
se verifica que há entre a oração principal e a subordinada uma não apresenta vírgulas. Esse fato está em conformidade com
relação de comparação. as normas gramaticais vigentes.
Exercício 32 Exercício 46
c) orações subordinadas, sendo uma principal e outra c) ... Estados Unidos, que constroem muros e que fortalecem a
subordinada substantiva. repressão...
Exercício 33 Exercício 47
Exercício 48
Exercício 35
02) Na referência 4, o vocábulo “que” retoma a expressão “as
a) subjetiva – objetiva indireta – objetiva indireta – completiva hierarquias e as gradações”, desencadeando uma concordância
nominal verbal no plural com o verbo “estão” (referência 5).
Exercício 50
Exercício 38 d) I e III apenas.
d) Seu medo era que ele fosse reprovado no concurso. (Oração
Exercício 51
Subordinada Substantiva Predicativa)
a) adjetiva restritiva.
Exercício 39
Exercício 57
Exercício 70
d) conjunção integrante e encabeça oração subordinada
e) “[...] de conduzir homens e armas até o cenário da guerra.”
substantiva.
(7º parágrafo) – subordinada substantiva completiva nominal
Exercício 71
Exercício 58
d) Apenas I e II.
d) apenas I e II estão corretas.
Exercício 72
Exercício 59
b) “Mas também, por outro lado, não podemos duvidar que a
c) adjetivo, substantivo, advérbio
internet nos possibilita a leitura de livros...” (ref. 7)
Exercício 60
Exercício 73
e) I, II e III.
a) oração subordinada adverbial temporal reduzida de
Exercício 61 infinitivo / oração principal / oração coordenada sindética
adversativa.
b) “a população aglomerada em poucos pontos da superfície
da Terra”
Exercício 74
b) II e III. Exercício 75
a) apesar de lisonjeá‐la.
Exercício 64
Exercício 79
Exercício 66
01) em I, o vocábulo “quando” introduz uma informação Exercício 81
temporal que situa a época em que a questão da norma se
d) restrição.
intensificou.
04) em II, “O que [...] foi” é um recurso de ênfase que pode Exercício 82
ser retirado da frase, sem ferir a norma culta da língua
a) condição.
escrita.
32) em I e III, os termos “a questão da norma culta” e “as Exercício 83
diferenças da norma culta brasileira” funcionam como
d) causa e finalidade.
sujeito e estão em relação de concordância com as formas
verbais “acirrou” e “eram”, respectivamente. Exercício 84
Exercício 80 b) condição.
d) causa.
VÍRGULA
2020 - 2022
VÍRGULA
Quem nunca ficou em dúvida sobre onde colocar a vírgula? Aqui você vai estudar as
diferentes maneiras do uso da vírgula.
Uma regra de ouro na língua portuguesa é que não se separa sujeito e predicado com
vírgula. Mas, por sua vez, a vírgula é usada para demarcar duas funções sintáticas
importantes: o aposto e o vocativo.
APOSTO
O tipo de aposto com vírgula é o aposto explicativo, que existe para explicar o substantivo
referido. Vem isolado por duas vírgulas, ou também por dois travessões ou parênteses.
f Falavam sobre Sandra, a nova empregada, sem perceber que ela estava ouvindo.
f Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é onde mora minha amiga Jessica.
VOCATIVO
O vocativo é um termo acessório da oração, indicando um chamamento ou interpelação.
Vem sempre separado do resto da oração por uma vírgula.
f E agora, José?
f Querida, apresse-se!
A vírgula também é usada para separar palavras que exercem a mesma função sintática,
por exemplo, em sujeitos compostos e objetos compostos. Observe:
www.aprovatotal.com.br 3
Português Lista de Exercícios
Algum tempo atrás, fiz um passeio por uma rica paisagem num
dia de verão, em companhia de um poeta jovem, mas já famoso. O (Unesp 2019) a) Explique sucintamente a diferença entre a visão
poeta admirava a beleza do cenário que nos rodeava, porém não de Freud e a visão do jovem poeta sobre a transitoriedade do
se alegrava com ela. Era incomodado pelo pensamento de que belo.
toda aquela beleza estava condenada à extinção, pois b) Transcreva do segundo parágrafo uma oração em que a
desapareceria no inverno, e assim também toda a beleza humana ocorrência de vírgula indica a supressão de um verbo. Identifique
e tudo de belo e nobre que os homens criaram ou poderiam criar. o verbo suprimido nessa oração.
Tudo o mais que, de outro modo, ele teria amado e admirado, lhe
parecia despojado de valor pela transitoriedade que era o destino Exercício 2
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de tudo.
Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP, Cristiane
Sabemos que tal preocupação com a fragilidade do que é belo e
Tavares tem escrito sobre literatura infantojuvenil e publicado
perfeito pode dar origem a duas diferentes tendências na psique.
Uma conduz ao doloroso cansaço do mundo mostrado pelo jovem seus textos em revistas e blogs que versam sobre essa temática.
poeta; a outra, à rebelião contra o fato constatado. Não, não é Em entrevista ao Blog da Letrinhas
possível que todas essas maravilhas da natureza e da arte, do (www.blogdaletrinhas.com.br), ela fala sobre a importância do(s)
nosso mundo de sentimentos e do mundo lá fora, venham silêncio(s) para a infância e para a literatura. Confira parte da
realmente a se desfazer. Seria uma insensatez e uma blasfêmia conversa:
acreditar nisso. Essas coisas têm de poder subsistir de alguma
Os não-ditos das leituras silenciosas
forma, subtraídas às influências destruidoras.
Ocorre que essa exigência de imortalidade é tão claramente um
produto de nossos desejos que não pode reivindicar valor de Está no papo
realidade. Também o que é doloroso pode ser verdadeiro. Eu não 25 de junho de 2018, às 09h52
pude me decidir a refutar a transitoriedade universal, nem obter
uma exceção para o belo e o perfeito. Mas contestei a visão do Gandhy Piorski, pesquisador do imaginário, do brincar e da
poeta pessimista, de que a transitoriedade do belo implica sua infância, diz que a natureza fornece o silêncio necessário para
as crianças. Longe de substituir a natureza, a literatura poderia
desvalorização.
ser uma possibilidade de proporcionar uma paisagem de
Pelo contrário, significa maior valorização! Valor de
transitoriedade é valor de raridade no tempo. A limitação da silêncios à criança urbana, sempre com agendas cheias e
tempos fragmentados?
possibilidade da fruição aumenta a sua preciosidade. É
Cristiane Tavares – Bonito isso, “uma paisagem de silêncios”!
incompreensível, afirmei, que a ideia da transitoriedade do belo
deva perturbar a alegria que ele nos proporciona. Quanto à Sim, acredito que sim. Mas não qualquer leitura, não em qualquer
beleza da natureza, ela sempre volta depois que é destruída pelo situação. Para que a experiência literária se torne janela para
paisagem de silêncios, há de haver primeiramente “uma casa”,
inverno, e esse retorno bem pode ser considerado eterno, em
“um chão”, uma mínima estrutura de apoio para que se possa
relação ao nosso tempo de vida. Vemos desaparecer a beleza do
rosto e do corpo humanos no curso de nossa vida, mas essa alçar voos. Na vida estressante das crianças cheias de
brevidade lhes acrescenta mais um encanto. Se existir uma flor compromissos, tão carentes de uma presença afetiva, o perigo é
que o vazio seja tão grande que não haja espaço interno para
que floresça apenas uma noite, ela não nos parecerá menos
contemplar paisagens silenciosas. No caso das crianças que ainda
formosa por isso. Tampouco posso compreender por que a beleza
e a perfeição de uma obra de arte ou de uma realização não têm seus direitos básicos respeitados – alimentação, moradia,
educação –, pode não haver espaço sequer para construção
intelectual deveriam ser depreciadas por sua limitação no tempo.
dessas janelas. E não gosto de pensar ingenuamente,
Talvez chegue o dia em que os quadros e estátuas que hoje
admiramos se reduzam a pó, ou que nos suceda uma raça de engrossando discursos como “mas a criança sempre dá um jeito
homens que não mais entenda as obras de nossos poetas e de imaginar, inventar, viajar com a leitura”. Não é bem assim, não
deve ser. É preciso que ela imagine, invente, viaje, tendo
pensadores, ou que sobrevenha uma era geológica em que os
condições mínimas garantidas. Daí, sim, podemos cuidar de
seres vivos deixem de existir sobre a Terra; mas se o valor de
tudo quanto é belo e perfeito é determinado somente por seu alimentar a paisagem da janela com o que de melhor houver.
E qual silêncio guarda a infância? E qual é o lugar do silêncio Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão umbilical com a mesma
na infância contemporânea? Os silêncios têm sido respeitados? tesoura de podar com que separara Pedrinho da mãe.
Cristiane Tavares – Talvez muitos silêncios distintos guardem E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a
diferentes infâncias. O silêncio pode guardar uma infância lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham,
marcada por abusos de todo tipo, difícil de expressar em deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas
palavras. O silêncio pode guardar uma infância marcada por pessoas.
ausências, mais silenciosa e solitária do que gostaríamos. O E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre
silêncio também pode guardar experiências de profundo afeto as cenas que nunca mais lhe saíram da memória estavam as da
que preferem ficar quietinhas, alimentando de dentro para fora a tarde em que dona Henriqueta fora para a cama com uma dor
complexidade de existir. aguda no lado direito, ficara se retorcendo durante horas,
Novamente, para falarmos em “infância contemporânea”, não vomitando tudo o que engolia, gemendo e suando de frio.
podemos deixar de considerar que vivemos em uma sociedade
extremamente desigual, em que as infâncias são múltiplas. Nesse Érico Veríssimo. O tempo e o Vento, “O Continente”, 1956.
contexto social, o lugar do silêncio na infância varia muito: há
silêncios impostos à infância de algumas crianças negras e
indígenas, por exemplo, que sofrem preconceito, racismo, (Fgv 2017) Observe o emprego da vírgula nas passagens
indiferença de modo violentamente silencioso; há silêncios destacadas a seguir e responda ao que se pede.
impostos à infância das crianças que vivem na miséria ou na
extrema pobreza e que sofrem de carências básicas; há silêncios - “Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a
roubados da infância de crianças que são expostas precocemente primeira filha de Antônio e Eulália?” (3º parágrafo)
na mídia perversa; há silêncios difíceis de serem respeitados na - “E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia,
rotina insana que marca a infância de crianças excessivamente a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham,
atarefadas. Em todos esses casos, em maior ou menor grau, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas
sempre haverá (quero crer!) pontos de fuga para silêncios pessoas.” (4º parágrafo)
poéticos que devolvam a dignidade e a beleza às infâncias. Mas é
preciso muito trabalho para desenhar esses pontos de fuga na a) O que justifica o emprego da vírgula na passagem do 3º
realidade. parágrafo?
b) Que diferença há nas duas construções do 4º parágrafo para
(Texto adaptado. Disponível em: explicar o emprego das vírgulas?
<http://www.blogdaletrinhas.com.br/conteudos/visualizar/Os-
Exercício 4
nao-ditos-das-leituras-silenciosas>. Acesso em: 04 out. 2018.)
(Fuvest 2013) Leia as seguintes manchetes:
Grupo I Grupo II
(Ufjf-pism 1 2019) Explique o uso do ponto e vírgula na segunda
resposta de Cristiane Tavares.
Esperada, na Câmara, a Quase metade dos médicos
Exercício 3 mensagem pedindo a receita o que indústria quer
decretação do estado de guerra Folha de S. Paulo, 31 de maio
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Jornal do Brasil, 07 de outubro de 2010.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. de 1937.
Novo terminal de Cumbica
Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente Encerrou seus trabalhos a atenderá 19 milhões ao ano
de sua casa para pensar no passado. E no pensamento como que Conferência de Paris Folha de S. Paulo, 26 de junho
ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava Folha da Manhã, 16 de julho de de 2011.
vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera 1947.
um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a MEC divulga hoje resultados do
Causaram viva apreensão nos Enem por escolas
fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se
E.U.A. os discos voadores Zero Hora, 22 de novembro de
casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma Folha da Manhã, 30 de julho de 2012.
pequena venda. Em compensação nesse mesmo ano Antônio 1952.
casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos
arredores do Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo
ambos viver num puxado que tinham feito no rancho. a) Cada um dos grupos de manchetes acima reproduzidos, por ter
Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura sido escrito em épocas diferentes, caracteriza-se pelo uso
deitando a perder toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se reiterado de determinados recursos linguísticos. Indique um
aproximava dos oito anos, uma peste atacou o gado e um raio recurso linguístico que caracteriza as manchetes de cada um
matou um dos escravos. desses grupos.
Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a b) Manchetes jornalísticas costumam suprimir vírgulas.
primeira filha de Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que a Transcreva a última manchete de cada grupo, acrescentando
criança tinha nascido pouco mais de um ano após o casamento. vírgulas onde forem cabíveis, de acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa.
Amelinha - (Num sopro) Vazios...
Benedito - (Eufórico) Vazio! (Pausa, em explosão) Vibravam, não?
Exercício 5
(Dramatizando) Imagino como não eram ruidosos! (T) Tática de
(Fgv 2009) Leia o texto. cinema americano, "noir", de péssima qualidade. (Pausa) E o
carro? Corria veloz? E você, gritava?
Amorim, pede pra sair
Amelinha - (Voz débil, a confirmar) Gritava.
[...]
O fracasso das negociações comerciais de Doha ecoa a Benedito - (A Amelinha) Então estavam vazios os botijões (Ela
falência verbal que levou o ministro das Relações Exteriores,
concorda) Vazios... E o carro corria, em disparada, não? (Ela
Celso Amorim, a entrar nas reuniões com o pé esquerdo e a sair
aquiesce) E fazia aquele ruído...
delas com a autoridade destroçada por duas declarações de Amelinha - (Que vai aderindo, qual participasse de um jogo...)
natureza intrinsecamente perversa. 4
Um ruído terrível...
("Veja", 06.08.2008)
Benedito - Ah, eu imagino! (T.) 26E o seu desespero? Hem, moça?
Amelinha - Ah, como eu sofri dentro do caminhão...
a) Explique o título do texto, associando-o às informações
apresentadas. Valdelice - (Surpresa, à filha) Você nunca me falou antes em
caminhão. Que carro é esse?
b) Se fosse retirada a vírgula do título do texto, haveria alteração
Amelinha - (Indiferente) O caminhão, mãe... Caminhão Ford.
de sentido? Justifique a sua resposta.
[...]
Exercício 6 Benedito - 25E depois? Hem? Depois?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Amelinha - (Enlevada, mais fantasiosa) Ele me apertava em seus
PRIMEIRO ATO braços fortes, sem mais querer me soltar. (Tom) Meu Deus, era
bom, mas eu sofria. (Pausa) Eu me sentia tonta, desfalecida,
Amelinha - (Virando-se para a mãe) 6Edmundo está inocente. principalmente pelo som infernal dos botijões... E por cima de
Sem culpa. tudo, eu tinha medo de morrer.
30 Benedito - (Animando-a) Mais, mais, vai para a primeira página.
Valdelice - (Fazendo-a calar) Não repita essa asneira. (Pausa)
13 14 Amelinha - Paramos num lugar distante, como se diz mesmo? ...
Temos de pressioná-lo, minha filha. Você não tem idade para
ermo... (Pausa) Onde era? Onde? Ainda hoje me pergunto, sem
perceber a ruindade dos homens. Você foi 12se-du-zi-da.
resposta... (Pausa. T.) Nem sei direito. 23Mas sei que havia uma
Amelinha - (Sentando-se) 3Seduzida?! Mas eu sei que não é
árvore muito frondosa, e tinha um rio largo, perto... e... acho que
verdade!
havia também uma cabana. Um velho pescador estava sentado,
Valdelice - A história tem de ser diferente... Trate de se convencer
longe, longe, numa pedra...
31
disso.
Valdelice - 17Minha filha, você está descrevendo o calendário da
[...]
sala de jantar!
Amelinha - 9Não me sinto bem em dizer o que não fiz... [...]
Agente - Aprenda 21a primeira lição: 2às vezes a verdade não é a Benedito - E depois, e depois?
que se conhece, mas a outra... (Pausa) É ir por mim. (Notando o Amelinha - 7Ele começou a puxar o zíper do meu vestido.
laço de fita da moça) Pra que este laço?
Valdelice - 18Mas você não tem vestido de zíper!!!
Amelinha - Foi ideia da mamãe.
Benedito - Vá contando, me agrada! É matéria de primeira página.
Valdelice - Não a quero desgraciosa diante da autoridade.
Amelinha - 8Por fim, rasgou minha combinação de "nylon".
Agente - (Compenetrado) Nada de 1lacinho de fita! Você não é
Valdelice - "Nylon"?! Você nunca usou 32isso!
anjo de procissão. (Tom) Quem perde a honra não se interessa
[...]
por enfeite. (Ríspido) 15Tire-o.
Valdelice - (Como se tudo fosse um sonho) Agora que você está
Amelinha - (Indecisa) 10Mas eu... eu...
mais calma, me diga mesmo como é a história do caminhão, dos
Agente - (Arrebata-lhe o laço) Bobagem! (Pausa). 22Retire
botijões vazios... Onde você conseguiu 33tudo isso?
também 35o ruge, o batom... 28Tenho de prepará-la para
Amelinha - E eu sei, mamãe?! 27Simpatizei com o moço, e dei de
impressionar o delegado, o juiz, todo mundo. Do contrário,
imaginar tudo. (Pausa. T) Será que o meu retrato vai sair bonito
ninguém defenderá você. (Tom) Assanhe os cabelos. no jornal?
[...]
SEGUNDO ATO
Edmundo - (Principia a falar com indecisão, procurando achar as
palavras) 24Amelinha, eu... queria que você compreendesse... Por
Benedito - 29(À Amelinha, que continua assustada, mas
favor, 16conte ao Delegado o que em verdade se passou 19entre
impressionada com a situação que vive). Então, você acabou
nós dois... Sei que você é direita... (Pausa) Fale.
sendo enganada? (Ela aquiesce) 11Levou-a no caminhão da Amelinha - (Em tom indefinido, como se na verdade vivesse outro
entrega sistemática, não foi? (Ela confirma) Vá ver que era um
personagem) 5Será que você já esqueceu?
caminhão Ford. (Ao Permanente) Ford! A influência nefasta do
Edmundo - Esqueceu o quê? Não compreendo.
capitalismo internacional! (Pausa) E os botijões? Balançavam?
