Você está na página 1de 508

2020 - 2022

INTRODUÇÃO À LÍNGUA PORTUGUESA


INTRODUÇÃO À
LÍNGUA PORTUGUESA
Nesta introdução você dará os primeiros passos para o estudo dos diferentes aspectos
da gramática da Língua Portuguesa.

Este módulo é composto pelas seguintes apostilas:

1. Interpretação e Compreensão
2. Tipos de Interpretação
3. Qual o papel da gramática?
INTERPRETAÇÃO E
COMPREENSÃO
Interpretar um texto pode ser complexo e que requer bastante atenção, pois quando
fazemos esse exercício, usamos as informações contidas nele para inferir e entender
as informações que estão sendo expressas. Deste modo, a interpretação de texto pode
adquirir um caráter mais subjetivo, já que o leitor precisará tirar suas próprias conclusões
a partir do que está escrito e também permite certa multiplicidade de sentidos.

Há também textos que não permitem interpretações subjetivas, ou seja, não permitem
que o leitor faça inferências por possuir uma estrutura bastante clara e com informações
precisas, não deixando margem para interpretações.

Nestes casos, podemos pensar no sentido não da interpretação do texto, mas sim da
compreensão do texto, visto que lidaremos com a decodificação das palavras, da coesão
e da coerência do texto e até mesmo da pontuação que ajudará o leitor a compreender
melhor as informações expressas.

Deste modo, a compreensão de texto é bastante objetiva, com as informações já


expressas no texto e sem margem para uma multiplicidade de sentido. Em um exercício
escolar, por exemplo, não serão aceitas respostas que divirjam muito umas das outras.

Para que possamos interpretar ou compreender um texto precisamos primeiro nos


atentar para algumas informações:

f O que é um texto: Independente do tamanho, o texto é um conjunto de palavras


ou frases que estão relacionadas entre si e são dotadas de sentido. Não adianta
várias palavras ou frases juntas mas desconexas pois não conseguiremos interpretá-
las ou compreendê-las.

f O que é contexto: é a ligação entre essas diversas frases ou palavras, que


permitem que o leitor construa ou compreenda o sentido daquele texto. Uma palavra
ou frase solta pode até ter um sentido, mas colocada junto com outras palavras ou
expressões pode ter o seu significado alterado.

f O que é intertexto: são as referências contidas dentro de um texto. Elas podem


ser citações de outros autores ou mesmo citações de livros, referências a filmes,
referências a músicas, tudo com o objetivo de enriquecer o texto.

Para interpretar um texto, o aluno primeiro deve procurar identificar as informações


contidas, relaciona-las com os fatos ou informações sobre questões da vida real,
comparar essas informações e depreender todos esses elementos para construir os
sentidos do texto.

www.biologiatotal.com.br 3
Existem alguns requisitos que nos ajudam a fazer uma boa interpretação de texto e
Interpretação e Compreensão

ainda compreendê-lo de maneira satisfatória:

f O nosso conhecimento prévio sobre o assunto: na maioria das provas quase


nunca sabemos como será a prova ou qual será o tema central, mas ainda assim é
possível se preparar e é muito simples – devemos ler! A leitura e o conhecimento
sobre vários assuntos são importantes pois nos mantem atualizados, nos mantem
informados e constrói o que podemos chamar de repertório sobre variados assuntos.

f Conhecimentos sobre história e literatura: pensar sempre que a


interdisciplinaridade é muito importante no momento de ler e compreender o texto.
Deste modo, é interessante conhecer períodos históricos, movimentos históricos;
assim como compreender os gêneros textuais, escolas literárias, as estruturas
também facilitarão esse processo.

f Conhecimentos gramaticais e semânticos: saber minimamente quais são as


classes gramaticais, seus usos, como uma palavra pode funcionar dentro de um
texto e os seus significados.

f Observar e raciocinar: é importante observar o texto, ler com atenção, procurar


entender o contexto, procurar as referências e todos os elementos que facilitarão o
entendimento daquele texto.

Sabendo de tudo isso, podemos pensar sobre o processo de interpretação, que


possibilita ao leitor inferir, criar hipóteses, deduzir e tirar do texto informações que não
estão escritas explicitamente nele. Logo, a interpretação é esse esforço para captar
o que podemos chamar de entrelinhas e justamente por isso esse processo é mais
subjetivo, já que a interpretação depende dos conceitos e conhecimentos que cada
leitor vai mobilizar durante a leitura. Para interpretar usamos o nosso conhecimento
de mundo, os conhecimentos histórico/literários, os conhecimentos gramaticais e
semânticos, entre outros.

Entretanto, a compreensão consiste em buscar no texto as respostas que precisamos, ou


seja, a resposta já está dada e não há margem para interpretações. Logo, esse processo
é objetivo, pois codificamos as informações que já estão expressas para encontrarmos
a resposta. Nesse processo é importante nos atentarmos a todas as informações que
estão contidas no texto e somente nele. Pensando nisso, a compreensão do texto leva
todos os leitores a uma única conclusão, que é aquela que já está dada e deste modo,
não há uma possibilidade de respostas variadas.

CUIDADO!
Quando falamos que a interpretação de texto permite uma multiplicidade de
sentidos, não estamos dizendo que todas as respostas são permitidas, visto que é
necessário que a interpretação seja feita observando o contexto e as possibilidades
interpretativas. Em português claro: NÃO VIAJE NA MAIONESE!

4
RECAPITULANDO

Interpretação e Compreensão
Interpretação e compressão textuais são coisas distintas: a primeira parte da decodificação
das informações contidas no texto para que se possa, através delas, deduzir e fazer
inferências para compreender o que está nas entrelinhas. Já a compreensão do texto
consiste em codificar as informações que estão no texto, ou seja, ler e compreender
apenas o que está dito ali, sem margem para interpretações. Interpretar é um processo
subjetivo e compreender é um processo objetivo.

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 5
Português Lista de Exercícios

Exercício 1 c) alegria e precaução.


(Fuvest 2021) Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da d) curiosidade e satisfação.
manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do e) coragem e arrependimento.
chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que
ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas em verdade vos Exercício 3
(G1 - cotil 2020)
digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o
presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora! Capitalista.
Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe
deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim,
para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as
chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de
propriedade.
– Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele.
Se mana Piedade tem casado com Quincas Barba, apenas me
dano uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e
aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma
desgraça...

Machado de Assis, Quincas Borba.


Em relação à charge acima, pode-se inferir que:
I. O autor faz uma crítica explícita à forma como é tratada a
questão de demarcação de terras indígenas no país.
O primeiro capítulo de Quincas Borba já apresenta ao leitor um
II. A charge retrata fielmente a visão de que os indígenas são
elemento que será fundamental na construção do romance:
acomodados pelo fato de estarem acostumados a receber ajuda
da classe mais abastada da sociedade.
a) a contemplação das paisagens naturais, como se lê em “ele III. A charge ilustra o descaso da população para com a situação
admirava aquele pedaço de água quieta”. dos indígenas no país.
b) a presença de um narrador-personagem, como se lê em “em IV. A construção do sentido da charge se baseia em aspectos
verdade vos digo que pensava em outra coisa”. verbais e não-verbais.
c) a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu percurso, como Estão corretas apenas as proposições:
se lê em “Cotejava o passado com o presente”.
d) o sentido místico e fatalista que rege os destinos, como se lê
a) I, III e IV
em “Deus escreve direito por linhas tortas”.
b) I, II e III
e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em “de
c) II, III e IV
modo que o que parecia uma desgraça...”.
d) I e III
Exercício 2
Exercício 4
(G1 - cmrj 2020)
(Ufjf-pism 1 2020) Numa entrevista publicada na Folha Ilustrada,
em 14 de marco de 2005, o escritor mineiro Luiz Ruffato disse o
que está transcrito abaixo:

“Estou indo de certa forma na contracorrente da literatura


contemporânea brasileira. Ela tende ou para o neonaturalismo ou
para uma literatura que chamo de ‘egótica’, muito centrada no eu.
Tento caminhar em outra seara, a da literatura realista, que no
meu entender não é otimista nem pessimista. Ela estabelece uma
Essa história em quadrinhos se comunica com o leitor por meio de
reflexão sobre o real a partir do real.”
palavras e imagens. Observando a fala de Calvin no primeiro e no
último quadrinho, é correto perceber que ele expressa, De acordo com o que disse Luiz Ruffato em sua entrevista, o
respectivamente, conceito de “realismo contemporâneo” que ele defende pode ser
a) orgulho e aflição. explicado em qual das alternativas abaixo?
b) medo e confiança.
Exercício 6
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
a) Um realismo excessivamente elaborado, que busca o máximo
Examine a tira de André Dahmer para responder à(s)
de verossimilhança, mesmo que, para tanto, a verdade seja
questão(ões) a seguir.
sacrificada no texto.
b) Um realismo totalmente descompromissado das questões
fundamentais do seu próprio tempo, com vistas a fortalecer uma
ideia de ficção baseada somente na experimentação com a
linguagem.
c) Um realismo que parta do real cotidiano para compreender a
realidade, cuidando de tomar certo distanciamento da matéria
para não tomá-la de forma demasiado personalista.
d) Um realismo de combate, fruto das reflexões profundas do
escritor acerca da realidade, com vistas a assumir uma postura de
orientação para as tomadas de posição pelo leitor.
e) Um realismo indiferente, cujo único compromisso e com a
literatura que se alimenta de testar os seus próprios limites.

Exercício 5
(Unicamp 2020) Texto I

Os idiomas e suas regras são coisas vivas, que vão se


modificando de maneira dinâmica, de acordo com o momento em
que a sociedade vive. Um exemplo disso é a adoção do termo
“maratonar”, quando os telespectadores podem assistir a vários
ou a todos os episódios de uma série de uma só vez. Contudo, ao (Unesp 2020) Na tira, a morte é caracterizada como
que parece, a plataforma Netflix não quer mais estar associada
“maratona” de séries. A maior razão seria a tendência atual que a) frívola.
as gigantes da tecnologia têm seguido para evitar o consumo b) compassiva.
excessivo e melhorar a saúde dos usuários. c) solitária.
d) incorruptível.
(Adaptado de Claudio Yuge, “Você notou? Netflix parece estar e) materialista.
evitando o termo ‘maratonar’.” Disponível em
https://www.tecmundo.com.br/ internet/133690-voce-notou-net Exercício 7
flix-pareceevitando-termo-maratonar.htm. Acessado em TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
01/06/2019.) Leia a charge do cartunista Duke para responder à(s)
questão(ões) a seguir.

Texto II

Embora os dois textos tratem do termo “maratonar” a partir de


perspectivas distintas, é possível afirmar que o Texto II retoma
aspectos apresentados no Texto I porque (Famema 2020) Depreende-se com a leitura da charge que as
redes sociais

a) esclarece o significado do neologismo “maratonar” como a) melhoram a saúde do homem, quando usadas intensamente.
esforço físico exaustivo, derivado de “maratona”. b) podem ocasionar prejuízos à saúde do ser humano.
b) deprecia a definição de “maratona” como ação contínua de c) promovem situações salutares de convivência humana.
superação de dificuldades e melhoria da saúde. d) permitem o aguçamento da percepção das pessoas.
c) reflete sobre o impacto que a falta de exercícios físicos e a e) influenciam pouco a saúde, assim como as atividades físicas.
permanência em casa provocam na saúde.
Exercício 8
d) menospreza o uso do termo “maratonar” relacionado a um
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
estilo de vida sedentário, antagônico a maratona.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
d) Pinóquio ter uma agenda em seu tablet demonstra um
O Ceará, apesar de restrições de renda, destaca-se em exemplo de fake news.
alfabetização. Um dos motivos do êxito é a parceria com os e) o personagem Pinóquio utilizará fake news para conseguir
municípios, os principais encarregados dos primeiros anos de fazer campanha política.
escolarização.
Exercício 10
Além de medidas que incluem formação de professores e
material didático estruturado, o governo cearense acionou um (G1 - ifce 2019) Observe a tirinha a seguir.
incentivo financeiro: as cidades com resultados melhores recebem
fatia maior do ICMS, com liberdade para destinação dos recursos.
O modelo já foi adotado em Pernambuco e está sendo
implantado ou avaliado por Alagoas, Amapá, Espírito Santo e São
Paulo.
Replicam-se igualmente as boas iniciativas do ensino médio em
Pernambuco, baseado em tempo integral, que permite ao O livro é escolhido como presente por representar um(a)
estudante escolher disciplinas optativas, projeto acolhido em São
Paulo.
a) objeto de desejos.
Auspiciosa, essa rede multilateral e multipartidária pela educação
b) fonte de conhecimentos.
é exemplo de como a sociedade pode se mobilizar em torno de
c) objeto de entretenimento.
propostas palpáveis.
d) meio de melhorar literalmente a visão das pessoas.
e) forma de aproximar as pessoas.
(“Unidos pelo Ensino”. Folha de S.Paulo, 27.08.2019. Adaptado.)
Exercício 11
(Fuvest 2019) Examine o anúncio.

(Famema 2020) O objetivo do texto é

a) analisar o impacto no aumento do ICMS para as políticas


públicas educacionais.
b) examinar práticas que visem à melhoria das condições de
ensino do país.
c) criticar a falta de políticas públicas em educação para atender
os estados brasileiros.
d) contestar os resultados de práticas educacionais chamadas de
inovadoras no país. No contexto do anúncio, a frase “A diferença tem que ser só uma
letra” pressupõe a
Exercício 9
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
a) necessidade de leis de proteção para todos que trabalham.
b) existência de desigualdade entre homens e mulheres no
mercado de trabalho.
c) permanência de preconceito racial na contratação de mulheres
para determinadas profissões.
d) importância de campanhas dirigidas para a mulher
trabalhadora.
e) discriminação de gênero que se manifesta na própria
linguagem.

Exercício 12
(Enem 2019)

(S1 - ifce 2020) Sobre a charge acima, é correto afirmar-se

a) fake news não existem, assim como personagens de contos de


fadas.
b) por ser experiente em mentiras, Pinóquio seria um bom
consultor para a criação de fake news.
c) o nariz de Pinóquio está crescendo, pois ele está veiculando
fake news.
Alcancei mais do que esperava, mercê de Deus. Vieram-me as
rugas, já se vê, mas o crédito, que a princípio se esquivava,
agarrou-se comigo, as taxas desceram. E os negócios
desdobraram-se automaticamente. Automaticamente. Difícil?
Nada! Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se
não entram, cruzem os braços. Mas se virem que estão de sorte,
metam o pau: as tolices que praticarem viram sabedoria. Tenho
visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço
indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega,
desenroscam-se, abrem a boca – e engolem tudo.
Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e
obriguei a fortuna a ser-me favorável nas seguintes. Depois da
morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a
para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano
Padilha. Houve reclamações.
Nesse cartaz, o uso da imagem do calçado aliada ao texto verbal
– Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu.
tem o objetivo de
Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça.
Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho
aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos
a) criticar as difíceis condições de vida dos refugiados. Gama, que pandegavam no Recife, estudando Direito. Respeitei o
b) revelar a longa trajetória percorrida pelos refugiados. engenho do Dr. Magalhães, juiz.
c) incentivar a campanha de doações para os refugiados. Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais
d) denunciar a situação de carência vivida pelos refugiados. sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira.
e) simbolizar a necessidade de adesão à causa dos refugiados. Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei
maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por
Exercício 13
querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma
Leia o trecho do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos, para
estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela dois
responder à(s) questão(ões) a seguir.
artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa
Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e
O caboclo mal-encarado que encontrei um dia em casa do
elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me
Mendonça também se acabou em desgraça. Uma limpeza. Essa
cem mil-réis.
gente quase nunca morre direito. Uns são levados pela cobra,
outros pela cachaça, outros matam-se.
(S. Bernardo, 1996.)
Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe
(Unesp 2019) No trecho, o narrador revela-se uma pessoa
no peito, e foi a conta. Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se:
um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo,
o último teve angina e a mulher enforcou-se. a) empreendedora e solidária.
Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, proibi a b) invejosa e hesitante.
aguardente. c) obstinada e compassiva.
Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo que não preciso d) egoísta e violenta.
descrevê-la. As partes principais apareceram ou aparecerão; o e) preguiçosa e traiçoeira.
resto é dispensável e apenas pode interessar aos arquitetos,
Exercício 14
homens que provavelmente não lerão isto. Ficou tudo confortável
e bonito. Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei móveis
e diversos objetos que entrei a utilizar com receio, outros que
ainda hoje não utilizo, porque não sei para que servem.
Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo dá
um bando de voltas.
Ninguém imaginará que, topando os obstáculos mencionados, eu
haja procedido invariavelmente com segurança e percorrido, sem
me deter, caminhos certos. Não senhor, não procedi nem percorri.
Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas
curvas. Acham que andei mal? A verdade é que nunca soube
quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas
boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram lucro.
E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S.
Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-
las.
(G1 - ifsul 2019) Qual é a crítica central do texto: senão contentamento de escrever,

enquanto o tempo, e suas formas breves


a) A imagem das crianças com os pés no sofá denota desrespeito
ou longas, que sutil interpretavas,
aos pais.
se evapora no fundo do teu ser?
b) O bebê sofre abandono por parte dos pais.
c) Os momentos em família são de mera presença física.
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
d) O pai fala sozinho, enquanto os demais não lhe dão atenção.

Exercício 15
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o
(...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. posicionamento do escritor perante a sua condição no mundo.
Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu Considerando-o como representativo desse seu aspecto, o poema
bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. “Remissão”
Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu
quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite a) traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da
pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos
sensação de incomunicabilidade com uma realidade indiferente à
somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)
sua poesia.
b) revela uma perspectiva inconformada, mesclando-a, livre da
Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.
indulgência dos anos anteriores, a um novo formalismo estético.

c) propõe, como reação do poeta à vulgaridade do mundo, uma


(...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar
poética capaz de interferir na realidade pelo viés nostálgico.
as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas
d) reflete a visão idealizada do trabalho do poeta e a consciência
ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos
da perenidade da poesia, resistente à passagem do tempo.
dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória
e) realiza a transição do lirismo social para o lirismo metafísico,
guardava o cachimbo.
caracterizado pela adesão ao conforto espiritual e ao escapismo
(...)
imaginativo.
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás.
E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças Exercício 17
se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, Agressividade is the new black
enormes.
RUTH MANUS
Graciliano Ramos, Vidas secas.
(Fuvest 2018) As declarações de Graciliano Ramos na Carta e o Para que dialogar se nós podemos jogar pedras?
excerto do romance permitem afirmar que a personagem Baleia,
em Vidas secas, representa The new black. Expressão inglesa que designa uma nova
tendência, algo que está tão na moda que poderia 1até mesmo
a) o conformismo dos sertanejos. funcionar como um pretinho básico. Adoraria que este fosse um
b) os anseios comunitários de justiça social. texto sobre jaqueta jeans, mas não é.
c) os desejos incompatíveis com os de Fabiano. “Se prepare, Ruth, a agressividade nas redes sociais é algo
d) a crença em uma vida sobrenatural. que você não pode imaginar.”
e) o desdém por um mundo melhor. Foi o que me disseram pouco antes da estreia do blog. Eu,
fingindo não estar com medo, balancei a cabeça positivamente
Exercício 16 como quem diz “tô sabendo, tô sabendo”. Mas como diria
(Fuvest 2021) Remissão Compadre Washington, “sabe de nada, inocente”.
No meu segundo texto, quase desisti de tudo. Eu
Tua memória, pasto de poesia, realmente não tinha dimensão do nível sem cabimento que as
tua poesia, pasto dos vulgares, pessoas poderiam atingir para atacar algo que na maioria das
vão se engastando numa coisa fria vezes nem mesmo as provocou.
a que tu chamas: vida, e seus pesares. Há muito tempo venho tentando digerir, mas não consigo.
Achava que a agressividade 2vinha só de alguns leitores meio
Mas, pesares de quê? perguntaria, pancadas. Engano meu. Ela vem de todo lado: de quem lê, de
se esse travo de angústia nos cantares,
quem não lê, de quem lê só o título e 3até de quem escreve.
se o que dorme no base da elegia
E eu pensava que isso acontecia porque o computador
vai correndo e secando pelos ares,
torna as pessoas intocáveis, assim como os carros e que por isso
elas canalizavam toda sua agressividade nas redes sociais ou no
e nada resta, mesmo, do que escreves
trânsito.
e te forçou ao exílio das palavras,
Engano meu. Tá generalizado, como uma peste que se respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das
espalha pelo país e ninguém faz nada para conter. Mesa de bar, culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de
fila da farmácia, ponto do ônibus. Discursos de ódio e ignorância nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos”.
estão por toda parte. (...)
Acho que existe um erro de conceito. As pessoas passaram Um interessante entendimento das razões da intolerância é o da
a utilizar a agressividade como um artifício para aumentar a antropóloga francesa Françoise Héritier (1933-2017). Segundo
própria autoestima. ela, a intolerância está associada à dificuldade de 3reconhecer a
Como as pessoas se sentem politizadas? Sendo expressão da condição humana no que nos é absolutamente
agressivas. diverso. Ser intolerante seria "restringir a definição de humano
Como as pessoas se sentem informadas? Sendo aos membros do grupo; 4os outros, sendo não humanos, podem
agressivas.
ser tratados como tais". 5Está aí uma das chaves para a
Como as pessoas se sentem engraçadas? Sendo
compreensão das causas do aumento da intolerância nos últimos
agressivas.
tempos.
Como as pessoas se sentem menos ignorantes? Sendo
(...)
agressivas.
Entendam: 4pessoas inteligentes não jogam pedras. E (Disponível em:
pessoas equilibradas não berram, nem mesmo via caps lock. http://conhecimentocerebral1.blogspot.com/2018/06/atualidades-
Sempre me vem à mente aquela passagem de Sagarana, vestibular-e-enem-dossie.html - Acesso em 28/08/2020)
em que Augusto Matraga 5diz que vai para o céu “nem que seja a (G1 - epcar (Cpcar) 2021) De acordo com o texto, na
porrete”. As pessoas tentam reduzir a violência com compreensão da antropóloga francesa Françoise Héritier, a
agressividade. Tentam melhorar o país com agressividade. intolerância caracteriza-se pela
Tentam educar seus filhos com agressividade. Tentam fazer
justiça amarrando pessoas em postes.
a) incapacidade de conviver com indivíduos semelhantes.
“Pra pedir silêncio eu berro, pra fazer barulho eu mesma
b) dificuldade de aceitação do que é considerado, entre membros
faço”. 6Será que um dia essa gente vai entender que o antônimo
do grupo, inumano.
de agressividade não é passividade? Mas é assim que tá sendo.
c) inaptidão de reconhecimento do comportamento similar entre
Porque argumentar dá muito trabalho. Pesquisar então,
os humanos.
nem se fala. Articular um discurso está fora de questão. Tentar
d) aceitação irrestrita de comportamentos heterogêneos entre os
persuadir é bobagem. E tolerar... Tolerar é um verbo morto.
humanos.
Agressividade is the new black.
Exercício 19
(Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/ruth- (Ufrgs 2020) Um tema em Quarto de despejo é encontrado
manus/agressividade-is-the-new-black/ - Acesso em também no poema “O bicho”, de Manuel Bandeira, transcrito a
28/08/2020) seguir.

(G1 - epcar (Cpcar) 2021) O título do texto faz referência a uma O bicho
expressão da língua inglesa que, no contexto utilizado, aponta
para Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
a) a tentativa da autora de afirmar que, no Brasil, a agressividade Catando comida entre os detritos.
tornou-se um problema generalizado e sem solução.
Quando achava alguma coisa,
b) o comportamento do brasileiro de apresentar uma postura
Não examinava nem cheirava:
racista nas redes sociais.
c) a capacidade irrestrita das pessoas de não aceitação de Engolia com voracidade.
convivência pacífica com o inusitado e inesperado.
d) a postura, insistente, difundida entre os brasileiros que não O bicho não era um cão,
reconhecem a tolerância como conduta a ser praticada. Não era um gato,
Não era um rato.
Exercício 18
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O bicho, meu Deus, era um homem.
O QUE É INTOLERÂNCIA

1A palavra “intolerância” vem do latim intolerantia, que significa Assinale a alternativa que identifica esse tema recorrente nas
impaciência, incapacidade de suportar, falta de condescendência duas obras.

e de compreensão. 2Também compreende o sentido de inflexível,


rígido e que não admite opinião ou posição divergente. No sentido a) A revolta e a indignação daqueles que sofrem a miséria e a
oposto, “tolerância” foi definida pela Organização das Nações marginalização social. .
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como “o b) O problema da fome, que avilta a dignidade humana.
c) A aceitação da pobreza, que se tornou uma condição inerente (Unicamp 2020) O poema abaixo vem impresso na orelha do
às sociedades modernas. livro Psia, de Arnaldo Antunes.
d) A esperança como forma de enfrentar o sofrimento da fome e
de garantir a sobrevivência. Psia é feminino
e) O ato de escrever funciona como modo de driblar a fome. de psiu;
que serve para chamar a atenção
Exercício 20
de alguém, ou para pedir
(Enem 2020) Retrato de homem silêncio.
Eu berro as palavras
A paisagem estrita no microfone
ao apuro do muro
da mesma maneira com que
feito vértebra a vértebra
as desenho, com cuidado,
e escuro. na página.
Para transformá-las em coisas,
A geração dos pelos em vez de substituírem
sobre a casca e os rostos as coisas.
em seus diques de sombra
Calos na língua; de calar.
repostos.
Alguma coisa entre a piscina e a pia.
Um hiato a menos.
Os poços com seu lodo
de ira e de tensão: (Arnaldo Antunes, Psia. São Paulo: Iluminuras, 2012.)
entre cimento e fronte
– um vão.

Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de


As setas se atiram criação poética. É correto dizer que o autor se propõe a
às margens de ninguém,
ilesas a si mesmas
retêm. a) revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita das
palavras.
Compassos de evasão b) discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia” um
entre falange e rua substantivo.
sondando a solitude c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu
nua. estatuto.
d) explorar o poder de representação da interjeição exclamativa
E na armadura de coisa “psiu!”.
salobra, um só segredo:
Exercício 22
a polpa toda é fruição
(Famerp 2020) Considere a tirinha Garfield, de Jim Davis.
de medo.

ARAÚJO, L.C. Cantochão. Belo Horizonte: Imprensa Publicações –


Governo do Estado de Minas Gerais, 1967.

No poema, a descrição lírica do objeto representado é orientada


por um olhar que

a) desvela sentimentos de vazio e angústia sob a aparente


austeridade.
b) expressa desilusão ante a possibilidade de superação do
sofrimento.
c) contrapõe a fragilidade emocional ao uso desmedido da força
física.
d) associa a incomunicabilidade emocional às determinações
culturais.
e) privilegia imagens relacionadas à exposição do dinamismo O pronome “este”, no terceiro quadrinho,
urbano.

Exercício 21 a) refere-se ao presente do personagem, em que não há diversão.


b) retoma o sentido das palavras “o mundo”. 27/10/2018
c) refere-se ao período em que o mundo diverte o personagem.
d) aponta para um momento em que o desejo do personagem se No princípio, era o verbo. Depois, o e-mail, o link e o website.
realizaria. Logo em sequência, o GIF do bebê dançando, um dos primeiros
e) retoma o sentido da frase “o mundo existe para me divertir”. memes da internet. Desde então, essa forma de comunicação dos
novos tempos se alastrou como um tsunami em todas as nossas
Exercício 23 conversas e redes sociais. Mas e você? Já fez algum meme?
(Ufjf-pism 1 2020) O que é um meme?
Memes são conteúdos multimídia que se espalham (viralizam)
Por Nova Escola
rapidamente, recriando fatos ou algum conteúdo original com um
02/06/2015 propósito humorístico ou de sátira. Tudo vira meme na mão do
povão: uma cena importante de "Game of Thrones", um discurso
Você sabia que o criador do termo é um biólogo que não estava político, uma derrota de um time de futebol ou uma foto bizarra
nem aí para a cultura digital? O renomado (e polêmico) biólogo de um anônimo.
britânico Richard Dawkins, um dos principais cientistas que
A graça dele é que justamente qualquer um com uma boa sacada
estuda a evolução das espécies, esteve na Editora Abril na
pode criar um meme ou participar de um que já está rolando na
semana passada para uma palestra e explicou a origem do web. Se você quer fazer um, lembre-se de que um bom meme
conceito, cunhado em seu best-seller O gene egoísta, de 1976. geralmente possui essas características, segundo o site "Thrillist":
O livro O gene egoísta popularizou a ideia de que a seleção
natural acontece a partir dos genes. Eles “buscam” a
Mensagem simples e eficiente
sobrevivência, por meio de corpos capazes de sobreviver e de se
reproduzir (para replicar os genes). O biólogo contou que queria
É preciso que a frase/imagem/áudio/legenda/GIF/vídeo traga uma
terminar o livro com a proposta de que a cultura também se mensagem curta e clara, e com referências e contexto fáceis de
espalha como os genes. O meme é o equivalente cultural do identificar. De preferência, sobre algo que ainda esteja fresco na
gene, a unidade básica de transmissão cultural, que se dá por memória das pessoas. Por isso, o autor do meme também deve
meio da imitação.
ser rápido se quiser "surfar" no assunto do momento.
Sobre o uso do termo para descrever os virais da internet, ele
disse que não se importa com a apropriação: “A internet é um Evolução
fenômeno novo, que não existia quando eu criei o meme. É um
belo ambiente para o meme espalhar!”, disse. O meme não pode permanecer estático; seu sinal de sucesso é
que ele deve ser adotado e constantemente recriado pelo grande
Texto adaptado. Disponível em:
público, ou pelo menos por seu público-alvo.
https://novaescola.org.br/conteudo/4629/o-que-e-um-meme#.
Acesso em: 18 jul. 2019. Maleabilidade

Ele deve ter em si elementos que ajudem em sua própria


Com base no texto, pode-se dizer que meme:
evolução, com detalhes que podem ser alterados, mas mantendo
o núcleo da ideia original. Por exemplo: se o meme for o de uma
a) É um termo recente, criado no contexto da internet, para placa de aviso com uma frase, que seja possível trocar a frase por
nomear conteúdos digitais satíricos, que apresentam a outra diferente sem que polua demais a imagem original.
característica de se propagar rapidamente.
b) É um termo criado fora do contexto da internet para descrever Efeito
informações genéticas que são capazes de se espalhar
rapidamente de um organismo para outro. E o mais importante: tem que atingir um certo nível de
c) É um termo que, embora nascido fora do contexto da internet, popularidade e compreensão. Em poucas palavras, tem que
foi aplicado ao mundo multimídia pelo próprio criador do termo, causar reação e interesse imediato nas pessoas, além de atiçar
através de uma comparação do conceito de gene na biologia. nelas o interesse de repassar o meme ou de fazer outros
d) É um termo proposto fora do contexto da internet, sendo uma parecidos.
analogia ao conceito biológico de gene, em alusão à sua
capacidade de se propagar de um indivíduo para outro. Texto adaptado. Disponível em:
e) É um termo de origem grega, cunhado por um biólogo, para https://noticias.uol.com.br/tecnologia/noticias/redacao/2018/10/27/como-
nomear conteúdos culturais que se propagam, exclusivamente criar-seu-memeparawhatsapp.htm . Acesso em: 18 jul. 2019.
pela internet, através das redes sociais.

Exercício 24 Texto 2
(Ufjf-pism 1 2020) Texto 1
O que é um meme?
Quer virar um gênio da web? Saiba como criar seu meme para Por Nova Escola
WhatsApp 02/06/2015
Por Márcio Padrão
Você sabia que o criador do termo é um biólogo que não estava a) constrói a ideia de que a mudança individual de hábitos
nem aí para a cultura digital? O renomado (e polêmico) biólogo promove a saúde.
britânico Richard Dawkins, um dos principais cientistas que b) considera a homogeneidade da escolha de hábitos saudáveis
estuda a evolução das espécies, esteve na Editora Abril na pelos indivíduos.
semana passada para uma palestra e explicou a origem do c) reforça a necessidade de solucionar os problemas de saúde da
conceito, cunhado em seu best-seller O gene egoísta, de 1976. sociedade com a prática de exercícios.
O livro O gene egoísta popularizou a ideia de que a seleção d) problematiza a organização social e seu impacto na mudança
natural acontece a partir dos genes. Eles “buscam” a de hábitos dos indivíduos.
sobrevivência, por meio de corpos capazes de sobreviver e de se e) reproduz a noção de que a melhoria da aptidão física pela
reproduzir (para replicar os genes). O biólogo contou que queria prática de exercícios promove a saúde.
terminar o livro com a proposta de que a cultura também se
Exercício 26
espalha como os genes. O meme é o equivalente cultural do
gene, a unidade básica de transmissão cultural, que se dá por (Enem 2020) Em 2000 tivemos a primeira experiência do futebol
meio da imitação. feminino em um jogo de videogame, o Mia Hamm Soccer. Doze
Sobre o uso do termo para descrever os virais da internet, ele anos depois, uma petição on-line pedia que a EA Sports incluísse
disse que não se importa com a apropriação: “A internet é um o futebol feminino no Fifa 13. Contudo, só em 2015, com uma
nova petição on-line, que arrecadou milhares de assinaturas,
fenômeno novo, que não existia quando eu criei o meme. É um
tivemos o futebol feminino incluído no Fifa 16. Vendo um nicho
belo ambiente para o meme espalhar!”, disse.
de mercado inexplorado, a EA Sports produziu o jogo com 12
Texto adaptado. Disponível em: seleções femininas e o apresentou como inovação. A empresa
https://novaescola.org.br/conteudo/4629/o-que-e-um-meme#. sabe que mais de 40% dos praticantes de futebol nos EUA são
meninas. Para elas, ver o futebol feminino representado em um
Acesso em: 18 jul. 2019.
jogo de videogame é extremamente importante. Ter o futebol
feminino no Fifa 16 é um grande passo para a sua popularização
A partir da relação entre o Texto 1 e o Texto 2, podemos dizer na luta pela igualdade de gênero, num contexto machista, sexista,
que ambos conferem ao meme a seguinte característica: misógino e homofóbico.

Disponível em: www.ludopedio.com.br. Acesso em: 5 jun. 2018


a) Difusão cultural, sendo capaz de se propagar entre as pessoas. (adaptado).

b) Efeito humorístico, sendo capaz de causar riso nas pessoas.


c) Natureza crítica, sendo capaz de apontar problemas sociais. Os jogos eletrônicos presentes na cultura juvenil podem
d) Aspecto informativo, servindo como divulgador de notícias. desempenhar uma relevante função na abordagem do futebol ao
e) Natureza biológica, fazendo parte da constituição genética das
pessoas.
a) disseminarem uma modalidade, promovendo a igualdade de
Exercício 25 gênero.
(Enem 2020) Uma das mais contundentes críticas ao discurso da b) superarem jogos malsucedidos no mercado, lançados
aptidão física relacionada à saúde está no caráter eminentemente anteriormente.
individual de suas propostas, o que serve para obscurecer outros c) inovarem a modalidade com novas ofertas de jogos ao
determinantes da saúde. Ou seja, costuma-se apresentar o mercado.
indivíduo como o problema e a mudança do estilo de vida como a d) explorarem nichos de mercado antes ignorados, produzindo
solução. Argumenta-se ainda que o movimento da aptidão física mais lucro.
relacionada à saúde considera a existência de uma cultura e) reforçarem estereótipos de gênero masculino ou feminino nos
homogênea na qual todos seriam livres para escolher seus estilos esportes.
de vida, o que não condiz com a realidade. O fato é que vivemos
numa sociedade dividida em classes sociais, na qual nem todas as Exercício 27
(Enem 2020) LUTA: prática corporal imprevisível, caracterizada
pessoas têm condições econômicas para adotar um estilo de vida
por determinado estado de contato proposital, que possibilita a
ativo e saudável. Há desigualdades estruturais com raízes
duas ou mais pessoas se enfrentarem numa constante troca de
políticas, econômicas e sociais que dificultam a adoção desses
estilos de vida. ações ofensivas e/ou defensivas, regida por regras, com o objetivo
mútuo sobre um alvo móvel personificado no oponente.
FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física GOMES, M. S. P. et al. Ensino das lutas: dos princípios
condicionais aos grupos situacionais. Movimento, n. 2, abr.-jun.
escolar; ampliando o enfoque. RBCE, n. 2. jan. 2001 (adaptado).
2010 (adaptado).

Com base no texto, a relação entre saúde e estilos de vida


De acordo com o texto, podemos identificar uma abordagem das
lutas nas aulas de educação física quando o professor realiza uma
proposta envolvendo
A reflexão trazida pelo texto, que aborda o esporte telespetáculo,
a) contato corporal intenso entre o aluno e seu oponente.
está fundamentada na
b) contenda entre os alunos que se agridem fisicamente.
c) confronto corporal em que os vencedores são previamente
identificados. a) distorção da experiência do ser-atleta para os espectadores.
d) combate corporal intencional com ações regulamentadas entre b) interpretação dos espectadores sobre o conteúdo transmitido.
os oponentes. c) utilização de equipamentos audiovisuais de última geração.
e) conflito resolvido pelos alunos por meio de regras previamente d) valorização de uma visão ampliada do esporte.
estabelecidas. e) equiparação entre a forma e o conteúdo.

Exercício 28 Exercício 30
(Enem 2019) Com o enredo que homenageou o centenário do Rei (Enem 2019) Expostos na web desde a gravidez
do Baião, Luiz Gonzaga, a Unidos da Tijuca foi coroada no
Carnaval 2012. Mais da metade das mães e um terço dos pais ouvidos em uma
À penúltima escola a entrar na Sapucaí, na segunda noite de pesquisa sobre compartilhamento paterno em mídias sociais
desfiles, mergulhou no universo do cantor e compositor brasileiro discutem nas redes sociais sobre a educação dos filhos. Muitos
e trouxe a cultura nordestina com criatividade para a Avenida, são pais e mães de primeira viagem, frutos da geração Y (que
com o enredo O dia em que toda a realeza desembarcou na nasceu junto com a internet) e usam esses canais para saberem
Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão. que não estão sozinhos na empreitada de educar uma criança. Há,
contudo, um risco no modo como as pessoas estão
Disponível em: www.cultura.rj.gov.br. Acesso em: 15 maio 2012 compartilhando essas experiências. É a chamada exposição
(adaptado). parental exagerada, alertam os pesquisadores.
De acordo com os especialistas no assunto, se você compartilha
uma foto ou vídeo do seu filho pequeno fazendo algo ridículo, por
A notícia relata um evento cultural que marca a achar engraçadinho, quando a criança tiver seus 11, 12 anos,
. pode se sentir constrangida. A autoconsciência vem com a idade.
A exibição da privacidade dos filhos começa a assumir uma
a) primazia do samba sobre a música nordestina.
característica de linha do tempo e eles não participaram da
b) inter-relação entre dois gêneros musicais brasileiros.
aprovação ou recusa quanto à veiculação desses conteúdos.
c) valorização das origens oligárquicas da cultura nordestina.
Assim, quando a criança cresce, sua privacidade pode já estar
d) proposta de resgate de antigos gêneros musicais brasileiros.
violada.
e) criatividade em compor um samba-enredo em homenagem a
uma pessoa.
OTONI, A. C. O Globo, 31 mar. 2015 (adaptado).
Exercício 29
(Enem 2019) Mídias: aliadas ou inimigas da educação física
escolar? Sobre o compartilhamento parental excessivo em mídias sociais,
o texto destaca como impacto o(a)
No caso do esporte, a mediação efetuada pela câmera da TV
construiu uma nova modalidade de consumo: o esporte a) interferência das novas tecnologias na comunicação entre pais
telespetáculo, realidade textual relativamente autônoma face à
e filhos.
prática “real” do esporte, construída pela codificação e mediação
b) desatenção dos pais em relação ao comportamento dos filhos
dos eventos esportivos efetuados pelo enquadramento, edição na internet.
das imagens e comentários, interpretando para o espectador o c) distanciamento na relação entre pais e filhos é provocado pelo
que ele está vendo. Esse fenômeno tende a valorizar a forma em uso das redes sociais.
relação ao conteúdo, e para tal faz uso privilegiado da linguagem
d) fortalecimento das redes de relações decorrente da troca de
audiovisual com ênfase na imagem cujas possibilidades são
experiências entre as famílias.
levadas cada vez mais adiante, em decorrência dos avanços
e) desrespeito à intimidade das crianças cujas imagens têm sido
tecnológicos. Por outro lado, a narração esportiva propõe uma divulgadas nas redes sociais.
concepção hegemônica de esporte: esporte é esforço máximo,
busca da vitória, dinheiro... O preço que se paga por sua Exercício 31
espetacularização é a fragmentação do fenômeno esportivo. A (Enem 2019) TEXTO I
experiência global do ser-atleta é modificada: a socialização no
confronto e a ludicidade não são vivências privilegiadas no O Estatuto do Idoso completou 15 anos em 2018 e 56 no
enfoque das mídias, mas as eventuais manifestações de violência, primeiro semestre o Disque 100 recebeu 16 mil denúncias de
em partidas de futebol, por exemplo, são exibidas e reexibidas violação de direitos dos idosos em todo o País.
em todo o mundo. Para especialistas da área, o aumento no número de denúncias
pode ser consequência do encorajamento dos mais velhos na
BETTI, M. Motriz, n. 2, jul.-dez. 2001 (adaptado). busca pelos direitos. Mas também pode refletir uma onda
crescente de violência na sociedade e dentro das próprias b) mostra que as reivindicações feitas nas redes sociais não têm
famílias. impacto fora da internet.
Políticas públicas mais eficazes no atendimento ao idoso são o c) expõe a possibilidade de as redes sociais favorecem
mínimo que um país deve estabelecer. O Brasil está ficando para comportamentos e manifestações violentos dos adolescentes que
trás e é preciso levar em consideração que o País envelhece nela se relacionam.
(tendência mundial) sem estar preparado para arcar com os d) trata as redes sociais como modo de agregar e empoderar
desafios, como criar uma rede de proteção, preparar os serviços grupos de pessoas, que se unem em prol de causas próprias ou
de saúde pública e dar suporte às famílias que precisam cuidar de de mudanças sociais.
seus idosos dependentes, e) evidencia que as redes sociais são usadas inadequadamente
pelos adolescentes, que, imaturos, não utilizam a ferramenta
Disponível em: www.folhadelondrina.com.br. como forma de mudança social.
Acesso em: 9 dez. 2018 (adaptado).
Exercício 33
(Enem 2018) o que será que ela quer
essa mulher de vermelho
TEXTO II
alguma coisa ela quer
pra ter posto esse vestido
não pode ser apenas
uma escolha casual
podia ser um amarelo
verde ou talvez azul
mas ela escolheu vermelho
ela sabe o que ela quer
Na comparação entre os textos, conclui-se que as regras do e ela escolheu vestido
Estatuto do Idoso e ela é uma mulher
então com base nesses fatos
eu já posso afirmar
a) apresentam vantagens em relação às de outros países. que conheço o seu desejo
b) são ignoradas pelas famílias responsáveis por idosos. caro watson, elementar:
c) alteram a qualidade de vida das pessoas com mais de 60 anos. o que ela quer sou euzinho
sou euzinho o que ela quer
d) precisam ser revistas em razão do envelhecimento da só pode ser euzinho
população. o que mais podia ser
e) contrastam com as condições de vida proporcionadas pelo País.
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo:
Cosac Naify, 2013.
Exercício 32
(Enem 2019) Na semana passada, os alunos do colégio do meu
filho se mobilizaram, através do Twitter, para não comprarem na
No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu
cantina da escola naquele dia, pois acharam o preço do pão de
lírico uma identidade que aqui representa a
queijo abusivo São adolescentes. Quase senhores das novas
tecnologias, transitam nas redes sociais, varrem o mundo através
dos teclados dos celulares, iPads e se organizam para fazer um a) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum.
movimento pacífico de não comprar lanches por um dia. Foi parar b) mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher.
na TV e em muitas páginas da internet c) tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina.
d) importância da correlação entre ações e efeitos causados.
GOMES, A. A revolução silenciosa e o Impacto na sociedade das e) valorização da sensibilidade como característica de gênero.
redes sociais. Disponível em: www.hsm.com.br.
Acesso em: 31 jul. 2012 Exercício 34
(Enem 2018)

O texto aborda a temática das tecnologias da informação e


comunicação, especificamente o uso de redes sociais. Muito se
debate acerca dos benefícios e malefícios do uso desses recursos
e, nesse sentido, o texto

A internet proporcionou o surgimento de novos paradigmas


sociais e impulsionou a modificação de outros já estabelecidos
a) aborda a discriminação que as redes sociais sofrem de outros
nas esferas da comunicação e da informação. A principal
meios de comunicação.
consequência criticada na tirinha sobre esse processo é a
(Enem 2020) DECRETO N. 28 314, DE 28 DE SETEMBRO DE
2007
a) criação de memes.
b) ampliação da blogosfera.
Demite o Gerúndio do Distrito Federal
c) supremacia das ideias cibernéticas.
e dá outras providências.
d) comercialização de pontos de vista.
e) banalização do comércio eletrônico.
O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das
Exercício 35 atribuições que lhe confere o artigo 100, incisos VII e XXVI, da Lei
(Fuvest 2021) Orgânica do Distrito Federal, DECRETA:
Art. 1º Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do Governo
do Distrito Federal.
Art. 2º Fica proibido, a partir desta data, o uso do gerúndio para
desculpa de INEFICIÊNCIA.
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 28 de setembro de 2007.
119º da República e 48º de Brasília

Disponível em: www.dodf.gov.br. Acesso em: 11 dez. 2017.

Esse decreto pauta-se na ideia de que o uso do gerúndio, como


“desculpa de ineficiência”, indica
O efeito de humor presente nas falas das personagens decorre:
a) conclusão de uma ação.
a) da quebra de expectativa gerada pela polissemia. b) realização de um evento.
b) da ambiguidade causada pela antonímia. c) repetição de uma prática.
c) do contraste provocado pela fonética. d) continuidade de um processo.
d) do contraste introduzido pela neologia. e) transferência de responsabilidade.
e) do estranhamento devido à morfologia.
Exercício 38
Exercício 36 (Fuvest 2020) Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na
(Ueg 2020) Observe a tirinha a seguir. internet:

“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram


obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que
depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O
outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma
viatura do 5º BPM”, afirmou o major.
Disponível em https://www.gp1.com.br/.

No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui,


necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo
esteja na voz ativa, tal como encontrado em:

a) “O carro furou o pneu”.


O sentido global da tirinha é constituído a partir de uma relação: b) “e bateu no meio fio”.
a) sociolinguística, baseada numa variante linguística c) “O refém conseguiu acionar a população”.
incompatível com a fala de crianças. d) “tentaram linchar eles”.
b) antonímica, que se estabelece contextualmente entre as e) “afirmou o major”.
palavras “muros” e “pontes”.
Exercício 39
c) sintática, expressa pelo uso da construção adversativa no
(Unicamp 2020) “(...) as palavras tomam significados distintos
primeiro quadrinho.
daqueles utilizados no cotidiano. Por exemplo, utiliza-se, com
d) dialógica, devido à negação enfática da personagem no
frequência, nas aulas sobre frações, a frase reduzir ao mesmo
segundo quadrinho.
denominador."
e) morfológica, que se manifesta pela formação do diminutivo de
(Edi Jussara Candido Lorensatti, Linguagem matemática e Língua
“tijolinho”.
Portuguesa: diálogo necessário na resolução de problemas
Exercício 37 matemáticos. Conjectura: Filosofia e Educação. Caxias do Sul, v.
14, n. 2, p. 91, maio/ago. 2009.)
Cada ciência usa uma linguagem própria e com um grau de O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
precisão terminológica necessário para o seu exercício. Tendo em mostra a mais instável das brancuras:
vista os significados distintos que as palavras assumem nas quem do Recife sabe direito a quanto,
situações concretas em que são empregadas, o verbo “reduzir”, e apouco desse quanto, que ela dura.
no uso cotidiano, significa Sabe a mínimo do pouca que a cristal
se estabiliza cristal sobre a açúcar,
a) limitar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática é
por cima da fundo antiga, de mascavo,
sinônimo de restringir.
da mascava barrenta que se incuba;
e sabe que tudo pode romper a mínima
b) moderar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática
em que o cristal é capaz de censura:
implica aumentar as relações entre os números.
pois a tal fundo mascavo logo afiara
c) eliminar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática
quer inverno ou verão mele o açúcar.
implica reverter as relações entre os números.
d) diminuir alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática
Só os banguês* que-ainda purgam ainda
é sinônimo de converter.
o açúcar bruto com barro, de mistura;
Exercício 40 a usina já não a purga: da infância,
(G1 - cftmg 2020) O sufixo -inho exprime um tom de crítica na não de depois de adulto, ela o educa;
passagem: em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a) Eu, meu Deusinho, ficaria tão feliz de ser o escolhido! (p.36).
a usina o leva a sublimar em cristal
b) A saudade da Mayumi, mesmo sem diminuir nem um tiquinho,
o pardo do xarope: não o purga, cura.
deixou de ser tão doída. (p. 134).
Mas como a cana se cria ainda hoje,
c) [...] até onde era possível saber, não tinha nenhum confidente
em mãos de barro de gente agricultura,
no mundinho acadêmico. (p. 51).
o barrento da pré-infância logo aflora
d) Calei a minha boca na hora. Lembro direitinho. Aprendi de uma
quer inverno ou verão mele o açúcar.
vez por todas. Não adiantava calar a tristeza. (p. 139).

Exercício 41 João Cabral de Meio Neto, A Educação pela Pedra.


(Enem 2020) O ouro do século 21 *banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal.
Cério, gadolínio, lutécio, promécio e érbio; sumário, térbio e
disprósio; hólmio, túlio e itérbio. Essa lista de nomes esquisitos e
pouco conhecidos pode parecer a escalação de um time de (Fuvest 2021) Na oração “que ela dura” (v. 4), o pronome
futebol, que ainda teria no banco de reservas lantânio, neodímio, sublinhado
praseodímio, európio, escândio e ítrio. Mas esses 17 metais, a) não tem referente.
chamados de terras-raras, fazem parte da vida de quase todos os b) retoma a palavra “usina” (v. 1).
humanos do planeta. Chamados por muitos de “ouro do século c) pode ser substituído por “ele”, referindo-se a “açúcar” (v. 1).
21”, “elementos do futuro” ou “vitaminas da indústria”, eles estão d) refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2).
nos materiais usados na fabricação de lâmpadas, telas de e) equivale à palavra “censura” (v. 10).
computadores, tablets e celulares, motores de carros elétricos,
baterias e até turbinas eólicas. Apesar de tantas aplicações, o Exercício 43
Brasil, dono da segunda maior reserva do mundo desses metais, (G1 - cftmg 2020) – No futuro, ao mapear o cérebro das pessoas
parou de extraí-los e usá-los em 2002. Agora, volta a pensar em cientificamente, poderemos saber se o acusado de um crime está
retomar sua exploração. mentindo ao se declarar inocente.
SILVEIRA, E. Disponível em: www.revistaplaneta.com.br. Acesso Achei aquilo impressionante. Primeiro, porque era impressionante
em: 6 dez. 2017 (adaptado). em si, e depois, porque eu não conseguia imaginá-la fazendo algo
assim. Parecia um ramo de estudo excessivamente futurista para
As aspas sinalizam expressões metafóricas empregadas a minha princesa oriental. Seu interesse no assunto, contudo, era
intencionalmente pelo autor do texto para evidentemente sincero.

a) imprimir um tom irônico à reportagem.


LACERDA, Rodrigo. O Fazedor de Velhos. São Paulo: Companhia
b) incorporar citações de especialistas à reportagem.
das Letras, 2017. p. 84.
c) atribuir maior valor aos metais, objeto da reportagem.
d) esclarecer termos científicos empregados na reportagem.
O termo em destaque pode ser substituído, sem alterar o sentido
e) marcar a apropriação de termos de outra ciência pela
do texto, por
reportagem.
a) portanto.
Exercício 42 b) todavia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: c) então.
Psicanálise do açúcar d) assim.

Exercício 44
(G1 - ifpe 2020) AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum.

XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda e volta


imediatamente com outro prato coberto. 5Serve, Xantós de boca
cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro! É bom língua de
fumeiro, hein, amigo?

AGNOSTOS – Hum. (Xantós serve-se de vinho) /.../ XANTÓS (A


Esopo) Serve outro prato. (Serve) Que trazes aí?

ESOPO – Língua.

XANTÓS – 6Mais língua? Não te disse que trouxesse o 7que há


de melhor para meu hóspede? Por que só trazes língua? Queres
expor-me ao ridículo?

ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua é o que nos


une todos, quando falamos. Sem a língua nada poderíamos dizer.
A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão.
Graças à língua dizemos o nosso amor. Com a língua 8se ensina,
9se persuade, 10se instrui, 11se reza, 12se explica, 13se canta,

14
se descreve, 15se elogia, 16se mostra, 17se afirma. É com a
língua que dizemos sim. É a língua que ordena os exércitos à
vitória, é a língua que desdobra os versos de Homero. A língua
cria o mundo de Ésquilo, a palavra de Demóstenes. Toda a Grécia,
Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de Pidias, dos
deuses do Olimpo à glória sobre Tróia, da ode do poeta ao
ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi feita com a língua, a
O uso da função apelativa é predominante nas campanhas
língua de belos gregos claros falando para a eternidade.
comunitárias. O texto, produzido pelo Ministério Público de Goiás,
reforça essa função ao priorizar o protagonismo do interlocutor.
XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) – Bravo,
Isso pode ser comprovado a partir do uso
Esopo. Realmente, tu nos trouxeste o que há de melhor. (Toma
a) da logomarca do Ministério Público. outro saco da cintura e atira-o ao escravo) Vai agora ao mercado,
b) de verbos no imperativo. e traze-nos o que houver de pior, pois quero ver a sua sabedoria!
c) da imagem no centro do texto. (Esopo retira-se à frente com o saco, Xantós fala a Agnostos.)
d) de letras com formatação diferente. Então, não é útil e bom possuir um escravo assim?
e) do número telefônico que receberá a denúncia.
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com prato
Exercício 45 coberto)
Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme
de Figueiredo. A cena ocorre na cidade de Samos (Grécia antiga),
XANTÓS – 18Agora que já sabemos o que há de melhor na terra,
na casa de Xantós, um filósofo grego, que recebe o convidado
vejamos o que há de 19pior na opinião deste horrendo escravo!
Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e
Melita, escravos de Xantós. Língua, 20ainda? Mais língua? 21Não disseste que língua era o
que havia de melhor? Queres ser espancado?
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está
coberto com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem para a ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte
mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.) de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de
todas as discussões. É a língua que usam os maus poetas que nos
XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer fatigam na praça, é a língua que usam os filósofos que não sabem
com as mãos, e faz um sinal para que Melita sirva Agnostos. pensar. É a língua que mente, que esconde, que tergiversa, que
1Este também começa a comer vorazmente, dando grunhidos de blasfema, que insulta, que se acovarda, que se mendiga, que
impreca, que 22bajula, que 23destrói, que 24calunia, que vende,
satisfação.) Fizeste bem em trazer língua, Esopo. 2É realmente
que seduz, é com a língua que dizemos morre e canalha e corja. É
uma das melhores coisas do mundo. (Sinal para que sirvam o
com a língua que dizemos não. Com a língua Aquiles mostrou sua
vinho. Esopo serve, Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de qualquer
cólera, com a língua a Grécia vai tumultuar os pobres cérebros
modo é bom possuir riquezas. Não gostas de saborear 3esta
humanos para toda a eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua
língua e 4este vinho? é a pior de todas as coisas!
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. XIII
Cópia digitalizada pelo GETEB – Grupo de Estudos e Pesquisa em
Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins didáticos em “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme- Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
figueiredo-araposa-e-as-uvas-2/ Acesso em 13/03/2019.) Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
(Epcar (Afa) 2020) Em relação ao estudo morfossintático do
texto, assinale a alternativa que traz uma análise correta. E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-láctea, como um pálio aberto,
a) Em “Este também começa a comer vorazmente (...)” (referência
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
1), o pronome “este” é anafórico e substitui a personagem Xantós.
Inda as procuro pelo céu deserto.
b) O vocábulo “se” (referências 8 a 17) é uma marcação de
indeterminação do sujeito.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
c) O emprego do pronome “esta” (referência 3) e “este” (referência
Que conversas com elas? Que sentido
4) demonstra que a língua e o vinho estão próximos do locutor.
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
d) Entre as palavras “agora” (referência 18), “pior” (referência 19),
“ainda” (referência 20) e “não” (referência 21), há advérbios
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
classificados como de tempo, intensidade e negação.
Pois só quem ama pode ter ouvido
Exercício 46 Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam
as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55.
esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um Via-Láctea. Disponível em:
“infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>.
Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos Acesso em: 19/08/2019.
telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT
do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões (Ime 2020) O vocábulo afim ao campo semântico da palavra
armados matando em brigas de trânsito e supermercados. “espanto”, empregada em “E abro as janelas, pálido de espanto…”
Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais (verso 4), é
conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de a) desequilíbrio.
amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No
b) tristeza.
jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente
c) euforia.
espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao
d) admiração.
hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da
e) distração.
UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora,
repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando Exercício 48
alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias. QUAIS SÃO OS DEVERES E DIREITOS DAS CRIANÇAS?

(Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é Essa foi a pergunta feita pela pequena leitora Vitória, de 10 anos
que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível de idade, à Turminha do MPF (Ministério Público Federal).
em https://cinegnose. Blogs pot.com/2019/02/globo-adota-boa-
noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03 /2019.) Resposta do Rod, personagem da Turminha do MPF:
Olá, Vitória! Nós temos muitos direitos e deveres e existem
(Unicamp 2020) Para se referir a matérias jornalísticas televisivas algumas leis que tratam só disso, como, por exemplo, o Estatuto
que informam e, ao mesmo tempo, entretêm os espectadores, o da Criança e do Adolescente (ECA) e a Convenção sobre os
autor cria um neologismo por meio de Direitos da Criança, aprovada pela Organização das Nações
Unidas (ONU). Mas, para resumir um pouco a resposta à sua
a) derivação prefixal.
pergunta, posso dizer alguns dos nossos direitos:
b) composição por justaposição.
c) composição por aglutinação.
1. ter uma educação de boa qualidade;
d) derivação imprópria.
2. ter acesso à cultura e aos meios de comunicação e informação;
Exercício 47 3. poder brincar com outras crianças da nossa idade;
O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro 4. não ser obrigado a trabalhar como adulto;
Poesias, é o texto mais famoso da antologia, obra de estreia do 5. ter uma boa alimentação, que dê ao nosso organismo todos os
poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e nutrientes de que precisamos para crescer com saúde e energia;
a escolha da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao 6. receber assistência médica gratuita nos hospitais públicos
movimento parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em sempre que precisarmos de atendimento;
colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como 7. ser livre para ir e vir, conviver em sociedade e expressar nossas
concebido no continente europeu. ideias e sentimentos;
8. ter a proteção de uma família que nos ame, seja ela natural ou editor e vendê-lo. Dava muito trabalho. Hoje eu faço um post, e
adotiva, ou de um lar oferecido pelo Estado se, por infelicidade, com um enter, atinjo mais gente do que um livro clássico atingiria.
perdermos os nossos pais e parentes mais próximos; O ataque anônimo nas redes, sem o custo do ataque
9. não sofrer agressões físicas ou psicológicas por parte daqueles pessoal, deu ao ódio do covarde uma energia muito grande. Deu-
que são encarregados da nossa proteção e educação ou de lhe a proteção da distância física e do anonimato. O pior do ódio
qualquer outro adulto; social, que é universal, agora pode ser dirigido sem custos. Numa
comunidade, as relações são pessoais. Na rede, 4deletérias.
Enfim, temos direito a uma vida digna, saudável e feliz. É errado, portanto, dizer que a internet transformou as
pessoas em odiosas. Mas é fato que ela gera mais tranquilidade
Quanto aos nossos deveres, eles precisam começar pelo respeito no exercício desse ódio. O enter é tão destruidor quanto qualquer
ao direito das pessoas com quem convivemos, pois só assim outra coisa. Antes da internet, matar dava trabalho. 5Agora,
poderemos esperar que elas também nos respeitem. Outro dever incita-se o ódio com um clique.
nosso é estudar e nos preparar para a vida adulta, quando a Junte a proteção do anonimato e da distância, o senso de
sociedade exigirá de nós uma série de responsabilidades que não
identidade do ódio e acrescente um terceiro elemento importante:
temos hoje, enquanto somos crianças. 1Por exemplo, trabalhar posso a todo instante dialogar com todos. Isso me empodera.
para criar e educar nossos próprios filhos ou para ser capaz de Imagine se no passado alguém teria acesso ao universo de
votar, com discernimento, nos melhores representantes para pessoas em todo o mundo que temos hoje? Hoje, com um simples
governar nossas cidades e nosso país. post, posso enlamear. 6Não preciso ter mais compromisso, algo
Temos também o dever de respeitar as pessoas que são ou diferente da mentira. A mentira é usada por alguém que tem
pensam diferente de nós. Como cidadãos de um país democrático, noção da verdade. Não importa saber se é verdade. O que
precisamos aprender, desde a infância, a lidar com as diferenças e importa é a sua eficácia.
aceitá-las. Como fazemos isso? Não discriminando pessoas que
tenham alguma deficiência física ou mental, as mais pobres, que
KARNAL, Leandro. Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia.
não receberam a mesma educação nem tiveram as mesmas
Rio de Janeiro: Leya, 2017 (adaptado).
oportunidades que nós, ou as que são diferentes porque têm
outra religião, nacionalidade, etnia, idade, sexo, cor da pele,
orientação sexual ou outro partido político. 2exacerbação: exageração; aumento.
É nosso dever respeitar os que são diferentes, porque eles
4
deletérias: prejudiciais.
também são cidadãos e possuem os mesmos direitos e deveres
que nós na sociedade brasileira.

(G1 - cp2 2020) Se a globalização fez com que bobagens


Disponível em: http://www.turminha.mpf.mp.br. Acesso em: 1
ago. 2019 (adaptado).
alcançassem escala global... (ref. 1)

A palavra destacada no excerto acima pode ser substituída, sem


(G1 - cp2 2020) Por exemplo, trabalhar para criar e educar
prejuízo de sentido, pelo seguinte vocábulo:
nossos próprios filhos ou para ser capaz de votar, com
discernimento, nos melhores representantes para governar a) tolices
nossas cidades e nosso país (ref. 1) b) ilusões
c) ofensas
Mantendo o mesmo sentido, o substantivo discernimento pode d) brincadeiras
ser substituído por
Exercício 50
a) honestidade. Leia a charge do cartunista Duke para responder à(s)
b) sabedoria. questão(ões) a seguir.
c) gentileza.
d) bondade.

Exercício 49
A internet facilita a vida de quem odeia

1
Se a globalização fez com que bobagens alcançassem
escala global, a internet maximizou a expressão de ódio, de
intolerância, de 2exacerbação de preconceitos e da violência da
linguagem. Mas a internet não cria o sentimento de ódio, talvez
apenas torne mais evidente aquilo que só se daria no campo do
relacionamento pessoal.
3Há cem anos, se eu fosse um racista, precisaria

expressar meu racismo num livro. Para publicar um livro, eu teria


de escrevê-lo durante meses. Depois teria de revisá-lo, achar um
(Famema 2020) Nas perguntas do médico “Tem praticado Rocinha. Ele desejava deixar a vida de traficante e viajar para
atividades físicas? Mudou hábitos alimentares?”, o sujeito das longe. Tinha chegado à conclusão de que seu caminho era a
orações remete a “você”. Se os sujeitos fossem “atividades físicas” perdição: morreria cedo, de modo cruel, em mãos inimigas. Queria
e “hábitos alimentares”, essas perguntas assumiriam, em começar de novo e pedia uma chance. Tratara com respeito a
conformidade com a norma-padrão, a seguinte redação: comunidade, que era, afinal de contas, sua família. A violência, ele
a usara apenas na medida necessária à proteção de seus
a) Têm sido praticado atividades físicas? Mudaram-se hábitos
negócios. Esse era seu ponto de vista, sem dúvida demasiado
alimentares?
edulcorado. Não obstante a possível autoidealização, o fato é que
b) Vêm-se praticando atividades físicas? Mudou-se hábitos
explicitá-la, naquele contexto, não deixava de ser significativo,
alimentares?
indicando a valorização positiva do lado certo da vida. Era um
c) Têm sido praticadas atividades físicas? Mudaram hábitos
negociante clandestino, dizia, não um criminoso selvagem: alguns
alimentares?
traziam uísque do Paraguai; ele vendia outras drogas.
d) Atividades físicas tem sido praticadas? Mudou-se hábitos
Reivindicava uma diferença importante, no mundo do crime
alimentares?
carioca.
e) Atividades físicas vem sendo praticadas? Mudou hábitos
(Cabeça de porco, 2005.)
alimentares?

Exercício 51 (Famerp 2020) A forma verbal no pretérito mais-que-perfeito,


Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. que indica uma ação, anterior a outra, ambas ocorridas no
passado, está sublinhada em:
O Ceará, apesar de restrições de renda, destaca-se em
a) “morreria cedo, de modo cruel, em mãos inimigas”.
alfabetização. Um dos motivos do êxito é a parceria com os
b) “Ele desejava deixar a vida de traficante”.
municípios, os principais encarregados dos primeiros anos de c) “Esse era seu ponto de vista”.
escolarização. d) “recebi, por vias transversas, uma mensagem de Luciano, da
Além de medidas que incluem formação de professores e Rocinha”.
material didático estruturado, o governo cearense acionou um e) “Tratara com respeito a comunidade”.
incentivo financeiro: as cidades com resultados melhores recebem
fatia maior do ICMS, com liberdade para destinação dos recursos. Exercício 53
O modelo já foi adotado em Pernambuco e está sendo
implantado ou avaliado por Alagoas, Amapá, Espírito Santo e São
Paulo.
Replicam-se igualmente as boas iniciativas do ensino médio em
Pernambuco, baseado em tempo integral, que permite ao
estudante escolher disciplinas optativas, projeto acolhido em São
Paulo.
Auspiciosa, essa rede multilateral e multipartidária pela educação
é exemplo de como a sociedade pode se mobilizar em torno de
propostas palpáveis.

(“Unidos pelo Ensino”. Folha de S.Paulo, 27.08.2019. Adaptado.)

(Famema 2020) A forma verbal sublinhada expressa ideia de


João e o pé de feijão-preto
ação em processo no trecho:
José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta
a) “e está sendo implantado ou avaliado por Alagoas, Amapá,
Espírito Santo e São Paulo” (3º parágrafo). 1
Era uma vez um menino chamado João, que vivia com sua mãe
b) “o governo cearense acionou um incentivo financeiro” (2º num casebre bem longe da cidade.
parágrafo). 2
Eles 3eram pobres, muito pobres, pobres de dar dó.
c) “O Ceará, apesar de restrições de renda, destaca-se em
Só o que tinham era uma vaca, e viviam de vender seu leite. 4Mas,
alfabetização” (1º parágrafo).
um dia, quando João foi ordenhá-la, não saiu nem uma gota.
d) “Replicam-se igualmente as boas iniciativas do ensino médio
Então a mãe de João disse;
em Pernambuco” (4º parágrafo).
5
e) essa rede multilateral e multipartidária pela educação é — Meu filho, nosso dinheiro acabou e nossa vaquinha secou. Vá
exemplo de como a sociedade pode se mobilizar” (5º parágrafo). até o mercado e veja se alguém quer comprá-la.
João pegou o animal pelo cabresto e foi até a cidade. Porém,
Exercício 52 antes que chegasse lá, um homem de cavanhaque lhe perguntou:
Leia o texto de Luiz Eduardo Soares para responder à(s) — Ei, garoto, não quer trocar essa vaca por um grão de feijão?
questão(ões). — Rá, rá, essa é boa. O senhor pensa que eu sou bobo?
— Mas é feijão mágico.
Logo depois que assumi a Secretaria Nacional de Segurança, em — Mágico?
2003, recebi, por vias transversas, uma mensagem de Luciano, da
— Não vou contar o que ele faz, senão estraga a surpresa. Mas é O menino saiu correndo com o animal e 18desceu deslizando pelo
só você plantá-lo numa noite de lua cheia e no dia seguinte vai pé de feijão-preto como se ele fosse um escorregador beeeeeeem
ver o que acontece. comprido.
João achou que era melhor ter um feijão mágico do que dinheiro, e Já o gigante teve que descer com calma pela planta, porque era
assim trocou sua vaca com o homem de cavanhaque. meio desengonçado.
6
O menino voltou para casa todo feliz, achando que tinha feito um Assim que chegou em casa, João gritou:
ótimo negócio. — Mãe, vamos derrubar o pé de feijão-preto! Tem um gigante
Porém, quando sua mãe viu o feijão, ficou muito triste. querendo me pegar!
— 7Você trocou nossa vaquinha por isso? Agora vamos morrer de 19
— O que você fez desta vez?
fome... — Entrei no castelo dele e roubei sua perua.
— Não! Este feijão é mágico! — Você invade uma casa, rouba um bicho e ainda quer matar o
— Não existe mágica no feijão. Você foi enganado, João. sujeito?
8Desapontada, ela atirou o grão pela janela. 20Então a mãe de João segurou-o pelo braço e esperou que o

Mas, por uma grande coincidência, naquela noite houve uma bela gigante descesse. 21Aí disse para o grandalhão:
lua cheia. — Senhor gigante, meu filho agiu muito mal. Por favor, nos
Quando João acordou na manhã seguinte, viu que um enorme pé desculpe. Isso não vai mais acontecer. Pode levar sua perua.
de feijão tinha crescido no seu quintal. Era tão alto que passava Ainda bufando de raiva, o gigante tomou a ave nos braços e pôs a
das nuvens! mão num dos galhos do pé de feijão.
O garoto não pensou duas vezes 9e começou a subir pela planta No entanto, antes de subir, pensou: “22Puxa, eles poderiam ter
para ver o que tinha lá em cima. cortado o pé de feijão, mas essa mulher preferiu fazer a coisa
Depois de passar pela última nuvem, avistou um castelo. 10Ele certa. 23Isto não acontece todos os dias. Acho que darei uma
era muito grande, muitíssimo grande, muitíssimo grandíssimo! E recompensa a ela.”
tinha torres pretas bem pontudas. E, tirando o ovo de ouro do bolso, entregou-o à mãe de João.
João andou até o castelo e passou por baixo da porta como se 24
— Tome, faça o que quiser com isso.
fosse uma barata.
Depois, sem dizer mais nada, voltou para seu castelo nas nuvens.
11Mal entrou, ouviu um barulho diferente: “glu-glu!”.
25A mãe de João vendeu o ovo de ouro e comprou várias vacas
Olhando na direção do “glu-glu” ele viu uma enorme perua (que davam leite) e galinhas (que botavam ovos de verdade).
dentro de uma gaiola de ouro. Então pensou: “Vou levar esta Assim, o menino aprendeu uma lição e eles nunca mais passaram
perua para casa. Assim, eu e minha mãe comeremos omeletes fome.
para sempre!”.
12João ia abrir a gaiola quando o chão começou a tremer. Pou!
26
Moral da história: Às vezes quem é bom não se dá mal.
Pou! Pou!
O menino se escondeu atrás de um malcheiroso cesto de roupas
TORERO, José Roberto & PIMENTA, Marcus Aurelius: ilustrações
sujas e quase desmaiou ao ver um gigante na sala. Jean-Claude R. Alphen. João e os 10 pés de feijão. São Paulo:
Para piorar, ele cantava assim: Companhia das Letrinhas, 2016. p.5-6, 20-25.
Fi-fi-fa-fa, fi-fi-fó-fum,
Mau como eu só existe um.
Fi-fi-fa-fa, fi-fi-fó-fum,
(G1 - cmrj 2020) Na frase “— Meu filho, nosso dinheiro acabou e
Mau como eu só existe um.
nossa vaquinha secou.” (referência 5), usou-se a vírgula pelo
13O gigante vinha todo contente, mas então torceu o nariz e fez
mesmo motivo em que foi usada na passagem
“snif, snif, snif”
— Sinto o cheiro de criança! Urrou ele.
14 a) “Mas, um dia, quando João foi ordenhá-la, não saiu nem uma
Já chegava perto do cesto em que João se escondia quando,
gota.” (referência 4)
ploc, a perua botou um ovo. Só que não era um ovo comum. Era
b) “Desapontada, ela atirou o grão pela janela.” (referência 8)
de ouro!
c) “— Espere aí, seu patife, vais virar um belo bife.” (referência 17)
15
O grandalhão caminhou até a gaiola, pegou o ovo e guardou-o d) “Puxa, eles poderiam ter cortado o pé de feijão, mas essa
no bolso. Depois foi comer seu almoço, que naquele dia foi um mulher preferiu fazer a coisa certa.” (referência 22)
cavalo assado e, de sobremesa, cavalos-marinhos cobertos de e) “— Tome, faça o que quiser com isso.” (referência 24)
chocolate.
Então ele abriu um baita bocejo e dormiu. Exercício 54
Quando o gigante começou a roncar, João abriu a gaiola e A oposição passado/presente é essencial na aquisição da
amarrou seu cinto no pescoço da ave. consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma
Ele estava 16quase saindo do castelo, no entanto (sempre tem um construção. Com efeito, o interesse do passado está em
“no entanto” nas histórias) a perua fez “glu-glu” bem alto. esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz
O gigante acordou. E com muita raiva. intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na
17— Espere aí, seu patife, vais virar um belo bife. releitura desses vestígios.
(Jacques Le Goff) 6testemunho de sua coesão. Um álbum de fotos de família é, em

geral, um álbum sobre a família ampliada — e, muitas vezes, o


que dela resta.
Ainda hoje, 1permanece em mim um desejo obsessivo de salvar o 7
Assim como 8as fotos dão às pessoas a posse imaginária de um
2
que acontece — ou deixa de acontecer — na inscrição passado irreal, 9também as ajudam a tomar posse de um espaço
ininterrupta, sob a forma de memória. Aquele sonho adolescente 10
em que se acham inseguras.
de conservar o 3rastro de todas as vozes que me atravessavam —
4
ou quase atravessavam —, 5o que devia ser tão precioso e único, (SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das
a um só tempo especular e especulativo. 6Acabei de dizer “deixa Letras, 2006. p. 14-5 e 19. Texto adaptado.)
de acontecer” e “quase atravessaram” para marcar o fato de que o
Vocabulário
que acontece — 7em outras palavras, o acontecimento único cujo
rastro gostaríamos de conservar — é também o próprio desejo de
Diapositivo: imagem positiva, estática e translúcida, de modo
que o que não acontece deva acontecer.
geral em película, e que se pode projetar; imagem fotográfica.

(DERRIDA, Jacques. Essa estranha instituição chamada literatura. Enfeixar: amarrar ou prender em feixe; colocar junto; ajuntar;
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2014. p. 46-47. Texto adaptado.) reunir.

Vocabulário
(G1 - cmrj 2020) “Assim como as fotos dão às pessoas a posse
Especular: 1 estudar com atenção, pesquisar, investigar; 2
referente a espelho, que reflete, que tem as propriedades de um
imaginária de um passado irreal, também as ajudam a tomar
espelho.
posse de um espaço em que se acham inseguras”. (referência 7)
Especulativo: 1 relativo à especulação, que se caracteriza por
Nessa passagem, o trecho sublinhado apresenta o valor de
investigar teoricamente, que busca o conhecimento, curioso; 2
contemplativo. a) conclusão.
b) concessão.
(G1 - cmrj 2020) Em dois momentos, o autor utiliza travessões c) explicação.
para introduzir “ou deixa de acontecer” (referência 2) e “ou quase d) alternância.
atravessaram” (referência 4). Essas expressões separadas pelos e) comparação.
travessões assumem, no texto, o papel de
Exercício 56
a) limitar a reflexão do leitor. Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
b) indicar a opinião do senso comum. responder à(s) questão(ões) a seguir.
c) desconstruir a tese defendida pelo autor.
d) ratificar o que foi afirmado anteriormente. Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido,
e) ampliar as possibilidades de leitura do texto.
pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês.
Exercício 55 Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas
A oposição passado/presente é essencial na aquisição da estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não
poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de
construção. Com efeito, o interesse do passado está em
Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais
esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz
próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como
releitura desses vestígios.
outros destruidores de telas que entram num museu armados de
facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não
(Jacques Le Goff)
apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não,
usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente
Colecionar fotos é colecionar o mundo. As fotos são, de fato, insuspeitados: os cupins.
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário
experiência capturada, e 1a câmera é o braço ideal da consciência,
treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para
2em sua disposição aquisitiva. 3Imagens fotografadas não
isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do
parecem manifestações a respeito do mundo, 4mas sim pedaços artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução
dele, miniaturas da realidade que qualquer um pode fazer ou açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais
adquirir. obras de outras.
Fotos, que enfeixam o mundo, parecem solicitar que as Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que
enfeixemos também. São afixadas em álbuns, emolduradas e só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os
expostas em mesas, pregadas em paredes, projetadas como insetos era agradável, e isso era o que importava.
diapositivos. Por meio de fotos, 5cada família constrói uma crônica Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que
visual de si mesma — um conjunto portátil de imagens que dá aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar
as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do Como o comportamento de manada explica adesão impensada
prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram aos ativismos políticos
detectados.
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua O ativismo se expressa, sobretudo, através de movimentos
desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram coletivos. Mas essa própria noção de coletividade pode ser uma
encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe pressão para pessoas participarem de um movimento
serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem simplesmente para sentirem que fazem parte de algo: a chamada
querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a “mob mentality” ou comportamento de manada é um instrumento
mesma coisa. político e uma arma para promover a agenda de grupos
específicos.
(O imaginário cotidiano, 2002.) A teoria psicológica de “comportamento de manada” sugere que
seres humanos têm maior probabilidade de adotar determinados
(Unifesp 2020) No trecho “Enquanto existirem no mundo aqueles comportamentos porque seus amigos, colegas de trabalho e
horríveis girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles vizinhos já o adotam. Basicamente, ninguém quer ser o primeiro
ciprestes deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu ou o último a fazer algo, mas sim estar seguro e inserido em um
instinto criador” (1º parágrafo), a sensação explicitada pelo pintor, determinado grupo social.
em relação à obra de Van Gogh, é de “Se a questão é o que fazer com uma caixa de pipoca vazia em um
cinema, com que rapidez dirigir em um determinado trecho de
a) temor.
rodovia ou como comer o frango em um jantar, as ações das
b) devoção.
pessoas ao nosso redor serão importantes para definir nossa
c) indiferença.
resposta”, diz o psicólogo Robert Cialdini, autor de “Influência: A
d) inibição.
Psicologia da Persuasão”.
e) submissão.
A mesma lógica se aplica a ideologias políticas: um estudo da
Exercício 57 Universidade da Califórnia em Berkeley constatou que as pessoas
Leia o texto a seguir e responda. tendem a alinhar suas opiniões políticas às do grupo em que
estão inseridas.
O experimento reuniu 63 pessoas de duas cidades do Colorado: o
primeiro de Boulder, um município com maioria de esquerda,
enquanto o outro reunia pessoas de Colorado Springs. Ambos os
grupos discutiram aquecimento global, ações afirmativas e união
civil para casais do mesmo sexo.
Nas duas discussões, o principal efeito foi tornar os membros do
grupo mais extremos em suas opiniões, comparado ao que eram
antes de começarem a conversar. Ou seja: progressistas se
tornaram mais progressistas nas três questões, enquanto
conservadores se tornaram mais conservadores.
“Todos queremos tomar decisões melhores. Estudos identificam
os papéis benéficos das estruturas de diversidade de
pensamento, subgrupo e liderança plana na otimização de ideias
e resolução de problemas”, diz Zac Baynham-Herd, analista da
prática de ciências comportamentais da Ogilvy Consulting. “À
medida que a atividade online cresce, o potencial de proliferação
(G1 - cotuca 2020) Essa imagem foi fotografada em um banheiro de 'ovelhas negras' e ‘comportamento de manada’ também
público e apresenta uma frase de autor desconhecido. Qual das
aumenta”, acrescenta.
alternativas a seguir melhor analisa a informalidade da
linguagem da frase, característica do contexto apresentado, em
Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-
relação à norma padrão?
o-comportamento-de-manada-explica-adesao-impensada-aos-
ativismos-politicos/>. Acesso em: 23 set. 2019. Publicado em 22
a) Uso da palavra “você”, cuja grafia não é a formalizada pelos set. 2019. [Fragmento adaptado].
dicionários.
b) Uso da palavra “te”, que já caiu em desuso e não é
recomendada em textos formais. (Acafe 2020) Considerando o texto, assinale a alternativa
c) Ausência de vírgulas na frase, com a construção de uma frase correta.
muito longa. a) A frase “Ou seja: progressistas se tornaram mais progressistas
d) Uso das palavras “te” e “você” num mesmo texto, misturando nas três questões, enquanto conservadores se tornaram mais
as pessoas verbais.
conservadores” mantém o mesmo significado se for reescrita da
e) Uso da palavra “vê”, por estar conjugada no modo imperativo.
seguinte forma: “isso quer dizer que se os progressistas se
Exercício 58
tornaram mais progressistas então os conservadores se tornaram c) faz referência à época de nascimento de Carolina Maria de
mais conservadores”. Jesus.
b) Em “[...] um estudo da Universidade da Califórnia em Berkeley d) pretende mostrar a consequência dos estudos de Carolina
constatou que as pessoas tendem a alinhar suas opiniões Maria de Jesus.
políticas às do grupo em que estão inseridas”, o vocábulo “às” é e) marca a ideia de oposição em relação à ideia de sofrimento na
constituído pela combinação da preposição “a” mais o artigo infância de Carolina Maria de Jesus.
definido “as”.
Exercício 60
c) Em “A mesma lógica se aplica a ideologias políticas [...]”, faltou
(Fuvest 2021) Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da
indicar a ocorrência de crase em “à ideologias políticas”.
d) Em “[...] seres humanos têm maior probabilidade de adotar manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do
determinados comportamentos porque seus amigos, colegas de chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que
trabalho e vizinhos já o adotam”, há um erro de concordância ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas em verdade vos
nominal. digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o
presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora! Capitalista.
Exercício 59 Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe
GALILEU deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim,
para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as
CULTURA chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de
Quem foi Carolina Maria de Jesus, que completaria 105 anos propriedade.
em março – Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele.
Se mana Piedade tem casado com Quincas Barba, apenas me
Ela foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é dano uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e
considerada uma das mais relevantes para a literatura nacional aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma
desgraça...
- MARILIA MARASCIULO
29 MAR 2019 - 15H06 |ATUALIZADO EM 29 MAR 2019 - Machado de Assis, Quincas Borba.
15H06

Negra, catadora de papel e favelada, 1Carolina Maria de Jesus foi O primeiro capítulo de Quincas Borba já apresenta ao leitor um
uma autora improvável. Nasceu em 14 de março de 1914 em elemento que será fundamental na construção do romance:
Sacramento, Minas Gerais, em uma comunidade rural, filha de
pais analfabetos. Foi maltratada durante a infância, 2mas aos sete a) a contemplação das paisagens naturais, como se lê em “ele
anos frequentou a escola — em pouco tempo, aprendeu a ler e admirava aquele pedaço de água quieta”.
escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. b) a presença de um narrador-personagem, como se lê em “em
Em 1937, após a morte da mãe, ela mudou para São Paulo. Aos verdade vos digo que pensava em outra coisa”.
33 anos, desempregada e grávida, mudou-se para a favela do c) a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu percurso, como
Canindé, na zona norte da capital paulista. Trabalhava como se lê em “Cotejava o passado com o presente”.
catadora de papel e, nas horas vagas, registrava o cotidiano da d) o sentido místico e fatalista que rege os destinos, como se lê
favela em cadernos que encontrava no material que recolhia. em “Deus escreve direito por linhas tortas”.
Um destes diários deu origem a seu primeiro livro, Quarto de e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em “de
Despejo - Diário de uma Favelada, publicado em 1960. A obra modo que o que parecia uma desgraça...”.
virou best-seller, foi vendida em 40 países e traduzida para 16
idiomas. Exercício 61
(Fuvest 2021)
(...)

Texto adaptado, disponível em:


https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2019/03/quem-
foi-carolina-maria-de-jesus-que-completaria-105-anos-em-
marco.html, acesso em 22 de outubro de 2019.

25. (G1 - ifce 2020) Ao usar a conjunção “mas” no trecho “..., mas
aos sete anos frequentou a escola...” (referência 2), a autora

a) destaca a comparação entre as etapas da vida de Carolina


Maria de Jesus.
b) expressa a ideia de explicação sobre a capacidade de escrita de
O efeito de humor presente nas falas das personagens decorre
Carolina Maria de Jesus.
a) da quebra de expectativa gerada pela polissemia. (Adaptado de Xico Sá, A vidinha sururu da desigualdade
b) da ambiguidade causada pela antonímia. brasileira. Em El País, 28/10/2019. Disponível em
c) do contraste provocado pela fonética. https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/28/opinion/1572287747_63785
d) do contraste introduzido pela neologia. fbclid=IwAR1VPA7qDYs1Q0Ilcdy6UGAJTwBO_snMDUAw4yZpZ3zyA1
e) do estranhamento devido à morfologia. Acessado em 25/05/2020.)

Exercício 62
(Fuvest 2021) Terça é dia de Veneza revelar as atrações de seu A crônica instiga o leitor a ficar atento à desigualdade na cidade
festival anual, cuja 77ª edição começa no dia 2 de setembro, com de São Paulo. Assinale a alternativa que identifica corretamente
a dramédia “Lacci”, do romano Daniele Luchetti, seguindo até os recursos expressivos (estilísticos e literários) de que se vale o
12/9, com 50 produções internacionais e uma expectativa autor.
(extraoficial) de colocar “West Side Story”, de Steven Spielberg,
na ribalta. a) A desigualdade está escrita nas linhas de trens e ressoa nos
versos de Solano Trindade: onomatopeia.
Rodrigo Fonseca. “À espera dos rugidos de Veneza”. b) No destino dos transportes coletivos no sentido centro
O Estado de S. Paulo. Julho/2020. Adaptado. subúrbio é possível viver a desigualdade: eufemismo.
c) A desigualdade se mostra na expectativa de vida dos
moradores de bairros bem situados e periferias: alusão.
Um processo de formação de palavras em língua portuguesa é o d) Na cobertura da imprensa, números da desigualdade perdem
cruzamento vocabular, em que são misturadas pelo menos duas para pontos da bolsa de valores: ambiguidade.
palavras na formação de uma terceira. A força expressiva dessa
Exercício 64
nova palavra resulta da síntese de significados e do inesperado
da combinação, como é o caso de “dramédia” no texto. Ocorre
esse mesmo tipo de formação em

a) “deleitura” e “namorido”.
b) “passatempo” e “microvestido”.
c) “hidrelétrica” e “sabiamente”.
d) “arenista” e “girassol”.
e) “planalto” e “multicor”.

Exercício 63
(Unicamp 2021) Entre todas as palavras do momento, a mais
flamejante talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra,
(G1 - epcar (Cpcar) 2021) Abaixo são feitas algumas afirmações
incomoda. Começa com des. Des de desalento, des de desespero,
referentes à tirinha de Duke:
des de desesperança. Des, definitivamente, não é um bom
prefixo.
I. A janela do primeiro quadrinho e a do segundo podem ser
Desigualdade. A palavra do ano, talvez da década, não importa
eliminadas, porque não têm um sentido no conjunto da tirinha.
em que dicionário. Doravante ouviremos falar muito nela.
II. As expressões fisionômicas dos personagens, no terceiro
De-si-gual-da-de. Há quem não veja nem soletre, mas está
quadrinho, da esquerda para a direita, revelam o inesperado da
escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido
cena, que terá desfecho no quarto quadrinho.
centro/subúrbio, na linha reta de um trem. Solano Trindade, no
III. Pela fala do personagem da janela, subentende-se que a
sinal fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com fome, tem
discussão estava se estendendo cada vez mais e incomodando.
gente com fome, tem gente com fome”, somente com esses
IV. Os advérbios, o tom imperativo de algumas frases, as
substantivos. Você ainda não conhece o Solano? Corra, dá tempo.
exclamações, tudo denuncia o clima de intolerância que atravessa
Dá tempo para você entender que vivemos essa desigualdade.
o texto.
Pegue um busão da Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes,
passe o vale-transporte na catraca e simbora – mais de 30
Estão corretas
quilômetros. O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média,
do que um humaníssimo habitante da Cidade Tiradentes, por
todas as razões sociais que a gente bem conhece. a) I, II e III apenas.
Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de desesperança b) II, III e IV apenas.
os leitores, os números rendem manchete, mas carecem de rostos c) II e IV apenas.
humanos. Pega a visão, imprensa, só há uma possibilidade de d) I e III apenas.
fazer a grande cobertura: mire-se na desigualdade, talvez não
Exercício 65
haja mais jeito de achar que os pontos da bolsa de valores
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
signifiquem a ideia de fazer um país.
Os estatutos do homem (Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony sua insistência bovina, tive de me render à evidência de que eu
não sabia responder à sua pergunta.
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade. Bernardo Carvalho, Nove Noites. Adaptado.
Agora vale a vida, (Fuvest 2021) Sem prejuízo de sentido e fazendo as adaptações
E de mãos dadas, necessárias, é possível substituir as expressões em destaque no
Marcharemos todos pela vida verdadeira. texto, respectivamente, por

a) incompreensão; armação; inofensivo; irredutível.


Artigo II
b) altivez; brincadeira; ofendido; mansa.
Fica decretado que todos os dias da semana,
c) ignorância; mentira; prejudicado; alienada.
Inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
d) complacência; invenção; bobo; cega.
Têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
e) arrogância; entretenimento; incapaz; animalesca.
/.../
Exercício 67
Artigo VIII Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade
Fica decretado que a maior dor ou mistificação. Tomo de empréstimo a formulação de Hans
Sempre foi e será sempre Blumenberg do mito político como um processo contínuo de
não poder dar-se amor a quem se ama trabalho de uma narrativa que responde a uma necessidade
/.../ prática de uma sociedade em determinado período. Narrativa
simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o problema
Parágrafo único: da verdade. Seu discurso não pretende ter validade factual, mas
Só uma coisa fica proibida: também não pode ser percebido como mentira (do contrário, não
Amar sem amor. seria mito). O mito político confere um sentido às 1circunstâncias
que envolvem os indivíduos: ao 2fazê‐los ver sua condição
(MELLO, Thiago de. Os estatutos do homem. São Paulo: Vergara presente como parte de uma história em curso, ajuda a
& Riba, 2001.) compreender e suportar o mundo 3em 4que vivem.
(G1 - epcar (Cpcar) 2021) Assinale a alternativa INCORRETA
referente ao texto. ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p.
24.
a) As expressões “terças-feiras cinzentas” e “manhãs de
domingo” não têm sentido próprio, por isso podem se converter
(Fuvest 2019) De acordo com o texto, o “mito político”
uma em outra, conforme sugerido nos versos do poema.
b) A repetição do termo “agora”, no Artigo I do poema, realça a
importância do decreto a partir daquele momento. Pressupõe-se a) prejudica o entendimento do mundo real.
um tempo anterior em que a verdade não valia e as pessoas
andavam desunidas. b) necessita da abstração do tempo.
c) Não se evidencia uma preocupação rigorosa com a métrica, c) depende da verificação da verdade.
como se pode observar pela presença de versos longos e curtos. d) é uma fantasia desvinculada da realidade.
d) Neste poema, aborda-se o tema da esperança, da união das e) atende a situações concretas.
pessoas, da necessidade de se marchar de “mãos dadas”.
Exercício 68
Exercício 66 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O texto a seguir é parte de um capítulo de O príncipe, de Nicolau
Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi Maquiavel (Florença, 1469-1527).
achar que o tom era amistoso e, no meu paternalismo ingênuo,
comecei a lhe explicar o que era um romance. Eu tentava
convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o
que eu queria saber já era conhecido. E ele me perguntava:
“Então, porque você quer saber, se já sabe?” Tentei lhe explicar
que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um
romance, o que era um livro de ficção (e mostrava o que tinha nas
mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na
realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na
verdade só queria me intimidar. As minhas explicações sobre o
romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que
não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o
equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a
frase, já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a
não ser: “O que você quer com o passado?”. Repetia. E, diante da
também de suas mulheres. E quando for obrigado a proceder
contra o sangue de alguém, não deve agir sem justificação
conveniente nem causa manifesta. Acima de tudo, convém que se
abstenha de tocar na propriedade alheia, porque os homens
esquecem mais depressa a morte de seu pai do que a perda de
seu património. Além do mais, não faltam nunca motivos para
apoderar-se do bem alheio, e aquele que começa a viver da
rapina encontra sempre razões para apoderar-se do que é dos
outros.

(1) Cidade da Toscana (Itália); antiga fortificação construída sobre

Pistoriae; na Idade Média, as lutas políticas entre guelfos e


gibelinos enfraqueceram-na, tendo sido conquistada por Florença
em 1351.

Adaptado de: MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Lisboa: Europa-


América. 1976. p, 88-90.

Ser amado ou ser temido (Fepar 2018 - Adaptada) Julgue as afirmativas com relação aos
conteúdos e à estrutura do texto.
Creio que todo príncipe deve desejar muito ser considerado ( ) Resumo do parágrafo 1: a crueldade para com os súditos
compassivo, e não cruel; no entanto, deve ter cuidado e não usar constitui uma falta ética que deve ser combatida pela
mal essa piedade. César Bórgia foi considerado cruel, mas Sua demonstração de piedade.
crueldade reformou toda a Romanha, uniu-a e proporcionou-lhe ( ) No parágrafo 2, Maquiavel apresenta uma perspectiva
paz e fidelidade. Bem vistas as coisas, seu procedimento foi mais realista em relação aos homens, constatando que eles são ora
compassivo que o do governo florentino, o qual, para evitar a bons, ora maus.
fama de cruel, deixou destruir Pistoia1. Portanto, o príncipe não se ( ) No parágrafo 3, Maquiavel afirma que as amizades são
deve preocupar com ganhar fama de cruel para conservar todos geralmente relativas e traiçoeiras, enquanto o medo é mais
os súditos em união e obediência, pois será muito mais ético do seguro para manter a colaboração dos súditos.
que aqueles que, por excesso de clemência, deixam alastrar a ( ) No parágrafo 4, Maquiavel apresenta uma receita para
desordem, da qual se geram assassínios e rapinas: a desordem evitar inimizades e aplicar a pena de morte a algum súdito.
prejudica a todos, ao passo que as penas infligidas pelo príncipe ( ) Vínculos de nacionalidade e companheirismo são o melhor
só atingem particulares. [...] meio de promover a lealdade num grupo social.
Daqui nasce um dilema: vale mais ser amado do que temido, ou o Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
inverso? Seria preferível ser ambas as coisas, mas, como é difícil
conciliá-Ias, parece-me muito mais seguro ser temido do que
A) F – F – V – V – F.
amado, se só se puder ser uma delas. Há uma verdade que se
B) F - V - F - V - F
pode dizer da maioria dos homens: que são ingratos, instáveis,
C) V - F - V - F - F
dissimulados, inimigos do risco e do perigo, ávidos de ganhar.
D) V - V - F - F - V
Enquanto lhes fazes bem, são teus, oferecem-te o sangue, os
bens, a vida e os filhos, porque, como já disse, os riscos maiores Exercício 69
estão no futuro; mas, quando o perigo se aproxima, furtam-se, (G1 - cftmg 2020) De repente, ele começou a gritar:
debandam, e o príncipe que se baseou somente em suas palavras – Pare! Pare já com isso! Não suporto ninguém se fingindo de bom
encontra-se despojado de outros preparativos; está de fato moço por mais de cinco minutos. E o senhor já está aqui há dez!
perdido. Fiquei sem ação, de novo. O que ele queria que eu fizesse?
As amizades que se conquistam com dinheiro ou favores, e não Chamasse-o de “mano”, “veio”, “bróder”? A vontade de ir embora
pelo coração nobre e altivo, terão seus efeitos, mas são como se bateu outra vez.
não as tivéssemos, pois de nada nos servem quando delas Ele respirou fundo, pigarreou e recomeçou:
precisamos. Os homens hesitam menos em prejudicar um homem – Na verdade, é mais uma aposta do que uma pesquisa... Um
que se torna amado do que outro que se faz temer, pois o amor professor inglês, que conheci pela rede, apostou comigo que eu
mantém-se por um laço de obrigações que, em virtude de os não conseguiria encontrar as frases-chave em três peças do
homens serem maus, se quebra quando surge ocasião de melhor Shakespeare.
proveito. Mas o medo mantém-se por um temor do castigo, que Eu entendi e não entendi. Depois de um instante, deduzi que
nunca nos abandona. “rede” queria dizer internet.
Por outro lado, o príncipe deve fazer-se temer de tal modo que, se
não conseguir a amizade, possa pelo menos fugir à inimizade, LACERDA, Rodrigo. O Fazedor de Velhos. São Paulo: Companhia
visto haver a possibilidade de ser temido e não ser odiado, ao das Letras, 2017. p. 56.
mesmo tempo. Isso sucederá, sempre, se ele se abstiver de se
apoderar dos bens e riquezas de seus concidadãos e súditos, e
– Como é que está errado se você entende? Você não aceita a
O trecho evidencia que, entre o narrador e o professor, há marcas inventividade linguística do povo. “Amostrar” é verbo torto no
de variação linguística fundamentadas na diferença de manual das conjugações e “amostrado” é particípio de amostra
grátis! Captou?

a) faixa etária.
(Adaptado de Cidinha da Silva, Absurdada. Disponível em
b) classe social.
http://notarodape. blogspot. com/search/label/Cotidiano.
c) região geográfica.
Acessado em 22/05/2019.)
d) nível de escolarização.

Exercício 70
(G1 - cftmg 2020) Compare os textos 1 e 2 extraídos da obra O Considerando que a comparação entre modos de falar pode ser
Fazedor de Velhos, de Rodrigo Lacerda. fonte de preconceito, o exemplo citado por uma das personagens
da crônica
Texto 1
Eu não lembro direito quando meu pai e minha mãe começaram a
a) reforça o preconceito em relação às turmas de jovens de um
me enfiar livros garganta abaixo. Mas foi cedo. Lembro das
mesmo bairro, com base nos significados de “amostrado” e
sessões de leitura de poesia a que eu e minha irmã éramos “exibido”.
submetidos pela nossa mãe, e que ela só aceitava interromper b) explicita o preconceito, valendo-se de “amostrado” e “exibido”
quando um filho, em geral eu, caía de joelhos a sua frente com para distinguir dois grupos de jovens do mesmo bairro.
gestos de reza fervorosa, e o outro, normalmente minha irmã, c) dissimula o preconceito e reconhece que “se amostrar” é, de
agarrava sua mão com a intensidade de um moribundo fazendo o fato, um verbo que não está de acordo com as normas
último desejo. Ela nos olhava contrariada, mas ria do nosso gramaticais.
desespero exagerado: “Para, mãe, pelo amor de Deus, para!”. (p. d) refuta o preconceito e confirma o desconhecimento da regra de
9). formação do particípio passado do verbo “se amostrar”.

Texto 2 Exercício 72
Aos poucos, recriar num texto aquelas lembranças todas, felizes (Enem 2020) A vida às vezes é como um jogo brincado na rua:
ou não, foi me dando uma sensação diferente. Era bom ser quem estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não
eu era aos vinte anos, mas por outro lado eu sentia uma saudade sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho a
imensa do que já vivera. Será que eu trocaria a minha vida atual avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar. A vida
para voltar no tempo? Por um lado, lamentei não ser mais criança, afinal acontece muito de repente – nunca ninguém nos avisou que
meus pais não serem tão jovens. Foi um pouco triste concretizar aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória. O Carnaval
que certas etapas da minha vida estavam encerradas, e que nada também chegava sempre de repente. Nós, as crianças, vivíamos
poderia trazê-las de volta. (p. 121). num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos calendários
de verdade. [...] O “dia da véspera do Carnaval”, como dizia a avô
Esses fragmentos põem em evidência a Nhé, era dia de confusão com roupas e pinturas a serem
preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era
um dia rápido, porque os dias mágicos passam depressa
a) consciência do sofrimento diante das perdas da vida.
deixando marcas fundas na nossa memória, que alguns chamam
b) angústia do personagem ao descrever fatos do passado.
também de coração.
c) percepção da ineficácia da educação no contexto familiar.
d) memória afetiva remodelada pela perspectiva do narrador.
ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.
Exercício 71
(Unicamp 2020) – Pela milionésima vez, por favor, “se amostrar”
não existe. Não pega bem usar uma expressão incorreta como As significações afetivas engendradas no fragmento pressupõem
essa. o reconhecimento da
– Ora veja, incorreto para mim é o que não faz sentido, “se
amostrar” faz sentido para boa parte do país. a) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.
– Por que você não usa um sinônimo mais simples da palavra? b) suspensão da linearidade temporal da narração.
Que tal ”exibido”? Todo mundo conhece. c) tentativa de materializar lembranças da infância.
– Não dá, porque quem se exibe é exibido, quem se amostra é
d) incidência da memória sobre as imagens narradas.
amostrado. Por exemplo: quando os vendedores de shopping
e) alternância entre impressões subjetivas e relatos factuais.
olham com desprezo para os meninos dos rolezinhos e moram no
mesmo bairro deles, são exibidos. Eles acham que a roupa de Exercício 73
vendedor faz deles seres superiores. Por outro lado, as meninas e (Ufrgs 2020) Leia os fragmentos abaixo da obra "Quarto de
os meninos dos rolezinhos vão para os shoppings para se despejo".
amostrar uns para outros, e são, portanto, amostrados. Percebeu
a sutileza da diferença? Quando eu fui catar papel encontrei um preto. Estava rasgado e
– Entendo, mas está errado. sujo que dava pena. Nos seus trajes rôtos êle podia representar-
se como diretor do sindicato dos miseráveis. do que planta

2 de maio de 1958 […] Passei o dia catando papel. A noite meus GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. José Olympio: Rio de Janeiro,
pés doíam tanto que eu não podia andar. 2000.

14 de junho … Está chovendo. Eu não posso ir catar papel. O dia


que chove eu sou mendiga. Marque a alternativa INCORRETA a respeito do poema:

a) Trata-se de um texto que pode ser rotulado como poema


3 de maio ... Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer
participante ou poesia engajada.
coisa.
b) O texto apresenta forte adesão à temática de interesse da
coletividade, o que afasta o eu-poético do individualismo
Depois fui catar lenha. Parece que vim ao mundo predestinada a
sentimental.
catar. Só não cato a felicidade.
c) A ideia-núcleo do poema é a da transformação. A esse núcleo
estão associadas as metáforas do poema.
d) Plantar equivale no poema à tarefa de abrir mão do presente
Considere as seguintes afirmações sobre a ação de “catar”.
em benefício do futuro.
e) O eu-poético parece inclinado a unir os requintes do
I. Relaciona-se ao título da obra, uma vez que Quarto de despejo
formalismo de vanguarda à linguagem dos cantadores populares.
serve de metáfora à situação da própria personagem, que vive na
favela como um objeto descartado.
II. Associa-se à atividade da escritora, que recolhe da experiência Exercício 75
de viver do lixo a própria matéria para a sua criação literária. (Ufrgs 2020) Considere o poema abaixo, de Oswald de Andrade,
III. Refere-se à descoberta dos diários de Carolina pelo jornalista do livro Pau-Brasil, de 1925.
Audálio Dantas, graças ao qual ela se torna uma escritora de
grande sucesso editorial, condição que lhe garante RIQUEZAS NATURAIS
sustentabilidade financeira e saída definitiva da miséria.
Muitos metaes pepinos romans e figos
Quais estão corretas? De muitas castas
Cidras limões e laranjas
a) Apenas I. Uma infinidade
b) Apenas II. Muitas cannas daçucre
c) Apenas III. Infinito algodam
d) Apenas I e II. Também há muito paobrasil
Nestas capitanias
e) I, II e III.

Exercício 74 Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações


(Ufjf-pism 1 2020) Leia o poema abaixo para responder à sobre o poema.
questão:
( ) Insere-se no contexto do primitivismo das vanguardas do
Meu povo, meu poema Modernismo brasileiro, remetendo particularmente às propostas
do Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade.
Meu povo e meu poema crescem juntos ( ) Constrói imagens incompatíveis com os ideais de progresso
como cresce no fruto e civilização, trazidos pelas vanguardas europeias, inspiradoras do
a árvore nova Modernismo brasileiro.
( ) Reforça os elementos naturais da paisagem, remetendo à
No povo meu poema vai nascendo “cor local”, tal como o nacionalismo presente em José de Alencar
como no canavial e Gonçalves Dias.
nasce verde o açúcar ( ) Descreve a exuberância da natureza tropical, apropriando-se
de maneira paródica dos discursos dos primeiros cronistas, que
No povo meu poema está maduro alardeavam as belezas naturais das terras recém-descobertas.
como o sol
na garganta do futuro A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima
para baixo, é
Meu povo em meu poema
se reflete
a) F – V – F – F.
como a espiga se funde em terra fértil
b) V – F – F – V.
c) V – F – V – V.
Ao povo seu poema aqui devolvo
d) F – F – V – F.
menos como quem canta
e) V – V – F – V. (S1 - ifpe 2020)

Exercício 76
(G1 - cmrj 2020) “Mas como estão aí e não há mais jeito para
conseguir manter a massa na ignorância total, até parece que
surgiu outra tática de propósito: distrair a maioria da população
com outras coisas, [...]” (referência 14)

Os trechos sublinhados apresentam, respectivamente, os


sentidos de As tirinhas constituem um gênero textual multimodal, por terem
seu sentido construído pela associação de mais de uma
modalidade da linguagem. Na leitura da tirinha acima, ao
a) fato e conclusão.
associarmos o texto verbal com as ilustrações, percebemos que
b) causa e consequência.
c) adição e conformidade. a) a conclusão à qual o personagem chega no terceiro quadrinho
d) concessão e alternância. caracteriza um exagero no que diz respeito aos cuidados com a
e) comparação e finalidade. camisa e uma ironia quanto ao seu uso.
b) a ilustração do cômodo no qual o personagem se encontra
Exercício 77 caracteriza uma informação irrelevante, visto que as informações
verbais quanto aos cuidados com a roupa são suficientes para
(G1 - ifsul 2020) Para responder à questão, leia a tirinha a compreendermos o sentido da tira.
seguir, publicada pela Federação Interestadual de Sindicatos de
Engenheiros (Fisenge).
c) a interpretação que o personagem dá à informação “não torcer”
é equivocada já no segundo quadrinho, sendo dispensável a
leitura do terceiro para compreendermos o sentido da tira.
d) a expressão do personagem no segundo quadrinho sugere que
a informação da etiqueta da camisa o surpreendeu de algum
modo e que isso atende às expectativas do leitor quanto ao que
será dito no último quadrinho.
e) a polissemia de um termo provocou ambiguidade no texto, o
que levou o personagem a uma interpretação equivocada sobre o
que poderia ser feito com a camisa.
Com base nos elementos verbo-visuais presentes na tirinha,
considere as seguintes afirmações: Exercício 79
(Fuvest 2020) O Twitter é uma das redes sociais mais
I. Ao compararmos os primeiros quadros com o último quadro, é importantes no Brasil e no mundo. (...) Um estudo identificou que
perceptível o constrangimento do homem diante da resposta da as fake news são 70% mais propensas a serem retweetadas do
mulher, possivelmente porque ele considerava o alisamento do que fatos verdadeiros. (...) Outra conclusão importante do
cabelo como algo normal, sinônimo de “boa aparência”. trabalho diz respeito aos famosos bots: ao contrário do que
II. A tirinha problematiza a imposição social que as mulheres muitos pensam, esses robôs não são os grandes responsáveis por
negras sofriam/sofrem para alisar o cabelo, pois a estética branca disseminar notícias falsas. Nem mesmo comparando com outros
era/é o modelo a ser seguido, produzindo um imaginário social de robozinhos: tanto os que espalham informações mentirosas
que os cabelos crespos eram desarrumados, inadequados ao quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcançaram o
ambiente profissional. mesmo número de pessoas.
III. Na primeira parte da fala do personagem masculino, há a
utilização do nível formal de linguagem; no entanto, nas próximas
Superinteressante, “No Twitter, fake news se espalham 6 vezes
mais rápido que notícias verdadeiras”. Maio/2019.
interações, os personagens utilizam uma linguagem mais
informal. Essa mudança de registro sinaliza uma mudança de
pauta do diálogo: de um comunicado mais profissional, passa
No período “Nem mesmo comparando com outros robozinhos:
para uma conversa mais coloquial.
tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles
que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa (s)
pessoas.”, os dois‐pontos são utilizados para introduzir uma

a) I, apenas. a) conclusão.
b) I e II, apenas. b) concessão.
c) II e III, apenas. c) explicação.
d) contradição.
d) I, II e III.
e) condição.
Exercício 78
Exercício 80
(Enem 2020) Uma das mais contundentes críticas ao discurso da (Enem 2020)
aptidão física relacionada à saúde está no caráter eminentemente
individual de suas propostas, o que serve para obscurecer outros
determinantes da saúde. Ou seja, costuma-se apresentar o
indivíduo como o problema e a mudança do estilo de vida como a
solução. Argumenta-se ainda que o movimento da aptidão física
relacionada à saúde considera a existência de uma cultura
homogênea na qual todos seriam livres para escolher seus estilos
de vida, o que não condiz com a realidade. O fato é que vivemos
numa sociedade dividida em classes sociais, na qual nem todas as
pessoas têm condições econômicas para adotar um estilo de vida
ativo e saudável. Há desigualdades estruturais com raízes
políticas, econômicas e sociais que dificultam a adoção desses
estilos de vida.

FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física


escolar; ampliando o enfoque. RBCE, n. 2. jan. 2001 (adaptado).

Com base no texto, a relação entre saúde e estilos de vida


Essa campanha de conscientização sobre o assédio sofrido pelas
mulheres nas ruas constrói-se pela combinação da linguagem
a) constrói a ideia de que a mudança individual de hábitos verbal e não verbal. A imagem da mulher com o nariz e a boca
promove a saúde. cobertos por um lenço é a representação não verbal do(a)
b) considera a homogeneidade da escolha de hábitos saudáveis
pelos indivíduos.
a) silêncio imposto às mulheres, que não podem denunciar o
c) reforça a necessidade de solucionar os problemas de saúde da
assédio sofrido.
sociedade com a prática de exercícios.
b) metáfora de que as mulheres precisam defender-se do assédio
d) problematiza a organização social e seu impacto na mudança
masculino.
de hábitos dos indivíduos.
c) constrangimento pelo qual passam as mulheres e sua tentativa
e) reproduz a noção de que a melhoria da aptidão física pela
de esconderem-se.
prática de exercícios promove a saúde.
d) necessidade que as mulheres têm de passarem despercebidas
Exercício 81 para evitar o assédio.
(Unicamp 2020) “(...) as palavras tomam significados distintos e) incapacidade de as mulheres protegerem-se da agressão
daqueles utilizados no cotidiano. Por exemplo, utiliza-se, com verbal dos assediadores.
frequência, nas aulas sobre frações, a frase reduzir ao mesmo
Exercício 83
denominador."
(Enem 2020) O conceito de saúde formulado na histórica VIII
(Edi Jussara Candido Lorensatti, Linguagem matemática e Língua
Conferência Nacional de Saúde, no ano de 1986, ficou conhecido
Portuguesa: diálogo necessário na resolução de problemas
como um “conceito ampliado” de saúde, conforme ilustrado na
matemáticos. Conjectura: Filosofia e Educação. Caxias do Sul, v.
figura. Esse conceito foi fruto de intensa mobilização em diversos
14, n. 2, p. 91, maio/ago. 2009.)
países da América Latina nas décadas de 1970 e 1980, como
resposta à crise dos sistemas públicos de saúde.

Cada ciência usa uma linguagem própria e com um grau de


precisão terminológica necessário para o seu exercício. Tendo em
vista os significados distintos que as palavras assumem nas
situações concretas em que são empregadas, o verbo “reduzir”,
no uso cotidiano, significa

a) limitar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática é


sinônimo de restringir.
b) moderar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática
implica aumentar as relações entre os números.
c) eliminar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática
implica reverter as relações entre os números.
d) diminuir alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática
é sinônimo de converter.

Exercício 82
Com base no conceito apresentado no texto, a saúde é (como um velado esplendor)
consequência direta do(a) a memória da palavra amor

a) adoção de um estilo de vida ativo por parte dos indivíduos.


a palavra amargo
b) disponibilidade de emprego no mercado de trabalho.
seria talvez mais doce
c) condição habitacional presente nas cidades.
e um pouco menos acerba
d) acesso ao sistema educacional.
se não trouxesse em seu corpo
e) forma de organização social.
(como uma sombra a espreitar)
Exercício 84 a memória da palavra amar
(G1 - ifmt 2020) Abaixo, analise os períodos compostos por
coordenação. Após, enumere a segunda coluna de acordo com a Marco Catalão, Sob a face neutra.
primeira e, em seguida, assinale a alternativa que indica a
sequência correta: (Fuvest 2020) Tal como se lê no poema,

a) a palavra “amora” é substantivo, e “amargo”, adjetivo.


( 1 ) O goleiro esforçou-se, porém não conseguiu evitar o gol. ( “amar”
b) o verbo ) Aditiva
ameniza o amargor da palavra “amargo”.
( 2 ) Hoje começa o horário de verão, portanto adiante seu relógio em uma ( ) Adversativa
c) o substantivo “corpo” apresenta sentido denotativo.
hora.
d) o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra “amora”.
( 3 ) Não deixe de votar, pois sua participação nas decisões políticas é ( ) Alternativa
e) o verbo “amar” e o substantivo “amor” são intercambiáveis.
fundamental.
( 4 ) Aos domingos, ou vou ao cinema ou fico em casa estudando. ( ) Conclusiva
Exercício 87
( 5 ) Peguei os materiais e fui à escola. ( ) Explicativa
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.
a) 5 – 3 – 4 – 2 – 1
b) 5 – 1 – 4 – 2 – 3 Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa.
c) 3 – 2 – 1 – 5 – 4
d) 4 – 2 – 3 – 1 – 5 Mas mais frágil fica a bota.
e) 5 – 1 – 4 – 3 – 2 Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.

Exercício 85
*sesta: repouso após o almoço.
(Acafe 2020) Preencha os espaços em branco com Há, a, à,
nessa ordem.

(Fuvest 2020) O ditado popular que se relaciona melhor com o


I. _____ dois anos não _____ visitava, mas sua mãe sempre esteve
poema é:
_____ espera.
II. _____ beira do precipício, _____ poucos arbustos _____ decorar
a paisagem. a) Para bom entendedor, meia palavra basta.
III. _____ quem quisesse ver, demonstrei que não _____ b) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
possibilidade de resolver _____ questão. c) Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
IV. _____ alguma chance, _____ custa de muito esforço, de obter d) Um dia é da caça, o outro é do caçador.
_____ vaga pretendida. e) Uma andorinha só não faz verão.
V. _____ ao menos três maneiras de encaminhar isso _____ quem
Exercício 88
está _____ disposição para ajudar.
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.

As frases corretas, de acordo com a ordem proposta, são:


Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade
a) II - III - IV ou mistificação. Tomo de empréstimo a formulação de Hans
b) I - V Blumenberg do mito político como um processo contínuo de
c) I - III - IV trabalho de uma narrativa que responde a uma necessidade
d) III - V prática de uma sociedade em determinado período. Narrativa
simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o problema
Exercício 86
da verdade. Seu discurso não pretende ter validade factual, mas
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
também não pode ser percebido como mentira (do contrário, não
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.
seria mito). O mito político confere um sentido às 1circunstâncias
que envolvem os indivíduos: ao 2fazê‐los ver sua condição
amora
presente como parte de uma história em curso, ajuda a
compreender e suportar o mundo 3em 4que vivem.
a palavra amora
seria talvez menos doce ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p.
e um pouco menos vermelha 24.
se não trouxesse em seu corpo
Às pressas tomas o banho,
tomas teu café com pão,
(Fuvest 2019) Sobre o sujeito da oração “em que vivem” (ref. 3), é tomas teu lugar no bote
correto afirmar: no cais do Capibaribe.
Deixas chorando na esteira
a) Expressa indeterminação, cabendo ao leitor deduzir a quem se
teu filho de mãe solteira.
refere a ação verbal.
Levas ao lado a marmita,
contendo a mesma ração
b) Está oculto e visa evitar a repetição da palavra “circunstâncias”
do meio de todo o dia,
(ref. 1).
a carne-seca e o feijão.
De tudo quanto ele pede
c) É uma função sintática preenchida pelo pronome “que” (ref.
dás só bom-dia ao patrão,
4).
e recomeças a luta
na engrenagem da fiação.
d) É indeterminado, tendo em vista que não é possível identificar
a quem se refere a ação verbal.
MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
e) Está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em
1964.
“fazê‐los” (ref. 2).

Exercício 89
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e
Leia o texto a seguir e responda. pronominais

a) ajuda a localizar o enredo num ambiente estático.


A palavra slam é uma onomatopeia da língua inglesa utilizada
b) auxilia na caracterização física do personagem principal.
para indicar o som de uma “batida” de porta ou janela, seja esse
c) acrescenta informações modificadoras às ações dos
movimento leve ou abrupto. Algo próximo do nosso “pá!” em
personagens.
língua portuguesa. A onomatopeia foi emprestada por Marc Kelly
d) alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do
Smith, um trabalhador da construção civil e poeta, para nomear o
texto.
Uptown Poetry Slam, evento poético que surgiu em Chicago, em
e) está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção dos
1984. O termo slam é utilizado para se referir às finais de torneios
referentes.
de baseball, tênis, bridge, basquete, por exemplo. Smith nomeou
também slam os campeonatos de performances poéticas que Exercício 91
organizava e no qual os slammers (poetas) eram avaliados com (Enem 2018) Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda
notas pelo público presente, inicialmente em um bar de jazz em nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído,
Chicago, depois nas periferias da cidade. A iniciativa “viralizou”, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas
como se diz hoje, contagiando outras cidades dos Estados Unidos grandes lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em
e, mais tarde, ganhou o mundo. Poesia é o mundo. panos molhados com água de sal – e houve uma discussão na
família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da
Adaptado de NEVES, C. A. B. Slams - letramentos literários de filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer. Não
reexistência ao/no mundo contemporâneo. Linha D'Água (Online), guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó.
São Paulo, v. 30, n. 2, p. 92-112, out. 2017 Linha D'Água (Online),
São Paulo, v. 30, n. 2, p. 92-112, out. 2017. Acesso em RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1998.
18/07/2019.
(G1 - cotuca 2020) De acordo com o texto, “slam” é uma palavra
Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a
a) que pode ser traduzida, em português, por “evento esportivo”.
progressão temática. No fragmento, esse processo é indicado

b) usada em algumas modalidades esportivas. a) pela a alternância das pessoas do discurso que determinam o
c) criada em bares de jazz de Chicago. foco narrativo.
d) que, em português, significa “porta que bate”. b) utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos
e) característica de meios musicais, principalmente de jazz. variados.
c) indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os
Exercício 90 eventos narrados.
(Enem 2019) Toca a sirene na fábrica, d) justaposição de frases que relacionam semanticamente os
e o apito como um chicote acontecimentos narrados.
bate na manhã nascente e) recorrência de expressões adverbiais que organizam
e bate na tua cama temporalmente a narrativa.
no sono da madrugada.
Ternuras da áspera lona Exercício 92
pelo corpo adolescente. (Enem 2018)
É o trabalho que te chama.
c) A repetição do emprego da conjunção “mas” para contrapor
ideias.
d) A finalização do texto com a frase de efeito “Será que ele
conseguirá acertar as coisas?”.
e) O uso do pronome de terceira pessoa “ele” ao longo do texto
para fazer referência ao protagonista “João/Zero”.

Exercício 94
(Enem 2016) L.J.C.

— 5 tiros?
— É.
— Brincando de pegador?
— É. O PM pensou que...
— Hoje?
— Cedinho.

COELHO, M ln: FREIRE, M. (Org). Os cem menores contos


brasileiros do século.
São Paulo: Ateliê Editorial. 2004.

Os sinais de pontuação são elementos com importantes funções


para a progressão temática. Nesse miniconto, as reticências foram
utilizadas para indicar

a) uma fala hesitante.


b) uma informação implícita.
Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu c) uma situação incoerente.
comportamento por meio da associação de verbos no modo d) a eliminação de uma ideia.
imperativo à e) a interrupção de uma ação.
a) indicação de diversos canais de atendimento.
Exercício 95
b) divulgação do Centro de Defesa da Mulher.
(Enem 2016) De domingo
c) informação sobre a duração da campanha.
d) apresentação dos diversos apoiadores.
–– Outrossim...
e) utilização da imagem das três mulheres.
–– O quê?
Exercício 93 –– O que o quê?
(Enem 2017) João/Zero (Wagner Moura) é um cientista genial, –– O que você disse.
mas infeliz porque há 20 anos atrás foi humilhado publicamente –– Outrossim?
durante uma festa e perdeu Helena (Alinne Moraes), uma antiga –– É.
e eterna paixão. Certo dia, uma experiência com um de seus –– O que é que tem?
inventos permite que ele faça uma viagem no tempo, retornando –– Nada. Só achei engraçado.
para aquela época e podendo interferir no seu destino. Mas –– Não vejo a graça.
quando ele retorna, descobre que sua vida mudou totalmente e –– Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
agora precisa encontrar um jeito de mudar essa história, nem que –– Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
para isso tenha que voltar novamente ao passado. Será que ele –– Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira.
conseguirá acertar as coisas? –– Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.
–– “Ônus”.
Disponível em: http://adorocinema.com. Acesso em: 4 out. 2011. –– “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
–– “Resquício” é de domingo.
–– Não, não. Segunda. No máximo terça.
Qual aspecto da organização gramatical atualiza os eventos –– Mas “outrossim”, francamente...
apresentados na resenha, contribuindo para despertar o interesse –– Qual o problema?
do leitor pelo filme? –– Retira o “outrossim”.
–– Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás é uma palavra difícil de
a) O emprego do verbo haver, em vez de ter, em “há 20 anos usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.
atrás foi humilhado”.
b) A descrição dos fatos com verbos no presente do indicativo, VERISSIMO, L. F. Comédias da vida privada.
como “retorna” e “descobre”. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da
língua portuguesa. Esse uso promove o(a)

a) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras


indicativas dos dias da semana.
b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras
empregadas em contextos formais.
c) caracterização da identidade linguística dos interlocutores,
percebida pela recorrência de palavras regionais.
d) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo
emprego de palavras com significados pouco conhecidos.
e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras
desconhecidas por parte de um dos interlocutores do diálogo.

Exercício 96
(Enem 2015) TEXTO I

Um ato de criatividade pode contudo gerar um modelo produtivo.


Foi o que ocorreu com a palavra sambódromo, criativamente
formada com a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura em
hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam itens
culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço
então, formas populares como rangódromo, beijódromo, anunciado, funcionando como estratégia de persuasão em relação
camelódromo. ao consumidor do mercado gráfico. O recurso da linguagem
verbal que contribui para esse destaque é o emprego
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São a) do termo “fácil” no início do anúncio, com foco no processo.
Paulo: Publifolha, 2008. b) de adjetivos que valorizam a nitidez da impressão.
c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência.
d) da expressão intensificadora “menos do que” associada à
TEXTO II qualidade.
Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma e) da locução “do mundo” associada a “melhor”, que quantifica a
passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo ação.
quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, dai as palavras
autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, Exercício 98
a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, (Enem 2014) Tarefa
mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um
carro de Formula 1. Morder o fruto amargo e não cuspir
Mas avisar aos outros quanto é amargo
GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 Cumprir o trato injusto e não falhar
ago, 2012. Mas avisar aos outros quanto é injusto
Sofrer o esquema falso e não ceder
Mas avisar aos outros quanto é falso
Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o Dizer também que são coisas mutáveis...
Texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da E quando em muitos a não pulsar
palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra – do amargo e injusto e falso por mudar –
reflete então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.
a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas
CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
palavras.
c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de
Na organização do poema, os empregos da conjunção “mas”
palavras por leigos.
articulam, para além de sua função sintática,
d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos
neologismos. a) a ligação entre verbos semanticamente semelhantes.
e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego. b) a oposição entre ações aparentemente inconciliáveis.
c) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.
d) o reforço da causa apresentada no enunciado introdutório.
Exercício 97 e) a intensidade dos problemas sociais presentes no mundo.
(Enem 2015)
Exercício 99 d) Quebra-cabeças; más-línguas; sextas-feiras.
(Enem 2013) e) Cartões-postais; viras-latas; guardas-chuvas.

Exercício 102
Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh
largou o emprego bem remunerado numa agência de publicidade
e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como roteirista. Lá
chegando, anotou o nome e o endereço de todos os diretores,
produtores e executivos que conseguiu encontrar e enviou-lhes o
que certamente é o pedido de emprego mais eficaz que alguém já
escreveu, pois resultou em três entrevistas, uma das quais lhe
rendeu o cargo de roteirista assistente na MGM.

Prezado senhor:

Gosto de palavras. 1Gosto de palavras gordas, untuosas, como


Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o lodo, torpitude, glutinoso, bajulador. Gosto de palavras solenes,
efeito de humor está indicado pelo(a) como pudico, ranzinza, pecunioso, valetudinário. 2Gosto de
palavras espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura,
a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a quebra da
mundana. Gosto de suaves palavras com “V”, como Svengali,
expectativa ao final.
avesso, bravura, verve. Gosto de palavras crocantes, quebradiças,
b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa e
crepitantes, como estilha, croque, esbarrão, crosta. 3Gosto de
efeito entre as ações.
palavras emburradas, carrancudas, amuadas, como furtivo,
c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambiguidade dos
sentidos a ele atribuídos macambúzio, escabioso, sovina. 4Gosto de palavras chocantes,
d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um tratamento exclamativas, enfáticas, como astuto, estafante, requintado,
formal do filho em relação à “mãe”. horrendo. Gosto de palavras elegantes, rebuscadas, como estival,
e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de adição peregrinação, Elísio, Alcíone. Gosto de palavras vermiformes,
existente entre as orações. contorcidas, farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar,
gotejar. Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete,
Exercício 100 borbulhão, arroto.
(Acafe 2020) Transforme as locuções adjetivas destacadas em Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, e por isso
adjetivos, optando por uma das sugestões entre parênteses. resolvi largar meu emprego numa agência de publicidade de
Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas, antes de dar o
I. Não se impressione, são apenas chuvas de verão. (verânicas, grande salto, fui para a Europa, onde passei um ano estudando,
estivais, pluviais) contemplando e perambulando.
II. Faça a catalogação dos livros por faixa de idade, pois isso
facilita a consulta. (etária, vital, hereditária) Acabei de voltar e ainda gosto de palavras.
III. Desculpe, mas seu comportamento foi de criança. (senil, pueril,
inadequado) Posso trocar algumas com o senhor?
IV. Diferentemente de ontem, as águas do rio estão turvas.
(hidroviais, rivais, fluviais) Robert Pirosh
V. Foram lindos encontros de irmãos motivados pela mesma fé. Madison Avenue, 385
(irmanados, fraternos, magistrais) Quarto 610
Nova York
A resposta correta, de cima para baixo, é: Eldorado 5-6024.
a) verânicas - hereditária - pueril - fluviais - irmanados
b) estivais - etária - pueril - fluviais - fraternos (USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência
inesquecível de pessoas notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São
c) estivais, - hereditária - senil - hidroviais - magistrais
Paulo: Companhia das Letras, 2014.p. 48.)
d) pluviais - vital - pueril - rivais – irmanados

Exercício 101
(G1 - ifmt 2020) Considerando a norma culta da língua (Epcar (Afa) 2020) Considerando o texto, em que o autor agrupa
portuguesa acerca do plural dos compostos, assinale a alternativa as palavras para poder classificá-las, assinale a alternativa
em que todos os substantivos estão corretamente flexionados verdadeira:
para o plural.
a) “choramingar” significa chorar aos berros, para chamar a
a) Guardas-florestais; bates-bocas; batata-doces. atenção dos outros. Equivale à expressão “Quem não chora não
b) Guardas-roupas; beija-flores; couve-flores. mama”.
c) Guardas-costas; guardas-noturnos; pãos-de-ló.
b) Em “Gosto de palavras com “V”, como Svengali, avesso, a usina já não a purga: da infância,
bravura, nota-se a presença do efeito da aliteração, também não de depois de adulto, ela o educa;
usado em poesia. em enfermarias, com vácuos e turbinas,
c) Em “Palavras escorregadias”, está presente a linguagem em mãos de metal de gente indústria,
denotativa, que equivale, por exemplo, a “Os ombros suportam o a usina o leva a sublimar em cristal
mundo”. o pardo do xarope: não o purga, cura.
d) Em “onde passei um ano estudando”, o termo “onde” indica a Mas como a cana se cria ainda hoje,
posse de um lugar imaginário, a que o autor nunca foi. em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
Exercício 103 quer inverno ou verão mele o açúcar.
Uma última gargalhada estrondosa. 1E depois, o silêncio. O
palhaço jazia 2imóvel no chão. 3Mas seu rosto continua sorrindo, João Cabral de Meio Neto, A Educação pela Pedra.
para sempre. Porque a carreira original do Coringa era para durar
apenas 30 páginas. O tempo de envenenar Gotham, sequestrar *banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal.
4Robin, enfiar um par de sopapos na Homem-Morcego e disparar

o primeiro “vou te matar” da sua relação. Na briga final do


Batman nº. 1, o “horripilante bufão”sofria um final digno de sua (Fuvest 2021) Na oração “que ela dura” (v. 4), o pronome
sublinhado
desumana ironia: 5ao tropeçar, cravava sua própria adaga no
peito. Assim decidiram e desenharam 6seus pais, os artistas Bill a) não tem referente.
Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto, o criminoso b) retoma a palavra “usina” (v. 1).
mostrou, já em sua primeira aventura, um enorme talento para c) pode ser substituído por “ele”, referindo-se a “açúcar” (v. 1).
7se rebelar contra a ordem estabelecida. 8Seu carisma seduziu a d) refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2).
editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já e) equivale à palavra “censura” (v. 10).
dentro da ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E
Exercício 105
então um médico sentenciava: “Continua 9vivo. E vai sobreviver!”. (Epcar (Afa) 2020) Poesia

Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha Gastei a manhã inteira pensando um verso
ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a que a pena não quer escrever.
liberdade”, EI País. Junho/2020. No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
(Fuvest 2021) No fragmento “ao tropeçar, cravava sua própria e não quer sair.
adaga no peito.” (ref. 5), a oração em negrito abrange, Mas a poesia deste momento
simultaneamente, as noções de inunda minha vida inteira.
a) proporção e explicação.
b) causa e proporção. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 8. ed. Rio de
c) tempo e consequência. Janeiro: Record, 2007, p. 45.)
d) explicação e consequência.
e) tempo e causa.
Assinale a alternativa INCORRETA referente ao texto “Poesia”.
Exercício 104
a) “No entanto”, no terceiro verso, e “Mas”, no penúltimo verso,
Psicanálise do açúcar
têm sentido adversativo; reforçam a luta do poeta com as
palavras.
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
b) No segundo verso, “que a pena não quer escrever”, a forma
mostra a mais instável das brancuras:
verbal apropriada, para o racionalismo que o poema defende,
quem do Recife sabe direito a quanto,
seria “quis escrever”.
e apouco desse quanto, que ela dura.
c) O poema fala da própria busca da poesia. Trata-se de um texto
Sabe a mínimo do pouca que a cristal
metalinguístico.
se estabiliza cristal sobre a açúcar,
d) Em “inunda minha vida inteira” há um exagero verbal, que
por cima da fundo antiga, de mascavo,
recebe o nome de hipérbole; o exagero nasce do contentamento
da mascava barrenta que se incuba;
do eu-lírico.
e sabe que tudo pode romper a mínima
em que o cristal é capaz de censura: Exercício 106
pois a tal fundo mascavo logo afiara (G1 - ifmt 2020) Analise as alternativas abaixo e marque aquela
quer inverno ou verão mele o açúcar. em que todas as palavras têm a mesma classificação quanto ao
número de sílabas:
Só os banguês* que-ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura; a) primeiro – saída – tragédia – consegui.
b) sentia – roupa – transtorno – adjetivo. b) Diferenças de ordem fonológica ocorrem quando um mesmo
c) loura – trabalho – superou – noite. significado é designa­do por significantes diferentes.
d) árvore – casamento – ambiente – madeira. c) Diferenças linguísticas em outros países, como Angola,
e) poeira – alegria – troféu – igual. Moçambique, Cabo Verde, Timor Leste e São Tomé e Príncipe, são
tão pequenas que não chegam a caracte­rizar línguas diferentes.
Exercício 107
d) As alterações linguísticas entre Portugal e Brasil ocorrem
“É Brasileiro, já passou de Português...”
principalmente, por serem mais verificáveis, no campo da escrita.

e) O signo linguístico não necessita, para sua existência, de um


caráter motivado.

Exercício 108
Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos

O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de


reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de
reincidência (amplamente admitida, mas nunca comprovada
empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10
criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da
cadeia.
Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O
que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir
aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece,
A ideia de uma língua única, que não se altera, é um mito, pois a para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado
heterogeneidade social e cultural implica a heterogeneidade de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e
linguística. laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo
(...) cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas
Embora Brasil e Portugal tenham uma língua comum, é nítido a pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma
qualquer falante do português que existem diferenças entre o festa, dizia Nietzsche).
português falado nos dois países – claro que elas também Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela
existem com relação aos demais países de língua portuguesa. (...) ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH)
Essas diferenças são tão grandes que pode­mos afirmar que no e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil,
Brasil se fala uma língua diferente da de Portugal, que os o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema
linguistas denominaram de português brasileiro. Isso é tão carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas
evidente que, se você observar um processador de textos, o 2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das
Word, por exemplo, na ferramenta idiomas há as opções portu- menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em
guês e português brasileiro ou português (Brasil). Por quê? Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca
Como são línguas diferen­tes, o corretor automático do de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali
processador precisa saber em que “língua” está sendo escrito o passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o
documento, pois o português euro­peu e o brasileiro seguem Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
regras diferentes. A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter
Quando ouvimos um habitante de Portugal falando, percebemos seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por
imediata­mente um uso diverso da língua. A dife­rença mais vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso,
perceptível é de ordem fono­lógica, ou seja, na maneira de não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer
produzir os sons da língua. Identificamos rapidamente que ele criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela
fala português, porém com “so­taque ou acento lusitano”. Se legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar
atentarmos com mais cuidado, perceberemos, entre­tanto, que as estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será
diferenças não são apenas de ordem fonológica. Há também prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
diferenças sintáticas (poucas) e lexicais. Um mesmo conceito é comprovada.
designado por significantes di­ferentes, o que prova o caráter O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com
imotivado do signo linguístico. (...) grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não
possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso
(Ernani Terra, Revista Língua Portuguesa, adaptado, julho/2018) sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela
plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos,
além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio
(Espm 2019) O autor defende que: de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem
os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de
a) Há diferenças linguísticas tão grandes, com regras também tão
trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação
diferentes, que se constatam duas línguas diversas: o portu­guês
profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma
de Portugal e o português europeu.
pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas
atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia. Considerando a ortografia, analise as frases a seguir e assinale a
A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos alternativa CORRETA.
presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos
a) A limpesa dos tanques consome dezenas de litros de
separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida
detergente.
pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem
b) Se ela soube-se a data da viajem, poderia antecipar o envio da
comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus
bagajem.
refrigeradores.
c) Após duas semanas de paralização, os petroleiros retomaram o
Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar
projeto.
por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um
d) A visualização da trajetória do projétil só seria possível à noite.
curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar
respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao
e) Não sei por que você não desisti logo e exclue seu primo da
mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.
equipe.
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação
ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano, Exercício 110
inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a (G1 - ifsc 2016) Considerando as palavras adolescentes,
privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no derrocada, necessário e professora, é CORRETO afirmar:
tratamento cruel e na vingança.
a) As palavras derrocada e professora têm o mesmo número de
O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos
sílabas.
educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar
b) Todas as palavras são substantivos abstratos.
que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à
c) A divisão silábica correta de adolescentes é: a-do-le-scen-tes,
sociedade.
pois não se separam os encontros consonantais.
A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte:
d) Adolescentes é um substantivo sobrecomum.
enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes,
e) Todas as afirmativas estão corretas.
respeitando a população, aqui os presos saem roubando e
matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente Exercício 111
colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no Os cargos públicos são os que mais desqualificam candidatos
massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a com tatuagens, dentre eles: agentes das polícias militar, civil e
vingança é uma festa, dizia Nietzsche). carreiras do exército. Para cargos que exigem que o funcionário
trabalhe diretamente com o público, os candidatos tatuados
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto costumam ser menos qualificados que os candidatos “limpos”.
Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
Estou no blogdolfg.com.br. Disponível em: TATUAGENS ATRAPALHAM NA HORA DE
** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora ARRUMAR UM EMPREGO? -
do Instituto Avante Brasil. http://www.abaratadigital.com/tatuagensatrapalham-na-hora-de-
FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega- arrumar-um-emprego/ Acesso: 13 out. /2013.
como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/.
Acessado em 17 de março de 2017.
(G1 - ifsc 2014) Com base na leitura do texto, assinale a
alternativa CORRETA.
(Espcex (Aman) 2018) Um mesmo fonema pode ser
representado por letras diferentes. A sequência de palavras que a) na palavra ‘tatuagens’ tem-se a presença de um ditongo,
ilustra esse conceito é: formado por duas vogais na mesma sílaba.
b) as formas verbais ‘desqualificam’ e ‘exigem’ estão no pretérito
a) taxa - máxima - afixar perfeito.
b) oficina - praça - cela c) em ‘... candidatos menos qualificados...’ tem-se dois adjetivos
c) presídio - lazer - execução qualificando o substantivo ‘candidatos’.
d) exercício - inexorável - exórdio d) no trecho “Os cargos públicos são os que mais
e) preso - sangue - asa desqualificam...”, o artigo definido ‘os’ aparece representado duas
vezes.
Exercício 109
e) os termos ‘mais’ e ‘diretamente’ são advérbios, de intensidade e
(G1 - ifsc 2017) Em português, frequentemente, o mesmo
de modo, respectivamente.
fonema (som) pode ser representado de maneiras diferentes na
escrita. Por exemplo, o fonema /z/ pode ser representado pelas Exercício 112
letras x, z e s, como ocorre nas palavras “exame”, “natureza” e (Fuvest 2020) Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na
“rosa”, respectivamente. internet:

A possibilidade de se registrar graficamente o mesmo fonema “O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram
empregando-se diferentes letras ou dígrafos pode gerar dúvidas obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que
que, às vezes, resultam em erros de ortografia.
depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O Disponível em: ˂http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/587390-
outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma devemos-mudar-nosso-estilo-de-vida-e-preciso-um-pacto-
viatura do 5º BPM”, afirmou o major. entre-geracoes˃ Acesso em: 25 ago. 2019.

Disponível em https://www.gp1.com.br/.
(G1 - ifsul 2020) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) O título do texto apresenta verbos no modo imperativo.


No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui,
b) Em “A pesquisa pode desenvolver a resistência das plantas,
necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo
mas é necessário investir “, temos o sentido denotativo da frase.
esteja na voz ativa, tal como encontrado em:

a) “O carro furou o pneu”. c) Em “Hoje, a dimensão e a velocidade da mudança climática


b) “e bateu no meio fio”. desafiam qualquer negacionismo”, a retirada da vírgula depois de
c) “O refém conseguiu acionar a população”. hoje não acarreta mudança de sentido.
d) “tentaram linchar eles”. d) No excerto “Enquanto isso, devemos nos focar sobre a
e) “afirmou o major”. pesquisa e a formação, mesmo na agricultura.”, a extração do
termo em destaque acarreta prejuízo semântico.
Exercício 113
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir. Exercício 114
EDUCAÇÃO E COOPERAÇÃO: PRÁTICAS QUE SE
Devemos mudar nosso estilo de vida. É preciso um pacto entre RELACIONAM
gerações
A educação e a cooperação são duas práticas sociais em
Os custos ligados ao desenvolvimento sustentável do planeta são que, sob certos aspectos, uma contém a outra. Na educação,
infinitamente menores do que qualquer nossa inércia. Hoje, a podem-se identificar práticas cooperativas; na cooperação,
dimensão e a velocidade da mudança climática desafiam podem-se identificar práticas educativas. Entrelaçam-se e
qualquer negacionismo: comentamos sobre a seca prolongada, potencializam-se como processos sociais. A organização da
mas _____ algumas semanas estávamos _____ voltas com o gelo cooperação exige de seus atores uma comunicação de interesses,
e antes disso com as chuvas aluviais. Alguns dizem que isso de objetivos, a respeito dos quais precisam falar, argumentar e
sempre aconteceu: não é verdade. A intensidade e a decidir. Nesse processo de interlocução de saberes, acontece a
agressividade dos fenômenos meteorológicos estão na cara de educação. Há, portanto, uma estreita relação entre esses dois
todos. O clima extremo tem um impacto tangível na qualidade da fenômenos: na prática cooperativa, para além de seus propósitos
produção agrícola, portanto em nossa alimentação e em nossa e interesses específicos, produz-se conhecimento, aprendizagem,
saúde e, portanto, nos números de nossa exportação que é educação; na prática educativa, como um processo complexo de
baseada na excelência do agronegócio. Antes que seja tarde relações humanas, produz-se cooperação. Assim, as práticas
demais, algo deve ser feito: no plano global, é claro, mas também cooperativas na escola podem constituir-se em privilegiados
mudando nossos estilos de vida insustentáveis. "espaços pedagógicos", através dos quais os seus sujeitos tomam
O comentário é de Andrea Segrè, agro-economista e professor consciência das diferentes dimensões da vida social.
universitário em Bolonha, escreveu "Il gusto per le cose giuste.
Lettera alla generazione Z” (O gosto para as coisas certas. Carta FRANTZ, Walter. Educação e cooperação: práticas que se
_____ geração Z" (Monadori), publicado por la Repubblica, 12-03- relacionam. Sociologias [online]. 2001, n.6, pp.242-264. ISSN
2019. A tradução é de Luisa Rabolini. 1517-4522. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-
Desde agosto do ano passado, Greta Thunberg nos lembra isso 45222001000200011. Disponível em:
com insistência, antes uma estudante solitária acampada em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-
frente ao parlamento sueco, agora líder do movimento Global 45222001000200011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso
Climate Strike. Os jovens estão nos dando uma grande lição: nós em: 27 nov. 2019 (adaptado).
vivemos a crédito e deixaremos _____ eles um planeta no
vermelho. A dívida pública e a dívida ecológica são apostas feitas
jogando sobre o futuro daqueles que ainda não nasceram, e (G1 - ifpe 2020) Observe a forma verbal destacada no texto e
apenas um pacto intergeracional pode mitigar esse futuro em assinale a alternativa cuja explicação justifica CORRETAMENTE
queda livre. Respeitar os acordos internacionais sobre o clima é sua flexão no singular.
apenas o primeiro passo: os resultados serão vistos em algumas
a) Trata-se de verbo impessoal, isto é, que não tem sujeito.
gerações. Enquanto isso, devemos nos focar sobre a pesquisa e a
b) Trata-se de verbo intransitivo, logo, não tem complementos
formação, mesmo na agricultura. Assistimos, na Itália, ao
com os quais deva concordar.
envelhecimento da classe dos agricultores - 41% têm mais de 65
c) Concorda com o seu sujeito, a expressão “estreita relação”, que
anos, apenas 4% têm menos de 35 anos. A agricultura inteligente
também está no singular.
pode nos ajudar contra a mudança climática com a tecnologia,
d) Possui dois complementos (“estreita relação” e “dois
mas precisamos saber como usá-la. A pesquisa pode desenvolver
fenômenos”), podendo concordar com o mais próximo.
a resistência das plantas, mas é necessário investir.
e) É apenas um elemento coesivo, portanto, não precisa concordar 1placards: nome que se dava às tabuletas que traziam resultados
com outros elementos. de competições esportivas, publicados nos jornais.

Exercício 115
1. (Unesp 2020) a) “no meio da multidão que jorrava das portas
(Fgv 2016) No primeiro aniversário da morte de Luís Garcia, Iaiá
da Central, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar” (1º
foi com o marido ao cemitério, afim de depositar na sepultura do
parágrafo). Identifique as figuras de linguagem utilizadas pelo
pai uma coroa de saudades. Outra coroa havia ali sido posta, com
narrador nas expressões sublinhadas.
uma fita aonde lia-se estas palavras: – A meu marido. Iaiá beijou
b) Reescreva o trecho “lembrava-se que nem mesmo o nome
com ardor a singela dedicatória, como beijaria a madrasta se ela
delas sabia pronunciar” (2º parágrafo), empregando a ordem
lhe aparecesse naquele instante. Era sincera a piedade da viúva.
direta e adequando-o à norma-padrão da língua escrita.
Alguma coisa escapa ao naufrágio das ilusões.
Exercício 117
(Machado de Assis. Iaiá Garcia, 1983. Adaptado) (Unicamp 2019) Atrás dos olhos das meninas sérias

Mas poderei dizer-vos que elas ousam? Ou vão, por injunções


a) No texto, há duas passagens que foram transcritas em muito mais sérias,
discordância com a norma-padrão da língua portuguesa. lustrar pecados que jamais repousam?
Transcreva-as e faça as devidas correções.
b) Explique que sentido assume a preposição “com” na formação O texto acima encontra-se no livro A teus pés, de Ana Cristina
das expressões nas passagens “Iaiá foi com o marido ao Cesar. Leia-o atentamente e responda às questões.
cemitério” e “Iaiá beijou com ardor a singela dedicatória”. a) Indique a quem se referem, no texto, a segunda pessoa do
plural (“vos”) e a terceira pessoa do plural (“elas”).
b) Por meio da partícula “Ou”, o poema estabelece uma
Exercício 116
alternativa entre duas situações: a ousadia e a ação de “lustrar
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
pecados”. Explique de que maneira a primeira situação é diferente
da segunda, levando em consideração o título do poema.
Leia o excerto do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto.

Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo Exercício 118
de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da (Fuvest 2018) Leia o texto.
Central, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua
sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio A complicada arte de ver
tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus
companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando
qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os
personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou
sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é
era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para
fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato
representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e
todos, que nem o olhavam. [...] tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles
Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a
inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral
rapazes a conversar sobre coisas de que ele não entendia e a gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se
trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o
placards1 dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões...
não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
comparando o desembaraço com que os fregueses pediam
bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à
nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementares", de Pablo
que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação
no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que
aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou
de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não
personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a
a quase coisa alguma. ver".

(Clara dos Anjos, 2012.) Rubem Alves, Folha de S.Paulo, 26/10/2004. Adaptado.
natureza humana, que são muitos e teimosos, vêm sustentando
a) Segundo a concepção do autor, como a poesia pode ser que se é certo que a ocasião nem sempre faz o ladrão, também é
entendida? certo que o ajuda muito. 2Quanto a nós, permitir-nos-emos
b) Reescreva o trecho “Agora, tudo o que vejo me causa pensar que se o cego tivesse aceitado o segundo oferecimento do
espanto.”, substituindo o termo sublinhado por “Naquela época” e afinal falso samaritano, naquele derradeiro instante em que a
empregando a primeira pessoa do plural. Faça as adaptações bondade ainda poderia ter prevalecido, referimo-nos o
necessárias. oferecimento de lhe ficar a fazer companhia enquanto a mulher
não chegasse, quem sabe se o efeito da responsabilidade moral
resultante da confiança assim outorgada não teria inibido a
Exercício 119
tentação criminosa e feito vir ao de cima o que de luminoso e
(Fuvest 2018) Leia o texto.
nobre sempre será possível encontrar mesmo nas almas mais
perdidas.
Um tema frequente em culturas variadas é o do desafio à ordem
divina, a apropriação do fogo pelos mortais. Nos mitos gregos,
JOSÉ SARAMAGO
Prometeu é quem rouba o fogo dos deuses. Diz Vernant que
Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Prometeu representa no Olimpo uma vozinha de contestação,
espécie de movimento estudantil de maio de 1968. Zeus decide
esconder dos homens o fogo, antes disponível para todos,
(Uerj 2018) Observe a mudança de posição do advérbio afinal
mortais e imortais, na copa de certas árvores – os freixos –
nos enunciados a seguir:
porque Prometeu tentara tapeá-lo numa repartição da carne de
um touro entre deuses e homens.
1) Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego
tivesse aceitado o segundo oferecimento do afinal falso
samaritano, (ref. 2)
Na mitologia dos Yanomami, o dono do fogo era o jacaré, que
2) Quanto a nós, permitir-nos-emos pensar que se o cego
cuidadosamente o escondia dos outros, comendo taturanas
tivesse aceitado afinal o segundo oferecimento do falso
assadas com sua mulher sapo, sem que ninguém soubesse. Ao
samaritano.
resto do povo – animais que naquela época eram gente – eles só
davam as taturanas cruas. O jacaré costumava esconder o fogo na
Explique a diferença de sentido entre os enunciados, a partir da
boca. Os outros decidem fazer uma festa para fazê-lo rir e soltar
posição do advérbio. Justifique, ainda, a opção pela primeira
as chamas. Todos fazem coisas engraçadas, mas o jacaré fica
construção, tendo em vista a sequência dos acontecimentos.
firme, no máximo dá um sorrisinho.

Betty Mindlin, O fogo e as chamas dos mitos. Revista Estudos Exercício 121
Avançados. Adaptado. (Fuvest 2020)

a) O emprego do diminutivo nas palavras “vozinha” e “sorrisinho”,


consideradas no contexto, produz o mesmo efeito de sentido nos
dois casos? Justifique.
b) Reescreva o trecho “Os outros decidem fazer uma festa para
fazê-lo rir (...). Todos fazem coisas engraçadas”, substituindo o
verbo “fazer” por sinônimos adequados ao contexto em duas de
suas três ocorrências.

Exercício 120
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Ao oferecer-se para ajudar o cego, o homem que depois roubou o Quarenta e seis anos depois, a vietnamita que comoveu o mundo
carro não tinha em mira, nesse momento preciso, qualquer quer que sua foto contribua para a paz
intenção malévola, muito pelo contrário, o que ele fez não foi mais
que obedecer àqueles sentimentos de generosidade e altruísmo Só vi esse registro muito tempo depois. Passei 14 meses no
que são, como toda a gente sabe, duas das melhores hospital, tratando as queimaduras. Quando voltei para casa, meu
características do género humano, podendo ser encontradas até pai me mostrou a foto, recortada de um jornal vietnamita: “Aqui
em criminosos bem mais empedernidos do que este, simples está sua foto, Kim”. Olhei a foto e, meu Deus, como fiquei
1ladrãozeco de automóveis sem esperança de avanço na carreira, envergonhada! Como eu estava feia! E pelada! Todos estavam
explorado pelos verdadeiros donos do negócio, que esses é que vestidos, e eu, uma menina, estava sem roupa. Vi a agonia e dor
se vão aproveitando das necessidades de quem é pobre. (...) Foi em meu rosto. Fiquei com raiva. Por que ele tirou aquela foto de
só quando já estava perto da casa do cego que a ideia se lhe mim? Era melhor não ter tirado nenhuma! Eu era só uma criança,
apresentou com toda a naturalidade (...). Os cépticos acerca da
mas tinha de lidar com muita dor. Quanto mais famosa a imagem molambos de roupas pendentes. E eles negaceavam e pulavam,
ficava, mais eu precisava encarar minha tragédia. numa dança ligeira, de sorriso na boca e de faca na mão.
– Se entregue, mano velho, que eu não quero lhe matar...
Kim Phuc Phan Thi, em depoimento a Ruan de Sousa Gabriel, – Joga a faca fora, dá viva a Deus, e corre, seu Joãozinho Bem-
19/09/2018. Disponível em https://epoca.globo.com/. Bem...
– Mano velho! Agora é que tu vai dizer: quantos palmos é que
a) Justifique o emprego das sentenças exclamativas, explicitando tem, do calcanhar ao cotovelo!...
o motivo do espanto de Kim. – Se arrepende dos pecados, que senão vai sem contrição, e vai
b) A partir da expressão “minha tragédia”, que encerra o direitinho p’ra o inferno, meu parente seu Joãozinho Bem-Bem!...
depoimento, analise os dois níveis de apreensão do evento – Úi, estou morto...
trágico, considerando o momento do primeiro contato de Kim com
o registro fotográfico e o momento do testemunho. a) Nesse trecho, em que se narra a luta entre Nhô Augusto e seu
Joãozinho Bem-Bem, os combatentes, ao mesmo tempo em que
Exercício 122 se agridem, dispensam, um ao outro, um tratamento que
(Fuvest 2018) Leia o texto. demonstra estima e consideração. No âmbito dos valores que são
postos em jogo no conto, como se explica esse tratamento?
No Brasil colonial, o indissolúvel vínculo do matrimônio, tal como
b) No trecho, Nhô Augusto é designado como “o Homem do
ele era concebido pela Igreja Católica, nem sempre terminava
Jumento”. Considerando-se essa designação no intertexto
com a morte natural de um dos cônjuges. A crise do casamento
religioso, muito presente no conto, como se pode interpretá-la?
assumia várias formas: a clausura das mulheres, enquanto os
Justifique sua resposta.
maridos continuavam suas vidas; a separação ou a anulação do
matrimônio decretadas pela Igreja; a transgressão pela bigamia Exercício 125
ou mesmo pelo assassínio do cônjuge. (Fuvest 2017) Examine a seguinte citação:

Maria Beatriz Nizza da Silva, História da Família no Brasil É menor pecado elogiar um mau livro, sem lê-lo, do que depois
Colonial. Adaptado. de o haver lido. Por isso, agradeço imediatamente depois de
receber o volume.
Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha.
a) No texto, que ideia é sintetizada pela palavra “crise”?
b) Reescreva a oração “tal como ele era concebido pela Igreja
Católica”, empregando a voz ativa e fazendo as adaptações a) Explique por que o autor agradece “imediatamente depois de
necessárias. receber o volume”.
b) Levando em conta o contexto, reescreva duas vezes o trecho
Exercício 123 “sem lê-lo”, substituindo “sem” por “sem que”, na primeira vez, e
(Fuvest 2018) Examine a transcrição do depoimento de Eduardo por “mesmo não”, na segunda.
Koge, líder indígena de Tadarimana, MT.
Exercício 126
Nós vivemos aqui que nem gado. Tem a cerca e nós não podemos (Fuvest 2017) Leia o seguinte texto, extraído de uma matéria
sair dessa cerca. Tem que viver só do que tem dentro da cerca. É, jornalística sobre supercomputadores:
nós vivemos que nem boi no curral.
Paulo A. M. Isaac, Drama da educação escolar indígena Bóe- Supercomputadores são usados para cálculos de simulação
Bororo. pesada. Um exemplo recorrente do uso desse tipo de
equipamento é a de simulação climática: com quatrilhões por
segundo de processamento, torna-se possível que um
a) Nos trechos “Tem a cerca...” e “Tem que viver...”, o verbo “ter” computador tenha capacidade de calcular as oscilações
assume sentidos diferentes? Justifique. meteorológicas. Isso ajuda a prevenir desastres, ou a preparar
b) Reescreva, em um único período, os trechos “Nós vivemos aqui políticas de apoio à agricultura, se antecipando a cenários os mais
que nem gado” e “nós não podemos sair dessa cerca”, variados.
empregando discurso indireto. Comece o período conforme Evidentemente, há outros usos, como pesquisas científicas que
indicado na página de respostas. precisam também simular cenários, com uma ampla gama de
variáveis. Estudos militares e de desenvolvimento de tecnologia
também se beneficiam do poder computacional desse tipo de
Exercício 124 equipamento.
(Fuvest 2017) Leia o trecho do conto “A hora e vez de Augusto
Matraga”, de Sagarana, de João Guimarães Rosa, para responder
www.techtudo.com.br, 24.06.2016.
ao que se pede.

E aí o povo encheu a rua, à distância, para ver. Porque não havia


a) Reescreva o trecho “é a de simulação climática: com
mais balas, e seu Joãozinho Bem-Bem mais o Homem do Jumento
quatrilhões por segundo de processamento”, levando em conta a
tinham rodado cá para fora da casa, só em sangue e em
correção e a clareza. Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja
b) A palavra “cenários” (sublinhada no texto) foi empregada com traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor
o mesmo sentido em suas duas ocorrências? Justifique sua procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira,
resposta. aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada
pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para
Exercício 127 ficar mais próximo deste, um passo importante será dado.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando
A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e
serviço das moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do
Reino. Instalou nos alpendres roceiros a prensa de espremer “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de
mandioca ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.
a menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por exemplo,
efetuado em 1623, fala-se num sítio nas bandas do Ipiranga “com Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.
seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa
no dito sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa (Fuvest 2017) Tendo em vista que algumas das recomendações
proveniente do mandiocal também inventariado. Mas a farinha do autor, relativas à prática da tradução, fogem do senso comum,
não exigia somente a prensa – pedia, também, raladores, cochos pode-se qualificá-las com o seguinte termo, de uso relativamente
de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a casa de fazer recente:
farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha.

Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc. a) dubitativas.


b) contraintuitivas.
c) autocomplacentes.
(Fuvest 2017) Traduz corretamente uma relação espacial d) especulativas.
expressa no texto o que se encontra em: e) aleatórias.

Exercício 130
a) A prensa é paralela aos tipitis. Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja
b) A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros. traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor
c) As duas camarinhas são transversais à cozinha. procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira,
d) O alpendre é perpendicular às zonas de serviço. aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada
e) O mandiocal e o Ipiranga são equidistantes do sítio. pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para
ficar mais próximo deste, um passo importante será dado.
Exercício 128 Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando
A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e
serviço das moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do
Reino. Instalou nos alpendres roceiros a prensa de espremer “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de
mandioca ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.
a menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por exemplo,
efetuado em 1623, fala-se num sítio nas bandas do Ipiranga “com
Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.
seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa
no dito sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa
(Fuvest 2017) De acordo com o texto, a boa tradução precisa
proveniente do mandiocal também inventariado. Mas a farinha
não exigia somente a prensa – pedia, também, raladores, cochos
de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a casa de fazer a) evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto original.
farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha. b) desconsiderar as características da linguagem primeira para
poder atingir a língua de chegada.
Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc. c) desviar-se da norma-padrão tanto da língua original quanto da
língua de chegada.
(Fuvest 2017) Além de “tipitis”, constituem contribuição indígena d) privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das
para a língua portuguesa do Brasil as seguintes palavras peculiaridades do texto original.
empregadas no texto: e) buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao
texto original.
a) “cardápio” e “roceiros”.
b) “alpendre” e “fogão”. Exercício 131
c) “mandioca” e “Ipiranga”. Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja
d) “sítio” e “forno”. traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor
e) “prensa” e “quintal”. procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira,
aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada
Exercício 129 pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para
ficar mais próximo deste, um passo importante será dado.
Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando uma ponta de uma mola. Outra haste, logo abaixo do joelho,
o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e segura uma espécie de embreagem (...).
transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do
“escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de Fernando Reinach, www.estadao.com.br, 13/06/2015. Adaptado.
fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia. a) Transcreva o trecho do texto em que o autor explora, com fins
expressivos, o emprego de termos contraditórios, sublinhando-os.
(Fuvest 2017) O prefixo presente na palavra “transpostos” tem o b) Esse excerto provém de um artigo de divulgação científica.
mesmo sentido do prefixo que ocorre em Aponte duas características da linguagem nele empregada que o
diferenciam de um artigo científico especializado.

a) ultrapassado. Exercício 134


b) retrocedido. (Fuvest 2016) Leia este texto.
c) infracolocado.
d) percorrido. É conhecida a raridade de diários íntimos na sociedade
e) introvertido. escravocrata do Brasil colonial e imperial, em comparação com a
frequência com que surgem noutra sociedade do mesmo feitio, o
Exercício 132
velho Sul dos Estados Unidos. Gilberto Freire reparou na
(Fuvest 2016) Leia este texto.
diferença, atribuindo-a ao catolicismo do brasileiro e ao
protestantismo do americano: aquele podia recorrer ao
O tempo personalizou minha forma de falar com Deus, mas
confessionário, mas a este só restava o refúgio do papel. Esta é
sempre termino a conversa com um pai-nosso e uma ave-maria.
também a explicação que oferece Georges Gusdorf, na base de
(...)
uma comparação mais ampla dos textos autobiográficos
Metade da ave-maria é uma saudação floreada para, só no final,
produzidos nos países da Reforma e da Contrarreforma. Ao passo
pedir que ela rogue por nós. No pai-nosso, sempre será um
que no catolicismo o exame de consciência está tutelado na
mistério para mim o “mas” do “não nos deixeis cair em tentação,
confissão pela autoridade sacerdotal, no protestantismo, ele não
mas livrai-nos do mal”. Me parece que, a princípio, se o Pai não
está submetido à interposta pessoa.
nos deixa cair em tentação, já estará nos livrando do mal.

Evaldo C. de Mello, “Diários e ‘livros de assentos’”. In: Luiz Felipe


Denise Fraga, www1.folha.uol.com.br, 07/07/2015. Adaptado.
de Alencastro (org.),
História da vida privada no Brasil - 2.

a) Mantendo-se a relação de sentido existente entre os


segmentos “não nos deixeis cair em tentação” / “mas livrai-nos do
a) De acordo com o texto, em que grupo de países os diários
mal”, a conjunção “mas” poderia ser substituída pela conjunção e,
íntimos surgiam com maior frequência e por que isso ocorria?
de modo a dissipar o “mistério” a que se refere a autora?
b) A que expressões do texto se referem, respectivamente, os
Justifique.
termos sublinhados no trecho “ele não está submetido à
b) Sem alterar seu sentido, reescreva o trecho da oração citado
interposta pessoa”?
pela autora, colocando os verbos “deixeis” e “livrai” na terceira
pessoa do singular. Exercício 135
(Fuvest 2016) Um restaurante, cujo nome foi substituído por Y,
Exercício 133
divulgou, no ano de 2015, os seguintes anúncios:
(Fuvest 2016) Leia este texto.

Nosso andar é elegante e gracioso, e também extremamente


eficiente do ponto de vista energético. Somos capazes de andar
dezenas de quilômetros por quilo de feijão ingerido. Até agora,
nenhum sapato, nenhuma técnica especial de balançar os braços,
ou qualquer outro truque foram capazes de melhorar o número de
quilômetros caminhados por quilo de feijão consumido. Mas,
agora, depois de anos investigando o funcionamento de nossas
pernas, um grupo de cientistas construiu uma traquitana simples,
mas extremamente sofisticada, que é capaz de diminuir o a) Na redação do anúncio II, evitou-se um erro gramatical que
consumo de energia de uma caminhada em até 10% aparece no anúncio I. De que erro se trata? Explique.
Trata-se de um pequeno exoesqueleto que recobre nosso pé e b) Tendo em vista o caráter publicitário dos textos, com que
fica preso logo abaixo do joelho. Ele mimetiza o funcionamento finalidade foi usada, em ambos os anúncios, a forma “pra”, em
do tendão de Aquiles e dos músculos ligados ao tendão. Uma lugar de “para”?
haste na altura do tornozelo, a qual se projeta para trás, segura
Exercício 136
Texto para a(s) questão(ões) abaixo pessoal permitiram a expansão do número de residências que
possuíam televisão: em 1960, apenas 9,5% das residências
A ARMA DA PROPAGANDA urbanas tinham televisão; em 1970, a porcentagem chegava a
40% Por essa época, beneficiada pelo apoio do governo, de quem
O governo Médici não se limitou à repressão. Distinguiu se transformou em porta-voz, a TV Globo expandiu-se até se
claramente entre um setor significativo, mas minoritário da tornar rede nacional e 2alcançar praticamente o controle do setor.
sociedade, adversário do regime, e a massa da população que A propaganda governamental passou a ter um canal de
vivia um dia a dia de alguma esperança nesses anos de expressão como nunca existira na história do país. A promoção do
prosperidade econômica. A repressão 1acabou com o primeiro “Brasil grande potência” foi realizada a partir da Assessoria
setor, enquanto a propaganda encarregou-se de, pelo menos, Especial de Relações Públicas (AERP), criada no governo Costa e
neutralizar gradualmente o segundo. Para alcançar este último Silva, mas que não chegou a ter importância nesse governo. Foi a
objetivo, o governo contou com o grande avanço das época do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente,
telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de crédito Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do Mundo
pessoal permitiram a expansão do número de residências que de 1970.
possuíam televisão: em 1960, apenas 9,5% das residências
urbanas tinham televisão; em 1970, a porcentagem chegava a Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.
40% Por essa época, beneficiada pelo apoio do governo, de quem
se transformou em porta-voz, a TV Globo expandiu-se até se (Fuvest 2016) Nos trechos “acabou com o primeiro setor” (ref. 1)
tornar rede nacional e 2alcançar praticamente o controle do setor. e “alcançar praticamente o controle do setor” (ref. 2), a palavra
A propaganda governamental passou a ter um canal de sublinhada refere-se, respectivamente, a
expressão como nunca existira na história do país. A promoção do
a) aliados; população.
“Brasil grande potência” foi realizada a partir da Assessoria
b) adversários; telecomunicações.
Especial de Relações Públicas (AERP), criada no governo Costa e
c) população; residências urbanas.
Silva, mas que não chegou a ter importância nesse governo. Foi a
d) maiorias; classe média.
época do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente,
e) repressão; facilidades de crédito.
Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do Mundo
de 1970. Exercício 138
A ARMA DA PROPAGANDA
Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.
O governo Médici não se limitou à repressão. Distinguiu
claramente entre um setor significativo, mas minoritário da
(Fuvest 2016) A frase que expressa uma ideia contida no texto sociedade, adversário do regime, e a massa da população que
é: vivia um dia a dia de alguma esperança nesses anos de
prosperidade econômica. A repressão 1acabou com o primeiro

a) A marchinha “Prá Frente, Brasil” também contribuiu para o setor, enquanto a propaganda encarregou-se de, pelo menos,
processo de neutralização da grande massa da população. neutralizar gradualmente o segundo. Para alcançar este último

b) A repressão no Governo Médici foi dirigida a um setor que, objetivo, o governo contou com o grande avanço das
além de minoritário, era também irrelevante no conjunto da telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de crédito

sociedade brasileira. pessoal permitiram a expansão do número de residências que


c) O tricampeonato de futebol conquistado pelo Brasil em 1970 possuíam televisão: em 1960, apenas 9,5% das residências

ajudou a mascarar inúmeras dificuldades econômicas daquele urbanas tinham televisão; em 1970, a porcentagem chegava a
período. 40% Por essa época, beneficiada pelo apoio do governo, de quem

d) Uma característica do governo Médici foi ter conseguido levar a se transformou em porta-voz, a TV Globo expandiu-se até se
televisão à maioria dos lares brasileiros. tornar rede nacional e 2alcançar praticamente o controle do setor.

e) A TV Globo foi criada para ser um veículo de divulgação das A propaganda governamental passou a ter um canal de
realizações dos governos militares. expressão como nunca existira na história do país. A promoção do
“Brasil grande potência” foi realizada a partir da Assessoria
Exercício 137 Especial de Relações Públicas (AERP), criada no governo Costa e
A ARMA DA PROPAGANDA Silva, mas que não chegou a ter importância nesse governo. Foi a
época do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente,
O governo Médici não se limitou à repressão. Distinguiu Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do Mundo
claramente entre um setor significativo, mas minoritário da de 1970.
sociedade, adversário do regime, e a massa da população que
vivia um dia a dia de alguma esperança nesses anos de Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.
prosperidade econômica. A repressão 1acabou com o primeiro
setor, enquanto a propaganda encarregou-se de, pelo menos,
neutralizar gradualmente o segundo. Para alcançar este último
objetivo, o governo contou com o grande avanço das (Fuvest 2016) A estratégia de dominação empregada pelo
telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de crédito governo Médici, tal como descrita no texto, assemelha-se,
sobretudo, à seguinte recomendação feita ao príncipe – ou ao
governante – por um célebre pensador da política:

a) “Deve o príncipe fazer-se temer, de maneira que, se não se fizer


amado, pelo menos evite o ódio, pois é fácil ser ao mesmo tempo
temido e não odiado”.
b) “O mal que se tiver que fazer, deve o príncipe fazê-lo de uma
só vez; o bem, deve fazê-lo aos poucos (...)”.
c) “Não se pode deixar ao tempo o encargo de resolver todas as
coisas, pois o tempo tudo leva adiante e pode transformar o bem
em mal e o mal em bem”.
d) “Engana-se quem acredita que novos benefícios podem fazer
as grandes personagens esquecerem as antigas injúrias (...)”.
e) “Deve o príncipe, sobretudo, não tocar na propriedade alheia,
porque os homens esquecem mais depressa a morte do pai que a
perda do patrimônio”.

Exercício 139
Examine este anúncio de uma instituição financeira, cujo nome foi
substituído por X, para responder às questões a seguir.

(Fuvest 2016) Com base na parte escrita do anúncio, responda.

a) Qual é a relação temporal que se estabelece entre os verbos


“conhecer”, “oferecer”, “proporcionar” e “alcançar”? Explique.
b) Complete a frase abaixo, flexionando de forma adequada os
verbos “oferecer”, “proporcionar” e “alcançar”.

Conhecer profundamente os negócios de nossos clientes é só o


primeiro passo que permite que __________ sempre respostas
mais rápidas, __________ decisões mais assertivas e __________
melhores resultados.

Exercício 141
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões)

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a


cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu
de vacinas? Era um pobre deus das florestas d’África. Um deus
(Fuvest 2016) Compare os diversos elementos que compõem o
dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga
anúncio e atenda ao que se pede.
desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer
foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e
a) Considerando o contexto do anúncio, existe alguma relação de
tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu
sentido entre a imagem e o slogan “É DIFERENTE QUANDO
dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o 1lazareto. Omolu
VOCÊ CONHECE”? Explique.
só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto
b) A inclusão, no anúncio, dos ícones e algarismos que precedem
é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a
o texto escrito tem alguma finalidade comunicativa? Explique.
bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão.
Exercício 140 Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam
Examine este anúncio de uma instituição financeira, cujo nome foi tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros,
substituído por X, para responder às questões a seguir. os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

Ele é mesmo nosso pai


e é quem pode nos ajudar...
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o 3. Esse artigo especifica matérias sobre as quais o Congresso
esqueçam avisa no seu cântico de despedida: Nacional pode dispor sem necessidade de apreciação pelo
Presidente da República.
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá... Está/Estão de acordo com o disposto no artigo 48:

a) a afirmativa 1 apenas.
E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa
b) a afirmativa 2 apenas.
noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste
c) as afirmativas 1 e 2 apenas.
Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro. A bexiga foi com ele.
d) as afirmativas 2 e 3 apenas.
e) as afirmativas 1, 2 e 3.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
Exercício 143
(Ufpr 2020)
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de pessoas O jogo do salário mínimo
atingidas por determinadas doenças. [...] Em menos de trinta minutos, dois times centenários do futebol
carioca, Bonsucesso e Olaria, vão se enfrentar num jogo-treino,
na preparação para a disputa da segunda divisão do campeonato
(Fuvest 2016) Das propostas de substituição para os trechos do Rio.
sublinhados nas seguintes frases do texto, a única que faz, de ¹Na arena vazia, os jogadores vivem a desigualdade salarial do
maneira adequada, a correção de um erro gramatical presente no futebol brasileiro. Na esperança de chegar a um clube grande, os
discurso do narrador é: 22 atletas em campo correm no estádio em troca de um salário

a) “Assim mesmo morrera negro, morrera pobre.”: havia morrido mínimo (998 reais) na carteira assinada – ²isso quando não há
negro, havia morrido pobre. atraso no pagamento. Juntos, ganham cerca de 22 mil reais –

b) “Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara.”: Omolu menos de 2% do salário mensal de uma estrela como o atacante
dizia, no entanto, que não fora. Gabriel Barbosa, o Gabigol, do Flamengo. Longe do ³glamour dos

c) “Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não estádios padrão Fifa, os 22 em campo no chamado Clássico da
sabiam tampouco da vacina.”: mas tão pouco sabiam da vacina. Leopoldina, ⁴em referência à antiga linha de trem, são um retrato

d) “Mas para que seus filhos negros não o esqueçam [...].”: não lhe do precário mercado de trabalho da bola no Brasil.
esqueçam. Levantamento do antigo Ministério do Trabalho revela que a

e) “E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas [...].”: maioria (54%) dos jogadores de futebol do país empregados em
2017 recebia até três salários mínimos (2.811 reais). Os dados
numa noite em que os atabaques.
constam da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de
Exercício 142 2017.
(Ufpr 2020) Na Seção II (Das Atribuições do Congresso [...]
Nacional), que integra o Título IV (Da Organização dos Poderes), A estatística do antigo Ministério do Trabalho é o único
da Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, o artigo levantamento que tenta mapear os salários no futebol brasileiro.
48 traz a seguinte redação em seu caput: ⁵A CBF fazia uma pesquisa parecida, mas deixou de publicar por
causa das distorções criadas pelos contratos de direito de
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente imagem. Segundo a última edição do trabalho da entidade que
da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, comanda o futebol nacional, mais de 80% dos jogadores de
51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, futebol ganhavam até 1 mil reais por mês em 2016. ⁶Sem citar
especialmente sobre: nomes, a CBF informou que apenas um jogador recebia mais de
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; 500 mil reais, mas o número estava longe da realidade, e o
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, mesmo se pode dizer dos dados da RAIS. O salário em carteira é
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; só uma parte do que os atletas recebem, pois o principal vem dos
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; direitos de imagem e patrocínios.
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de Mas essa é uma realidade dos clubes grandes. Em clubes como
desenvolvimento; Bonsucesso e Olaria, não há direitos de imagem, já que não há
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marinho e bens imagem a ser vendida. Os patrocinadores estão mais para
do domínio da União; [...] pequenos comerciantes locais do que para grandes financiadores
do futebol.
Com base no caput desse artigo, considere as seguintes (Sérgio Rangel. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/o-
afirmativas: jogo-do-salario-minimo/. 31/05/2019.)
1. A sanção do Presidente da República às matérias de Com base no texto de Rangel, considere as seguintes afirmativas:
competência da União, especificadas nesse artigo, deve ser 1. Em “Os patrocinadores estão mais para pequenos
entendida como o veto presidencial. comerciantes locais do que para grandes financiadores do
2. O Congresso Nacional pode dispor sobre matérias de futebol”, temos uma relação de contraposição.
competência da União, como as especificadas nos incisos do art. 2. Os baixos salários, somados aos atrasos nos pagamentos, são
48, condicionado à apreciação do Presidente da República. aspectos da precariedade do mercado da bola no Brasil.
3. Os dados salariais dos jogadores brasileiros, apontados pela Maneiras’, ‘O Animal Cordial’ e ‘Benzinho’). Da agitação e
RAIS, apresentam distorções porque a maioria dos jogadores cacofonia dessa primeira parte do filme, Muritiba vai, na segunda
recebem até três salários mínimos por mês, enquanto outros metade, para um estilo oposto: com atenção e reflexão,
recebem até quinhentos mil reais por mês. acompanha o sofrimento de Renet (o também muito bom
4. A ausência de comercialização de imagens de jogadores de Giovanni de Lorenzi) com as consequências do episódio que
clubes como Bonsucesso e Olaria decorre do fato de esses afetou Tati. Aqui, duas visões morais muito distintas se opõem: a
jogadores não terem direitos de imagem como o jogador Gabigol, do pai (Enrique Diaz), que quer poupar Renet, e a da mãe (a
por exemplo. calorosa Clarissa Kiste), que quer obrigá-lo a enfrentar os fatos.
Maduro, lúcido, muito bem escrito e filmado, ‘Ferrugem’ está na
Assinale a alternativa correta. comissão de frente dos possíveis indicados do Brasil ao Oscar do
ano que vem.
a) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
(Disponível em: <https://veja.abril.com.br/tveja/em-
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
cartaz/ferrugem-um-otimo-nacional-encara-o-cyberbullying/>.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Acesso em 31/08/2018.)
d) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
As expressões ‘equipamento emocional’ e ‘ostracismo social’, no
e) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
segundo parágrafo, podem ser interpretadas, segundo o contexto
Exercício 144 de ocorrência, respectivamente, como:
(Ufpr 2019) Assinale a alternativa corretamente pontuada.
a) objeto que regula emoções – exílio.
a) A técnica de Mourou e Strickland criada em 1985, e conhecida b) capacidade de sentir emoções – exclusão.
como: amplificação de pulso com varredura em frequência – CPA, c) experiência – falta de exposição.
por sua sigla em inglês, tornou-se muito rapidamente a d) maturidade – isolamento.
ferramenta-padrão para obter lasers de alta intensidade, e) malícia – incapacidade de se expressar.
utilizados, desde então, em milhões de cirurgias do olho.
Exercício 146
b) A técnica de Mourou e Strickland, criada em 1985, e conhecida
(Ufpr 2016)
como amplificação de pulso com varredura em frequência (CPA,
Outras razões para a pauta negativa
por sua sigla em inglês); tornou-se muito rapidamente, a
Venício A. Lima
ferramenta-padrão para obter lasers de alta intensidade
O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana,
utilizados desde então em milhões de cirurgias do olho.
notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais,
c) A técnica de Mourou e Strickland criada em 1985 e conhecida
informa, na edição de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por
como amplificação de pulso com varredura em frequência, (CPA,
grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação
por sua sigla em inglês), tornou-se muito rapidamente a
(DCC) em torno da “análise de sentimento”, que relaciona o
ferramenta-padrão, para obter lasers de alta intensidade
sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva.
utilizados desde então, em milhões de cirurgias do olho.
Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-
d) A técnica de Mourou e Strickland, criada em 1985 e conhecida
UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907
como amplificação de pulso com varredura em frequência – CPA,
manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais
por sua sigla em inglês – tornou-se muito rapidamente, a
ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC,
ferramenta-padrão para: obter lasers de alta intensidade
Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco
utilizados desde então em milhões de cirurgias do olho.
grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e
e) A técnica de Mourou e Strickland, criada em 1985 e conhecida
tecnologia, esportes e mundo. As conclusões da pesquisa são
como amplificação de pulso com varredura em frequência (CPA,
preciosas.
por sua sigla em inglês), tornou-se muito rapidamente a
Cerca de 70% das notícias diárias estão relacionadas a fatos que
ferramenta-padrão para obter lasers de alta intensidade,
geram “sentimentos negativos” – tais como catástrofes, acidentes,
utilizados desde então em milhões de cirurgias do olho.
doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram
Exercício 145 relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala
(Ufpr 2019) de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-
‘Ferrugem’: um ótimo nacional encara o cyberbullying se que o sucesso de uma notícia, vale dizer, o número de vezes
Um celular perdido, um vídeo viralizado, e Tati, de 16 anos, se vê em que é “clicada” pelo eventual leitor está fortemente vinculado
no meio de um furacão que abalaria qualquer um – e muito mais a esses “sentimentos” e que os dois extremos – negativo e
uma menina a quem ainda falta o equipamento emocional para positivo – são os mais “clicados”. As manchetes negativas,
lidar com uma situação tão drástica de exposição da intimidade e todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores.
de ostracismo social. Os amigos e amigas vão caindo fora; com os Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites
pais, ela não consegue falar. Renet, o garoto com quem ela internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos
começava a engatar um flerte quando tudo começou, dá as costas pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a
a ela. E Tati, interpretada pela ótima novata Tiffanny Dopke, de predominância do “jornalismo do vale de lágrimas” na grande
fisionomia suave e jeitinho cativante, sucumbe à pressão. mídia brasileira.
‘Ferrugem’, do diretor Aly Muritiba, é um dos pontos altos de uma Para além da partidarização seletiva das notícias, parece haver
safra surpreendentemente boa do cinema nacional nos últimos também uma importante estratégia de sobrevivência empresarial
meses (completada ainda por ‘Aos Teus Olhos’, ‘As Boas influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais
exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se cego em que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao
transformando em incansáveis noticiários diários de crises, mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não deixa de ser o
crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. tema deste livro, que talvez possa interessar a quem esteja
Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram disposto a lê-lo independentemente de conhecer o futebol ou de
sentimentos negativos. Mais do que isso: os âncoras dos ser ou não “intelectual”.
telejornais, além das notícias negativas, se encarregam de Não é incomum, também, que intelectuais vivam intensamente o
editorializar, fazer comentários, invariavelmente críticos e futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a
pessimistas, reforçando, para além da notícia, exatamente seus admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois
aspectos e consequências funestos. personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar
Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notícia ruim numa pessoa só. [...]
e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode (José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil.
ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse São Paulo: Companhia das Letras, 2008.)
tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um
inexorável “vale de lágrimas” mediavalesco. “Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no
Adaptado de <http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de- começo podem se encontrar numa pessoa só”. Com isso, o autor
ebates/outras-razoes-para-a-pauta-negativa/>. Acesso em 19 reconhece que:
mai. 2015. 1. é desejável pensar o esporte por outro viés que não seja
aquele permeado por admiração e paixão.
Considere as seguintes sentenças retiradas do texto e assinale a 2. admitir o futebol na ordem do pensamento significa fazer do
alternativa em que a expressão verbal grifada concorda com um torcedor apaixonado uma pessoa capaz de refletir sobre seus
sujeito posposto. pontos positivos e negativos.
3. há intelectuais que, mesmo não admitindo que possam haver
a) Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-
abordagens intelectualizadas do futebol, são torcedores
UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907
fervorosos.
manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais
4. o torcedor apaixonado é aquele que prefere pensar o futebol
ao longo de oito meses de 2014.
na sua expressão cultural e, portanto, é o que congrega as
b) As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem
características de leitor preferencial do livro.
maior interesse dos leitores.
c) Os principais telejornais exibidos na televisão brasileira, por
Assinale a alternativa correta.
exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários
diários de crises. a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
d) Mais do que isso: os âncoras dos telejornais, além das notícias b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentários, c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
invariavelmente críticos e pessimistas. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
e) Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos
pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a Exercício 148
(Ufpr 2017) Livro e futebol
predominância do “jornalismo do vale de lágrimas” na grande
mídia brasileira. O leitor a quem se dirige esse livro não é evidente: em geral,
quem vive o futebol não está interessado em ler sobre ele mais
Exercício 147 do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros
(Ufpr 2017) Livro e futebol e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre
O leitor a quem se dirige esse livro não é evidente: em geral, Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva é
quem vive o futebol não está interessado em ler sobre ele mais desdenhada pelos sociólogos e menosprezada pelos envolvidos
do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros com o esporte. A observação pode valer também para ensaios
e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre como este aqui, embora ele não seja do gênero sociológico. No
Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva é limite, a onipresença do jogo de bola soa abusiva e irrelevante
desdenhada pelos sociólogos e menosprezada pelos envolvidos para quem acompanha a discussão cultural. Assim, mais do que
com o esporte. A observação pode valer também para ensaios um desconhecimento recíproco entre as partes, pode-se falar, de
como este aqui, embora ele não seja do gênero sociológico. No fato, de uma dupla resistência. Viver o futebol dispensa pensá-lo,
limite, a onipresença do jogo de bola soa abusiva e irrelevante e, em grande parte, é essa dispensa que se procura nele. Os
para quem acompanha a discussão cultural. Assim, mais do que pensadores, por sua vez, à esquerda ou à direita, na meia ou no
um desconhecimento recíproco entre as partes, pode-se falar, de centro, têm muitas vezes uma reserva contra os componentes
fato, de uma dupla resistência. Viver o futebol dispensa pensá-lo, anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a
e, em grande parte, é essa dispensa que se procura nele. Os endossá-los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro.
pensadores, por sua vez, à esquerda ou à direita, na meia ou no Tudo isso, por si só, já daria um belo assunto: o futebol como o nó
centro, têm muitas vezes uma reserva contra os componentes cego em que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao
anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não deixa de ser o
endossá-los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro. tema deste livro, que talvez possa interessar a quem esteja
Tudo isso, por si só, já daria um belo assunto: o futebol como o nó
disposto a lê-lo independentemente de conhecer o futebol ou de podem resultar de passados diferentes. Essa constatação pode
ser ou não “intelectual”. ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história.
Não é incomum, também, que intelectuais vivam intensamente o Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema
futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares –
admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a
personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus
numa pessoa só. [...] habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos
(José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil. sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que
São Paulo: Companhia das Letras, 2008.) completam uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos
de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e
O autor inicia o texto dizendo que o leitor de seu livro não é quase sete vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso
evidente, porque o tema por ele tratado, o futebol, é abordado de sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se
maneira incomum. Tendo isso em vista, considere as seguintes enquadram Terra, Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais
afirmativas: bem raros do que imaginávamos a princípio.
1. Os apaixonados pelo futebol anseiam há muito por uma A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo
abordagem sociológica do esporte. menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento de
2. Pensar o futebol do ponto de vista intelectual é algo muito sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas
comum num país em que esse esporte é o mais apreciado, e é teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual
esse tratamento que predomina hoje em jornais e revistas. configuração. ²Isso implica responder perguntas tais como
3. O livro aborda o futebol do ponto de vista cultural, intelectual, quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas
distanciando-se do tratamento do senso comum que impera em órbitas em que estão hoje, de que forma os planetas rochosos
jornais e revistas. surgiram etc.
4. Viver e pensar o futebol são coisas diferentes e independentes, Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram
mas é possível uma abordagem intelectual que agrade os dois formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam
tipos de espectador. consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o
Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na
Assinale a alternativa correta. comunidade astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da
cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra
a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
e, em última instância, da vida por aqui. [...]
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
(Paulo Nogueira, editorial de Scientific American – Brasil – nº 168,
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
junho 2016.)
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
“Isso” (ref. 2) se refere:
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
a) ao florescimento da busca de planetas extrassolares.
Exercício 149 b) a gigantes feitos de gás, alguns chegando a possuir mais de
(Ufpr 2017) seis vezes a massa e quase sete vezes o raio de Júpiter.
A épica narrativa de nosso caminho até aqui c) à formulação de novas teorias para explicar como o Sistema
Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela Solar adquiriu sua configuração atual.
experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos d) à constatação de que somos quase um ponto fora da curva.
depararmos com uma realidade diferente ¹daquela em que
e) ao nosso atual estágio de conhecimento de sistemas
estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de planetários.
alerta: deve haver uma razão, um motivo, para que as coisas
funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só

GABARITO
a) I, III e IV
Exercício 1
Exercício 4
e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em
“de modo que o que parecia uma desgraça...”. c) Um realismo que parta do real cotidiano para compreender
a realidade, cuidando de tomar certo distanciamento da
Exercício 2 matéria para não tomá-la de forma demasiado personalista.
d) curiosidade e satisfação.
Exercício 5
Exercício 3
d) menospreza o uso do termo “maratonar” relacionado a um Exercício 21
estilo de vida sedentário, antagônico a maratona.
c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu
Exercício 6 estatuto.

d) incorruptível. Exercício 22

Exercício 7 a) refere-se ao presente do personagem, em que não há


diversão.
b) podem ocasionar prejuízos à saúde do ser humano.
Exercício 23
Exercício 8
d) É um termo proposto fora do contexto da internet, sendo
b) examinar práticas que visem à melhoria das condições de uma analogia ao conceito biológico de gene, em alusão à sua
ensino do país. capacidade de se propagar de um indivíduo para outro.

Exercício 9 Exercício 24
b) por ser experiente em mentiras, Pinóquio seria um bom a) Difusão cultural, sendo capaz de se propagar entre as
consultor para a criação de fake news.
pessoas.
Exercício 10 Exercício 25
b) fonte de conhecimentos. d) problematiza a organização social e seu impacto na

Exercício 11 mudança de hábitos dos indivíduos.

b) existência de desigualdade entre homens e mulheres no Exercício 26


mercado de trabalho. a) disseminarem uma modalidade, promovendo a igualdade de

Exercício 12 gênero.

e) simbolizar a necessidade de adesão à causa dos refugiados. Exercício 27

d) combate corporal intencional com ações regulamentadas


Exercício 13 entre os oponentes.

d) egoísta e violenta. Exercício 28

Exercício 14 b) inter-relação entre dois gêneros musicais brasileiros.

c) Os momentos em família são de mera presença física. Exercício 29

Exercício 15 a) distorção da experiência do ser-atleta para os espectadores.

b) os anseios comunitários de justiça social.


Exercício 30
Exercício 16
e) desrespeito à intimidade das crianças cujas imagens têm
a) traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da sido divulgadas nas redes sociais.
sensação de incomunicabilidade com uma realidade
indiferente à sua poesia. Exercício 31

Exercício 17 e) contrastam com as condições de vida proporcionadas pelo


País.
d) a postura, insistente, difundida entre os brasileiros que não
reconhecem a tolerância como conduta a ser praticada. Exercício 32

Exercício 18 d) trata as redes sociais como modo de agregar e empoderar


grupos de pessoas, que se unem em prol de causas próprias
b) dificuldade de aceitação do que é considerado, entre ou de mudanças sociais.
membros do grupo, inumano.
Exercício 33
Exercício 19
a) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum.
b) O problema da fome, que avilta a dignidade humana.
Exercício 34
Exercício 20
d) comercialização de pontos de vista.
a) desvela sentimentos de vazio e angústia sob a aparente
austeridade. Exercício 35

a) da quebra de expectativa gerada pela polissemia.


Exercício 36 Exercício 53

b) antonímica, que se estabelece contextualmente entre as c) “— Espere aí, seu patife, vais virar um belo bife.” (referência
palavras “muros” e “pontes”. 17)

Exercício 37 Exercício 54

d) continuidade de um processo. e) ampliar as possibilidades de leitura do texto.

Exercício 38 Exercício 55

a) “O carro furou o pneu”. e) comparação.

Exercício 39 Exercício 56

d) diminuir alguma coisa, ao passo que na linguagem d) inibição.


matemática é sinônimo de converter.
Exercício 57
Exercício 40
d) Uso das palavras “te” e “você” num mesmo texto,
c) [...] até onde era possível saber, não tinha nenhum misturando as pessoas verbais.
confidente no mundinho acadêmico. (p. 51).
Exercício 58
Exercício 41
d) Em “[...] seres humanos têm maior probabilidade de adotar
c) atribuir maior valor aos metais, objeto da reportagem. determinados comportamentos porque seus amigos, colegas
de trabalho e vizinhos já o adotam”, há um erro de
Exercício 42 concordância nominal.
d) refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2).
Exercício 59
Exercício 43 e) marca a ideia de oposição em relação à ideia de sofrimento
b) todavia. na infância de Carolina Maria de Jesus.

Exercício 44 Exercício 60

b) de verbos no imperativo. e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em


“de modo que o que parecia uma desgraça...”.
Exercício 45
Exercício 61
c) O emprego do pronome “esta” (referência 3) e “este”
(referência 4) demonstra que a língua e o vinho estão a) da quebra de expectativa gerada pela polissemia.
próximos do locutor.
Exercício 62
Exercício 46 a) “deleitura” e “namorido”.
c) composição por aglutinação.
Exercício 63
Exercício 47 a) A desigualdade está escrita nas linhas de trens e ressoa nos
d) admiração. versos de Solano Trindade: onomatopeia.

Exercício 48 Exercício 64

b) sabedoria. b) II, III e IV apenas.

Exercício 49 Exercício 65

a) tolices a) As expressões “terças-feiras cinzentas” e “manhãs de


domingo” não têm sentido próprio, por isso podem se
Exercício 50 converter uma em outra, conforme sugerido nos versos do
c) Têm sido praticadas atividades físicas? Mudaram hábitos poema.
alimentares?
Exercício 66
Exercício 51 d) complacência; invenção; bobo; cega.
a) “e está sendo implantado ou avaliado por Alagoas, Amapá,
Exercício 67
Espírito Santo e São Paulo” (3º parágrafo).
e) atende a situações concretas.
Exercício 52
Exercício 68
e) “Tratara com respeito a comunidade”.
A) F – F – V – V – F. b) 5 – 1 – 4 – 2 – 3

Exercício 69 Exercício 85

a) faixa etária. b) I - V

Exercício 70 Exercício 86

d) memória afetiva remodelada pela perspectiva do narrador. d) o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra
“amora”.

Exercício 71 Exercício 87

b) explicita o preconceito, valendo-se de “amostrado” e b) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
“exibido” para distinguir dois grupos de jovens do mesmo
bairro. Exercício 88

e) Está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em


Exercício 72
“fazê‐los” (ref. 2).
a) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.
Exercício 89
Exercício 73
b) usada em algumas modalidades esportivas.
d) Apenas I e II.
Exercício 90
Exercício 74
e) está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção
d) Plantar equivale no poema à tarefa de abrir mão do dos referentes.
presente em benefício do futuro.
Exercício 91
Exercício 75
b) utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos
b) V – F – F – V. variados.

Exercício 76 Exercício 92

b) causa e consequência. e) utilização da imagem das três mulheres.

Exercício 77 Exercício 93

d) I, II e III. b) A descrição dos fatos com verbos no presente do indicativo,


como “retorna” e “descobre”.
Exercício 78
Exercício 94
e) a polissemia de um termo provocou ambiguidade no texto, o
que levou o personagem a uma interpretação equivocada b) uma informação implícita.
sobre o que poderia ser feito com a camisa.
Exercício 95
Exercício 79
b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras
c) explicação. empregadas em contextos formais.

Exercício 80 Exercício 96

d) problematiza a organização social e seu impacto na a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
mudança de hábitos dos indivíduos.
Exercício 97
Exercício 81
c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência.
d) diminuir alguma coisa, ao passo que na linguagem
Exercício 98
matemática é sinônimo de converter.
c) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.
Exercício 82

b) metáfora de que as mulheres precisam defender-se do Exercício 99

assédio masculino. a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a quebra


da expectativa ao final.
Exercício 83

e) forma de organização social. Exercício 100

b) estivais - etária - pueril - fluviais - fraternos


Exercício 84
Exercício 101 uma fita onde liam-se estas palavras: — A meu marido” (em
primeiro lugar, não há verbo que solicite a presença da
d) Quebra-cabeças; más-línguas; sextas-feiras.
preposição “a” combinada com a preposição “onde”; em
Exercício 102 seguida, a voz passiva sintética a partir de verbo transitivo
direto, caso de “ler”, implica concordância com o sujeito – no
b) Em “Gosto de palavras com “V”, como Svengali, avesso,
caso, “estas palavras”).
bravura, nota-se a presença do efeito da aliteração, também
usado em poesia.
b) Em “Iaiá foi com o marido ao cemitério”, a preposição “com”
Exercício 103 indica companhia; já em “Iaiá beijou com ardor a singela
dedicatória”, a mesma preposição tem valor de modo.
e) tempo e causa.
Exercício 116
Exercício 104

d) refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2). a) O termo verbal “jorrava” foi usado em sentido figurado,

Exercício 105 emprestando noção conotativa de grande intensidade ao fluxo


da multidão que saía das portas da Central, configurando,
b) No segundo verso, “que a pena não quer escrever”, a forma assim, uma hipérbole: ênfase expressiva resultante do exagero
verbal apropriada, para o racionalismo que o poema defende, da significação linguística. Já na expressão “honesta pressa” o
seria “quis escrever”. narrador utiliza a personificação para atribuir qualidades
humanas, a honestidade, a seres inanimados, como a pressa.
Exercício 106

a) primeiro – saída – tragédia – consegui. b) Na ordem direta, o trecho “lembrava-se que nem mesmo o
nome delas sabia pronunciar” (2º parágrafo) apresenta a
Exercício 107
seguinte redação: lembrava-se de que nem mesmo sabia
e) O signo linguístico não necessita, para sua existência, de um pronunciar o nome delas.
caráter motivado.
Exercício 117
Exercício 108
a) No segmento “Mas poderei dizer-vos que elas ousam?”, o
c) presídio - lazer - execução uso do pronome pessoal oblíquo em segunda pessoa do
plural, “vos”, indica que o eu lírico se dirige ao interlocutor, no
Exercício 109 caso, o próprio leitor do poema, enquanto que o pronome
d) A visualização da trajetória do projétil só seria possível à pessoal reto, “elas”, se refere a “meninas sérias”, mencionadas
noite. no próprio título do poema.

Exercício 110 b) Por meio da partícula “Ou”, o poema estabelece uma


a) As palavras derrocada e professora têm o mesmo número alternativa entre duas situações: a ousadia e a ação de “lustrar
de sílabas. pecados”. A primeira (“que elas ousam? “) sugere o desejo de
ruptura com a moral e o senso comum do contexto social em
Exercício 111 que as meninas vivem. A segunda, “lustrar pecados”, implica

e) os termos ‘mais’ e ‘diretamente’ são advérbios, de um comportamento revelador de paixões que não podem ser
intensidade e de modo, respectivamente. expostas publicamente por estarem carregadas de culpas,
associadas à noção religiosa do pecado.
Exercício 112

a) “O carro furou o pneu”. Exercício 118

Exercício 113 a) Segundo Rubem Alves, a poesia resulta da intensificação da


sensibilidade que estimula a percepção de tudo que nos
a) O título do texto apresenta verbos no modo imperativo.
rodeia, de maneira a conferir novos significados aos seres e
Exercício 114 objetos: “Os poetas ensinam a ver".
b) Substituindo o termo sublinhado por “Naquela época” e
a) Trata-se de verbo impessoal, isto é, que não tem sujeito.
empregando a primeira pessoa do plural, a frase poderia
Exercício 115 apresentar as seguintes configurações: Naquela época, tudo o
que vimos nos causou espanto. Ou, naquela época, tudo o que
a) As duas passagens são: “afim de depositar na sepultura do víamos nos causava espanto.
pai uma coroa de saudades” e “...com uma fita aonde lia-se
estas palavras: — A meu marido”.
Suas correções são, respectivamente: “a fim de depositar na Exercício 119
sepultura do pai uma coroa de saudades” (a locução conjuntiva
final não pode ser confundida com o adjetivo “afim”) e “...com
a) Não, o emprego do diminutivo nas palavras “vozinha” e a) Quando seu Joãozinho Bem-Bem e seus jagunços passam
“sorrisinho” não produz o mesmo efeito de sentido nos dois pelos arredores do Tombador, Nhô Augusto oferece-lhes
casos. Enquanto que, na primeira ocorrência, o diminutivo alimentação e estadia, e logo se torna amigo do cangaceiro.
pretende diminuir a atitude contestatória de Prometeu, na No entanto, Augusto estava determinado a ser um homem de
segunda, confere ironia ao comportamento do jacaré. bem e, por isso, não poderia permitir as malfeitorias de seu
b) Substituindo o verbo “fazer” por sinônimos adequados ao Joãozinho Bem-Bem. Assim, luta contra o amigo e encontra,
contexto, os trechos poderiam apresentar as seguintes nessa morte heroica, sua redenção.
configurações: os outros decidem realizar (preparar) uma festa b) Quando Nhô Augusto é resgatado pela mãe Quitéria e o pai
para provocar-lhe o riso (...). Todos praticam (elaboram) coisas Serapião, após ser quase morto pelos capangas do Major
engraçadas”. Consilva, passa por um processo cristão de arrependimento e
regeneração. Logo, o povo da região o considera um homem
“santo”, pois passa a trabalhar para si e para os outros e a
Exercício 120 praticar o bem.
No primeiro enunciado, o advérbio “afinal” está relacionado à Em determinado momento da narrativa, quando busca a sua
expressão “falso samaritano”, modificando-a. Assim, oportunidade de redenção, deixa-se guiar por um jumento, que
compreende-se que, de início, não era possível chamá-lo de o leva ao encontro do seu destino. Pelo simbolismo religioso
“falso samaritano”, mas, após concluir o roubo, esta presente no conto, é possível estabelecer um paralelo com a
nomenclatura passa a ser adequada. Ou seja: torna-se afinal imagem de Jesus Cristo entrando em Jerusalém.
falso samaritano, reforçando a opinião do narrador de que
antes o ladrão não tinha em mente intenções maléficas,
Exercício 125
apenas sentimentos de generosidade, mas acabou mudando
de ideia posteriormente. a) O autor agradece “imediatamente depois de receber o
No segundo enunciado, por outro lado, o advérbio “afinal” volume” para se libertar do pecado de não apreciá-lo.
está relacionado à locução verbal “tivesse aceitado”, b) “É menor pecado elogiar um mau livro, sem que o tenha
modificando-a. Assim, entende-se que, de início, a lido...” e “É menor pecado elogiar um mau livro, mesmo não o
personagem não aceitou a oferta, mas, somente depois de tendo lido...”.
muita insistência.
Exercício 126
Exercício 121
a) O trecho, do modo como está redigido, possui problemas de
a) As frases exclamativas traduzem as fortes emoções – coesão, já que sua clareza fica comprometida. São possíveis
vergonha, espanto e medo – vivenciadas por Kim no momento diversas redações, umas delas seria: “Um exemplo recorrente
do primeiro contato com o registro fotográfico, 14 meses do uso desse tipo de equipamento é a simulação climática, que
depois do bombardeio químico ao vilarejo onde morava. possui a capacidade de processar quatrilhões de dados por
segundo, tornando possível que um computador calcule as
b) A partir da expressão “minha tragédia”, pode-se inferir que, oscilações meteorológicas”.
no primeiro contato com o registro fotográfico, Kim reage como b) O sentido da palavra “cenários” nas duas ocorrências é
criança, envergonhada e indignada pela exposição do corpo nu sutilmente diferente. No primeiro caso, possui um sentido mais
entre os que a rodeiam, todos vestidos. No segundo, 46 anos específico, mais restrito, já que se refere à antecipação de
depois, reage como adulta consciente da importância desse fenômenos climáticos. No segundo, seu sentido é mais
registro para promoção de campanhas em prol da paz. amplo.

Exercício 122 Exercício 127

a) O termo “crise” refere-se a conflitos matrimoniais que b) A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros.
obrigavam à separação do casal, contrariando assim os
preceitos da Igreja Católica que considerava o casamento Exercício 128

como um vínculo indissolúvel. c) “mandioca” e “Ipiranga”.


b) Na voz ativa, a oração apresentaria a seguinte configuração:
tal como a Igreja Católica o concebia. Exercício 129

b) contraintuitivas.
Exercício 123

a) Sim, o verbo “ter” apresenta diferente valor semântico em Exercício 130


cada um dos dois segmentos. Na primeira ocorrência, substitui e) buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam
o verbo haver ou existir. Na segunda, o verbo necessitar ou ao texto original.
precisar.
b) Em discurso indireto, a frase apresentaria a seguinte Exercício 131
configuração: Eduardo Koge disse que eles viviam ali que nem a) ultrapassado.
gado e não podiam sair daquela cerca.
Exercício 132
Exercício 124
a) Se a conjunção “mas” fosse substituída pela conjunção “e”, o b) “O mal que se tiver que fazer, deve o príncipe fazê-lo de
estranhamento da autora desapareceria, pois a segunda uma só vez; o bem, deve fazê-lo aos poucos (...)”.
oração deixaria de constituir oposição à primeira e seria
Exercício 139
entendida como um outro pedido a Deus: “não nos deixeis cair
em tentação” / “e livrai-nos do mal”. a) Sim, pois a pegada de um sapato, usado normalmente por
funcionários de empresas comerciais e financeiras, sobre uma
b) Se a segunda pessoa do plural dos termos verbais “deixeis” área que remete a uma plantação de soja permite inferir que o
e “livrai” fosse substituída pela terceira pessoa do singular, a anúncio destaca a importância da aproximação dessas
frase correta seria: não nos deixe cair em tentação, mas livre- empresas com a realidade do meio em que o cliente
nos do mal. desenvolve as suas atividades.

Exercício 133
b) Os ícones e os algarismos informam a posição geográfica
a) Os termos “simples” e “sofisticada” na expressão “uma exata do campo de soja a que se refere o texto. Assim, através
traquitana simples, mas extremamente sofisticada” configuram dessa inclusão, associa-se facilmente a precisão do local com
uma contradição. a eficiência da empresa baseada no conhecimento rigoroso da
realidade do negócio.
b) O uso da primeira pessoa do plural (“nosso andar”, “somos
capazes”, “nossas pernas”), a linguagem coloquial presente no
Exercício 140
uso do termo “traquitana”, assim como a imprecisão semântica
da expressão “espécie de embreagem” diferenciam o texto de a) A sequência dos verbos “conhecer”, “oferecer”,
Fernando Reinach dos textos científicos em que predomina a “proporcionar” e “alcançar” estabelecem uma relação temporal
função referencial da linguagem, denotativa e objetiva. de continuidade e progressão. Em primeiro lugar, é necessário
conhecer a atividade do cliente, para depois oferecer
Exercício 134
propostas que venham a proporcionar resultados positivos e
a) Segundo o autor, os diários íntimos surgiam com maior correspondam aos objetivos positivos do negócio.
frequência nos países em que a Reforma Protestante se
consolidou, pois os adeptos dessa nova corrente religiosa, que b) Os verbos mencionados devem ser conjugados no modo
não contempla o ato da confissão, não podiam recorrer à subjuntivo, na primeira pessoa do plural: Conhecer
autoridade sacerdotal para fazer exame de consciência. Assim, profundamente os negócios de nossos clientes é só o primeiro
recorriam com frequência à escrita de textos autobiográficos passo que permite que ofereçamos sempre respostas mais
para elaborarem questionamentos autocríticos relacionados rápidas, proporcionemos decisões mais assertivas e
com comportamento individual ou conduta social. alcancemos melhores resultados.

b) Os termos “ele” e “interposta pessoa” referem-se a “exame


de consciência” e “autoridade sacerdotal”, respectivamente. Exercício 141

e) “E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas


[...].”: numa noite em que os atabaques.
Exercício 135

a) A expressão “A 10 anos” do primeiro anúncio é incorreta, Exercício 142

pois, na indicação de tempo decorrido, deve usar-se o verbo b) a afirmativa 2 apenas.


“haver”. Para atender aos requisitos da norma culta da língua,
deveria ser substituída por “Há dez anos”. Exercício 143

d) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.


b) “Pra” aparece em dicionários, inclusivamente no vocabulário
ortográfico da Academia Brasileira de Letras, como sendo a Exercício 144
forma reduzida da preposição “para”. Pode ser utilizada na e) A técnica de Mourou e Strickland, criada em 1985 e
linguagem falada e em alguns tipos de textos informais, como conhecida como amplificação de pulso com varredura em
recurso de frases publicitárias em que se pretende enfatizar a frequência (CPA, por sua sigla em inglês), tornou-se muito
aproximação do emissor com o receptor da mensagem. rapidamente a ferramenta-padrão para obter lasers de alta

Exercício 136 intensidade, utilizados desde então em milhões de cirurgias do


olho.
a) A marchinha “Prá Frente, Brasil” também contribuiu para o
processo de neutralização da grande massa da população. Exercício 145

Exercício 137 d) maturidade – isolamento.

b) adversários; telecomunicações. Exercício 146

Exercício 138 a) Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo


DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas
69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos Exercício 148
internacionais ao longo de oito meses de 2014.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Exercício 147
Exercício 149
a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
c) à formulação de novas teorias para explicar como o Sistema
Solar adquiriu sua configuração atual.
2020 - 2022
GRAMÁTICA E INTERPRETAÇÃO
GRAMÁTICA E INTERPRETAÇÃO

Alguns elementos da gramática conforme empregados podem mudar totalmente o sentido


de um texto. Conhecer esses elementos é essencial para uma boa interpretação textual!

Este módulo é composto pelas seguintes apostilas:

1. Sinônimos e Antônimos Prosopopeia


2. Polissemia e Ambiguidade 7. Hipérbole, Eufemismo e
3. Homônimos e Parônimos Sinestesia
4. Tipos de Discurso e 8. Antítese, Paradoxo e Ironia
Transformação do Discurso 9. Figuras de Repetição
5. Pontuação Expressiva 10. Vícios de Linguagem
6. Metáfora, Metonímia e
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
Os sinônimos e antônimos integram, na língua portuguesa, a parte responsável pela
significação das palavras, ou seja, sinônimos e antônimos é parte deste conteúdo
responsável por analisar a relação entre os significados das palavras.

SINÔNIMOS
Assim, os sinônimos são palavras que apresentam significados muito próximos ou
iguais. Tomemos alguns exemplos:

f Casa, lar, morada;

f Susto, espanto, surpresa;

f Medo, pânico, terror;

f Bonito, belo, elegante;

É importante observamos que embora os sinônimos tenham seus significados parecidos,


o seu uso nos textos vai variar de acordo com a intensidade de sentido que o autor
deseja atribuir. Logo, é importante se atentar que alguns sinônimos possuem sentidos
mais amplos que outros.

Os sinônimos são classificados como perfeitos e imperfeitos. Os perfeitos são aquelas


palavras que compartilham o significado idêntico e os imperfeitos apresentam
significados semelhantes, mas não idênticos.

Sinônimos Perfeitos
Após Depois
Alfabeto Abecedário
Morrer Falecer
Bonito Belo
Encontrar Achar
Calmo Tranquilo
Casa Lar

www.biologiatotal.com.br 3
Sinônimos e Antônimos

Sinônimos Imperfeitos
Amor Paixão
Moça Jovem
Planeta Terra
Feliz Alegre
Ouça Escute

Para entendermos a diferença entre sinônimos perfeitos e imperfeitos podemos


observar os sentidos das frases abaixo:

f Ouça os conselhos dos mais velhos.

f Escute os conselhos dos mais velhos.

Quando analisamos o sentido das duas frases conseguimos perceber a diferença de


sentido presente entre elas. A primeira apresenta o verbo ouça, que está relacionado a
ouvir, dando sentido literal para a frase. Assim, podemos dizer que o verbo ouça, nesse
caso, se refere a capacidade auditiva de uma pessoa.

Agora se analisarmos a segunda frase temos a palavra escute, que apresenta a


conotação de escutar com atenção, dar atenção ao que está sendo falado. Sendo assim,
essa frase ganha um sentido completamente distinto da primeira, ainda que ambas
possuam sinônimos em sua composição.

Quando os sinônimos são perfeitos não há alteração de sentido na frase, como podemos
observar logo abaixo:

f Aquele moço é belo.

f Aquele moço é bonito.

Neste caso, os sinônimos são considerados perfeitos por manterem apenas uma
possibilidade de entendimento em ambas as frases, ou seja, não há a produção de
outros sentidos diante dos sinônimos.

Mas por que é importante estudar sinônimos? E melhor ainda, por que é importante
compreender os sinônimos e o seu funcionamento?

Os sinônimos são um importante recurso dentro de um texto, servem para tornar seu
texto menos repetitivo e mais fluido e é importante para retomar um assunto. Outro
ponto importante é que conhecer e entender os sinônimos pode nos ajudar a construir
sentidos dentro de um texto, seja ele uma dissertação ou mesmo um texto que você
pretende mandar para o crush.

4
ANTÔNIMOS

Sinônimos e Antônimos
Ao contrário dos sinônimos que apresentam significados iguais ou muito parecidos, os
antônimos são aquelas palavras que apresentam significado contrário a outras palavras.
Ou seja, são aquelas palavras que apresentam sentido de contrariedade ou oposição.
É importante observarmos que os antônimos podem ser constituídos de palavras
diferentes, mas também pelo acréscimo de prefixos de negação, que são as partículas
que inserimos antes de uma palavra para alterar o sentido, como in; des; a, e também
formamos antônimos com o auxílio de palavras que possuem prefixos com significados
contrários. Vejamos alguns exemplos abaixo:

Antônimos Formados por Palavras Diferentes


Bom Mau
Bonito Feio
Quente Frio
Alto Baixo
Forte Fraco
Frio Calor
Gordo Magro

Antônimos Formados por Prefixos


Atento Desatento
Feliz Infeliz
Típico Atípico
Aceitável Inaceitável
Normal Anormal
Confortável Desconfortável

Antônimos formados por palavras com prefixos com significados contrários


Incluir Excluir
Progredir Regredir
Simpático Antipático
Simétrico Assimétrico
Explícito Implícito

www.biologiatotal.com.br 5
Vejamos o exemplo de um trecho da música Certas coisas, do cantor Lulu Santos.
Sinônimos e Antônimos

“Não existiria som

Se não houvesse o silêncio

Não haveria luz

Se não fosse a escuridão

A vida é mesmo assim

Dia e noite, não e sim”

Podemos notar que cada verso da música é constituído por antônimos, a saber: som/
silêncio; luz/escuridão; dia/noite; não/sim.

Assim, é importante nos atentarmos que os antônimos são um importante elemento


estilístico no texto, o exemplo dos antônimos na música trazem sonoridade, além de
chamar a atenção do leitor ou ouvinte.

ANOTAÇÕES

6
POLISSEMIA E AMBIGUIDADE

POLISSEMIA
A polissemia é um fenômeno linguístico em que uma única palavra apresenta mais de um
significado, sendo que o que vai determinar o seu sentido é o contexto. É importante nos
atentarmos para o fato de que muitas pessoas confundem polissemia com homonímia, visto
que as duas apresentam uma multiplicidade de sentidos, entretanto, na polissemia a origem
e o conceito da palavra partilham a mesma base, ao contrário da homonímia, que apresenta
conceito e origem diferente.

Exemplos: A palavra cabeça em contextos diferentes.

Bia estava com a cabeça cheia.

Lucas é o cabeça do grupo.

Na primeira frase temos o emprego da palavra cabeça referindo-se a uma parte do corpo e na
segunda a palavra cabeça está precedida do artigo determinado o e dá o sentido de líder do grupo.

Nesse caso precisamos observar que todas as palavras possuem significados distintos,
significados estes determinados pelo contexto, entretanto, a origem da palavra é a mesma
em todas as frases, que é a ideia de mente. A seguir uma lista com palavras polissêmicas:

Gato Pode ser o animal ou ainda a palavra usada para se referir a beleza de um rapaz.
Mangueira Pode ser a árvore frutífera ou o utensílio de borracha por onde passa a água.
Banco Banco pode ser a instituição financeira ou o objeto feito para sentar.
Vela Vela pode ser o objeto feito de parafina e usado para iluminação, ou
ainda o instrumento utilizado no barco ou ainda o ato de velar alguém.
Cabo Cabo pode ser parte de um objeto, como o cabo de vassoura ou uma
patente militar.
Dama A palavra dama pode ser utilizada para se referir a uma mulher ou então
pode ser a peça de um jogo de tabuleiro.
Boca Um exemplo clássico é a música “Boquinha da garrafa”. O verso clássico “vai
descendo na boquinha na garrafa” se refere a abertura na parte superior de
uma garrafa. Mas boca também pode ser usado para indicar a parte do corpo.

www.biologiatotal.com.br 1
POLISSEMIA E AMBIGUIDADE
Polissemia e Ambiguidade

Como já dito anteriormente, a polissemia diz respeito a palavras que possuem mais de
um significado e geralmente esses significados são definidos a partir do contexto da
frase. Se a palavra estiver fora de contexto pode provocar ambiguidade em seu sentido,
ou seja, causar um duplo sentido na apresentação. Vejamos um exemplo abaixo:

No caso da tirinha, a polissemia está presente através da palavra vendo, que dependendo
do contexto adquirir o sentido de vender algo ou de observar, ver algo. Essa tirinha
brinca justamente com essas possibilidades interpretativas para retratar a ambiguidade,
já que o interlocutor do personagem principal pergunta a ele quanto custa o pôr do sol
e ele diz que só está vendo, ou seja, observando o acontecimento.

A ambiguidade pode acontecer de duas maneiras, ela pode ser:

f Lexical;

f Estrutural.

Ela é lexical quando acontece em decorrência dos significados das palavras. Observe a
tirinha abaixo:

2
A ambiguidade lexical nesse caso está na palavra “porca”, que para o pai é a ferramenta

Polissemia e Ambiguidade
usada para encaixar o parafuso, mas para o filho é o animal que está em sua fazenda.

Vejamos agora um exemplo de ambiguidade estrutural.

Nessa tirinha a dúvida do aluno é causada pelo emprego do pronome oblíquo a, que
causa a dúvida se o que caiu foi a aranha ou a parede. A ambiguidade estrutural é
sintática, visto que as palavras ocupam posições inadequadas nas frases, causando
dúvidas quanto ao seu sentido.

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 3
HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS
Os homônimos e parônimos fazem parte dos estudos que compreendem a significação
das palavras na língua portuguesa.

HOMÔNIMOS
Os homônimos são representados pelas palavras que possuem a mesma pronúncia,
em alguns casos até a mesma escrita, mas com significados diferentes.

Podem ser divididas em homônimos homógrafos, homônimos homófonos e homônimos


perfeitos.

Homônimos Homógrafos
São palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.

Exemplos:

Colher (substantivo) / Colher (verbo)

f Maria, não coloque a colher na boca – substantivo

f Este ano ele vai colher duzentas sacas de café – verbo

Jogo (substantivo) / Jogo (verbo)

f Ganhamos um jogo de panelas – substantivo

f Eu jogo dominó com meu avô – verbo

Molho (substantivo) / Molho (verbo)

f Fizemos macarrão com molho bolonhesa – substantivo

f Pela manhã eu molho todas as plantas – verbo

Coro (substantivo) / Coro (verbo)

f Fizeram um bonito coro na porta da escola – substantivo

f Ela corou quando o viu – verbo

www.biologiatotal.com.br 1
Homônimos Homófonos
Homônimos e Parônimos

São palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.

Exemplos:

Concerto (espetáculo musical) / Conserto (reparar alguma coisa)

f Vimos um belo concerto de piano.

f Não conserto liquidificador.

Acento (sinal gráfico) / Assento (lugar para sentar)

f O acento agudo é importante para diferenciar a entonação das palavras.

f O ônibus tinha assentos sobrando.

Cozer (cozinhar) / Coser (costurar)

f Vou cozer os ovos.

f Minha mãe vai coser o meu vestido essa tarde.

Acender (colocar fogo) / Ascender (subir)

f Ela acendeu a lareira.

f Vamos ascender mais alguns degraus.

Homônimos Perfeitos
São palavras iguais na pronúncia e na escrita.

2
Exemplos:

Homônimos e Parônimos
Cedo (substantivo) / Cedo (verbo)

f Acordei cedo.

f Eu cedo minha vaga para você.

Barata (adjetivo) / Barata (substantivo)

f A carne estava barata.

f A barata entrou voando pela janela.

Canto (substantivo) / Canto (verbo)

f Coloque a mochila naquele canto.

f Hoje sou feliz e canto, só por causa de você.

Caminho (substantivo) / Caminho (verbo)

f A felicidade é o único caminho.

f Caminho todos os dias de manhã.

PARÔNIMOS
Já os parônimos são palavras que possuem semelhanças na escrita e na pronúncia,
mas tem significados completamente diferentes.

Exemplos:

Comprimento (tamanho; extensão) / Cumprimento (saudação)

f O comprimento da porta é de 2,20m.

f O cumprimento foi tardio, ele não viu.

Descrição (ato de descrever alguém ou algo) / Discrição (ser discreto)

f A descrição foi fundamental para que encontrássemos o cachorrinho.

f A discrição da jovem secretária era exemplar.

www.biologiatotal.com.br 3
Flagrante (evidente)/ Fragrante (relacionado a cheiro)
Homônimos e Parônimos

f Ele foi pego em flagrante.

f As rosas eram lindas e fragrantes.

Absolver (isentar)/ Absorver (incorporar)

f Será que o juiz irá absolver o acusado?

f O pano irá absorver o líquido?

Inflação (alta de preços) / Infração (violação)

f A inflação é a pior dos últimos anos.

f Pedro cometeu uma infração gravíssima.

Osso (parte do corpo humano) / Ouço (verbo)

f O fêmur é o maior osso do corpo humano.

f Ouço música sempre que vou caminhar.

Peão (praticante de esportes com cavalo) / Pião (brinquedo)

f O peão finalmente havia domado o cavalo considerado indomável.

f O pião girou mais uma vez antes de cair.

Expressões Parônimas
Assim como as palavras, as expressões parônimas possuem semelhança na escrita e
na pronúncia, mas significados diferentes. É importante se atentar pois elas alteram o
sentido do texto.

4
Exemplos:

Homônimos e Parônimos
"Ao encontro de" "De encontro a"

A favor Contrário

"À medida que" "Na medida em que"

Proporção Causa

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 5
TIPOS DE DISCURSO E
TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO
TIPOS DE DISCURSO
Na língua portuguesa existem três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso
indireto e o discurso indireto livre, eles são usados nas narrativas para introduzir as
falas dos personagens e seu uso varia de acordo com a intencionalidade do narrador e
de qual efeito ele pretende provocar na narrativa.

É importante lembrarmos que o narrador é muito importante dentro de uma história,


pois é através dele que conhecemos os personagens, suas ações e desejos e todos
esses fatos são justamente apresentados através do discurso. Veremos então as
particularidades dos três tipos de discurso.

Discurso Direto
O discurso direto consiste na transcrição exata da fala dos personagens, sem que o
narrador interfira no discurso. Muitas narrativas utilizam o discurso direto para compor
suas histórias. O discurso direto é geralmente introduzido por verbos que anunciam a
fala, como por exemplo, comentar, falar, observar, exclamar, entre outros; seguido
por dois pontos e travessão na linha seguinte, ou em alguns casos vem entre aspas.
Observem o exemplo abaixo:

[...] Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu
desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:

- Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso
bem!

(Clarice Lispector)

Podemos observar os elementos básicos do discurso direto, como os dois pontos e o


travessão na linha seguinte dando início a fala da personagem, além de observamos
também que o que antecede o início do discurso é a expressão “saiu aos gritos”, dando
a entender que o discurso começaria logo a seguir. Assim, podemos compreender que
a estrutura do discurso direto é:

Verbo de elocução + Dois pontos + Linha seguinte + Parágrafo + Travessão

www.biologiatotal.com.br 1
Discurso Indireto
Tipos de Discurso e Transformação do Discurso

O discurso indireto acontece através da intervenção do narrador, que usa suas palavras
para transmitir o discurso do personagem. Logo, esse tipo de discurso acontece na
terceira pessoa e não mais na primeira pessoa. O discurso indireto também é introduzido
por meio de verbos de elocução, mas estão sempre acompanhados pelas conjunções
que e se, como uma marca diferencial do momento da fala do narrador e da fala da
personagem. Vejamos o exemplo abaixo:

Em voz baixa, amarrada (assim tipo voz dos mafiosos do cinema, a gente sente
uma coisa, diria o Rôni mais tarde, revirando os olhos), ele pediu calmamente
que não telefonassem mais para a oficina porque o patrão estava puto da vida
e além disso (a voz foi engrossando) não podia namorar com ninguém, estava
comprometido...

(Lygia Fagundes Telles)

Aqui podemos notar o verbo de elocução (pediu) seguido pela conjunção que,
tornando o discurso indireto, entretanto, antes do verbo de elocução temos ainda
uma contextualização da situação, que é a voz do narrador antes de iniciar a fala da
personagem, assim como logo depois da conjunção há também a fala da personagem
expressa pela voz do narrador. Logo, a forma do discurso indireto é:

Voz do narrador + Verbo de elocução + Conjunção + Fala do personagem


personificada pelo narrador

Discurso Indireto Livre


esse é o tipo de discurso mais complexo, já que não apresenta grandes marcações
como sinal de pontuação ou mesmo classes de palavras que funcionam como marca
diferencial. Deste modo podemos entender que no discurso indireto livre as falas das
personagens são introduzidas sem que haja uma mudança significativa, fazendo com
que em alguns casos, as vozes do narrador e da personagem se confundam. Devemos
observar então que, no caso do discurso indireto livre, a fala do narrador estará em 1ª
pessoa e a fala do personagem em 3ª pessoa.

TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO
Muitos são os questionamentos sobre como transformamos o discurso direto em
discurso indireto e vice-versa, mas para fazermos essa passagem devemos observar
fatores como os tempos verbais, a pontuação, os pronomes e os advérbios. Observem
o exemplo abaixo:

2
f Discurso indireto: O presidente decretou que todos se vacinassem.

Tipos de Discurso e Transformação do Discurso


f Discurso direto: O presidente decretou: todos devem se vacinar.

Podemos notar que no discurso direto há o uso dos dois pontos, mas no discurso indireto
a pontuação deixa de existir. O tempo verbal também muda quando transformamos o
discurso, quando mudamos para o discurso indireto estamos descrevendo uma frase
que já foi dita por alguém, logo, o tempo verbal também irá para o passado e também
é importante observar que, no discurso indireto, a frase ganha uma conjunção, neste
caso que, ao contrário do discurso direto, que é marcado pela pontuação como forma
de separar o discurso.

Logo abaixo poderemos ver alguns pontos dignos de atenção quando transformamos
o discurso:

f A 1ª pessoa vira a 3ª pessoa;

f Os pronomes seguem a mesma regra, os que estavam na 1ª pessoa mudam


automaticamente para a 3ª pessoa;

f Devemos observar sempre os tempos verbais.

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 3
PONTUAÇÃO EXPRESSIVA

Os sinais de pontuação são um importante recurso da língua portuguesa, pois eles têm
a capacidade de marcar entonações específicas e atribuir sentido as falas. Assim, a
pontuação expressiva consiste no uso dos sinais de pontuação de modo criativo, com o
objetivo de expressar sentimentos.

Dentre os sinais de pontuação usados de forma expressiva temos os dois-pontos (:),


as aspas (“), as reticências (...) e o ponto de interrogação (?), ponto de exclamação (!),
travessão e duplo-travessão (-) e parênteses (), que se usados de maneira correta
podem causar marcas de expressividade nos efeitos de sentido que são produzidos por
um texto.

Vejamos cada um dos sinais de pontuação.

Dois-pontos
Quando utilizados no texto, os dois-pontos marcam uma quebra sensível na cadência
do texto para introduzir uma informação relevante. Para essa pontuação existem duas
possibilidades de uso expressivo.

A primeira possibilidade é quando utilizamos os dois pontos para marcar o início de


uma fala, como no exemplo da anedota abaixo.

REMÉDIO

O médico pergunta ao paciente:

- O senhor tomou o remédio que eu lhe receitei?

O paciente responde:

- Impossível, doutor. O vidro tinha um rótulo que dizia: “Conserve fechado”.

No exemplo utilizado temos os dois pontos marcando o início da fala do médico e do


paciente, dando sequência no diálogo apresentado na piada. Há ainda um terceiro uso dos
dois-pontos, mas seguido pelo uso de aspas, que dá o tom irônico e engraçado da piada.

A segunda possibilidade de uso dos dois-pontos ocorre quando queremos indicar o


início de uma sequência que explica a ideia expressa anteriormente, conforme veremos
nas tirinhas abaixo.

www.biologiatotal.com.br 1
Pontuação Expressiva

Nessa primeira tirinha temos uma série de considerações sobre o significado do que
é amar e o uso dos dois pontos marca a sequência que resume e explica ao mesmo
tempo a ideia expressa no início, amar é, antes de tudo, sinônimo de generosidade.

Nesta segunda tirinha temos o exemplo perfeito de como podemos usar os dois-
pontos de modo expressivo, visto que a personagem usa a pontuação justamente para
enumerar, ou seja, criar uma sequência que explica como foram as suas férias.

Aspas
Esse sinal de pontuação assume diversos papéis dentro do texto enquanto pontuação
expressiva, dentre elas: destacar uma citação, separar as gírias, estrangeirismos e
coloquialismos e dar ênfase às ironias. Vejamos os exemplos abaixo.

f Destacar uma citação

“O objetivo principal para (vacinas contra) a maioria dos vírus é para prevenir
doenças clínicas, para prevenir doenças sintomáticas, e não necessariamente
para prevenir infecções. Esse é um objetivo secundário. A principal coisa que
você quer fazer é que, se as pessoas forem infectadas, que se evite que elas
fiquem doentes. E se você evita que fiquem doentes, você acabará evitando
que fiquem gravemente doentes”, afirmou Fauci durante um evento online do
Yahoo na segunda-feira (26/10) sobre caminhos para sair dessa crise.

(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54723037).

2
f Separar gírias, estrangeirismos e coloquialismos

Pontuação Expressiva
As aspas, nesse caso, delimitam expressões que além de regionalismos, podemos
entender como coloquialismos, se referindo ao famoso “mineirês”.

f Dar ênfase às ironias

Neste exemplo a palavra acidentalmente foi colocada entre aspas para marcar a ironia
na tirinha, visto que essa seria uma ação premeditada para que a esposa pudesse se
livrar da camisa do marido.

Reticências
As reticências também são um recurso importante dentro da pontuação expressiva...
Elas tendem a marcar a descontinuidade de uma sequência dentro do texto e ainda
dão margem para que questões ligadas a interpretação possam surgir. Vejamos os
exemplos abaixo.

www.biologiatotal.com.br 3
O primeiro exemplo utiliza reticências para dar a noção de descontinuidade e hesitação
Pontuação Expressiva

no texto, criando, dessa forma, um efeito de humor.

A segunda tirinha também usa o efeito da hesitação da fala, tão comum em situações
de oralidade, para criar um efeito de suspense conforme o diálogo vai se desenvolvendo
entre pai e filho.

Ponto de Interrogação
O ponto de interrogação é usado para perguntas diretas, podendo ser usado para
perguntas que só possuem duas respostas possíveis, do tipo “sim ou não”, ou para perguntas
que permitem respostas mais amplas e ainda para perguntas retóricas, que é o tipo de
pergunta que não espera uma resposta verdadeira, visto que seu retorno já é conhecido
pelo interlocutor ou está subentendido pelos ouvintes. Vejamos os exemplos abaixo:

f O ponto de interrogação para perguntas que apresentam apenas duas


respostas possíveis

PERGUNTAS
SIM OU NÃO
• O homem realmente foi à lua?
• Você acredita em vida após a morte?
• Tem medo de morrer?
• Existe vida inteligente em outros planetas?
• Você gostaria de viver em outro planeta?
• Se fizessem uma proposta para que você
se tornasse um robô, você aceitaria?
• Gostaria de ser um animal selvagem?
• Viveria na selva, longe da civilização?
• Você apoia a diversidade sexual?
• Você é a favor da igualdade de género?
• Você é a favor do sistema de monarquia?
• Você gostaria de nascer de novo?

4
f Ponto de interrogação usado para perguntas que permitem respostas

Pontuação Expressiva
mais amplas

f Ponto de interrogação usado em perguntas retóricas

No exemplo acima podemos ver o exemplo de uma pergunta retórica e o efeito de


humor que ela causa no texto.

Ponto de Exclamação
O ponto de exclamação é usado sempre que queremos carregar o texto com uma
conotação mais subjetiva, expressando entusiasmo, surpresa, alegria, tristeza, entre outros,
mas também pode ser usado após interjeições, que é a classe gramatical responsável por
expressar na escrita, as reações emocionais dos falantes. Vejamos os exemplos abaixo:

www.biologiatotal.com.br 5
Pontuação Expressiva

Nessa tirinha vemos o ponto de exclamação acompanhado das interjeições oba e legal,
que indica contentamento, felicidade da personagem.

No segundo exemplo vemos o ponto de interrogação sendo utilizado como marcador de


emoção, nesse caso para expressar a ira que o personagem está sentindo por ter que ir à escola.

Travessão e Travessão-duplo
O travessão e o travessão-duplo também são um importante recurso expressivo que
pode ser utilizado nos textos. O travessão simples é usado principalmente para inserir
a fala de algum personagem ou ainda para indicar a mudança de interlocutor durante
um diálogo. Já o travessão-duplo é geralmente utilizado para destacar alguma parte do
texto, substituindo o uso de vírgulas. Podemos observar os usos nos exemplos abaixo.

f Travessão marcando a fala de um personagem e também uma mudança


de interlocutor

- Ver o pôr-do-sol!... Ali, meu Deus... Fabuloso, fabuloso!... Me implora um


último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta
buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr-do-sol
num cemitério...

- Raquel, minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria
era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se
isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa
que vive espiando pelo buraco da fechadura...

Lygia Fagundes Telles

6
f Travessão-duplo

Pontuação Expressiva
Os livros – nossos companheiros de todas as horas – ensinam-nos a viver.

Na frase acima o travessão-duplo destaca um trecho da oração, particularizando e


reforçando a relevância dos livros e o modo como eles podem ser importantes para a
formação do ser humano.

Parênteses
Os parênteses são usados para separar explicações ou comentários menos importantes
dentro do texto e são usados em duas situações, conforme veremos nos exemplos abaixo.

f Inserir um pensamento transversal no assunto

Novamente (sabia disso) era preciso escolher entre o presidente e a vacina.

f Fazendo um esclarecimento ou introduzindo um acontecimento


secundário ao que já foi previamente exposto

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), até


dezembro metade da população estará vacinada.

A vírgula alterando o sentido das frases


A vírgula é um sinal de pontuação muito importante para a língua portuguesa, exercendo
pelo menos três funções distintas dentro da língua: marcando pausas e inflexões da voz
durante a leitura; separando ou destacando expressões e orações, e esclarecendo o
significado certo das frases, afastando as possibilidades de ambiguidade.

Sabendo de seus usos podemos entender também que a vírgula, esse singelo sinal
de pontuação, pode alterar todo o sentido de uma frase ou texto, causando situações
engraçadas, confusões e muitos mal entendidos. Vejamos alguns exemplos abaixo.

Aqui temos uma postagem de uma rede social, em que uma mãe anuncia a venda de
algum produto que era de seu filho, entretanto, com a falta da vírgula o anúncio diz
que ela está vendendo o próprio filho por não utilizar mais. Se a pontuação tivesse sido
empregada da maneira correta a frase seria: Tô vendendo, meu filho não usa mais, valor
150 reais e entrego.

www.biologiatotal.com.br 7
Como recurso estilístico, a ambiguidade provocada pela falta de vírgula funciona quando
Pontuação Expressiva

queremos atribuir um sentido mais cômico, fora desse contexto, em textos mais formais
como dissertações, por exemplo, a falta da pontuação ou seu uso equivocado será
entendida como erro.

O segundo exemplo é de uma conversa dentro de um aplicativo de mensagens, em que


a mãe orienta a filha sobre o que beber. Na frase apresentada a mensagem transmitida
é que a filha não deve beber apenas suco, o que significa que a mãe está dando
permissão para que ela ingira outros tipos de líquido, entre eles álcool. Se a vírgula
tivesse sido empregada corretamente a frase seria: Filha, esqueci de te falar, não beba,
só suco. Vemos aqui a função correta da pontuação, enfatizando uma instrução quando
a particulariza e evita a interpretação errada.

No último exemplo até a ilustração contribui para que possamos compreender a diferença
de sentido nas duas situações. Na primeira não há o uso de vírgula, o que acarreta a
interpretação não literal da frase, visto que ninguém pode vomitar amor. Se observarmos
a ilustração veremos a expressão calma do pai e do bebê. Já na segunda imagem temos
a vírgula separando o vocativo, com o pai comunicando a companheira/companheiro
que o bebê está vomitando. Esse acontecimento é reforçado pela expressão do pai
nitidamente aflito.

8
Português Lista de Exercícios

Exercício 1 bailam meteoros e planetas


(S1 - ifpe 2020) dinossauros, borboletas
brilham os cristais
o canto da cigarra em sinfonia
relembrou aqueles dias que não voltarão jamais

À luz dourada do amanhecer


as princesas deixam o jardim
os portões se abrem pro lazer
pipas ganham ares
encontros populares
As tirinhas constituem um gênero textual multimodal, por terem decretam que a Quinta é pra você
seu sentido construído pela associação de mais de uma
modalidade da linguagem. Na leitura da tirinha acima, ao Samba de enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense
associarmos o texto verbal com as ilustrações, percebemos que
em 2018
Compositores: Jorge Arthur, Maninho do Ponto, Julinho Maestro,
a) a conclusão à qual o personagem chega no terceiro quadrinho Marcio Pessi, Piu das Casinhas
caracteriza um exagero no que diz respeito aos cuidados com a
camisa e uma ironia quanto ao seu uso. (G1 - cp2 2019) O título do texto, “Uma noite real no Museu
b) a ilustração do cômodo no qual o personagem se encontra Nacional”, apresenta uma série de recursos linguísticos e textuais
caracteriza uma informação irrelevante, visto que as informações frequentes em textos literários, como a rima, a intertextualidade e
verbais quanto aos cuidados com a roupa são suficientes para a ambiguidade.
compreendermos o sentido da tira. Considerando os versos do texto, o termo do título que foi
c) a interpretação que o personagem dá à informação “não torcer” empregado com sentido ambíguo é
é equivocada já no segundo quadrinho, sendo dispensável a a) “noite”.
leitura do terceiro para compreendermos o sentido da tira. b) “real”.
d) a expressão do personagem no segundo quadrinho sugere que c) “Museu”.
a informação da etiqueta da camisa o surpreendeu de algum
d) “Nacional”.
modo e que isso atende às expectativas do leitor quanto ao que
será dito no último quadrinho. Exercício 3
e) a polissemia de um termo provocou ambiguidade no texto, o TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que levou o personagem a uma interpretação equivocada sobre o Leia o texto e a charge de Alberto Montt para responder à
que poderia ser feito com a camisa. questão.
Charles Baudelaire, poeta do século XIX, é autor do livro As
Exercício 2
Flores do Mal. Nele, seus poemas abordam temas que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: questionam as convenções morais da sociedade francesa, sendo,
Uma noite real no Museu Nacional por isso, tachado como obsceno, como um insulto aos bons
costumes da época. A partir dele, originaram-se na França os
Gira coroa da majestade
chamados “poetas malditos”.
samba de verdade, identidade cultural
Imperatriz é o relicário
no bicentenário do Museu Nacional

Onde a musa inspira a poesia


a cultura irradia o cantar da Imperatriz
é um palácio, emoldura a beleza
abrigou a realeza, patrimônio é raiz
que germinou e floresceu lá na colina
a obra-prima viu o meu Brasil nascer
no anoitecer dizem que tudo ganha vida

paisagem colorida deslumbrante de viver


c) a sociedade com ele.
d) a sua sociedade.

Exercício 5
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
REDES SOCIAIS E COLABORAÇÃO EXTREMA: O FIM DO
SENSO CRÍTICO?
Eugênio Mira

Conectados. Essa palavra nunca fez tanto sentido quanto agora.


1Quando se discutia no passado sobre como os homens agiriam

com o advento da aldeia global (...) não se imaginava o quanto


esse processo seria rápido e devastador.
(...) quando McLuhan apresentou o termo, em 1968, 2ele sequer
imaginaria que não seria a televisão a grande responsável pela
interligação mundial absoluta, e sim a internet, que na época não
(
passava de um projeto militar do governo dos Estados Unidos.
G1 - cps 2019) O título da charge retoma o título da obra de 3
A internet mudou definitivamente a maneira como nos
Baudelaire, As Flores do Mal. O autor, para construir o humor em
comunicamos e percebemos o mundo. Graças a ela temos acesso
seu texto, utiliza-se de
a toda informação do mundo à distância de apenas um toque de
a) metalinguagem, na representação das flores, que recitam botão. 4E quando começaram a se popularizar as redes sociais,
versos compostos pelo poeta ao próprio Baudelaire. 5
um admirável mundo novo abriu-se ante nossos olhos. Uma
b) saudosismo, nas falas das flores, pois elas representam
ferramenta colaborativa extrema, que possibilitaria o contato
costumes morais inerentes à sociedade francesa do século XIX.
imediato com outras pessoas através de suas afinidades, fossem
c) metáfora, na representação do poeta como flores que apenas
elas políticas, religiosas ou mesmo geográficas. Projetos
dizem verdades, indiferentes às regras morais da sociedade.
colaborativos, revoluções instantâneas... 6Tudo seria maior e
d) polissemia do substantivo “flores”, uma vez que podem se
melhor quando as pessoas se alinhassem na órbita de seus
referir às próprias flores representadas na charge ou aos desejos
moralmente rejeitados pelo poeta. ideais. 7O tempo passou, e essa revolução não se instaurou.
e) ambiguidade na locução adjetiva “do mal”, pois, no título Basta observar as figuras que surgem nos sites de humor e
original, a locução representa a temática dos poemas, mas, na outros assemelhados. Conhecidos como memes (termo cunhado
charge, representa o conteúdo dos conselhos das flores. pelo pesquisador Richard Dawkins, que representaria para nossa
memória o mesmo que os genes representam para o corpo, ou
Exercício 4 seja, uma parcela mínima de informação), 8essas figuras surgiram
(Ufu 2018) Há uma pequena árvore na porta de um bar, todos com a intenção de demonstrar, de maneira icônica, algum
passam e dão uma beliscada na desprotegida árvore. Alguns
sentimento ou sensação. 9Ao fazer isso, a tendência de ter uma
arrancam folhas, alguns só puxam e outros, às vezes, até
reação diversa daquelas expressas pelas tirinhas é cada vez
arrancam um galho. O homem que vive na periferia é igual a essa
menor. Tudo fica branco e preto. 10Ou se aceita a situação, ou
pequena árvore, todos passam por ele e arrancam-lhe algo de
revolta-se. Sem chance para o debate ou questionamento.
valor. A pequena árvore é protegida pelo dono do bar, que põe
(...)
em sua volta uma armação de madeira; assim, ela fica segura,
A situação é ainda mais grave quando um dos poucos entes
mas sua beleza é escondida. O homem que vive na periferia,
criativos restantes na internet produz algum comentário curto,
quando resolve buscar o que lhe roubaram, é posto atrás das
espirituoso ou reflexivo, a respeito de alguma situação atual ou
grades pelo sistema. Tentam proteger a sociedade dele, mas
recente... Em minutos pipocam cópias da frase por todo lugar.
também escondem sua beleza.
11
Copia-se sem o menor bom senso, sem créditos. Pensar e
FERRÉZ. Capão Pecado. São Paulo: Labortexto, 2000. refletir, e depois falar, são coisas do passado. O importante agora
é 12copiar e colar, e depois partilhar. 13As redes sociais
desfraldaram um mundo completamente novo, e o uso que o
Tomada, isoladamente, a proposição “Tentam proteger a homem fará dessas ferramentas é o que dirá o nosso futuro
sociedade dele” poderia ser considerada ambígua. Para explicitar cultural. 14Se enveredarmos pela partilha de ideias, gestando-as
o sentido que essa oração assume no contexto em que foi em nossas mentes e depois as passando a outros, será uma
empregada, a expressão “a sociedade dele” deve ser substituída estufa mundial a produzir avanços incríveis em todos os campos
por de conhecimento. Se, no entanto, as redes sociais se
transformarem em uma rede neural de apoio à preguiça de
pensar, a humanidade estará fadada ao processo antinatural de
a) a sociedade contra ele.
regressão. O advento das redes sociais trouxe para perto das
b) a sociedade para ele.
pessoas comuns os amigos distantes, os ídolos e as ideias
consumistas mais arraigados, mas aparentemente está levando
para longe algo muito mais humano e essencial na vida em O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com
sociedade: o senso crítico. Será uma troca justa? grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não
possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso
http://obviousmag.org/archives/2011/09/redes_sociais_e_colaboracao_extrema_O_fim_do_senso_critico-.htm.
sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela
Adaptado. Acesso em: 21 fev 2017. plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos,
(Epcar (Afa) 2018) Assinale a alternativa em que a mudança de além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio
lugar do vocábulo em destaque NÃO provoca modificação no de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem
sentido da frase. os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de
trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação
profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma
a) “Graças a ela temos acesso a toda informação do mundo (...)”
pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas
Graças a ela temos acesso à informação toda do mundo (...)
atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.
b) “...um admirável mundo novo abriu-se ante nossos olhos...”
A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos
...um admirável novo mundo abriu-se ante nossos olhos...
presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos
c) “As redes sociais desfraldaram um mundo completamente
separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida
novo...” As redes sociais desfraldaram um mundo novo
pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem
completamente...
comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus
d) “...trouxe para perto das pessoas comuns os amigos
refrigeradores.
distantes...” ...trouxe para perto das pessoas comuns os distantes
Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar
amigos...
por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um
Exercício 6 curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao
Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação
O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano,
reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a
reincidência (amplamente admitida, mas nunca comprovada privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no
empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10 tratamento cruel e na vingança.
criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos
cadeia. educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar
Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à
que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir sociedade.
aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece, A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte:
para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes,
de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e respeitando a população, aqui os presos saem roubando e
laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente
cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no
pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a
festa, dizia Nietzsche). vingança é uma festa, dizia Nietzsche).
Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela
ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH) LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto
e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema Estou no blogdolfg.com.br.
carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas ** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora
2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das do Instituto Avante Brasil.
menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-
Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/.
de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali Acessado em 17 de março de 2017.
passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o (Espcex (Aman) 2018) "Mas essas são consequências
Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%. aparentemente colaterais, porque a população manifesta muito
A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter mais prazer no massacre contra o preso produzido dentro dos
seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por presídios ".
vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso,
não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer Há um trecho, dentro do período destacado acima, que provoca
criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela ambiguidade. Marque-o:
legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar
estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será a) aparentemente colaterais
prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
b) produzido dentro dos presídios
comprovada.
c) contra o preso b) de uma fala inabitual de Helga que, ao dirigir-se diretamente
d) manifesta mais prazer ao próprio marido, refere-se às qualidades de uma terceira
e) no massacre pessoa.
c) do não entendimento de um discurso ambíguo bastante
Exercício 7
comum, no qual se dirige à própria pessoa, questionando-a como
(Espm 2016) As frases abaixo apresentam ambiguidade, ou se fosse uma outra.
dupla leitura, exceto uma. Assinale-a:
d) da diferença do nível de linguagem usado pelo emissor para se
a) Paternidade: o desafio para os pais que cuidam dos filhos dirigir aos interlocutores, fato que fez sugerir a existência de dois
sozinhos. maridos.
e) da dificuldade de compreensão, por parte do amigo Ed
b) Ciências sem Fronteiras: verbas para es­tudantes atrasadas. Sortudo, devido aos traços de infor­malidade no discurso de
c) Dilma afirma que Petrobras é maior que seus problemas. Helga.
d) Mesmo sem revogar dogmas, Papa vira alvo dos
Exercício 10
conservadores.
(Fgv 2014) Examine o seguinte texto, extraído de uma matéria
e) Deputados insatisfeitos passaram a criti­car abertamente erros
jornalística:
do governo.

Exercício 8 Segundo estudos da USP, por ano, 50 milhões de raios caem no


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: país. Especialistas dizem que numa tempestade a pessoa deve
Texto para a(s) questão(ões) a seguir evitar lugares altos e abertos, como campos de futebol e ficar sob
árvores, dentro de mar ou piscina.
Eram tempos menos duros aqueles vividos na casa de Tia Folha de S. Paulo, 07/01/2012.
Vicentina, em Madureira, subúrbio do Rio, onde Paulinho da Viola
podia traçar, sem cerimônia, um prato de feijoada - comilança que Tendo em vista sua finalidade comunicativa, pode-se apontar,
deu até samba, "No Pagode do Vavá". Mas como não é dado a nesse texto, o defeito da
saudades (lembre-se: é o passado que vive nele, não o contrário), a) ambiguidade.
Paulinho aceitou de bom grado a sugestão para que o jantar
b) redundância.
ocorresse em um dos mais requintados italianos do Rio. A escolha
c) prolixidade.
pela alta gastronomia tem seu preço. Assim que o sambista
d) inadequação léxica.
chega à mesa redonda ao lado da porta da cozinha, forma-se um
e) mistura de variedades linguísticas.
círculo de garçons, com o maître à frente. [...]
Paulinho conta que cresceu comendo o trivial. Seu pai Exercício 11
viveu 88 anos à base de arroz, feijão, bife e batata frita. De vez em TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
quando, feijoada. Massa, também. "Mas nada muito sofisticado." Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para responder
Com exceção de algumas dores de coluna, aos 70 anos, à(s) questão(ões) a seguir.
goza de plena saúde. O músico credita sua boa forma ao estilo de
vida, como se sabe, não dado a exageros e grandes ansiedades. Poema só para Jaime Ovalle1
T. Cardoso, Valor, 28/06/2013. Adaptado.
(Fgvrj 2015) Tendo em vista o contexto, pode ser lida em duplo Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
sentido a palavra sublinhada na seguinte frase do texto: (Embora a manhã já estivesse avançada).
a) “Mas como não é dado a saudades”. Chovia.
b) “Paulinho aceitou de bom grado a sugestão”. Chovia uma triste chuva de resignação
c) “A escolha pela alta gastronomia tem seu preço”. Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
d) “forma-se um círculo de garçons, com o maître à frente”. Então me levantei,
e) “O músico credita sua boa forma ao estilo de vida”. Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei
Exercício 9 pensando...
(Espm 2014) – Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.

(Estrela da vida inteira, 1993.)

1 Jaime Ovalle (1894-1955): compositor e instrumentista.

Aproximou-se do meio intelectual carioca e se tornou amigo


íntimo de Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Sérgio Buarque de Hollanda
A graça da tira decorre: e Manuel Bandeira. Sua música mais famosa é “Azulão”, em
parceria com o poeta Manuel Bandeira. (Dicionário Cravo Albin da
a) da existência de “ruído” na comunicação efetuada pela esposa
música popular brasileira)
Helga e não entendida pelo amigo Ed Sortudo.
1. (Unesp 2016) Por oscilar entre duas classes de palavras, o está sempre reclamando", diz o psiquiatra Márcio Bernik,
termo “só” confere ambiguidade ao título do poema. Identifique coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das
estas duas classes de palavras e o sentido que cada uma delas Clínicas (HC).
confere ao título. O distímico só enxerga o lado negativo do mundo e não
sente prazer em nada. A diferença entre ele e o resto dos mal-
humorados é que os últimos reclamam de um problema, mas
Exercício 12
param diante da resolução. O distímico reclama até se ganha na
(Fuvest 2013) Leia o texto.
loteria. "Não fica feliz, porque começa a pensar em coisas
negativas, como ser alvo de assalto ou de sequestro", diz o
Ditadura / Democracia
psiquiatra Antônio Egídio Nardi, professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. (...)
A diferença entre uma democracia e um país totalitário é que E, se o mau humor patológico tem remédio, o mau humor
numa democracia todo mundo reclama, ninguém vive satisfeito. "natural" também. Vários fatores interferem no humor. O cheiro,
Mas se você perguntar a qualquer cidadão de uma ditadura o que por exemplo, que é capaz de abrir o sorriso no rosto de um
acha do seu país, ele responde sem hesitação: “Não posso me trombudo. E mais: ao contrário do que se pensa, o humor melhora
queixar”. com a idade!
(KLINGER, Karina. Folha on-line - www.folha.com.br,
Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do caos.
15/07/2004.)

a) Para produzir o efeito de humor que o caracteriza, esse texto


emprega o recurso da ambiguidade? Justifique sua resposta.
Texto II
DEUS QUER OTIMISMO
b) Reescreva a segunda parte do texto (de “Mas” até “queixar”), Procópio acordava cedinho, abria a janela, exclamava:
pondo no plural a palavra “cidadão” e fazendo as modificações
- Que dia maravilhoso! O dia mais belo da minha vida!
necessárias.
Às vezes, realmente, a manhã estava lindíssima, porém
outras vezes a natureza mostrava-se carrancuda. Procópio nem
reparava. Sua exclamação podia variar de forma, conservando a
Exercício 13
essência:
(Fuvest 2009) Considere as seguintes frases, extraídas de
diferentes matérias jornalísticas, e responda ao que se pede. - Estupendo! Sol glorioso! Delícia de vida!
Choveu o mês inteiro e Procópio saudou as trinta e uma
cordas-d'água com a jovialidade de sempre. Para ele não havia
I. "Nos últimos meses, o debate sobre o aquecimento global vem,
com perdão do trocadilho, esquentando". mau tempo.
A família protestava contra a sua disposição fagueira e
II. "Preso vigia acusado de matar empresário".
inalterável. A população erguia preces ao Senhor, rogando que
parasse com o dilúvio. Um dia Procópio abriu a janela e foi levado
a) Identifique, na frase I, o trocadilho a que se refere o redator e
pelas águas. Ia exclamando:
explique por que ele pede perdão por tê-lo produzido.
- Sublime! Agora é que sinto realmente a beleza do bom
b) É correto afirmar que na frase II ocorre ambiguidade? Justifique
tempo integral! O azul é de Sevres! Chove ouro líquido! Sou feliz!
sua resposta.
Os outros, que não acreditavam nisto, submergiram, mas
Procópio foi depositado na crista de um pico mais alto que o da
Exercício 14 Neblina, onde faz sol para sempre. Merecia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa seleta. Rio de Janeiro:
Da euforia à depressão... Muitos são os estados de espírito que Nova Aguilar, 2003.)
experimentamos, ao longo de nossas vidas, seja individualmente,
seja na relação com o outro. Leia com atenção os textos desta
prova, que, direta ou indiretamente, apresentam matizes diversos
de humor. (Ufrj 2007) Conforme declara o narrador, para Procópio "não
havia mau tempo".
Texto I a) Considerando essa declaração, identifique a passagem em que
MAU HUMOR CRÔNICO É DOENÇA E EXIGE TRATAMENTO a percepção do narrador em relação aos fatos narrados não
Mau humor pode ser doença - e grave! Um transtorno coincide com a do personagem.
mental que se manifesta por meio de uma rabugice que parece b) Levando em conta o sentido integral do texto, explicite a
eterna. Lembra muito o estado de espírito do Hardy Har Har, a ambiguidade da expressão "mau tempo".
hiena de desenho animado famosa por viver resmungando "Oh
Exercício 15
dia, oh céu, oh vida, oh azar".
Distimia é o nome dessa doença. Reconhecida pela (Ufg 2006) Leia o texto para responder ao que se pede.
medicina nos anos 80, é uma forma crônica de depressão, com
Grávida não encontra remédio caro em SP
sintomas mais leves. "Enquanto a pessoa com depressão grave
fica paralisada, quem tem distimia continua tocando a vida, mas
[...] A diarista Maria do Carmo Brandão, 32, no oitavo mês diálogo entre Macabéa e Olímpio a função da linguagem
de uma gravidez de risco, aguarda atendimento na Casa de Saúde predominante é a fática.
da Mulher Prof. Domingos Delascio, SP. Ela diz não ter problemas
com a rede de saúde [...]. Maria do Carmo tem os melhores Assinale a alternativa correta.
médicos, exames, mas a atenção à sua saúde não é integral, pena
para achar o remédio para toxoplasmose, doença que porta e
a) Somente as afirmativas III e V são verdadeiras.
pode causar deformações no bebê se não tratada.
b) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
Como a Casa não tem autorização para distribuir o remédio
c) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
de alto custo, as mulheres são obrigadas a procurá-lo em centros
d) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
de distribuição específica, onde não é fácil achá- lo, relata.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
"FOLHA DE S. PAULO". São Paulo, 15 fev. 2005, p. C3,
Cotidiano. Exercício 17
(Fuvest 2020) O que eu precisava era ler um romance fantástico,
O título da reportagem permite mais de uma interpretação, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem
ambiguidade que é desfeita com a leitura do texto. Elabore duas criações absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se.
interpretações possíveis para esse título, indicando aquela que Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas
corresponde ao conteúdo da matéria. leituras já não me comovem.

Graciliano Ramos, Angústia.


Exercício 16
(Udesc 2014) Ele: – Pois é.
Ela: – Pois é o quê?
Se o discurso literário “aclara o real ao desligar‐se dele,
Ele: – Eu só disse pois é!
transfigurando‐o”, pode‐se dizer que Luís da Silva, o narrador-
Ela: – Mas “pois é” o quê?
protagonista de Angústia, já não se comove com a leitura de
Ele: – Melhor mudar de conversa porque você não me entende.
“histórias fáceis, sem almas complicadas” porque
Ela: – Entender o quê?
Ele: – Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
Ela: – Falar então de quê? a) rejeita, como jornalista, a escrita de ficção.
Ele: – Por exemplo, de você. b) prefere alienar‐se com narrativas épicas.
Ela: – Eu?! c) é indiferente às histórias de fundo sentimental.
Ele: – Por que esse espanto? Você não é gente? Gente fala de d) está engajado na militância política.
gente. e) se afunda na negatividade própria do fracassado.

Exercício 18
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco,
(G1 - cftmg 2020) Eu, quando via uma árvore daquelas
1998, p. 48.
gigantescas, que fazem de um homem uma coisinha ridícula, me
desmanchava em admiração. Respirava com mais largueza,
abrindo os braços, e sentia os raios do sol no meu rosto, como se
Há três conceitos clássicos de discursos, estudados pela
eu também fosse uma criatura privilegiada pela natureza. É sério.
gramática tradicional, que designam três modos de reproduzir ou
Sempre fui assim, piegas profissional. A Mayumi, diante da
citar um ato de enunciação. O texto acima é constituído por
mesma árvore, tecia considerações sobre a evolução genética da
apenas um tipo de discurso. Analise as proposições em relação a
espécie.
ele e aos tipos de discursos.

Ela era a fusão perfeita de dois mundos que eu imaginava


I. O discurso direto é a forma de citação do discurso em que o
absolutamente incompatíveis: o cientificismo e a feminilidade.
narrador indica o discurso do outro, e depois reproduz
literalmente a fala dele.
LACERDA, Rodrigo. O Fazedor de Velhos. São Paulo: Companhia
II. O discurso direto é uma operação que confere ao discurso a
das Letras, 2017. p. 86.
vivacidade e naturalidade típicas da oralidade, pelos recursos das
interjeições, exclamações, interrogações diretas e dos vocativos,
entre outros elementos.
Ao caracterizar a personagem feminina, o trecho traz à tona um
III. O discurso direto e o indireto são expedientes linguísticos para
discurso marcado pela
mostrar as diferentes vozes bem demarcadas no texto.
IV. As frases que, no discurso direto, têm a forma interrogativa ou
imperativa convertem-se no discurso indireto, em orações a) percepção da insignificância humana diante da natureza.
declarativas, conforme “Ele: – Por que esse espanto? Você não é b) representação estereotipada da mulher, apartada do saber
gente? Gente fala de gente” (linha 11): Ele perguntou por que o científico.
espanto, se ela não era gente, porque gente fala sobre gente. c) desilusão amorosa do narrador, causada por uma quebra de
V. Em uma mesma mensagem verbal pode-se reconhecer mais de expectativas.
uma função da linguagem, embora uma seja dominante. No
d) constatação da incompatibilidade entre as visões de mundo TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
das personagens. Um escritor! Um escritor!
Antônio Prata*
Exercício 19
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Com o jornal numa mão e um guaraná diet na outra, eu
O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro
caminhava pelas ruas de 1Kiev, desviando de barricadas e
Poesias, é o texto mais famoso da antologia, obra de estreia do
coquetéis molotov, quando a voz no sistema de som me trouxe
poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e
de volta à poltrona 11C do Boeing 737: “Atenção, senhores
a escolha da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao
passageiros, caso haja um médico a bordo, favor se apresentar a
movimento parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em
um de nossos comissários”.
colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como
Foi aquele discreto alvoroço: todos cochichando, olhando em
concebido no continente europeu.
volta, procurando o doente e torcendo por um doutor, até que, do
fundo da aeronave, despontou o nosso herói. Vinha com passos
XIII
firmes — grisalho, como convém —, a vaidade disfarçada num
leve enfado, como um Clark Kent que, naquele momento,
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
estivesse menos interessado em demonstrar os superpoderes do
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
que em comer seus amendoins.
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
Um comissário o encontrou no meio do corredor e o levou,
E abro as janelas, pálido de espanto…
apressado, até uma senhora gorducha que segurava a cabeça e
hiperventilava na primeira fileira do avião. O médico se agachou,
E conversamos toda a noite, enquanto
tomou o pulso, auscultou peito e costas, conversou baixinho com
A Via-láctea, como um pálio aberto,
ela, depois falou com a aeromoça. Trouxeram uma caixa de metal,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
ele deu um comprimido à mulher e, nem dez minutos mais tarde,
Inda as procuro pelo céu deserto.
voltou pros seus amendoins, sob os olhares admirados de todos.
Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir, foi
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido rapidamente 2fagocitada pela inveja. Ora, quando a medicina
Tem o que dizem, quando estão contigo?" nasceu, com Hipócrates, a história de 3Gilgamesh já circulava
pelo mundo havia mais de dois milênios: desde tempos
E eu vos direi: "Amai para entendê-las! imemoriais, enquanto o corpo seguia ao deus-dará, a alma era
Pois só quem ama pode ter ouvido tratada por mitos, versos, fábulas — e, no entanto...
Capaz de ouvir e de entender estrelas.” No entanto, caros leitores, quem aí já ouviu uma aeromoça pedir,
ansiosa: “Atenção, senhores passageiros, caso haja um escritor a
BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. bordo, favor se apresentar a um de nossos comissários”?
Via-Láctea. Disponível em: Eu não me abalaria. Fecharia o jornal, sem afobação, poria uma
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Bic e um guardanapo no bolso, iria até a senhora gorducha e me
Acesso em: 19/08/2019. agacharia ao seu lado. Conversaríamos baixinho. Ela me
confessaria, quem sabe, estar prestes a reencontrar o filho, depois
de dez anos brigados: queria falar alguma coisa bonita pra ele,
mas não era boa com as palavras. Eu faria uma rápida
5
(Ime 2020) “Direis agora: ‘Tresloucado amigo! anamnese: perguntaria os motivos da briga, 5se o filho estava
Que conversas com elas? Que sentido mais pra Proust ou pra UFC, levantaria recordações prazerosas
Tem o que dizem, quando estão contigo?’” (versos 9 a 11) da relação e, antes de tocarmos o solo, entregaria à mulher três
parágrafos capazes de verter lágrimas até da estátua do Borba
No trecho acima é empregado o chamado discurso direto. Isso se Gato.
confirma pelo(a) De volta ao meu lugar, passageiros me cumprimentariam e
compartilhariam histórias semelhantes. Uma jovem mãe me
a) uso de dois pontos e de formas verbais no pretérito imperfeito
contaria do primo poeta que, num restaurante, ao ouvir os apelos
do indicativo e no pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
do garçom —”Um escritor, pelo amor de Deus, um escritor!”—,
b) intenção de uso de uma linguagem coloquial, própria da vida
tinha sido levado até um rapaz apaixonado e conseguido escrever
cotidiana.
seu pedido de casamento no cartão de um buquê antes que a
c) utilização do vocativo e de pontos de exclamação para exprimir
futura noiva voltasse do banheiro.
a ideia de um diálogo em curso.
Um senhor comentaria o caso muito conhecido do romancista
d) utilização de aspas no intuito de marcar a narração em 3ª
que, após as súplicas de mil turistas, fora capaz de convencer 200
pessoa.
tripulantes de um cruzeiro a abandonar o gerúndio.
e) intenção de identificar o leitor como interlocutor do poeta, para
Eu sorriria, de leve. Diria “Pois é, se você escolheu essa profissão,
quem é extravagante o sentimento de encantamento poético
tem que estar preparado pras emergências”, então recusaria,
evidenciado no poema.
educadamente, o segundo saquinho de amendoins que a
Exercício 20 aeromoça me ofereceria e voltaria, como se nada tivesse
acontecido, para as 6bombas da Crimeia, com meu copo de vírgulas foram empregadas para sinalizar enumeração de termos]
guaraná.
c) “Foi aquele discreto alvoroço: todos cochichando, olhando em
*Antonio Prata volta, procurando o doente e torcendo por um doutor, até que, do
Escritor e roteirista, autor de Nu, de Botas. fundo da aeronave, despontou o nosso herói.” [os dois pontos
Jornal Folha de São Paulo, 25 mai. 2014 – Disponível em: foram utilizados para sinalizar introdução de discurso direto].
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/>. Acesso d) “Vinha com passos firmes — grisalho, como convém —, a
em 27 ago.2019. vaidade disfarçada num leve enfado, como um Clark Kent que,
naquele momento, estivesse menos interessado em demonstrar
os superpoderes do que em comer seus amendoins.” [os
Vocabulário de apoio: travessões foram utilizados para indicar mudança de interlocutor
1 no discurso].
Kiev: capital e maior cidade da Ucrânia. No trecho: “eu
caminhava pelas ruas de Kiev, desviando de barricadas e Exercício 21
coquetéis molotov”, o autor se refere ao tema do livro (Guerra da
Crimeia) que ele lia, enquanto estava no voo. Os termos
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
‘barricadas’(trincheiras feitas de improviso) e ‘coquetéis molotov’
Leia o início do conto “Luís Soares”, de Machado de Assis, para
(tipo de arma química, geralmente usada em guerrilhas) estão responder à(s) questão(ões).
relacionados ao tema da leitura feita pelo autor.
Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império da
2 fagocitada: neologismo criado a partir de fagocitose: processo natureza corrigindo a obra da sociedade. O calor do sol está
de ingestão e destruição de partículas sólidas, como bactérias ou dizendo aos homens que vão descansar e dormir, ao passo que a
pedaços de tecido necrosado, por células ameboides chamadas frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se deve
de fagócitos [tem como uma das funções a proteção do viver. Livre em todas as minhas ações, não quero sujeitar-me à lei
organismo contra infecções.]; no texto, ‘fagocitada’ pode ser absurda que a sociedade me impõe: velarei de noite, dormirei de
substituída por ‘devorada’. dia.
Contrariamente a vários ministérios, Soares cumpria este
3 No trecho: “a medicina nasceu, com Hipócrates, a história de programa com um escrúpulo digno de uma grande consciência. A
Gilgamesh”, o autor se refere a Hipócrates – pensador grego, aurora para ele era o crepúsculo, o crepúsculo era a aurora.
considerado o “pai da Medicina” – e a Gilgamesh - rei da Suméria, Dormia 12 horas consecutivas durante o dia, quer dizer das seis
mais conhecido atualmente por ser o personagem principal da da manhã às seis da tarde. Almoçava às sete e jantava às duas da
Epopeia de Gilgamesh, um épico mesopotâmico preservado em madrugada. Não ceava. A sua ceia limitava-se a uma xícara de
tabuletas escritas com caracteres cuneiformes (o mais antigo tipo chocolate que o criado lhe dava às cinco horas da manhã quando
de escrita do mundo). ele entrava para casa. Soares engolia o chocolate, fumava dois
charutos, fazia alguns trocadilhos com o criado, lia uma página de
4 anamnese: lembrança, recordação pouco precisa. No campo da algum romance, e deitava-se.
medicina, anamnese é um histórico que vai desde os sintomas Não lia jornais. Achava que um jornal era a cousa mais inútil deste
iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base mundo, depois da Câmara dos Deputados, das obras dos poetas
nas lembranças do paciente. e das missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu em
religião, política e poesia. Não. Soares era apenas indiferente.
5 No trecho: “se o filho estava mais pra Proust ou pra UFC”, o Olhava para todas as grandes cousas com a mesma cara com que
via uma mulher feia. Podia vir a ser um grande perverso; até
autor se refere a um escritor francês (Proust, importante escritor
então era apenas uma grande inutilidade.
no cenário da literatura mundial) e a UFC, cuja sigla em inglês
Ultimate Fighting Championship, designa organização de MMA
(Artes Marciais Mistas) que produz eventos ao redor de todo o (Contos fluminenses, 2006.)
mundo.

6 bombas da Crimeia – referência à Guerra da Crimeia (1853- (Famerp 2020) No primeiro parágrafo, o trecho “Livre em todas
as minhas ações, não quero sujeitar-me à lei absurda que a
1856), assunto do livro que o autor lia, durante o voo.
sociedade me impõe” é parte da fala do personagem Luís Soares.
O mesmo trecho, em discurso indireto, seria:

(G1 - cftmg 2020) A explicação do emprego dos sinais de a) Luís Soares dizia que, livre em todas as suas ações, não quer
pontuação foi corretamente apresentada entre colchetes em sujeitar-se à lei absurda que a sociedade lhe impõe.
b) Luís Soares dizia, livre em todas as suas ações, que não quer
a) “Atenção, senhores passageiros, caso haja um médico a bordo,
sujeitar-se à lei absurda que a sociedade o impõe.
favor se apresentar a um de nossos comissários”. [as duas
c) Luís Soares dizia que, livre em todas as suas ações, não queria
primeiras vírgulas foram utilizadas para isolar vocativo]
sujeitar-se à lei absurda que a sociedade o impunha.
b) “desde tempos imemoriais, enquanto o corpo seguia ao deus-
d) Luís Soares dizia, livre em todas as suas ações, que não quis
dará, a alma era tratada por mitos, versos, fábulas” [todas as
sujeitar-se à lei absurda que a sociedade o impôs.
e) Luís Soares dizia que, livre em todas as suas ações, não queria Exercício 23
sujeitar-se à lei absurda que a sociedade lhe impunha. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O diálogo, desenvolvido entre as personagens Menipo e Hermes,
Exercício 22 faz parte do livro Diálogo dos Mortos, do escritor Luciano de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Samósata.
Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
responder à(s) questão(ões) a seguir.
Menipo – Onde estão os belos e as belas, Hermes1? Leva-me até
eles, pois eu sou novato aqui.
Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido,
Hermes – Não tenho tempo, Menipo. Mas, olha aquilo ali, à
pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês.
Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas direita: ali está Jacinto, também Narciso e Nireu e Aquiles2; e
estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não ainda Tiró, Helena3, Leda, em suma, todas as beldades antigas.
poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador. Menipo – Eu estou vendo só ossos e crânios desprovidos de
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de carnes, a maioria desses semelhantes.
Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais Hermes – Contudo, aqueles são os ossos que todos os poetas
próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo. admiram e que tu pareces desprezar.
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como Menipo – Mesmo assim, mostra-me Helena, pois eu não saberia
outros destruidores de telas que entram num museu armados de reconhecê-la.
facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não Hermes – Esse crânio aí é Helena.
apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não, Menipo – Então é por causa disso aí que foram lotados milhares
usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente de navios da Grécia inteira e tombaram tantos gregos e bárbaros,
insuspeitados: os cupins. e tantas cidades foram arrasadas!
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário Hermes – Mas, Menipo, tu não viste essa mulher em vida; senão
treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para tu também terias dito que não merece castigo “sofrer dores por
isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do muito tempo por uma mulher”, porque também as flores secas, se
artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução alguém as contempla depois que elas perdem o viço, é evidente
açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais que lhe parecerão murchas; mas enquanto florescem e mantêm o
obras de outras. colorido, elas são muito belas.
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que Menipo – Pois é isso mesmo que me causa admiração, Hermes:
só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os que os Aqueus4 não perceberam que estavam sofrendo por uma
insetos era agradável, e isso era o que importava. coisa tão efêmera e tão facilmente perecível.
Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que
aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar Luciano de Samósata, Diálogo dos Mortos. Trad. Henrique G.
as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do Murachco. Edusp: São Paulo, p. 67.
prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram
detectados.
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua 1. Hermes: divindade grega posteriormente assimilada à
desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram representação do deus Mercúrio, pela mitologia romana. Na cena,
encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe Hermes entrega as almas a Caronte, que se encarrega de fazê-las
serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem atravessar o Aqueronte, rio que separa o mundo dos vivos e dos
querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a mortos.
mesma coisa. 2. Aquiles: filho de Peleu e Tétis, o mais valente dos heróis na
guerra de Troia, de cabeleira dourada. É jovem, forte e belo. Morre
(O imaginário cotidiano, 2002.) em plena juventude; por isso ele está ao lado de beldades, tais
como Jacinto e Narciso.
3. Helena: mulher de Menelau, raptada por Páris, filho de Príamo,
rei de Troia, foi a causa da guerra que levou ao Hades milhares de
(Unifesp 2020) “Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis almas de heróis, segundo Homero.
girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes 4. Aqueu: relativo aos aqueus, um dos quatro ramos do povo
deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto grego antigo, ou indivíduo dos aqueus, relativo à Acaia (antiga
criador.” (1º parágrafo) Grécia), ou ao seu natural ou habitante.

Ao se transpor o trecho para o discurso indireto, os termos


sublinhados assumem a seguinte redação: (G1 - cps 2020) Analise a passagem:

a) existirem, pode, meu.


“Onde estão os belos e as belas, Hermes? Leva-me até eles, pois
b) existissem, poderia, seu.
eu sou novato aqui.”
c) existiam, puderem, meu.
d) existem, poderei, dele.
e) tenham existido, terá podido, seu.
Assinale a alternativa em que o excerto esteja corretamente gente pede a prisão”, disse a delegada Ana Carolina Machado
transposto para o discurso indireto. Jorge.

a) Menipo questionou Hermes sobre o paradeiro dos belos e


O projeto é uma parceria da Universidade Federal de Sergipe com
belas, para, logo em seguida, exigir-lhe que o levasse até eles,
a prefeitura e delegacia da cidade de Lagarto. Começou há seis
posto que era novato aqui.
anos e, nesse tempo, foi registrado apenas um caso de feminicídio
b) Menipo perguntou a Hermes onde estavam os belos e as belas,
na cidade. Pelo grupo já passaram mais de 300 homens e muitas
ordenando-lhe que o levasse até eles, pois ele era novato
foram as lições. “Estou aprendendo várias coisas. Se eu pudesse
naquele lugar.
não errar, voltava para trás”, disse o homem.
c) Hermes questiona a si mesmo onde estariam os belos e as
belas, instigando-se para se levar até eles, uma vez que fora novo
Adaptado de: g1.globo.com
por lá.
d) Hermes perguntou a Menipo onde estavam os belos e as belas,
suplicando-lhe para que o levasse até eles, embora fosse novato
(Uel 2020) Sobre os recursos de pontuação empregados no
ali.
texto, considere as afirmativas a seguir.
e) Menipo ordena a Hermes que estivessem todos, os belos e as
I. As aspas, ao marcarem o discurso direto, revelam o grau de
belas, onde eles pudessem ser levados até ali, mesmo sendo
formalidade do discurso, próprio de textos opinativos.
novatos.
II. No trecho “A gente vai trabalhando numa escalada:”, após os
Exercício 24 dois pontos há uma sequência com efeito de gradação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: III. Em “Sandra Aiaish Menta, doutora em psicologia da
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir. Universidade Federal de Sergipe, tem um papel fundamental”, as
vírgulas separam um trecho explicativo.
Projeto ajuda a interromper ciclo de violência contra mulheres IV. As vírgulas utilizadas no discurso direto do primeiro parágrafo
desempenham papel fundamental de enumerar ações.
Em Sergipe, um projeto tem ajudado a interromper o ciclo de
violência contra mulheres. Foram 16 anos sofridos em silêncio até
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
que ela resolveu dar um basta. “Quando eu saí de casa, fui para a
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
casa de minha mãe. Ele me ligou, esculhambou de tudo, falou que c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
estava indo para a casa da minha mãe para me bater, para d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
quebrar meus dentes, para fazer o que ele queria. Foi nessa hora e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
que resolvi ir para a delegacia e prestei queixa”, disse a mulher.
Exercício 25
A queixa virou um acordo entre o casal. Ao invés de responder a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
um inquérito, uma vez por semana, o ex-marido frequenta um A Lenda da Manioca (lenda dos índios Tupis)
grupo só para homens. Antes do primeiro empurrão, do tapa,
geralmente existe a agressão verbal seguida de ameaça. Os 1A filha do cacique da tribo deu à luz uma linda indiazinha. A tribo
homens que foram denunciados por esse tipo de agressão estão espantou-se:
no grupo para aprender a enxergar a mulher com outros olhos, – Como é branquinha esta criança!
com respeito. Uma mudança de comportamento que fez romper o E era mesmo. Perto dos outros curumins da taba, parecia um
ciclo da violência doméstica. raiozinho de lua. Chamaram-na Mani. Mani era linda, silenciosa e
quieta. Comia pouco e pouco bebia. Os pais preocupavam-se.
“A ideia do grupo é uma mudança de atitude, de comportamento, – Vá brincar, Mani, dizia o pai.
mesmo que você não concorde. Está na lei”, diz a psicóloga aos – Coma um pouco mais, dizia a mãe.
homens. Sandra Aiaish Menta, doutora em psicologia da Mas a menina continuava quieta, cheia de sonhos na cabecinha.
Universidade Federal de Sergipe, tem um papel fundamental. Mani parecia esconder um mistério.
“Quando eles chegam ao grupo, a gente tem que sensibilizá-los Uma bela manhã, não se levantou da rede. O pajé foi chamado.
de que aquilo que eles fizeram é algo que é uma agressão ao Deu ervas e bebidas à menina. Mas não atinava com o que tinha
outro”, disse. Mani. Toda a tribo andava triste. Mas, deitada em sua rede, Mani
sorria, sem doença e sem dor.
A cada encontro, novas descobertas. Um homem que sequer E, sorrindo, Mani morreu. Os pais a enterraram dentro da própria
admitia que era agressor está na sexta reunião e já mudou de oca. E regavam sua cova todos os dias, como era costume entre
atitude. “Reconheço sim, reconheço que errei com ela. O grupo os índios Tupis. Regavam com lágrimas de saudade.
ajudou muito, graças a Deus”, disse. Mas se ele voltar a ser Um dia, perceberam que do túmulo de Mani rompia uma
violento, não tem acordo. plantinha verde e viçosa.
– Que planta será esta? Perguntaram, admirados. Ninguém a
“A gente vai trabalhando numa escalada: para os crimes mais conhecia.
simples, oferecendo a mediação. Houve descumprimento, a gente – É melhor deixá-la crescer, resolveram os índios.
vai para investigação com medida protetiva. Se ele descumprir, a
E continuaram a regar o brotinho mimoso. A planta desconhecida outros, inclusive estes aqui – e deu uma pancada estridente nos
crescia depressa. Poucas luas se passaram e ela estava altinha, meus dentes da frente.
com um caule forte, que até fazia a terra se rachar em torno. Uma injeção de anestesia na gengiva. Mostrou o dente na
– A terra parece fendida, comentou a mãe de Mani. ponta do boticão: A raiz está podre, vê?, disse com pouco caso.
– Vamos cavar? São quatrocentos cruzeiros.
E foi o que fizeram. Cavaram pouco e, à flor da terra, viram umas Só rindo. Não tem não, meu chapa, eu disse.
raízes grossas e morenas, quase da cor dos curumins, nome que Não tem não o quê?
dão aos meninos índios. Mas, sob a casquinha marrom, lá estava Não tem quatrocentos cruzeiros. Fui andando em direção à
a polpa branquinha, quase da cor de Mani. Da oca de terra de porta.
Mani surgia uma nova planta! Ele bloqueou a porta com o corpo. É melhor pagar, disse.
– Vamos chamá-la Mani-oca, resolveram os índios. Era um homem grande […]. E meu físico franzino encoraja as
2– E, para não deixar que se perca, vamos transformar a planta pessoas. Odeio dentistas, comerciantes, advogados, industriais,
em alimento! funcionários, médicos, executivos, essa canalha inteira. Todos eles
Assim fizeram! estão me devendo muito. Abri o blusão, tirei o 38 [...]. Ele ficou
Depois, fincando outros ramos no chão, fizeram a primeira branco, recuou. Apontando o revólver para o peito dele comecei a
plantação de mandioca. E até hoje entre os índios do Norte e aliviar o meu coração: tirei as gavetas dos armários, joguei tudo
Centro do Brasil é este um alimento muito importante. E, em todo no chão, chutei os vidrinhos todos como se fossem balas, eles
o Brasil, quem não gosta da plantinha misteriosa que surgiu na pipocavam e explodiam na parede. Arrebentar os cuspidores e
casa de Mani? motores foi mais difícil, cheguei a machucar as mãos e os pés. O
dentista me olhava, várias vezes deve ter pensado em pular em
Adaptado de macvirtual.usp.br/mac/templates/jogo/lenda.asp/ cima de mim, eu queria muito que ele fizesse isso para dar um tiro
Acessado em 10/10/19. naquela barriga grande […].
Eu não pago mais nada, cansei de pagar!, gritei para ele,
agora eu só cobro!
(G1 - cotil 2020) Considere o trecho:
(O melhor de Rubem Fonseca, 2015.)
“- E, para não deixar que se perca, vamos transformar a planta em
alimento!” (ref. 2)
(Fac. Albert Einstein - Medicin 2020) “Ele [...] perguntou como é
Indique a alternativa que apresenta a melhor transformação da que eu tinha deixado os meus dentes ficarem naquele estado” (2º
fala dos índios em discurso indireto, preservando-se o sentido parágrafo)
original e fazendo-se a devida adequação gramatical.
Ao se transpor o trecho para o discurso direto, o termo
a) Os índios diziam que iam transformar a planta em alimento,
sublinhado assume a seguinte forma:
para evitar a perca dela.
b) Os índios disseram que transformariam a planta em alimento, a) deixaria.
para que não a deixassem se perder. b) deixa.
c) Os índios dizem que, para não haver a perda da planta, vão c) deixou.
transformá-la em alimento. d) deixava.
d) Os índios disseram que, para que a planta não se perdesse, e) deixara.
transformariam-a em alimento.
Exercício 27
Exercício 26 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Amar
Leia o trecho inicial do conto “O cobrador”, de Rubem Fonseca.
Que pode uma criatura senão,
Na porta da rua uma dentadura grande, embaixo escrito entre criaturas, amar?
Dr. Carvalho, Dentista. Na sala de espera vazia uma placa, Espere amar e esquecer, amar e malamar,
o Doutor, ele está atendendo um cliente. Esperei meia hora, o amar, desamar, amar?
dente doendo, a porta abriu e surgiu uma mulher acompanhada sempre, e até de olhos vidrados, amar?
de um sujeito grande, uns quarenta anos, de jaleco branco.
Entrei no gabinete, sentei na cadeira, o dentista botou um Que pode, pergunto, o ser amoroso,
guardanapo de papel no meu pescoço. Abri a boca e disse que o sozinho, em rotação universal,
meu dente de trás estava doendo muito. Ele olhou com um senão rodar também, e amar?
espelhinho e perguntou como é que eu tinha deixado os meus amar o que o mar traz à praia,
dentes ficarem naquele estado. o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
Só rindo. Esses caras são engraçados. é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Vou ter que arrancar, ele disse, o senhor já tem poucos
dentes e se não fizer um tratamento rápido vai perder todos os Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru, perfil privilegiado. As duas eram tão inseparáveis quanto seus
maridos, colegas de escritório. Até ter filhos juntas conseguiram,
um vaso sem flor, um chão de ferro, 8acreditasse quem quisesse. Tão gostoso, ambas no hospital. A
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
semelhança física teria 9contribuído para o perfeito
Este o nosso destino: amor sem conta,
entendimento? “Imaginava que fossem irmãs”, muitos diziam, o
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
que sempre causava satisfação.
doação ilimitada a uma completa ingratidão, 10– O que está se passando nessa cabecinha? – Bárbara
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor. estranhou a amiga, só doente 11pararia quieta. Admirou-a: os
12cabelos soltos, caídos no rosto, escondiam os olhos

Amar a nossa falta mesma de amor, _____2_____, azuis ou verdes, conforme o reflexo da roupa. De
e na secura nossa amar a água implícita, que cor estariam hoje 13seus olhos?
e o beijo tácito, e a sede infinita. Ema aprumou o corpo.
– Pensava que se nós morássemos numa casa grande,
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: vocês e nós...
Companhia das Letras. 2012. p. 26.) Bárbara sorriu. Também ela uma vez tivera a 14ideia. – As
crianças brigariam o tempo todo.
15
Novamente a amiga tinha razão. 16Os filhos não se
Vocabulário:
suportavam, discutiam por qualquer motivo, ciúme doentio de
Expectante: aquele que espera, que observa.
tudo. 17O que sombreava o relacionamento dos casais.
Inerte: o que não possui movimento nem se consegue
– Pelo menos podíamos morar mais perto, então.
movimentar; imóvel.
Se o marido estivesse em casa, 18seria obrigada a assistir
Inóspito: local sem condições para ser habitado.
à televisão, _____3_____, ele mal chegava, ia ligando o aparelho,
Pérfida: desleal; em que há traição, falsidade.
ainda que soubesse que ela detestava sentar que nem múmia
Rapina: ato de roubar astuciosa e violentamente.
diante do aparelho – levantou-se, repelindo a lembrança.
Tácito: algo que é implícito ou que está subentendido.
Preparou uma jarra de limonada. _____4_____ todo aquele
interesse de Bárbara na revista? Reformulou a pergunta em voz
alta.
(G1 - cmrj 2019) Algumas estratégias argumentativas foram
empregadas no texto para persuadir o leitor de que a opinião do – Nada em especial. Uma pesquisa sobre o
eu lírico é um fato inquestionável. comportamento das crianças na escola, de como se modificam
19
as personalidades longe dos pais.
A estratégia de persuasão presente no poema caracteriza-se de
modo mais evidente pelo uso de Adaptado de: VAN STEEN, Edla. Intimidade. In: MORICONI, Italo
(org.) Os cem melhores contos brasileiros do século. 1. ed. Rio de
a) discurso direto.
Janeiro: Objetiva, 2009. p. 440-441.
b) pergunta retórica.
c) linguagem figurada.
d) repetição de termos.
(Ufrgs 2019) Assinale a alternativa que realiza adequadamente a
e) argumento de autoridade.
transposição para o discurso indireto do trecho a seguir.
Exercício 28
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: – Para mim esta é a melhor hora do dia – Ema disse, voltando
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionadas ao texto abaixo. do quarto dos meninos (ref. 1).

a) Ema disse, voltando do quarto dos meninos: – aquela era a


1– Para mim esta é a melhor hora do dia – Ema disse, melhor hora do dia para ela.
voltando do quarto dos meninos. – Com as crianças na cama, a b) Voltando do quarto dos meninos, Ema disse que, para ela,
casa fica tão sossegada. aquela era a melhor hora do dia.
– Só que já é noite – a amiga corrigiu, sem tirar os olhos da c) Voltando do quarto dos meninos, Ema disse: Para mim esta é a
revista. Ema agachou-se para recolher o quebra-cabeça melhor hora do dia.
esparramado pelo chão. d) Ema disse que aquela, para ela, foi a melhor hora do dia,
– É força de expressão, sua boba. O dia acaba quando eu voltando do quarto dos meninos.
vou dormir, isto é, o dia tem vinte quatro horas e a semana tem e) Ao voltar do quarto dos meninos, Ema disse ser-lhe esta a
sete dias, não está certo? – Descobriu um sapato sob a poltrona. melhor hora do dia.
Pegou-o e, quase deitada no tapete, procurou, 2depois, o par
Exercício 29
_____1_____ dos outros móveis.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Era bom 3ter uma 4amiga 5experiente. Nem precisa ser da
O trecho que segue é da personagem Olga, de Triste Fim de
mesma idade – deixou-se cair no sofá – Bárbara, 6muito mais Policarpo Quaresma, roman­ce de Lima Barreto.
sábia. Examinou-a a ler: uma linha de luz dourada 7valorizava o
O que mais a impressionou no passeio foi a miséria geral, a falta (G1 - CMRJ 2019) O casamento é tratado sob dois pontos de
de cultivo, a pobreza das casas, o ar triste, abatido da gente vista. Para reforçar um deles, a autora faz uso de alguns recursos
pobre. (…) Havendo tanto barro, tanta água, por que as ca­sas não linguísticos.
eram de tijolos e não tinham telhas? Era sempre aquele sapê O verso que, no poema, apresenta um desses recursos com seu
sinistro e aquele “sopapo” que deixava ver a trama de varas, como respectivo efeito de sentido é
o es­queleto de um doente. Por que ao redor dessas casas não
a) ele fala coisas como ‘este dia foi difícil’ (v. 8) – uso de aspas
havia culturas, uma horta, um pomar? (…) Não podia ser preguiça
para marcar o discurso indireto.
só ou indolência. Para o seu gasto, para uso próprio, o homem
b) Meu marido, se quiser pescar, pesque, (v. 2) – subordinação
tem sempre energia para trabalhar relativa­mente. (…) Seria a
que reforça o vínculo afetivo existente entre o casal.
terra? Que seria? E todas essas questões desafiavam a sua
c) É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, (v. 6) – desvio de
curiosidade, o seu desejo de saber, e também a sua piedade e
concordância nominal que sugere intimidade entre o casal.
simpatia por aqueles párias, maltrapilhos, mal alojados, talvez
d) A qualquer hora da noite me levanto, (v. 4) – primeira pessoa
com fome, sorumbáticos!...
do discurso como estratégia de aproximação com o leitor.
e) ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. (v. 5) – coordenação
(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)
para sequenciar as ações de companheirismo, algo que norteia a
relação.

Exercício 31
(Espm 2019) Em Lima Barreto, a sequência grande de perguntas (UFU 2018) Muitos paquistaneses acreditam que a mídia local e
ao longo do texto configura o: internacional promove a jovem ativista de forma exagerada e
desnecessária. Partidos de direita afirmam que a “campanha”

a) discurso direto, em que há reprodução da fala da personagem para promovê-la é a prova de que há um "lobby internacional" por
ou do diálogo entre personagens. trás de tudo isso. [...]
b) discurso indireto, em que o narrador con­ta aos leitores o que a Os defensores da ganhadora do Nobel da Paz acusam os
personagem disse. Não há travessão. “odiadores de Malala” de campanha de difamação contra ela. Até
que a mentalidade das pessoas mude, argumentam, a jovem não
c) discurso indireto livre, em que há o pen­samento da
poderá viver em sua terra natal de forma permanente.
personagem, expresso pelo narrador, em meio à narrativa.
d) solilóquio, em que a personagem extra­vasa os seus
Disponível em:<https://goo.gl/abhkYN>. Acesso em: 30 mar.
pensamentos e emoções em monólogos, sem dirigir-se
2018.
especifica­mente a qualquer ouvinte.
e) fluxo da consciência, em que há trans­crição do complexo
No texto sobre o retorno de Malala Yousafzai ao Paquistão pela
processo de pensa­mento não-linear de uma personagem, com o
raciocínio lógico entremeado com impressões pessoais primeira vez desde que foi baleada pelo Talibã, o emprego das
momentâneas e exibindo os processos de associação de ideias. aspas em “odiadores de Malala” tem o efeito de

a) aludir de forma pejorativa aos partidos de direita.


Exercício 30
b) destacar uma expressão coloquial usada por paquistaneses.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
c) delimitar palavras ditas por entrevistados.
Casamento
d) veicular imparcialidade do enunciador.

Há mulheres que dizem: Exercício 32


Meu marido, se quiser pescar, pesque, TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
mas que limpe os peixes. DESCOLADOS E BACANAS ADOTAM VIRA-LATAS E PEDEM
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, HÓSTIA 'GLUTEN FREE'
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, A tipologia humana contemporânea chama a atenção pelo
de vez em quando os cotovelos se esbarram, ridículo. Descolados e bacanas são pessoas que têm hábitos,
ele fala coisas como ‘este foi difícil’ afetos e disposições de alma mais avançados do que os "colados"
‘prateou no ar dando rabanadas’ e os "canas".
e faz o gesto com a mão. Estes são gente que não consegue acompanhar os progressos
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez sociais e se perdem diante das novas formas de economia, de
atravessa a cozinha como um rio profundo. sociabilidade e de direitos afetivos. Vejamos alguns exemplos
Por fim, os peixes na travessa, dessa tipologia dos descolados e bacanas. Se você não se
vamos dormir. enquadrar, não chore. Ser um "colado" ou "cana" um dia poderá
Coisas prateadas espocam: ascender à condição vintage, semelhante ao vinil ou ao filtro de
somos noivo e noiva. barro.
(PRADO, Adélia. Terra de Santa Cruz, Rio de Janeiro: Record, A busca de uma alimentação saudável é um traço de descolados
2006. p. 25.) e bacanas. Um modo rápido e preciso de identificá-los é usar a
palavra "McDonald's" perto deles. Se a pessoa começar a gritar
de horror ou demonstrar desprezo, você está diante de um
descolado e bacana. Se você não entender o horror e o desprezo descolados-ebacanas-adotam-vira-latas-e-pedem-hostia-
dela pelo McDonald's, você é um "colado" e um “cana”. gluten-free.shtml
Essa busca pela alimentação segura bateu na porta de Jesus,
coitado. A demanda dos católicos descolados e bacanas é que o (UNIOESTE 2018) Considerando as palavras entre aspas no
corpo de Cristo venha sem glúten. Uma hóstia "gluten free". O texto, assinale a alternativa em que estas NÃO criam efeito de
papa, seguramente uma pessoa desocupada, teve que se ironia sobre os termos aspeados:
preocupar com o corpo de Cristo sem glúten. A commoditização
a) “E esse ‘direito’ será uma exigência do capitalismo
da religião, ou seja, a transformação da religião em produto, um
consciente”.
dia chegaria a isso: que Jesus emagreça seus fiéis.
b) “Uma nova ‘proposta’ é oferecer sua casa ‘de graça’ para
Um segundo tipo de descolado e bacana é aquele pai que fica
pessoas morarem com você”.
lambendo o filho pra todo mundo achar que ele é um "novo
c) “Expressões como ‘proposta’ e ‘projeto’ são essenciais se você
homem". Esse "novo homem" é, na verdade, um mito pra cobrir a
quer se tornar uma pessoa descolada e bacana”.
desarticulação crescente das relações entre homem e mulher.
d) “Essa proposta é ainda mais ridícula do que aquela em que
Homens cuidam de filhos há décadas, mas agora pai que cuida de
você, jovem, recebe a ‘graça’ de trabalhar de graça para uma
filho virou homem descolado e bacana, com direito à licença-
marca famosa”.
paternidade de 40 dias, dada por empresas descoladas e
e) “Algumas dessas propostas ainda vêm temperadas com um
bacanas.
discurso de ‘empoderamento’ das mulheres”.
Além de tornar o emprego ainda mais caro (coisa que a lei
trabalhista faz, inviabilizando o emprego no país), a sorte dessas Exercício 33
empresas é que as pessoas cada vez mais se separam antes de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ter filhos. As que não se separam, por sua vez, ou têm um filho só Nosso pensamento, como toda entidade viva, nasce para se vestir
ou um cachorro. Logo, fica barato posar de empresa descolada e de fronteiras. Essa invenção é uma espécie de vício de arquitetura,
bacana. Queria ver se a moçada fosse corajosa como os antigos e pois não há infinito sem linha do horizonte. A verdade é que a
tivesse cinco filhos por casal. Com o crescimento da cultura pet, vida tem fome de fronteiras. Porque essas fronteiras da natureza
logo empresas descoladas e bacanas darão licença de uma não servem apenas para fechar. Todas as membranas orgânicas
semana quando o cachorro do casal ficar doente. E esse "direito" são entidades vivas e permeáveis. 1São fronteiras feitas para, ao
será uma exigência do capitalismo consciente. Aliás, descolados e mesmo tempo, delimitar e negociar: o “dentro” e o “fora” trocam-
bacanas adotam cachorros vira-latas para comprovar seu se por turnos.
engajamento contra a desigualdade social animal. Um dos casos mais notáveis na construção de fronteiras acontece
Um terceiro tipo de gente descolada e bacana é o praticante de no mundo das aves. É o caso do nosso tucano, o tucano africano,
formas solidárias de economia. Este talvez seja o tipo mais
que fabrica o ninho a partir do oco de uma árvore. 2Nesse vão, a
descolado e bacana dos descritos até aqui nessa tipologia de
fêmea se empareda literalmente, erguendo, ela e o macho, um
bolso que ofereço a você, a fim de que aprenda a se mover neste
tapume de barro. 3Essa parede tem apenas um pequeno orifício,
mundo contemporâneo tão avançado em que vivemos.
ele é a única janela aberta sobre o mundo. Naquele cárcere
Uma nova "proposta" (expressões como "proposta" e "projeto"
escuro, a fêmea arranca as próprias penas para preparar o ninho
são essenciais se você quer ser uma pessoa descolada e bacana)
é oferecer sua casa "de graça" para pessoas morarem com você. das futuras crias.4Se quisesse desistir da empreitada, ela
Calma! Se o leitor for alguém minimamente inteligente, morreria, sem possibilidade de voar. 5Mesmo neste caso de
desconfiará dessa proposta. Algumas dessas propostas ainda consentida clausura, a divisória foi inventada para ser negada.
vêm temperadas com um discurso de "empoderamento" das 6
Mas o que aqueles pássaros construíram não foi uma parede: foi
mulheres que colaborariam umas com as outras. Explico. um buraco. Erguemos paredes inteiras como se fôssemos tucanos
Imagine que uma mãe single ofereça um quarto na casa dela para cegos. De um e do outro lado há sempre algo que morre,
outra mulher em troca de ela cuidar do maravilhoso e criativo truncado do seu lado gêmeo. Aprendemos a demarcarmo-nos do
filho pequeno dessa mãe single. Entendeu? Sim, trabalho escravo Outro e do Estranho como se fossem ameaças à nossa
empacotado pra presente. integridade. Temos medo da mudança, medo da desordem, medo
Gourmetizado dentro de um discurso de "solidariedade feminina" da complexidade. 7Precisamos de modelos para entender o
e economia colaborativa. Na prática, você trabalharia em troca de universo (que é, afinal, um pluriverso ou um multiverso), que foi
casa e comida. Essa proposta é ainda mais ridícula do que aquela construído em permanente mudança, no meio do caos e do
em que você, jovem, recebe a "graça" de trabalhar de graça pra imprevisível.
um marca famosa que combate a fome na África em troca de A própria palavra “fronteira” nasceu como um conceito militar, era
experiência e para enriquecer seu "book". Na China eles são mais
o modo como se designava a frente de batalha. 8Nesse mesmo
solidários do que isso, você ganharia pelo menos um dólar.
berço aconteceu um fato curioso: um oficial do exército francês
Sim, o mundo contemporâneo é ridículo de doer. Com suas
inventou um código de gravação de mensagens em alto-relevo.
modinhas e terminologias chiques. Coitada da esquerda que
Esse código servia para que, nas noites de combate, os soldados
abraça essas pautas criativas. Saudades do Lênin?
pudessem se comunicar em silêncio e no escuro. Foi a partir
desse código que se inventou o sistema de leitura Braille. No
(Por Luiz Felipe Pondé. Folha de S. Paulo, 31 de Julho de 2017).
mesmo lugar em que nasceu a palavra “fronteira” sucedeu um
Fonte:
episódio que negava o sentido limitador da palavra.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2017/07/1905751-
A fronteira concebida como vedação estanque tem a ver com o Já no período de diálogo, o mesmo sueco pediu à assembleia que
modo como pensamos e vivemos a nossa própria identidade. identificasse os problemas ambientais que mais perturbavam a
9Somos um pouco como a tucana que se despluma dentro do ilha. A multidão entreolhou-se, perplexa: “Problemas
escuro: temos a ilusão de que a nossa proteção vem da espessura ambientais?”.
da parede. Mas seriam as asas e a capacidade de voar que nos E após recíprocas consultas as pessoas escolheram o maior
devolveriam a segurança de ter o mundo inteiro como a nossa problema: a invasão das 5machambas pelos tinguluve, os porcos
casa. do mato. Curiosamente, o termo tinguluve nomeia também os
MIA COUTO espíritos dos falecidos que adoeceram depois de terem deixado
Adaptado de fronteiras.com, 10/08/2014. de viver. Fossem espíritos, fossem porcos, o consultor estrangeiro
não se sentia muito à vontade no assunto dos tinguluve. Ele
(UERJ 2017) A exposição do autor confere um caráter universal jamais havia visto tal animal. A assembleia explicou: os tais
ao tema das fronteiras. porcos surgiram misteriosamente na ilha, reproduziram-se na
floresta e agora destruíam as machambas.
No primeiro parágrafo, a marca linguística que melhor evidencia –– Destroem as machambas? Então, é fácil, vamos abatê-los!
esse caráter conferido ao tema é: A multidão reagiu com um silêncio receoso. Abater espíritos?
Ninguém mais quis falar ou escutar fosse o que fosse. E a reunião
a) predomínio dos verbos no presente do indicativo
acabou abruptamente, ferida por uma silenciosa falta de
b) emprego das aspas como índice de formalidade
confiança. Já noite, um grupo de velhos me veio bater à porta.
c) destaque de estruturas explicativas diversas
Solicitavam que chamasse os estrangeiros para que o assunto
d) uso de elementos de negação categórica
dos porcos fosse esclarecido. Os consultores lá vieram, admirados
Exercício 34 pelo facto de lhes termos interrompido o sono.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: –– É por causa dos porcos selvagens.
Línguas que não sabemos que sabíamos –– O que têm os porcos?
–– É que não são bem-bem porcos...
Recordo um episódio que sucedeu comigo. Em 1989, fazia
pesquisa na Ilha da Inhaca quando desembarcou nessa ilha uma
equipe de técnicos das Nações Unidas. 1Vinham fazer aquilo que COUTO, Mia. Línguas que não sabemos que sabíamos. IN: E se
se costuma chamar de “educação ambiental”. Não quero Obama fosse africano? São Paulo: Cia. Das Letras, 2009.
comentar aqui como esse conceito de educação ambiental Fragmento.
esconde muitas vezes uma arrogância messiânica. A verdade é Disponível em:
que, munidos de boa-fé, os cientistas traziam malas com http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/13116.pdf
projectores de slides e filmes. Traziam, enfim, aquilo que na sua
5Terrenos agrícolas para produção familiar.
linguagem designavam por “kits de educação”, na ingênua
esperança de que a tecnologia é a salvação para problemas de
entendimento e de comunicação. (G1 - CFTRJ 2017) No trecho Vinha fazer aquilo que se costuma
Na primeira reunião com a população surgiram curiosos mal- chamar de “educação ambiental” (ref. 1), as aspas servem para
entendidos que revelam a dificuldade de tradução não de
a) marcar uma ironia.
palavras, mas de pensamento. No pódio estavam os cientistas
b) destacar tom coloquial.
que falavam em inglês, eu, que traduzia para o português, e um
c) indicar uma citação.
pescador que traduzia de português para a língua local, o
d) dar ênfase ao assunto.
chidindinhe. Tudo começou logo na apresentação dos visitantes
(devo dizer que, por acaso, a maior parte deles eram suecos). Exercício 35
“Somos cientistas”, disseram eles. Contudo, a palavra “cientista” TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
não existe na língua local. O termo escolhido pelo tradutor foi A mídia realmente tem o poder de manipular as pessoas?
inguetlha que quer dizer feiticeiro. Os visitantes surgiam assim Por Francisco Fernandes Ladeira
aos daquela gente como feiticeiros brancos. O sueco que dirigia a
delegação (e ignorando o estatuto com que acabara de ser À primeira vista, a resposta para a pergunta que intitula este
investido) anunciou a seguir: “Vimos aqui para trabalhar na área artigo parece simples e óbvia: sim, a mídia é um poderoso
do Meio Ambiente”. instrumento de manipulação. A ideia de que o frágil cidadão
Ora, a ideia de Meio Ambiente, 2naquela cultura, não existe de comum é impotente frente aos gigantescos e poderosos
forma autônoma e não há palavra para designar exatamente conglomerados da comunicação é bastante atrativa
3esse conceito. O tradutor hesitou e acabou escolhendo a palavra intelectualmente. Influentes nomes, como Adorno e Horkheimer,
os primeiros pensadores a realizar análises mais sistemáticas
Ntumbuluku, que quer dizer várias coisas mas, sobretudo, refere
uma espécie de Big Bang, o momento da criação da humanidade. sobre o tema, concluíram que os meios de comunicação em larga
escala moldavam e direcionavam as opiniões de seus receptores.
Como podem imaginar, os ilhéus estavam fascinados: a 4sua
Segundo eles, o rádio torna todos os ouvintes iguais ao sujeitá-
pequena ilha tinha sido escolhida para estudar um assunto da
los, autoritariamente, aos idênticos programas das várias
mais nobre e elevada metafísica.
estações. No livro Televisão e Consciência de Classe, Sarah
Chucid Da Viá afirma que o vídeo apresenta um conjunto de (ITA 2017) Com relação às estratégias argumentativas utilizadas
imagens trabalhadas, cuja apreensão é momentânea, de forma a no texto, é correto afirmar que o autor
persuadir rápida e transitoriamente o grande público. Por sua vez,
a) vale-se da pergunta retórica do título, respondida
o psicólogo social Gustav Le Bon considerava que, nas massas, o
afirmativamente por ele mesmo.
indivíduo deixava de ser ele próprio para ser um autômato sem
b) apresenta apenas posicionamentos de estudiosos que são
vontade e os juízos aceitos pelas multidões seriam sempre
idênticos aos seus.
impostos e nunca discutidos. 1Assim, fomentou-se a concepção c) vale-se do uso das aspas nos quatro momentos para se
de que a mídia seria capaz de manipular incondicionalmente uma distanciar daquilo que é dito.
audiência submissa, passiva e acrítica. d) utiliza a primeira pessoa do plural para se aproximar do leitor e
Todavia, como bons cidadãos céticos, 2devemos duvidar (ou ao o persuadir sobre seu ponto de vista.
menos manter certa ressalva) de proposições imediatistas e e) apresenta com total imparcialidade pontos de vista diversos
aparentemente fáceis. As relações entre mídia e público são sobre a manipulação da mídia.
demasiadamente complexas, vão muito além de uma simples
Exercício 36
análise behaviorista de estímulo/resposta. 3As mensagens
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
transmitidas pelos grandes veículos de comunicação não são
recebidas automaticamente e da mesma maneira por todos os
Pratique o apego. Não seja descartável
indivíduos. 4Na maioria das vezes, o discurso midiático perde seu
Rebeca Bedone
significado original na controversa relação emissor/receptor. Cada
indivíduo está envolto em uma “bolha ideológica”, apanágio de
Nunca se falou e escreveu tanto sobre ser feliz sozinho. Eu
seu próprio processo de individuação, que condiciona sua maneira
mesma já abordei este assunto algumas vezes e continuo
de interpretar e agir sobre o mundo. Todos nós, ao entramos em
acreditando que é bem melhor estar só do que mal
contato com o mundo exterior, construímos representações sobre
acompanhada. Entretanto, vivemos atualmente uma “cultura do
a realidade. Cada um de nós forma juízos de valor a respeito dos
desapego” que tem colocado a pessoa na defensiva antes mesmo
vários âmbitos do real, seus personagens, acontecimentos e
de ela iniciar uma paquera ou uma nova amizade. Estão
fenômenos e, consequentemente, acreditamos que esses juízos
confundindo independência emocional com desapego.
correspondem à “verdade”. [...]
Ser independente emocionalmente é estar bem consigo mesmo,
[...] 5A mídia é apenas um, entre vários quadros ou grupos de sozinho, como unidade, pois não é preciso outra pessoa para se
referência, aos quais um indivíduo recorre como argumento para sentir completo. Em outras palavras, é não ser dependente da
formular suas opiniões. 6Nesse sentido, competem com os aprovação alheia para a própria felicidade nem sentir ciúmes do
veículos de comunicação como quadros ou grupos de referência amigo ou do parceiro o tempo todo. Entretanto, ter independência
fatores subjetivos/psicológicos (história familiar, trajetória emocional não significa abdicar da união sentimental com
pessoal, predisposição intelectual), o contexto social (renda, sexo, alguém. É possível estar com o outro — com mimos, declarações
idade, grau de instrução, etnia, religião) e o ambiente de carinho e até mesmo contato diário — sem ser dependente
informacional (associação comunitária, trabalho, igreja). 7“Os dele.
vários tipos de receptor situam-se numa 8complexa rede de Desapego é o não apego, ou seja, é desligar-se de algo ou
referências em que a comunicação interpessoal e a midiática se alguém. Abrir mão de objetos e bens materiais é um
completam e modificam”, afirmou a cientista social Alessandra desprendimento sadio e demonstra evolução espiritual. Mas ao se
Aldé em seu livro A construção da política: democracia, cidadania cultuar o desapego sentimental (“não vou demonstrar a minha
afeição para não parecer fraco”, “se ele não me procura, também
e meios de comunicação de massa. 9Evidentemente, o peso de
não irei procurá-lo”, “não preciso de ninguém” e “vou demorar
cada quadro de referência tende a variar de acordo com a
para responder a mensagem para deixá-lo esperando”), criam-se,
realidade individual. Seguindo essa linha de raciocínio, no original
desde o início de qualquer relação afetiva, laços sentimentais
estudo Muito Além do Jardim Botânico, Carlos Eduardo Lins da
frágeis.
Silva constatou como telespectadores do Jornal Nacional acionam
Parece que a onda agora é se esforçar cada vez menos para estar
seus mecanismos de defesa, individuais ou coletivos, para filtrar
ao lado de alguém na esfera sentimental. Talvez por insegurança,
as informações veiculadas, traduzindo-as segundo seus próprios
talvez para evitar qualquer tipo de sofrimento. Acontece que
valores. 10“A síntese e as conclusões que um telespectador vai
amar não é sofrer. A gente sofre depois que o amor acaba. Mas
realizar depois de assistir a um telejornal não podem ser
enquanto ele existe, é um sentimento tão honesto que somos
antecipadas por ninguém; nem por quem produziu o telejornal,
capazes de respeitar a independência emocional do outro sem
nem por quem assistiu ao mesmo tempo que aquele
romper os vínculos afetivos com ele.
telespectador”, inferiu Carlos Eduardo.
Após o término de uma relação que não deu certo, é normal o
distanciamento, ou seja, o encerramento daquela etapa da vida.
Adaptado de: http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-
Mas quem inicia um relacionamento pensando “vou ficar na
em-questao/a-midia-realmente-tem-o-poder-de-manipular-as-
minha para não me apegar muito” já está terminando antes
pessoas/. (Publicado em 14/04/2015, na edição 846. Acesso em
mesmo de começar.
13/07/2016.)
Os relacionamentos superficiais são fruto dessa nova “cultura do
desapego”: falta contato físico e sobra frieza emocional. A
qualquer contratempo na relação, desiste-se da pessoa e parte-
se para outra. Troca-se de namorado como se troca de roupa. de atividades essencial para o bem-estar e consideram que se
Evita-se a amizade. Criam-se relacionamentos descartáveis. concentrar em apenas uma coisa para o resto da vida é antiquado.
Pessoas descartáveis. Sorrisos descartáveis. Gente descrente. “Uma coisa para o resto da minha vida? Absolutamente não”, diz
Zack Magiezi resume, em outras palavras, essa falta de ligação Maxwell Hawes 4º, 25, que atualmente se alterna entre uma
com o outro: “No século 21, só os corajosos sabem dizer: preciso companhia de tecnologia para publicidade em San Francisco e
de você”. uma start-up (empresa iniciante) e de vestuário masculino. “Eu
Está sobrando gente desapegada e está faltando abraço não imagino como seria isso”.
apertado, beijo molhado e carinho no peito. Tem muito grito de
individualismo (ou seja, de independência egoísta) para pouco Folha de S. Paulo, 28 de dezembro de 2014.
silêncio compartilhado. As pessoas se comunicam via cosmos
com suas parafernálias tecnológicas e se esquecem da A citação, entre aspas, presente no fim do texto relaciona-se à
simplicidade do olho no olho. ideia desenvolvida no parágrafo anterior com o objetivo de
É natural desapegar-se do que não te faz bem ou daquilo que te apresentar um(a)
traz infelicidade, mas não é saudável levar uma vida desapegada
a) argumento de autoridade.
das pessoas. Os desapegados renunciam aos seus sentimentos.
b) estratégia de persuasão.
Eles até podem ser felizes sozinhos, mas nunca aprenderão como
c) exemplificação como prova.
é bom estar junto de outra pessoa.
d) interlocução direta.