Amelinha - Oh, Edmundo... Vocês, homens, esquecem tão ligeiro!
Sacudiam? (Pausa) Estavam cheios... ou vazios?
Edmundo - 20Mas não esqueci nada! Lembro que você me veado ..." Não houve reação da parte ofendida.
chamou à sua casa. E me abraçava, me queria... E eu então não (Flávio Araújo, "O rádio, o futebol e a vida". São Paulo:
pude resistir. Editora Senac São Paulo, 2001, p. 50-1).
[...]
Amelinha - Oh, ao menos hoje, não seja cínico! O caminhão, os a) Na sequência "(...) e largou o verbo em cima do pobre do
botijões vazios! Vamos, não diga que não se lembra! Você me Paraná. Que respondeu à altura", se trocarmos o ponto final que
carregou, eu não queria... Me convidou para ver os enfeites da aparece depois de 'Paraná' por uma vírgula, ocorrem mudanças
boleia, e, de repente, acionou o motor, partiu veloz. Ah. Foi na leitura? Justifique.
b) O trecho da resposta de Paraná "Le chamei e le chamo de novo
quando eu gritei, gritei: 34Não faça isso. Edmundo! Pare! Pare! E
..." chama a atenção do leitor para a sintaxe da língua. Explique.
você correndo, nem me deu atenção!
c) Substitua 'tonitruou' por outra palavra ou expressão.
Edmundo - (Ao Delegado) Isso não! Ao menos a verdade!
Exercício 8
CAMPOS, Eduardo. A donzela desprezada. In:________. Três (Unicamp 2005)
peças escolhidas. Fortaleza: Edições UFC, 2007, p.187-221.
(1) Vocativo;
(2) Repetições;
(3) Termos coordenados;
Na tira de Garfield, a comicidade se dá por uma dupla
(4) Oração adjetiva de valor explicativo;
possibilidade de leitura.
(5) Orações coordenadas aditivas proferidas com pausa.
auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara. editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já
Em fim…”
dentro da ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E
então um médico sentenciava: “Continua 9vivo. E vai sobreviver!”. e) Em março de 2009 as taxas tenderam à piorar: 9 entre 100
pessoas desempregadas.
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha
Exercício 12
ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
liberdade”, EI País. Junho/2020.
Polônia, de nome Nicolau Copérnico, publicou um livro no qual (G1 - cmrj 2021) Analise atentamente: “e as estrelas não eram
brinquedinhos dos anjos, sim sóis
provava que a Terra não era fixa, pois girava em redor do Sol, 5e
imensos” (ref. 5).
as estrelas não eram brinquedinhos dos anjos, sim sóis imensos,
em redor dos quais giravam milhões de terras como a nossa.
Isso veio causar uma grande trapalhada nas ideias O uso da vírgula, no fragmento acima, vincula-se a determinado
assentes, isto é, nas ideias que estavam na cabeça de todo valor semântico. Tal valor pode ser construído por meio de
mundo – e por um triz não queimaram vivo a esse homem. Afinal outro(s) sinal(is) de pontuação, a exemplo do que ocorre em:
a sua ideia venceu e hoje ninguém pensa de outra maneira. a) “– Parece, minha filha.” (ref. 6)
A astronomia, que é a ciência que estuda os astros, tomou
um grande desenvolvimento. Os astrônomos foram descobrindo b) “De fato: da cozinha vinha para a sala o cheiro [...]” (ref. 8)
coisas e mais coisas, chegando à perfeição de medir a distância
dum astro a outro, e pesar a massa desses astros. As distâncias c) ”– Este livro não é para crianças – disse ela; – mas se eu ler [...]”
entre os astros eram tão grandes que as nossas medidas comuns (ref. 3)
se tornaram insuficientes. Foi preciso criar medidas novas –
medidas astronômicas. d) “– Será possível? Um milímetro já é uma isca que a gente mal
– Por quê? – perguntou Narizinho. – Com o quilômetro a percebe...” (ref. 7)
gente pode medir qualquer distância. É só ir botando zeros e mais
zeros. e) “vou ler este último livro – História das invenções do homem, o
6– Parece, minha filha. As distâncias entre os astros são fazedor de milagres.” (ref. 1)
tamanhas que para medi-las com quilômetros seria necessário
Exercício 13
usar carroçadas de zeros, de maneira que não haveria papel que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
chegasse. E então os astrônomos inventaram o "metro
A pandemia, o sentido da vida e a política
astronômico", ou a "unidade astronômica", que é como eles
dizem. Essa unidade, esse metro tinha 92.900.000 milhas.
1A pandemia, o isolamento e o medo põem questões que
– Que colosso, vovó! Eu acho que fizeram um metro grande
demais... vão mais além das relativas a como levar uma vida “normal”, por
– Pois está muito enganada, minha filha. As distâncias produzirem indagações sobre o próprio sentido da vida.
2Em situações normais, as pessoas estão preocupadas
entre a Terra e as novas estrelas que com os modernos
telescópios foram sendo descobertas, acabaram deixando essa com as atividades profissionais e domésticas, tal 3como
medida pequena. E então o astrônomo Michelson propôs outra acontecem no dia a dia. 4Preocupações básicas são as que regem
medida: o ano-luz.
este tipo de condição: 5a renda, a escola das crianças, a
– Cáspite!
sociabilidade profissional e a familiar, o amor, a amizade, o ir às
– Pois bem, isto que os astrônomos fizeram para os astros,
compras. 6Já em situações como esta que estamos vivendo, as
outros homens de ciência fizeram para o contrário dos astros, isto
é, para as moléculas e átomos, que são coisinhas infinitamente preocupações são de outra ordem: 7a doença, o medo da morte, a
pequenas. Chegaram a medir átomos que têm o tamanhinho de possível falta de mantimentos, a manutenção do emprego, a
uma trilionésima parte de milímetro. redução da renda, o isolamento, a pergunta pelo amanhã.
7– Será possível? Um milímetro já é uma isca que a gente Uma analogia possível é com a condição de 8guerra.
9Nesta, a saída abrupta da normalidade é imediatamente sentida:
mal percebe...
– Ora, neste livro o Senhor Van Loon trata de mostrar a existência humana é mostrada em sua fragilidade, a emergência
como esse bichinho homem, que já foi peludo e andava de quatro, toma conta do dia a dia. A morte abrupta surge para cada um
chegou a desenvolver seu cérebro a ponto de medir a distância como uma realidade, seja ela militar, seja civil. 10No entanto, os
entre os astros e a calcular o tamanho dos átomos. sentimentos e emoções daí resultantes não são necessariamente
– Como foi isso? os mesmos, pois as pessoas não se isolam, mas vêm a cumprir
– Inventando coisas. O homem é um grande inventor de uma função social junto ao Estado, sob a forma da defesa da
coisas, e a história do homem na Terra não passa da história das pátria. 11A morte ganha, nesse aspecto, sentido.
suas invenções com todas as consequências que elas trouxeram
A 12morte é uma questão existencial primeira da condição
para a vida humana. É mais ou menos isto o que Van Loon diz
humana, 13essa que coloca o homem diante do nada, do limite da
neste prefácio. Vamos agora ver o capítulo número 1.
condição humana. Ela é o horizonte de cada um, por mais que
– Depois da pipoca, vovó! – gritou Narizinho farejando o ar.
8De fato: da cozinha vinha para a sala o cheiro das pipocas pensemos nela ou não. A significação da morte no fim da vida faz
com que as pessoas se preparem para isso, tanto individual
que Tia Nastácia estava rebentando. Pipocas à noite foi coisa que
quanto familiarmente. Retiram-se progressivamente, planejam
nunca faltou no sítio de Dona Benta.
pelo testamento a sucessão dos bens, acostumam-se à ideia.
Alguns recorrem à religião, acreditando em outra vida. No caso de
Adaptado de: LOBATO, Monteiro.
a morte acontecer numa guerra, ela adquire a significação de que
História das invenções. São Paulo, SP: Círculo do Livro.
o indivíduo é membro de uma comunidade, sendo assim
compreendida pelo Estado e pelos seus próximos. No momento, combate à doença tomam o lugar da demagogia, por serem
porém, em que a redução do ciclo natural se dá sob a forma de eficazes nesta luta, os cidadãos podendo neles se reconhecer.
uma doença coletiva, é como se o sem sentido ganhasse a forma
do absurdo. (ROSENFIELD, Denis Lerrer. A pandemia, o sentido da vida e a
Uma significação que surge no contexto de pandemia é a política. Publicado em O Estado de S. Paulo de 30 de março de
de a pessoa sentir-se abandonada pela vida, abandonada por 2020. Disponível
aqueles que com ela conviviam, salvo os que terminam em:https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-aberto,a-
compartilhando a mesma reclusão. 14Uma expressão do pandemia-o-sentido-da-vida-e-a-politica,70003252502). Acesso
abandono é a solitude e a introspecção. 15O mundo torna-se uma em 30 de março de 2020.
ameaça. Há formas de mitigação, como o telefone e as redes
sociais, que tornam viável um modo de substituição da presença
(Upf 2021) Quanto ao emprego da vírgula, é incorreto o que se
física. Mas há algo aqui que faz enorme diferença: a presença
afirma em:
física do outro, o olhar, o toque, a expressão física do sentimento.
O beijo e o abraço desaparecem. a) No trecho "Não podem, evidentemente, compreender que se
16As pessoas reclusas sentem necessidade dos seus. possa tratar de uma “histeria” [...]" (ref. 31), o que justifica o uso
Algumas ficam mais vulneráveis por viverem sozinhas, outras se das vírgulas é a necessidade de destacar o adjunto adverbial
agrupam em seus núcleos familiares mais próximos, em todo “evidentemente” que está deslocado.
caso o seu número deve ser necessariamente reduzido. Outras
que vivem na miséria têm esses sentimentos ainda mais b) O que justifica o uso das vírgulas no fragmento "[...] a doença, o
potencializados. 17O contato presencial das pessoas, para além medo da morte, a possível falta de mantimentos, a manutenção
desses núcleos, é rompido. Em seu lugar surgem outros do emprego, a redução da renda, o isolamento, a pergunta pelo
instrumentos de comunicação, as redes sociais obtendo aí amanhã" (ref. 7) é a necessidade de separar palavras ou orações
justapostas, numa situação de enumeração.
protagonismo maior. 18Acontece, 19contudo, que 20a
comunicação virtual entre as pessoas passa a ser mediada por
c) O que justifica o emprego das vírgulas no fragmento
outro tipo de comunicação, a social/digital, que se faz por notícias
"Acontece, contudo, que a comunicação virtual entre as pessoas
e informações.
passa a ser mediada por outro tipo de comunicação [...]" (ref. 18) é
Do ponto de vista da informação, tudo vale nas redes
a busca por enfatizar o sentido pretendido e a necessidade de
sociais, notícias verídicas como falsas. 21As redes podem,
separar a conjunção adversativa posposta ao verbo.
22assim, tornar-se instrumentos poderosos de desinformação,
divulgando o que se denomina fakenews, tendo como objetivo d) O que justifica o uso das vírgulas no fragmento "[...] a
aumentar a insegurança das pessoas, tornando-as ainda mais comunicação virtual entre as pessoas passa a ser mediada por
vulneráveis. O descontrole pode adquirir uma conotação política, outro tipo de comunicação, a social/digital, que se faz por notícias
alheia à saúde pública. e informações" (ref. 20) é a necessidade de destacar o termo
23A faceta política do medo da morte e do abandono
apositivo que explica o outro tipo de comunicação: "a
consiste numa presença maior do Estado como provedor da social/digital".
segurança perdida, enquanto possível solução de uma morte
prematura e do abandono. 24Numa situação de epidemia, as e) O que justifica o uso da vírgula no fragmento "Em situações
pessoas tendem a pedir a intervenção do Estado, fornecendo-lhes normais, as pessoas estão preocupadas com as atividades
condições de existência. Na guerra, o Estado toma a decisão de profissionais e domésticas [...]" (ref. 2) é a necessidade de
atacar outro país ou de se defender; na epidemia, a sociedade é destacar o vocativo no enunciado.
atacada por um inimigo invisível, sem que o Estado nada tenha
Exercício 14
podido fazer.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O 25coronavírus, nova versão, é um inimigo que se
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis,
expande, se infiltra e ameaça a vida de cada um. 26Desconhece ocorreu como folhetim na revista carioca A Estação, entre os anos
fronteiras e não aceita nenhum controle estatal. Não tem medo de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma
de nada, 27embora faça medo a todos. 28Tem a forma do educacional efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira
invisível, que só é sentido quando toma conta do corpo das de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma psiquiatria ainda
pessoas. 29Palavras não têm sobre ele nenhum efeito, apenas embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da
medidas concretas. escassez de conhecimento científico e da abundância de vaidades,
30Eis por que discursos demagógicos não têm sobre ele concomitantemente. A obra deixa ver as relações promíscuas
nenhum efeito, tampouco sobre os cidadãos, que sentem a sua entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o
ameaça próxima. Leem e escutam sobre o número crescente de poder político tal como era exercido em Itaguaí, então uma vila,
mortos, de infectados, e se perguntam se não serão eles os distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O
conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos
próximos. 31Não podem, evidentemente, compreender que se
quais o alienista vai fazendo suas experimentações cientificistas
possa tratar de uma “histeria”, de uma “fantasia”, pois a presença
até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento,
do inimigo invisível é real. Discursos técnicos, sensatos, de
visto que reconhece em si mesmo a única pessoa cujas
faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele, de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. 15E
portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, porque o boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o
alienar-se. alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou
sentenciosamente:
Capítulo IV 16– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.
UMA TEORIA NOVA – Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando
as mãos ao céu.
1Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de
17Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o
Janeiro, Simão Bacamarte estudava por todos os lados uma certa boticário extravagante; mas a modéstia, principal adorno de seu
ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia.
espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre
2Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era
entusiasmo; 18declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou
pouco para andar na rua, ou de casa em casa, conversando as
que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem equivalente
gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um
no estilo moderno. 19Naquele tempo, Itaguaí, que como as
olhar que metia medo aos mais heroicos.
demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando
imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio
Crispim Soares ocupado em temperar um medicamento, vieram
de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da
dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.
matriz; – ou por meio de matraca.
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse,
Eis em que consistia este segundo uso. 20Contratava-se um
acrescentou o portador. 3Crispim empalideceu. Que negócio
importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e homem, por um ou mais dias, 21para andar as ruas do povoado,
com uma matraca na mão.
especialmente da mulher? 4Porque este tópico deve ficar
claramente definido, visto insistirem nele os cronistas; Crispim De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, 22e ele
anunciava o que lhe incumbiam, – um remédio para sezões, umas
amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados
terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor
um só dia. 5Assim se explicam os monólogos que fazia agora, e
tesoura da vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha
que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito, quem te
inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela
mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe
grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos
bajulador! Só para adular ao Dr Bacamarte. Pois agora aguenta-
vereadores, – aquele justamente que mais se opusera à criação da
te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável.
Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador de
Dizes amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos
cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses
outros nomes feios, que um homem não deve dizer aos outros,
bichos; mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos
quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é
os meses. 23E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam
um nada. 6Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das
ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação
drogas e voou à Casa Verde.
perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no
7
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio,
sistema. 24Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo
uma alegria abotoada de circunspeção até o pescoço.
regime mereciam o desprezo do nosso século.
– Estou muito contente, disse ele.
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la,
8– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz
respondeu o alienista à insinuação do boticário.
trêmula. E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver,
O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
disse-lhe que sim, que era melhor começar pela execução.
9– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência
25– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.
científica. 10Digo experiência, porque não me atrevo a assegurar Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:
desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, – Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr.
senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros
experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da terra. A termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da
loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades;
no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. fora daí insânia, insânia e só insânia.
11Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou
12
Depois explicou compridamente a sua ideia. No conceito dele a lisamente que não 26chegava a entendê-la, que era uma obra
insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não
isto com grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. merecia princípio de execução.
13Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como um – Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou,
a loucura e a razão estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se
raro espírito que era, 14reconheceu o perigo de citar todos os
onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a
casos de Itaguaí e refugiou-se na história. Assim, apontou com
especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio cerca?
27
familiar, Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra
Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos e pessoas, em que de uma intenção de riso, em que o desdém vinha casado à
28comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias
Exercício 16
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Ime 2020) “– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
experiência científica. Digo experiência, porque não me atrevo a
assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. MAIS IDOSOS NO MERCADO DE TRABALHO
Soares, senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma Com mudanças no estilo de vida, aposentadoria está cada vez
experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da Terra. mais tardia
A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha
perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um Durante toda a sua carreira, entre uma reportagem e outra, o
continente.” (ref. 9) jornalista Ricardo Moraes tinha um sonho além dos papéis: ter um
bar. Há dois anos, quando se aposentou, preferiu trocar a
À luz da gramática normativa, considere as seguintes afirmações: desaceleração de uma vida inteira de trabalho pelo desafio de
recomeçar. E, aos 65 anos, acabou de inaugurar a filial do boteco
I. O travessão utilizado em “– Trata-se de coisa mais alta [...]” paulistano Bar Léo, no Centro do Rio.
especifica a mudança de interlocutor no diálogo. Mas não é só ele. Segundo dados do Ministério dos Direitos
II. As vírgulas empregadas em “A loucura, objeto dos meus Humanos, os idosos somam 23,5 milhões dos brasileiros, mais
estudos, era até agora [...]” podem ser substituídas por que o dobro do registrado em 1991. E a projeção é que serão
travessões, sem prejuízo para a correção. 30% da população em 2050 (em 2010, eram 10%).
III. No trecho “[...] nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão Para compor a equipe, Moraes misturou a energia e a agilidade de
uma investigação constante.”, as vírgulas são empregadas com a funcionários jovens à experiência em atendimento de excelência
finalidade de isolar o termo de valor explicativo. dos mais velhos. Para isso, chamou o também aposentado Luis
Ribeiro, de 67 anos, para ser seu maître, e o garçom Francisco
Em relação às afirmações, está(ão) correta(s): Carlos, que ainda não se aposentou, mas já passou dos 50 anos.