Disponível em: <http://www.revistabula.com/7559-pratique-o- Exercício 38


apego-nao-seja-descartavel/>. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Acesso em: 31 out. 2016. Leia o texto abaixo para responder à(s) quest(ao)ões.

(UFJF-PISM 2 2017) Desapego é o não apego, ou seja, é Dá pra desenhar?


desligar-se de algo ou alguém. Abrir mão de objetos e bens Marcelo Gruman
materiais é um desprendimento sadio e demonstra evolução
espiritual. Mas ao se cultuar o desapego sentimental (“não vou
demonstrar a minha afeição para não parecer fraco”, “se ele não
me procura, também não irei procurá-lo”, “não preciso de
ninguém” e “vou demorar para responder a mensagem para
deixá-lo esperando”), criam-se, desde o início de qualquer relação
afetiva, laços sentimentais frágeis.
Nesse parágrafo do texto, a autora usou aspas para:

a) destacar exemplos de falas daqueles que cultuam o desapego


sentimental.
b) criticar comportamentos comumente ridicularizados em
relações afetivas.
c) argumentar em favor daqueles que praticam o desapego
sentimental. Numa cena de um de meus comediantes favoritos, 1Jerry Seinfeld,
d) sugerir modos de se expressar ao praticar o desapego seu amigo neurótico George se vê às voltas com a necessidade de
sentimental. resgatar alguns livros deixados na casa de uma moça com quem
e) relatar como é difícil manter relações afetivas no século XXI. acabou de terminar um relacionamento. Jerry não vê problema
algum, mas George não gosta da ideia. Jerry, então, diz para o
Exercício 37
amigo esquecer os livros, perguntando-lhe se realmente precisa
(UFU 2016) Uma barra: na era das mensagens de texto e das
deles. George diz que sim, que precisa dos livros, e Jerry pergunta
descrições de perfis no Twitter, ela se tornou um sinal de
por quê. George responde que os livros são seus e que, por isso,
pontuação universal para aqueles que querem descrever
precisa deles. E por que precisa deles?, insiste Seinfeld. George
rapidamente suas atividades sociais (jantar/drinques), as
exclama simplesmente “são livros!”. Seinfeld indaga, então: “Que
ambições de carreira (trabalho/diversão) e até mesmo os arranjos
obsessão é essa com os livros? As pessoas os colocam em suas
amorosos (amigo/amante).
casas como se fossem troféus. Para que você precisa deles depois
Mas, para alguns integrantes da geração Y (aqueles nascidos
de serem lidos?”. E ironiza, finalmente, “Sabe, o legal de ler
entre 1980 e 2000), ela se transformou em uma espécie de 2Moby Dick pela segunda vez é que Ahab e a baleia ficam
marcador de identidade (advogada/atriz; relações públicas/DJ;
amigos”.
executiva/cozinheira) para aqueles que trabalham em dois (ou
Quando abro a porta de meu apartamento dou de cara com uma
mais) mundos diferentes.
estante cheia de livros, meus troféus. Ali estão meus favoritos da
Ao contrário de legiões de americanos que têm vários empregos
literatura brasileira, João Ubaldo, Veríssimo, Rubem Fonseca,
por necessidade, esses jovens escolhem se esticar entre várias
Nelson Rodrigues, Cony, e também os estrangeiros, Saramago,
atividades. Enquanto um trabalho geralmente paga as contas,
Roth, Dostoievski, Tchekhov e muitos outros. Também me orgulha
outro permite algo mais criativo. Eles consideram esse coquetel
uma pequena biblioteca de livros com a temática judaica e outra
com obras que fizeram e fazem parte de minha formação redundâncias bárbaras como “livro para ler”. Uma piada de mau
antropológica. A reação de quem se depara com as prateleiras gosto porque livro pressupõe leitura.
cheias de livros é variada, há quem exclame maravilhado com os [...] Há não muito tempo, perguntávamos a quem não entendia o
títulos ali dispostos, há quem pergunte, à la Seinfeld, para que que falávamos se gostaria que desenhássemos a explicação. Era
tanto livro, para que acumular poeira e traças. No quarto de meu uma brincadeira, uma forma de infantilizar o interlocutor. Chegou
filho, a galeria de troféus aumenta um pouco a cada mês, o dia em que a piada perdeu a graça, porque deixou de ser piada.
somando-se ao folclore brasileiro e gibis da Turma da Mônica e
Batman estórias da porquinha Olivia em português e espanhol e Fonte: <http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Cultura/Da-pra-
clássicos da literatura estrangeira, como The cat in the hat. A desenhar-/39/33645>, texto adaptado. Acesso em: 03 set. 2015
escola faz a sua parte, o troca-troca de livros entre os colegas e a
ida semanal à biblioteca garante que, pelo menos, dois livros Vocabulário de apoio:
sejam lidos fora do horário de estudos formal, geralmente à hora
de deitar para dormir. 1
Jerome “Jerry” Allen Seinfeld – ator e humorista norte-
Damos importância ao livro e, sobretudo, à leitura. Claro, para ler americano, atua em Nova Iorque, EUA.
um livro, é preciso, primeiro, saber ler. Cultivamos o hábito da 2Moby Dick – romance do autor estadunidense Herman Melville.
leitura, cultivamos o intelecto, a leitura como instrumento para
O nome da obra é o de uma baleia enfurecida, de cor branca, que
gerar a autonomia, para a construção da própria trajetória de vida, conseguiu destruir baleeiros que a haviam ferido. Originalmente
para a compreensão e interpretação do mundo que nos cerca a foi publicado em três fascículos com o título de Moby-Dick ou A
partir do nosso ponto de vista, e não de terceiros, uma Baleia, em Londres, em 1851, e, ainda no mesmo ano, em Nova
empobrecida leitura mastigada, enviesada e, muitas vezes,
York, em edição integral. O livro foi revolucionário para a época,
coalhada de preconceitos e estereótipos. A capacidade de ler
com descrições intricadas e imaginativas das aventuras do
permite o acesso a mundos até então desconhecidos, do Saci
narrador – Ismael, suas reflexões pessoais, e grandes trechos de
Pererê, do Lobo Mau, da Chapeuzinho Vermelho, da Mula Sem não ficção, sobre variados assuntos, como baleias, métodos de
Cabeça. Permite a construção de nossa identidade, daquilo que caça a elas, arpões, a cor branca (de Moby Dick), detalhes sobre
somos, ou melhor, que estamos, porque aquilo que somos pode
as embarcações e funcionamentos, armazenamento de produtos
mudar sempre, é só querermos. Nada mais emocionante do que
extraídos das baleias.
ver seu filho, de repente, ler o letreiro de uma loja, pela primeira 3
kindle – leitor de livros digitais desenvolvido pela subsidiária da
vez. Um novo mundo se abre: um mundo de possibilidades
Amazon, que permite aos usuários comprar, baixar, pesquisar e,
infinitas, mundos infinitos.
principalmente, ler livros digitais, jornais, revistas, e outras mídias
Para mim, o livro tem de ter cheiro, às favas com minha alergia à
digitais via rede sem fio.
poeira. Eu preciso manuseá-lo, tocá-lo, virar suas páginas. O livro
4IPhone – linha de smartphones (telefones celulares
é parte constituinte de quem sou, de minha identidade, é
multifuncionais) concebidos e comercializados pela Apple Inc.
extensão de meu corpo, está impregnado de memória, da minha
memória, da minha história. Livro não é produto biodegradável,
(G1 - CFTMG 2016) O emprego das aspas em “lavou, está novo”
descartável, pós-moderno, do tipo “lavou, está novo”. O livro
(4º parágrafo), tem a função de
estabelece ligações afetivas. Lembro-me de um colega de
faculdade comentando, certa vez, com certa excitação, que havia a) ressaltar a ironia do trecho.
encontrado, num sebo, determinado livro que a namorada b) enfatizar a opinião do autor.
procurava fazia não sei quanto tempo. O tesouro seria dado como c) indicar a reprodução de uma ideia ou slogan.
presente de aniversário. Poderia ser o Harry Potter ou Cinquenta d) apontar a citação textual da fala de outra pessoa.
tons de cinza, boa literatura, má literatura, o importante é ler...
Exercício 39
As livrarias no Rio de Janeiro estão desaparecendo, sobretudo os
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
sebos, que teimam em comercializar objetos sujos de história. [...]
A(s) questão(ões) a seguir focalizam uma passagem da comédia
É a tal “civilização digital”. Se não digital, do 3kindle e do 4IPhone,
O juiz de paz da roça do escritor Martins Pena (1815-1848).
do ambiente asséptico, inodoro, impessoal de cadeias livreiras
como Cultura, Travessa ou Saraiva, padronizadas. Chegamos à
JUIZ (assentando-se): Sr. Escrivão, leia o outro requerimento.
era da “mcdonaldização” do hábito de ler. Sem passado, sem
futuro, um presente contínuo.
ESCRIVÃO (lendo): Diz Francisco Antônio, natural de Portugal,
Não bastasse o desprestígio do livro físico, vivemos o “triunfo
porém brasileiro, que tendo ele casado com Rosa de Jesus, trouxe
total da não leitura”, conforme o editor de não ficção e literatura
esta por dote uma égua. “Ora, acontecendo ter a égua de minha
brasileira da Editora Record, Carlos Andreazza, que resolveu
mulher um filho, o meu vizinho José da Silva diz que é dele, só
lançar a campanha pela “maioridade intelectual”, que considera
porque o dito filho da égua de minha mulher saiu malhado como
uma provocação à onda dos livros de colorir. Para ele, o editor
o seu cavalo. Ora, como os filhos pertencem às mães, e a prova
também é um educador e tem a obrigação de atrair o leitor
disto é que a minha escrava Maria tem um filho que é meu, peço a
jovem-adulto, ampliando o público leitor como uma resposta
V. Sa. mande o dito meu vizinho entregar-me o filho da égua que
saudável a esta atração cultural que é “o livro de unir os
é de minha mulher”.
pontinhos”, como ironicamente o define Joaquim Ferreira dos
Santos. Andreazza diz que, hoje, somos obrigados a falar
JUIZ: É verdade que o senhor tem o filho da égua preso?
d) assinalar a ironia e indicar a fala de uma pessoa.
JOSÉ DA SILVA: É verdade; porém o filho me pertence, pois é e) realçar o sentido do substantivo e indicar uma transcrição.
meu, que é do cavalo.
Exercício 41

JUIZ: Terá a bondade de entregar o filho a seu dono, pois é aqui TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
da mulher do senhor. A(s) questão(ões) refere(m)-se à crônica a seguir.

Meu ideal seria escrever...


JOSÉ DA SILVA: Mas, Sr. Juiz...

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela
JUIZ: Nem mais nem meios mais; entregue o filho, senão, cadeia.
moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha
história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e
(Martins Pena. Comédias (1833-1844), 2007.)
dissesse — “ai meu Deus, que história mais engraçada!”. E então
a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três
(UNIFESP 2016) O emprego das aspas no interior da fala do
amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem
escrivão indica que tal trecho
muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre.
a) reproduz a solicitação de Francisco Antônio. Ah, que minha história fosse como um raio de sol,
b) recorre a jargão próprio da área jurídica. irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa,
c) reproduz a fala da mulher de Francisco Antônio. enlutada, doente.
d) é desacreditado pelo próprio escrivão. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois
e) deve ser interpretado em chave irônica. repetisse para si própria — “mas essa história é mesmo muito
engraçada!”. [...] Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas
Exercício 40
de espera a minha história chegasse — e tão fascinante de graça,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu
Leia o texto para responder a(s) questão(ões).
coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito,
depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes
dissesse — “por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de
Uma organização não governamental holandesa está propondo
prender ninguém!”. E que assim todos tratassem melhor seus
um desafio que muitos poderão considerar impossível: 1ficar 99
empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e
dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é
espontânea homenagem à minha história. [...]
medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
E quando todos me perguntassem — “mas de onde é que você
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos
tirou essa história?” — eu responderia que ela não é minha, que
realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o
eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a
teste é completamente voluntário.
outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim:
Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto
“Ontem ouvi um sujeito contar uma história...”.
do perfil no Facebook e postar um contador na rede social.
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da
na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está
abstinência.
doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
cinzenta de meu bairro.
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem
acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que BRAGA, Rubem. In: A traição das elegantes. Record: Rio de
poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais Janeiro, 1982, p. 93.
realizadoras”.
(G1 - CFTMG 2015) No primeiro parágrafo, o uso de aspas na
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.) expressão “ai meu Deus, que história mais engraçada!” tem por
objetivo
(UNIFESP 2015) Considere o enunciado a seguir:
a) indicar uma fala.

[...] ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. (ref. b) reforçar o humor.
1) c) sinalizar uma ironia.
[...] que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente d) destacar uma citação.
mais realizadoras”. (ref. 2)
Exercício 42
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Nos dois trechos, utilizam-se as aspas, respectivamente, para Utilize o texto abaixo para responder à(s) questão(ões).
a) indicar o sentido metafórico e marcar a fala coloquial.
b) enfatizar o discurso direto e marcar uma citação. Na semana passada, um telejornal exibiu uma matéria sobre a
c) marcar o sentido pejorativo e enfatizar o sentido metafórico. “morte” das lâmpadas incandescentes. O (ótimo) texto do
repórter começava assim: “A velha e boa lâmpada incandescente, b) reforçar-lhe o sentido contextual, equivalente a predestinado.
mais velha do que boa...”. c) marcá-lo com sentido conotativo, equivalente a reprovável.
Hábil com as palavras, o repórter desfez a igualdade que a d) enfatizar-lhe o sentido denotativo, equivalente a desgraçado.
conjunção aditiva “e” estabelece entre “velha” e “boa” e instituiu e) destituí-lo do sentido literal, equivalente a buliçoso.
entre esses dois adjetivos uma relação de comparação de
Exercício 44
superioridade, que não se dá da forma costumeira, isto é, entre
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
dois elementos (“A rua X é mais velha do que a Y”, por exemplo),
mas entre duas qualidades (“velha” e “boa”) de um mesmo Princesa Arabela, mimada que só ela!
elemento (a lâmpada incandescente). Mylo Freeman
Ao dizer “mais velha do que boa”, o repórter quis dizer que a tal
Era uma vez uma princesinha chamada Arabela. Ela morava num
lâmpada já não é tão boa assim. Agora suponhamos que a
grande palácio com seu pai e sua mãe: o rei e a rainha. O dia do
relação entre “velha” e “boa” se invertesse. Como diria o repórter:
seu aniversário estava chegando. Mas o que se pode dar a uma
“A velha e boa lâmpada incandescente, mais boa do que velha...”
princesinha que tem tudo?
ou “A velha lâmpada incandescente, melhor do que velha...”?
– Minha querida Arabelinha, o que você quer ganhar de presente?
Quem gosta de seguir os burros “corretores” ortográficos dos
– perguntou o rei. A princesa Arabela pensou... Pensou...
computadores pode se dar mal. O meu “corretor”, por exemplo,
1
condena a forma “mais boa do que velha” (o “mestre” grifa o par – O que você acha de um par de patins com rubis nas rodas? –
“mais boa”). Quando escrevo “melhor do que boa”, o iluminado sugeriu a rainha.
me deixa em paz. E por que ele age assim? Por que, para ele, não – Eu já tenho – respondeu a princesa Arabela.
existe “mais bom”, “mais boa”; só existe “melhor”. – E uma bicicleta dourada?
– Eu já tenho – respondeu a princesa.
(Pasquale Cipro Neto, Folha de S. Paulo, 11/07/13) – E um ratinho de pelúcia gostoso de abraçar?
(INSPER 2014) As aspas empregadas em “o mestre”, na oração – Eu já tenho – respondeu a princesa.
“‘o mestre’ grifa o par ‘mais boa’” (último parágrafo), revelam – E uma zebra de balanço?
– Já tenho.
a) ironia.
– E um joguinho de chá? E um carrinho de boneca? E um...
b) ênfase. 2
– Eu já tenho tudo isso! – exclamou a princesa. – Agora eu quero
c) reverência.
uma coisa diferente. Eu quero... Um elefante!
d) apropriação de discurso alheio.
– Um elê o quê? – gritou a rainha.
e) inserção de termo de outro nível linguístico.
– Xiiii... Murmurou o rei. – Onde vamos encontrar um animal
Exercício 43 desses?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: – E quem vai deixar que ele fique conosco?
O silêncio é a matéria significante por excelência, um continuum A princesa Arabela nem quis saber das dificuldades. Ela queria
significante. O real da comunicação é o silêncio. E como o nosso um elefante.
objeto de reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação No dia seguinte, o rei ordenou a seus servos que fossem procurar
que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso. um elefante.
O homem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras, Os servos procuraram por sete dias e sete noites. Voltaram no
diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo tem de oitavo dia. Com um elefante.
fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem está Finalmente chegou o grande dia do aniversário da princesa
irremediavelmente constituído pela sua relação com o simbólico. Arabela.
Numa certa perspectiva, a dominante nos estudos dos signos, se 3
Quando ela abriu os olhos de manhã, seu presente já estava lá.
produz uma sobreposição entre linguagem (verbal e não-verbal) Arabela dançou de alegria em volta do elefante.
e significação. – Eu vou brincar com ele agora mesmo! – ela disse, toda contente.
Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando Venha, Elefante, sente-se aqui!
uma redução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é, é Elefante ficou parado, triste, olhando para frente.
remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja 4– Ei, você é o meu presente, tem que brincar comigo! – gritou
atribuído sentido. Arabela, impaciente.
Nessa mesma direção, coloca-se o “império do verbal” em nossas Mas Elefante nem se mexeu. Uma grande lágrima escorreu
formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o devagar pela sua tromba. E mais uma, e mais outra. Não demorou
silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto muito, e a princesa Arabela estava num lago de lágrimas que
matéria significante distinta da linguagem. alcançava seus tornozelos.
5– Pare com isso, senão eu acabo me afogando! – ela disse.
(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)
– Quero ir pra casa! – soluçava Elefante. – Por favor, leve-me de
volta.
– Não posso, você é meu presente – protestou a princesa. Mas
(UNIFESP 2013) No segundo parágrafo do texto, empregam-se
quando Elefante começou a soluçar de novo, ela gritou depressa:
as aspas no termo “condenado” para
– Por favor, pare de chorar. Eu vou levar você de volta agora
a) atribuir-lhe um segundo sentido, equivalente a culpado. mesmo!
Pelo caminho, a princesa Arabela viu uma porção de bichos V. Na oração “Não nos maltrate”, de acordo com a classificação
diferentes. morfológica, é correto afirmar que o termo sublinhado deve ser
6 classificado como pronome possessivo.
– Eu quero este, e aquele, e aquele outro também! – Elefante foi
andando depressa... Quando finalmente chegaram ao lugar onde
Elefante morava, 7uma elefantinha correu em direção a eles. Estão CORRETAS, apenas, as proposições
8 a) I e V.
– Mamãe! Você chegou bem na hora! E trouxe meu presente com
você! b) I e II.
– Sim, filhinha – Elefante respondeu. c) II e V.
– E é justamente o que você sempre quis: uma princesinha de d) III e IV.
verdade! e) II e III.

Exercício 46
FREEMAN, Mylo. Princesa Arabela, mimada que só ela! Tradução
(ITA 2017)
Ruth Salles. Coleção Giramundo. São Paulo: Editora Ática, 2008.
Frasco de âmbar

À força de guardar-te
(G1 - CMRJ 2019) “– Eu já tenho tudo isso! – exclamou a
evaporaste!
princesa.” (ref. 2) A palavra sublinhada indica que a princesa

a) sussurrou bem alto. (Em: Vivenda. São Paulo: Duas Cidades, 1989.)
b) reclamou em voz alta. No poema de Maria Lúcia Alvim intitulado Frasco de âmbar, que
c) proferiu com serenidade. possui uma atmosfera muito feminina,
d) estava exaltada de felicidade.
e) ordenou que o narrador colocasse o ponto de exclamação. I. a voz lírica expressa-se de modo sentimental – daí o ponto de
exclamação – revelando forte afeto do "eu" em relação ao "tu".
Exercício 45
II. a fala dirigida ao objeto contém um lamento pela sua perda,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ocorrida apesar de todo o cuidado e apego que a ele foram
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
dedicados.
III. o teor metafórico do poema se reforça na associação
estabelecida entre a volatilidade do perfume e o sentimento
amoroso.

Está(ão) correta(s)

a) apenas I.
b) apenas I e II.
c) apenas II.
d) apenas II e III.
e) todas.

Exercício 47
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

(G1 - IFPE 2019) No primeiro balão presente no texto, (G1 - IFSP 2012) No primeiro quadrinho, os pontos de
encontramos a seguinte sentença: “Não nos maltrate!”. Acerca exclamação empregados na fala de Helga contribuem para
dos aspectos linguísticos presentes nela, julgue as assertivas mostrar que a personagem
abaixo.
a) espanta-se, pois vê as condições lamentáveis em que seu
marido chega em casa.
I. A oração é iniciada por um advérbio de intensidade: “não”.
b) entristece-se, pois esperava ansiosamente que Hagar lhe
II. O ponto de exclamação é utilizado para indicar a emoção
trouxesse o que ela havia pedido.
expressa no pedido feito pelo idoso.
c) lamenta-se, pois sabe que seu marido não se empenha para
III. O termo nos pertence à mesma classe gramatical que me,
dar sustento à família.
conforme emprego na seguinte oração: “não me engane”.
d) irrita-se, pois a chegada de Hagar interrompe o chá e a
IV. O uso do modo verbal imperativo, “maltrate”, indica a presença
conversa com sua filha.
de informalidade.
e) alegra-se com o retorno do marido, pois ele é o responsável No entanto, esse encontro não acontece. Tampouco a livre
por prover a casa. circulação. As pessoas só encontram uma multidão “sem rosto e
coração” — nos dizeres dos Racionais MC’s —, e a circulação no
Exercício 48 interior do shopping não pode ocorrer de forma livre e
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: espontânea. Ela tem regras claras e rígidas: os pobres podem
circular pelo shopping, contanto que finjam pertencer a outra
classe social. Mesmo que circulem no shopping sem recursos
para consumir, eles devem desejar consumir. Da mesma forma, os
negros podem circular pelo shopping tranquilamente, desde que
finjam ser brancos nas vestimentas, nos cabelos, no
comportamento etc.
(G1 - CFTRJ 2017) O recurso expressivo usado na tirinha está Os rolezinhos em shoppings — da periferia ou das áreas
corretamente explicado na alternativa: abastadas —, que se tornaram um fenômeno neste verão, têm
características muito semelhantes com os pancadões de rua
a) A gíria “joça” carrega valor apreciativo.
realizados de forma espontânea e congregam um número
b) A onomatopeia “Primm! Primm!” reproduz o som da televisão
significativo de jovens que se reúnem, sobretudo, em torno da
ligada.
expressão cultural do funk. O polêmico e famigerado funk é um
c) As reticências em “Perdi tudo...” reforçam a tristeza da
dos principais mobilizadores dos jovens na metrópole paulistana.
personagem.
E um dos segredos da sua força não está necessariamente no
d) As exclamações em “Atende essa joça!!!” expressam euforia da
apelo sexual de algumas músicas ou na sua batida envolvente,
personagem.
mas na forma como ressignificou as ruas para esses jovens. “No
Exercício 49 dia em que tem pancadão, a rua é nossa!” E se a rua é “nossa”,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: pode-se fazer qualquer coisa, inclusive não fazer nada... E, se o
A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo. “som é de preto, de favelado e, quando toca, ninguém fica
parado”, não há necessidade de fingir ser outra coisa, como
O rolezinho da juventude nas ruas do consumo e do protesto exigem os shoppings centers. Ao contrário, é um momento de
afirmação dessa mesma identidade periférica.
por Renato Souza de Almeida Nesse sentido, estar no shopping — no local que a sociedade
estabeleceu para substituir a rua — é bastante provocador. Os
Os jovens têm criado formas cada vez mais interessantes de rolezinhos levaram para dentro do paraíso do consumo a
manifestação. Desde as jornadas de junho de 2013 — que levou afirmação daquilo que esse mesmo espaço lhes nega: sua
às ruas milhares de brasileiros — até os chamados “rolezinhos” identidade periférica. Se quando o jovem vai ao shopping namorar
— que também vêm colocando centenas em circulação — se ou consumir com alguns amigos ele deve fingir algo que não é,
instalou uma crise na análise daqueles que insistiam em afirmar com os rolezinhos ele afirma aquilo que é! E quando faz essa
uma possível apatia dessa geração juvenil. afirmação ele revela a contradição na lógica dos shopping
“Sair de rolê...” significa dar uma circulada despretensiosa pela centers. Ou seja, os rolezinhos põem por terra a aparente
vila ou pela cidade. É possível dar um rolê de trem, de ônibus ou a circulação livre e o espaço aberto que os shoppings dizem
pé. Geralmente, o rolê está ligado ao lazer ou a alguma prática proporcionar. Quando o jovem afirma, por meio do rolezinho, sua
cultural. 1Sai de rolê o pichador, o skatista, o caminhante... O que identidade de negro e pobre, a contradição se evidencia e a
vem chamando a atenção de muita gente é como um simples polícia é acionada, e tão logo o paraíso do consumo e do prazer se
gesto de sair e circular de forma livre tem ocupado um papel revela como o inferno do preconceito racial e da violência.
central nas principais mobilizações juvenis na cidade de São Esses jovens que hoje mobilizam os rolezinhos são intitulados
Paulo nos últimos tempos. “geração shopping center”, consumista, por parte dos mais
[...] Quem não é mais jovem e sempre morou nas periferias de São velhos. Porém a prática dos rolezinhos nos shoppings está
Paulo, com raras exceções, vai se recordar que a rua era o espaço revelando a contradição mais aguda desse espaço que tentou
por excelência da sociabilidade, do lazer e da convivência. Com a tomar o locus simbólico da rua. Nos rolezinhos, os jovens não são
chegada do asfalto, vieram também muitos carros e se instituiu consumidores, mas produtores. Produzem um novo jeito de
circular pelo shopping. Produzem uma prática cultural que se
como verdade o discurso de que a rua é lugar perigoso e violento.
contradiz com esse lugar. Produzem contradição e desordem no
Para muitos adultos, as políticas culturais só se justificam se for
sistema. E produzem uma nova gramática política ao afirmar sua
para “tirar os jovens das ruas”. Para os jovens, ao contrário, suas
classe num espaço que existe para negá-la. [...]
ações culturais só têm força e sentido quando acontecem na rua,
no espaço público.
Disponível em: < http://www.diplomatique.org.br>. Acesso em: 29
A condenação da rua como espaço da violência veio
ago. 2014 - Artigo publicado em 03 fev. 2014 (fragmento de
acompanhada da chegada dos shopping centers também às
texto)
periferias. Muita gente vai ao shopping tentar encontrar um vazio
deixado pelo “fim” das ruas. Para além do consumo, busca-se
num shopping um passeio mais livre, solto, e a possibilidade de
encontro com pessoas de fora do círculo mais próximo, familiar. (G1 - CFTMG 2015) “Sai de rolê o pichador, o skatista, o
caminhante... O que vem chamando a atenção de muita gente é
como um simples gesto de sair e circular de forma livre tem e) A palavra “fortuna”, tal como foi empregada (ref.6), pode ser
ocupado um papel central nas principais mobilizações juvenis na substituída por “bens”, sem prejuízo para o sentido.
cidade de São Paulo nos últimos tempos.” (ref. 1)
Exercício 51
Nesse trecho, o uso das reticências tem sentido equivalente ao TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
emprego do termo Texto

a) “entretanto”. O “Adeus” de Teresa


b) “conforme”.
c) “porque”. A vez primeira que eu fitei Teresa,
d) “pois”. Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
Exercício 50
E amamos juntos... E depois na sala
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...
Todo o barbeiro é tagarela, e principalmente quando tem pouco
que fazer; começou portanto a puxar conversa com o freguês. Foi
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”
a sua salvação e fortuna.
O navio a que o marujo pertencia viajava para a Costa e ocupava-
Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
se no comércio de negros; era um dos combóis que traziam
E da alcova saía um cavaleiro
fornecimento para o Valongo, e estava pronto a largar.
Inda beijando uma mulher sem véus...
— Ó mestre! disse o marujo no meio da conversa, você também
Era eu... Era a pálida Teresa!
não é sangrador?
“Adeus” lhe disse conservando-a presa...
— Sim, eu também sangro...
— Pois olhe, você estava bem bom, se quisesse ir conosco... para
E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”
curar 1a gente a bordo; morre-se ali que é uma praga.
— 2Homem, eu da cirurgia não entendo 3muito... Passaram tempos... séc’los de delírio
— Pois já não disse que sabe também sangrar? Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
— Sim... ... Mas um dia volvi aos lares meus.
— Então já sabe até demais. Partindo eu disse – “Voltarei!... descansa!...”
No dia seguinte 4saiu o nosso homem pela barra fora: a 6fortuna Ela, chorando mais que uma criança,
tinha-lhe dado o meio, cumpria sabê-lo aproveitar; de oficial de
barbeiro dava um salto mortal a médico de navio negreiro; Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
restava unicamente saber fazer render a nova posição. Isso ficou
por sua conta. Quando voltei... era o palácio em festa!...
Por um feliz acaso logo nos primeiros dias de viagem adoeceram E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
dois marinheiros; chamou-se o médico; ele fez tudo o que sabia... Preenchiam de amor o azul dos céus.
sangrou os doentes, e em pouco tempo estavam bons, perfeitos. Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Com isto ganhou imensa reputação, e começou a ser estimado. Foi a última vez que eu vi Teresa!...
Chegaram com feliz viagem ao seu destino; tomaram o seu
carregamento de gente, e voltaram para o Rio. Graças à 5lanceta E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
do nosso homem, nem um só negro morreu, o que muito
contribuiu para aumentar-lhe a sólida reputação de entendedor (CASTRO ALVES, Antonio Frederico. Espumas flutuantes. São
do riscado. Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p. 51.)

Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de


milícias. (UEL 2011) Considerando os recursos de composição utilizados
no poema, assinale a alternativa correta.
(FUVEST 2011) Das seguintes afirmações acerca de diferentes a) As reticências acentuam a emotividade do par amoroso e
elementos linguísticos do texto, a única correta é: assinalam suspensões temporais.
a) A expressão sublinhada em “para curar a gente a bordo” (ref. b) O uso do verso decassílabo reproduz o ritmo da valsa que
1) deve ser entendida como pronome de tratamento de uso embala o casal durante todo o poema.
informal. c) A alternância do comportamento de Teresa entre amor e ódio é
b) A fórmula de tratamento (ref. 2) com que o barbeiro se dirige marcada pelo refrão.
ao marujo mantém o tom cerimonioso do início do diálogo. d) As inversões sintáticas são utilizadas para intensificar o
c) O destaque gráfico da palavra “muito” (ref. 3) produz um efeito sofrimento de Teresa.
de sentido que é reforçado pelas reticências. e) O uso da comparação na primeira estrofe revela o caráter firme
d) O pronome possessivo usado nos trechos “saiu o nosso de Teresa.
homem” (ref. 4) e “lanceta do nosso homem” (ref. 5) configura o
Exercício 52
chamado plural de modéstia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não
Leia o trecho do conto “A igreja do Diabo”, de Machado de Assis pode um homem vender uma parte do seu sangue para
(1839-1908), para responder à(s) questão(ões) a seguir: transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos,
partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção
Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa moral do homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não
em enfiar a 1cogula beneditina, como hábito de boa fama, e se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou
entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito
voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o
discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto
mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para é, merecer duplicadamente.
retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as
histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas. (Contos: uma antologia, 1998.)
– Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas,
1
dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro cogula: espécie de túnica larga, sem mangas, usada por certos
e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome religiosos.
para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. 2desdouro: descrédito, desonra.
Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, 3lábaro: estandarte, bandeira.
inventado para meu 2desdouro, fazei dele um troféu e um 3lábaro, 4esgalgado: comprido e estreito.
e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo... 5
venalidade: condição ou qualidade do que pode ser vendido.
Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo,
6
espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé casuísta: pessoa que pratica o casuísmo (argumento
de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a fundamentado em raciocínio enganador ou falso).
doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de
negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era (UNIFESP 2017) No último parágrafo, o principal recurso retórico
umas vezes sutil, outras cínica e deslavada. mobilizado pelo Diabo em sua argumentação a respeito da
Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por venalidade é
outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a a) a repetição.
preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que b) a interrogação.
declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a c) a citação.
diferença que a mãe era robusta, e a filha uma 4esgalgada. A ira d) a hesitação.
tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de e) a periodização.
Aquiles, não haveria a Ilíada: “Musa, canta a cólera de Aquiles,
Exercício 53
filho de Peleu”... [...] Pela sua parte o Diabo prometia substituir a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo,
Pessoas habitadas
locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com
o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou
1
friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava
infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e sobre uma terceira pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a
ao próprio talento. como sendo 2boa gente, esforçada, ótimo caráter. 3"Só tem um
As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia- probleminha: 4não é habitada". Rimos. Uma expressão coloquial
lhes, a grandes golpes de eloquência, toda a nova ordem de na França – habité‚ – mas nunca tinha escutado por estas
coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e paragens e com este sentido. Lembrei-me de uma outra amiga
detestar as sãs. que, de forma parecida, também costuma dizer 5"aquela ali tem
Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava
gente em casa" quando se refere a 6pessoas que fazem
da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço
diferença.
direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis
7Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa,
tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era
simpática, mas, se não é habitada, rapidinho coloca os outros pra
exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a
dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não
todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém,
necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de
mais rigorosa e profunda, foi a da 5venalidade. Um 6casuísta do
ser má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma carta
tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A
a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde
venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a
morava na ocasião. 8A Suíça, de fato, é um país de contos de fada
todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu
onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece
sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e
legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas 9falta uma ebulição que
podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, a salve do marasmo.
coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria Retornando ao assunto: pessoas habitadas 10são aquelas
consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no possuídas por si mesmas, em diversas versões. Os habitados
estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não Raciocinemos, Matilda. Casimira inglesa, você sabe o que é isso?
são menos felizes 11por causa disso. Não transformam suas A lã dos melhores ovinos, Matilda. 2A tecnologia de um país que,
"inadequações" em doença, mas em força e curiosidade. Não afinal, deu ao mundo a Revolução Industrial. O trabalho de
recuam diante de encruzilhadas, não se amedrontam com competentes funcionários. E sobretudo tradição, a qualidade. Esse
transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o é o tecido que está em questão, Matilda. A casimira inglesa.
diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma (...)
fala fora do script, sem 12nenhuma disposição para serem Isso, a casimira inglesa. Agora, seu pai.
bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade 6Ele está fazendo noventa anos. É uma idade respeitável, e não

pessoal que defendem. 13Além disso, mantêm com a solidão uma são muitos que chegam lá, mas − quanto tempo ele pode ainda
relação mais do que cordial. viver? (...) mesmo que ele viva dez anos, mesmo que ele viva vinte
14Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não anos, a casimira sem dúvida durará mais. Aí, depois que o
necessariamente. Entre os habitados há de tudo, gente fenomenal sepultarmos, depois que voltarmos do cemitério, depois que
e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não recebermos os pêsames dos parentes, e dos amigos, e dos
merecem abrandamento de pena pelo fato de serem, em certos conhecidos, teremos de decidir o que fazer com as coisas dele,
aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam. que são poucas e sem valor − à exceção de um casaco
confeccionado com o corte de casimira que você pretende lhe dar.
Interessam, mas causam dano. 15Eu não gostaria de repartir a
Você, em lágrimas, dirá que não quer discutir o assunto, mas eu
mesa de um restaurante com Hannibal Lecter, "The Cannibal",
terei que insistir, até para o seu bem, Matilda; os mortos estão
16
ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem mortos, os vivos precisam continuar a viver, eu direi. Algumas
imortalizado por Anthony Hopkins renderia um papo mais hipóteses serão levantadas. Vender? Você dirá que não; seu pai, o
estimulante do que uma conversa com, 17sei lá, Britney Spears, velho fazendeiro, verdade que arruinado, despreza coisas como
que 18só tem gente em casa porque está grávida. comprar e vender, ele acha que ser lojista, como eu, é a suprema
Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao degradação. Dar? A quem? A um pobre? Mas não, ele sempre
mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer seja detestou pobres, Matilda, você lembra a frase característica de
nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou seu pai: 3tem que matar esses vagabundos. O casaco ficaria
a vida inteira, o que é melhor ainda. pendurado em nosso roupeiro, Matilda. Ficaria pendurado muito
tempo lá. A não ser, Matilda, que seu pai dure mais tempo que o
MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos. casaco. Não apenas isso é impossível, como remete a uma outra
As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva, 324-325. interrogação: e o seguro de vida dele, Matilda? E as joias de sua
mãe, que ele guarda debaixo do colchão? Quanto tempo ainda
terei de esperar?
(UECE 2016) Sobre o seguinte enunciado interrogativo: “Então Estou partindo Matilda. Deixo o meu endereço. Como você vê,
são as criaturas mais incríveis do universo?” (referência 14), é estou indo para longe, para uma pequena praia da Bahia. Trópico,
INCORRETO dizer que Matilda. 4Lá ninguém usa casimira.
a) constitui o que se conhece como pergunta retórica.
b) é uma tentativa de interação com o leitor por parte do Moacyr Scliar
enunciador. Contos reunidos. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
c) nesse tipo de interrogação, o enunciador espera uma resposta
do leitor ou coenunciador. (UERJ 2014) Ele está fazendo noventa anos. É uma idade
d) torna o texto mais vivo, uma vez que há uma tentativa de respeitável, e não são muitos que chegam lá, mas − quanto
diálogo. tempo ele pode ainda viver? (ref. 6)

Exercício 54 No contexto, a pergunta feita pelo narrador está diretamente


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: ligada à informação acerca da idade do pai de Matilda.
Os usos da casimira inglesa No entanto, entre a informação e a pergunta, o narrador enuncia
duas ponderações que possuem a função de:
Estou lhe escrevendo, Matilda, 5para lhe transmitir aquilo que a
a) desfazer a certeza de que a fala é impensada
contrariedade (para não falar indignação) me impediu de dizer de
b) amenizar o choque que a indagação pode trazer
viva voz. Note, é a primeira vez que isso acontece nos nossos 35
c) reiterar a ideia de que o presente é equivocado
anos de casados, mas é primeira vez que pode também ser a
d) enfatizar o realismo que o remetente quer mostrar
última. Não é ameaça. É constatação. Estou profundamente
magoado com sua atitude e não sei se me recuperarei. Exercício 55
Tudo por causa de sua teimosia. Você insiste, contra todas as (UFRN 2013) Leia abaixo o trecho de O santo e a porca, de
minhas ponderações, em dar a seu pai um corte de casimira Ariano Suassuna.
inglesa como presente de aniversário. Eu já sei o que você vai me
dizer: é seu pai, você gosta dele, quer homenageá-lo. Mas, com EURICÃO — Ai, gritaram “Pega o ladrão!”. Quem foi? Onde está?
casimira, Matilda. Com casimira inglesa, Matilda. 1Que horror, Pega, pega! Santo Antônio, Santo Antônio, que diabo de proteção
Matilda. é essa? Ouvi gritar “Pega o ladrão!”. Ai, a porca, ai meu sangue, ai
minha vida, ai minha porquinha do coração! Levaram, roubaram! imagem a ser vendida. Os patrocinadores estão mais para
Ai, não, está lá, graças a Deus! Que terá havido, minha Nossa pequenos comerciantes locais do que para grandes financiadores
Senhora? Terão desconfiado porque tirei a porca do lugar? Deve do futebol.
ter sido isso, desconfiaram e começaram a rondar para furtá-la! É
melhor deixá-la aqui mesmo, à vista de todos, assim ninguém lhe (Sérgio Rangel. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/o-
dará importância! Ou não? Que é que eu faço, Santo Antônio? jogo-do-salario-minimo/. 31/05/2019.)
Deixo a porca lá, ou trago-a para aqui, sob sua proteção?

SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 22. ed. Rio de Janeiro: (UFPR 2020) Acerca de aspectos relativos à pontuação, assinale
José Olympio, 2010. p. 97. a alternativa correta com relação a alguns excertos do texto.

a) Se o segmento “na arena vazia” (ref. 1) for deslocado para o


Nessa passagem, a recorrência da interrogação é um recurso
final do período, a vírgula não poderá ser dispensada, em razão
literário revelador da
de aspectos gramaticais.
a) desconfiança da personagem em relação a Santo Antônio e a b) O travessão antes de “isso quando não há atraso no
Nossa Senhora. pagamento” (ref. 2) poderia ser substituído por ponto final, sem
b) perplexidade da personagem resultante da perda da proteção prejuízo gramatical e do sentido básico do enunciado.
divina. c) As vírgulas que isolam o segmento “em referência à antiga
c) angústia da personagem perante uma situação tragicômica. linha de trem” (ref. 4) são opcionais.
d) ironia da personagem mediante uma situação cômica. d) No segmento “A CBF fazia uma pesquisa parecida, mas deixou
de publicar...” (ref. 5), a substituição do “mas” por “a qual”
Exercício 56 dispensaria a necessidade da vírgula.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: e) Se o segmento “Sem citar nomes” (ref. 6) fosse deslocado para
O jogo do salário mínimo depois de “apenas um jogador”, o uso de vírgula poderia ser
dispensado.
[...] Em menos de trinta minutos, dois times centenários do futebol
carioca, Bonsucesso e Olaria, vão se enfrentar num jogo-treino, Exercício 57
na preparação para a disputa da segunda divisão do campeonato TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
do Rio. Legado do Iluminismo
1Na arena vazia, os jogadores vivem a desigualdade salarial do

futebol brasileiro. Na esperança de chegar a um clube grande, os 1O pensamento iluminista abraçou a ideia do progresso e buscou

22 atletas em campo correm no estádio em troca de um salário ativamente a ruptura com a história e a tradição esposada pela
mínimo (998 reais) na carteira assinada – 2isso quando não há modernidade. Foi, sobretudo, um movimento secular que
atraso no pagamento. Juntos, ganham cerca de 22 mil reais – procurou desmistificar e dessacralizar o conhecimento e a
menos de 2% do salário mensal de uma estrela como o atacante organização social para libertar os seres humanos de seus
grilhões. Ele levou a injunção de Alexander Pope, de que “o
Gabriel Barbosa, o Gabigol, do Flamengo. Longe do 3glamour dos
estudo próprio da humanidade é o homem”, muito a sério. Na
estádios padrão Fifa, os 22 em campo no chamado Clássico da
medida em que ele também saudava a criatividade humana, a
Leopoldina, 4em referência à antiga linha de trem, são um retrato
descoberta científica e a busca da excelência individual em nome
do precário mercado de trabalho da bola no Brasil.
do progresso humano, os pensadores iluministas acolheram o
Levantamento do antigo Ministério do Trabalho revela que a
turbilhão da mudança e viram a transitoriedade, o fugidio e o
maioria (54%) dos jogadores de futebol do país empregados em
fragmentário como condição necessária por meio da qual o
2017 recebia até três salários mínimos (2.811 reais). Os dados
projeto modernizador poderia ser realizado. Abundavam
constam da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de
doutrinas de igualdade, liberdade, fé na inteligência humana (uma
2017.
vez permitidos os benefícios da educação) e razão universal.
[...]
“Uma boa lei deve ser boa para todos”, pronunciou Condorcet às
A estatística do antigo Ministério do Trabalho é o único
vésperas da Revolução Francesa, “exatamente da mesma maneira
levantamento que tenta mapear os salários no futebol brasileiro.
como uma proposição verdadeira é verdadeira para todos”. Essa
5
A CBF fazia uma pesquisa parecida, mas deixou de publicar por visão era incrivelmente otimista. Escritores como Condorcet,
causa das distorções criadas pelos contratos de direito de observa Habermas (1983, p. 9), estavam possuídos “da
imagem. Segundo a última edição do trabalho da entidade que extravagante expectativa de que as artes e as ciências iriam
comanda o futebol nacional, mais de 80% dos jogadores de promover não somente o controle das forças naturais, mas
futebol ganhavam até 1 mil reais por mês em 2016. 6Sem citar também a compreensão do mundo e do eu, o progresso moral, a
nomes, a CBF informou que apenas um jogador recebia mais de justiça das instituições e até a felicidade dos seres humanos”.
500 mil reais, mas o número estava longe da realidade, e o 2O século XX – com seus campos de concentração e esquadrões
mesmo se pode dizer dos dados da RAIS. O salário em carteira é da morte, seu militarismo e duas guerras mundiais, sua ameaça
só uma parte do que os atletas recebem, pois o principal vem dos
de aniquilação nuclear e sua experiência de Hiroshima e Nagasaki
direitos de imagem e patrocínios.
– certamente deitou por terra esse otimismo. Pior ainda, há
Mas essa é uma realidade dos clubes grandes. Em clubes como
suspeita de que o projeto do Iluminismo estava fadado a voltar-se
Bonsucesso e Olaria, não há direitos de imagem, já que não há
contra si mesmo e transformar a busca da emancipação humana profissionais, bailarinas austríacas, cabeleireiras lituanas. Paul
num sistema de opressão universal em nome da libertação Balt toca acordeão, Ivan Donef faz coquetéis, Galar Bedrich é
humana. Essa foi a atrevida tese apresentada por Horkheimer e vendedor, Serof Nedko é ex-oficial, Luigi Tonizo é jogador de
Adorno em Dialética do esclarecimento (1972). Escrevendo sob futebol, Ibolya Pohl é costureira. Tudo 15gente para o asfalto,
as sombras da Alemanha de Hitler e da Rússia de Stálin, eles “para entulhar as grandes cidades”, como diz o repórter.
alegavam que a lógica que se oculta por trás da racionalidade 6O repórter tem razão. 3Mas eu peço licença para ficar
iluminista é uma lógica da dominação e da opressão. A ânsia por imaginando uma porção de coisas vagas, ao olhar essas belas
dominar a natureza envolvia o domínio dos seres humanos, o que fotografias que ilustram a reportagem. Essa linda costureirinha
no final só poderia levar a “uma tenebrosa condição de morena de Badajoz, essa Ingeborg que faz fotografias e essa
autodominação”, conforme salienta Bernstein (1985, p. 9). A Irgard que não faz coisa alguma, esse Stefan Cromick cuja única
revolta da natureza, que eles apresentavam como a única saída
experiência na vida parece ter sido vender bombons 11– não, essa
para o impasse, tinha, portanto, de ser concebida como uma
gente não vai aumentar a produção de batatinhas e quiabos nem
revolta da natureza humana contra o poder opressor da razão
16
puramente instrumental sobre a cultura e a personalidade. plantar cidades no Brasil Central.
7É insensato importar gente assim. Mas o destino das pessoas e
São questões cruciais saber (i) se o projeto do Iluminismo estava
ou não fadado desde o começo a nos mergulhar num mundo dos países também é, muitas vezes, insensato: principalmente da
kafkiano; (ii) se tinha ou não de levar a Auschwitz e Hiroshima; e gente nova e países novos. 8A humanidade não vive apenas de
(iii) se lhe restava ou não poder para formar e inspirar o carne, alface e motores. Quem eram os pais de Einstein, eu
pensamento e a ação contemporâneos. 3Há quem, como pergunto; e se o jovem Chaplin quisesse hoje entrar no Brasil
Habermas, continue a apoiar o projeto, se bem que com forte acaso poderia? Ninguém sabe que destino terão no Brasil essas
dose de ceticismo quanto às suas metas, com muita angústia mulheres louras, esses homens de profissões vagas. Eles estão
quanto à relação entre meios e fins e com certo pessimismo no procurando alguma coisa12: emigraram. Trazem pelo menos o
tocante à possibilidade de realizar tal projeto nas condições patrimônio de sua inquietação e de seu 17apetite de vida. 9Muitos
econômicas e políticas contemporâneas. E há quem – e isso é o se perderão, sem futuro, na vagabundagem inconsequente das
cerne do pensamento filosófico pós-modernista – insista que cidades; uma mulher dessas talvez se suicide melancolicamente
devemos, em nome da emancipação humana, abandonar por dentro de alguns anos, em algum quarto de pensão. Mas é
inteiro o projeto iluminista. A posição a tomar depende de como preciso de tudo para 18fazer um mundo; e cada pessoa humana é
se explica o “lado sombrio” da nossa história recente e do grau um mistério de heranças e de taras. Acaso importamos o pintor
até o qual o atribuímos aos defeitos da razão iluminista, e não à Portinari, o arquiteto Niemeyer, o físico Lattes? E os construtores
falta de sua correta aplicação. de nossa indústria, como vieram eles ou seus pais? Quem
pergunta hoje, 10e que interessa saber, se esses homens ou seus
HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as
pais ou seus avós vieram para o Brasil como agricultores,
origens da mudança cultural. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993. p.
comerciantes, barbeiros ou capitalistas, aventureiros ou
23-24. (Adaptado).
vendedores de gravata? Sem o tráfico de escravos não teríamos
tido Machado de Assis, e Carlos Drummond seria impossível sem

(UEG 2020) Considere o seguinte trecho do texto: uma gota de sangue (ou uísque) escocês nas veias, 4e quem nos
garante que uma legislação exemplar de imigração não teria feito
“O século XX – com seus campos de concentração e esquadrões Roberto Burle Marx nascer uruguaio, Vila Lobos mexicano, ou
da morte, seu militarismo e duas guerras mundiais, sua ameaça Pancetti chileno, o general Rondon canadense ou Noel Rosa em
de aniquilação nuclear e sua experiência de Hiroshima e Nagasaki Moçambique? Sejamos humildes diante da pessoa humana: 5o
– certamente deitou por terra esse otimismo”. (ref. 2). grande homem do Brasil de amanhã pode descender de um
clandestino que neste momento está saltando assustado na
O travessão duplo é usado no período com a função de praça Mauá13, e não sabe aonde ir, nem o que fazer. Façamos

a) introduzir um discurso direto. uma política de imigração sábia, perfeita, materialista14; mas
b) demarcar uma sequência. deixemos uma pequena margem aos inúteis e aos vagabundos,
c) ligar um termo ao outro. às aventureiras e aos tontos porque dentro de algum deles, como
d) sinalizar uma metáfora. sorte grande da fantástica 19loteria humana, pode vir a nossa
e) intercalar um aposto. redenção e a nossa glória.

Exercício 58 (BRAGA, R. Imigração. In: A borboleta amarela. Rio de Janeiro,


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Editora do Autor, 1963)
TEXTO
(ITA 2015) De acordo com as normas gramaticais de pontuação,
1José Leal fez uma reportagem na Ilha das Flores, onde ficam os

imigrantes logo que chegam. E falou dos equívocos de nossa I. o travessão da referência 11 serve para realçar uma conclusão
2 do que foi dito anteriormente.
política imigratória. As pessoas que ele encontrou não eram
agricultores e técnicos, gente capaz de ser útil. Viu músicos
II. os dois pontos da referência 12 podem ser substituídos por Lembro que um dos meus jogos favoritos tinha uma enciclopédia
ponto e vírgula. de personagens e passos, e eu parava para ficar lendo, em um
III. a vírgula, em “está saltando assustado na praça Mauá, e não jogo! Eu amava. Eu acho que está tudo integrado, as ideias são
sabe”, referência 13, pode ser excluída. contadas de várias formas diferentes e cada meio dá uma
IV. o ponto e vírgula da referência 14 pode ser substituído por roupagem diferente para a história. Cada uma dessas obras acaba
ponto final. completando a outra”.
(6) Mas existe o risco dos livros perderem público para outros
Estão corretas apenas meios? De acordo com a autora, não: “Eu acho que, querendo ou
não, sempre vai ter um (meio de entretenimento) mais popular, eu
a) I, II e III.
não acho que um interfere na produtividade do outro, os meios e
b) I, III e IV.
as formas de contar história são independentes e podem se
c) II e III.
manter”. Bárbara também deixa claro como reagiria caso uma de
d) II, III e IV.
suas obras literárias fosse adaptada para outros meios: “Eu ia
e) III e IV.
amar, mesmo que não fosse uma adaptação boa, ia popularizar
Exercício 59 meu trabalho; eu toparia, sim”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (7) Segundo o professor do departamento de comunicação da
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir. Universidade Católica de Brasília, Ciro Inácio Marcondes, a ideia
de uma consciência “transmídia” não é algo novo, pelo contrário,
FRONTEIRAS ENTRE GAMES, LIVROS E CINEMA ESTÃO já marca um fluxo de conhecimento da humanidade - “como
CADA VEZ MENORES desde o texto oral para os livros” -, mas, atualmente, ganha um
panorama monetário: “Essa questão da intermidialização tem se
(1) Interatividade, pioneirismo e criação. Essas são as palavras- proliferado no contexto da comunicação, e essas narrativas
chave que designam os meios do videogame, do livro e do transmídias passam não só pelos meios que foram criados, mas,
cinema, e que levam à seguinte conclusão: o entretenimento também, por redes sociais, marketing, e isso funciona, inclusive,
contemporâneo nunca esteve em tamanha sincronia. como uma nova economia”.
Economicamente, são três plataformas com distâncias pequenas (8) Mas, afinal, o fim das fronteiras no entretenimento é para o
(em determinadas vertentes, até opostas), e criativamente, em bem ou para o mal? A questão principal dessa discussão não tem
consonância, a trindade do entretenimento visual caminha para uma solução simples: “Eu, sinceramente, não consigo ter uma
um mundo com fronteiras cada vez mais ínfimas. opinião qualitativa. É muito complexo “bater o martelo”. É um
(2) Recentemente, o ministro da Cultura espanhol, José Guirao, fenômeno que já acontece, o grande desafio é você marcar cada
apresentou um dado sucinto, mas reverberante: em menos de cultura com uma vertente, e a expectativa é isso aumentar, pois
cinco anos, espera-se que o faturamento do país europeu em as mídias já são muito manipuláveis e isso não tem como mudar,
videogames ultrapasse a arrecadação do mercado literário. é um circuito novo que já está aí”, conclui o acadêmico.
Atualmente, o setor editorial do país fatura cerca de 2 bilhões de
euros por ano, já a indústria de videogames ficou com pouco mais NUNES, Ronayre. Fronteiras entre games, livros e cinema estão
de 700 milhões de euros em 2017. Por essa perspectiva, a cada vez menores. Disponível em:
diferença pode até parecer inalcançável, mas tudo muda se https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-
considerado que os 700 milhões de euros tinham como marca, no arte/2019/02/24/interna_diversao_arte,739280/relacao-entre-
ano anterior, “apenas” 300 milhões, ou seja, o faturamento anual games-e-filmes.shtml. Acesso em: 25 out. 2019 (adaptado).
do mercado de videogames mais do que dobrou nas terras do
Dom Quixote.
(3) Em geral, a alta de arrecadamento da indústria do videogame (S1 - IFPE 2020) Os parênteses foram utilizados em “sempre vai
mundo afora não é necessariamente uma novidade. O instituto de ter um (meio de entretenimento) mais popular” (6º parágrafo)
data base Steam apontou, ainda em maio do ano passado, que, para
em mídias digitais, os jogos de computadores já rendiam mais do
a) inserir um comentário do autor do texto sobre o meio ao qual
que o streaming de vídeo, livros e música globalmente. E se, na
se referia.
vertente econômica, os números ditam a narrativa, criativamente, b) explicar o significado de um termo, uma vez que “meio” pode
contudo, é mais difícil perceber na prática essa exclusão de ter mais de uma interpretação.
fronteiras. Mas elas existem. E, para falar sobre isso, nada melhor c) tornar o texto mais claro, expondo algo que ficou implícito na
do que ouvir quem trabalha todo dia nesses meios. fala da entrevistada.
(4) Felipe Dantas é um desenvolvedor de videogames e explica d) indicar a supressão de uma parte que foi dita pela entrevistada,
um fator chave que comunga os três meios de forma bem mas que o jornalista omitiu.
profunda: a narrativa. “Existem narrativas muitos fortes que e) transcrever a fala da entrevistada na íntegra.
ultrapassam qualquer meio. São enredos que funcionam não só
nos filmes, mas também em livros e videogames. Ter essa boa Exercício 60
narrativa é a principal forma de quebrar fronteiras”, afirma ele. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(5) Bárbara Morais é uma autora brasiliense que vê essa quebra Precisamos falar sobre fake news
de fronteiras de uma maneira extremamente positiva: “É super
interessante, eu acho que não existem mais barreiras, na verdade.
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no mundo, O problema das fake news certamente passa pelo domínio das
faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando por voz novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime, mas,
ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade dos também, pela pedagogia do esclarecimento.
netos e netas. O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de pessoas, o antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas
celular pode ser também uma fonte de engano. De vez em em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a
quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no seu utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.
WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma
fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez
desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não nascemos (G1 - COL. NAVAL 2020) Em "Nesta sociedade somos os
na era digital. Nesta sociedade somos os chamados migrantes e, chamados migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo
como tais, a tecnologia nos gera um certo estranhamento (e até estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e
constrangimento), embora nos fascine e facilite a vida. facilite a vida." (3º parágrafo), o texto entre parênteses indica
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para essas uma:
mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil
a) ideia irônica que passa pela cabeça do autor no momento em
destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.
que ele escrevia.
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias falsas
b) informação acessória, podendo ser retirada sem prejuízo de
na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi
entendimento.
realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na
c) questão de estilo pessoal, bastante característica nos textos
sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias
jornalísticos atuais.
falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
d) informação bastante relevante, a qual não pode passar
alcançam muito mais gente.
despercebida pelo leitor.
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas,
e) confissão feita ao leitor, fazendo-o enxergar, claramente, os
polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
sentimentos do autor.
a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre
tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que Exercício 61
chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a (G1 - IFPE 2019) Leia o texto para responder à questão.
critérios de apuração e checagem.
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença, quase que A HORA DA ESTRELA
religiosa, junto a mensagens das quais não Identificamos sequer a
origem, boa parte delas disseminada em redes sociais. Confia-se Macabéa por acaso vai morrer? Como posso saber? E nem as
a ponto de compartilhar, sem questionar. pessoas ali presentes sabiam. Embora por via das dúvidas algum
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que vizinho tivesse pousado junto do corpo uma vela acesa. O luxo da
mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam rica flama parecia cantar glória.
opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das (Escrevo sobre o mínimo parco enfeitando-o com púrpura, joias e
notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da esplendor. É assim que se escreve? Não, não é acumulando e sim
História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí. desnudando. Mas tenho medo da nudez, pois ela é a palavra
Os problemas gerados estão em todos os campos. No âmbito final.)
familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar seus Enquanto isso, Macabéa no chão parecia se tornar cada vez mais
filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública de uma Macabéa, como se chegasse a si mesma.
impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência virtual e
física. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Disponível em:
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais fecham <https://vivelatinoamerica.files.wordpress.com/2013/12/a-hora-
portas, profissionais perdem suas reputações e produtos são da-estrela.pdf>. Acesso em: 03 out. 2018.
desacreditados como resultado de uma foto descontextualizada,
uma Imagem alterada ou uma legenda falsa.
A democracia também se fragiliza. O processo democrático corre No trecho reproduzido no texto acima, Macabéa havia acabado de
o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos. Não ser atropelada. A característica linguística que se destaca
há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas especialmente no trecho entre parênteses é
iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
a) o sarcasmo, já que o narrador zomba da agonia da
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve ser
personagem.
entendido para encontrarmos um caminho seguro de convivência
b) a metalinguagem, pois o narrador comenta o próprio ato de
com as novas formas e ferramentas de comunicação.
narrar.
No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse sentido,
c) a interpelação, pois o narrador não inclui seu leitor potencial.
que precisam ser amplamente debatidas, com a participação de
d) o rebuscamento, uma vez que a forma do gênero romance era
especialistas e representantes da sociedade civil.
fundamental nas narrativas de Clarice.
e) a objetividade, que foca na ação e priva a narrativa de vulneráveis, humanos e uma versão mais honesta e completa
subjetividades e de conjecturas sobre a própria história narrada. deles mesmos”, disse.

Exercício 62 (BOECHAT, R. IstoÉ. 1 out. 2014. Semana. ano 38. n.2340. p.23.)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(...) Minutos depois, já sozinhos, o médico foi sentar-se ao lado da Observe, a seguir, a pontuação utilizada em três fragmentos do
mulher, o rapazinho estrábico dormitava num canto do sofá, o cão texto.
das lágrimas, deitado, com o focinho sobre as patas dianteiras,
abria e fechava os olhos de vez em quando para mostrar que I. Famosa por interpretar a astuta Hermione – a melhor amiga do
continuava vigilante, pela janela aberta, apesar da altura a que bruxo Harry Portter – a atriz jogou um novo encanto sobre o
estava o andar, entrava o rumor das vozes alteradas, as ruas
feminismo.
deviam estar cheias de gente, a multidão a gritar uma só palavra,
II. Conquistou repercussão mundial e sua fala acabou se
Vejo, diziam-na os que já tinham recuperado a vista, diziam-na os
transformando em ação de marketing contra o site 4chan, que
que de repente a recuperavam, Vejo, vejo, em verdade começa a
recentemente abrigou fotografias de artistas nuas como Jennifer
parecer uma história doutro mundo aquela em que se disse, Estou
Lawrence e Kim Kardashian, e mobilizou anônimos e famosos a
cego. (...) Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se
aderir à campanha “HeForShe”.
chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz,
III. Quero que os homens se comprometam para que suas filhas,
1Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que
irmãs e mães se libertem do preconceito e também para que seus
veem, Cegos que, vendo, não veem. filhos sintam que têm permissão para serem vulneráveis,
A mulher do médico levantou-se e foi à janela. Olhou para baixo, humanos e uma versão mais honesta e completa deles mesmos.
para a rua coberta de lixo, para as pessoas que gritavam e
cantavam. Depois levantou a cabeça para o céu e viu-o todo A partir da leitura do texto e dos três fragmentos, responda aos
branco, Chegou a minha vez, pensou. O medo súbito fê-la baixar itens a seguir.
os olhos. A cidade ainda ali estava.
a) Explique e compare o uso dos travessões duplos no fragmento
JOSÉ SARAMAGO I com o uso das vírgulas no fragmento II.
Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. b) Compare o uso das vírgulas nos fragmentos II e III.

(UERJ 2018) Em Ensaio sobre a cegueira, o autor testa os limites Exercício 64


da expressão ao convencionar um novo sistema de pontuação. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Uma dessas inovações diz respeito à representação do discurso Leia o texto para responder à(s) questão(ões).
direto, como se pode observar no diálogo representado no texto.
Havia já quatro anos que Eugênio se achava no seminário sem
Identifique dois recursos empregados para representar o discurso visitar sua família. Seu pai já por vezes tinha escrito aos padres
direto e explique o efeito que essa representação traz para o fluxo pedindo-lhes que permitissem que o menino viesse passar as
da narrativa. férias em casa. Estes porém, já de posse dos segredos da
consciência de Eugênio, receando que as seduções do mundo o
Exercício 63 arredassem do santo propósito em que ia tão bem encaminhado,
(UEL 2016) Leia o texto a seguir. opuseram-se formalmente, e responderam-lhe, fazendo ver que
aquela interrupção na idade em que se achava o menino era
O Encanto Feminista
extremamente perigosa, e podia ter péssimas consequências,
desviando-o para sempre de sua natural vocação.
Em seu primeiro discurso na ONU como embaixadora da Boa
Uma ausência, porém de quatro anos já era excessiva para um
Vontade para Mulheres, a atriz britânica de 24 anos Emma
coração de mãe, e a de Eugênio, principalmente depois que seu
Watson surpreendeu. Famosa por interpretar a astuta Hermione –
filho andava mofino e adoentado, não pôde mais por modo
a melhor amiga do bruxo Harry Portter – a atriz jogou um novo
nenhum conformar-se com a vontade dos padres. Estes portanto,
encanto sobre o feminismo. Conquistou repercussão mundial e
muito de seu mau grado, não tiveram remédio senão deixá-lo
sua fala acabou se transformando em ação de marketing contra o
partir.
site 4chan, que recentemente abrigou fotografias de artistas nuas
como Jennifer Lawrence e Kim Kardashian, e mobilizou anônimos (Bernardo Guimarães. O Seminarista, 1995)
e famosos a aderir à campanha “HeForShe”. O principal ponto de
seu discurso foi o chamamento aos homens para entrarem na (FGV 2016) Observe as reescritas do texto e responda conforme
causa. Disse a atriz que o feminismo não pode ser confundido solicitado entre parênteses.
com ódio aos homens e que a participação masculina é essencial
para que a igualdade de gêneros seja alcançada. “Se não se a) Seu pai já por vezes tinha escrito aos padres pedindo-lhes à
obriga um homem a acreditar que precisa ser agressivo, a mulher permissão para que o menino viesse passar as férias em casa. / ...
não será submissa. Quero que os homens se comprometam para opuseram-se formalmente à ideia, e responderam de forma
que suas filhas, irmãs e mães se libertem do preconceito e negativa inicialmente. (Justifique se os usos do acento indicativo
também para que seus filhos sintam que têm permissão para ser da crase estão ou não de acordo com a norma-padrão.)
b) Para um coração de mãe porém uma ausência de quatro anos c) pleonasmo.
já era excessiva... (Pontue o texto e justifique a pontuação d) eufemismo.
realizada.)
e) paradoxo.
Exercício 65
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Exercício 67
TEXTO IV (G1 - ifsul 2020) Leia a charge abaixo, do cartunista Junião, para
responder à questão:
O dia abriu seu para-sol bordado

O dia abriu seu para-sol bordado


De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.

Depois surgiu, no céu azul arqueado,


A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...

Pus meus sapatos na janela alta,


Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!

E eles sonham, imóveis, deslumbrados,


Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranquila de um açude..
MARIO QUINTANA
Prosa e verso. Porto Alegre: Globo, 1978.
Por apresentar teor conotativo, a charge pode ser associada a
uma figura de linguagem.
(UERJ 2009) Há no poema de Mario Quintana um mesmo sinal
de pontuação – o ponto de exclamação – que aparece em versos A partir dessa afirmação, é correto afirmar que
diferentes e com sentidos distintos.
a) a árvore cortada e os novos galhos nascendo representam, na
Explicite o valor semântico atribuído a esse sinal em cada um dos
charge, metonimicamente a esperança de uma sociedade mais
versos.
justa, apesar de ter existido um longo período de escravidão em
Exercício 66 nosso país.
b) as raízes profundas, presentes na imagem, representam
metaforicamente o quão complexo é acabar com o racismo no
Brasil, pois a ideia de raça foi historicamente construída e mantida
por muito tempo em nosso país.
c) a charge estabelece uma comparação entre a persistência do
racismo no Brasil e os problemas ambientais existentes no país,
afirmação possível de ser comprovada, pois os dois problemas
possuem a mesma origem histórica.
d) a imagem presente na charge é uma personificação do racismo,
pois atribui vida a uma ideia, que não existe autonomamente,
dependendo de pessoas que sintam e pratiquem o racismo para
que ela possa existir.

Exercício 68
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Quando
Quando você me clica,
Contribui para o efeito de humor do cartum o recurso à seguinte
quando você me conecta, me liga,
figura de linguagem:
quando entra nos meus programas, nas minhas janelas,
quando você me acende, me printa, me encompassa,
a) sinestesia. me sublinha, me funde e me tria:
b) personificação. meus pensamentos esvoaçam,
meus títulos se põem maiúsculos, a) “O calor do sol está dizendo aos homens que vão descansar e
e meu coração troveja! dormir” (1º parágrafo) – personificação.
b) “a frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se
(CAPPARELLI, Sérgio. 33 ciberpoemas e uma fábula digital. Porto deve viver” (1º parágrafo) – eufemismo.
Alegre: L&PM, 2001.) c) “Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império
da natureza corrigindo a obra da sociedade” (1º parágrafo) –
(G1 - epcar (Cpcar) 2020) Leia as quatro afirmações abaixo gradação.
referentes ao poema “Quando”: d) “Olhava para todas as grandes cousas com a mesma cara com
que via uma mulher feia” (3º parágrafo) – pleonasmo.
I. No poema, verifica-se a presença do recurso estilístico da e) “Podia vir a ser um grande perverso; até então era apenas uma
anáfora. grande inutilidade” (3º parágrafo) – paradoxo.
II. Em “e meu coração troveja”, há personificação e o verbo indica
fenômeno da natureza. Exercício 70
III. No verso “meus títulos se põem maiúsculos”, vê-se que o TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
sentido é conotativo. Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder
à(s) questão(ões) a seguir.
IV. Em “quando você me conecta, me clica”, há dez sílabas
poéticas.
Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Estão corretas as afirmações
Tudo outra natureza tem tomado,
a) I e II apenas E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
b) II e IV apenas.
c) I, III e IV apenas. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
d) I, II, III e IV. De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Exercício 69
Quanto pode dos anos o progresso!
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o início do conto “Luís Soares”, de Machado de Assis, para
Árvores aqui vi tão florescentes,
responder à(s) questão(ões).
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império da
natureza corrigindo a obra da sociedade. O calor do sol está
Eu me engano: a região esta não era;
dizendo aos homens que vão descansar e dormir, ao passo que a
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se deve
Meus males, com que tudo degenera!
viver. Livre em todas as minhas ações, não quero sujeitar-me à lei
absurda que a sociedade me impõe: velarei de noite, dormirei de
(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)
dia.
Contrariamente a vários ministérios, Soares cumpria este
programa com um escrúpulo digno de uma grande consciência. A
aurora para ele era o crepúsculo, o crepúsculo era a aurora.
O eu lírico recorre ao recurso expressivo conhecido como
Dormia 12 horas consecutivas durante o dia, quer dizer das seis
hipérbole no verso:
da manhã às seis da tarde. Almoçava às sete e jantava às duas da
madrugada. Não ceava. A sua ceia limitava-se a uma xícara de a) “Quem fez tão diferente aquele prado?” (1ª estrofe)
chocolate que o criado lhe dava às cinco horas da manhã quando b) “E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.” (1ª estrofe)
ele entrava para casa. Soares engolia o chocolate, fumava dois c) “Quanto pode dos anos o progresso!” (2ª estrofe)
charutos, fazia alguns trocadilhos com o criado, lia uma página de d) “Que faziam perpétua a primavera:” (3ª estrofe)
algum romance, e deitava-se. e) “Árvores aqui vi tão florescentes,” (3ª estrofe)
Não lia jornais. Achava que um jornal era a cousa mais inútil deste
mundo, depois da Câmara dos Deputados, das obras dos poetas Exercício 71
e das missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu em TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
religião, política e poesia. Não. Soares era apenas indiferente. Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
Olhava para todas as grandes cousas com a mesma cara com que responder à(s) questão(ões) a seguir.
via uma mulher feia. Podia vir a ser um grande perverso; até
então era apenas uma grande inutilidade. Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido,
pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês.
(Contos fluminenses, 2006.) Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas
estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não
(Famerp 2020) Assinale a alternativa que apresenta um trecho poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de
do texto e uma figura de linguagem que nele ocorre.
Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais
próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Abrigavam-se... e os tronos e os palácios,
Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como Os palácios dos reis, o albergue e a choça
outros destruidores de telas que entram num museu armados de Ardiam por fanais. Tinham nas chamas
facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não As cidades morrido. Em torno às brasas
apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não, Dos seus lares os homens se grupavam,
usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente P’ra à vez extrema se fitarem juntos.
insuspeitados: os cupins. Feliz de quem vivia junto às lavas
Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário Dos vulcões sob a tocha alcantilada!”
treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para
isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do (Ufms 2020) As figuras de linguagem estão presentes em textos
artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução poéticos e produzem expressividade no discurso, criando efeitos
açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais de sentido variados. Assinale a alternativa que nomeia a figura
obras de outras. em destaque nos seguintes versos: “E as almas
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que conglobadas/Gelavam-se num grito de egoísmo”.
só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os
a) Aliteração.
insetos era agradável, e isso era o que importava.
b) Comparação.
Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que
c) Metonímia.
aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar
d) Catacrese.
as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do
e) Sinestesia.
prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram
detectados. Exercício 73
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe
serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem Mundo Pequeno I
querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a
mesma coisa. O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
(O imaginário cotidiano, 2002.) Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
(Unifesp 2020) Em “Mediante cruzamentos sucessivos, obteve Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas.
um tipo de cupim que só queria comer Van Gogh” (5º parágrafo), Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves.
o cronista recorre à figura de linguagem denominada: Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco,
os besouros pensam que estão no incêndio.
a) metonímia.
Quando o rio está começando um peixe,
b) hipérbole.
Ele me coisa.
c) eufemismo.
Ele me rã.
d) personificação.
Ele me árvore.
e) pleonasmo.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
Exercício 72 os ocasos.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Disponível em: ˂https://leiturinha.com.br/blog/poemas-de-


Considere os versos do poema “As trevas”, que integra a obra manoel-de-barros/ ˃
Espumas flutuantes, de Castro Alves, para responder à(s) Acesso em: 25 ago. 2019
questão(ões) a seguir.
(G1 - ifsul 2020) A figura de linguagem presente em “Aqui, se o
“Tive um sonho em tudo não foi sonho!... horizonte enrubesce um pouco, os besouros pensam que estão no
incêndio” é
O sol brilhante se apagava: e os astros,
a) catacrese
Do eterno espaço na penumbra escura,
b) eufemismo
Sem raios, e sem trilhos, vagueavam.
c) prosopopeia
A terra fria balouçava cega
d) anáfora
E tétrica no espaço ermo de lua.
A manhã ia... vinha ... e regressava... Exercício 74
Mas não trazia o dia! Os homens pasmos TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Esqueciam no horror dessas ruínas
Suas paixões: E as almas conglobadas
Gelavam-se num grito de egoísmo
Que demandava ‘luz’. Junto às fogueiras
b) Explique com suas palavras a metáfora “verdade-sanduíche”
usada pelo linguista George Lakoff.

Exercício 76
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
5. Perigo das Armas
Entrei para a escola mista de D. Matilde.
(G1 - ifpe 2020) Observando o uso de figuras de linguagem no
Ela me deu um livro com cem figuras para contar a mamãe a
texto, analise as afirmativas abaixo como verdadeiras ou falsas.
história do Rei Carlos Magno.
Roldão num combate espetou com um pau a gengiva aflita do
( ) O termo “papel” é uma metáfora para “planeta”, na tirinha.
Maneco que era filho da venda da esquina e mamãe botou no
( ) Ao dizer “este é o meu planeta”, a criança cria um paradoxo,
fogo a minha Durindana.
já que não existiria um mundo só de crianças.
( ) A tirinha trabalha com antíteses: tanto o tamanho do adulto
6. Maria da Glória
e da criança quanto seus pontos de vista se chocam. Preta pequenina do peso das cadeias. Cabelos brancos e um
( ) A fala da criança “eu vi você deixar cair o papel” é um guarda-chuva.
eufemismo para “eu vi você jogar lixo no chão”. O mecanismo das pernas sob a saia centenária desenrolava-se da
( ) O termo “Coroa” é utilizado como uma personificação, que casa lenta à escola pela manhã branca e de tarde azul.
atribui características humanas a objetos inanimados. Ia na frente bamboleando maleta pelas portas lampiões eu
menino.
A sequência CORRETA é

a) F V F F V. 7. Felicidade
b) V V V V F. Napoleão que era um grande guerreiro que Maria da Glória
c) F F V V V. conheceu em Pernambuco disse que o dia mais feliz da vida dele
d) F F V V F. foi o dia em que eu fiz a minha primeira comunhão.

e) V V F F F. 8. Fraque do ateu
Saí de D. Matilde porque marmanjo não podia continuar na classe
Exercício 75 com meninas.
(Fuvest 2020) O vídeo “Por que mentiras óbvias geram ótima Matricularam-me na escola modelo das tiras de quadros nas
propaganda” destaca quatro aspectos principais da propaganda paredes alvas escadarias e um cheiro de limpeza.
russa: 1) alto volume de conteúdo; 2) produção rápida, contínua e Professora magrinha e recreio alegre começou a aula da tarde um
repetitiva; 3) sem comprometimento com a realidade; e 4) sem bigode de arame espetado no grande professor Seu Carvalho.
consistência entre o que se diz entre um discurso e outro. No silêncio tique taque da sala de jantar informei mamãe que não
Essencialmente, isso é o firehosing (fluxo de uma mangueira de havia Deus porque Deus era a natureza.
incêndio). O conceito foi concebido após cerca de seis anos de Nunca mais vi o Seu Carvalho que foi para o Inferno.
observação do governo de Vladimir Putin. No entanto, é
impossível não notar as semelhanças com as táticas discursivas ANDRADE, Oswald. Memórias sentimentais de João Miramar.
de políticos ocidentais. São Paulo: Globo, 1990.

Para tentar inibir efeitos da tática, apenas rebater as mentiras


disseminadas não é uma ação eficaz. Já mostrar outra narrativa, (Ufjf-pism 2 2017) Explique a metáfora presente na ida de Seu
tal como contar como funciona a criação de mentiras dos Carvalho para o inferno no desfecho do episódio “Fraque de
propagandistas, sim, seria um método mais efetivo. De maneira Ateu”.
simplificada, é o que o linguista norte-americano George Lakoff
chama de verdade-sanduíche: primeiro exponha o que é verdade;
depois aponte qual é a mentira e diga como ela é diferente do Exercício 77
fato verdadeiro; depois repita a verdade e conte quais são as
consequências dessa contradição. A ideia é tentar desmentir TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
discursos falsos sem repeti-los. Língua brasileira (fragmento)

Le Monde Diplomatique Brasil, “Firehosing: a estratégia de [...] 1O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o
disseminação de mentiras usada como propaganda política”. português como língua oficial, mas cheio de 2dialetos diferentes.
Disponível em https://diplomatique.org.br/. Adaptado. 3
No Rio de Janeiro é “merrmão! CB, sangue bom!” Até eu
entender que merrmão era “meu irmão” levou um tempo. 4Para
conseguir se comunicar, além de arranhar a garganta com o erre,
a) De que maneira o conceito de firehosing aproxima-se da
você precisa aprender a chiar que nem chaleira velha: “vai rolá
imagem do fluxo de uma mangueira de incêndio?
umasch paradasch ischperrtasch”.
Na cidade de São Paulo eles botam um “i” a mais na frente do “n”: fogueira. Por trás de nós estavam os cercados e as casinhas dos
“ôrra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindendo o que eu tô poucos habitantes desse lugar, e, por trás dessas casinhas,
veindo”. E no interiorrr falam um erre todo enrolado: “a estendiam-se as florestas sem fim.
Ferrrnanda marrrcô a porrrteira”. Dá nó na língua. A vantagem é No meio do silêncio geral e profundo sobressaía o rugido
que 5a pronúncia deles no inglês é ótima. monótono de uma cachoeira próxima, que
Em Mins, quer dizer, em Minas, eles engolem letras e falam ora 1estrugia como se estivesse a alguns passos de distância, ora
Belzonte, Nossenhora, Doidemais da conta, sô! Qualquer objeto é quase se 2esvaecia em abafados murmúrios, conforme o correr da
chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na viração.
plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando 4No sertão, ao cair da noite, todos tratam de dormir, como os
as malas: “Muié, pega os trem que o bicho tá vindo”. passarinhos. As trevas e o silêncio são sagrados ao sono, que é o
No Nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe silêncio da alma.
é mainha, vó é voinha. E pra você conseguir falar com acento 5
Só o homem nas grandes cidades, o tigre nas florestas, o
típico da região, é só cantar a primeira sílaba de qualquer palavra
3mocho nas ruínas, as estrelas no céu e o gênio na solidão do
numa nota mais aguda que as seguintes. As frases são sempre
em escala descendente, ao contrário do sotaque gaúcho. gabinete costumam velar nessas horas que a natureza consagra
6Mas o lugar mais interessante de todos é Florianópolis, um ao repouso.
Entretanto, eu e meus companheiros, sem pertencer a nenhuma
paraíso sobre a terra, abençoado por Nossa Senhora do Desterro.
dessas classes, por uma exceção de regra estávamos acordados a
Os nativos tradicionais, conhecidos como Manezinhos da Ilha, têm
essas horas.
o linguajar mais simpático da nossa língua brasileira. Chamam
Meus companheiros eram bons e robustos caboclos, dessa raça
lagartixa de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca
semisselvática e nômade, de origem dúbia entre o indígena e o
(que deve ser lido rôschca). Carne moída é boi ralado. Telefone
africano, que vagueia pelas infindas florestas que correm ao
público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a
longo do Paranaíba, e cujos nomes, decerto, não se acham
ficha de telefone é pastilha de prosa. Ovo eles chamam de
inscritos nos assentos das freguesias, e nem figuram nas
semente de galinha e motel é lugar de instantinho. [...]
estatísticas que dão ao império... não sei quantos milhões de
habitantes.
(RAMIL, Kledir. Tipo assim. Porto Alegre: RBS Publicações, 2003.
p. 75-76.)
BERNARDO GUIMARÃES
TUFANO, Douglas (org.) Antologia do conto brasileiro. Do
Romantismo ao
2 - dialetos: variedades regionais de uma língua
Modernismo. São Paulo: Moderna, 2005.

Vocabulário:
(G1 - cp2 2012) No período destacado do quarto parágrafo do
ref. 1: estrugia – vibrava fortemente
texto “Muié pega os trem que o bicho tá vindo”, há duas
ref. 2: esvaecia – desfalecia
metáforas: trem e bicho.
ref. 3: mocho – coruja
Qual o significado de cada uma dessas duas palavras, de acordo
com o texto?

Exercício 78 (Uerj) No texto II, Bernardo Guimarães emprega diferentes


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: figuras de linguagem.
TEXTO II Observe o fragmento:
“No sertão, ao cair da noite, todos tratam de dormir, como os
A dança dos ossos passarinhos. As trevas e o silêncio são sagrados ao sono, que é o
silêncio da alma.” (ref. 4)
A noite, límpida e calma, tinha sucedido a uma tarde de pavorosa Retire desse fragmento uma figura de linguagem, nomeando-a.
tormenta, nas profundas e vastas florestas que bordam as Explique também a relação entre o emprego dessa figura e a
margens do Paranaíba, nos limites entre as províncias de Minas e estética romântica.
de Goiás.
Exercício 79
Eu viajava por esses lugares, e acabava de chegar ao porto, ou
(UFG 2007) Leia o poema de Cruz e Sousa.
recebedoria, que há entre as duas províncias. Antes de entrar na
mata, a tempestade tinha me surpreendido nas vastas e risonhas
ACROBATA DA DOR
campinas que se estendem até a pequena cidade de Catalão,
donde eu havia partido.
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Seriam nove a dez horas da noite; junto a um fogo aceso defronte
Como um palhaço, que desengonçado,
da porta da pequena casa da recebedoria, estava eu, com mais
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
algumas pessoas, aquecendo os membros resfriados pelo terrível
De uma ironia e de uma dor violenta.
banho que a meu pesar tomara. A alguns passos de nós se
desdobrava o largo veio do rio, refletindo em uma chispa
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
retorcida, como uma serpente de fogo, o clarão avermelhado da
Agita os guizos, e convulsionado mais elaborado que os retos, garantem mais legibilidade ao texto
Salta, "gavroche", salta, "clown", varado escrito ou falado.
Pelo estertor dessa agonia lenta... c) A opção pelo uso de pronomes oblíquos é um indício das
tentativas do autor de gerar duplo sentido em seus enunciados,
Pedem-te bis e um bis não se despreza! uma vez que nos dois primeiros versos houve ajuste preciso ao
Vamos! retesa os músculos, retesa que se determina nas gramáticas de língua portuguesa.
Nessas macabras piruetas d'aço... d) Os pronomes oblíquos presentes no trecho da canção visam
promover elegância e estilo, uma vez que estão estritamente de
E embora caias sobre o chão, fremente, acordo com o que se preconiza nas gramáticas normativas.
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Exercício 81
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
(UNESP 2016) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
SOUSA, Cruz e. "Broquéis, Faróis e Últimos sonetos". 2a. ed.
reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 39-40. (Coleção super Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para responder
prestígio). à(s) questão(ões) a seguir.

Vocabulário: Poema só para Jaime Ovalle1


"gavroche": garoto de rua que brinca, faz estripulias
"clown": palhaço Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
estertor: respiração rouca típica dos doentes terminais (Embora a manhã já estivesse avançada).
estuoso: que ferve, que jorra Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Uma característica simbolista do poema apresentado é a Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
a) linguagem denotativa na composição poética.
Bebi o café que eu mesmo preparei,
b) biografia do poeta aplicada à ótica analítica.
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei
c) perspectiva fatalista da condição amorosa.
pensando...
d) exploração de recursos musicais e figurativos.
– Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
e) presença de estrangeirismos e de barbarismos.

Exercício 80 (Estrela da vida inteira, 1993.)


(EEAR 2017) Leia:

1
Meteoro Jaime Ovalle (1894-1955): compositor e instrumentista.
(Sorocaba) Aproximou-se do meio intelectual carioca e se tornou amigo
íntimo de Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Sérgio Buarque de Hollanda
Te dei o Sol e Manuel Bandeira. Sua música mais famosa é “Azulão”, em
Te dei o Mar parceria com o poeta Manuel Bandeira. (Dicionário Cravo Albin da
Pra ganhar seu coração música popular brasileira)
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos que eu não pude acreditar Pleonasmo (do grego pleonasmós, superabundância): emprego
Aaaahh... de palavras redundantes, de igual sentido; redundância. Há o
Como é bom poder te amar [...] pleonasmo vicioso, decorrente da ignorância da língua e que deve
ser evitado, e o pleonasmo estilístico, usado intencionalmente
O trecho da canção de autoria de Sorocaba, que ficou famosa na para comunicar à expressão mais vigor ou intensidade.
voz de Luan Santana, está escrito em linguagem coloquial. (Domingos Paschoal Cegalla. Dicionário de dificuldades da língua
Quanto ao uso dos pronomes oblíquos, marque a alternativa portuguesa, 2009. Adaptado.)
correta.

a) Se o autor tivesse optado pelo uso do pronome de acordo com


Transcreva o verso em que se verifica a ocorrência de um
a gramática normativa, e, desse modo, tivesse realizado a
pleonasmo. Justifique sua resposta.
colocação do pronome oblíquo após as formas verbais com que
se inicia os dois versos do início da canção, seria possível
Identifique ainda duas características do poema, uma formal e
interpretações diferentes das apresentadas por conta de
outra temática, que o vinculam ao movimento modernista
cacofonia (união sonora de sílabas que provoca estranheza
brasileiro.
auditiva).
b) O fato de o texto trazer pronomes oblíquos em vez de retos Exercício 82
acentua a ideia de precisão ao escrever de acordo com as normas Gerundismo - evite esse vício de linguagem
estabelecidas pela gramática normativa, pois os oblíquos, de uso
Tanto se tem falado a respeito de gerundismo, que já há quem d) O gerundismo é considerado um vício de linguagem e deve ser
tenha prática sobre o uso do gerúndio. Há até quem pergunte se evitado.
o gerúndio não é mais usado ou se é errado o seu emprego. e) O gerúndio e o gerundismo fazem uso exatamente dos
Então, antes que se comece a tomar o certo pelo duvidoso e o mesmos tempos verbais, mas o gerundismo é considerado errado
errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas regras pelo uso excessivo de verbos em sua forma.
gramaticais.
Comecemos pelo significado da palavra “gerúndio”. Se Exercício 83
(UNESP 2017)TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
procurarmos as definições nas gramáticas em uso,
Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do
encontraremos, geralmente, a seguinte explicação: “Gerúndio é
poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para
uma das formas nominais do verbo que apresenta o processo
responder à(s) questão(ões) a seguir.
verbal em curso e que desempenha a função de adjetivo ou
advérbio”.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Ele apresenta-se de duas formas. A simples (Ex.: Chegando a
muda-se o ser, muda-se a confiança;
hora da largada, a luz verde acendeu) e a composta (Ex.: Tendo
todo o mundo é composto de mudança,
chegado ao fim da corrida, o carro foi recolhido ao boxe).
O gerúndio expressa uma ação que está em curso ou que ocorre tomando sempre novas qualidades.
simultaneamente ou, ainda, que remete a uma ideia de
progressão. Sua forma nominal é derivada do radical do verbo Continuamente vemos novidades,
acrescida da vogal temática e da desinência -ndo. Exemplos: diferentes em tudo da 1esperança;
comendo; partindo. do mal ficam as mágoas na lembrança,
Veja, a seguir, o uso do gerúndio na prática: e do bem – se algum houve –, as saudades.
E a lama desceu pelo morro, destruindo tudo que encontrava pela
frente. O tempo cobre o chão de verde manto,
Rindo, ele se lembrava com saudades dos dias felizes que tivera. que já coberto foi de neve fria,
Abrindo o laptop, começou a escrever. e enfim converte em choro o doce canto.
“Caminhando sozinho aquela noite pela praia deserta, fiz algumas
reflexões sobre a morte” (Erico Veríssimo, Solo de Clarineta, p. E, afora este mudar-se cada dia,
12). outra mudança faz de 2mor espanto:
Como vimos nos exemplos, o gerúndio pode ser empregado de que não se muda já como 3soía.
diferentes maneiras em nossa língua sem que tenhamos
praticado nenhuma heresia. Já com o gerundismo é outra história. Sonetos, 2001.
Nesse caso, trata-se do uso inadequado do gerúndio. Um vício de
linguagem que se alastrou de modo tão corriqueiro e insistente
que até já virou piada. 1esperança: esperado.
Então, se você usa expressões como: “Vou estar pesquisando seu 2mor: maior.
caso” ou “Vou estar completando sua ligação”, mude
3soer: costumar (soía: costumava).
imediatamente sua fala para: “Vou pesquisar seu caso” e “Vou
completar sua ligação”. Note que, nos dois casos, você passa a
usar somente duas formas verbais (“vou” + “pesquisar” ou “vou”
+ “completar”) no lugar de três. Além disso, a ideia temporal a ser
transmitida é a de futuro e não de presente em curso. Elipse: figura de sintaxe pela qual se omite um termo da oração
O gerundismo, portanto, é uma mania que peca pelo excesso, que o contexto permite subentender.
pela inadequação do verbo, que ocorre ao transformarmos, Domingos Paschoal Cegalla.
desnecessariamente, um verbo conjugado em um gerúndio. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, 2009.
(Adaptado).
(Fonte: UOL. Adaptado. Disponível em:
<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/gerundismo-
evite-esse-vicio-de-linguagem.htm> Acesso em: 20 jan. 2019) Transcreva o verso em que se verifica a elipse do verbo.
Identifique o verbo omitido nesse verso.
(G1 - IFMT 2020) A partir da leitura do texto “Gerundismo - evite
esse vício de linguagem”, marque a alternativa correta. Para o eu lírico, qual das mudanças assinaladas ao longo do
soneto lhe causa maior perplexidade? Justifique sua resposta,
a) O equívoco das pessoas consiste em usar o gerúndio de com base no texto.
maneiras diversas, sendo que há apenas uma forma
gramaticalmente correta de fazer seu uso. Exercício 84
b) Gerúndio e gerundismo são a mesma coisa e os dois são (UERJ 2016) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
considerados vícios de linguagem. VAGABUNDO
c) Gerúndio é uma forma inadequada de usar o verbo.
Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso; - os apitos dos guardas-noturnos quadriculando como um mapa a
Nas noites de verão namoro estrelas; cidade adormecida
Sou pobre, sou mendigo e sou 1ditoso! - os barbeiros que faziam cantar no ar suas tesouras
- a matraca do vendedor de cartuchos
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro - a gaitinha do afiador de facas
Mas tenho na viola uma riqueza: - todos esses ruídos que apenas rompiam o silêncio.
Canto à lua de noite serenatas, E hoje o que mais se precisa é de silêncios que interrompam o
E quem vive de amor não tem pobreza. ruído.
(...) Mas que se há de fazer?
Há muitos - a grande maioria - que já nasceram no barulho. E
Oito dias lá vão que ando cismado nem sabem, nem notam, por que suas mentes são tão
Na donzela que ali defronte mora. atordoadas, seus pensamentos tão confusos. Tanto que, na sua
Ela ao ver-me sorri tão docemente! bebedeira auricular, só conseguem entender as frases repetitivas
Desconfio que a moça me namora!... da música pop. E, se esta nossa "civilização" não arrebentar,
acabamos um dia perdendo a fala - para que falar? para que
Tenho por meu palácio as longas ruas; pensar? - ficaremos apenas no batuque: "Tan! tan! tan! tan! tan!"
Passeio a gosto e durmo sem temores; (QUINTANA, Mario. Prosa e verso. 6ª ed. São Paulo: Globo, 1989.)
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.

O degrau das igrejas é meu trono, A propósito da passagem:


Minha pátria é o vento que respiro, "Tanto que, na sua bebedeira auricular só conseguem entender as
Minha mãe é a lua macilenta, frases repetitivas da música pop. E, se esta nossa 'civilização' não
E a preguiça a mulher por quem suspiro. arrebentar, acabamos um dia perdendo a fala - para que falar?
Para que pensar? - ficaremos apenas no batuque: 'Tan! tan!tan!
Escrevo na parede as minhas rimas, tan! tan!'"
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras a) Nesse fragmento, Mario Quintana faz uso de figuras de
Abro meu peito ao sol e durmo à lua. linguagem. Indique duas.
(...) b) De que maneira a utilização dessas figuras contribui para
estruturar a argumentação do autor sobre o tema?
Ora, se por aí alguma bela
Exercício 86
Bem doirada e amante da preguiça
(ESPCEX (AMAN) 2016) Assinale a alternativa em que o
Quiser a 2nívea mão unir à minha, pronome grifado não apresenta vício de linguagem.
Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.
a) Quando Ana entrou no consultório de Vilma, encontrou-a com
Álvares de Azevedo seu noivo.
Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. b) Caro investidor, cuide melhor de seu dinheiro.
c) O professor proibiu que o aluno utilizasse sua gramática.
d) Aída disse a Luís que não concordava com sua reprovação.
1ditoso − feliz e) Você deve buscar seu amigo e levá-lo em seu carro até o
2 aeroporto.
nívea − branca
Exercício 87
(Unifesp 2019) Examine a tira de Steinberg, publicada em seu
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso! (v. 4) Instagram no dia 20.08.2018.

O verso acima reúne dois traços que podem ser considerados


inconciliáveis.

Explicite esses traços e nomeie duas figuras de linguagem que


reforçam o significado do verso.

Exercício 85
(UFRRJ 2007) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
NO PRINCÍPIO DO FIM

Há ruídos que não se ouvem mais:


- o grito desgarrado de uma locomotiva na madrugada
c) pleonasmo baseado no uso de morfemas para reforçar a
temporalidade da ação.
d) polissemia para evidenciar as distintas referências dadas às
expressões temporais.
e) paronomásia para se referir ao tempo com palavras parecidas,
mas significados distintos.

Exercício 89
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O texto está inserido no movimento literário Poesia Marginal.
Leminski, como outros poetas, substituíram os meios tradicionais
de circulação por meios alternativos, ficando à margem do
mercado editorial, o que os deixou conhecidos como “poetas
marginais”. Eles abordam, comumente, temas cotidianos com
sarcasmo, humor e ironia, e utilizam uma linguagem coloquial e
espontânea.

BEM NO FUNDO
Paulo Leminski

No fundo, no fundo,
Colabora para o efeito de humor da tira o recurso à figura de bem lá no fundo,
linguagem denominada a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a) eufemismo.
b) pleonasmo. a partir desta data,
c) hipérbole. aquela mágoa sem remédio
d) personificação. é considerada nula
e) sinestesia. e sobre ela
– silêncio perpétuo
Exercício 88
(Simulado 2020) EU NASCI HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS
extinto por lei todo o remorso,
Raul Seixas
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na
e nada mais
calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
mas problemas não se resolvem,
O povo parou para ouvir, ele agradeceu as moedas
problemas têm família grande,
E cantou essa música, que contava uma história
e aos domingos
Que era mais ou menos assim:
saem todos a passear
o problema, sua senhora
Eu nasci há dez mil anos atrás
e outros pequenos probleminhas.
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais (2x)

Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/raul-seixas/eu-


RIBEIRO NETO, A. (Org.) Poesia Marginal – Antologia Poética:
nasci-ha-dez-mil-anos-atras.html>. Acesso em: 5 set. 2020.
Geração Mimeógrafo – Anos 1970. Universidade Federal da
Paraíba, PB, 2018. Disponível em:
<http://www.cchla.ufpb.br/dlcv/contents/documentos/banco-de-
Para dar expressividade e musicalidade ao gênero letra de
textos/amadorrnetoorgantpoesia-marginal.pdf>. Acesso em: 26
canção, faz-se uso de recursos linguísticos. O título da canção,
out. 2019.
que também faz parte do refrão, utiliza-se de um recurso
linguístico ao recorrer ao (à)

(G1 - ifpe 2020) Assinale a alternativa que contém a figura de


a) ambiguidade lexical para expressar a ideia de diversidade do linguagem utilizada para caracterizar os problemas na última
tempo. estrofe.
b) redundância caracterizada pelo uso lexical para reforçar a
temporalidade.
a) Eufemismo.
b) Pleonasmo.
c) Personificação. E em matéria de profissão
d) Antítese. Um tísico* profissional.
e) Metonímia (Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1983. p. 395.)
Exercício 90
(Espm 2019) Aborto, porte de armas e o presiden­te Donald (*) tísico = tuberculoso
Trump foram alguns dos assuntos que dominaram a primeira
audiência de confirmação do juiz conservador Brett Ka­vanaugh Texto 2 - POEMA DE SETE FACES
para a Suprema Corte dos Esta­dos Unidos, realizada em meio a
protestos de ativistas e tentativas de adiamento do processo por Quando eu nasci, um anjo torto
parte de democratas. desses que vivem na sombra
Kavanaugh passará por mais dois dias de sabatina, na quarta e disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
na quinta, e tes­temunhas contra e a favor do juiz devem ser
ouvidas na sexta. As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
(Folha de S.Paulo, 04/09/2018)
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
(....)
Segundo o Dicionário Aurélio (versão digi­tal), a palavra sabatina
Meu Deus, por que me abandonaste
possui as seguintes acepções:
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
1. Repetição, no sábado, das lições estuda­das durante a semana.
Mundo mundo vasto mundo,
2. Oração do sábado.
se eu me chamasse Raimundo
3. Tese que os estudantes de filosofia de­fendiam ao término de seria uma rima, não seria uma solução.
seu primeiro ano de curso. Mundo mundo vasto mundo
4. Fig. Discussão, debate, questão. mais vasto é o meu coração.
(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro:
Levando-se em conta que o vocábulo saba­tina ganhou o valor Aguilar, 1964. p. 53.)
semântico de "exame, prova ou questionamento (não necessaria­- (ENEM 2005) No verso "Meu Deus, por que me abandonaste" do
mente realizados num sábado) para o exer­cício de um cargo", texto 2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz, pouco
pode-se afirmar que nesse caso ocorreu um(a): antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras de outrem
equivale a
a) metáfora, por ter havido uma comparação implícita.
a) emprego de termos moralizantes.
b) catacrese, por ter havido um empréstimo de palavra.
b) uso de vício de linguagem pouco tolerado.
c) metonímia, por ter ocorrido substituição de um termo por outro
c) repetição desnecessária de ideias.
em relação de contiguidade. d) emprego estilístico da fala de outra pessoa.
d) pleonasmo, já que se repete a ideia de discussão ou debate. e) uso de uma pergunta sem resposta.
e) elipse, uma vez que já está subentendida a ideia de prova.
Exercício 92
Exercício 91
(Unesp 2018) Leia o trecho do livro Bem-vindo ao deserto do
Leia estes poemas.
real!, de Slavoj Žižek, para responder à(s) questão(ões) a seguir.

Texto 1 - AUTO-RETRATO
Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida República
Democrática Alemã, um operário alemão consegue um emprego
Provinciano que nunca soube na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos
Escolher bem uma gravata; censores, ele combina com os amigos: “Vamos combinar um
Pernambucano a quem repugna código: se uma carta estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é
A faca do pernambucano; verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um
Poeta ruim que na arte da prosa mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul:
Envelheceu na infância da arte, “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem cheias, a comida é
E até mesmo escrevendo crônicas abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os
Ficou cronista de província; cinemas exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre
Arquiteto falhado, músico prontas para um programa – o único senão é que não se
Falhado (engoliu um dia consegue encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a estrutura é
Um piano, mas o teclado mais refinada do que indicam as aparências: apesar de não ter
Ficou de fora); sem família, como usar o código combinado para indicar que tudo o que está
Religião ou filosofia; dito é mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem.
Mal tendo a inquietação de espírito
Como? Pela introdução da referência ao código, como um de seus
Que vem do sobrenatural,
elementos, na própria mensagem codificada.
Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu
(Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.) encontrara galopando na praia. Ela era corada, forte. Viera do Rio,
sabíamos que era muito rica, filha de um irmão de um homem de
nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela
usava calças compridas, fazia caçadas, dava tiros, saía de barco
A “introdução da referência ao código, como um de seus com os pescadores. Mas na segunda noite, quando nos juntamos
elementos, na própria mensagem codificada” constitui um todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido
exemplo de cachaça, como todos nós, e cantou primeiro uma coisa em inglês,
depois o Luar do sertão e uma canção antiga que dizia assim:
“Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma
a) eufemismo.
canção triste.
b) metalinguagem.
Cantando, ela parou de me assustar; cantando, ela deixou que eu
c) intertextualidade.
a adorasse com essa adoração súbita, mas tímida, esse fervor
d) hipérbole.
confuso da adolescência – adoração sem esperança, ela devia ter
e) pleonasmo.
dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de
Exercício 93 basquete, que costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem
(Unifesp 2018) Leia o soneto “Aquela triste e leda madrugada”, casado, que já tinha ido até à Europa e tinha um automóvel e uma
do escritor português Luís de Camões (1525? – 1580), para coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com minha pobre
responder à(s) questão(ões). 3
flaubert, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que
não sabia lidar nem com um motor de popa, apenas tocar um
Aquela triste e leda madrugada, batelão com meu remo.
cheia toda de mágoa e de piedade, Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia
enquanto houver no mundo saudade solitária; eu vinha a pé, ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe,
quero que seja sempre celebrada. meu coração bateu adivinhando quem poderia estar galopando
sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela
Ela só, quando amena e marchetada fosse passar me dando apenas um adeus, esse “bom-dia” que no
saía, dando ao mundo claridade, interior a gente dá a quem encontra; mas parou, o animal
viu apartar-se de uma outra vontade, resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro
que nunca poderá ver-se apartada. da blusa fina, branca. São as duas imagens que se gravaram na
minha memória, desse encontro: a pele escura e suada do cavalo
Ela só viu as lágrimas em fio e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar
que, de uns e de outros olhos derivadas, fino da manhã.
se acrescentaram em grande e largo rio. E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria,
como se eu fosse um rapaz mais velho do que ela, um homem
Ela viu as palavras magoadas como os de sua roda, com calças de “palm-beach”, relógio de
que puderam tornar o fogo frio, pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não
e dar descanso às almas condenadas. saber quase nada, não sabia os nomes dos peixes que ela dizia,
deviam ser peixes de outros lugares mais importantes, com
(Sonetos, 2001.) certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos
dos coqueirinhos junto da praia – e falou de minha irmã, que
conhecera, quis saber se era verdade que eu nadara desde a
A imagem das lágrimas a formarem um “largo rio” (3ª estrofe) ponta do Boi até perto da lagoa.
produz um efeito expressivo que se classifica como De repente me fulminou: “Por que você não gosta de mim? Você
me trata sempre de um modo esquisito...” Respondi, estúpido,
com a voz rouca: “Eu não”.
a) paradoxo.
Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo
b) pleonasmo.
dela, e eu disse: “Não é isso.” Montou o cavalo, perguntou se eu
c) personificação.
não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar na casa dos
d) hipérbole.
Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia
e) eufemismo.
seguinte foi-se embora.
Exercício 94 Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone
(Unesp 2018) Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga apanhar uns camarões vivos para isca; e o relincho distante de um
(1913-1990), para responder à(s) questão(ões) a seguir. cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu disse comigo –
rema, bobalhão! – e fui remando com força, sem ligar para os
A madrugada era escura nas moitas de mangue, e eu avançava respingos de água fria, cada vez com mais força, como se isto
no 1batelão velho; remava cansado, com um resto de sono. De adiantasse alguma coisa.

longe veio um 2rincho de cavalo; depois, numa choça de


(Os melhores contos, 1997.)
pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina.
1batelão: embarcação movida a remo. inestimável valor para a continuidade da vida na Terra.
2rincho: relincho.

3flaubert: um tipo de espingarda. e) paronomásia, na medida em que, buscando sugerir o


movimento recorrente da vaga, traz um jogo de palavras que se
assemelham na pronúncia, mas são diferentes do ponto de vista
semântico, em função de um efeito poético.

O pleonasmo (do grego pleonasmós, que quer dizer abundância, Exercício 96


excesso, amplificação) é uma repetição de unidades linguísticas (G1 - ifba 2016) Analise a imagem a seguir e identifique a figura
idênticas do ponto de vista semântico, o que implica que a de linguagem em evidência no título da manchete.
repetição é tautológica (redundante). No entanto, ela é uma
extensão do enunciado com vistas a intensificar o sentido.
(José Luiz Fiorin. Figuras de retórica, 2014. Adaptado.)

Verifica-se a ocorrência de pleonasmo em:

a) “fiquei com vergonha de não saber quase nada, não sabia os


nomes dos peixes que ela dizia” (5º parágrafo).
b) “eu avançava no batelão velho; remava cansado, com um resto
de sono” (1º parágrafo).
c) “ela deixou que eu a adorasse com essa adoração súbita, mas
tímida” (3º parágrafo).
d) “A princípio a olhei com espanto, quase desgosto” (2º
parágrafo).
e) “Pensei que ela fosse passar me dando apenas um adeus” (4º
parágrafo).

Exercício 95
(Ebmsp 2017) A onda
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde? a) Metáfora.
aonde? b) Hipérbole.
a onda a onda c) Hipérbato.
d) Metonímia.
BANDEIRA, Manoel. A onda. A Estrela da Tarde, 1960. e) Pleonasmo.
Disponível em: <https://pensador.uol.com.br>. Acesso em: 16 ago.
2016. Exercício 97
(ESPM 2005)

Objetivando imitar o movimento da onda, por meio de uma fluidez


sonora, Manoel Bandeira utiliza-se de um recurso estilístico
denominado

a) pleonasmo poético, enfatizando, a partir da redundância, a


potência do fluxo fluvial ou marinho que se move no ambiente
aquático.
b) assonância, valendo-se da repetição da mesma vogal tônica No diálogo transcrito anteriormente, constata-se:
com a intenção de provocar um efeito de estilo associado à força
a) Pleonasmo vicioso, pois associa-se aprendizagem com óbvia
das ondas.
facilidade.
c) eco, por meio da seleção de termos com terminação idêntica,
b) Redundância, pois explicita-se a sinceridade com um
para sugerir um percurso impreciso do volume de água que segue
comentário repetitivo e desnecessário.
seu destino.
c) Paradoxo, pois contrapõem-se duas ideias antagônicas:
d) onomatopeia, mediante o uso de vocábulos, procurando imitar
fingimento e sinceridade.
o rumor produzido pelo deslocamento da massa líquida de
d) Ironia, pois desdenha-se a falta de conhecimento do padre os homens, por ter tratado até então com alguns bonecos sem
sobre sucesso e liderança. consciência; pretendia conhecer as mulheres, quando apenas
e) Eufemismo, pois suaviza-se a resposta ante uma pergunta tão havia praticado com meia dúzia de regateiras do amor.
ingênua. O caso é que o nosso herói determinou matar-se, e para isso foi à
casa da viúva Laport, comprou uma pistola e entrou em casa, que
Exercício 98 era à rua da Misericórdia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Davam então quatro horas da tarde.
Leia o fragmento do conto “A mulher ramada”, abaixo, e responda O dr. Antero disse ao criado que pusesse o jantar na mesa.
à(s) questão(ões) a seguir. – A viagem é longa, disse ele consigo, e eu não sei se há hotéis no
caminho.
Em pouco, o jardim vestiu o cetim das folhas novas. Em cada Jantou com efeito, tão tranquilo como se tivesse de ir dormir a
tronco, em cada haste, em cada pedúnculo, a seiva empurrou para
sesta e não o último sono. 2O próprio criado reparou que o amo
fora pétalas e pistilos. E mesmo no escuro da terra os bulbos
estava nesse dia mais folgazão que nunca. Conversaram
acordaram, espreguiçando-se em pequenas pontas verdes.
alegremente durante todo o jantar. No fim dele, quando o criado
Mas enquanto todos os arbustos se enfeitavam de flores, nem
lhe trouxe o café, Antero proferiu paternalmente as seguintes
uma só gota de vermelho brilhava no corpo da roseira. Nua,
palavras:
obedecia ao esforço do seu jardineiro que, temendo viesse a
3– Pedro, tira de minha gaveta uns cinquenta mil-réis que lá
floração romper tanta beleza, cortava rente todos os botões.
De tanto contrariar a primavera, adoeceu porém o jardineiro. E estão, são teus. Vai passar a noite fora e não voltes antes da
ardendo de amor e febre na cama, inutilmente chamou por sua madrugada.

amada. – Obrigado, meu senhor, respondeu Pedro.


– Vai.
Muitos dias se passaram antes que pudesse voltar ao jardim.
Quando afinal conseguiu se levantar para procurá-la, percebeu de Pedro apressou-se a executar a ordem do amo.
O dr. Antero foi para a sala, estendeu-se no divã, abriu um
longe a marca da sua ausência. Embaralhando-se aos cabelos,
desfazendo a curva da testa, uma rosa embabadava suas pétalas volume do Dicionário filosófico e começou a ler.
Já então declinava a tarde e aproximava-se a noite. A leitura do
entre os olhos da mulher. E já outra no seio despontava. Parado
diante dela, ele olhava e olhava. Perdida estava a perfeição do dr. Antero não podia ser longa. Efetivamente daí a algum tempo
levantou-se o nosso herói e fechou o livro.
rosto, perdida a expressão do olhar. Mas do seu amor nada se
perdia. Florida, pareceu-lhe ainda mais linda. Nunca Rosamulher Uma fresca brisa penetrava na sala e anunciava uma agradável

fora tão rosa. E seu coração de jardineiro soube que nunca mais noite. Corria então o inverno, aquele benigno inverno que os
teria coragem de podá-la. Nem mesmo para mantê-la presa em fluminenses têm a ventura de conhecer e agradecer ao céu.
4O dr. Antero acendeu uma vela e sentou-se à mesa para
seu desenho.
(COLASANTI, M. Doze reis e a moça no labirinto do vento. 12. ed. escrever. 5Não tinha parentes, nem amigos a quem deixar carta;
São Paulo: Global Editora, 2006. p. 26-28.) entretanto, não queria sair deste mundo sem dizer a respeito dele
a sua última palavra. Travou da pena e escreveu as seguintes
(Uel 2016) Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a linhas:
figura de linguagem encontrada na passagem “nem uma só gota Quando um homem, perdido no mato, vê-se cercado de animais
de vermelho brilhava no corpo da roseira”. ferozes e traiçoeiros, procura fugir se pode. De ordinário a fuga é
impossível. Mas estes animais meus semelhantes tão traiçoeiros e
a) Elipse, pois ocorreu a supressão do verbo no trecho.
ferozes como os outros, tiveram a inépcia de inventar uma arma,
b) Hipérbole, pois há exagero na ausência da cor vermelha.
mediante a qual um transviado facilmente lhes escapa das unhas.
c) Paradoxo, já que falta nexo entre a cor da gota e a da roseira.
É justamente o que vou fazer.
d) Pleonasmo, em razão da redundância viciosa presente na
Tenho ao pé de mim uma pistola, pólvora e bala; com estes três
passagem.
elementos reduzirei a minha vida ao nada. Não levo nem deixo
e) Metonímia, pois há contiguidade entre a gota de vermelho e a
saudades. Morro por estar enjoado da vida e por ter certa
rosa.
curiosidade da morte.
Exercício 99 Provavelmente, quando a polícia descobrir o meu cadáver, os
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: jornais escreverão a notícia do acontecimento, e um ou outro fará
O anjo Rafael a esse respeito considerações filosóficas. Importam-me bem
Machado de Assis pouco as tais considerações.
Cansado da vida, descrente dos homens, desconfiado das Se me é lícito ter uma última vontade, quero que estas linhas
mulheres e aborrecido dos credores, 1o dr. Antero da Silva sejam publicadas no Jornal do Commercio. Os rimadores de
determinou um dia despedir-se deste mundo. ocasião encontrarão assunto para algumas estrofes.
Era pena. O dr. Antero contava trinta anos, tinha saúde, e podia, O dr. Antero releu o que tinha escrito, corrigiu em alguns lugares
se quisesse, fazer uma bonita carreira. Verdade é que para isso a pontuação, fechou o papel em forma de carta, e pôs-lhe este
fora necessário proceder a uma completa reforma dos seus sobrescrito: Ao mundo.
costumes. Entendia, porém, o nosso herói que o defeito não Depois carregou a arma; e, para rematar a vida com um traço de
estava em si, mas nos outros; cada pedido de um credor impiedade, a bucha que meteu no cano da pistola foi uma folha
inspirava-lhe uma apóstrofe contra a sociedade; julgava conhecer do Evangelho de S. João.
Era noite fechada. O dr. Antero chegou-se à janela, respirou um assinale a alternativa correta em relação a ele, do ponto de vista
pouco, olhou para o céu, e disse às estrelas: da norma padrão.
– Até já.
a) “... também o são”: este “o” é inaceitável, pois é uma repetição
E saindo da janela acrescentou mentalmente:
de ideia, um pleonasmo.
– Pobres estrelas! Eu bem quisera lá ir, mas com certeza hão de
b) O uso da conjunção “mas” não é obrigatório. Tem valor aditivo
impedir-me os vermes da terra. Estou aqui, e estou feito um
e não de oposição.
punhado de pó. É bem possível que no futuro século sirva este
c) A conjunção “se” não deveria ser usada depois da (outra)
meu invólucro para macadamizar a rua do Ouvidor. Antes isso; ao
conjunção “mas”.
menos terei o prazer de ser pisado por alguns pés bonitos.
d) A ideia de condição está garantida pela conjunção “mas”.
Ao mesmo tempo que fazia estas reflexões, lançava mão da
e) “se o planeta é intrigante” está entre vírgulas por ser um
pistola, e olhava para ela com certo orgulho.
aposto.
6
– Aqui está a chave que me vai abrir a porta deste cárcere, disse
ele. Exercício 101
7
Depois sentou-se numa cadeira de braços, pôs as pernas sobre a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
mesa, à americana, firmou os cotovelos, e segurando a pistola O filósofo e romancista Umberto Eco concedeu uma entrevista ao
com ambas as mãos, meteu o cano entre os dentes. Jornal El País em março de 2015, pouco menos de um ano antes
Já ia disparar o tiro, quando ouviu três pancadinhas à porta. de sua morte. Na ocasião, o escritor falou sobre o conteúdo de
Involuntariamente levantou a cabeça. Depois de um curto silêncio seu último romance, Número Zero, uma ficção sobre o jornalismo
repetiram-se as pancadinhas. O rapaz não esperava ninguém, e inspirada na realidade e sobre as relações da temática da obra
era-lhe indiferente falar a quem quer que fosse. Contudo, por com a atualidade: o papel da imprensa, a Internet e a sociedade.
maior que seja a tranquilidade de um homem quando resolve
abandonar a vida, é-lhe sempre agradável achar um pretexto Pergunta: Agora a realidade e a fantasia têm um terceiro
para prolongá-la um pouco mais. aliado, a Internet, que mudou por completo o jornalismo.
O dr. Antero pôs a pistola sobre a mesa e foi abrir a porta. Resposta: A Internet pode ter tomado o lugar do mau
jornalismo... Se 1você sabe que está lendo um jornal como EL
PAÍS, La Repubblica, Il Corriere della Sera…, pode pensar que
(G1 - ifce 2016) No fragmento “[...] o dr. Antero da Silva existe um certo controle da notícia e confia. 2Por outro lado, se
determinou um dia despedir-se deste mundo” (referência 1) a 3você lê um jornal como aqueles vespertinos ingleses,
expressão grifada é uma figura de linguagem conhecida como
sensacionalistas, não confia. Com a Internet acontece o contrário4:
a) hipérbole. confia em tudo porque não sabe diferenciar a fonte credenciada
b) pleonasmo. da disparatada. Basta pensar no sucesso que faz na Internet
c) eufemismo. qualquer página web que fale de complôs 5ou que 6invente
d) metáfora. histórias absurdas: tem um acompanhamento incrível, de
e) comparação. internautas e de pessoas importantes que as levam a sério.

Exercício 100
Pergunta: Atualmente é difícil pensar no mundo do jornalismo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que era protagonizado, aqui na Itália, por pessoas como Piero
O texto abaixo serve de referência para a(s) questão(ões) a
Ottone e Indro Montanelli…
seguir.
Resposta: Mas a crise do jornalismo no mundo começou nos anos
1950 e 1960, bem quando chegou a televisão, antes que eles
Júpiter sempre foi a menina dos olhos dos astrônomos. E motivos
7desaparecessem! Até então o jornal 8te contava o que acontecia
não faltam. Em primeiro lugar está o fato de ele ser o maior
planeta do sistema solar (...), tem vezes a massa da Terra. O na tarde anterior, por isso muitos eram chamados jornais da
segundo ponto a justificar o interesse dos cientistas é que Júpiter tarde: Corriere della Sera, Le Soir, La Tarde, Evening Standard…

possui o mais rápido movimento de rotação (...). Ele também é o Desde a invenção da televisão9, o jornal te diz pela manhã o que
quarto corpo cósmico mais brilhante, depois do Sol, da Lua e de você já sabe. E agora é a mesma coisa. O que um jornal deve
Vênus (...). Para aqueles que observam profissionalmente esse fazer?
gigante através de instrumentos, a sua característica mais
marcante é a Grande Mancha Vermelha, tempestade que o cerca Pergunta: Diga o senhor.
com ventos de até quilômetros por hora. Mas, se o planeta é Resposta: Tem que se transformar em um semanário. Porque um
intrigante, suas luas Europa e Ganimedes também o são – e semanário tem tempo, são sete 10dias para construir 11suas
desde que a sonda Galileo capturou imagens que evidenciam reportagens. Se você lê a Time ou a Newsweek vê que várias
nelas a presença de oceanos, a NASA percebeu a necessidade de pessoas 12contribuíram para uma história concreta, que
explorá-las. trabalharam nela semanas ou meses, enquanto que em um jornal
(Isto é, 4 mar 2009). tudo é feito da noite para o dia. Um jornal que em 1944 tinha
quatro páginas hoje tem 64, então tem que preencher
(G1 - utfpr 2016) Analise o período “Mas, se o planeta é obsessivamente com notícias repetidas, cai na fofoca, não
intrigante, suas luas Europa e Ganimedes também o são” e
consegue evitar... A crise do jornalismo, 13então, começou há A figura de linguagem predominante nesse poema é
quase cinquenta anos e é um problema muito grave e importante. a) hipérbole, pois a palavra estrela foi empregada para suavizar
um termo.
Pergunta: Por que é tão grave? b) pleonasmo, pois a palavra história apresenta o mesmo sentido
Resposta: Porque é verdade que, como dizia Hegel, a leitura dos de incidente.
14jornais é a oração matinal do homem moderno. E 15eu não
c) sinestesia, pois a felicidade da estrela é tratada com indiferença
consigo tomar meu café da manhã se não folheio o jornal; mas é pelo poeta.
um ritual quase afetivo e religioso, porque folheio olhando os d) catacrese, pois a palavra pena foi empregada
títulos, e por 16eles me dou conta de que quase tudo já sabia na inadequadamente, num sentido impróprio.
noite anterior. 17No máximo, leio um editorial ou um artigo de e) personificação, pois a lua vivencia uma situação que é própria
opinião. Essa é a crise do jornalismo contemporâneo. E disso não dos seres humanos.
sai!
Exercício 103
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Pergunta: Acredita de verdade que não?
Texto para a(s) questão(ões) seguinte(s)
Resposta: O jornalismo poderia ter outra função. Estou pensando
em alguém que faça uma crítica cotidiana da Internet, e é algo
Argumento (Paulinho da Viola)
que acontece pouquíssimo. Um jornalismo que me diga: 18“Olha o
que tem na Internet, olha que coisas falsas estão dizendo, reaja a Tá legal
isso, eu te mostro”. E isso pode ser feito tranquilamente. 19No Eu aceito o argumento
entanto, ainda 20pensam que o jornal é feito para que seja lido Mas não me altere o samba tanto assim
por alguns velhos senhores 21– já que os jovens não 22leem – Olha que a rapaziada está sentindo a falta
que ainda não usam a Internet. Teria que se fazer um jornal que De um cavaco, de um pandeiro
não se torne apenas a crítica da realidade cotidiana, mas também Ou de um tamborim.
a crítica da realidade virtual. Esse é um futuro possível para um Sem preconceito
bom jornalismo. Ou mania de passado
Sem querer ficar do lado
(EL PAÍS. Caderno cultura. 30 de março de 2015. Disponível em De quem não quer navegar
Faça como um velho marinheiro
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/26/cultura/1427393303_512601.html.
Acesso em 10 abr. 2016) Que durante o nevoeiro
(Upf 2016) Observe o segmento: Leva o barco devagar.
“Um jornalismo que me diga: ‘Olha o que tem na Internet, olha
que coisas falsas estão dizendo, reaja a isso, eu te mostro’.” (ref.
18) (Fgvrj 2015) Ao empregar, na letra da canção, o verbo “navegar”
em sentido metafórico e desdobrar esse sentido nos versos
Em sua construção, percebe-se o emprego de: seguintes, o compositor recorre ao seguinte recurso expressivo:

a) Hipérbole. a) alegoria.
b) Personificação. b) personificação.
c) Pleonasmo. c) hipérbole.
d) Antonomásia. d) eufemismo.
e) Eufemismo. e) pleonasmo.

Exercício 102 Exercício 104


(G1 - cps 2015) Leia este fragmento do poema A lua foi ao TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
cinema, do escritor Paulo Leminski. Responda, com base no texto “Dias de ira”, à(s) questão(ões) que
segue(m).
“A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado, Dias de ira
a história de uma estrela
1Espantado com o acúmulo de brutalidades? Quer entender o que
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas está se passando na terra da cordialidade na véspera de
uma estrela bem pequena, converter-se em palco de uma festa global? Então separe, tente
dessas que, quando apagam, diferenciar os tipos de agressão e de agressores. 2A carga de
ninguém vai dizer, que pena! (...)” violência continuará igual, porém a descompactação do fenômeno
facilitará a compreensão das partes e do todo.
(http://tinyurl.com/n4oljo7 Acesso em: 24.07.2014. Adaptado) O que está sendo designado como 3“manifestação popular” é
geralmente uma ação política oportunista, claramente
orquestrada para obter ganhos imediatos de autoridades
perplexas e atônitas num momento de grande tensão e a) numa redundância, podendo ser tomada, no contexto, como um
nervosismo. 4Chantagem pura. 5Neste conjunto situam-se 6as vício de linguagem.

greves inesperadas, 7intempestivas, fora do calendário, fruto de b) num eufemismo, figura de pensamento que se caracteriza por
cisões e disputas entre lideranças sindicais e seus padrinhos empregar uma expressão mais suave para transmitir algo áspero,

políticos. como o despropósito das greves.


Foi o caso da greve de ônibus que paralisou o Rio de Janeiro na c) em relação especificamente à palavra “intempestivas”, numa

última quinta-feira. A incrível depredação de 467 ônibus tem a catacrese, figura de linguagem que consiste em utilizar palavra ou
ver com a Operação Anti-UPP em curso, tática de exploração expressão que não descreve com exatidão o que se quer explicar,
por não haver palavra mais adequada.
emocional de cada incidente adotada pela 8grande delinquência –
d) numa antítese, figura de pensamento que, no caso, evidencia a
o 9crime organizado – com o propósito de desmoralizar a política oposição entre as duas características fundamentais das greves
de pacificação das favelas e debilitar a capacidade de reação do deflagradas.
sistema de segurança. e) num pleonasmo literário, figura de estilo utilizada, no contexto,
10Os fins nunca justificam os meios: as reivindicações de
para reforçar a inadequação do momento de deflagração das
trabalhadores não podem sequestrar os direitos da sociedade greves.
nem levar a extremos que impliquem a destruição das
ferramentas de trabalho. 11É suicídio. A 12propagação da Exercício 105
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
violência só pode partir daqueles que 13dela necessitam para
Leia o texto abaixo para responder à(s) quest(ões) a seguir.
ocupar espaços e manter o poder.
Geração espontânea
Os celulares

Algo diferente são as combinações extremas de insanidade com


Resolvi optar pela forma de plural, pois vejo tanta gente agora
crueldade, representadas por dois impressionantes assassinatos
com, pelo menos, dois. O que me pergunto é como se comportaria
ocorridos com um dia de diferença, portanto não isolados: no
a maioria das pessoas sem celular, como viver hoje sem ele? Uma
Recife, no Estádio do Arruda, depois de 14um jogo do Paraná com epidemia neurótica grave atacaria a população? Certamente!
o Santa Cruz, 15um torcedor jogou dois vasos sanitários contra Quem não tem seu celular hoje em dia? Crianças, cada vez mais
um arqui-inimigo do Sport que comemorava o empate no meio da crianças, lidam, e bem, com ele. Apenas uns poucos retrógrados,
torcida paranaense. Uma das latrinas (15 quilos convertidos pela avessos ao progresso tecnológico. A força consumista do
altura de 24 metros em 300) acertou e matou instantaneamente aparelho foi crescendo com a possibilidade de suas crescentes
o adepto do Sport. utilizações. Me poupem de enumerá-las, pois só sei de algumas.
Não é a primeira 16vez em que o Esporte-Rei converte-se em De fato, ele faz hoje em dia de um tudo. Diria mesmo que o
cenário de tragédia. Poderá ser a 17última quando o circo celular veio a modificar as relações do ser humano com a vida e

futebolístico perder a sua condição de fomentador de 18surtos de com as outras pessoas.


antropofagia e canibalismo. Até que não custei tanto assim a aderir a este telefoninho! Nem
posso deixar de reconhecer que ele tem me quebrado uns galhos
Na etapa seguinte do 19torneio de brutalidades está o
importantes no corre-corre da vida. Mas me utilizo dele pouco e
linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33 anos,
apenas para receber e efetuar ligações. Nem lembro que ele
mãe de dois filhos, moradora no balneário do Guarujá, litoral de
marca as horas, possui calendário. É verdade, recebi uns torpedos,
São Paulo, confundida com uma sequestradora de 20crianças a e com dificuldade, enviei outros, bem raros. Imagine tirar fotos,
serviço de uma seita que 21as imolava para rituais religiosos. conectá-lo à internet, ao Facebook! Não quero passar por um
Linchadores formam-se espontaneamente, agregam-se quando o desajustado à vida moderna. Isto não! No computador, por
Estado parece débil, quando leis, juízes e tribunais estão exemplo, além dos e-mails, participo de rede social, digito (mal),
desacreditados e onde campeia a impunidade. São ancestrais na é verdade, meus textos, faço lá algumas compras e pesquisas...
Europa os registros de supostos assassinatos rituais, também os Fora dele, tenho meus cartões de crédito, efetuo pagamentos nas
castigos através de linchamentos, fogueiras e lapidações. máquinas bancárias e, muito importante, sei de cabeça todas as
Ocorriam onde a religiosidade era rústica, primária, e tênue o minhas senhas, que vão se multiplicando. Haja memória!
processo civilizatório. Mas, no caso dos celulares, o que me chama mesmo a atenção é
22Aquela remediada comunidade no Guarujá é servida pela que as pessoas parecem não se desgrudar dele, em qualquer
internet: os covardes linchadores e os insensíveis espectadores situação, ou ligando para alguém, ou entrando em contato com a
fotografaram e postaram cenas do crime. A ira contagiosa, viral, a internet, acompanhando o movimento das postagens do face, ou
afunda na Idade Média dos 23poderosos 24que avacalha o país. mesmo brincando com seus joguinhos, como procedem alguns
taxistas, naqueles instantes em que param nos sinais ou em que
(DINES, Alberto. Dias de ira. Observatório da imprensa, 13 maio o trânsito está emperrado.
2014. Disponível em: Não há como negar, contudo, que esta utilização constante do
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/dias_de_ira. aparelhinho tem causado desconfortos sociais. Comenta a
Acesso em 9 set. 2014) Danuza Leão: “Outro dia fui a um jantar com mais seis pessoas e
(Upf 2015) A construção “intempestivas, fora do calendário” (ref. todas elas seguravam um celular. Pior, duas delas, descobri
7), usada para caracterizar “as greves” (ref. 6), se constitui: depois, trocavam torpedos entre elas.” Me sinto muito
constrangido quando, num grupo, em torno de uma mesa, tem Sempre desconfiei
alguém, do meu lado, falando, sem parar, pelo celular. Pior, bem
pior, quando estou só com alguém, e esta pessoa fica atendendo Sempre desconfiei de narrativas de sonhos. Se já nos é difícil
ligações contínuas, algumas delas com aquela voz abafada, recordar o que vimos despertos e de olhos bem abertos, imagine-
sussurrante... Pode? É frequente um casal se sentar a uma mesa se o que não será das coisas que vimos dormindo e de olhos
colada à minha, em um restaurante e, depois, feitos os pedidos fechados... Com esse pouco que nos resta, fazemos
aos garçons, a mulher e o homem tomam, de imediato, os seus reconstituições suspeitamente lógicas e pomos enredo, sem
respectivos celulares. E ficam neles conversando quase o tempo querer, nas ocasionais variações de um calidoscópio. Me lembro
todo, mesmo após o início da refeição. Se é um casal de certa de que, quando menino, minha gente acusava-me de inventar os
idade, podem me argumentar, não devia ter mais nada para sonhos. O que me deixava indignado.
conversar. Afinal, casados há tanto tempo! Porém, vejo também Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão.
casais bem mais jovens, com a mesma atitude, consultando, logo Por outro lado, o que mais espantoso há nos sonhos é que não
ao se sentarem, os celulares para ver o movimento nas redes nos espantamos de nada. Sonhas, por exemplo, que estás a
sociais, ou enviando torpedos, a maior parte do tempo. Clima de conversar com o tio Juca. De repente, te lembras de que ele já
namoro, de sedução, é que não brotava dali. Talvez, alguém morreu. E daí? A conversa continua.
parece ter murmurado, em meu ouvido, assim os casais Com toda a naturalidade.
encontraram uma maneira eficiente de não discutirem. Falando Já imaginaste que bom se pudesses manter essa imperturbável
com pessoas não presentes ali. A tecnologia a serviço do bom serenidade na vida propriamente dita?
entendimento, de uma refeição em paz.
Mas vivencio sempre outras situações em que o uso do celular me (Mario Quintana, A vaca e o hipogrifo. São Paulo: Globo,1995)
prende a atenção. Entrei em um consultório médico, uma senhora
aguardava sua vez na sala de espera. Deu para perceber que ela (Insper 2014) Em “Hoje creio que ambas as partes tínhamos
acabava de desligar seu aparelho. Mas, de imediato, fez outra razão”, o autor recorre a uma figura de construção, que está
chamada. Estava sentado próxima a ela, que falava bem alto. A corretamente explicada em
ligação era para uma amiga bem íntima, estava claro pela
a) silepse, por haver uma concordância verbal ideológica.
conversa desenrolada, desenrolada mesmo. Em breves minutos,
b) elipse, por haver a omissão do objeto direto.
não é por nada não, fiquei sabendo de alguns “probleminhas” da
c) anacoluto, por haver uma ruptura na estrutura sintática da
vida desta senhora. Não, não vou aqui devassar dela, nem a
frase.
própria me deu autorização para tal... Afinal, sou uma pessoa
d) pleonasmo, por haver uma redundância proposital em “ambas
discreta. Não pude foi evitar escutar o que minha companheira de
as partes”.
sala de espera... berrava. Para não dizer, no entanto, que não
e) hipérbato, por haver uma inversão da ordem natural e direta
contei nada, também é discrição demais, só um pequeno detalhe,
dos termos da oração.
sem maior surpresa: ela estava a ponto de estrangular o marido.
O homem, não posso afiançar, aprontava as suas. Do outro lado, a Exercício 107
amigona parecia estimular bem a infortunada senhora. De TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
repente, me impedindo de saber mais fatos, a atendente chama a Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo
senhora, chegara a sua hora de adentrar ao consultório do tão empeçado¹, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afeta­do,
médico. Não sei como ela, bastante exasperada, iria enfrentar um um estilo tão encontrado toda a arte e a toda a natureza? Boa
exame, na verdade, delicado. Não deu para vê-la sair pela outra razão é também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito natu-
porta. É, os celulares criaram estas situações, propiciando já a ral. Por isso Cristo comparou o pregar ao semear, porque o
formação do que poderá vir a ser chamado de auditeurismo, que semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte (...) Não
ficará, assim, ao lado do antigo voyeurismo. fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem
o sermão em xadrez de palavras. Se uma parte está branco, da
(UCHÔA, Carlos Eduardo Falcão. Os celulares. In: ______. A vida e outra há de estar negro (...) Como hão de ser as palavras? Como
o tempo em tom de conversa. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Odisseia, as estrelas. As estre­las são muito distintas e muito claras. Assim
2013. P. 150-153.) há de ser o estilo da pregação, muito distin­to e muito claro.

(Esc. Naval 2015) Em que opção ocorre o mesmo tipo de (Sermão da Sexagésima, Pe. Antonio Vieira)
pleonasmo que no trecho “[...] só um pequeno detalhe, sem maior
surpresa [...].” (5º §)? ¹empeçado: com obstáculo, com empecilho.

a) A mim, só me resta dormir e descansar.


b) Choveu uma chuva fina durante a noite. (Espm 2014) A repetição da expressão “um estilo tão” e o uso da

c) Aos mendigos, deu-lhes dinheiro. expressão “xadrez de palavras” com­põem respectivamente as


d) Ele fala sem desconhecer o assunto. figuras de lingua­gem:

e) O diretor fará uma breve alocução esta noite. a) anáfora e metáfora


b) polissíndeto e metonímia
Exercício 106
c) pleonasmo e anacoluto
Utilize o texto abaixo para responder à(s) questão(ões).
d) metáfora e prosopopeia
e) antonomásia e catacrese Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
Exercício 108 Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas
Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e
[águas-marinhas.
cidadão

(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed. Rio de Janeiro: José


A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas. Olympio Editora, 1974, p. 180-181.)
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai. (*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor
(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem
[tua lembrança primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.”
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância (***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência,
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino experiente, versado, mestre.”
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta (Dicionário Eletrônico Houaiss)
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância... (Unesp 2012) Marque a alternativa cujo verso contém um
Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva pleonasmo, ou seja, uma redundância de termos com bom efeito
Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos estilístico.
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último a) De repente não tinha pai.
Os doces espinhos da tua barba. b) Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e c) Se curvavam como ao peso da enorme poesia.
[paciência d) Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura e) Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste.
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Exercício 109
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Leia o poema de Orides Fontela.
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Joia
Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
O brilho
Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance
feliz
Que nunca revelaste a ninguém?
da gema
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta
[exausto no último lance da maratona.
a luz concreta
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
do cristal: ordem
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa
viva.
humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
(Teias)
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando
[o mar
(Uftm 2012) Nas expressões brilho feliz e ordem viva é possível
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
perceber a presença de
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar a) prosopopeia.
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes b) pleonasmo.
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles c) oxímoro.
Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante d) hipérbole.
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência e) eufemismo.
De vastos e noturnos oceanos
Exercício 110
Sem jamais.
(Fuvest 2021) O texto a seguir é fragmento de um artigo de
Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
divulgação científica.
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
A preferência pela mão esquerda ou direita provavelmente é
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
resultado de um processo complexo, que envolve fatores
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
genéticos e ambientais. O no estudo, fruto de uma colaboração
internacional, é a maior análise genética focada em canhotos da Exercício 112
história: utilizou dados de 1,7 milhão de pessoas, extraídos de (Fuvest 2018) Leia o texto e responda ao que se pede.
bancos como o UK Biobank e a empresa privada 23andMe.
Comparando os genomas de destros, canhotos e ambidestros, a Da idade
equipe descobriu que há 41 pares de bases ligados às chances de
uma pessoa ser canhota, e sete relacionados a ambidestros. Um Não posso aprovar a maneira por que entendemos a duração da
“par de bases é, grosso modo, uma letrinha do DNA (A, T, C ou vida. Vejo que os filósofos lhe assinam* um limite bem menor do
G). Cada gene contém as instruções para fabricar uma proteína. que o fazemos comumente. (...) Os [homens] que falam de uma
Uma mudança em uma única letrinha do gene é capaz de mudar a certa duração normal da vida, estabelecem-na pouco além. Tais
sequência de tijolinhos que constroem essa proteína, e, por ideias seriam admissíveis se existisse algum privilégio capaz de
tabela, sua função. Ou seja: o que os geneticistas encontraram os colocar fora do alcance dos acidentes, tão numerosos, a que
foram 41 letrinhas de DNA que aparecem só em pessoas estamos todos expostos e que podem interromper essa duração
canhotas. Daí até saber o que exatamente essas letrinhas mudam com que nos acenam. E é pura fantasia imaginar que podemos
é outra história. morrer de esgotamento em virtude de uma extrema velhice, e
assim fixar a duração da vida, pois esse gênero de morte é o mais
B. Carbinatto, "Estudo identifica 41 variações no genoma raro de todos. E a isso chamamos morte natural como se fosse
associadas a pessoas canhotas". Adaptado. contrário à natureza um homem quebrar a cabeça numa queda,
afogar-se em algum naufrágio, morrer de peste ou de pleurisia;
como se na vida comum não esbarrássemos a todo instante com
a) Retire do texto duas características linguísticas que permitem esses acidentes. Não nos iludamos com belas palavras; não
classificá-lo como artigo de divulgação científica. denominemos natural o que é apenas exceção e guardemos o
b) Quais os sentidos, no texto, gerados pelo emprego do qualificativo para o comum, o geral, o universal.
diminutivo nas palavras “letrinha(s)” e “tijolinhos”? Explique.
Morrer de velhice é coisa que se vê raramente, singular e
Exercício 111 extraordinária e portanto menos natural do que qualquer outra. É
(Fuvest 2019) Leia o texto. a morte que nos espera ao fim da existência, e quanto mais longe
de nós menos direito temos de a esperar.
Tio Ben cravou pouco antes de falecer: “grandes poderes nunca
vêm sozinhos”. E não há responsabilidade maior do que tirar a Michel de Montaigne, Ensaios. Editora 34. Trad. de Sérgio Milliet.
vida de alguém. Isso, no entanto, não significa que super-heróis
tenham a ficha completamente limpa. Na verdade, uma olhada
mais atenta nos filmes sobre os personagens confirma uma teoria
*assinar: fixar, indicar.
não tão inocente – a grande maioria deles é homicida.
Foi pensando nisso que um usuário do Reddit, identificado como
T0M95, resolveu planilhar os assassinatos que acontecem nos a) No texto, o autor retifica o que corriqueiramente se entende por
filmes da Marvel. Nos 20 longas, que saíram nos últimos 10 anos,
“morte natural”? Justifique.
foram 65 mortes – e 20 delas deixaram sangue nas mãos dos b) A que palavra ou expressão se referem, respectivamente, os
mocinhos. pronomes destacados no trecho “Vejo que os filósofos lhe
Vale dizer que o usuário contabilizou apenas mortes relevantes à assinam um limite bem menor do que o fazemos comumente”?
história: só entraram na planilha vítimas que tinham, pelo menos,
nome antes de baterem as botas. Nada de figurantes ou bonecos
criados em computação gráfica só para dar volume a uma Exercício 113
tragédia. Ficaram de fora, por exemplo, as centenas que (Fuvest 2018) Examine a propaganda.
morreram durante a batalha de Wakanda, em “Vingadores:
Guerra Infinita”, ou a cena de “Guardiões da Galáxia” que se
consagrou como o maior massacre da história do cinema.

https://super.abril.com.br/cultura/quantos_assassinatos_cada_heroi_e_vilao_da_marvel_cometeu_nos_cinemas.
Adaptado.

a) Qual o sentido das palavras “cravou” e “planilhar” destacadas


no texto e qual o efeito que elas produzem?
b) Substitua os dois-pontos do trecho “Vale dizer que o usuário
contabilizou apenas mortes relevantes à história: só entraram na
planilha vítimas que tinham, pelo menos, nome antes de baterem
as botas” por uma conjunção e indique qual a relação de sentido
estabelecida por ela.
crianças com seriedade. Não lhes falava apenas da alegre
aventura que é a vida, mas também dos infortúnios, das tristezas
e de suas nem sempre merecidas calamidades”. C. S. Lewis dizia
que fazer as crianças acreditar que vivem em um mundo sem
violência, morte ou covardia só daria asas ao escapismo, no
sentido negativo da palavra.
Depois de passar dois anos mergulhado em relatos compilados
durante dois séculos, Italo Calvino selecionou e editou os 200
melhores contos da tradição popular italiana. Após essa
investigação literária, sentenciou: “Le fiabe sono vere [os contos
de fadas são verdadeiros]”. O autor de O Barão nas Árvores tinha
confirmado sua intuição de que os contos, em sua “infinita
variedade e infinita repetição”, não só encapsulam os mitos
duradouros de uma cultura, como também “contêm uma
explicação geral do mundo, onde cabe todo o mal e todo o bem, e
onde sempre se encontra o caminho para romper os mais terríveis
feitiços”. Com sua extrema concisão, os contos de fadas nos falam
do medo, da pobreza, da desigualdade, da inveja, da crueldade,
da avareza... Por isso são verdadeiros. Os animais falantes e as
fadas madrinhas não procuram confortar as crianças, e sim dotá-
las de ferramentas para viver, em vez de incutir rígidos patrões de
a) Considerando o contexto da propaganda, existe alguma conduta, e estimular seu raciocínio moral. Se eliminarmos as
relação de sentido entre a imagem estilizada dos dedos e as partes escuras e incômodas, os contos de fadas deixarão de ser
palavras “digital” e “diferença”? Explique. essas surpreendentes árvores sonoras que crescem na memória
b) Sem alterar o modo verbal, reescreva o trecho “Venha para a humana, como definiu o poeta Robert Bly.
biometria. Cadastre suas digitais.”, passando os verbos para a (Marta Rebón. Disponível em:
primeira pessoa do plural e fazendo as modificações necessárias. <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/18/eps/1537265048_460929.h
Com relação aos contos tradicionais, a autora:
Exercício 114
(Ufpr 2019) Era uma vez um lobo vegano que não engolia a a) defende a ideia de que eles precisam ser reelaborados, para se
vovozinha, três porquinhos que se dedicavam _____ especulação adequarem aos valores de cada época.
imobiliária e uma estilista chamada Gretel que trabalhava de b) concorda que deve ser proibido assustar as crianças por meio
garçonete em Berlim. Não deveria nos surpreender que os contos dos contos, para que isso não as afaste da leitura.
tradicionais se adaptem aos tempos. Eles foram submetidos c) vê com bons olhos as versões dos irmãos Grimm, que
_____ alterações no processo de transmissão, oral ou escrita, ao abrandaram o enredo e passaram a apresentar finais felizes.
longo dos séculos para adaptá-los aos gostos de cada momento. d) considera a infinita repetição como um aspecto negativo dos
Vejamos, por exemplo, Chapeuzinho Vermelho. Em 1697 – contos, mas que é compensado pela infinita variedade.
quando a história foi colocada no papel –, Charles Perrault e) é favorável a que tenham finais tristes e abordem situações de
acrescentou _____ ela uma moral, com o objetivo de alertar as desigualdade, crueldade e infortúnios.
meninas quanto _____ intenções perversas dos desconhecidos.
Exercício 115
Pouco mais de um século depois, os irmãos Grimm abrandaram o
(Ufpr 2016)
enredo do conto e o coroaram com um final feliz. Se a
Dependendo do contexto em que são empregados, termos como
Chapeuzinho Vermelho do século XVII era devorada pelo lobo,
“aí”, “até” e “ir” ora denotam espaço, ora denotam tempo. Esses
não seria de surpreender que a atual repreendesse a fera por sua
variados sentidos que as palavras podem assumir nem sempre
atitude sexista quando a abordasse no bosque. A força do conto,
são precisamente especificados no dicionário.
no entanto, está no fato de que ele fala por meio de uma
Talvez o exemplo mais interessante para ilustrar a indicação de
linguagem simbólica e nos convida a explorar a escuridão do
tempo ou de espaço com a mesma palavra seja o verbo “ir”. O
mundo, a cartografia dos medos, tanto ancestrais como íntimos.
sentido primeiro (aceitemos isso para efeito de raciocínio) do
Por isso ele desafia todos nós, incluindo os adultos. [...]
verbo “ir” é de deslocamento: “alguém vai de A a B” quer dizer
A poetisa Wislawa Szymborska falou sobre um amigo escritor
que alguém se desloca do ponto A ao ponto B. Trata-se de
que propôs a algumas editoras uma peça infantil protagonizada
espaço.
por uma bruxa. As editoras rejeitaram a ideia. Motivo? É proibido
Dizemos também, por exemplo, que a Bandeirantes vai de
assustar as crianças. A ganhadora do prêmio Nobel, admiradora
Piracicaba a S. Paulo. Mas é claro que a rodovia não se desloca:
de Andersen – cuja coragem se destacava por ter criado finais
ela começa em uma cidade e termina em outra. Não há sentido de
tristes –, ressalta a importância de se assustar, porque as crianças
deslocamento nessa oração, mas ainda estamos no domínio do
sentem uma necessidade natural de viver grandes emoções: “A
espaço.
figura que aparece [em seus contos] com mais frequência é a
Agora, veja-se outro caso: também dizemos que o período
morte, um personagem implacável que penetra no âmago da
colonial vai de 1500 a 1822 (ou a 1808, conforme o ponto de
felicidade e arranca o melhor, o mais amado. Andersen tratava as
vista). Nesse exemplo, ninguém se desloca, nem se informa sobre
dois pontos do espaço, dois lugares extremos. Agora não se trata que lhe negava saneamento, remédios e educação. O
mais de espaço. Trata-se de tempo. E o verbo é o mesmo. personagem começou a ganhar contornos construtivos. Nessa
POSSENTI, Sírio. Analogias. Disponível em: fase o 6astuto Lobato chegou a lhe arranjar um emprego de
<http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/analogias>. garoto-propaganda do Biotônico Fontoura, elixir vendido como
Acesso em 23 mai. 2014. capaz de curar os jecas de sua jequice. No fim da vida do escritor,
uma intervenção mais claramente política mudou tanto o caipira,
Considere as frases abaixo: agora retratado como explorado pelos donos da terra, que ele
1. A numeração deste modelo de tênis vai de 35 a 44. precisou mudar de nome. Assim surgiu o personagem Zé Brasil,
2. Se alguém perguntar por mim, diga que fui ao cinema. camponês dotado de consciência de classe. De modo significativo,
3. O Canal do Panamá vai do Oceano Atlântico ao Pacífico. não fez um milésimo do sucesso do Jeca. Ocorre que a criatura já
4. No hemisfério Sul, o outono vai de 21 de março a 20 de junho.
havia declarado sua 7independência do criador. Morto Lobato,
5. As linhas de ônibus que partem do terminal 2 vão para a novas transformações estavam por vir tanto para o Jeca, o
estação central.
personagem, quanto para jeca, a palavra. 8O já citado Mazzaropi
se encarregou da primeira, mas é a outra que 9interessa mais de
O sentido do verbo “ir” fica no domínio do espaço:
perto à coluna. Se a 10incrível 11inserção cultural alcançada pelo
a) nos exemplos 1 e 3 apenas.
caipira de Lobato só pode ser entendida no contexto de um país
b) nos exemplos 2 e 3 apenas.
que, na primeira metade do século passado, ainda era
c) nos exemplos 4 e 5 apenas.
maciçamente rural, o Brasil de urbanização velocíssima das
d) nos exemplos 1, 2 e 4 apenas.
décadas seguintes reservou novos papéis para o termo jeca. Hoje
e) nos exemplos 2, 3 e 5 apenas.
é mais comum vê-lo usado como adjetivo para qualificar o "que
Exercício 116 revela mau gosto, falta de refinamento; cafona, ridículo"
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Houaiss). Abusar de palavras em inglês é jeca. Humilhar
Que coisa mais jeca! porteiros e garçons é jeca demais. Usar faixa presidencial em
solenidades que não a exigem, haja jequice! Não há dúvida de
Do capiau de Lobato ao cafona urbano de hoje, palavra mudou que vivemos o momento mais jeca de nossa história.
com o país
Rodrigues, S. "Que coisa mais jeca! Do capiau de Lobato ao
1É bem raro que um personagem literário tenha tanta cafona urbano de hoje, palavra mudou com o país". Folha de São
Paulo. 24.10.2019. Disponível em: https://bit.ly/2NxyLzK/.
projeção cultural que seu nome acabe por virar substantivo
Adaptado.
comum de ampla circulação, verbete em todos os dicionários.
Aconteceu com o Jeca Tatu, criado há pouco mais de cem anos
(Fuvest-Ete 2022) No texto, podem ser consideradas sinônimos
pelo escritor paulista Monteiro Lobato (1882-1948). O Houaiss
de "abúlico" (ref. 4) e "astuto" (ref. 6), respectivamente, as
define assim o brasileirismo jeca-tatu, substantivo masculino:
palavras
"habitante do 2interior brasileiro, especialmente da região centro-
sul, de hábitos rudimentares, morador da zona rural". Ou seja,
jecatatu é sinônimo de caipira, matuto, equivalência que o a) "faminto" e "sagaz".
dicionário também registra. Curiosamente, é só no verbete jeca, b) "apático" e "esperto".
forma reduzida de jeca-tatu, que o lexicógrafo aponta o c) "mentiroso" e "maldoso".
escancarado caráter pejorativo da palavra. O termo caipira pode d) "honesto" e "sabido".
ser depreciativo, mas também aparece em contextos neutros e e) "simples" e "hábil".
até de valorização da cultura rural. Jeca não: é ofensivo sempre.
Exercício 117
Mesmo quando o ator e cineasta Amácio Mazzaropi (1912-1981)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
fez dele um herói simpático e de grande sucesso, o riso que sua
Mulher (Sexo Frágil)
comédia buscava era baseado na superioridade do espectador
Erasmo Carlos
sobre aquele capiau ridiculamente simplório, que envergonhava
os próprios filhos, ainda que fosse honesto e de bom coração. A
Dizem que a mulher é o sexo frágil
negatividade vem de berço. Quando lançou o personagem do Jeca
Mas que mentira absurda!
Tatu em 1914, em artigo para O Estado de S. Paulo 3intitulado Eu que faço parte da rotina de uma delas
"Uma velha praga", Lobato o apresentava como síntese dos Sei que a força está com elas
defeitos que, na sua experiência de fazendeiro cheio de sonhos
frustrados de modernização, condenavam o matuto brasileiro – e Vejam como é forte a que eu conheço
o país com ele – ao atraso eterno. Preguiçoso, ignorante, 4abúlico, Sua sapiência não tem preço
triste, nessa primeira encarnação o Jeca (corruptela de Zeca) é Satisfaz meu ego, se fingindo submissa
uma espécie de aberração responsável por todas as suas próprias Mas no fundo me enfeitiça
desgraças aos olhos urbanos do escritor elitista. Só que o autor
nunca parou de retocar o personagem. Em pouco tempo tinha Quando eu chego em casa à noitinha
5
transformado o Jeca numa vítima da incompetência do Estado, Quero uma mulher só minha
Mas pra quem deu luz não tem mais jeito Meu paladar deixou de ser monótono: comecei a provar
Porque um filho quer seu peito alimentos que nunca havia provado antes. E muitas outras coisas
vetadas por causa do "medo do ridículo" receberam alvará de
O outro já reclama a sua mão soltura. O ridículo deixou de existir na minha vida.
E o outro quer o amor que ela tiver Não deixei de ser eu. Apenas abri o leque, me permitindo
Quatro homens dependentes e carentes ser um “eu” mais amplo. E sinto que é um caminho sem volta.
Da força da mulher Um mês atrás participei de outro capítulo da série “Nunca
imaginei um dia”. Viajei numa excursão, eu que sempre rejeitei
Mulher! Mulher! essa modalidade turística. Sigo preferindo viajar a dois ou
Do barro de que você foi gerada sozinha, mas foi uma experiência fascinante, ainda mais que a
Me veio inspiração viagem não tinha como destino um país do circuito Elizabeth
Pra decantar você nessa canção Arden (Paris-Londres-Nova York), mas um país africano,
muçulmano e desértico. Aliás, o deserto de Atacama, no Chile,
Mulher! Mulher! será meu provável “nunca imaginei um dia” do próximo ano.
Na escola em que você foi ensinada E agora cometi a loucura jamais pensada, a insanidade que
Jamais tirei um 10 nunca me permiti, o ato que me faria merecer uma camisa-de-
Sou forte, mas não chego aos seus pés força: eu, que nunca me comovi com bichos de estimação, adotei
um gato de rua.
(Uece 2021) Em língua portuguesa, é correto dizer que os Pode colocar a culpa no espírito natalino: trouxe um
sinônimos são palavras de significados semelhantes a outra e que bichano de três meses pra casa, surpreendendo minhas filhas,
podem, em alguns contextos, ser usadas em seu lugar sem que já haviam se acostumado com a ideia de ter uma mãe sem
alterar o significado da sentença. No trecho “Mulher! Mulher!/Do coração. E o que mais me estarrece: estou apaixonada por ele.
barro de que você foi gerada/Me veio inspiração/Pra decantar Ainda há muitas experiências a conferir: fazer compras
você nessa canção” (linhas 17-20), o significado do verbo pela internet, andar num balão, cozinhar dignamente, me tatuar,
decantar nesse contexto é ler livros pelo kindle, viajar de navio e mais umas 400 coisas que
nunca imaginei fazer um dia, mas que já não duvido. Pois tem
a) lamentar.
essa também: deixei de ser tão cética.
b) homenagear.
Já que é improvável que o próximo ano seja diferente de
c) contestar.
qualquer outro, que a novidade sejamos nós.
d) negar.