“Eu ensino organização, senso de hierarquia e como ser mais
a) apenas a afirmação I.
formal e excelente no atendimento ao cliente. E eles me ensinam
muito sobre tecnologia”, conta Ribeiro, que tem 45 anos de
b) apenas a afirmação II.
estrada e se aposentou há três anos.
Essa mistura de gerações não é de hoje, mas prepare-se, porque
c) apenas as afirmações I e II.
ela será cada vez mais presente dentro das empresas. E por um
motivo muito simples: as pessoas estão envelhecendo mais tarde.
d) apenas as afirmações I e III.
Com avanços da medicina e estilo de vida mais saudável, aquele
senhor que, em décadas passadas, preparava-se para ficar no
e) todas as afirmações estão corretas.
sofá aos 60 anos, hoje está a todo vapor. Além disso, há a
Exercício 15 questão pessoal, de querer se manter ocupado e útil, e a
(G1 - ifsul 2019) A vírgula entre o sujeito financeira, pois, como se sabe, apesar da contribuição de uma
e o verbo da oração vida inteira, o retorno é quase sempre baixo em relação aos
não deve ser colocada trabalhadores comuns.
se juntos eles estão: Tudo isso afeta diretamente o mercado de trabalho, que passa a
em “Joel, chutou a bola” contar com uma força de trabalho mais madura e bem presente, e
há erro de pontuação. traz desafios também. Um deles é justamente a harmonia entre
gerações tão diferentes. Em tese, ambos agregam: os mais velhos
Dantas, Janduhi. Lições de gramática em versos de cordel. com sua experiência, padrões de qualidade sólidos e
Petrópolis: Vozes, 2009, p.43. comprometimento; e os mais jovens com sua vivacidade, fácil
adaptação e familiaridade à tecnologia. Na prática, porém, há
outras questões.
O poeta paraibano, Janduhi Dantas, valeu-se de uma regra
gramatical para produzir sua literatura de cordel. RIBAS, Raphaela. Mais idosos no mercado de trabalho. O Globo,
São Paulo, 25 mar. 2018. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/emprego/mais-idosos-no- tanto surpreendente, 11mas desapontador de déjà vu, 12porque
mercado-de-trabalho-22520971>. Acesso em: 01 out. 2018 imaginava que aquilo que estava acontecendo agora já havia me
(adaptado). acontecido em palavras, já havia sido nomeado.
Meus livros eram para mim transcrições ou glosas
13__________ outro Livro colossal. Miguel de Unamuno, em um
alquimista, e o filósofo Nietzsche são precisos 8ao discutir temas mesmerizou o país, 21atraindo jornalistas de todas as plagas,
sobre os quais o estudante apenas roça, possivelmente depois da alienados mesmo somos nós, que, quem sabe, esperamos o
leitura, não de livros científicos, e sim de obras místicas – talvez Messias, ainda que na forma de um Borges piorado e sem “O
de terceira categoria ou sem categoria alguma. Aleph”. Borges, o “Adulto Portenho”, talvez esteja certo ao ecoar
Questionado, Bruno Borges, o nosso Borges “détraqué”, sustenta Marco Polo: “O real não é mais verdade do que o inventado”.
que seu projeto é “uma missão”. O projeto e a missão, a rigor, não
são expostos de maneira cabal (anticientífico, ele avalia que não é (BELÉM, Euler de França. Menino do Acre talvez seja uma das
maiores empulhações da história “mística” do Brasil. Disponível
preciso demonstrar)9; eventualmente, o Menino do Acre trata do
em: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-
tema de maneira elíptica, como se não soubesse do que está
blogs/imprensa/menino-do-acre-talvez-seja-uma-das-maiores-
falando ou então 10estaria sonegando alguma coisa de caráter
empulhacoes-da-historia-mistica-do-brasil-102864/. Adaptado.
seminal, que ainda não pode ser dita, sobretudo para os não
Acesso em 01 set. 2017)
iniciados.
Espécie de Policarpo Quaresma da filosofia, vá lá, ou da alquimia,
vá lá, Bruno Borges sugere que está buscando “a verdade da
(Upf 2018) No que concerne a aspectos semântico-sintáticos do
vida”. Entretanto, suas frases são ocas, as ideias são uma
texto, está correto o que se afirma em:
mistureba de frases de efeito e “conceitos” mal digeridos. (...) O
que dizer de um garoto que diz que conseguiu “lapidar a pedra a) As vírgulas que separam a oração “que se considerava
filosofal”? A única coisa que parece ter lapidado de verdade foi a alquimista” (referência 7) justificam-se porque evidenciam uma
paciência de jornalistas e de leitores e telespectadores e sua oração restritiva ligada ao nome Goethe que a antecede.
própria cara de pau. (...) Ele fala em fé, o que sugere que é, claro,
um místico – e não um cientista precoce, ao estilo de Darwin e b) No período “quem sabe, de Literatura – tal o poder de sua
11
Richard Dawkins. Mas certamente não chega aos pés de imaginação” (referência 15), o sinal de travessão poderia ser
Antônio Conselheiro e do Padre Cícero. substituído por dois-pontos, sem que o sentido do texto e sua
Há místicos que buscam o autoconhecimento durante anos e, às correção gramatical fossem prejudicados.
vezes, nada encontram. Pois o Menino do Acre, em apenas dois
meses e sem pesquisas detidas e rigorosas, alcançou seus c) Dada a posição que ocupa na oração, “A Argentina” (referência
objetivos, sua realização espiritual. Você leu certo: dois meses! 2), caracterizada como termo adverbial, deveria estar isolada por
12 vírgula, se atendido o rigor gramatical.
O garoto deveria ser preparado pelos grandes laboratórios para
13“descobrir” um medicamento que “cure” os pacientes que têm
d) As informações e a correção gramatical do texto seriam
Aids. 14Seria um portento. É possível que, depois de quatro preservadas, caso, sem que fossem feitas outras alterações, a
meses, o Menino do Acre poderia se candidatar ao Prêmio Nobel conjunção coordenativa “Mas”(referência 11) fosse substituída
de Medicina ou, 15quem sabe, de Literatura – tal o poder de sua pela conjunção aditiva “e”, grafada em letra minúscula, e o ponto
imaginação. Ou seja, se ele terminar os dias escrevendo final que a antecede fosse substituído por vírgula.
autoajuda ou ficção científica, nem Paulo Coelho, o esperto-
expert em tudo, ficará surpreso. (...) e) O uso do ponto e vírgula (;) na referência 9 poderia ser
16 substituído por um ponto final (.) sem prejuízo à compreensão da
O Quase-Adulto do Acre revela: “Alguns livros”, dos 14, “talvez
mereçam permanecer ocultos”. Certos livros deveriam ser ideia, uma vez que separa orações independentes.
qualificados como terrorismo ecológico – um atentado às
Exercício 24
florestas –, então, talvez seja melhor que fiquem ocultos. 17O
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Menino do Acre talvez seja 18a jogada de marketing mais bem Texto 1
urdida dos últimos anos, e 19sem a colaboração de Duda
Mendonça e Washington Olivetto. Há escritores que se queixam, mas escrever só me traz alegria
(...) No final da entrevista, 20tão impressionado quanto um conto
de Borges é impressionante, o bom, o da Argentina, o Menino do Passei dois anos escrevendo o livro que acabo de terminar. 1A
Acre ensina aquilo que nem Marilena Chauí (...) é capaz de tarefa não foi realizada em tempo integral, mas nos momentos
ideologizar: “Por mais que as pessoas não percebam, a partir de livres que ainda me restam.
agora, o conhecimento será mais valorizado. Quanto mais Há escritores que precisam de silêncio, solidão e ambiente
conhecimento você tiver, mais influente será na sociedade”. Ora, o adequado para a prática do ofício. 2Se fosse esperar por essas
que surpreende é que o Menino do Acre parece não ter condições teria demorado 20 anos para publicá-lo, tempo de vida
conhecimento algum, ao menos de maneira consistente e de que não disponho, infelizmente.
sistemática, e, mesmo assim, está se tornando tremendamente Por força da necessidade, aprendi a escrever em qualquer lugar
influente, inclusive concedendo entrevista ao “Fantástico”, da TV em que haja espaço para sentar com o computador.
Por exemplo, nas salas de embarque durante as viagens de bate- angústia inerentes ao processo de criação. Não é o meu caso,
e-volta que sou obrigado a fazer. Consigo me concentrar apesar escrever só me traz alegria.
das vozes esganiçadas que anunciam os voos, os atrasos, as Diante da tela do computador, fico atrás das palavras, encontro
trocas de portões, a ordem nas filas, os nomes dos retardatários. algumas, apago outras, corrijo, leio e releio até sentir que o texto
Os avisos vêm aos berros como se fossem destinados a uma está pronto. Às vezes, ficou melhor do que eu imaginava. Nesse
horda de deficientes auditivos; mal termina um, começa outro. momento sou invadido por uma sensação de felicidade plena que
Suspeito de uma conspiração das companhias aéreas contra a vai e volta por vários dias.
integridade dos tímpanos dos passageiros.
3 Drauzio Varella
Embora com dificuldade, sou capaz de escrever no meio
daqueles idiotas que xingam as secretárias pelo celular, alguns Disponível
dos quais o fazem andando nervosamente de um lado para outro, em:http://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2017/05/18836
4com a intenção declarada de atazanar o maior número possível ha-escritores-que-se-queixam-mas-escrever-so-me-traz-
de circunstantes. alegria.shtml Acesso em 18 de ago 2017.
Disponível em:
<http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2016/04/alem-das-
(G1 - ifpe 2017) Das alternativas abaixo, marque a única que palavras>. Acesso em: 6/4/2016.
justifica corretamente o uso da pontuação nos períodos do texto.
b) Em “Para não desagradar seus apoiadores, dizia-se que o a) Caso o último período do 2º parágrafo fosse reescrito
escolhido de Getúlio seria Benedito Valadares”, a vírgula que invertendo-se a ordem das orações, ele prescindiria da vírgula e
separa as orações é facultativa, pois a oração destacada é ficaria assim: “Para análise objetiva do comportamento dos
adverbial e foi deslocada para o início do período. pacientes as entrevistas também foram filmadas”.
c) No trecho “Muitos, surpresos com a provável escolha”, a b) Caso o 1º período do texto fosse reescrito da seguinte maneira:
palavra destacada está isolada pela vírgula porque é um advérbio “Apenas uma parte das informações é verbalizada pelos
de intensidade deslocado para o início do período. pacientes, no consultório psiquiátrico”, a vírgula seria mantida
para isolar o adjunto adverbial deslocado.
d) No trecho “Em 1933, Getúlio Vargas estava indicando novos
governadores”, usa-se a vírgula para isolar “Em 1933” por ser c) Os dois-pontos empregados no 2º período do 1º parágrafo são
uma expressão adverbial de tempo, em início de frase. facultativos e não haveria alteração sintática caso esse sinal de
pontuação fosse omitido.
e) Em “perguntavam-se: ‘Será o Benedito?’”, os dois pontos d) As orações “que elaboraram um checklist de posturas” (1º
podem ser substituídos pelo travessão, pois antecedem o parágrafo) e “que realizou seu pós-doutorado com o estudo” (3º
discurso direto. parágrafo) são subordinadas adjetivas explicativas, caracterizadas
pela vírgula antecedendo o pronome relativo.
Exercício 31
e) A vírgula empregada antes do vocábulo “ambos” no 1º período
(Fac. Pequeno Príncipe - Medici 2016) Leia o texto a seguir:
do 2º parágrafo marca a elipse de sujeito da oração e não poderia
ser substituída por outro sinal de pontuação.
Além das palavras
Exercício 32
No consultório psiquiátrico, apenas uma parte das informações é TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
verbalizada pelos pacientes. Outra tem a ver com o olhar do Adiante seguiu a Justiça
médico: uma avaliação de gestos, posturas e outros sinais que Maria Berenice Dias
podem ajudar a compreender o estado de saúde mental em que Durante séculos, ninguém 1titubeava em responder: família, só
uma pessoa se encontra. Uma proposta de sistematização desse
tem uma – a 2constituída pelos sagrados laços do matrimônio.
‘olho clínico’ foi apresentada por pesquisadores do Instituto de
Aos noivos era imposta a obrigação de se multiplicarem até a
Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), que elaboraram
morte, mesmo na tristeza, na pobreza e na doença. Tanto que se
um checklist de posturas, gestos e expressões típicos de
falava em débito conjugal.
pacientes com depressão.
Esse modelito se manteve, ao menos na 3aparência, 4_____
O estudo foi realizado no Hospital das Clínicas e no Hospital
expensas da integridade física e psíquica das mulheres, que se
Universitário, ambos ligados à USP, sob a supervisão da
mantinham dentro de casamentos 5esfacelados, pois assim exigia
farmacologista Clarice Gorenstein. Em vez de seguirem apenas o
a sociedade. Tanto que o casamento era indissolúvel. As pessoas
protocolo corrente de diagnóstico de depressão, baseado em
perguntas e respostas, avaliadores preencheram um formulário até podiam se desquitar6, mas não podiam se casar de novo.
detalhado sobre as expressões faciais e corporais dos pacientes Caso encontrassem um par, 7tornavam-se 8concubinos e alvos de
durante entrevistas clínicas. As entrevistas também foram punições.
filmadas, para análise objetiva do comportamento dos pacientes.
As mudanças foram muitas: vagarosas, mas significativas. As
causas9, incontáveis. No entanto, o resultado foi um 10só. O (Imed 2016) Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao uso
conceito de família mudou, se esgarçou. O casamento perdeu a de vírgulas no texto.
sacralidade e permanecer dentro dele deixou de ser uma a) A vírgula da referência 6 separa uma oração adverbial
imposição social e uma obrigação legal. concessiva.
Veio o 11divórcio. Antes, porém, o 12purgatório da separação, que
exigia que se identificassem causas, 13punindo-se os culpados. A b) A vírgula da referência 9 indica a elipse de um termo.
liberdade total de casar e descasar chegou somente no ano de
2006. c) A vírgula da referência 18 separa orações coordenadas.
A lei regulamentava exclusivamente o casamento. Punia com o d) As vírgulas das referências 19 e 20 isolam uma expressão
silêncio toda e qualquer modalidade de estruturas familiares que explicativa.
se afastasse do modelo “oficial”.
E foi assumindo a responsabilidade de julgar que os 14juízes e) As vírgulas das referências 21 e 22 separam uma oração
começaram a alargar o conceito de família. As mudanças adjetiva reduzida de particípio.
b) I e III apenas.
A própria menina se prende muito a 1ele, que ainda lhe
c) II e III apenas. trouxe a última boneca, embora agora ela se ponha mocinha:
encolhe-se na poltrona da sala sob a luz do abajur e lê a revista
d) I e IV apenas. de quadrinhos. 2Ele é alemão como o dono da casa. Tem
apartamento no hotel da praia e joga tênis no clube, saltando
Exercício 34 com energia para dentro do campo, a raquete na mão. Assiste às
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: partidas girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o amigo
Leia este texto e responda à(s) questão(ões) a seguir. da casa. Depois do jantar, passeia com a mãe da menina pelo
caminho de pedra do jardim: as duas cabeças – a loira e a preta
Oração de cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com entradas da
calva. 3Ele chupa o cachimbo de fumo cheiroso, que o moço de
– “Ave Maria cheia de graça...”
bordo vai deixar no escritório.
A tarde era tão bela, a vida era tão pura,
as mãos de minha mãe eram tão doces, O dono da casa é Seu Feldmann. 4Dirige o seu pequeno
havia lá, no azul, um crepúsculo de ouro... lá longe... automóvel e é muito delicado. Cumprimenta sempre todos os
– “Cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita! vizinhos, até mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal da
Bendita!” Alfândega.
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a cabeça. Compra
Os outros meninos, minha irmã, meus irmãos menores meus marcos a bordo e no banco para a 5sua viagem regular à
brinquedos, a casaria branca de minha Alemanha. Viaja em companhia do comandante do cargueiro, em
terra, a burrinha do vigário pastando camarote especial. Então respira o ar marítimo no alto do convés,
junto à capela... lá longe... os braços muito brancos e descarnados, na camisa leve de
mangas curtas.
Ave cheia de graça A fortuna de origem é da mulher: as velhas casas no
– “bendita sois entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso centro da cidade, os antigos armazéns, 6o sítio da serra, de onde
ventre...” ela desce aos domingos em companhia 7do 8outro, que é o amigo
da casa, e da menina.
E as mãos do sono sobre meus olhos,
9Saem os dois à noite e 10ele para o seu próprio
b) As duas orações seguintes: “de onde ela desce aos domingos d) apenas III.
em companhia do outro” e “Que é o amigo da casa, e da menina”
restringem o sentido de “o sítio da serra” e de “o outro”. e) I, II e III.
(Uneb 2014) “É a emergência do pobre-star. Que viceja pelos nesse subúrbio de Periperi onde habitamos. 11É ele quem
grotões, nos quatro cantos do país, como sintoma de que as pronuncia o discurso do Dois de Julho na pequena praça e o de
coisas (há tempos...) já não estão mais tão ‘sob controle’, como se Sete de Setembro no grupo escolar, sem falar noutras datas
supõe que um dia estiveram, do ponto de vista da agenda estética menores e em brindes de aniversário e batizado. 14Ao juiz devo
da elite cultural”. (ref. 7) muito do pouco que sei, a essas conversas noturnas no passeio
de sua casa; devo-lhe respeito e gratidão. Quando ele, com a voz
Quanto ao fragmento em evidência, está correto o que se afirma solene e o gesto preciso, esclarece-me uma dúvida, 10naquele
em momento tudo parece-me claro e fácil, nenhuma objeção me
assalta. Depois que o deixo, porém, e ponho-me a pensar no
a) O vocábulo “emergência”, no contexto em que se encontra,
assunto, vão-se a facilidade e a evidência, como, por exemplo,
significa urgência.
nesse caso da verdade. 20Volta tudo a ser obscuro e difícil, busco
recordar as explicações do meritíssimo e não consigo. Uma
b) A marca linguística “como”, nas duas ocorrências, expressa a trapalhada. Mas, como duvidar da palavra de homem de tanto
mesma ideia. saber, as estantes entulhadas de livros, códigos e tratados? No
entanto, por mais que ele me explique tratar-se apenas de um
c) Um desvio da norma padrão, no que se refere à concordância provérbio popular, muitas vezes encontro-me a pensar nesse
verbal, ocorre na oração “há tempos”. poço, certamente profundo e escuro, onde foi a verdade esconder
sua nudez, deixando-nos na maior das confusões, a discutir a
d) As palavras em negrito, em “já não estão mais”, constituem propósito de um tudo ou de um nada, causando-nos a ruína, o
marcas temporais que expressam, no contexto, uma ideia desespero e a guerra.