Exercício 118 Medeiros, Martha. Nunca Imaginei um dia. 2009. Disponível em:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com/2009/12/nunca-imaginei-
Nunca imaginei um dia um-dia-martha-medeiros.html. Acesso em: 10 fev. 2021.

Até alguns anos atrás, eu costumava dizer frases como “eu (G1 - col. naval 2021) Assinale a opção em que o sinônimo
jamais vou fazer isso” ou “nem morta eu faço aquilo”, limitando indicado para o termo sublinhado NÃO mantém o mesmo sentido
minhas possibilidades de descoberta e emoção. Não é fácil daquele apresentado no texto.
libertar-se do manual de instruções que nos autoimpomos. Às a) “[...] e nem assim conseguimos viabilizar esse projeto.” (1º
vezes, leva-se uma vida inteira, e nem assim conseguimos parágrafo) - oportunizar
viabilizar esse projeto. Por sorte, minha ficha caiu há tempo. b) “Meu paladar deixou de ser monótono: [...]”. (4º parágrafo) -
Começou quando iniciei um relacionamento com alguém gosto
completamente diferente de mim, diferente a um ponto radical c) “[...] a insanidade que nunca me permiti, [...]”. (7º parágrafo) -
mesmo: ele, por si só, foi meu primeiro "nunca imaginei um dia". desvario
Feitos para ficarem a dois planetas de distância um do outro. Mas d) “E o que mais me estarrece: [...]”. (8º parágrafo) - espanta
o amor não respeita a lógica, e eu, que sempre me senti tão e) “[...] deixei de ser tão cética.” (9º parágrafo) - inflexível
confortável num mundo planejado inaugurei a instabilidade
emocional na minha vida. Prendi a respiração e dei um belo Exercício 119
mergulho. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A partir daí, comecei a fazer coisas que nunca havia feito. Da sua janela, ponto 1culminante da Travessa das Acácias,
Mergulhar, aliás, foi uma delas. Sempre respeitosa com o mar e o Prof. Clarimundo 2viaja o 3olhar pela paisagem. No pátio de D.
chata para molhar os cabelos afundei em busca de tartarugas
Veva um cachorro magro fuça na lata do lixo. Mais no fundo, um
gigantes e peixes coloridos no mar de Fernando de Noronha.
pomar com 4bergamoteiras e 5laranjeiras pontilhadas de frutos
Traumatizada com cavalos (por causa de um equino que quase
dum amarelo de gemada. Quintais e telhados, fachadas cinzentas
me levou ao chão quando eu tinha oito anos), participei da minha
com a boca aberta das janelas. Na frente da sapataria do Fiorello,
primeira cavalgada depois dos 40, em São Francisco de Paula.
Roqueira convicta e avessa a pagode, assisti a um show do Zeca dois homens conversam em voz 6alta. A fileira das acácias se
Pagodinho na Lapa. Para ver o Ronaldo Fenômeno jogar ao vivo, estende rua afora. As sombras são dum violeta profundo. O céu

me infiltrei na torcida do Olímpico num jogo entre Grêmio e está 7levemente enfumaçado e a luz do sol é de um amarelo
Corinthians, mesmo sendo colorada. oleoso e fluido. Vem de outras ruas a trovoada dos bondes
atenuada pela distância. Grasnar de buzinas. Num trecho do TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Guaíba que se avista longe, entre duas paredes caiadas, passa Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
um veleiro.
Para Clarimundo tudo é novidade. Esta hora é uma espécie Sozinhos
de parêntese que ele abre em sua vida interior, para contemplar o
mundo chamado real. E ele verifica, com divertida surpresa, que Esta ideia para um conto de terror é tão terrível que, logo depois
continuam a existir 8os cães e as latas de lixo, apesar de Einstein. de tê-la, me arrependi. Mas já estava tida, não adiantava mais.

O sol brilha e os veleiros passam sobre as águas, 9não obstante Você, leitor, no entanto, tem uma escolha. Pode parar aqui, e se
poupar, ou ler até o fim e provavelmente nunca mais dormir. Vejo
Aristóteles. 10Seus olhos contemplam a paisagem com a alegria
que decidiu continuar. Muito bem, vamos em frente. Talvez, posta
meio inibida 11duma criança que, vendo-se de repente solta num no papel, a ideia perca um pouco do seu poder de susto. Mas não
bazar de brinquedos maravilhosos, não quer no primeiro posso garantir nada. É assim:
momento acreditar no 12testemunho de seus próprios olhos. Um casal de velhos mora sozinho numa casa. Já criaram os filhos,
Clarimundo debruça-se 13à janela... Então tudo isto existia os netos já estão grandes, só lhes resta implicar um com o outro.
14 15 16 1
antes, enquanto ele passava _____ horas _____ voltas com Retomam com novo fervor uma discussão antiga. Ela diz que ele
números e teorias e 17cogitações, tudo isto tinha realidade? (Este ronca quando dorme, ele diz que é mentira.
pensamento é de todas as tardes à mesma hora: mas a surpresa é – Ronca.
sempre nova.) 17E 18depois, quando ele voltar para os livros, para – Não ronco.

as aulas, para dentro de si mesmo, a vida ali fora continuará – Ele diz que não ronca – comenta ela, impaciente, como se
assim, sem o menor hiato, sem o menor colapso? falasse com uma terceira pessoa.

Um galo canta num quintal. Roupas brancas se balouçam Mas não existe outra pessoa na casa. Os filhos raramente visitam.
ao vento, pendentes de cordas. Clarimundo ali está como um Os netos, nunca. A empregada vem de manhã, faz o almoço,
deixa o jantar e sai cedo.
deus onipresente que 19tudo vê e ouve. A impressão que 20_____
Ficam os dois sozinhos.
causam aquelas cenas domésticas 21_____ levam a pensar no seu – Eu devia gravar os seus roncos, pra você se convencer – diz ela.
livro. E em seguida tem a ideia infeliz. – É o que eu vou fazer! Esta noite,
A sua obra... Agora ele já não enxerga mais a paisagem. O quando você dormir, vou ligar o gravador e gravar os seus roncos.
mundo objetivo se 22esvaeceu 23misteriosamente. Os olhos do – Humrfm – diz o velho.
professor estão fitos na fachada amarela da casa fronteira, 24mas Você, leitor, já deve estar sentindo o que vai acontecer. Pare de
o que ele vê agora são as suas próprias teorias e ideias. Imagina o ler, leitor. Eu não posso parar de escrever. As ideias não podem
livro já impresso... Sorri, exterior e 25interiormente. O leitor (a ser desperdiçadas, mesmo que nos custem amigos, a vida ou o
palavra leitor corresponde, na mente de Clarimundo, à imagem sono. 2Imagine se Shakespeare tivesse se horrorizado com suas
dum homem debruçado sobre um livro aberto: e esse homem – próprias ideias e deixado de escrevê-las, por puro comedimento.
extraordinário! – é sempre o sapateiro Fiorello) – o leitor vai se ver Não que eu queira me comparar a Shakespeare. Shakespeare era
diante dum assunto inédito, diferente, bem mais magro. 3Tenho que exercer este ofício, esta danação.
original. Você, no entanto, não é obrigado a me acompanhar, leitor. Vá
passear, vá tomar um sol. 4Uma das maneiras de controlar a
Adaptado de: VERISSIMO. Erico. Caminhos Cruzados. 26. ed. demência solta no mundo é deixar os escritores falando sozinhos,
Porto Alegre/Rio de Janeiro: Editora Globo, 1982. p. 57-58. 5exercendo sozinhos a sua profissão malsã, o seu vício solitário.

Você ainda está lendo. Você é pior do que eu, leitor. Você tinha
escolha.
(Ufrgs 2020) Considere as seguintes propostas de substituição
Sozinhos. Os velhos sozinhos na casa. Os dois vão para a cama.
de palavras do texto.
Quando o velho dorme, a velha liga o gravador. Mas em poucos
minutos a velha também dorme. O gravador fica ligado, gravando.
1. testemunho (ref. 12) por declaração.
Pouco depois a fita acaba. Na manhã seguinte, certa do seu
2. cogitações (ref. 17) por proposições.
triunfo, a velha roda a fita. Ouvem-se alguns minutos de silêncio.
3. esvaeceu (ref. 22) por dissipou.
Depois, alguém roncando.
– Rarrá! – diz a velha, feliz.
Quais propostas indicam que a segunda palavra constitui
Pouco depois ouve-se o ronco de outra pessoa, a velha também
sinônimo adequado da primeira, considerando o contexto de
ronca!
ocorrência
– Rarrá! – diz o velho, vingativo.
a) Apenas 1. E em seguida, por cima do contraponto de roncos, ouve-se um
b) Apenas 2. sussurro. Uma voz sussurrando, leitor. Uma voz indefinida. Pode
c) Apenas 3. ser de homem, de mulher ou de criança. A princípio – por causa
d) Apenas 2 e 3. dos roncos – não se distingue o que ela diz. Mas aos poucos as
e) 1, 2 e 3. palavras vão ficando claras. São duas vozes.
É um diálogo sussurrado.
Exercício 120
“Estão prontos?”
“Não, acho que ainda não…” chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a
“Então vamos voltar amanhã…” critérios de apuração e checagem.
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença,
Verissimo. Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. quase que religiosa, junto a mensagens das quais não
Disponível em: Identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em
http://files.jornalagito.webnode.com.br/200000103- redes sociais. Confia-se a ponto de compartilhar, sem questionar.
7b0077b18a/Comedias%20pra%20ler%20na%20escola.pdf. O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que
Acesso em 26/09/2019. mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam
opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das
notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da
(G1 - ifsc 2020) Assinale a única alternativa em que a expressão História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí.
entre parênteses NÃO representa um sinônimo da palavra Os problemas gerados estão em todos os campos. No
destacada nas frases retiradas do texto. âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar
seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública
a) Imagine se Shakespeare tivesse se horrorizado com suas
de impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência
próprias ideias e deixado de escrevê-las, por puro comedimento.
virtual e física.
(prudência) (referência 2)
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais
b) Tenho que exercer este ofício, esta danação. (afazer)
fecham portas, profissionais perdem suas reputações e produtos
(referência 3)
são desacreditados como resultado de uma foto
c) ... exercendo sozinhos a sua profissão malsã, o seu vício
descontextualizada, uma Imagem alterada ou uma legenda falsa.
solitário. (benéfica) (referência 5)
A democracia também se fragiliza. O processo democrático
d) Uma das maneiras de controlar a demência solta no mundo é
corre o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos.
deixar os escritores falando sozinhos... (insanidade) (referência 4)
Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas
iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
e) Retomam com novo fervor uma discussão antiga. (entusiasmo)
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve
(referência 1)
ser entendido para encontrarmos um caminho seguro de
Exercício 121 convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse
Precisamos falar sobre fake news sentido, que precisam ser amplamente debatidas, com a
participação de especialistas e representantes da sociedade civil.
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no O problema das fake news certamente passa pelo domínio
mundo, faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando das novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime,
por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.
dos netos e netas. O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas
pessoas, o celular pode ser também uma fonte de engano. De vez em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a
em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.
seu WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma
fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez
desistir de se vacinar. (G1 - col. naval 2020) Assinale e opção na qual o antônimo do
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não vocábulo em destaque está correto, observando-se o contexto.
nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os chamados a) "[...] que deve ser entendido para encontrarmos um caminho
migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo seguro de convivência com as novas formas e ferramentas de
estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e comunicação." (12º parágrafo) (amizade)
facilite a vida. b) "No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para sentido, que precisam ser amplamente debatidas, [...] (13º
essas mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil parágrafo) (surgem)
destrinchar o que é verdade em tempo de fake news. c) "Pior: é difícil destrinchar o que é verdade em tempo de fake
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias news." (4º parágrafo) (agrupar)
falsas na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi d) "Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados,
realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na mas iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco."
sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias (11º parágrafo) (remediar)
falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
alcançam muito mais gente. e) "Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas,
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, polêmico, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
a temas de saúde, [...] (6º parágrafo) (desconexas)
a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre
tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que Exercício 122
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Para responder à(s) questão(ões) à seguir, considere o texto
Mito nº 6 abaixo.

“O certo é falar assim porque se escreve assim” Minha vida

Diante de uma tabuleta escrita COLÉGIO é provável que um Minha vida


pernambucano, lendo-a em voz alta, diga CÒlégio, que um não é tempo que corre
carioca diga CUlégio, que um paulistano diga CÔlégio. E agora? do meu natal
Quem está certo? Ora, todos estão igualmente certos. O que à minha morte
acontece é que em toda língua do mundo existe um fenômeno
chamado variação, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo Minha vida é o meu dia de natal
jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas - Dia da minha morte
falam a própria língua de modo idêntico. Infelizmente, existe uma
tendência (mais um preconceito!) muito forte no ensino da língua In: COOPER, Jorge. Poesia Completa. Maceió: Cepal, 2010, p. 41.
de querer obrigar o aluno a pronunciar “do jeito que se escreve”,
como se essa fosse a única maneira “certa” de falar português
(Imagine se alguém fosse falar inglês ou francês do jeito que se (G1 - ifal 2016) No poema, aparecem os vocábulos “vida” e
escreve!). Muitas gramáticas e livros didáticos chegam ao cúmulo “morte”, que, sendo antônimos, contribuem para o desfecho
de aconselhar o professor a “corrigir” quem fala muleque, bêjo, paradoxal expresso nos dois últimos versos. Quanto às relações
minino, bisôro, como se isso pudesse anular o fenômeno da semânticas dos pares de palavras abaixo, qual das alternativas
variação, tão natural e tão antigo na história das línguas. Essa apresenta um erro?
supervalorização da língua escrita combinada com o desprezo da
a) extroversão / introversão – antonímia
língua falada é um preconceito que data de antes de Cristo! É
b) experto / esperto – homonímia
claro que é preciso ensinar a escrever de acordo com a ortografia
c) ratificar / retificar – paronímia
oficial, mas não se pode fazer isso tentando criar uma língua
d) pelo (contração prepositiva) / pelo (substantivo) – homonímia
falada “artificial” e reprovando como “erradas” as pronúncias que
e) concerto / ajuste – sinonímia
são resultado natural das forças internas que governam o idioma.
Seria mais justo e democrático dizer ao aluno que ele pode dizer Exercício 124
BUnito ou BOnito, mas que só pode escrever BONITO, porque é TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
necessária uma ortografia única para toda a língua, para que Utilize o texto para responder a(s) questão(ões).
todos possam ler e compreender o que está escrito, mas é preciso
lembrar que ela funciona como a partitura de uma música: cada A crescente intolerância no Rio Grande do Sul
instrumentista vai interpretá-la de um modo todo seu, particular!
Marcelo Gonzatto.
Fonte: BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se
faz. 49ª ed. São Paulo: Loyola, 2007, p. 52-53. (adaptado) Acesso Atos de intolerância como a agressão racista sofrida pelo ex-
em: 10 abr. 2018 árbitro de futebol Márcio Chagas da Silva, que encontrou bananas
lançadas sobre seu carro após apitar um jogo do Campeonato
Gaúcho, em março de 2014, estão entranhados no cotidiano dos
gaúchos. Embora poucos casos como esse ganhem atenção, um
(G1 - ifsc 2019) Leia com atenção o excerto a seguir assinale a estudo inédito revela que, a cada 36 horas, em média, uma
alternativa CORRETA: ocorrência envolvendo preconceito foi registrada pela Polícia Civil
nos últimos sete anos. Nada menos que 1.677 queixas
“Infelizmente, existe uma tendência (mais um preconceito!) muito decorrentes de ofensas ou ameaças carregadas de ódio a alguma
forte no ensino da língua de querer obrigar o aluno a pronunciar etnia, nacionalidade ou origem chegaram 1­__________ delegacias
“do jeito que se escreve”, como se essa fosse a única maneira gaúchas.
“certa” de falar português [...]” Isso significa que, a cada dia e meio, um confronto marcado pelo
desprezo entre brancos, negros, asiáticos, indígenas ou judeus,
As aspas possuem diversas funções num texto. No trecho, o autor entre gaúchos e não gaúchos, brasileiros e estrangeiros, entre
usou aspas na palavra em destaque principalmente para:
pessoas de origens ou culturas diferentes desmentiu 2__________
a) dar ênfase à palavra usada. reputação de hospitalidade que a população do Estado costuma
b) questionar a própria noção do que é considerado certo. atribuir 3__________ si. Mas nem mesmo a contabilidade oficial
c) deixar claro que a palavra está escrita de modo inadequado. consegue dar a dimensão total do preconceito.
d) registrar a origem latina da palavra. Como 4__________ pouca sistematização na coleta de dados
e) deixar claro que, nesse contexto, o significado da palavra é seu
sobre esse tipo de violação no país, é difícil fazer comparações
antônimo.
entre os Estados. 5Além disso, muitas vezes, uma cifra maior de
Exercício 123 denúncias pode revelar um grau mais elevado de conscientização
e 6mais facilidade de acesso a órgãos de fiscalização do que um
maior número de situações de intolerância de fato. Por isso, é o facebook é o retrato da felicidade fingida, todos vestidos de ego
difícil supor se um gaúcho é mais ou menos amistoso que um de domingo, mas essa é a demanda do nosso tempo. Critique
paulista ou baiano - mas as informações disponíveis dão conta de nossos costumes, não o espelho. Sei também que as redes são
um cotidiano de 7beligerância. usadas basicamente para 12frivolidades, é certo, mas isso somos
O sociólogo José Luiz Bica de Melo identifica alguns traços nós. Se a vida miúda de uma cidadezinha fosse transcrita, não
culturais do gaúcho que estimulam determinadas formas de seria diferente. Fofoca, sabedoria de almanaque, dicas de
discriminação: o projeto de desenvolvimento baseado na vinda do produtos culturais, troca de impressões e às vezes até um bom
imigrante europeu, em vez da integração do negro, contribuiu conselho, além de ser um amplificador veloz para mobilizações.
para a formação de estereótipos. Além disso, há uma certa Também apontam que amigos virtuais não substituem os
tendência 8__________ violência fundamentada na questão presenciais. 13Todos se dão conta, e justamente usam a rede na
histórica de que 9estabelecemos fronteiras através da guerra e esperança de escapar dela. O 14objetivo final é ser visto e
10construímos nosso mapa com as patas dos cavalos. Em muitas conhecido também fora. Usamos esse grande palco para ensaiar
das fronteiras invisíveis que dividem os habitantes do Pampa, a e se aproximar dos outros, fazer o que sempre fizemos. 15O
guerra continua. facebook é a nostalgia da aldeia e sua superação.

Disponível em:<http://zh.clicrbs.com.br>(Acesso em 02 abr. CORSO, Mário. Sem Facebook. Disponível em:


2015). http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/ blogs/.
Acesso em: 31 de agosto de 2013. (adaptado)

(G1 - ifsul 2015) Considerando o contexto textual, o vocábulo


"beligerância" (ref. 7) encontra seu antônimo em (G1 - ifba 2014) Quanto ao significado das palavras, a alternativa
correta é:
a) implicância.
b) iniquidade. a) A palavra “apreço” (ref.5) pode ser substituída sem alteração
c) criminoso. de sentido por “afeto”.
d) tranquilidade. b) A palavra “urbe” (ref.4) é sinônima do vocábulo “rua”.
c) O verbo “retroceder” (ref. 6) é oposto ao verbo “recuar”.
Exercício 125 d) O termo “frivolidades” (ref. 12) é antônimo de “tolices”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
e) A palavra “objetivo” (ref.14) pode ser substituída, sem prejuízo
Sem Facebook de sentido, por “intuito”.

Das minhas relações mais próximas, só três comungam comigo Exercício 126
não ter facebook. Não pensem que tenho críticas, sou um (Ufsc 2017) Os filhos chegaram tarde, cada um por sua vez, e
entusiasta, apenas não quero usar. Pouco dou conta dos meus Pedro mais cedo que Paulo. A melancolia de um ia com a alma da
amigos, onde vou arranjar tempo para mais? Minha etiqueta me casa, a alegria de outro destoava desta, mas tais eram uma e
faz responder a tudo, teria que largar o trabalho se entrasse na outra que, apesar da expansão da segunda, não houve repressão
rede social. Só recentemente minhas filhas me convenceram que nem briga. Ao jantar, falaram pouco. Paulo referia os sucessos
se não respondesse um spam ninguém ficaria ofendido. amorosamente. Conversara com alguns correligionários e soube
1A 2cidade ganhou a parada. Acabou o pequeno mundo onde do que se passara à noite e de manhã, a marcha e a reunião dos
todos se conheciam, 3onde não se podia esconder segredos e batalhões no campo, as palavras de Ouro Preto ao Marechal
Floriano, a resposta deste, a aclamação da República. A família
pecados. Viver na 4urbe é cruzar com desconhecidos, sentir a
ouvia e perguntava, não discutia, e esta moderação contrastava
frieza do anonimato. Essa é a realidade da maioria.
com a glória de Paulo. O silêncio de Pedro principalmente era
Meu 5apreço com as redes sociais é por acreditar que elas são um como um desafio. Não sabia Paulo que a própria mãe é que o
antídoto para o isolamento urbano. São uma novidade que imita o pedira ao irmão com muitos beijos, motivo que em tal momento ia
passado, uma nova versão, por vezes mais rica, por vezes mais com o aperto do coração do rapaz.
pobre, da antiga comunidade. Detalhe: não quero 6retroceder, a
simpatia é pelo resgate da nossa essência social. Vivemos para o ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. São Paulo: Ática, 1999, p. 119.
olhar dos outros, essa é a realidade simples, evidente. 7Quem
pensa o contrário vai à conversa da literatura de autoajuda, 8que
idolatra a autossuficiência e acredita que é possível ser feliz Com base no texto e na leitura integral do romance de Machado
sozinho. É uma ilusão tola. Nascemos para vitrine. de Assis, Esaú e Jacó, publicado pela primeira vez em 1904, é
Quando checamos insistentemente para saber como reagiram às correto afirmar que:

nossas postagens, somos desvelados no pedido amoroso. 9O


viciado em rede social é 10obcecado pela sociabilidade. Está em 01) o romance de Machado de Assis está situado dentro da
busca de um olhar, de uma aprovação, precisa disso para existir. escola literária do Realismo brasileiro e possui como pano de
Ou vamos acreditar que a carência, o desespero amoroso e a fundo a transição do Império para a República, tendo referências
busca pelo reconhecimento são novidades da internet? 11Sei que explícitas ao contexto histórico da época em que os fatos são
narrados.
08) Nos versos: ''Minha cidade toda se enfeito Pra ver a banda
02) Esaú e Jacó vale-se de intertexto com a narrativa bíblica, seja passar Cantando coisas de amor'' há uma prosopopeia.
em razão dos nomes dos protagonistas, Pedro e Paulo, assim 16) Em "O alfaiate COSE a roupa, enquanto sua mulher COZE as
nomeados em referência aos apóstolos homônimos, seja em verduras para o jantar" e em "A garota fez a DESCRIÇÃO do
virtude dos nomes dos personagens que dão título à obra. assaltante com muita DISCRIÇÃO", os pares cose/coze e
04) o romance de Machado de Assis ilustra um aspecto descrição/discrição são, respectivamente, homônimos e
fundamental nas histórias literárias sobre irmãos gêmeos, parônimos.
narrativas nas quais cada gêmeo possui uma personalidade 32) Há erro na correspondência entre o substantivo e o seu
diferente, diametralmente oposta, sendo os irmãos diminutivo erudito nos pares: RADÍCULA/RAIZ;
frequentemente rivais na disputa por um objeto amoroso. GRÂNULO/GRÃO; AURÍCULA/ORELHA.
08) em Esaú e Jacó, Machado de Assis pratica uma forma de
Exercício 129
intertexto ao resgatar personagens presentes em outros de seus
consagrados romances, como é o caso de Dom Casmurro e os TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A FUGA
sujeitos ficcionais Bentinho e Capitu.
16) Esaú e Jacó pode ser classificado como um romance histórico,
muito embora o formato apresentado seja o de um diário irônico e Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a
sagaz de Conselheiro Aires sobre a implantação da República em empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.

território brasileiro, projeto considerado pelo narrador como algo - Para com esse barulho, meu filho - falou, sem se voltar.
impossível dado o passado colonial, retrógrado e agrário do país. Com três anos, já sabia reagir como homem ao impacto
das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, só
32) no romance de Machado de Assis, a libertação dos escravos é estava empurrando uma cadeira.

um tema político sobre o qual os dois irmãos, Pedro e Paulo, - Pois então para de empurrar a cadeira.
expressam mesma postura ideológica, momento em que se dá - Eu vou embora - foi a resposta.

uma trégua na rivalidade entre os dois. Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às
palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as
Exercício 127 num pedaço de pano, era sua bagagem: um caminhão de plástico
(Fuvest 2014) Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde
de um produto alimentício: diabo meteram a chave da despensa? a mãe mais tarde irá saber),
metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a
grande aventura, um botão amarrado num barbante.
EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O A calma que baixou então na sala era vagamente
MELHOR DA NATUREZA inquietante. De repente o pai olhou ao redor e não viu o menino.
Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a - Viu um menino saindo desta casa? - gritou para o
sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores operário que descansava diante da obra, do outro lado da rua,
querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis. sentado no meio-fio.
www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado. - Saiu agora mesmo com uma trouxinha - informou ele.
Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe,
caminhando cabisbaixo ao longo do muro.
Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor A trouxa, arrastada no chão, ia deixando pelo caminho
alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e - saíra
a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.
de casa prevenido - uma moeda de um cruzeiro. Chamou-o mas
b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
ele apertou o passinho e abriu a correr em direção à avenida,
c) explora o caráter polissêmico das palavras.
como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia à distância.
d) mescla as linguagens científica e jornalística.
- Meu filho, cuidado!
e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos
O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a
contrários.
esquerda, os pneus cantaram no asfalto.
Exercício 128 O menino, assustado arrepiou carreira. O pai precipitou-se
(Ufsc 1999) Leia as frases a seguir e assinale a(s) e o arrebanhou com o braço como um animalzinho:
proposição(ões) VERDADEIRA(S). - Que susto você me passou, meu filho - e apertava-o
contra o peito comovido.
01) As palavras ARDIL, FUNIL, FÓSSIL e RÉPTIL formam o plural
- Deixa eu descer, papai. Você está me machucando.
mudando o IL para IS.
Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe
02) A frase "Houve muitos comentários sobre o escândalo sexual
dar umas palmadas:
de Bill Clinton" pode ser reescrita como "Houveram muitos
- Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai.
comentários sobre o escândalo sexual de Bill Clinton".
- Me larga. Eu quero ir embora.
04) Por definição, oração coordenada que seja desprovida de
Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala - tendo
conjunção é denominada ASSINDÉTICA, como o exemplo a
antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave, como
seguir: Antigamente, para comunicar-se com um primo no oeste
ele fizera com a da despensa.
do Estado, o jovem era obrigado a escrever uma carta.
- Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando. 16Exemplos 17correntes são frases como “chegaram e saíram em
- Fico, mas vou empurrar esta cadeira. seguida”, que todos conhecemos das gramáticas; b) sempre que
E o barulho recomeçou. há um vocativo, em princípio, o sujeito pode não aparecer na
frase. É o que ocorre em “meninos, saiam daqui”; mas o sujeito
FERNANDO SABINO pode aparecer, pois 18não seria estranha a sequência “meninos,
vocês se comportem”; c) 19se 20forem aceitas as hipóteses a) e b)
(G1 1996) Observe a palavra "Distraído". Está acentuada porque:
(diria que são fatos), não 21seria estranho que a frase “Pessoal,
a) a letra "i" do hiato está sozinha e é tônica. leiam o livro X” pudesse ser tratada como se sua estrutura fosse
b) a palavra é paroxítona terminada em "o". “Pessoal, vocês leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não
c) a palavra é proparoxítona. estivesse apagada, a concordância se explicaria normalmente; d)
d) houve erro de impressão.
assim, o problema 22real não é a concordância entre “pessoal” e
e) a palavra tem homônimos e o acento diferencia.
“leiam”, mas a passagem de “pessoal” a “vocês”, que não aparece
Exercício 130 na superfície da frase.
(Uel 1994) Os pares acidente/incidente; cheque/xeque; Este caso é apenas um, dentre tantos outros, que nos
vultoso/vultuoso; verão/estio são, respectivamente: obrigariam a considerar na análise elementos que parecem não
estar 23na frase, mas que atuam como se 24lá estivessem.
a) sinônimos, homônimos, parônimos e antônimos.
b) parônimos, homônimos, parônimos e sinônimos.
Adaptado de: POSSENTI, Sírio. Malcomportadas línguas. São
c) parônimos, parônimos, sinônimos e sinônimos.
Paulo: Parábola Editorial, 2009. p. 85-86.
d) homônimos, homônimos, parônimos e sinônimos.
e) sinônimos, parônimos, sinônimos e antônimos.

Exercício 131 (Ufrgs 2019) Assinale a alternativa que contém sinônimos


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: adequados para as palavras deslindar (ref. 2), correntes (ref. 17)
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo. e real (ref. 22), considerando o sentido que têm no texto.

a) ensinar – propalados – empírico


1
Recebi consulta de um amigo que tenta 2deslindar b) elucidar – em curso – concreto
segredos da língua para estrangeiros que querem aprender c) desvendar – usuais – verdadeiro
português. 3Seu problema: “se digo em uma sala de aula: d) explicitar – corridos – gramatical
‘Pessoal, leiam o livro X’, como explicar a concordância? e) compreender – práticos – existente
4Certamente, não se diz 5‘Pessoal, leia o livro X’".
Exercício 132
Pela pergunta, vê-se que não se trata de fornecer regras
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
para corrigir eventuais problemas de padrão. Trata-se de
Parente e Família
entender um dado que ocorre regularmente, mas que parece
oferecer alguma dificuldade de análise.
Sempre me emociono quando reparo o quanto filhos adotivos
Em primeiro lugar, é óbvio que se trata de um pedido (ou
passam a se parecer com os seus responsáveis. Ninguém diz que
de uma ordem) mais ou 6menos informal. Caso contrário, não se foram adotados: o mesmo olhar, o mesmo andar, a mesma forma
usaria a expressão “pessoal”, mas talvez “Senhores” ou “Senhores de soletrar _____ respiração. Há um DNA da ternura mais intenso
alunos”. do que o próprio DNA. Os traços mudam conforme o amor a uma
Em segundo lugar, não se trata da tal concordância voz ou de acordo com o aconchego de um abraço.
ideológica, nem de silepse (hipóteses previstas pela gramática Não subestimo a força da convivência. Família é feita de presença
para explicar concordâncias mais ou menos excepcionais, que se mais do que de registro. Há pais ausentes que nunca serão pais,
devem menos a fatores sintáticos e mais aos semânticos; _____ padrastos atentos que sempre serão pais.
7exemplos correntes do tipo “A gente fomos” e “o pessoal
Não existem pai e mãe por decreto, representam conquistas
gostaram” se explicam por esse critério). Como se pode saber que sucessivas. Não existem pai e mãe vitalícios. A paternidade e a
não se trata de concordância ideológica ou de silepse? A resposta maternidade significam favoritismo, só que não se ganha uma
é que, 8nesses casos, o verbo se liga ao sujeito em estrutura sem partida por antecipação. É preciso jogar dia por dia, rodada por
vocativo, diferentemente do que acontece 9aqui. E em casos como rodada. Já perdi os meus filhos por distração, já os reconquistei
por insistência e esforço.
“Pedro, venha cá”, “venha” não se liga a “Pedro”, 10mesmo que
Família é uma coisa, ser parente é outra. Identifico uma diferença
pareça que sim, porque Pedro não é o sujeito.
fundamental. Amigos podem ser mais irmãos do que os irmãos
11Para tentar formular uma hipótese 12mais clara para o
ou mais mães do que as mães.
problema apresentado, 13talvez 14se deva admitir que o sujeito Família vem de laços espirituais; parente se caracteriza por laços
de um verbo pode estar apagado e, mesmo assim, produzir sanguíneos. As pessoas que mais amo no decorrer da minha
concordância. O ideal é que se mostre que o fenômeno não ocorre existência formarão a minha família, mesmo que não tenham
só com ordens ou pedidos, e nem só quando há vocativo. Vamos nada _____ ver com o meu sobrenome.
por partes: a) 15é normal, em português, haver orações sem Família é chegada, não origem. Família se descobre na velhice,
sujeito expresso e, mesmo assim, haver flexão verbal. não no berço. Família é afinidade, não determinação biológica.
Família é quem ficou ao lado nas dificuldades enquanto a maioria que diz respeito aos seus cidadãos de cor, a América não pagou
desapareceu. Família é uma turma de sobreviventes, de eleitos, essa promessa. Em vez de honrar a sagrada obrigação, a América
que enfrentam o mundo em nossa trincheira e jamais mudam de entregou à população negra, um cheque que voltou com o
lado. carimbo de “sem fundos”.
Já parentes são fatalidades, um lance de sorte ou azar. Nascemos No entanto, recusamos a acreditar que o banco da justiça esteja
tão somente ao lado deles, que têm a chance natural de se falido. Recusamos a acreditar que não haja fundos suficientes nos
tornarem família, mas nem todos aproveitam. grandes cofres de oportunidade desta nação. E, assim, viemos
Árvore genealógica é o início do ciclo, jamais o seu apogeu. descontar esse cheque, um cheque que nos garantirá, sob
Importante também pousar, frequentar os galhos, cuidar das demanda, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.
folhagens, abastecer as raízes: trabalho feito pelas aves [...]
genealógicas de nossas vidas, os nossos verdadeiros familiares e Não ficaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos
cúmplices de segredos e desafios. inenarráveis horrores da brutalidade policial. [...] Não ficaremos
Dividir o teto não garante proximidade, o que assegura a afeição é satisfeitos enquanto nossos filhos forem despidos de sua
dividir o destino. personalidade e tiverem a sua dignidade roubada por cartazes
com os dizeres “só para brancos”. [...] Não estamos satisfeitos e
Disponível em: nem ficaremos satisfeitos até que “a justiça jorre como uma fonte;
<https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2015/09/carpinejar- e a equidade, como uma poderosa correnteza”.
parente-e-familia-4842961.html>. Acesso em: 08 de set de E digo-lhes hoje, meus amigos, mesmo diante das dificuldades de
2015. hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho, um sonho
profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e
(G1 - ifsul 2019) Sobre o texto Parente e Família, de Fabrício experimentará o verdadeiro significado de sua crença:
Carpinejar, é correto afirmar que “Acreditamos que essas verdades são evidentes, que todos os
homens são criados iguais”.
a) ter laço de sangue é tão importante quanto ter afinidade.
[...]
b) são sinônimos os termos família e parente.
Eu tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos
c) existem muitas formas de se conceber uma família.
viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor de
d) ser pais biológicos não pressupõe laços afetivos.
sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. [...]
Exercício 133
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: KING JR., Martin Luther. Em: ABAURRE, M.L.M.; ABAURRE, M. B.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. M.; PONTARA, M. Português: contexto interlocução e sentido. São
Paulo: Moderna, 2016. Vol. I
EU TENHO UM SONHO

Estou contente de me reunir com vocês nesta que será conhecida (G1 - ifpe 2018) Com relação aos aspectos de coesão textual,
como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa analise as afirmativas acerca do TEXTO 1.
nação.
Há dez décadas, um grande americano, sob cuja sombra I. Em “Estou contente de me reunir com vocês nesta que será
simbólica nos encontramos hoje, assinou a Proclamação da conhecida como a maior demonstração pela liberdade na história
Emancipação. Esse magnífico decreto surgiu como um grande de nossa nação” (1º parágrafo), o pronome grifado antecipa o
farol de esperança para milhões de escravos negros que arderam substantivo a que se refere: demonstração.
nas chamas da árida injustiça. Ele surgiu como uma aurora de II. Em “Esse magnífico decreto surgiu como um grande farol de
júbilo para pôr fim à longa noite de cativeiro. esperança para milhões de escravos negros que arderam nas
Mas cem anos depois, o negro ainda não é livre. Cem anos depois, chamas da árida injustiça” (2º parágrafo), o pronome destacado
a vida do negro ainda está tristemente debilitada pelas algemas retoma a expressão “magnífico decreto”.
da segregação e pelos grilhões da discriminação. Cem anos III. No terceiro parágrafo, a repetição do substantivo “negro”
depois, o negro vive isolado numa ilha de pobreza em meio a um prejudica a fluidez do texto. A utilização de sinônimos ou de
vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o negro outras estratégias poderia tornar o trecho menos prolixo.
ainda vive abandonado nos recantos da sociedade na América, IV. Em “Quando os arquitetos da nossa república escreveram as
exilado em sua própria terra. Assim, hoje viemos aqui para magníficas palavras da Constituição e da Declaração da
representar a nossa vergonhosa condição. Independência, eles estavam assinando uma nota promissória...”
De uma certa forma, viemos à capital da nação para descontar um (4º parágrafo), o pronome destacado retoma a expressão
cheque. Quando os arquitetos da nossa república escreveram as “arquitetos da nossa república”.
magníficas palavras da Constituição e da Declaração da V. Em “os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa
Independência, eles estavam assinando uma nota promissória da nação onde não serão julgados pela cor de sua pele” (9º
qual todos os americanos seriam herdeiros. A nota era uma parágrafo), o pronome sublinhado refere-se ao substantivo
promessa de que todos os homens, sim, negros e brancos “nação” e seria gramaticalmente inadequado se retomasse
igualmente, teriam garantidos os “direitos inalienáveis à vida, à qualquer outro substantivo que não representasse lugar.
liberdade e à busca da felicidade”. É óbvio neste momento que, no
Estão CORRETAS, apenas, as assertivas humana, passou a ser tratada 4sob a perspectiva 5dessa forma de
a) II, III e V. conhecimento, 6ou seja, passou a ser objeto de investigação
b) I, II e III. científica, a partir do início do século XX.
c) I, IV e V. Por ter um papel central na vida dos seres humanos, a
d) I, III e IV. linguagem tem como sua característica 7primordial ser
e) II, IV e V. 8
multifacetada. Tal característica exige que, ao 9submeter-se ao
tratamento científico, essa realidade multifacetada sofra cortes e
Exercício 134
10abstrações, tendo como consequência 11o fato de que 12ela só
(Ufrgs 2017) Leia o conto Memórias da afasia, de Moacyr Scliar.
pode ser entendida 13a partir de diferentes perspectivas, gerando
Nos últimos anos de sua vida Mateus descobriu, consternado, que uma pluralidade de teorias que buscam 14compreendê-la e
mesmo o seu derradeiro prazer – escrever no diário – lhe havia explicá-la.
sido confiscado pela afasia, que nele se manifestava como
esquecimento de certas palavras. A coisa foi gradual: a princípio, Esmeralda Vailati Negrão, “A cartografia sintática”, em Novos
eram poucos os vocábulos que lhe faltavam. Recorrendo a caminhos da linguística.
um de sinônimos, ele conseguia preencher com êxito as
lacunas. Com o decorrer do tempo, porém, acentuou-se o , e o
desgosto por este gerado. Foi então que ele começou a deixar em (Mackenzie 2017) Assinale a alternativa com relação correta
branco os espaços que não consegue preencher. Era com entre sinônimos, tendo em vista o emprego das palavras no texto.
fascinação que contemplava esses vazios em meio ao ;
a) inserem-se (ref. 2) = concluem-se
tinha certeza de que as letras ali estavam, como se traçadas com
b) psíquicas (ref. 3) = mentais
tinta invisível por mão também invisível. Essa existência virtual
c) primordial (ref. 7) = única
das palavras não o afligia, pelo contrário; sabia que o é
d) submeter-se (ref. 9) = desenvolver-se
tão importante quanto o não . No território da afasia ele
e) abstrações (ref. 10) = afirmações
encontrava agora uma pátria. Ali recuperaria o seu passado
perdido. Ali se uniria definitivamente àquela que fora seu grande Exercício 136
amor, uma linda moça chamada . Soneto do Corifeu*

Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações São demais os perigos desta vida
sobre o conto. Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
( ) O distúrbio de linguagem de Mateus afeta também o E se deixa no céu, como esquecida.
narrador, o que explica os espaços em branco no texto.
( ) Os espaços em branco no texto constroem a metáfora de E se ao luar que atua desvairado
uma das principais características da literatura: as lacunas de Vem se unir uma música qualquer
interpretação. Aí então é preciso ter cuidado
( ) O título do conto constrói o paradoxo da afasia, que se Porque deve andar perto uma mulher.
caracteriza pela perda da memória.
( ) Os vazios no texto apontam um dos traços da recuperação Deve andar perto uma mulher que é feita
do passado, que se constrói a partir do que se lembra e do que se De música, luar e sentimento
esquece. E que a vida não quer, de tão perfeita.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima Uma mulher que é como a própria Lua:
para baixo, é Tão linda que só espalha sofrimento
a) F – F – V – F. Tão cheia de pudor que vive nua.
b) V – V – F – F.
c) V – F – V – F. * Corifeu: personagem sempre presente no antigo teatro grego.
d) F – V – F – V.
e) V – V – V – V. MORAES, Vinícius de. Livro de Sonetos. São Paulo: Companhia
das Letras, 2009.
Exercício 135
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Uerj 2019) Na última estrofe, a figura feminina é descrita por
Ciência é uma das formas de busca de conhecimento meio de elementos que estabelecem entre si uma relação do
1 2 seguinte tipo:
desenvolvida pelo homem moderno. Sob seu escopo inserem-
se as mais diferentes realidades físicas, sociais e 3psíquicas, entre a) ambígua
outras. A linguagem, manifestação presente em todos os b) antitética
momentos de nossas vidas e em todas as nossas atividades, c) denotativa
podendo até ser tomada como definidora da própria natureza d) metalinguística
Exercício 137 Diário não tem graça, mas 7esquenta, pega-se de novo a
(Ufsc 2020) caneta abandonada, e o interlocutor é fundamental. Escrevo
para você sim. 8Da cama do hospital. A lesma quando passa
deixa um rastro prateado.
Leiam se forem capazes.

CESAR, Ana Cristina. Poética. São Paulo: Companhia das


Letras, 2013, p. 309.

Com base na leitura e interpretação do texto e de acordo com a


variedade padrão escrita da língua portuguesa e com os
componentes constitutivos do texto, é correto afirmar que:

01) o sinal de dois pontos em “grande confusão: seria quem?”


(referência 1) e em “abri a lata de lixo: quero outro

Com base nos Textos 1 e 2 e de acordo com a variedade padrão testemunho” (referência 6) é usado, nos dois casos, para
da língua escrita, é correto afirmar que: introduzir uma retificação acerca do termo precedente.
02) em “me faça” (referência 3) e em “me sinto” (referência 4),
01) nos Textos 1 e 2, o garoto toma a decisão de não responder a colocação pronominal poderia ser alterada para “faça-me” e
à questão que lhe é proposta. “sinto-me”, pois a ordem do pronome em relação ao verbo é
02) o tema do Texto 1 é uma questão de matemática e o do opcional nos dois casos.
Texto 2 é uma questão de física, mas o efeito de humor desses 04) as formas verbais “reesquentando” (referência 2) e
textos consiste em relacioná-los à literatura e à linguística, “esquenta” (referência 7) são usadas com sentido denotativo,
respectivamente. em referência direta ao calor do sol.
04) a ideia central e comum aos dois textos é de que tanto para 08) as cinco perguntas presentes no texto (referências 1 e 5)
responder a uma questão de matemática quanto a uma de produzem uma impressão de colóquio, isto é, de conversa,
física são necessários conhecimentos de literatura e de ainda que seja uma fala de si para si em um texto escrito.
linguística. 16) o excerto “Da cama do hospital. A lesma quando passa
08) as palavras “transformo”, “instigantes” e deixa um rastro prateado. Leiam se forem capazes” (referência
“desinteressantes” são formadas por prefixo acrescido de 8) constitui uma provocação de Ana Cristina Cesar para que o
radical. leitor decifre a natureza do testemunho registrado.
16) o Texto 2 explora a ambiguidade identificada pelo garoto 32) a organização do texto obedece à natureza tradicional dos
na expressão “suas próprias palavras”. diários íntimos ao exigir um interlocutor externo, alguém
32) no Texto 1, as palavras “número”, “subtraído”, “literário” e diferente da própria pessoa que os escreve.
“mistério” recebem acento gráfico agudo decorrente da mesma 64) marcas textuais presentes no texto e que o caracterizam
regra de acentuação. como pertencente ao gênero diário são: discurso em primeira
64) no Texto 2, “essas brechas”, no quarto quadro, retoma o pessoa, entrada de data, tom intimista e confessional.
duplo sentido expresso pelo primeiro quadro, que permite ao
garoto a resposta apresentada no terceiro quadro. Exercício 139
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Exercício 138 Leia a fábula “O morcego e as doninhas” do escritor grego Esopo
(Ufsc 2017) dia 16 de outubro de 1983 (620 a.C.?-564 a.C.?) para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha1.
Primeira noite decente. Sonhei com o consultório da Mary Como seria morto, rogou à doninha que poupasse sua vida.
atravessado de papel higiênico, 1grande confusão: seria quem? – Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por
Analista, amiga ou namorada? Nenhuma das três? natureza, inimiga de todos os pássaros.
Não quero agora computar as perdas. Perder é uma lenha. Lá – Não sou um pássaro – alegou o morcego. – Sou um rato.
fora está sol, quem escreve deixa um testemunho. E assim ele conseguiu escapar. Mais tarde, ao cair de novo e ser
2Reesquentando. Joguei fora algumas coisas já escritas porque capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não o
não era o testemunho que eu queria deixar. É outro. Outro devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos,
agora. Acredite se puder. Rejane por perto, acompanhando ele afirmou que não era um rato, mas um morcego. E de novo
meus progressos. Peço a ela encarecidamente que 3me faça o conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe bastou
favor de lembrá-los. Eu mesma me exercito, mas que péssima mudar de nome para ter a vida salva.
memória! Notas, Armando. A memória Fraca para os (Fábulas, 2013.)
progressos! Chega desse lero, Poesia virá quando puder. Por
enquanto, Filho, é isso aí apenas. Saí ao sol onde tentei um do- 1doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e
in, 4me sinto exaurida. 5Lembra que o diário era alimento de patas curtas (também conhecido como furão).
cotidiano? Que importa a má fama depois que estamos mortos?
Importa tanto que 6abri a lata de lixo: quero outro testemunho.
(Unesp 2016) “– Não sou um pássaro – alegou o morcego.” (3º mais de um linguista que de um encerador. Como encerador, não
parágrafo) ia muito lá das pernas. Lembro-me que, sempre depois de seu
Ao se transpor este trecho para o discurso indireto, o verbo “sou” trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma
assume a seguinte forma: flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas, como
linguista, cultor do 1vernáculo e aplicador de sutilezas
a) era.
gramaticais, seu Afredo estava sozinho.
b) fui.
Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em
c) fora.
quem a preocupação linguística perturbava às vezes a colocação
d) fosse.
pronominal. Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou
e) seria.
ligeiramente 2ressabiada quando seu Afredo, casualmente de
Exercício 140 passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: segunda do singular:
Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro – Onde vais assim tão elegante?
e Guilherme Assis de Almeida, para responder à(s) questão(ões) Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo
abaixo. do trabalho, fazendo os mais deliciosos pedantismos que já me
De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à 3lide caseira,
com estranhos. À noite, não saia para caminhar, principalmente se queixou-se do fatigante 4ramerrão do trabalho doméstico. Seu
estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar, Afredo virou-se para ela e disse:
tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em – Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e
sinal vermelho. Se for assaltado, não reaja – entregue tudo. tomar a sua quilometragem. Diz que é muito bão.
É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora,
recomendações. Faz tempo que a ideia de integrar uma cantarolava ao piano enquanto seu Afredo, acocorado perto dela,
comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte de um esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto minha tia
coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das mais gorda. Pois bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe:
grandes cidades brasileiras. As noções de segurança e de vida – Cantas?
comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso amarelo:
pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto – É, canto às vezes, de brincadeira...
como parceiro ou parceira em potencial; o desconhecido é Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe
encarado como ameaça. O sentimento de insegurança transforma explicou o temperamento do nosso encerador:
e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, – Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É
troca, comunidade, participação coletiva, as moradias e os excesso de... gramática.
espaços públicos transformam-se em palco do horror, do pânico e Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou-se a ela
do medo. com ar disfarçado e falou:
A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades, – Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua
drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas – especialmente irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio com essa voz, ‘tá
as dos jovens e dos mais pobres –, Dilacera famílias, modificando redondamente enganada. Nem em programa de calouro!
nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais E, a seguir, ponderou:
cidadãos, passamos a ser consumidores do medo. O que fazer – Agora, piano é diferente. Pianista ela é!
diante desse quadro de insegurança e pânico, denunciado E acrescentou:
diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual – Eximinista pianista!
tarefa impõe-se aos cidadãos, na democracia e no Estado de Para uma menina com uma flor, 2009.
direito?
(Violência urbana, 2003.) 1vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.
2ressabiado: desconfiado.
(Unesp 2017) O modo de organização do discurso predominante 3lide: trabalho penoso, labuta.
no excerto é 4ramerrão: rotina.

a) a dissertação argumentativa.
(Unesp 2017) “[Seu Afredo] perguntou-lhe à queima-roupa, na
b) a narração.
segunda do singular:
c) a descrição objetiva.
– Onde vais assim tão elegante?” (2º parágrafo/3º parágrafo)
d) a descrição subjetiva.
Ao se adaptar este trecho para o discurso indireto, o verbo “vais”
e) a dissertação expositiva.
assume a seguinte forma:
Exercício 141 a) foi.
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia a crônica “Seu b) fora.
‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980), publicada c) vai.
originalmente em setembro de 1953. d) ia.
Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar e) iria.
com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva, um seu criado...”)
tornou-se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito Exercício 142
Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga (1913-1990), para rema, bobalhão! – e fui remando com força, sem ligar para os
responder à(s) questão(ões) a seguir. respingos de água fria, cada vez com mais força, como se isto
A madrugada era escura nas moitas de mangue, e eu avançava adiantasse alguma coisa.
no 1batelão velho; remava cansado, com um resto de sono. De (Os melhores contos, 1997.)
longe veio um 2rincho de cavalo; depois, numa choça de 1batelão: embarcação movida a remo.
pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina. 2rincho: relincho.
Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu 3flaubert: um tipo de espingarda.
encontrara galopando na praia. Ela era corada, forte. Viera do Rio,
sabíamos que era muito rica, filha de um irmão de um homem de
nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela (Unesp 2018) Ao se converter o trecho “Ela então riu, disse que
usava calças compridas, fazia caçadas, dava tiros, saía de barco eu confessara que não gostava mesmo dela” (7º parágrafo) para o
com os pescadores. Mas na segunda noite, quando nos juntamos discurso direto, o verbo “confessara” assume a forma:
todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido
a) confessei.
cachaça, como todos nós, e cantou primeiro uma coisa em inglês,
b) confessou.
depois o Luar do sertão e uma canção antiga que dizia assim:
c) confessa.
“Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma
d) confesso.
canção triste.
e) confessava.
Cantando, ela parou de me assustar; cantando, ela deixou que eu
a adorasse com essa adoração súbita, mas tímida, esse fervor Exercício 143
confuso da adolescência – adoração sem esperança, ela devia ter TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de Leia o trecho do conto O 1alienista, de Machado de Assis (1839-
basquete, que costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem 1908), para responder à(s) questão(ões) a seguir.
casado, que já tinha ido até à Europa e tinha um automóvel e uma Era a vez da terapêutica. Simão Bacamarte, ativo e sagaz em
coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com minha pobre descobrir enfermos, excedeu-se ainda na diligência e penetração
3flaubert, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que com que principiou a tratá-los. Neste ponto todos os cronistas
não sabia lidar nem com um motor de popa, apenas tocar um estão de pleno acordo: o ilustre alienista fez curas pasmosas, que
batelão com meu remo. excitaram a mais viva admiração em Itaguaí.
Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia Com efeito, era difícil imaginar mais racional sistema terapêutico.
solitária; eu vinha a pé, ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe, Estando os loucos divididos por classes, segundo a perfeição
meu coração bateu adivinhando quem poderia estar galopando moral que em cada um deles excedia às outras, Simão Bacamarte
sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela cuidou em atacar de frente a qualidade predominante.
fosse passar me dando apenas um adeus, esse “bom-dia” que no Suponhamos um modesto. Ele aplicava a medicação que pudesse
interior a gente dá a quem encontra; mas parou, o animal incutir-lhe o sentimento oposto; e não ia logo às doses máximas,
resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro — graduava-as, conforme o estado, a idade, o temperamento, a
da blusa fina, branca. São as duas imagens que se gravaram na posição social do enfermo. Às vezes bastava uma casaca, uma
minha memória, desse encontro: a pele escura e suada do cavalo fita, uma cabeleira, uma bengala, para restituir a razão ao
e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar alienado; em outros casos a moléstia era mais rebelde; recorria
fino da manhã. então aos anéis de brilhantes, às distinções honoríficas, etc.
E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria, Houve um doente, poeta, que resistiu a tudo. Simão Bacamarte
como se eu fosse um rapaz mais velho do que ela, um homem começava a desesperar da cura, quando teve ideia de mandar
como os de sua roda, com calças de “palm-beach”, relógio de correr matraca, para o fim de o apregoar como um rival de Garção
pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não 2 e de Píndaro 3.
saber quase nada, não sabia os nomes dos peixes que ela dizia, — Foi um santo remédio, contava a mãe do infeliz a uma comadre;
deviam ser peixes de outros lugares mais importantes, com foi um santo remédio.
certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos [...]
dos coqueirinhos junto da praia – e falou de minha irmã, que Tal era o sistema. Imagina-se o resto. Cada beleza moral ou
conhecera, quis saber se era verdade que eu nadara desde a mental era atacada no ponto em que a perfeição parecia mais
ponta do Boi até perto da lagoa. sólida; e o efeito era certo. Nem sempre era certo. Casos houve
De repente me fulminou: “Por que você não gosta de mim? Você em que a qualidade predominante resistia a tudo; então, o
me trata sempre de um modo esquisito...” Respondi, estúpido, alienista atacava outra parte, aplicando à terapêutica o método da
com a voz rouca: “Eu não”. estratégia militar, que toma uma fortaleza por um ponto, se por
Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo outro o não pode conseguir.
dela, e eu disse: “Não é isso.” Montou o cavalo, perguntou se eu No fim de cinco meses e meio estava vazia a Casa Verde; todos
não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar na casa dos curados! O vereador Galvão, tão cruelmente afligido de
Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia moderação e equidade, teve a felicidade de perder um tio; digo
seguinte foi-se embora. felicidade, porque o tio deixou um testamento ambíguo, e ele
Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone obteve uma boa interpretação, corrompendo os juízes, e
apanhar uns camarões vivos para isca; e o relincho distante de um embaçando os outros herdeiros.
cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu disse comigo – [...]
Agora, se imaginais que o alienista ficou radiante ao ver sair o Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o
último hóspede da Casa Verde, mostrais com isso que ainda não velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no
conheceis o nosso homem. Plus ultra! 4 era a sua divisa. Não lhe passado. [...]
bastava ter descoberto a teoria verdadeira da loucura; não o Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de
contentava ter estabelecido em Itaguaí o reinado da razão. Plus “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do
ultra! Não ficou alegre, ficou preocupado, cogitativo; alguma coisa bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo
lhe dizia que a teoria nova tinha, em si mesma, outra e novíssima inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo
teoria. suas necessidades íntimas.
— Vejamos, pensava ele; vejamos se chego enfim à última Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro,
verdade. ausente:
Dizia isto, passeando ao longo da vasta sala, onde fulgurava a – E ele é muito hiputrélico...
mais rica biblioteca dos domínios ultramarinos de Sua Majestade. Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:
Um amplo chambre de damasco, preso à cintura por um cordão – Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.
de seda, com borlas de ouro (presente de uma Universidade) Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:
envolvia o corpo majestoso e austero do ilustre alienista. A – Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?
cabeleira cobria-lhe uma extensa e nobre calva adquirida nas – É. Mas não existe.
cogitações cotidianas da ciência. Os pés, não delgados e Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já
femininos, não graúdos e mariolas, mas proporcionados ao vulto, feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:
eram resguardados por um par de sapatos cujas fivelas não – O senhor também é hiputrélico...
passavam de simples e modesto latão. Vede a diferença: — só se E ficou havendo.
lhe notava luxo naquilo que era de origem científica; o que (Tutameia, 1979.)
propriamente vinha dele trazia a cor da moderação e da singeleza,
virtudes tão ajustadas à pessoa de um sábio. (Unesp 2021) O efeito cômico do texto deriva, sobretudo, da
(O alienista, 2014.) ambiguidade da expressão

a) “homem-de-bem”.
1alienista: médico especialista em doenças mentais.
b) “bom português”.
2Garção: um dos principais poetas do Neoclassicismo português.
c) “indesejável maçante”.
3Píndaro: considerado o maior poeta lírico da antiga Grécia.
d) “necessidades íntimas”.
4Plus ultra!: expressão latina que significa “Mais além!”.
e) “indivíduo pedante”.

(Unesp 2018)
a) Transcreva o trecho “ele [vereador Galvão] obteve uma boa
interpretação, corrompendo os juízes, e embaçando os outros
herdeiros” (5º parágrafo), substituindo os termos sublinhados por
outros de sentido equivalente.
b) Transcreva o trecho “— Foi um santo remédio, contava a mãe
do infeliz a uma comadre” (3º parágrafo) em discurso indireto e
em ordem direta.

Exercício 144
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro
Tutameia, de João Guimarães Rosa.
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e
ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o
significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a
prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático,
sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante,
importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob
mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se
verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos,
começa ele por se negar nominalmente a própria existência.
Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos?
Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase
ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do
espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é
que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos
seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada?
GABARITO
regime totalitarista em que a censura o impede de manifestar
Exercício 1
a sua insatisfação.
e) a polissemia de um termo provocou ambiguidade no texto, o b) Mas se você perguntar a quaisquer cidadãos de uma
que levou o personagem a uma interpretação equivocada ditadura o que acham do seu país, eles respondem sem
sobre o que poderia ser feito com a camisa. hesitação: “Não podemos nos queixar”.

Exercício 2 Exercício 13

b) “real”. a) O trocadilho pelo qual o redator da frase se desculpa


consiste no emprego do verbo esquentar no predicado de uma
Exercício 3 oração cujo sujeito é "o debate sobre o aquecimento global".
e) ambiguidade na locução adjetiva “do mal”, pois, no título
original, a locução representa a temática dos poemas, mas, na b) Sim, é correto afirmar que a frase II é ambígua, porque ela
charge, representa o conteúdo dos conselhos das flores. pode ser entendida de duas formas:"foi preso o vigia acusado
de matar empresário" e "um preso vigia o acusado de matar
Exercício 4 empresário".

a) a sociedade contra ele. Exercício 14

Exercício 5 a) "(...) porém outras vezes a natureza mostrava-se

b) “...um admirável mundo novo abriu-se ante nossos olhos...” carrancuda".


...um admirável novo mundo abriu-se ante nossos olhos...
b) No sentido literal, a expressão "mau tempo" limita-se a
Exercício 6 informar as condições atmosféricas; no sentido figurado,
indica dificuldades, adversidades de toda ordem.
b) produzido dentro dos presídios

Exercício 7
Exercício 15
d) Mesmo sem revogar dogmas, Papa vira alvo dos
Duas interpretações possíveis para esse título são:
conservadores.

Exercício 8 - Uma mulher grávida não encontra um remédio, por ser caro,
nos centros de distribuição de São Paulo.
c) “A escolha pela alta gastronomia tem seu preço”.
- Uma mulher grávida encontra em São Paulo apenas remédio
Exercício 9 barato.

c) do não entendimento de um discurso ambíguo bastante Exercício 16


comum, no qual se dirige à própria pessoa, questionando-a
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
como se fosse uma outra.
Exercício 17
Exercício 10
e) se afunda na negatividade própria do fracassado.
a) ambiguidade.
Exercício 18
Exercício 11
b) representação estereotipada da mulher, apartada do saber
O termo “só”, da forma que é empregado no título, pode ser
científico.
um adjetivo ou um advérbio. Como adjetivo, pode atribuir uma
qualidade ao termo “Poema”, com o significado de “único” ou Exercício 19
“solitário”. Já como advérbio, seu significado no título é de que
e) intenção de identificar o leitor como interlocutor do poeta,
o poema é “apenas” para Jaime Ovalle.
para quem é extravagante o sentimento de encantamento
Exercício 12 poético evidenciado no poema.

a) A frase “Não posso me queixar” permite duas Exercício 20


interpretações: o cidadão não reclama da situação porque está
a) “Atenção, senhores passageiros, caso haja um médico a
contente com o sistema ou, então, porque ele está sujeito a um
bordo, favor se apresentar a um de nossos comissários”. [as
duas primeiras vírgulas foram utilizadas para isolar vocativo] Exercício 36

Exercício 21 a) destacar exemplos de falas daqueles que cultuam o


desapego sentimental.
e) Luís Soares dizia que, livre em todas as suas ações, não
queria sujeitar-se à lei absurda que a sociedade lhe impunha. Exercício 37

Exercício 22 c) exemplificação como prova.

b) existissem, poderia, seu. Exercício 38

Exercício 23 c) indicar a reprodução de uma ideia ou slogan.

b) Menipo perguntou a Hermes onde estavam os belos e as Exercício 39


belas, ordenando-lhe que o levasse até eles, pois ele era
a) reproduz a solicitação de Francisco Antônio.
novato naquele lugar.
Exercício 40
Exercício 24
e) realçar o sentido do substantivo e indicar uma transcrição.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Exercício 41
Exercício 25
a) indicar uma fala.
b) Os índios disseram que transformariam a planta em
alimento, para que não a deixassem se perder. Exercício 42

Exercício 26 a) ironia.

c) deixou. Exercício 43

Exercício 27 b) reforçar-lhe o sentido contextual, equivalente a


predestinado.
b) pergunta retórica.
Exercício 44
Exercício 28
b) reclamou em voz alta.
b) Voltando do quarto dos meninos, Ema disse que, para ela,
aquela era a melhor hora do dia. Exercício 45

Exercício 29 e) II e III.

c) discurso indireto livre, em que há o pen­samento da Exercício 46


personagem, expresso pelo narrador, em meio à narrativa.
e) todas.
Exercício 30
Exercício 47
e) ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. (v. 5) – coordenação
e) alegra-se com o retorno do marido, pois ele é o responsável
para sequenciar as ações de companheirismo, algo que norteia
por prover a casa.
a relação.
Exercício 48
Exercício 31
c) As reticências em “Perdi tudo...” reforçam a tristeza da
d) veicular imparcialidade do enunciador.
personagem.
Exercício 32
Exercício 49
c) “Expressões como ‘proposta’ e ‘projeto’ são essenciais se
a) “entretanto”.
você quer se tornar uma pessoa descolada e bacana”.
Exercício 50
Exercício 33
c) O destaque gráfico da palavra “muito” (ref. 3) produz um
a) predomínio dos verbos no presente do indicativo
efeito de sentido que é reforçado pelas reticências.
Exercício 34
Exercício 51
a) marcar uma ironia.
a) As reticências acentuam a emotividade do par amoroso e
Exercício 35 assinalam suspensões temporais.

d) utiliza a primeira pessoa do plural para se aproximar do Exercício 52


leitor e o persuadir sobre seu ponto de vista.
b) a interrogação.
Exercício 53 b) Diferentemente do que ocorre no fragmento II, em que a
vírgula serve para isolar uma oração subordinada adjetiva
c) nesse tipo de interrogação, o enunciador espera uma
explicativa, no fragmento III, as vírgulas servem para separar
resposta do leitor ou coenunciador.
itens de uma enumeração, ou seja, elementos coordenados
Exercício 54 entre si: na primeira linha, “filhas” e “irmãs”; na segunda,
“vulneráveis” e “humanos”.
b) amenizar o choque que a indagação pode trazer
Exercício 64
Exercício 55
a) Em “Seu pai já por vezes tinha escrito aos padres pedindo-
c) angústia da personagem perante uma situação
lhes à permissão para que o menino viesse passar as férias em
tragicômica.
casa”, o uso do acento indicativo de crase não está de acordo
Exercício 56 com a norma-padrão, uma vez que o verbo “pedir”, em tal
ocorrência, apresenta bitransitividade: seu objeto indireto é o
b) O travessão antes de “isso quando não há atraso no pronome oblíquo “lhes”, em referência a “aos padres”, e o
pagamento” (ref. 2) poderia ser substituído por ponto final,
objeto direto é “a permissão”. Desse modo, não há acento
sem prejuízo gramatical e do sentido básico do enunciado. indicativo de crase, posto ocorrer apenas artigo antes do

Exercício 57 substantivo “permissão”; o correto é “pedindo-lhes a


permissão”.
e) intercalar um aposto. Em “... opuseram-se formalmente à ideia, e responderam de
forma negativa inicialmente.”, o emprego do acento indicativo
Exercício 58
de crase está de acordo com a norma-padrão, uma vez que o
b) I, III e IV. verbo “opor-se” é transitivo indireto, cujo termo regido
apresenta preposição “a”; considerando que o núcleo do objeto
Exercício 59
indireto é um substantivo feminino acompanhado por artigo,
c) tornar o texto mais claro, expondo algo que ficou implícito há ocorrência de acento indicativo de crase: “opuseram-se (...)
na fala da entrevistada. à ideia”.

Exercício 60 b) O texto pontuado é “Para um coração de mãe, porém, uma


b) informação acessória, podendo ser retirada sem prejuízo de ausência de quatro anos já era excessiva...”. A primeira vírgula
entendimento. é justificada pela inversão dos termos da oração: o
complemento nominal “para um coração de mãe” antecede o
Exercício 61 sujeito e o predicado; já a segunda vírgula é justificada pelo
b) a metalinguagem, pois o narrador comenta o próprio ato de emprego da conjunção “porém”, coordenada adversativa, que
narrar. requer tal pontuação logo em seguida a ela.

Exercício 62 Exercício 65

Como visto no trecho “a multidão a gritar uma só palavra, Vejo, 1ª ocorrência: surpresa, perplexidade.
diziam-na os que já tinham recuperado a vista, diziam-na os 2ª ocorrência: lástima, pesar.
que de repente a recuperavam”, as falas são iniciadas por letra
Exercício 66
maiúscula e são introduzidas por vírgula. Dessa forma, ao
eliminar-se a pontuação convencional, eliminam-se também b) personificação.
as pausas, tornando o texto mais fluido e aproximando-o de
Exercício 67
um texto mais oral, afinal, é na fala que se nota a ausência de
pontuação. Além disso, é possível aproximar o narrador das b) as raízes profundas, presentes na imagem, representam
personagens, mesclando o discurso do observador onisciente metaforicamente o quão complexo é acabar com o racismo no
ao das personagens. Brasil, pois a ideia de raça foi historicamente construída e
mantida por muito tempo em nosso país.
Exercício 63
Exercício 68
a) No fragmento I, os travessões isolam e destacam um aposto
de uma personagem interpretada pela atriz, o qual, por sua c) I, III e IV apenas.
vez, poderia ser isolado pela vírgula. No fragmento II, as
vírgulas isolam uma oração subordinada adjetiva explicativa Exercício 69

cujo propósito é apontar a razão da repercussão mundial do a) “O calor do sol está dizendo aos homens que vão descansar
site 4chan. Nesse caso, tais vírgulas poderiam ser substituídas e dormir” (1º parágrafo) – personificação.
pelos travessões, assim como os travessões pelas vírgulas. Em
ambos os casos, as vírgulas e os travessões isolam trechos Exercício 70
que correspondem a informações adicionais e acessórias. d) “Que faziam perpétua a primavera:” (3ª estrofe)
Exercício 71 d) exploração de recursos musicais e figurativos.

a) metonímia. Exercício 80

Exercício 72 a) Se o autor tivesse optado pelo uso do pronome de acordo


com a gramática normativa, e, desse modo, tivesse realizado a
e) Sinestesia.
colocação do pronome oblíquo após as formas verbais com
Exercício 73 que se inicia os dois versos do início da canção, seria possível
interpretações diferentes das apresentadas por conta de
c) prosopopeia
cacofonia (união sonora de sílabas que provoca estranheza
Exercício 74 auditiva).

d) F F V V F. Exercício 81

Há pleonasmo no quarto verso: “Chovia uma triste chuva de


Exercício 75 resignação”. Aqui o autor procura enfatizar a ideia de chuva,
pois poderia substituir o verbo “chover” pelo verbo “cair”
a) O termo firehosing foi usado para caracterizar um tipo de (“Caía uma triste chuva de resignação”). Trata-se, portanto, de
discurso utilizado para disseminação de notícias falsas como
um pleonasmo estilístico.
estratégia de influenciar a opinião pública, nomeadamente em
propaganda política, como aconteceu recentemente no No aspecto formal, o poema se vincula ao movimento
governo russo de Vladimir Putin, o que o equipara a uma modernista brasileiro por apresentar versos livres. Quanto à
mangueira de incêndio que ejeta grande quantidade de água temática, demonstra características modernistas por discorrer
de forma ininterrupta e sob alta pressão, atingindo grandes sobre o cotidiano.
profundidades.
Exercício 82
b) A metáfora “verdade sanduíche” foi usada para definir uma
d) O gerundismo é considerado um vício de linguagem e deve
estratégia de reversão dos efeitos de propagação de mentiras,
ser evitado.
desmentindo discursos falsos sem repeti-los. Assim, as duas
fatias simbolizam a verdade, e o conteúdo, a mentira e Exercício 83
respectiva desconstrução.
No verso “e do bem – se algum houve –, as saudades”, ocorre
elipse do termo verbal “ficam”, mencionado no verso anterior
Exercício 76 (“do mal ficam as mágoas na lembrança”). Para o eu lírico, o
motivo de maior perturbação consiste na evidência de que as
A sociedade daquela época era marcada fortemente pela
mudanças, além de serem contínuas, também não ocorrem
influência da Igreja Católica e de um dogmatismo exagerado.
sempre da mesma maneira (“E, afora este mudar-se cada
Assim, quando dizem ao menino que o seu professor foi para o
dia,/outra mudança faz de mor espanto:/que não se muda já
inferno por ter chamado Deus de natureza, reforçam que
como soía”). Assim, o fato de a própria mudança mudar deixa o
aqueles que blasfemam e que pecam na visão da Igreja
sujeito também à mercê dos seus caprichos, o que lhe provoca
católica são punidos, (“vão ao inferno”). Com isso, o autor
grande perplexidade.
acaba denunciando essa visão de época.
Exercício 84
Exercício 77
Traços que caracterizam o verso: pobreza/mendicância
De acordo com o texto, “trem” se refere às bagagens ou malas
x felicidade.
e “bicho” se refere ao trem de fato. Nesse trecho, o autor
Tem-se aí algumas figuras de linguagem e de pensamento
brinca com o fato de que em Minas Gerais as pessoas
como a antítese, ou seja, há contradição entre ser muito pobre
costumam chamar tudo de “trem”, tendo essa palavra perdido
e ser feliz (ditoso). Há uma gradação quando a ordem de
sua significação habitual (de um meio de transporte) e
apresentação é pobre, mendigo e ditoso, que quer dizer feliz. A
ganhado uma significação parecida com “coisa”, ou “negócio”.
anáfora fica por conta do verbo sou repetido em cada período
Assim, na situação chama-se as bagagens de trem, mas o
por coordenação.
trem propriamente dito é chamado de “bicho”.
Exercício 85

Exercício 78 a) Metáfora e ironia.

“é o silêncio da alma”: metáfora


b) Utilizando-se da metáfora, Mário Quintana compara o
Essa figura de linguagem expressa uma visão particular da
estado de quem se acha perturbado, zonzo, atordoado, por
natureza e do mundo, de acordo com a ênfase na subjetividade
causa do barulho, com o estado de bebedeira de alguém que,
do Romantismo.
nesta situação, também se mostra tonto, confuso,
Exercício 79 transtornado. Já a ironia destaca-se, por exemplo, quando o
autor coloca a palavra civilização entre aspas para revelar que
o homem, ao se acostumar com o barulho, perde a fala, o b) O uso da conjunção “mas” não é obrigatório. Tem valor
poder de pensar, o que o afasta da comunicação e, aditivo e não de oposição.
consequentemente, de uma vida civilizada. As perguntas e a
exploração da onomatopeia - "Tan! tan! tan!tan! tan!" - também Exercício 101
se apresentam como recursos reveladores da ironia. b) Personificação.

Exercício 86 Exercício 102

b) Caro investidor, cuide melhor de seu dinheiro. e) personificação, pois a lua vivencia uma situação que é
própria dos seres humanos.
Exercício 87

d) personificação. Exercício 103

a) alegoria.
Exercício 88

b) redundância caracterizada pelo uso lexical para reforçar a Exercício 104

temporalidade. e) num pleonasmo literário, figura de estilo utilizada, no


contexto, para reforçar a inadequação do momento de
Exercício 89
deflagração das greves.
c) Personificação.
Exercício 105
Exercício 90
e) O diretor fará uma breve alocução esta noite.
b) catacrese, por ter havido um empréstimo de palavra.
Exercício 106
Exercício 91
a) silepse, por haver uma concordância verbal ideológica.
d) emprego estilístico da fala de outra pessoa.
Exercício 107
Exercício 92
a) anáfora e metáfora
b) metalinguagem.
Exercício 108
Exercício 93
e) Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste.
d) hipérbole.
Exercício 109
Exercício 94
a) prosopopeia.
c) “ela deixou que eu a adorasse com essa adoração súbita,
mas tímida” (3º parágrafo). Exercício 110

a) O texto de B. Carbinato propaga informações oriundas de


Exercício 95
investigações desenvolvidas sob os parâmetros da
e) paronomásia, na medida em que, buscando sugerir o metodologia científica e fornece dados extraídos de bancos
movimento recorrente da vaga, traz um jogo de palavras que credíveis, como o UK Biobank e a empresa privada 23andMe.
se assemelham na pronúncia, mas são diferentes do ponto de A função referencial da linguagem através da impessoalidade
vista semântico, em função de um efeito poético. transmitida pelo uso da 3ª pessoa do singular, objetividade,
fraseologia técnica como “gene”, “genomas”, “DNA”, assim
Exercício 96 como uso de vocabulário simples para tornar a informação
d) Metonímia. acessível a um público leigo permitem classificá-lo como
artigo de divulgação científica.
Exercício 97

c) Paradoxo, pois contrapõem-se duas ideias antagônicas: b) O emprego do diminutivo nas palavras “letrinha(s)” e
fingimento e sinceridade. “tijolinhos” permite ao leitor comum aproximar-se da
linguagem científica, vencer a complexidade do estudo do
Exercício 98 mundo da microbiologia, ramo da ciência que estuda os seres
e) Metonímia, pois há contiguidade entre a gota de vermelho e vivos minúsculos que só podem ser vistos pelos humanos por

a rosa. meio do microscópio.

Exercício 99 Exercício 111

a) No contexto, a palavra “cravou” adquire sentido de


c) eufemismo.
“afirmou”, “disse com veemência”, conferindo ênfase ao que foi
Exercício 100 dito pelo personagem. Já “planilhar” apresenta noção
semântica de “registrar de forma organizada”, “enumerar”,
“catalogar”, acompanhando o tipo de linguagem do site
de mídia social Reddit em que os usuários podem divulgar c) ... exercendo sozinhos a sua profissão malsã, o seu vício
ligações para conteúdo na Web. solitário. (benéfica) (referência 5)

Exercício 121
b) As conjunções pois e porque substituem os dois pontos do
período, já que o segundo segmento estabelece relação de e) "Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas,
explicação com o primeiro: “Vale dizer que o usuário polêmico, sensacionalistas, com destaque para notícias
contabilizou apenas mortes relevantes à história, pois (porque) atreladas a temas de saúde, [...] (6º parágrafo) (desconexas)
só entraram na planilha vítimas que tinham, pelo menos, nome
antes de baterem as botas”. Exercício 122

b) questionar a própria noção do que é considerado certo.


Exercício 112

a) Michel de Montaigne contraria o senso comum que associa Exercício 123


a morte natural à que decorre do envelhecimento, já que, na e) concerto / ajuste – sinonímia
maioria das vezes, as pessoas morrem de qualquer tipo de
acidente ou doença que as atinge de surpresa em qualquer Exercício 124
momento da vida. “Morrer de velhice é coisa que se vê d) tranquilidade.
raramente, singular e extraordinária e portanto menos natural
do que qualquer outra”. Exercício 125
b) Os pronomes “lhe“ e “o“ referem-se a “duração da vida“ e a
e) A palavra “objetivo” (ref.14) pode ser substituída, sem
“limite bem menor“, respectivamente.
prejuízo de sentido, por “intuito”.
Exercício 113
Exercício 126
a) Sim, existe relação de sentido entre a imagem e as palavras
01) o romance de Machado de Assis está situado dentro da
“digital” e “diferença”. A imagem dos rostos que encabeçam os
escola literária do Realismo brasileiro e possui como pano de
dedos revelam a diversidade do semblante de cada ser
fundo a transição do Império para a República, tendo
humano, característica que se apresenta também no desenho
referências explícitas ao contexto histórico da época em que os
das impressões digitais de cada um. A propaganda, que
fatos são narrados.
pretende esclarecer as pessoas sobre a importância da
biometria como fator de segurança para o processo eleitoral,
02) Esaú e Jacó vale-se de intertexto com a narrativa bíblica,
amplia o significado da palavra “diferença” ao associar o termo
seja em razão dos nomes dos protagonistas, Pedro e Paulo,
à melhoria do processo por garantir que ninguém votará no
assim nomeados em referência aos apóstolos homônimos, seja
lugar de outro.
em virtude dos nomes dos personagens que dão título à obra.
b) Mantendo os verbos no modo imperativo na primeira
pessoa do plural, a frase apresentaria a seguinte configuração:
04) o romance de Machado de Assis ilustra um aspecto
“Venhamos para a biometria. Cadastremos nossas digitais.”
fundamental nas histórias literárias sobre irmãos gêmeos,
narrativas nas quais cada gêmeo possui uma personalidade
Exercício 114 diferente, diametralmente oposta, sendo os irmãos
frequentemente rivais na disputa por um objeto amoroso.
e) é favorável a que tenham finais tristes e abordem situações
de desigualdade, crueldade e infortúnios. Exercício 127

Exercício 115 c) explora o caráter polissêmico das palavras.

e) nos exemplos 2, 3 e 5 apenas. Exercício 128

Exercício 116 04) Por definição, oração coordenada que seja desprovida de
conjunção é denominada ASSINDÉTICA, como o exemplo a
b) "apático" e "esperto". seguir: Antigamente, para comunicar-se com um primo no

Exercício 117 oeste do Estado, o jovem era obrigado a escrever uma carta.
08) Nos versos: ''Minha cidade toda se enfeito Pra ver a banda
b) homenagear. passar Cantando coisas de amor'' há uma prosopopeia.
16) Em "O alfaiate COSE a roupa, enquanto sua mulher COZE
Exercício 118
as verduras para o jantar" e em "A garota fez a DESCRIÇÃO
e) “[...] deixei de ser tão cética.” (9º parágrafo) - inflexível do assaltante com muita DISCRIÇÃO", os pares cose/coze e
descrição/discrição são, respectivamente, homônimos e
Exercício 119
parônimos.
c) Apenas 3.
Exercício 129
Exercício 120
a) a letra "i" do hiato está sozinha e é tônica.
Exercício 130 ainda que seja uma fala de si para si em um texto escrito.
16) o excerto “Da cama do hospital. A lesma quando passa
b) parônimos, homônimos, parônimos e sinônimos.
deixa um rastro prateado. Leiam se forem capazes”
Exercício 131 (referência 8) constitui uma provocação de Ana Cristina
Cesar para que o leitor decifre a natureza do testemunho
c) desvendar – usuais – verdadeiro
registrado.
Exercício 132 64) marcas textuais presentes no texto e que o caracterizam
como pertencente ao gênero diário são: discurso em
d) ser pais biológicos não pressupõe laços afetivos. primeira pessoa, entrada de data, tom intimista e

Exercício 133 confessional.

c) I, IV e V. Exercício 139

Exercício 134 a) era.

e) V – V – V – V. Exercício 140

Exercício 135 a) a dissertação argumentativa.

b) psíquicas (ref. 3) = mentais Exercício 141

Exercício 136 d) ia.

b) antitética Exercício 142

Exercício 137 b) confessou.

02) o tema do Texto 1 é uma questão de matemática e o do Exercício 143


Texto 2 é uma questão de física, mas o efeito de humor a) Substituindo os termos “corrompendo” e “embaçando” por
desses textos consiste em relacioná-los à literatura e à outros de sentido equivalente, a frase apresentaria a seguinte
linguística, respectivamente. configuração: “ele [vereador Galvão] obteve uma boa
16) o Texto 2 explora a ambiguidade identificada pelo interpretação, subornando os juízes, e enganando os outros
garoto na expressão “suas próprias palavras”. herdeiros”.
64) no Texto 2, “essas brechas”, no quarto quadro, retoma o b) Em discurso indireto e na ordem direta, o trecho
duplo sentido expresso pelo primeiro quadro, que permite apresentaria a seguinte configuração: a mãe do infeliz contava
ao garoto a resposta apresentada no terceiro quadro. a uma comadre que fora (ou tinha sido) um grande remédio.

Exercício 138 Exercício 144


08) as cinco perguntas presentes no texto (referências 1 e 5) b) “bom português”.
produzem uma impressão de colóquio, isto é, de conversa,
CONJUNÇÕES

2020 - 2022
CONJUNÇÕES
As conjunções conectam os termos de uma oração. Se conecte nessas aulas e fique por
dentro dos diferentes valores das conjunções.

Este módulo é composto pelas seguintes apostilas:

1. Conjunções Aditivas e Adversativas


2. Conjunções Alternativas, Conclusivas e Explicativas
3. Conjunções Condicionais e Conformativas
4. Conjunções Finais, Proporcionais e Temporais
CONJUNÇÕES ADITIVAS E
ADVERSATIVAS
O QUE É CONJUNÇÃO?
As conjunções são palavras invariáveis, ou seja, não sofrem flexão de gênero e número,
que servem para ligar palavras ou orações que possuem a mesma função gramatical,
estabelecendo uma ligação entre elas. Vejamos alguns exemplos:

f Vimos seu irmão e sua irmã no parque. – Nesse caso a conjunção “e” liga dois
termos na frase.

f Já no exemplo abaixo podemos ver uma tirinha e temos a conjunção “mas”,


dando a ideia de contradição.

O VALOR DAS CONJUNÇÕES


Conjunções Aditivas
As conjunções podem ser divididas em dois grupos: conjunções coordenativas e
conjunções subordinativas.

As conjunções coordenativas estabelecem uma ligação entre orações com sentido


completo, que existem uma independente da outra. Elas são divididas em:

f Conjunções coordenativas aditivas;

f Conjunções coordenativas adversativas;

www.biologiatotal.com.br 3
f Conjunções coordenativas alternativas;
Conjunções Aditivas e Adversativas

f Conjunções coordenativas conclusivas;

f Conjunções coordenativas explicativas.

As conjunções coordenativas aditivas ou simplesmente conjunções aditivas transmitem


a ideia de adição. Elas são responsáveis por ligar duas orações, sendo que a segunda
oração representa um acréscimo das ideias expressas na primeira oração. Dentre as
principais podemos destacar: e, nem, também, bem como, como também, entre outras.

Vejamos alguns exemplos:

f Não só cozinhei como também limpei a casa hoje cedo.

f João não foi à aula e nem avisou que não iria!

f Sábado Maria torceu o pé e agora precisa fazer repouso.

IMPORTANTE

As conjunções aditivas podem ser usadas tanto para indicar adições com sentido
positivo quanto para expressar adições com sentido negativo. Observe os exemplos
abaixo:

f Adriana comprou um apartamento e um carro.

f Adriana comprou não só uma cama nova, mas também um novo guarda-roupas.

Em ambos os exemplos vemos as conjunções aditivas “e”, “não só, mas também”
trazendo sentidos positivos de adição para as frases. Agora vejamos o exemplo em que
a adição ganha sentido negativo:

f Adriana não comprou um apartamento, nem um carro.

4
Conjunções adversativas

Conjunções Aditivas e Adversativas


As conjunções coordenadas adversativas ou simplesmente conjunções adversativas são
usadas para indicar oposição em uma oração. Elas também são responsáveis por ligar
duas orações, contudo, a segunda oração sempre irá se opor, ou seja, contrastar com
a primeira. Podemos destacar como conjunções adversativas mas, porém, contudo,
todavia, senão, entretanto, ainda assim, dentre outras. Cabe destacar também que é
obrigatório usar vírgula antes de uma conjunção adversativa. Vejamos alguns exemplos:

f Os garotos querem ter dinheiro, mas não trabalham.

f Todos nós já sabemos a matéria, entretanto estudar nunca é demais.

f O segundo lugar também é importante, ainda assim queria ter conquistado o


primeiro.

Na tirinha acima, o personagem fala com Hagar, elogiando a sua ótima forma física,
entretanto, quando a cadeira em que ele está sentado quebra, o personagem usa a
conjunção adversativa “entretanto” para contradizer a ideia inicial, afirmando que talvez
seja melhor ele perder peso.

Na tirinha acima podemos ver que o personagem tece uma série de comentários sobre
algum candidato político, apresentando primeiro uma característica negativa e em
seguida uma característica que contradiz e ameniza a primeira, como em “ele rouba,
mas faz.”

www.biologiatotal.com.br 5
A seguir uma tabela com as conjunções aditivas e adversativas.
Conjunções Aditivas e Adversativas

E, nem, não só... mas também, além de, bem


Conjunções Aditivas como, mas ainda, não só... como também, além
disso, (tanto) quanto, como também.

Mas, porém, contudo, todavia, no entanto,


Conjunções Adversativas entretanto, senão, não obstante, ainda assim,
apesar disso, mesmo assim, ao passo que.

ANOTAÇÕES

6
CONJUNÇÕES ALTERNATIVAS,
CONCLUSIVAS E EXPLICATIVAS

O VALOR DAS CONJUNÇÕES


Conjunções Alternativas
As conjunções coordenativas alternativas ou simplesmente conjunções alternativas
dão a ideia de alternância. Elas são responsáveis por ligar duas orações, sendo que a
segunda oração indica uma ideia de equivalência ou ainda a incompatibilidade com a
ideia iniciada na primeira oração. Dentre as principais conjunções alternativas podemos
destacar: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, entre outras.

Vejamos alguns exemplos:

f Meu gato ora dorme, ora mia.

f Você pode escolher: ou leva o seu irmão ou não irá passear!

f Os pais precisam optar por matricular os filhos ou deixá-los em casa.

IMPORTANTE
As conjunções alternativas podem ser usadas sozinhas ou duplicadas, reforçando a
ideia de alternância na oração. Observe os exemplos abaixo:

f Não gosto muito de conversar por WhatsApp, ora demoram para responder, ora
falam demais.

f Seja do jeito dela, seja do meu jeito, sei que logo chegaremos a um acordo.

www.biologiatotal.com.br 1
Conjunções Conclusivas
Conjunções Alternativas, Conclusivas e Explicativas

As conjunções coordenadas adversativas ou simplesmente conjunções conclusivas são


usadas para expressar conclusão em uma oração. Elas também são responsáveis por
ligar duas orações, sendo que a segunda oração conclui a ideia iniciada na primeira, além
de dar a ideia de consequência de uma ação iniciada na primeira frase. As principais
conjunções conclusivas são logo, pois, portanto, assim, entre outras. Vejamos alguns
exemplos:

f Minha família vai se mudar, logo teremos que nos despedir.

f Perdi o último ônibus, portanto terei que chamar um uber para chegar em casa.

Na tirinha acima, o personagem usa a conjunção conclusiva “portanto” de maneira


irônica, visto que a primeira oração diz que a justiça tarda, logo os corruptos devem
aproveitar para agir ilegalmente sem se preocupar em ser punidos. Como podemos
observar, a conjunção portanto introduz uma ideia de conclusão na frase.

IMPORTANTE
As conjunções conclusivas devem ser precedidas por vírgula, visto que pelas regras
gramaticais, é obrigatório o uso de vírgula antes de orações coordenadas conclusivas.

Conjunções Explicativas
As conjunções coordenadas explicativas ou conjunções explicativas são usadas para
explicar uma ideia. Elas unem duas orações, sendo que a segunda explica uma ideia
introduzida na primeira oração. Dentre as principais conjunções explicativas estão
porque, pois, que, entre outras. Vejamos alguns exemplos:

f Não soltem fogos de artifícios, porque eles provocam medo nos cachorros.

f Não conte comigo, pois terei reuniões durante todo o dia.

IMPORTANTE
As conjunções explicativas devem ser precedidas por vírgula, visto que pelas regras
gramaticais, é obrigatório o uso de vírgula antes de orações coordenadas explicativas.

2
A seguir uma tabela com as conjunções alternativas, conclusivas e explicativas.

Conjunções Alternativas, Conclusivas e Explicativas


Ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, já...já, seja...seja,
CONJUNÇÕES ALTERNATIVAS
nem...nem, talvez...talvez
Assim, logo, portanto, então, por isso, desse modo,
CONJUNÇÕES CONCLUSIVAS por conseguinte, dessa forma, pois (depois do verbo),
pelo que, por consequência.
Que, porque, porquanto, pois (antes do verbo), assim,
CONJUNÇÕES EXPLICATIVAS
isto é, por exemplo

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 3
CONDICIONAIS E CONCESSIVAS

CONJUNÇÕES CONDICIONAIS
As conjunções subordinativas condicionais ou simplesmente conjunções condicionais
são responsáveis por iniciar uma oração subordinada que expressa uma hipótese ou
condição para que o fato expresso na primeira oração aconteça ou não. Dentre as
principais conjunções condicionais podemos destacar: se, caso, quando, dado que,
desde que, entre outras.

Vejamos alguns exemplos:

f Nós só voltaremos se você se comportar bem.

f “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser
feliz!” (O Pequeno Príncipe)

f Ela receberá o pagamento desde que entregue o trabalho a tempo.

Vemos na tirinha acima uma situação que envolve a criação do mundo e das espécies. No
primeiro quadrinho vemos uma espécie de cachorro atormentando o criador enquanto
ele parece estar pensativo e no segundo quadrinho há a seguinte frase: “Se você não
parar, eu te dou um pescoção!”, indicando uma condição, uma hipótese passível de ser
realizada caso o animal não pare de falar.

www.biologiatotal.com.br 1
CONJUNÇÕES CONCESSIVAS
Condicionais e Concessivas

As conjunções subordinativas concessivas ou simplesmente conjunções concessivas são


usadas para introduzir uma ideia contrária a oração principal, sem impedir, entretanto, a
sua realização. Esse tipo de conjunção dá a ideia de quebra de expectativa, como ocorresse
uma exceção em relação ao esperado. Essas conjunções ligam as duas orações, sendo que
a segunda oração transmite a ideia de contrariedade a uma ação iniciada na primeira parte,
sem se tornar um impeditivo para que ela ocorra. As principais conjunções concessivas são
embora, ainda que, apesar de que, se bem que, entre outras. Vejamos alguns exemplos:

f Embora Teresa ficasse muito nervosa, sempre tirava nota máxima nas provas.

f “Ainda que eu falasse a língua dos homens/sem amor eu nada seria”. (Monte
Castelo, Legião Urbana)

f Eu não desistirei dos meus sonhos mesmo que ninguém me apoie.

Diferença entre as conjunções concessivas e as conjunções adversativas


As conjunções concessivas e as conjunções adversativas são utilizadas com o mesmo
propósito, que é indicar uma relação de contrariedade em relação a oração principal.
Entretanto, devemos nos atentar as funções que cada uma desempenham, pois só
assim conseguiremos diferenciar uma da outra.

As conjunções adversativas introduzem o argumento mais forte da oração. Vejamos


um exemplo:

f Sushi é gostoso, mas nada se compara ao arroz e feijão de cada dia.

Na frase acima vemos que o arroz e o feijão, ou seja, o alimento trivial é mais gostoso que o
sushi. Assim, o argumento utilizado após a conjunção ganha mais importância e destaque.

Já no caso das conjunções concessivas, seu uso indica uma ressalva, introduzir uma
condição que não anula o argumento expresso na oração principal e ao contrário
das conjunções adversativas, as orações concessivas possuem função sintática, pois
introduzem uma oração subordinada adverbial concessiva, estabelecendo uma relação
de subordinação entre as frases. Vejamos um exemplo:

f Ainda que chova, vamos à praia no final de semana.

Como podemos ver na frase acima, embora haja uma situação conflitante, ela não anula
a ação inicial, que é ir à praia.

A seguir uma tabela com as conjunções alternativas, conclusivas e explicativas.

Conjunções Condicionais Se, desde que, caso, contanto que, a menos que, somente se.

Conjunções Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, em que pese,
posto que.

2
CONJUNÇÕES FINAIS,
PROPORCIONAIS E TEMPORAIS

CONJUNÇÕES FINAIS
As conjunções subordinativas finais ou simplesmente conjunções finais indicam a
finalidade, o objetivo presente na oração principal. Elas são responsáveis por ligar duas
orações que são sintaticamente dependentes e o uso desse tipo de conjunção indica o
objetivo da oração. Dentre as principais conjunções comparativas podemos destacar: a
fim de que, para que, que e porque (utilizado no sentido de que).

Vejamos alguns exemplos:

f Mamãe resolveu separar os cachorros a fim de que eles parecem de brigar.

f Fez toda a tarefa para que a professora não lhe desse uma bronca.

f Faça de tudo para que ela compreenda essa situação.

CONJUNÇÕES PROPORCIONAIS
As conjunções subordinativas proporcionais ou simplesmente conjunções proporcionais
são usadas para introduzir uma oração que apresenta acontecimentos concomitantes,
simultâneos, ou seja, a ação é realizada ao mesmo tempo na oração principal e na
oração subordinada.

Desta forma, as conjunções proporcionais ligam as duas orações, sendo que a segunda
oração indica um acontecimento que ocorre ao mesmo tempo que o da primeira oração,
além disso também pode indicar uma relação de proporcionalidade entre as duas
orações. As principais conjunções conformativas são à proporção que, à medida que,
ao passo que, quanto mais (no sentido de mais), quanto menos (no sentido de
menos), entre outras. Vejamos alguns exemplos:

f À medida que assistia às aulas fui aprendendo a matéria.

f Quanto mais ele me amava, mais eu me sentia feliz.

f À proporção que o homem exterior se destrói, o homem interior se renova.


(Michel de Montaigne)

www.biologiatotal.com.br 1
Conjunções Finais, Proporcionais e Temporais

Na tirinha acima podemos ver uma reflexão do personagem identificado como O pai
da Aline, que reflete sobre a calvície iminente. Ele começa o seu discurso falando: “À
medida que vamos ficando mais velhos...” e continua falando sobre as perdas da
vida, falando que conforme envelhece vai perdendo os cabelos, indicando uma ação
simultânea.

CONJUNÇÕES TEMPORAIS
As conjunções subordinativas temporais ou simplesmente conjunções temporais são
usadas para introduzir uma oração subordinada que apresenta uma circunstância de
tempo ao fato expresso na oração principal.

Desta forma, as conjunções temporais ligam as duas orações, sendo que a segunda
adiciona uma noção de tempo em relação à primeira. Dentre as principais conjunções
temporais podemos destacar quando, enquanto, antes que, depois que, logo que, assim
que, agora que, entre outras. Vejamos alguns exemplos:

f Eles começaram a brigar assim que fomos embora.

f Meus pais ficaram tristes depois que meu irmão foi morar em outro país.

f Fiz a minha inscrição logo que vi o anúncio.

2
Na tirinha acima vemos uma conversa entre dois funcionários que precisam limpar a

Conjunções Finais, Proporcionais e Temporais


jaula do tigre e um deles diz “Você o distrai, enquanto eu dou uma limpada na jaula”.
Logo, a conjunção temporal enquanto indica essa condição de tempo, ou seja, um
limpará o lugar ao mesmo tempo que o outro distrairá o animal.

A seguir uma tabela com as conjunções finais, temporais e proporcionais.

Para que, a fim de que, que, porque (com o


CONJUNÇÕES FINAIS
sentido de para que), que.
Quando, enquanto, antes que, depois que, logo
que, todas as vezes que, desde que, sempre
CONJUNÇÕES TEMPORAIS
que, assim que, agora que, mal (com o sentido
de assim que).
À medida que, à proporção que, ao passo que,
CONJUNÇÕES PROPORCIONAIS quanto mais... (mais), quanto menos... (menos),
quanto menos... (mais).

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 3
COMPARATIVAS E
CONFORMATIVAS

CONJUNÇÕES COMPARATIVAS
As conjunções subordinativas comparativas ou simplesmente conjunções comparativas
indicam que a oração subordinada expressa uma comparação em relação a oração
principal. Elas são responsáveis por ligar duas orações que são sintaticamente
dependentes, sendo que a segunda oração indica uma comparação em relação à
primeira. Dentre as principais conjunções comparativas podemos destacar: que, qual
(usado depois de tal), como, assim como, entre outras.

Vejamos alguns exemplos:

f A lua brilhava como se fosse um sol à noite.

f Chorou como se fosse um bebê.

f Ela cozinha tão bem quanto uma chef.

f Ficou vermelha que nem um tomate.

Na primeira parte da tirinha vemos o personagem fazendo uma comparação entre a


Terra e um frango de padaria: “A Terra é como um frango que gira para não assar só de
um lado!”. A conjunção comparativa está sendo utilizada para expressar a relação de
comparação que o personagem tece entre a primeira e a segunda oração.

www.biologiatotal.com.br 1
CONJUNÇÕES CONFORMATIVAS
Comparativas e Conformativas

As conjunções subordinativas conformativas ou simplesmente conjunções conformativas


são usadas para expressar uma conformidade em relação ao que foi dito na primeira
oração. Elas ligam as duas orações, sendo que a segunda oração expressa uma ideia
de concordância em relação a uma ideia ou ação iniciada na primeira oração. As
principais conjunções conformativas são conforme, como (quando expressa o sentido
de conforme), segundo, consoante. Vejamos alguns exemplos:

f Segundo o IBGE, 4,3 milhões de estudantes brasileiros entraram na pandemia


sem acesso à internet.

f Assei o frango conforme a receita da Rita Lobo.

f Consoante os dados da última pesquisa DataFolha, as eleições acontecerão em


um novo cenário.

A seguir uma tabela com as conjunções comparativas e conformativas.

CONJUNÇÕES COMPARATIVAS Que, do que (depois de mais, menos, maior,


menor, melhor e pior), qual (depois de tal), quanto
(depois de tanto), como, assim como, bem como,
como se, que nem.
CONJUNÇÕES CONFORMATIVAS Conforme, como (quando empregado com
o mesmo sentido de conforme), segundo,
consoante, assim como e de acordo com.

ANOTAÇÕES

2
CAUSAIS E CONSECUTIVAS

O VALOR DAS CONJUNÇÕES


Conjunções Subordinativas
As conjunções subordinativas são palavras invariáveis e que ficam responsáveis por unir
orações, sendo que uma delas funciona como oração principal e a outra como oração
subordinada, dependendo da oração principal para construir o sentido completo. Elas
são divididas em integrantes e adverbiais.

A primeira indica que a oração subordinada complementa ou integra o sentido da oração


principal, introduzindo orações que têm sentido de substantivo. Já as orações adverbiais
exercem a função de adjunto adverbial da oração principal, podendo se dividir em:

Conjunção subordinativa casual

Conjunção subordinativa condicional

Conjunção subordinativa conformativa

Conjunção subordinativa concessiva

Conjunção subordinativa comparativa

Conjunção subordinativa consecutiva

Conjunção subordinativa proporcional

Conjunção subordinativa temporal

Conjunção subordinativa final

Conjunções Causais
As conjunções subordinativas causais ou simplesmente conjunções causais indicam
uma oração subordinada expressa causa. Elas são responsáveis por ligar duas orações,
sendo que a segunda oração indica uma causa em relação à primeira. Dentre as
principais conjunções alternativas podemos destacar: porque, pois, por isso que, uma
vez que, entre outras.

Vejamos alguns exemplos:

f O galpão pegou fogo porque deixaram as válvulas abertas.

f Escolheram não levar a menina uma vez que ela não se comportou bem da
última vez.

www.biologiatotal.com.br 1
Causais e Consecutivas

Na primeira parte da tirinha vemos Garfield fazendo uma reflexão sobre a sua relação
com a comida: “Eu como demais porque estou deprimido” e “Estou deprimido porque
como demais”. A conjunção causal porque é empregada para expressar a relação
presente entre a primeira e a segunda oração.

Conjunções Consecutivas
As conjunções subordinativas consecutivas ou simplesmente conjunções consecutivas
são usadas para expressar uma consequência em relação ao que foi dito na primeira
oração. Elas são responsáveis por ligar as duas orações, sendo que a segunda oração
transmite a ideia de consequência de uma ação iniciada na primeira parte. As principais
conjunções consecutivas são que (vindo junto dos termos intensificadores tal, tão,
tamanho, tanto), de modo que, de maneira que, entre outras. Vejamos alguns
exemplos:

f Minha mãe sofreu tanto que chorou durante toda a noite.

f Meu irmão não pode ver um jogo que já quer jogar.

f Não sabíamos o que fazer de modo que ficamos aguardando novas instruções
durante toda a tarde.

A seguir uma tabela com as conjunções alternativas, conclusivas e explicativas.

Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,


Conjunções Causais
uma vez que, entre outras.

Que (precedida de tal, tanto, tão, tamanho), de modo


Conjunções Consecutivas
que, de forma que, de sorte que, etc.

ANOTAÇÕES

2
Português Lista de Exercícios

Exercício 1 Exercício 2
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Fgv 2013) Leia estas frases:
O fragmento de texto apresentado foi retirado do romance O
crime do padre Amaro, de Eça de Queirós.* I. Mandou, chegou.
(Slogan publicitário de uma empresa de serviço de encomenda
FRAGMENTO V expressa)

Mas Amaro, radiante de se achar ali, numa praça de Lisboa, em II. Vim, vi, venci.
conversação íntima com um estadista ilustre, perguntou ainda, (Tradução de uma frase latina, atribuída ao general e cônsul
pondo nas palavras uma ansiedade de conservador assustado: romano Júlio César)
– E crê Vossa Excelência que essas ideias de república, de
materialismo, se possam espalhar entre nós?
O conde riu: e dizia, caminhando entre os dois padres, até quase a) A ordem dos verbos, nas duas frases, é aleatória ou é
junto das grades que cercam a estátua de Luís de Camões: determinada por algum fator específico? Explique.
– Não lhes dê isso cuidado, meus senhores, não lhes dê isso b) Transcreva essas frases, unindo as orações que compõem cada
cuidado! É possível que haja aí um ou dois esturrados que se uma delas mediante o emprego das conjunções adequadas à
queixem, digam tolices sobre a decadência de Portugal, e que relação de sentido que nelas se estabelece.
estamos num marasmo, e que vamos caindo no embrutecimento,
e que isto assim não pode durar dez anos etc., etc. Baboseiras!...
Tinha-se encostado quase às grades da estátua, e tomando uma Exercício 3
atitude de confiança: (Fuvest 2004) Leia com atenção as seguintes frases, extraídas do
– A verdade, meus senhores, é que os estrangeiros invejam-nos... termo de garantia de um produto para emagrecimento:

E o que vou a dizer não é para lisonjear a Vossas Senhorias: 1mas


I) Esta garantia ficará automaticamente cancelada SE O
enquanto neste país houver sacerdotes respeitáveis como Vossas
PRODUTO NÃO FOR CORRETAMENTE UTILIZADO.
Senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu lugar na
II) Não se aceitará a devolução do produto CASO ELE
Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem!
CONTENHA MENOS DE 60% DE SEU CONTEÚDO.
– Sem dúvida, senhor conde, sem dúvida, disseram com força os
III) As despesas de transporte ou quaisquer ônus decorrente do
dois sacerdotes.
envio do produto para troca corre por conta do usuário.

(CAPÍTULO XXV)
a) Reescreva os trechos destacados nas frases I e II, substituindo
as conjunções que os iniciam por outras equivalentes e fazendo
* Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000.
as alterações necessárias.
b) Reescreva a frase III, fazendo as correções necessárias.

(Uerj 2019) Observe as conjunções sublinhadas no trecho citado


(1) e em sua reescritura (2):
Exercício 4
(1) mas enquanto neste país houver sacerdotes respeitáveis como TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Vossas Senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu TEXTO 1
lugar na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem!
(ref. 1) 1Por favor, não me tome por um cético. As evidências me

deixam totalmente convencido de que as mudanças climáticas


(2) mas quando neste país houver sacerdotes respeitáveis como
são reais e graves. Dos 12 anos mais quentes de que se tem
Vossas Senhorias, Portugal há-de manter com dignidade o seu
notícia, 11 ocorreram desde 1995. Houve um aumento de
lugar na Europa! Porque a fé, meus senhores, é a base da ordem! temperatura de 0,74 grau Celsius no século passado. (Se isso
parece pouco, lembre-se de que a diferença de temperatura entre
Apresente a diferença de sentido entre os dois enunciados, a
a era glacial e hoje é de 5 graus.) A concentração dos gases que
partir do uso de cada conjunção. provocam o efeito estufa na atmosfera aumentou drasticamente
desde a Revolução Industrial. O metano dobrou e os níveis de gás
Explique, também, o efeito de sentido produzido pelo emprego da
carbônico subiram 30% desde 1750. O recente relatório do Painel
conjunção enquanto, considerando a conduta do padre Amaro e
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas prevê que até
do cónego Dias ao longo da narrativa.
2100 as temperaturas terão subido entre 1,1 grau e 6,4 graus. certeira sua caracterização do marketing como "a raça impudente
Como resultado, o nível do mar deverá subir entre 18 centímetros de nossos senhores". Em especial se topar com um anúncio da
e 59 centímetros. O problema é que, aceitando-se todos esses nova coleção de roupas Diesel.
fatos e teorias sobre o aquecimento global, é difícil ver qualquer Pessoas sensatas, em tempos normais, pensariam duas
reação que possa evitá-lo. vezes antes de adquirir confecções de uma empresa que publica
2Os gases que estão provocando o aquecimento da Terra no Brasil anúncios inteiramente em inglês. Só que nosso tempo
vêm se acumulando há centenas de anos. Não vão desaparecer há muito deixou de ser normal. E o Brasil, todos sabem, nunca foi
facilmente. Mesmo se o mundo aderir aos planos mais ambiciosos sério. Precisava carimbar a campanha com um "Global Warming
de combate à mudança climática, segundo a maioria dos Ready", porém? Para quem não sabe, a frase quer dizer "pronto(a)
cientistas, 3a concentração de gases que provocam o efeito estufa para o aquecimento global". Noutro lugar, anuncia-se que são

continuará a elevar-se por décadas. O aquecimento global já está roupas para permanecer "cool" (bacana, ou, literalmente, fresco)
inscrito no futuro da Terra. enquanto o mundo se aquece [...].

Para manter esses gases nos níveis atuais, seria preciso O aquecimento global virou moda, modismo. Já houve até
cortar a emissão de gás carbônico em 60%. Tendo em vista a evento fashion "carbon-neutral", em que hedonistas compungidos
voluntariam uns caraminguás para plantar árvores, não se sabe
tecnologia disponível, seria necessário cortar a atividade
industrial mundial em uma escala que faria a crise de 1929 nem se quer saber onde. Peles de animais, contudo, voltaram a
ser chiques. O mundinho é verde, "ma non troppo". Ao final, todos
parecer pequena. 4Na verdade, é quase certo que haverá uma
montam em seus jipões 4 × 4 movidos a (muito) diesel e rodam
emissão de carbono consideravelmente maior. A maioria dos
superiores sobre o asfalto esburacado das metrópoles brasileiras.
estudos prevê que o consumo de energia no mundo vai dobrar
Os mais radicais se filiam a alguma ONG - com nome em inglês,
até 2050. Boa parte vai acontecer na China e na Índia. Esses dois
claro [...].
países estão construindo 650 usinas termelétricas. A emissão de
Marcelo Leite. Folha de S. Paulo, 18 de março de 2007.
CO2 delas todas será cinco vezes maior que a economia que o
acordo assinado em 1997 em Kyoto obteria se todos os países
ocidentais tivessem aderido a suas metas, o que não ocorreu.
Exponho esses fatos não para incentivar fatalismo ou
(Ufu 2007) Observe os trechos a seguir.
condescendência. Não termos começado a parar de usar
combustíveis "sujos" é escandaloso. Mas, mesmo se tivéssemos, a
1) Por favor, não me tome por um cético. As evidências me
Terra ainda sofreria um aquecimento considerável nas próximas
deixam totalmente convencido de que as mudanças climáticas
décadas. Então, além de nossos esforços para evitar e atenuar as
são reais e graves. (ref. 1 - texto 1)
mudanças climáticas, precisamos pôr em prática outra estratégia:
2) Os gases que estão provocando o aquecimento da Terra vêm
adaptação.
se acumulando há centenas de anos. Não vão desaparecer
Ninguém gosta de falar disso porque parece derrotismo.
facilmente. (ref. 2 - texto 1)
Mas o resultado é que, enquanto debatemos, estamos
3) [...] a concentração de gases que provocam o efeito estufa
despreparados para lidar com as consequências do aquecimento.
continuará a elevar-se por décadas. O aquecimento global já está
Seja ou não a emissão de CO2 a responsável, podemos ver que o
inscrito no futuro da Terra. (ref. 3 - texto 1)
nível do mar está subindo. O que faremos? 4) Na verdade, é quase certo que haverá uma emissão de carbono
Em setembro do ano passado, a presidente da Associação consideravelmente maior. A maioria dos estudos prevê que o
Britânica pelo Avanço da Ciência, Frances Cairncross, pediu que consumo de energia no mundo vai dobrar até 2050. (ref. 4 - texto
se começasse essa discussão. 5"Precisamos pensar em políticas 1)
para nos preparar para um mundo mais quente e mais seco,
sobretudo nos países pobres", disse. "Isso pode demandar, por a) Escreva a conjunção que pode substituir o ponto final entre os
exemplo, novos cultivos, barragens contra enchentes, novas períodos em cada um dos itens, sem alteração do sentido e da
normas para construção perto do nível do mar." Ao contrário dos ordem.
planos para a diminuição do aquecimento global, que demandam b) Descreva a relação que as conjunções ajudam a estabelecer em
um esforço internacional enorme e simultâneo, as estratégias de cada item.
adaptação podem ser levadas a cabo individualmente por países,
Estados, cidades ou localidades.
Muitos defensores do meio ambiente temem que falar Exercício 5
sobre enfrentar o aquecimento global atrapalhe os esforços para TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
diminuí-lo. Na verdade, não temos outra saída além de fazer os Um escritor! Um escritor!
dois. O crucial é parar de falar e começar a agir. Antônio Prata*
Fareed Zakaria. Época, 19 de fevereiro de 2007.
Com o jornal numa mão e um guaraná diet na outra, eu
TEXTO 2 caminhava pelas ruas de 1Kiev, desviando de barricadas e
coquetéis molotov, quando a voz no sistema de som me trouxe
Hoje em dia ninguém mais cita o filósofo Gilles Deleuze de volta à poltrona 11C do Boeing 737: “Atenção, senhores
(1925-1995) em jornal - a não ser, talvez, para criticá-lo. Mesmo passageiros, caso haja um médico a bordo, favor se apresentar a
quem o conhece mal, porém, não deixará de reconhecer como é um de nossos comissários”.
Foi aquele discreto alvoroço: todos cochichando, olhando em Vocabulário de apoio:
volta, procurando o doente e torcendo por um doutor, até que, do 1
Kiev: capital e maior cidade da Ucrânia. No trecho: “eu
fundo da aeronave, despontou o nosso herói. Vinha com passos caminhava pelas ruas de Kiev, desviando de barricadas e
firmes — grisalho, como convém —, a vaidade disfarçada num coquetéis molotov”, o autor se refere ao tema do livro (Guerra da
leve enfado, como um Clark Kent que, naquele momento, Crimeia) que ele lia, enquanto estava no voo. Os termos
estivesse menos interessado em demonstrar os superpoderes do ‘barricadas’(trincheiras feitas de improviso) e ‘coquetéis molotov’
que em comer seus amendoins. (tipo de arma química, geralmente usada em guerrilhas) estão
Um comissário o encontrou no meio do corredor e o levou, relacionados ao tema da leitura feita pelo autor.
apressado, até uma senhora gorducha que segurava a cabeça e
hiperventilava na primeira fileira do avião. O médico se agachou, 2 fagocitada: neologismo criado a partir de fagocitose: processo
tomou o pulso, auscultou peito e costas, conversou baixinho com
de ingestão e destruição de partículas sólidas, como bactérias ou
ela, depois falou com a aeromoça. Trouxeram uma caixa de metal,
pedaços de tecido necrosado, por células ameboides chamadas
ele deu um comprimido à mulher e, nem dez minutos mais tarde, de fagócitos [tem como uma das funções a proteção do
voltou pros seus amendoins, sob os olhares admirados de todos.
organismo contra infecções.]; no texto, ‘fagocitada’ pode ser
Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir, foi
substituída por ‘devorada’.
rapidamente 2fagocitada pela inveja. Ora, quando a medicina
nasceu, com Hipócrates, a história de 3Gilgamesh já circulava 3
No trecho: “a medicina nasceu, com Hipócrates, a história de
pelo mundo havia mais de dois milênios: desde tempos Gilgamesh”, o autor se refere a Hipócrates – pensador grego,
imemoriais, enquanto o corpo seguia ao deus-dará, a alma era considerado o “pai da Medicina” – e a Gilgamesh - rei da Suméria,
tratada por mitos, versos, fábulas — e, no entanto... mais conhecido atualmente por ser o personagem principal da
No entanto, caros leitores, quem aí já ouviu uma aeromoça pedir, Epopeia de Gilgamesh, um épico mesopotâmico preservado em
ansiosa: “Atenção, senhores passageiros, caso haja um escritor a tabuletas escritas com caracteres cuneiformes (o mais antigo tipo
bordo, favor se apresentar a um de nossos comissários”? de escrita do mundo).
Eu não me abalaria. Fecharia o jornal, sem afobação, poria uma
Bic e um guardanapo no bolso, iria até a senhora gorducha e me 4
anamnese: lembrança, recordação pouco precisa. No campo da
agacharia ao seu lado. Conversaríamos baixinho. Ela me medicina, anamnese é um histórico que vai desde os sintomas
confessaria, quem sabe, estar prestes a reencontrar o filho, depois
iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base
de dez anos brigados: queria falar alguma coisa bonita pra ele,
nas lembranças do paciente.
mas não era boa com as palavras. Eu faria uma rápida
5anamnese: perguntaria os motivos da briga, 5se o filho estava
5
No trecho: “se o filho estava mais pra Proust ou pra UFC”, o
mais pra Proust ou pra UFC, levantaria recordações prazerosas
autor se refere a um escritor francês (Proust, importante escritor
da relação e, antes de tocarmos o solo, entregaria à mulher três no cenário da literatura mundial) e a UFC, cuja sigla em inglês
parágrafos capazes de verter lágrimas até da estátua do Borba
Ultimate Fighting Championship, designa organização de MMA
Gato. (Artes Marciais Mistas) que produz eventos ao redor de todo o
De volta ao meu lugar, passageiros me cumprimentariam e
mundo.
compartilhariam histórias semelhantes. Uma jovem mãe me
contaria do primo poeta que, num restaurante, ao ouvir os apelos 6 bombas da Crimeia – referência à Guerra da Crimeia (1853-
do garçom —”Um escritor, pelo amor de Deus, um escritor!”—,
1856), assunto do livro que o autor lia, durante o voo.
tinha sido levado até um rapaz apaixonado e conseguido escrever
seu pedido de casamento no cartão de um buquê antes que a
futura noiva voltasse do banheiro.
(G1 - cftmg 2020) No texto, há o uso de diferentes conjunções
Um senhor comentaria o caso muito conhecido do romancista
(elementos coesivos) com a finalidade de demarcar conexões de
que, após as súplicas de mil turistas, fora capaz de convencer 200
sentido. A partir dessa afirmação, existe correlação entre a
tripulantes de um cruzeiro a abandonar o gerúndio.
conjunção em destaque e a informação de sentido entre colchetes
Eu sorriria, de leve. Diria “Pois é, se você escolheu essa profissão,
em
tem que estar preparado pras emergências”, então recusaria,
educadamente, o segundo saquinho de amendoins que a a) Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir, foi
aeromoça me ofereceria e voltaria, como se nada tivesse rapidamente fagocitada pela inveja. [explicação]
acontecido, para as 6bombas da Crimeia, com meu copo de
guaraná. b) “Atenção, senhores passageiros, caso haja um escritor a bordo,
favor se apresentar a um de nossos comissários”? [causa]
*Antonio Prata
Escritor e roteirista, autor de Nu, de Botas. c) Trouxeram uma caixa de metal, ele deu um comprimido à
Jornal Folha de São Paulo, 25 mai. 2014 – Disponível em: mulher e, nem dez minutos mais tarde, voltou pros seus
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/>. Acesso amendoins, sob os olhares admirados de todos. [tempo]
em 27 ago.2019.
d) Ela me confessaria, quem sabe, estar prestes a reencontrar o
filho, depois de dez anos brigados: queria falar alguma coisa
bonita pra ele, mas não era boa com as palavras. [adição]
(1) Galileu: Qual é a relação que você manteve no idioma com a
Exercício 6 cultura Dothraki?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Peterson: O idioma inteiro é baseado na realidade dos Dothraki.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Consequentemente, há palavras para descrever todas as plantas,
animais e os fenômenos que acontecem em seu cotidiano — e
Xote Ecológico
nenhuma para situações desconhecidas.

Não posso respirar, não posso mais nadar (2) Galileu: Pode dar exemplos?
A terra tá morrendo, não dá mais pra plantar
Peterson: Não faria sentido criar palavras para “livro”, “ler” e
Se planta não nasce se nasce não dá
“escrever”, já que o Dothraki não existe na forma escrita. Também
Até pinga da boa é difícil de encontrar
não há palavra equivalente a “obrigado”, porque a cultura deles
Cadê a flor que estava ali?
não observa a gratidão da mesma forma. Mas há palavras
Poluição comeu.
diferentes para fezes de animais, dependendo se elas estão
E o peixe que é do mar?
frescas ou secas. Como as fezes secas são usadas para fazer
Poluição comeu
fogueiras, essa distinção é muito importante para eles. Também
E o verde onde que está? há 14 palavras diferentes para “cavalo”.
Poluição comeu
Nem o Chico Mendes sobreviveu
(3) Galileu: Os atores da série conseguem se comunicar na
língua?
Disponível em: ˂https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/295406/
Peterson: Pelo que sei, os atores apenas memorizam as falas,
˃
sem aprender o idioma. Não esperava que eles aprendessem,
Acesso em: 28 ago. 2019 afinal, seria um trabalhão. Eles “pegaram” algumas palavras e
expressões, mas duvido que conseguissem manter uma conversa
simples em Dothraki.
(G1 - ifsul 2020) Acerca do texto, é INCORRETO afirmar

a) A palavra “até”, no quarto verso, recebe acento gráfico pelo (4) Galileu: Você também criou o Alto Valiriano, outro idioma
mesmo motivo de “dá”, no segundo verso. falado em Essos, e disse, em entrevista, que a língua é “quase
b) O primeiro verso apresenta discurso direto. bonita demais”. Quais são os sons e as construções que tornam
isso possível? De que forma o Alto Valiriano se opõe aos sons
c) No quinto verso, a palavra “cadê” pertence ao registro guturais e pesados do Dothraki?
coloquial. Peterson: O Alto Valiriano é mais rico em ditongos do que o
Dothraki. E enquanto possui uma pegada gutural, o som é mais
d) No terceiro verso, as partículas “se” pertencem à classe das raro. Gramaticamente, as línguas têm suas diferenças. As duas
conjunções. não têm artigos, mas a ordem das palavras é diferente, com o
verbo sempre entrando no final da sentença e os adjetivos
Exercício 7 sempre precedendo o pronome que eles modificam.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
SAIBA MAIS SOBRE A LÍNGUA DOTHRAKI (5) Galileu: Em aulas de línguas estrangeiras, uma das primeiras
Conversamos com David Peterson, linguista responsável pela coisas que aprendemos (normalmente através dos colegas e não
criação dos idiomas de Game of Thrones dos professores) são os xingamentos. E também gostamos de
zoar os gringos que vêm ao Brasil, ensinando palavrões em
Se você encontrar um integrante de uma tribo Dothraki, é uma português, como se tivessem outro significado. Você pode nos
boa ideia saudá-lo com um respeitoso “m’athchomaroon” e ensinar a xingar em Dothraki?
passar longe de palavras como “gale”. Quem afirma isso é o Peterson: Claro! O Dothraki é um idioma “abençoado” com muitos
linguista contratado pela série Game of Thrones para criar as palavrões. “Ifak”, por exemplo, é uma palavra que tem o
línguas “estrangeiras” da história - o Dothraki e o Alto Valiriano. significado de gringo, de estrangeiro. Mas no Dothraki é usado
David Peterson, formado pela Universidade da Califórnia em San como um insulto. “Graddakh” é a palavra usada para fezes,
Diego, é integrante da Sociedade de Criação de Linguagens, sempre em tom pejorativo. Muitos dos outros xingamentos são
organização que se dedica às conlangs. óbvios, como “gale” que significa ovo — mas também a genitália
Conlang não é uma gíria Dothraki e, sim, uma sigla que, em masculina.
inglês, significa “língua construída”. Ou seja, idiomas como o
esperanto, que tiveram suas regras, palavras e construções GALASTRI, Luciana. Saiba mais sobre a língua dothraki.
pensadas e desenvolvidas — diferente das línguas naturais, que Disponível em:
surgem de forma espontânea através da derivação de sons e de <https://revistagalileu.globo.com/Cultura/Series/noticia/2014/06/o-
dialetos. criador-das-linguas-de-game-thrones.html>. Acesso em: 04 maio
Conversamos com David Peterson sobre a Guerra dos Tronos, a 2019 (adaptado).
criação do Dothraki e até pedimos para que ele nos ensinasse a
xingar no idioma de Khal Drogo. Confira:
(G1 - ifpe 2019) Marque a única alternativa que analisa Estudos estimam que aproximadamente 25 milhões de
CORRETAMENTE as relações de sentido estabelecidas pelo uso trabalhadores agrícolas de países pobres sofram com algum tipo
de conjunções. de intoxicação causada por exposição a agrotóxicos. Há diversas
situações comprovadas, como o caso de duas grandes empresas
a) Em “Quem afirma isso é o linguista contratado pela série Game
multinacionais que firmaram acordo – em 2013 – para
of Thrones para criar as línguas ‘estrangeiras’ da história” (1º
indenização da ordem de R$ 200 milhões, envolvendo cerca de
parágrafo), a conjunção destacada introduz uma relação de causa
mil trabalhadores contaminados por substâncias cancerígenas,
e consequência entre as orações, enfatizando a ação do linguista
entre 1974 e 2002, numa fábrica de pesticidas em Paulínia,
e, consequentemente, sua criação: as línguas estrangeiras.
interior de São Paulo.
Todos esses problemas se tornam especialmente importantes
b) Em “Se você encontrar um integrante de uma tribo Dothraki, é
para o Brasil por tratarem-se de uma das principais fronteiras
uma boa ideia saudá-lo com um respeitoso ‘m’athchomaroon’” (1º
agrícolas do planeta. Por isso, é importante discutir alternativas
parágrafo), a conjunção destacada introduz uma relação de
saudáveis aos agrotóxicos.
condição, ajudando a criar uma ideia de possibilidade no
Uma das possíveis opções para a substituição de agrotóxicos são
enunciado.
os biopesticidas. De acordo com a EPA, o termo se refere a
produtos feitos a partir de micro-organismos, substâncias
c) Em “Como as fezes secas são usadas para fazer fogueiras”
naturais ou derivados de plantas geneticamente modificadas, que
(pergunta 2) e em “ensinando palavrões em português, como se
façam controle de pestes.
tivessem outro significado” (pergunta 5), a conjunção “como”
Para o consumidor final, a situação é mais complexa, já que é
introduz o sentido de comparação.
difícil saber se o produtor utilizou ou não biopesticidas na sua
lavoura. Então, a opção é escolher, preferencialmente, alimentos
d) Em “Não faria sentido criar palavras para ‘livro’, ‘ler’ e
orgânicos e sempre lavar frutas, legumes e verduras,
‘escrever’, já que o Dothraki não existe na forma escrita”
independentemente da sua procedência.
(pergunta 2), a expressão destacada apresenta uma consequência
sobre a falta de sentido na criação de determinadas palavras na
AIRES, Luiz. Os problemas causados pelos agrotóxicos justificam
língua Dothraki.
seu uso? Disponível em:
<https://www.ecycle.com.br/component/content/article/35-
e) Em “Eles ‘pegaram’ algumas palavras e expressões, mas
atitude/1441-os-problemas-causados-pelos-agrotoxicos-
duvido que conseguissem manter uma conversa simples em
justificam-seu-uso.html>. Acesso em: 07 maio 2019 (adaptado).
Dothraki” (pergunta 3), a conjunção destacada estabelece uma
relação de finalidade entre aprender algumas palavras e falar, de
fato, o idioma Dothraki.

Exercício 8 (G1 - ifpe 2019) Sabemos que os elementos de coesão (dentre


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: os quais estão as conjunções e as locuções conjuntivas) são
OS PROBLEMAS CAUSADOS PELOS AGROTÓXICOS responsáveis por garantir a ligação harmoniosa, por exemplo,
JUSTIFICAM SEU USO? entre termos, períodos e parágrafos de um texto. Após analisar o
conectivo grifado no trecho abaixo, assinale a opção pela qual
A saúde humana é afetada pelos agrotóxicos de três maneiras: seria CORRETO substituí-lo sem que houvesse prejuízo em
durante sua fabricação, no momento da aplicação e ao consumir relação ao sentido estabelecido.
um produto contaminado. Independentemente da forma de
contato, os efeitos são extremamente perigosos. “Todos esses problemas se tornam especialmente importantes
Problemas neurológicos, como o Mal de Alzheimer, estão para o Brasil por tratarem-se de uma das principais fronteiras
associados à exposição a inseticidas organofosforados, assim agrícolas do planeta. Por isso, é importante discutir alternativas
como o desenvolvimento de transtorno do déficit de atenção com saudáveis aos agrotóxicos”. (7º parágrafo)
hiperatividade em crianças.
a) Proporcionalmente
A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) afirma que o
efeito do pesticida depende do princípio ativo nele presente. Os
b) Em seguida
sintomas podem variar, desde irritação da pele, até problemas
hormonais e o desenvolvimento de câncer.
c) Entretanto
Em 2007, pesquisadores descobriram, depois de realizarem um
levantamento, que a maioria dos estudos revela a associação
d) Logo
entre a exposição a agrotóxicos e o desenvolvimento de linfoma
não Hodgkin e leucemia.
e) Ou seja
Para as grávidas, o risco é dobrado. Pesquisadores apontam para
as fortes evidências que ligam o contato com pesticidas a Exercício 9
problemas durante a gestação, como a morte de fetos, defeitos de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
nascença, problemas de desenvolvimento neurológico, diminuição Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
do tempo de gestação e pouco peso do bebê.
O FIM DO LIVRO DE PAPEL
IV. Em “Mas esse amor só dura porque”, a conjunção grifada
Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em adiciona uma informação sobre o amor que as pessoas em geral
1427. Eram manuscritos lindos, que valiam cada um o preço de têm pelo livro de papel, introduzindo uma relação temporal entre
uma casa. Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de Gutenberg o quarto e o quinto parágrafo.
chegar às ruas. Depois dela, os livros deixaram de ser obras V. A coesão entre os parágrafos do texto constituiu-se por meio
artesanais exclusivas de milionários e viraram o que viraram. de conjunções adversativas e temporais, estabelecendo relações
Graças a uma novidade: a prensa de tipos móveis, que era capaz de oposição, de causa e consequência e de tempo.
de fazer milhares de cópias no tempo que um monge levava para
terminar um manuscrito. Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas
Foi uma revolução sem igual na história e blá, blá, blá. Só que
a) I, III e V.
uma revolução que já acabou. Há 10 anos, pelo menos. Quando a
internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria
b) II, III e IV.
uma borracha na história do papel impresso e começaria outra.
Mas aconteceu justamente o que ninguém esperava: nada. A
c) I, II e III.
internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros.
Muito pelo contrário. O 2o negócio online que mais deu certo
d) II, III e V.
(depois do Google) é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre
pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz sentido. Por
e) I, IV e V.
que o livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada
à internet, é tão arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas Exercício 10
de argila continua firme? (G1 - ifsp 2017) Conjunções são palavras que ligam orações
Você sabe por quê. Ler um livro inteiro no computador é independentes; elas podem apresentar ideias conclusivas,
insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e alternadas, explicativas, dependendo do contexto e conjunção
demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo utilizada. Observe a oração abaixo:
embalado num pacote portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia
de Gutenberg. Isso sem falar em outro ingrediente: quem gosta Joana estudou o ano inteiro, logo foi bem nas provas finais.
de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte tocar neles, sentir o
fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de fetiche. Assinale a alternativa cuja conjunção destacada apresenta a
Amor até. mesma função da conjunção destacada na oração.
Mas esse amor só dura porque ainda não apareceu nada melhor
a) Ele não respondeu às minhas cartas nem me telefonou.
que um livro para a atividade de ler um livro. Se aparecer… Se
aparecer, não: quando aparecer. Depois do CD, que já morreu, e
b) A mulher chamou o táxi, porém não foi ouvida.
do DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos, o livro
impresso é o próximo da lista.
c) Tudo foi executado conforme planejamos.

VERSIGNASSI, Alexandre. O fim do livro de papel. Disponível em:


d) Você me ajudou muito; terá, pois, minha eterna gratidão.
<https://super.abril.com.br/tecnologia/o-fim-do-livro-de-papel/>.
Acesso em: 06 out. 2017.
e) Viajarei mesmo que meus pais não autorizem.

Exercício 11
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
5. (G1 - ifpe 2018) Para estabelecer unidade de sentido, os APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA!
textos são construídos com recursos que permitem articulação
entre suas partes. Quanto à ligação entre os parágrafos do texto, Tenho sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia
analise as afirmativas abaixo. alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.
Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que
I. A relação entre o segundo e o primeiro parágrafos se vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do
estabelece por meio da elipse, pois o verbo “ser” em “Foi uma banheiro.
revolução sem igual na história” retoma a criação da prensa de Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e
tipos móveis descrita no primeiro parágrafo. trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era
II. O terceiro parágrafo é iniciado pela conjunção “mas”, que claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.
introduz uma ideia oposta à construída no parágrafo anterior: a Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu
superação do papel impresso pelo crescimento da internet, sendo endereço. Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já
assim, há uma quebra de expectativa. estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que
III. Com a afirmação “Você sabe por quê”, que inicia o quarto não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam
parágrafo, o autor mantém a continuidade textual por meio da mandar alguém assim que fosse possível.
resposta às questões retóricas que finalizaram o terceiro Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:
parágrafo. – Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não
precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da
escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas tentar mimetizar-se, falar com o menor sotaque possível, ficar
situações. O tiro fez um estrago danado no cara! invisível no horário do Pai Nosso diário.
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco Certamente todos conhecem esse sentimento de sentir-se
carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma estrangeiro, ficar de fora, de não ser tão autêntico quanto os
equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam outros, ou não ser escolhido para o que realmente importa. Na
isso por nada neste mundo. 3infância, tudo é grande demais, amedronta e entendemos

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo fragmentariamente, como recém-chegados. Na puberdade,
com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que perdemos a familiaridade com nossos familiares: o que antes
aquela era a casa do Comandante da Polícia.
parecia natural começa __________ soar como estrangeiro. 4Na
No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse: 5adolescência, sentimo-nos estranhos __________ quase tudo,
– Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.
andamos por aí enturmados com os da mesma idade ou estilo,
Eu respondi:
tendo apenas uns aos outros como cúmplices para existir.
– Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura
O fim desse desencontro deveria ocorrer no começo da vida
disponível.
adulta, quando trabalhamos, procriamos e tomamos decisões de

Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/OTQzODk4/. repercussão social. Finalmente 6deveríamos sentir-nos legítimos

Acesso em: 27/08/2015. Adaptado. (Autor desconhecido, mas há cidadãos da vida. 7Porém, julgamos ser uma fraude:
quem atribua a autoria a Luís Fernando Veríssimo.) 8imaginávamos que os adultos eram algo maior, mais consistente

do que sentimos ser. Logo em seguida disso, já começamos a


achar que perdemos o bonde da vida. O tempo nos faz
(Acafe 2016) Sobre o texto, é correto o que se afirma em: estrangeiros __________ própria existência.

a) O narrador deu dois telefonemas para a polícia: no primeiro, ele Uma das formas mais simples de combater todo esse 9mal-estar
falou a verdade, e a polícia respondeu supostamente com uma é encontrar outro para chamar de diferente, de inadequado.
10Quem pratica o bullying, quer seja entre alunos ou com os que
mentira; no segundo, contou uma mentira, e a polícia entrou em
contradição. têm hábitos e aparência distintos do seu, conquista
momentaneamente a ilusão da legitimidade. Quem discrimina
b) A oração “[...] que não perderiam isso por nada neste mundo” é arranja no grito e na violência um lugar para si.
ambígua, pois o pronome relativo “que” pode tanto retomar “uma Conviver com as diferentes cores de pele, interpretações dos
equipe de TV e a turma dos direitos humanos” quanto retomar gêneros, formas de amar e casar, vestimentas, religiões ou a falta
apenas “a turma dos direitos humanos”. delas, línguas faz com que todos sejam estrangeiros. Isso produz
a mágica sensação de inclusão universal: 11se formos todos
c) Em “Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do diferentes, ninguém precisa sentir-se excluído. Movimentos
Comandante da Polícia”, ocorre apenas um pronome, e esse migratórios misturam povos, a eliminação de barreiras de casta e
pronome retoma “o ladrão”. de preconceitos também. Já pensou que delícia se, no futuro,
entendermos que na vida ninguém é nativo. 12A existência de
d) Na frase “Esclareci que não e disseram-me que não havia cada um é como um barco em que fazemos um trajeto ao final do
nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar qual sempre partiremos sem as malas.
alguém assim que fosse possível”, todos os “quês” têm a mesma
função sintática, isto é, funcionam como conjunções integrantes. Texto adaptado de Diana Corso, publicado em 12 de setembro de
2015. Disponível em:
Exercício 12
<http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/09/12/artigo-somos-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
todos-estrangeiros/?topo=13,1,1,,,13>. Acesso em: 19 out. 2015
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões).

(G1 - ifsul 2016) As conjunções porém (ref. 7) e se (ref.11)


SOMOS TODOS ESTRANGEIROS
estabelecem, respectivamente, relações de

Volta e meia, em nosso mundo redondo, colapsa o frágil convívio a) condição e oposição.
1
entre os diversos modos de ser dos seus habitantes. Neste
momento, vivemos uma nova rodada 2dessas com os inúmeros b) concessão e oposição.

refugiados, famílias fugitivas de suas guerras civis e massacres.


c) oposição e concessão.
Eles tentam entrar na mesma Europa que já expulsou seus
famintos e judeus. Esses movimentos introduzem gente
destoante no meio de outras culturas, estrangeiros que chegam d) oposição e condição.
falando atravessado, comendo, amando e rezando de outras
Exercício 13
maneiras. Os diferentes se estranham.
Fui duplamente estrangeira, no Brasil por ser uruguaia, em ambos TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
os países e nas escolas públicas por ser judia. A instrução era O anjo Rafael
Machado de Assis a esse respeito considerações filosóficas. Importam-me bem
pouco as tais considerações.
Cansado da vida, descrente dos homens, desconfiado das Se me é lícito ter uma última vontade, quero que estas linhas
mulheres e aborrecido dos credores, 1o dr. Antero da Silva sejam publicadas no Jornal do Commercio. Os rimadores de
determinou um dia despedir-se deste mundo. ocasião encontrarão assunto para algumas estrofes.
Era pena. O dr. Antero contava trinta anos, tinha saúde, e podia, O dr. Antero releu o que tinha escrito, corrigiu em alguns lugares
se quisesse, fazer uma bonita carreira. Verdade é que para isso a pontuação, fechou o papel em forma de carta, e pôs-lhe este
fora necessário proceder a uma completa reforma dos seus sobrescrito: Ao mundo.
costumes. Entendia, porém, o nosso herói que o defeito não Depois carregou a arma; e, para rematar a vida com um traço de
estava em si, mas nos outros; cada pedido de um credor impiedade, a bucha que meteu no cano da pistola foi uma folha
inspirava-lhe uma apóstrofe contra a sociedade; julgava conhecer do Evangelho de S. João.
os homens, por ter tratado até então com alguns bonecos sem Era noite fechada. O dr. Antero chegou-se à janela, respirou um
consciência; pretendia conhecer as mulheres, quando apenas pouco, olhou para o céu, e disse às estrelas:
havia praticado com meia dúzia de regateiras do amor. – Até já.
O caso é que o nosso herói determinou matar-se, e para isso foi à E saindo da janela acrescentou mentalmente:
casa da viúva Laport, comprou uma pistola e entrou em casa, que – Pobres estrelas! Eu bem quisera lá ir, mas com certeza hão de
era à rua da Misericórdia. impedir-me os vermes da terra. Estou aqui, e estou feito um
Davam então quatro horas da tarde. punhado de pó. É bem possível que no futuro século sirva este
O dr. Antero disse ao criado que pusesse o jantar na mesa. meu invólucro para macadamizar a rua do Ouvidor. Antes isso; ao
– A viagem é longa, disse ele consigo, e eu não sei se há hotéis no menos terei o prazer de ser pisado por alguns pés bonitos.
caminho. Ao mesmo tempo que fazia estas reflexões, lançava mão da
Jantou com efeito, tão tranquilo como se tivesse de ir dormir a pistola, e olhava para ela com certo orgulho.
6– Aqui está a chave que me vai abrir a porta deste cárcere, disse
sesta e não o último sono. 2O próprio criado reparou que o amo
estava nesse dia mais folgazão que nunca. Conversaram ele.
alegremente durante todo o jantar. No fim dele, quando o criado 7Depois sentou-se numa cadeira de braços, pôs as pernas sobre a

lhe trouxe o café, Antero proferiu paternalmente as seguintes mesa, à americana, firmou os cotovelos, e segurando a pistola
palavras: com ambas as mãos, meteu o cano entre os dentes.
3– Pedro, tira de minha gaveta uns cinquenta mil-réis que lá Já ia disparar o tiro, quando ouviu três pancadinhas à porta.
estão, são teus. Vai passar a noite fora e não voltes antes da Involuntariamente levantou a cabeça. Depois de um curto silêncio
madrugada. repetiram-se as pancadinhas. O rapaz não esperava ninguém, e
– Obrigado, meu senhor, respondeu Pedro. era-lhe indiferente falar a quem quer que fosse. Contudo, por
– Vai. maior que seja a tranquilidade de um homem quando resolve
Pedro apressou-se a executar a ordem do amo. abandonar a vida, é-lhe sempre agradável achar um pretexto
O dr. Antero foi para a sala, estendeu-se no divã, abriu um para prolongá-la um pouco mais.
volume do Dicionário filosófico e começou a ler. O dr. Antero pôs a pistola sobre a mesa e foi abrir a porta.
Já então declinava a tarde e aproximava-se a noite. A leitura do
dr. Antero não podia ser longa. Efetivamente daí a algum tempo
levantou-se o nosso herói e fechou o livro. (G1 - ifce 2016) Em “Não tinha parentes, nem amigos a quem
Uma fresca brisa penetrava na sala e anunciava uma agradável deixar carta; entretanto, não queria sair deste mundo sem dizer a
noite. Corria então o inverno, aquele benigno inverno que os respeito dele a sua última palavra” (referência 5), o uso do ponto
fluminenses têm a ventura de conhecer e agradecer ao céu. e vírgula se justifica porque
4O dr. Antero acendeu uma vela e sentou-se à mesa para
a) indica um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.
escrever. 5Não tinha parentes, nem amigos a quem deixar carta;
entretanto, não queria sair deste mundo sem dizer a respeito dele
a sua última palavra. Travou da pena e escreveu as seguintes b) trata de sujeitos diferentes.
linhas:
Quando um homem, perdido no mato, vê-se cercado de animais c) anuncia uma enumeração.
ferozes e traiçoeiros, procura fugir se pode. De ordinário a fuga é
impossível. Mas estes animais meus semelhantes tão traiçoeiros e d) alonga a pausa de conjunções adversativas, substituindo,
ferozes como os outros, tiveram a inépcia de inventar uma arma, assim, a vírgula.
mediante a qual um transviado facilmente lhes escapa das unhas.
É justamente o que vou fazer. e) separa orações coordenadas não unidas por conjunção, que
Tenho ao pé de mim uma pistola, pólvora e bala; com estes três guardem relação entre si.
elementos reduzirei a minha vida ao nada. Não levo nem deixo
Exercício 14
saudades. Morro por estar enjoado da vida e por ter certa
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
curiosidade da morte.
Provavelmente, quando a polícia descobrir o meu cadáver, os
jornais escreverão a notícia do acontecimento, e um ou outro fará
volume de recursos financeiros e humanos para conter o avanço
da doença.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

a) proporcionalidade / concessão / conformidade / condição

b) temporalidade / concessão / causalidade / proporcionalidade

c) consequência / concessão / causalidade /condição

d) consequência / finalidade / concessão / temporalidade


O Lutador
Exercício 16
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Lutar com palavras
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
é a luta mais vã
Entanto lutamos
BRASI DE CIMA E BRASI DE BAXO (Fragmento)
mal rompe a manhã
(...)
Meu compadre Zé Fulô,
Lutar com palavras
Meu amigo e companhêro,
parece sem fruto.
Faz quage um ano que eu tou
Não têm carne e sangue…
Neste Rio de Janêro;
Entretanto, luto.
Eu saí do Cariri
Maginando que isto aqui
Palavra, palavra
Era uma terra de sorte,
(digo exasperado),
Mas fique sabendo tu
se me desafias,
Que a miséra aqui no Su
aceito o combate.
É esta mesma do Norte.

Tudo o que procuro acho.


(Carlos Drummond de Andrade)
Eu pude vê neste crima,
Que tem o Brasi de Baxo
E tem o Brasi de Cima.
Brasi de Baxo, coitado!
(Espm 2016) As conjunções adversativas “entanto” e “en­-
É um pobre abandonado;
tretanto” só não podem ser substituídas por:
O de Cima tem cartaz,
a) mas Um do ôtro é bem deferente:
Brasi de Cima é pra frente,
b) porém Brasi de Baxo é pra trás.

c) embora Aqui no Brasil de Cima,


Não há dô nem indigença,
d) todavia Reina o mais soave crima
De riqueza e de opulença;
e) contudo Só se fala de progresso,
Riqueza e novo processo
Exercício 15
De grandeza e produção.
(Acafe 2015) As conjunções destacadas em negrito nas frases
Porém, no Brasi de Baxo
abaixo expressam, respectivamente, relações de:
Sofre a feme e sofre o macho
A mais dura privação.
( ) Assim que receber os livros, vou deixá-los à venda na
Livraria Letras Finas.
Brasi de cima festeja
( ) Embora tenhamos boas intenções, nossos atos, às vezes,
Com orquestra e com banquete,
são mal compreendidos.
De uísque dréa e cerveja
( ) Visto que o dinheiro não foi suficiente para concluir a obra
Não tem quem conte os rodete.
em conformidade com o plano inicial, os sócios optaram por
Brasi de baxo, coitado!
abandonar o projeto de construir um novo modelo de barco.
Vê das casa despejado
( ) À medida que novos casos de contaminação foram
Home, menino e muié
comprovados, o governo foi impelido a disponibilizar um maior
Sem achá onde morá
Proque não pode pagá (ASSARÉ, Patativa do. Melhores poemas. Seleção de Cláudio
O dinhêro do alugué. Portella. São Paulo: Global, 2006. p.329-332)

No Brasi de Cima anda


As trombeta em arto som (G1 - ifpe 2014) No que diz respeito às conjunções coordenativas
Ispaiando as propaganda grifadas nos versos “[...] Porém, no Brasi de Baxo / Sofre a feme e
De tudo aquilo que é bom. sofre o macho [...] / Sem achá onde morá / Proque não pode pagá
No Brasi de Baxo a fome [...] Não se afrija, nem se afobe, [...]”, é correto afirmar que estas
Matrata, fere e consome exercem, respectivamente, os seguintes valores semânticos:
Sem ninguém lhe defendê;
a) Explicação, adversidade, explicação, adição.
O desgraçado operaro
Ganha um pequeno salaro
b) Adversidade, adição, explicação, adversidade.
Que não dá pra vivê.

c) Adição, alternância, conclusão, adição.


Inquanto o Brasi de cima
Fala de transformação,
d) Conclusão, adição, explicação, adversidade.
Industra, matéra-prima,
Descobertas e invenção,
e) Adversidade, adição, explicação, adição.
No Brasi de Baxo isiste
O drama penoso e triste Exercício 17
Da negra necissidade; TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
É uma coisa sem jeito Quando o falante de uma língua depara um conjunto de duas
E o povo não tem dereito palavras, intuitivamente é levado a sentir entre elas uma relação
Nem de dizê a verdade. sintática, mesmo que estejam fora de um contexto mais
esclarecedor.
No Brasi de Baxo eu vejo Assim, além de captar o sentido básico das duas palavras, o
Nas ponta das pobre rua receptor atribui-lhes uma gramática – formas e conexões. Isso
O descontente cortejo acontece porque ele traz registrada em sua mente toda a sintaxe,
De criança quage nua. todos os padrões conexionais possíveis em sua língua, o que o
Vai um grupo de garoto torna capaz de reconhecê-los e identificá-los. As duas palavras
Faminto, doente e roto não estão, para ele, apenas dispostas em ordem linear: estão
Mode caçá o que comê organizadas em uma ordem estrutural.
Onde os carro põe o lixo, A diferença entre ordem estrutural e ordem linear torna-se clara
Como se eles fosse bicho se elas não coincidem, como nesta frase que um aluno criou em
Sem direito de vivê. aula de redação, quando todos deviam compor um texto para
outdoor, sobre uma fotografia da célebre cabra de Picasso: “Beba
Estas pequenas pessoa, leite de cabra em pó!”. Como todos rissem, o autor da frase
Estes fio do abandono, emendou: “Beba leite em pó de cabra!”.
Que veve vagando à toa Pior a emenda do que o soneto.
Como objeto sem dono,
De manêra que horroriza, (Flávia de Barros Carone. Morfossintaxe, 1986. Adaptado.)
Deitado pela marquiza,
Dromindo aqui e aculá
No mais penoso relaxo, (Unifesp 2013) Considere as seguintes passagens do texto:
É deste Brasi de Baxo
A crasse dos Marginá. — [...] é levado a sentir entre elas uma relação sintática, mesmo
que estejam fora de um contexto mais esclarecedor.
Meu Brasi de Baxo, amigo, — Como todos rissem, o autor da frase emendou [...].
Pra onde é que você vai?
Nesta vida do mendigo As conjunções destacadas expressam, respectivamente, relação
Que não tem mãe nem tem pai? de
Não se afrija, nem se afobe,
a) alternância e conformidade.
O que com o tempo sobe,
O tempo mesmo derruba;
b) conclusão e proporção.
Tarvez ainda aconteça
Que o Brasi de Cima desça
c) concessão e causa.
E o Brasi de Baxo suba.
[...]
d) explicação e comparação.
Padre Silvestre recebeu-me friamente. Depois da revolução de
e) adição e consequência. outubro, tornou-se uma fera, exige devassas rigorosas e castigos
para os que não usaram lenços vermelhos. Torceu-me a cara. (...)
Exercício 18 Afastei-o da combinação e concentrei as minhas eperanças em
(G1 - cftsc 2010) Analise os textos abaixo:
Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, periodista de boa índole e que
escreve o que lhe mandam.
Texto 1
Trabalhamos alguns dias. (...)
A princípio tudo correu bem, não houve entre nós nenhuma
divergência. A conversa era longa, mas cada um prestava atenção
às próprias palavras, sem ligar importância ao que o outro dizia.
Eu por mim, entusiasmado com o assunto, esquecia
constantemente a natureza de Gondim e chegava a considerá-lo
uma espécie de folha de papel destinada a receber as ideias
confusas que me fervilhavam na cabeça.
O resultado foi um desastre. Quinze dias depois do nosso
Texto 2 primeiro encontro, o redator do Cruzeiro apresentou-me dois
capítulos datilografados, tão cheios de besteiras que me zanguei:
-Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está
pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa
forma!
Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os
cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um
Assinale a alternativa correta. artista não pode escrever como fala.
a) No texto 2, se o fabricante de margarina, para se referir a peso, -Não pode? perguntei com assombro. E por quê?
usasse a língua na sua norma culta, deveria escrever no rótulo: Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.
“quinhentos gramas”. - Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, Seu
Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente,
b) No texto 1, na expressão "amigos cachorros", a palavra mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse
"amigos" exerce a função de adjetivo. escrever como falo, ninguém me lia.
(RAMOS, Graciliano. São Bernardo. São Paulo: Martins, 1969.)
c) Em "... colocaram quinhentas gramas na embalagem", o
verbo "colocar" está conjugado no pretérito imperfeito do modo TEXTO II
indicativo.
LEITURA E ESCRITA COMO EXPERIÊNCIA - O AVESSO
d) Em "Se você tem se decepcionado...", o primeiro "Se" e o
segundo "se" são conjunções subordinativas condicionais. Quando penso na leitura como experiência (na escola, na sala de
aula ou fora delas), refiro-me a momentos em que fazemos
e) Em "com tantas gramas", a palavra "gramas" é um numeral. comentários sobre livros ou revistas que lemos, trocando,
negando, elogiando ou criticando, contando mesmo. Enfim,
Exercício 19 situações em que - tal como uma viagem, uma aventura - fale-se
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: de livros e de histórias, contos, poemas ou personagens,
TEXTO I compartilhando sentimentos e reflexões, plantando no ouvinte a
coisa narrada, criando um solo comum de interlocutores, uma
Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do comunidade, uma coletividade. O que faz da leitura uma
trabalho. experiência é entrar nessa corrente em que a leitura é partilhada
Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa e, tanto quem lê, quanto quem propiciou a leitura ao escrever,
vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras aprendem, crescem, são desafiados.
nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações Defendo a leitura da literatura, da poesia, de textos que têm
latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a dimensão artística, não por erudição. Não é o acúmulo de
sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a informação sobre clássicos, sobre gêneros ou sobre estilos,
composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, escolas ou correntes literárias que torna a leitura uma
redator e diretor do Cruzeiro. Eu traçaria o plano, introduziria na experiência, mas sim o modo de realização dessa leitura: se é
história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e capaz de engendrar uma reflexão para além do seu momento em
poria o meu nome na capa. (...) que acontece; se é capaz de ajudar a compreender a história
Mas o otimismo levou água na fervura, compreendi que não nos vivida antes e sistematizada ou contada nos livros.
entendíamos. (KRAMER, Sônia. In: ZACCUR, Edwiges (org.). A magia da
João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com linguagem. Rio de Janeiro: DP&A: SEPE, 1999.)
períodos formados de trás para diante. Calculem.
pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou
(Uerj 2004) Defendo a leitura da literatura, da poesia, de textos ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes.
que têm dimensão artística, NÃO POR ERUDIÇÃO. (texto II) Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias
cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no
a) Embora o trecho destacado não se inicie por conectivo, seria passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário
possível acrescentar-lhe conjunção, preservando a relação de conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para
sentido com o conjunto da frase. o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria
Aponte duas conjunções diferentes que, no mesmo contexto, novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os
poderiam introduzir o trecho em destaque. Indique também o tipo frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução
de relação de sentido que estas conjunções estabelecem na frase. que involuntariamente causou.
b) De acordo com a argumentação desenvolvida pela autora, Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo
justifique a presença da forma negativa no trecho destacado. suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentário).
Embora na época fosse relativamente fácil publicar um
Exercício 20
manuscrito, Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando
(Fgv 2002) Observe os períodos a seguir e escolha a alternativa
apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava
correta em relação à ideia expressa, respectivamente, pelas
piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas aqueles que
conjunções ou locuções SEM QUE, POR MAIS QUE, COMO,
eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à
CONQUANTO, PARA QUE.
astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria.
1. Sem que respeites pai e mãe, não serás feliz. Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de
2. Por mais que corresse, não chegou a tempo. alguém que fora educado durante anos dentro da tradição
3. Como não tivesse certeza, preferiu não responder. humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o
4. Conquanto a enchente lhe ameaçasse a vida, Gertrudes negou-
clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão “perigosas”
se a abandonar a casa.
eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas
5. Mandamos colocar grades em todas as janelas para que as
próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica?
crianças tivessem mais segurança.
Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que
a) Condição, concessão, causa, concessão, finalidade. realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas
ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico
b) Concessão, causa, concessão, finalidade, condição. são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas.

c) Causa, concessão, finalidade, condição, concessão. (A dança do universo, 2006. Adaptado.)

d) Condição, finalidade, condição, concessão, causa.

e) Finalidade, condição, concessão, causa, concessão. (Unesp 2019) Em “Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou
potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem
Exercício 21 como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial” (1º
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 5 QUESTÕES: parágrafo), a locução conjuntiva sublinhada pode ser substituída,
Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro sem prejuízo para o sentido do texto, por:
Marcelo Gleiser, para responder à(s) questão(ões) a seguir.
a) À medida que.
b) Ainda que.
c) Desde que.
Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade.
d) Visto que.
Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente)
e) A menos que.
revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou
não acreditam no seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar
Exercício 22
sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou
Leia o artigo “Pó de pirlimpimpim”, do neurocientista brasileiro
manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção. O
Sidarta Ribeiro.
mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.
Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo poderoso,
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da
pois o cérebro sem informação é pouco mais que estofo de
história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no macela1. Emília, a sabida boneca de Monteiro Lobato, aprendeu a
centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que falar copiosamente após engolir uma pílula, adquirindo de
suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de supetão todo o vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No
críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta
filme Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o
no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito
personagem Neo descobrir que todo o mundo em que sempre
com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma
viveu não passa de uma simulação chamada Matriz, dentro da
platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes,
qual é possível programar qualquer coisa. Poucos instantes
Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol
depois de se conectar a um computador, Neo desperta e profere
passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o
estupefato: “I know kung fu”.
Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos
Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de carne e osso,
vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O aprendizado A VOZ: Um moço que parece estudante?
de comportamentos complexos é difícil e demorado, pois requer a MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala.
alteração massiva de conexões neuronais. Há consenso hoje em A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé?
dia de que o conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura
padrões de ativação de vastas redes neuronais, impossibilitando a como tua mãe!
aquisição instantânea de memórias intrincadas. A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando
Mas nem sempre foi assim. Há meio século, experimentos madrugar iremos procurar.
realizados na Universidade de Michigan pareciam indicar que as OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço
planárias, vermes aquáticos passíveis de condicionamento o burro...
clássico, eram capazes de adquirir, mesmo sem treinamento, MACÁRIO: E minha mala?
associações estímulo-resposta por ingestão de um extrato de A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!...
planárias já condicionadas. O resultado, aparentemente MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (atira com uma cadeira no
revolucionário, sugeria que os substratos materiais da memória chão)
são moléculas. Contudo, estudos posteriores demonstraram que O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro?
a ingestão de planárias não condicionadas também acelerava o MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu...
aprendizado, revelando um efeito hormonal genérico, O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o
independente do conteúdo das memórias presentes nas planárias chamareis...
ingeridas. MACÁRIO: Porém a raiva...
A ingestão de memórias é impossível porque elas são estados O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Senti
complexos de redes neuronais, não um quantum de significado alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa de vinho?
como a pílula da Emília. Por outro lado, é sim possível acelerar a MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda
consolidação das memórias por meio da otimização de variáveis imensa, irreparável... era o meu cachimbo...
fisiológicas envolvidas no processo. Uma linha de pesquisa O DESCONHECIDO: Fumais?
importante diz respeito ao sono, cujo benefício à consolidação de MACÁRIO: Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola
memórias já foi comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me
publicaram um estudo sobre os efeitos mnemônicos da pergunteis se fumo!
estimulação cerebral com ondas lentas (0,75 Hz) aplicadas O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo
durante o sono por meio de um estimulador elétrico. Os primoroso.
resultados mostraram que a estimulação de baixa frequência é [...]
suficiente para melhorar o aprendizado de diferentes tarefas. Ao MACÁRIO: E vós?
que parece, as oscilações lentas do sono são puro pó de O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (tira outro
pirlimpimpim. cachimbo e fuma)
(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.) MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso
nome?
1macela: planta herbácea cujas flores costumam ser usadas pela O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?
população como estofo de travesseiros. MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois
eu sou um estudante. Vadio ou estudioso, talentoso ou estúpido,
(Unesp 2022) Em “Contudo, estudos posteriores demonstraram pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito
que a ingestão de planárias não condicionadas também acelerava Romano. Amo as mulheres e odeio o romantismo.
o aprendizado” (3º parágrafo), o termo sublinhado pode ser O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão)
substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por: MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um
poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto
a) Por conseguinte.
ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas,
b) Inclusive.
acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma
c) Todavia.
cantiga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a
d) Além disso.
fazer morrer de sono.
e) Conquanto.
O DESCONHECIDO: E a poesia?
Exercício 23 MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão
Leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo. do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se em moeda de cobre; não há
MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa! mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém
UMA VOZ (de fora): Senhor! azinhavrado1. Entendeis-me?
MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui... O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou- se
A VOZ: O burro? vulgar e comum. Antigamente faziam-na para o povo; hoje o povo
MACÁRIO: A mala, burro! fá-la... para ninguém...
A VOZ: A mala com o burro? (Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.)
MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na
cerca. 1azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se
A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro? forma na superfície dos objetos de cobre ou latão, resultante da
MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro. corrosão destes quando expostos ao ar úmido).
alívio para os césares. A história, porém, orgulhosa de quem a
resgatou, não deixa que sua voz se cale.”
(Unesp 2022) “MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e (Nicolau Sevcenko, O outono dos césares e a primavera da
tragam-ma aqui... história.
A VOZ: O burro? Revista da USP, São Paulo, n. 54, p. 30-37, jun-ago 2002.)
MACÁRIO: A mala, burro!
A VOZ: A mala com o burro? a) No último período do texto, há uma ocorrência do conectivo
MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na “porém”. Que argumentos do texto são articulados por esse
cerca.” conectivo?
b) Apresente o argumento que embasa a posição atribuída a
(Unesp 2022) “Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela Euclides da Cunha em relação ao lema da Bandeira Nacional.
mão do rico, ia muito bem.”
Em relação à oração que o sucede, o trecho sublinhado expressa
noção de

a) tempo.
b) comparação.
c) concessão.
d) causa.
e) condição.

Exercício 24
(Unicamp 2016) Em ensaio publicado em 2002, Nicolau
Sevcenko discorre sobre a repercussão da obra de Euclides da
Cunha no pensamento político nacional.
“Acima de tudo Euclides exaltava o papel crucial do
agenciamento histórico da população brasileira. Sua maior aposta
para o futuro do país era a educação em massa das camadas
subalternas, qualificando as gentes para assumir em suas
próprias mãos seu destino e o do Brasil. Por isso se viu em
conflito direto com as autoridades republicanas, da mesma forma
como outrora lutara contra os tiranetes da monarquia. Nunca
haveria democracia digna desse nome enquanto prevalecesse o
ambiente mesquinho e corrupto da ‘república dos medíocres’(...).
Gente incapaz e indisposta a romper com as mazelas deixadas
pelo latifúndio, pela escravidão e pela exploração predatória da
terra e do povo. (...) Euclides expôs a mistificação republicana de
uma ‘ordem’ excludente e um ‘progresso’ comprometido com o
legado mais abominável do passado. Sua morte precoce foi um

GABARITO
a) Em ambos os casos, as frase são constituídas de orações
Exercício 1
assindéticas que sugerem a rapidez das ações efetuadas pelo
Apesar de se tratar de conjunções temporais, há diferença de sujeito de cada uma. Na primeira frase, a ação de chegar é
sentido entre elas: “enquanto” indica que já existem quase simultânea à de mandar e, na segunda, o ato de vencer
sacerdotes respeitáveis; já “quando” indica que ainda não há é quase imediato ao de vir e ver.
outros sacerdotes respeitáveis.
O efeito de sentido é irônico, pois o conde de Ribamar crê b) [I] Assim que mandou, chegou.
haver padres idôneos em Portugal, e a leitura da obra indica [II] Mal vim, logo vi e venci.
exatamente o oposto desse pensamento.
Exercício 3
Exercício 2
a)
I. "CASO O PRODUTO NÃO SEJA CORRETAMENTE Exercício 11
UTILIZADO".
a) O narrador deu dois telefonemas para a polícia: no primeiro,
II. "SE ELE CONTIVER MENOS DE 60% DE SEU CONTEÚDO."
ele falou a verdade, e a polícia respondeu supostamente com
uma mentira; no segundo, contou uma mentira, e a polícia
b)
entrou em contradição.

III. As despesas de transporte ou quaisquer ônus decorrentes


do envio do produto para troca correm por conta do usuário. Exercício 12

Exercício 4 d) oposição e condição.

a) 1) Por favor, não me tome por um cético, pois as evidências Exercício 13


me deixam totalmente convencido de que as mudanças
d) alonga a pausa de conjunções adversativas, substituindo,
climáticas são reais e graves.
assim, a vírgula.
2) Os gases que estão provocando o aquecimento da Terra
vêm se acumulando há centenas de anos e não vão
desaparecer facilmente. Exercício 14
3) [...] Como a concentração de gases que provocam o efeito
c) embora
estufa continuará a elevar-se por décadas, o aquecimento
global já está inscrito no futuro da Terra.
4) Na verdade, é quase certo que haverá uma emissão de
Exercício 15
carbono consideravelmente maior, pois maioria dos estudos
prevê que o consumo de energia no mundo vai dobrar até b) temporalidade / concessão / causalidade / proporcionalidade
2050.

b) 1. explicação
Exercício 16
2. adição
3. causa e) Adversidade, adição, explicação, adição.
4. causa
Exercício 17
Exercício 5
c) concessão e causa.
a) Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir,
foi rapidamente fagocitada pela inveja. [explicação]
Exercício 18

a) No texto 2, se o fabricante de margarina, para se referir a


Exercício 6 peso, usasse a língua na sua norma culta, deveria escrever no
a) A palavra “até”, no quarto verso, recebe acento gráfico pelo rótulo: “quinhentos gramas”.
mesmo motivo de “dá”, no segundo verso.

Exercício 7 Exercício 19

b) Em “Se você encontrar um integrante de uma tribo Dothraki, a) - Mas, porém


é uma boa ideia saudá-lo com um respeitoso - Sentido de oposição
‘m’athchomaroon’” (1º parágrafo), a conjunção destacada
introduz uma relação de condição, ajudando a criar uma ideia b) A autora valoriza o ato de ler como experiência ou vivência.
de possibilidade no enunciado.
Exercício 20

a) Condição, concessão, causa, concessão, finalidade.


Exercício 8

d) Logo
Exercício 21

b) Ainda que.
Exercício 9
Exercício 22
c) I, II e III.
c) Todavia.

Exercício 10 Exercício 23

d) Você me ajudou muito; terá, pois, minha eterna gratidão. a) tempo.

Exercício 24
a) A conjunção coordenativa adversativa “porém” estabelece escravidão e pela exploração predatória da terra e do povo”.
relação de oposição entre a posição reformista dos b) Segundo Euclides da Cunha, os termos “ordem” e
republicanos, que discordavam das teses de Euclides da “progresso” que constituem o lema político do Positivismo,
Cunha, e o julgamento histórico que viria a dar razão às críticas cujos ideais visavam à busca de condições sociais básicas
escritor. Segundo o autor, não haveria condições para a através do respeito aos seres humanos, não eram respeitados
instalação da democracia enquanto um sistema alicerçado na pelos republicanos. Na verdade, da mesma forma que o
exploração do trabalhador do campo e na destruição da terra sistema monárquico anterior, a República continuava a mesma
não fosse erradicado do país: “Gente incapaz e indisposta a prática de exploração do povo, relegando-o à exclusão social
romper com as mazelas deixadas pelo latifúndio, pela ou submetendo-o a meios de sobrevivência indignos.
2020 - 2022
ANÁLISE SINTÁTICA
ANÁLISE SINTÁTICA
Em análise sintática você vai estudar as regras que regem a posição dos elementos nas
frases e orações.

Este módulo é composto pelas seguintes apostilas:

1. Sujeito e Objeto Direto


2. Objeto Indireto e Adjunto Adverbial
3. Verbos Intransitivo e Transitivos
4. Verbo de Ligação
5. Predicativo do Sujeito e do Objeto
6. Complemento Nominal e Adjunto Adnominal
7. Aposto e Vocativo
8. Voz Passiva Analítica
9. Voz Passiva Sintética Reflexiva
10. Concordância Verbal | Regra Geral
11. Concordância Verbal | Casos Especiais
SUJEITO E OBJETO DIRETO

SUJEITO
O sujeito é uma das partes fundamentais da oração, e deve concordar com o verbo ou
locução verbal em número e pessoa. Há, entretanto, orações sem sujeito, como veremos
a seguir.

Tipos de sujeito
Sujeito simples: possui apenas um núcleo — mesmo quando o verbo está no plural.

f Eu lhe telefonarei mais tarde. (Sujeito: eu)


f Os meninos correram muito no treino. (Sujeito: os meninos)
f Muitos insetos foram encontrados na mata. (Sujeito: muitos insetos)
f Ninguém perguntou por você. (Sujeito: ninguém)

Sujeito composto: possui dois ou mais núcleos.

f Eduardo e Mônica se conheceram na festa. (Sujeito: Eduardo e Mônica)


f As crianças, os adolescentes e os adultos feridos foram socorridos.
(Sujeito: as crianças, os adolescentes e os adultos)

Sujeito oculto ou elíptico: não está expresso na oração, mas pode ser inferido a partir
da conjugação do verbo.

f Cheguei mais cedo ao trabalho. (Sujeito oculto: eu)


f Comemos as sobras do jantar. (Sujeito oculto: nós)
f Ana tinha 18 anos. Trabalhava como garçonete. (Sujeito oculto na segunda
oração: Ana, mencionado anteriormente)

Sujeito indeterminado: não está expresso na oração e não pode ser inferido a partir da
conjugação do verbo. Acontece com verbos na terceira pessoa do plural e verbos com
o pronome “se”, chamado de índice de indeterminação do sujeito.

f Chamaram a ambulância rapidamente.


f Procura-se carpinteiro.

www.biologiatotal.com.br 3
Orações sem sujeito
Sujeito e Objeto Direto

Estas são as situações em que uma oração não apresenta sujeito:

f Com verbos que indicam fenômenos da natureza

f Choveu mais do que o esperado.


f Ventava tanto que meu boné saiu voando.

f Com os verbos “ser, estar, fazer, haver” indicando passagem de tempo

f É tarde para lamentar-se. / Está tarde para lamentar-se.


f Faz cinco anos que ela se formou.

f Com o verbo “haver” no sentido de “existir”


f Há males que vêm para bem.
f Havia nove alunos na classe.

OBJETO DIRETO
O objeto direto é um complemento verbal, vindo após o verbo transitivo direto sem o
uso de preposição.

f Lúcia ama animais. (“Animais” é objeto direto)

f Comprei um livro novo ontem. (“Livro” é objeto direto)

f Chamei-a para a festa. (O pronome oblíquo “a” é objeto direto)

Os pronomes oblíquos “o”, “a”, “os”, “as” e suas variações são sempre objetos diretos.

Objeto direto preposicionado


O objeto direto pode aparecer precedido de preposição para tornar a oração mais clara
ou por questão de estilo. Observe:

f Cumpriu com o prometido. (“O prometido” é objeto direto precedido da


preposição “com”)
f A pessoa a quem amo não sabe disso. (“Quem” é objeto direto precedido
da preposição “a”)

ANOTAÇÕES

4
OBJETO INDIRETO E ADJUNTO
ADVERBIAL
OBJETO INDIRETO
O objeto indireto é um complemento verbal que vem após o verbo transitivo indireto
e requer preposição.

f Gosto muito de filmes. (“De filmes” é objeto indireto)


f Vamos logo falar com ele. (“Com ele” é objeto indireto)
f Não desobedeça aos mais velhos. (“Aos mais velhos” é objeto indireto)
f Contou-lhe tudo que sabia. (“Lhe” é objeto indireto)

Os pronomes oblíquos “lhe” e “lhes” são sempre objeto indireto.

Os pronomes oblíquos “me”, “te”, “se”, “nos” e “vos” podem ser objeto direto ou indireto,
dependendo da oração.

Alguns verbos são transitivos diretos e indiretos, necessitando de ambos os objetos


como complementos. Observe:

f Dei-lhes as instruções. (“As instruções” é objeto direto e “lhes” é objeto


indireto)
f O garçom ofereceu suco à senhora. (“Suco” é objeto direto e “à senhora”
é objeto indireto)

Adjunto adverbial
O adjunto adverbial é um termo acessório (não fundamental) da oração, que indica uma
circunstância e modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Pode ser expresso
por um advérbio ou locução adverbial.

O adjunto adverbial tem várias classificações, entre elas:

Adjunto adverbial de tempo


f Chegaram atrasados ontem.
f O evento acabará tarde.
f Não sabemos ainda o que causou o acidente.

Adjunto adverbial de lugar


f Ela mora longe daqui.

www.biologiatotal.com.br 1
f Você já procurou as chaves dentro da gaveta?
Sujeito e Objeto Direto

f Estavam embaixo da bolsa.

Adjunto adverbial de modo


f É melhor não nos atrasarmos.
f Infelizmente, não se saiu bem na recuperação.

Adjunto adverbial de intensidade


f Falava pouco com os colegas.
f Ela sabia viver intensamente.

Adjunto adverbial de negação


f Não nos conhecemos antes da festa.
f Nunca haviam se encontrado.

Adjunto adverbial de afirmação


f Certamente estarei lá para prestigiá-lo.

Adjunto adverbial de dúvida


f Talvez não possa comparecer ao evento.
f Provavelmente irá se arrepender do que disse.

Adjunto adverbial de finalidade


f Estudou bastante para a prova. (No caso, “bastante” é outro adjunto
adverbial, mas de intensidade)
f Saí cedo a fim de não pegar trânsito.

Adjunto adverbial de matéria


f A boneca de pano era seu brinquedo favorito.

Adjunto adverbial de meio


f Viajamos de carro até a praia.

Adjunto adverbial de concessão


f Apesar de estar chovendo, ainda quero passear.
f Fomos ao evento, todavia ela não se divertiu.

Adjunto adverbial de argumento


f Basta de malcriação!

2
Adjunto adverbial de companhia

Sujeito e Objeto Direto


f Comemoramos a aprovação com um brinde.
f Comemoramos a aprovação com nossos amigos.

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 3
VERBOS INTRANSITIVOS
E TRANSITIVOS
Já aprendemos que todas as orações precisam de pelo menos um verbo. Os verbos, por
outro lado, podem ter sentido completo sozinhos ou podem precisar de complementos.
Isso é a transitividade do verbo.

Um verbo intransitivo ou de predicação completa é aquele que não precisa de


complemento para fazer sentido. Observe alguns exemplos no poema de Carlos
Drummond de Andrade:

“(…) A festa acabou,


A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou.
E agora, José?”

Veja mais alguns exemplos:

“Três contos bastavam, insistiu ele” (Machado de Assis)


“O padre apareceu e logo o burburinho cessou” (Coelho Neto)

Os verbos intransitivos podem vir acompanhados de advérbio, que modificam o sentido


do verbo mas são termos acessórios.

Uma dica: as orações com verbos intransitivos não podem ser passadas para a voz
passiva. Por exemplo, não se pode dizer: “Eram bastados três contos”.

Verbos transitivos
Os verbos que necessitam de um ou mais complementos são verbos de predicação
incompleta ou verbos transitivos. De acordo com os complementos de que eles
necessitam, são classificados em:

Transitivos diretos
São os verbos que precisam de complementos que não são introduzidos por preposição.

“Simão Bacamarte não o contrariou” (Machado de Assis) - No caso, o


complemento é o pronome “o”, que equivale a “ele”.

www.biologiatotal.com.br 1
Construíram a casa em tempo recorde. - O complemento é “a casa”.
Verbos Intransitivos e Transitivos

Pagamos a dívida ontem. - O complemento é “a dívida”.

Transitivos indiretos
São os verbos que precisam de complementos que são introduzidos por preposição.

“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e neutros” (Érico Veríssimo)


- O complemento é “à cena”.

“Nem nos sonhos cheguei a aspirar a tal emprego” (Ciro dos Anjos) - O
complemento é “a tal emprego”.

“As coisas obedeciam ao seu tempo regular” (Rachel de Queiroz) - O complemento


é “ao seu tempo regular”.

O esforço contribuiu para seu sucesso. - O complemento é “para seu sucesso”.

Transitivos diretos e indiretos


São os verbos que precisam de dois complementos: um introduzido por preposição e
outro sem preposição.

Deu esmolas aos pobres. - “Esmolas” é complemento sem preposição e “aos


pobres” é complemento com preposição.

Oferecemos flores à professora. - “Flores” é complemento sem preposição e “à


professora” é complemento com preposição.

Ensinei-lhe a tabuada. - “A tabuada” é complemento sem preposição e “lhe” é


complemento com preposição, equivalente a “a ele/ela”.

Não se esqueça de que a classificação dos verbos dependerá sempre do contexto.


Assim, um verbo que é transitivo direto numa oração pode ser transitivo indireto ou
intransitivo em outra oração.

ANOTAÇÕES

2
VERBOS DE LIGAÇÃO E
PREDICATIVOS
Ainda dentro do tema da predicação verbal, temos os verbos de ligação. Como o nome
demonstra, eles ligam o sujeito a uma característica deste. Veja os exemplos:

f A Terra é redonda. - “Redonda” é característica, “é” é verbo de ligação.


f Os meninos tornaram-se rebeldes. - “Rebeldes” é característica,
“tornaram-se” é verbo de ligação.
f Tudo que falamos é verdade. - “Verdade” é característica, “é” é verbo de
ligação.
f As meninas pareciam tristes. - “Tristes” é característica, “pareciam” é
verbo de ligação.
f O professor ficou bravo. - “Bravo” é característica, “ficou” é verbo de
ligação.

Predicativo do sujeito
O verbo de ligação liga o sujeito a uma característica dele. Esta característica é o
predicativo do sujeito. Note que não são apenas adjetivos que funcionam como
predicativos do sujeito:

f “A vida é a arte do encontro.” (Vinicius de Moraes) - O substantivo “arte”


é predicativo do sujeito.
f A mesa era de mármore. - “De mármore” é predicativo do sujeito.
f Os premiados foram dois. - O numeral “dois” é predicativo do sujeito.
f As crianças estavam com fome. - “Com fome” é predicativo do sujeito.
f Viver é respeitar os outros. - O verbo “respeitar” é predicativo do sujeito.

Predicativo do objeto
O verbo de ligação pode também ligar o objeto a uma característica dele. Neste caso,
a característica é chamada de predicativo do objeto. Tanto o objeto direto quanto o
indireto podem ter predicativo, embora ele seja bem mais comum com objetos diretos.

f O juiz declarou o réu inocente. - “Réu” é objeto e “inocente” é seu


predicativo.
f Os professores consideram Maria inteligente. - “Maria” é objeto e
“inteligente” é seu predicativo.
f Julgo inoportuna essa viagem. - “Viagem” é objeto e “inoportuna” é seu
predicativo.
f “E até embriagado o vi muitas vezes”. (Camilo Castelo Branco) - O pronome

www.biologiatotal.com.br 1
“o” é objeto e “embriagado” é seu predicativo.
Sujeito e Objeto Direto

f Chamaram-lhe de impostor. - O pronome “lhe” é objeto e “de impostor” é


seu predicativo.

ANOTAÇÕES

2
TIPOS DE PREDICADO

A oração é composta de um sujeito e um predicado, com poucas exceções. Os


predicados podem ser classificados como:

PREDICADO VERBAL
O núcleo do predicado verbal é um verbo. Este predicado pode apresentar outros
termos, como advérbios e complementos verbais.

As encomendas chegaram. - Núcleo é “chegaram”

Hoje a aula começou mais cedo. - Núcleo é “começou”

Nós precisávamos do bilhete assinado. - Núcleo é “precisávamos”

PREDICADO NOMINAL
O núcleo do predicado nominal é um nome, o chamado predicativo do sujeito. O sujeito
se liga ao seu predicativo através de um verbo de ligação.

As flores são amarelas. - Núcleo é “amarelas”

Carlos parecia muito cansado. - Núcleo é “cansado”

As crianças estavam sujas. - Núcleo é “sujas”

PREDICADO VERBO-NOMINAL
Este é um predicado com dois núcleos: um verbo e um nome. Ocorre quando o
predicativo do sujeito não é ligado ao sujeito por um verbo de ligação OU quando há
predicativo do objeto.

O soldado voltou ferido. - Núcleo “voltou” + núcleo “ferido” (predicativo do sujeito)

Assistimos à cena surpresos. - Núcleo “assistimos” + núcleo “surpresos” (predicativo


do sujeito)

Os jurados consideraram a apresentação perfeita. - Núcleo “consideraram” + núcleo


“perfeita” (predicativo do objeto)

O professor deixou o aluno constrangido. - Núcleo “deixou” + núcleo “constrangido”


(predicativo do objeto)

www.biologiatotal.com.br 1
COMPLEMENTO NOMINAL E
ADJUNTO ADNOMINAL
Por vezes, os nomes também são acompanhados de termos que os complementam,
caracterizam ou determinam. Alguns nomes necessitam de complementos nominais,
enquanto outros vêm acompanhados de adjuntos adnominais.

COMPLEMENTO NOMINAL
Não são só os verbos transitivos que necessitam de complemento: alguns nomes
também não possuem sentido completo sozinhos, necessitando de um complemento
nominal. Todo complemento nominal é iniciado por preposição, e pode se referir a
substantivos abstratos, adjetivos ou advérbios. Observe:

Fumar é prejudicial à saúde. - “À saúde” é complemento do adjetivo “prejudicial”.

O homem manifestou-se favoravelmente ao réu. - “Ao réu” é complemento do


advérbio “favoravelmente”.

Percebemos a falta de asseio. - “De asseio” é complemento do substantivo “falta”

A luta contra o preconceito é diária. - “Contra o preconceito” é complemento do


substantivo “luta”.

Estávamos confiantes na vitória do nosso time. - “Na vitória” é complemento do


adjetivo “confiantes”.

ADJUNTO ADNOMINAL
Alguns nomes, na oração, vêm acompanhados de termos que os caracterizam ou
determinam. Estes nomes, que em geral são núcleo do sujeito ou do predicado, já têm
sentido sozinhos, mas vêm com adjuntos adnominais que os especificam. Ao contrário
do complemento nominal, o adjunto adnominal se refere somente a substantivos
(concretos ou abstratos). Veja:

Aquelas alunas procuravam pela professora. - “Aquelas” é adjunto adnominal,


determinando o termo “alunas”.

A professora jovem estava na biblioteca. - “A” e “jovem” são adjuntos adnominais,


caracterizando o termo “professora”.

Dois cães foram vistos sem coleira no parque. - “Dois” é adjunto adnominal,
determinando o termo “cães”.

www.biologiatotal.com.br 1
Trabalhadores do campo acordam muito cedo. - “Do campo” é adjunto adnominal,
Complemento Nominal e Adjunto Adnominal

determinando o termo “trabalhadores”.

Meu irmão vestia roupas de frio. - “Meu” é adjunto adnominal, determinando o


termo “irmão”, e “de frio” também é adjunto adnominal, determinando o termo
“roupas”.

Os alunos que se dedicam vão bem nas provas. - “Que se dedicam” é adjunto
adnominal, determinando o termo “alunos”.

ANOTAÇÕES

2
APOSTO E VOCATIVO

Entre os termos integrantes da oração, temos o aposto e o vocativo. O aposto é um


termo acessório, enquanto o vocativo é um termo independente, ou seja, não faz parte
do sujeito nem do predicado.

APOSTO
Aposto é um elemento que explica, descreve ou resume outro termo da oração. Pode
ser composto de uma ou mais palavras. Ele quase sempre vem separado do resto da
oração por vírgulas, dois pontos ou travessão, mas pode vir sem essas separações, no
caso de um aposto de especificação.

Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, é uma cidade planejada. - Aposto: capital
de Minas Gerais.

A capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, é uma cidade planejada. - Aposto: Belo
Horizonte.

Desejamos apenas uma coisa: que você tenha muito sucesso. - Aposto: que você
tenha muito sucesso.

Casas e pastos, tudo foi destruído pela enchente. - Aposto: tudo foi destruído pela
enchente.

O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. - Aposto: ao fidalgo e ao criado.

“No fim de algum tempo — dez ou doze minutos — Raimundo meteu a mão no
bolso…” (Machado de Assis) - Aposto: dez ou doze minutos.

O Rio Nilo é muito longo. - Aposto de especificação: Nilo.

Minha irmã Beatriz é três anos mais velha que eu. - Aposto de especificação: Beatriz.

É possível ser aposto de outro aposto, como neste exemplo do autor Ledo Ivo:

“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do velho coronel Tavares,
senhor de engenho”. - “Senhor de engenho” é aposto de “filha do velho coronel
Tavares”, outro aposto.

www.biologiatotal.com.br 1
VOCATIVO
Aposto e Vocativo

Vocativo é um termo usado para chamar ou se dirigir a alguém em uma oração. O


vocativo, quando no começo da oração, é sempre seguido de vírgula.

Luísa, precisamos da nota da prova. - Vocativo: Luísa.

“Pai, afasta de mim esse cálice” (Chico Buarque) - Vocativo: Pai.

Olá, Jonas, como vai? - Vocativo: Jonas.

ANOTAÇÕES

2
VOZ PASSIVA ANALÍTICA

Nem sempre o sujeito da oração é aquele que pratica a ação expressa pelo verbo – o
sujeito pode ser aquele que sofre a ação expressa pelo verbo. Isso acontece quando o
verbo está na voz passiva, e dizemos que neste caso o sujeito é paciente.

Só verbos transitivos diretos podem ser usados na voz passiva, e de acordo com a
construção da frase classificamos a voz passiva em analítica ou sintética.

Uma frase na voz passiva analítica é aquela formada pelo verbo auxiliar “ser” conjugado
e seguido do particípio passado do verbo principal. Observe:

f As ruas serão enfeitadas.

f A doença foi controlada.

f Nosso gato foi resgatado.

f O ser humano é afligido por preocupações.

f As dúvidas serão respondidas oportunamente.

Em alguns casos, existe o agente da passiva, ou seja, quem pratica a ação sofrida pelo
sujeito paciente.

f As ruas foram tomadas pela enchente. - “Pela enchente” é agente da passiva.

f A doença era pesquisada por cientistas. - “Por cientistas” é agente da passiva.

f O ser humano é afligido por preocupações. - “Por preocupações” é agente da


passiva.

f As dúvidas serão respondidas oportunamente pela professora. - “Pela professora”


é agente da passiva.

Ao construir uma frase na voz passiva em vez de na voz ativa, destaca-se o sujeito
paciente. Veja como há mais ênfase no sujeito na segunda frase, que está na voz passiva:

f Apreenderam muitas drogas.

f Muitas drogas foram apreendidas.

www.biologiatotal.com.br 1
VOZ PASSIVA
SINTÉTICA E REFLEXIVA
Nem sempre o sujeito da oração é aquele que pratica a ação expressa pelo verbo – o
sujeito pode ser aquele que sofre a ação expressa pelo verbo. Isso acontece quando o
verbo está na voz passiva, e dizemos que neste caso o sujeito é paciente.

Só verbos transitivos diretos podem ser usados na voz passiva, e de acordo com a
construção da frase classificamos a voz passiva em analítica ou sintética.

Uma frase na voz passiva sintética é formada pelo verbo na terceira pessoa mais um
pronome apassivador. Observe:

Alugam-se apartamentos.
Vendem-se flores.
Compram-se roupas e brinquedos usados.
Não se via ninguém no auditório.

Uma frase na voz passiva sintética pode ser transformada em voz passiva analítica,
dando mais destaque ao sujeito e menos ao verbo. Essas construções, entretanto, soam
estranhas por já estarmos acostumados a usar a voz passiva sintética no cotidiano.
Veja:

Alugam-se apartamentos. → Apartamentos são alugados.


Vendem-se flores. → Flores são vendidas.
Compram-se roupas e brinquedos usados. → Roupas e brinquedos usados são
comprados.
Não se via ninguém no auditório. → Ninguém era visto no auditório.

VOZ REFLEXIVA
A voz reflexiva, por sua vez, acontece quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e
paciente, ou seja, quando pratica e sofre a ação ao mesmo tempo. Na voz reflexiva há
sempre um pronome oblíquo átono (me, te, se, nos ou vos) acompanhando o verbo. Este
pronome é complemento do verbo transitivo direto.

O menino se feriu com a tesoura.


Sacrifiquei-me por meus filhos.
Depois da trilha, nos banhamos na cachoeira.

www.biologiatotal.com.br 1
VOZ REFLEXIVA RECÍPROCA
Voz passiva sintética e reflexiva

Na voz reflexiva recíproca, há um sujeito no plural e o verbo indica que dois indivíduos
praticaram uma ação mutuamente. É possível mentalmente adicionar a expressão “um
ao outro”, substituindo o pronome, na frase e ela manter seu sentido quando está na voz
reflexiva recíproca. Observe:

Os irmãos não se viam havia anos. → Os irmãos não viam um ao outro havia anos.
Os noivos se beijaram com paixão. → Os noivos beijaram um ao outro com paixão.
Os animais se feriram na luta. → Os animais feriram um ao outro na luta.

Alguns verbos reflexivos intensificam a ideia de reciprocidade por possuírem o prefixo


“entre”:

As alunas se entreolharam confusas.


As ruas se entrecruzam mais à frente.

ANOTAÇÕES

2
Português Lista de Exercícios

Exercício 1 a) “E muita humildade, algo que faltava aos que achavam que a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: física estava quase completa.” (3º parágrafo)
Leia o trecho do artigo “Flertando com o desconhecido”, de
Marcelo Gleiser. b) “Para a surpresa de muitos, experimentos revelaram
fenômenos que não podiam ser explicados pelas teorias da
Muita gente acha que a ciência é uma atividade sem chamada era clássica.” (2º parágrafo)
emoções, destituída de drama, fria e racional. Na verdade, é
justamente o oposto. A premissa da ciência é a nossa ignorância, c) “A premissa da ciência é a nossa ignorância, nossa
nossa vulnerabilidade em relação ao desconhecido, ao que não vulnerabilidade em relação ao desconhecido, ao que não
sabemos. Muitas vezes, quando experimentos revelam novos sabemos.” (1º parágrafo)
aspectos da Natureza que sequer haviam sido conjecturados, a
sensação de tatearmos no escuro pode levar ao desespero. E d) “Muitas vezes, quando experimentos revelam novos aspectos
agora? Se nossas teorias não podem explicar o que estamos da Natureza que sequer haviam sido conjecturados, a sensação
observando, como ir adiante? Nenhum exemplo na história da de tatearmos no escuro pode levar ao desespero.” (1º parágrafo)
ciência ilustra melhor esse drama do que o nascimento da física
quântica, que descreve o comportamento dos átomos e das e) “Planck viu-se forçado a propor algo novo, que ia contra tudo o
partículas subatômicas, e que está por trás de toda a revolução que havia aprendido até então e que acreditava ser correto sobre
digital que rege a sociedade moderna. a Natureza.” (3º parágrafo)
Ao final do século XIX, a física estava com muito prestígio.
A mecânica de Newton, a teoria eletromagnética de Faraday e Exercício 2
Maxwell, a compreensão dos fenômenos térmicos, tudo levava a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
crer que a ciência estava perto de chegar ao seu objetivo final, a Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia o trecho de uma
carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 4 de abril de
compreensão de toda a Natureza. Para a surpresa de muitos,
1654.
experimentos revelaram fenômenos que não podiam ser
explicados pelas teorias da chamada era clássica. Não se sabia,
por exemplo, se átomos eram ou não entidades reais, já que a No fim da carta de que 1V. M. me fez mercê me manda V. M. diga
física clássica previa que seriam instáveis. Gradualmente, ficou meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois
claro que uma nova física era necessária para lidar com o mundo capitães-mores ou um só governador.
do muito pequeno. Mas que física seria essa? Ninguém queria Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito
mudanças muito radicais. Ou quase ninguém. menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
A primeira ideia da nova era veio de Max Planck. Eis como Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais
Planck relatou em 1900 seu estado emocional ao propor a ideia dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo
do quantum (o menor valor que certas grandezas físicas podem propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de
apresentar): “Resumidamente, posso descrever minha atitude duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um
como um ato de desespero, já que por natureza sou uma pessoa porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os
pacífica e contrária a aventuras irresponsáveis.” O uso da palavra dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de
“desespero” é revelador. Planck viu-se forçado a propor algo Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não
novo, que ia contra tudo o que havia aprendido até então e que sei qual é maior tentação, se a _____1_____, se a _____2_____.
acreditava ser correto sobre a Natureza. Abandonar o velho e Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale
propor o novo requer muita coragem intelectual. E muita 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio
humildade, algo que faltava aos que achavam que a física estava do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe
quase completa. Planck sabia que a física tem como missão vão logrando bem as indústrias.
explicar o mundo natural, mesmo que a explicação contrarie Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais
nossas ideias preconcebidas. Nunca devemos arrogar que nossas trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem
ideias tenham precedência sobre o que a Natureza nos diz. para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que,
além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem
(O caldeirão azul, 2019. Adaptado.) muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres.
Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que
vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos
(Fmj 2021) Exerce a função sintática de objeto direto o termo nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos,
sublinhado em: de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de
tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu
choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso,
sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.” alienar-se.
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas,
porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se Capítulo IV
reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um UMA TEORIA NOVA
desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir.
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve 1Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de
quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase Janeiro, Simão Bacamarte estudava por todos os lados uma certa
todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia.
tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes 2Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era
pecados que por ocasião deste serviço se cometem. pouco para andar na rua, ou de casa em casa, conversando as
gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.) olhar que metia medo aos mais heroicos.
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando
1V. M.: Vossa Majestade.
Crispim Soares ocupado em temperar um medicamento, vieram
dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse,
(Unesp 2020) Sempre que haja necessidade expressiva de
acrescentou o portador. 3Crispim empalideceu. Que negócio
reforço, de ênfase, pode o objeto direto vir repetido. Essa importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e
reiteração recebe o nome de objeto direto pleonástico.
especialmente da mulher? 4Porque este tópico deve ficar
(Adriano da Gama Kury. Novas lições de análise sintática, 1997.
claramente definido, visto insistirem nele os cronistas; Crispim
Adaptado.)
amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados
um só dia. 5Assim se explicam os monólogos que fazia agora, e
Antônio Vieira recorre a esse recurso expressivo em: que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito, quem te
mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe
a) “Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o bajulador! Só para adular ao Dr Bacamarte. Pois agora aguenta-
provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável.
descontentavam” (3º parágrafo) Dizes amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos
b) “e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu- outros nomes feios, que um homem não deve dizer aos outros,
me” (4º parágrafo) quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é
c) “e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil
um nada. 6Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das
cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as
drogas e voou à Casa Verde.
indústrias” (3º parágrafo) 7
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio,
uma alegria abotoada de circunspeção até o pescoço.
d) “São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das
– Estou muito contente, disse ele.
Ilhas” (5º parágrafo)
8
– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz
e) “Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei trêmula.
muito menos” (2º parágrafo) O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
9– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência
Exercício 3
científica. 10Digo experiência, porque não me atrevo a assegurar
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares,
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis,
senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma
ocorreu como folhetim na revista carioca A Estação, entre os anos
experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da terra. A
de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma
loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida
educacional efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira
no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente.
de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma psiquiatria ainda 11
Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário.
embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da
12
escassez de conhecimento científico e da abundância de vaidades, Depois explicou compridamente a sua ideia. No conceito dele a
concomitantemente. A obra deixa ver as relações promíscuas insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu
entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o isto com grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos.
13Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como um
poder político tal como era exercido em Itaguaí, então uma vila,
distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O raro espírito que era, 14reconheceu o perigo de citar todos os
conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos casos de Itaguaí e refugiou-se na história. Assim, apontou com
quais o alienista vai fazendo suas experimentações cientificistas especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio
até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, familiar, Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala,
visto que reconhece em si mesmo a única pessoa cujas Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos e pessoas, em que
faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele, de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. 15E
porque o boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal
alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou segurança, que a teologia não soube enfim se devia crer em si ou
sentenciosamente: na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma revolução.
16
– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.
– Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante
as mãos ao céu. Brasileiro / USP. Disponível em:
17 <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o
select_action=&co_obra=1939>. Acesso em: 12/08/2019.
boticário extravagante; mas a modéstia, principal adorno de seu
espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre
entusiasmo; 18declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou
que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem equivalente
(Ime 2020) “Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa
no estilo moderno. 19Naquele tempo, Itaguaí, que como as
Verde era pouco para andar na rua, ou de casa em casa,
demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as
imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio falas de um olhar que metia medo aos mais heroicos.” (ref. 2)
de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da
matriz; – ou por meio de matraca.
Assinale a opção em que o vocábulo em negrito nos fragmentos a
Eis em que consistia este segundo uso. 20Contratava-se um seguir exerce a mesma função sintática das palavras destacadas
homem, por um ou mais dias, 21para andar as ruas do povoado, no trecho acima:
com uma matraca na mão.
a) “Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das drogas e
De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, 22e ele voou à casa verde.” (ref. 6)
anunciava o que lhe incumbiam, – um remédio para sezões, umas
terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor b) “– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz
tesoura da vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha trêmula.” (ref. 8)
inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela
grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos c) “Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário.” (ref.
vereadores, – aquele justamente que mais se opusera à criação da 11)
Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador de
cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses d) “E porque o boticário se admirasse de uma tal promiscuidade,
bichos; mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos o alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, [...]” (ref. 15)
os meses. 23E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam
ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação e) “– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.” (ref.
perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no 25)
24
sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo
Exercício 4
regime mereciam o desprezo do nosso século.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la,
Diáspora
respondeu o alienista à insinuação do boticário.
E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver,
"Acalmou a tormenta; pereceram
disse-lhe que sim, que era melhor começar pela execução.
25– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.
Os que a estes mares ontem se arriscaram;
Vivem os que, por um amor, temeram
Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:
E dos céus os destinos esperaram."1
– Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr.
Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros
Atravessamos o Mar Egeu
termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da
o barco cheio de fariseus
loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades;
com os cubanos, sírios, ciganos
fora daí insânia, insânia e só insânia.
como romanos sem Coliseu
O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou
Atravessamos pro outro lado
lisamente que não 26chegava a entendê-la, que era uma obra
no Rio Vermelho do mar sagrado
absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não
nos center shoppings
merecia princípio de execução.
superlotados
– Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou,
de retirantes
a loucura e a razão estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se
refugiados
onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a
cerca?
27Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra Where are you?2
where are you?
de uma intenção de riso, em que o desdém vinha casado à
where are you?
28comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias
where are you?
entranhas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Onde está Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para
meu irmão responder à(s) questão(ões) a seguir.
sem irmã
o meu filho Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido,
sem pai pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista holandês.
minha mãe Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas
sem avó estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, dizia, não
dando a mão poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador.
pra ninguém Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de
sem lugar Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria pelas mais
pra ficar próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
os meninos Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como
sem paz outros destruidores de telas que entram num museu armados de
onde estás facas e atiram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não
meu senhor apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não,
onde estás? usaria um método científico, recorrendo a aliados absolutamente
insuspeitados: os cupins.
Onde estás? Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário
treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para
"Deus! Ó, Deus, onde estás que não respondes? isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes artista, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução
Embuçados3 nos céus? açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais
Há dois mil anos te mandei meu grito obras de outras.
Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um tipo de cupim que
Que embalde4 desde então corre o infinito
só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os
Onde estás, senhor Deus?... "5
insetos era agradável, e isso era o que importava.
Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que
(ANTUNES, Arnaldo; BROWN, Carlinhos; MONTE, Marisa.
aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar
Diáspora. In.: Tribalistas. Rio de Janeiro: Som Livre, 2017)
as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do
prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram
detectados.
Vocabulário
O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua
1
Primeira estrofe do Canto 11, do livro O Guesa (1878), de desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram
Joaquim de Sousa Andrade (Sousândrade).
encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe
2
Tradução da frase em inglês: "Onde está você?". serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins estivessem
3 Embuçado: encoberto, escondido. querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a
4 Embalde: inutilmente. mesma coisa.
5 Primeira estrofe do poema "Vozes d’África" (1868), de Castro

Alves. (O imaginário cotidiano, 2002.)

(G1 - cftrj 2020) A respeito do emprego da terceira pessoa do


(Unifesp 2020) Tendo em vista a ordem inversa da frase, verifica-
plural nos versos 1 a 4 da canção "Diáspora" (texto), pode-se
se o emprego de vírgula para separar um termo que exerce a
afirmar que:
função de sujeito em:
a) "mares", "céus" e "destinos" são os sujeitos das orações, pois
a) “Deu-lhe muito trabalho, aquilo.” (4º parágrafo)
são os únicos termos com os quais os verbos concordam.

b) “Em vez de atacar as obras de arte, os cupins preferiram as


b) o sujeito é indeterminado, pois não se quer identificar o agente
vigas de sustentação do prédio, feitas de madeira absolutamente
das ações, o que justifica as perguntas ao longo do texto.
vulgar.” (6º parágrafo)
c) a não identificação do sujeito constitui uma falha comunicativa,
c) “Para ele era repulsivo, mas para os insetos era agradável, e
visto que incorre em carência na precisão das informações.
isso era o que importava.” (5º parágrafo)
d) "refugiados" é um dos referentes sintático-semânticos destes
d) “Não, usaria um método científico, recorrendo a aliados
verbos, o que fica claro nos versos seguintes da canção.
absolutamente insuspeitados: os cupins.” (3º parágrafo)
Exercício 5
e) “Para isso, recorreu a uma técnica pavloviana.” (4º parágrafo) verbal em curso e que desempenha a função de adjetivo ou
advérbio”.
Exercício 6 Ele apresenta-se de duas formas. A simples (Ex.:
Chegando a hora da largada, a luz verde acendeu) e a composta
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Ex.: Tendo chegado ao fim da corrida, o carro foi recolhido ao
Leia o texto a seguir e responda. boxe).
O gerúndio expressa uma ação que está em curso ou que
A palavra slam é uma onomatopeia da língua inglesa utilizada
ocorre simultaneamente ou, ainda, que remete a uma ideia de
para indicar o som de uma “batida” de porta ou janela, seja esse progressão. Sua forma nominal é derivada do radical do verbo
movimento leve ou abrupto. Algo próximo do nosso “pá!” em
acrescida da vogal temática e da desinência -ndo. Exemplos:
língua portuguesa. A onomatopeia foi emprestada por Marc Kelly
comendo; partindo.
Smith, um trabalhador da construção civil e poeta, para nomear o
Veja, a seguir, o uso do gerúndio na prática:
Uptown Poetry Slam, evento poético que surgiu em Chicago, em
E a lama desceu pelo morro, destruindo tudo que
1984. O termo slam é utilizado para se referir às finais de torneios
encontrava pela frente.
de baseball, tênis, bridge, basquete, por exemplo. Smith nomeou
Rindo, ele se lembrava com saudades dos dias felizes que
também slam os campeonatos de performances poéticas que
tivera.
organizava e no qual os slammers (poetas) eram avaliados com Abrindo o laptop, começou a escrever.
notas pelo público presente, inicialmente em um bar de jazz em
“Caminhando sozinho aquela noite pela praia deserta, fiz
Chicago, depois nas periferias da cidade. A iniciativa “viralizou”,
algumas reflexões sobre a morte” (Erico Veríssimo, Solo de
como se diz hoje, contagiando outras cidades dos Estados Unidos Clarineta, p. 12).
e, mais tarde, ganhou o mundo. Poesia é o mundo.
Como vimos nos exemplos, o gerúndio pode ser
empregado de diferentes maneiras em nossa língua sem que
Adaptado de NEVES, C. A. B. Slams - letramentos literários de tenhamos praticado nenhuma heresia. Já com o gerundismo é
reexistência ao/no mundo contemporâneo. Linha D'Água (Online), outra história. Nesse caso, trata-se do uso inadequado do
São Paulo, v. 30, n. 2, p. 92-112, out. 2017 Linha D'Água (Online),
gerúndio. Um vício de linguagem que se alastrou de modo tão
São Paulo, v. 30, n. 2, p. 92-112, out. 2017. Acesso em
corriqueiro e insistente que até já virou piada.
18/07/2019.
Então, se você usa expressões como: “Vou estar
pesquisando seu caso” ou “Vou estar completando sua ligação”,
mude imediatamente sua fala para: “Vou pesquisar seu caso” e
(G1 - cotuca 2020) “Smith nomeou também slam os
“Vou completar sua ligação”. Note que, nos dois casos, você passa
campeonatos de performances poéticas que organizava e no qual a usar somente duas formas verbais (“vou” + “pesquisar” ou “vou”
os slammers (poetas) eram avaliados com notas pelo público
+ “completar”) no lugar de três. Além disso, a ideia temporal a ser
presente, inicialmente em um bar de jazz em Chicago, depois nas
transmitida é a de futuro e não de presente em curso.
periferias da cidade”. Sobre o trecho reproduzido, é possível O gerundismo, portanto, é uma mania que peca pelo
afirmar que o sujeito do verbo “organizava” é:
excesso, pela inadequação do verbo, que ocorre ao
a) “Smith” transformarmos, desnecessariamente, um verbo conjugado em
um gerúndio.
b) “Slam”
(Fonte: UOL. Adaptado. Disponível em:
c) “Slam” e “campeonatos de performances poéticas” <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/gerundismo-
evite-esse-vicio-de-linguagem.htm> Acesso em: 20 jan. 2019).
d) “campeonatos de performances poéticas”

e) “performances poéticas” (G1 - ifmt 2020) Leia as assertivas e, na sequência, faça o que se
pede.
Exercício 7
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: I. A oração “O gerúndio expressa uma ação que está em curso
Gerundismo - evite esse vício de linguagem [...]” tem sujeito simples: o gerúndio.
II. Na oração “Se procurarmos as definições nas gramáticas em
Tanto se tem falado a respeito de gerundismo, que já há uso, encontraremos, geralmente, a seguinte explicação [...]”, o
quem tenha prática sobre o uso do gerúndio. Há até quem verbo “encontraremos” tem o sujeito oculto “nós”.
pergunte se o gerúndio não é mais usado ou se é errado o seu III. Na oração “Ele apresenta-se de duas formas”, “ele” é o sujeito
emprego. Então, antes que se comece a tomar o certo pelo indeterminado do verbo “apresenta”.
duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas
regras gramaticais. Das assertivas acima, no que se refere à classificação dos sujeitos
Comecemos pelo significado da palavra “gerúndio”. Se nas orações em destaque, podemos afirmar que:
procurarmos as definições nas gramáticas em uso,
a) apenas a I está correta.
encontraremos, geralmente, a seguinte explicação: “Gerúndio é
uma das formas nominais do verbo que apresenta o processo
b) estão corretas a I e a III. são desacreditados como resultado de uma foto
descontextualizada, uma Imagem alterada ou uma legenda falsa.
c) estão corretas a I, a II e a III. A democracia também se fragiliza. O processo democrático
corre o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos.
d) estão corretas a II e a III. Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas
. iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
e) estão corretas a I e a II Estamos em um novo momento cultural e social, que deve
ser entendido para encontrarmos um caminho seguro de
Exercício 8
convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse
Precisamos falar sobre fake news sentido, que precisam ser amplamente debatidas, com a
participação de especialistas e representantes da sociedade civil.
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no O problema das fake news certamente passa pelo domínio
mundo, faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando
das novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime,
por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade
mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.
dos netos e netas. O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas
pessoas, o celular pode ser também uma fonte de engano. De vez em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a
em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no
utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.
seu WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma
fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina
D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez
desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não (G1 - col. naval 2020) Em "Ninguém nos preparou para essas
nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os chamados
mudanças que revolucionaram a comunicação.", o pronome
migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo
relativo exerce a mesma função sintática que o destacado em:
estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e
facilite a vida. a) As informações diárias que nós recebemos pelos celulares
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para podem ser falsas e mentirosas.
essas mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil
destrinchar o que é verdade em tempo de fake news. b) O jornalista de quem peguei as últimas informações descartou
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias a possibilidade de fake news.
falsas na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi
realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na c) Todos esses são os jornalistas por quem as notícias
sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias sensacionalistas foram amplamente analisadas.
falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
alcançam muito mais gente. d) O processo democrático a que somos favoráveis corre o risco
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, de ser afetado pelos boatos.
polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre e) Conhecemos o jornalista que defenderá o problema nas redes
tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que sociais em relação às notícias sensacionalistas.
chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a
Exercício 9
critérios de apuração e checagem.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença,
quase que religiosa, junto a mensagens das quais não
Identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em
redes sociais. Confia-se a ponto de compartilhar, sem questionar.
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que
mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam
opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das
notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da
História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí.
Os problemas gerados estão em todos os campos. No
âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar
seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública
de impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência
virtual e física.
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais
fecham portas, profissionais perdem suas reputações e produtos
(Alphonsus de Guimaraens)

(Faap 1996) Só um destes verbos é transitivo direto, portanto ao


lado dele o objeto direto:

a) Hão de chorar por ela os cinamomos

b) Murchando as flores ao tombar do dia

c) Dos laranjais hão de cair pomos

d) Os meus sonhos de amor serão defuntos

e) Pensando em mim: - Por que não vieram juntos

Exercício 11
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Considere o texto para responder à(s) questão(ões):

Tintim

(G1 - cmrj 2018) No período “As estimativas sugerem que o


Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o
número de hiperconectados só deve aumentar”, a oração
que queria dizer aquilo? Imaginei que fosse alguma misteriosa
sublinhada
medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico,
a) tem papel sintático de objeto indireto e é introduzida por um como a braça, a légua, etc. Outro mistério era o triz. Qual a exata
pronome relativo. definição de um triz? É uma subdivisão de tempo ou de espaço.
As coisas deixam de acontecer por um triz, por uma fração de
b) exerce a função de complemento nominal em relação à oração segundo ou de milímetro. Mas que fração? O triz talvez
principal. correspondesse a meio tintim, ou o tintim a um décimo de triz.
Tanto o tintim quanto o triz pertenceriam ao obscuro mundo das
c) exerce a função de objeto direto em relação à oração principal . microcoisas.
Há quem diga que não existe uma fração mínima de matéria, que
tudo pode ser dividido e subdividido. Assim como existe o infinito
d) tem papel sintático de objeto direto e é introduzida por um para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba
pronome relativo. – existiria o infinito para dentro. A menor fração da menor
partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e
e) tem valor gramatical de substantivo e papel sintático de cada triz por dois tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por
sujeito. diante, até a loucura.
Descobri, finalmente, o que significa tintim. É verdade que, se
Exercício 10 tivesse me dado o trabalho de olhar no dicionário mais cedo,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
minha ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é
Hão de chorar por ela os cinamomos,
a última coisa que nos ocorre. Está no Aurelião. Tintim, vocábulo
Murchando as flores ao tombar do dia. onomatopaico que evoca o tinido das moedas.
Dos laranjais hão de cair os pomos, Originalmente, portanto, "tintim por tintim" indicava um
Lembrando-se daquela que os colhia. pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda. Isso no
tempo em que as moedas, no Brasil, tiniam, ao contrário de hoje,
As estrelas dirão: - "Ai! nada somos,
quando são feitas de papelão e se chocam sem ruído. Numa
Pois ela se morreu, silente e fria..."
investigação feita hoje da corrupção no país tintim por tintim
E pondo os olhos nela como pomos, ficaríamos tinindo sem parar e chegaríamos a uma nova
Hão de chorar a irmã que lhes sorria. concepção de infinito.
Tintim por tintim. A menina muito dada namoraria sim-sim por
A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
sim-sim. O gordo incontrolável progrediria pela vida quindim por
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
quindim. O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-
Entre lírios e pétalas de rosa. plim. E você e eu vamos ganhando nosso salário tin por tin (olha
aí, a inflação já levou dois tins).
Os meus sonhos de amor serão defuntos... Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem de
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la, tempo nem de espaço nem de matéria, resta o triz. O Aurelião
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
não nos ajuda. "Triz", diz ele, significa por pouco. Sim, mas que
pouco? Queremos algarismos, vírgulas, zeros, definições para vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando
"triz". Substantivo feminino. Popular. pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
"Icterícia." Triz quer dizer icterícia. Ou teremos que mudar todas as Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do
nossas teorias sobre o Universo ou teremos que mudar de dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá
assunto. Acho melhor mudar de assunto. estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração
O Universo já tem problemas demais. batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em
seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. (...) E assim continuou.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para ler na escola. Rio de Quanto tempo? Não sei. (...) Eu ia diariamente à sua casa, sem
Janeiro: Objetiva, 2001.) faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo
ontem, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a
outra menina. (...)
(G1 - ifsp 2016) Considere o recorte: “O Aurelião não nos ajuda.”. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo
O trecho em destaque, de acordo com a norma padrão da Língua humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia
Portuguesa, exerce a função sintática de: estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à
porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma
a) sujeito.
confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas.
A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar
b) objeto direto.
entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a
filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu
c) complemento nominal.
daqui de casa e você nem quis ler! (...)
Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a
d) predicativo do sujeito.
filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E
você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia
e) adjunto adnominal.
mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo
Exercício 12 o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: querer.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões). Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim
recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro.
Felicidade Clandestina Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar.
(...) Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha,
Clarice Lispector só para depois ter o susto de o ter. (...) Criava as mais falsas
dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já
crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor
todas ainda éramos achatadas. (...) Mas possuía o que qualquer em mim. Eu era uma rainha delicada. (...)
criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de
livraria. (...) (http://tinyurl.com/veele-contos Acesso em: 27.08.14. Adaptado)
Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como
essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente
bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu (Fatec 2015) Leia este fragmento: “Eu estava estonteada, e assim
com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu recebi o livro na mão.”
nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a
implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. A função sintática do termo destacado nesse período é
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre
a) complemento nominal.
mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que
possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. b) objeto indireto.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo
com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de
c) objeto direto.
minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia
seguinte e que ela o emprestaria. (...) d) sujeito.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não
morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou e) aposto.
entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia
emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia Exercício 13
seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a O Outro Marido
andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas
de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o
dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha
14Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. 13Dona
Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele
a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez,
avaliem pela casca. 9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-
mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o
mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros endereço da viúva?
não percebem. – Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada.
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a
quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). 3Por falta de viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o
casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e
filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem
de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de
derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como
Santos. Deixara três órfãos, coitado.
um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário.
10Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam
Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos.
Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a
diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, 7a outra
simplificação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava
sentia-se vivo e desagradado. outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.
1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha – Desculpe, foi engano. 8A pessoa a que me refiro não é esta –
disse Dona Laurinha, despedindo- se.
penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do
casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não
(Carlos Drummond de Andrade)
propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença
era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da
Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos
(Espcex (Aman) 2011) No trecho, “– É tarde – respondeu Santos.”
para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos
(ref.5), o sujeito do verbo sublinhado é
começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E
mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna a) indeterminado.
vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado.
– Quando você ficar bom... b) indefinido.
– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.
Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar c) inexistente.
remédio e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela
por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o d) oculto.
reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito
12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e e) simples.

Guinle. Exercício 14
– Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo Para responder às questões leia o texto a seguir.
de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.
– Vou visitar você todo domingo, quer? Lanchinho de avião
– É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu Drauzio Varella
canto.
Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos
trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos A comissária de bordo pede para afivelarmos os cintos e
nessa breve conversa a longos intervalos. 4Ele chegava e saía desligarmos os celulares. O comandante avisa que a decolagem
curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem foi autorizada, a aeronave ganha velocidade na pista e levanta
matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a voo. Pela janela, São Paulo vira um paliteiro de prédios espetados
doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital um ao lado do outro. Um pouco mais à frente, a periferia inchada,
pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora. com ruas tortuosas e casas sem reboque, abraça o centro da
– Pelo rádio – explicou Santos. cidade como se fosse esganá-lo.
Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações Em poucos minutos, ouve-se um som agudo, sinal de que os
fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não computadores podem ser ligados. Junto à porta de entrada, as
ficava até o dia seguinte, só essa vez? comissárias se levantam e preparam o carrinho de lanches. De
– 5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se fileira em fileira, perguntam o que cada passageiro deseja beber.
referia à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo No carrinho, acotovelam-se latas de refrigerantes, a garrafa de
que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a café e uma infinidade de pacotes de sucos mais doces do que o
mesada: uma hora de companhia por mês. sorriso da mulher amada. O rapaz à minha direita prefere suco de
manga; o da esquerda quer um de pêssego. Agradeço, não quero
nada. A moça estranha: “Nada, mesmo?”.
Em seguida, ela nos estende a mão que oferece um objeto (G1 - cftmg 2016) Houve emprego de sujeito desinencial em:
ameaçador, embrulhado em papel branco. Em seu interior, um
a) Em poucos minutos, ouve-se um som agudo, sinal de que os
pão adocicado cortado ao meio abriga uma fatia de queijo e outra
computadores podem ser ligados.
retirada do peito de um peru improvável. No reflexo, encolho as
pernas. Se, porventura, um embrulho daqueles lhe escapa da
b) Cerca de 52% dos brasileiros com mais de 18 anos sofrem com
mão e cai em meu pé, adeus carreira de maratonista. [...]
o excesso de peso, taxa que nove anos atrás era de 43%
O comandante informa que, em Belo Horizonte, o tempo é bom e
que nosso voo terá duração de 40 minutos. São dez e meia, é
c) No carrinho, acotovelam-se latas de refrigerantes, a garrafa de
pouco provável que os circunstantes tenham saído de casa em
café e uma infinidade de pacotes de sucos mais doces do que o
jejum. O que os leva a devorar no meio da manhã calorias sorriso da mulher amada.
adicionais, com gosto de isopor? Qual é o sentido de servir
comida em voos de 40 minutos? d) A possibilidade de ganharmos a vida, sentados na frente do
Cerca de dos brasileiros com mais de 18 anos sofrem com computador, as comodidades da rotina diária e a oferta generosa
de bebidas e alimentos industrializados repletos de gorduras e
o excesso de peso, taxa que nove anos atrás era de Já
açúcares que nos oferecem a toda hora criaram uma combinação
caíram na faixa da obesidade de nossos conterrâneos. Os perversa que conspira para o acúmulo de gordura no corpo.
que visitam os Estados Unidos ficam chocados com o padrão e a
prevalência da obesidade. Lá, a dieta e a profusão de alimentos Exercício 15
consumidos até em elevadores conseguiram a proeza de (Ufms 2020) Considere o seguinte texto para responder à
engordar todo mundo; não escapam japoneses, vietnamitas nem questão abaixo.
indianos.
As silhuetas de mulheres e homens com mais de quilos
pelas ruas e shopping centers deixam claro que existe algo Todo dia, duzentos milhões de pessoas levam suas vidas em
profundamente errado com os hábitos alimentares do país. português. Fazem negócios e escrevem poemas. Brigam no
Nossos números mostram que caminhamos na esteira deles. trânsito, contam piadas e declaram amor. Todo dia, a língua
Chegaremos lá, é questão de tempo; pouco tempo. portuguesa renasce em bocas brasileiras, moçambicanas, goesas,
A possibilidade de ganharmos a vida, sentados na frente do angolanas, japonesas, cabo-verdianas, portuguesas, guineenses.
computador, as comodidades da rotina diária e a oferta generosa Novas línguas mestiças, temperadas por melodias de todos os
de bebidas e alimentos industrializados repletos de gorduras e continentes, habitadas por deuses muito mais antigos, e que ela
açúcares que nos oferecem a toda hora criaram uma combinação acolhe como filhos. Língua da qual povos colonizados se
perversa que conspira para o acúmulo de gordura no corpo. apropriam e que devolvem agora, reinventada. Língua que novos
e velhos imigrantes levam consigo para dizer certas coisas que
Os que incorporaram as calorias em excesso no caminho
nas outras não cabem. Toda noite, duzentos milhões de pessoas
para Belo Horizonte só o fizeram porque o lanche lhes foi servido.
sonham em português.
Milhões de anos de evolução, num mundo com baixa
disponibilidade de recursos, ensinaram o corpo humano a comer a
(TV Zero, Disponível em: http://www.tvzero.com/projeto/lingua-
maior quantidade disponível a cada refeição, única forma de
vidas-em-portugues/>. Acesso em: 30 out. 2019).
sobreviver aos dias de jejum que fatalmente viriam.
Engendrado em tempos de miséria, o cérebro humano está mal
adaptado à fartura. A saciedade à mesa só se instala depois de
O emprego da primeira vírgula do primeiro período do texto
ingerirmos muito mais calorias do que as necessárias para cobrir
justifica-se em função de que:
os gastos daquele dia. A seleção natural nos ensinou a não
desperdiçá-las, o excesso será armazenado sob a forma de a) a oração em que se encontra é iniciada por um adjunto
gordura. adnominal.
O tecido gorduroso não é um reservatório inerte, produz
hormônios, libera mediadores químicos que interferem com o b) é obrigatório o emprego da vírgula para separar o aposto dos
metabolismo e o equilíbrio entre fome e saciedade. E, o mais demais termos da oração.
grave, dá origem a um processo inflamatório crônico que aumenta
o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, vários tipos de c) o adjunto adverbial foi deslocado para o início da oração.
câncer e de outros males que infernizam e encurtam a vida
moderna. d) a expressão que inicia o período é um vocativo.
Por essas e outras razões, caríssimo leitor, é preciso olhar para a
comida como fazemos com a bebida: é bom, mas em excesso faz e) o período é iniciado por uma oração ordenada sindética.
mal.
Exercício 16
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 05 set. 2015. (Adaptado).
Leia o poema a seguir e responda à(s) questão(ões).
Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra apenas
RETRATO quando o efeito prolongado e sistemático da droga se encerra.
Como uma pausa para respirar, às vezes tendo passado muitos
Eu não tinha este rosto de hoje, dias entre uma jornada de diversão e sua suspensão
Assim calmo, assim triste, assim magro, momentânea. Para muitos, apenas pelo tempo mínimo da
Nem estes olhos tão vazios, reposição das forças até a próxima jornada, extenuante, sem fim,
Nem o lábio amargo pela política imaginária da noite.
Eu não tinha estas mãos sem força, E, ainda mais. Para outros tantos, o próprio efeito da droga sob a
Tão paradas e frias e mortas; pulsação infinita da música eletrônica, experiência programática e
Eu não tinha este coração enfeitiçada, não deveria se encerrar jamais: estes estariam
Que nem se mostra. destinados ao projeto de dissolução na pulsação sem eu da
Eu não dei por esta mudança, música tecno, seja a dissolução do espírito, em uma infantilização
Tão simples, tão certa, tão fácil: sem fim para os embates materiais da vida, seja a dissolução do
– em que espelho ficou perdida corpo, ambos igualmente reais.
a minha face? De fato, após uma noite de vida tecno, é forte a experiência
radical de vazio que se torna o espírito do dia. A energia foi
MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de imensamente gasta à noite. Foi devastada, tornando o dia vazio
Janeiro: José Aguilar, 1958. de objeto, porém vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado à
busca pelo excedente absoluto de mais tarde, à noite.

(Epcar (Afa) 2017) Assinale a alternativa que apresenta uma A música do tempo infinito, 2012. Adaptado.
análise correta.

a) Os termos “calmo”, “triste” e “magro” (v. 2) acrescentam


1tecno: estilo de música eletrônica.
circunstâncias de modo ao verbo “ter” (do primeiro verso),
exercendo, pois, a função de adjuntos adverbiais de modo.

b) A oração “que nem se mostra” (v. 8) está sintaticamente ligada


ao substantivo coração, caracterizando-o; portanto, essa oração (Famerp 2017) “Há em Berlim uma casa que nunca fecha.” (1º
exerce a função sintática de adjunto adnominal. parágrafo)

c) O verbo “dar” (v. 9) significa notar, perceber e classifica-se No período em que está inserida, a oração destacada tem valor e
como verbo transitivo direto, embora esteja ligado a seu função, respectivamente, de
complemento por meio de preposição. a) advérbio e adjunto adverbial.

d) O pronome pessoal “se” (v. 8) é recíproco e funciona como b) substantivo e sujeito.


complemento do verbo mostrar; já o pronome “que” (v. 11) é
relativo e funciona como adjunto adverbial de lugar. c) adjetivo e adjunto adnominal.

Exercício 17
d) substantivo e objeto direto.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto de Tales Ab’Sáber para responder à(s) questão(ões) a
e) adjetivo e predicativo.
seguir.
Exercício 18
Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não (Mackenzie 1997) No voo do instante, ele sentiu uma coisinha
termina jamais pode de fato começar a qualquer momento do dia, caindo em seu coração, e advinhou que era tarde, que nada mais
às sete da manhã ou ainda às dez. Lá todos os tempos se adiantava.
estendem e noite e dia se transformam em outra coisa. Naquela (Guimarães Rosa)
imensa boate que pretende expandir o seu plano de existência,
seu tempo infinito, sobre a vida e a cidade, construída em uma Assinale a alternativa correta quanto ao texto anterior.
antiga fábrica – uma antiga usina de energia nazista –, todo tipo
a) O adjunto adverbial anteposto apresenta uma metáfora que
de figura da noite se encontra, em uma festa fantástica alucinada
expressa a fugacidade do tempo.
que deseja não terminar jamais.
À luz da vida 1tecno avançada, as ideias tradicionais de dia e de
b) A oração subordinada adjetiva reduzida de gerúndio reforça,
noite se revelam mais frágeis, bem mais insólitas do que a vida
pela escolha lexical do verbo, a ideia de leveza, trazida pelo nome
cotidiana sob o regime da produção nos leva a crer. Para alguns, o
voo.
mundo do dia se tornará definitivamente vazio e apenas a noite
excitada e veloz vai concentrar em si o valor do que é vivo.
c) As duas orações subordinadas à oração /e adivinhou/ apontam
para a reversibilidade dos fatos.
Exercício 20
d) Na primeira oração, o sujeito COISINHA mostra o agente da TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ação de voar. A ALMA ESFÉRICA DO CARIOCA

e) A quinta oração justapõe-se à quarta, na ideia decrescente da "Chego do mato vendo tanta gente de cara triste pelas ruas, tanto
perda. silêncio de derrota dentro e fora das casas, como se o gosto da
vida se tivesse encerrado, de vez, com as cinzas do finado
Exercício 19 carnaval dos últimos dias.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Imperdoável melancolia de quem sabe, e sabe muito bem, que
TEXTO I esta deliciosa cidade não é samba, apenas; que o Rio, alma do
O Espelho
Brasil, afina também seus melhores sentimentos populares por
outra paixão não menos respeitável - o futebol.
É um retângulo de luar aquecido no quarto
Esse abençoado binômio, carnaval-futebol, é que explica e
- que a lua não recolheu na sua pressa noturna
eterniza a alma esférica da gente mais alegre de nosso alegre
Imitador como um plagiário
País.
decalca servilmente a imagem que reflete.
Por que, então, chorar a festa passada se ao breve ciclo da
Não tem memórias. Não guarda
fantasia do samba logo se segue a ardente realidade do futebol?
na sua glacial retina indiferente
Desmontaram o palanque por onde desfilou a elite do samba? E
o brilho de um olhar e a flor de um gesto. daí? Lá está o Maracanã, rampas gigantescas, assentos
Entretanto intermináveis, tudo pronto para o grande desfile de angústias e
o corpo núbil dela deu-lhe estátuas paixões que precedem a glória de um chute. Agora mesmo,
miraculosamente lindas!
alguém me veio dizer, contente, que a grama está uma beleza, de
(Menotti del Picchia)
área a área, e que, com as últimas chuvas, o verde rebentou
verdíssimo.
TEXTO II
Salgueiro, Fluminense, Mangueira, Flamengo, Império, Botafogo -
INTERROGAÇÕES
milagrosa alternação de emoções na vida de uma cidade; passos
e passes de uma gente que curtiu seu amor ao mesmo tempo no
1 "Certa vez estranhei a ausência de espelhos nos sonhos.
contratempo de um tamborim e no instante infinito de um gol.
2 Talvez porque neles não nos podemos ver, como no velho
Mal se foi o Salgueiro, já vem chegando o Flamengo, preto e
conto do homem que perdeu a sombra. vermelho, apontando, ardente, na boca do túnel que se abre para
3 Pelo contrário, seremos tão nós mesmos a ponto de a multidão em delírio.
dispensar o testemunho dos reflexos? Couro de gato, bola de couro, quicando e repicando pela glória de
4 Ou será tão outra a nossa verdadeira imagem - e aqui
uma cidade que não tem por que chorar tristezas.
começa um arrepio de medo - que seríamos incapazes de a
Rio."
reconhecer naquilo que de repente nos olhasse do fundo de um
espelho?
(Armando Nogueira)
5 Em todo caso, lá deve ter suas razões o misterioso
cenarista dos sonhos..."
(Mario Quintana)

(Unirio 2002) "Desmontaram O PALANQUE / POR ONDE


desfilou A ELITE DO SAMBA?".
Os termos destacados, sintaticamente, são:
(Unirio 1998) Marque a opção INCORRETA quanto à função
sintática do termo em destaque. a) sujeito / agente da passiva / objeto direto

a) "...QUE a lua não recolheu na sua pressa noturna..." (texto I - l.


b) objeto direto / adjunto adverbial / sujeito
2) - objeto direto

c) sujeito / adjunto adverbial / sujeito


b) "...o brilho DE UM OLHAR..." (texto I - l. 7) - adjunto adnominal

d) objeto direto / agente da passiva / objeto direto

c) "...o corpo núbil dela deu-LHE estátuas..." (texto I - l. 9) - objeto


e) sujeito / agente da passiva / sujeito
indireto
Exercício 21
d) "...que de repente NOS olhasse do fundo de um espelho?" TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(texto II - par. 4) - objeto direto TEXTO I:

e) "...LÁ deve ter suas razões o misterioso cenarista dos sonhos..." Perante a Morte empalidece e treme,
(texto II - par. 5) - adjunto adverbial de lugar Treme perante a Morte, empalidece.
Coroa-te de lágrimas, esquece
O Mal cruel que nos abismos geme. Exercício 22
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Cruz e Souza, Perante a morte. Leia a “Lira XVIII” da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio
Gonzaga.

TEXTO II: Não vês aquele velho respeitável,


Que, à muleta encostado,
Tu choraste em presença da morte? Apenas mal se move e mal se arrasta?
Na presença de estranhos choraste? Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo,
Não descende o cobarde do forte; O tempo arrebatado,
Pois choraste, meu filho não és! Que o mesmo bronze gasta!

Gonçalves Dias, I Juca Pirama. Enrugaram-se as faces e perderam


Seus olhos a viveza;
Voltou-se o seu cabelo em branca neve;
TEXTO III: Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo,
Nem tem uma beleza
Corrente, que do peito destilada, Das belezas que teve.
Sois por dous belos olhos despedida;
E por carmim correndo dividida, Assim também serei, minha Marília,
Deixais o ser, levais a cor mudada. Daqui a poucos anos,
Que o ímpio tempo para todos corre.
Gregório de Matos, Aos mesmos sentimentos. Os dentes cairão, e os meus cabelos.
Ah! sentirei os danos,
Que evita só quem morre.
TEXTO IV:
Mas sempre passarei uma velhice
Chora, irmão pequeno, chora, Muito menos penosa.
Porque chegou o momento da dor. Não trarei a muleta carregada:
A própria dor é uma felicidade... Descansarei o já vergado corpo
Na tua mão piedosa,
Mário de Andrade, Rito do irmão pequeno. Na tua mão nevada.

As frias tardes, em que negra nuvem


TEXTO V: Os chuveiros não lance,
Irei contigo ao prado florescente:
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira Aqui me buscarás um sítio ameno,
é esta, Onde os membros descanse,
Que impudente na gávea tripudia?!... E ao branco Sol me aquente.
Silêncio! ... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto... Apenas me sentar, então, movendo
Os olhos por aquela
Castro Alves, O navio negreiro. Vistosa parte, que ficar fronteira,
Apontando direi: Ali falamos,
Ali, ó minha bela,
Te vi a vez primeira.
(Unifesp 2002) No texto V, o sintagma "no teu pranto"
desempenha a função sintática de adjunto adverbial. Esta mesma Verterão os meus olhos duas fontes,
função vem desempenhada por Nascidas de alegria;
Farão teus olhos ternos outro tanto;
a) perante a Morte (em I) e nos abismos (em I).
Então darei, Marília, frios beijos
Na mão formosa e pia,
b) de lágrimas (em I) e do forte (em II).
Que me limpar o pranto.

c) momento da dor (em IV) e uma felicidade (em IV).


Assim irá, Marília, docemente
Meu corpo suportando
d) em presença da morte (em II) e correndo dividida (em III).
Do tempo desumano a dura guerra.
Contente morrerei, por ser Marília
e) Mal cruel (em I) e Na presença de estranhos (em II).
Quem, sentida, chorando,
Meus baços olhos cerra. No Ensino Superior, o 15desafio não é menor. O Brasil
tem apenas 17% de jovens de 18 a 24 anos matriculados nesse
(Domício Proença Filho (org.). A poesia dos inconfidentes, 2002.) nível de ensino. Em conformidade com o Plano Nacional de
Educação (PNE), o país precisará dobrar esse percentual nos
próximos dez anos, ou seja, chegar __________ 33%. Para se ter
(Fmj 2020) O verso em que o objeto direto e o objeto indireto uma ideia da complexidade dessa meta, esse era o percentual
estão antepostos ao verbo é: previsto no PNE que se concluiu em 2010. Isso exige – sem que
a) “Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo,” (2ª estrofe) haja perda de qualidade com essa expansão – que a educação
básica melhore significativamente, tanto em acesso como em
b) “Apenas mal se move e mal se arrasta?” (1ª estrofe) qualidade, tomando como referência os atuais índices de
aprendizagem escolar.
c) “Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo,” (1ª estrofe) O acesso 16à Educação é, 17portanto, ainda um desafio e,
caso seja efetivado com qualidade, poderá contribuir
d) “Mas sempre passarei uma velhice” (4ª estrofe) decisivamente para que o país 18reduza o enorme hiato que
separa o seu desenvolvimento econômico, medido pelo seu
e) “Aqui me buscarás um sítio ameno,” (5ª estrofe) Produto Interno Bruto – PIB (o Brasil é o 7º PIB mundial) e o seu
desenvolvimento social, medido pelo seu Índice de
Exercício 23
Desenvolvimento Humano – IDH (o Brasil ocupa a 75ª posição no
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ranking mundial). Somente quando o país alinhar 19esses índices
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões).
nas melhores posições do ranking mundial, teremos de fato um
Brasil com menos desigualdade e menos pobreza. Para que isso
O acesso 1à Educação é o ponto de partida
aconteça, não se conhece nada melhor do que a Educação.
Mozart Neves

Disponível em: <http://istoe.com.br/o-acesso-educacao-e-o-


A Educação tem resultados profundos e abrangentes no
ponto-de-partida/>.
desenvolvimento de uma sociedade: contribui para o crescimento
Acesso em: 20 mar. 2017)
econômico do país, para a promoção da igualdade e bem-estar
social, e também tem impactos decisivos na vida de cada um. Um
deles, por exemplo, é na própria renda do trabalhador. Uma
(G1 - ifsul 2017) Quanto à regência verbo-nominal, qual é a
análise feita __________ alguns anos pelo economista Marcelo
alternativa INCORRETA?
Neri mostrou que, a cada ano a mais de estudo, o brasileiro ganha
15% a mais de salário. Além disso, o estudo também mostrou a) A expressão à Educação, que complementa o substantivo
que quem completou o Ensino Fundamental tem 35% a mais de acesso, presente no título do texto e nas referências 2 e 16,
chances de ocupação que um analfabeto. Esse número sobe para constitui um caso de regência nominal.
122% na comparação com alguém que tenha o Ensino Médio e
387% com Ensino Superior. b) O verbo incluir (referência 13) é bitransitivo, sendo o pronome
Diante disso, o direito do acesso 2à Educação é o ponto de los o objeto direto e a expressão no mundo do trabalho o objeto
partida na formação de uma pessoa e, consequentemente, no indireto.

desenvolvimento e prosperidade de uma nação. 3Não obstante os


c) O pronome oblíquo los (referência 12) possui a função sintática
avanços alcançados pelo Brasil nas duas últimas décadas4,
de objeto direto e retoma a expressão 5,3 milhões de jovens de
5
ainda 6há 7importantes desafios a superarmos no que tange 18 a 24 anos que nem estudam e nem trabalham.
esse direito. Se 8por um lado conseguimos universalizar o
atendimento escolar no Ensino Fundamental, temos 9ainda, por d) A expressão importantes desafios (referência 7) desempenha a
outro lado, 2,8 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora função sintática de objeto indireto do verbo haver.
da escola. Isso corresponde ______ um país do tamanho do
Exercício 24
Uruguai. O desafio, em termos de acesso, é a universalização da
(Espcex (Aman) 2016) Assinale a oração em que o termo ou
Pré-Escola (crianças de 4 e 5 anos) e do Ensino Médio (jovens de
expressão grifados exerce a função de Objeto Indireto.
15 a 17 anos).
Há outro desafio em jogo10: o de como motivar 5,3 a) Cumprimentei-as respeitosamente.
milhões de jovens de 18 a 25 anos que nem estudam e nem
b) Perderam-na para sempre.
trabalham, a chamada 11“geração nem-nem”, para trazê-12los de
volta __________ escola e, posteriormente, 13incluí-los no mundo
c) Amava mais a ele que aos outros.
do trabalho. Isso é essencial para um país que passa por um
bônus demográfico que se completará, 14segundo os d) Eu culpo a tudo e a todos.
especialistas, em 2025. O país, para seu crescimento econômico e
sua sustentabilidade, não poderá abrir mão de nenhum de seus e) Obedeceu-lhe prontamente.
jovens.
Exercício 25 vida e o acaso. 5Programas sociais e ações afirmativas não
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: rompem o equilíbrio natural das coisas, como seus críticos podem
A(s) questão(ões) refere(m)-se ao texto a seguir. crer — pelo contrário, a ideia é justamente minimizar os efeitos da
injustiça social. 6Uma pessoa extremamente pobre pode virar a
A falácia do mundo justo e a culpabilização das vítimas
dona de uma empresa multimilionária, mas o esforço que vai ter
de fazer para chegar lá é muito maior do que o esforço de alguém
Por Ana Carolina Prado
nascido em uma família rica que sempre teve acesso à melhor
educação e a bons contatos. “Se olhar os excluídos e se
“É claro que o cara que estuprou é o culpado, mas as mulheres questionar por que eles não conseguem sair da pobreza e ter um
também ficam andando na rua de saia curta e em hora errada!”. bom emprego como você, está cometendo a falácia do mundo
“O hacker que roubou as fotos dessas celebridades nuas está justo. Está ignorando as bênçãos não merecidas da sua posição”,
errado, mas ninguém mandou tirar as fotos!”. “Se você trabalhar
diz McRaney.
duro vai ser bem-sucedido, não importa quem você seja. Quem
Em casos de abusos contra outras pessoas, como bullying ou
morreu pobre é porque não se esforçou o bastante.” Você sabe o
estupro, a injustiça é ainda maior, pois eles nunca são justificados
que essas afirmações têm em comum?
— e aí a falácia do mundo justo se mostra ainda mais perversa.
Há algum tempo falei aqui sobre como os humanos têm diversas
Portanto, toda vez que você se sentir movido a dizer coisas como
formas de se enganar em relação à ideia que têm de si mesmos,
“O estuprador é quem está errado, é claro, mas…”, pare por aí. O
quase sempre para proteger sua autoestima ou para saciar sua
que vem depois do “mas” é quase sempre fruto de uma tendência
vontade de estar sempre certos. Mas nosso cérebro não nos a ver o mundo de uma forma distorcida só para ele parecer menos
engana só em relação a como vemos a nós mesmos: temos injusto.
também a tendência de nos iludir em relação aos outros e à vida
em geral. E as frases acima exemplificam uma maneira como isso Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs>. Acesso em: 02
pode acontecer: por meio da falácia do mundo justo.
set. 2014 (Adaptado)
Por exemplo, embora os estupros raramente tenham qualquer
coisa a ver com o comportamento ou vestimenta da vítima e
sejam normalmente cometidos por um conhecido e não por um
(G1 - cftmg 2015) “´E as frases acima exemplificam uma maneira
estranho numa rua deserta, a maioria das campanhas de
como isso pode acontecer: por meio da falácia do mundo justo.`”
conscientização são voltadas para as mulheres, não para os
homens — e trazem a absurda mensagem de “não faça algo que
Nessa frase, o trecho em destaque é classificado sintaticamente
poderia levá-la a ser violentada”. como
Em um estudo sobre bullying feito em 2010 na Universidade
a) adjunto adverbial.
Linkoping, na Suécia, dos adolescentes culparam a vítima
por ser “um alvo fácil”. Para os pesquisadores, esses julgamentos
b) agente da passiva.
estão relacionados à noção — amplamente difundida na ficção —
de que coisas boas acontecem a quem é bom e coisas más
c) objeto indireto.
acontecem a quem merece. 1A tendência a acreditar que o mundo
é assim é chamada, na psicologia, de falácia do mundo justo.
d) aposto.
“Não importa quão liberal ou conservador você seja, alguma
noção dela entra na sua reação emocional quando ouve sobre o Exercício 26
sofrimento dos outros”, diz o jornalista David McRaney no livro TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
“Você não é tão esperto quanto pensa”. 4Ele acrescenta que, Fofoca: uma obra sem autor
embora muitas pessoas não acreditem conscientemente em
carma, no fundo ainda acreditam em alguma versão disso, O próprio som da palavra fofoca dá a ela um certo ar de
adaptando o conceito para a sua própria cultura. frivolidade. Fofoca, mexerico, coisa sem importância. Difamação é
E dá para entender por que somos levados a pensar assim: viver crime, 1mas fofoca é só uma brincadeira. O que seria da vida sem
em um mundo injusto e imprevisível é meio assustador e um bom diz que me diz que, não?
queremos nos sentir seguros e no controle. 3O problema é que
crer cegamente nisso leva a ainda mais injustiças, como o Não. Dispenso fofocas e fofoqueiros. 2Quando alguém se
julgamento de que pessoas pobres ou viciadas em drogas são aproxima de mim, segura no meu braço e olha para o lado antes
vagabundas [...], que mulher de roupa curta merece ser de começar a falar, já sei que 3vem aí uma lama que não me diz
maltratada ou que programas sociais são um desperdício de respeito. Se não tiver como fugir, deixo que a indiscrição entre por
dinheiro e uma muleta para preguiçosos. Todas essas crenças são um ouvido e saia pelo outro, dando assim o pior castigo para o
falaciosas porque partem do princípio de que o sistema em que meu interlocutor: não passarei adiante nem uma palavra.
vivemos é justo e cada um tem exatamente o que merece.
2
[...] a falácia do mundo justo desconsidera os inúmeros outros Não recuso uma olhada na revista Caras, especialista em entregar
fatores que influenciam quão bem-sucedida a pessoa vai ser, 4quem dormiu com quem, quem traiu quem, quem faliu, quem
como o local onde ela nasceu, a situação socioeconômica da sua casou, quem separou. É a única publicação do gênero que passa
família, os estímulos e situações pelas quais passou ao longo da
alguma credibilidade, 5porque sei que os envolvidos foram árvores, e olhos de serpentes hirtas acariciando esses corpos
escutados, deram declarações por vontade própria, deixaram-se como dedos amorosos". Não faltam flores azuis, rios cristalinos e
fotografar. São fofocas profissionais, consentidas e quase sempre tigres mágicos.
assinadas. Fofoca anônima é que é golpe baixo. 11Traduzo os poemas por dever de ofício, mas com uma

secreta - e nunca realizada - vontade de inserir ali um grãozinho


A fofoca nasce na boca de quem? Ninguém sabe. Ouviu-se falar. de realidade. 19Nas minhas idas (nem tantas) ao exterior, onde
É uma afirmação sem fonte, uma suspeita sem indício, uma convivi sobretudo com escritores ou professores e estudantes
leviandade órfã de pai e mãe. Quem fabrica uma fofoca quer ter a universitários - portanto, gente razoavelmente culta -, fui
sensação de poder. Poder o quê? Poder divulgar algo seu, ver seu invariavelmente surpreendida com a profunda ignorância a
“trabalho” passado adiante, provocando reações, mobilizando respeito de quem, como e o que somos.
pessoas. Quem dera o criador da fofoca pudesse contribuir para a 5
- A senhora é brasileira?- comentaram espantados alunos
sociedade com um quadro, um projeto de arquitetura, um 6plano de uma universidade americana famosa. - Mas a senhora é loira!
educacional, mas sem talento para tanto, ele gera boatos. 13Depois de ler num congresso de escritores em

Amsterdam um trecho de um dos meus romances traduzido em


Quem faz intrigas sobre a vida alheia quer ter algo de sua autoria,
inglês, 17ouvi de um senhor elegante, dono de um antiquário
uma obra que se alastre e cresça, que se torne pública e que seja
famoso, que segurou comovido minhas duas mãos:
muito comentada. Algo que lhe dê continuidade. É por isso que
7- Que maravilha! 23Nunca imaginei que no Brasil
fofocar é uma tentação. Porque nos dá, por poucos minutos, a
houvesse pessoas cultas!
sensação de ser portador de uma informação valiosa que está
21
sendo gentilmente dividida com os outros. Na verdade, está-se Pior ainda, no Canadá alguém exclamou incrédulo:
exercitando uma pequena maldade, não prevista no Código 6- Escritora brasileira? 22Ué, mas no Brasil existem

Penal. Fofocas podem provocar lesões emocionais. 7Por mais editoras?


1
inocente ou absurda, sempre deixa um rastro de desconfiança. A culminância foi a observação de uma crítica berlinense,
Onde há fumaça há fogo, acreditam todos, o que transforma toda num artigo sobre um romance meu editado por lá, acrescentando,
fofoca numa verdade em potencial. Não há fofoca que compense. a alguns elogios, a grave restrição: "porém 8não parece um livro
Se for mesmo verdade, é uma bala perdida. Se for mentira, é um brasileiro, pois não fala nem de plantas nem de índios nem de
tiro pelas costas. bichos".
12
Diante dos três poemas sobre o Brasil, esquisitos para
MEDEIROS, Martha. Almas gêmeas, 20 set. 1999.
qualquer brasileiro, 24pensei mais uma vez que 4esse
Disponível em:
desconhecimento não se deve apenas à natural (ou inatural)
<http://almas.terra.com.br/martha/martha_2D_09.htm/>. Acesso
alienação estrangeira quanto ao geograficamente fora de seus
em: 7 dez. 2005.
interesses, mas também a culpa é nossa. 2Pois o que mais
exportamos de nós é o exótico e o folclórico.
15Em uma feira do livro de Frankfurt, no espaço brasileiro,
(G1 - ifce 2012) Os termos destacados no trecho “Quando
alguém se aproxima de mim, segura no meu braço e olha para o o que se via eram livros (não muito bem arrumados), muita
lado antes de começar a falar, já sei que vem aí uma lama que caipirinha na mesa, e televisões mostrando carnaval, futebol,
não me diz respeito.” (ref. 2) desempenham, respectivamente, as praia e... mato.
funções de 16E eu, mulher essencialmente urbana, escritora das

a) objeto indireto, complemento nominal e objeto direto. geografias interiores de meus personagens neuróticos, 9me senti
tão deslocada quanto um macaco em uma loja de cristais.
10
b) objeto indireto, adjunto adverbial e sujeito. Mesmo que tentasse explicar, ninguém acreditaria que
eu era tão brasileira quanto qualquer negra de origem africana
c) complemento nominal, objeto indireto e objeto direto. vendendo acarajé nas ruas de Salvador. Porque o Brasil é tudo
isso.
d) objeto indireto, objeto indireto e sujeito. E nem a cor de meu cabelo e olhos, nem meu sobrenome,
nem os livros que li na infância, 18nem o idioma que falei naquele
e) complemento nominal, adjunto adverbial e objeto direto. tempo além do português, 20me fazem menos nascida e vivida
nesta terra de tão surpreendentes misturas: imensa,
Exercício 27
desaproveitada, instigante e (por que ter medo da palavra?)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
maravilhosa.
NÓS, OS BRASILEIROS
(LUFT, Lya. Pensar e transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.
49-51.)
Uma editora europeia me pede que traduza poemas de
autores estrangeiros sobre o Brasil.
Como sempre, 14eles falam da floresta amazônica, uma
floresta muito pouco real, aliás. Um bosque poético, com
(G1 - cftmg 2006) A função do substantivo destacado está
3
"mulheres de corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das corretamente identificada em:
a) "Ué, mas no Brasil existem EDITORAS?" (ref. 22) OBJETO espinhosa. Fê-lo nervoso e ágil, refletido e preguiçoso; artista até
DIRETO ao requinte, sarcasta até a tortura, e para os amigos bom rapaz,
desconfiado para os indiferentes, e terrível com agressores e
b) "[...] eles falam da FLORESTA amazônica (...)" (ref. 14) OBJETO adversários... .
INDIRETO Desde que o nosso tempo englobou os homens em três
categorias de brutos, o burro, o cão e o gato - isto é, o animal de
c) "Nunca imaginei que no Brasil houvesse PESSOAS cultas!" (ref. trabalho, o animal de ataque, e o animal de humor e fantasia - por
23) SUJEITO que não escolheremos nós o travesti do último? É o que se
quadra mais ao nosso tipo, e aquele que melhor nos livrará da
d) "A culminância foi a observação de uma CRÍTICA berlinense, escravidão do asno, e das dentadas famintas do cachorro.
num artigo sobre um romance meu editado por lá (...)" (ref. 1) Razão por que nos acharás aqui, leitor, miando um pouco,
COMPLEMENTO NOMINAL arranhando sempre e não temendo nunca.

Exercício 28
FIALHO DE ALMEIDA
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
MEU POVO, MEU POEMA

Meu povo e meu poema crescem juntos


(Faap 1997) "Desde que o nosso tempo englobou os homens em
como cresce no fruto
três categorias de brutos, porque não escolheremos nós o travesti
a árvore nova
do último?" A análise que se faz está correta, exceto:

No povo meu poema vai nascendo a) tempo (sujeito)


como no canavial
nasce verde o açúcar b) os homens (objeto direto)

No povo meu poema está maduro c) nós (sujeito)


como o sol
na garganta do futuro d) travesti (objeto indireto)

Meu povo em meu poema e) o travesti (adjunto adnominal)


se reflete
Exercício 30
como a espiga se funde em terra fértil
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
Vem um Sapateiro com seu avental e carregado de formas,
do que planta
chega ao 1batel infernal, e diz:
(Ferreira Gullar)
Hou da barca!
Diabo – Quem vem aí?
Santo sapateiro honrado,
como vens tão carregado?
(Cesgranrio 1994) Os termos "No povo" (v.7) e "Ao povo" (v.1 3),
Sapateiro – Mandaram-me vir assi...
exercem, respectivamente, as funções sintáticas de:
Mas para onde é a viagem?
a) objeto indireto - adjunto adverbial Diabo – Para a terra dos danados.
Sapateiro – E os que morrem confessados
b) objeto indireto - complemento nominal onde têm sua passagem?
Diabo – Não cures de mais linguagem!
c) complemento nominal - objeto indireto que esta é tua barca, esta!
Sapateiro – Renegaria eu da festa
d) adjunto adverbial - adjunto adverbial e da barca e da barcagem!
Como poderá isso ser, confessado e comungado?
e) adjunto adverbial - objeto indireto Diabo – Tu morreste excomungado,
não no quiseste dizer.
Exercício 29
Esperavas de viver;
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
calaste dez mil enganos,
Os gatos
tu roubaste bem trinta anos
o povo com teu mister.
Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o
Embarca, pobre de ti,
crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao gato, a
que há já muito que te espero!
graça ondulosa e o assopro, o ronrom e a garra, a língua
Sapateiro – Pois digo-te que não quero! Abrindo o laptop, começou a escrever.
Diabo – Que te pese, hás de ir, si, si! “Caminhando sozinho aquela noite pela praia deserta, fiz
algumas reflexões sobre a morte” (Erico Veríssimo, Solo de
(Gil Vicente. Auto da Barca do Inferno. Adaptado.) Clarineta, p. 12).
Como vimos nos exemplos, o gerúndio pode ser
empregado de diferentes maneiras em nossa língua sem que
1 tenhamos praticado nenhuma heresia. Já com o gerundismo é
batel: pequena embarcação.
outra história. Nesse caso, trata-se do uso inadequado do
gerúndio. Um vício de linguagem que se alastrou de modo tão
(Famema 2020) Transpondo-se a forma de tratamento para corriqueiro e insistente que até já virou piada.
“você”, os versos “Embarca, pobre de ti, / que há já muito que te Então, se você usa expressões como: “Vou estar
espero!” e “Pois digo-te que não quero!” assumem, de acordo com pesquisando seu caso” ou “Vou estar completando sua ligação”,
a norma-padrão, as seguintes redações: mude imediatamente sua fala para: “Vou pesquisar seu caso” e
“Vou completar sua ligação”. Note que, nos dois casos, você passa
a) “Embarque, pobre de você, / que há já muito que lhe espero!” e
a usar somente duas formas verbais (“vou” + “pesquisar” ou “vou”
“Pois digo-lhe que não quero!”
+ “completar”) no lugar de três. Além disso, a ideia temporal a ser
transmitida é a de futuro e não de presente em curso.
b) “Embarque, pobre de você, / que há já muito que o espero!” e
O gerundismo, portanto, é uma mania que peca pelo
“Pois digo-lhe que não quero!”
excesso, pela inadequação do verbo, que ocorre ao
transformarmos, desnecessariamente, um verbo conjugado em
c) “Embarque, pobre de você, / que há já muito que o espero!” e
um gerúndio.
“Pois digo-o que não quero!”

(Fonte: UOL. Adaptado. Disponível em:


d) “Embarque, pobre de você, / que há já muito que lhe espero!” e
<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/gerundismo-
“Pois digo à você que não quero!”
evite-esse-vicio-de-linguagem.htm> Acesso em: 20 jan. 2019).

e) “Embarque, pobre de você, / que há já muito que espero você!”


e “Pois digo-o que não quero!”
(G1 - ifmt 2020) Considerando a sentença: "[...] o gerúndio pode
Exercício 31 ser empregado de diferentes maneiras em nossa língua sem que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: tenhamos praticado nenhuma heresia", em relação à locução
Gerundismo - evite esse vício de linguagem verbal em destaque, podemos afirmar que:

a) “tenhamos” está flexionado na 3ª pessoa do plural e


Tanto se tem falado a respeito de gerundismo, que já há “praticado” está no particípio passado.
quem tenha prática sobre o uso do gerúndio. Há até quem
pergunte se o gerúndio não é mais usado ou se é errado o seu b) “tenhamos” está flexionado na 1ª pessoa do plural e
emprego. Então, antes que se comece a tomar o certo pelo “praticado” está no particípio passado.
duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas
regras gramaticais. c) “tenhamos” está flexionado na 2ª pessoa do plural e
Comecemos pelo significado da palavra “gerúndio”. Se “praticado” está no pretérito perfeito.
procurarmos as definições nas gramáticas em uso,
encontraremos, geralmente, a seguinte explicação: “Gerúndio é d) “tenhamos” está flexionado na 1ª pessoa do plural e
uma das formas nominais do verbo que apresenta o processo “praticado” está no pretérito imperfeito.
verbal em curso e que desempenha a função de adjetivo ou
advérbio”. e) “tenhamos” está flexionado na 3ª pessoa do plural e
Ele apresenta-se de duas formas. A simples (Ex.: “praticado” está no gerúndio.
Chegando a hora da largada, a luz verde acendeu) e a composta
(Ex.: Tendo chegado ao fim da corrida, o carro foi recolhido ao Exercício 32
boxe). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O gerúndio expressa uma ação que está em curso ou que Leia o poema a seguir e responda:
ocorre simultaneamente ou, ainda, que remete a uma ideia de
progressão. Sua forma nominal é derivada do radical do verbo Descreve a vida escolástica
acrescida da vogal temática e da desinência -ndo. Exemplos:
comendo; partindo. Mancebo sem dinheiro, bom barrete,
Veja, a seguir, o uso do gerúndio na prática: Medíocre o vestido, bom sapato,
E a lama desceu pelo morro, destruindo tudo que Meias velhas, calção de esfola-gato,
encontrava pela frente. Cabelo penteado, bom topete.
Rindo, ele se lembrava com saudades dos dias felizes que Presumir de dançar, cantar falsete,
tivera. Jogo de fidalguia, bom barato,
Tirar falsídia ao moço do seu trato,
Furtar a carne à ama, que promete; pessoa sabe é parte do problema geral de o que é que uma
A putinha aldeã achada em feira, pessoa tem em sua mente e que _____3_____ permite usar a
Eterno murmurar de alheias famas, língua, falando e entendendo.
8
Soneto infame, sátira elegante; Antes de mais nada, porém, o que é 9uma palavra? 10Ora,
Cartinhas de trocado para a freira, 11
alguém vai dizer, 12“todo mundo sabe o que é uma palavra”.
Comer boi, ser Quixote com as damas,
Mas não é bem assim. Considere a palavra olho. É muito claro que
Pouco estudo: isto é ser estudante.
isso aí é uma palavra – mas será que olhos é a mesma palavra (só
que no plural)? Ou será outra palavra?
WISNIK, J. M. (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. 13
Bom, há razões para responder das duas maneiras: é a mesma
São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 173.
palavra, porque significa a mesma coisa (mas com a ideia de
plural); e é outra palavra, porque se pronuncia diferentemente
(olhos tem um “s” final que olho não tem, além da 14diferença de
(Uel 2019) Sobre o poema, considere as afirmativas a seguir.
timbre das vogais tônicas). 15Entretanto, a razão 16principal por
I. O poema estabelece uma diferenciação entre o estudante rico, que 17julgamos que olho e olhos sejam a mesma palavra é que a
que tudo tem, e o estudante pobre, que é obrigado a “furtar carne relação entre elas é extremamente regular; ou seja, vale não
à ama”. apenas para esse par, mas para milhares de outros pares de
II. O poema tem início com uma distinção entre o bom e o mau elementos da língua: olho/olhos, orelha/orelhas, gato/gatos, etc. E,
estudante: “Mancebo sem dinheiro, bom barrete, /Medíocre o semanticamente, a relação é a mesma em todos os pares: a forma
vestido, bom sapato [...]”. sem “s” denota um objeto só, a forma com “s” denota mais de um
III. O poema é construído a partir de pequenos quadros que objeto. 18Daí se tira uma consequência importante: não é preciso
denotam as várias práticas do estudante, sendo que quase aprender e guardar permanentemente na memória cada caso
nenhuma delas está associada ao estudo.
individual; aprendemos uma regra geral (“19faz-se o plural
IV. A repetição de formas verbais no infinitivo indica uma
acrescentando um “s” ao singular”), e estamos prontos.
permanência das características negativas elencadas a respeito
do estudante.
Adaptado de: PERINI, Mário A. Semântica lexical. ReVEL, v. 11, n.
20, 2013.
Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. (Ufrgs 2018) Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas 1, 2 e 3, nessa ordem.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. a) Às vezes – têm – lhe

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.


b) Às vezes – tem – lhe

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.


c) As vezes – têm – o

Exercício 33
d) Às vezes – tem – o
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.
e) As vezes – têm – lhe

_____1_____ me perguntam: quantas palavras uma pessoa sabe?


Exercício 34
Essa 1é uma pergunta importante, 2principalmente para quem TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ensina línguas estrangeiras. Seria muito útil para quem planeja Leia a fábula “A raposa e o lenhador”, do escritor grego Esopo
um curso de francês ou japonês ter uma 3estimativa de quantas (620 a.C.?-564 a.C.?), para responder à(s) questão(ões) a seguir:
palavras um nativo conhece; e quantas os alunos precisam
aprender para usar a língua com certa facilidade. 4Essas Enquanto fugia de caçadores, uma raposa viu um lenhador e lhe
informações seriam preciosas para quem está preparando um pediu que a escondesse. Ele sugeriu que ela entrasse em sua
cabana e se ocultasse lá dentro. Não muito tempo depois, vieram
manual que inclua, 5entre outras coisas, um planejamento
os caçadores e perguntaram ao lenhador se ele tinha visto uma
cuidadoso da introdução 6gradual de vocabulário.
raposa passar por ali. Em voz alta ele negou tê-la visto, mas com
À parte isso, a pergunta tem seu interesse próprio. Uma língua
a mão fez gestos indicando onde ela estava escondida.
não é apenas composta de palavras: ela inclui também regras
Entretanto, como eles não prestaram atenção nos seus gestos,
gramaticais e um mundo de outros elementos que também
deram crédito às suas palavras. Ao constatar que eles já estavam
precisam ser dominados. Mas as palavras são particularmente
longe, a raposa saiu em silêncio e foi indo embora. E o lenhador
numerosas, e é notável como qualquer pessoa, instruída ou não,
se pôs a repreendê-la, pois ela, salva por ele, não lhe dera nem
_____2_____ acesso a esse 7acervo imenso de informação com
uma palavra de gratidão. A raposa respondeu: “Mas eu seria
facilidade e rapidez. Assim, perguntar quantas palavras uma
grata, se os gestos de sua mão fossem condizentes com suas estado do Rio de Janeiro.
palavras.” 16Porém seu afastamento não foi nada favorável, fazendo com

que fosse posto em prática um golpe militar, onde o Marechal


(Fábulas completas, 2013.) Deodoro da Fonseca conspirava a derrubada de D. Pedro II.
Boatos de que os responsáveis pelo plano seriam presos fizeram
com que a armada acontecesse, recebendo o apoio de mais de
(Unifesp 2017) Os trechos “Ele sugeriu que ela entrasse em sua seiscentos soldados.
cabana” e “vieram os caçadores e perguntaram ao lenhador se ele No dia 15 de novembro de 1889, ao passar pela Praça da
tinha visto uma raposa” foram construídos em discurso indireto. Aclamação, o Marechal, com espada em punho, declarou que, a
Ao se transpor tais trechos para o discurso direto, o verbo partir daquela data, o país seria uma república.
“entrasse” e a locução verbal “tinha visto” assumem, Dom Pedro II recebeu a notícia de que seu governo 17havia sido
respectivamente, as seguintes formas: derrubado e um decreto o expulsava do país, juntamente com sua
a) “entrai” e “vira”. família. Dias depois, voltaram a 18Portugal.
Para governar o Brasil República, os responsáveis pela
b) “entrou” e “viu”. conspiração montaram um governo provisório, mas o Marechal
Deodoro da Fonseca permaneceu como presidente do país. Rui
c) “entre” e “vira”. Barbosa, Benjamin Constant, Campos Sales e outros foram
escolhidos para formar os ministérios.
d) “entre” e “viu”.
(FONTE: Jussara de Barros, http://www.brasilescola.com-Texto
e) “entrai” e “viu”. Adaptado)

Exercício 35
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Imed 2015) As lacunas das referências 1, 5, 10, 14 e 15 ficam
Instrução: A(s) quest(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.
correta e respectivamente preenchidas por:

Dia da Proclamação da República a) A – haviam – a – à – a

1 b) Há – havia – a – a – à
____ exatos 125 anos, em 15 de novembro de 1889, foi
proclamada a república do Brasil.
c) A – haviam – a – a – à
Na época, o país era governado por D. Pedro II e passava por
grandes problemas, em razão da abolição da escravidão, em
d) A – havia – à – à – à
1888.
2
Como os negros não trabalhavam mais nas lavouras, os
e) Há – haviam – à – a – a
3
imigrantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e
colhendo, mas cobravam pelos trabalhos realizados, o que gerou Exercício 36
insatisfação nos proprietários de terras. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
As perdas também foram grandes para os coronéis, 4pois Leia o conto “A cartomante”, de Lima Barreto (1881-1922), para
5 responder à(s) questão(ões).
________ gasto uma enorme 6quantidade de dinheiro investindo
nos escravos, e o governo, após a abolição, não pagou nenhuma
indenização a eles. Não havia dúvida que naqueles atrasos e atrapalhações de sua
A guerra do Paraguai (1864 a 1870) também ajudou na luta vida, alguma influência misteriosa preponderava. Era ele tentar
7 qualquer coisa, logo tudo mudava. Esteve quase para arranjar-se
contra o regime monárquico no Brasil. Soldados brasileiros se
na Saúde Pública; mas, assim que obteve um bom “pistolão1”,
aliaram aos exércitos do Uruguai e da Argentina, recebendo
toda a política mudou. Se jogava no bicho, era sempre o grupo
orientações para implantarem a república no Brasil.
seguinte ou o anterior que dava. Tudo parecia mostrar-lhe que ele
Os movimentos republicanos também já aconteciam no 8país, a
não devia ir para adiante. Se não fossem as costuras da mulher,
9
imprensa trazia politização 10____ população civil, 11para não sabia bem como poderia ter vivido até ali. Há cinco anos que
lutarem pela libertação do país dos domínios de Portugal. Com
não recebia vintém de seu trabalho. Uma nota de dois mil-réis, se
isso, vários partidos teriam sido criados, desde 1870.
alcançava ter na algibeira por vezes, era obtida com auxílio de
A Igreja também teve sua participação para que a república do
não sabia quantas humilhações, apelando para a generosidade
Brasil fosse proclamada. Dois bispos foram nomeados para
dos amigos.
12
acatarem as ordens de D. Pedro II, tornando-se seus Queria fugir, fugir para bem longe, onde a sua miséria atual não
subordinados, 13mas não aceitaram tais imposições. Com isso, tivesse o realce da prosperidade passada; mas, como fugir?
foram punidos com pena de prisão, levando 14_____ igreja Onde havia de buscar dinheiro que o transportasse, a ele, a
15 mulher e aos filhos? Viver assim era terrível! Preso à sua
_____ ir contra o governo.
Com as tensões aquecendo o mandato de D. Pedro II, o imperador vergonha como a uma calceta2, sem que nenhum código e juiz
dirigiu-se com sua família para a cidade de Petrópolis, também no tivessem condenado, que martírio!
A certeza, porém, de que todas as suas infelicidades vinham de
uma influência misteriosa, deu-lhe mais alento. Se era “coisa e) adjunto adverbial.
feita”, havia de haver por força quem a desfizesse. Acordou mais
Exercício 37
alegre e se não falou à mulher alegremente era porque ela já
(Eear 2017) Leia:
havia saído. Pobre de sua mulher! Avelhantada precocemente,
trabalhando que nem uma moura, doente, entretanto a sua
I. Lembrou-se da pátria com saudades e desejou sentir
fragilidade transformava-se em energia para manter o casal.
novamente os aromas de sua terra e de sua gente.
Ela saía, virava a cidade, trazia costuras, recebia dinheiro, e aquele
II. A defesa da pátria é o princípio da existência do militarismo.
angustioso lar ia se arrastando, graças aos esforços da esposa.
Bem! As coisas iam mudar! Ele iria a uma cartomante e havia de
descobrir o que e quem atrasavam a sua vida. Assinale a alternativa que apresenta correta afirmação sobre os
Saiu, foi à venda e consultou o jornal. Havia muitos videntes, termos destacados nas frases I e II.
espíritas, teósofos anunciados; mas simpatizou com uma a) As frases I e II apresentam em destaque adjuntos adnominais.
cartomante, cujo anúncio dizia assim: “Madame Dadá, sonâmbula,
extralúcida, deita as cartas e desfaz toda espécie de feitiçaria,
principalmente a africana. Rua etc.”. b) As frases I e II apresentam em destaque complementos
Não quis procurar outra; era aquela, pois já adquirira a convicção nominais.
de que aquela sua vida vinha sendo trabalhada pela mandinga de
algum preto-mina3, a soldo do seu cunhado Castrioto, que jamais c) A frase I apresenta em destaque um objeto indireto e a frase II
vira com bons olhos o seu casamento com a irmã. apresenta em destaque um complemento nominal.
Arranjou, com o primeiro conhecido que encontrou, o dinheiro
necessário, e correu depressa para a casa de Madame Dadá. d) A frase I apresenta em destaque um objeto indireto e a frase II
O mistério ia desfazer-se e o malefício ser cortado. A abastança apresenta em destaque um adjunto adnominal.
voltaria à casa; compraria um terno para o Zezé, umas botinas
Exercício 38
para Alice, a filha mais moça; e aquela cruciante vida de cinco
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
anos havia de lhe ficar na memória como passageiro pesadelo.
Leia o excerto da crônica “Mineirinho” de Clarice Lispector (1925-
Pelo caminho tudo lhe sorria. Era o sol muito claro e doce, um sol
1977), publicada na revista Senhor em 1962, para responder à(s)
de junho; eram as fisionomias risonhas dos transeuntes; e o
questão(ões).
mundo, que até ali lhe aparecia mau e turvo, repentinamente lhe
surgia claro e doce.
Entrou, esperou um pouco, com o coração a lhe saltar do peito.
É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós,
O consulente saiu e ele foi afinal à presença da pitonisa4. Era sua
que devo procurar por que está doendo a morte de um 1facínora.
mulher.
E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que

(Contos completos, 2010.) mataram 2Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha
cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a
pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o
1pistolão: recomendação de pessoa influente; indivíduo que faz que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não
saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta
essa recomendação.
2 irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se
calceta: argola de ferro que, fixada no tornozelo do prisioneiro,
dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer
ligava-se à sua cintura por meio de corrente de ferro.
que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós
3preto-mina: indivíduo dos pretos-minas (povo que habita a
o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me
região do Grand Popo, no Sudoeste da África). talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que
4pitonisa: profetisa.
estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não
serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso?
Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”.
(Uefs 2018) Em “Onde havia de buscar dinheiro que o Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”.
transportasse, a ele, a mulher e aos filhos?” (3º parágrafo), o Por quê? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida
termo sublinhado refere-se ao substantivo “dinheiro” e exerce a insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior
função sintática de garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e
a) sujeito. assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão
para mim.
b) objeto direto. Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e
o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa
c) objeto indireto. alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem
de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo
d) adjunto adnominal. de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no
décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo
segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina
— porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro. Mesmo quando ela possui
Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por tua plácida elegância,
precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, esse teu reboco claro,
os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim riso franco de varandas,
como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a
minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, uma casa não é nunca
minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da só para ser contemplada;
casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. melhor: somente por dentro
Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que é possível contemplá-la.
treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e
oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, Seduz pelo que é dentro,
que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de ou será, quando se abra;
uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o pelo que pode ser dentro
erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não de suas paredes fechadas;
nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em
silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se pelo que dentro fizeram
abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta com seus vazios, com o nada;
e sangue, a lama viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de pelos espaços de dentro,
viver. não pelo que dentro guarda;

(Clarice Lispector. Para não esquecer, 1999.) pelos espaços de dentro:


seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
1facínora: diz-se de ou indivíduo que executa um crime com em corredores e salas,
crueldade ou perversidade acentuada.
2 os quais sugerindo ao homem
Mineirinho: apelido pelo qual era conhecido o criminoso carioca
estâncias aconchegadas,
José Miranda Rosa. Acuado pela polícia, acabou crivado de balas
paredes bem revestidas
e seu corpo foi encontrado à margem da Estrada Grajaú-
ou recessos bons de cavas,
Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

exercem sobre esse homem

(Unifesp 2016) “Até que treze tiros nos acordam, e com horror efeito igual ao que causas:
digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Mineirinho a vontade de corrê-la
nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem.” (4º por dentro, de visitá-la.
parágrafo)
Disponível em:
Os termos “a esse” e “nos” constituem, respectivamente, http://amoraroxa.blogspot.com.br/2008/02/mulher-e-casa-joo-
cabral-de-melo-neto.html. Acesso em: 24.09.2015
a) objeto indireto e objeto direto.

b) objeto indireto e objeto indireto. (G1 - ifba 2016) Fazendo a análise morfossintática da última
estrofe, pode-se afirmar que, em “visitá-la”:
c) objeto direto preposicionado e objeto direto.
a) o verbo é intransitivo.

d) objeto direto preposicionado e objeto indireto.


b) o “la” é objeto indireto.
e) objeto direto e objeto indireto.
c) o acento agudo é facultativo.
Exercício 39
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: d) o “la” é complemento nominal.
Leia a poesia abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
e) o “la” é pronome oblíquo e assume a função de objeto direto.
A mulher e a casa
Exercício 40
Tua sedução é menos (G1 - cps 2015) Comida é o nome de uma das músicas dos Titãs.
de mulher do que de casa: Leia um fragmento dela.
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada. “A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface —
A gente não quer só comida a interface entre o marketplace e o marketspace.
A gente quer saída (...)
Para qualquer parte” (...) Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram
“mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho
(Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto) único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As
(http://tinyurl.com/lwl3v2c Acesso em: 31.07.2014. Adaptado) comunidades online perturbam drasticamente esse modelo. Os
consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os
produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que
Podemos afirmar que os termos “comida, diversão e arte”, nesse controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio
trecho, exercem sintaticamente a função de e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por
profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública”
a) complemento nominal.
online.
Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.
b) sujeito composto.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo, Editora Abril,


c) objeto indireto.
janeiro 2011, p. 22.)

d) objeto direto.

(Unesp 2012) Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos


e) aposto.
os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos
Exercício 41 a mensagem.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O fim do marketing Nas orações que compõem os dois períodos transcritos, os
termos destacados exercem a função de
A empresa vende ao consumidor — com a web não é mais assim.
a) sujeito.

Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do


b) objeto direto.
marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam
mais. O paradigma era simples e unidirecional: as empresas
c) objeto indireto.
vendem aos consumidores. Nós criamos produtos; fixamos
preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios.
d) predicativo do sujeito.
Nós controlamos a mensagem. A internet transforma todas essas
atividades. e) predicativo do objeto.
(...)
Os produtos agora são customizados em massa, envolvem Exercício 42
serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos (Fgv 2003) Em cada uma das alternativas a seguir, está
consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores destacado um termo iniciado por preposição. Assinale a
hoje participam do desenvolvimento do produto. Produtos estão alternativa em que esse termo NÃO É OBJETO INDIRETO.
se tornando experiências. Estão mortas as velhas concepções
a) O rapaz aludiu ÀS HISTÓRIAS PASSADAS, quando nossa bela
industriais na definição e marketing de produtos.
Eugênia ainda era praticamente uma criança.
(...)
Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado, os preços
b) Quando voltei da Romênia, o Brasil todo assistia À NOVELA
fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados.
DA GLOBO, todos os dias.
Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os
consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem
c) Quem disse A JOAQUINA que as batatas deveriam cozer-se
determinar quanto querem pagar. Os consumidores vão oferecer
devagar?
vários preços por um produto, dependendo de condições
específicas. Compradores e vendedores trocam mais informações
d) Com a aterrissagem, o aviador logo transmitiu AO PÚBLICO a
e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas,
melhor das impressões.
decidem sobre os preços de produtos e serviços.
(...)
e) Foi fiel À LEI durante todos os anos que passou nos Açores.
A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça,
ou marketplace) e um mundo digital de informação (o espaço Exercício 43
mercadológico, ou marketspace). As empresas não devem TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
preocupar-se com a criação de um web site vistoso, mas sim de SEM DATA
uma grande comunidade online e com o capital de
relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta. Dentro 1 Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo. Agora à
de uma década, a maioria dos produtos será vendida no espaço tarde lembrou-me lá passar antes de vir para casa. Fui a pé; achei
aberta a porta do jardim, 5entrei e parei logo. o império da tecnociência, ascendeu também sua nêmese, o
2 "Lá estão eles", disse comigo. movimento ambiental. Fixar Marte como objetivo para dentro de
3 Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois velhos 20 ou 30 anos, hoje, parece 2tão louco quanto chegar à Lua em
sentados, olhando um para o outro. Aguiar estava encostado ao dez, como determinou John F. Kennedy. 6Não há um imperialismo
portal direito, com as mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à
visionário como ele à vista, e isso é bom. 7A ISS (estação espacial
esquerda, tinha os braços cruzados à cinta. 6Hesitei entre ir internacional) representa a prova viva de que certas metas só
adiante 3ou desandar o caminho; continuei parado alguns podem ser alcançadas pela humanidade como um todo, não por
segundos até que recuei pé ante pé. Ao transpor a porta para a 1nações forjadas no tempo das caravelas. 8Marte é o futuro da

rua, vi-lhes no rosto e na atitude 2uma expressão a que não acho humanidade. 9Ele nos fornecerá a experiência vívida e a imagem
nome certo ou claro: digo o que me pareceu. Queriam ser perturbadora de um planeta devastado, inabitável. Destino certo
risonhos e 4mal se podiam consolar. 1Consolava-os a saudade de da Terra em vários milhões de anos. 3Ou, mais provável, em
si mesmos.
poucas décadas, 4se prosseguir o saque a descoberto da energia
(ASSIS, Machado de. "Memorial de Aires". In: OBRA COMPLETA.
fóssil pelo hipercapitalismo globalizado, inflando a bolha
Rio de Janeiro, Aguilar, 1989.)
ambiental.

(Adaptado de: LEITE, M. Caderno Mais!. Folha de São Paulo. São


(Ufrrj 1999) "... digo O QUE ME pareceu ..."
Paulo, domingo, 26 jul. 2009. p. 3.)

Quanto à função sintática os termos em destaque são,


respectivamente: (Uel 2010) Quanto à predicação verbal, é correto afirmar:
a) objeto direto - objeto direto - objeto direto. a) Em “Lançar-se ao espaço implicava algum reconhecimento”
(ref. 5), o verbo implicar, nesse contexto, é um verbo transitivo
b) objeto direto - sujeito - objeto indireto. direto, por isso seu complemento não exige preposição.
b) Em “Não há um imperialismo visionário como ele à vista” (ref.
c) sujeito - sujeito - complemento nominal.
6), o verbo haver é considerado um verbo de ligação, pois
estabelece relação entre sujeito e seu predicativo.
d) objeto indireto - sujeito - objeto indireto.
c) Em “A ISS (estação espacial internacional) representa a prova
viva” (ref. 7), o verbo representar é intransitivo, portanto, não
e) adjunto adnominal - objeto indireto - objeto direto.
necessita complemento.
Exercício 44
(Uel 1997) Assinale a alternativa em que a função sintática do d) Em “Marte é o futuro da humanidade” (ref. 8), o verbo ser é
termo destacado está INCORRETA. classificado como verbo transitivo direto e indireto, ou seja, possui
um complemento precedido de preposição e outro não.
Faltariam ALGUMAS RESPOSTAS (a) para que o trabalho ficasse
COMPLETO (b) e os meninos se dispuseram A OUTRAS e) Em “Ele nos fornecerá a experiência vívida e a imagem” (ref. 9),
TAREFAS (c) MAIS ADAPTADAS (d) A SEU NÍVEL (e). o verbo fornecer é classificado como verbo defectivo, pois não
apresenta a conjugação completa.
a) objeto direto
Exercício 46
b) predicativo do sujeito TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Namorado: ter ou não, é uma questão
c) objeto indireto (Carlos Drummond de Andrade)

d) adjunto adnominal 1. Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não
remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das
e) complemento nominal conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro.
Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem,
Exercício 45 quindim, brisa ou filosofia.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 2. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até
Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões). paixão é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil.
3. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a
Marte é o Futuro quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente
treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção
O pouso na Lua não foi só o ápice da corrida espacial. Foi também dele não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um
o passo inicial do turbocapitalismo que dominaria as três décadas olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
seguintes. Dependente, porém, de matérias-primas do século 19: 4. Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é
aço, carvão, óleo. 5Lançar-se ao espaço implicava algum quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três
reconhecimento dos limites da Terra. Ela era azul, mas finita. Com
pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, (Ufv 1996) Dependendo da frase, um verbo normalmente
mesmo assim pode não ter namorado. empregado como transitivo direto pode tornar-se verbo de
5. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, ligação. Assinale a alternativa em que aparece um exemplo:
cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou
a) "Não tem namorado..."
drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho,
quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e
b) "... quem transa sem carinho...'
quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de
amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com
c) "... quem acaricia sem vontade..."
felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de
durar.
d) "... de virar sorvete ou lagartixa..."
6. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas;
de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada
e) "... e quem ama sem alegria."
no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa,
Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de Exercício 47
gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, Leia o trecho do poema “Amor feinho”, de Adélia Prado.
bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete
interplanetário. Eu quero amor feinho.
7. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, Amor feinho não olha um pro outro.
fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado Uma vez encontrado é igual fé,
quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e não teologa mais.
horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado e filhos tem os quantos haja.
quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com Tudo que não fala, faz.
ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Planta beijo de três cores ao redor da casa
Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da e saudade roxa e branca,
Metro. da comum e da dobrada.
8. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, Amor feinho é bom porque não fica velho.
quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem eu sou homem você é mulher.
namorado quem ama sem gostar: quem gosta sem curtir; quem Amor feinho não tem ilusão,
curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o o que ele tem é esperança:
gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na eu quero amor feinho.
madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não
tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem (Bagagem, 2011.)
brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem
esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem
confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado
quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de (Famema 2021) “Eu quero amor feinho.”
ser afetivo.
9. Se você não tem namorado porque não descobriu que o O verbo sublinhado é transitivo direto, assim como o verbo
amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de sublinhado em:
medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos
a) “Amor feinho não olha um pro outro.”
dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a
alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e
b) “não teologa mais.”
coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o
próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para
c) “Uma vez encontrado é igual fé,”
quem passe debaixo de sua janela.
10. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor
d) “Amor feinho é bom porque não fica velho.”
de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de
sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada
e) “Planta beijo de três cores ao redor da casa”
qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras
de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não Exercício 48
enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de repente parecer que faz sentido. MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO TEMPO
11. Enlou-cresça. Hélio Gurovitz
Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para palavra impressa. 11O computador só engatinhava, e Postman
o topo da lista dos mais vendidos (...) 1A distopia de Orwel, mal poderia prever como celulares, tablets e redes sociais se
mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo: tornariam – bem mais que a TV – o soma contemporâneo. Mas
o stalinismo. (...) 2O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos suas palavras foram prescientes: “O que afligia a população em
alternativos” e da anestesia intelectual nas redes sociais mais Admirável mundo novo não é que estivessem rindo em vez de
parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo pensar, mas que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham
novo, de Aldous Huxley. parado de pensar”.
3Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira

vez em 1985, num livreto do teórico da comunicação americano Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de 2017, p. 67.

Neil Postman: Amusing ourselves to death (4Nos divertindo até


morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no
Distopia = Pensamento, filosofia ou processo discursivo
The Guardian. “Na visão de Huxley, não é necessário nenhum
caracterizado pelo totalitarismo, autoritarismo e opressivo
Grande Irmão para despojar a população de autonomia,
controle da sociedade, representando a antítese de utopia.
maturidade ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria amando
(BECHARA, E. Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de
sua opressão, adorando as tecnologias que destroem sua
Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533).
capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que proibiriam os
livros. Huxley temia que não haveria motivo para proibir um livro,
pois não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell temia
(Epcar (Afa) 2018) Assinale a opção cuja figura de linguagem
aqueles que nos privariam de informação. Huxley, aqueles que
NÃO tem como elemento central um verbo.
nos dariam tanta que seríamos reduzidos à passividade e ao
egoísmo. 5Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós. a) “O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos alternativos” e da
Huxley, que fosse afogada num mar de irrelevância.” anestesia intelectual nas redes sociais mais parece outra
6 distopia.” (ref. 2)
No futuro pintado por Huxley, (...) não há mães, pais ou
casamentos. O sexo é livre. A diversão está disponível na forma
b) “No futuro pintado por Huxley, (...) não há mães, pais ou
de jogos esportivos, cinema multissensorial e de uma droga que
casamentos.” (ref. 6)
garante o bem-estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na
Terra dez áreas civilizadas e uns poucos territórios selvagens,
c) “O computador só engatinhava, e Postman mal poderia prever
onde 7grupos nativos ainda preservam costumes e tradições
como celulares, tablets e redes sociais se tornariam...” (ref. 11)
primitivos, como família ou religião. “O mundo agora é estável”,
diz um líder civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam
d) “Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós. Huxley,
e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em
que fosse afogada num mar de irrelevância.” (ref. 5)
segurança; nunca adoecem; 8não têm medo da morte; vivem na
ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham Exercício 49
9
sobrecarregadas de pais e mães; não têm esposas, nem filhos, (Eear 2017) Relacione as colunas e, em seguida, assinale a
nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são alternativa que apresenta a sequência correta:
condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar
de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar I. Predicado Verbal
mal, há o soma.” II. Predicado Nominal
10Para chegar à estabilidade absoluta, foi necessário abrir mão da III. Predicado Verbo-nominal

arte e da ciência. “A felicidade universal mantém as engrenagens


( ) Receava que eu me tornasse rancorosa.
em funcionamento regular; a verdade e a beleza são incapazes de
( ) As irmãs saíram da missa assustadas.
fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as massas tomavam o poder
( ) Da janela da igreja, os padres assistiam à cena.
público, era a felicidade, mais que a verdade e a beleza, o que
importava.” A verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a a) II – I – III
arte, perigos públicos. Mas não é necessário esforço totalitário
para controlá-las. Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer b) III – I – II
sacrifício em troca de uma vida sossegada” e de sua dose diária
de soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem dúvida. Mas foi c) I – III – II
excelente para a felicidade.”
No universo de Orwell, a população é controlada pela dor. No de d) II – III – I
Huxley, pelo prazer. “Orwell temia que nossa ruína seria causada
pelo que odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve Postman. Exercício 50
Só precisa haver censura, diz ele, se os tiranos acreditam que o (G1 - ifba 2016) Leia a anedota de Ziraldo e indique a opção que
público sabe a diferença entre discurso sério e entretenimento. corresponde aos tipos de predicado presentes na fala atribuída à
(...) O alvo de Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele professora, obedecendo à ordem em que eles aparecem no texto.
julgava ter imposto uma cultura fragmentada e superficial,
incapaz de manter com a verdade a relação reflexiva e racional da
A inspetora da escola visitando todas as turmas quando o 12
quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e
Juquinha levou um tombo no corredor e berrou todos os Guinle.
palavrões que conhecia. – Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei
Escandalizada, a inspetora perguntou: licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo
– Onde essa criança aprendeu tanto palavrão? de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.
E a professora, muito sem graça: – Vou visitar você todo domingo, quer?
– Aprendeu nada! Isso é dom natural. – É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu
canto.
(Fonte: Ziraldo. Mais anedotinhas do Bichinho da Maçã. Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos
10 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1993. p. 10-11) trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos
a) Nominal e Verbal. nessa breve conversa a longos intervalos. 4Ele chegava e saía
curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem
b) Verbal e Nominal. matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a
doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital
c) Verbal e Verbo-Nominal. pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.
– Pelo rádio – explicou Santos.
d) Verbo-Nominal e Verbal. Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações
fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não
e) Verbo-Nominal e Nominal. ficava até o dia seguinte, só essa vez?
– 5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se
Exercício 51
referia à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a
O Outro Marido
mesada: uma hora de companhia por mês.
Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. 13Dona
14Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância.
Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele
Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem
também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez,
a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos
em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-
avaliem pela casca. 9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o
mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não endereço da viúva?
mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros – Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada.
não percebem. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o
quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). 3Por falta de casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e
filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de
derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como Santos. Deixara três órfãos, coitado.
um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam
10Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos.
Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, 7a outra
diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava
simplificação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.
sentia-se vivo e desagradado. – Desculpe, foi engano. 8A pessoa a que me refiro não é esta –
1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha
disse Dona Laurinha, despedindo- se.
penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do
casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não (Carlos Drummond de Andrade)
propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença
era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da
Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos (Espcex (Aman) 2011) No trecho, “Ele chegava e saía curvado,
para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem matava.”
começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E (ref.4), os verbos sublinhados indicam, respectivamente:
mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna a) ação – ação – ação – ação
vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado.
– Quando você ficar bom... b) ação – estado – ação – estado
– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.
Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar c) estado – ação – estado – ação
remédio e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela
por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o d) estado – ação – ação – ação
reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito
e) ação – ação – estado – ação 2 A semana de 22 foi só um marco, mas pode-se dizer que
ela realmente criou uma agenda cultural para o país. Foi tentando
Exercício 52 inventar uma língua brasileira que Graciliano Ramos e Guimarães
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Rosa escreveram suas obras, 3as mais significativas do 9século,
OS POEMAS
no país, no campo da prosa. Foi recorrendo ao bordão da
antropofagia que vários artistas jovens, nos anos 60, inventaram
Os poemas são pássaros que chegam
a cultura pop brasileira, no movimento conhecido como
não se sabe de onde e pousam
tropicalismo. No plano das ideias, o século gerou três obras que
no livro que lês.
se tornariam clássicos da reflexão sobre o país. "Os Sertões", do
Quando fechas o livro, eles alçam voo
carioca Euclides da Cunha, escrito em 1902, é ainda influenciado
como de um alçapão.
por teorias racistas do século passado, que achavam que a
Eles não têm pouso
mistura entre negros, 15brancos e índios provocaria 4um
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos "enfraquecimento" da raça brasileira. Mesmo assim, é 5um livro
e partem. essencial, porque o repórter Euclides, que trabalhava no jornal "O
E olhas, então essas tuas mãos vazias, Estado de S. Paulo", foi a campo cobrir a guerra de Canudos e viu
no maravilhado espanto de saberes na frente de 18combate muitas coisas que punham em questão as
que o alimento deles já estava em ti... teorias formuladas em gabinete. "Casa-Grande & Senzala", do
pernambucano Gilberto Freyre, apresentava pela primeira vez a
Mário Quintana, Nariz de Vidro miscigenação como algo positivo e buscava nos primórdios da
colonização portuguesa do país as origens da sociedade que se
formou aqui. Por último, o paulista Sérgio Buarque de Holanda,
(G1 - cftmg 2007) O verbo destacado possui transitividade em: em "Raízes do Brasil", partia de premissas parecidas mas
propunha uma visão crítica, que influenciaria toda a sociologia
produzida a partir de então.
a) "(...) o alimento deles já estava em ti ..."
b) "Os poemas são pássaros que chegam ...".
VEJA, 22 de dezembro, 1999. p. 281-282.

c) "E olhas, então, essas tuas mãos vazias, ..."

d) "(...) não se sabe de onde e pousam no livro que lês."


(Ufsm 2001) Analise o padrão das seguintes frases:
Exercício 53
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Vários artistas jovens, nos anos 60, inventaram a cultura pop
BRASIL, MOSTRA A TUA CARA brasileira.
O repórter Euclides viu muitas coisas na frente de combate.
A busca de uma identidade nacional é preocupação deste
século Nas duas frases, NÃO ocorre
João Gabriel de Lima a) sujeito.

1 Ao criar um livro, um quadro ou uma canção, o artista b) verbo transitivo.


11brasileiro dos dias atuais tem uma preocupação a menos:

parecer brasileiro. A noção de cultura nacional é algo tão c) objeto direto.


incorporado ao cotidiano do país que deixou de ser um peso para
os 12criadores. Agora, em vez de servir à pátria, eles podem servir d) predicativo.
ao próprio talento. 6Essa é uma 7conquista deste século. Tem
e) adjunto adverbial.
como marco a Semana de Arte Moderna de 1922, 1uma espécie
de 8grito de independência artística do país, cem anos depois da Exercício 54
2independência política. Até esta data, o 13brasileiro era, antes de (Mackenzie 1996) (...) "Do Pantanal, corra até Bonito, onde um
tudo, um 14envergonhado. Achava que pertencia a uma raça mundo de águas cristalinas faz tudo parecer um imenso aquário."
inferior e que a única solução era imitar os modelos culturais ("O Estado de São Paulo")
importados. Para acabar com esse complexo, foi preciso que um
grupo de artistas de diversas áreas se reunisse no Teatro Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação dos
Municipal de São Paulo e bradasse que ser brasileiro era bom. O verbos do período acima, quanto à sua predicação.
escritor Mário de Andrade lançou o projeto de uma língua a) intransitivo - transitivo direto - de ligação
nacional. Seu colega Oswald de Andrade propôs o conceito de
"antropofagia", segundo o qual a cultura brasileira criaria um b) transitivo indireto - transitivo direto - de ligação
caráter próprio depois de digerir as influências externas.
c) intransitivo - transitivo direto - transitivo direto
igual, irmão, criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é
d) transitivo indireto - transitivo direto - transitivo direto bonito.
05 Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião
e) intransitivo - intransitivo - intransitivo alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem
você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se:
Exercício 55 encabulamentos, ser pego em flagrante gostando; não se cansar
(Fei 1994) Assinalar a alternativa cuja oração contém o predicado de olhar, e olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações;
do mesmo tipo da seguinte oração:
adiar sempre, se possível com beijos, 'aquela conversa importante
que precisamos ter'; arquivar, se possível, as reclamações pela
"A marquesa, no centro do cadafalso, chorou muito ansiada":
pouca atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre
a) Frequentes são também os desvios da estrada. pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda
a atenção possível. Quem ama bonito não gasta o tempo dessa
b) A imagem da pátria continuava viva em sua lembrança. atenção cobrando a que deixou de ter.
06 Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres
c) Os inoportunos roubam-nos o tempo. escritores que vemos a vida como a criança de nariz encostado na
vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos); não teorize sobre
d) Busco anelante o palácio encantado da Ventura. o amor; ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.
07 Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme,
e) De repente, os sons melancólicos de um clarim prolongaram- como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de
se pelo ar. qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tamanho do
amor que sente.
Exercício 56 08 Jogue por alto todas as jogadas, estratagemas, golpes,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser
PARA QUEM QUER APRENDER A GOSTAR sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência,
exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você
01 "Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteira,
tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater
fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que
arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu estou
aprender. com vontade.
02 Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, bravios, 09 Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer
gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor, ou amar
entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases não altera o
tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão de
tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com tudo o que você é, e nunca: deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi
arte e ternura de mãos jardineiras. possível, ser.
03 Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e 10 Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se
descomunais de repente se percebem ameaçados apenas e tão- preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da forma.
somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem; Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho.
rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do
necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz."
atendem; enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o
maior perigo do amor. Quem tem razão sempre se sente no (TÁVOLA, Arthur da. "Para quem quer aprender a amar". In:
direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, COSTA, Dirce Maura Lucchetti et al. "Estudo de texto: estrutura,
equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe mensagem, re-criação". Rio, DIMAC, 1987. P. 25-6)
por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem
queira. Ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é
invocado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a
hora de ter razão. (Uece 1996) "Ponha a mão na consciência", parágrafo 4, se
04 Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está classifica como predicado:
fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da
ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da a) verbal, com verbo transitivo direto
dor do desencontro a maior beleza possível? Talvez não. Cheio ou
cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido b) verbo-nominal, com verbo transitivo direto
por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco
esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em c) verbal, com verbo transitivo direto e indireto
quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre, e
d) verbo-nominal, com verbo transitivo direto e indireto
sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre,
Exercício 57
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 3 No horizonte largo tudo vai ficando entre sépia e cinza,
OS CÃES salvo as manchas verdes, aqui e além, dos velhos juazeiros ou
das novatas algarobas. E os serrotes de pedra do Quixadá
- Lutar. Podes escachá-los ou não; 1o essencial é que também trazem a sua nota colorida; até mesmo quando o sol bate
neles de chapa, tira faísca de arco-íris.
lutes. Vida é luta. Vida 2SEM LUTA é um mar morto no centro do
4 E a água, a própria água, não dá impressão de fresca: nos
organismo universal.
pratos-d'água espelhantes ela tem reflexos de aço, que dói nos
DAÍ A POUCO demos COM UMA BRIGA 3de cães; fato
olhos.
que AOS OLHOS DE UM HOMEM VULGAR não teria valor.
5 A casa fica num alto lavado de ventos. Casa tão rústica,
Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou
austera como um convento pobre, as paredes caiadas, os
que 4ao pé deles estava um osso, MOTIVO DA GUERRA, e não
ladrilhos vermelhos, o soalho areado. As instalações
deixou de chamar a minha atenção para a circunstância de que o
rudimentares, a lenha a queimar no fogão, a água de beber a
osso não tinha carne. Um simples osso nu. Os cães 1(6)mordiam- refrescar nos potes. O encanamento novo é um anacronismo, a
se, rosnavam, COM O FUROR NOS OLHOS... Quincas Borba geladeira entre os móveis primitivos de camaru parece sentir-se
meteu a bengala 5DEBAIXO DO BRAÇO, e parecia EM ÊXTASE. mal.
- Que belo que isto é! dizia ele de quando em quando. 6 Não tem jardim: as zínias e os manjericões que levantavam
Quis arrancá-lo dali, mas não pude; ele estava arraigado um muro colorido ao pé dos estacotes, estão ressequidos como
AO CHÃO, e só continuou A ANDAR, quando a briga 2(7)cessou ramos bentos guardados num baú. Também não tem pomar, fora
INTEIRAMENTE, e um dos cães, MORDIDO e vencido, foi levar a os coqueiros e as bananeiras do baixio.
sua fome A OUTRA PARTE. Notei que ficara sinceramente 7 Não tem nada dos encantos tradicionais do campo, como
ALEGRE, 6posto contivesse a ALEGRIA, segundo convinha a um os conhecemos pelo mundo além. Nem sebes floridas, nem
grande filósofo. Fez-me observar a beleza do espetáculo, regatos arrulhantes, nem sombrios frescos de bosque - só se a
relembrou o objeto da luta, concluiu que os cães tinham fome; gente der para chamar a caatinga de bosque.
mas a privação do alimento era nada para os efeitos gerais da 8 Não, aqui não há por onde tentar a velha comparação, a
clássica comparação dos encantos do campo aos encantos da
filosofia. Nem deixou de recordar que em algumas partes do
cidade. Aqui não há encantos. Pode-se afirmar com segurança
globo o espetáculo é mais grandioso: as criaturas humanas é que
3(8) que isto por aqui não chega sequer a ser campo. É apenas sertão
disputam aos cães os ossos e outros manjares menos
e caatinga as lombadas, o horizonte redondo e desnudo, o vento
APETECÍVEIS; luta que se complica muito, porque entra em ação
nordeste varrendo os ariscos.
a inteligência do homem, com todo o acúmulo de sagacidade que
9 Comparo este mistério do Nordeste ao mistério de Israel.
lhe deram os séculos etc.
Aquela terra árida, aquelas águas mornas, aqueles pedregulhos,
aqueles cardos, aquelas oliveiras de parca folhagem empoeirada
- por que tanta luta por ela, milênios de amor, de guerra e
(Ita 1996) Quanto à predicação, os verbos "mordiam(1),
saudade?
cessou(2), disputam(3)", classificam-se, no texto,
10 Por que tanto suor e carinho no cultivo daquele chão que
respectivamente, como:
aparentemente só dá pedra, espinho e garrancho?
a) t. direto e indireto, transitivo, t. direto. 11 Não sei. Mistério é assim: está aí e ninguém sabe. Talvez a
gente se sinta mais puros, mais nus, mais lavados. E depois a
b) t. direto e indireto, intransitivo, t. direto. gente sonha. Naquele cabeço limpo vou plantar uma árvore
enorme. Naquelas duas ombreiras a cavaleiro da grota dá para
c) transitivo, ligação, t. direto e indireto. fazer um açudinho. No pé da parede caberão uns coqueiros e no
choro da revência, quem sabe, há de dar umas leiras de melancia.
d) t. direto, intransitivo, t. direto e indireto. Terei melancia em novembro.
...........................................................................................
e) intransitivo, intransitivo, transitivo. 12 Aqui tudo é diferente. Você vê falar em ovelhas - e evoca
prados relvosos, os brancos carneirinhos redondos de lã. Mas as
Exercício 58
nossas ovelhas se confundem com as cabras e têm pelo vermelho
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
e curto de cachorro-do-mato; verdade que os cordeirinhos são
TERRA
lindos.
13 Sim, só comparo o Nordeste à Terra Santa. Homens
1 Tudo tão pobre. Tudo tão longe do conforto e da
magros, tostados, ascéticos. A carne de bode, o queijo duro, a
civilização, da boa cidade com as suas pompas e as suas obras.
fruta de lavra seca, o grão cozido n'água e sal. Um poço uma
Aqui, a gente tem apenas o mínimo e até esse mínimo é chorado.
lagoa é como um sol líquido, em torno do qual gravitam as
2 Nem paisagem tem, no sentido tradicional de paisagem.
plantas, os homens e os bichos. Pequenas ilhas d'água cercadas
Agora, por exemplo, fins d'águas e começos de agosto, o mato já
de terra por todos os lados e em redor dessas ilhas a vida se
está todo zarolho. E o que não é zarolho é porque já secou. Folha
concentra.
que resta é vermelha, caíram as últimas flores das catingueiras e
14 O mais é paz, o sol, o mormaço.
dos paus-d'arco, e não haveria mais flor nenhuma não fossem as
(Raquel de Queirós)
campânulas das salsas, roxas e rasteiras.
Analise as formas “Fui doente”:
(Unirio 1998) Assinale a opção correta quanto à predicação
atribuída ao verbo em maiúsculo na passagem do texto. a) em termos morfológicos, “fui” constitui flexão de que verbo(s)
em (1) e (2)?
a) "A casa FICA num alto lavado de ventos." (par.5) - ligação
b) em termos sintáticos, que tipo de predicado temos em (1) e
(2)?
b) "Aqui não HÁ encantos." (par.8) - intransitivo
c) em termos semânticos, o que distingue “fui” em (1) e (2)?

c) "...que LEVANTAVAM um muro colorido ao pé dos estacotes," Exercício 61


(par.6) - transitivo direto e indireto (G1 1996) Em: "IA com ela no navio, o mar BATIA com raiva no
meu barco e a água ENCHIA o casco. Só se VIA céu e mar,"
d) "Sim, só COMPARO o Nordeste à Terra Santa." (par.13) -
intransitivo Quanto à predicação verbal os verbos são respectivamente:
1) Ia: ________________
e) "...em torno do qual GRAVITAM as plantas, os homens e os 2) batia: _______________
bichos." (par.13) - intransitivo 3) enchia: _______________
4) via: _______________
Exercício 59
(Unicamp 2012) O texto abaixo é parte de uma campanha Exercício 62
promovida pela ANER (Associação Nacional de Editores de (G1 1996) Qual a diferença entre o verbo transitivo e o
Revistas). intransitivo?