6Poço não é poço, fundo de um poço não é o fundo de um poço,
redundante.
na voz do provérbio isso significa que a verdade é difícil de
e) A eliminação do ponto existente após o termo “pobre-star” revelar-se, sua nudez não se exibe na praça pública ao alcance de
provoca alteração de sentido do pensamento exposto, mesmo qualquer mortal. Mas é o nosso dever, de todos nós, procurar a
que se faça o ajuste necessário no contexto. verdade de cada fato, mergulhar na escuridão do poço até
encontrar sua luz divina.
Exercício 38
“Luz divina” é do juiz, como aliás todo o parágrafo anterior. 18Ele
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
é tão culto que fala em tom de discurso, gastando palavras
De como o narrador, com certa experiência anterior e
bonitas, mesmo nas conversas familiares com sua digníssima
agradável, dispõe-se a retirar a verdade do fundo do poço
esposa, dona Ernestina. 15“A verdade é o farol que ilumina minha
vida”, costuma repetir-se o meritíssimo, de dedo em riste, quando,
Minha intenção, minha única intenção, acreditem! é apenas
restabelecer a verdade. A verdade completa, de tal maneira que à noite, 1sob um céu de incontáveis estrelas e pouca luz elétrica,
nenhuma dúvida persista em torno do comandante Vasco conversamos sobre as novidades do mundo e de nosso subúrbio.
Moscoso de Aragão e de suas extraordinárias aventuras. Dona Ernestina, gordíssima, lustrosa de suor e um tanto quanto
3“A verdade está no fundo de um poço”, li certa vez, não me débil mental, concorda balançando a cabeça de elefante. 5Um
lembro mais se num livro ou num artigo de jornal. Em todo caso,
farol de luz poderosa, iluminando longe, eis a verdade do nobre (G1 - ifce 2014) Marque com V o que for verdadeiro e com F o
juiz de direito aposentado. que for falso, em relação às assertivas abaixo acerca do emprego
21Talvez por isso mesmo sua luz não penetre nos escaninhos das vírgulas.
mais próximos, nas ruas de canto, no escondido beco das Três
Borboletas onde se abriga, na discreta meia-sombra de uma ( ) Em “(...) Volta tudo a ser obscuro e difícil, busco recordar as
casinha entre árvores, 16a formosa e risonha mulata Dondoca, explicações do Meritíssimo e não consigo.(...)” – ref. 20 – a vírgula
cujos pais procuraram o meritíssimo quando Zé Canjiquinha foi empregada para isolar orações coordenadas.
desapareceu da circulação, viajando para o sul. ( ) Em “(...) Talvez por isso mesmo sua luz não penetre nos
Passara Dondoca nos peitos, na frase pitoresca do velho Pedro escaninhos mais próximos, nas ruas de canto, no escondido Beco
Torresmo, pai aflito, e largara a menina ali, sem honra e sem das Três Borboletas (...)” – ref. 21 – as vírgulas foram utilizadas,
para separar termos de mesma função sintática coordenados
dinheiro:
entre si.
– 22No miserê, doutor juiz, no miserê...
( ) Em “— No miserê, doutor juiz, no miserê...” – ref. 22 – as
O juiz deitou discurso moral, coisa digna de ouvir-se, prometeu
vírgulas foram utilizadas para isolar o aposto.
providências. E, à vista do tocante quadro da vítima a sorrir entre
lágrimas, afrouxou um dinheirinho, pois, sob o peito duro da
Está correta a seguinte sequência de cima para baixo:
camisa engomada do magistrado, pulsa, por mais difícil que seja
acreditar-se, pulsa um bondoso coração. Prometeu expedir ordem a) V – V – F.
de busca e apreensão do “sórdido dom-juan”, esquecendo-se, no
entusiasmo pela causa da virtude ofendida, de sua condição de
aposentado, sem promotor nem delegado às ordens. Interessaria b) V – F – V.
no caso, igualmente, seus amigos da cidade. O “conquistador
barato” teria a paga merecida... c) F – V – F.
E foi ele próprio, tão cônscio é o dr. Siqueira de suas
responsabilidades de juiz (embora aposentado), dar notícias das d) F – F – F.
providências à família ofendida e pobre, na moradia distante.
Dormia Pedro Torresmo, curando a cachaça da véspera; e) V – V – V.
12
labutava no quintal, lavando roupa, a magra Eufrásia, mãe da
Exercício 39
vítima, e a própria cuidava do fogão. 13Desabrochou um sorriso TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
nos lábios carnudos de Dondoca, tímido mas expressivo, o juiz A MAÇÃ DE OURO
fitou-a austero, tomou-lhe da mão:
– Venho pra repreendê-la... A Apple supera a Microsoft em valor de mercado, premiando o
– Eu não queria. Foi ele... – choramingou a formosa. espírito visionário e libertário de Steve Jobs
– Muito malfeito – segurava-lhe o braço de carne rija.
Desfez-se ela em lágrimas arrependidas e o juiz, para melhor 12
A Microsoft e a Apple vieram ao mundo praticamente ao
repreendê-la e aconselhá-la, sentou-a no colo, acariciou-lhe as
mesmo tempo, em meados dos anos 1970, criadas na garagem
faces, beliscou-lhe os braços. Admirável quadro: a severidade
de jovens estudantes. Mas as empresas não trilharam caminhos
implacável do magistrado temperada pela bondade compreensiva
paralelos. A Microsoft desenvolveu o sistema operacional mais
do homem. Escondeu Dondoca o rosto envergonhado no ombro
popular do mundo e rapidamente se tornou uma das maiores
confortador, seus lábios faziam cócegas inocentes no pescoço
corporações americanas, rivalizando com gigantes da velha
ilustre.
indústria. A Apple, ao contrário, demorou a decolar. 14Fazia
Zé Canjiquinha nunca foi encontrado, em compensação Dondoca
ficou, desde aquela bem-sucedida visita sob a proteção da justiça, produtos inovadores, mas que vendiam pouco. 4Isso começou a
anda hoje nos trinques, ganhou a casinha no beco das Três mudar quando Steve Jobs, um de seus fundadores, 6que fora
Borboletas, Pedro Torresmo deixou definitivamente de trabalhar. afastado nos anos 80, assumiu o comando criativo da empresa,
Eis aí uma verdade que o farol do juiz não ilumina, 9foi-me em 1996. 11A Apple estava à beira da falência e só ganhou
necessário mergulhar no poço para buscá-la. Aliás, para tudo sobrevida porque recebeu um 10aporte de 150 milhões de
contar, a inteira verdade, devo acrescentar ter sido agradável, dólares de Microsoft. Jobs iniciou o lançamento de produtos
deleitoso mergulho, pois 17no fundo desse poço estava o colchão 8genuinamente revolucionários nas áreas que mais crescem na
de lã de barriguda do leito de Dondoca onde ela me conta – indústria de tecnologia. Primeiro com o iPod e a loja virtual
depois que abandono, por volta das dez da noite, a prosa erudita iTunes. Depois vieram o iPhone e, agora, o iPad. Desde o início de
do meritíssimo e de sua volumosa consorte – divertidas 2005, o preço das ações da empresa foi multiplicado por oito. 3Na
intimidades do preclaro magistrado, infelizmente impróprias para
semana passada, a Apple alcançou o cume. 15Tornou-se a
letra de fôrma.
companhia de tecnologia mais valiosa do mundo, superando a
Microsoft. 13Na sexta-feira, a empresa de Jobs tinha valor de
AMADO, Jorge. Os velhos marinheiros: duas histórias do cais da
mercado de 233 bilhões de dólares, contra 226 bilhões de
Bahia. 23.ed. São Paulo: Martins, s.d., p.p. 71-73
dólares da companhia de Bill Gates.
2
A Marca, para além da disputa pessoal entre os 7maiores gênios b) Como são formas nominais dos verbos, os gerúndios
da nova economia, coroa a estratégia definida por Jobs. Quando “chorando” e “rindo”, no texto, classificam-se como adjetivos.
ele retornou à Apple, tamanha era a descrença no futuro da
empresa que Michael Dell, fundador da Dell, afirmou que o c) Por ter a função sintática de aposto, a expressão “meu rico
melhor a fazer era fechar as portas e devolver o dinheiro a 5seus senhor” vem isolada por vírgula.
BARRUCHO, Luís Guilherme & TSUBOI, Larissa. A maçã de ouro. e) A vírgula antes de “e”, no segundo período do texto, justifica-se
In: Revista Veja, 02 de jun. 2010, p.187. Adaptado. porque a oração iniciada por essa conjunção apresenta sujeito
diferente das demais orações do período.
b) “Na sexta-feira, a empresa de Jobs tinha valor de mercado de Revista Veja. 30 dez. 2009
233 bilhões de dólares, contra 226 bilhões de dólares...” (ref. 13)
TEXTO II
c) “... Fazia produtos inovadores, mas que vendiam pouco.” (ref.
14) Propaganda: vende-se mobilização
Chocar com anúncios vale para divulgar uma marca, mas
d) “Tornou-se a companhia de tecnologia mais valiosa do mundo, serve também de ativismo em nome das boas causas
superando a Microsoft.” (ref. 15) ambientais.
a) No 3º parágrafo, ocorre um aposto: a expressão “a primeira b) O "le" da fala do Paraná é uma variante do pronome "lhe".
filha de Antônio e Eulália” explica o termo antecedente
(“Rosa”), daí a obrigatoriedade do emprego da vírgula. c) Gritou, clamou em altos brados.
Exercício 8
b) No 4º parágrafo, o primeiro trecho é formado por um
encadeamento de orações coordenadas, com elementos que a) A primeira interpretação seria: "comida para gato magro". A
indicam o modo pelo qual “o tempo se arrastava”: por segunda seria: "comida magra para gato".
intermédio de uma gradação, “o sol nascia e se sumia”, “a lua
passava por todas as fases” e, de forma mais ampla, “as b) A primeira interpretação não precisa da inclusão de vírgula
estações iam e vinham”. no enunciado. A segunda interpretação, no entanto, seria
Já o segundo trecho é um encadeamento de termos com favorecida pela presença de uma vírgula que separasse o
mesma função sintática, uma série de adjuntos adverbiais. adjunto adnominal: "Comida para gato, com pouca gordura".
Exercício 4 Exercício 9
a) As mensagens do Grupo I apresentam inversão de oração, d) “Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se
ou seja, os predicados antecedem o sujeito, dando destaque à não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para
ação. As do Grupo II, por se apresentarem na ordem direta, espertá-lo [...]”
enfatizam o agente e não a ação em si.
adverbiais intercalados devem ser assinalados por vírgulas. d) “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava
Assim, as manchetes deveriam ser transcritas da seguinte tudo,cautelosamente.
forma:
– Causaram viva apreensão, nos E.U.A., os discos voadores
(Folha da Manhã, 30 de julho de 1952, adaptado) Exercício 11
– MEC divulga, hoje, resultados do Enem por escolas (Zero a) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente a taxa de
Hora, 22 de novembro de 2012, adaptado) desocupação no Brasil.
Exercício 5
Exercício 27
Exercício 15
e) F – V – V – F.
b) Joel chute, a bola!
Exercício 28
Exercício 17 Exercício 29
c) As informações contidas dentro dos parênteses (ref. 7) d) Acrescenta um comentário implícito sobre a ideia da autora.
poderiam ser suprimidas sem prejuízo para o sentido da frase.
Exercício 30
Exercício 18
d) No trecho “Em 1933, Getúlio Vargas estava indicando novos
b) elipse. governadores”, usa-se a vírgula para isolar “Em 1933” por ser
uma expressão adverbial de tempo, em início de frase.
Exercício 19
Exercício 31
d) 3 – 4 – 2 – 1.
d) As orações “que elaboraram um checklist de posturas” (1º
parágrafo) e “que realizou seu pós-doutorado com o estudo”
Exercício 20 (3º parágrafo) são subordinadas adjetivas explicativas,
b) vírgula, dois-pontos e vírgula. caracterizadas pela vírgula antecedendo o pronome relativo.
Exercício 32
Exercício 21
a) A vírgula da referência 6 separa uma oração adverbial
d) Atualmente estou conversando com meu primo, via concessiva.
computador, que está nos Estados Unidos.
Exercício 33
Exercício 22 b) I e III apenas.
b) Colocação de vírgula imediatamente após Felizmente (ref.
7).
Exercício 34
Exercício 38 Exercício 41
A variação da linguagem de acordo com o contexto é uma das variações mais fáceis de
serem observadas no cotidiano. Você mesmo utiliza a linguagem de maneira diferente,
por exemplo, ao redigir a resposta para uma questão de prova e ao conversar com
seus amigos. Espera-se que na prova seja usada a linguagem culta e com os amigos, a
coloquial.
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E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Linguagem Culta e Coloquial
4
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Lembremos mais uma vez que há apenas uso adequado e inadequado da linguagem
culta ou coloquial, e que uma mesma pessoa transita da linguagem culta para a
coloquial várias vezes ao dia, dependendo do contexto em que se encontra.
ANOTAÇÕES
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MARCAS DE COLOQUIALISMO
A linguagem coloquial é usada em situações informais, como conversas e alguns
escritos. Ela é marcada pela não-observância das regras gramaticais, além da presença
de marcas de coloquialismo.
f Gírias: variam de região para região, bem como de acordo com a época e mesmo
com a idade dos falantes — os adolescentes dificilmente usarão as mesmas gírias
que as pessoas de 30 anos.
É pra você ver como a situação está difícil (Uso de contração “pra”).
Só falta isso pra mim voltar para meu sertão (O correto é “pra eu voltar”)
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SOTAQUE E DIALETO
Em países de dimensões continentais como o Brasil, é normal que diversos sotaques
estejam presentes. Podem também haver diferentes dialetos dentro de um mesmo
país. Ambos são originados pela mistura de línguas advinda da colonização e imigração
– vale lembrar que, além da colonização portuguesa, o Brasil recebeu imigrantes de
diversos países e também teve influências das línguas indígenas e africanas.
O dialeto é mais amplo que o sotaque, porém não tão amplo quanto um idioma. Além
disso, o sotaque diz respeito às diferenças de pronúncia, enquanto o dialeto tem a
ver com a estrutura linguística. Um sotaque pode evoluir para um dialeto, que por sua
vez pode evoluir e se tornar um idioma.
Existem diversos sotaques no Brasil, variando de estado para estado e até mesmo dentro
de um estado – comparando-se capital e interior, por exemplo. Dentro dos sotaques
pode haver variação lexical, isto é, algumas palavras que são usadas em uma região não
o são em outras. Os sotaques brasileiros forma mapeados num projeto chamado Atlas
Linguístico do Brasil.
Muitas vezes, os sotaques dão margem para preconceito linguístico, mas devemos nos
lembrar sempre de que não há sotaque melhor que o outro, e que os preconceitos
linguísticos são infundados.
Um dialeto exige, assim como o idioma, registro formal das regras gramaticais. O dialeto
tem suas próprias marcas linguísticas, estrutura semântica, léxico e características
fonológicas, morfológicas e sintáticas. Nem sempre os dialetos têm origem no idioma
oficial do país onde estão, e ficam quase sempre restritos a uma região específica.
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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A variação linguística existe por uma série de fatores, desde geográficos até culturais. Podemos
encontrar variações linguísticas entre pessoas de diferentes países que compartilham uma
língua, de regiões de um mesmo país, de classes sociais e até mesmo variações de expressão
de um mesmo indivíduo, dependendo do contexto em que está inserido.
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VARIAÇÃO SITUACIONAL OU ESTILÍSTICA OU DIAFÁSICA
Variação Linguística
Vale lembrar que nenhuma variação linguística é melhor do que a outra. Há sempre
razões para estas variações, mas nada faz com que uma variação seja superior à outra.
ANOTAÇÕES
2
Através dos cursos
Português Lista de Exercícios
Exercício 1
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
LADO BOM (G1 - epcar (Cpcar) 2019) Assinale a alternativa que contém
Ferréz uma afirmativa INCORRETA
Exercício 3
(G1 - utfpr 2016) Antigamente as moças chamavam-se
“mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não
faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os
janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé de alferes, a) A mensagem de humor transmitida pelo quadrinho se dá com a
arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E concomitância da linguagem escrita e da linguagem visual.
se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir
pregar em outra freguesia. (...)
b) Só a linguagem escrita é suficiente para a composição e a
Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar transmissão da mensagem humorística contida no quadrinho.
a fresca; e também tomavam cautela de não apanhar o sereno. Os
mais jovens, esses iam ao animatógrafo, chupando balas de
c) É na linguagem visual que está centrada toda a mensagem
alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano. Estes, de pouco siso, humorística transmitida, sendo a escrita dispensável.
se metiam em camisa de onze varas e até em calças pardas; não
admira que dessem com os burros n’água.
d) A mensagem escrita no quadrinho, representada pela fala da
personagem, apresenta todas as características da linguagem
Carlos Drummond de Andrade culta, ou padrão.
Moreno não faça isso Dou-lhe uma rasteira Fonseca, Rubem. Agosto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p.
Deixe desse rebuliço Lhe castigo na esteira 237.
Não mexa comigo não, viu Não lhe solto mais
Quero respeito comigo Depois não adianta
Já cortaram meu umbigo Se eu gemer
(Udesc 2015) Analise as proposições em relação à obra Agosto,
Não sou mais menina não, viu Se eu gemer
Você é duro, bem maduro Se eu chorar Rubem Fonseca, e ao trecho retirado do mesmo, e assinale (V)
E também muito seguro A gente bebe água para verdadeira e (F) para falsa.
Ainda pode dar no couro Quando sente sede
E eu vou gostar Cabelo se assanha ( ) No período “procurando obter informações sobre Anastácio,
Vou me apaixonar Quando o vento dá o Cegueta, e sobre o presidiário Bolão” (ref. 1) as palavras
Vou cair no choro Olha moreno esse teu cheiro destacadas constituem, sintaticamente, aposto.
Se juntar com meu tempero
( ) Nas orações “Levo um arame desse puto” (ref. 2) e “você não
Aí o couro come Vai ser bom demais
recebe o levado” (ref. 5) as palavras destacadas semanticamente
E pra mostrar que tu é home
são diferentes, mas na linguagem oral, para os policiais, têm o
Como é que um home faz Dou-lhe uma rasteira
Dá uma rasteira Lhe castigo na esteira mesmo referente.
Me castiga na esteira Não lhe solto mais ( ) Para adequar a linguagem às personagens o autor faz uso
Não me solta mais do diálogo para marcar a linguagem coloquial, mas a narrativa
também é pontuada por uma linguagem técnica, a exemplo, os
relatórios policiais.
Disponível em: http://www.letras.com.br/#!antonio-barros-
( ) O sinal gráfico das aspas, indicado pelas referências 2, 3, 4 e
ececeu/
7, aponta discurso direto, logo, se substituído por travessão não
nao-lhe-solto-mais. Acesso em 03/05/2016. Adaptado.
altera o sentido e a estrutura do texto.
( ) Da leitura do período “está todo mundo na gaveta dos
bicheiros” (ref. 6), depreende-se que os bicheiros, para manter
suas situações, seus pontos, davam propinas, também, a
(Acafe 2016) Em todas as alternativas há indicadores de
integrantes do sistema político, jurídico, policial.
linguagem coloquial, exceto em:
a) “Se juntar com o meu tempero | Vai ser bom demais” Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima
para baixo.
b) “Aí o couro come | E pra mostrar que tu é home | Como é que
a) V - V - V - V - V
home faz”
b) V - F - V - V - V
c) “Já cortaram o meu umbigo | Não sou mais menina não, viu”
c) F - F - F - V - F
d) “Dá uma rasteira | Me castiga na esteira | Não me solta mais”
Exercício 7 d) F - V - F - V - F
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O comissário Mattos passou a maior parte do dia 1procurando e) F - V - V - V - V
obter informações sobre Anastácio, o Cegueta, e sobre o
Exercício 8
presidiário Bolão. Quem acabou lhe dando a informação fidedigna
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que queria foi um repórter de O Radical, que recebia dinheiro do
Utilize o texto para responder a(s) questão(ões).
bicheiro Ilídio, dono dos pontos próximos da sede do jornal, no
centro.
A internet e a morte da imaginação
2“Levo um arame desse puto porque o jornal não me paga e
minha mulher, você sabe, está internada tuberculosa em Belo Jacques Gruman
Horizonte.” “Nunca entendi essa obsessão por sorrisos em fotografias.
Deve ser um conluio com os dentistas.” Essa história dos sorrisos foi muito bem notada pela Nora Rónai,
(Nora Tausz Rónai) que citei logo no início. Vivemos a era das aparências. Com a
multiplicação das imagens, vem a obrigação de “estar bem”.
Reza uma antiga lenda que dois reinos estavam em guerra. Os Afinal de contas, quem vai querer se exibir no Facebook ou nas
perdedores acabaram condenados ao confinamento do outro lado trocas de mensagens com uma ponta de melancolia ou, pelo
dos espelhos, um primitivo mundo virtual em que eram obrigados menos, um suspiro de realidade? O mundinho virtual exige
a reproduzir tudo o que os vencedores faziam. A luta dos estado de êxtase permanente. Uma persona que não passa de
derrotados passava a ser como escapar daquela prisão. O genial ilusão. Criatividade não quer dizer tristeza, claro, mas certamente
Lee Falk inspirou-se nesta narrativa para criar, na década de precisa incorporá-la como tijolo construtor da nossa
1940, O mundo do espelho, para mim uma das mais personalidade. O resto é fofoca. Eric Nepomuceno, tradutor e
aterrorizantes histórias do Mandrake. Espelhos foram, aliás, escritor, fez o seguinte comentário sobre seu amigo Gabriel
protagonistas de algumas sequências cinematográficas Garcia Márquez, que acabara de morrer: “Tudo o que ele escreveu
assustadoras. Bóris Karloff, um clássico do gênero, aproveitou é revelador da infinita capacidade de poesia contida na vida
muito bem o medo que, desde crianças carregamos, de que humana. O eixo, porém, foi sempre o mesmo, ao redor do qual
nossos reflexos nos espelhos ganhem autonomia. Ui! Já giramos todos: a solidão e a esperança perene de encontrar
imaginaram se isso virasse realidade? Teríamos de conviver com antídotos contra essa condenação”. Nada que essas maquininhas
nossos opostos, um estranhamento no mínimo desconfortável. Os onipresentes possam registrar, elas que jamais entenderiam a
quadrinhos exploraram o assunto também na série do Mundo fina ironia de Fernando Pessoa no Poema em linha reta, que
bizarro, do Super-Homem. Era um nonsense pouco habitual no começa assim: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
universo previsível dos super-heróis. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”. Mais
adiante: “Arre, estou farto de semideuses. Onde é que há gente
Estava pensando nos estranhamentos do mundo moderno nesse mundo ?”.
quando me deparei com uma pequena nota de jornal. Encenava-
se a ópera Carmen, de Bizet, no Theatro Municipal do Rio. A praga narcísica desembarcou nas camas. Leio que nova moda é
Suponho que a plateia, que pagou caro, estava mergulhada na fazer selfies2 depois do sexo. O casal transa, mas isso não basta.
história e na interpretação da orquestra e dos solistas. Não é que É urgente compartilhar! Tira-se uma foto da aparência de ambos,
um cidadão saca seu iPad e passa um tempão checando os e- coloca-se no Instagram e ... pronto. O mundo inteiro será
mails, dedinhos nervosos para cima e para baixo, com a tela testemunha de um momento íntimo, talvez o mais íntimo de
iluminando a penumbra indispensável para a fruição plena do todos. Meu estranhamento vai ao paroxismo. É a esse mundo que
espetáculo? Como esse tipo de desrespeito está entrando na pertenço? Antigamente, era costume dizer que o que não aparecia
“normalidade”, apenas uma pessoa esboçou reação. Uma espécie na televisão não existia. Atualizando a frase: pelo visto, o que não
de angústia semelhante à incontinência urinária se espalha como está na rede não existe. É a universalização do movimento apenas
praga nas relações pessoais e no uso dos espaços público e muscular, sem sentido, leviano, rapidamente perecível.
privado. Tudo passou a ser urgente. Todos os torpedos, e-mails e
chamadas no celular viraram prioridade, casos de vida ou morte. Durante o exílio, o poeta argentino Juan Gelman passou um bom
Interrompem-se conversas para olhar telinhas e telonas, tempo sem conseguir escrever. A inspiração não vinha. Disse ele:
desrespeitando interlocutores. Como este tipo de patologia tende “A poesia é uma senhora que nos visita ou não. Convocá-la é uma
a se diversificar, já há gente que conversa e olha o computador ao impertinência inútil. Durante uns bons quatro anos, o choque do
mesmo tempo, como aqueles lagartos esquisitos cujos olhos se exílio fez com que essa senhora não me visitasse”. Quando,
movimentam sem aparente coordenação. Outros participam de finalmente, a senhora chega, tudo muda, como narra o poeta: “A
reuniões sem desligar sua tralha eletrônica (na verdade, não visita é como uma obsessão. Uma espécie de ruído junto ao
estão nas reuniões). Especialistas em informática previram que, ouvido. Escrevo para entender o que está acontecendo”. Não
num futuro não muito distante, chips serão implantados no corpo. consigo imaginar uma serenidade como essa no mundo virtual.
Estão atrasados. Corpos já pertencem a máquinas. A vida é Tudo nasce e morre antes de ser completamente absorvido. Cada
controlada a distância e por outros. novidade passa a ser vital, filas se formam nas madrugadas nas
portas de lojas que começam a vender modelos mais avançados
Outro estranhamento vem da inundação de imagens, aflição que de produtos eletrônicos. Não dá pra esperar um dia, muito menos
chamo de galeria dos sem imaginação. Enxurradas de fotos uma hora. O silêncio e a introspecção são guerrilheiros no habitat
invadem o espaço virtual, a enorme maioria delas sem o menor
plugado. Estou me alistando neste exército de Brancaleone.3
significado e perfeitamente descartáveis. O Instagram recebe 60
milhões de fotos por dia, ou seja, quase 700 fotos por segundo!
Fico pensando no sorriso irônico ou, quem sabe, no horror em 1 Henri Cartier-Bresson: (França 1908- 2004), fotógrafo do
estado bruto, que Cartier-Bresson1 esboçaria se esbarrasse nisso. século XX, considerado por muitos como o pai do fotojornalismo.
Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano
que se desdobrava em surpresas, nos reflexos impensados, 2
fazer selfies: selfie é uma palavra em inglês, um neologismo
jamais empilharia a coleção de sorrisinhos forçados que
com origem no termo self-portrait, que significa autorretrato, e é
caracteriza a obsessão pelos clics.
uma foto tirada e compartilhada na internet. Normalmente uma
selfie é tirada pela própria pessoa que aparece na foto, com um
celular que possui uma câmera incorporada, com um smartphone, final dos anos 1970, o sistema estelar binário definidor foi
por exemplo. composto por dois indivíduos de grande energia, que largaram os
estudos na universidade, ambos nascidos em 1955.
3 O Incrível Exército de Brancaleone (em italiano: L’armata Bill Gates e Steve Jobs, apesar das ambições semelhantes no
Brancaleone): é um filme italiano de 1966, do gênero comédia. ponto de convergência da tecnologia e dos negócios, 5tinham
Foi dirigido por Mario Monicelli. O Exército de Brancaleone é origens bastante diferentes e personalidades radicalmente
considerado um clássico italiano, que retrata os costumes da distintas.
cavalaria medieval através da comédia satírica. É um filme À diferença de Jobs, Gates entendia de programação e tinha uma
inspirado em Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes. mente mais prática, mais disciplinada e com grande capacidade
de raciocínio analítico. Jobs era mais intuitivo, romântico, e dotado
Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/?/Opiniao/A- de mais instinto para tornar a tecnologia usável, o design
morte-da-imaginacao/ agradável e as interfaces amigáveis. Com sua mania de perfeição,
30783>. Acesso em: 16 ago. 2014. (Adaptado). era extremamente exigente, além de administrar com carisma e
intensidade indiscriminada. 3Gates era mais metódico; as reuniões
para exame dos produtos tinham horário rígido, e ele chegava ao
(Cefet MG 2015) Considere as seguintes passagens do texto. cerne das questões com uma habilidade ímpar. Jobs encarava as
pessoas com uma intensidade cáustica e ardente; Gates às vezes
I. “Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano não conseguia fazer contato visual, mas era essencialmente
que se desdobrava em surpresas, nos reflexos impensados, bondoso.
jamais empilharia a coleção de sorrisinhos forçados que 4
“Cada qual se achava mais inteligente do que o outro, mas Steve
caracteriza a obsessão pelos clics.”
em geral tratava Bill como alguém levemente inferior, sobretudo
II. “A praga narcísica desembarcou nas camas. Leio que nova em questões de gosto e estilo”, diz Andy Hertzfeld. “Bill
moda é fazer selfies depois do sexo. O casal transa, mas isso não
menosprezava Steve porque ele não sabia de fato programar.”
basta. É urgente compartilhar!”
Desde o começo da relação, 6Gates ficou fascinado por Jobs e
III. “Não consigo imaginar uma serenidade como essa no mundo
com uma ligeira inveja de seu efeito hipnótico sobre as pessoas.
virtual. Tudo nasce e morre antes de ser completamente
Mas também o considerava “essencialmente esquisito” e
absorvido. Cada novidade passa a ser vital, filas se formam nas
“estranhamente falho como ser humano”, e se sentia
madrugadas nas portas de lojas que começam a vender modelos
desconcertado com a grosseria de Jobs e sua tendência a
mais avançados de produtos eletrônicos.”
funcionar “ora no modo de dizer que você era um merda, ora no
IV. “Não dá pra esperar um dia, muito menos uma hora. O silêncio
de tentar seduzi-lo”. Jobs, por sua vez, via em Gates uma
e a introspecção são guerrilheiros no habitat plugado. Estou me
estreiteza enervante.
alistando neste exército de Brancaleone”.
2
Suas diferenças de temperamento e personalidade 1iriam levá-
los para lados opostos da linha fundamental de divisão na era
Há marcas da linguagem coloquial apenas em
digital. Jobs era um perfeccionista que adorava estar no controle e
a) I e III. se comprazia com sua índole intransigente de artista; ele e a
Apple se tornaram exemplos de uma estratégia digital que
b) I e IV. integrava solidamente o hardware, o software e o conteúdo numa
unidade indissociável. Gates era um analista inteligente,
c) II e III. calculista e pragmático dos negócios e da tecnologia; dispunha-
se a licenciar o software e o sistema operacional da Microsoft
d) I, II e IV. para um grande número de fabricantes.
Depois de trinta anos, Gates desenvolveu um respeito relutante
e) II, III e IV. por Jobs. “De fato, ele nunca entendeu muito de tecnologia, mas
tinha um instinto espantoso para saber o que funciona”, disse.
Exercício 9
Mas Jobs nunca retribuiu valorizando devidamente os pontos
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
fortes de Gates. “Basicamente Bill é pouco imaginativo e nunca
GATES E JOBS
inventou nada, e é por isso que acho que ele se sente mais à
vontade agora na filantropia do que na tecnologia”, disse Jobs,
Quando as órbitas se cruzam
com pouca justiça. “Ele só pilhava despudoradamente as ideias
dos outros.”
7Em astronomia, quando as órbitas de duas estrelas se
grita tanto?
21Outra discussão 27chata, durante e após as partidas, é 8se um
c) os verbos foram flexionados no imperativo afirmativo de acordo (Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D, “esporte”, p. 11,
com a norma padrão. 10/04/2011.)
Exercício 10
Em um belo dia, a deusa dos ventos beija o pé do homem, o
maltratado, desprezado pé, e, desse beijo, nasce o ídolo do
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto I futebol. 7Nasce em berço de palha e barraco de lata e vem ao
O silêncio incomoda mundo abraçado a uma bola.
1Desde que aprende a andar, sabe jogar. Quando criança, alegra
1
Como trabalho em casa, assisto a um grande número de jogos e os descampados e os baldios, joga e joga e joga nos ermos dos
programas esportivos, alguns porque gosto e outros para me subúrbios até que a noite cai e ninguém mais consegue ver a
manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais, filmes, bola, e, quando jovem, voa e faz voar nos estádios. Suas artes de
programas culturais (são pouquíssimos) e também, por malabarista convocam multidões, domingo após domingo, de
curiosidade, muitas coisas ruins. Estou viciado em televisão. vitória em vitória, de ovação em ovação.
4A bola 13o procura, 14o reconhece, precisa dele. No peito de
Não suporto mais ver 25tantas tragédias, crimes, violências,
18seu pé, ela descansa e se embala. 6Ele 19lhe dá brilho e 20a faz
falcatruas e tantas politicagens para a realização da Copa de
2014. falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam.
11Os Zé Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém,
Estou sem paciência 20para assistir a tantas partidas tumultuadas
no Brasil, consequência do estilo de jogar, da tolerância com a podem sentir-se alguém por um momento, por obra e graça
violência e do ambiente bélico em 14que 9se transformou o desses passes devolvidos num toque, 16essas fintas que
futebol, dentro e fora do campo. desenham os zês na grama, 17esses golaços de calcanhar ou de
Na transmissão das partidas, 30fala-se e grita-se demais. Não há bicicleta: quando ele joga o time tem doze jogadores.
um único instante de silêncio, nenhuma pausa. O barulho é cada — Doze? Tem quinze! Vinte!
dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e em 10A bola ri, radiante, no ar. Ele a amortece, a adormece, diz
quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas. galanteios, dança com ela, e vendo essas coisas nunca vistas,
É óbvio 15que informações e estatísticas são importantíssimas. seus adoradores sentem piedade por seus netos ainda não
Mas exageram. 2Fala-se 26muito, mesmo com a bola rolando. nascidos, que não estão vendo 15o que acontece.
22Mas o ídolo é ídolo apenas por um momento, humana
Impressiona-me 18como 10se formam conceitos, dão opiniões,
baseados em estatísticas 13que têm pouca ou nenhuma eternidade, coisa de nada; e quando chega a hora do azar para o
importância. pé de ouro, a estrela conclui sua viagem do resplendor à
escuridão. 3Esse corpo está com mais remendos que roupa de (Uemg 2010) Leia atentamente os versos a seguir e, depois, faça
palhaço, o acrobata virou paralítico, o artista é uma besta: o que é pedido.
— Com a ferradura, não!
8A fonte da felicidade pública se transforma no 12para-raios do Eu sei que vou te amar
rancor público:
— Múmia! Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Às vezes, o ídolo não cai inteiro. 5E, às vezes, 2quando 9se
Em cada despedida, eu vou te amar
quebra, a multidão 21o devora aos pedaços. Desesperadamente, eu sei que vou te amar
vaias, projéteis, contusões, fraturas, e mesmo da 5glória precária No texto dessa letra de música (MPB), observa-se a presença da
de um dia. linguagem coloquial, quando o leitor verifica
2Bem-aventurados os que não são cronistas esportivos, pois não
carecem de explicar o inexplicável e racionalizar a loucura. a) o uso da segunda pessoa do singular, em ocorrências como “a
(...) cada ausência tua”, forma de tratamento empregada em situações
Bem-aventurados os surdos, pois não os atinge o estrondar das comunicativas menos formais, sobretudo quando seu produtor
bombas da vitória, que fabricam os surdos, nem o 1matraquear utiliza no texto gírias e jargões.
dos locutores, carentes de exorcismo.