Surfamos a Internet, Nadamos em revistas Exercício 63


(G1 1996) Localize o verbo e o classifique quanto à predicação
A Internet empolga. Revistas envolvem. (VTD - VTDI - VI - VL - VTI).
A Internet agarra. Revistas abraçam. a) A família de Alexandre recebeu a notícia alegre.
A Internet é passageira. Revistas são permanentes. b) Alexandre parecia cansado.
E essas duas mídias estão crescendo. c) Seu relato terminou.
d) Velasco nomeou os tubarões pontuais.
Um dado que passou quase despercebido em meio ao barulho da e) Rufino morreu afogado.
Internet foi o fato de que a circulação de revistas aumentou nos
Exercício 64
últimos cinco anos. Mesmo na era da Internet, o apelo das
(G1 1996) Assinale as orações em que os verbos são
revistas segue crescendo. Pense nisto: o Google existe há 12
intransitivos:
anos. Durante esse período, o número de títulos de revistas no
Brasil cresceu 234%. Isso demonstra que uma mídia nova não
( ) O preço dos alimentos subiu.
substitui uma mídia que já existe. Uma mídia estabelecida tem a
( ) Ele comprou um novo disco.
capacidade de seguir prosperando, ao oferecer uma experiência
( ) Peço desculpas a você.
única. É por isso que as pessoas não deixam de nadar só porque
( ) O pássaro voa alto.
gostam de surfar.
( ) Este relógio funciona bem.

(Adaptado de Imprensa, n. 267, maio 2011, p. 17.) Exercício 65


(G1 1996) Assinale as orações em que os verbos são transitivos:
a) O verbo surfar pode ser usado como transitivo ou intransitivo.
Exemplifique cada um desses usos com enunciados que ( ) O dia ESCURECEU depressa.
aparecem no texto da campanha. Indique, justificando, em qual ( ) TENHO novidades para você.
desses usos o verbo assume um sentido necessariamente ( ) Eles PRECISAM de dinheiro.
figurado. ( ) Ela só DIZ a verdade.
b) Que relação pode ser estabelecida entre o título da campanha ( ) Todos SAÍRAM calados.
e o trecho reproduzido a seguir? Como essa relação é sustentada
dentro da campanha? Exercício 66
A Internet empolga. Revistas envolvem. (G1 1996) Relacione as colunas a seguir:
A Internet agarra. Revistas abraçam.
A Internet é passageira. Revistas são permanentes. 1. verbo intransitivo
2. verbo transitivo direto
Exercício 60 3. verbo transitivo indireto
(Ufv 1999) Dadas as frases: 4. verbo de ligação

(1) Fui doente durante dois anos (e estou são). ( ) A menina GANHOU uma boneca.
(2) Fui doente para Buenos Aires (e voltei são). ( ) Ele É inteligente e bondoso.
( ) DESOBEDECERAM aos regulamentos.
( ) NASCI em Porto Alegre.
( ) A festa ESTAVA animada. (Unifesp 2021) Pode ser reescrito na voz passiva o seguinte
trecho do texto:
Exercício 67
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: a) “Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de
Leia o trecho do livro O oráculo da noite, do neurocientista Sidarta construir o próprio destino” (4º parágrafo).
Ribeiro.
b) “É gritante o contraste entre a relevância motivacional do
A palavra sonho, do latim somnium, significa muitas coisas sonho e sua banalização no mundo industrial globalizado” (3º
diferentes, todas vivenciadas durante a vigília, e não durante o parágrafo).
sono. Realizei “o sonho da minha vida”, “meu sonho de consumo”
são frases usadas cotidianamente pelas pessoas para dizer que c) “O sonho é a imaginação sem freio nem controle, solta para
pretendem ou conseguiram alcançar algo. Todo mundo tem um temer, criar, perder e achar” (4º parágrafo).
sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que
não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente d) “Mesmo assim a insônia impera” (3º parágrafo).
noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é
justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se e) “Desejo é o sinônimo mais preciso da palavra ‘sonho’” (2º
quer ter? parágrafo).
O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas
Exercício 68
de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Desejo é o sinônimo mais preciso da palavra “sonho”. [...] Na área
Leia o texto do crítico de arte Jorge Coli para responder à(s)
de desembarque de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto
questão(ões) a seguir.
enorme de um casal belo e sorridente, velejando num mar
caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde
Dizer o que seja a arte é coisa difícil. Um sem-número de tratados
seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de
de estética debruçou-se sobre o problema, procurando situá-lo,
cartão de crédito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como
procurando definir o conceito. Mas, se buscamos uma resposta
veleiros, capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos,
clara e definitiva, decepcionamo-nos: elas são divergentes,
altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo que
contraditórias, além de frequentemente se pretenderem
é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser
exclusivas, propondo-se como solução única.
e principalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem
Entretanto, se pedirmos a qualquer pessoa que possua um
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, mas
mínimo contato com a cultura para nos citar alguns exemplos de
que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores de um
obras de arte ou de artistas, ficaremos certamente satisfeitos.
mágico cartão plástico.
Todos sabemos que a Mona Lisa, que a Nona sinfonia de
A rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e
Beethoven, que a Divina comédia, que Guernica de Picasso ou o
sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, são cruciais
Davi de Michelangelo são, indiscutivelmente, obras de arte.
para o mal-estar da civilização contemporânea. É gritante o
Assim, mesmo sem possuirmos uma definição clara e lógica do
contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua
conceito, somos capazes de identificar algumas produções da
banalização no mundo industrial globalizado. [...] A indústria da
cultura em que vivemos como sendo “arte”. Além disso, a nossa
saúde do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor
atitude diante da ideia “arte” é de admiração: sabemos que
estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim
Leonardo ou Dante são gênios e, de antemão, diante deles,
a insônia impera. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos
predispomo-nos a tirar o chapéu.
diariamente com o toque insistente do despertador, ainda
Podemos, então, ficar tranquilos: se não conseguimos saber o que
sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se
a arte é, pelo menos sabemos quais coisas correspondem a essa
renovam ao infinito, se tão poucos se lembram que sonham pela
ideia e como devemos nos comportar diante delas. Infelizmente,
simples falta de oportunidade de contemplar a vida interior,
esta tranquilidade não dura se quisermos escapar ao superficial e
quando a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar
escavar um pouco mais o problema. O Davi de Michelangelo é
da sobrevivência do sonho.
arte, e não se discute. Entretanto, eu abro um livro consagrado a
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel,
um artista célebre do século XX, Marcel Duchamp, e vejo entre
sonha-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade,
suas obras, conservado em museu, um aparelho sanitário de
da incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Dirá a
louça, absolutamente idêntico aos que existem em todos os
formiga cética que quem sonha assim tão livre é o artista, cigarra
mictórios masculinos do mundo inteiro. Ora, esse objeto não
de fábula que vive de brisa. [...] Na peça teatral A vida é sonho, o
corresponde exatamente à ideia que eu faço da arte.
espanhol Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de
Assim, a questão que há pouco propusemos – como saber o que é
construir o próprio destino. O sonho é a imaginação sem freio
ou não é obra de arte – de novo se impõe. Já vimos que responder
nem controle, solta para temer, criar, perder e achar.
com uma definição que parte da “natureza” da arte é tarefa vã.
Mas, se não podemos encontrar critérios a partir do interior
(O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho, 2019.)
mesmo da noção de obra de arte, talvez possamos descobri-los
fora dela.
Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura possui manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia,
instrumentos específicos. Um deles, essencial, é o discurso sobre meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os
o objeto artístico, ao qual reconhecemos competência e mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as
autoridade. Esse discurso é o que proferem o crítico, o historiador ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta:
da arte, o perito, o conservador de museu. São eles que conferem Navegar é preciso, a ciência da navegação é saber preciso, exige
o estatuto de arte a um objeto. Nossa cultura também prevê aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com precisão,
locais específicos onde a arte pode manifestar-se, quer dizer, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem
locais que também dão estatuto de arte a um objeto. Num museu, com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos
numa galeria, sei de antemão que encontrarei obras de arte; num de navegação não informam mais ou menos. Assim, eles se
cinema “de arte”, filmes que escapam à “banalidade” dos circuitos tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua – juntos para
normais; numa sala de concerto, música “erudita” etc. Esses locais navegar.
garantem-me assim o rótulo “arte” às coisas que apresentam, Chegou então o momento de grande decisão – para onde
enobrecendo-as. navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais
Desse modo, para 1gáudio meu, posso despreocupar-me, pois dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exóticos
nossa cultura prevê instrumentos que determinarão, por mim, o mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem
que é ou não arte. Para evitar ilusões, devo prevenir que a quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi então que
situação não é assim tão rósea. Mas, por ora, o importante é compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino,
termos em mente que o estatuto da arte não parte de uma as ciências que conheciam para nada serviam.
definição abstrata do conceito, mas de atribuições feitas por De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. Os
instrumentos de nossa cultura, dignificando os objetos sobre os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em
quais ela recai. silêncio. Os computadores não têm preferências – falta-lhes essa
sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana.
(O que é arte, 2013. Adaptado.) Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não
entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde se
estava indo.
1gáudio: alegria; júbilo. Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se
com sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em
saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração
(Famema 2019) Em “Nossa cultura também prevê locais humano. É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da
específicos onde a arte pode manifestar-se, quer dizer, locais que navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário
também dão estatuto de arte a um objeto.” (5º parágrafo), o termo da ciência, é coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver não é preciso.
sublinhado refere-se a Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo
de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar.
a) “arte”. Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas
imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cânticos
b) “locais”. dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as
vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da
c) “objeto”. terra, monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do
grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche:
d) “estatuto”. Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar
mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar
e) “cultura”. esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos
filhos... Viver é navegar no grande mar!
Exercício 69
Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio,
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos
O homem deve reencontrar o Paraíso...
mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão
Rubem Alves
cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O
ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar.
Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos
A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o
nós: moscas presas na enorme teia de aranha que é a vida da
porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos
cidade. Todos os dias a aranha que é a vida da cidade. Todos os
importa. O que importada é a velocidade com que navegamos.
dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados.
C Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa
Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o
civilização por meio duma imagem plástica: multiplicam-se os
mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade.
meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que
Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de
as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia
atravessar mares e sobreviver tempestades.
alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um
Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São
navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde.
muitos os saberes necessários para se navegar. Puseram-se
Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma
então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco:
utopia. Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho
impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é um ponto (Efomm 2018) Assinale a alternativa em que o termo sublinhado
inatingível que indica uma direção. NÃO cumpre a função de sujeito.
Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as
a) Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber.
coisas são inatingíveis... ora!/ não é um motivo para não querê-
las... Que tristes os caminho, se não fora/ A mágica presença das
b) Disse certo poeta: ‘Navegar é preciso’, a ciência da navegação é
estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem,
saber preciso (...).
já na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa
civilização: Não temos consciência de direções, não escolhemos
c) É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação.
direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino.
Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas,
determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante é
d) Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens
produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é
na mente dos poetas.
saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como
posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E
e) O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard (...).
em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não preciso
de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo. Exercício 70
Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência (Efomm 2018) Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa
da navegação, sem que os estudantes sejam levados a sonhar ciência da navegação, sem que os estudantes sejam levados a
com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas sonhar com as estrelas.
universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica:
cada especialista se dedica com paixão e competência, a fazer Observando o período acima, nota-se que a partícula sublinhada
pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. cumpre uma função específica, que aparece nas outras
Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem alternativas, EXCETO em
bem-sucedidas, suas pesquisas serão publicadas em revistas
a) Barcos se fazem com precisão, astronomia se aprende com o
internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco
rigor da geometria (...)
está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os
sonhos não são objetos de conhecimento científico.
b) (...) velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e
E assim ficam os homens comuns abandonados por
ventos, instrumentos de navegação não informam ‘mais ou
aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam
menos’.
mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas,
começando com as crianças e continuando com os cientistas,
c) É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação.
como outra que não a da realização do dito poeta: Navegar é
preciso. Viver não é preciso.
É necessário ensinar os precisos saberes da navegação
d) Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com os
enquanto ciência. Mas é necessário apontar com imprecisos sinais
sonhos.
para os destinos da navegação: A terra dos filhos dos meus filhos,
no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa.
e) Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um
Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a
brilho chamado ‘progresso’. Está na bandeira nacional...
ciência da navegação. É inútil ensinar a ciência da navegação a
quem mora nas montanhas. Exercício 71
O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O (Eear 2017) Assinale a alternativa em que o se é índice de
universo tem um destino de felicidade. O homem deve indeterminação do sujeito na frase.
reencontrar o Paraíso. O paraíso é o jardim, lugar de felicidade,
a) Não se ouvia o barulho.
prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um
pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em
b) Perdeu-se um gato de estimação.
que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso.
Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera
c) Precisa-se de novos candidatos militares.
navega em direção ao progresso, a uma velocidade cada vez
maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas
d) Construíram-se casas e apartamentos na rua pacata.
são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e
veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo – e Exercício 72
tudo ficou feio e triste. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sugiro aos educadores que pensem menos nas Leia o excerto do livro Violência urbana, de Paulo Sérgio Pinheiro
tecnologias do ensino – psicologias e quinquilharias – e tratem de e Guilherme Assis de Almeida, para responder à(s) questão(ões)
sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso. abaixo.

Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. De dia, ande na rua com cuidado, olhos bem abertos. Evite falar
com estranhos. À noite, não saia para caminhar, principalmente se
estiver sozinho e seu bairro for deserto. Quando estacionar, los, autoritariamente, aos idênticos programas das várias
tranque bem as portas do carro [...]. De madrugada, não pare em estações. No livro Televisão e Consciência de Classe, Sarah
sinal vermelho. Se for assaltado, não reaja – entregue tudo. Chucid Da Viá afirma que o vídeo apresenta um conjunto de
É provável que você já esteja exausto de ler e ouvir várias dessas imagens trabalhadas, cuja apreensão é momentânea, de forma a
recomendações. Faz tempo que a ideia de integrar uma persuadir rápida e transitoriamente o grande público. Por sua vez,
comunidade e sentir-se confiante e seguro por ser parte de um o psicólogo social Gustav Le Bon considerava que, nas massas, o
coletivo deixou de ser um sentimento comum aos habitantes das indivíduo deixava de ser ele próprio para ser um autômato sem
grandes cidades brasileiras. As noções de segurança e de vida vontade e os juízos aceitos pelas multidões seriam sempre
comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e impostos e nunca discutidos. 1Assim, fomentou-se a concepção
pelo isolamento que o medo impõe. O outro deixa de ser visto de que a mídia seria capaz de manipular incondicionalmente uma
como parceiro ou parceira em potencial; o desconhecido é audiência submissa, passiva e acrítica.
encarado como ameaça. O sentimento de insegurança transforma Todavia, como bons cidadãos céticos, 2devemos duvidar
e desfigura a vida em nossas cidades. De lugares de encontro, (ou ao menos manter certa ressalva) de proposições imediatistas
troca, comunidade, participação coletiva, as moradias e os e aparentemente fáceis. As relações entre mídia e público são
espaços públicos transformam-se em palco do horror, do pânico e demasiadamente complexas, vão muito além de uma simples
do medo.
análise behaviorista de estímulo/resposta. 3As mensagens
A violência urbana subverte e desvirtua a função das cidades,
transmitidas pelos grandes veículos de comunicação não são
drena recursos públicos já escassos, ceifa vidas – especialmente
recebidas automaticamente e da mesma maneira por todos os
as dos jovens e dos mais pobres –, Dilacera famílias, modificando
nossas existências dramaticamente para pior. De potenciais indivíduos. 4Na maioria das vezes, o discurso midiático perde seu
cidadãos, passamos a ser consumidores do medo. O que fazer significado original na controversa relação emissor/receptor. Cada
diante desse quadro de insegurança e pânico, denunciado indivíduo está envolto em uma “bolha ideológica”, apanágio de
diariamente pelos jornais e alardeado pela mídia eletrônica? Qual seu próprio processo de individuação, que condiciona sua maneira
tarefa impõe-se aos cidadãos, na democracia e no Estado de de interpretar e agir sobre o mundo. Todos nós, ao entramos em
contato com o mundo exterior, construímos representações sobre
direito?
a realidade. Cada um de nós forma juízos de valor a respeito dos
vários âmbitos do real, seus personagens, acontecimentos e
(Violência urbana, 2003.)
fenômenos e, consequentemente, acreditamos que esses juízos
correspondem à “verdade”. [...]

(Unesp 2017) O trecho “As noções de segurança e de vida [...] 5A mídia é apenas um, entre vários quadros ou grupos
comunitária foram substituídas pelo sentimento de insegurança e de referência, aos quais um indivíduo recorre como argumento
pelo isolamento que o medo impõe.” (2º parágrafo) foi construído para formular suas opiniões. 6Nesse sentido, competem com os
na voz passiva. Ao se adaptar tal trecho para a voz ativa, a veículos de comunicação como quadros ou grupos de referência
locução verbal “foram substituídas” assume a seguinte forma: fatores subjetivos/psicológicos (história familiar, trajetória
pessoal, predisposição intelectual), o contexto social (renda, sexo,
a) substitui. .
idade, grau de instrução, etnia, religião) e o ambiente

b) substituíram. informacional (associação comunitária, trabalho, igreja). 7“Os


vários tipos de receptor situam-se numa 8complexa rede de
c) substituiriam. referências em que a comunicação interpessoal e a midiática se
completam e modificam”, afirmou a cientista social Alessandra
d) substituiu. Aldé em seu livro A construção da política: democracia, cidadania
e meios de comunicação de massa. 9Evidentemente, o peso de
e) substituem. cada quadro de referência tende a variar de acordo com a
realidade individual. Seguindo essa linha de raciocínio, no original
Exercício 73
estudo Muito Além do Jardim Botânico, Carlos Eduardo Lins da
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Silva constatou como telespectadores do Jornal Nacional acionam
A mídia realmente tem o poder de manipular as pessoas?
seus mecanismos de defesa, individuais ou coletivos, para filtrar
Por Francisco Fernandes Ladeira
as informações veiculadas, traduzindo-as segundo seus próprios
valores. 10“A síntese e as conclusões que um telespectador vai
À primeira vista, a resposta para a pergunta que intitula
realizar depois de assistir a um telejornal não podem ser
este artigo parece simples e óbvia: sim, a mídia é um poderoso
antecipadas por ninguém; nem por quem produziu o telejornal,
instrumento de manipulação. A ideia de que o frágil cidadão
nem por quem assistiu ao mesmo tempo que aquele
comum é impotente frente aos gigantescos e poderosos
telespectador”, inferiu Carlos Eduardo.
conglomerados da comunicação é bastante atrativa
intelectualmente. Influentes nomes, como Adorno e Horkheimer,
Adaptado de: http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-
os primeiros pensadores a realizar análises mais sistemáticas
em-questao/a-midia-realmente-tem-o-poder-de-manipular-as-
sobre o tema, concluíram que os meios de comunicação em larga
pessoas/. (Publicado em 14/04/2015, na edição 846. Acesso em
escala moldavam e direcionavam as opiniões de seus receptores.
13/07/2016.)
Segundo eles, o rádio torna todos os ouvintes iguais ao sujeitá-
dormir, morrer, reproduzir-se etc. – outras acidentais ou históricas
–, 19o Brasil ter sido descoberto por portugueses e não por
(Ita 2017) Assinale a opção em que o verbo destacado está na chineses, a geografia do Brasil ter certas características, falarmos
voz passiva pronominal. 20português e não 21francês, a família real ter se transferido para

a) Assim, fomentou-se a concepção de que a mídia seria capaz de o Brasil no início do século XIX etc. –, cada sociedade (e cada ser
manipular incondicionalmente uma audiência submissa, passiva e humano) apenas se utiliza de um número limitado de “22coisas”
acrítica. (ref. 1) (e de experiências) 23para se construir como algo único.
24
Nessa perspectiva, a chave para entender a 25sociedade
b) As mensagens transmitidas pelos grandes veículos de
brasileira é uma 26chave dupla. 27E, 28para mim, a capacidade
comunicação não são recebidas automaticamente e da mesma
relacional — do antigo com o moderno – tipifica e singulariza a
maneira por todos os indivíduos. (ref. 3)
sociedade brasileira. Será preciso, 29portanto, discutir o Brasil
c) “Os vários tipos de receptor situam-se numa complexa rede de como uma 30moeda. Como algo que tem dois lados. 31E mais:
referências [...]” (ref. 7) como uma realidade que nos tem 32iludido, precisamente porque
33
nunca lhe propusemos esta questão relacional e reveladora:
d) “[...]complexa rede de referências em que a comunicação afinal de contas, como se ligam as duas faces de uma mesma
interpessoal e a midiática se completam e modificam” [...] (ref. 8)
moeda? O que faz o 34brasil, 35Brasil?

Adaptado de: DAMATTA, R. O que faz o brasil, Brasil? A questão


e) "A síntese e as conclusões que um telespectador vai realizar
da identidade.
depois de assistir a um telejornal não podem ser antecipadas por
In:_____. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p.
ninguém; [...]" (ref. 10)
9-17.
Exercício 74
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo. (Ufrgs 2017) Assinale a alternativa que apresenta a correta
passagem de segmento do texto da voz ativa para a voz passiva.
É preciso estabelecer uma distinção radical entre um “brasil” a) como os dois formam uma realidade única (ref. 11) – como
escrito com letra minúscula, nome de um tipo de madeira de lei uma realidade única é formada pelos dois.
1ou de uma feitoria interessada em explorar uma terra como

outra qualquer2, 3e o Brasil que designa um povo, uma 4nação, b) Trata-se, sempre, da questão de identidade (ref. 16) – é
um conjunto de valores, escolhas e ideais de vida. O “brasil” com tratado, sempre, da questão de identidade.
b minúsculo é apenas um objeto sem vida5, pedaço de coisa que c) A pergunta, na sua discreta singeleza, permite descobrir algo
muito importante (ref. 17) – algo muito importante é perguntado,
morre e não tem a menor condição de 6se reproduzir como
na sua discreta singeleza.
sistema. 7Mas o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais
complexo. d) o Brasil ter sido descoberto por portugueses e não por
Estamos interessados em responder esta pergunta: afinal de chineses (ref. 19) – portugueses, e não chineses, terem
contas, o que faz o brasil, BRASIL? Note-se que se trata de uma descoberto o Brasil.
pergunta relacional que, tal como faz a própria sociedade
brasileira, quer juntar e não dividir. Queremos, 8isto sim, descobrir e) nunca lhe propusemos esta questão relacional e reveladora
como é que eles se ligam entre 9si10; como é que cada um (ref. 33) – esta questão relacional e reveladora nunca lhe foi
depende do outro; e 11como os dois formam uma realidade única proposta.
que existe concretamente naquilo que chamamos de “12pátria”. Exercício 75
13Se a condição humana determina que todos os homens devem
(G1 - ifsp 2016) Considerando a norma padrão da Língua
comer, dormir, trabalhar, reproduzir-se e rezar, essa determinação Portuguesa, marque (VP), para voz passiva, (VA), para voz ativa e
não chega ao ponto de especificar também qual comida ingerir, assinale a alternativa correta.
de que modo produzir e para quantos deuses 14ou espíritos rezar.
É precisamente aqui, nessa espécie de zona indeterminada, mas I. O jogador marcou um belo gol na última semana. ( )
necessária, que nascem as diferenças e, nelas, os estilos, os II. O ônibus atrasou bastante na tarde de ontem. ( )
15 III. A bola foi atrasada de modo muito forte pelo zagueiro. ( )
modos de ser e estar; os “ jeitos” de cada grupo humano.
16Trata-se, sempre, da questão de identidade. IV. O computador foi desligado inadequadamente na última vez. (
Como se constrói uma identidade social? Como um povo se )

transforma em Brasil? 17A pergunta, 18na sua discreta singeleza, a) VA, VP, VP, VA.
permite descobrir algo muito importante. É que, no meio de uma
multidão de experiências dadas a todos os homens e sociedades, b) VP, VA, VA, VP.
algumas necessárias à própria sobrevivência – como comer,
c) VA, VA, VP, VP. a) Que sua contribuição contenha o tanto de informação exigida;
b) Que sua contribuição não contenha mais informação do que é
d) VP, VP, VA, VA. exigido.
Máximas da qualidade (da verdade)
e) VP, VA, VP, VA. a) Que sua contribuição seja verídica;
b) Não diga o que pensa que é falso;
Exercício 76 c) Não afirme coisa de que não tem provas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Máxima da relação (da pertinência)
Os princípios da conversa
Fale o que é concernente ao assunto tratado (seja pertinente).
José Luiz Fiorin Máximas de maneira
As condições gerais de linguagem que permitem fazer inferências Seja claro.
na troca verbal a) Evite exprimir-se de modo obscuro;
b) Evite ser ambíguo;
Uma anedota conhecida conta que um agente alfandegário
c) Seja breve (evite a prolixidade inútil);
pergunta a um passageiro que desembarcara de um voo
d) Fale de maneira ordenada.
internacional e passava pela aduana:
– Licor, conhaque, grapa...? http://revistalingua.com.br/textos/100/artigo304577-1.asp.
O passageiro responde: (Adaptado).
– Para mim, só um cafezinho.
A graça da piada reside no fato de que o passageiro fez,
propositadamente ou não, uma inferência errada nessa situação (Uemg 2016) Julgue estas afirmações:
de comunicação. Inferiu que o fiscal aduaneiro lhe oferecia um
digestivo, como no final de uma refeição num restaurante, I. A construção “Ele enuncia-se assim...” equivale à construção
quando, na realidade, a inferência correta é se ele trazia alguma “Ele é enunciado assim...”.
bebida alcoólica na bagagem. Ele violou o princípio de pertinência II. O pronome lhe, do trecho “Inferiu que o fiscal aduaneiro lhe
que rege o uso da linguagem. oferecia um digestivo”, substitui o nome passageiro.
Chama-se inferência pragmática aquela que resulta do uso dos III. No trecho “Pode-se infringir uma máxima para não transgredir
princípios que governam a utilização da linguagem na troca outra, cujo respeito é considerado mais importante”, o pronome
verbal. Paul Grice (1975) postula que um princípio de cooperação cujo exprime ideia de posse.
preside à comunicação. Ele enuncia-se assim: sua contribuição à
IV. No trecho “Com efeito, quem pergunta quer de fato saber é a
comunicação deve, no momento em que ocorre, estar de acordo
firma onde João presta serviços”, a expressão “com efeito”
com o objetivo e a direção em que você está engajado.
equivale a “não obstante”.
Categorias
Esse princípio é explicitado por quatro categorias gerais – a da
Estão CORRETAS apenas:
quantidade das informações dadas, a de sua verdade, a de sua
pertinência e a da maneira como são formuladas, que constituem a) I e IV.
as máximas conversacionais. (...)
Não são regras b) I e II.
Pode-se infringir uma máxima para não transgredir outra, cujo
respeito é considerado mais importante. c) II e III.
No exemplo que segue, a resposta do interlocutor viola a máxima
da quantidade para não desobedecer à da qualidade: d) III e IV.
– Onde João trabalha? Ele saiu daquela firma?
Exercício 77
– No Rio de Janeiro.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Com efeito, quem pergunta quer de fato saber é a firma onde João
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir.
presta serviços. A resposta mais vaga permite inferir que o
interlocutor não sabe exatamente onde João trabalha.
Onde há maior engajamento das pessoas no trabalho? Para
Pode-se explorar a infringência de uma máxima com vistas a criar
responder essa pergunta, a consultoria Marcus Buckingham
um dado efeito de sentido. Por exemplo, a ironia é a exploração
Company fez uma pesquisa em 13 países, entrevistando cerca de
de uma transgressão da máxima da qualidade. O que o texto
mil pessoas de várias empresas em cada um. Os Estados Unidos
irônico está dizendo não é verdade. Deve-se entendê-lo pelo
avesso. No exemplo que segue, “modesto” quer dizer o oposto: e a China estão empatados em primeiro lugar (com de
“‘Tenho uma voz conhecida, então não é qualquer narrador, é o engajamento total cada), o que não chega a ser uma surpresa
Falabella contando a história’, diz o modesto autor-locutor” (+ diante da potência de suas economias. Mas aí começam as
Miguel Falabella) (Veja, 11/1/2012, p. 109) novidades: em segundo lugar está a Índia, com e em
terceiro, o Brasil, com de engajamento, acima de países
como a Inglaterra, o Canadá, a Alemanha, a Itália e a França.
MÁXIMAS CONVERSACIONAIS
Solicitou-se aos entrevistados hierarquizar oito afirmações
Máximas da quantidade
básicas, como “no trabalho, sei claramente o que esperam de
mim” ou “serei reconhecido se fizer um bom trabalho”. Para os
sendo, portanto, um dos fatores que levaram
autores, a diferença de engajamento em cada país seria explicada
de acordo com o grau de confiança que o entrevistado teria sobre Revolução Francesa. 12Para evitar que torvelinho 13similar
a utilização de suas capacidades pessoais no trabalho. Mas há vitimasse o Reino Unido, Malthus argumentou que 14toda
nuances: no Brasil, assim como na França, Canadá e Argentina, a assistência aos 15pobres deveria ser suspensa de imediato e a
afirmação “meus colegas me apoiam” recebeu também grande taxa de natalidade deveria ser severamente controlada.
destaque, enquanto na Inglaterra e na Índia se valoriza mais o Já David Ricardo, que publicou em 1817 os seus Princípios de
fato de ter colegas que compartilhem os mesmos valores. economia política e tributação, preocupava-se com a 16evolução
do preço da terra. Se o crescimento da população e,
(Adaptado de: NOGUEIRA, P. E. A preguiça é mito? Época 17consequentemente, da produção agrícola se prolongasse, a
Negócios. ago. 2015. n.102. p. 21.)
terra tenderia a se 18tornar escassa. De acordo com a lei da oferta
e da procura, o preço do bem escasso – a terra – deveria subir de

(Uel 2016) Com base no trecho “Solicitou-se aos entrevistados modo contínuo. No limite, 19os donos da terra receberiam uma
hierarquizar oito afirmações básicas”, assinale a alternativa que parte cada vez mais significativa da renda nacional, e o 20restante
apresenta a sua correta reescrita. da população, uma parte cada vez mais reduzida, 21destruindo o
a) A hierarquia de oito afirmações básicas foi solicitada aos equilíbrio social. De fato, 22o valor da terra permaneceu alto por
entrevistados. algum tempo, mas, ao longo de século XIX, caiu em relação

outras formas de riqueza, à medida que diminuía o


b) Hierarquizar oito afirmações básicas foi a solicitação dos
peso da agricultura na renda das nações. 23Escrevendo nos anos
entrevistados.
de 1810, Ricardo não poderia antever a importância que o
progresso tecnológico e o crescimento industrial teriam ao longo
c) Oito afirmações básicas foram solicitadas aos entrevistados
das décadas seguintes para a evolução da distribuição da renda.
hierarquizados.

Adaptado de: PIKETTY, T. O Capital no Século XXI. Trad. de M. B.


d) Solicitaram a hierarquia dos entrevistados através de oito
de Bolle. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014. p.11-13.
afirmações básicas.

e) Solicitou-se hierarquizar os entrevistados com oito afirmações


(Ufrgs 2016) Assinale a alternativa que apresenta a correta
básicas.
passagem de segmento do texto da voz ativa para a voz passiva.
Exercício 78
a) transformações radicais entraram em curso (ref. 3) –
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
transformações radicais foram entradas em curso.
A(s) questão(ões) a seguir estão relacionadas ao texto abaixo.
b) Para evitar que torvelinho similar vitimasse o Reino Unido (ref.
12) – Para evitar que o Reino Unido fosse vitimado por torvelinho
similar.
Quando a 1economia 2política clássica nasceu, no Reino Unido e c) toda assistência aos pobres deveria ser suspensa de imediato e
na França, ao final do século XVIII e início do século XIX, a a taxa de natalidade deveria ser severamente controlada (ref. 14)
questão da distribuição da renda já se encontrava no centro de – os pobres deveriam suspender de imediato toda assistência e
todas as análises. Estava claro que 3transformações radicais deveriam controlar severamente a taxa de natalidade.
entraram em curso, propelidas pelo crescimento 4demográfico d) os donos da terra receberiam uma parte cada vez mais
sustentado – inédito até então – e pelo início do êxodo rural e da significativa da renda nacional (ref. 19) – a renda nacional seria
Revolução Industrial. Quais seriam as consequências sociais recebida por uma parte cada vez mais significativa dos donos da
dessas mudanças? terra.
Para Thomas Malthus, que 5publicou em 1798 seu Ensaio sobre o e) o valor da terra permaneceu alto por algum tempo (ref. 22) – o
princípio da população, não restava dúvida: a superpopulação era valor da terra foi permanecido alto por algum tempo.
uma ameaça. Preocupava-se especialmente com a situação dos
Exercício 79
franceses vésperas da Revolução de 1789, quando TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto para responder à(s) questão(ões).
havia miséria generalizada no campo. 6Na época, a França era 7de
longe o país mais populoso da Europa: por volta de 1700, já
História do humor
contava com mais de 20 milhões de habitantes, enquanto o Reino
Unido tinha pouco mais de 8 milhões de pessoas. A 8população
1“O humor está presente na civilização desde as sociedades mais
francesa se expandiu em ritmo crescente ao longo do século
primitivas – ele é uma capacidade que o ser humano tem de olhar
XVIII, aproximando-se dos 30 milhões. Tudo leva a crer que esse
9dinamismo demográfico, desconhecido nos séculos anteriores, a realidade e ressignificá-la, tornando-a algo engraçado e
conferindo-lhe olhar crítico. No passado, ele era até uma forma de
contribuiu para a 10estagnação dos salários no campo e para o sobrevivência às adversidades e de união do grupo”, de acordo
aumento dos rendimentos associados à 11propriedade da terra,
com o professor da Escola de Comunicações e Artes, Ricardo que se afirma em
Alexino Ferreira.
I. O uso constante da terceira pessoa do singular sugere a
Alexino conta que, a partir dos anos os humoristas passaram
indeterminação do sujeito da ação verbal.
a retratar frequentemente de forma pejorativa grupos
II. O pronome “se” que aparece ao longo do texto é sempre
minorizados da sociedade, como negros, mulheres, idosos e
reflexivo, indicando situações em que a personagem é, ao mesmo
deficientes. 2Segundo ele, os comediantes consideraram esse
tempo, agente e paciente dos atos realizados.
humor fácil, pois muitas vezes se limitava a imitar essas pessoas.
III. A repetição das formas verbais “Vendeu” (ref. 1), “Ganhou”
“Parte do humor se tornou sem repertório e um reforçador de
(ref. 2) e “Lucrou” (ref. 3) sugere acontecimentos reiterados no
estereótipos, uma caricatura do ‘outro’”, diz.
cotidiano de uma pessoa de negócios, que a deixam sufocada e
oprimida diante da realidade por ela vivenciada.
(Fonte: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2011/10/
IV. O apagamento dos complementos de verbos flexionados no
quando-a-piada-perde-a-graca-e-viraofensa/ Acesso em:
pretérito, como “Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou.” (ref. 4),
08/09/2015)
insinua fatos rotineiros, independentemente do elemento ou do
ser que eles possam impactar.
V. O ponto de continuação, após cada procedimento, diferencia-se
(G1 - cp2 2016) Releia o seguinte trecho destacado do texto
do emprego das reticências, no final do texto, na medida em que
“História do Humor”: “Segundo ele, os comediantes consideraram
evidencia processos verbais concluídos, que não irão se repetir.
esse humor fácil, pois muitas vezes se limitava a imitar essas
pessoas.” (ref. 2).
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão
corretas é a
Assinale a alternativa que apresenta a forma correspondente da
oração sublinhada na voz passiva. a) I e II.

a) Esse humor fácil foi considerado pelos comediantes.


b) II e IV.

b) Esse humor é considerado fácil pelos comediantes.


c) IV e V.

c) Considerou-se esse humor fácil pelos comediantes.


d) I, III e IV.

d) Esse humor foi considerado fácil pelos comediantes.


e) II, III e V.
Exercício 80
Exercício 81
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se.
A(s) questão(ões) a seguir estão relacionada(s) ao texto abaixo.
Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou.
Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu.
4À porta do Grande Hotel, pelas duas da tarde, 14Chagas e Silva
Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se.
6postava-se de palito à boca, como 19se tivesse descido do
Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu. Comentou.
restaurante lá de cima. Poderia parecer, pela estampa, que
Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. 1Vendeu. Vendeu.
2 somente ali se comesse bem em Porto Alegre. 8Longe 21disso! A
Ganhou. Ganhou. Ganhou. 3Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou.
Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Rua da Praia que 23o diga, ou 22melhor, que o dissesse. 24O faz
Assinou. Sacou. Depositou. Depositou. Depositou. Associou-se. de conta do 7inefável personagem 5ligava-se mais à
Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu. 25importância, à moldura que aquele portal lhe conferia. 15Ele,
4Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou.
que tanto marcou a rua, tinha 27franco acesso às poltronas do
Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. saguão em que se refestelavam os importantes. Andava 28dentro
Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. de um velho fraque, usava gravata, chapéu, bengala sob o braço,
Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Dormiu. Roncou. Sonhou.
barba curta, polainas e 10uns olhinhos apertados na 1_________
Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou.
bronzeada. O charuto apagado na boca, para durar bastante,
Tentou. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se.
29era o 9toque final dessa composição de pardavasco vindo das
Aprontou-se...
Alagoas.

MINO. Como se conjuga um empresário. Disponível em: Chagas e Silva chegou a Porto Alegre em 1928. 16Fixou-20se na
<http://docslide.com.br/documents/como-se-conjuga-um- Rua da Praia, que percorria com passos lentos, carregando um ar
empresario.html>. de 12indecifrável importância, tão ao jeito dos grandes de então.
Acesso em: 18 jan. 2016. Adaptado. 17
Os estudantes tomaram conta dele. Improvisaram comícios na
praça, carregando-o nos braços e 11fazendo-o discursar. Dava
discretas mordidas 33e consentia em que lhe pagassem o
(Uefs 2016) Sobre análise linguística dos aspectos que
cafezinho. Mandava imprimir sonetos, que "trocava" por dinheiro.
estruturam o texto e de seus efeitos de sentido, está correto o
Não era de meu propósito 31ocupar-me do "doutor" Chagas 34e, Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre
sim, de como se comia bem na Rua da Praia de antigamente. Mas mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que
ele como que me puxou pela manga e levou-me a visitar casas possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
por onde sua imaginação de longe esvoaçava. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo
Porto Alegre, sortida por tradicionais armazéns de com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de
especialidades, 30dispunha da melhor matéria-prima para as minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia
seguinte e que ela o emprestaria. (...)
casas de pasto. 18Essas casas punham ao alcance dos gourmets
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não
virtuosíssimos "secos e molhados" vindos de Portugal, da Itália,
morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou
da França e da Alemanha. Daí um longo e 2________ período de entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia
boa comida, para regalo dos homens de espírito e dos que eram emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia
mais estômago que outra coisa. seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a
Na arte de comer bem, talvez a 26dificuldade fosse a da escolha. esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a
Para qualquer lado que o passante se virasse, encontraria salões andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas
ornamentados 3_________ maiores ou menores, tabernas 35ou de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o
simples tascas. A Cidade 32divertia-se também 13pela barriga. dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha
vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando
Adaptado de: RUSCHEl, Nilo. Rua da Praia. Porto Alegre: Editora pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
da Cidade, 2009. p. 110-111. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do
dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá
estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração
(Ufrgs 2015) Assinale a alternativa que apresenta a correta batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em
passagem de segmento do texto da voz ativa para a voz passiva. seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. (...) E assim continuou.
Quanto tempo? Não sei. (...) Eu ia diariamente à sua casa, sem
a) Chagas e Silva postava-se de palito à boca (ref. 14) - Chagas
faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo
e Silva era postado de palito à boca
ontem, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a
outra menina. (...)
b) Ele, que tanto marcou a rua (ref. 15) - A rua, que tanto foi
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo
marcada por ele
humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia
estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à
c) Fixou-se na Rua da Praia (ref. 16) - Foi fixado na Rua da Praia
porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma
confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas.
A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar
d) Os estudantes tomaram conta dele (ref. 17) - Ele foi tomado
entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a
conta pelos estudantes
filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu
daqui de casa e você nem quis ler! (...)
e) Essas casas punham ao alcance dos gourmets virtuosíssimos
Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a
''secos e molhados" (ref. 18) - Os gourmets eram postos ao
filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E
alcance de virtuosíssimos "secos e molhados" por essas casas
você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia
Exercício 82 mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de
Leia o texto para responder à(s) questão(ões). querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim
Felicidade Clandestina recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro.
Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar.
Clarice Lispector (...) Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha,
só para depois ter o susto de o ter. (...) Criava as mais falsas
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A
crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já
todas ainda éramos achatadas. (...) Mas possuía o que qualquer pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor
criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de em mim. Eu era uma rainha delicada. (...)
livraria. (...)
Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como (http://tinyurl.com/veele-contos Acesso em: 27.08.14. Adaptado)
essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente
bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu
com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu (Fatec 2015) Observe o trecho do texto: “e assim recebi o livro
nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a na mão(...)”
implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Ao passar a oração sublinhada nesse trecho para a voz passiva empenhada a Revolução Francesa? Liberdade, igualdade,
analítica, teremos: fraternidade.

a) O livro era recebido por mim.

Adaptado de: DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. In: ____.


b) O livro é recebido por mim.
O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Cia.
das Letras, 2010. p. 30-39.
c) O livro será recebido por mim.

d) O livro foi recebido por mim.


(Ufrgs 2014) Assinale a alternativa que contém a correta
passagem de um segmento que ocorre em voz passiva no texto
e) O livro seria recebido por mim.
para a voz ativa.
Exercício 83
a) dizemos as palavras hoje com tanta facilidade... (ref. 1)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O que havia de tão revolucionário na Revolução Francesa?
b) que a própria obra de Deus pusera na natureza. (ref. 2)
Soberania popular, liberdade civil, igualdade perante a lei – 1as
palavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes c) pois o agente de Deus na terra o ungira. (ref. 3)
de imaginar seu caráter explosivo em 1789. Para os franceses do
Antigo Regime, 6os homens eram 8desiguais, e a desigualdade d) Entre eles, 150 feriram-se ou mataram-se no assalto à
era uma boa coisa, adequada à ordem hierárquica que 2fora posta prisão... (ref. 4)
na natureza pela própria obra de Deus. A liberdade significava
privilégio – isto é, literalmente, 12“lei privada”, uma prerrogativa e) Afinal, em que se empenhou a Revolução Francesa? (ref. 5)
13
especial para fazer algo negado a outras pessoas. O rei, como Exercício 84
fonte de toda a lei, distribuía privilégios, 3pois havia sido 19ungido TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
como 16o agente de Deus na terra. Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado
Durante todo 17o século XVIII, os filósofos do Iluminismo abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata
ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados
questionaram esses 9pressupostos, e os panfletistas profissionais
negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser
conseguiram 14empanar 20a aura sagrada da coroa. Contudo, a murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do
desmontagem do quadro mental do Antigo Regime demandou seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as
violência iconoclasta, destruidora do mundo, revolucionária. moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu
7Seria ótimo se pudéssemos associar 18a Revolução
elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa
exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e do nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um
Cidadão, mas ela nasceu na violência e imprimiu seus princípios bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro
em um mundo violento. Os conquistadores da Bastilha 24não se que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião em
limitaram a destruir 21um símbolo do despotismo real. 4Entre que a moça se espicha completamente, desafinando um
eles, 150 foram mortos ou feridos no assalto à prisão e, quando sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se
os sobreviventes apanharam o diretor, cortaram sua cabeça e deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a
desfilaram-na por 25Paris 22na ponta de uma lança. compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional,
Como podemos captar esses momentos de loucura, quando tudo ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes
parecia possível e o mundo se afigurava como uma tábula rasa, que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de
apagada por uma onda de comoção popular e pronta para ser uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de
redesenhada? Parece incrível que um povo inteiro fosse capaz de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz,
se levantar e transformar as condições da vida cotidiana. lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil
finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá,
Duzentos anos de experiências com admiráveis mundos 26novos
que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter
tornaram-nos 15céticos quanto ao 10planejamento social. cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele,
27Retrospectivamente, a Revolução pode parecer um 23prelúdio
pensar pelos pés e falar pelos olhos.
ao 11totalitarismo. E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis
Pode ser. Mas um excesso de visão 28histórica retrospectiva pode conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores,
distorcer o panorama de 1789. Os revolucionários franceses não recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e
eram nossos contemporâneos. E eram um conjunto de pessoas escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em
não excepcionais em circunstâncias excepcionais. Quando as toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.
coisas se 29desintegraram, eles reagiram a uma necessidade Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com
imperiosa de dar-lhes sentido, ordenando a sociedade segundo aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence em
novos princípios. Esses princípios ainda permanecem como uma graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa
Moreninha, princesa daquela festa.
denúncia da tirania e da injustiça. 5Afinal, em que estava
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.) Muitos dirão que não estou sendo simpática. Não escrevo para
ser agradável, mas para partilhar com meus leitores
preocupações sobre este país com suas maravilhas e suas
(Unifesp 2013) Assinale a alternativa em que a eliminação do mazelas, num momento fundamental em que, em meio a greves,
pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do justas ou desatinadas, [...] se delineia com grande inteligência e
sujeito do verbo. precisão a possibilidade de serem punidos aqueles que não
apenas prejudicaram monetariamente o país, mas corroeram sua
a) Ali vê-se um ataviado dandy [...].
moral, e a dignidade de milhões de brasileiros. Está sendo um
momento de excelência que nos devolve ânimo e esperança.
b) [...] aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas
asas dos aplausos [...].
(Fonte: Revista Veja, de 26.09.2012. Adaptado).

c) O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo


[...].
(G1 - ifsp 2013) Assinale a alternativa em que se apresenta o
emprego da voz passiva analítica.
d) [...] mesmo na ocasião em que a moça se espicha
completamente [...]. a) (...) a possibilidade de serem punidos aqueles que não apenas
prejudicaram monetariamente o país (...).
e) [...] daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se b) Estamos carentes de excelência.
deslizando pela sala [...].
c) (...) as universidades, que aos poucos (...) vão se tornando
Exercício 85 reduto de pobreza intelectual.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Buscando a excelência
d) (...) não conseguem expor em letra ou fala seu pensamento
truncado e pobre.
Lya Luft

e) (...) parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens


Estamos carentes de excelência. A mediocridade reina,
(...).
assustadora, implacável e persistentemente. Autoridades, altos
cargos, líderes, em boa parte desinformados, desinteressados, Exercício 86
incultos, lamentáveis. Alunos que saem do ensino médio TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
semianalfabetos e assim entram nas universidades, que aos Leia o texto e responda à(s) questão(ões) a seguir.
poucos – refiro-me às públicas – vão se tornando reduto de
pobreza intelectual. E SE...

As infelizes cotas, contras as quais tenho escrito e às quais me ... a água potável acabar?
oponho desde sempre, servem magnificamente para alcançarmos
este objetivo: a mediocrização também do ensino superior. Alunos As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve
que não conseguem raciocinar porque não lhes foi ensinado, acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém mais tomará banho
numa educação de brincadeirinha. E, porque não sabem ler nem todo dia. Chuveiro com água só duas vezes por semana. Se
escrever direito e com naturalidade, não conseguem expor em alguém exceder 55 litros de consumo (metade do que a ONU
letra ou fala seu pensamento truncado e pobre. [...] E as cotas recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados,
roubam a dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino não haveria carne, pois, se não há água para você, imagine para o
superior por mérito [...] Meu conceito serve para cotas raciais gado. Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de
também: não é pela raça ou cor, sobretudo autodeclarada, que carne. 1Mas não é só ela que faltará. A Região Centro-Oeste do
um jovem deve conseguir diploma superior, mas por seu esforço e Brasil, maior produtor de grãos da América Latina em 2012, não
capacidade. [...] conseguiria manter a produção. Afinal, no País, a agricultura e a
agropecuária são, hoje, as maiores consumidoras de água, com
Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros
jovens, em lugar de educá-los com e para o trabalho, zelo, grãos.
esforço, busca de mérito, uso da própria capacidade e talento, já A vida nas metrópoles será mais difícil. Só a grande São Paulo
entre as crianças. O ensino nas últimas décadas aprimorou-se em consome atualmente 80,5 bilhões de litros por mês. A água que
fazer os pequenos aprender brincando. Isso pode ser bom para os abastece a região virá de Santos, uma das grandes cidades do
bem pequenos, mas já na escola elementar, em seus primeiros litoral que passarão a investir em dessalinização. O problema é
anos, é bom alertar, com afeto e alegria, para o fato de que a vida que, para obter 1 litro de água dessalinizada, são necessários 4
não é só brincadeira, que lazer e divertimento são necessários até litros de água do mar, a um custo de até US$ 0,90 o m2,
à saúde, mas que a escola é também preparação para uma vida 2segundo a International Desalination Association. Só São Paulo
profissional futura, na qual haverá disciplina e limites – que aliás
gastaria quase RS 140 milhões em dessalinização por mês, Como
deveriam existir em casa, ainda que amorosos.
resultado, a água custaria muito mais do que os R$ 3 por m3 de são tratados os pobres. 16A única coisa que eles querem saber
hoje. são os nomes e os endereços dos pobres.
Mas há quem não concorde com esse cenário caótico. 3“Á água só
acaba se você acabar com o ciclo dela”, diz Antônio Felix JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: diário de uma
Domingues, da Agência Nacional de Águas. [...] favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, pp. 41 e 42.

Rafael Soeiro. In Revista Superinteressante. São Paulo. Abril.


Edição 305, junho/2012, p. 42.
(Udesc 2019) Analise as proposições em relação ao trecho
apresentado e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa.
(Uepb 2013) O termo “se”, usado nos fragmentos abaixo, não
estabelece declaração de condicionante em: ( ) Em “Onde já se viu favelado com estas finezas?” (ref. 6) as
palavras destacadas são, na morfologia, sequencialmente,
a) “Se alguém exceder 55 litros de consumo [...]”
pronome interrogativo, advérbio, conjunção subordinada
integrante, preposição e pronome demonstrativo.
b) “E se... a água potável acabar?”
( ) A obra retrata que Carolina era uma mulher forte, com
planos e objetivos determinados e que em momento algum,
c) “Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de carne.”
durante o período em que viveu na favela, deixou-se abater pela
pobreza e pelas dificuldades encontradas.
( ) Da estrutura “A única coisa que eles querem saber são os
d) “[...] se não há água para você, imagine para o gado.”
nomes e os endereços os pobres” (ref. 16) percebe-se a crítica de
Carolina em relação à assistência social aos necessitados, uma
e) “Á água só acaba se você acabar com o ciclo dela”
crítica aos órgãos governamentais assistencialistas para quem
Exercício 87 deles precisa.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: ( ) Da leitura do período “vende eu para a Dona Julita, porque lá
22 de maio tem comida” (ref. 12), infere-se que a maior necessidade da
família de Carolina é a sobrevivência, e que a maior mazela da
1Eu hoje estou triste. 2Estou nervosa. 3Não sei se choro ou saio classe social, a que Carolina pertence, é a fome.
( ) Em “Eu hoje estou triste” e “Estou nervosa” (ref. 1 e 2) as
correndo sem parar até cair inconciente. É que hoje amanheceu
duas orações, quanto à sintaxe, têm predicado nominal, e as
chovendo. E eu não saí para arranjar dinheiro. Passei o dia
palavras destacadas são predicativo do sujeito.
escrevendo. Sobrou macarrão, eu vou esquentar para os meninos.
4Cosinhei as batatas, eles comeram. 5Tem uns metais e um pouco
Assinale a alternativa correta, de cima para baixo.
de ferro que eu vou vender no Seu Manuel. Quando o João
chegou da escola eu mandei ele vender os ferros. Recebeu 13 a) V – V – F – F – V
cruzeiros. Comprou um copo de água mineral, 2 cruzeiros. b) F – F – V – V – V
6 c) F – V – F – V – V
Zanguei com ele. Onde já se viu favelado com estas finezas?
... Os meninos come muito pão. Eles gostam de pão mole. d) V – V – V – V – F
e) F – V – V – V – F
Mas quando não tem eles comem pão duro.
Duro é o pão que nós comemos. 7Dura é a cama que Exercício 88
dormimos. Dura é a vida do favelado. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Oh! São Paulo rainha que 8ostenta vaidosa a tua coroa de Leia o poema “Pátria”, de Olavo Bilac, para responder à(s)
ouro que são os arranha-céus. Que veste 9viludo e seda e calça questão(ões).
meias de algodão que é a favela.
...O dinheiro não deu para comprar carne, eu fiz macarrão Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
com cenoura. 10Não tinha gordura, ficou horrível. A Vera é a única
que reclama e pede mais. E pede: Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
11– Mamãe, 12vende eu para a Dona Julita, porque lá tem A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
comida gostosa.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Eu sei que existe brasileiros aqui dentro de São Paulo que
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
sofre mais do que eu. Em junho de 1957 eu fiquei doente e
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
percorri as sedes do Serviço Social. Devido eu carregar muito
Vê que grande extensão de matas, onde impera
ferro fiquei com dor nos rins. Para não ver meus filhos passar
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
fome eu fui pedir auxílio ao 13propalado Serviço Social. Foi lá que
14
eu vi as lagrimas deslisar dos olhos dos pobres. Como é Boa terra! jamais negou a quem trabalha
pungente ver 15os dramas que ali se desenrola. A ironia com que O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com o seu suor a fecunda e umedece, b) do conjunto 4 apenas.
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
c) dos conjuntos 1 e 4 apenas.
Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste! d) dos conjuntos 1 e 2 apenas.

<http://tinyurl.com/pk5bmca> Acesso em: 20.08.2015. e) dos conjuntos 2, 3 e 4 apenas.

Exercício 90
(G1 - cps 2016) Analisando o verso “É um seio de mãe a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

transbordar carinhos...” é correto afirmar que a predicação da Leia o texto e responda à(s) quest(ões) a seguir.
expressão verbal destacada
Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de
a) depende de um termo que lhe complete, ligando-se a ele com opinião, qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria
auxílio de uma preposição. indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam
apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de
b) depende de um termo que lhe complete, ligando-se a ele sem preparar os jovens para a compreensão de textos simples,
auxílio de uma preposição. elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas,
conhecimento elementar de física e química, e outros fornecidos
c) depende de um termo que lhe complete, ligando-se a ele com pelas escolas fundamentais.
auxílio de um advérbio. [...]
Certa vez, participava de uma reunião de pais e
d) não depende de um termo que lhe complete o sentido, pois professores em uma escola privada brasileira de destaque e notei
tem sentido por si só. que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores,
salas de aula com poucos alunos, mas não se sentiam
e) não depende de um termo que lhe complete o sentido, pois responsáveis para participarem ativamente das atividades
expressa um estado. educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não
conseguiam entender que esta aritmética não fecha e que a sua
Exercício 89
aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que
(Ufpr 2012) A sentença “Ele anda ouvindo música” pode ser
consigam transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.
interpretada de duas formas: a) ele ouve música enquanto
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no
caminha – neste caso, o verbo “andar” funciona como verbo
aprendizado dos exemplos dados pelos pais.
pleno, significando “caminhar”; b) a atividade de ele ouvir música
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver outros
tem se repetido ultimamente – neste caso, o verbo “andar” se
problemas de uma sociedade como a brasileira parece lógico. No
esvazia de seu sentido pleno e funciona como elemento
entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende
gramatical, um auxiliar. Podemos identificar no português outros
somente das autoridades. Ela começa com os próprios pais, que
verbos que podem ter esses dois usos: um com seu sentido
não podem simplesmente terceirizar essa responsabilidade.
lexical pleno e outro funcionando como elemento gramatical.
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a
Tendo isso em vista, considere os conjuntos de sentenças abaixo:
sociedade como um todo esteja convencida de que todos
precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes
1. Ele chegou na festa e bagunçou o tempo todo.
que partilhem desta convicção e não estejam pensando somente
Ele chegou a interferir no processo, mas foi neutralizado.
nos seus benefícios pessoais.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos
2. Ela está querendo comer camarão.
muitos cursos que estão se tornando disponíveis no Brasil, nota-
Ela está querendo ficar doente.
se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua
ascensão social, mesmo sendo precários. O número daqueles que
3. O que ela fez com a faca que estava no chão? Ela pegou e
trabalham para obter o seu sustento e para ajudar a família, e ao
guardou na gaveta.
mesmo tempo se dispões a fazer um sacrifício adicional
Como ele agiu quando se deparou com o grupo? Ah, ele pegou e
frequentando cursos até noturnos, parece estar aumentando.
foi batendo em todo mundo.
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para
o bom exercício da profissão está em alta. É tratada como
4. Todos trabalham pela causa.
prioridade tanto no governo como em instituições representativas
Eles trabalham vendendo computadores.
das empresas. O mercado observa a carência de pessoal
qualificado para elevar a eficiência do trabalho.
Em qualquer caso, independente do contexto, o verbo grifado
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que
pode ser interpretado com sentido lexical pleno em ambas as
estão melhorando, a duras penas, a sua distribuição de renda.
ocorrências:
Mas, para que este processo de melhoria do bem-estar da
a) do conjunto 3 apenas. população seja sustentável, há que se conseguir um aumento da
produtividade do trabalho, que permita, também, o aumento da
parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os I - Em "A população urbana brasileira, principalmente a de
investimentos indispensáveis. grandes centros, vive constantemente em situação ambiental
A população que deseja melhores serviços das autoridades muito ruim" (ref. 1), a oração foi interrompida por uma explicação;
precisa ter a consciência de que uma boa educação, não por isso, há vírgulas separando o sujeito do predicado.
necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as II - Em "Tênues esforços públicos são levados a cabo em véspera
suas aspirações. de desastre" (ref. 2), o verbo ser (são) está no plural porque
concorda com o sujeito composto.
(YOKOTA, Paulo. Os problemas da educação no Brasil. Em III - O sujeito de "Porém, esbarram no individualismo da solução
http://www.cartacapital.com.br/educacao/os-problemas-da- automotiva" (ref. 3), no contexto do parágrafo, é indeterminado.
educacao-no-brasil-657.html - Com adaptações) IV - Em "deram mostras de seu potencial" (ref. 4), o pronome seu
refere-se a brasileiro (ref. 5).

(G1 - col. naval 2015) Assinale a opção na qual o termo São CORRETAS apenas as afirmativas:
oracional foi classificado corretamente.
a) II e III.
a) “[...] inclusive elegendo representantes que partilhem desta
convicção e não estejam pensando somente nos seus benefícios b) I, II e IV.
pessoais.” (5º §) (núcleo do predicado verbal)
c) I e IV.
b) “[...] e notei que muitos pais expressavam o desejo de ter bons
professores [...].” (2º §) (predicativo do sujeito) d) III e IV.

c) “O mercado observa a carência de pessoal qualificado para e) II, III e IV.


elevar a eficiência do trabalho.” (7º §) (objeto indireto)
Exercício 92
d) “[...] mas não se sentiam responsáveis para participarem TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

ativamente das atividades educacionais, [...].” (2º §) (complemento QUEM É O CRIMINOSO?


nominal)
"Outro dia, durante uma conversa despretensiosa, um dos
e) “[...] parece difícil que consigam transmitir aos filhos o mínimo líderes da Central Única de Favela (Cufa), entidade surgida no Rio

de educação.” (2º §) (objeto direto) de Janeiro para representar os favelados do país, descrevia uma
cena que presenciou durante anos a fio em sua vida: 'É o bacana
Exercício 91 da Zona Sul estacionar seu Mitsubishi no pé do morro e comprar
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: cocaína de um garotinho de 12 anos'. Em seguida, fez uma
TEXTO pergunta perturbadora: 'Quem é o criminoso? O bacana da Zona
Sul ou o garoto de 12 anos?'. E deu a resposta: 'Para vocês, o
1A população urbana brasileira, principalmente a de garoto de 12 anos tem de ser preso porque ele é um traficante de
grandes centros, vive constantemente em situação ambiental drogas. Para nós, tem de prender o bacana da Zona Sul porque

muito ruim. 2Tênues esforços públicos são levados a cabo em ele está aliciando menores para o crime'. Não resta dúvida de que

véspera de desastre, para evitar o mal maior. Mas, de maneira a situação retrata um dilema poderoso: de um lado, tem-se uma
vítima do vício induzida ao crime de comprar drogas e, de outro,
geral, o 5brasileiro não está educado nem conscientizado para a
necessidade de mudar de hábitos e efetivamente melhorar o tem-se uma vítima da pobreza e da desigualdade 5induzida ao
ambiente e a qualidade de vida urbana, em vez de só evitar o mal crime de vendê-las. Na cegueira legal em que vivemos, a solução

maior. Iniciativas I tímidas I como o rodízio de carros particulares é simples: prendem-se vendedor e comprador.
(...)
em São Paulo, entre 1996 e 1998, 4deram mostras de seu
Começa agora a surgir uma alternativa mais realista com a
potencial em melhorar a qualidade do ar e de reduzir o caos no
intenção do governo federal de implantar a chamada 1'política de
transporte. 3Porém, esbarram no individualismo da solução
automotiva e no status que o carro tem na nossa redução de danos'. Ou seja: em vez de punir os 3usuários,
tratando-os como criminosos, passa-se a encará-los como
contemporaneidade.
(BUYS, Bruno. In: MACHADO, Anna Raquel et al. Resenha: leitura doentes e atendê-los de modo a reduzir os riscos a que estão
4
e produção de textos técnicos e acadêmicos. São Paulo: Parábola expostos - como a overdose, aids, hepatite e outras doenças. É
editorial, 2004, p. 44) mais realista porque 6a repressão do uso de drogas é uma
política bem-intencionada, na qual se pretende a purificação pela
via da punição, mas que tem se mostrado sistematicamente falha.
A ideia brasileira - já em uso em outros países, e não apenas na
(G1 - cftsc 2008) Analise as afirmativas a seguir, com base no Holanda - é um pedaço de bom senso e humildade. 2Encarar um
texto. viciado como doente é um enfoque justo e generoso."
André Petry. Revista VEJA, 24 de novembro de 2004, p. 50.
c) "neles há pouca montanha," (v. 14)

(G1 - cftce 2007) "... a repressão do uso de drogas é uma política d) "sons que se despedaçam" (v. 22)
bem-intencionada" (ref. 6) - verifica-se que o predicado é:
Exercício 94
a) verbal TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
CONSIDERAÇÃO DO POEMA
b) nominal (Fragmento)

c) verbo-nominal Não rimarei a palavra sono


com a incorrespondente palavra outono.
d) nominal, porque o verbo é intransitivo Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, que TODAS ME convêm.
e) verbal, porque o verbo é de ligação As palavras não nascem amarradas,
ELAS saltam, se beijam, se dissolvem,
Exercício 93
no céu livre por vezes um desenho,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
são PURAS, largas, autênticas, indevassáveis.
UM BOI VÊ OS HOMENS

Tão delicados (mais que um arbusto) e correm


(Fei 1997) Observe o verso:
e correm de um para outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente, falta-lhes
"As palavras não nascem amarradas"
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
Assinale a alternativa em que o sujeito e o predicado da oração
até sinistros. Coitados, dir-se-ia que não escutam
estejam corretamente analisados:
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível a) sujeito composto e predicado nominal
e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes
e no rasto da tristeza chegam à crueldade. b) sujeito simples e predicado verbo-nominal
Toda a expressão deles mora nos olhos - e perde-se
a um simples baixar de cílios, a uma sombra. c) sujeito composto e predicado verbal
Nada nos pelos, nos extremos de inconcebível fragilidades,
e como neles há pouca montanha, d) sujeito simples e predicado nominal
e que secura e que reentrâncias e que
impossibilidade de se organizarem em formas calmas, e) sujeito simples e predicado verbal
permanentes e necessárias. Têm, talvez,
certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem Exercício 95
perdoar a agitação incômoda e o translúcido (Mackenzie 1996) "Há uma gota de sangue em cada poema."

vazio interior que os torna tão pobres e carecidos


de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme Assinale a alternativa que contém uma observação correta sobre

(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no a sintaxe dessa frase.
campo a) sujeito: uma gota de sangue
como pedras aflitas e queimam a erva e a água,
e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade. b) verbo intransitivo
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião.10 livros de poesia.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1977.) c) adjuntos adverbiais: uma e de sangue

d) complemento nominal: em cada poema

(Uerj 2002) É comum encontrar nos livros escolares a definição e) predicado verbal: toda a oração
de predicado como aquilo que se declara sobre o sujeito de uma
oração. Exercício 96
Essa definição de predicado, entretanto, não é suficiente para TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
identificá-lo em todas as suas ocorrências. Procura-se algum lugar no planeta
O exemplo em que NÃO se poderia identificar o predicado pela onde a vida seja sempre uma festa
definição dada é: onde o homem não mate
nem bicho nem homem
a) "falta-lhes / não sei que atributo essencial," (v. 3-4) e deixe em paz
b) "Toda a expressão deles mora nos olhos" (v.11) as árvores da floresta.
Procura-se algum lugar no planeta casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não
onde a vida seja sempre uma dança propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença
e mesmo as pessoas mais graves era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da
tenham no rosto um olhar de criança. Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos
para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos
MURRAY, Roseana. Disponível em começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E
https://www.orelhadelivro.com.br/livros mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna
vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado.
– Quando você ficar bom...
– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.
(G1 - ifpe 2019) Acerca de gêneros textuais, classes de palavras Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar
e termos da oração, assinale a alternativa CORRETA em relação remédio e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela
ao texto acima. por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o
reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito
a) Nos versos “onde a vida seja sempre uma festa” e “onde a vida 12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e

seja sempre uma dança”, os termos em destaque exercem a Guinle.


função de predicativos do sujeito “vida”. – Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei
licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo
b) Em “onde a vida seja sempre uma festa”, o advérbio “sempre” de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.
expressa intensidade em relação à festa em que a vida se tornará. – Vou visitar você todo domingo, quer?
– É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu
canto.
c) Em “as árvores da floresta” e em “tenham no rosto um olhar de Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos
criança”, os termos sublinhados desempenham a função de trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos
complementos nominais. nessa breve conversa a longos intervalos. 4Ele chegava e saía
curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem
d) No verso “nem bicho nem homem” são explicitados os termos matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a
sujeitos do verbo “matar”, presente no terceiro verso da primeira doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital
estrofe. pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.
– Pelo rádio – explicou Santos.
e) O verso “Procura-se algum lugar no planeta” está na voz Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações
passiva, estrutura comum ao gênero do texto – anúncio fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não
classificado, comumente veiculado em jornais, com o objetivo de ficava até o dia seguinte, só essa vez?
se realizar venda, aluguel ou troca de algo.
– 5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se
Exercício 97 referia à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a
O Outro Marido mesada: uma hora de companhia por mês.
Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. 13Dona
14Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele
Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez,
a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-
lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o
avaliem pela casca. 9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de
endereço da viúva?
mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não
– Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada.
mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros
O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a
não percebem.
viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos,
casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e
quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). 3Por falta de
de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de
filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem
Santos. Deixara três órfãos, coitado.
derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como
E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam
um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário.
Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos.
10
Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha.
Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, 7a outra
Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a
realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava
diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa
outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.
simplificação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos,
– Desculpe, foi engano. 8A pessoa a que me refiro não é esta –
sentia-se vivo e desagradado.
1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha
disse Dona Laurinha, despedindo- se.

penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do


(Carlos Drummond de Andrade) b) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível
denotativo, são equivalentes, isto é, denotam ou referem o
mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, não se equivalem:
(Espcex (Aman) 2011) “... a outra realidade de Santos era tão enquanto a primeira assume a função do sujeito, a segunda
destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente assume a do predicativo do sujeito.
desconhecido, irreconhecível.” (ref.7)
c) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível
Os termos sublinhados são denotativo, são correspondentes, mas denotam ou referem
objetos distintos; já, do ponto de vista sintático, são divergentes:
a) núcleos do sujeito composto.
enquanto a primeira assume a função do predicativo do sujeito, a
segunda assume a do sujeito.

b) núcleos do objeto direto.


d) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível
denotativo, não são correspondentes, pois não denotam nem
c) predicativos do sujeito.
referem o mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, são
divergentes: enquanto a primeira assume a função do adjunto
d) predicativos do objeto.
adnominal, a segunda assume a do complemento nominal.

e) adjuntos adverbiais.
e) do ponto de vista semântico, uma refere o objeto em nível
Exercício 98 denotativo e a outra refere o mesmo objeto, mas em nível
conotativo; já, do ponto de vista sintático, são idênticas: enquanto
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: a primeira assume a função do adjunto adnominal, a segunda
Emoções na montanha-russa (fragmento) assume a do adjunto adverbial.

Exercício 99
Uma das sensações mais intensas e perturbadoras 4que se pode
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
experimentar, neste nosso mundo atual, é um passeio na
montanha-russa. Só não é nem um pouco recomendável para
quem tenha problemas com os nervos ou com o coração, nem
para aqueles com o sistema digestivo sensível. A própria decisão
de entrar na brincadeira já requer alguma coragem, a gente sabe
1que a emoção pode ser forte até demais e 2que podem decorrer

consequências imprevisíveis. Entra quem quer ou quem se atreve,


mas sabe-se também 3que muita gente entra forçada por amigos
e pessoas queridas, meio que contra a vontade, pressionada pela
vergonha de manifestar sentimentos de prudência ou o puro
medo. Mas, uma vez que se entra, 5que se aperta a trava de
segurança e a geringonça se põe em movimento, a situação se
torna irremediável. Bate um frio na barriga, o corpo endurece, as
mãos cravam nas alças do banco, a respiração se torna cada vez
(S1 - ifce 2020) Na expressão “minha agenda pra consultoria”, a
mais difícil e forçada, o coração descompassa, um calor estranho
expressão em destaque é classificada como
arde no rosto e nas orelhas, ondas de arrepio descem do pescoço
pela espinha abaixo. a) adjunto adverbial.

Nicolau Sevcenko: A corrida para o século XXI: no loop da b) complemento nominal.


montanha-russa.
c) predicativo.

(G1 - ifce 2012) Sobre as expressões do primeiro período “uma d) adjunto adnominal.
das sensações mais intensas e perturbadoras” e “um passeio na
montanha-russa”, uma análise possível, correta e coerente é a de e) aposto.
que
Exercício 100
a) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível (G1 1996) Destaque com letra maiúscula o predicado e
denotativo, têm significados diferentes, isto é, denotam ou classifique-o (PV - PN - PVN)
referem o mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, são a) A família de Alexandre recebeu a notícia alegre.
idênticas: enquanto a primeira assume a função do sujeito, a b) Alexandre parecia cansado.
segunda assume a do predicativo do sujeito. c) Seu relato terminou.
d) Velasco nomeou os tubarões pontuais.
e) Rufino morreu afogado. direção à garantia do acesso a esses serviços como direito social.
Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a
Exercício 101 criação da Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das
(G1 1996) Nas orações a seguir, separe o sujeito do predicado, Cidades, que deram à política urbana uma base de participação e
grife o sujeito, circule o núcleo e o classifique em simples, controle social.
composto ou oculto: Houve também, até 2014, uma progressiva ampliação de
a) As andorinhas e as gaivotas voavam juntas. recursos para o setor, sobretudo a partir do PAC 1 e PAC 2; a
b) Ficou humilhada a noiva branca. instituição de um marco regulatório (Lei 11.445/2007 e seu
c) O pombo marcou um encontro mas chegou atrasado.
decreto de regulamentação) e de um Plano Nacional para o setor,
d) Concordou com alegria e pudor a pomba. o PLANSAB, construído com amplo debate popular, legitimado
e) Gritavam esganadas as gaivotas do mar.
pelos Conselhos Nacionais das Cidades, de Saúde e de Meio
f) O pombo chegou e explicou o atraso. Ambiente, e aprovado por decreto presidencial em novembro de

Exercício 102 2013.


(G1 1996) Qual a diferença entre Predicado nominal e Predicado Esse marco legal e institucional traz aspectos essenciais para que

verbal? a gestão dos serviços seja pautada por uma visão de saneamento
como direito de cidadania: a) articulação da política de
Exercício 103 saneamento com as políticas de desenvolvimento urbano e
(Eear 2019) Marque a alternativa que apresenta, em destaque, regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua
complemento nominal. erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde; e b) a
transparência das ações, baseada em sistemas de informações e
processos decisórios participativos institucionalizados.
a) O conflito contra o ódio é o início da paz.
A Lei 11.445/2007 reforça a necessidade de planejamento para o
saneamento, por meio da obrigatoriedade de planos municipais
b) Os preceitos contra os quais luto são muitos.
de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos,
drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza urbana e manejo
c) Brigue pelas boas causas sem desistir do amor.
de resíduos sólidos. Esses planos são obrigatórios para que
possam ser estabelecidos contratos de delegação da prestação
d) Aludia aos problemas corriqueiros da relação.
de serviços e para que possam ser acessados recursos do
Exercício 104 governo federal (OGU, FGTS e FAT), com prazo final para sua
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: elaboração terminando em 2017. A Lei reforça também a
Política pública de saneamento básico: as bases do participação e o controle social, através de diferentes
saneamento como direito de cidadania e os debates sobre mecanismos como: audiências públicas, definição de conselho
novos modelos de gestão municipal responsável pelo acompanhamento e fiscalização da
política de saneamento, sendo que a definição desse conselho
Ana Lucia Britto também é condição para que possam ser acessados recursos do
Professora Associada do PROURB-FAU-UFRJ governo federal.
Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles O marco legal introduz também a obrigatoriedade da regulação
da prestação dos serviços de saneamento, visando à garantia do
A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à cumprimento das condições e metas estabelecidas nos contratos,
água potável e ao esgotamento sanitário é indispensável para o à prevenção e à repressão ao abuso do poder econômico,
pleno gozo do direito à vida. É preciso, para tanto, fazê-lo de reconhecendo que os serviços de saneamento são prestados em
modo financeiramente acessível e com qualidade para todos, sem caráter de monopólio, o que significa que os usuários estão
discriminação. Também obriga os Estados a eliminarem submetidos às atividades de um único prestador.
progressivamente as desigualdades na distribuição de água e
esgoto entre populações das zonas rurais ou urbanas, ricas ou FONTE: adaptado de
pobres. http://www.assemae.org.br/artigos/item/1762-saneamento-
No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de basico-como-direito-de-cidadania
35 milhões de brasileiros não são atendidos com abastecimento
de água potável, mais da metade da população não tem acesso à
(Espcex (Aman) 2019) “Mais da metade da população não tem
coleta de esgoto, e apenas de todo o esgoto gerado são
acesso à coleta de esgoto”.
tratados. Aproximadamente da população que compõe o
déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda
No fragmento, é correto afirmar que há
domiciliar mensal de até salário mínimo por morador, ou seja, a) sujeito simples e predicado nominal.
apresentam baixa capacidade de pagamento, o que coloca em
pauta o tema do saneamento financeiramente acessível. b) verbo intransitivo e predicado verbal.
Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades,
identificam-se avanços importantes na busca de diminuir o déficit c) verbo transitivo e objetos direto e indireto.
já crônico em saneamento e pode-se caminhar alguns passos em
pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem
d) sujeito composto e objeto indireto. comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus
refrigeradores.
e) sujeito simples e complemento nominal. Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar
por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um
Exercício 105 curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao
Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação
O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano,
reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de
inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a
reincidência (amplamente admitida, mas nunca comprovada privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no
empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10
tratamento cruel e na vingança.
criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos
cadeia.
educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar
Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à
que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir
sociedade.
aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece, A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte:
para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes,
de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e respeitando a população, aqui os presos saem roubando e
laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente
cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no
pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a
festa, dizia Nietzsche). vingança é uma festa, dizia Nietzsche).
Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela
ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH) LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto
e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema Estou no blogdolfg.com.br.
carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas ** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora
2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das do Instituto Avante Brasil.
menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-
Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/.
de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali Acessado em 17 de março de 2017.
passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o
Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter
(Espcex (Aman) 2018) Em "A população manifesta muito mais
seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por prazer no massacre contra o preso", o termo destacado tem a
vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso,
função de:
não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer
criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela a) Adjunto Adnominal
legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar
estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será b) Agente da Passiva
prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
comprovada. c) Objeto Direto
O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com
grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não d) Objeto Indireto
possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso
sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela e) Complemento Nominal
plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos,
Exercício 106
além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem
Fiu-fiu
os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de
Luis Fernando Veríssimo
trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação
profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma
Existe coisa mais melancólica do que uma mesa de quatro
pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas
pessoas, num restaurante, em que três estão dedilhando seus
atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.
smartphones e uma está falando sozinha?
A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos
presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos
Lançaram agora um celular à prova d’água, que você pode usar
separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida
no chuveiro. Ou em qualquer outro lugar embaixo d’água. No mar,
por exemplo. b) Prosopopeia; núcleo do aposto, núcleo do sujeito, núcleo do
– Bem, não me espere para o jantar... adjunto adnominal.
– Onde você está? c) Interjeição; núcleo do sujeito, parte de frase nominal, núcleo do
– Sabe a nossa pesca submarina? adjunto adnominal.
– O que houve? d) Metonímia; núcleo do aposto, núcleo do sujeito, núcleo do
1– Pensei que fosse uma garoupa e era um tubarão. E ele está complemento nominal.
vindo na minha direção.
– Você ainda está embaixo d’água?! e) Eufemismo; núcleo do sujeito, núcleo do objeto direto, núcleo
– Estou. do adjunto adnominal.
– E o seu arpão?
Exercício 107
– O tubarão engoliu!
(Espcex (Aman) 2017) Marque a alternativa correta quanto à
– Ligue para a Guarda Costeira!
função sintática do termo grifado na frase abaixo.
2São cada vez mais raros os lugares em que você pode se ver

livre de celulares, e agora nem as piscinas estão seguras. “Em Mariana, a igreja, cujo sino é de ouro, foi levada pelas águas”.
Os celulares são práticos e se tornaram indispensáveis, eu sei,
a) adjunto adnominal
mas empobreceram a vida social. 3Existe coisa mais melancólica
do que uma mesa de quatro pessoas, num restaurante, em que
b) objeto direto
três estão dedilhando seus smartphones e uma está falando
sozinha? Ou um casal em outra mesa, os dois mergulhados nos
c) complemento nominal
respectivos celulares sem nem se olharem, 4o que dirá se falarem
– a não ser que estejam trocando mensagens silenciosas entre si,
d) objeto indireto
o que é ainda mais triste.
5Os celulares podem ser perigosos de várias maneiras, mesmo
e) vocativo
que não derretam o cérebro, como se andou espalhando há
algum tempo. Imagino uma velhinha que ganhou um celular dos Exercício 108
netos sem que estes se dessem ao trabalho de explicar seu (G1 - ifce 2016) Na frase “Isto lhe será bastante útil”, o termo em
funcionamento para a vovó. Não contaram, por exemplo, que o destaque é um
celular dado assobia quando recebe uma mensagem. É um
assovio humano, um nítido fiu-fiu avisando que alguém ligou, e
a) adjunto adverbial.
que pode soar a qualquer hora do dia ou da noite. 6E imagino a
vovó, que mora sozinha, dormindo e, de repente, acordando com b) complemento nominal.
o assovio. Um fiu-fiu no meio da noite! A vovó, se não morrer
imediatamente do coração, pode ficar apavorada. Quem está lá? c) adjunto adnominal.
Um ladrão ou um fantasma assoviador? E o assovio tem algo de
galante. A vovó pode muito bem sair da cama, sem saber se está d) predicativo do sujeito.
acordada ou sonhando, e caminhar na direção do fiu-fiu sedutor,
como se tivessem vindo buscá-la. Alguém pensou nas vovós e) objeto indireto.
solitárias quando inventou o assovio?
7O fato é que não há mais refúgio. Nem castelos anti- Exercício 109
smartphones com um fosso em volta. Eles agora podem
atravessar o fosso. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões).
Jornal O Globo, 03/08/2014. Disponível em
<https://oglobo.globo.com/opiniao/fiu-fiu-13464128>. Último
acesso em 30 de setembro de 2017. SOMOS TODOS ESTRANGEIROS

Volta e meia, em nosso mundo redondo, colapsa o frágil convívio


entre os diversos modos de ser dos seus habitantes. 1Neste
(G1 - cmrj 2018) O termo “fiu-fiu” aparece três vezes no momento, vivemos uma nova rodada 2dessas com os inúmeros
penúltimo parágrafo do texto. Que recurso estilístico ele refugiados, famílias fugitivas de suas guerras civis e massacres.
representa e que funções sintáticas assume nas três ocorrências, Eles tentam entrar na mesma Europa que já expulsou seus
respectivamente? famintos e judeus. Esses movimentos introduzem gente
destoante no meio de outras culturas, estrangeiros que chegam
falando atravessado, comendo, amando e rezando de outras
a) Onomatopeia; núcleo do sujeito, parte de frase nominal, núcleo
maneiras. Os diferentes se estranham.
do complemento nominal.
Fui duplamente estrangeira, no Brasil por ser uruguaia, em ambos
os países e nas escolas públicas por ser judia. A instrução era
tentar mimetizar-se, falar com o menor sotaque possível, ficar (Espcex (Aman) 2014) A oração que apresenta complemento
invisível no horário do Pai Nosso diário. nominal é:
Certamente todos conhecem esse sentimento de sentir-se
a) O povo necessita de alimentos.
estrangeiro, ficar de fora, de não ser tão autêntico quanto os
b) Caminhar a pé lhe era saudável.
outros, ou não ser escolhido para o que realmente importa. Na
3infância, tudo é grande demais, amedronta e entendemos
c) O cigarro prejudica o organismo.
fragmentariamente, como recém-chegados. Na puberdade,
perdemos a familiaridade com nossos familiares: o que antes d) O castelo estava cercado de inimigos.
parecia natural começa __________ soar como estrangeiro. 4Na
5adolescência, sentimo-nos estranhos __________ quase tudo, e) As terras foram desapropriadas pelo governo.
andamos por aí enturmados com os da mesma idade ou estilo,
Exercício 111
tendo apenas uns aos outros como cúmplices para existir.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O fim desse desencontro deveria ocorrer no começo da vida
Ele se encontrava sobre a estreita marquise do 18º andar. Tinha
adulta, quando trabalhamos, procriamos e tomamos decisões de
pulado ali a fim de limpar pelo lado externo as vidraças das salas
repercussão social. Finalmente 6deveríamos sentir-nos legítimos
vazias do conjunto 1801/5, a serem ocupadas em breve por uma
cidadãos da vida. 7Porém, julgamos ser uma fraude: firma de engenharia. Ele era um empregado recém-contratado da
8imaginávamos que os adultos eram algo maior, mais consistente
Panamericana – Serviços Gerais. O fato de haver se sentado à
do que sentimos ser. Logo em seguida disso, já começamos a beira da marquise, com as pernas balançando no espaço, se
achar que perdemos o bonde da vida. O tempo nos faz devera simplesmente a uma pausa para fumar a metade de
estrangeiros __________ própria existência. cigarro que trouxera no bolso. Ele não queria dispensar este
Uma das formas mais simples de combater todo esse 9mal-estar prazer, misturando-o com o trabalho.
é encontrar outro para chamar de diferente, de inadequado. Quando viu o ajuntamento de pessoas lá embaixo, apontando
10Quem pratica o bullying, quer seja entre alunos ou com os que mais ou menos em sua direção, não lhe passou pela cabeça que
têm hábitos e aparência distintos do seu, conquista pudesse ser ele o centro das atenções. Não estava habituado a
momentaneamente a ilusão da legitimidade. Quem discrimina ser este centro e olhou para baixo e para cima e até para trás, a
arranja no grito e na violência um lugar para si. janela às suas costas.
Conviver com as diferentes cores de pele, interpretações dos Talvez pudesse haver um princípio de incêndio ou algum andaime
gêneros, formas de amar e casar, vestimentas, religiões ou a falta em perigo ou alguém prestes a pular. Não havia nada identificável
delas, línguas faz com que todos sejam estrangeiros. Isso produz à vista e ele, através de operações bastante lógicas, chegou à
conclusão de que o único suicida em potencial era ele próprio.
a mágica sensação de inclusão universal: 11se formos todos
Não que já houvesse se cristalizado em sua mente, algum dia, tal
diferentes, ninguém precisa sentir-se excluído. Movimentos
desejo, embora como todo mundo, de vez em quando... E digamos
migratórios misturam povos, a eliminação de barreiras de casta e
que a pouca importância que dava a si próprio não permitia que
de preconceitos também. Já pensou que delícia se, no futuro,
aflorasse seriamente em seu campo de decisões a possibilidade
entendermos que na vida ninguém é nativo. 12A existência de
de um gesto tão grandiloquente. E que o instinto cego de
cada um é como um barco em que fazemos um trajeto ao final do
sobrevivência levava uma vantagem de uns quarenta por cento
qual sempre partiremos sem as malas.
sobre seu instinto de morte, tanto é que ele viera levando a vida
até aquele preciso momento sob as mais adversas condições.
Texto adaptado de Diana Corso, publicado em 12 de setembro de
2015. Disponível em:
In: MORICONI, Ítalo (org.). Os cem melhores contos brasileiros do
<http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/09/12/artigo-somos-
século. R. Janeiro: Objetiva, 2000.
todos-estrangeiros/?topo=13,1,1,,,13>. Acesso em: 19 out. 2015

(Insper 2012) Em “... não lhe passou pela cabeça que pudesse ser
(G1 - ifsul 2016) Na frase “Quem pratica o bullying, quer seja
ele o centro das atenções”, os pronomes pessoais destacados
entre alunos ou com os que têm hábitos e aparência distintos do
exercem, respectivamente, a função sintática de
seu, conquista momentaneamente a ilusão da legitimidade” (ref.
10), a expressão em destaque representa a função sintática de a) objeto indireto, sujeito.

b) complemento nominal, objeto direto.


a) adjunto adnominal.

c) adjunto adnominal, sujeito.


b) complemento nominal.

d) objeto indireto, predicativo do objeto.


c) aposto.

e) adjunto adnominal, predicativo do sujeito.


d) objeto indireto
Exercício 112
Exercício 110
(Mackenzie 1996) "Não NOS eram favoráveis tantas dúvidas, que de jogos esportivos, cinema multissensorial e de uma droga que
NOS jogavam para campos opostos e causavam-NOS angústia." garante o bem-estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na
Terra dez áreas civilizadas e uns poucos territórios selvagens,
Os termos em destaque apresentam, respectivamente, a função onde 7grupos nativos ainda preservam costumes e tradições
sintática de: primitivos, como família ou religião. “O mundo agora é estável”,
diz um líder civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam
a) objeto indireto, objeto direto e objeto indireto. e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em
segurança; nunca adoecem; 8não têm medo da morte; vivem na
b) complemento nominal, objeto direto e objeto indireto. ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham
sobrecarregadas de pais e mães; 9não têm esposas, nem filhos,
c) objeto direto, objeto indireto e objeto direto. nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são
condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar
d) complemento nominal, objeto indireto e objeto direto. de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar
mal, há o soma.”
e) objeto indireto, complemento nominal e objeto direto. 10Para chegar à estabilidade absoluta, foi necessário abrir mão da

arte e da ciência. “A felicidade universal mantém as engrenagens


Exercício 113
em funcionamento regular; a verdade e a beleza são incapazes de
(Uel 1995) Na frase "Nomeá-los nossos REPRESENTANTES é
fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as massas tomavam o poder
revesti-los do direito AO MANDATO por três anos", as palavras
público, era a felicidade, mais que a verdade e a beleza, o que
em destaque são, respectivamente,
importava.” A verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a
a) predicativo do sujeito - adjunto adnominal. arte, perigos públicos. Mas não é necessário esforço totalitário
para controlá-las. Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer
b) objeto direto - objeto indireto. sacrifício em troca de uma vida sossegada” e de sua dose diária
c) predicativo do objeto - complemento nominal. de soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem dúvida. Mas foi
excelente para a felicidade.”
d) objeto direto - adjunto adnominal. No universo de Orwell, a população é controlada pela dor. No de
Huxley, pelo prazer. “Orwell temia que nossa ruína seria causada
e) predicativo do objeto - objeto indireto. pelo que odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve Postman.
Só precisa haver censura, diz ele, se os tiranos acreditam que o
Exercício 114
público sabe a diferença entre discurso sério e entretenimento.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(...) O alvo de Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele
MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO TEMPO
julgava ter imposto uma cultura fragmentada e superficial,
Hélio Gurovitz
incapaz de manter com a verdade a relação reflexiva e racional da
palavra impressa. 11O computador só engatinhava, e Postman
Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para
mal poderia prever como celulares, tablets e redes sociais se
o topo da lista dos mais vendidos (...) 1A distopia de Orwel,
tornariam – bem mais que a TV – o soma contemporâneo. Mas
mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo:
suas palavras foram prescientes: “O que afligia a população em
o stalinismo. (...) 2O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos Admirável mundo novo não é que estivessem rindo em vez de
alternativos” e da anestesia intelectual nas redes sociais mais pensar, mas que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham
parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo parado de pensar”.
novo, de Aldous Huxley.
3Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira
Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de 2017, p. 67.
vez em 1985, num livreto do teórico da comunicação americano
Neil Postman: Amusing ourselves to death (4Nos divertindo até
morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no Distopia = Pensamento, filosofia ou processo discursivo
The Guardian. “Na visão de Huxley, não é necessário nenhum caracterizado pelo totalitarismo, autoritarismo e opressivo
Grande Irmão para despojar a população de autonomia, controle da sociedade, representando a antítese de utopia.
maturidade ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria amando (BECHARA, E. Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de
sua opressão, adorando as tecnologias que destroem sua Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533).
capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que proibiriam os
livros. Huxley temia que não haveria motivo para proibir um livro,
pois não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell temia (Epcar (Afa) 2018) Analise as assertivas que dizem respeito ao
aqueles que nos privariam de informação. Huxley, aqueles que trecho a seguir.
nos dariam tanta que seríamos reduzidos à passividade e ao
egoísmo. 5Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós. “Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira
Huxley, que fosse afogada num mar de irrelevância.” vez em 1985, num livreto do teórico da comunicação americano
6No futuro pintado por Huxley, (...) não há mães, pais ou Neil Postman: Amusing ourselves to death (Nos divertindo até

casamentos. O sexo é livre. A diversão está disponível na forma


morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no O cenário marítimo também é o responsável pela causa
The guardian.” (ref. 3) mortis da maioria dos tripulantes dos navios afundados nas
batalhas navais, cujas baixas por afogamento são certamente
I. O primeiro período é constituído de uma oração absoluta sem mais numerosas do que as causadas pelos ferimentos dos
sujeito. impactos dos projéteis, dos estilhaços e dos abalroamentos. Em
II. Está de acordo com a Norma Gramatical Brasileira a seguinte maio de 1941, o cruzador de batalha britânico HMS Hood,
reescrita Não se trata de uma tese nova: esta tese foi atingido pelo fogo da artilharia do Bismarck, afundou, em poucos
levantada pela primeira vez em 1985. minutos, levando para o fundo cerca de tripulantes, dos
III. O termo Neil Postman classifica-se como agente da passiva, quais apenas três sobreviveram.
uma vez que é o elemento que realiza a ação expressa na locução Aliás, o instante do afundamento de um navio é um
verbal indicativa de voz passiva. momento crucial para a sobrevivência daqueles tripulantes que
IV. O termo do teórico da comunicação americano associa-se a um conseguem saltar ou são jogados ao mar, pois o efeito da sucção
substantivo, especificando-lhe o sentido, sendo, portanto, um pode arrastar para o fundo os tripulantes que estiverem nas
adjunto adnominal. proximidades do navio no momento da submersão. Por sua vez,
V. O substantivo livreto encontra-se flexionado no grau os náufragos podem permanecer dias, semanas, em suas balsas à
diminutivo sintético para representar uma relação de tamanho. deriva, em um mar batido pela ação dos ventos, continuamente
borrifadas pelas águas salgadas, sofrendo o calor tropical
Está correto o que se afirma apenas em escaldante ou o frio intenso das altas latitudes, como nos mares

a) I e III. Ártico, do Norte ou Báltico, cujas baixas temperaturas dos


tempos invernais limitam cabalmente o tempo de permanência

b) II e IV. n’água dos náufragos, tornando fundamental para a sua


sobrevivência a rapidez do socorro prestado.

c) II e III. O navio também é um engenho de guerra singular. Ao


mesmo tempo morada e local de trabalho do marinheiro, graças à

d) IV e V. sua mobilidade, tem a capacidade de conduzir homens e armas


até o cenário da guerra. Plataforma bélica plena e integral, engaja
Exercício 115 batalhas, sofre derrotas, naufraga ou conquista vitórias,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: tornando-se quase sempre objeto inesquecível da história de sua
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir. marinha e país.

Sobre o mar e o navio (CESAR, William Carmo. Sobre o mar e o navio. In: __________.
Uma história das Guerras Navais: o desenvolvimento tecnológico
Na guerra naval, existem ainda algumas peculiaridades das belonaves e o emprego do Poder Naval ao longo dos tempos.
que merecem ser abordadas. Rio de Janeiro: FEMAR, 2013. p. 396-398)
Uma delas diz respeito ao cenário das batalhas: o mar.
Diferente, em linhas gerais, dos teatros de operações terrestres, o
mar não tem limites, não tem fronteiras definidas, a não ser nas (Esc. Naval 2016) Marque a opção em que a função sintática do
proximidades dos litorais, nos estreitos, nas baías e enseadas. pronome relativo está corretamente indicada.
Em uma batalha em mar aberto, certamente, poderão ser
a) “[...] que merecem ser abordadas.” (1º parágrafo) – objeto direto
empregadas manobras táticas diversas dos engajamentos
efetuados em área marítima restrita. Nelas, as forças navais
podem se valer das características geográficas locais, como fez o
b) “[...] onde pôde proteger [...]” (3º parágrafo) – adjunto adverbial
comandante naval grego Temístocles, em 480 a.C. ao atrair as
forças persas para a baía de Salamina, onde pôde proteger os
flancos de sua formatura, evitando o envolvimento pela força
c) “[...] cujas baixas por afogamento [...]” (5º parágrafo) – aposto
naval numericamente superior dos invasores persas.
As condições meteorológicas são outros fatores que
d) “[...] dos quais apenas três [...]” (5º parágrafo) – objeto indireto
também afetam, muitas vezes de forma drástica, as operações
nos teatros marítimos. O mar grosso, os vendavais, ou mesmo as
longas calmarias, especialmente na era da vela, são responsáveis
e) “[...] que conseguem saltar [...]” (6º parágrafo) – adjunto
por grandes transtornos ao governo dos navios, dificultando
adnominal
fainas e manobras e, não poucas vezes, interferindo nos
resultados das ações navais ou mesmo impedindo o Exercício 116
engajamento. É oportuno relembrar que o vento e a força do mar TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
destruíram as esquadras persa (490 a.C.), mongol (1281) e a Leia o texto e responda à(s) quest(ões) a seguir.
incrível Armada Espanhola (1588), salvando respectivamente a
Grécia, o Japão (que denominou de kamikaze o vento divino Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de
salvador) e a Inglaterra daqueles invasores vindos do mar. opinião, qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria
indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam a) “[...] qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria
apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de indica a precariedade da educação.” (1° §)
preparar os jovens para a compreensão de textos simples, b) “Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado
elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas, dos exemplos dados pelos pais.” (3° §)
conhecimento elementar de física e química, e outros fornecidos c) “A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades
pelas escolas fundamentais. para o bom exercício da profissão está em alta.” (7° §)
[...]
Certa vez, participava de uma reunião de pais e d) “[...] a compreensão de textos simples, elaboração de cálculos
professores em uma escola privada brasileira de destaque e notei aritméticos de operações básicas, [...].“ (1° §)
que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores,
salas de aula com poucos alunos, mas não se sentiam e) “No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende
responsáveis para participarem ativamente das atividades somente das autoridades.” (4° §)
educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não
conseguiam entender que esta aritmética não fecha e que a sua Exercício 117
aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que O texto abaixo serve como base para a(s) questão(ões) a seguir.

consigam transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.


Para eles, a educação dos filhos não se baseia no Pedrinho, na varanda, lia um jornal. De repente parou e disse à

aprendizado dos exemplos dados pelos pais. Emília, que andava rondando por ali:
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver outros – Vá perguntar à vovó o que quer dizer folk-lore.

problemas de uma sociedade como a brasileira parece lógico. No – Vá? Dobre a sua língua. Eu só faço coisas quando me pedem
entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende por favor. — Pedrinho, que estava com preguiça de levantar-se,

somente das autoridades. Ela começa com os próprios pais, que cedeu à exigência da ex-boneca.
não podem simplesmente terceirizar essa responsabilidade. – 1Emilinha do coração — disse ele —, faça-me o maravilhoso
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a favor de ir perguntar à vovó que coisa significa a palavra folk-lore,
sociedade como um todo esteja convencida de que todos sim, teteia? — Emília foi e voltou com a resposta.
precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes – Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer
que partilhem desta convicção e não estejam pensando somente dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe
nos seus benefícios pessoais. por boca, de um contar para o outro, de pais a filhos.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos Os contos, as histórias, as anedotas, as superstições, as
muitos cursos que estão se tornando disponíveis no Brasil, nota- bobagens, a sabedoria popular etc. e tal. Por que pergunta isso,
se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua Pedrinho?
ascensão social, mesmo sendo precários. O número daqueles que O menino calou-se. Estava pensativo, com os olhos lá longe.
trabalham para obter o seu sustento e para ajudar a família, e ao Depois disse: — Uma ideia que eu tive. 2Tia Nastácia é o povo.
mesmo tempo se dispões a fazer um sacrifício adicional Tudo que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve
frequentando cursos até noturnos, parece estar aumentando. saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para leite do folclore que há nela.
o bom exercício da profissão está em alta. É tratada como Emília arregalou os olhos. – Não está má a ideia, não, Pedrinho!
prioridade tanto no governo como em instituições representativas 3Às vezes, a gente tem uma coisa muito interessante em casa e

das empresas. O mercado observa a carência de pessoal nem percebe.


qualificado para elevar a eficiência do trabalho. Fonte: do livro Histórias de Tia Nastácia. São Paulo: Globo, 2009.
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que
estão melhorando, a duras penas, a sua distribuição de renda. (S1 - ifce 2020) A função sintática da expressão contida no
Mas, para que este processo de melhoria do bem-estar da trecho “Emilinha do coração” (referência 1) é
população seja sustentável, há que se conseguir um aumento da
a) adjunto adnominal.
produtividade do trabalho, que permita, também, o aumento da
parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os
b) objeto direto.
investimentos indispensáveis.
A população que deseja melhores serviços das autoridades
c) aposto.
precisa ter a consciência de que uma boa educação, não
necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as
d) vocativo.
suas aspirações.

e) complemento nominal.
(YOKOTA, Paulo. Os problemas da educação no Brasil. Em
http://www.cartacapital.com.br/educacao/os-problemas-da- Exercício 118
educacao-no-brasil-657.html - Com adaptações) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A Marselhesa do subúrbio
Sérgio Martins
(G1 - col. naval 2015) Qual das orações abaixo traz o adjunto
adnominal em destaque?
1Tchudum, tchá, tchá, tchá, tchá, tchudum, tchá, tchá, tchá, tchá,

tchudum\ São 2 horas da manhã numa casa noturna de São Paulo


e os frequentadores estão dançando uma batida eletrônica
repetitiva. Dali a uma hora e meia, MC Guimê, o principal nome do
funk ostentação, fará seu show, acompanhado de um DJ e de
duas dançarinas, e com a participação especial do rapper Emicida.
/.../ Encontram-se ali jovens de bairros suburbanos – 2os meninos
com correntes douradas, as meninas com saia bem curtinha, e
todos com roupas de grife – e também os chamados “playboys”.
Quando Guimê finalmente sobe ao palco, a temperatura da casa
parece subir. 3Por quarenta minutos, ele intercala canções de seu
repertório com sucessos de outros funkeiros, canta o rap do
quarteto Racionais MC’s e cita o Salmo 23 (“O senhor é meu
pastor / Nada me faltará”). Nada falta mesmo: suas letras
carregam uma tal profusão de marcas – carros, roupas, perfumes,
bebidas – que até se poderia suspeitar de vultosos contratos de (G1 - ifpe 2019) Em relação à vírgula presente em “Filhinho,
merchandising. Não é o caso. Para Guimê, natural da periferia de come a salada toda [...]” (cartum), é CORRETO afirmar que ela é
Osasco, cidade da Grande São Paulo, falar desses objetos de empregada com o objetivo de
consumo – e, acima de tudo, adquiri-los – é uma aspiração
a) separar o advérbio antecipado.
realizada, uma senha para a entrada na sociedade. 4O público não b) separar o sujeito “filhinho” do verbo.
só entende como compartilha o sonho de Guimê: muitos fãs, no c) indicar que “filhinho” é um aposto, pois explica a quem a mãe
meio da dança, erguem garrafas de uísque escocês como se se refere.
fossem troféus. 5Festas e shows assim se repetem por outras
cidades e clubes. Como tantos gêneros musicais que vieram das d) isolar uma expressão explicativa.
áreas urbanas mais pobres, o funk já conquistou parte da classe
média. Mas é sobretudo entre a garotada da periferia que ele tem e) isolar o vocativo “filhinho” do restante da oração.
a ressonância de uma Marselhesa: um hino de cidadania e
identidade para os jovens das classes C, D e E. /.../ Exercício 120
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Revista Veja, 29 de janeiro de 2014, p. 73 e 74) Leia este texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.

Saudade de escrever

(G1 - epcar (Cpcar) 2019) (ADAPTADA) Observe os termos Apesar da concorrência (internet, celular), a carta continua firme e
sublinhados em cada alternativa e assinale aquela cuja análise, forte. Basta uma folha de papel, selo, caneta e envelope para que
entre parênteses, está adequada. uma pessoa do Rio Grande do Norte, por exemplo, fique por
dentro das fofocas registradas por um amigo em São Paulo, dois
a) “... MC Guimê, o principal nome do funk ostentação, fará seu dias depois. “Adoro receber cartas, fico super ansiosa para
show...” – (Aposto) descobrir o que está escrito”, conta Lívia Maria, de 9 anos. Mas ela
admite que faz tempo que não escreve nenhuma cartinha. “As
últimas foram para a Angélica e para um dos programas do
b) “Por quarenta minutos, ele intercala canções de seu repertório Gugu.”
com sucessos de outros funkeiros...” – (Adjunto Adverbial de Isabela, de 9 anos, lembra que, quando morava em Curitiba, no
Tempo) Paraná, trocava correspondência com sua amiga Raquel, que vive
em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Eu ficava sabendo das
c) “Para Guimê, natural da periferia de Osasco, cidade da grande novidades e não gastava dinheiro com telefonemas.”
São Paulo...” – (Adjunto Adverbial de Lugar) Já Amanda, de 10 anos, também gosta de receber cartinhas, mas
prefere enviar e-mails. “Atualmente estou conversando com meu
d) “Como tantos gêneros musicais que vieram das áreas urbanas primo que está nos Estados Unidos via computador, já que a
mais pobres...” – (Explicativa) mensagem chega mais rápido e não pago interurbano.”

Exercício 119
TOURRUCCO, Juliana. Saudade de escrever. O Estado de São
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Paulo, p.5, 25 jul.1998. Suplemento infantil.
Leia o cartum abaixo para responder à(s) questão(ões).

(G1 - ifal 2018) Quanto à análise morfossintática dos elementos


textuais, apenas uma alternativa está errada, contrariando o que
prescreve a norma padrão da Língua Portuguesa.
de países nas relações internacionais por meio de investimentos
Assinale-a. em ações positivas.

a) Na frase Basta uma folha de papel, selo, caneta e envelope..., “Esse é um golpe de ‘soft power’. 9O Catar precisa demonstrar ao
o verbo está no singular concordando com folha, o núcleo mais mundo que, apesar de todas as acusações, é o país mais resiliente
próximo do sujeito composto. no Oriente Médio”, 10disse à AFP Andreas Krieg, 11analista de
risco político no King’s College de Londres. “Ter o melhor jogador
b) O verbo Basta também poderia ficar no plural se o sujeito do mundo mostra ao resto do mundo que se o Catar é
composto fosse papel, selo, caneta e envelope. determinado, eles ainda têm os maiores recursos para tirar e, se
necessário, usar o dinheiro que têm para promover a sua agenda”,
c) Pelas regras ortográficas atuais, quando o prefixo termina por acrescentou.
consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar O custo da transferência de Neymar “envia um sinal muito forte
por vogal, sendo assim, a expressão superansiosa, no segundo para o mundo esportivo e um sinal muito forte de desafio contra
parágrafo, deveria se constituir num só vocábulo. os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita”, disse Krieg. “Eles
queriam esse jogador e usaram o dinheiro para comprá-lo a
d) As expressões que, no texto, indicam a idade das crianças são qualquer preço”. [...]
aposto, razão por que vêm separadas dos termos antecedentes
por vírgulas. https://g1.globo.com/mundo/noticia/transferenciade-neymar-ao-
psg-e-golpe-de-soft-power-docatar-a-paises-do-golfo-dizem-
e) As expressões adverbiais no Paraná e Minas Gerais, no especialistas.ghtml
segundo parágrafo, funcionam como vocativo, por isso estão
isoladas por vírgulas.
(Uece 2018) Sobre o uso de expressões apositivas no texto, é
Exercício 121 INCORRETO afirmar que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Transferência de Neymar ao PSG é golpe de ‘soft power’ do a) o aposto “especialista em geopolítica do mundo árabe

Catar a países do Golfo, dizem especialistas consultado pela AFP” (referência 3), para se referir a Mathieu
Guidere, é empregado com o mesmo sentido do utilizado para
descrever Andreas Krieg como “analista de risco político no King’s
A transferência do 1fenômeno brasileiro Neymar ao Paris Saint-
College de Londres” (referência 11), qual seja: o de autorizar a
Germain (PSG) representa uma estratégia de marketing e um
legitimidade de um discurso.
golpe de ‘soft power’ do Catar contra os países do Golfo que
cortaram relações diplomáticas com o emirado. Esta é a análise
b) embora possa ser classificado gramaticalmente como uma
de especialistas ouvidos pela agência de notícias France Presse e
oração adjetiva, o enunciado “que é de um fundo de
do 2comentarista da GloboNews, Marcelo Lins. investimentos do Catar” (referência 4) tem, no texto, o mesmo
Neymar se tornou o jogador mais caro da história do futebol, com
valor sintático e semântico de um aposto explicativo: o de
o pagamento da cláusula de rescisão no valor de € 222 milhões relacionar-se a um termo antecedente, explicando-o.
(R$ 812 milhões).
Segundo Mathieu Guidere, 3especialista em geopolítica do c) o aposto “comentarista da GloboNews” (referência 2) tem
mundo árabe consultado pela AFP, o anúncio da transferência do sentido semelhante aos apostos “especialista em geopolítica do
jogador ao PSG, 4que é de um fundo de investimentos do Catar, mundo árabe consultado pela AFP” (referência 3) e “analista de
“foi testado entre catarianos como uma espécie de estratégia de risco político no King’s College de Londres” (referência 11), a
comunicação que ofuscaria o debate em torno de outras saber: autorizar a legitimidade de um discurso.
considerações, como o terrorismo”.
Marcelo Lins, comentarista da GloboNews, 5afirmou que a d) ainda que não venha entre vírgulas, mas entre parênteses, a
transferência beneficia a imagem do Catar. “Um pequeno país expressão “‘poder suave’, em tradução livre” (referência 8), pode
riquíssimo em petróleo, do Golfo, que bota tanto dinheiro para dar funcionar perfeitamente como um aposto, na medida em que
alegria a uma torcida, ou a milhões de torcedores espalhados serve para explicar/traduzir o termo que lhe antecede, “soft
pelo mundo... você tem uma volta disso na imagem do Catar, que power” (referência 7).

é muito grande”, 6disse à GloboNews. “É uma grande jogada de Exercício 122


marketing do Catar como um todo”, acrescentou. (G1 - epcar (Cpcar) 2016) Analise as afirmativas abaixo.
O Catar enfrenta a sua pior crise política em décadas, com a
Arábia Saudita e outros países do Golfo tendo cortado relações
diplomáticas com o emirado por acusações de apoio a grupos
terroristas. O Catar nega as acusações e diz que o objetivo é
prejudicar o emirado rico em gás.
Com a transferência de Neymar, Doha pode estar de olho em
investir em ‘soft power’. O conceito de ‘7soft power’ (8‘poder
suave’, em tradução livre) foi elaborado para definir a influência
Duas velas à flor duma baía escura.

Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas,


Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos,
Divinas mãos que me heis coroado de espinhos,
Mas que depois me haveis coroado de rosas!

Afilhadas do luar, mãos de rainha,


Mãos que sois um perpétuo amanhecer,
Alegrai, como dois netinhos, o viver
Da minha alma, velha avó entrevadinha.

(Obras poéticas, 1968.)

(Unesp 2016) Na última estrofe do poema, os termos “Afilhadas


do luar”, “mãos de rainha” e “Mãos que sois um perpétuo
I. A vírgula utilizada depois da palavra “contente” separa um amanhecer” funcionam, no período de que fazem parte, como
vocativo, enquanto os dois pontos empregados depois de
a) orações intercaladas.
“doente” introduzem apostos.
II. Na frase “Eu estaria sendo hipócrita”, há dois verbos e duas
b) apostos.
orações.
III. O vocábulo “Aí” marca a coloquialidade do diálogo e poderia
c) adjuntos adverbiais.
ser substituído, em um registro mais formal, pela expressão
“desse modo”, sem modificação do sentido.
d) vocativos.
IV. Em “analisar o que me deixa”, o pronome “que”,
sintaticamente, exerce a função de objeto direto.
e) complementos nominais.

Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s) Exercício 124


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
a) II.
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões).

b) I, II e IV.
Um leitor de La Repubblica perguntou o que podemos fazer para
escapar da situação alarmante em que nos encontramos depois
c) I e III.
da crise do crédito e como evitar suas consequências

d) III e IV. possivelmente 1catastróficas.


Essas são 2perguntas que nos 3fazemos todos os dias; afinal, não
Exercício 123 foi só o sistema bancário e a bolsa de valores que sofreram duros
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: e sucessivos golpes – nossa confiança nas estratégias de vida,
nos modos de agir, nos padrões de sucesso e no ideal de
Leia o poema do português Eugênio de Castro (1869-1944) para 4felicidade que, dia após dia, nos últimos anos, nos disseram que
responder às questões a seguir.
valia a pena seguir também 5foi abalada e 6perdeu parte

MÃOS considerável de 7sua autoridade e poder de atração. Nossos


ídolos, 8versões líquido-modernas do bezerro de ouro bíblico,
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, 9derreteram ao mesmo tempo que a 10confiança na economia!

o vosso gesto é como um balouçar de palma; Pensando em 11retrospecto, os anos anteriores à crise do crédito
o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso gesto canta! parecem ter sido tempos tranquilos e alegres do tipo “aproveite
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, agora, pague depois”; uma época em que nós agíamos com a
rolas à volta da negra torre da minh’alma.
certeza 12de que haveria riqueza suficiente e até maior no dia
seguinte, anulando qualquer preocupação com o crescimento das
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes,
dívidas de hoje, desde que fizéssemos 13o que se exigia para
Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma,
aderir aos “caras mais inteligentes da turma” e seguir seu
O vosso gesto é como um balouçar de palma,
exemplo. Naqueles dias que ficaram para trás, o exercício de subir
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes...
montanhas cada vez mais altas e ter acesso a paisagens cada vez
mais arrebatadoras, eclipsar as grandiosas montanhas de ontem
Mãos afiladas, mãos de insigne formosura,
com o perfil das colinas de hoje e aplainar as colinas de ontem na
Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim,
gentil ondulação das planícies de hoje parecia durar para sempre.
Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim,
Uma possível reação à crise econômica atual é o que Mark d) O termo “se”, em “o que se exigia” (ref. 13) possui o mesmo
Furlong denominou de “militarização do eu”. É o que vão fazer, valor morfossintático do “se”, presente em “Trata-se” (ref. 17),
sem dúvida, os produtores e comerciantes interessados em visto que, nas duas estruturas, ele permite a indeterminação do
capitalizar a catástrofe transformando-a em lucro acionário, agente verbal, consolidando o discurso imparcial e distanciado do
14como de hábito. A indústria farmacêutica já está em plena locutor.
atividade, tentando invadir, conquistar e colonizar a nova “terra
virgem” da depressão pós-crise a fim de vender sua “nova e) O prefixo, nos vocábulos “inverossímil” (ref. 18), “indivíduo”
geração” de smart drugs, começando por semear, cultivar e fazer (ref. 19), “imperativa” (ref. 21) e “inevitável” (ref. 22), apresenta a
crescer as novas ilusões que tendem a propulsionar a demanda. mesma função, que é a de derivar vocábulos que denotam ideia
Já estamos ouvindo falar de drogas fantásticas que prometem de privação ou negação.
“melhorar tudo”, memória, humor, potência sexual e a energia de
Exercício 125
quem as ingere com regularidade, proporcionando assim total
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
controle sobre a construção do próprio ego e sua preponderância
sobre o ego de outros.
15Contudo há outra possibilidade. Existe a opção de tentar chegar

às raízes do problema atual e (16como sugeriu Furlong) “fazer o


contrário do que estamos acostumados: inverter o padrão e
organizar nosso pensamento não mais a partir daquele em que o
(G1 - ifsc 2016) Tendo por base a afirmação da tirinha, “Eu não
‘indivíduo’ está no centro, mas segundo uma ordem alternativa
tenho amigos por interesse, minha senhora!” (3º quadrinho),
centrada em práticas éticas e estéticas que privilegiem a relação e
assinale a alternativa CORRETA
o contexto”.
17Trata-se, sem dúvida, de uma possibilidade remota a) A expressão “por interesse” exerce função sintática de objeto
direto.
(18inverossímil ou pretensiosa, diriam alguns), que exige um
período prolongado, tortuoso e muitas vezes doloroso de
autocrítica e reajuste. Nascemos e crescemos numa sociedade b) O termo “amigos” exerce função sintática de sujeito composto.
completamente “individualizada”, na qual a autonomia, a
autossuficiência e o egocentrismo do 19indivíduo eram 20axiomas
c) O verbo “tenho” está conjugado no presente do modo
que não exigiam provas (nem as admitiam), e que dava pouco
subjuntivo.
espaço, se é que dava, à discussão. Só que mudar nossa visão de
mundo e assumir uma compreensão adequada do lugar e do
d) A vírgula é utilizada antes de “minha senhora” para separar o
papel que temos na sociedade não é fácil nem se faz de um dia
vocativo.
para o outro. No entanto, essa mudança parece ser 21imperativa,
na verdade, 22inevitável. e) Em “Mas o cachorro...”, o termo em destaque é uma preposição.

BAUMAN, Zygmunt. Como escapar da crise? In: 44 Cartas do


Mundo Líquido Moderno. Tradução Vera Pereira. Rio de Janeiro: Exercício 126
Zahar, 2011. p. 161-165. Tradução de: 44 Letters from the Liquid TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Modern World. Adaptado. No português, encontramos variedades históricas, tais como a
representada na cantiga trovadoresca de João Garcia de Guilhade,
ilustrada a seguir.

(Uefs 2016) O aspecto linguístico do texto e seus efeitos de Non chegou, madre, o meu amigo,
sentido estão devidamente analisados em e oje est o prazo saido!
Ai, madre, moiro d’amor!
a) A forma verbal “fazemos” (ref. 3) destaca uma ação reflexiva
praticada pelo interlocutor do texto, que assume posturas
Non chegou, madre, o meu amado,
diferentes do próprio autor.
e oje est o prazo passado!
Ai, madre, moiro d’amor!
b) A expressão “versões líquido-modernas do bezerro de ouro
bíblico” (ref. 8) é um aposto metafórico, evidenciando uma relação
E oje est o prazo saido!
por similaridade da importância dada a um ícone bíblico, no
Por que mentiu o desmentido?
passado, e aos “ídolos”, no presente.
Ai, madre, moiro d’amor!

c) A oração “de que haveria riqueza suficiente” (ref. 12) é um


E oje, est o prazo passado!
complemento verbal que traduz uma ideologia que se concretizou
Por que mentiu o perjurado?
somente no presente, modificando os modos de agir e as
Ai, madre, moiro d’amor!
estratégias para viver.
(Ifsp 2013) No verso – Ai, madre, moiro d’amor! – a função b) os travessões.
sintática do termo madre é a seguinte:
c) os vocativos.
a) sujeito.

d) as frases interrogativas.
b) objeto direto.

e) as reticências.
c) adjunto adnominal.
Exercício 128
d) vocativo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
INSTRUÇÃO: As questões seguintes são relacionadas a uma
e) aposto. passagem bíblica e a um trecho da canção Cálice, realizada em
1973, por Chico Buarque (1944 -) e Gilberto Gil (1942 -).
Exercício 127
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO BÍBLICO
O preto Henrique tomou o caneco das mãos da preta velha e
Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha
bebeu dois tragos.
vontade, mas a tua seja feita! (Lucas, 22)
(In: Bíblia de Jerusalém. 7ª impressão. São Paulo: Paulus, 1995)
- Ainda tá quente, meu filho? É o restinho...
- 1Tá, tia. Bota mais.
TRECHO DE CANÇÃO
Quando acabou, disse:
Pai, afasta de mim esse cálice!
- Você lembra dessas histórias que você sabe, minha tia?
Pai, afasta de mim esse cálice!
- Que histórias?
Pai, afasta de mim esse cálice
- Essas histórias de escravidão...
De vinho tinto de sangue.
- O que é que tem?
- 2Você vai esquecer elas todas. Como beber dessa bebida amarga,
- Quando? Tragar a dor, engolir a labuta,
- No dia em que nós for dono disso... Mesmo calada a boca, resta o peito,
- Dono de quê? Silêncio na cidade não se escuta.
- Disso tudo... Da Bahia... do Brasil... De que me vale ser filho da santa,
- Como é isso, meu filho? Melhor seria ser filho da outra,
- 3Quando a gente não quiser mais ser escravo dos ricos, titia, e Outra realidade menos morta,
acabar com eles... Tanta mentira, tanta força bruta.
- Quem é que vai fazer feitiço tão grande 4pros ricos ficar tudo ......................................................
pobre? (In: www.uol.com.br/chicobuarque/)
- Os pobres mesmo, titia.
- Negro é escravo. Negro não briga com branco. Branco é senhor
dele.
- O negro é liberto, tia. (Unifesp 2003) Os três primeiros versos de "Cálice" apresentam
- Eu sei. Foi a Princesa Isabel, no tempo do Imperador. Mas negro a mesma estrutura sintática, cujos elementos constitutivos são, na
continua a respeitar o branco... sequência,
- Mas a gente agora livra o preto de vez, velha. a) um sujeito, PAI; um verbo no presente do indicativo, na
- 5Você sabe qual é a coisa mais melhor do mundo, Henrique? segunda pessoa do singular, AFASTA; objeto indireto, DE MIM;
- Não. objeto direto, ESSE CÁLICE.
- Não sabe o que é? É cavalo. Se não fosse cavalo, branco
montava em negro...
Adap. AMADO, Jorge. Suor. Rio de Janeiro: Record, 1984, 43ª ed., b) um vocativo, PAI; um sujeito oculto, TU; um verbo no presente
p.43/44. do indicativo, na terceira pessoa do singular, AFASTA; objeto
indireto, DE MIM; objeto direto, ESSE CÁLICE.

c) uma interjeição de chamamento, PAI; um sujeito oculto, TU; um


(Ufrrj 2005) O texto é praticamente todo composto por diálogos, verbo no presente do indicativo, na terceira pessoa do singular,
sem verbos de elocução - aqueles que indicam quem está AFASTA; objeto indireto, DE MIM; objeto direto, ESSE CÁLICE.
falando. O recurso gramatical utilizado pelo autor, em
substituição aos verbos de elocução, para que o leitor possa d) um vocativo, PAI; um sujeito oculto, TU; um verbo no
identificar quem está com a palavra, foram imperativo afirmativo, na segunda pessoa do singular, AFASTA;
a) os períodos curtos. objeto indireto, DE MIM; objeto direto, ESSE CÁLICE.
e) um vocativo, PAI; um sujeito oculto, TU; um verbo no presente - Meu filho, cuidado!
do subjuntivo, na terceira pessoa do singular, AFASTA; adjunto O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a
adnominal de posse, DE MIM; sujeito, ESSE CÁLICE. esquerda, os pneus cantaram no asfalto.
O menino, assustado arrepiou carreira. O pai precipitou-se
Exercício 129 e o arrebanhou com o braço como um animalzinho:
(G1 1996) Assinalar a alternativa que classifique correta e - Que susto você me passou, meu filho - e apertava-o
respectivamente os termos em maiúsculo das orações a seguir: contra o peito comovido.
- Deixa eu descer, papai. Você está me machucando.
1. "Não me refiro ÀS TORTURADAS MÃES DE FAMÍLIA". Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe
2. "Ai do guarda que vier com essa história de multa, SÍMBOLO dar umas palmadas:
DO ODIOSO REINADO MASCULINO!". - Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai.
3. "... a não oferecer lugar para as mulheres nos ônibus, para não - Me larga. Eu quero ir embora.
humilhá-LAS..." Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala - tendo
4. "Falo de um estilo oriundo DAS BATALHAS FEMINISTAS". antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave, como
ele fizera com a da despensa.
a) objeto direto; aposto; objeto indireto; objeto indireto; - Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando.
- Fico, mas vou empurrar esta cadeira.
b) objeto indireto; vocativo; objeto direto; complemento nominal; E o barulho recomeçou.

c) objeto indireto; aposto; objeto direto; adjunto adnominal; FERNANDO SABINO

d) adjunto adverbial; vocativo; objeto indireto; adjunto adnominal;

(G1 1996) "MEU FILHO, cuidado!" As palavras em destaque


e) objeto indireto; aposto; objeto direto; complemento nominal. correspondem, em análise sintática a:

Exercício 130 a) Sujeito.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A FUGA b) Objeto Direto.

Mal colocou o papel na máquina, o menino começou a c) Vocativo.

empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.


- Para com esse barulho, meu filho - falou, sem se voltar. d) Complemento Nominal.

Com três anos, já sabia reagir como homem ao impacto


das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, só e) Objeto Indireto.

estava empurrando uma cadeira. Exercício 131


- Pois então para de empurrar a cadeira. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
- Eu vou embora - foi a resposta. Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
num pedaço de pano, era sua bagagem: um caminhão de plástico
Vives sozinha sempre e nunca foste amada.
com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde
diabo meteram a chave da despensa? a mãe mais tarde irá saber),
A neve anda a branquear lividamente a estrada,
metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
grande aventura, um botão amarrado num barbante.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
A calma que baixou então na sala era vagamente se banhem no esplendor nascente da alvorada.
inquietante. De repente o pai olhou ao redor e não viu o menino.
Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão: E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
- Viu um menino saindo desta casa? - gritou para o essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
operário que descansava diante da obra, do outro lado da rua, podes partir de novo, ó nômade formosa!
sentado no meio-fio.
- Saiu agora mesmo com uma trouxinha - informou ele. Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, Há de ficar comigo uma saudade tua...
caminhando cabisbaixo ao longo do muro. Hás de levar contigo uma saudade minha...
A trouxa, arrastada no chão, ia deixando pelo caminho (Alceu Wamosy)
alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e - saíra
de casa prevenido - uma moeda de um cruzeiro. Chamou-o mas
ele apertou o passinho e abriu a correr em direção à avenida,
como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia à distância. (Faap 1996) "podes partir de novo, Ó NÔMADE FORMOSA".
A expressão em destaque exerce a função sintática de: b) evocam-se.

a) vocativo
c) foram evocados.

b) aposto
d) tinham evocado.

c) sujeito
e) eram evocados.

d) predicativo Exercício 133

e) objeto direto TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A ameaça de uma bomba atômica está mais viva do que nunca.
Exercício 132
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Os conflitos 5étnicos mataram quase 200 chineses só no mês de
A última romântica julho. Agora uma boa notícia: a paz mundial pode estar a
caminho. Segundo estimativas de pesquisadores, o mundo está
Cigarros, isqueiros, copos com drinques coloridos, garrafas vazias bem menos sangrento do que já foi. Cerca de 250 mil pessoas
- de vodca, do licor de coco Malibu... Às flores, velas, retratos e morrem por ano em consequência de algum conflito armado. É
mensagens de praxe os fãs acrescentaram em frente à casa de bem menos do que no século 20, que teve 800 mil mortes anuais
Amy Winehouse esses objetos que dão prazer, podem viciar e em sua 2ª. metade e 3,8 milhões por ano até 1950.
fazem mal à saúde. Para além da homenagem, era uma forma de O que aconteceu? O psicólogo Steven Pinker 6diz que o aumento
participar do universo de excessos da cantora. do número de democracias ajudou. Assim como a nossa saúde1:
É curioso o apelo de Amy num mundo conservador, cada vez mais como a expectativa de vida subiu, temos mais medo de 3arriscar o
antitabagista e alerta para os riscos das drogas - um mundo onde
pescoço. 4Até a globalização teria contribuído2: um mundo mais
vamos sendo ensinados a comprar produtos sem gordura trans e
integrado é um mundo mais tolerante, diz Pinker.
onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da
academia.
Revista Superinteressante
Numa época em que as pessoas são estimuladas a abdicar de
certos prazeres na expectativa de durar bastante, simplesmente
para durar, Winehouse fez o roteiro oposto - intenso,
(Mackenzie 2010) Os conflitos étnicos mataram quase 200
autodestrutivo, suicida.
chineses só no mês de julho.
Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave, necessitando
desesperadamente da ajuda que insistia em recusar. Uma de suas
De acordo com a norma padrão, passando-se essa frase para a
canções mais famosas trata exatamente disso.
voz passiva analítica, a forma verbal correspondente será:
Amy foi presa fácil do jornalismo de celebridades, voltado à
escandalização da intimidade dos famosos (quanto pior, melhor). a) foram mortos.
Foi também, num tempo improvável, a herdeira de Janis Joplin,
morta aos 27 em 1970, e de Billie Holiday, morta aos 44, em b) estavam sendo mortos.
1959, ambas por overdose.
Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico c) eram mortos.
- do artista que vive em conflito permanente e se rebela contra o
curso prosaico e besta do mundo. Na sua figura atormentada e d) matou-se.
em constante desajuste, o autoflagelo quase sempre se confunde
com o ódio às coisas que funcionam. Numa cultura inteiramente e) morreram.
colonizada pelo dinheiro e que convida à idolatria, fazer sucesso
Exercício 134
parecia uma espécie de vexame e de vileza, o supremo fiasco
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
existencial, contra o qual era preciso se resguardar.
1 Pode-se abordar o estudo das organizações asseverando a
Nisso Amy evoca os gênios do romantismo tardio - Lautréamont,
unicidade de toda estrutura social e evitando qualquer
Rimbaud e outros poetas do inferno humano, que tinham plena
generalização, até que se tenha à mão prova empírica de
consciência da vergonha de dar certo.
similaridade bem aproximada. Foi esse o ponto de vista
aconselhado à equipe de pesquisa da Universidade de Michigan
(SILVA, Fernando de Barros e. Folha de São Paulo, 26/07/2011)
pelos líderes de quase todas as organizações estudadas. - Nossa
organização é única; de fato, não podemos ser comparados a

(Insper 2012) Se a frase “Nisso Amy evoca os gênios do qualquer outro grupo, declarou um líder ferroviário. 1Os

romantismo tardio” for reescrita na voz passiva analítica, a forma ferroviários viam seus problemas organizacionais como diferentes
verbal correta será de todas as demais classes; o mesmo acontecia com os altos
funcionários do governo. Os dirigentes das companhias de
a) são evocados. seguros reagiam da mesma forma, o que também era feito pelos
diretores de empresas manufatureiras, grandes e pequenas.
2 Entretanto, no momento em que começavam a falar de Energias renováveis: o vento tem a resposta
seus problemas, as reivindicações que faziam de sua unicidade As usinas eólicas são as que mais crescem no mundo –
tornavam-se invalidadas. Através de uma análise de seus mas falta ainda torná-las baratas.
No Brasil, o potencial é de dez Itaipus.
problemas teria sido difícil estabelecer diferença entre o diretor
de uma estrada de ferro e um alto funcionário público, entre o
Revista Veja. 30 dez. 2009
vice-presidente de uma companhia seguradora e seu igual de
uma fábrica de automóveis. 3Conquanto haja aspectos únicos em TEXTO II
qualquer situação social, também existem padrões comuns e,
quanto mais nos aprofundamos, maiores se tornam as Propaganda: vende-se mobilização
similaridades genotípicas. Chocar com anúncios vale para divulgar uma marca, mas
3 Por outro lado, o teorista social global pode ficar tão serve também de ativismo em nome das boas causas
envolvido em certas dimensões abstratas de todas as situações ambientais.
sociais que ele será incapaz de explicar as principais origens de
variação em qualquer dada situação. O bom senso indica para Revista Veja. 30 dez. 2009

esse problema a criação de uma tipologia. 2Nesse caso, são


atribuídos às organizações certos tipos a respeito dos quais
podem ser feitas generalizações. Assim, existem organizações
voluntárias e involuntárias, estruturas democráticas e
(G1 - ifal 2012) Dadas as proposições seguintes:
autocráticas, hierarquias centralizadas e descentralizadas,
associações de expressão e aquelas que agem como
I. Os dois-pontos, presentes nos títulos, poderiam ser
instrumentos. As organizações são classificadas de maneira ainda
substituídos por vírgula sem alteração de sentido.
mais comum, de acordo com suas finalidades oficialmente
II. Em: “... são as que mais crescem...” (1º subtítulo), o vocábulo
declaradas, tais como educar, obter lucros, promover saúde,
destacado é um pronome demonstrativo.
religião, bem-estar, proteger os interesses dos trabalhadores e
III. Em: “... vende-se mobilização” (2º título) tem-se a forma
recreação.
passiva analítica.
(Adaptado de KATZ, Daniel e KAHN, Robert L. p. 134-135.
IV. Se, no 2º título, trocássemos a palavra “mobilização” por
Psicologia Social das Organizações. São Paulo: Atlas, 1970.)
“mobilizações”, a forma verbal continuaria sem flexão.

Obs.: "Asseverando" significa afirmando com certeza,


Verifica-se que:
assegurando.
a) todas são verdadeiras.

(Fgv 2003) Observe, o seguinte período: b) apenas I e II são verdadeiras.


"Nesse caso, são atribuídos às organizações certos tipos a
respeito dos quais podem ser feitas generalizações" (ref. 2). Nele, c) apenas I, II e III são verdadeiras.
ocorre voz passiva analítica; a voz ativa correspondente está
indicada em: d) apenas II, III e IV são verdadeiras.

a) Nesse caso, são atribuídos (por alguém) certos tipos a respeito


e) apenas III e IV são verdadeiras.
dos quais podem fazer-se certas generalizações.
Exercício 136
b) Nesse caso, (alguém) pode atribuir às organizações certos tipos TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
a respeito dos quais podem ser feitas generalizações. Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica
herdeira, regularmente bonita e bem-nascida. Da janela do seu
c) De fato, (alguém) não pode nos comparar a qualquer outro quarto é que ele a vira a primeira vez, para amá-la sempre. Não
grupo. ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho:
amou-o também, e com mais seriedade que a usual nos seus
d) Nesse caso, (alguém) atribui às organizações certos tipos a anos.
respeito dos quais (alguém) pode fazer generalizações. Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor da mulher
aos quinze anos, como paixão perigosa, única e inflexível. Alguns
e) Nesse caso, atribuem-se às organizações certos tipos a prosadores de romances dizem o mesmo. Enganam-se ambos. O
respeito dos quais se podem fazer generalizações. amor dos quinze anos é uma brincadeira; é a última manifestação
do amor às bonecas; é a tentativa da avezinha que ensaia o voo
Exercício 135
fora do ninho, sempre com os olhos fitos na ave-mãe, que a está
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
da fronde próxima chamando; tanto sabe a primeira o que é amar
Leia os títulos e subtítulos a seguir.
muito, como a segunda o que é voar para longe.
Teresa de Albuquerque devia ser, porventura, uma exceção no
TEXTO I
seu amor.
Camilo Castelo Branco - Amor de perdição
a) seja incorporado informações vindo de fora".

b) seja incorporadas informações vindo de fora".


(Mackenzie 2003) "Da janela do seu quarto é que ELE A VIRA
PELA PRIMEIRA VEZ". Passando-se a oração em destaque para a c) sejam incorporado informações vindas de fora".
voz passiva analítica, a forma verbal correspondente é
d) sejam incorporadas informações vindas de fora".
a) foi vista.

e) sejam incorporada informações vindo de fora".


b) havia visto.
Exercício 138
c) estava sendo visto. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
"Certas instituições encontram sua autoridade na palavra
d) seria vista. divina. Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que
seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através de
e) fora vista. sua boca. Suas qualidades pessoais importam pouco. Quando
prevaricam, eles são punidos no inferno, como aconteceu, na
Exercício 137
opinião de muita gente boa, com o Papa Bonifácio VIII, simoníaco
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
reconhecido. Mas o carisma é da própria Igreja, não de seus
Língua para inglês ver
ministros. A prova de que ela é divina, dizia um erudito, é que os
homens ainda não a destruíram.
A incorporação da língua inglesa aos idiomas nativos dos
Outras associações humanas, como a universidade, retiram
mais diversos países não é novidade. Traduz, no âmbito da
do saber o respeito pelos seus atos e palavras. Sem a ciência
linguagem, uma hegemonia que os Estados Unidos consolidaram
rigorosa e objetiva, ela pode atingir situações privilegiadas de
desde a década de 50. Com a globalização e o encurtamento das
mando, como ocorreu com a Sorbonne. Nesse caso, ela é mais
distâncias entre as nações obtido pelo avanço dos meios de
temida do que estimada pelos cientistas, filósofos, pesquisadores.
comunicação, a contaminação das demais línguas pelo inglês
Jaques Le Goff mostra o quanto a universidade se degradou
ficou ainda mais patente.
quando se tornou uma polícia do intelecto a serviço do Estado e
O fenômeno não é em si mesmo nocivo. Pode até
da Igreja.
enriquecer um idioma ao permitir que se incorporem informações
As instituições políticas não possuem nem Deus nem a
vindas de fora que ainda não têm correspondência local. A
ciência como fonte de autoridade. Sua justificativa é impedir que
Internet é um exemplo nesse sentido.
os homens se destruam mutuamente e vivam em segurança
Outra coisa, porém, bem diferente, é o uso gratuito de
anímica e corporal. Se um Estado não garante esses itens, ele não
palavras em inglês como o que se verifica hoje no Brasil. A não
pode aspirar à legítima obediência civil ou armada. Sem a
ser pela vocação novidadeira - e caipira - de quem se deslumbra
confiança pública, desmorona a soberania justa. Só resta a força
diante de qualquer coisa que o aproxima do "estrangeiro", não há
bruta ou a propaganda mentirosa para amparar uma potência
nenhuma razão para que se diga "sale" no lugar de liquidação, ou
política falida.
qualquer motivo para falar "off" em vez de desconto. Tais
O Estado deve ser visto com respeito pelos cidadãos. Há
anomalias são um dos sintomas do subdesenvolvimento e
uma espécie de aura a ser mantida, através do essencial decoro.
exprimem, no seu ridículo involuntário, a mentalidade de quem
Em todas as suas falas e atos, os poderosos precisam apresentar-
confunde modernidade com uma temporada em Miami.
se ao povo como pessoas confiáveis e sérias. No Executivo, no
Um país como a Alemanha, menos vulnerável à influência
Parlamento e, sobretudo, no Judiciário, esta é a raiz do poder
da colonização da língua inglesa, discute hoje uma reforma
legítimo.
ortográfica para "germanizar" expressões estrangeiras, o que já é
Com a fé pública, os dirigentes podem governar em
regra na França. O risco de se cair no nacionalismo tosco e na
sentido estrito, administrando as atividades sociais, econômicas,
xenofobia é evidente.
religiosas, etc. Sem ela, os governantes são reféns das oligarquias
Não é preciso, porém, agir como Policarpo Quaresma,
instaladas no próprio âmbito do Estado. Essas últimas, sugando
personagem de Lima Barreto, que queria transformar o tupi em
para si o excedente econômico, enfraquecem o Estado, tornando-
língua oficial do Brasil para recuperar o instinto de nacionalidade.
o uma instituição inane."
No Brasil de hoje já seria um avanço se as pessoas passassem a
usar, entre outros exemplos, a palavra "entrega" em vez de
(Roberto Romano, excerto do texto "Salários de Senadores e
"delivery".
legitimidade do Estado", publicado na Folha de São Paulo,
17/10/1994, 1º caderno, página 3)
FOLHA DE S. PAULO - 20/10/97

(Unitau 1995) Indique a alternativa em que existe voz passiva


(Ufal 2000) Transpondo para a forma passiva analítica a frase
analítica:
"Ao permitir que se incorporem informações vindas de fora",
obtém-se a forma "Ao permitir que...
a) As instituições políticas não possuem nem Deus nem a ciência
como fonte de autoridade.
Exercício 146

b) Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
estrito, administrando as atividades sociais, econômicas, No país da biodiversidade, faltam recursos para gerir os nossos

religiosas, etc. parques

1Quem já visitou 2algum 3parque brasileiro certamente se


c) Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que
seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através de surpreendeu com 4tamanha exuberância cênica 5desses locais.
sua boca. 6Não por acaso, 7nossos parques conservam uma rica

biodiversidade − uma das maiores do mundo − cuja


d) Só resta a força bruta ou a propaganda mentirosa para excepcionalidade projetou algumas 8dessas áreas ao patamar de
amparar uma potência política falida.
patrimônio natural da humanidade. 9Enquanto a natureza nos dá
motivos de sobra para enaltecer nossos parques, 10a realidade de
e) Se um Estado não garante esses itens, ele não pode aspirar à
legítima obediência civil. escassez e limitação de recursos para a gestão e manutenção
dessas áreas tem comprometido grande parte do seu potencial
Exercício 139 gerador de desenvolvimento, saúde e bem-estar − para não
(G1 1996) Transforme a voz ativa em voz passiva analítica, se mencionar a vulnerabilidade a que sua fauna e flora ficam
possível: expostas.
a) As sereias descobriram a tripulação. 11Esse retrato de limitações foi capturado na edição
b) Penélope espera Ulisses. recém-lançada da pesquisa Diagnóstico de Uso Público em
c) De manhãzinha, uma voz quebrou o silêncio. Parques Brasileiros: A Perspectiva da Gestão, produzida pelo
d) Telêmaco tranquiliza a mãe. Instituto Semeia junto a equipes gestoras de 370 parques de
e) O gigante separou algumas cabras e ovelhas. todas as regiões, biomas e níveis governamentais do país. 12O
sinal de alerta dessa escassez foi declarado por 67% dos

Exercício 140 respondentes, que afirmaram não contar com subsídios −


humanos e financeiros − necessários para a realização de suas
(G1 1996) Em "Serão cobrados os impostos" a oração encontra-
se na voz passiva analítica. Transformando-a numa passiva atividades no parque.
13
sintética, teremos: ______________________________ . Ainda de acordo com a pesquisa, grande parte (49%)
das equipes que administram essas áreas conta somente com até
Exercício 141 10 funcionários, ao passo que 9% possuem apenas um
(G1 1996) Em "O mestre já havia dado as notas" temos uma colaborador. Na prática, isso quer dizer que, no caso dos parques
oração na voz ativa. Transformando-a numa passiva analítica, nacionais, há um único responsável, em média, por quase 11 mil
teremos: "_______________________________" hectares − o que equivale a cerca de 11 mil campos de futebol.
14Já na esfera estadual, seria um funcionário para,
Exercício 142
aproximadamente, 2 mil hectares e, na municipal, um funcionário
(G1 1996) Transforme voz passiva sintética em analítica:
para 58 hectares.
15Quando o assunto é a gestão financeira desses espaços,
1) Vendem-se discos.
2) Compram-se jornais velhos. além da escassez de recursos, o cenário é também de falta de
3) Consertam-se aparelhos domésticos. informação: 40% dos respondentes declaram não ter acesso aos
4) Realizou-se o concurso. dados orçamentários das unidades em que atuam. Entre os que
5) Alugam-se apartamentos. têm acesso a esses números, seja de forma parcial ou total, o
valor médio do orçamento em 2019 para os parques federais foi
Exercício 143 de R$ 790 mil, para os municipais, de R$ 800 mil, e os estaduais,
(G1 1996) Em "Será realizada a exposição no teatro municipal" a R$ 9,6 milhões.
oração encontra-se na voz passiva analítica. Transformando-a 16Para se ter uma ideia, o
National Park Service (órgão
numa passiva sintética, teremos: norte-americano responsável por 421 unidades distribuídas em
"_____________________________________" 34 milhões de hectares) teve em 2019 um orçamento de USD 2,4
Exercício 144 bilhões. No mesmo ano, o orçamento do Instituto Chico Mendes

(G1 1996) Em "Seriam enviadas tropas de reforço" temos uma de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi de USD 142,6
milhões (em reais, 791 milhões), para administrar uma área cinco
oração na voz passiva analítica. Transformando-a numa passiva
sintética, teremos: "_______________________________" vezes maior (se considerarmos unidades de conservação
terrestres e marinhas).
Exercício 145 17Tudo isso se reflete nas condições de visitação e no uso
(G1 1996) Em "Serão encontrados os verdadeiros culpados."
público dos parques brasileiros. 18Mais da metade declara não
temos uma oração na voz passiva analítica. Transformando-a em contar com infraestrutura básica para receber visitantes − como
passiva sintética teremos: "______________________________"
banheiros e estacionamento, por exemplo. E, entre as unidades
que receberam visitantes em 2019 (79%), apenas 7% afirmam indicativo de crase justifica-se pelo fato de o verbo “alcançar”
contar com uma estrutura que garante plenamente as exigir a preposição “a” e o substantivo “altura” admitir o artigo
necessidades básicas de visitação, enquanto somente 11% “a”.
consideram que a manutenção das estruturas está em excelente e) No enunciado “O sinal de alerta dessa escassez de recursos foi
estado. declarado por 67% dos respondentes, que afirmaram não contar
19Esses dados evidenciam uma triste contradição: 20se, com subsídios – humanos e financeiros – necessários para a
por um lado, nossos parques possuem belezas naturais únicas, realização de suas atividades no parque” (ref. 12), poderíamos
equipes altamente qualificadas e experientes, além de um substituir “para a” por “a” sem o acento indicativo de crase, uma
potencial turístico promissor, por outro, tudo isso se arrefece com vez que não temos na oração um verbo que exija a preposição “a”.
a precariedade observada na implementação e manutenção das
atividades de uso público na maioria deles. Basta pensar que, em
Exercício 147
2019, o Brasil foi listado pelo Fórum Econômico Mundial como 2º
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
lugar em recursos naturais, mas figura somente na 32ª colocação
A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.
do ranking global de competitividade turística.
21Alcançar um patamar condizente à altura do nosso
anatomia
capital natural é mais do que possível. 22Para isso, faz-se
necessário fortalecer os órgãos gestores dessas áreas e avançar qual a matéria do poema?
numa agenda mais moderna, empreendedora e sustentável a fúria do tempo com suas unhas e algemas?
voltada à gestão desses espaços. E, nesse sentido, as parcerias e
concessões podem ser uma alternativa possível − já qual a semente do poema?
experimentadas em alguns parques brasileiros a fornalha da alma com seus divinos dilemas?
internacionalmente reconhecidos como Igraçu e Chapada dos
Veadeiros, por exemplo − para apoiar as equipes gestoras a qual a paisagem do poema?
potencializar a visitação, o turismo e a conservação. 23Afinal de a selva da língua com suas feras e fonemas?
contas, quanto mais os brasileiros conhecerem o seu patrimônio
natural, maior será a conscientização sobre o valor e a qual o destino do poema?
necessidade de cuidar dessas áreas. o poço da página com suas pedras e gemas?

(HADDAD, Mariana (Coordenadora de Conhecimento do Instituto qual o sentido do poema?