(...) b) o emprego da expressão “há de apagar”, uma vez que, nesse
Bem-aventurados os que, depois de escutar esse sermão, caso específico, o verbo haver, por não ser sinônimo de existir,
aplicarem todo o ardor infantil no peito maduro para desejar a refere-se a uma forma típica do português falado
vitória do selecionado brasileiro nesta e em todas as futuras espontaneamente.
Copas do Mundo, como faz o velho sermoneiro desencantado,
mas torcedor assim mesmo, pois para o diabo vá a razão quando c) a ocorrência da expressão “eu sei que vou te amar”, porquanto,
o futebol invade o coração. na linguagem coloquial, a tendência é não empregar o pronome
oblíquo posposto à locução verbal; desse modo, na modalidade
(Carlos Drummond de Andrade. Jornal do Brasil, 18/06/1974.) padrão, a forma a ser empregada seria: eu sei que vou amar-te.
b) “... para saber quem grita gol mais alto e prolongado...” (ref. 3) Exercício 12
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
c) “... ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para
querer quebrar o outro jogador.” (ref. 4)
Exercício 11
Arroz com feijão, matar a saudade...
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?
Agora me diz,
O que faz você feliz?
(Anúncio publicitário do Grupo Pão de Açúcar, veiculado na
Revista VEJA, edição de 21 de março de 2007)
a) A lenda de Mani, exemplo do folclore dos índios tupis, explica a mundo”. 12Desculpa aí, hoje só 13venho 14com as grandezas.
origem da mandioca, que é um dos principais alimentos dos Hoje, se eu pudesse, faria você também refletir com um discurso
povos indígenas. No Brasil, essa raiz possui vários nomes que na linha do David Foster Wallace (1962-2008). Aquela sua fala
variam de região para região, como, por exemplo, aipim, como paraninfo de uma turma de formandos americanos do
macaxeira, maniva, castelinha, entre outros. Kenyon College, em 2005, Gambier, Ohio. Ele escreveu uma
singularíssima fábula sobre — 15repare só! — dois peixinhos e a
b) Exemplo do folclore dos índios tupís, a lenda de Maní, uma água. Recomendo a leitura. O texto está no livro Ficando longe do
lenda que explica a origem da mandioca, é um dos principais fato de já estar meio que longe de 16tudo (Companhia das
alimentos dos povos indígenas. No Brasil, a mesma possui vários Letras).
nomes que variam de região para região, como, por exemplo, De Ohio ao Cariri. Além da URCA, em 2013 conquistamos (nada
aipim, macaxeira, maniva, castelinha, entre outros. é de graça) a UFCA, a brava Universidade Federal do Cariri. 17Era
um facho, uma fogueira, era um candeeiro, era uma lamparina, era
c) A lenda de Mani, exemplo do folclore dos índios tupis, explica a uma luminária a gás butano, fez-se a luz, pardon matriz
origem da mandioca, a qual é um dos principais alimentos dos
iluminista, perdão Paris, mas o mundo e o futuro 18será de um
povos indígenas. No Brasil, essa raiz possui vários nomes que
certo Cariri que peleja, aprende a preservar e estuda, somos a
variam de região para região, como, por exemplo, aipim,
própria ideia viva de Patrimônio Universal da Humanidade, só
macacheira, maniva, castelinha, entre outras.
falta o referendo da Unesco — escuto os mestres do Reizado ao
fundo, que batuque afro-indígena-futurista.
d) Explicando a origem da mandioca, um dos principais alimentos
[...]
dos povos indígenas, cuja a lenda de Mani é exemplo do folclore
Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri
dos índios tupis, essa raiz, no Brasil, possui vários nomes que
léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação Princesa do
Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por
desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde morava —, o Crato Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O
de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir
Nova Olinda das primeiras letras. Seria o primeiro representante aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece,
do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado
família meio pernambucana meio cearense, a chegar ao ensino de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e
superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo
ao campus da UFPE. Hoje tenho uma penca de primos a cada cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas
nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa. pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma
E pensar que não havia a 19ideia de universidade no meu terreiro. festa, dizia Nietzsche).
Nada disso do que hoje comemoro com os formandos da URCA e Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela
UFCA. [...]. ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH)
e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil,
Só nos resta defender [...]. Sem sequer o direito ao 20VAR (olho
o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema
no lance) da história. 21jmmmmmmmmmmmkk kkll l
carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas
çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa, caro leitor, pela incompreensão da
2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das
escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica — tentando
menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em
ver a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal-
Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca
traçadas linhas. [...]
de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali
passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o
Texto adaptado de Xico Sá, publicado em 10 ago. 2019.
Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
Disponível em:
A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/10/opinion/1565450440_001442.html.
seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por
Acesso em: 14 ago. 2019
vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso,
não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer
criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela
* Os termos sublinhados neste texto representam hyperlinks no
legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar
texto original publicado no sítio eletrônico do jornal El País.
estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será
Conforme o dicionário Michaelis, hyperlink é, “no contexto da
prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
hipermídia e do hipertexto, endereço que aparece em destaque
comprovada.
(geralmente sublinhado ou apresentado em uma cor diferente) e
O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com
que, a um clique no mouse, permite a conexão com outro site”.
grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não
possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso
sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela
(S1 - ifsul 2020) Qual alternativa apresenta o paralelismo
plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos,
sintático entre os dois primeiros períodos do texto de acordo com
além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio
a norma culta?
de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem
a) Sou do tipo que chora tanto em batizado, casamento, quanto os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de
principalmente formatura. trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação
profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma
b) Sou do tipo que chora seja batizado, casamento, seja pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas
principalmente em formatura. atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.
A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos
c) Sou do tipo que chora não apenas em batizado, casamento, presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos
principalmente em formatura. separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida
pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem
d) Sou do tipo que chora não só em batizado, casamento, mas comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus
principalmente em formatura. refrigeradores.
Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar
Exercício 16
por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar
Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos
respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao
mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.
O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação
reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de
ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano,
reincidência (amplamente admitida, mas nunca comprovada
inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a
empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10
privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no
criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da
tratamento cruel e na vingança.
cadeia.
O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos
educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar
que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à a isso. Essa adoração ao livro 7(em pergaminho, em papel ou na
sociedade. tela) é um dos alicerces de uma sociedade letrada.
A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: A experiência veio a mim primeiramente por meio dos
enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes, livros. Mais tarde, quando me deparava com algum
respeitando a população, aqui os presos saem roubando e acontecimento, circunstância ou algo semelhante 8__________
matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente 9sobre o qual havia lido, isso me causava o 10sentimento um
colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no
massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a tanto surpreendente, 11mas desapontador de déjà vu, 12porque
vingança é uma festa, dizia Nietzsche). imaginava que aquilo que estava acontecendo agora já havia me
acontecido em palavras, já havia sido nomeado.
Meus livros eram para mim transcrições ou glosas
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto
13__________ outro Livro colossal. Miguel de Unamuno, em um
Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
Estou no blogdolfg.com.br. soneto, 14fala do tempo, 15cuja fonte está no futuro; minha vida
** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora de leitor deu-me a mesma impressão de nadar contra a corrente,
do Instituto Avante Brasil. vivendo o que já tinha lido. Tal como Platão, passei do
FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega- conhecimento para seu objeto. Via mais realidade na ideia do que
como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/. na coisa. 16Era nos livros que eu encontrava o universo17:
Acessado em 17 de março de 2017. digerido, classificado, rotulado, meditado, ainda assim formidável.
18A leitura deu-me uma desculpa para a privacidade, ou
d) Foi terrível o juiz ter aceitado aquela denúncia. O psicólogo James 23Hillman afirma que a 24pessoa que
leu histórias ou 25para quem leram 26histórias na infância “está
e) O preso tinha ganho a liberdade. em melhores condições e tem um 27prognóstico melhor do que
aquela 28à qual é preciso apresentar as histórias. [...] Chegar cedo
Exercício 17
na vida já é uma perspectiva de vida”. Para Hillman, essas
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A última página primeiras leituras tornam-se “algo vivido e por meio 29do qual se
vive, um modo que a alma tem de se encontrar na vida”. A essas
Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para leituras, e por esse motivo, voltei repetidamente, 30e ainda volto.
vislumbrar o que somos e onde estamos. 1Lemos para Cada livro era um mundo em si mesmo e nele eu me
compreender, ou para começar a compreender. Não podemos refugiava. 31Embora eu soubesse que era incapaz de inventar
deixar de ler. Ler, quase como respirar, é nossa função essencial. histórias como as que meus autores favoritos escreviam, achava
2
Mesmo em sociedades que deixaram registros de sua que minhas opiniões frequentemente coincidiam com as deles e
32(para usar a frase de Montaigne) “Passei a seguir-lhes o rastro,
passagem, a leitura precede a escrita3; o futuro escritor deve ser
capaz de reconhecer e decifrar o sistema de signos antes de murmurando: ‘Ouçam, ouçam’”.
d) O poema “Certas palavras”, embora pareça um poema, está c) ál-co-ol, a-ni-mais; vas-sou-ra.
escrito em prosa, uma vez que o uso de sinais de pontuação é
próprio de textos prosaicos. Em poemas, a organização dos d) ad-vo-ga-do, his-tó-ri-a; a-d-je-ti-vo.
versos e das estrofes dispensa o uso de sinais diacríticos, como a
vírgula e os dois-pontos, por exemplo. e) cha-péu; coo-pe-rar; fri-ís-si-mo.
b) prática – gerúndio – é. Muita gente que ouve a expressão “políticas linguísticas” pela
primeira vez pensa em algo 1solene, formal, oficial, em leis e
c) gerúndio – advérbio – história. portarias, em autoridades oficiais, e pode ficar se perguntando o
que seriam leis sobre línguas. De fato, há leis sobre línguas, mas
d) além – você – gramáticas. as 2políticas linguísticas também podem ser menos 3formais – e
nem passar por leis propriamente ditas. Em quase todos os casos,
e) temática – desinência – você. figuram no cotidiano, 4pois envolvem não só a gestão da
linguagem, mas também as práticas de linguagem, e as crenças e
Exercício 25
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: valores que circulam a respeito 5delas. Tome, por exemplo, a
Leia a crônica de Paulo Brabo e responda à(s) questão(ões). situação do 6cidadão das classes confortáveis brasileiras, que
quer que a escola ensine a norma culta da língua portuguesa.
7Ele folga em saber que se vai exigir isso dos candidatos às vagas UM DOADOR UNIVERSAL
para o ensino superior, mas nem sempre observa ou exige o
mesmo padrão culto, por exemplo, na ata de condomínio, que ele Tomo um táxi e mando tocar para o hospital do Ipase. Vou visitar
8 um amigo que foi operado. O motorista volta-se para mim:
aprova como está, desapegada da ortografia e das regras de
- O senhor não está doente e agora não é hora de visita. Por
concordância verbais e nominais 9preconizadas pela gramática
acaso é médico? Ultimamente ando sentindo um negócio
normativa. Ele acha ótimo que a escola dos filhos faça 10baterias esquisito aqui no lombo...
de exercícios para fixar as normas ortográficas, mas pouco se
- Não sou médico.
incomoda com os problemas de redação nos enunciados das
Ele deu uma risadinha.
tarefas dirigidas às crianças ou nos textos de comunicação da
- Ou não quer dar uma consulta de graça, hein, doutor? É isso
escola dirigidos à comunidade escolar. Essas são políticas
mesmo, deixa para lá. Para dizer a verdade, não tem cara de
linguísticas. 11Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que médico. Vai doar sangue.
falam línguas. Em cada um desses grupos, há decisões, 12tácitas - Quem, eu?
ou explícitas, sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou - O senhor mesmo, quem havia de ser? Não tem mais ninguém
não, e por aí afora. Vamos chamar essas escolhas – 13assim como aqui.
14 - Tenho cara de quem vai doar sangue?
as discussões que levam até 15elas e as ações que delas
- Para doar sangue não precisa ter cara, basta ter sangue. O
resultam – de políticas. Esses grupos, pequenos ou grandes, de
senhor veja o meu caso, por exemplo. Sempre tive vontade de
pessoas tratam com outros grupos, que por sua vez usam línguas
e têm as suas políticas internas. Vivendo imersos em linguagem e doar sangue. E doar mesmo de graça, ali no duro. Deus me livre
tendo constantemente que lidar com outros indivíduos e outros de vender meu próprio sangue: não paguei nada por ele. Escuta
grupos mediante o uso da linguagem, não surpreende que os aqui uma coisa, quer saber o que mais, vou doar meu sangue e é
recursos de linguagem lá pelas tantas se tornem, eles próprios, já.
Deteve o táxi à porta do hospital, saltou ao mesmo tempo que eu,
tema de política e objetos de políticas explícitas. Como 16esses
foi entrando:
recursos podem ou devem se apresentar? Que funções eles
- E é já. Esse negócio tem de ser assim: a gente sente vontade de
podem ou devem ter? Quem pode ou deve ter acesso a 17eles?
fazer uma coisa, pois então faz e acabou-se. Antes que seja tarde:
Muito do que fazemos, 18portanto, diz respeito às políticas acabo desperdiçando esse sangue meu por aí, em algum
linguísticas. desastre. Ou então morro e ninguém aproveita. Já imaginou
quanto sangue desperdiçado por aí nos que morrem?
Adaptado de: GARCEZ, P. M.; SCHULZ, L. Do que tratam as - E nos que não morrem? - limitei-me a acrescentar.
políticas linguísticas. - Isso mesmo. E nos que não morrem! Essa eu gostei. Está se
ReVEL, v. 14, n. 26, 2016. vendo que o senhor é moço distinto. Olhe aqui uma coisa, não
precisa pagar a corrida.
Deixei-me ficar, perplexo, na portaria (e ele tinha razão, não era
hora de visitas) enquanto uma senhora reclamava seus serviços:
(Ufrgs 2017) Considere as afirmações abaixo. - Meu marido está saindo do hospital, não pode andar direito...
- Que é que tem seu marido, minha senhora?
I. Alguns cidadãos brasileiros discordam das leis existentes sobre - Quebrou a perna.
a língua. - Então como é que a senhora queria que ele andasse direito?
II. Alguns cidadãos brasileiros querem que se exija dos - Eu não queria. Isto é, queria... Por isso é que estou dizendo -
candidatos às vagas para o ensino superior a mesma norma culta confundiu- se a mulher. - O seu táxi não está livre?
que eles exigem nas atas de condomínio. - O táxi está livre, eu é que não estou. A senhora vai me
III. As escolas dos filhos de alguns cidadãos brasileiros desculpar, mas vou doar sangue. Ou hoje ou nunca.
comunicam-se com a comunidade escolar por meio de textos com E gritou para um enfermeiro que ia passando e que nem o ouviu:
problemas de redação. - Você aí, ô, branquinho, onde é que se doa sangue?
Procurei intervir:
Segundo o texto, quais podem ser consideradas corretas? - Atenda a freguesa... O marido dela...
a) Apenas I. - Já sei: quebrou a perna e não pode andar direito.
- Teve alta hoje. - acudiu a mulher, pressentindo simpatia.
b) Apenas II. - Não custa nada – insisti. - Ele precisa de táxi. A esta hora...
- Eu queria doar sangue - vacilou ele. - A gente não pode nem
c) Apenas III. fazer uma caridade, poxa!
- Deixa de fazer uma e faz outra, dá na mesma.
d) Apenas I e II. Pensou um pouco, acabou concordando:
- Está bem. Mas então faço o serviço completo: vai de graça.
e) I, II e III. Vamos embora. Cadê o capenga?
Afastou-se com a mulher, e em pouco passava de novo por mim,
Exercício 27 ajudando-a a amparar o marido, que se arrastava, capengando.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: - Vamos, velhinho: te aguenta aí. Cada uma!
Ainda acenou para mim, de longe, se despedindo. Este hábito facilita e muito a minha vida, já que tenho que me
dividir entre o mestrado, a monitoria, o cuidado com a casa,
SABINO, Fernando. Um doador universal. Disponível em: família.
<<http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando- Costumo toda noite, antes de ir dormir, fazer uma lista de tarefas
sabino/fernando-sabino-um-doador-universal-1.538>>. Acesso: para o dia seguinte na minha agenda. Você pode usar o bloco de
08 maio 2017. notas no celular, o Evernote no computador ou a ferramenta que
melhor se adeque à sua rotina. Com a lista de atividades em
mãos, fica mais fácil visualizar o que precisa ser feito. Se não
(G1 - ifpe 2017) Em relação à linguagem, podemos afirmar que o sabemos exatamente o que fazer, vamos deixar para mais tarde e
texto aí a procrastinação vai tomar conta.
2. Objetivos claros
a) embora se apresente escrito, possui uma linguagem mais
É claro que sem força de vontade não fazemos nada nessa vida,
informal e próxima da oralidade, pouco preocupada com a rigidez
mas para agirmos precisamos ter claro quais são os nossos
da norma culta.
objetivos.
Por que é importante fazer o fichamento do texto X? É importante
b) foi escrito com total respeito à norma culta da língua
porque vou utilizá-lo para a produção do meu artigo. Por que ler o
portuguesa, não sendo possível encontrarmos trechos em
livro Y? Porque ele será discutido na próxima aula. E assim por
desacordo com as variedades de prestígio.
diante. Dessa forma, até mesmo as tarefas mais simples e
corriqueiras acabam sendo ressignificadas e a partir daí não serão
c) embora apresente expressões coloquiais como “capenga”, “de
mais ignoradas.
graça”, “no duro”, a abordagem do assunto “doação de sangue” dá
ao texto um tom sóbrio e científico
3. Prazos pré-estabelecidos
Ao sabermos a data de uma prova, nos descabelamos e
d) apresenta uma linguagem técnica, porém, de fácil
começamos a estudar desesperados, não é mesmo? Nada como
compreensão, uma vez que associa elementos coloquiais a
uma boa pressão para nos mexermos rapidinho. Então, é preciso
termos formais no decorrer do texto.
estabelecer prazos para as tarefas a serem realizadas e depois
determinação para cumpri-los.
e) expõe o preconceito linguístico praticado pelo motorista ao
Você tem que ler um texto X para a aula? Defina um prazo para
chamar o passageiro de “moço distinto”, discriminando a
realizá-lo. Precisa escrever um artigo? Estabeleça uma data para
variedade linguística falada por ele.
terminá-lo. Você precisa preparar uma apresentação para um
Exercício 28 seminário? Determine o dia que precisará concluí-lo. E por fim,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: cumpra os prazos e você se sentirá feliz por ter conseguido vencer
O monstro da procrastinação mais uma batalha contra este monstro.