Semeia e responsável pela pesquisa); REZENDE, Aline o sol da semântica com suas sombras pequenas?
(Coordenadora de Comunicação do Instituto Semeia). No país da
biodiversidade, faltam recursos para gerir os nossos parques. qual a pátria do poema?
Publicado em Exame de 27 de abril de 2021. Disponível em: o caos da vida e a vida apenas?
https://exame.com/blog/opiniao/no-pais-da-biodiversidade-
faltam-recursos-para-gerir-os-nossos-parques/. Acesso em 02 de CAETANO, Ana. Inventário. Belo Horizonte: 2016. p. 5.
maio de 2021). Texto adaptado para esta prova. [Coleção Leve um livro, n.8 – Segunda Temporada]

(Upf 2021) Assinale a alternativa correta em relação aos


elementos que organizam a sintaxe do texto:
(G1 - cftmg 2017) Na composição do poema, há o emprego de
a) No enunciado “Mais da metade declara não contar com
infraestrutura básica para receber visitantes – como banheiro e a) aliterações ao longo do sétimo verso.
estacionamento, por exemplo”. (ref. 18), o verbo “declara” b) metáfora no primeiro verso do quinto dístico.
concorda com o termo metade, mesmo a oração iniciando com a c) rimas finais entre os segundos versos de cada dístico.
expressão quantitativa “mais de”. d) paralelismo sintático entre os dois versos das estrofes.
b) No enunciado “... a realidade de escassez e limitação de
recursos para a gestão e manutenção dessas áreas tem Exercício 148

comprometido grande parte do seu potencial gerador de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
desenvolvimento, saúde e bem-estar...” (ref. 10), o verbo “tem” O texto a seguir foi extraído de uma crônica de Affonso Romano

deveria estar acentuado, pois está no plural, uma vez que de Sant’Anna, cronista e poeta mineiro. Professor universitário e
concorda com a expressão “gestão e manutenção dessas áreas”. jornalista, escreveu para os maiores jornais do País. “Com uma

c) No enunciado “Ainda de acordo com a pesquisa, grande parte produção diversificada e consistente, pensa o Brasil e a cultura do
seu tempo, e se destaca como teórico, como poeta, como cronista,
(49%) das equipes que administram essas áreas conta somente
com até 10 funcionários, ao passo que 9% possuem apenas um como professor, como administrador cultural e como jornalista.”
Porta de colégio
colaborador” (ref. 13), o verbo “conta” concorda com a expressão
“grande parte”, mas poderia estar no plural, mantendo um
Passando pela porta de um colégio, me veio a sensação nítida de
paralelismo sintático com o verbo “administram”. que aquilo era a porta da própria vida. Banal, direis. Mas a
d) No enunciado “Alcançar um patamar condizente à altura do sensação era tocante. Por isso, parei, como se precisasse ver
nosso capital natural é mais do que possível” (ref. 21), o acento melhor o que via e previa.
Primeiro há uma diferença de 1clima entre 6aquele bando de A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro”.
adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que
em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que dizem”.
transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É toda C. “Há coisas que melhor se dizem calando”. (Machado de Assis)
uma 2atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma
8redoma ou aquário, numa bolha, resguardados do mundo. Com base na leitura acima, assinale a(s) proposição(ões)
Talvez não estejam. Vários já sofreram a pancada da separação CORRETA(S).
dos pais. 7Aprenderam que a vida é também um exercício de
01) Em cada um dos provérbios observa-se um paralelismo
separação. 9Um ou outro já transou droga, e com isso deve ter se sintático, que ajuda a conferir ritmo ao provérbio e favorece sua
sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma sensação
memorização.
de pureza angelical misturada com palpitação sexual, que se
02) No provérbio (A) ocorrem duas metáforas.
exibe nos gestos sedutores dos adolescentes.
04) No provérbio (B) as orações “o que sabem” e “o que dizem”
Onde estarão 4esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte
funcionam como adjetivos que caracterizam, respectivamente, os
anos?
5 sábios e os tolos.
Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece
08) Tanto o item A quanto o item C funcionam como elogios à
gostar de esporte, vai se interessar pela informática ou
discrição.
economia; 5aquela de cabelos louros e crespos vai ser dona de
16) A frase de Machado de Assis contém um pleonasmo, porque
boutique; 5aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a
é um exagero dizer que se pode falar calado.
gorduchinha vai acabar casando com um gerente de
32) No provérbio (B) temos a figura de linguagem paradoxo,
multinacional; 5aquela esguia, meio bailarina, achará um
porque é absurdo que os sábios tenham que se calar para que os
diplomata. Algumas estudarão Letras, se casarão, largarão tudo
tolos falem.
e passarão parte do dia levando filhos à praia e à praça e
pegando-os de novo à tardinha no colégio. [...]
Exercício 150
Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ternura. Pudesse passava a mão nos seus cabelos e contava-
FELICIDADE INTERNA BRUTA
lhes as últimas histórias da carochinha antes que o 3lobo feroz
as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem
enquanto estão no aquário e na redoma, enquanto estão na E se fosse possível medir o nível de felicidade das pessoas? Foi o
porta da vida e do colégio. O destino também passa por aí. E a que fez o rei do Butão, pequeno país do Himalaia, questionando
gente pode às vezes modificá-lo. se o Produto Interno Bruto seria o melhor índice para designar o
desenvolvimento de uma nação. O conceito de Felicidade Interna
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Bruta (FIB) nasceu em 1972 e atraiu a atenção do mundo como
Sant’Anna: seleção e prefácio de Letícia Malard. Coleção uma nova fórmula para o cálculo de riqueza de um país que
Melhores Crônicas. p. 64-66.
considera aspectos como a conservação do meio ambiente e a
qualidade de vida das pessoas. O FIB tem quatro pilares:
economia, cultura, meio ambiente e boa governança.
Em uma pesquisa de 2005 no Butão, 97% da população disse
estar entre ‘Feliz’ e ‘Muito Feliz’. Ao passar a aferir os índices do
FIB e criar políticas públicas para atacar os problemas
encontrados, o país conseguiu dar um salto em seus indicadores
(Uece 2014) Atente ao parágrafo quatro, que é constituído de
sociais e chamar a atenção do mundo para essa experiência
assertivas do enunciador sobre os adolescentes que vê na porta
inovadora.
do colégio, partindo de previsões feitas por ele mesmo.
A felicidade também foi motivo de pesquisa em duas revistas
internacionais. A Journal of Reserch in Personality e o Journal of
I. Poderíamos dividir o parágrafo em duas partes, considerando a
Hapiness Studies apontaram em 2008 que dois fatores são
oposição individual/coletivo.
determinantes para o nível de felicidade do ser humano: a
II. Em uma das assertivas, verifica-se quebra de paralelismo
genética, responsável por 50% desse sentimento, e o
sintático-semântico.
comportamento positivo diante da vida, que equivale a 40%. Já os
III. Todas as assertivas constituem previsões.
10% restantes, segundo a pesquisa, são referentes a
circunstâncias como beleza, dinheiro, fama e prestígio, tão
Está correto o que se afirma em
desejadas pela maioria das pessoas.
a) I e III apenas. Susan Andrews, psicóloga e antropologa formada pela
b) I e II apenas. Universidade de Harvard e coordenadora do FIB no Brasil
c) I, II e III. (www.felicidadeinternabruta.org.br), sintetiza a questão:
d) II e III apenas. 5“Estamos vivendo numa época única da história. 4Temos prédios

mais altos, mas ‘pavios mais curtos’; mais conveniências, porém


Exercício 149
menos tempo. Compramos mais, mas desfrutamos menos.
(Ufsc 2012) Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C)
Estamos conectados por satélites e internet, mas nos sentimos
abaixo.
mais solitários do que nunca. E as pessoas estão sentindo esse
doloroso paradoxo nas suas vidas pessoais. O Brasil está se
tornando uma potência mundial. É a hora de refletir: Qual o (Unesp 2010) O encerramento enfático do último verso se
caminho que o nosso país deveria seguir? Seria o curso traçado reforça estruturalmente no poema pelo fato de criar uma relação
pelos EUA, onde o PIB aumentou três vezes desde os anos 1950, de paralelismo sintático e de oposição de sentido com outro verso
mas onde a felicidade das pessoas de fato declinou? Onde uma do poema. Aponte esse verso:
em quatro pessoas é infeliz ou deprimida? Onde durante esse
a) Verso 2.
mesmo período quando o PIB triplicou, o número de divórcios
b) Verso 4.
duplicou, o de suicídios entre adolescentes triplicou, o de crimes
c) Verso 6.
violentos quadruplicou, e a população carcerária quintuplicou? Os
d) Verso 8.
americanos aumentaram sua riqueza dramaticamente, mas no
e) Verso 11.
processo perderam algo muito mais precioso 1– seu sentido de
comunidade. E é exatamente 2isso que as pesquisas psicológicas Exercício 152
constatam ser a verdadeira e duradoura fonte de felicidade: laços (G1 - cftmg 2008) Se acostumou sem querer
harmoniosos e amorosos entre as pessoas. Será que o Brasil Ao salto alto
Salário baixo, à vida dura
deveria perseguir o “Sonho Americano”, que agora com 3essa
E até ficar sem tv
crise está se tornando um pesadelo? Ou será que poderíamos
É bom pra você
optar por um caminho de desenvolvimento holístico e integrado
Televisão ninguém mais atura
como esse que o FIB representa, e mostrar um novo modelo para
Sobre o uso da linguagem nesse trecho, afirma-se, corretamente,
o mundo? Acredito que a hora para decidir isso é agora”.
que a(o):

Editorial - Extraclasse, ano 14, n. 138, out. 2009, pág. 2. a) marcação da crase no verso 3 é opcional.
b) paralelismo sintático ocorre entre os versos 2 e 3.
(Unisc 2012) No quarto parágrafo (ref. 4 e 5) é empregado um c) emprego da preposição "até" tem forte efeito de sentido.
recurso linguístico responsável pelo encadeamento de funções d) último verso está na ordem canônica sujeito-verbo-objeto.
sintáticas idênticas, cujo objetivo é facilitar a progressão temática,
a leitura do enunciado e a clareza da expressão. Esse recurso Exercício 153
gramatical é denominado TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
a) polissíndeto.
b) elipse do sujeito de terceira pessoa. Só o ensino superior salva
c) articulador coesivo de referência.
d) elemento de coesão lexical. Sou do tipo que chora. Batizado, casamento*, mas principalmente
e) paralelismo sintático. formatura. Como é bonita a chance e o cumprimento do estudo.

Exercício 151 Pra todo mundo, universal mesmo. 1Imagina a oportunidade a


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: quem só poderia se formar em escola pública. De arrepiar. Por
Arte suprema isso comemoro aqui o diploma de mais 423 alunos da URCA, a
Universidade Regional do Cariri, conforme leio no site “Miséria”, o
Tal como Pigmalião, a minha ideia jornal da minha aldeia universalíssima. A festa foi nesta quinta
Visto na pedra: talho-a, domo-a, bato-a; (08/08) e haja 2orgulho na gente de pequenas cidades e da roça
E ante os meus olhos e a vaidade fátua nos arredores da Chapada do Araripe. São 12,5 mil alunos nesta
Surge, formosa e nua, Galateia. escola mantida pelo governo cearense.
Sou do tipo que chora com o ensino público e gratuito e a chance
Mais um retoque, uns golpes... e remato-a; para quem vem lá do mato. Na formatura da 3URCA, haja primos,
Digo-lhe: “Fala!”, ao ver em cada veia 4pense num povo metido, né, 5ave palavra, que orgulho
Sangue rubro, que a cora e aformoseia...
enquadrado na parede. Pense numa “balbúrdia”, 6esse povo “lá
E a estatua não falou, porque era estatua.
de nós”, como na bendita 7linguagem caririense, 8formada em
Artes Visuais, Biologia, Ciências Econômicas, Ciências Sociais,
Bem haja o verso, em cuja enorme escala
Direito, Enfermagem, Educação Física, Engenharia de Produção,
Falam todas as vozes do universo,
Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia, Teatro
E ao qual também arte nenhuma iguala:
e Tecnologia da Construção Civil. Pense!

Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e terso, E mais orgulhosamente ainda 9vos digo: a URCA, segundo o
Em vão não e que eu digo ao verso: “Fala!” Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
E ele fala-me sempre, porque e verso. Teixeira (Inep), 10viva o gênio Anísio Teixeira, tem a menor taxa
de evasão universitária do Brasil, apenas 4,47%. Como a turma
(Júlio César da Silva. Arte de amar. São Paulo: Companhia Editora dá valor ao candeeiro iluminista sertões adentro. Choro um Orós
Nacional, 1961.) inteiro e ainda derramo minhas lágrimas no Jaguaribe, rio 11que
constava nos meus livros didáticos como o “rio mais seco do a) Sou do tipo que chora tanto em batizado, casamento, quanto
mundo”. 12Desculpa aí, hoje só 13venho 14com as grandezas. principalmente formatura.
Hoje, se eu pudesse, faria você também refletir com um discurso b) Sou do tipo que chora seja batizado, casamento, seja
na linha do David Foster Wallace (1962-2008). Aquela sua fala principalmente em formatura.
como paraninfo de uma turma de formandos americanos do c) Sou do tipo que chora não apenas em batizado, casamento,
Kenyon College, em 2005, Gambier, Ohio. Ele escreveu uma principalmente em formatura.
singularíssima fábula sobre — 15repare só! — dois peixinhos e a d) Sou do tipo que chora não só em batizado, casamento, mas

água. Recomendo a leitura. O texto está no livro Ficando longe do principalmente em formatura.

fato de já estar meio que longe de 16tudo (Companhia das Exercício 154
Letras). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
De Ohio ao Cariri. Além da URCA, em 2013 conquistamos (nada O DISCURSO
é de graça) a UFCA, a brava Universidade Federal do Cariri. 17Era
um facho, uma fogueira, era um candeeiro, era uma lamparina, era Natividade é que não teve distrações de espécie alguma. Toda ela
uma luminária a gás butano, fez-se a luz, pardon matriz estava nos filhos, e agora especialmente na carta e no discurso.
iluminista, perdão Paris, mas o mundo e o futuro 18será de um Começou por não dar resposta às 1efusões políticas de Paulo; foi
certo Cariri que peleja, aprende a preservar e estuda, somos a um dos conselhos do conselheiro. Quando o filho tornou pelas
própria ideia viva de Patrimônio Universal da Humanidade, só férias tinha esquecido a carta que escrevera.
falta o referendo da Unesco — escuto os mestres do Reizado ao O discurso é que ele não esqueceu, mas quem é que esquece os
fundo, que batuque afro-indígena-futurista. discursos que faz? Se são bons, a memória os grava em bronze;
[...] se ruins, deixam tal ou qual amargor que dura muito. 2O melhor
Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, e, se a
léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação Princesa do razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a
Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por aceitem, e crer nelas. A opinião é um velho óleo incorruptível.
desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde morava —, o Crato Paulo tinha talento. O discurso naquele dia podia pecar aqui ou ali
de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a por alguma ênfase, e uma ou outra ideia vulgar e exausta. Tinha
Nova Olinda das primeiras letras. Seria o primeiro representante talento Paulo. Em suma, o discurso era bom. Santos achou-o
do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, excelente, leu-o aos amigos e resolveu transcrevê-lo nos jornais.
família meio pernambucana meio cearense, a chegar ao ensino 3Natividade não se opôs, mas entendia que algumas palavras
superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário deviam ser cortadas.
ao campus da UFPE. Hoje tenho uma penca de primos a cada – Cortadas, por quê? perguntou Santos, e ficou esperando a
nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa. resposta.
E pensar que não havia a 19ideia de universidade no meu terreiro. – Pois você não vê, Agostinho; estas palavras têm sentido
Nada disso do que hoje comemoro com os formandos da URCA e republicano, explicou ela relendo a frase que a afligira.
UFCA. [...]. Santos ouvia-as ler, leu-as para si, e não deixou de lhe achar
Só nos resta defender [...]. Sem sequer o direito ao 20VAR (olho razão. Entretanto, não havia de as suprimir.
no lance) da história. 21jmmmmmmmmmmmkk kkll l – Pois não se transcreve o discurso.
çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa, caro leitor, pela incompreensão da – Ah! isso não! O discurso é magnífico, e não há de morrer em S.
escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica — tentando Paulo; é preciso que a Corte o leia, e as províncias também, e até
ver a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal- não se me daria fazê-lo traduzir em francês. Em francês, pode ser
traçadas linhas. [...] que fique ainda melhor.
– Mas, Agostinho, isto pode fazer mal à carreira do rapaz; o
Texto adaptado de Xico Sá, publicado em 10 ago. 2019. imperador pode ser que não goste...
Disponível em: Pedro, que assistia desde alguns instantes ao debate, interveio
docemente para dizer que os receios da mãe não tinham base; era
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/10/opinion/1565450440_001442.html.
Acesso em: 14 ago. 2019 bom pôr a frase toda, e, a rigor, não diferia muito do que os
liberais diziam em 1848.
– Um monarquista liberal pode muito bem assinar esse trecho,
* Os termos sublinhados neste texto representam hyperlinks no concluiu ele depois de reler as palavras do irmão.
texto original publicado no sítio eletrônico do jornal El País. – Justamente! 4assentiu o pai.
Conforme o dicionário Michaelis, hyperlink é, “no contexto da 5Natividade, que em tudo via a inimizade dos gêmeos, suspeitou

hipermídia e do hipertexto, endereço que aparece em destaque que o intuito de Pedro fosse justamente comprometer Paulo.
(geralmente sublinhado ou apresentado em uma cor diferente) e Olhou para ele a ver se lhe descobria essa intenção torcida, mas a
que, a um clique no mouse, permite a conexão com outro site”. cara do filho tinha então o aspecto do entusiasmo. Pedro lia
trechos do discurso, acentuando as belezas, repetindo as frases
(S1 - ifsul 2020) Qual alternativa apresenta o paralelismo mais novas, cantando as mais redondas, revolvendo-as na boca,
sintático entre os dois primeiros períodos do texto de acordo com tudo com tão boa sombra que a mãe perdeu a suspeita, e a
a norma culta? impressão do discurso foi resolvida. Também se tirou uma edição
em folheto, e o pai mandou encadernar ricamente sete e) sujeito.
exemplares, que levou aos ministros, e um ainda mais rico para a
Regente. Exercício 156
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES:

MACHADO DE ASSIS A(s) questão(ões) a seguir toma(m) por base uma passagem de
uma palestra de Amadeu Amaral (1875-1929) proferida em São
Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.
Paulo, em 1914, e uma charge de Dum.
Árvores e poetas
1efusão − manifestação expansiva de sentimentos Para o botânico, a árvore é um vegetal de grande altura,
composto de raiz, tronco e fronde, subdividindo-se cada uma
4assentir − concordar
dessas partes numa certa quantidade de elementos: – reduz-se
tudo a um esquema. O botânico estuda-lhe o nascimento, o
crescimento, a reprodução, a nutrição, a morte; descreve-a;
(Uerj 2017) O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los
classifica-a. Não lhe liga, porém, maior importância do que aquela
excelentes, e, se a razão não aceita esta imaginação, consultar que empresta ao mais microscópico dos fungos ou ao mais
pessoas que a aceitem, e crer nelas. (ref. 2) desinteressante dos cogumelos. O carvalho, com toda a sua
corpulência e toda a sua beleza, vale tanto como a relva que lhe
A conjunção sublinhada e estabelece paralelismo sintático entre cresce à sombra ou a trepadeira desprezível e teimosa que lhe
duas orações. Identifique-as. Reescreva o trecho acima, enrosca os sarmentos1 colubrinos2 pelas rugosidades do caule.
substituindo a conjunção e por outra conjunção coordenativa, Por via de regra vale até menos, porque as grandes espécies já
mantendo o mesmo sentido e a mesma estrutura do período dificilmente deparam qualquer novidade. Para o jurista, a árvore é
original. um bem de raiz, um objeto de compra e venda e de outras
relações de direito, assim como a paisagem que a enquadra – são
Exercício 155
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES: propriedades particulares, ou terras devolutas. E há muita gente a
quem a vista de uma grande árvore sugere apenas este grito de
As questões a seguir tomam por base a crônica de Luís Fernando
Veríssimo. alma: – “Quanta lenha!...”
O poeta é mais completo. Ele vê a árvore sob os aspectos da
A invasão
A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira como as beleza e sob o ângulo antropomórfico3: encara-a de pontos de

pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-se ao computador, vista comuns à humanidade de todos os tempos. Vê-a na sua
e a toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro graça, na sua força, na sua formosura, no seu colorido; sente tudo

e à palavra impressa. Mas o computador não eliminará o papel. quanto ela lembra, tudo quanto ela sugere, tudo quanto ela
Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o computador evoca, desde as impressões mais espontâneas até as mais

não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o remotas, mais vagas e mais indefiníveis. Dá-nos, assim, uma
mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada noção “humana”, direta e viva da árvore, – pelo menos tão

no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar verdadeira quanto qualquer outra.
numa embalagem de papelão e num embrulho para presente. O (Letras floridas, 1976.)

computador estimula as pessoas a escreverem e imprimirem o 1sarmento: ramo delgado, flexível.


que escrevem. Como hoje qualquer um pode ser seu próprio 2colubrino: com forma de cobra, sinuoso.

editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de 3antropomórfico: descrito ou concebido sob forma humana ou
passar sua obra para o papel é quase irresistível. com atributos humanos.

Desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não


tem nada a ver com conteúdo ou conveniência. Até que lancem
computadores com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de
papel e tinta nas suas duas categorias inimitáveis, livro novo e
livro velho. E nenhuma coleção de gravações ornamentará uma
sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo
que falta ao admirável mundo da informática, da cibernética, do
virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada. No fim,
o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores.
(O Estado de S. Paulo, 31.05.2015.)

(Unesp 2016) Os termos “o uso do papel” e “um manual de


instrução” (1º parágrafo) se identificam sintaticamente por
exercerem nas respectivas orações a função de

a) objeto direto. (Unesp 2016) “O botânico estuda-lhe o nascimento, o


b) predicativo do sujeito. crescimento, a reprodução, a nutrição, a morte”
c) objeto indireto. Do ponto de vista sintático, que relação os termos sublinhados
d) complemento nominal. estabelecem com o verbo? Do ponto de vista semântico, a
organização dos substantivos sublinhados aparenta seguir um eram tempos de “cosmologias”, de visões globais sobre temas
determinado critério; um desses substantivos, contudo, romperia científicos. Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos
tal organização. Identifique qual seria esse critério e o substantivo continentes, do geólogo alemão Alfred Wegener (1880-1930),
que romperia sua organização. marcada por uma visão cosmológica da Terra.
Fara dá a entender que várias áreas da ciência, naquele início de
Exercício 157
século, passaram a olhar seus objetos de pesquisa por meio de
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: um prisma mais amplo, buscando dados e hipóteses em outros
Leia o trecho extraído do artigo “Cosmologia, 100”, de Antonio
campos do conhecimento.
Augusto Passos Videira e Cássio Leite Vieira, para responder à(s) Folha de S. Paulo, 01.01.2017. Adaptado.
questão(ões) a seguir.
“Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri, (Unesp 2017) Em “Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu
árdua e sinuosa.” A frase – que tem algo da essência do hoje mesmo percorri, árdua e sinuosa.” (1º parágrafo), o termo
clássico A estrada não percorrida (1916), do poeta norte- destacado exerce a mesma função sintática do trecho destacado
americano Robert Frost (1874-1963) – está em um artigo em:
científico publicado há cem anos, cujo teor constitui um marco
histórico da civilização. a) “[...] o derradeiro traço alimentaria debates e traria
Pela primeira vez, cerca de 50 mil anos depois de o Homo sapiens arrependimento a Einstein nas décadas seguintes.” (4º parágrafo)
deixar uma mão com tinta estampada em uma pedra, a
humanidade era capaz de descrever matematicamente a maior b) “Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes [...].”
estrutura conhecida: o Universo. A façanha intelectual levava as (10º parágrafo)
digitais de Albert Einstein (1879-1955). c) “[...] o cientista construiu (de modo muito visual) seu castelo
Ao terminar aquele artigo de 1917, o físico de origem alemã usando as ferramentas que ele havia forjado pouco antes [...].” (5º
escreveu a um colega dizendo que o que produzira o habilitaria a parágrafo)
ser “internado em um hospício”. Mais tarde, referiu-se ao d) “Seguiu debilitado até o final daquela década.” (9º parágrafo)
arcabouço teórico que havia construído como um “castelo alto no e) “Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem
ar”. ser facilmente vistos como um ponto fora da reta.” (10º parágrafo)
O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três
características básicas: era finito, sem fronteiras e estático – o
Exercício 158
derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a
Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis
Einstein nas décadas seguintes.
(1839-1908), para responder à(s) questão(ões).
Em “Considerações Cosmológicas na Teoria da Relatividade
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá
Geral”, publicado em fevereiro de 1917 nos Anais da Academia
sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos
Real Prussiana de Ciências, o cientista construiu (de modo muito
senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao
visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado
pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de
pouco antes: a teoria da relatividade geral, finalizada em 1915,
flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos
esquema teórico já classificado como a maior contribuição
escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para
intelectual de uma só pessoa à cultura humana.
ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um
Esse bloco matemático impenetrável (mesmo para físicos) nada
cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar,
mais é do que uma teoria que explica os fenômenos
porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam
gravitacionais. Por exemplo, por que a Terra gira em torno do Sol
com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a
ou por que um buraco negro devora avidamente luz e matéria.
sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas
Com a introdução da relatividade geral, a teoria da gravitação do
a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco,
físico britânico Isaac Newton (1642-1727) passou a ser um caso
e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à
específico da primeira, para situações em que massas são bem
venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
menores do que as das estrelas e em que a velocidade dos
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai
corpos é muito inferior à da luz no vácuo (300 mil km/s).
uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à
Entre essas duas obras de respeito (de 1915 e de 1917),
esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave.
impressiona o fato de Einstein ter achado tempo para escrever
Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo
uma pequena joia, “Teoria da Relatividade Especial e Geral”, na
que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um
qual populariza suas duas teorias, incluindo a de 1905 (especial),
reincidente, e com pouco era pegado.
na qual mostrara que, em certas condições, o espaço pode
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos,
encurtar, e o tempo, dilatar.
e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente
Tamanho esforço intelectual e total entrega ao raciocínio
apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada.
cobraram seu pedágio: Einstein adoeceu, com problemas no
Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que
fígado, icterícia e úlcera. Seguiu debilitado até o final daquela
servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o
década.
sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro
Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem
também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda
ser facilmente vistos como um ponto fora da reta. Porém, a
que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado
historiadora da ciência britânica Patricia Fara lembra que aqueles
no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos
que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao coleção de espingardas magníficas. Não a mim, com minha pobre
senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, 3flaubert, não a mim, de calça e camisa, descalço, não a mim, que
quitandando. não sabia lidar nem com um motor de popa, apenas tocar um
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem batelão com meu remo.
lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do Duas semanas depois que ela chegou é que a encontrei na praia
fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por solitária; eu vinha a pé, ela veio galopando a cavalo; vi-a de longe,
onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a meu coração bateu adivinhando quem poderia estar galopando
quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou sozinha a cavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que ela
“receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em fosse passar me dando apenas um adeus, esse “bom-dia” que no
cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, interior a gente dá a quem encontra; mas parou, o animal
vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o resfolegando e ela respirando forte, com os seios agitados dentro
rigor da lei contra quem o acoitasse. da blusa fina, branca. São as duas imagens que se gravaram na
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria minha memória, desse encontro: a pele escura e suada do cavalo
nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a seda branca da blusa; aquela dupla respiração animal no ar
e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações fino da manhã.
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou E saltou, me chamando pelo nome, conversou comigo. Séria,
estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para como se eu fosse um rapaz mais velho do que ela, um homem
outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir como os de sua roda, com calças de “palm-beach”, relógio de
também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem pulso. Perguntou coisas sobre peixes; fiquei com vergonha de não
que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem. saber quase nada, não sabia os nomes dos peixes que ela dizia,
(Contos: uma antologia, 1998.) deviam ser peixes de outros lugares mais importantes, com
certeza mais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocos
dos coqueirinhos junto da praia – e falou de minha irmã, que
(Unesp 2018) Embora não participe da ação, o narrador conhecera, quis saber se era verdade que eu nadara desde a
intromete-se de forma explícita na narrativa em: ponta do Boi até perto da lagoa.
De repente me fulminou: “Por que você não gosta de mim? Você
a) “Há meio século, os escravos fugiam com frequência.” (3º
me trata sempre de um modo esquisito...” Respondi, estúpido,
parágrafo)
com a voz rouca: “Eu não”.
b) “O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões.” (2º
Ela então riu, disse que eu confessara que não gostava mesmo
parágrafo)
dela, e eu disse: “Não é isso.” Montou o cavalo, perguntou se eu
c) “A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos,
não queria ir na garupa. Inventei que precisava passar na casa dos
por lhes tapar a boca.” (1º parágrafo)
Lisboa. Não insistiu, me deu um adeus muito alegre; no dia
d) “Mas não cuidemos de máscaras.” (1º parágrafo)
seguinte foi-se embora.
e) “Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão.” (3º
Agora eu estava ali remando no batelão, para ir no Severone
parágrafo)
apanhar uns camarões vivos para isca; e o relincho distante de um
Exercício 159 cavalo me fez lembrar a moça bonita e rica. Eu disse comigo –
Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga (1913-1990), para rema, bobalhão! – e fui remando com força, sem ligar para os
responder à(s) questão(ões) a seguir. respingos de água fria, cada vez com mais força, como se isto
A madrugada era escura nas moitas de mangue, e eu avançava adiantasse alguma coisa.
no 1batelão velho; remava cansado, com um resto de sono. De (Os melhores contos, 1997.)
longe veio um 2rincho de cavalo; depois, numa choça de 1batelão: embarcação movida a remo.
pescador, junto do morro, tremulou a luz de uma lamparina. 2rincho: relincho.
Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moça que eu 3flaubert: um tipo de espingarda.
encontrara galopando na praia. Ela era corada, forte. Viera do Rio,
sabíamos que era muito rica, filha de um irmão de um homem de
nossa terra. A princípio a olhei com espanto, quase desgosto: ela (Unesp 2018) “Duas semanas depois que ela chegou é que a
usava calças compridas, fazia caçadas, dava tiros, saía de barco encontrei na praia solitária; eu viajava a pé, ela veio galopando a
com os pescadores. Mas na segunda noite, quando nos juntamos cavalo”(4º parágrafo)
todos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; tinha bebido Os termos sublinhados constituem, respectivamente,
cachaça, como todos nós, e cantou primeiro uma coisa em inglês,
depois o Luar do sertão e uma canção antiga que dizia assim: a) artigo, preposição, artigo.
“Esse alguém que logo encanta deve ser alguma santa”. Era uma b) artigo, preposição, preposição.
canção triste. c) pronome, artigo, artigo.
Cantando, ela parou de me assustar; cantando, ela deixou que eu d) pronome, preposição, preposição.
a adorasse com essa adoração súbita, mas tímida, esse fervor e) pronome, artigo, preposição.
confuso da adolescência – adoração sem esperança, ela devia ter
dois anos mais do que eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de Exercício 160
basquete, que costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homem Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada
casado, que já tinha ido até à Europa e tinha um automóvel e uma originalmente em 1902.
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio (Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem.
Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do 1esbatido: de tom pálido.
sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com 2a desoras: muito tarde.
histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há 3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os 4folha: periódico diário, jornal.
tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa 5bentinho: objeto de devoção contendo orações escritas.
primitiva credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico 6pardieiro: prédio velho ou arruinado.
recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa 7sitiante: policial.
patifaria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa
e a salvaguarda desse temor, os patifes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a (Unesp 2022) A expressão sublinhada em “No fundo da alma de
surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro – como um todo o repórter há sempre um poeta...” (5º parágrafo) exerce a
fantasma de grande e louvável modéstia. E tão esbatido1 mesma função sintática da expressão sublinhada em
passava o seu vulto na treva, tão sutilmente deslizava ao longo
a) “Esta nota de morcegos deve ser um chique romântico do
das casas adormecidas – que as primeiras pessoas que o viram
noticiarista.” (5º parágrafo)
não puderam em consciência dizer se era duende macho ou
b) “Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa
duende fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por
primitiva credulidade.” (1º parágrafo)
saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os
c) “Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os
fantasmas... Também, ninguém lhe falava – não por experiência,
frangões roubados aos quintais das casas...” (5º parágrafo)
mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num
d) “Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as
século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do
galinhas, daquela outra as joias...” (3º parágrafo)
liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não
e) “Dizem as folhas que a polícia, competentemente munida de
acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sentir a
bentinhos e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou
voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma
anteontem o reduto do fantasma.” (4º parágrafo)
avantesma3...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do Exercício 161
lobisomem de Catumbi – quando começaram de aparecer Leia o artigo “Pó de pirlimpimpim”, do neurocientista brasileiro
vestígios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas Sidarta Ribeiro.
pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham
sumido, por exemplo, as hóstias consagradas da igreja de Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo poderoso, pois o
Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de cérebro sem informação é pouco mais que estofo de macela1.
Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum Emília, a sabida boneca de Monteiro Lobato, aprendeu a falar
circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha copiosamente após engolir uma pílula, adquirindo de supetão
dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos todo o vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No filme
eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o
as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, personagem Neo descobrir que todo o mundo em que sempre
adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e viveu não passa de uma simulação chamada Matriz, dentro da
suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando qual é possível programar qualquer coisa. Poucos instantes
novos pecados sobre os pecados antigos, e dando-se à prática de depois de se conectar a um computador, Neo desperta e profere
excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia. estupefato: “I know kung fu”.
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de carne e osso, vale o
bentinhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O aprendizado de
anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da comportamentos complexos é difícil e demorado, pois requer a
diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra – alteração massiva de conexões neuronais. Há consenso hoje em
um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme – dia de que o conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos
alguns objetos singulares que pareciam instrumentos padrões de ativação de vastas redes neuronais, impossibilitando a
“pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos aquisição instantânea de memórias intrincadas.
esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os Mas nem sempre foi assim. Há meio século, experimentos
sitiantes7 empunhavam”. realizados na Universidade de Michigan pareciam indicar que as
Esta nota de morcegos deve ser um chique romântico do planárias, vermes aquáticos passíveis de condicionamento
noticiarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um clássico, eram capazes de adquirir, mesmo sem treinamento,
poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há associações estímulo-resposta por ingestão de um extrato de
morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, planárias já condicionadas. O resultado, aparentemente
companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo revolucionário, sugeria que os substratos materiais da memória
bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam são moléculas. Contudo, estudos posteriores demonstraram que
espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais a ingestão de planárias não condicionadas também acelerava o
das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo aprendizado, revelando um efeito hormonal genérico,
passou.
independente do conteúdo das memórias presentes nas planárias o burro...
ingeridas. MACÁRIO: E minha mala?
A ingestão de memórias é impossível porque elas são estados A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!...
complexos de redes neuronais, não um quantum de significado MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (atira com uma cadeira no
como a pílula da Emília. Por outro lado, é sim possível acelerar a chão)
consolidação das memórias por meio da otimização de variáveis O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro?
fisiológicas envolvidas no processo. Uma linha de pesquisa MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu...
importante diz respeito ao sono, cujo benefício à consolidação de O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o
memórias já foi comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães chamareis...
publicaram um estudo sobre os efeitos mnemônicos da MACÁRIO: Porém a raiva...
estimulação cerebral com ondas lentas (0,75 Hz) aplicadas O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Senti
durante o sono por meio de um estimulador elétrico. Os alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa de vinho?
resultados mostraram que a estimulação de baixa frequência é MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda
suficiente para melhorar o aprendizado de diferentes tarefas. Ao imensa, irreparável... era o meu cachimbo...
que parece, as oscilações lentas do sono são puro pó de O DESCONHECIDO: Fumais?
pirlimpimpim. MACÁRIO: Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola
sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me
(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.) pergunteis se fumo!
O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo
primoroso.
1macela: planta herbácea cujas flores costumam ser usadas pela [...]
população como estofo de travesseiros. MACÁRIO: E vós?
O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (tira outro
cachimbo e fuma)
(Unesp 2022) Pode ser reescrito na voz passiva o seguinte trecho MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso
do artigo: nome?
O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?
a) “Há consenso hoje em dia de que o conteúdo dos nossos
MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois
pensamentos deriva dos padrões de ativação de vastas redes
eu sou um estudante. Vadio ou estudioso, talentoso ou estúpido,
neuronais” (2º parágrafo).
pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito
b) “Uma linha de pesquisa importante diz respeito ao sono” (4º
Romano. Amo as mulheres e odeio o romantismo.
parágrafo).
O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão)
c) “A ingestão de memórias é impossível porque elas são estados
MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um
complexos de redes neuronais” (4º parágrafo).
poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto
d) “Em 2006, pesquisadores alemães publicaram um estudo
ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas,
sobre os efeitos mnemônicos da estimulação cerebral” (4º
acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma
parágrafo).
cantiga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a
e) “Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo poderoso” (1º
fazer morrer de sono.
parágrafo).
O DESCONHECIDO: E a poesia?
Exercício 162 MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão
Leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo. do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se em moeda de cobre; não há
MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa! mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém
UMA VOZ (de fora): Senhor! azinhavrado1. Entendeis-me?
MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui... O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou- se
A VOZ: O burro? vulgar e comum. Antigamente faziam-na para o povo; hoje o povo
MACÁRIO: A mala, burro! fá-la... para ninguém...
A VOZ: A mala com o burro? (Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.)
MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na
cerca. 1azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se
A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro? forma na superfície dos objetos de cobre ou latão, resultante da
MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro. corrosão destes quando expostos ao ar úmido).
A VOZ: Um moço que parece estudante?
MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala.
A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé? (Unesp 2022) “MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e
MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura tragam-ma aqui...
como tua mãe! A VOZ: O burro?
A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando MACÁRIO: A mala, burro!
madrugar iremos procurar. A VOZ: A mala com o burro?
OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço
MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na reclame, de medo ou seja lá pelo que for.
cerca.” Se algum deles tem sorte de derivar pela restinga da
Marambaia e ali é recolhido por pescadores – ah, peixe menos
(Unesp 2022) “MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e desejado – ganha sepultura anônima, que a piedade dos humildes
tragam-ma aqui...” providencia. Mas não é prudente pescar mortos do Guandu: há
Na oração em que está inserido, o termo sublinhado é um verbo sempre a perspectiva de interrogatórios que fazem perder o dia
que pede de trabalho, às vezes mais do que isso: a liberdade, que se
confisca aos suspeitos e aos que explicam mal suas pescarias
a) objeto direto, expresso pelo vocábulo “mala”, e objeto indireto,
macabras.
expresso pelo vocábulo “ma”.
São marginais caçados pela polícia ou por outros marginais,
b) apenas objeto indireto, expresso pelo vocábulo “ma”.
são suicidas, são acidentados? Difícil classificá-los, se não trazem
c) apenas objeto direto, expresso pelo vocábulo “ma”.
a marca registrada dos trucidadores ou estes sinais: mãos
d) objeto direto, expresso pelo vocábulo “burro”, e objeto indireto,
amarradas, amarrado de vários corpos, pesos amarrados aos pés.
expresso pelo vocábulo “ma”.
Estes últimos são mortos fáceis de catalogar, embora só se lhes
e) objeto direto e objeto indireto, ambos expressos pelo vocábulo
vejam as cabeças em rodopio à flor d’água, mas os que vêm
“ma”.
boiando e fluindo, fluindo e boiando, em sonho aquático
Exercício 163 deslizante, estes desesperaram da vida, ou a vida lhes faltou de
Leia o soneto de Luís de Camões. surpresa?
Enquanto quis Fortuna1 que tivesse Os mortos vão passando, procissão falhada. Eis desce o rio um
Esperança de algum contentamento, lote de seis, uns aos outros ligados pela corda fraternizante. É
O gosto de um suave pensamento2 espetáculo para se ver da janela de moradores de Itaguaí,
Me fez que seus efeitos escrevesse. assistentes ribeirinhos de novela de espaçados capítulos. Ver e
Porém, temendo Amor3 que aviso desse não contar. Ver e guardar para conversas íntimas:
Minha escritura a algum juízo isento4, – Ontem, na tintura da madrugada, passaram três garrafinhas.
Escureceu-me o engenho5 com tormento, Eu vi, chamei a Teresa pra espiar também...
Para que seus enganos não dissesse. Garrafinhas chamam-se eles, os trucidados com chumbo aos
Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos pés, e não mais como ficou escrito em livros de cartório. O
A diversas vontades, quando lerdes garrafinha nº 1 não é diferente do garrafinha nº 2 ou 3. Foram
Num breve livro casos tão diversos, todos nivelados pelo Guandu. Como frascos vazios, de pequeno
Verdades puras são, e não defeitos6, porte e nenhuma importância, lá vão rio abaixo, Nova Iguaçu
E sabei que, segundo o amor tiverdes, abaixo, rumo do esquecimento das garrafas e dos crimes que
Tereis o entendimento de meus versos. cometeram ou não cometeram, ou dos crimes que neles foram
(Luís de Camões. 20 sonetos, 2018.) cometidos.
[...]
1Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos homens. O Guandu não responde a inquéritos nem a repórteres. Não
2suave pensamento: sentimento amoroso. distingue, carrega. Não comenta, não julga, não reclama se lhe
3Amor: entidade mítica que personifica o amor. corrompem as águas; transporta. Em sua impessoalidade serve a
4juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca se desígnios vários, favorece a vida que quer se desembaraçar da
apaixonaram. morte, facilita a morte que quer se libertar da vida. Pela justiça
5engenho: talento poético, inspiração. sumária, pelo absurdo, pelo desespero.
6defeitos: inverdades, fantasia. Mas não é ao Guandu que cabe dedicar uma elegia, é aos
mortos do Guandu, nos quais ninguém pensa no dia de pensar os
(Unesp 2022) No soneto, o eu lírico dirige-se, mediante vocativo, e nos mortos. Os criminosos, os não criminosos, os que se
destruíram, os que resvalaram. Mortos sem sepultura e sem
a) àqueles que não entendem seus versos.
lembrança. Trágicos e apagados deslizantes na correnteza.
b) a Amor.
Passageiros do Guandu, apenas e afinal.
c) àqueles que nunca se apaixonaram.
(Carlos Drummond de Andrade. Os dias lindos, 2013.)
d) aos amantes.
e) a Fortuna.
(Unesp 2022) O termo sublinhado em “Estes últimos são mortos
Exercício 164 fáceis de catalogar, embora só se lhes vejam as cabeças em
Leia a crônica “Elegia do Guandu”, de Carlos Drummond de rodopio à flor d’água” (4º parágrafo) pertence à mesma classe
Andrade, publicada originalmente em 2 de novembro de 1974. gramatical do termo sublinhado em:
E se reverenciássemos neste 2 de novembro os mortos do a) “Mas não é prudente pescar mortos do Guandu” (3º parágrafo)
Guandu, que descem a correnteza, a caminho do mar – o mar que
eles não alcançam, pois encalham na areia das margens, e os b) “Eis desce o rio um lote de seis, uns aos outros ligados pela
urubus os devoram? corda fraternizante” (5º parágrafo)
Perdoai se apresento matéria tão feia, em dia de flores c) “Difícil classificá-los, se não trazem a marca registrada dos
consagradas aos mortos queridos. Estes não são amados de trucidadores” (4º parágrafo)
ninguém, ou o são de mínima gente. Seus corpos, não há quem os
d) “É espetáculo para se ver da janela de moradores de Itaguaí” José lembra das conversas com amigos tocadores de tambor
(5º parágrafo) que sempre falam que se um animal ou uma árvore sofreu ou
e) “Estes não são amados de ninguém, ou o são de mínima gente” morreu para que conseguissem produzir o instrumento musical, o
(2º parágrafo) mínimo que eles deveriam ter é respeito.
Paula Rodrigues. Disponível em
Exercício 165 https://wvw.uoI.com.br/ecoa/ultimas-noticas/2021/09/08/por-
(Fuvest 2022) Texto 1 respeito-a-natureza-artista-tikuna-levou-16-anos-para-criar-um-
cocar.htm. 08/09/2021. Adaptado.

a) Explique o sentido da expressão "mais assustador" no contexto


do anúncio, comparando-a com o processo de produção do cocar
mencionado na notícia.
b) Aponte a função sintática de "por respeito natureza" e explique
como a expressão contribui para o sentido do título e do texto.

Exercício 166
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é reservado
para o desenvolvimento muscular, sobrando muito pouco tempo
para a mobilidade, a flexibilidade, o treino restaurativo, o
relaxamento e o treinamento cardiovascular. Na teoria, seria algo
em torno de 70% para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10%
Texto 2 para a flexibilidade e outros. Na prática, muitos alunos direcionam
Por respeito à natureza, artista Tik una levou 16 anos para criar 100% do tempo para o fortalecimento.
um cocar Como a prática cardiovascular é infinitamente mais significativa e
As primeiras penas de gavião real que conseguiu chegaram em determinante para a nossa saúde orgânica como um todo,
2005. Um amigo o encontrou na aldeia certa vez e ofereceu podendo ser considerada o “coração” de um treinamento
algumas penas do animal que tinha encontrado morto no meio do consciente e saudável, essa ordem deveria ser revista.
mato tempos antes. "Depois, em 2011, um cacique me disse que Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021. Adaptado.
tinha algumas também, perguntou se eu queria, eram umas oito.
Juntando com as que eu tinha, já dava para fazer um pedaço do
cocar", conta José Tikuna. (Fuvest 2022) Dentre as expressões destacadas, a que exerce a
Para completar a peça, ele precisou contar com mais doações mesma função sintática do termo sublinhado em “o treino
de amigos e conhecidos. José mesmo chegou a rodar pela floresta restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular” é:
atrás das penas do bicho, mas não encontrava nada. Os anos a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.
passavam, e ele seguia procurando e esperando. b) o amor ao esporte é fundamental para o atleta.
Só em 2014 encontrou novas penas. Dessa vez, um colega o c) a população incorpora radicalmente atitudes saudáveis.
procurou paro que ele usasse seus dotes artísticos para criar um d) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.
amarrador de cabelo com pena. José topou fazer e ainda e) todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental.
conseguiu ficar com algumas paro colocar em seu cocar.

GABARITO
c) “Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário.”
Exercício 1 (ref. 11)
c) “A premissa da ciência é a nossa ignorância, nossa
vulnerabilidade em relação ao desconhecido, ao que não
Exercício 4
sabemos.” (1º parágrafo)
d) "refugiados" é um dos referentes sintático-semânticos
destes verbos, o que fica claro nos versos seguintes da canção.
Exercício 2

e) “Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei


Exercício 5
muito menos” (2º parágrafo)
a) “Deu-lhe muito trabalho, aquilo.” (4º parágrafo)
Exercício 3
Exercício 6

a) “Smith” Exercício 19

e) "...LÁ deve ter suas razões o misterioso cenarista dos


Exercício 7 sonhos..." (texto II - par. 5) - adjunto adverbial de lugar

e) estão corretas a I e a II Exercício 20

Exercício 8 b) objeto direto / adjunto adverbial / sujeito

e) Conhecemos o jornalista que defenderá o problema nas


redes sociais em relação às notícias sensacionalistas. Exercício 21

Exercício 9 a) perante a Morte (em I) e nos abismos (em I).

c) exerce a função de objeto direto em relação à oração


principal . Exercício 22

c) “Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo,” (1ª estrofe)


Exercício 10

b) Murchando as flores ao tombar do dia Exercício 23

d) A expressão importantes desafios (referência 7)


Exercício 11 desempenha a função sintática de objeto indireto do verbo
haver.
b) objeto direto.
Exercício 24

Exercício 12 e) Obedeceu-lhe prontamente.

c) objeto direto. Exercício 25

a) adjunto adverbial.
Exercício 13

c) inexistente. Exercício 26

d) objeto indireto, objeto indireto e sujeito.


Exercício 14

d) A possibilidade de ganharmos a vida, sentados na frente do Exercício 27


computador, as comodidades da rotina diária e a oferta
b) "[...] eles falam da FLORESTA amazônica (...)" (ref. 14)
generosa de bebidas e alimentos industrializados repletos de
gorduras e açúcares que nos oferecem a toda hora criaram OBJETO INDIRETO

uma combinação perversa que conspira para o acúmulo de


gordura no corpo. Exercício 28

Exercício 15 e) adjunto adverbial - objeto indireto

c) o adjunto adverbial foi deslocado para o início da oração. Exercício 29

d) travesti (objeto indireto)


Exercício 16

b) A oração “que nem se mostra” (v. 8) está sintaticamente Exercício 30


ligada ao substantivo coração, caracterizando-o; portanto, essa
oração exerce a função sintática de adjunto adnominal. b) “Embarque, pobre de você, / que há já muito que o espero!”
e “Pois digo-lhe que não quero!”

Exercício 17
Exercício 31
c) adjetivo e adjunto adnominal.
b) “tenhamos” está flexionado na 1ª pessoa do plural e
“praticado” está no particípio passado.
Exercício 18

a) O adjunto adverbial anteposto apresenta uma metáfora que Exercício 32


expressa a fugacidade do tempo.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) "... de virar sorvete ou lagartixa..."

Exercício 33 Exercício 47

b) Às vezes – tem – lhe e) “Planta beijo de três cores ao redor da casa”

Exercício 48
Exercício 34
a) “O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos alternativos” e da
d) “entre” e “viu”. anestesia intelectual nas redes sociais mais parece outra
distopia.” (ref. 2)

Exercício 35
Exercício 49
e) Há – haviam – à – a – a
d) II – III – I
Exercício 36
Exercício 50
a) sujeito.
b) Verbal e Nominal.

Exercício 37
Exercício 51
c) A frase I apresenta em destaque um objeto indireto e a frase
II apresenta em destaque um complemento nominal. a) ação – ação – ação – ação

Exercício 38 Exercício 52

c) objeto direto preposicionado e objeto direto. c) "E olhas, então, essas tuas mãos vazias, ..."

Exercício 39 Exercício 53

e) o “la” é pronome oblíquo e assume a função de objeto d) predicativo.


direto.

Exercício 40 Exercício 54

d) objeto direto. a) intransitivo - transitivo direto - de ligação

Exercício 41 Exercício 55

b) objeto direto. d) Busco anelante o palácio encantado da Ventura.

Exercício 42 Exercício 56

e) Foi fiel À LEI durante todos os anos que passou nos Açores. a) verbal, com verbo transitivo direto

Exercício 43 Exercício 57

b) objeto direto - sujeito - objeto indireto. d) t. direto, intransitivo, t. direto e indireto.

Exercício 44 Exercício 58

a) objeto direto e) "...em torno do qual GRAVITAM as plantas, os homens e os


bichos." (par.13) - intransitivo

Exercício 45 Exercício 59

a) Em “Lançar-se ao espaço implicava algum reconhecimento” a) O verbo “surfar” é usado como transitivo direto no título do
(ref. 5), o verbo implicar, nesse contexto, é um verbo transitivo texto da campanha e em sentido figurado, pois está
direto, por isso seu complemento não exige preposição. relacionado à capacidade de transição entre sites acessíveis na
internet. Na última frase, o mesmo verbo é usado como
Exercício 46
intransitivo e apresenta significado literal, pois pertence ao TENHO novidades para você.
mesmo campo lexical da palavra “nadar”. Eles PRECISAM de dinheiro.
b) No trecho do enunciado, os termos verbais “empolga”, Ela só DIZ a verdade.
“agarra” e “passageira” associados à palavra “internet”
Exercício 66
sugerem uma ação intensa, apaixonante, mas efêmera, ao
contrário do que acontece com os que estão ligados à palavra A sequência correta, de cima para baixo, é 2 - 4 - 3 - 1 - 4.
“revista”, menos intensos, mas mais duradouros (“envolvem”,
”abraçam”, “são permanentes”). O mesmo é sugerido no título, Exercício 67
já que “surfar” é atividade esportiva moderna e “nadar”, uma a) “Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de
modalidade tradicional. construir o próprio destino” (4º parágrafo).

Exercício 60

a) 1 - verbo SER Exercício 68


2 - verbo IR a) “arte”.

b) Predicado nominal em 1. Conforme resposta ao item [A], a


informação entre parêntesis indica que “Fui” é flexão do verbo Exercício 69
“Ser”; o predicado nominal tem como núcleo o estado do
e) O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard (...).
sujeito, “doente”.
Predicado verbo-nominal em 2. Conforme resposta ao item Exercício 70
[A], a informação entre parêntesis indica que “Fui”, nesse caso,
c) É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da
é flexão do verbo “Ir”; o predicado é verbo-nominal, uma vez
navegação.
que há dois núcleos: um marcado pelo próprio verbo de ação,
intransitivo, e outro marcado pelo estado do sujeito, “doente”.
Validando a resposta, indica-se o procedimento de transformar Exercício 71
o período simples em composto por coordenação: Fui para
c) Precisa-se de novos candidatos militares.
Buenos Aires e estava doente.

c) O significado de cada verbo é diferente, como indica a Exercício 72


resposta ao item [A].
Em [1], a forma conjugada “Fui” corresponde a um estado, b) substituíram.

portanto sinônimo de “Estar”. Uma possível reescrita é “Estive


doente durante dois anos (e estou são)”. Exercício 73
Em [2], a forma conjugada “Fui” corresponde a uma ação,
portanto sinônimo de “Viajar”. Uma possível reescrita é “Viajei a) Assim, fomentou-se a concepção de que a mídia seria capaz
doente para Buenos Aires (e voltei são)”. de manipular incondicionalmente uma audiência submissa,
passiva e acrítica. (ref. 1)
Exercício 61

1) intransitivo
Exercício 74
2) intransitivo
3) transitivo direto a) como os dois formam uma realidade única (ref. 11) – como
4) transitivo direto uma realidade única é formada pelos dois.

Exercício 62
Exercício 75
O verbo intransitivo não tem complemento, e o transitivo tem.
c) VA, VA, VP, VP.
Exercício 63

a) recebeu: VTD Exercício 76


b) parecia: VL
c) terminou: VI b) I e II.
d) nomeou: VTD
e) morreu: VI
Exercício 77
Exercício 64 a) A hierarquia de oito afirmações básicas foi solicitada aos
O preço dos alimentos subiu. entrevistados.
O pássaro voa alto.
Este relógio funciona bem.
Exercício 78
Exercício 65
b) Para evitar que torvelinho similar vitimasse o Reino Unido
(ref. 12) – Para evitar que o Reino Unido fosse vitimado por
torvelinho similar. Exercício 92

b) nominal
Exercício 79

d) Esse humor foi considerado fácil pelos comediantes.


Exercício 93
Exercício 80
c) "neles há pouca montanha," (v. 14)
b) II e IV.

Exercício 94
Exercício 81
b) sujeito simples e predicado verbo-nominal
b) Ele, que tanto marcou a rua (ref. 15) - A rua, que tanto foi
marcada por ele
Exercício 95

e) predicado verbal: toda a oração


Exercício 82
Exercício 96
d) O livro foi recebido por mim.
a) Nos versos “onde a vida seja sempre uma festa” e “onde a
vida seja sempre uma dança”, os termos em destaque exercem
Exercício 83
a função de predicativos do sujeito “vida”.
b) que a própria obra de Deus pusera na natureza. (ref. 2)

Exercício 97
Exercício 84
d) predicativos do objeto.
a) Ali vê-se um ataviado dandy [...].

Exercício 98
Exercício 85
b) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível
a) (...) a possibilidade de serem punidos aqueles que não denotativo, são equivalentes, isto é, denotam ou referem o
apenas prejudicaram monetariamente o país (...). mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, não se
equivalem: enquanto a primeira assume a função do sujeito, a
Exercício 86
segunda assume a do predicativo do sujeito.
c) “Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de
carne.”
Exercício 99

d) adjunto adnominal.
Exercício 87

b) F – F – V – V – V
Exercício 100
Exercício 88 a) A família de Alexandre RECEBEU A NOTÍCIA ALEGRE.
b) depende de um termo que lhe complete, ligando-se a ele b) Alexandre PARECIA CANSADO.
sem auxílio de uma preposição. c) Seu relato TERMINOU.
d) Velasco NOMEOU OS TUBARÕES PONTUAIS.
e) Rufino MORREU AFOGADO.
Exercício 89

b) do conjunto 4 apenas. a) PV
b) PN
c) PV
Exercício 90 d) PVN
a) “[...] inclusive elegendo representantes que partilhem desta e) PVN

convicção e não estejam pensando somente nos seus Exercício 101


benefícios pessoais.” (5º §) (núcleo do predicado verbal)
a) composto
b) simples
Exercício 91 c) simples, oculto
c) I e IV. d) simples
e) simples
f) simples, oculto Exercício 116

a) “[...] qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria


Exercício 102 indica a precariedade da educação.” (1° §)

O núcleo do predicado nominal é um nome. Já o núcleo do Exercício 117


predicado verbal é um verbo.
d) vocativo.
Exercício 103

a) O conflito contra o ódio é o início da paz. Exercício 118

a) “... MC Guimê, o principal nome do funk ostentação, fará seu


Exercício 104 show...” – (Aposto)

e) sujeito simples e complemento nominal.

Exercício 105 Exercício 119


e) Complemento Nominal
e) isolar o vocativo “filhinho” do restante da oração.
Exercício 106 Exercício 120
a) Onomatopeia; núcleo do sujeito, parte de frase nominal, e) As expressões adverbiais no Paraná e Minas Gerais, no
núcleo do complemento nominal. segundo parágrafo, funcionam como vocativo, por isso estão
isoladas por vírgulas.

Exercício 107 Exercício 121


a) adjunto adnominal c) o aposto “comentarista da GloboNews” (referência 2) tem
sentido semelhante aos apostos “especialista em geopolítica

Exercício 108 do mundo árabe consultado pela AFP” (referência 3) e


“analista de risco político no King’s College de Londres”
b) complemento nominal. (referência 11), a saber: autorizar a legitimidade de um
discurso.

Exercício 109

b) complemento nominal. Exercício 122

c) I e III.

Exercício 110

b) Caminhar a pé lhe era saudável. Exercício 123

d) vocativos.

Exercício 111

c) adjunto adnominal, sujeito. Exercício 124

b) A expressão “versões líquido-modernas do bezerro de ouro


bíblico” (ref. 8) é um aposto metafórico, evidenciando uma
Exercício 112
relação por similaridade da importância dada a um ícone
b) complemento nominal, objeto direto e objeto indireto. bíblico, no passado, e aos “ídolos”, no presente.

Exercício 113 Exercício 125

c) predicativo do objeto - complemento nominal. d) A vírgula é utilizada antes de “minha senhora” para separar
o vocativo.

Exercício 114

d) IV e V. Exercício 126

d) vocativo.
Exercício 115

b) “[...] onde pôde proteger [...]” (3º parágrafo) – adjunto


adverbial Exercício 127

c) os vocativos.
Exercício 140

Exercício 128 Cobrar-se-ão os impostos

d) um vocativo, PAI; um sujeito oculto, TU; um verbo no Exercício 141


imperativo afirmativo, na segunda pessoa do singular,
As notas já haviam sido dadas pelo mestre.
AFASTA; objeto indireto, DE MIM; objeto direto, ESSE CÁLICE.
Exercício 142

1) Discos são vendidos.


Exercício 129 2) Jornais velhos são comprados.
3) Aparelhos domésticos são consertados.
e) objeto indireto; aposto; objeto direto; complemento nominal.
4) O concurso foi realizado.
5) Apartamentos são alugados.
Exercício 130
Exercício 143
c) Vocativo.
Realizar-se-á a exposição no teatro municipal.

Exercício 144
Exercício 131
Enviar-se-iam tropas de reforço.
a) vocativo
Exercício 145

Exercício 132 Encontrar-se-ão os verdadeiros culpados.

a) são evocados. Exercício 146

a) No enunciado “Mais da metade declara não contar com


Exercício 133 infraestrutura básica para receber visitantes – como banheiro e
estacionamento, por exemplo”. (ref. 18), o verbo “declara”
a) foram mortos.
concorda com o termo metade, mesmo a oração iniciando com
a expressão quantitativa “mais de”.
Exercício 134
Exercício 147
d) Nesse caso, (alguém) atribui às organizações certos tipos a
c) rimas finais entre os segundos versos de cada dístico.
respeito dos quais (alguém) pode fazer generalizações.
Exercício 148

Exercício 135 b) I e II apenas.

b) apenas I e II são verdadeiras. Exercício 149

01) Em cada um dos provérbios observa-se um paralelismo


Exercício 136 sintático, que ajuda a conferir ritmo ao provérbio e favorece
sua memorização.
e) fora vista.
02) No provérbio (A) ocorrem duas metáforas.
Exercício 137 08) Tanto o item A quanto o item C funcionam como elogios à
discrição.
d) sejam incorporadas informações vindas de fora".
Exercício 150

Exercício 138 e) paralelismo sintático.

c) Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que Exercício 151


seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através
d) Verso 8.
de sua boca.
Exercício 152

Exercício 139 c) emprego da preposição "até" tem forte efeito de sentido.

a) A tripulação foi descoberta pelas sereias. Exercício 153


b) Ulisses é esperado por Penélope.
d) Sou do tipo que chora não só em batizado, casamento, mas
c) De manhãzinha, o silêncio foi quebrado por uma voz.
principalmente em formatura.
d) A mãe é tranquilizada por Telêmaco.
e) Algumas cabras e ovelhas foram separadas pelo gigante. Exercício 154
Orações: supô-los excelentes/consultar pessoas. Exercício 162

e) objeto direto e objeto indireto, ambos expressos pelo


O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los
vocábulo “ma”.
excelentes, ou, se a razão não aceita esta imaginação,
consultar pessoas que a aceitam, e crer nelas. Exercício 163

Exercício 155 d) aos amantes.

e) sujeito. Exercício 164

Exercício 156 e) “Estes não são amados de ninguém, ou o são de mínima


gente” (2º parágrafo)
Os termos sublinhados estabelecem com o verbo a relação de
objetos diretos. Do ponto de vista semântico, a organização Exercício 165
dos substantivos sublinhados segue o critério de sequenciar
a) A expressão “mais assustador” que acompanha a segunda
as etapas da vida: nascer (“o nascimento”), crescer (“o
imagem de um oceano em que a barbatana de um tubarão não
crescimento”), reproduzir-se (“a reprodução”) e morrer (“a
é visível estabelece um termo comparativo com a primeira. Se
morte”). O único vocábulo que rompe com essa sequenciação
o sinal de um tubarão nadando nas proximidades é assustador
da vida é “nutrição”.
para qualquer banhista, é mais assustador ainda o
Exercício 157 desaparecimento da fauna marinha fruto do declínio ambiental
dos ecossistemas e do processo gradual da extinção de
b) “Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos continentes
diversas classes de animais. O fato de José Tikuna ter
[...].” (10º parágrafo)
demorado anos para reunir somente penas de gavião já
Exercício 158 mortos para fazer um cocar demonstra a sua preocupação com
a preservação da vida animal no contexto em que vive,
d) “Mas não cuidemos de máscaras.” (1º parágrafo) comportamento recorrente nas populações indígenas em
Exercício 159 contraste com a maioria que habita o planeta.
b) A expressão “por respeito à natureza”, presente no título do
d) pronome, preposição, preposição. texto, exerce função sintática de adjunto adverbial de causa,
antecedendo o objetivo principal do texto que é sensibilizar o
Exercício 160
leitor para a conscientização da necessidade de não agredir a
b) “Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco natureza. Desta forma, o relato do comportamento de José
dessa primitiva credulidade.” (1º parágrafo) Tikuna que levou 16 anos coletando penas para fazer o seu
cocar atua como exemplo e contribui para reforçar esse
Exercício 161
objetivo.
d) “Em 2006, pesquisadores alemães publicaram um estudo
sobre os efeitos mnemônicos da estimulação cerebral” (4º Exercício 166
parágrafo). a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.
2020 - 2022
CONCORDÂNCIA
CONCORDÂNCIA
Aqui você irá aprender sobre concordância verbal e nominal. Afinal, você concorda que
precisamos estudar muito para arrasar na prova?

Este módulo é composto pelas seguintes apostilas:

1. Concordância Nominal | Regra Geral


2. Concordância Nominal | Casos Especiais
CONCORDÂNCIA NOMINAL -
REGRA GERAL
A concordância nominal pode ser entendida como a relação que se desenvolve entre
os substantivos e as classes de palavras que os acompanham, no que diz respeito a
gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural).

A REGRA GERAL DA CONCORDÂNCIA NOMINAL É QUE ARTIGOS,


NUMERAIS, ADJETIVOS E PRONOME CONCORDAM COM O SUBSTANTIVO A
QUE SE REFEREM EM GÊNERO E NÚMERO.

Vejamos alguns exemplos:

f Os meus amigos estão viajando.

f O meu cachorro é dócil.

f Os meninos caíram.

f O menino caiu.

UM ADJETIVO E UM SUBSTANTIVO
Nas sentenças em que houver apenas um adjetivo e um substantivo, o adjetivo deve
concordar em gênero e número com o substantivo.
Exemplos:

f Que casa bonita!

f Meu irmão é alto.

f Minha irmã é alta.

Como vemos a partir dos exemplos, “bonita” é um adjetivo feminino e singular porque está
concordando com o substantivo “casa”. O mesmo acontece nas frases subsequentes,
em que os adjetivos “alto” e “alta” variam conforme o gênero do substantivo que os
acompanha. Quando o substantivo é masculino, o adjetivo também é, e assim por diante.

Casos Especiais

Um substantivo e mais de um adjetivo

Nos casos em que um substantivo é acompanhado por mais de um adjetivo, a


concordância pode ser feita das seguintes formas:

www.biologiatotal.com.br 3
f Colocando o artigo antes do último adjetivo. Exemplos:
Concordância Nominal – Regra Geral

Ex.: Adoro a música brasileira, americana e a coreana.

Ex.: Pedimos a comida italiana, chinesa e a tailandesa.

Como podemos ver, existe apenas um substantivo (música e comida)


acompanhado de três substantivos, mas o artigo só aparece antes do último adjetivo
de cada frase.

f Colocando o substantivo e o artigo que o antecede no plural. Exemplos:

Ex.: Adoro as músicas brasileira, americana e coreana.

Ex.: Pedimos as comidas italiana, chinesa e tailandesa.

Numerais

Nos casos em que há números ordinais antes do substantivo, este pode ficar tanto no
singular quanto no plural. Exemplos:

Ex.: Está no terceiro e quarto escritório.


Ex.: Está no terceiro e quarto escritórios.
Ex.: Assistiram ao segundo e terceiro filme.
Ex.: Assistiram ao segundo e terceiro filmes.

Observação: quando os números ordinais estão depois do substantivo, o substantivo


deve ser usado no plural. Exemplos:

Ex.: Os escritórios terceiro e quarto.

Verbo ser + adjetivo

O adjetivo concorda com o substantivo quando existem artigos ou outras palavras que o
determinam. Contudo, ele deve permanecer no masculino e singular quando não estiver
acompanhado de nenhum artigo ou determinante.

Ex.: A saudade é dolorosa para todos.


Ex.: Saudade é doloroso para todos.

Palavras “anexo”, “obrigado”, “mesmo”, “próprio”, “incluso” e “quite”

As palavras anexo, obrigado, mesmo, próprio, incluso e quite deve concordar em gênero
e número com os substantivos que qualificam. Exemplos:

Ex.: Envio anexo o comprovante.


Ex.: Envio anexa a receita médica.

4
Ex.: Envio anexas as faturas.

Concordância Nominal – Regra Geral


Ex.: Seguem anexos os documentos.
Ex.: As próprias professoras se organizaram.
Ex.: O próprio sindicato informou aos trabalhadores.
Ex.: Luana disse aos pais: muito obrigada.
Ex.: Lucas disse aos pais: muito obrigado.
Ex.: Ela mesma pinta o cabelo.
Ex.: Ele mesmo corta o cabelo.
Ex.: Segue incluso o documento.
Ex.: Segue inclusa a fatura.

IMPORTANTE: a expressão “em anexo” não varia. Exemplo:

Ex.: Segue em anexo a conta de luz.

Palavra “bastante”

Quando assume função de adjetivo, ela varia em gênero e número, concordando com
o substantivo. Exemplo:

Ex.: Já há bastantes quadros nessa casa.

Expressões “é proibido”, “é necessário”, “é bom”, “é preciso” e “é permitido”

Essas expressões só variam se houver algum artigo ou outro determinante. Vejamos


alguns exemplos:

Ex.: É proibido circular nesse local.


Ex.: É proibida a circulação nesse local.
Ex.: É necessário ânimo e paciência para fazer a mesma coisa todos os dias.
Ex.: São necessários muito ânimo e muita paciência para fazer a mesma coisa
todos os dias.
Ex.: Fruta é bom!
Ex.: A fruta é boa.
Ex.: É permitido caminhar na pista.
Ex.: É permitida a caminhada na pista.

Palavras “só” e “sós”

Quando essas palavras têm sentido de “sozinho”, elas só funcionam como adjetivo, e

www.biologiatotal.com.br 5
por isso devem concordar em número com o substantivo que caracterizam. Exemplos:
Concordância Nominal – Regra Geral

tomei um suco ontem.

Ex.: Viajei e deixei o cachorro só.


Ex.: Viajamos e deixamos os cachorros sós.
Ex.: Meu irmão ficou só em casa.
Ex.: Meus irmãos ficaram sós em casa.

Particípios

Os particípios vão concordar com o substantivo aos quais se referem. Exemplos:

Ex.: Os doces foram vendidos no mesmo dia.


Ex.: As flores foram vendidas no mesmo dia.

ANOTAÇÕES

6
CONCORDÂNCIA VERBAL:
REGRA GERAL
Os verbos sofrem mudanças nas orações para se adequar a outros elementos. A estas
mudanças damos o nome de concordância verbal.

REGRA GERAL DE CONCORDÂNCIA VERBAL


A regra geral é bem simples: o verbo deve concordar com o sujeito em número e pessoa.
Isso não muda se o sujeito vier antes ou depois do verbo. Observe o exemplo, em que
o sujeito é “o evento”:

O evento aconteceu ontem.

Ontem aconteceu o evento.

Veja mais alguns exemplos com diferentes pessoas:

Eu nasci no Sudeste.

Tu nasceste no Sudeste.

Ela nasceu no Sudeste.

Eles nasceram no Sudeste.

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL


Mas nem tudo é tão simples. Há alguns casos especiais de concordância verbal que
merecem nossa atenção.

Sujeito composto
Caso o sujeito composto (com mais de um núcleo) esteja antes do verbo, o verbo
concorda em número e pessoa com o sujeito, ou seja, fica no plural. Caso o sujeito
composto venha depois do verbo, o verbo pode concordar apenas com o núcleo mais
próximo do sujeito. Assim, os exemplos abaixo estão todos corretos:

Os meninos e a menina brincavam no pátio.

Brincavam no pátio os meninos e a menina.

Brincava no pátio a menina e os meninos.

www.biologiatotal.com.br 1
Sujeito composto de pessoas diferentes
Concordância Verbal: Regra Geral

Há uma hierarquia quando o sujeito é composto por pessoas diferentes.

1. Se houver primeira pessoa no sujeito, o verbo ficará na primeira pessoa do plural:

Eu, tu e ele chegamos em cima da hora.

A criança e eu pegamos chuva.

2. Se houver segunda e terceira pessoas no sujeito, o verbo ficará na segunda pessoa


do plural:

Tu e ele chegastes em cima da hora.

A criança e tu pegastes chuva.

Porém, como o pronome “vós” e suas conjugações estão em desuso, é aceitável usar o
verbo na terceira pessoa do plural:

Tu e ele chegaram em cima da hora.

A criança e tu pegaram chuva.

Sujeito composto formado por sinônimos


Neste caso, o verbo pode ficar no singular ou no plural.

Má sorte e azar acompanhavam-no por toda a vida.

Má sorte e azar acompanhava-o por toda a vida.

Sujeito composto ligado por “ou”


Aqui, depende do sentido da frase. Se o “ou” indicar exclusão, o verbo fica no singular,
como no exemplo abaixo:

O garoto ou a garota ganhará o título.

Sujeito composto com “nem… nem...”


Neste caso, o verbo vai sempre para o plural:

Nem um nem outro se manifestaram.

Nem gato nem cachorro são aceitos no condomínio.

Sujeito composto ligado por “com”


Se “com” indicar adição, ou seja, puder ser substituído pelo conector “e” sem perda do
sentido, o verbo vai para o plural:

A mãe com seu filho pediram uma mesa no restaurante.

2
Se “com” indicar companhia e vier entre vírgulas, o verbo concorda com o antecedente:

Concordância Verbal: Regra Geral


A mãe, com seu filho, pediu uma mesa no restaurante.

As mães, com seu filho, pediram uma mesa no restaurante.

Sujeito composto ligado por “tanto… quanto”, “não só… mas


também”, “não só… como”
Neste caso, o verbo pode tanto ir para o plural quanto concordar com o núcleo mais
próximo.

Tanto eu quanto ela fez uma reclamação.

Tanto eu quanto ela fizemos uma reclamação.

Não só eu mas também ela fez uma reclamação.

Não só eu mas também ela fizemos uma reclamação.

Sujeito é pronome relativo


Pronome relativo “que”: neste caso, o verbo concorda com o antecedente do pronome:

Fui eu que falei com o chefe.

Eram os alunos que faziam uma algazarra.

Pronome relativo “quem”: neste caso, o verbo fica sempre na terceira pessoa do
singular:

Fui eu quem falou com o chefe.

Eram os alunos quem fez uma algazarra.

Sujeito coletivo
Coletivos simples: o verbo fica na terceira pessoa do singular.

O bando fazia muito barulho.

Caso o coletivo venha especificado (dizendo do que se trata), o verbo pode ficar no
singular ou no plural.

O bando de periquitos fazia muito barulho.

O bando de periquitos faziam muito barulho.

No caso de coletivos partitivos ― como “a maioria de”, “grande parte de”, “pequena
parte de”, “a maior/menor parte de” e variantes ― o verbo pode vir no singular ou no
plural, embora seja mais comum no singular.

A maioria dos presentes aplaudiu o discurso.

A maioria dos presentes aplaudiram o discurso.

www.biologiatotal.com.br 3
Sujeito “mais de”, “menos de”, “cerca de”
Concordância Verbal: Regra Geral

Neste caso, o verbo concorda com o numeral que acompanha a expressão “mais de”,
“menos de”, “cerca de”. Veja:

Mais de uma pessoa aplaudiu.

Menos de cinco pessoas aplaudiram.

Sujeito “um dos que”


Neste caso, o verbo pode ficar no singular ou no plural:

João foi um dos que reclamou.

João foi um dos que reclamaram.

Sujeito com nome próprio


Neste caso o verbo concorda com o artigo, se houver. Observe:

Os Estados Unidos lideram as pesquisas científicas.

Estados Unidos lidera as pesquisas científicas.

Haver e fazer impessoais


Quando o verbo “haver” indica tempo ou é sinônimo de “existir”, ele é um verbo impessoal.
Da mesma forma, o verbo “fazer”, quando indica tempo, é impessoal. Nestes casos, o
verbo fica sempre na terceira pessoa do singular, mesmo com verbos auxiliares.

Havia algo de diferente no ar.

Havia cinco pessoas na fila.

Há doze anos que não nos vemos.

Faz doze anos que não nos vemos.

Deve fazer doze anos que não nos vemos.

Concordância do verbo “ser”


Não é incomum que o verbo “ser” concorde com o predicativo do sujeito e não com o
sujeito. Isso acontecerá nos seguintes casos:

f Quando houver pronome pessoal no predicativo:

O autor sou eu.

Os responsáveis somos nós.

4
f Quando o sujeito for o pronome interrogativo “que” ou “quem”:

Concordância Verbal: Regra Geral


Quem está falando mais alto?

Que são organelas?

f Quando o verbo for impessoal, ou seja, indicar tempo, data ou distância:

É primeiro de julho.

São cinco de julho.

São sete horas.

São cem metros daqui até a porta.

Partícula “se”
f Quando “se” é partícula apassivadora, o verbo concorda com o sujeito:

Ergueu-se um prédio na minha rua.

Ergueram-se vários prédios na minha rua.

f Quando “se” é índice de indeterminação do sujeito, o verbo fica na terceira pessoa


do singular.

Levantou-se muito cedo hoje.

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 5
Português Lista de Exercícios

Exercício 1 ganha-bolsa-para-estudar-em-han/ard/. Acessado em:


02/09/2020)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Quando pensamos em EXPERIÊNCIAS ESTUDANTIS NO
EXTERIOR, automaticamente relacionamos o tema aos melhores (G1 - cmrj 2021) Em "Por outro lado, inicialmente eu achei difícil
aspectos positivos possíveis, como a vivência na língua, na me adaptar à cultura estadunidense", apesar de não ser um
cultura, na culinária, entre outros. Contudo, há outros aspectos profissional da língua portuguesa, o autor do texto utilizou a
relevantes – positivos e negativos – que a atividade deseja regência correta do verbo destacado.
também abordar. Somos seres humanos em construção e
interligados pela intensa globalização do século XXI. Assim, a Das alternativas a seguir, apenas uma delas segue a norma-
escolha desse tema se dá pelo desejo de acrescentar reflexões padrão da língua. Assinale-a.
importantes ao cotidiano de nossos jovens estudantes.
a) Já faz mais de dois meses que não paga a secretária.

Texto
b) Desde muito jovem, Solano namorava com várias meninas ao
mesmo tempo.
Brasileira ganha bolsa para estudar em Harvard
Uma gonçalense de 18 anos é a única estudante brasileira
c) A torcida não cansava de assistir os gols da seleção brasileira.
aprovada para estudar na Universidade de Harvard, nos EUA,
este ano. E com bolsa integral.

d) A traição implica sérios prejuízos para a relação.


Uma gonçalense de 18 anos é a única estudante brasileira
aprovada para estudar na Universidade de Harvard, no EUA, este
e) Prefiro os sinceros ignorantes do que os falsos educados.
ano. E com bolsa integral. A façanha de Flávia Medina da Cunha é
considerada tão especial que será tema de palestra de Exercício 2
orientadores educacionais, nesta quarta-feira de manhã (19 de (G1 - col. naval 2020) Assinale a opção na qual a regência do
agosto de 2009), no auditório do Colégio Militar do Rio de Janeiro. verbo em destaque está de acordo com a modalidade padrão.
Na mesma época dos exigentes exames para Harvard, ela passou
a) Os criadores das fake news, em todo o mundo, não obedecem
nos vestibulares da UFRJ, UFF e UERJ e na prova de admissão da
nenhuma regra que prime pela ética e pelo respeito aos cidadãos.
Academia da Força Aérea (AFÃ). "Estudei tantas horas que perdi
a conta de quantas", confessa Flávia, que vai cursar Engenharia
Química. Ela já havia começado o curso na UFRJ.
b) Notícias, sejam elas de que natureza forem, tornam-se
Fã da obra de Machado de Assis, ela precisou se debruçar
importantes e necessárias apenas quando servem o bem comum.
sobre livros especializados na cultura norte-americana. Flávia
obteve ainda 90% de bolsa na Universidade da Pensilvânia.
"Fiquei na lista de esperada Yale University, Duke University, Rice
c) Todos aspiramos a um mundo no qual a verdade, a
University e Tufts", enumerou Flávia, cujos dois irmãos estudam
transparência e o respeito estejam a serviço da humanidade.
na Escola Naval. Os pais, que são professores, estão orgulhosos,
mas não escondem a preocupação. "O coração está apertado, mas
d) Pessoas que não pesquisam a origem das notícias pagam a
ela é perseverante e carismática", conta a mãe, Gilza da Cunha,
altos preços quando acreditam e divulgam fake news.
57 anos. Em Harvard, a estudante terá alojamento, refeição e
receberá US$ 3mil (R$ 5,3 mil) por mês, além da oportunidade de
e) Não esqueça de conferir se as notícias que serão postadas em
emprego no campus. Flávia embarca hoje à noite no voo 860 da
suas mídias contemplarão a informação relevante e digna.
United Airlines. Na bagagem, a bandeira do Brasil e a medalha de
Santo António. No coração, a saudade de casa. "Não vou chorar", Exercício 3
avisa Flávia. "Muita gente sonha em ir à Disney e realiza o sonho. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Por que não sonhar em aprimorar os conhecimentos no exterior?", Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh
lança o desafio o gerente de pesquisas do escritório da Harvard largou o emprego bem remunerado numa agência de publicidade
no Brasil, Tomás Amorim. (...) e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como roteirista. Lá
chegando, anotou o nome e o endereço de todos os diretores,
(Adaptado de produtores e executivos que conseguiu encontrar e enviou-lhes o
https://www.mundovestibular.com.br/vestibular/noticias/brasileira- que certamente é o pedido de emprego mais eficaz que alguém já
escreveu, pois resultou em três entrevistas, uma das quais lhe
rendeu o cargo de roteirista assistente na MGM. b) II e IV apenas.

Prezado senhor: c) I, III e IV apenas.

Gosto de palavras. 1Gosto de palavras gordas, untuosas, como d) I e II apenas.


lodo, torpitude, glutinoso, bajulador. Gosto de palavras solenes,
Exercício 4
como pudico, ranzinza, pecunioso, valetudinário. 2Gosto de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
palavras espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura, A oposição passado/presente é essencial na aquisição da
mundana. Gosto de suaves palavras com “V”, como Svengali, consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma
avesso, bravura, verve. Gosto de palavras crocantes, quebradiças, construção. Com efeito, o interesse do passado está em
crepitantes, como estilha, croque, esbarrão, crosta. 3Gosto de esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz
palavras emburradas, carrancudas, amuadas, como furtivo, intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na
macambúzio, escabioso, sovina. 4Gosto de palavras chocantes, releitura desses vestígios.
exclamativas, enfáticas, como astuto, estafante, requintado,
horrendo. Gosto de palavras elegantes, rebuscadas, como estival, (Jacques Le Goff)
peregrinação, Elísio, Alcíone. Gosto de palavras vermiformes,
contorcidas, farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar,
gotejar. Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete, Colecionar fotos é colecionar o mundo. As fotos são, de fato,
borbulhão, arroto. experiência capturada, e 1a câmera é o braço ideal da consciência,
Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, e por isso 2em sua disposição aquisitiva. 3Imagens fotografadas não
resolvi largar meu emprego numa agência de publicidade de
parecem manifestações a respeito do mundo, 4mas sim pedaços
Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas, antes de dar o
dele, miniaturas da realidade que qualquer um pode fazer ou
grande salto, fui para a Europa, onde passei um ano estudando,
adquirir.
contemplando e perambulando.
Fotos, que enfeixam o mundo, parecem solicitar que as
enfeixemos também. São afixadas em álbuns, emolduradas e
Acabei de voltar e ainda gosto de palavras.
expostas em mesas, pregadas em paredes, projetadas como

Posso trocar algumas com o senhor? diapositivos. Por meio de fotos, 5cada família constrói uma crônica
visual de si mesma — um conjunto portátil de imagens que dá
6
Robert Pirosh testemunho de sua coesão. Um álbum de fotos de família é, em
Madison Avenue, 385 geral, um álbum sobre a família ampliada — e, muitas vezes, o
Quarto 610 que dela resta.
7
Nova York Assim como 8as fotos dão às pessoas a posse imaginária de um
Eldorado 5-6024. passado irreal, 9também as ajudam a tomar posse de um espaço
10
em que se acham inseguras.
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência
inesquecível de pessoas notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São (SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das
Paulo: Companhia das Letras, 2014.p. 48.) Letras, 2006. p. 14-5 e 19. Texto adaptado.)

Vocabulário
3. (Epcar (Afa) 2020) Abaixo, são feitas algumas afirmações que
tomaram como referência o texto:
Diapositivo: imagem positiva, estática e translúcida, de modo
geral em película, e que se pode projetar; imagem fotográfica.
I. “Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator” pode Enfeixar: amarrar ou prender em feixe; colocar junto; ajuntar;
ser substituída corretamente por ‘Gosto mais da palavra roteirista reunir.
do que da palavra redator.’
II. A palavra “vermiformes”, na sua etimologia, quer dizer aquilo
que mata as formas dos vermes. G1 - cmrj 2020) Na oração “as fotos dão às pessoas a posse
III. Em “perambulando” (do verbo perambular), o sentido é andar
imaginária de um passado irreal” (referência 8), o verbo apresenta
sem rumo, vagar. Nos substantivos “ambulância” e “ambulante”
uma regência equivalente à que ocorre em
existe também a ideia de movimento.
IV. Em “Gosto de palavras”, o mesmo verbo “gostar” tem sentido a) “a câmera é o branco ideal da consciência.” (referência 1)
e regência diferentes do apresentado na frase: “E o homem
angustiado gostou o pão e gostou o vinho...” b) “Imagens fotografadas não parecem manifestações a respeito
do mundo.” (referência 3)
Estão corretas

a) III e IV apenas.
c) “cada família constrói uma crônica visual de si mesma.” pneus daquele carro amassando as folhas de outono empilhadas
(referência 5) junto ao meio-fio.

d) “também as ajudam a tomar posse de um espaço.” (referência 6


Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico
9) se aproximando, o homem que salvaria seu pai. Na mesma hora
em que li esse relato, imaginei um sem-número de sons que nos
e) “em que se acham inseguras” (referência 10) confortam. A começar pelo choro na sala de parto. Seu filho
nasceu. E o mais aliviante para pais que possuem adolescentes
Exercício 5
baladeiros: 7o barulho da chave abrindo a fechadura da porta.
(G1 - ifpe 2019) Considerando que a transitividade verbal trata
Seu filho voltou.
do tipo de relação que um verbo estabelece com seu(s)
complemento(s), analise o trecho em destaque e, em seguida,
assinale a alternativa cujo verbo sublinhado possui igual regência. E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas
há quem mate a saudade assim: ouvindo pela enésima vez 8o
Chico Mendes não sobreviveu aos ataques sofridos. recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu.

a) O Brasil possui uma das principais fronteiras agrícolas do


Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons
planeta.
cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto dizendo que a
aeronave já se encontra em solo e o embarque será feito dentro
b) Em geral, consumimos produtos contaminados.
de poucos minutos.

c) Empresas indenizaram cerca de mil trabalhadores. 9


O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas
e o espetáculo irá começar.
d) O ambientalista não cedeu aos constrangimentos.

O telefone tocando exatamente no horário que se espera,


e) O consumidor mais informado consome produtos orgânicos.
conforme o combinado. 10Até a musiquinha que antecede a
Exercício 6 chamada a cobrar pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade
(Eear 2019) Leia: para se falar com alguém distante.

I. Fábio aspirou o perfume das flores. O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você
II. O candidato aspirava a tal vaga do processo seletivo. está no quentinho da sua cama.

Em função da regência do verbo “aspirar”, considerando a norma Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua,
gramatical, marque a alternativa correta. provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias
em algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar
a) As sentenças I e II estão corretas, porém, em II, é possível
estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém
apagar a preposição “a”, posposta ao verbo “aspirava”, mantendo
que passou, fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto
a correção gramatical e o sentido do enunciado.
assim.
b) A sentença I está correta. A sentença II apresenta erro de
regência percebido pela presença da preposição “a”,
11
indevidamente colocada após o verbo. O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a
c) As sentenças I e II estão corretas. Ambas as regências do verbo chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza.
“aspirar” estão de acordo com a norma gramatical.
d) Somente a sentença II está correta. Houve erro de regência O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular.
verbal na sentença I.
12
A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de
Exercício 7 trabalho.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sons que confortam 13O sinal da hora do recreio.
Martha Medeiros
14A música que você mais gosta tocando no rádio do carro.

1Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso Aumente o volume.

cardíaco. 2Só estavam os três na casa: o pai, a mãe e ele, um O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para
garoto de 13 anos. Chamaram o médico da família. 3E dezenas de desconhecidos.
aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. 4Até que o garoto
15O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a
escutou um barulho lá fora. É ele que conta, hoje, adulto: 5Nunca
na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os amar.
E o mais raro de todos: o silêncio absoluto. sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro
também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda
MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. São Paulo: L&PM Editores, que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado
2011. no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos
que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao
senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora,
(Uece 2019) Em função de uma linguagem mais simples e quitandando.
coloquial, a crônica, muitas vezes, pode “desrespeitar” a norma Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem
gramatical própria do uso culto da escrita formal da língua, o que lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do
pode ser observado no texto de Martha Medeiros na seguinte fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por
passagem: onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a
quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou
a) “Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso
“receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em
cardíaco” (ref. 1), em que, gramaticalmente, o verbo “ser”,
cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo,
indicando tempo, não varia em número para concordar com
vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o
“quatro da manhã”.
rigor da lei contra quem o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria
b) “Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser
nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei
bem-vinda” (ref. 10), em que o verbo “anteceder” exige um
e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações
complemento com preposição.
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou
estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para
c) “A música que você mais gosta tocando no rádio do carro” (ref.
outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir
14), em que a regência do verbo “gostar” não é obedecida.
também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem
que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.
d) “O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a
chegada do namorado” (ref. 11), em que a expressão “a chegada’
(Contos: uma antologia, 1998.)
deveria vir com o acento indicativo de crase, já que o verbo
“aguardar” exige complemento com a preposição “a”, bem como o
artigo que acompanha o substantivo é do gênero feminino.

Exercício 8 (Unesp 2018) “Quem perdia um escravo por fuga dava algum
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: dinheiro a quem lho levasse.” (4º parágrafo)
Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis Na oração em que está inserido, o termo destacado é um verbo
(1839-1908), para responder à(s) questão(ões). que pede

a) apenas objeto direto, representado pelo vocábulo “lho”.


A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá
sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos
b) objeto direto e objeto indireto, ambos representados pelo
senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao
vocábulo “lho”.
pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de
flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos
c) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto
escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para
indireto, representado pelo vocábulo “lho”.
ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um
cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar,
d) apenas objeto indireto, representado pelo vocábulo “quem”.
porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam
com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a
e) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto
sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas
indireto, representado pelo vocábulo “quem”.
a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco,
e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à Exercício 9
venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.
uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à
esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. 1– Temos sorte de viver no Brasil – dizia meu pai, depois da
Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo
guerra. – Na Europa 2mataram 3milhões de judeus.
que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um
Contava as 4experiências que 5os médicos nazistas faziam com os
reincidente, e com pouco era pegado.
prisioneiros. Decepavam-lhes as cabeças, faziam-nas encolher – à
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos,
maneira, li depois, dos índios Jivaros. 6Amputavam pernas e
e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente
braços. Realizavam estranhos transplantes: uniam a metade
apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada.
superior de um homem _____1_____ metade inferior de uma
Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que
servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o mulher, ou aos quartos traseiros de um bode. 7Felizmente
8morriam 9essas atrozes quimeras; 10expiravam como seres Hoje, ninguém dorme. Duvido que alguém escute. O smartphone
humanos, não eram obrigadas a viver como aberrações. é o inimigo do tédio, ou da reflexão, proporcionando uma festa
(_____2_____ essa altura eu tinha os olhos cheios de lágrimas. permanente.
Meu pai pensava 11que a descrição das maldades nazistas me Este seria o momento ideal para eu vestir a 2toga do moralista
deixava comovido.) vulgar, lançando raios homéricos sobre a 3nefasta tecnologia. A
12
Em 1948 13foi proclamado 14o Estado de Israel. Meu pai abriu data, aliás, seria a mais apropriada: o iPhone nasceu dez anos
uma garrafa de vinho – o melhor vinho do armazém –, brindamos atrás e o dilúvio começou.
ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio, 4Infelizmente, não posso pregar. Eu também faço parte do clube

acompanhando _____3_____ notícias da guerra no Oriente Médio. que prefere o smartphone ao velho e bom cochilo.
Meu pai estava entusiasmado com o novo Estado: em Israel, Especialistas diversos gostam de explicar a compulsão. 5É como
explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da
uma droga, dizem eles: quando 6espreitamos as mensagens, o e-
Europa, judeus pretos da África, judeus da Índia, isto sem falar mail, as redes sociais, procuramos uma espécie de recompensa
nos beduínos com seus camelos: tipos muito esquisitos, Guedali.
neurobiológica muito semelhante a um viciado.
Tipos esquisitos – aquilo me dava ideias. Por que não ir para 7
O problema se agrava quando somos privados da nossa dose –
Israel? 15Num país de gente tão estranha – e, 16ainda por cima,
e eu sei, o leitor sabe, todos sabemos dessa miserável privação.
em guerra – eu certamente não chamaria a atenção. Ainda menos Tempos atrás, esqueci-me do celular em casa e parti em viagem.
como combatente, entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me
Quando dei conta do estrago, uma inquietude foi crescendo com o
via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando um
passar das horas.
revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo, Ainda pensei em pedir ao companheiro do lado para me
17varado de balas. 18Aquela, sim, era a 19morte que eu almejava,
emprestar o smartphone dele. Só para eu ler as minhas
morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável, mensagens. Ou até, sei lá, as mensagens dele. Qualquer coisa
de monstro 20encurralado. E, caso não morresse, poderia viver servia. 8Eu era como alguns alcoólatras que, na ausência de
depois num kibutz . Eu, que conhecia tão bem a vida numa bebidas legais, começam a despejar perfume pela goela.
fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os Controlei-me. Telefonei para casa – de um telefone fixo, entenda
membros do kibutz terminariam por me aceitar; numa nova – e pedi, com um último fôlego, que me lessem as novidades.
sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo. Nenhuma delas era urgente, sequer interessante. Mas o corpo
sossegou e mergulhou naquele estranho 9torpor que Thomas de
Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto Quincey relatou nas suas "Confissões de um Comedor de
Alegre: L&PM, 2001. 10Ópio". Como se chegou até aqui?

Verdade: o tédio sempre foi o grande terror dos homens


modernos. 11Ter no bolso um aparelho que garante distração
(Ufrgs 2018) Se a forma verbal almejava fosse substituída por
aspirava em Aquela, sim, era a morte que eu almejava (ref. 18), permanente é a melhor forma de afastar o fantasma.
Acontece que o tédio tem as suas vantagens. O filósofo Mark
qual das alternativas abaixo estaria gramaticalmente correta?
Kingwell tem escrito sobre a matéria (...) Só o tédio, escreve ele, é
a) Aquela, sim, era a morte a que eu aspirava. capaz de sinalizar a existência de um problema entre nós e o
mundo. O tédio é a "suspensão da suspensão" em que vivemos –
b) Aquela, sim, era a morte para a qual eu aspirava. uma forma terapêutica, e até brutal, de olharmos para a realidade
sem fugas. E de agirmos em conformidade.
c) Aquela, sim, era a morte que eu aspirava. Quando abolimos o tédio, e o "dom da escuta" que só ele oferece,
desaparece uma parte da nossa humanidade – aquela parte que
d) Aquela, sim, era a morte de que eu aspirava. reflete, imagina ou cria. E que problematiza, critica, propõe.
No futuro, não será apenas a audiência que estará mergulhada
e) Aquela, sim, era a morte com a qual eu aspirava. nas telas dos smartphones. Também suspeito que os próprios
conferencistas, privados de pensar e sem nada para dizer, terão o
Exercício 10
mesmo comportamento.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
12Imagino um encontro de silêncios, onde todos os presentes
Só o homem entediado terá chance de salvação num futuro de
smartphones estarão ausentes – e só o homem entediado terá chance de
João Pereira Coutinho salvação.

1Assisto a conferências e a moda não engana: metade da sala (no Disponível em


<http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2017/06/18
mínimo) está com a cabeça enfiada em smartphones. Como
so-o-homem-entediado-tera-chance-de-salvacao-num-futuro-
seriam as conferências antigamente? O que fazia a audiência
de-smartphones.shtml>. Último acesso em 06 de julho de 2017.
enquanto alguém falava no palanque?
(Adaptado).
Provavelmente, escutava. Ou dormia. Ou dormia e escutava, em
intervalos saudáveis.

VOCABULÁRIO:
2. Toga – traje preto e comprido, usado por advogados e por e) Antônio é leigo em astrofísica.
professores catedráticos e doutorados em ocasiões especiais.
3. Nefasto – nocivo, prejudicial, perverso, trágico, mau. Exercício 13
(Eear 2017) Leia:
6. Espreitar – espiar, olhar demorada e fixamente.
9. Torpor – indiferença ou apatia moral; indolência, prostração.
10. Ópio – narcótico, droga que provoca adormecimento. I. Encontrei a pessoa certa.
II. Falei sobre os olhos dela.

Ao unir as duas orações, subordinando a II a I, mantendo o


10. (G1 - cmrj 2018) O autor do texto escreve sua crônica
praticamente toda de acordo com a norma padrão da Língua mesmo sentido que cada uma apresenta e usando
Portuguesa. Um exemplo claro é a regência do verbo assistir, adequadamente os pronomes relativos, tem-se:
adequadamente aplicada na frase transcrita abaixo: a) Encontrei a pessoa certa sobre cujos os olhos dela falei.

“Assisto a conferências e a moda não engana”. (ref. 1) b) Encontrei a pessoa certa sobre os olhos dela falei.

Marque a única opção que obedece à norma padrão quanto à c) Encontrei a pessoa certa sobre cujos olhos falei.
regência verbal ou nominal nas frases que seguem.

a) Consumidores preferem mais smartphones do que celulares d) Encontrei a pessoa certa cujos olhos falei.
convencionais.
Exercício 14
(G1 - ifsp 2017) De acordo com a norma-padrão da Língua
b) Hoje todas as músicas que as pessoas gostam podem ser Portuguesa e com a gramática normativa e tradicional, quanto à
acessadas no celular, por exemplo, pelo Spotify. regência verbal, assinale a alternativa incorreta.

c) Os smartphones também são usados para assistir vídeos no a) Aspiramos o ar poluído da carvoaria.
Youtube.

d) O medo ao tédio leva muitas pessoas a se manterem b) Apenas um sorvete não apetece o menino.
conectadas todo o tempo em que estão acordadas.
e) Hoje professores pedem constantemente a seus alunos que c) Custava-me lutar contra a ideia do trabalho infantil.
deixem o celular e participem das aulas.
d) Lembro-me de que vimos os meninos encarapitados nas
Exercício 11 alimárias.
(Espcex (Aman) 2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
emprego do pronome relativo. e) Não pagaram o salário ao carvoeiro?

a) Aquele era o homem do qual Miguel devia favores. Exercício 15


(G1 - ifal 2017) Assinale a opção em que o verbo visar foi usado
em desconformidade com as regras de regência.
b) Eis um homem de quem o caráter é excepcional.

c) Refiro-me ao livro que está sobre a mesa. a) Com aquele dinheiro visava a compra de um automóvel.

d) Aquele foi um momento onde eu tive grande alegria. b) Sua campanha visou a conquistar os eleitores indecisos.

e) As pessoas que falei são muito ricas. c) Visava àquela nomeação havia anos.

Exercício 12 d) O professor visou as provas de seus alunos.


(G1 - ifsp 2017) De acordo com a norma-padrão da Língua
Portuguesa e com a gramática normativa e tradicional, quanto à e) O atirador visara bem o alvo sobre o muro.
regência nominal, assinale a alternativa incorreta.
Exercício 16
(G1 - col. naval 2020) Assinale a opção na qual a regência do
a) A opinião pública se encheu de cólera contra a corte. verbo em destaque está de acordo com a modalidade padrão.

b) A hospedagem aos congressistas ficou a cargo do reitor. a) Os criadores das fake news, em todo o mundo, não obedecem
nenhuma regra que prime pela ética e pelo respeito aos cidadãos.
c) Eliana é atenciosa com os colegas.

d) Lucas deixou o cachorro atado por um poste. b) Notícias, sejam elas de que natureza forem, tornam-se
importantes e necessárias apenas quando servem o bem comum.
b) “Imagens fotografadas não parecem manifestações a respeito
do mundo.” (referência 3)
c) Todos aspiramos a um mundo no qual a verdade, a
transparência e o respeito estejam a serviço da humanidade. c) “cada família constrói uma crônica visual de si mesma.”
(referência 5)
d) Pessoas que não pesquisam a origem das notícias pagam a
altos preços quando acreditam e divulgam fake news. d) “também as ajudam a tomar posse de um espaço.” (referência
9)
e) Não esqueça de conferir se as notícias que serão postadas em
suas mídias contemplarão a informação relevante e digna. e) “em que se acham inseguras” (referência 10)

Exercício 17 Exercício 18
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Ufpr 2019) É verdade que na Alemanha (da mesma forma que
A oposição passado/presente é essencial na aquisição da em outros países europeus) sempre existiram ressentimentos
consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma xenófobos e antissemitas, como também grupos e partidos de
construção. Com efeito, o interesse do passado está em extrema direita. Não são fenômenos novos. A novidade desses
esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz últimos anos é o exibicionismo desavergonhado __________ são
intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na manifestadas em público essas posturas desumanas, o desenfreio
releitura desses vestígios. __________ se assedia e se fustiga nas ruas os que têm aspecto,
crenças e uma forma de amar diferentes dos da maioria. A
(Jacques Le Goff) novidade é o consenso social __________ é tolerável dizer e o que
deve continuar sendo intolerável.

Colecionar fotos é colecionar o mundo. As fotos são, de fato, (<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/21/opinion/1537548764_0655


experiência capturada, e 1a câmera é o braço ideal da consciência, id_externo_rsoc=FB_BR_CM>.)
2em sua disposição aquisitiva. 3Imagens fotografadas não

parecem manifestações a respeito do mundo, 4mas sim pedaços


Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas
dele, miniaturas da realidade que qualquer um pode fazer ou
acima, na ordem em que aparecem no texto.
adquirir.
Fotos, que enfeixam o mundo, parecem solicitar que as a) com que – que – sob aquilo.
enfeixemos também. São afixadas em álbuns, emolduradas e
expostas em mesas, pregadas em paredes, projetadas como b) onde – quanto ao que – sob o que.
diapositivos. Por meio de fotos, 5cada família constrói uma crônica
visual de si mesma — um conjunto portátil de imagens que dá c) em que – que – sobre que.
6testemunho de sua coesão. Um álbum de fotos de família é, em
d) com o qual – com o qual – sobre o que.
geral, um álbum sobre a família ampliada — e, muitas vezes, o
que dela resta.
7Assim como 8as fotos dão às pessoas a posse imaginária de um e) que – onde – sobre o qual.

passado irreal, 9também as ajudam a tomar posse de um espaço Exercício 19


10em que se acham inseguras. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
22 de maio
(SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das
1Eu hoje estou triste. 2Estou nervosa. 3Não sei se choro ou saio
Letras, 2006. p. 14-5 e 19. Texto adaptado.)
correndo sem parar até cair inconciente. É que hoje amanheceu
Vocabulário chovendo. E eu não saí para arranjar dinheiro. Passei o dia
escrevendo. Sobrou macarrão, eu vou esquentar para os meninos.
Diapositivo: imagem positiva, estática e translúcida, de modo 4Cosinhei as batatas, eles comeram. 5Tem uns metais e um pouco

geral em película, e que se pode projetar; imagem fotográfica. de ferro que eu vou vender no Seu Manuel. Quando o João
Enfeixar: amarrar ou prender em feixe; colocar junto; ajuntar; chegou da escola eu mandei ele vender os ferros. Recebeu 13
reunir. cruzeiros. Comprou um copo de água mineral, 2 cruzeiros.
Zanguei com ele. 6Onde já se viu favelado com estas finezas?
... Os meninos come muito pão. Eles gostam de pão mole.
(G1 - cmrj 2020) Na oração “as fotos dão às pessoas a posse Mas quando não tem eles comem pão duro.
imaginária de um passado irreal” (referência 8), o verbo apresenta
Duro é o pão que nós comemos. 7Dura é a cama que
uma regência equivalente à que ocorre em
dormimos. Dura é a vida do favelado.
a) “a câmera é o branco ideal da consciência.” (referência 1) Oh! São Paulo rainha que 8ostenta vaidosa a tua coroa de
ouro que são os arranha-céus. Que veste 9viludo e seda e calça
meias de algodão que é a favela. 6Um beija-flor de verdade em 1972, um beija-flor vivo numa
...O dinheiro não deu para comprar carne, eu fiz macarrão cidade de 6 milhões de habitantes.
com cenoura. 10Não tinha gordura, ficou horrível. A Vera é a única Ficaram pasmos. 7Mas me amavam e acreditaram em mim.
que reclama e pede mais. E pede: 8Minha filha pediu que o descrevesse, pediu que o desenhasse e
11– Mamãe, 12vende eu para a Dona Julita, porque lá tem
que o pintasse com todas as cores dos seus lápis. Meu marido
comida gostosa. comoveu-se, eu era uma mulher que 9tinha visto um beija-flor, e
Eu sei que existe brasileiros aqui dentro de São Paulo que
era dele. 10Beijou-me na testa. As domésticas foram convocadas
sofre mais do que eu. Em junho de 1957 eu fiquei doente e
para participar da alegria, mas, pessoas de pouca fé, se
percorri as sedes do Serviço Social. Devido eu carregar muito
entreolharam descrentes. As amigas às quais telefonamos me
ferro fiquei com dor nos rins. Para não ver meus filhos passar
deram parabéns; afinal, eram amigas. A novidade habitou minha
fome eu fui pedir auxílio ao 13propalado Serviço Social. Foi lá que
casa.
14eu vi as lagrimas deslisar dos olhos dos pobres. Como é
A notícia correu. Verdade, Marina, que você viu um beija-
pungente ver 15os dramas que ali se desenrola. A ironia com que flor? E eu modesta mas banhada de graça, verdade. Ligaram do
são tratados os pobres. 16A única coisa que eles querem saber jornal. Alô, Marina, a que horas? Que cor? De que tamanho? E
são os nomes e os endereços dos pobres. você tem certeza? Alguém mais viu? Olha gente, não quero fazer
declarações. Sei que parece estranho, mas eu vi. A hora não sei
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: diário de uma bem, nem o tamanho, não medi. 11Sei que era um beija-flor feito
favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, pp. 41 e 42. os de antigamente, com asas, bico, tudo. Um beija-flor de penas.
Fotos? Não tenho, não falei com ele.
12
Vieram ver o terraço, mediram tudo, controlaram os
ventos, 13aspiraram as flores. E chegaram à conclusão de que
4. (Udesc 2019) Relacione as duas colunas pautando a
não, não era possível, nenhum beija-flor 14havia estado ali.
transgressão, quanto à língua formal culta, identificada no texto
apresentado.
COLASANTI, Marina. Crônicas para jovens, 1ª ed. São Paulo:
Global, 2012, pp. 23 e 24.
1. “Cosinhei as batatas” (ref. 4)
2. “Dura é a cama que dormimos” (ref. 7)
3. “vende eu para Dona Julita” (ref. 12)
4. “eu vi as lagrimas” (ref. 14)
5. (Udesc 2019) Analise as proposições em relação à crônica De
5. “os dramas que ali se desenrola” (ref. 15)
Mavioso Encanto, Marina Colasanti e assinale (V) para verdadeira
e (F) para falsa.
( ) acentuação gráfica
( ) regência verbal
( ) Da leitura do período “Mas me amavam e acreditaram em
( ) concordância verbal
mim” (ref. 7), infere-se que os familiares, mesmo surpresos e
( ) ortografia
duvidosos com a notícia, deixaram que o amor fosse mais forte
( ) emprego inadequado do pronome reto
que a dúvida.
( ) Em “Mas me amavam” (ref. 7) e “Beijou-me na testa” (ref.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima
10), quanto à colocação pronominal, têm-se próclise e ênclise,
para baixo.
sequencialmente, porém, na segunda oração, o pronome pode
a) 4 – 5 – 2 – 1 – 3 estar também proclítico e, mesmo assim, mantém-se a língua
b) 5 – 2 – 3 – 1 – 4 culta e a correção gramatical.
c) 2 – 1 – 4 – 3 – 5 ( ) No período “Minha filha pediu que o descrevesse, pediu que
d) 4 – 2 – 5 – 1 – 3 o desenhasse e que o pintasse com todas as cores” (ref. 8) as
e) 4 – 5 – 2 – 3 – 1 palavras destacadas são, sequencialmente, na morfossintaxe,
pronome pessoal/ objeto direto; pronome pessoal/ objeto direto;
Exercício 20
pronome pessoal/ objeto direto e artigo definido/ adjunto
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
adnominal.
DE MAVIOSO ENCANTO
( ) A estrutura “Sei que era um beija-flor feito os de
antigamente” (ref. 11) revela que o beija-flor, devido ao avanço da
1Eu vi um beija-flor.
civilização, sofreu mutações e portanto diferente do beija-flor
2De manhã reuni a família ao redor da mesa do café e
conhecido em outra época.
disse: Gente, vou contar uma coisa importante e vocês precisam ( ) O verbo aspirar em “aspiraram as flores” (ref. 13), quanto à
acreditar em mim. Hoje, enquanto vocês dormiam, vi um beija-flor regência, classifica-se como transitivo direto e o vocabulário
no terraço. flores, sintaticamente, é objeto direto. Substituindo-se o objeto
Foi assim. 3Era de madrugada e acordei chamada pela direto pelo pronome pessoal oblíquo tem-se: aspiraram-nas.
sede. 4Mas o dia me pareceu tão novo que parei de olhar. 5E de
repente, lá estava ele tecendo entre as flores a rede de seus voos. Assinale a alternativa correta, de cima para baixo.
a) F – F – F – V – V cidade que reúne todos os critérios geográficos adequados à
nossa moradia?”
b) V – V – F – V – F 22A cena 1 é um exemplo clássico de análise de redes, enquanto
c) F – F – V – V – V a cena 2 é um exemplo clássico de alocação espacial – duas das
d) V – F – F – F – V técnicas mais importantes da análise geoespacial.
e) V – F – V – F – V 23A análise geoespacial reúne um conjunto de métodos e

técnicas quantitativos dedicados à solução dessas e de outras


Exercício 21
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: perguntas 24similares, em computador, _____4_____ respostas
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo. dependem da organização espacial de informações geográficas
em um determinado tempo. Dada a complexidade dos modelos,
Cena 1 muitas técnicas de análise geoespacial foram transformadas em
1Em uma madrugada 2chuvosa, um trabalhador residente em São linguagem computacional e reunidas, posteriormente, em um
sistema de informação geográfica. Esse fato geotecnológico
Paulo 3acorda, ao 4amanhecer, às cinco 5horas, toma
6rapidamente o café da manhã, dirige-se até o carro, acessa a rua, contribuiu para a 25popularização da análise geoespacial
realizada em computadores26, que atualmente é simplificada
e, como de costume, faz o mesmo trajeto até o trabalho. 7Mas, em
pelo termo geoprocessamento.
um desses inúmeros dias, ouve pelo rádio que 8uma das avenidas
de sua habitual rota está totalmente congestionada. A partir Adaptado de: FERREIRA, Marcos César. Iniciação à análise
dessa informação e 9enquanto dirige, o trabalhador inicia um geoespacial: teoria, técnicas e exemplos para geoprocessamento.
processo mental analítico para escolher uma rota alternativa que São Paulo: Editora UNESP, 2014. p. 33-34.
o faça chegar _____1_____ empresa no horário de sempre.
10Para decidir sobre essa nova rota, ele deverá considerar11: a

nova distância a ser percorrida, o tempo gasto no deslocamento, a (Ufrgs 2019) Assinale a alternativa que preenche corretamente
quantidade de cruzamentos existentes em cada rota, em qual das as lacunas das linhas 1, 2, 3 e 4, nessa ordem.
rotas encontrará chuva e em quais rotas passará por áreas
a) a – as quais – lhe – em que as
sujeitas a alagamento.

b) à – com as quais – lhes – das quais as


Cena 2
12Mais tarde no mesmo dia, um casal residente na mesma cidade
c) à – que – os – cuja
obtém financiamento imobiliário e 13decide pela compra de um
apartamento. São inúmeras opções de imóveis à venda. Para a d) a – por que – lhe – de que as
escolha adequada do local de sua morada em São Paulo, o casal
deverá levar em conta, além do valor do apartamento, também e) à – pelas quais – lhes – cujas
outros critérios14: variação do preço dos imóveis por bairro,
Exercício 22
distância do apartamento até a escola dos filhos pequenos,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
tempo gasto entre o apartamento e o local de emprego do casal,
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
preferência por um bairro tranquilo e existência de linha de
ônibus integrada ao metrô nas proximidades do imóvel – entre
outros critérios.
Essas duas cenas urbanas descrevem situações comuns
_____2_____ passam diariamente muitos dos cidadãos residentes
em grandes cidades. 15As 16protagonistas têm em comum a
angústia de tomar uma decisão complexa, 17escolhida dentre
várias possibilidades oferecidas pelo espaço geográfico. Além de
mostrar que a geografia é vivida no cotidiano, as duas cenas
mostram também que, para tomar a decisão que _____3_____
seja mais conveniente, nossas 18protagonistas deverão realizar,
primeiramente, uma 19análise geoespacial da cidade. Em ambas
as cenas, essa análise se desencadeia a partir de um sistema
cerebral composto de 20informações geográficas representadas
internamente na forma de mapas mentais que induzirão as três
protagonistas a tomar suas decisões. Em cada cena podemos
visualizar uma pergunta espacial. Na primeira, o trabalhador
pergunta: 21“qual a melhor rota a seguir, desde este ponto onde
estou até o local de meu trabalho, neste horário de segunda-
feira?” Na segunda, o questionamento seria: “qual é o lugar da (G1 - ifpe 2019) Em um dos balões presentes no texto, há a
seguinte sentença: “Queremos dignidade e cuidados”. Assinale a
alternativa na qual o verbo destacado possui igual regência a do vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o
que aparece sublinhado acima. rigor da lei contra quem o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria
a) Ricardo Moraes preferiu trocar a desaceleração de uma vida
nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei
inteira de trabalho pelo desafio de recomeçar.
e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou
b) E eles me ensinam muito sobre tecnologia.
estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para
outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir
c) O jornalista Ricardo Moraes tinha um sonho.
também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem
que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem.
d) Eu gosto de organização e de excelente atendimento ao
cliente.
(Contos: uma antologia, 1998.)

e) Essa empresa prefere os funcionários idosos aos jovens.

Exercício 23
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Unesp 2018) “Quem perdia um escravo por fuga dava algum
Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis dinheiro a quem lho levasse.” (4º parágrafo)
(1839-1908), para responder à(s) questão(ões).
Na oração em que está inserido, o termo destacado é um verbo
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá que pede
sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos
a) apenas objeto direto, representado pelo vocábulo “lho”.
senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao
pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de b) objeto direto e objeto indireto, ambos representados pelo
flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos vocábulo “lho”.
escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para
ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um
c) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto
cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar,
indireto, representado pelo vocábulo “lho”.
porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam
com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a d) apenas objeto indireto, representado pelo vocábulo “quem”.
sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas
a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco,
e) objeto direto, representado pelo vocábulo “dinheiro”, e objeto
e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à
indireto, representado pelo vocábulo “quem”.
venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai Exercício 24
uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à (Espcex (Aman) 2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. emprego do pronome relativo.
Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo
a) Aquele era o homem do qual Miguel devia favores.
que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um
reincidente, e com pouco era pegado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos,
b) Eis um homem de quem o caráter é excepcional.
e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente
apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada.
c) Refiro-me ao livro que está sobre a mesa.
Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que
servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o
d) Aquele foi um momento onde eu tive grande alegria.
sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro
também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda
e) As pessoas que falei são muito ricas.
que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado
no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos Exercício 25
que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora,
quitandando. A épica narrativa de nosso caminho até aqui
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem
lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela
fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por experiência de aprender mais sobre o nosso país. Ao nos
onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a depararmos com uma realidade diferente 1daquela em que
quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de
“receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em alerta: deve haver uma razão, um motivo, para que as coisas
cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes só
podem resultar de passados diferentes. Essa constatação pode Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas
ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa história. que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os
Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era
Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares – uma mulher muito velha, uma solteirona, que morava numa
aqueles que orbitam em torno de outras estrelas – equivaleu a casinha caindo aos pedaços, no fim de nossa rua. Seu nome era
dar uma espiadinha no país vizinho, para ver como vivem “seus Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de “bruxa”.
habitantes”. Os resultados são surpreendentes. Em certos Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o
sistemas, os planetas estão tão perto de suas estrelas que nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo. E
completam uma órbita em poucos dias. Muitos são gigantes feitos estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa,
de gás, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a
quase sete vezes o raio de Júpiter, o grandalhão do nosso encontraríamos preparando venenos num grande caldeirão.
sistema. Já os nossos planetas rochosos, classe em que se Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia
enquadram Terra, Mercúrio, Vênus e Marte, parecem ser mais invadíamos o pequeno pátio para dali roubar frutas e quando, por
bem raros do que imaginávamos a princípio. acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno
A constatação de que somos quase um ponto fora da curva (pelo armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando “bruxa, bruxa!”.
menos no que tange ao nosso atual estágio de conhecimento de Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem
sistemas planetários) provocou os astrônomos a formular novas pertencera esse animal, nós não sabíamos, mas logo descobrimos
teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil.
configuração. 2Isso implica responder perguntas tais como Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez
quando se formaram os planetas gasosos, por que estão nas por esquecimento, ela deixara aberta a janela da frente. Sob
órbitas em que estão hoje, de que forma os planetas rochosos comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o
surgiram etc. bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós
Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram o levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí
formuladas nos últimos 15 a 20 anos. Embora não sejam os chifres ficaram presos na cortina.
consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o – Vamos logo – gritava o João Pedro –, antes que a bruxa apareça.
Modelo de Nice têm desfrutado de grande prestígio na E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente,
comunidade astronômica e oferecem uma fascinante narrativa da conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali
cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo,
e, em última instância, da vida por aqui. [...] saímos correndo. Eu, gordinho, era o último.
E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De
(Paulo Nogueira, editorial de Scientific American – Brasil – nº 168, imediato senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava
junho 2016.) quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a
bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura
na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava longe,
12. (Ufpr 2017) Considere a estrutura “daquela em que estamos ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria
imersos” (ref. 1) e compare-a com as seguintes: em mim sua fúria.
Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva.
1. o espaço __________ que moramos... Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou. Agachou-
2. a organização __________ que confiamos... se junto a mim e começou a examiná-la com uma habilidade
3. a cidade __________ que almejamos... surpreendente.
4. os problemas __________ que constatamos nos relatórios... – Está quebrada – disse por fim. – Mas podemos dar um jeito. Não
se preocupe, sei fazer isso. Fui enfermeira muitos anos, trabalhei
Tendo em vista as normas da língua culta, a preposição “em” em hospital. Confie em mim.
deveria preencher a lacuna em: Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com
seu cinto de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me a perna.
a) 1 apenas.
A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa.
“Chame uma ambulância”, disse a mulher à minha mãe. Sorriu.
b) 1 e 2 apenas.
Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou
minha perna e em poucas semanas eu estava recuperado. Desde
c) 2 e 3 apenas.
então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande amigo
de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito
d) 1, 3 e 4 apenas.
boa que se chamava Ana Custódio.

e) 2, 3 e 4 apenas.
Moacyr Scliar. Disponível em:
Exercício 26 http://novaescola.org.br/fundamental-1/bruxas-nao-existem-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 689866.shtml. Acesso em: 11/07/2016.
Bruxas não existem
(Upe-ssa 2 2017) Considerando alguns dos aspectos formais do contundente: “Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta
texto “Bruxas não existem”, analise as proposições a seguir. comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão.” Até se
fala muito, mas ouvir o outro? Falo de conversas entre pessoas no
a) No enunciado: “os cabelos pareciam palha” (2º parágrafo), a
mundo real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele,
inversão do sujeito exigiria a concordância com o predicativo:
até que se conversa muito; porém, é tão diferente, mesmo quando
“Parecia palha, os cabelos.”.
um está vendo o outro. O compartilhamento do mesmo espaço,
diria, é que nos proporciona a abrangência do outro, a captação
do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu
b) Para o trecho: “A quem pertencera esse animal, nós não
humor...
sabíamos” (4º parágrafo), a regência verbal também estaria
Desse diálogo é que tanta gente está sentindo falta. Até
correta na seguinte construção: “De quem fora esse animal, nós
por telefone as pessoas conversam, atualmente, bem menos. Pelo
não sabíamos”.
WhatsApp fica mais fácil, alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a
conversa? Conversa-se, sim, replicam. Será? Ou se trocam
c) Para o trecho: “No momento exato em que conseguíamos
algumas palavras? Quando falo em conversa, refiro-me àquelas
introduzir o bode” (5º parágrafo), a regência verbal também
que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto, a
estaria correta em: “No momento exato pelo qual conseguíamos
pularem de assunto em assunto. O WhatsApp é de graça,
introduzir o bode”.
proclamam. Talvez um argumento que pode ser robusto, como se
diz hoje, a favor da utilização desse instrumento moderno.
d) No trecho: “Não se preocupe, sei fazer isso.” (8º parágrafo), a
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra: no
presença da vírgula anula o sentido de explicação que existe
WhatsApp se trocam mensagens por escrito. Eu sei. Entretanto,
entre as duas orações.
língua escrita é um outra modalidade, outro modo de ativar a
linguagem, a começar pela não copresença física dos
e) A concordância verbal está em conformidade com a norma-
interlocutores. No telefone, não há essa copresença física, mas
padrão vigente, no seguinte enunciado: “Eu não acredito que
esse meio de comunicação não é impeditivo de falante e ouvinte,
hajam bruxas, mas há quem acredite que elas existem.”
a cada passo, trocarem de papéis e até mesmo de falarem ao
Exercício 27 mesmo tempo, configurando, pois, características próprias da
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: modalidade oral. Contudo, não se respira o mesmo ar, ainda que
Texto para a(s) questão(ões) a seguir. já se possa ver o outro. As pessoas passaram a valer-se menos
do telefone, e as conversas também vão, por isso, tornando-se
Encontros e Desencontros menos frequentes.
Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência com poucos
Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui perto de companheiros, sem pauta, sem temas censurados, sem se ter de
casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena que já me tinham esmerar na linguagem. Conversa sem compromisso, a não ser o
descrito. Um casal de meia idade se senta à mesa vizinha da de evitar a chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões
minha. Feitos os pedidos ao garçom, o homem, bem depressinha, e momentos de solidariedade. Conversa que é vida, que retrata a
tira o celular do bolso, e não mais o deixa, a merecer sua atenção vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de tudo: o louco, o
exclusiva. A mulher, certamente de saber feito, não se faz de filósofo, o depressivo, o conquistador de garganta, o saudosista...
rogada e apanha um livro que trazia junto à bolsa. Começa a lê-lo Nem sempre, é verdade, estou motivado para participar desses
a partir da página assinalada por um marcador. Espichando o meu grupos. Porém, passado um tempo, a saudade me bate.
pescoço inconveniente (nem tanto, afinal as mesas eram Aqueles bate-papos intimistas com um amigo tantas
coladinhas) deu para ver que era uma obra da Martha Medeiros. afinidades, merecedores que nos tornamos da confiança um do
Desse modo, os dois iam usufruindo suas gulodices, sem outro, esses não têm nada igual. A apreensão abrangente do
comentários, com algumas reações dele, rindo com ele mesmo amigo, de seu psiquismo, dos seus sentimentos, das dificuldades
com postagens que certamente ocorriam em seu celular. Até dois mais íntimas por que passa, faz-no sentir, fortemente, a nossa
estranhos, postos nessa situação, talvez acabassem por falar natureza humana, a maior valia da vida.
alguma coisa. Pensei: devem estar juntos há algum tempo, sem Esses momentos vão se tornando, assim me parece, uma
ter mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada a cena menos habitual nestes tempos digitais. A pressa, os
acrescentar, nada de novo ou surpreendente. E assim caminhava, problemas a se multiplicarem, as tarefas a se diversificarem,
decerto, a vida daquele casal. como encontrar uma brecha para aquela conversa, que é entrega,
O que me choca, mesmo observando esta situação, como confiança, despojamento? Conversa que exige respeito: um local
outras que o dia a dia me oferece, é a ausência de conversa. Sem calminho, sem gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim,
conversa eu não vivo, sem sua força agregadora para trocar umas tulipas estourando de geladas e uns tira-gostos de nosso
ideias, para convencer ou ser convencido pelo outro, para paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder esses
manifestar humor, para desabafar sobre o que angustia a alma, encontros. Afinal, a vida está passando tão depressa...
em suma, para falar e para ouvir. A conversa não é a base da
terapia? Sei não, mas, atualmente, contar com um amigo para Adaptado de: UCHOA, Carlos Eduardo. Disponível em:
jogar conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe está http://carloseduardouchoa.com.br/blog/.
roubando o sossego talvez não seja fácil. O tempo também, nesta
vida corre-corre, tem lá outras prioridades. Mia Couto é
(G1 - col. naval 2017) Em que opção a reescritura está transmitido pelo autor, mas que reflete em quem lê de uma forma
totalmente de acordo com a norma-padrão da língua? muito pessoal. É do leitor o prazer. É do leitor a identificação. É do
leitor o aprendizado. É o leitor o livro.
a) “[...] pude presenciar, ao vivo, uma cena que já me tinham
Dias atrás gravei um comercial de rádio em prol do
descrito”. (1º parágrafo) – ...pude assistir, ao vivo, uma cena que já
Instituto Estadual do Livro em que falo aos leitores exatamente
me tinham descrito.
isso: os meus livros são os seus livros. E são, de fato. Não existe
livro sem leitor. Não existe. É um objeto fantasma que não serve
b) “Contudo, não se respira o mesmo ar, ainda que já se possa ver
para nada.
o outro” (5º parágrafo) – Contudo, não se aspira ao mesmo ar,
Aquele garoto de Moçambique não vê assim. Para ele, o
ainda que já se possa ver o outro.
livro é de quem traz o nome estampado na capa, como se isso
sinalizasse o direito de posse. Não tem ideia de como se dá o
c) “Quando falo em conversa, refiro-me àquelas que se esticam
processo todo, possivelmente nunca entrou numa livraria, nem
[...]” (4º parágrafo) – Quando falo em conversa, aludo àquelas que
sabe o que é tiragem.
se esticam.
Mas, em seu desengano, teve a gentileza de tentar colocar
as coisas em seu devido lugar, mesmo que para isso tenha
d) “Conversa que exige respeito: um local calminho, sem gritos
roubado o livro de uma garota sem perceber.
[...]” (8º parágrafo) – Conversa que implica em respeito: um local
Ela era a dona do livro. E deve ter ficado estupefata. Um fã
calminho, sem gritos.
do Mia Couto afanou seu exemplar. Não levou o celular, a
carteira, só quis o livro. Um danado de uma amante da literatura,
e) “[...] rindo com ele mesmo com postagens que certamente
deve ter pensado ela. Assim são as histórias escritas também
ocorriam em seu celular.” (2º parágrafo) – rindo com ele mesmo
pela vida, interpretadas a seu modo por cada dono.
com postagens que certamente se desenrolavam em seu celular.

Martha Medeiros. Jornal ZERO HORA – 06/11/11. Revista O


Exercício 28 Globo, 25 de novembro de 2012.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir.
(Esc. Naval 2017) Assinale a opção em que a troca da palavra
O dono do livro sublinhada pela que está entre parênteses mantém corretas as
relações de sentido e a regência nominal ou verbal.
Li outro dia um fato real narrado pelo escritor
a) “[...] pessoas que ainda não estejam familiarizadas com os
moçambicano Mia Couto. Ele disse que certa vez chegou em casa
livros [...]” (4º parágrafo) – (entre)
no fim do dia, já havia anoitecido, quando um garoto humilde de
16 anos o esperava sentado no muro. O garoto estava com um b) “O livro é de quem tem acesso às suas páginas [...]” (6º
dos braços para trás, o que perturbou o escritor, que imaginou parágrafo) – (ante)
que pudesse ser assaltado.
Mas logo o menino mostrou o que tinha em mãos: um livro c) “[...] os cenários, a voz e o jeito com que se movimentam.” (6º
do próprio Mia Couto. Esse livro é seu? perguntou o menino. Sim,
parágrafo) – (em)
respondeu o escritor. Vim devolver. O garoto explicou que horas
antes estava na rua quando viu uma moça com aquele livro nas
d) “[...] mas que reflete em quem lê de uma forma muito pessoal”
mãos, cuja capa trazia a foto do autor.
(6º parágrafo) – (para)
O garoto reconheceu Mia Couto pelas fotos que já havia
visto em jornais. Então perguntou para a moça: Esse livro é do
e) “[...] na capa, como se isso sinalizasse o direito de posse.” (8º
Mia Couto? Ela respondeu: É. E o garoto mais que ligeiro tirou o
parágrafo) – (a)
livro das mãos dela e correu para a casa do escritor para fazer a
boa ação de devolver a obra ao verdadeiro dono. Exercício 29
Uma história assim pode acontecer em qualquer país TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
habitado por pessoas que ainda não estejam familiarizadas com TRABALHO ESCRAVO É AINDA UMA REALIDADE NO BRASIL
os livros – aqui no Brasil, inclusive. De quem é o livro? A resposta Esse tipo de violação não prende mais o indivíduo a correntes,
não é a mesma de quando se pergunta: “Quem escreveu o livro?”. mas acomete a liberdade do trabalhador e o mantém submisso a
O autor é quem escreve, mas o livro é quem lê, e isso de uma situação de exploração.
uma forma muito mais abrangente do que o conceito de
propriedade privada – comprei, é meu. O livro é de quem lê O trabalho escravo ainda é uma violação de direitos humanos que
mesmo quando foi retirado de uma biblioteca, mesmo que seja persiste no Brasil. A sua existência foi assumida pelo governo
emprestado, mesmo que tenha sido encontrado num banco de federal perante o país e a Organização Internacional do Trabalho
praça. (OIT) em 1995, o que fez com que se tornasse uma das primeiras
O livro é de quem tem acesso às suas páginas e através nações do mundo a reconhecer oficialmente a escravidão
delas consegue imaginas os personagens, os cenários, a voz e o contemporânea em seu território. Daquele ano até 2016, mais de
jeito com que se movimentam. São do leitor as sensações 50 mil trabalhadores foram libertados de situações análogas à de
provocadas, a tristeza, a euforia, o medo, o espanto, tudo que é escravidão em atividades econômicas nas zonas rural e urbana.
Mas o que é trabalho escravo contemporâneo? O trabalho crime, especialmente na fiscalização de propriedades e na
escravo não é somente uma violação trabalhista, tampouco se repressão por meio da punição administrativa e econômica de
trata daquela escravidão dos períodos colonial e imperial do empregadores flagrados utilizando mão de obra escrava.
Brasil. Essa violação de direitos humanos não prende mais o Enquanto isso, o trabalhador libertado tende a retornar à sua
indivíduo a correntes, mas compreende outros mecanismos, que cidade de origem, onde as condições que o levaram a migrar
acometem a dignidade e a liberdade do trabalhador e o mantêm permanecem as mesmas. Diante dessa situação, o indivíduo pode
submisso a uma situação extrema de exploração. novamente ser aliciado para outro trabalho em que será
Qualquer um dos quatro elementos abaixo é suficiente para explorado, perpetuando uma dinâmica que chamamos de “Ciclo
configurar uma situação de trabalho escravo: do Trabalho Escravo”.
TRABALHO FORÇADO: o indivíduo é obrigado a se submeter a Para que esse ciclo vicioso seja rompido, são necessárias ações
condições de trabalho em que é explorado, sem possibilidade de que incidam na vida do trabalhador para além do âmbito da
deixar o local seja por causa de dívidas, seja por ameaça e repressão do crime. Por isso, a erradicação do problema passa
violências física ou psicológica. também pela adoção de políticas públicas de assistência à vítima
JORNADA EXAUSTIVA: expediente penoso que vai além de horas e prevenção para reverter a situação de pobreza e de
extras e coloca em risco a integridade física do trabalhador, já que vulnerabilidade de comunidades.
o intervalo entre as jornadas é insuficiente para a reposição de Adaptado.SUZUKI, Natalia; CASTELI, Thiago. Trabalho escravo é
energia. Há casos em que o descanso semanal não é respeitado. ainda uma realidade no Brasil. Disponível em:
Assim, o trabalhador também fica impedido de manter vida social <http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-
e familiar. 2/trabalho-escravo-e-ainda-uma-realidade-no-brasil/>. Acesso:
SERVIDÃO POR DÍVIDA: fabricação de dívidas ilegais referentes 19 mar. 2017.
a gastos com transporte, alimentação, aluguel e ferramentas de
trabalho. Esses itens são cobrados de forma abusiva e
descontados do salário do trabalhador, que permanece sempre (G1 - ifpe 2017) No que diz respeito à sintaxe de concordância e
devendo ao empregador. à de regência, assinale a opção CORRETA.
CONDIÇÕES DEGRADANTES: um conjunto de elementos
a) Em “Para que esse ciclo vicioso seja rompido, são necessárias
irregulares que caracterizam a precariedade do trabalho e das
ações que incidam na vida do trabalhador [...]” (9º parágrafo), o
condições de vida sob a qual o trabalhador é submetido,
verbo sublinhado está corretamente flexionado em concordância
atentando contra a sua dignidade.
ao sujeito posposto.
Quem são os trabalhadores escravos? Em geral, são migrantes
que deixaram suas casas em busca de melhores condições de
b) Em “[…] mais de 50 mil trabalhadores foram libertados de
vida e de sustento para as suas famílias. Saem de suas cidades
situações análogas à de escravidão[…].” (1º parágrafo), a locução
atraídos por falsas promessas de aliciadores ou migram
verbal grifada foi pluralizada por concordar o termo
forçadamente por uma série de motivos, que podem incluir a falta
“trabalhadores”, mas seria correto flexioná-la no singular em
de opção econômica, guerras e até perseguições políticas. No
concordância com a expressão de quantidade “mais de”.
Brasil, os trabalhadores provêm de diversos estados das regiões
Centro-Oeste, Nordeste e Norte, mas também podem ser
c) Em “No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho
migrantes internacionais de países latino-americanos – como a
escravo rural são homens” (6º parágrafo), o verbo sublinhado foi
Bolívia, Paraguai e Peru –, africanos, além do Haiti e do Oriente
pluralizado para concordar com o substantivo “pessoas”, mas
Médio. Essas pessoas podem se destinar à região de expansão
estaria correto flexioná-lo no singular em concordância com a
agrícola ou aos centros urbanos à procura de oportunidades de
porcentagem.
trabalho.
Tradicionalmente, o trabalho escravo é empregado em atividades
d) Em “Muitas vezes, o trabalhador submetido ao trabalho
econômicas na zona rural, como a pecuária, a produção de carvão
escravo consegue fugir da situação de exploração [...].” (7º
e os cultivos de cana-de-açúcar, soja e algodão. Nos últimos
parágrafo), a regência do termo grifado também estaria correta se
anos, essa situação também é verificada em centros urbanos,
exercida pela preposição “com”.
principalmente na construção civil e na confecção têxtil.
No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo rural
e) Em “No Brasil, os trabalhadores provêm de diversos estados
são homens. Em geral, as atividades para as quais esse tipo de
[...]” (4º parágrafo), houve incorreção no uso da preposição. A fim
mão de obra é utilizado exigem força física, por isso os aliciadores
de respeitar a regência verbal, nesse contexto, deveria ser
buscam principalmente homens e jovens. Os dados oficiais do
realizada pela preposição “a”.
Programa Seguro-Desemprego de 2003 a 2014 indicam que,
entre os trabalhadores libertados, 72,1% são analfabetos ou não Exercício 30
concluíram o quinto ano do Ensino Fundamental. (G1 - ifsp 2016) Analise o texto abaixo.
Muitas vezes, o trabalhador submetido ao trabalho escravo
consegue fugir da situação de exploração, colocando a sua vida O pai da Fernanda virá __________ mais cedo hoje. Devo
em risco. Quando tem sucesso em sua empreitada, recorre a __________ a respeito da nota em sua última avaliação? É melhor
órgãos governamentais ou organizações da sociedade civil para que __________ informemos o quanto antes, para que haja tempo
denunciar a violação que sofreu. Diante disso, o governo hábil para ___________.
brasileiro tem centrado seus esforços para o combate desse
Levando em consideração o uso e a colocação pronominal, de de convívio. Além do casamento, trouxe, de forma exemplificativa,
acordo com a norma padrão da Língua Portuguesa, os termos que a união estável entre um homem e uma mulher e a chamada
melhor preenchem, respectivamente, as lacunas são: família parental: um dos pais e seus filhos.
Adiante ainda seguiu a Justiça. Reconheceu que o rol
a) buscar-lhe – conta-lo – o – ajudá-la
constitucional não é exaustivo, e continuou a reconhecer como
família outras estruturas familiares. Assim as famílias
b) buscar-lhe – contar-lhe – lhe – ajudar-lhe
anaparentais, constituídas somente pelos filhos, sem a presença
dos pais; as famílias parentais, decorrentes do convívio de
c) buscá-lhe – conta-lhe – lhe – ajuda-lhe
pessoas com vínculo de parentesco; bem como as famílias
homoafetivas, que são as formadas por pessoas do mesmo sexo.
d) buscar-lhe – conta-lo – o – ajuda-lhe
O reconhecimento da homoafetividade como união estável foi

e) buscá-la – contar-lhe – o – ajudá-la levado 16_____ efeito pelo Supremo Tribunal Federal no ano de
2011, em decisão unânime e histórica. Agora esta é a realidade:
Exercício 31 17
homossexuais casam18, têm filhos19, ou seja20, podem
(G1 - ifce 2016) A regência verbal está incorreta em constituir família.
a) Obedeça à sinalização. Ativismo judicial? Não, interpretação da Carta Constitucional
segundo um punhado de princípios fundamentais. É a Justiça
b) As enfermeiras assistiram irrepreensivelmente o doente. cumprindo o seu papel de fazer justiça, mesmo diante da lacuna
legal.
c) Paguei todos os trabalhadores. Da inércia, passou o Legislativo21, dominado por autointitulados
profetas religiosos22, a reagir.
d) Todos nós carecemos de afeto. Não foi outro o intuito do Estatuto da Família, que acaba de ser
aprovado pela comissão especial na Câmara dos Deputados (PL
e) Costumo obedecer a preceitos éticos. 6.583/2013). 23Tentar limitar o conceito de família à união entre

Exercício 32 um homem e uma mulher, além de 24afrontar todos os princípios


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: fundantes do Estado, impõe um retrocesso social que irá retirar
Adiante seguiu a Justiça direitos de todos aqueles que não se encaixam neste conceito
Maria Berenice Dias limitante e limitado.

Durante séculos, ninguém 1titubeava em responder: família, só Mas 25_____ mais. Proceder ao cadastramento das entidades
familiares e criar Conselhos da Família é das formas mais
tem uma – a 2constituída pelos sagrados laços do matrimônio.
perversas de excluir direito à saúde, à assistência psicossocial, à
Aos noivos era imposta a obrigação de se multiplicarem até a
segurança pública, que são asseguradas somente às entidades
morte, mesmo na tristeza, na pobreza e na doença. Tanto que se
familiares reconhecidas como tal. Limitar acesso à Defensoria
falava em débito conjugal.
Pública e à tramitação prioritária dos processos à entidade
Esse modelito se manteve, ao menos na 3aparência, 4_____
familiar definida na lei, às claras tem caráter punitivo.
expensas da integridade física e psíquica das mulheres, que se
O conceito de família mudou. E onde procurar a sua definição
mantinham dentro de casamentos 5esfacelados, pois assim exigia atual? Talvez na frase piegas de Saint-Exupéry: na
a sociedade. Tanto que o casamento era indissolúvel. As pessoas responsabilidade decorrente do afeto.
até podiam se desquitar6, mas não podiam se casar de novo.
Caso encontrassem um par, 7tornavam-se 8concubinos e alvos de (Fonte: Zero Hora, Caderno PrOA, 27-09-2015 – Adaptação)
punições.
As mudanças foram muitas: vagarosas, mas significativas. As
causas9, incontáveis. No entanto, o resultado foi um 10só. O 20. (Imed 2016) Considere as seguintes propostas de
conceito de família mudou, se esgarçou. O casamento perdeu a substituição de formas verbais do texto:
sacralidade e permanecer dentro dele deixou de ser uma
imposição social e uma obrigação legal. I. Uso de transformavam-se em lugar de tornavam-se (ref. 7).
II. Troca de punindo-se (ref. 13) por dando-se punição.
Veio o 11divórcio. Antes, porém, o 12purgatório da separação, que
III. Substituição de afrontar (ref. 24) por confrontar.
exigia que se identificassem causas, 13punindo-se os culpados. A
liberdade total de casar e descasar chegou somente no ano de
Quais provocariam necessidade de ajuste na estrutura do texto?
2006.
A lei regulamentava exclusivamente o casamento. Punia com o a) Apenas I.
silêncio toda e qualquer modalidade de estruturas familiares que
se afastasse do modelo “oficial”. b) Apenas II.
14
E foi assumindo a responsabilidade de julgar que os juízes
começaram a alargar o conceito de família. As mudanças c) Apenas I e II.

chegaram 15_____ Constituição Federal, que enlaçou no conceito


d) Apenas II e III.
de família, outorgando-lhes especial proteção, outras estruturas
e Escrita-CEALE. Acessado em:
e) I, II e III. http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/literatura-
indigena, 14/03/2016.
Exercício 33
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Literatura Indígena
(G1 - ifce 2016) O verbo assistimos, na referência 16, apresenta
exatamente a mesma regência e, portanto, o mesmo sentido que
Ainda não há consenso sobre o uso da expressão Literatura em:
Indígena. Afinal, sob o conceito de “indígena” reconhecem-se,
atualmente, segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de a) O agravo de seu estado aconteceu, dizem, pois o médico não o
Geografia e Estatística (IBGE), 305 grupos étnicos, com culturas e assistiu em tempo hábil.
histórias próprias, falando 274 línguas. Portanto, encontrar uma
denominação de referência geral não é muito simples. Outras b) Antes da mudança para o nordeste, ela assistiu em Santos por
expressões, embora menos usadas, vêm se apresentando na dez anos.
tentativa de caracterizar esse campo de interesse, como Literatura
Nativa, Literatura das Origens, Literatura Ameríndia e Literatura c) O atendente assistiu a senhora primeiro, por ser prioridade.
1
Indígena de Tradição Oral. Próxima a essas, mas já com
d) A torcida assistiu à partida com muita paixão.
significado e alcance próprio, ainda contamos com Literatura
Indianista, para se referir à produção do Romantismo brasileiro do
e) Apesar de torcer para o adversário, nossa torcida assistiu o
século XIX de 2temática indígena, como os versos de Primeiros
ferido prontamente.
Cantos (1846) e de Os Timbiras (1857), de Gonçalves Dias, e os
romances O Guarani (1857) e Iracema (1865), de José de Alencar. Exercício 34
Diante desse quadro, quando usamos, hoje, a expressão TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Literatura Indígena, uma questão, necessariamente, ainda se
Não lhe solto mais
apresenta: quais objetos 3ela incorpora ou para quais aponta ou
Antônio Barros e Cecéu
tem apontado?
Em perspectiva ampla, diríamos que essa produção Moreno não faça isso Dou-lhe uma rasteira
cultural 4assinala 5textos criativos em geral (orais ou escritos) Deixe desse rebuliço Lhe castigo na esteira
Não mexa comigo não, viu Não lhe solto mais
produzidos pelos diversos grupos indígenas, 6editados ou não,
Quero respeito comigo Depois não adianta
incluindo 7aqueles que não se apresentam, em um primeiro Já cortaram meu umbigo Se eu gemer
momento, como 8constituídos a partir de um desejo Não sou mais menina não, viu Se eu gemer
9 Você é duro, bem maduro Se eu chorar
especificamente estético-literário intencional, como as
E também muito seguro A gente bebe água
narrativas, os grafismos e os cantos em contextos próprios,
Ainda pode dar no couro Quando sente sede
ritualísticos e 10cerimoniais. Parte dessa produção ganha E eu vou gostar Cabelo se assanha
visibilidade com os registros realizados por antropólogos e Vou me apaixonar Quando o vento dá
pesquisadores em geral. Outra 11parte surge por meio de Vou cair no choro Olha moreno esse teu cheiro
Se juntar com meu tempero
levantamentos realizados por professores atuantes em cursos de
Aí o couro come Vai ser bom demais
licenciatura indígena e dos próprios alunos desses cursos,
E pra mostrar que tu é home
oriundos de várias etnias. Estima-se que 1564 professores Como é que um home faz Dou-lhe uma rasteira
indígenas estavam em formação no ano de 2010, em cursos Dá uma rasteira Lhe castigo na esteira
financiados pelo Programa de Apoio à Formação Superior e Me castiga na esteira Não lhe solto mais
Licenciaturas Interculturais Indígenas (PROLIND), do Ministério da Não me solta mais
Educação.
Em perspectiva 12restrita, a expressão Literatura Indígena
Disponível em: http://www.letras.com.br/#!antonio-barros-
tem sido utilizada para designar 13aqueles textos editados e ececeu/
reconhecidos pelo chamado sistema literário (autores, público, nao-lhe-solto-mais. Acesso em 03/05/2016. Adaptado.
14
críticos, mercado editorial, escolas, programas governamentais,
legislação), como sendo de autoria indígena. Um marco
importante se dá em 1980, ano de publicação do considerado
15primeiro livro de autoria indígena com tais características, (Acafe 2016) Na letra da canção de Antônio de Barros e Cecéu,
intitulado Antes o Mundo não Existia, de Umúsin Panlõn & um dos versos que representa uma forma não aceita pela norma
Tolamãn Kenhíri, pertencentes ao povo Desâna, do Alto Rio padrão é:

Negro/AM. A partir das licenciaturas indígenas, 16assistimos, na a) “Lhe castigo na esteira”


década de 1990, ao incremento dessa produção editorial.
b) “Você é duro, bem maduro”
Carlos Augusto Novais. Universidade Federal de Minas Gerais-
UFMG / Faculdade de Educação / Centro de Alfabetização, Leitura c) “Já cortaram meu umbigo”
Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia.
d) “Se juntar com o meu tempero” das Letras, 1996. p. 38-44.

Exercício 35
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Ufrgs 2015) Assinale a alternativa que preenche correta e
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
respectivamente as lacunas indicadas pelas referências 1, 2, 3 e 4
do texto.
Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não mais
5 a) que - que - de que - para cuja
revelareis 6vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas
polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões
b) que - de que - de que - cuja
ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África,
quando a aviação 9avilta a floresta americana antes mesmo de
c) de que - de que - de que - para cuja
poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa
10evasão da viagem conseguir outra coisa que não 14confrontar-
d) que - que - que - cuja
15
nos com as formas mais miseráveis de nossa existência
histórica? e) de que - que - que - cuja
18Ainda 22assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das
Exercício 36
narrativas de viagem. Elas 16criam a ilusão daquilo 1__________ TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
não existe mais, mas 2__________ ainda deveria existir. Trariam Texto para a(s) questão(ões) seguinte(s)
nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distantes,
desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais Argumento (Paulinho da Viola)
3
_________ nossa sociedade experimenta uma necessidade
aguda ao se sentir 11soçobrar no tédio? Tá legal
É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir Eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços. 19Então,
26insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas.
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro
Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens, quando
Ou de um tamborim.
um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se
Sem preconceito
oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o jogo Ou mania de passado
de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, Sem querer ficar do lado
em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia levar a De quem não quer navegar
conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar Faça como um velho marinheiro
ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite Que durante o nevoeiro
27
salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença Leva o barco devagar.Argu
suplementar.
21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber

que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de (Fgvrj 2015) No verso “Mas não me altere o samba tanto assim”,
enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo o pronome “me” não exerce função sintática alguma. Segundo a
intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de se gramática da língua portuguesa, trata-se de um recurso
expressivo de que se serve a pessoa que fala para mostrar que
comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos
está vivamente interessada no cumprimento da exortação feita.
eram capazes de perceber a riqueza e o significado da
Constitui uso mais comum na linguagem coloquial.
diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de uma
32
alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um
Nas citações abaixo, todas extraídas de Memórias póstumas de
prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava 24— Brás Cubas, de Machado de Assis, esse recurso ocorre em:
ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante
a) Mano Brás, que é que você vai fazer? perguntou-me aflita.
moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade
desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que
b) ... estou farto de filosofias que me não levam a coisa nenhuma.
me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao
verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante,
mas 4__________ observação, meu grau de humanidade ainda
c) Mostrou que eu ia colocar-me numa situação difícil.
13
carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma
centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o d) ... achou que devia, como amigo e parente, dissuadir-me de
desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. semelhante ideia.

e) Ânimo, Brás Cubas; não me sejas palerma.


Exercício 37 bonde, houve algumas vezes homem morto ou pisado na rua,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o
Um caso de burro cocheiro na fuga; deixava-me estar aguardando autoridade.”
Machado de Assis “Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em
mim a menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação
Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a
coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução
esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio declarado os direitos do burro, tais direitos não existem. Nenhum
achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os
parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os obrigou. Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de
gostos não são iguais. governo, teve em conta os interesses da minha espécie. Qualquer
Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um
lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes, pouco temperada pela teima que é, em resumo, o meu único
estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim um
de burros, donde concluí que não estaria deitado, mas caído. bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei
Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos o burro por sóis nem chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito
levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos
olhos meio mortos fechavam-se de quando em quando. O infeliz os bens que pratiquei.”
cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar próximo do “A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando
fim. depressa o tílburi e o namorado à casa da namorada – ou
Diante do animal havia algum capim espalhado e uma lata simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia ao bonde
com água. Logo, não foi abandonado inteiramente; alguma podia mirar a moça que estava na janela. Não poucos devedores
piedade houve no dono ou quem quer que seja que o deixou na terei conduzido para longe de um credor importuno. Ensinei
praça, com essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do
o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba porte e na quietação dos sentidos. Quando algum homem, desses
daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem que chamam patuscos, queria fazer rir os amigos, fui sempre em
bebeu da água; estava já para outros capins e outras águas, em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara.
campos mais largos e eternos. Meia dúzia de curiosos tinha Em fim…”
parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado
empunhava uma vara, e se não sentia o desejo de dar com ela na que pesaroso. Contente da descoberta, não podia furtar-me à
anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A
meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas consideração, porém, de que todos os burros devem ter os
justamente do lado da anca. Diga-se a verdade; não o fez – ao mesmos dotes principais, fez-me ver que os que ficavam não
menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos. Esses seriam menos exemplares do que esse. Por que se não
poucos minutos, porém, valeram por uma hora ou duas. Se há investigará mais profundamente o moral do burro? Da abelha já
justiça na Terra valerão por um século, tal foi a descoberta que se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também,
me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos. coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas
O que me pareceu, é que o burro fazia exame de são superiores às nossas, mais racionais. Por que não sucederá o
consciência. Indiferente aos curiosos, como ao capim e à água, mesmo ao burro, que é maior?
tinha no olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho Sexta-feira, passando pela Praça Quinze de Novembro,
interior e profundo. Este remoque popular: por pensar morreu um achei o animal já morto.
burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos que a Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver,
princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte espetáculo repugnante; mas a infância, como a ciência, é curiosa
é que o torna necessário. Quanto à matéria do pensamento, não sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim
há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o exame passam os trabalhos deste mundo. Sem exagerar o mérito do
da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também
escasso tempo que ali gastei. Sou outro Champollion, porventura não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século.
maior; não decifrei palavras escritas, mas ideias íntimas de Requiescat in pace.
criatura que não podia exprimi-las verbalmente.
E diria o burro consigo:
“Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado (Efomm 2021) Assinale a opção em que o acento grave indicativo
que mereça remorso. Não furtei, não menti, não matei, não de crase NÃO é colocado por uma situação de regência.
caluniei, não ofendi nenhuma pessoa. Em toda a minha vida, se
a) “Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa
dei três coices, foi o mais, isso mesmo antes haver aprendido
tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta
maneiras de cidade e de saber o destino do verdadeiro burro, que
crônica.”
é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem.
Ultimamente é que percebi que me não entendiam, e continuei a
b) “Indiferente aos curiosos, co,o ao capim e à água, tinha no olhar
zurrar por ser costume velho, não com ideia de agravar ninguém.
a expressão dos meditativos.”
Nunca dei com homem no chão. Quando passei do tílburi ao
destacada em:
c) “[...] levando depressa o tílburi e o namorado à casa da
a) As pesquisas médicas são essenciais devido a urgência de
namorada.”
implantar medidas efetivas de combate às pandemias.

d) “[...] não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão


bom pensador ia morrer.”
b) O bom uso dos recursos digitais conduz as pessoas a novas
formas de aprendizado científico.
e) “Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a
menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação da
c) Os países vêm utilizando diversas tecnologias que aumentam a
paz pública.”
capacidade de ação do ser humano.
Exercício 38
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: d) A tecnologia tem contribuído com progressos significativos
A ciência e a tecnologia como estratégia de desenvolvimento para a humanidade desde a revolução industrial.

Um dos principais motores do avanço da ciência é a e) O primeiro passo para buscar a cura de uma nova doença é
curiosidade humana, descompromissada de resultados concretos conhecer os seus agentes causadores.
e livre de qualquer tipo de tutela ou orientação. A produção
Exercício 39
científica movida apenas por essa curiosidade tem sido capaz de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
abrir novas fronteiras do conhecimento, de nos tornar mais sábios
Quando pensamos em EXPERIÊNCIAS ESTUDANTIS NO
e de, no longo prazo, gerar valor e mais qualidade de vida para o
EXTERIOR, automaticamente relacionamos o tema aos melhores
ser humano.
aspectos positivos possíveis, como a vivência na língua, na
Por meio dos seus métodos e instrumentos, a ciência nos
cultura, na culinária, entre outros. Contudo, há outros aspectos
permite analisar o mundo ao redor e ver além do que os olhos
relevantes – positivos e negativos – que a atividade deseja
podem enxergar. O empreendimento científico e tecnológico do
também abordar. Somos seres humanos em construção e
ser humano ao longo de sua história é o principal responsável por
interligados pela intensa globalização do século XXI. Assim, a
tudo que a humanidade construiu até aqui, desde o domínio do
escolha desse tema se dá pelo desejo de acrescentar reflexões
fogo até a moderna ciência da informação, passando pela
importantes ao cotidiano de nossos jovens estudantes.
domesticação dos animais, pelo surgimento da agricultura e da
indústria modernas e, é claro, pela espetacular melhora da
Texto
qualidade de vida de toda a humanidade no último século.
Apesar dos seus feitos extraordinários, a ciência enfrenta
Brasileira ganha bolsa para estudar em Harvard
uma crise de legitimação social no mundo todo. Existe uma
Uma gonçalense de 18 anos é a única estudante brasileira
descrença do cidadão comum no conhecimento técnico e científico
aprovada para estudar na Universidade de Harvard, nos EUA,
e, mais do que isso, um certo orgulho da própria ignorância sobre
este ano. E com bolsa integral.
vários temas complexos. Vários fenômenos sociais recentes,
como o movimento antivacinação ou mesmo a desconfiança sobre
Uma gonçalense de 18 anos é a única estudante brasileira
o aquecimento global, apesar de todas as evidências científicas
aprovada para estudar na Universidade de Harvard, no EUA, este
em contrário, são exemplos dessa descrença.
ano. E com bolsa integral. A façanha de Flávia Medina da Cunha é
A relação entre ciência, tecnologia e sociedade é de
considerada tão especial que será tema de palestra de
extrema complexidade, sem dúvida alguma. Ela passa por uma
orientadores educacionais, nesta quarta-feira de manhã (19 de
série de questões, tais como de que forma a ciência e as novas
agosto de 2009), no auditório do Colégio Militar do Rio de Janeiro.
tecnologias afetam a qualidade de vida das pessoas e como fazer
Na mesma época dos exigentes exames para Harvard, ela passou
com que seus efeitos sejam os melhores possíveis? Como ampliar
nos vestibulares da UFRJ, UFF e UERJ e na prova de admissão da
o acesso da população aos benefícios gerados pelo conhecimento
Academia da Força Aérea (AFÃ). "Estudei tantas horas que perdi
científico e tecnológico? Em que medida o progresso científico e
a conta de quantas", confessa Flávia, que vai cursar Engenharia
tecnológico contribui para mitigar ou aprofundar as
Química. Ela já havia começado o curso na UFRJ.
desigualdades socioeconômicas? Essas são questões cruciais
Fã da obra de Machado de Assis, ela precisou se debruçar
para a ciência e a tecnologia nos dias de hoje.
sobre livros especializados na cultura norte-americana. Flávia
obteve ainda 90% de bolsa na Universidade da Pensilvânia.
Disponível em: <www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-
"Fiquei na lista de esperada Yale University, Duke University, Rice
conteudo/artigos/artigos/116-a-ciencia-e-a-tecnologiacomo-
University e Tufts", enumerou Flávia, cujos dois irmãos estudam
estrategia-de-desenvolvimento>. Acesso em: 24 ago. 2020.
na Escola Naval. Os pais, que são professores, estão orgulhosos,
Adaptado.
mas não escondem a preocupação. "O coração está apertado, mas
ela é perseverante e carismática", conta a mãe, Gilza da Cunha,
57 anos. Em Harvard, a estudante terá alojamento, refeição e
receberá US$ 3mil (R$ 5,3 mil) por mês, além da oportunidade de
(Fmp 2021) O acento grave indicador de crase deve ser utilizado,
emprego no campus. Flávia embarca hoje à noite no voo 860 da
de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, na palavra
United Airlines. Na bagagem, a bandeira do Brasil e a medalha de
Santo António. No coração, a saudade de casa. "Não vou chorar", E foi o que fizeram. Cavaram pouco e, à flor da terra, viram umas
avisa Flávia. "Muita gente sonha em ir à Disney e realiza o sonho. raízes grossas e morenas, quase da cor dos curumins, nome que
Por que não sonhar em aprimorar os conhecimentos no exterior?", dão aos meninos índios. Mas, sob a casquinha marrom, lá estava
lança o desafio o gerente de pesquisas do escritório da Harvard a polpa branquinha, quase da cor de Mani. Da oca de terra de
no Brasil, Tomás Amorim. (...) Mani surgia uma nova planta!
– Vamos chamá-la Mani-oca, resolveram os índios.
(Adaptado de 2
– E, para não deixar que se perca, vamos transformar a planta
https://www.mundovestibular.com.br/vestibular/noticias/brasileira- em alimento!
ganha-bolsa-para-estudar-em-han/ard/. Acessado em: Assim fizeram!
02/09/2020) Depois, fincando outros ramos no chão, fizeram a primeira
plantação de mandioca. E até hoje entre os índios do Norte e
Centro do Brasil é este um alimento muito importante. E, em todo
(G1 - cmrj 2021) No trecho "Muita gente sonha em ir à Disney e o Brasil, quem não gosta da plantinha misteriosa que surgiu na
realiza o sonho", pode-se afirmar que o emprego do sinal casa de Mani?
indicativo de crase encontra-se de acordo com a norma
gramatical. Adaptado de macvirtual.usp.br/mac/templates/jogo/lenda.asp/
Acessado em 10/10/19.
A mesma afirmação só pode ser feita em relação a uma das
alternativas a seguir. Assinale-a.

a) Irei à Santa Catarina aproveitar o sol. (G1 - cotil 2020) No primeiro parágrafo, lê-se: “A filha do cacique
b) Fui à Londres e visitei vários castelos. da tribo deu à luz uma linda indiazinha.” (ref. 1)
c) Fui cedo à Madri e vi um belo jogo.
Sobre a ocorrência da crase, considere a afirmação correta quanto
d) Não há como ir à Roma e não visitar o Papa. à expressão em destaque:

a) Não está apropriada a expressão, devendo ser alterada para:


e) Vou à Búzios das belas praias passar o feriado. deu a luz a uma linda indiazinha.