Penélope Salles
Blog Posgraduando.com 4. Fuja das Distrações
Você já percebeu que é só iniciar uma tarefa importante, como
Assim como eu, você tem um monte de coisas para fazer: textos escrever o projeto do mestrado, terminar a leitura de um livro,
para ler, um artigo para escrever, e-mails importantes para estudar para a prova, que tudo ao redor acaba distraindo a nossa
responder, casa para limpar (porque a vida não está fácil para atenção? Uma hora é o Facebook, outra é Whatsapp, SMS, e-
ninguém)? E nessa hora o que você sente é aquela vontade de mails, TV e assim por diante. E essas pequenas distrações
conferir a última novidade do Facebook? Ou de ver um vídeo no consomem tanto do nosso tempo que no final acabamos não
YouTube, passar aquela fase do Candy Crash ou ainda tirar fazendo nada do que nos propomos a realizar. Largue tudo, que
aquela soneca boa no meio da tarde? isso não te pertence mais. Pelo menos nos horários que você
Quem nunca? estabeleceu para cumprir as suas tarefas.
Infelizmente a perfeita consciência disso não faz as coisas Eu mesma tenho que aplicar a Técnica Pomodoro para conseguir
acontecerem como num passe de mágica. É preciso muito mais me concentrar de verdade. Essa técnica é bem simples: você
que força de vontade para deixar o monstro peludo da coloca um despertador (eu coloco o timer da cozinha ou então, o
procrastinação de lado e fazer aquilo que realmente é necessário. despertador do celular) para tocar em 25 minutos. Enquanto isso
Vou falar de cinco estratégias que tenho adotado e que têm me você realiza uma tarefa e não faz outra coisa neste tempo. Se
ajudado nesta batalha diária contra este monstro terrível: lembrar de algo, anote num papel, mas depois continue sua
tarefa até terminar o tempo. Depois dos 25 minutos, descanse 5 e
1. Listas faça as coisas que estavam pendentes. Você verá uma grande
Faça uma lista de tudo o que precisa ser feito no dia e selecione diferença na sua rotina.
aquelas que são prioritárias. Não se esqueça de listar até mesmo Pronto! Você perceberá que priorizar uma tarefa só é melhor do
aquelas atividades consideradas mais “chatas”, mas que são que tentar realizar várias ao mesmo tempo e não conseguir
importantes. Eu sei que muita gente já faz isso, mas a concluir nenhuma.
necessidade de planejar o dia a dia só surgiu quando eu percebi
que não tinha tempo suficiente para fazer tudo o que precisava. 5. Recompensa
Apesar de soar um pouco estranho, a recompensa é a motivação Vou lhe mandar uma caixinha de Minorativas,
para muitas pessoas cumprirem as tarefas necessárias. Seria mais Pastilhas purgativas:
ou menos o seguinte: você se propõe a fazer determinada É impossível que não faça efeito.
atividade e, como forma de realizá-la, promete a si mesmo uma
recompensa no final. Embora nem todo mundo concorde com ela, (Bandeira, Manuel. Estrela da vida inteira. São Paulo: Nova
acho que é uma estratégia para nos motivarmos a realizar as Fronteira, 2007)
tarefas mais difíceis ou mais “chatas”.
Espero que estas dicas ajudem vocês a evitar a procrastinação.
(Insper 2011) Sobre a primeira e segunda estrofes, só não é
Fonte: posgraduando.com/blog/procrastinacao correto afirmar que
*Antonio Prata
Com o jornal numa mão e um guaraná diet na outra, eu
Escritor e roteirista, autor de Nu, de Botas.
caminhava pelas ruas de 1Kiev, desviando de barricadas e Jornal Folha de São Paulo, 25 mai. 2014 – Disponível em:
coquetéis molotov, quando a voz no sistema de som me trouxe <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/>. Acesso
de volta à poltrona 11C do Boeing 737: “Atenção, senhores em 27 ago.2019.
passageiros, caso haja um médico a bordo, favor se apresentar a
um de nossos comissários”.
Foi aquele discreto alvoroço: todos cochichando, olhando em Vocabulário de apoio:
volta, procurando o doente e torcendo por um doutor, até que, do 1 Kiev: capital e maior cidade da Ucrânia. No trecho: “eu
fundo da aeronave, despontou o nosso herói. Vinha com passos
caminhava pelas ruas de Kiev, desviando de barricadas e
firmes — grisalho, como convém —, a vaidade disfarçada num
coquetéis molotov”, o autor se refere ao tema do livro (Guerra da
leve enfado, como um Clark Kent que, naquele momento,
Crimeia) que ele lia, enquanto estava no voo. Os termos
estivesse menos interessado em demonstrar os superpoderes do
‘barricadas’(trincheiras feitas de improviso) e ‘coquetéis molotov’
que em comer seus amendoins.
(tipo de arma química, geralmente usada em guerrilhas) estão
Um comissário o encontrou no meio do corredor e o levou,
relacionados ao tema da leitura feita pelo autor.
apressado, até uma senhora gorducha que segurava a cabeça e
hiperventilava na primeira fileira do avião. O médico se agachou, 2 fagocitada: neologismo criado a partir de fagocitose: processo
tomou o pulso, auscultou peito e costas, conversou baixinho com
de ingestão e destruição de partículas sólidas, como bactérias ou
pedaços de tecido necrosado, por células ameboides chamadas No princípio, era o verbo. Depois, o e-mail, o link e o website.
de fagócitos [tem como uma das funções a proteção do Logo em sequência, o GIF do bebê dançando, um dos primeiros
organismo contra infecções.]; no texto, ‘fagocitada’ pode ser memes da internet. Desde então, essa forma de comunicação dos
substituída por ‘devorada’. novos tempos se alastrou como um tsunami em todas as nossas
conversas e redes sociais. Mas e você? Já fez algum meme?
3 Memes são conteúdos multimídia que se espalham (viralizam)
No trecho: “a medicina nasceu, com Hipócrates, a história de
Gilgamesh”, o autor se refere a Hipócrates – pensador grego, rapidamente, recriando fatos ou algum conteúdo original com um
considerado o “pai da Medicina” – e a Gilgamesh - rei da Suméria, propósito humorístico ou de sátira. Tudo vira meme na mão do
mais conhecido atualmente por ser o personagem principal da povão: uma cena importante de "Game of Thrones", um discurso
Epopeia de Gilgamesh, um épico mesopotâmico preservado em político, uma derrota de um time de futebol ou uma foto bizarra
tabuletas escritas com caracteres cuneiformes (o mais antigo tipo de um anônimo.
de escrita do mundo). A graça dele é que justamente qualquer um com uma boa sacada
pode criar um meme ou participar de um que já está rolando na
4 anamnese: lembrança, recordação pouco precisa. No campo da web. Se você quer fazer um, lembre-se de que um bom meme
medicina, anamnese é um histórico que vai desde os sintomas geralmente possui essas características, segundo o site "Thrillist":
iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base
nas lembranças do paciente. Mensagem simples e eficiente
a) expressar sua insatisfação com os usos da língua em Ele deve ter em si elementos que ajudem em sua própria
mensagens de bordo, como em: “Atenção, senhores passageiros, evolução, com detalhes que podem ser alterados, mas mantendo
caso haja um médico a bordo, favor apresentar-se [...]”; o núcleo da ideia original. Por exemplo: se o meme for o de uma
placa de aviso com uma frase, que seja possível trocar a frase por
b) aproximar-se dos usos cotidianos da língua, como ocorre na outra diferente sem que polua demais a imagem original.
opção de ‘pra’, em vez de ‘para’, no trecho: “queria falar alguma
coisa bonita pra ele, mas não era boa com as palavras.”. Efeito
c) revelar conhecimento de vocabulário técnico da área médica, E o mais importante: tem que atingir um certo nível de
como no fragmento: “Eu faria uma rápida anamnese: perguntaria popularidade e compreensão. Em poucas palavras, tem que
os motivos da briga, se o filho estava mais pra Proust ou pra causar reação e interesse imediato nas pessoas, além de atiçar
UFC”. nelas o interesse de repassar o meme ou de fazer outros
parecidos.
d) demonstrar domínio de termos estrangeiros, como em: “Com o
jornal numa mão e um guaraná diet na outra, eu caminhava pelas Texto adaptado. Disponível em:
ruas de Kiev, desviando de barricadas e coquetéis molotov, https://noticias.uol.com.br/tecnologia/noticias/redacao/2018/10/27/como-
quando a voz no sistema de som me trouxe de volta à poltrona criar-seu-memeparawhatsapp.htm . Acesso em: 18 jul. 2019.
11C do Boeing 737”.
d) poderia ter feito uso de gírias, caso a autora entendesse esse Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em
emprego como uma estratégia de aproximação maior ao seu 1427. Eram manuscritos lindos, que valiam cada um o preço de
público-alvo. uma casa. Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de Gutenberg
chegar às ruas. Depois dela, os livros deixaram de ser obras
e) utiliza vocabulário técnico, o que tende a dificultar a artesanais exclusivas de milionários e viraram o que viraram.
compreensão do leitor comum. Graças a uma novidade: a prensa de tipos móveis, que era capaz
de fazer milhares de cópias no tempo que um monge levava para
Exercício 43
terminar um manuscrito.
Foi uma revolução sem igual na história e blá, blá, blá. Só que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
uma revolução que já acabou. Há 10 anos, pelo menos. Quando a
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.
internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria
uma borracha na história do papel impresso e começaria outra.
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias
Mas aconteceu justamente o que ninguém esperava: nada. A
acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, 1mas um só
internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros.
ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer
Muito pelo contrário. O 2o negócio online que mais deu certo
compras na venda; ensarilhavam-se* discussões e rezingas**;
(depois do Google) é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre
2
ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz sentido. Por
Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa que o livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada
de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama à internet, é tão arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas
preta e nutriente da vida, 3o prazer animal de existir, a triunfante de argila continua firme?
satisfação de respirar sobre a terra. Você sabe por quê. Ler um livro inteiro no computador é
insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo
formigas; fazendo compras. embalado num pacote portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia
de Gutenberg. Isso sem falar em outro ingrediente: quem gosta
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a Isaura, de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte tocar neles, sentir o
que se dispunha a começar a limpeza da casa. fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de fetiche.
Amor até.
– Nhá Dunga! 4gritou ela para baixo, a sacudir um pano de mesa; Mas esse amor só dura porque ainda não apareceu nada melhor
se você tem cuscuz de milho hoje, 5bata na porta, ouviu? que um livro para a atividade de ler um livro. Se aparecer… Se
aparecer, não: quando aparecer. Depois do CD, que já morreu, e
Aluísio Azevedo, O cortiço. do DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos, o livro
impresso é o próximo da lista.
Exercício 47
(G1 - ifpe 2019)
Exercício 49
a) O senso comum costuma perceber a língua como um fenômeno
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
heterogêneo que alberga grande variação e está em mudança
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
contínua.
faladas que devem ser identificadas como constitutivas da dialetologia e pela linguística histórica, provoca, 2em geral,
22
chamada norma culta. Isso pressupõe, inclusive, uma ampla reações sociais muito negativas. O senso comum 3tem 4escassa
discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que
23características no Brasil contemporâneo. 5alberga grande variação e 6está em mudança contínua. Por isso,
Parece claro hoje que o 24domínio 25dessas variedades caminha 7costuma 8folclorizar a variação regional; 9demoniza a variação
junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais.
social e 10tende a interpretar as mudanças como sinais de
Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de 11deterioração da língua. O senso comum não se 12dá bem com a
desenvolver uma 26pedagogia que garanta o domínio das
variação linguística e 13chega, 14muitas vezes, a 15explosões de
práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas.
ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de
Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas
27populares, parece que o que nos 28desafia é a construção de variação. Boa parte de uma educação de 16qualidade tem a ver
17
29toda uma cultura escolar aberta à crítica da 30discriminação precisamente com o 18ensino de língua – um ensino que
garanta o 19domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita
pela língua e preparada para combatê-31la, o que pressupõe
e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das
32uma adequada 33compreensão da 34heterogeneidade
variedades linguísticas historicamente 20identificadas como as
linguística do país, sua história social e suas características atuais.
35 mais próprias a essas práticas – isto é, as 21variedades escritas e
Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os
faladas que devem ser identificadas como constitutivas da
próprios educadores e, em seguida, os educandos.
chamada norma culta. Isso pressupõe, 22inclusive, uma ampla
Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na
escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas
23
escola existe não reconhece sua cara linguística e não só características no Brasil contemporâneo.
discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a
Parece claro hoje que o 24domínio 25dessas variedades caminha
junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Eu tava com a Felomena
Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de Ela quis se refrescar
desenvolver uma 26pedagogia que garanta o domínio das O calor tava malvado
práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Ninguém podia aguentar
Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas Ela disse meu Lundru
27populares, parece que o que nos 28desafia é a construção de Nós vamos se balançar
A rede veia comeu foi fogo
29toda uma cultura escolar aberta à crítica da 30discriminação
Foi com nois dois pra lá e pra cá
pela língua e preparada para combatê-31la, o que pressupõe
32uma adequada 33compreensão da 34heterogeneidade Começou a fazer vento com nois dois a palestrar
linguística do país, sua história social e suas características atuais. Filomena ficou beba de tanto se balançar
35Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os Eu vi o punho da rede começar a se quebrar
próprios educadores e, em seguida, os educandos. A rede veia comeu foi fogo
Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na Só com nois dois pra lá e pra cá
escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa
escola existe não reconhece sua cara linguística e não só A rede tava rasgada e eu tive a impressão
discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a Que com tanto balançado nois terminava no chão
esse tipo de discriminação? Em suma, como construir uma Mas Felomena me disse, meu bem vem mais pra cá
pedagogia da variação linguística? A rede veia comeu foi fogo
Foi com nois dois pra lá e pra cá
Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In:
ZILLES, A. M; FARACO, C. A, orgs., Pedagogia da variação Disponível em http://www.luizluagonzaga.mus.br/index.php?
linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, option=com_content&task=view&id=&&&Itemid= 103
2015. Acessado em: 02 ago 2011.
d) Em: “Vai ter presente pra Chiquinha” (Texto II, linha 12), o
nome “Chiquinha” exemplifica o uso do registro informal,
TEXTO IV
utilizado, sobretudo, em documentos oficiais e sermões religiosos.
Nina
Chico Buarque
e) No verso: “Posso até adivinhar a cara que ela faz” (Texto IV,
linha 16) a palavra cara exemplifica uma variação de registro
Nina diz que tem a pele cor de neve
linguístico predominante em situações formais.
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova Exercício 52
Por amores já chorou TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Que nem viúva CRÍTICA “O DILEMA DAS REDES”, DE JEFF ORLOWSKI
Mas acabou, esqueceu
A influência das redes sociais em nosso cotidiano é uma evidência
Nina adora viajar, mas não se atreve incontornável. Sua capacidade de interferir em nossas escolhas é
Num país distante como o meu muito maior do que podemos supor. Há um investimento
incalculável de dinheiro e tecnologia nessa nossa mercadoria, que tomar um banho é uma peripécia tecnológica. 4Hoje até para
pode ser determinante tanto para a venda de um produto quanto tomar um elevador tenho que inserir um cartão eletrônico para
para a eleição de um político. E a falta de regulação faz com que ele se mover. Claro que tem o Google, essa enciclopédia no
tenhamos dificuldades em avaliar o seu real alcance em nossas
computador que facilita as pesquisas 5(para quem não precisa ir
escolhas coletivas e quais as possibilidades que temos para
fundo nos assuntos), mas muita coisa me intriga: por que cada
atenuar este poder. Essa é uma questão que começa a ser
aparelho de televisão de cada casa, de cada hotel tem um
pensada hoje em escala global.
controle remoto diferente e 6a gente não consegue usá-los sem
“O Dilema das Redes”, documentário americano distribuído pela
pedir socorro a alguém?
Netflix, com direção de Jeff Orlowski, busca pensar essa questão.
7Olha, tanta tecnologia!... Mas além de 8não terem descoberto
O que chama atenção no documentário é que os depoentes, que
apresentam o problema, são, em parte, os “criadores” desses como curar uma simples gripe, 9os elevadores dos hotéis ainda
mecanismos. Executivos, programadores, designs, marqueteiros, não chegaram a uma conclusão de como assinalar no mostrador
toda uma fauna muito particular de doutores Frankenstein, que que letra deve indicar a portaria. 10Será necessária uma medida
observam horrorizados os crimes do monstro que criaram. provisória do presidente para uniformizar tal diversidade
A riqueza do filme está em seus depoimentos: impressiona a analfabética.
forma como o diretor conseguiu se aproximar de pessoas que 11Outro dia, li que houve uma reunião em Baku, lá no Azerbaijão,
tiveram influência na construção de ferramentas essenciais para o congregando cérebros notáveis para decifrarem nosso presente e
sucesso das redes e captar reflexões desconcertantes, nosso futuro. Pois Jean Baudrillard 12andou dizendo, com aquela
apresentando uma dimensão clara do tamanho do imbróglio. É facilidade que os franceses têm para fazer frases que parecem
curioso ouvir, por exemplo, os cuidados que eles têm para manter filosóficas, que o que caracteriza essa época que está vindo por aí
os filhos longe das redes, apresentadas por eles mesmos como é que o homem, leia-se corretamente homens e mulheres, ou
alienantes e destrutivas.
seja, 13o ser humano, foi descartado pela máquina. 14(Isso a
gente já sabe quando tenta ligar para uma firma qualquer e uma
Texto adaptado. Disponível em: https://epoca.globo.com/thiago-b-
voz eletrônica fica mandando a gente discar isto e aquilo e volta
mendonca/critica-o-dilema-das-redes-de-jeff-orlowski-
tudo a zero e não obtemos a informação necessária.)
24697272
15Deste modo estão se cumprindo dois vaticínios. O primeiro era
http://negrobelchior.cartacapital.com.br/politica-nao-e-lugar-pra-
preto-vagabundo-feito-voce/.
(G1 - ifal 2017) Os textos fazem-se observando elementos
Texto adaptado.
contextuais que determinam os modos como se relacionam os
interlocutores, aspecto que decorre do maior ou menor nível de
familiaridade que se pretende nessa relação.
(G1 - ifal 2017) Sabe-se que, nos textos, assumem-se diferentes
estilos linguísticos, de acordo com os contextos enunciativos, que
demandam diferentes níveis de linguagem. Quanto a esse Desse processo, têm-se os chamados níveis de linguagem. No
aspecto no texto de Belchior, marque a alternativa correta. tocante aos níveis de linguagem, pode-se afirmar do texto acima
apenas que
Nunca vi uma criança tão suja em toda a minha vida. 2Quando teu profundo, mais popular, mas tem de ter. 1Você vai fazendo e, sem
pai chegar você vai morrer de tanto apanhar. Oh, meu Deus do querer, a coisa sai engraçada. Dá para perceber quando a
céu, esse menino me deixa completamente maluca. Estou aqui há construção é forçada. Tenho uma capacidade muito natural de
mais de um século esperando e o senhor não vem tomar banho. perceber bobagem e destruir a coisa.
3Se você fizer isso outra vez nunca mais me sai de casa. 4Pois é, Língua – Com que língua você mais gosta de trabalhar?
não come nada: é por isso que está aí com o esqueleto à mostra. Millôr – Não aprendi línguas até hoje (risos). 3Gosto de trabalhar
5Se te pegar outra vez mexendo no açucareiro, te corto a mão. com o português, embora inglês seja a que eu mais leio. Nunca
6Oh, meu Deus, eu sou a mulher mais infeliz do mundo. Não tive temor de nada. Deve-se julgar as obras pelo que elas têm de
qualidade, não por serem de fulano ou beltrano. Shakespeare fez
chora desse jeito que você vai acordar o prédio inteiro. 7Você
muita besteira, mas tem três ou quatro obras perfeitas, e Macbeth
pensa que seu pai só trabalha pra você chupar Chica-Bon? Mas, é uma delas.
furou de novo o sapato: você acha que seu pai é dono de
Língua – Na sua opinião, quais vantagens o português possui em
sapataria, pra lhe dar um sapato novo todo dia? 8Onde é que você comparação a outras línguas que você conhece?
se sujou dessa maneira: acabei de lhe botar essa roupa não faz Millôr – A principal vantagem é a de ser a minha língua. Ninguém
cinco minutos! Passei a noite toda acordada com o choro dele. Eu fala duas línguas. Essa ideia de um espião que fala múltiplas
juro que um dia eu largo isso tudo e nunca ninguém mais me vê. línguas não passa de mentira. Vai lá no meio do jogo dizer
Não se passa um dia que eu não tenha que dizer a mesma coisa. “salame minguê, um sorvete colorê...” ou “velho guerreiro”. Os
Não quero mais ver você brincando com esses moleques, esta é a modismos da língua, as coisas ocasionais, não são acessíveis a
última vez que estou lhe avisando. quem não é nativo. Toda pessoa tem habilidade só no seu idioma.
Você pode aprender uma, dez, sei lá quantas expressões de outra
(FERNANDES, Millôr. Exageros de Mãe. In: 10 em humor. Rio de língua, mas ainda existirão outras mil – 4como é que se vai fazer?
Janeiro: Expressão e Cultura, 1968, p. 15). A língua portuguesa tem suas particularidades. Como outras
também. Aprendi desde cedo a ter o cuidado de não rimar ao
escrever uma frase. Sobretudo em “-ão”.
(G1 - ifsc 2016) Com base na leitura do texto, assinale a Língua – Quais as normas mais loucas ou mais despropositadas
alternativa CORRETA. da língua portuguesa?
Millôr – Toda pesquisa de linguagem é perigosa porque tem o
a) Há registro informal da língua, exemplificado pela mistura dos caráter de induzir o sentido. Não tenho nenhum carinho especial
pronomes pessoais das segunda e terceira pessoas do singular. por gramáticos. Na minha vida inteira sempre fui violento [no
Tal uso é considerado impróprio para textos literários, como os ataque às regras do idioma], porque a língua é a falada, a outra é
contos e as crônicas. apenas uma forma de você registrar a fala. Se todo mundo erra na
crase é a regra da crase que está errada, como aliás está. Se você
b) Apesar de não utilizar travessões para separar as falas dos vai a Portugal, pode até encontrar uma reverberação que indica a
personagens, o texto apresenta um diálogo entre mãe e filho, no crase. Não aqui. Aqui, no Brasil, a crase não existe.
qual há predomínio da fala da mãe. Língua – Mas a fala brasileira é mutante e díspar, cada região tem
sua peculiaridade. Como romper regras da língua sem cair no
vale-tudo? fatigadas de informar.
Millôr – 5Se não houver norma, não há como transgredir. A língua Dou mais respeito
tem variantes, mas temos de ensinar a escrever o padrão. Quem às que vivem de barriga no chão
transgride tem nome ou peito, que o faça e arque com as tipo água pedra sapo.
consequências. Mas insisto que a escrita é apenas o registro da Entendo bem o sotaque das águas
língua falada. De Machado de Assis pra cá, tudo mudou. A língua dou respeito às coisas desimportantes
alemã fez reforma ortográfica há 50 anos, correta. Aqui, na minha e aos seres desimportantes.
geração, já foram três reformas do gênero, uma mais maluca que Prezo insetos mais que aviões.
vamos atribuir crase ao masculino “dar àquele”, por que não fazer
o mesmo com “dar alguém”? 2Não podemos. a) exalta a velocidade e a rapidez associadas aos avanços
tecnológicos próprios do século XXI.
Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/97/millor-
fernandeso-senhor-das-palavras-247893-1.asp. Acesso em: b) usa a linguagem para expressar as angústias e frustrações que
13/06/2014. Adaptado. sente diante da vida.
d) II e IV.
(Mackenzie 2009) Depreende-se corretamente do texto que:
e) III e IV.
Uso a palavra para compor meus silêncios. b) o sotaque é consequência do aprendizado de duas línguas
Não gosto das palavras conjuntamente, uma vez que ambas são representadas na mesma
região cerebral. com a alegação, por parte dos dirigentes das escolas, de que sua
fala seria "um mau exemplo" para os alunos. (Bortoni-Ricardo
c) são considerados bilíngues falantes que desenvolveram, na 2004).
aquisição da língua estrangeira, duas regiões cerebrais distintas
para a representação linguística. c) De fato é dentro da, e pela língua que indivíduo e sociedade se
determinam mutuamente. O homem sentiu sempre - e os poetas
d) falar línguas estrangeiras sem sotaque é resultado do alto frequentemente cantaram - o poder fundador da linguagem, que
desempenho e da concentração de falantes considerados como instaura uma realidade imaginária, anima as coisas inertes, faz ver
bilíngues. o que ainda não existe, traz de volta o que desapareceu.
(Benveniste, 1976)
e) aprender a língua materna sem sotaque é resultado do
desenvolvimento de redes neurais distintas, associadas ao longo d) O brasilíndio como o afro-brasileiro existiam numa terra de
do aprendizado de línguas. ninguém, etnicamente falando, e é a partir dessa carência
essencial, para livrar-se da ninguendade de não índios, não-
Exercício 63 europeus e não-negros, que eles se veem forçados a criar a sua
(Uff 2006) Estava pensando na paulistinização do Brasil que
própria identidade étnica: a brasileira. (Darcy Ribeiro,)
veio vindo, veio vindo e, quando a gente se deu conta, tudo virou
paulissssta, assim mesmo, com vários ss.
e) Podemos dizer, portanto, que o preconceito linguístico no Brasil
Nós, cariocas, temos sofrido muitas humilhações. Como se exerce em duas direções: de dentro da elite para fora dela,
nos vermos obrigados a viajar de avião para São Paulo quando se
contra os que não pertencem às camadas sociais privilegiadas; e
quer ir para Bahia (!). Ou observar o mercado, no Rio se de dentro da elite ao redor de si mesma, contra seus próprios
transformar em paulista tendo-se que ligar pro Disk Cook, em SP,
membros. (Bagno, 2003)
para pedir uma comida de um restaurante carioca, aqui do lado.
Ou assistirmos às lojas cariocas fecharem, transformando o Rio Exercício 64
numa cidade latinha ("lá tinha" uma padaria, "lá tinha" um TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
açougue, "lá tinha" aquele tal restaurante, "lá tinha" os estertores TEXTO I
das Casas Sendas, comprada por outro paulista, o Pão de Açúcar,
e por aí vai). Isso fora os "vende-se" e "aluga-se" em todos os Resistência
bairros do Rio. Sabe Deus para onde irão ...
Mas o mais grave de tudo, o mais grave, gente, é a Não sei onde anda aquele projeto de lei do deputado Aldo Rebelo
paulistinização do sotaque! O sotaque de São Paulo é o sotaque sobre a proteção da língua portuguesa - o que é um mau sinal.
oficial do Brasil, sotaque nacional do país! Nada contra, só é Ele teria que estar sendo mais discutido. A intenção do deputado
esquisito que agora, no Rio de Janeiro, se fale paulista. Seria o é boa, mas as críticas ao projeto, do pessoal da linguística
mesmo que, assim, do nada, todo mundo começasse a falar principalmente, deveriam estar sendo ouvidas no debate que não
nordestino, cearense. Nada contra também, mas estranho ... está havendo.
Descobri isso quando vi meu neto, carioca, nascido em Los Eu acho que o uso de estrangeirismos como "delivery" em vez de
Angeles e criado no Rio desde o primeiro ano de vida, falar coisas "entrega" decorre de uma falta generalizada de senso do ridículo,
do tipo: "ageeennnnda" "veeennnda" e "fazeennda" com muitos sobre o qual não se legisla, mas esta é uma visão fatalista. Os
enes. E só não pede "um chopes e dois pastel" porque ele tem 4 linguistas dizem que a língua é uma coisa viva, que é impossível e
anos e ainda não toma chope. Então fiquei pensando: mas por impraticável decretar que o português falado hoje é o definitivo e
que cargas d'água o meu neto fala paulista? como tal deve ser, para todos os efeitos, tombado. Alegam que a
Maria Lúcia Dahl. "Jornal do Brasil", Caderno B, 9/07/04 lei, com suas multas e punições, restringiria o estudo de dialetos e
idiomas regionais de origem estrangeira ou não, cuja rica
Assinale a opção em que um dos fragmentos de textos de variedade tem mais valor cultural do que qualquer uniformização
autores renomados de linguística e antropologia explica, de forma imposta. O assunto é amplo. A discussão também deveria ser.
adequada, a influência de uma dada variedade linguística regional A ideia é proteger o português do inglês, que nos invade pelo
como a apresentada pela cronista Maria Lúcia Dahl. colonialismo comercial e pelos neologismos da cultura do
computador (parece que já estão usando até o verbo
"downloadar"), e que seria uma espécie de vocabulário avançado
a) Uma variedade linguística "vale" o que "valem" na sociedade os
da dominação total a que nos submeteriam. Mas dos Estados
seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade
Unidos também vêm bons exemplos de flexibilidade prática na
que eles têm nas relações econômicas e sociais. Esta afirmação é
questão da língua, como o uso do espanhol na propaganda e na
válida, evidentemente, em termos "internos", quando
educação em áreas de grande imigração "hispânica", contra os
confrontamos variedades de uma mesma língua, e em termos
protestos da direita, que quer proteger o inglês. O problema é
"externos" pelo prestígio das línguas no plano internacional.
diferente, mas a xenofobia linguística é parecida.
(Maurizio Gnerre, 2001).
Por que não tratar as palavras em inglês que nos incomodam
como imigrantes na nossa língua, resignados à sua inevitabilidade
b) Conhecemos bons professores, provenientes da região
e respeitando a sua identidade, sabendo que cedo ou tarde elas
Nordeste e dos estados de Goiás e Mato Grosso, que tiveram
serão assimiladas e com o passar do tempo perderão até o
problemas para trabalhar em escolas particulares em Brasília
sotaque? A resistência à dominação americana tem que vir em c) “E a moça de nome Maria, [...] assim que saiu de casa com a
outros setores, com outra disposição e outra mentalidade. Sobre malinha de couro antiga, e na bolsa umas economias dadas pela
os quais também não se legisla. mãe, caminhou solerte em direção à rodoviária...”
VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Globo: Rio de Janeiro, p. 7, 1 de d) “De repente, a dona Luzia a chamou para se sentar ao lado
julho 2001. dela no sofá de palhinha com almofadas que ficava junto ao
balcão, também de frente para a janela e sua vista para a Ponte
de Pedra”.
(Ufrrj 2003) Há no texto uma comparação entre Brasil e Estados
Unidos, quanto à questão dos estrangeirismos. Sobre esse Exercício 66
I - Nos EUA existe uma crença já generalizada de que palavras POR QUE ESTUDAR A CULTURA INDÍGENA E AFRO-
estrangeiras só vêm enriquecer o idioma nativo. BRASILEIRA?
estrangeirismos que lotam nosso vocabulário, vem também um com um esgar de olhos que deflagram um descaso com a riqueza
e a complexidade dessas culturas. Historicamente, passamos a
exemplo de tolerância ao que é estrangeiro.
IV - O Brasil deveria, segundo o texto, praticar a mesma interpretar a História Oficial de nosso país a partir do ponto de
vista da classe dominante, o que condenou à ignorância a
xenofobia linguística existente nos EUA, pois é protegendo a
cultura nacional que se constrói um país desenvolvido. contribuição cultural, social, política e econômica que os negros e
os índios, em suas respectivas conjunturas, legaram ao Brasil.
GABARITO
Exercício 11
Exercício 1
c) a ocorrência da expressão “eu sei que vou te amar”,
b) No texto, não há marcas de oralidade. porquanto, na linguagem coloquial, a tendência é não
Exercício 3 Exercício 12
b) A linguagem do texto apoia-se em uma variante linguística b) Calvin emprega o pronome você não necessariamente para
que demonstra o movimento de mudanças constantes que as marcar a interlocução: antes, trata-se de um recurso da
línguas sofrem, através do tempo. linguagem coloquial utilizado como forma de expressar ideias
genéricas.
Exercício 4
Exercício 15
Exercício 6
d) Sou do tipo que chora não só em batizado, casamento, mas
a) “Se juntar com o meu tempero | Vai ser bom demais” principalmente em formatura.
Exercício 16
Exercício 7
d) Foi terrível o juiz ter aceitado aquela denúncia.
a) V - V - V - V - V
Exercício 17
Exercício 8
a) uma prática inerente ao ser humano.
d) I, II e IV.
Exercício 18
Exercício 9
e) É uma das poucas opiniões do poeta onde existe uma
c) os verbos foram flexionados no imperativo afirmativo de controvérsia.
acordo com a norma padrão.
Exercício 19
Exercício 23 Exercício 34
Exercício 25 Exercício 36
Exercício 37
Exercício 26
a) há uma predominância de frases mais curtas, períodos com
c) Apenas III. poucas subordinações, parágrafos menores com o intuito de
reproduzir uma linguagem mais próxima da informal, do
cotidiano.
Exercício 27
b) subdivisões em etapas.
Exercício 39
Exercício 40
Exercício 30
c) No período “A realidade é diferente para pessoas negras,
c) Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim cujos familiares geralmente trabalharam a vida toda no setor
tem um pé de saboneteira. informal.” (referência 15), a palavra “cujos” retoma a expressão
“pessoas negras”.
Exercício 31
Exercício 41
b) A proposta de criminalização do samba, no início do século
passado, era tão racista quanto o Sistema de Justiça Criminal d) uma metáfora, pois o autor inverte a imagem utilizada para
Brasil, cujo critério determinante é a posição de classe do representar loucura a fim de expressar a habilidade da
professora. indicando opiniões do locutor em relação ao que ele disse
anteriormente.
Exercício 42
Exercício 54
a) este é redigido na variedade culta, respeitando a gramática
normativa, uma vez que se trata de um gênero textual do qual b) insuficientemente encorpado.
se espera uso mais formal da linguagem.
Exercício 55
Exercício 43
e) rebuscado.
e) “bata na porta” (ref. 5).
Exercício 56
Exercício 44
d) de frases interrogativas, como em “Parece exagero?” (ref. 5).
d) II e V.
Exercício 45 Exercício 57
c) criar um efeito de proximidade com os leitores. b) No texto predomina a informalidade, fazendo-se uso,
inclusive, de expedientes morfossintáticos e fonético-
fonológicos mais próximos da linguagem coloquial.
Exercício 46
Exercício 48
Exercício 59
d) “Uai? Cê já chegô, sô? Peraí, que eu já tô saíno!”
c) Em “Pois é, não come nada: é por isso que está aí com o
esqueleto à mostra. Se te pegar outra vez mexendo no
Exercício 49 açucareiro, te corto a mão.” (referências 4 e 5), nas expressões
e) A heterogeneidade linguística do Brasil deve ser em destaque, prevalece o sentido conotativo.
compreendida para que se possa construir uma cultura escolar
aberta à crítica da discriminação pela língua.
Exercício 60
Exercício 50 a) I e II.
c) Apenas I e II.
Exercício 61
Exercício 51 d) reflete sobre o papel que as palavras desempenham como
b) No verso “A rede veia comeu foi fogo” (Texto 1, linha 7), a veículo para a expressão do eu lírico.
grafia da palavra sublinhada procura reproduzir pronúncia
comum em algumas regiões do Brasil (veia por velha), que
Exercício 62
exemplifica uma variação fonética.
a) os "verdadeiros bilíngues" (ref. 1), que apresentam fluência
e ausência de sotaque, têm representados na mesma região
Exercício 52 cerebral dois idiomas.
b) termo informal e jocoso que significa um conjunto de
pessoas.
Exercício 63
Exercício 64
Exercício 66
e) II e III.
b) I, II e V
Exercício 65