Exercício 40
b) Não está apropriada a expressão, devendo ser grafada da
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
seguinte forma: deu a luz à uma linda indiazinha.
A Lenda da Manioca (lenda dos índios Tupis)

c) Não está apropriada a expressão, sendo necessário alterar


1
A filha do cacique da tribo deu à luz uma linda indiazinha. A tribo
para: deu à luz a uma linda indiazinha.
espantou-se:
– Como é branquinha esta criança!
d) Está apropriada a expressão, devendo-se manter a oração
E era mesmo. Perto dos outros curumins da taba, parecia um
como está.
raiozinho de lua. Chamaram-na Mani. Mani era linda, silenciosa e
quieta. Comia pouco e pouco bebia. Os pais preocupavam-se. Exercício 41
– Vá brincar, Mani, dizia o pai. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
– Coma um pouco mais, dizia a mãe. Por trás da “boa aparência”: o racismo em números no
Mas a menina continuava quieta, cheia de sonhos na cabecinha. mercado.
Mani parecia esconder um mistério.
Uma bela manhã, não se levantou da rede. O pajé foi chamado. “Precisa-se de moça de boa aparência para auxiliar de dentista.
Deu ervas e bebidas à menina. Mas não atinava com o que tinha Rua Boa Vista, 11, primeiro andar.” 1O 2anúncio publicado no
Mani. Toda a tribo andava triste. Mas, deitada em sua rede, Mani
Estado de São Paulo, em junho de 1914, 3contém uma expressão
sorria, sem doença e sem dor.
de uso bastante comum até 2006, quando foi proibida por 4viés
E, sorrindo, Mani morreu. Os pais a enterraram dentro da própria
oca. E regavam sua cova todos os dias, como era costume entre discriminatório. Para 70% dos brasileiros, 5“boa aparência” não é
os índios Tupis. Regavam com lágrimas de saudade. apenas um código para cabelos lisos e pele clara, é um sintoma

Um dia, perceberam que do túmulo de Mani rompia uma da discriminação racial ainda presente no 6país em que mais da
plantinha verde e viçosa. metade da população se autodeclara negra.
– Que planta será esta? Perguntaram, admirados. Ninguém a “Precisamos refletir sobre o significado da compreensão de que
conhecia. vivemos em um país racialmente harmônico, que ainda está
– É melhor deixá-la crescer, resolveram os índios. presente em nosso imaginário. Pela noção de democracia racial,
E continuaram a regar o brotinho mimoso. A planta desconhecida dizemos que o racismo não existe e, se a população negra vive
crescia depressa. Poucas luas se passaram e ela estava altinha, em desvantagem social, é porque não se esforçou o suficiente”,
com um caule forte, que até fazia a terra se rachar em torno. explica Giselle dos Anjos Santos, doutoranda em História Social
– A terra parece fendida, comentou a mãe de Mani. pela USP e consultora do Centro de Estudos das Relações de
– Vamos cavar? Trabalho e Desigualdades (CEERT), organização pioneira na
promoção da equidade racial e de gênero no mercado de trabalho d) a – à – à – as.
no Brasil.
Exercício 42
Na 7área de recrutamento e seleção por quase uma década, a ex-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
recrutadora Marion Caruso vivenciou de perto as 8inconsistências
O texto abaixo serve como base para a(s) questão(ões) a seguir.
entre discurso e prática relacionadas __1__ aceitação racial dentro
do mercado de trabalho. “Me pediam que não enviasse pessoas Pedrinho, na varanda, lia um jornal. De repente parou e disse à
negras para as vagas porque tinham ‘cara de empregadinha’”. Emília, que andava rondando por ali:
Com demandas como __2__ que Marion recebia, não é difícil – Vá perguntar à vovó o que quer dizer folk-lore.
imaginar por que a expectativa de que o Brasil alcance __3__
– Vá? Dobre a sua língua. Eu só faço coisas quando me pedem
igualdade racial no mercado de trabalho é de 150 anos, 9segundo por favor. — Pedrinho, que estava com preguiça de levantar-se,
uma pesquisa realizada pelo Instituto Ethos em 2016. cedeu à exigência da ex-boneca.
Os números não param de alarmar. 10Ainda de acordo com o – 1Emilinha do coração — disse ele —, faça-me o maravilhoso
Ethos, embora 54% da população brasileira seja negra, eles favor de ir perguntar à vovó que coisa significa a palavra folk-lore,
ocupam apenas 5% dos cargos de liderança nas maiores sim, teteia? — Emília foi e voltou com a resposta.
empresas do país. Quando se fala em mulheres pretas e pardas – Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer
em altos cargos de chefia, esse índice chega a menos de 1%. O dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe
espaço para homens e mulheres negros vai se 11afunilando por boca, de um contar para o outro, de pais a filhos.
conforme os cargos vão ficando cada vez mais altos: na base da Os contos, as histórias, as anedotas, as superstições, as
pirâmide 12corporativa, os aprendizes negros chegam a bobagens, a sabedoria popular etc. e tal. Por que pergunta isso,
ultrapassar os brancos. Pedrinho?
Giselle explica que, ao longo da história, a sociedade brasileira se O menino calou-se. Estava pensativo, com os olhos lá longe.
construiu nas bases do racismo. Daí a desigualdade e falta de Depois disse: — Uma ideia que eu tive. 2Tia Nastácia é o povo.
oportunidades. “Todos os indicadores sociais refletem __4__ Tudo que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve
desigualdades colocadas”, explica a estudiosa. A mulher negra saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o
tem 50% mais chances de estar desempregada do que qualquer leite do folclore que há nela.
outro grupo da nossa sociedade. 13É fundamental que pensemos Emília arregalou os olhos. – Não está má a ideia, não, Pedrinho!
3
em ações afirmativas que venham no sentido de superar as Às vezes, a gente tem uma coisa muito interessante em casa e
desigualdades históricas.” nem percebe.
Mesmo que o número de estudantes negros nas universidades
federais tenha triplicado na última década, garantindo a Fonte: do livro Histórias de Tia Nastácia. São Paulo: Globo, 2009.
qualificação necessária para as vagas, a consultora e
pesquisadora alerta que as barreiras começam muito antes do
14recrutamento. “Existe uma lógica de rede de informação e (S1 - ifce 2020) A expressão “às vezes” (referência 3) contida no
contato. Quando perguntados nos censos desenvolvidos pelo texto apresenta o fenômeno da crase
CEERT em diferentes instituições como ficaram sabendo de a) uma vez que é uma locução coordenada explicativa.
determinada vaga, os profissionais brancos respondem que
souberam por parentes e amigos. 15A realidade é diferente para b) visto que é uma locução adverbial deslocada.
pessoas negras, cujos familiares geralmente trabalharam a vida
toda no setor informal.” [...] c) por tratar-se de uma expressão adverbial feminina.

Publicado em 23/08/19, por Nayara Fernandes, no portal de d) pois é um elemento coesivo que inicia a frase.
notícias R7. Disponível em: <https://noticias.r7.com/economia/por-
tras-da-boa-aparencia-o-racismo-em-numeros-no-mercado- e) tendo em vista que é uma locução verbal.
23082019>. Acesso em: 25 ago. 2019 (Texto adaptado para fins
didáticos). Exercício 43
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Precisamos falar sobre fake news
(G1 - ifsul 2020) Nas lacunas 1, 2, 3 e 4, o correto
preenchimento deve ser realizado, respectivamente, por meio da Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no
sequência presente em mundo, faz uso frequente do celular. É com ele que, conversando
por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade
a) à – a – à – as.
dos netos e netas.
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de
pessoas, o celular pode ser também uma fonte de engano. De vez
b) a – à – à – às. em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no
seu WhatsApp, me envia uma ou outra mensagem contendo uma
c) à – a – a – as. fake news. A última foi sobre um suposto problema com a vacina
da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez
desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não (G1 - col. naval 2020) Assinale a opção em que o acento
nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os chamados indicativo de crase foi corretamente empregado.
migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo
a) As novas tecnologias têm gerado muito estranhamento à
estranhamento (e até constrangimento), embora nos fascine e
pessoas que não nasceram na era digital.
facilite a vida.
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para
b) As notícias falsas começam à chegar rapidamente através da
essas mudanças que revolucionaram a comunicação. Pior: é difícil
internet, do WhatsApp e das redes sociais.
destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias
c) O problema das fake news é um assunto sério e alarmante
falsas na internet, publicado ano passado na revista "Science", foi
relativo à toda a sociedade contemporânea.
realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na
sigla em inglês), dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias
d) Em relação as notícias falsas, devemos procurar iniciativas que
falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
nos levem à uma solução imediata.
alcançam muito mais gente.
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas,
e) Textos alarmistas e sensacionalistas ganham destaque à
polêmicos, sensacionalistas, com destaque para notícias atreladas
medida que vão sendo compartilhados.
a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre
tudo. Até pouco tempo atrás, a imprensa era a detentora do que Exercício 44
chamamos de produção de notícias. E os fatos obedeciam, a (Eear 2019) Assinale a alternativa que completa, correta e
critérios de apuração e checagem. respectivamente, as lacunas do período seguinte:
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença,
quase que religiosa, junto a mensagens das quais não Mineradora paga multa milionária de um bilhão de reais
Identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em
redes sociais. Confia-se a ponto de compartilhar, sem questionar. A tristeza dos pescadores do Rio Doce refere-se ___ desgraça
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que que ocorreu no local em novembro de 2015. ___ empresa
mostram que notícias e seus enquadramentos influenciam responsável foi aplicada ___ multa. No entanto, esta não foi
opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das suficiente para devolver ___ natureza o equilíbrio ambiental
notícias falsas tem criado versões alternativas do mundo, da aniquilado. Pouco ___ pouco esses pescadores tentam encontrar
História, das Ciências "ao gosto do cliente", como dizem por aí. alternativa sustentável.
Os problemas gerados estão em todos os campos. No
a) à – À – a – à – a
âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que deixam de vacinar
seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública
b) à – A – a – à – a
de impacto mundial. E passa por jovens vítimas de violência
virtual e física.
c) a – À – a – à – a
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais
fecham portas, profissionais perdem suas reputações e produtos
d) à – A – à – a – à
são desacreditados como resultado de uma foto
descontextualizada, uma Imagem alterada ou uma legenda falsa. Exercício 45
A democracia também se fragiliza. O processo democrático (Espcex (Aman) 2019) Assinale a alternativa correta, quanto ao
corre o risco de ter sua força e credibilidade afetadas por boatos. emprego do acento grave
Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas
iniciativas fragmentadas já sinalizam que ela está em risco. a) As nações juntam-se a Assembleia da ONU, para eliminarem
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve progressivamente os problemas de gestão do serviço.
ser entendido para encontrarmos um caminho seguro de
convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse b) A Secretaria de Saneamento e as Conferências das Cidades
sentido, que precisam ser amplamente debatidas, com a foram criadas com vistas à diminuir as desigualdades de acesso a
participação de especialistas e representantes da sociedade civil. esse serviço.
O problema das fake news certamente passa pelo domínio
das novas tecnologias, com instrumentos de combate ao crime, c) Pode-se caminhar alguns passos no sentido de garantir que a
mas, também, pela pedagogia do esclarecimento. essa tarefa alinhe-se a participação social.
O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o
antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias falsas d) A gestão dos serviços deve ser acrescentada uma visão de
saneamento básico como direito à cidadania.
em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a
utilização de qualquer tipo de controle que não seja democrático.
e) O marco legal estabelece que a prestação dos serviços tem
como foco à garantia do cumprimento das metas.
D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
Exercício 46 comprometer a classificação morfológica, o sentido e a coerência,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: no texto.
– Mas que ossos tão 1miudinhos! São de criança? IV. Nas estruturas “é raro à beça” (ref. 2) e “Café das sete às nove”
– Ele disse que eram de adulto. De um anão. (ref. 7) o sinal gráfico da crase somente é obrigatório na segunda
– De um anão? É mesmo, a gente vê que já estão formados... Mas estrutura, por se tratar de hora determinada, e na primeira
estrutura o emprego é optativo.
que maravilha, 2é raro à beça esqueleto de anão. E tão limpo,
V. Na oração “Não deixem a porta aberta senão meu gato foge”
olha aí – admirou-se ela. Trouxe na ponta dos dedos 3um
(ref. 9) a palavra em destaque pode ser substituída por se não,
pequeno crânio de uma 3brancura de cal. – Tão perfeito, todos os pois ambas têm a mesma acepção que contrário, logo não há
4dentinhos!
alteração semântica.
– Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode ficar com
ele. O banheiro é aqui do lado, 5só vocês é que vão usar, tenho o Assinale a alternativa correta.
6 7
meu lá embaixo. Banho quente, extra. Telefone, também. Café a) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
das sete às nove, deixo a mesa posta na cozinha coma garrafa
térmica, fechem bem a garrafa – recomendou coçando a cabeça. A b) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
peruca se deslocou ligeiramente. 8Soltou uma baforada final: – c) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
9Não deixem a porta aberta senão meu gato foge. d) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
Ficamos nos olhando e rindo enquanto ouvíamos o barulho de e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
seus chinelos de salto na escada. E a tosse encatarrada.
Exercício 47
Esvaziei a mala, dependurei a blusa 10amarrotada num cabide
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que enfiei num vão da veneziana, prendi na parede, com durex,
Rap: uma linguagem dos guetos
uma gravura de Grassmann e 11sentei meu urso de pelúcia em
cima do travesseiro. Fiquei vendo minha prima subir na cadeira, Entre as vozes que se cruzam na cacofonia urbana da sociedade
12desatarraxar 13a lâmpada 14fraquíssima que pendia de um fio
globalizada, há uma que se sobressai pela sua radicalidade
solitário no meio do teto e no lugar atarraxar uma lâmpada de marginal: o rap. A moderna tradição negra dos guetos norte-
duzentas velas que tirou da sacola. 15O quarto ficou mais alegre. americanos é, hoje, cantada pelos jovens das periferias de todos
Em compensação, agora a gente podia ver que a roupa de cama os quadrantes do globo. Mas diferentemente das estereotipias
não era tão alva assim, alva era a pequena tíbia que ela tirou de produzidas pela nação hegemônica e difundidas em escala
dentro do 16caixotinho. Examinou-a. Tirou uma vértebra 17e planetária, a cultura hip-hop costuma ser assimilada como uma
olhou pelo buraco tão reduzido como o aro de um anel. Guardou- fala histórica essencialmente crítica por uma juventude com tão
as com a delicadeza com que se amontoam os ovos numa caixa. escassas vias de fuga ao sempre igual. Quando, por exemplo,
jovens de uma favela brasileira incorporam esta linguagem
– Um anão. 18Raríssimo, entende? E acho que não falta nenhum
tornada universal, por mais que a sua realidade seja diferente
ossinho, vou trazer as ligaduras, quero ver se no fim de semana
daquela dos marginalizados do país de origem, a forma
começo a montar ele.
permanece associada a um conteúdo crítico – uma visão de
mundo subalterna e frequentemente subversiva.
TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos | Lygia Fagundes
1O rap é hoje uma forma de expressão comunitária, por meio da
Telles, seleção de Eduardo Portella. – [13 ed.] – São Paulo:
Global, 2015, p.123. qual se comunicam e afirmam sua identidade habitantes dos
morros e comunidades populares. /.../
O surgimento do movimento hip-hop nos remete ao contexto no
(Udesc 2019) Analise as proposições em relação à obra qual estavam inseridos os Estados Unidos dos anos 60 e 70, no
Melhores contos, Lygia Fagundes Telles, ao conto “As formigas” e auge da Guerra Fria. Foram anos de tensão e muita agitação
ao trecho apresentado. política. 2O descontentamento popular com a guerra do Vietnã
somava-se à pressão das comunidades negras segregadas,
I. Embora a autora se enquadre no período pós-moderno ou 3
submetidas a leis similares às do apartheid sul-africano. O clima
contemporâneo, o conto possui uma linguagem simbólica, que de revolta e inconformismo tomava conta dos guetos negros.
comprova a exuberância da narrativa pela fusão de imagens /.../
(descrições) auditivas, olfativas e visuais, constituindo uma Na trilha da agitação política ocorriam inovações culturais. Nos
característica da escola simbolista – sinestesia. guetos, o que se ouvia era o soul, que foi importante para a
II. A descrição caricata da dona da pensão, a presença do animal organização e conscientização daquela população. /.../ No mesmo
de estimação – um gato, o codinome que ela recebe – bruxa, são período surge uma variedade de outros ritmos, como o funk,
elementos que causam estranheza e cotizam-se para a atmosfera marcados por pancadas poderosas que causavam estranhamento
do fantástico, do sobrenatural. aos brancos, letras que invocavam a valorização da cultura negra
III. No período “e olhou pelo buraco tão reduzido como o aro de e 4denunciavam as condições às quais eram submetidas as
um anel” (ref. 17) a palavra destacada, e que estabelece a relação populações dos guetos. O soul e o funk foram as bases musicais
de comparação, pode ser substituída por tal qual, sem que permitiram o surgimento do rap, que virá a ser um dos
elementos do movimento hip-hop.
5Por essa época ou um pouco antes, jovens negros já dançavam que eram submetidas as populações dos guetos.
[o break] nas ruas ao som do soul e do funk de uma forma
Exercício 48
inovadora, executando passos que lembravam ao mesmo tempo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
uma luta e os movimentos de um robô. /.../
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Finalmente, 6além da música e da dança, propagava-se pelos
guetos, ainda, o hábito de desenhar e escrever em muros e
COMO A DESIGUALDADE PODE ESTAR IMPULSIONANDO AS
paredes. /.../ Nesse contexto de efervescência político-cultural,
SELFIES SENSUAIS
grafiteiros, breakers e rappers começaram a se reunir para realizar
O que está por trás do fenômeno da selfie sexy? A obsessão
eventos juntos, 7afinal suas artes estavam relacionadas a uma online que vivemos hoje tem sido vinculada à vaidade e até à
experiência comum, a 8cultura de rua. /.../ opressão de gênero. Mas esse poderia ser também um
9Por volta de 1982, o rap chegou ao Brasil, fixando-se, comportamento guiado pela economia
sobretudo, em São Paulo. /.../
Nos últimos anos da década de 90, o rap brasileiro ultrapassou os Uma imagem vale mais que mil palavras. Da mesma forma,
limites da periferia dos grandes centros e chegou à classe média. parece que há mais por trás das selfies do que pode parecer à
primeira vista. A obsessão online que vivemos hoje tem sido
/.../ 10O rap de caráter mais comercial passou então a ser
vinculada à vaidade e até à opressão de gênero. Mas poderia ser
amplamente difundido pelo país, ao mesmo tempo em que, em
também um comportamento guiado pela economia?
sua forma marginal, a linguagem continuava a se desenvolver nos
Asma Elbadawi é uma artista visual de origem inglesa e
espaços populares.
sudanesa. Ela acha que o capitalismo moderno impulsiona as
Há que se destacar o caráter inovador do rap nacional, que
mulheres a se fotografarem como objetos de desejo.
reelabora, de forma criadora, a partir de tradições populares
Recentemente, ela postou uma selfie no Instagram com desenhos
brasileiras, a linguagem dos guetos norte-americanos, mesclando
no rosto, lembrando as marcas feitas em pacientes antes de uma
o ritmo do Bronx a gêneros como o samba e a embolada.
/.../ cirurgia plástica. Elbadawi, ativista reconhecida pelo
Não se trata, no entanto, de idealizar o hip-hop como forma de empoderamento de jovens muçulmanas, afirma que sua intenção
era usar a linguagem de cartazes publicitários, criando uma
conhecimento. 11O movimento, seguramente, não é homogêneo:
mensagem irônica.
possui tendências mais ou menos politizadas, mais ou menos
O trabalho de Elbadawi levanta uma questão interessante.
engajadas e críticas. Há, por assim dizer, uma vertente cuja tônica
Conquistas femininas possibilitaram às mulheres denunciarem
é a denúncia, a agitação e o protesto. Outra, espontânea, sem
tudo que as objetifica, desde a cantada na rua até a cultura
uma linha política coerente e definida. 12E outra ainda, talvez
machista do teste de fidelidade de programas de auditório.
hegemônica, já assimilada pelo mercado, que reproduz o modelo Apesar disso, a disseminação das redes sociais faz com que
de comportamento, aspirações e ideais dominantes (consumismo, sejamos bombardeados com imagens sexualizadas de mulheres.
individualismo e exaltação da vida privada), como a maioria das Por quê?
canções ditas "de massa". Khandis Blake, psicóloga na Universidade de New South Wales,
em Sydney, pesquisa o que a sexualização das mulheres pode
(COUTINHO, Eduardo Granja, ARAÚJO, Marianna. Rap: uma nos dizer sobre as sociedades. Segundo ela, as selfies são
linguagem dos guetos. In: PAIVA, Raquel, TUZZO, Simone geralmente tiradas como um sinal de discriminação de gênero. Ou
Antoniaci (Orgs.). Comunidade, mídia e cidade: possibilidades seja, as mulheres tiram selfies porque elas sentem que precisam
comunitárias na cidade hoje. Goiânia: FIC/UFG, 2014.) parecer atraentes para os homens.
Mas, além disso, a última pesquisa de Blake encontrou um
aspecto econômico. O resultado é que o fenômeno da selfie sexy
(G1 - epcar (Cpcar) 2019) Assinale a alternativa em que a é mais prevalente em países educados e desenvolvidos, afirma
reescrita proposta NÃO está de acordo com a norma padrão da Blake. "São as mesmas sociedades que passaram décadas
Língua Portuguesa. lutando contra a objetificação sexual de mulheres e garotas - e
a) “O rap é hoje uma forma de expressão comunitária, por meio que estão fazendo com que homens poderosos expliquem seu
da qual se comunicam...” (ref. 1) O rap é hoje uma forma de comportamento em relação a mulheres".
expressão comunitária, com à qual se comunicam. Para entender essa aparente contradição, a equipe da psicóloga
avaliou indicadores econômicos e de gênero nesses países e
b) “O descontentamento popular com a guerra do Vietnã somava- descobriu que as mulheres são mais propensas a investir tempo e
se à pressão das comunidades negras...” (ref. 2 - Ao esforço em tirar e postar selfies sexy em países onde a
descontentamento popular com a guerra do Vietnã somava-se a desigualdade econômica está subindo.
pressão das comunidades negras. Isso explicaria, segundo ela, por que os Estados Unidos, Reino
Unido e Cingapura - onde a desigualdade de renda está
c) “...submetidas a leis similares às do apartheid...” (ref. 3) aumentando - estão entre os países mais viciados em selfies,
- ...submetidas a leis similares àquelas do apartheid. juntamente com um conjunto de países menos desenvolvidos
mas muito desiguais - como Brasil, México e Colômbia.
d) “...denunciavam as condições às quais eram submetidas as
populações dos guetos.” (ref. 4) - denunciavam as condições a
UCHOA, P. #Instaperfect: como a desigualdade pode estar não seria de surpreender que a atual repreendesse a fera por sua
impulsionando as selfies sensuais. Disponível em: atitude sexista quando a abordasse no bosque. A força do conto,
<https://www.bbc.com/portuguese/geral-45416858>. Acesso em: no entanto, está no fato de que ele fala por meio de uma
25 set. 2018 (adaptado). linguagem simbólica e nos convida a explorar a escuridão do
mundo, a cartografia dos medos, tanto ancestrais como íntimos.
Por isso ele desafia todos nós, incluindo os adultos. [...]
(G1 - ifpe 2019) A propósito do uso do acento grave indicativo A poetisa Wislawa Szymborska falou sobre um amigo escritor
de crase no texto, avalie as análises abaixo. que propôs a algumas editoras uma peça infantil protagonizada
por uma bruxa. As editoras rejeitaram a ideia. Motivo? É proibido
I. A expressão “à primeira vista” (1º parágrafo), recebe o acento assustar as crianças. A ganhadora do prêmio Nobel, admiradora
grave por causa da regência do verbo “parecer”, que exige de Andersen – cuja coragem se destacava por ter criado finais
complemento com a preposição “a”. tristes –, ressalta a importância de se assustar, porque as crianças
II. Em “A obsessão online que vivemos hoje tem sido vinculada à sentem uma necessidade natural de viver grandes emoções: “A
vaidade” (1º parágrafo), o uso do acento grave indica a contração figura que aparece [em seus contos] com mais frequência é a
da preposição “a” exigida pela locução “tem sido vinculada” e o morte, um personagem implacável que penetra no âmago da
artigo “a”, determinante do substantivo “vaidade”. felicidade e arranca o melhor, o mais amado. Andersen tratava as
III. Na expressão “até à opressão de gênero” (1º parágrafo), o uso crianças com seriedade. Não lhes falava apenas da alegre
do acento grave é facultativo, pois “até” já cumpre a função de aventura que é a vida, mas também dos infortúnios, das tristezas
preposição. e de suas nem sempre merecidas calamidades”. C. S. Lewis dizia
IV. No trecho “Conquistas femininas possibilitaram às mulheres que fazer as crianças acreditar que vivem em um mundo sem
denunciarem tudo que as objetifica” (3º parágrafo), o uso do violência, morte ou covardia só daria asas ao escapismo, no
acento grave é obrigatório para indicar a junção da preposição sentido negativo da palavra.
exigida pelo verbo “possibilitar” com o artigo “as”, que antecede o Depois de passar dois anos mergulhado em relatos compilados
substantivo “mulheres”. durante dois séculos, Italo Calvino selecionou e editou os 200
V. Em “descobriu que as mulheres são mais propensas a investir” melhores contos da tradição popular italiana. Após essa
(6º parágrafo), o uso do acento grave diante do substantivo investigação literária, sentenciou: “Le fiabe sono vere [os contos
“mulheres” é facultativo, pois a conjunção “que” já cumpre a de fadas são verdadeiros]”. O autor de O Barão nas Árvores tinha
função de preposição. confirmado sua intuição de que os contos, em sua “infinita
variedade e infinita repetição”, não só encapsulam os mitos
Estão CORRETAS, apenas, as proposições duradouros de uma cultura, como também “contêm uma
explicação geral do mundo, onde cabe todo o mal e todo o bem, e
a) I, III e V.
onde sempre se encontra o caminho para romper os mais terríveis
feitiços”. Com sua extrema concisão, os contos de fadas nos falam
do medo, da pobreza, da desigualdade, da inveja, da crueldade,
b) I, II e III.
da avareza... Por isso são verdadeiros. Os animais falantes e as
fadas madrinhas não procuram confortar as crianças, e sim dotá-
c) II, III e IV.
las de ferramentas para viver, em vez de incutir rígidos patrões de
conduta, e estimular seu raciocínio moral. Se eliminarmos as
d) II, IV e V.
partes escuras e incômodas, os contos de fadas deixarão de ser
essas surpreendentes árvores sonoras que crescem na memória
e) I, IV e V.
humana, como definiu o poeta Robert Bly.
Exercício 49
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Marta Rebón. Disponível em:
O texto a seguir é referência para a(s) questão(ões) a seguir. <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/18/eps/1537265048_460929.h

Era uma vez um lobo vegano que não engolia a vovozinha, três
porquinhos que se dedicavam _____ especulação imobiliária e (Ufpr 2019) Assinale a alternativa que preenche corretamente as
uma estilista chamada Gretel que trabalhava de garçonete em lacunas do primeiro parágrafo, na ordem em que aparecem no
Berlim. Não deveria nos surpreender que os contos tradicionais se texto:
adaptem aos tempos. Eles foram submetidos _____ alterações no a) a – a – à – às.
processo de transmissão, oral ou escrita, ao longo dos séculos
para adaptá-los aos gostos de cada momento. Vejamos, por b) à – à – a – as.
exemplo, Chapeuzinho Vermelho. Em 1697 – quando a história foi
colocada no papel –, Charles Perrault acrescentou _____ ela uma
c) à – a – a – às.
moral, com o objetivo de alertar as meninas quanto _____
intenções perversas dos desconhecidos.
d) a – à – à – as.
Pouco mais de um século depois, os irmãos Grimm abrandaram o
enredo do conto e o coroaram com um final feliz. Se a
e) à – à – à – as.
Chapeuzinho Vermelho do século XVII era devorada pelo lobo,
Exercício 50
(G1 - ifsul 2018) Em qual trecho a substituição proposta gera Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto
erro no que diz respeito ao emprego do acento grave? Alegre: L&PM, 2001.

a) Passei dois anos escrevendo o livro que acabo de terminar. /


Passei dois anos escrevendo a história que acabo de terminar.
(Ufrgs 2018) Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas 1, 2 e 3, nessa ordem.

b) ... sou capaz de escrever no meio daqueles idiotas que xingam a) à – À – às


as secretárias pelo celular... / Sou capaz de escrever no meio
daqueles idiotas que humilham as secretárias pelo celular. b) a – A – às

c) ... escrevi uma coluna como está sentado na primeira fila, ao c) à – A – às


lado de um bebê com dor de ouvido... / Escrevi uma coluna como
está sentado na primeira fila, a esquerda de um bebê com dor de d) a – À – as
ouvido.
e) à – A – as
d) Foi tão grande o prazer de contar aquelas histórias... / Foi tão
Exercício 52
grande o prazer de referir-me àquelas histórias.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Exercício 51 A arqueologia não pode ser 1desvencilhada de seu caráter
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: aventureiro e romântico, 2cuja melhor imagem talvez seja, desde
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo. 3há alguns anos, as saborosas aventuras do arqueólogo Indiana

1– Temos sorte de viver no Brasil – dizia meu pai, depois da Jones. Pois bem, quando do 4auge do sucesso de Indiana Jones, o
arqueólogo brasileiro Paulo Zanettini escreveu um artigo no
guerra. – Na Europa 2mataram 3milhões de judeus. Jornal da Tarde, de São Paulo, intitulado “Indiana Jones deve
Contava as 4experiências que 5os médicos nazistas faziam com os morrer!”. Para ele, assim como para outros arqueólogos
prisioneiros. Decepavam-lhes as cabeças, faziam-nas encolher – à
profissionais, envolvidos com um trabalho 5árduo, sério e distante
6
maneira, li depois, dos índios Jivaros. Amputavam pernas e das 6peripécias das telas, essa imagem aventureira é incômoda.
braços. Realizavam estranhos transplantes: uniam a metade
O fato é que o arqueólogo, 7à diferença do historiador, do
superior de um homem _____1_____ metade inferior de uma
geógrafo ou de outros estudiosos, possui uma imagem muito
mulher, ou aos quartos traseiros de um bode. 7Felizmente mais atraente, inspiradora não só de filmes, mas também de
8morriam 9essas atrozes quimeras; 10expiravam como seres
romances e livros os mais variados.
humanos, não eram obrigadas a viver como aberrações.
Bem, para usar uma expressão de Eça de Queiroz, 8“sob o manto
(_____2_____ essa altura eu tinha os olhos cheios de lágrimas. 9
diáfano da fantasia” escondem-se as histórias reais que
Meu pai pensava 11que a descrição das maldades nazistas me
fundamentaram 10tais percepções. 11A arqueologia surgiu no
deixava comovido.)
12bojo do Imperialismo do século XIX, como um subproduto da
12
Em 1948 13foi proclamado 14o Estado de Israel. Meu pai abriu
expansão das potências coloniais europeias e dos Estados
uma garrafa de vinho – o melhor vinho do armazém –, brindamos
Unidos, que procuravam enriquecer explorando outros territórios.
ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio,
Alguns dos primeiros arqueólogos de fato foram aventureiros,
acompanhando _____3_____ notícias da guerra no Oriente Médio.
responsáveis, e não em pequena medida, pela fama que se
Meu pai estava entusiasmado com o novo Estado: em Israel,
propagou em torno da profissão.
explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da
Europa, judeus pretos da África, judeus da Índia, isto sem falar
Adaptado de Pedro Paulo Funari, Arqueologia
nos beduínos com seus camelos: tipos muito esquisitos, Guedali.
Tipos esquisitos – aquilo me dava ideias. Por que não ir para
Israel? 15Num país de gente tão estranha – e, 16ainda por cima,
(Mackenzie 2018) Assinale a alternativa correta.
em guerra – eu certamente não chamaria a atenção. Ainda menos
como combatente, entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me a) O pronome relativo cuja (ref. 2) refere-se à palavra
via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando um arqueologia, denotando sentido de possessividade.
revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo, b) Em há alguns anos (ref. 3) a forma verbal também pode ser
17 escrita sem a letra h inicial.
varado de balas. 18Aquela, sim, era a 19morte que eu almejava,
c) Pelas novas regras de ortografia, a palavra auge (ref. 4)
morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável,
também pode ser escrita na forma “auje”.
de monstro 20encurralado. E, caso não morresse, poderia viver
d) É opcional o emprego do acento indicador de crase em à
depois num kibutz . Eu, que conhecia tão bem a vida numa
diferença (ref. 7).
fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os
membros do kibutz terminariam por me aceitar; numa nova
sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo.
e) A expressão tais percepções (ref. 10) refere-se às imagens
descritas em romances de Eça de Queiroz. Não ganhava mesada, nem ajuda de custo na infância. Eu
me virava como dava. Recebia casa, comida e roupa lavada e não
Exercício 53
havia como miar, latir e __________ mais nada aos pais, só
(G1 - ifsul 2017) Quanto às regras de uso da crase, qual a única
agradecer.
frase correta em seu emprego?
As minhas fontes de renda eram praticamente duas:
a) Fiquem atentas à homens dominadores. procurar dinheiro nas bolsas vazias da mãe, torcendo para que
deixasse alguma nota na pressa da troca dos acessórios, ou catar
b) Preciso estar pronta até às 13h, senão perderei o voo e todas moedas nas ruas e nos bueiros.
as conexões. A modalidade de caça a dinheiro perdido exigia disciplina e
profissionalismo. Saía de casa pelas 13h e caminhava por duas
c) As mulheres discutiram cara a cara acerca da melhor forma de horas, com a cabeça apontada ao meio-fio como pedra em
obedecer as leis. estilingue. Varria a poeira com os pés e cortava o mato com
canivete. Fui voluntário remoto do Departamento Municipal de
d) O endereço correto é daqui à duas quadras, à esquerda da Limpeza Urbana.
avenida principal. Gastava o meu Kichute em vinte quadras, do bairro
Petrópolis ao centro. Voltava quando atingia a entrada do viaduto
Exercício 54 da Conceição e reiniciava a minha arqueologia monetária no outro
(Eear 2017) Assinale a alternativa em que o emprego do acento lado da rua.
grave, indicador de crase, está correto. Levava um saquinho para colher as moedas. Cada tarde
a) Peça desculpas à seu mestre. rendia o equivalente a três reais. Encontrar correntinhas, colares e
__________ salvava o dia. Poderia revender no mercado paralelo
b) Atribuiu o insucesso à má sorte. da escola. As meninas pagavam em jujubas, bolo inglês e
guaraná.
c) Quando a festa acabou, voltamos à casa felizes. Já o bueiro me socializava. Convidava com frequência o
Liquinho, vulgo Ricardo. Mais forte do que eu, ajudava a levantar
d) Daqui à quatro meses muita coisa terá mudado. a pesada e lacrada tampa de metal. Eu ficava com a
responsabilidade de descer __________ profundezas do lodo.
Exercício 55 Tirava toda a roupa – a mãe não perdoaria o petróleo do esgoto –
(G1 - ifsc 2017) Considerando o emprego do acento grave e pulava de cueca, apalpando às cegas o fundo com as mãos.
indicativo de crase, assinale (V) para as frases que estão de Esquecia a nojeira imaginando as recompensas. Repartia os
acordo com a norma padrão escrita da língua e (F) para aquelas lucros com os colegas que me acompanhavam nas expedições ao
que não estão. submundo de Porto Alegre. Lembro que compramos uma bola de
futebol com a arrecadação de duas semanas.
( ) Mesmo com muita chuva, Jean preferiu ir à pé. Espantoso o número de itens perdidos. Assim como os
( ) Às vezes, Ana recorria às recomendações da mãe. professores paravam no meu colégio, acreditava na greve dos
( ) Sempre sai para o trabalho às sete horas. objetos: moedas e anéis rolavam e cédulas voavam dos bolsos
( ) Guilherme foi à Itália, à Espanha e à Áustria. para protestar por melhores condições.
( ) Raquel foi à cidade enquanto o marido foi à praia. Sofria para me manter estável, pois nunca pedia dinheiro a
ninguém. Desde cedo, descobri que vadiar é também trabalhar
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA das duro.
respostas, de cima para baixo.
Disponível em: <
a) F – V – V – V – V.
http://carpinejar.blogspot.com.br/2016/06/achado-nao-e-
roubado.html > Acesso em: 22 jun. 2016.
b) V – V – F – V – F.

c) F – V – F – V – V.
(G1 - ifsul 2017) As palavras que completam, de maneira
d) V – F – F – F – F. correta, as lacunas no texto, de cima para baixo, são,
respectivamente,
e) F – F – V – V – V. a) reinvindicar – broxes – as.

Exercício 56
b) reinvindicar – broches – as.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto, do qual foram retiradas três palavras, e responda
c) reivindicar – broches – às.
à(s) questão(ões).

d) reivindicar – broxes – às.


ACHADO NÃO É ROUBADO
Fabrício Carpinejar Exercício 57
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir. Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir.

Devemos mudar nosso estilo de vida. É preciso um pacto entre Salve, lindo pendão1 da esperança,
gerações Salve, símbolo augusto2 da paz!
Tua nobre presença à lembrança
Os custos ligados ao desenvolvimento sustentável do planeta são A grandeza da pátria nos traz.
infinitamente menores do que qualquer nossa inércia. Hoje, a (trecho do Hino à Bandeira – letra de Olavo Bilac música de
dimensão e a velocidade da mudança climática desafiam Francisco Braga)
qualquer negacionismo: comentamos sobre a seca prolongada,
mas _____ algumas semanas estávamos _____ voltas com o gelo Glossário:
e antes disso com as chuvas aluviais. Alguns dizem que isso 1 Pendão – bandeira, flâmula
sempre aconteceu: não é verdade. A intensidade e a
2
agressividade dos fenômenos meteorológicos estão na cara de Augusto – nobre
todos. O clima extremo tem um impacto tangível na qualidade da
produção agrícola, portanto em nossa alimentação e em nossa
saúde e, portanto, nos números de nossa exportação que é (Eear 2019) No fragmento do texto “Tua nobre presença à
baseada na excelência do agronegócio. Antes que seja tarde lembrança A grandeza da pátria nos traz”, ocorre crase
demais, algo deve ser feito: no plano global, é claro, mas também a) por haver um verbo, embora posposto, que reclama a
mudando nossos estilos de vida insustentáveis. preposição “a”.
O comentário é de Andrea Segrè, agro-economista e professor
universitário em Bolonha, escreveu "Il gusto per le cose giuste. b) por conta da presença da preposição “traz” que reclama a
Lettera alla generazione Z” (O gosto para as coisas certas. Carta ocorrência de crase.
_____ geração Z" (Monadori), publicado por la Repubblica, 12-03-
2019. A tradução é de Luisa Rabolini. c) para evitar a ambiguidade gerada pela inversão dos versos,
Desde agosto do ano passado, Greta Thunberg nos lembra isso tratando-se de uso de acento diferencial.
com insistência, antes uma estudante solitária acampada em
frente ao parlamento sueco, agora líder do movimento Global d) para que o leitor reconheça o sujeito “à lembrança”, por meio
Climate Strike. Os jovens estão nos dando uma grande lição: nós do acento grave em seu adjunto adnominal “a”.
vivemos a crédito e deixaremos _____ eles um planeta no
vermelho. A dívida pública e a dívida ecológica são apostas feitas Exercício 59
jogando sobre o futuro daqueles que ainda não nasceram, e TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
apenas um pacto intergeracional pode mitigar esse futuro em Escrever é um ato 1não natural. 2A palavra falada é mais
queda livre. Respeitar os acordos internacionais sobre o clima é velha do que nossa espécie, e o instinto para a linguagem permite
apenas o primeiro passo: os resultados serão vistos em algumas que as crianças engatem em conversas articuladas anos antes de
gerações. Enquanto isso, devemos nos focar sobre a pesquisa e a entrar numa escola. 3Mas a palavra escrita é uma invenção
formação, mesmo na agricultura. Assistimos, na Itália, ao recente que não deixou marcas em nosso 4genoma e precisa ser
envelhecimento da classe dos agricultores - 41% têm mais de 65
adquirida 5mediante esforço ao longo da infância e depois.
anos, apenas 4% têm menos de 35 anos. A agricultura inteligente 6
A fala e a escrita diferem em seus mecanismos, 7é claro, e
pode nos ajudar contra a mudança climática com a tecnologia,
mas precisamos saber como usá-la. A pesquisa pode desenvolver essa é uma das razões pelas quais 8as crianças precisam lutar
a resistência das plantas, mas é necessário investir. com a escrita: reproduzir os sons da língua com um lápis ou com o
teclado 9requer prática. 10Mas a fala e a escrita diferem também
Disponível em: ˂http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/587390- de outra maneira, o que faz da aquisição da escrita um desafio
devemos-mudar-nosso-estilo-de-vida-e-preciso-um-pacto- para toda uma vida, mesmo depois que seu funcionamento foi
entre-geracoes˃ Acesso em: 25 ago. 2019. dominado. Falar e escrever envolvem tipos diferentes de
relacionamentos humanos, e somente o que 11diz respeito à fala
nos chega naturalmente. A conversação falada é 12instintiva
(G1 - ifsul 2020) Assinale a alternativa que completa porque a interação social é instintiva: falamos às pessoas “com
corretamente as lacunas acima quem temos diálogo”. Quando começamos um diálogo com
a) à, as, a, a nossos interlocutores, temos uma suposição do que já sabem e
do que poderiam estar interessados em aprender, e durante a
b) à, as, à, à conversa monitoramos seus olhares, expressões faciais e
atitudes. Se eles precisam de esclarecimentos, ou não conseguem
c) há, às, a, a aceitar uma afirmação, ou têm algo a acrescentar, podem
interromper ou replicar.
d) há, às, à, a Não gozamos dessa troca de feedbacks quando lançamos
ao vento um texto. Os destinatários são invisíveis e
Exercício 58
13imperscrutáveis, e temos que chegar até eles sem conhecê-los Felizmente a dor existirá sempre, a 10nossa velha amiga, nada a
bem ou sem ver suas reações. 14No momento em que suprimirá. E 11seríamos ingratos se 12desejássemos a supressão
escrevemos, o leitor existe somente em nossa imaginação. dela, não 13lhe parece? Veja como os nossos ricaços em geral são
Escrever é, antes de tudo, um ato de faz de conta. Temos de nos burros.
imaginar em algum tipo de conversa, ou correspondência, ou Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos
discurso, ou solilóquio, e colocar palavras na boca do pequeno trouxesse tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem desgostoso,
avatar que nos representa nesse mundo simulado. porque não nascemos para tal sensaboria. O meu desejo é que,
eliminados os ricos de qualquer modo e os sofrimentos causados
Adaptado de Steven Pinker, Guia de Escrita por eles, venham novos sofrimentos, 14pois sem isto não temos
arte.
E adeus,15 meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para
(Mackenzie 2018) Assinale a alternativa correta.
Maria.
a) É claro (ref. 7) é oração intercalada que tem como função
reafirmar o que se diz no período anterior. Graciliano

b) Alterar a posição do advérbio não (ref. 1) para o início do sensaboria: contratempo, monotonia
período manteria o mesmo sentido do que se encontra no texto
tal como está.
(Mackenzie 2018) Assinale a alternativa correta.
c) O conector mas (ref. 3) introduz período que semanticamente
a) A forma pronominal o (referência 3) refere-se ao substantivo
estabelece uma consequência em relação ao afirmado no período
trabalho, presente no período imediatamente posterior ao do
anterior.
emprego do pronome citado.

d) É opcional o emprego do acento indicador de crase em diz


b) O verbo dizem (referência 5) denota que se está diante de um
respeito à fala (ref. 11), de acordo com as regras do acordo
sujeito da ação indeterminado, sem uma referência precisa e
ortográfico mais recente.
relativo a comentários que eram familiares aos interlocutores da
carta.
e) O emprego da preposição em no trecho no momento em que
escrevemos (ref. 14) é opcional, pois ela pode ser omitida, sem
c) É opcional o uso do acento indicador da crase em a mim
que com isso se incorra em erro de uso da norma culta da língua
mesmo (referência 7), de acordo com as regras atuais de
escrita.
ortografia e acentuação.
Exercício 60
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: d) O referente do pronome isto (referência 8) é mencionado
Texto para a(s) questão(ões) a seguir. anteriormente ao uso da forma pronominal indicada.

Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor Cândido Portinari e) A forma pronominal lhe (referência 13) refere-se
anaforicamente ao substantivo dor, presente no início do
Rio – 18 – Fevereiro – 1946 parágrafo.
1
Caríssimo Portinari: Exercício 61
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A sua carta chegou muito atrasada, e receio que 2esta resposta já A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionadas ao texto abaixo.
não 3o ache 4fixando na tela a nossa pobre gente da roça. Não há
trabalho mais digno, penso eu. 5Dizem que somos pessimistas e Não faz muito que 1temos esta nova TV com controle remoto,
exibimos deformações; 6contudo as deformações e miséria 2
mas devo dizer que se trata agora de um instrumento sem 3o
existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram. qual eu não saberia viver. Passo os dias sentado na velha
O que às vezes pergunto 7a mim mesmo, com angústia, Portinari, poltrona, mudando de um canal para o outro – uma tarefa que
é 8isto: se elas desaparecessem, poderíamos continuar a antes exigia certa movimentação, 4mas que agora ficou muito
trabalhar? Desejamos realmente que elas desapareçam ou fácil. Estou num canal, não gosto – 5zap, mudo para outro. 6Eu
seremos também uns exploradores, tão perversos como os 7gostaria de ganhar em dólar num mês o número de vezes que
outros, quando expomos desgraças? Dos quadros que você você troca de canal em uma hora, diz minha mãe. 8Trata-se de
mostrou 9quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que
uma pretensão fantasiosa, 9mas pelo menos 10indica
mais me comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua 11disposição para o humor, admirável nessa mulher.
casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e
12Sofre minha mãe. Sempre 13sofreu14: infância carente, pai
sem miséria seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e
cruel, etc. Mas o seu sofrimento aumentou muito quando meu pai
feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que faríamos
a deixou. Já faz tempo; foi logo depois que eu nasci, e estou agora
cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.
com treze anos. Uma idade em que se vê muita televisão, e em e) à – a – à – à
que se muda de canal constantemente, ainda que minha mãe
Exercício 62
ache 15isso um absurdo. Da tela, uma moça sorridente pergunta
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
se o caro telespectador já conhece certo novo sabão em pó.
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
16
Não conheço nem quero conhecer, de modo que – 17zap –
mudo de canal. “Não me abandone, Mariana, não me AÇÚCAR, O NOVO CIGARRO
abandone18!”. Abandono, sim. Não tenho o menor 19remorso, e
agora é um desenho, que eu já vi duzentas vezes, e – 20zap – um 1. Há um setor que vende um produto que faz mal à saúde do
homem 21falando. Um homem, abraçado _____1_____ guitarra homem. Uma geração atrás, esse era o setor fumageiro, e o
elétrica, fala _____2_____ uma entrevistadora. É um roqueiro. É produto era o cigarro. Hoje, é o setor alimentício e o produto é o
meio velho, tem cabelos grisalhos, rugas, falta-lhe um dente. É o açúcar. O açúcar adicionado – não o açúcar natural que existe em
meu pai. frutas e legumes – está em tudo. Uma das maiores fontes são
bebidas como refrigerantes, energéticos e sucos, mas um passeio
É sobre mim que 22ele fala. Você tem um filho, não tem?,
pelo supermercado mostra que há açúcar adicionado a pães,
pergunta a apresentadora, e ele, meio 23constrangido – situação
iogurtes, sopas, vinhos, salsichas – na verdade, a quase todos os
pouco admissível para um roqueiro de verdade –, diz que sim, que
alimentos industrializados.
tem um filho só que não vê há muito tempo. Hesita um pouco e
2. Esse “açúcar invisível” recebe muitos nomes. Nos Estados
acrescenta: você sabe, eu tinha que fazer uma opção, era a família
Unidos e na Europa, por exemplo, o consumidor pode encontrar
ou o rock. A entrevistadora, porém, insiste (24é chata, ela): mas o
até 83 nomes diferentes para o açúcar adicionado. Sobre esse
seu filho gosta de rock25? Que você saiba, seu filho gosta de
assunto, Helen Bond, nutricionista da Associação Dietética
rock26? Britânica, diz: “É um marketing inteligente: palavras como ‘frutose’
Ele se mexe na cadeira; o microfone, preso _____3_____ fazem pensar que estamos reduzindo o açúcar adicionado, mas o
desbotada camisa, roça-27lhe o peito, produzindo um fato é que estamos polvilhando açúcar branco sobre a comida.”
desagradável e bem audível rascar. Sua angústia é Outros especialistas afirmam, ainda, que esse açúcar a mais é
compreensível; aí está, num programa local e de baixíssima completamente desnecessário, pois, ao contrário do que a
audiência – e ainda tem de passar pelo vexame de uma pergunta indústria alimentícia quer que acreditemos, o organismo não
que o embaraça e à qual não sabe responder. E então ele me precisa da energia de nenhum açúcar adicionado.
olha. 28Vocês dirão que não, que é para a câmera que ele olha; 3. No Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde,
aparentemente é isso; mas na realidade é a mim que ele olha, o açúcar adicionado representa da ingestão total de açúcar
sabe que, em algum lugar, diante de uma tevê, estou a fitar seu do brasileiro. Ainda segundo o Ministério, o excesso de açúcar na
rosto atormentado, as lágrimas me correndo pelo rosto; e no meu dieta é fator de risco para o desenvolvimento da obesidade,
olhar ele procura a resposta _____4_____ pergunta da embora o perigo para a saúde não seja só o desenvolvimento
apresentadora: você gosta de rock? Você gosta de mim? Você me desse mal: há indícios que ligam o açúcar a doenças hepáticas,
29 diabetes tipo 2, cardiopatias e cáries. Ainda assim, o setor de
perdoa? – mas aí comete um engano mortal : insensivelmente,
automaticamente, seus dedos começam a dedilhar as cordas da bebidas e alimentos continua a promover o açúcar, com muita
guitarra, é o vício do velho roqueiro. Seu rosto se ilumina e 30ele publicidade de seus produtos açucarados. Grandes quantias
vai dizer que sim, que seu filho ama o rock tanto quanto ele, mas também são empregadas para se opor à rotulagem mais explícita
dos produtos e combater o aumento da tributação de alimentos e
nesse momento – 31zap – aciono o controle remoto e ele some.
32Em seu lugar, uma bela e sorridente jovem que está – à exceção bebidas açucarados.
4. Os defensores da saúde pública levantam a ideia de que duas
do pequeno relógio que usa no pulso – nua, completamente nua.
abordagens bem-sucedidas na redução do hábito de fumar são
necessárias no combate ao consumo excessivo de açúcar: a
Adaptado de: SCLIAR, M. Zap. In: MORICONI, Í. (Org.) Os cem
educação do consumidor e a tributação. Em janeiro de 2014, o
melhores contos brasileiros.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 547-548. México criou um imposto de sobre bebidas açucaradas, e
sua venda caiu no primeiro ano. Na França, um imposto
sobre refrigerantes criado em 2012 resultou no declínio gradual
do consumo. A Noruega tributa alimentos e bebidas açucarados e
(Ufrgs 2017) Assinale a alternativa que preenche corretamente divulga informações há muitos anos, com bons resultados. Em
as lacunas 1, 2, 3 e 4, nesta ordem. março deste ano, o chanceler britânico George Osborne anunciou
a criação de um imposto sobre bebidas açucaradas a ser cobrado
a) à – a – à – a
de produtores e importadores de refrigerantes.
5. Embora tenha havido algum sucesso com a tributação, o setor
b) à – à – a – a
de alimentos e bebidas continua a fazer pressão contra informar
sobre o açúcar adicionado ao consumidor – mais uma vez,
c) a – à – a – à
exatamente como fizeram as empresas fumageiras ao
combaterem as tentativas do governo de pôr nas embalagens de
d) a – a – à – a
cigarros mensagens alertando para o perigo de fumar (medida
adotada também no Brasil). Na esteira das preocupações em A Educação tem resultados profundos e abrangentes no
relação ao açúcar, o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira desenvolvimento de uma sociedade: contribui para o crescimento
das Indústrias da Alimentação (ABIA) anunciaram recentemente econômico do país, para a promoção da igualdade e bem-estar
que estudam um acordo para reduzir a quantidade de açúcar nos social, e também tem impactos decisivos na vida de cada um. Um
alimentos processados, semelhante ao que é feito com o sal. A deles, por exemplo, é na própria renda do trabalhador. Uma
primeira etapa deve começar em 2017, com análise das principais análise feita __________ alguns anos pelo economista Marcelo
fontes de açúcar na dieta dos brasileiros. Neri mostrou que, a cada ano a mais de estudo, o brasileiro ganha
15% a mais de salário. Além disso, o estudo também mostrou
ECENGARGER, William. AIKINS, Mary S. Açúcar, o novo cigarro que quem completou o Ensino Fundamental tem 35% a mais de
(adaptado). Revista Seleções. chances de ocupação que um analfabeto. Esse número sobe para
Disponível em: <http://www.selecoes.com.br/acucar-o-novo- 122% na comparação com alguém que tenha o Ensino Médio e
cigarro>. Acesso: 01 out. 2016. 387% com Ensino Superior.
Diante disso, o direito do acesso 2à Educação é o ponto de
partida na formação de uma pessoa e, consequentemente, no
desenvolvimento e prosperidade de uma nação. 3Não obstante os
6. (G1 - ifpe 2017) Em relação ao uso do acento grave indicativo
avanços alcançados pelo Brasil nas duas últimas décadas4,
da crase, observe os termos destacados e analise as afirmativas a
5ainda 6há 7importantes desafios a superarmos no que tange
seguir.
esse direito. Se 8por um lado conseguimos universalizar o
I. Em “um produto que faz mal à saúde do homem (...)” (1º atendimento escolar no Ensino Fundamental, temos 9ainda, por
parágrafo), o acento grave foi bem empregado, pois há uma outro lado, 2,8 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora
palavra feminina determinada pelo artigo definido “a” e um outro da escola. Isso corresponde ______ um país do tamanho do
termo que exige a preposição “a”. Uruguai. O desafio, em termos de acesso, é a universalização da
II. No trecho “são empregadas para se opor à rotulagem mais Pré-Escola (crianças de 4 e 5 anos) e do Ensino Médio (jovens de
explícita (...)” (3º parágrafo), houve um equívoco no emprego do 15 a 17 anos).
acento grave, visto que não há indicação de crase pela utilização Há outro desafio em jogo10: o de como motivar 5,3
dos termos destacados. milhões de jovens de 18 a 25 anos que nem estudam e nem
III. Em “A Noruega tributa alimentos e bebidas açucarados e
trabalham, a chamada 11“geração nem-nem”, para trazê-12los de
divulga informações (...)” (4º parágrafo), o acento grave indicativo
volta __________ escola e, posteriormente, 13incluí-los no mundo
da crase deveria ter sido empregado pelo fato de “Noruega” ser
do trabalho. Isso é essencial para um país que passa por um
um substantivo próprio feminino.
IV. No fragmento “imposto sobre bebidas açucaradas a ser bônus demográfico que se completará, 14segundo os
cobrado de produtores e importadores (...)” (4º parágrafo), não foi especialistas, em 2025. O país, para seu crescimento econômico e
empregado o acento grave pelo fato de sua utilização antes de sua sustentabilidade, não poderá abrir mão de nenhum de seus
verbos ser facultativa. jovens.

V. Em “fazer pressão contra informar sobre o açúcar adicionado No Ensino Superior, o 15desafio não é menor. O Brasil
ao consumidor (...)” (5º parágrafo), se substituíssemos a tem apenas 17% de jovens de 18 a 24 anos matriculados nesse
expressão destacada por “as pessoas”, haveria a ocorrência da nível de ensino. Em conformidade com o Plano Nacional de
crase e o acento grave deveria ser empregado no vocábulo “as”. Educação (PNE), o país precisará dobrar esse percentual nos
próximos dez anos, ou seja, chegar __________ 33%. Para se ter
Estão CORRETAS apenas as afirmações constantes nos itens uma ideia da complexidade dessa meta, esse era o percentual
previsto no PNE que se concluiu em 2010. Isso exige – sem que
a) II e III.
haja perda de qualidade com essa expansão – que a educação
básica melhore significativamente, tanto em acesso como em
b) I e IV.
qualidade, tomando como referência os atuais índices de
aprendizagem escolar.
c) II e V.
O acesso 16à Educação é, 17portanto, ainda um desafio e,
caso seja efetivado com qualidade, poderá contribuir
d) III e IV.
decisivamente para que o país 18reduza o enorme hiato que
e) I e V. separa o seu desenvolvimento econômico, medido pelo seu
Produto Interno Bruto – PIB (o Brasil é o 7º PIB mundial) e o seu
Exercício 63 desenvolvimento social, medido pelo seu Índice de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Desenvolvimento Humano – IDH (o Brasil ocupa a 75ª posição no
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões). ranking mundial). Somente quando o país alinhar 19esses índices
nas melhores posições do ranking mundial, teremos de fato um
O acesso 1à Educação é o ponto de partida Brasil com menos desigualdade e menos pobreza. Para que isso
Mozart Neves aconteça, não se conhece nada melhor do que a Educação.
Disponível em: <http://istoe.com.br/o-acesso-educacao-e-o-
ponto-de-partida/>.
Acesso em: 20 mar. 2017)

(G1 - ifsul 2017) Para atender à norma culta, as lacunas do texto


devem ser preenchidas, respectivamente, com

a) a – há – à – a.

b) há – a – à – há.

c) à – há – a – à.

d) há – a – à – a.

Exercício 64
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.

“[...] Alguns leitores ao lerem estas frases (poesia citada) não


compreenderam logo. Creio mesmo que é impossível
compreender inteiramente à primeira leitura pensamentos assim
esquematizados sem uma certa prática.”
Mário de Andrade – Artista
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente,
as lacunas da tira.

(Esc. Naval 2017) Assinale a opção em que o termo destacado a) Por que – à – a – porquê
deve ser acentuado, conforme ocorre na expressão “à primeira
leitura”. b) Porquê – a – a – por que

a) Veio, finalmente, a primeira vitória de sua carreira.


c) Por que – à – à – porque

b) Conheceram-se numa biblioteca: foi amor a primeira vista.


d) Por quê – à – à – porque

c) Não será a primeira e nem a segunda leitura que o convencerá.


e) Por quê – a – a – porque

Exercício 66
d) Foi a primeira vez que viajei a Portugal, e já quero retornar. (Fatec 2016) Assinale a alternativa que apresenta o correto
emprego da crase.
e) Não peça informações a qualquer primeira pessoa que
encontrar.
a) Alguns atletas olímpicos irão à São Paulo fazer exames
Exercício 65 médicos periódicos.
(Unifesp 2016)
b) À um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, é impossível adquirir
alguns ingressos.

c) Nossos atletas, à partir dessa semana, serão submetidos a


novos treinamentos.

d) Nenhum atleta dessa delegação pode comer o que deseja o


tempo todo, à vontade.

e) A homenagem à João Carlos de Oliveira, o João do Pulo,


resgata a nossa história olímpica.

Exercício 67
(G1 - ifce 2016) Assinale a alternativa que exemplifica o uso
correto da crase.
a) O jantar desta noite será um delicioso filé à Chatô. estamos pasmos e sem saber o que fazer por que só pesa no
nosso bolso e a vergonha nem se fala.
b) Voltarei daqui à uma hora.
b) E importante esclarecer que somente a efetivação de
c) O fórum ocorrerá de 15 à 20 deste mês de janeiro. funcionários derivada da realização e admissão através de
concurso público possibilita a criação dos denominados planos de
d) Nosso curso começará à partir da próxima semana. cargos e salários e caracteriza uma carreira, subordinada ao
Estatuto dos Funcionários Públicos.
e) Irei à casa logo depois do treino.
c) Brad Pitt, constrói 109 casas para as vítimas do furacão katrina,
Exercício 68 louvável a atitude, a tragédia acorreu em Agosto de 2005, após
(Acafe 2016) Assinale a alternativa correta quanto ao acento dez anos, no País mais rico do mundo muitos vivem da caridade
indicador de crase. alheia!
a) Em tempos de doenças transmitidas à seres humanos pelo
mosquito Aedes aegypti, médicos de todo o país dirigem-se à d) É só pegar números de sindicalista liberados pelas estatais, só
Curitiba para estudar temas transversais relacionados a dengue, a eles já da uma grande passeata, exemplo disso é o sindicato dos
chikungunya e ao zika. eletrecitários onde tem um monte ganhando na mamata.

Exercício 71
b) Convém não confundir a habitação voltada a moradia própria,
(Acafe 2016) Assinale a frase elaborada de acordo com as
mesmo que irregular, com a ação de especuladores, que, às
normas do português padrão.
vezes, invadem às áreas de preservação permanente e vendem
até barracos prontos. a) Sinceramente, temos a expectativa de que os nossos
governantes passem a tratar com mais atenção as questões de
c) Temos que aprender à punir com o voto todos os corruptores, segurança e, assim, a população possa circular com mais
da direita a esquerda, ano a ano, independentemente da cor liberdade pelas ruas.
partidária.
b) De acordo com os estudos de mobilidade urbana, deveriam
d) Rosamaria recebeu do Juizado Militar a opção da liberdade haver outras alternativas de transporte para a população chegar a
vigiada e pôde sair da cadeia, embora a liberação tivesse fortes praia de Canasvieiras no verão.
limitações como proibição de deixar a cidade, de chegar a casa
após as 22h e de trabalhar. c) Consumindo todas as energias nos primeiros 100 metros e, por
isso, não alcançando o índice mínimo para participar da prova
Exercício 69 final.
(G1 - col. naval 2016) Assinale a opção na qual o acento
indicativo de crase foi corretamente empregado. d) Um estilete, uma faca, um porrete, um pedaço de ferro é uma
a) A leitura deve ser um prazer, mas muitos usam um tom irônico arma que pode machucar a alguém com isso, ou mesmo matá-la.
quando se referem à ela.

Exercício 72
b) Às pessoas que leem cabe o papel de ver o mundo de modo
(G1 - cotil 2019) Observe os trechos abaixo e escolha aquele
claro, especial e lúcido, independentemente de classe social.
que mais se aproximar do padrão formal da norma culta,
considerando os aspectos gramaticais, semânticos e lexicais:
c) Quando os livros perdem espaço para o computador, a
sociedade começa à perder oportunidades ímpares de a) ao contrário dos meninos ricos que na maioria das vezes se
conhecimento. perdem dentro de suas próprias mansões, os meninos pobres do
Brasil se perdem nas ruas a míngua e ignorados muitas vezes por
d) Até à Educação pode utilizar-se dos meios cibernéticos, desde aqueles que tem o dever de acolhê-lo, com ele se envolver, se
que não abandone os valores primeiros de sua estrutura. importar e cuidar deles.

e) Quanto à Vossa Senhoria, peço que se retire agora mesmo b) ao contrário dos meninos ricos que, na maioria das vezes se
desse tribunal para não causar maiores constrangimentos. perdem dentro de suas próprias mansões, os meninos pobres do
Brasil se perdem nas ruas a míngua e ignorados muitas vezes por
Exercício 70 aqueles que têm o dever de acolhê-lo, com ele se envolver, se
(Acafe 2016) Assinale o texto cuja redação é a mais adequada à importar e cuidar.
norma padrão da língua portuguesa.

a) Ao saber disso, alguém estaria falando que isto é “SAMBA DE c) ao contrário dos meninos ricos, que, na maioria das vezes,
CRIOLO DOIDO”, onde ninguém se entende, ninguém viu nada e perdem-se dentro de suas próprias mansões, os meninos pobres
muito menos não sabe de nada. E, nós ilustres brasileiros do Brasil se perdem nas ruas à míngua e são ignorados, muitas
vezes, por aqueles que têm o dever de acolhê-los, com eles se
envolver e cuidar deles.
Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos dois
d) ao contrário dos meninos ricos que, na maioria das vezes, se pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os lagostins
perdem dentro de suas próprias mansões, os meninos pobres do saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer ingás? Ou vamos
Brasil se perdem nas ruas a míngua e são ignorados, muitas ficar bestando nessa areia onde o sol dourado atravessa a água
vezes, por aqueles que tem o dever de acolhê-lo, com ele se rasa? Não catemos pedrinhas redondas para atiradeira, porque é
envolver, se importar e cuidar deles. urgente subir no morro; os sanhaços estão bicando os cajus
maduros. É janeiro, grande mês de janeiro!
Exercício 73 Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: morro e descer escorregando no capim até a beira do açude. Com
“Para que ninguém a quisesse” dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval é só no
mês que vem, vamos apanhar tabatinga para fazer formas de
Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, máscaras. Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do
mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se jardim tem um pé de saboneteira.
pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha,
obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os numa simples menina de pernas magras e vamos passear nessa
sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da infância de uma terra longe. É verdade que jamais comeu angu de
gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro fundo de panela?
olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino.
tosquiou-lhe os longos cabelos. Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com o
Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, canivete. Mas não consigo imaginá-la assim; talvez se na praia
homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, ainda houver pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? Tenho
não mais atravessava praças. E evitava sair. Tão esquiva se fez,
uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia. Iremos catar
que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em
conchas cor-de-rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto
silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as sombras.
do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três
Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias.
horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de sono,
Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por
você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu lhe vou aipim
ela. Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À
ainda quente com melado. Talvez você fosse como aquela menina
noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que
rica, de fora, que achou horrível nosso pobre doce de abóbora e
restava dos cabelos. Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas
coco.
coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido em Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do
uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então ir descendo o
de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda. rio numa canoa bem devagar e de repente dar um galope na
correnteza, passando rente às pedras, como se a canoa fosse um
(COLASANTI, Marina. Um espinho de Marfim & outras histórias. cavalo solto. Ou nadar mar afora até não poder mais e depois
Porto Alegre: L&PM, 1999, p. 88 - 89.) virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei;
os outros meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-
peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os
(Epcar (Afa) 2019) Assinale a alternativa que apresenta uma soldados de canoa dando tiros, e havia uma mulher do outro lado
análise morfossintática correta. do rio gritando.
a) Em “...um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela...”, a Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la em
crase obrigatoriamente deixará de existir caso o pronome “se” menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu
seja retirado da estrutura, sem mudança de sentido. junto de um tronco queimado; e me lembro de muitas meninas.
Tinha uma que para mim uma adoração. Ah, paixão da infância,
b) Em “À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe paixão que não amarga. Assim eu queria gostar de você, mulher
o que restava dos cabelos.”, a expressão “de cetim” e o pronome estranha que ora venho conhecer, homem maduro. Homem
“lhe” possuem a mesma classificação sintática. maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, você estava distraída,
meus olhos eram outra vez daquele menino feio do segundo ano
c) Em “...sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir primário que quase não tinha coragem de olhar a menina um
que eliminasse os decotes...”, a vírgula é obrigatória para separar pouco mais alta da ponta direita do banco.
duas orações coordenadas. Adoração de infância. Ao menos você conhece um
passarinho chamado saíra? É um passarinho miúdo: imagine uma
d) Em “...permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos...”, saíra grande que de súbito aparecesse a um menino que só
todos os acentos tônicos se justificam pela mesma regra. tivesse visto coleiros e curiós, ou pobres cambaxirras. Imagine um
arco-íris visto na mais remota infância, sobre os morros e o rio. O
Exercício 74 menino da roça que pela primeira vez vê as algas do mar se
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: balançando sob a onda clara, junto da pedra.
Passeio à Infância Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da
infância. Na minha adolescência você seria uma tortura. Quero
levá-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma vez na
fazenda rira: ele não sabe nem passar um barbicacho! Mas o que determinadas situações, é em grupo que nos fortaleceremos e
sei lhe ensino; são pequenas coisas do mato e da água, são nos motivaremos a continuar.
humildes coisas, e você é tão bela e estranha! Inutilmente tento Essa necessidade de aceitação é mais forte entre os adolescentes,
convertê-la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um que querem se autoafirmar junto àqueles com os quais se
pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés. identifica, ou mesmo junto aos que julgam descolados. A
Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande! Na maturidade vem nos tranquilizar nesse sentido, facilitando nossa
adolescência e torturaria; mas sou um homem maduro. Ainda conformidade com o que somos e temos, tornando-nos mais
assim às vezes é como um bando de sanhaços bicando os cajus aptos a nos aceitar, a sermos o que pulula aqui dentro.
de meu cajueiro, um cardume de peixes dourados avançando, Infelizmente, muitos não conseguem encontrar a própria
saltando ao sol, na piracema; um bambual com sombra fria, onde individualidade, incapazes que são de se tornarem seres
ouvi um silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir! autônomos, com vontades e desejos próprios, permanecendo
Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com dependentes do julgamento alheio enquanto viverem. Passam a
cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas cigarras vida seguindo o rebanho homogêneo do que é comum,
cantando numa pobre tarde de homem. socialmente disseminado como o certo, do que é da maioria,
menos de si próprio. Lutam contra si mesmos, deixando
Julho, 1945 adormecidos seus sonhos e aspirações, por medo da censura
alheia.
Crônica extraída do livro 200 crônicas escolhidas, de Rubem Isso porque não é fácil viver as próprias verdades, correr atrás do
Braga que faz o nosso coração vibrar, dizer o que sentimos, exprimir o
que pensamos, haja vista o policiamento ostensivo de gente que
critica agressivamente qualquer um que não siga o rebanho dos
ditames e convenções sociais já cristalizadas. Hoje, ser alguém
(Efomm 2019) A possibilidade da presença de um acento grave único, autêntico, verdadeiro consigo mesmo, é ofensivo e passível
ocorre na opção: de ataques condenatórios por parte da sociedade.
Até entendemos a homogeneidade nas vestimentas e linguajares
a) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e
de adolescentes, porém, a vida adulta nos impõe nada menos do
descer escorregando no capim até a beira do açude.
que viver o que se é, lutar pelo que se acredita, fazer o que se
gosta, sem ferir ninguém, mas agindo de acordo com o que pulsa
dentro de cada um de nós. Agradar a maioria, enquanto se vive
b) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do
em desagrado íntimo, equivale a uma tortura diária e injusta.
bambual; ali pescarei piaus.
Nascemos livres para sermos nós mesmos, porque não há nada
mais belo e prazeroso do que uma vida sem mentiras e
c) Ou nadar mar afora até não poder mais e depois virar e ficar
frustrações.
olhando as nuvens brancas.

Fonte: http://www.contioutra.com/pessoas-se-ofendem-com-
d) (...) olhos daquele menino feio do segundo ano primário que
quem-e-autentico/. 27 abr. 2017.
quase não tinha coragem de olhar a menina um pouco mais alta
da ponta direita do banco.

(G1 - utfpr 2018) Assinale a alternativa que reescreve


e) O menino da roça que pela primeira vez vê as algas do mar se
adequadamente o trecho a seguir, retirado do texto, eliminando a
balançando sob a onda clara, junto da pedra.
inadequação nele presente e preservando o sentido: “Essa
Exercício 75 necessidade de aceitação é mais forte entre os adolescentes, que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: querem se autoafirmar junto àqueles com os quais se identifica...”
Leia atentamente o texto a seguir que servirá de base para a(s) a) Nos adolecentes, que querem se autoafirmar junto aqueles
questão(ões) a seguir. com os quais se identifica, a necessidade de aceitação é mais
forte.

As pessoas se ofendem com quem é autêntico


Marcel Camargo b) Esta necessidade de aceitação são mais fortes entre os
adolescentes, que querem se alto afirmarem junto aqueles
“Ser autêntico virou ofensa pessoal. Ou a criatura faz parte do quando se identificam.
rebanho, ou é um metido a besta.” (Martha Medeiros)
c) Essa necessidade de aceitação é mais forte no adolescente, que
Uma de nossas características enquanto seres humanos quer se autoafirmar junto àqueles com os quais se identifica.
gregários vem a ser a necessidade de interação com o próximo e,
para tanto, precisamos ser aceitos. É na comunicação com o d) No adolescente, onde querem se autoafirmar junto àqueles
mundo que nos rodeia que amadurecemos nossas ideias e nos com que se identificam, a necessidade de aceitação é mais forte.
tornamos capazes de agir frente ao que nos desagrada. Em
e) Esta necessidade de aceitação é mais forte quando hedonismo e pragmatismo. A facilidade de acesso à abundância
adolescentes, porque querem se autoafirmar junto com aqueles leva a uma passividade e a um pensamento pragmático que
em que se identifica. defende a ideia de “vamos aproveitar agora, pois quando
acontecer um problema alguém terá descoberto a solução”,
Exercício 76
visível na forma com que se abordam problemas de saúde,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
obesidade, consumo, lixo eletrônico, esgotamento de recursos e
O MITO DO TEMPO REAL
poluição ambiental. Em alta velocidade há pouco espaço para a
reflexão. Reduzidos a impulsos e reflexos, corremos o risco de
O descompasso entre a velocidade das máquinas e a
deixar para trás tudo aquilo que nos diferencia das outras
capacidade de compreensão de seus usuários leva a um quadro
espécies.
de ansiedade social sem precedentes. Em blogs, redes sociais,
podcasts e mensagens eletrônicas diversas todos pedem
(Luli Radfahrer. Disponível em:
desculpas pela demora em responder às demandas de seus http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/1191007-o-
interlocutores, impacientes como nunca. E-mails que não sejam mito-do-tempo-real.shtml.)
atendidos em algumas horas acabam encaminhados para outras
redes, em um apelo público por uma resposta.
No desespero por contato instantâneo, telefones chamam 5. (G1 - utfpr 2017) Analise o uso da crase no fragmento:
repetidamente em horas impróprias, mensagens de texto são
trocadas madrugada adentro, conversas multiplicam-se por “Escondidos seus processos industriais, os produtos adquirem
comunicadores instantâneos e toda ocasião – do trânsito ao uma aura quase divina, transformando seus usuários em
banheiro, do elevador à cama, da hora do almoço ao fim de consumidores vorazes, que se estapeiam em lojas à procura do
semana – parece uma lacuna propícia para se resolver uma último aparelho eletrônico.”
pendência.
[...] Assinale a alternativa em que o emprego da crase se justifica pelo
A resposta imediata a uma requisição é chamada mesmo uso que no fragmento acima.
tecnicamente de “tempo real”, mesmo que não haja nada
verdadeiramente real nem humano nessa velocidade. O tempo
imediato, sem pausas nem espera, em que tudo acontece num a) Ela ficou parada à espera de uma oportunidade para dar sua
estalar de dedos é uma ficção. Desejá-lo não aumenta a opinião.
eficiência. Pelo contrário, pode ser extremamente prejudicial. b) Os imigrantes sírios voltaram à terra de seus antepassados.
Muitos combatem a superficialidade nas relações digitais
pelos motivos errados, questionando a validade dos “amigos” no c) Todos os funcionários do jornal foram à Lapa inaugurar a
Facebook ou “seguidores” no Twitter ao compará-los com seus gráfica.
equivalentes analógicos. O problema não está na tecnologia, mas
na intensidade dispensada em cada interação. Seja qual for o d) Dirigia-se àquela população como seu reduto eleitoral.
meio em que ele se dê, o contato entre indivíduos demanda
tempo, e nesse tempo não é só a informação pura e simples que e) A placa indicava que era proibido virar à esquerda nesta rua.
se troca. Festas, conversas, leituras, relacionamentos, músicas e
Exercício 77
filmes de qualidade não podem ser acelerados ou resumidos a
(G1 - ifba 2016) A imagem a seguir representa um cartaz
sinopses. Conversas, ao vivo ou mediadas por qualquer
retirado de um ambiente virtual. Em relação ao uso do acento
tecnologia, perdem boa parte de sua intensidade com a
indicativo de crase, a frase presente na imagem está:
segmentação. O tempo empenhado em cada uma delas é muito
valioso; não faz sentido economizá-lo, empilhá-lo ou segmentá-
lo. O tempo humano (que talvez seja irreal, se o “outro” for
provado real) é bem mais lento. Nossas vidas são marcadas tanto
pela velocidade quanto pela lentidão.
[...]
Essa quebra da sequência histórica faz com que muitos
processos pareçam herméticos ou misteriosos demais. Quando
não há uma compreensão das etapas componentes de um
processo, não há como intervir nelas, propondo correções,
adaptações ou melhorias. Tal impotência leva a uma apatia, em
que as condições impostas são aceitas por falta de alternativa.
Escondidos seus processos industriais, os produtos adquirem uma
aura quase divina, transformando seus usuários em consumidores
vorazes, que se estapeiam em lojas à procura do último aparelho a) correta, tal como em “Ele caminhava à passo firme”.
eletrônico que se proponha a preencher o vazio que sentem.
Incapazes de propor alternativas ou sugerir mudanças, os
consumidores são estimulados pela publicidade a um gigantesco b) incorreta, tal como em “Encontraram-se às 18 horas”.
a) Sempre que os pais atribuem à escola muitas
c) incorreta, tal como em “Esta é a escola à qual se referiram”. responsabilidades, algo está errado.

d) correta, tal como em “Fui àquela praça, mas não o encontrei”. b) Ensinar à distância é uma tarefa árdua, mas bastante
desafiadora para todos nós.
e) incorreta, tal como em “Dirigiu-se ao local disposto à falar com
o delegado”. c) Por motivos óbvios, todos sabem que as redações devem,
sempre, ser redigidas à mão.
Exercício 78
(G1 - ifsc 2016) Considerando a norma padrão da língua escrita,
d) Cabe à sociedade auxiliar na construção da cidadania de
assinale a alternativa CORRETA.
crianças e de jovens, em qualquer tempo.
a) Na última terça-feira, fui ao cinema para ver o último filme de
Woody Allen. Embora a crítica não tenha se posicionado e) Se a escola entrega à população uma educação de qualidade,
favoravelmente ao longa-metragem, a sessão à qual assisti jovens e crianças têm um futuro promissor.
estava praticamente lotada.
Exercício 81
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
b) Os jornais publicaram uma notícia terrível sobre os temporais
Para responder a(s) questão(ões), leia o texto a seguir.
ocorridos no oeste do estado. Apesar das matérias serem
esclarecedoras, nenhum de nós compreendemos bem o que e
A humanidade parece ter um problema recorrente com o uso do
como tudo aconteceu.
sal [...]. O historiador britânico Felipe Fernandez-Arnesto, da
Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, diz que, desde
c) Ontem à tarde, levei as nossas filhas a praça para brincarem no
que os primeiros humanos deixaram de ser nômades, houve um
parquinho. Quando voltamos, elas tomaram banho, jantaram e
crescimento explosivo do uso do sal. A ingestão diária aumentou
foram se deitar. Como estavam cansadas, deixei-as dormirem
cinco ou seis vezes desde o período paleolítico – com enorme
bastante.
aceleração nas ultimas décadas. A American Heart Association,
que reúne os cardiologistas americanos, estima que mudanças no
d) No último encontro, expliquei aos alunos toda à situação. A
maioria da turma entendeu e concordou com os motivos pelos estilo de vida provocaram aumento de no consumo de sal
1
quais ficaram sem aula nos dois primeiros meses do ano. desde os anos 1970. Em boa medida, graças ao consumo de
e) Na reunião dos diretores, ficou estabelecido que todos os comida industrializada.
inscritos participarão do debate na Câmara de Vereadores do A culpa pelo abuso do sal não deve, porém, ser atribuída somente
município. Embora os governantes tem de discutir as propostas, a 2à indústria. A maior responsabilidade cabe ao nosso paladar. Os
responsabilidade não cabe apenas a eles. especialistas acreditam que a natureza gravou em nosso cérebro
circuitos que condicionam a gostar de sal e procurar por ele – em
Exercício 79
razão do sódio essencial que contém. A indústria, assim como a
(G1 - utfpr 2015) Analise a frase:
arte gastronômica, responde 3ao desejo humano. “É provável que
o sal seja tão apreciado porque tem a capacidade de ativar o
Poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros
sistema de recompensa do nosso cérebro”, diz o neurofisiologista
aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da
brasileiro Ivan de Araújo, afiliado a Universidade Yale, nos
inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou raça
Estados Unidos. Isso significa que sal nos deixa felizes [...].
utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
Com base nas repercussões negativas na saúde pública, muitos

Considerando o texto acima, assinale a alternativa correta quanto médicos têm falado em “epidemia salgada” e promovido um
às regras gramaticais. movimento similar 4àquele que antecedeu as restrições impostas
ao tabaco e ao álcool. Desde 2002, a Organização Mundial da
a) O verbo poder está no plural porque concorda com “aqueles”.
Saúde (OMS) faz campanhas para chamar a atenção sobre o
excesso de sal. O movimento que defende as restrições ao sal já
b) O verbo concorrer exige complemento e se este for feminino
chegou 5ao Brasil. Na segunda quinzena de junho, reuniram-se
plural não deve vir com crase.
em Brasília representantes do meio acadêmico, da indústria de
alimentos, técnicos do Ministério da Saúde, da Agricultura e da
c) O termo “utilizado” refere-se à expressão “cor ou raça”.
Anvisa, agência federal que regulamenta a venda de comida
industrializada e remédios. Como meta, discutiu-se passar, em
d) O adjetivo “reservadas” refere-se a “inscrição”.
dez anos, de gramas per capita de sal por dia para os
e) A conjunção “conforme” pode ser substituída por “já que”. gramas recomendados pela OMS. “Essa mudança ajudaria a

baixar em a pressão arterial dos brasileiros. Seria


Exercício 80
milhão de pessoas livres de medicação para hipertensão”, diz a
(G1 - col. naval 2015) Assinale a opção INCORRETA no que se
nefrologista Frida Plavnik, representante da Sociedade Brasileira
refere ao emprego do acento grave.
de Hipertensão na reunião. 6Segundo ela, haveria queda de
nas mortes causadas por derrames e de naquelas
ocasionadas por infarto. Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para
o topo da lista dos mais vendidos (...) 1A distopia de Orwel,
Fonte: Época. Seção Saúde & Bem-estar. 26 jul. 2010. p. 89-94. mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo:
(adaptado) o stalinismo. (...) 2O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos
alternativos” e da anestesia intelectual nas redes sociais mais
parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo
Viva melhor com menos sal novo, de Aldous Huxley.
3Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira

vez em 1985, num livreto do teórico da comunicação americano


(Ufsm 2015) Assinale a alternativa em que a substituição
Neil Postman: Amusing ourselves to death (4Nos divertindo até
proposta mantém o sentido no texto e está de acordo com a
morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no
norma-padrão.
The Guardian. “Na visão de Huxley, não é necessário nenhum
a) “ao consumo” (ref. 1) por a utilização Grande Irmão para despojar a população de autonomia,
maturidade ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria amando
b) “a indústria” (ref. 2) por à processos industriais sua opressão, adorando as tecnologias que destroem sua
capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que proibiriam os
c) “ao desejo humano” (ref. 3) por à vontade das pessoas livros. Huxley temia que não haveria motivo para proibir um livro,
pois não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell temia
d) “aquele” (ref. 4) por aquela campanha aqueles que nos privariam de informação. Huxley, aqueles que
nos dariam tanta que seríamos reduzidos à passividade e ao
e) “ao Brasil” (ref. 5) por no país egoísmo. 5Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós.
Huxley, que fosse afogada num mar de irrelevância.”
Exercício 82 6No futuro pintado por Huxley, (...) não há mães, pais ou
(G1 - cps 2018) Leia a tirinha.
casamentos. O sexo é livre. A diversão está disponível na forma
de jogos esportivos, cinema multissensorial e de uma droga que
garante o bem-estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na
Terra dez áreas civilizadas e uns poucos territórios selvagens,
onde 7grupos nativos ainda preservam costumes e tradições
primitivos, como família ou religião. “O mundo agora é estável”,
A interpretação do humor da tirinha se dá, em partes, pelo diz um líder civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam
entendimento do funcionamento da crase utilizada no segundo e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em
quadrinho. segurança; nunca adoecem; 8não têm medo da morte; vivem na
ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham
Assinale a alternativa em que há a explicação correta para esse sobrecarregadas de pais e mães; 9não têm esposas, nem filhos,
caso específico do uso da crase. nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são
condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar
a) O verbo “chegar” estabelece, no segundo quadrinho, regência
de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar
com a preposição “a”, a qual se aglutina com o artigo que sucede
mal, há o soma.”
o verbo.
10
Para chegar à estabilidade absoluta, foi necessário abrir mão da
arte e da ciência. “A felicidade universal mantém as engrenagens
b) O uso da crase é opcional, pois a regência nominal do em funcionamento regular; a verdade e a beleza são incapazes de
substantivo “primavera” determina o uso do artigo “a”. fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as massas tomavam o poder
público, era a felicidade, mais que a verdade e a beleza, o que
c) Sempre que o verbo “chegar” estiver conjugado na primeira importava.” A verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a
pessoa do singular haverá a crase. arte, perigos públicos. Mas não é necessário esforço totalitário
para controlá-las. Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer
d) O uso da crase é facultativo, uma vez que sucede uma locução sacrifício em troca de uma vida sossegada” e de sua dose diária
prepositiva. de soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem dúvida. Mas foi
excelente para a felicidade.”
e) Antes de pronomes possessivos femininos o uso da crase é No universo de Orwell, a população é controlada pela dor. No de
obrigatório. Huxley, pelo prazer. “Orwell temia que nossa ruína seria causada
pelo que odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve Postman.
Exercício 83 Só precisa haver censura, diz ele, se os tiranos acreditam que o
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: público sabe a diferença entre discurso sério e entretenimento.
MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO TEMPO (...) O alvo de Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele
Hélio Gurovitz julgava ter imposto uma cultura fragmentada e superficial,
incapaz de manter com a verdade a relação reflexiva e racional da conduzir novamente a esse espaço que lhe é familiar, mas do qual
palavra impressa. 11O computador só engatinhava, e Postman não lembra quase nada. 3É um lugar que fica no jardim, no buraco
mal poderia prever como celulares, tablets e redes sociais se de uma árvore e, pasmem, onde mora um coelho de cartola e
tornariam – bem mais que a TV – o soma contemporâneo. Mas relógio!
suas palavras foram prescientes: “O que afligia a população em 4É lá que ela, lembrando aos poucos de que já os conhecia,
Admirável mundo novo não é que estivessem rindo em vez de encontra velhos amigos que são rápidos em tecer críticas a seu
pensar, mas que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham
respeito, dizendo, inclusive, que ela é a Alice “errada”. 5Mas é a
parado de pensar”.
crítica do Chapeleiro Maluco que a atinge em cheio: você não é a
mesma de antes, você era muito mais “muita”, 6você perdeu sua
Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de 2017, p. 67.
muiteza. Lá dentro. Falta alguma coisa. De todas as coisas que
Alice esqueceu de compreender desse lugar, talvez essa seja a
que faça mais sentido. 7Talvez isso explique tudo. Talvez tenha
Distopia = Pensamento, filosofia ou processo discursivo
sido isso que ela fora até lá buscar.
caracterizado pelo totalitarismo, autoritarismo e opressivo
A criança que fomos ocupa um espaço dentro de nós, nesse
controle da sociedade, representando a antítese de utopia.
(BECHARA, E. Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de acúmulo de experiências que é a vida. 8É nesse espaço que
Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533). guardamos os joelhos ralados, as descobertas, os medos, a
alegria e a força que nos impulsiona para a frente. Há espaços
mais sombrios, outros mais claros. Muitos de nós já esqueceram o
(Epcar (Afa) 2018) Assinale a alternativa em que o aspecto caminho para esse lugar. Estamos ocupados demais com as
gramatical analisado está correto. coisas grandes para tentar encontrar uma toca de coelho que nos
leve para dentro da terra. Então vivemos assim, sempre muito
a) Em “Para chegar à estabilidade absoluta...” (ref. 10), se
ocupados, sempre muito atrasados, com coisas sérias e
acrescentado o pronome possessivo sua antes da palavra
importantes a fazer. E vagamos. 9Vagamos pelo mundo com
estabilidade, a obrigatoriedade do acento indicativo de crase se
alguma coisa faltando. Lá dentro.
desfaz.
É na infância que mora a nossa muiteza. E é para lá que devemos
voltar para encontrá-la, sempre que essa pantomima a qual
b) Em “stalinismo” e “egoísmo”, o sufixo utilizado nas palavras
chamamos de vida adulta nos puxa e empurra forte demais.
indica, além da flexão de grau, a noção de origem, de estado ou
qualidade do nome primitivo.
LHULLIER, Luciana. Onde mora sua muiteza? In: No coração da
floresta (blog). 08 out. 2013 (adaptado). Original disponível em:
c) Os vocábulos “chegar”, “absoluta”, “ciência” e “temia”
<https://contesdesfee.wordpress.com/page/2/>.
apresentam, respectivamente, dígrafo, encontro consonantal,
Acesso: 05 ago. 2016.
hiato e ditongo oral crescente.

d) O último período do texto foi apresentado entre aspas para


Vocabulário:
indicar que nele há um erro de concordância.
Onírico: de sonho e/ou relativo a sonho.
Exercício 84 Pantomima: representação teatral baseada na mímica (ou seja,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: em gestos corporais); por extensão, situação falsa, representação,
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir. ilusão, fraude.
Patético: que provoca sentimento de piedade ou tristeza;
Onde mora sua muiteza? indivíduo digno da piedade alheia.

A infância é um lugar complexo. Para quem já cresceu, foi aquele


espaço em que moramos quando ainda não tínhamos muita 3. (G1 - ifsul 2017) Observe esta frase retirada do texto.
memória. Aqueles dias e noites que se sucediam sem grandes
planos em um corpo que mudava diariamente. Muito grande. “É nesse espaço que guardamos os joelhos ralados, as
Muito pequeno. Muito alto. Muito baixo. descobertas, os medos, a alegria e a força que nos impulsiona
Quando criança, entediada, 1Alice seguiu um coelho até sua toca para a frente.” (referência 8)
e lá se viu em um espaço totalmente novo. Um espaço onírico que
reproduzia suas ansiedades e ensinava-lhe a buscar dentro de si Se a frase for reescrita, substituindo-se o trecho destacado por “É
mesma recursos que lhe permitissem seguir em frente. Tentando esse o espaço reservado...”, fazendo as devidas adaptações, em
fazer sentido do espaço onde se encontrava, Alice foi qual das alternativas NÃO há nenhuma incorreção quanto ao
protagonista de uma experiência fantástica de descoberta. Ela emprego da crase?
descobriu que viver não é fácil, às vezes a vida é um jogo, mas a) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, as descobertas,
mesmo assim vale a pena. aos medos, a alegria e a força que nos impulsiona para a frente.
2Anos mais tarde, já adulta, prestes a embarcar em um

casamento arranjado, com um noivo patético, Alice se deixa


b) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, as descobertas, minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia
aos medos, à alegria e à força que nos impulsiona para a frente. seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da
c) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, às descobertas, alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas
aos medos, à alegria e à força que nos impulsiona para a frente. me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não
d) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, às descobertas, morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou
aos medos, a alegria e a força que nos impulsiona para a frente. entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia
emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia
Exercício 85 seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a
Leia a tira abaixo, para resolução da(s) questão(ões). andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas
de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o
dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha
vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando
pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do
dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá
(G1 - ifsul 2016) A crase presente na fala do último quadrinho estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração
baseia-se na regra gramatical que prescreve utilizar crase batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em
seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como
a) antes de substantivo concreto.
mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com
ela ia se repetir com meu coração batendo.
b) antes de palavra feminina regida pela preposição "a".
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era
tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu
c) depois de pronome demonstrativo.
corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera
para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando-me mesmo,
d) depois de verbo transitivo direto.
às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja
Exercício 86 precisando danadamente que eu sofra.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia
FELICIDADE CLANDESTINA sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de
Clarice Lispector tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a
outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras
se cavando sob os meus olhos espantados.
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo
crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia
todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à
dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma
o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas.
um pai dono de livraria. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a
vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu
mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de daqui de casa e você nem quis ler!
paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia.
mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos
palavras como “data natalícia” e “saudade”. espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento
vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse
nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora
altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo
o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo
humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena,
emprestados os livros que ela não lia. pode ter a ousadia de querer.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim
mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro.
possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-
com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também
pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só Como resistir à sedução e ao fascínio que a vida no mar desperta
para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas nos corações dos jovens?
linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei Havia, portanto, uma convicção: aquelas despedidas, ainda que
ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia dolorosas – e despedidas são sempre dolorosas – não seriam
onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. certamente em vão. Não tinha dúvidas de que os sonhos que
Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina acalentavam meu coração pouco a pouco iriam se converter em
que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para realidade.
mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Em março de 1962, desembarcávamos do Aviso Rio das Contas
Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. na ponte de atracação do Colégio Naval, como integrantes de
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto mais uma Turma desse tradicional estabelecimento de ensino da
no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma Marinha do Brasil.
menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. Ainda que a ansiedade persistisse oprimindo o peito dos novos e
orgulhosos Alunos do Colégio Naval, não posso negar que a
Com base no texto acima, responda à(s) questão(ões) a seguir. tristeza, que antes havia ocupado espaço em nossos corações, era
naquele momento substituída pelo contentamento peculiar dos
vitoriosos. E o sentimento de perda, experimentado por ocasião
(Efomm 2016) Uma situação de crase FACULTATIVA aparece na das despedidas, provara-se equivocado: às nossas caras famílias
opção: de origem agregava-se uma nova, a Família Naval, composta
pelos recém-chegados companheiros; e às respectivas cidades de
a) (...) lá estava eu à porta de sua casa (...)
nascimento, como a minha bucólica Bom Jardim, juntava-se,
naquele instante, a bela e graciosa enseada Batista das Neves em
b) Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde
Angra dos Reis, como mais tarde se agregaria à histórica
(...)
Villegagnon em meio à sublime baía de Guanabara.
Ao todo foram seis anos de companheirismo e feliz convivência,
c) (...) perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura
tanto no Colégio como na Escola Naval. Seis anos de
em pé à porta (...)
aprendizagem científica, humanística e, sobretudo, militar-naval.
Seis anos entremeados de aulas, festivais de provas, práticas
d) Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer.
esportivas, remo, vela, cabo de guerra, navegação, marinharia,
ordem-unida, atividades extraclasses, recreativas, culturais e
e) Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia
sociais, que deixaram marcas indeléveis.
emprestado o livro a outra menina (...)
Estes e tantos outros símbolos, objetos e acontecimentos
Exercício 87 passados desfilam hoje, deliciosa e inexoravelmente distantes,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: em meio a saudosos devaneios.
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir. Ainda como alunos do Colégio Naval, os contatos preliminares
com a vida de bordo e as primeiras idas para o mar – a razão de
Laivos de memória ser da carreira naval.
Como Aspirantes, derrotas mais longas e as primeiras
“... e quando tiverem chegado, vitoriosamente, descobertas: Santos, Salvador, Recife e Fortaleza!
ao fim dessa primeira etapa, Fechando o ciclo das Viagens de Instrução, o tão sonhado
mais ainda se convencerão de que embarque no Navio-Escola. Viagem maravilhosa! Nós, da Turma
abraçaram uma carreira difícil, Míguens, Guardas-Marinha de 1967, tivemos a oportunidade
árdua, cheia de sacrifícios, ímpar e rara de participar de um cruzeiro ao redor do mundo em
mas útil, nobre e, sobretudo bela.” 1968: a Quinta Circum-navegação da Marinha Brasileira.
Após o regresso, as platinas de Segundo-Tenente, o primeiro
(NOSSA VOGA, Escola Naval, Ilha de Villegagnon, 1964) embarque efetivo e o verdadeiro início da vida profissional – no
meu caso, a bordo do cruzador Tamandaré, o inesquecível C-12.
Era a inevitável separação da Turma do CN-62/63 e da EM-64/67.
Há quase 50 anos, experimentei um misto de angústia, Novamente um misto de satisfação e ansiedade tomou conta do
tristeza e ansiedade que meu jovem coração de adolescente coração, agora do jovem Tenente, ao se apresentar para servir a
soube suportar com bravura. bordo de um navio de nossa Esquadra. Após proveitosos, mas
Naquela ocasião, despedia-me dos amigos de infância e da descontraídos estágios de instrução como Aspirante e Guarda-
família e deixava para trás bucólica cidadezinha da região serrana Marinha, quando as responsabilidades eram restritas a
fluminense. A motivação que me levava a abandonar gentes e compromissos curriculares, as platinas de Oficial começariam,
coisas tão caras era, naquele momento, suficientemente forte finalmente, a pesar forte em nossos ombros. Sobre essa transição
para respaldar a decisão tomada de dar novos rumos à minha do status de Guarda-Marinha para Tenente, o notável escritor-
vida. Meu mundo de então se tornara pequeno demais para as marinheiro Gastão Penalva escrevera com muita propriedade: “... é
minhas aspirações. Meus desejos e sonhos projetavam horizontes a fase inesquecível de nosso ofício. Coincide exatamente com a
que iam muito além das montanhas que circundam minha terra adolescência, primavera da vida. Tudo são flores e ilusões...
natal.
Depois começam a despontar as responsabilidades, as agruras de Aquele restaurante de bairro é do tipo simpatia/classe média.
novos cargos, o acúmulo de deveres novos”. 1Fica em rua sossegada, é pequeno, limpo, cores repousantes,

E esses novos cargos e deveres novos, que foram se comida razoável, preços idem, não tem música de triturar os
multiplicando a bordo de velhos e saudosos navios, deixariam
ouvidos. 11O dono senta-se à mesa da gente, para bater um papo
agradáveis e duradouras lembranças em nossa memória. Com o leve, sem intimidades.
passar dos tempos, inúmeros Conveses e Praça d’ Armas, hoje 3Meu relógio parou. Pergunto-lhe quantas horas são.
saudosas, foram se incorporando ao acervo profissional-afetivo
— Estou sem relógio.
de cada um dos integrantes daquela Turma de Guardas-Marinha
— Então vou perguntar ao garçom.
de 1967.
Ele também está sem relógio.
Ah! Como é gratificante, ainda que melancólico, repassar tantas
— E o colega dele, que serve aquela mesa?
lembranças, tantos termos expressivos, tanta gíria maruja, tantas
— Ninguém está com relógio nesta casa.
tradições, fainas e eventos tão intensamente vividos a bordo de
— Curioso. É moda nova?
inesquecíveis e saudosos navios...
2— Antes de responder, e se o senhor permite, vou lhe fazer, não
E as viagens foram se multiplicando ao longo de bem
aproveitados anos de embarque, de centenas de dias de mar e de propriamente um pedido, mas uma sugestão.
— Pois não.
milhares de milhas navegadas em alto mar, singrando as
extensas massas líquidas que formam os grandes oceanos, ou ao — Não precisa trazer relógio, quando vier jantar.
— Não entendo.
longo das águas costeiras que banham os recortados litorais, com
passagens, visitas e arribadas em um sem-número de enseadas, — Estamos sugerindo aos nossos fregueses que façam este

baías, barras, angras, estreitos, furos e canais espalhados pelos pequeno sacrifício.
quatro cantos do mundo, percorridos nem sempre com mares — Mas o senhor podia explicar...

bonançosos e ventos tranquilos e favoráveis. — Sem querer meter o nariz no que não é da minha conta,
Inúmeros foram também os portos e cidades visitadas, não só no gostaria também que trouxesse pouco dinheiro, ou antes,

Brasil como no exterior, o que sempre nos proporciona nenhum.


inestimáveis e valiosos conhecimentos, principalmente graças ao — Agora é que não estou pegando mesmo nada.

contato com povos diferentes e até mesmo de culturas exóticas e — Coma o que quiser, depois mandamos receber em sua casa.
5— Bem, eu moro ali adiante, mas e outros, os que nem se sabe
hábitos às vezes totalmente diversos dos nossos, como os
ribeirinhos amazonenses ou os criadores de serpentes da antiga onde moram, ou estão de passagem na cidade?
Taprobana, ex-Ceilão e hoje Sri Lanka. — Dá-se um jeito.
Como foi fascinante e delicioso navegar por todos esses cantos. — Quer dizer que nem relógio nem dinheiro?
Cada novo mar percorrido, cada nova enseada, estreito ou porto — Nem joias. 12Estamos pedindo às senhoras que não venham
visitado tinha sempre um gosto especial de descoberta... Sim, de joia. É o mais difícil, mas algumas estão atendendo.
pois, como dizia Câmara Cascudo, “o mar não guarda os vestígios — Hum, agora já sei.
das quilhas que o atravessam. Cada marinheiro tem a ilusão — Pois é. Isso mesmo. O amigo compreende...
cordial do descobrimento”. — Compreendo perfeitamente.
Desculpa ter custado um pouco a entrar na jogada. Sou meio
(CÉSAR, CMG (RM1) William Carmo. Laivos de memória. In: 6obtuso quando estou com fome.
Revista de Villegagnon, Ano IV, nº 4, 2009. p. 42-50. Texto — Absolutamente. Até que o amigo compreendeu sem que eu
adaptado) precisasse dizer 7tudo. Muito bem.
— Mas me diga uma coisa. Quando foi 8isso?
— Quarta-feira passada.
(Esc. Naval 2016) Assinale a opção em que o uso do acento
grave, indicativo de crase, é facultativo. — E como 9foi, pode-se saber?
— Como 10podia ser? Como nos outros lugares, no mesmo
a) “[...] novos rumos à minha vida.” (2º parágrafo)
figurino. Só que em ponto menor.
— Lógico, sua casa é pequena. Mas levaram o quê?
b) “[...] resistir à sedução e ao fascínio [...].” (3º parágrafo)
— O que havia na caixa, pouquinha coisa. Eram 9 da noite, dia
meio parado.
c) “[...] às nossas caras famílias de origem [...].” (6º parágrafo)
— Que mais?
— Umas coisinhas, liquidificador, relógio de pulso, meu, dos
d) “[...] às respectivas cidades de nascimento [...]” (6º parágrafo)
empregados e dos fregueses.
— An. (Passei a mão no pulso, instintivamente.)
e) “[...] às vezes totalmente diversos [...].” (17º parágrafo)
— O pior foi o cofre.
Exercício 88 — Abriram o cofre?
13— Reviraram tudo, à procura do cofre. Ameaçaram, pintaram e
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto a seguir para responder a(s) questão(ões). bordaram. Foi muito desagradável.
— E afinal?
Esparadrapo — Cansei de explicar a eles que não havia cofre, nunca houve,
como é que eu podia inventar cofre naquela hora?
— Ficaram decepcionados, imagino. anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem
— Não senhor. Disseram que tinha de haver cofre. Eram cinco, contato 5nem notícia.
inclusive a moça de bota e revólver, querendo me convencer que A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________
tinha cofre escondido na parede, no teto, embaixo do piso, sei lá.
minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, 11mas de
— E o resultado?
— Este — e baixou a cabeça, onde, no cocuruto, alvejava a estrela maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com

de esparadrapo. todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na
4— Oh! Sinto muito. Não tinha notado. Felizmente escapou, é o intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais

que vale. Dê graças a Deus por estar vivo. íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos
livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando
— Já sei. Sabe que mais? Na polícia me perguntaram se eu tinha
seguro contra roubo. E eu pensando que meu seguro fosse a meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta,
talvez até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é
polícia. 14Agora estou me segurando à minha maneira, deixando
as coisas lá em casa e convidando os fregueses a fazer o mesmo. totalmente estranho. De repente fere-me 2__________ ideia de
E vou comprar um cofre. Cofre pequeno, mas cofre. que o intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de
— Para que, se não vai guardar dinheiro nele? hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete
— Para mostrar minha boa-fé, se eles voltarem. Abro anos. O intruso sou eu, não ele.
imediatamente o cofre, e verão que não estou escondendo nada. Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de
Que lhe parece? ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em
— Que talvez o senhor precise manter um estoque de
respondê-las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse
esparadrapo em seu restaurante.
caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas

ANDRADE, Carlos Drummond de. Esparadrapo. In Para gostar de forçadas e complacentes.


ler. v. 3. Crônicas. São Paulo: Ática, 1978. Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha
voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20, e vejo que
está me examinando, procurando decidir se devo ser tratado
(G1 - ifsc 2015) Observe o uso do acento grave para indicar como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades
crase nas seguintes frases do texto: não devem ser menores do que as minhas. 24Ele me pergunta se
eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de
I. O dono senta-se à mesa da gente (ref. 11). responder procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que
II. Estamos pedindo às senhoras que não venham de joia (ref. 12). falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quartos?
III. Reviraram tudo, à procura do cofre (ref. 13).
Causarei inveja nele se responder que sim? 26Não, não tenho
IV. Agora estou me segurando à minha maneira (ref. 14).
casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha,

Assinale a alternativa CORRETA: parece que fascinado, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e
conta que, toda vez que faz reparos 3__________­comida, mamãe
a) Em todas as frases, a ocorrência da crase explica-se pela
diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De
regência dos verbos, porque temos sempre verbos intransitivos.
repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que
se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o
b) Na frase III, ainda haveria crase caso o substantivo procura jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um
fosse substituído pelo verbo procurar: Reviraram tudo, à procurar cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele
pelo cofre. suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça.

c) Na frase II, ainda haveria crase caso se incluísse o pronome


indefinido todas: Estamos pedindo à todas as senhoras que não Adaptado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M.
venham de joia. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001. p. 186-189.
d) Na frase I, a presença da crase revela uma linguagem popular,
coloquial. Em linguagem formal, teríamos: O dono senta-se na
mesa com a gente. (Ufrgs 2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
as lacunas das referências 1, 2, 3 e 4, nesta ordem.
e) Na frase IV, o uso do acento grave é opcional, porque o artigo
a) a – à – à – a
definido é opcional antes de pronome possessivo – pode-se dizer
― “a minha casa” ou ― “minha casa”, por exemplo.
b) à – à – a – a
Exercício 89
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: c) à – a – à – a
O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me
disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete d) a – a – à – a
24apesar da diferença, elas se tornaram nossas concorrentes, e
e) à – a – a – à concorrentes temíveis. Eu queria ver um examinador que tivesse a
coragem de reprovar aquela moça de olhos redondos, úmidos e
Exercício 90
ligeiramente estrábicos, que encontrei um dia destes no corredor
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
do ministério. Só se ele fosse cego.
INSTRUÇÃO: A(s) questão(ões) refere(m)-se ao texto abaixo.
O Sr. Plínio Salgado quer acabar com os banhos de mar,
porque as pernas das mulheres se descobrem neles. Não vale a
Mulheres...
pena. São pernas de concorrentes, para bem dizer nem são
pernas. Pensa que temos lá tempo de pensar nessas coisas?
2__________ 5alguns dias, percorrendo 3__________ salas
Tinha graça que, nos banhos de mar, fôssemos espiar as canelas
6dum ministério para tratar de 7certo negócio terrivelmente
da moça de olhos estrábicos ou as da mulher que nos impingiu
embrulhado, desses que dão aneurismas e cabelos brancos, eu e uma moeda falsa. Não olhamos. Se elas chegarem perto do
8um amigo encontramos numerosas funcionárias bonitas. Uma estribo do bonde cheio, ficaremos sentados porque pagamos
delas forneceu-nos informações bastante vagas: deu-nos dois ou passagem e temos o direito de ficar sentados. Isto. Somos pouco
três números e, com os olhos redondos e úmidos, que um ligeiro mais ou menos iguais, apesar da afirmação da 25mulher do
estrabismo entortava, pareceu indicar a direção do lugar romance. Vão no estribo, se quiserem, de pingente. Ou fiquem
4__________ os nossos papéis deviam estar. junto ao poste. Vão para o diabo. É isto. Concorrentes, inimigas.
Corremos a outro ministério e vimos várias 9senhoras Ou amigas. Dá tudo no mesmo.
difíceis entregues a trabalhos incompreensíveis. Não achamos os
nossos papéis, é claro. Andamos em departamentos diferentes, RAMOS, Graciliano. Garranchos. Organização de Thiago Mio
voltamos ao primeiro ministério, ao segundo, tornamos a voltar, Salla. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 160-2. (Adaptado)

percorremos infinitos 13canais competentes 12– e em toda a parte


1. O termo alexandrinos refere-se à poesia produzida em
esbarramos com 14senhoras atarefadas, que executavam
estrutura arcaica, com versos de 12 sílabas.
operações estranhas, usavam uma linguagem desesperadamente
confusa e recebiam indiferentes as nossas queixas e os nossos
15rogos.
(Ucs 2014) Assinale a alternativa que completa correta e
Com o 10coração grosso e indignado, resolvi abandonar respectivamente as lacunas (ref. 2, 3 e 4) no primeiro parágrafo
esse negócio infeliz e fui 11deitar uma carta ao correio. Tomei do texto.
lugar na fila, mas antes que chegasse a minha vez a mulher que
vendia selos deixou o guichê. Esperei uma 16eternidade a volta 2 3 4
dela e fui-me aproximando devagar, na fila. A carta foi pesada, o a) Há as onde
selo comprado e uma moeda falsa recebida no troco. b) A há aonde
20Marchei para o guichê dos registrados, onde uma c) Há as donde
d) Há às aonde
espécie de 27mulher 17portadora de óculos e bastante idade se e) À as onde
mexia como uma 28figura de câmara lenta.
21Enquanto me arrastava seguindo os desgraçados que ali Exercício 91
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
estavam sofrendo como eu, pensei nas deputadas, nas
Minha amiga me pergunta: por que você fala sempre nas coisas
telefonistas, na professora primária que me atormentava e nos
que acontecem a primeira vez e, sobretudo, as comparar com a
versos de 29certa poetisa que em vão tento esquecer.
primeira vez que você viu o mar? Me lembro dessa cena: um
23Evidentemente nenhuma dessas pessoas, deputadas,
adolescente chegando ao Rio e o irmão lhe prevenindo: “Amanhã
telefonistas, professora e poetisa, tinha culpa de haverem corrido vou te apresentar o mar.” Isto soava assim: amanhã vou te levar
mal meus negócios nos ministérios, nenhuma me dera moeda ao outro lado do mundo, amanhã te ofereço a Lua. Amanhã você
falsa, e era estupidez responsabilizá-las pela preguiça da já não será o mesmo homem.
26
mulher do 18registrado. 22Mas relacionei todas e julguei E a cena continuou: resguardado pelo irmão mais velho, que se
perceber os motivos de certos hábitos novos. assentou no banco do calçadão, o adolescente, ousado e
Antigamente, quando uma senhora entrava num 19carro indefeso, caminha na areia para o primeiro encontro com o mar.
cheio, havia sempre sujeitos que se levantavam. Hoje, nos trens Ele não pisava na areia. Era um oásis a caminhar. Ele não estava
da Central, elas viajam espremidas como numa lata de sardinhas. mais em Minas, mas andava num campo de tulipas na Holanda. O
Ninguém fumava nos primeiros bancos dos bondes. Ainda mar a primeira vez não é um rito que deixe um homem impune.
existe a proibição num aviso gasto e metrificado, que tem o Algo nele vai-se aprofundar.
mesmo valor dos alexandrinos1: ninguém o lê. A autoridade do E o irmão lá atrás, respeitoso, era a sentinela, o sacerdote
condutor ficou muito reduzida, e o letreiro proibitivo tornou-se lei que deixa o iniciante no limiar do sagrado, sabendo que dali para
como as outras, artigo de regulamento. a frente o outro terá que, sozinho, enfrentar o dragão. E o dragão
lá vinha soltando pelas narinas as ondas verdes de verão. E o
Há pouco tempo 30uma senhora declarou num romance
pequeno cavaleiro, destemido e intimidado, tomou de uma
que as mulheres são diferentes dos homens. É claro. Mas,
espada ou pedaço de pau qualquer para enfrentar a hidra que
ondeava mil cabeças, e convertendo a arma em caneta ou lápis e) Tinha um importante trabalho à concluir antes de velejar.
começou a escrever na areia um texto que não terminará jamais.
Exercício 92
Que é assim o ato de escrever: mais que um modo de se postar
diante do mar, é uma forma de domar as vagas do presente (G1 - ifsc 2012) Quanto ao emprego do acento indicativo de

convertendo-o num cristal passado. crase, assinale a alternativa CORRETA.


Não, não enchi a garrafinha de água salgada para mostrar aos a) Não gostava de fazer os deveres de casa às pressas.
vizinhos tímidos retidos nas montanhas, e fiz mal, porque muitos
morreram sem jamais terem visto o mar que eu lhes trazia. Mas b) Os bois eram mortos à marretadas.
levei as conchas, é verdade, que na mesa interior marulhavam
lembranças de um luminoso encontro de amor com o mar. c) Trabalho de segunda à sexta-feira.
Certa vez, adolescente ainda nas montanhas, li urna crônica onde
um leitor de Goiás pedia à cronista que lhe explicasse, enfim, o d) Convenceu a amiga à comprar um vestido pavoroso.
que era o mar. Fiquei perplexo. Não sabia que o mar fosse algo
que se explicasse. Nem me lembro da descrição. Me lembro e) O remédio deveria ser ministrado gota à gota.
apenas da pergunta. Evidentemente eu não estava pronto para a
resposta. A resposta era o mar. E o mar eu conheci, quando pela Exercício 93
primeira vez aprendi que a vida não é a arte de responder, mas a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
possibilidade de perguntar. Quando a rede vira um vício
Os cariocas vão achar estranho, mas eu devo lhes revelar: o
carioca, com esse modo natural de ir à praia, desvaloriza o mar. Com o titulo "Preciso de ajuda", fez-se um desabafo aos
Ele vai ao mar com a sem-cerimônia que o mineiro vai ao quintal. integrantes da comunidade Viciados em Internet Anônimos:
E o mar é mais que horta e quintal. É quando atrás do verde-azul "Estou muito dependente da web, Não consigo mais viver
do instante o desejo se alucina num cardume de flores no jardim. normalmente. Isso é muito sério". Logo obteve resposta de um
O mar é isso: é quando os vagalhões da noite se arrebentam na colega de rede. "Estou na mesma situação. Hoje, praticamente
aurora do sim. vivo em frente ao computador. Preciso de ajuda." Odiálogo dá a
Ver o mar a primeira vez, lhes digo, é quando Guimarães Rosa dimensão do tormento provocado pela dependência em Internet,
pela vez primeira, por nós, viu o sertão. Ver o mar a primeira vez é um mal que começa a ganhar relevo estatístico, à medida que o
quase abrir o primeiro consultório, fazer a primeira operação. Ver uso da própria rede se dissemina. Segundo pesquisas recém-
o mar a primeira vez é comprar pela primeira vez uma casa nas conduzidas pelo Centro de Recuperação para Dependência de
montanhas: que surpresas ondearão entre a lareira e a mesa de Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa,
vinhos e queijos! nos vários países estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos
O mar é o mestre da primeira vez e não para de ondear suas que usam a web — com concentração na faixa dos 15 aos 29
lições. Nenhuma onda é a mesma onda. Nenhum peixe o mesmo anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em
peixe. Nenhuma tarde a mesma tarde. O mar é um morrer álcool ou em drogas, o doente desenvolve uma tolerância que,
sucessivo e um viver permanente. Ele se desfolha em ondas e não nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem se dar
para de brotar. A contemplá-lo ao mesmo tempo sou jovem e conta do exagero. Ele também sofre de constantes crises de
envelheço. abstinência quando está desconectado, e seu desempenho nas
O mar é recomeço. tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela do
computador, vive, aí sim, momentos de rara euforia. Conclui uma
(SANT’ANNA, Affonso Romano de. O mar, a primeira vez. psicóloga americana: "O viciado em internet vai, aos poucos,
In:_____. Fizemos bem em resistir: crônicas selecionadas. Rio de perdendo os elos com o mundo real até desembocar num
Janeiro: Rocco,1994, universo paralelo — e completamente virtual".
p.50-52. Texto adaptado.) Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de
fazer uso saudável e produtivo da rede para estabelecer com ela
uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas
(Esc. Naval 2014) No trecho “[...] o carioca, com esse modo ao longo desta reportagem. Em todos os casos, a internet era
natural de ir à praia, desvaloriza o mar.” (6º parágrafo), há um apenas "útil" ou "divertida" e foi ganhando um espaço central, a
exemplo do uso do acento grave, indicativo de crase. Em que ponto de a vida longe da rede ser descrita agora como sem
opção o acento grave está corretamente empregado, de acordo sentido. Mudança tão drástica se deu sem que os pais atentassem
com a norma padrão? para a gravidade do que ocorria. "Como a internet faz parte do dia
a dia dos adolescentes e o isolamento é um comportamento
a) Para conhecer o mar, foi à pé até Copacabana. típico dessa fase da vida, a família raramente detecta o problema
antes de ele ter fugido ao controle", diz um psiquiatra. A ciência,
b) É uma grande alegria comparecer à esta festa na praia. por sua vez, já tem bem mapeados os primeiros sintomas da
doença. De saída, o tempo na internet aumenta — até culminar,
c) Sempre desejou mostrar o mar às suas queridas irmãs. pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o
estudo americano. As situações vividas na rede passam, então, a
d) Quando voltava da escola, viu às amigas na praia. habitar mais e mais as conversas. É típico o aparecimento de
olheiras profundas e ainda um ganho de peso relevante,
resultado da frequente troca de refeições por sanduíches — que
prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. b) "Na rede, os adolescentes sentem-se ainda mais à vontade
Gradativamente, a vida social vai se extinguindo. Alerta outra para expor suas ideias." (3º parágrafo)
psicóloga: "Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do que
fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem". c) "No perfil daquela minoria [...] se vê, em geral, uma combinação
Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapolar o de baixa autoestima com intolerância à frustração." (3º parágrafo)
uso da internet. Há uma razão estatística para isso — eles
respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia
—, mas pesa também uma explicação de fundo mais psicológico, d) " ‘Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que
à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos essa é uma doença', conta um psicólogo". (4º parágrafo)
entrevistados (viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma
maneira de "aliviar os sentimentos negativos", tão típicos de uma e) "Com a rede, afinal, descortina-se uma nova dimensão de
etapa em que afloram tantas angústias e conflitos. Na rede, os acesso às informações, à produção de conhecimento [...]" (4º
adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas parágrafo)
ideias. Diz um outro psiquiatra: "Num momento em que a própria
personalidade está por se definir, a internet proporciona um Exercício 94

ambiente favorável para que eles se expressem livremente". No


perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no vicio se vê, em TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

geral, uma combinação de baixa autoestima com intolerância à Tarde Cinzenta


frustração. Cerca de 50% deles, inclusive, sofrem de depressão,
fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário A 13tarde de inverno é perfeita. O tempo nublado
que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre acinzenta tudo. Mesmo os mais 11empedernidos cultores da
os que já têm o vicio, a maior adoração é pelas redes de agitação, do barulho, das cores, hoje se rendem a uma certa
relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em passividade e melancolia. Os espíritos 12ensimesmados reinam;
que não existe noção de começo, meio ou fim. os ativos pagam tributo à reflexão. Sem o sol, que provoca a
Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de 1rudeza dos contrastes, 2tudo é sutil, tudo é suave.
relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a dependência em
Tardes assim nos reconciliam com o efêmero. 18Longe das
internet é reconhecida — e tratada — como uma doença.
3certezas substanciais, ficamos flutuando entre as 4névoas da
Surgiram grupos especializados por toda parte. "Muita gente que
procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença", dúvida. A superficialidade, que aparentemente plenifica, dissolve-
conta um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas se; acabamos ancorados no porto das insatisfações. E, ao invés de

de sessões individuais e em grupo, 80% voltam a niveis aceitáveis nos perenizarmos como singularidade, desejamos subsumir na
de uso da internet. Não seria factível, tampouco desejável, que se névoa...como a 14montanha e a tarde.
mantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por A vida sempre para numa tarde assim. É como se tudo
exemplo, de um alcoólatra em relação à bebida. Com a rede, congelasse. Moléculas, músculos, máquinas e espíritos
afinal, descortina-se uma nova dimensão de acesso às interrompem seu 5furor produtivo 19e se rendem, estáticos, à
informações, à produção de conhecimento e ao próprio lazer, dos 6magia da tarde cinzenta.

quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a 20Numa tarde assim, não há senão uma coisa a fazer:
questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um
contemplar. O espírito, carregando consigo um corpo por vezes
consenso acerca do razoável: até duas horas diárias, no caso de
contrariado, 7aquieta-se e divaga; 8torna-se receptivo a tudo: aos
crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for
sedimentada, melhor. Na avaliação de uma das psicólogas, "Os mínimos sons, 24às réstias de luz que atravessam a névoa, ao
pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os filhos lento e pesado progresso que tudo conduz para o fim do dia, para

sobre como usá-lo de forma útil e saudável". Desse modo, reduz- o mergulho nas brumas da noite. 25As narinas absorvem com
se drasticamente a possibilidade de que, no futuro, eles prazer um odor que parece carregado de umidade; a pele sente o
enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados. toque enérgico do frio. O langor impõe-se e comanda esse estar-
no-mundo como que suspenso por um tênue fio 21que nos liga,
Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. timidamente, à vida ativa.
Adaptado. Nas tardes cinzentas, o coração balança entre a paz e a
inquietação, 23porque a calma e o silêncio inquietam. 9O azáfama
anestesia; 10o não fazer deixa o espírito alerta — como um nervo
(G1 - col. naval 2011) Assinale a opção em que o uso do sinal exposto a qualquer acontecer.
indicador de crase se justifica pela mesma razão que ocorre em "
Não há jamais nada de espetacular nas 15tardes cinzentas,
[...] à medida que o uso da própria rede se dissemina." (1º
a não ser o espetáculo da própria tarde. E este é grandiosamente
parágrafo)
simples: ar friorento, claridade difusa que se perde no cinza,
a) "[...] mas pesa também uma explicação de fundo mais contemplação, inatividade e o contraditório do espírito aguçado e
psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz." (3º acuado por esse acontecer minimalista da vida.
parágrafo)
Na tarde fria e cinzenta, corpos se rendem ao aconchego considera que, entre especialistas, o assunto é controverso. Como
de 16roupas macias ou de braços macios em abraços suaves. explicar o fenômeno?
Somente olhares e corações conservam o fogo das paixões. As Estamos aqui diante de um dos mais fascinantes aspectos da
vozes agudas e imperativas transformam-se em sons baixos, natureza. Se você pretende produzir seres sociais, precisa
quase guturais, que muitas vezes convertem-se em sussurros, encontrar um modo de fazer com que eles colaborem uns com os
como temendo quebrar a magia da tarde. outros e, ao mesmo tempo, se protejam dos indivíduos dispostos
Não nos iludamos com as aparências: não há a explorá-los. A fórmula que a evolução encontrou para
necessariamente tristeza nas tardes cinzentas. Mas também não equacionar esse e outros dilemas foi embalar regras de conduta
existe aquela alegria inconsequente dos dias cálidos e dourados em instintos, emoções e sentimentos que provocam ações que
pelo sol. 22Existe, sim, um equilíbrio perfeito, numa equidistância funcionam em mais instâncias do que não funcionam.
Assim, para evitar a superexploração pelos semelhantes,
entre o tédio e a euforia, fazendo-nos caminhar sobre um 17tênue
desenvolvemos verdadeiro horror àquilo que percebemos como
fio distendido entre o amargor e a satisfação, entre o entusiasmo
injustiças. Na prática, isso se traduz no impulso que temos de
e o tédio. Tudo isso, porém, só se mostra aqui e ali, em meio à
punir quem tenta levar vantagem indevida. Quando não podemos
bruma difusa, ao cinza que permeia tudo.
castigá-los diretamente, torcemos para que levem a pior, o que,
Uma simples tarde cinzenta pode parar o mundo, pode
além de garantir o sucesso de filmes de Hollywood, torna a
deter a vida. Somente por um instante. Mas talvez apenas nos
justiça retributiva algo popular em nossa espécie.
corações sensíveis.
Isso, porém, é só parte do problema. Uma sociedade pautada
apenas pelo ideal de justiça soçobraria. Se cada mínima ofensa
CARINO, J.
exigisse imediata reparação e todos tivessem de ser tratados de
Disponível em: http://www.almacarioca.net/tarde-cinzenta-j-
forma rigorosamente idêntica, a vida comunitária seria impossível.
carino/
A natureza resolve isso com sentimentos como amor e
Acesso em: 23 ago. 2010. (Adaptado)
favoritismo, que permitem, entre outras coisas, que mães prefiram
seus próprios filhos aos de desconhecidos.
Nas sociedades primitivas, bandos de 200 pessoas onde todos
(Cesgranrio 2011) Considere as afirmativas abaixo, segundo o
tinham algum grau de parentesco, o sistema funcionava
registro culto e formal da língua.
razoavelmente bem. Os ímpetos da justiça retributiva eram
I. O uso do acento grave indicativo da crase em “às réstias de luz
modulados pela empatia familiar. Agora que vivemos em grupos
que atravessam a névoa,” (ref. 24), constitui caso de regência
de milhões sem vínculos pessoais, a vontade de punir impera
nominal.
inconteste.
II. Em “As narinas absorvem com prazer um odor...” (ref. 25),
SCHWARTSMAN, Hélio. Folhaonline, em 24 jun. 2015.
substituindo-se o verbo destacado por aspirar, teríamos as
narinas aspiram com prazer a um odor.
Considere o verbo grifado na seguinte frase extraída do texto:
III. Acrescentando-se à expressão destacada em “...que nos liga,
“Uma sociedade pautada apenas pelo ideal de justiça soçobraria”.
timidamente, à vida ativa.” (ref. 21) o pronome minha (à minha
Um dos objetivos de um dicionário é esclarecer o significado das
vida ativa), o uso do acento grave indicativo da crase passa a ser
palavras, apresentando as acepções de um vocábulo indo do
facultativo.
literal para o metafórico. No caso dos verbos, há também
informações sobre a regência.
Está correto o que se afirma em

a) I, apenas. Entre as acepções para o verbo grifado acima, adaptadas do


Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (Rio de Janeiro: ed.
b) I e II, apenas. Objetiva, 2001), assinale a que corresponde ao uso no texto.

a) t.d. revolver de cima para baixo e vice-versa; inverter, revirar <o


c) I e III, apenas.
ciclone soçobrou o que encontrou no caminho>.
b) t.d/int. emborcar, virar (geralmente uma embarcação) e ir a
d) II e III, apenas.
pique, naufragar ou fazer naufragar; afundar(-se), submergir (-se)
<temiam que a tempestade os soçobrasse> <a embarcação
e) I, II e III.
soçobrou>.
Exercício 95 c) t.d/int. por metáfora: reduzir(-se) a nada; acabar (com),
(Ufpr 2016) aniquilar(-se) <com tanta dissipação, sua fortuna soçobrara>.
Vontade de punir d) t.d. e pron. por metáfora: tornar-se desvairado; agitar-se,
Deu no Datafolha que 87% dos brasileiros querem baixar a perturbar-se <soçobrou-se ante a negativa dela>.
maioridade penal. Maiorias assim robustas, que já são raras em e) pron. por metáfora: perder a coragem, o ânimo; desanimar,
questões sociais, ficam ainda mais intrigantes quando se esmorecer, acovardar-se <soçobrar-se não é próprio dele>.
GABARITO
c) Encontrei a pessoa certa sobre cujos olhos falei.
Exercício 1

d) A traição implica sérios prejuízos para a relação.


Exercício 14

b) Apenas um sorvete não apetece o menino.


Exercício 2

c) Todos aspiramos a um mundo no qual a verdade, a


Exercício 15
transparência e o respeito estejam a serviço da humanidade.
a) Com aquele dinheiro visava a compra de um automóvel.

Exercício 3
Exercício 16
c) I, III e IV apenas.
c) Todos aspiramos a um mundo no qual a verdade, a
transparência e o respeito estejam a serviço da humanidade.
Exercício 4

d) “também as ajudam a tomar posse de um espaço.”


Exercício 17
(referência 9)
d) “também as ajudam a tomar posse de um espaço.”
(referência 9)
Exercício 5

d) O ambientalista não cedeu aos constrangimentos.


Exercício 18

d) com o qual – com o qual – sobre o que.


Exercício 6

c) As sentenças I e II estão corretas. Ambas as regências do


Exercício 19
verbo “aspirar” estão de acordo com a norma gramatical.
d) 4 – 2 – 5 – 1 – 3
Exercício 7
Exercício 20
c) “A música que você mais gosta tocando no rádio do carro”
(ref. 14), em que a regência do verbo “gostar” não é obedecida. e) V – F – V – F – V

Exercício 21

e) à – pelas quais – lhes – cujas


Exercício 8

b) objeto direto e objeto indireto, ambos representados pelo Exercício 22

vocábulo “lho”. c) O jornalista Ricardo Moraes tinha um sonho.

Exercício 9 Exercício 23

a) Aquela, sim, era a morte a que eu aspirava. b) objeto direto e objeto indireto, ambos representados pelo
vocábulo “lho”.

Exercício 10

e) Hoje professores pedem constantemente a seus alunos que Exercício 24

deixem o celular e participem das aulas. c) Refiro-me ao livro que está sobre a mesa.

Exercício 11

c) Refiro-me ao livro que está sobre a mesa. Exercício 25

b) 1 e 2 apenas.

Exercício 12

d) Lucas deixou o cachorro atado por um poste. Exercício 26

b) Para o trecho: “A quem pertencera esse animal, nós não


sabíamos” (4º parágrafo), a regência verbal também estaria
Exercício 13
correta na seguinte construção: “De quem fora esse animal,
nós não sabíamos”.
Exercício 39

e) Vou à Búzios das belas praias passar o feriado.


Exercício 27

c) “Quando falo em conversa, refiro-me àquelas que se Exercício 40

esticam [...]” (4º parágrafo) – Quando falo em conversa, aludo d) Está apropriada a expressão, devendo-se manter a oração
àquelas que se esticam. como está.

Exercício 41
Exercício 28
c) à – a – a – as.
e) “[...] na capa, como se isso sinalizasse o direito de posse.” (8º
parágrafo) – (a)
Exercício 42
Exercício 29
c) por tratar-se de uma expressão adverbial feminina.
a) Em “Para que esse ciclo vicioso seja rompido, são
necessárias ações que incidam na vida do trabalhador [...]” (9º
parágrafo), o verbo sublinhado está corretamente flexionado Exercício 43
em concordância ao sujeito posposto. e) Textos alarmistas e sensacionalistas ganham destaque à
medida que vão sendo compartilhados.

Exercício 30 Exercício 44
e) buscá-la – contar-lhe – o – ajudá-la a) à – À – a – à – a

Exercício 31

c) Paguei todos os trabalhadores. Exercício 45

c) Pode-se caminhar alguns passos no sentido de garantir que


a essa tarefa alinhe-se a participação social.
Exercício 32

c) Apenas I e II.
Exercício 46

d) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.


Exercício 33

d) A torcida assistiu à partida com muita paixão. Exercício 47

a) “O rap é hoje uma forma de expressão comunitária, por


meio da qual se comunicam...” (ref. 1) O rap é hoje uma forma
Exercício 34
de expressão comunitária, com à qual se comunicam.
a) “Lhe castigo na esteira”

Exercício 48
Exercício 35
c) II, III e IV.
a) que - que - de que - para cuja

Exercício 49
Exercício 36
c) à – a – a – às.
e) Ânimo, Brás Cubas; não me sejas palerma.

Exercício 37 Exercício 50

a) “Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa c) ... escrevi uma coluna como está sentado na primeira fila, ao
tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta lado de um bebê com dor de ouvido... / Escrevi uma coluna
crônica.” como está sentado na primeira fila, a esquerda de um bebê
com dor de ouvido.

Exercício 38

a) As pesquisas médicas são essenciais devido a urgência de Exercício 51

implantar medidas efetivas de combate às pandemias. e) à – A – as

Exercício 52
a) O pronome relativo cuja (ref. 2) refere-se à palavra d) Nenhum atleta dessa delegação pode comer o que deseja o
arqueologia, denotando sentido de possessividade. tempo todo, à vontade.

Exercício 53
Exercício 67
b) Preciso estar pronta até às 13h, senão perderei o voo e
todas as conexões. a) O jantar desta noite será um delicioso filé à Chatô.

Exercício 54 Exercício 68

b) Atribuiu o insucesso à má sorte. d) Rosamaria recebeu do Juizado Militar a opção da liberdade


vigiada e pôde sair da cadeia, embora a liberação tivesse
fortes limitações como proibição de deixar a cidade, de chegar
Exercício 55 a casa após as 22h e de trabalhar.
a) F – V – V – V – V.
Exercício 69

b) Às pessoas que leem cabe o papel de ver o mundo de modo


Exercício 56 claro, especial e lúcido, independentemente de classe social.
c) reivindicar – broches – às.

Exercício 70
Exercício 57 b) E importante esclarecer que somente a efetivação de
d) há, às, à, a funcionários derivada da realização e admissão através de
concurso público possibilita a criação dos denominados planos
Exercício 58 de cargos e salários e caracteriza uma carreira, subordinada ao
a) por haver um verbo, embora posposto, que reclama a Estatuto dos Funcionários Públicos.
preposição “a”.

Exercício 71
Exercício 59 a) Sinceramente, temos a expectativa de que os nossos
a) É claro (ref. 7) é oração intercalada que tem como função governantes passem a tratar com mais atenção as questões de
reafirmar o que se diz no período anterior. segurança e, assim, a população possa circular com mais
liberdade pelas ruas.

Exercício 60
Exercício 72
b) O verbo dizem (referência 5) denota que se está diante de
um sujeito da ação indeterminado, sem uma referência precisa c) ao contrário dos meninos ricos, que, na maioria das vezes,
e relativo a comentários que eram familiares aos interlocutores perdem-se dentro de suas próprias mansões, os meninos
da carta. pobres do Brasil se perdem nas ruas à míngua e são
ignorados, muitas vezes, por aqueles que têm o dever de
acolhê-los, com eles se envolver e cuidar deles.
Exercício 61

e) à – a – à – à Exercício 73

Exercício 62 b) Em “À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-

e) I e V. lhe o que restava dos cabelos.”, a expressão “de cetim” e o


pronome “lhe” possuem a mesma classificação sintática.
Exercício 63

d) há – a – à – a. Exercício 74

Exercício 64 a) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro


e descer escorregando no capim até a beira do açude.
b) Conheceram-se numa biblioteca: foi amor a primeira vista.

Exercício 65
Exercício 75
d) Por quê – à – à – porque
c) Essa necessidade de aceitação é mais forte no adolescente,
que quer se autoafirmar junto àqueles com os quais se
Exercício 66 identifica.
Exercício 76 Exercício 85

a) Ela ficou parada à espera de uma oportunidade para dar sua b) antes de palavra feminina regida pela preposição "a".
opinião.

Exercício 77 Exercício 86

e) incorreta, tal como em “Dirigiu-se ao local disposto à falar d) Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer.
com o delegado”.

Exercício 78 Exercício 87

a) Na última terça-feira, fui ao cinema para ver o último filme a) “[...] novos rumos à minha vida.” (2º parágrafo)
de Woody Allen. Embora a crítica não tenha se posicionado
favoravelmente ao longa-metragem, a sessão à qual assisti
estava praticamente lotada. Exercício 88

e) Na frase IV, o uso do acento grave é opcional, porque o


artigo definido é opcional antes de pronome possessivo –
Exercício 79
pode-se dizer ― “a minha casa” ou ― “minha casa”, por
a) O verbo poder está no plural porque concorda com exemplo.
“aqueles”.
Exercício 89

d) a – a – à – a
Exercício 80

b) Ensinar à distância é uma tarefa árdua, mas bastante


desafiadora para todos nós. Exercício 90

2 3 4
a) Há as onde
Exercício 81
Exercício 91
c) “ao desejo humano” (ref. 3) por à vontade das pessoas
c) Sempre desejou mostrar o mar às suas queridas irmãs.

Exercício 82
Exercício 92
a) O verbo “chegar” estabelece, no segundo quadrinho,
regência com a preposição “a”, a qual se aglutina com o artigo a) Não gostava de fazer os deveres de casa às pressas.
que sucede o verbo.

Exercício 93

b) "Na rede, os adolescentes sentem-se ainda mais à vontade


Exercício 83 para expor suas ideias." (3º parágrafo)
a) Em “Para chegar à estabilidade absoluta...” (ref. 10), se
acrescentado o pronome possessivo sua antes da palavra
Exercício 94
estabilidade, a obrigatoriedade do acento indicativo de crase
se desfaz. c) I e III, apenas.

Exercício 84 Exercício 95

c) É esse o espaço reservado aos joelhos ralados, às c) t.d/int. por metáfora: reduzir(-se) a nada; acabar (com),
descobertas, aos medos, à alegria e à força que nos aniquilar(-se) <com tanta dissipação, sua fortuna soçobrara>.
impulsiona para a frente.
ORAÇÕES

2020 - 2022
ORAÇÕES
Oração é um conjunto linguístico que se estrutura em torno de um verbo ou locução verbal.
Venha conhecer as orações coordenadas, subordinadas e reduzidas.

Este módulo é composto pelas seguintes apostilas:


1. Orações Coordenadas
2. Orações Subordinadas Adverbiais
3. Orações Subordinadas Adjetivas
4. Orações Reduzidas
ORAÇÕES COORDENADAS
É muito raro encontrar, nos textos, períodos formados por apenas uma oração, ou seja,
períodos simples. Os períodos compostos podem ser compostos por coordenação
e por subordinação. Nos períodos compostos por coordenação, as orações são
independentes entre si e possuem sentido completo, isto é, sujeito e predicado. Estas
orações independentes são chamadas de orações coordenadas. É importante observar
que não há oração principal nas orações coordenadas, elas possuem mesmo grau de
importância.

As orações coordenadas se classificam em:

ORAÇÕES COORDENADAS ASSINDÉTICAS


São as orações coordenadas que não são introduzidas por conjunções coordenativas,
mas sim separadas umas das outras por vírgulas.

f Andava de bicicleta, corria no parque, jogava futebol.


f Comemos camarão, bebemos limonada, nos divertimos.
f Corremos muito, ficamos cansados.

ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS


São as orações coordenadas que são introduzidas por conjunções coordenativas. Por
sua vez, elas se classificam de acordo com o tipo de conjunção que as inicia:

Orações coordenadas sindéticas aditivas

Há a ideia de soma ou adição. Algumas conjunções aditivas são: e, nem, mas


também, mas ainda.

f Ele veio a pé e voltou de carro.


f As pessoas não falavam nem se mexiam.
f Não só brigou com o namorado, mas também ofendeu sua família.

Orações coordenadas sindéticas adversativas

Há a ideia de oposição. Algumas conjunções adversativas são: mas, porém, contudo,


todavia, entretanto, no entanto.

f Ele venceu, mas não convenceu.


f Vinha com velocidade, porém desacelerou perto do final.

www.biologiatotal.com.br 3
f Gosto dela, entretanto não nego que tem muitos defeitos.
Orações Coordenadas

f Havia muito serviço, contudo ninguém trabalhava.

Orações coordenadas sindéticas alternativas

Há a ideia de escolha ou alternância. Algumas conjunções alternativas são: ou, ou… ou,
ora… ora, quer… quer, já… já, seja… seja.

f Fale agora ou cale-se para sempre.


f Ora jogava videogame, ora via televisão.
f Ou você estuda ou não se sairá bem na prova.

Orações coordenadas sindéticas conclusivas

Há a ideia de conclusão de um pensamento. Algumas conjunções conclusivas são: logo,


então, portanto.

f Penso, logo existo.


f Estava chovendo, então veio para casa.
f É meu amigo, portanto posso contar com ele.

Orações coordenadas sindéticas explicativas

Há a ideia de explicação ou justificativa. Algumas conjunções explicativas são: pois,


porque, que.

f Dê-lhe flores, que amanhã é aniversário dela.


f Não minta, porque será pior.
f Comprou uma garrafa de água, pois estava com sede.

ANOTAÇÕES

4
ORAÇÕES SUBORDINADAS
ADVERBIAIS
É muito raro encontrar, nos textos, períodos formados por apenas uma oração, ou seja,
períodos simples. Os períodos compostos podem ser compostos por coordenação e
por subordinação. Nos períodos compostos por subordinação, há uma oração principal
e uma ou mais orações subordinadas, que exercem funções sintáticas em relação à
oração principal. As orações subordinadas adverbiais são aquelas que exercem função
sintática de adjunto adverbial da oração principal.

As orações subordinadas adverbiais são introduzidas por conjunções subordinativas e


classificadas de acordo com a circunstância que exprimem:

Orações Subordinadas Adverbiais Causais

Exprimem a causa da oração principal. São em geral introduzidas por: porque, visto que,
uma vez que, já que, como.

f Faltou à aula porque estava doente.


f Faltou à aula, visto que estava doente.
f Como estava doente, faltou à aula.

Orações Subordinadas Adverbiais Condicionais

Exprimem uma condição para que algo se realize. São em geral introduzidas por: se,
caso, contanto que, desde que.

f Se for voltar cedo, pode ir à festa.


f Pode ir à festa, desde que volte cedo.
f Pode ir à festa, contanto que volte cedo.

Orações Subordinadas Adverbiais Comparativas

Exprimem comparação. São em geral introduzidas por: como e que.

f Choveu hoje como chove em dias de verão.


f Parou perplexo como se esperasse algo diferente.
f É mais fácil prevenir que remediar.
f A luz é mais rápida que o som. (Na segunda oração, o verbo está subentendido)

www.biologiatotal.com.br 1
Orações Subordinadas Adverbiais Consecutivas
Orações Subordinadas Adverbiais

Exprimem a consequência da oração principal. São em geral introduzidas por “que”,


tendo na oração principal termos que indicam intensidade, como “tão”, “tanto”, “tal”.

f Choveu tanto que alagou a praça.


f A chuva foi tão forte que alagou a praça.
f Ela havia mudado de tal maneira que já não era reconhecida.

Orações Subordinadas Adverbiais Conformativas

Exprimem concordância ou adequação. São em geral introduzidas por: conforme,


segundo, como.

f Apareceu na festa conforme havia prometido.


f Fez o projeto como lhe explicamos.
f Fez o projeto conforme lhe explicamos.

Orações Subordinadas Adverbiais Concessivas

Exprimem algo contrário ao expresso na oração principal. São em geral introduzidas


por: embora, mesmo que, se bem que, ainda que.

f Embora tenha saído cedo de casa, chegou atrasado.


f Mesmo que tenha saído cedo de casa, chegou atrasado.
f Chegou atrasado, se bem que saiu cedo de casa.

Orações Subordinadas Adverbiais Temporais

Exprimem circunstância de tempo. São em geral introduzidas por: quando, enquanto,


logo que, desde que.

f Saímos quando eram duas horas.


f Saímos quando ainda estava claro.
f Saímos enquanto ainda estava claro.
f Conversava com a mulher desde que chegou.

Orações Subordinadas Adverbiais Finais

Exprimem finalidade ou objetivo. São em geral introduzidas por: a fim de que, para que, que.

f Tomou o remédio para que se curasse.


f Aproximei-me a fim de que me ouvissem melhor.
f Fez um sinal que se calassem.

2
Orações Subordinadas Adverbiais Proporcionais

Orações Subordinadas Adverbiais


Exprimem proporção. São em geral introduzidas por: à medida que, à proporção que,
quanto mais, quando menos.

f Entendia menos à medida que o professor avançava na explicação.


f Quanto mais ela falava, menos ele prestava atenção.
f Quanto menos ela contava, mais ele ficava intrigado.

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 3
ORAÇÕES SUBORDINADAS
ADJETIVAS
É muito raro encontrar, nos textos, períodos formados por apenas uma oração, ou seja,
períodos simples. Os períodos compostos podem ser compostos por coordenação e
por subordinação. Nos períodos compostos por subordinação, há uma oração principal
e uma ou mais orações subordinadas, que exercem funções sintáticas em relação à
oração principal. As orações subordinadas adjetivas são aquelas que exercem função
sintática de adjunto adnominal da oração principal. Essas orações são sempre
introduzidas por pronomes relativos (que, quem, onde, o qual e variáveis, cujo e
variáveis, quanto e variáveis). Elas são classificadas em:

Orações subordinadas adjetivas explicativas: explicam o termo a que se referem,


acrescentando uma característica desde, sem restringi-lo. São como um aposto, por
isso vêm entre vírgulas.

f Ele, que nasceu rico, acabou na miséria.

f Ela tem muitas plantas, que cultiva com carinho.

f Há palavras, cuja origem é incerta, muito difíceis de escrever.

Orações subordinadas adjetivas restritivas: acrescentam uma característica que


restringe o termo a que se referem.

f Havia relatos que chamaram nossa atenção.

f O professor a quem fui apresentado é educado.

f Há palavras cuja origem é incerta.

f Este é o motivo pelo qual desisti.

f Fique no lugar onde está.

Observe que o fato de não virem entre vírgulas muda o sentido da frase:

Os alunos, que se dedicam, tiram boas notas. (Explicativa)

Os alunos que se dedicam tiram boas notas. (Restritiva)

Na oração subordinada adjetiva restritiva, entendemos que apenas alguns alunos -


aqueles que se dedicam - tiram boas notas, enquanto todos os alunos - que possuem
como característica se dedicaram - tiram boas notas na oração subordinada adjetiva
explicativa.

www.biologiatotal.com.br 1
ORAÇÕES REDUZIDAS
As orações subordinadas nem sempre vêm desenvolvidas num texto ou na fala. Elas
podem vir reduzidas, isto é, sem ser introduzidas por conectivo e com o verbo numa
forma nominal (infinitivo, particípio ou gerúndio). Em casos muito raros, as orações
coordenadas podem vir também reduzidas. As orações reduzidas são usadas para
adicionar concisão no texto e na fala.

É quase sempre possível desenvolver uma oração reduzida obedecendo às regras


gramaticais e sem alterar o sentido. Observe:

f Penso estar preparado. → Penso que estou preparado.

f Fazendo assim, conseguirá terminar. → Se fizer assim, conseguirá terminar.

f Esta é a nota divulgada pela diretoria → Esta é a nota que a diretoria divulgou.

Alguns exemplos de orações reduzidas fixas, isto é, que não podem ser desenvolvidas:

f Agrada-me ouvir isso.

f Enriqueceu vendendo frutas.

As orações reduzidas são classificadas em:

REDUZIDAS DE INFINITIVO:
É importante prevenir os acidentes. (Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida
de infinitivo).

Diz ter pressa. (Oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo).

Nada me impede de ir agora. (Oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida


de infinitivo).

O essencial é salvar os animais em extinção. (Oração subordinada substantiva predicativa


reduzida de infinitivo).

Estou disposto a ir lá sozinho. (Oração subordinada substantiva completiva nominal


reduzida de infinitivo).

Só faltava uma coisa: agradecer a ela. (Oração subordinada substantiva apositiva


reduzida de infinitivo).

www.biologiatotal.com.br 1
Ao perceber o ocorrido, chamou a polícia. (Oração subordinada adverbial temporal
Orações Reduzidas

reduzida de infinitivo).

Matou o coelho para se alimentar. (Oração subordinada adverbial final reduzida de


infinitivo).

Ofendi-o sem querer. (Oração subordinada adverbial concessiva reduzida de infinitivo).

Não sairia sem me avisar. (Oração subordinada adverbial condicional reduzida de


infinitivo).

Não veio por se encontrar doente. (Oração subordinada adverbial causal reduzida de
infinitivo).

Ela devia estar muito distraída para não nos ver. (Oração subordinada adverbial
consecutiva reduzida de infinitivo).

Não era uma mulher de inventar mentiras. (Oração subordinada adjetiva restritiva
reduzida de infinitivo).

REDUZIDAS DE GERÚNDIO:
Havia cinco crianças brincando no lago. (Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida
de gerúndio).

Chegando, avise ao seu pai. (Oração subordinada adverbial temporal reduzida de


gerúndio).

Fico admirado que, sendo tão esperto, tenha caído neste velho golpe. (Oração
subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio).

Estudando, aprenderá rápido. (Oração subordinada adverbial condicional reduzida de


gerúndio).

Estando doente, faltou ao compromisso. (Oração subordinada adverbial causal reduzida


de gerúndio).

Seguindo um velho hábito, cochila depois do almoço. (Oração subordinada adverbial


conformativa reduzida de gerúndio).

A bola de bexiga subiu, desaparecendo no céu. (Oração coordenada aditiva reduzida


de gerúndio).

REDUZIDAS DE PARTICÍPIO:
As histórias contadas por ele eram adoradas pelas crianças. (Oração subordinada
substantiva adjetiva reduzida de particípio).

2
Feito isto, estão dispensados. (Oração subordinada adverbial temporal reduzida de

Orações Reduzidas
particípio).

Cercada por todos os lados, a cidadezinha não se rendeu. (Oração subordinada adverbial
concessiva reduzida de particípio).

Aceitadas as condições, podemos assinar o contrato. (Oração subordinada adverbial


condicional reduzida de particípio).

Surpreendidos pela chuva, procuramos abrigo. (Oração subordinada adverbial causal


reduzida de particípio).

Observação:

O objetivo aqui não é decorar quais orações podem ser reduzidas por quais formas
nominais, mas sim reconhecer orações reduzidas, desenvolvê-las e saber usá-las para
uma melhor comunicação oral e escrita.

ANOTAÇÕES

www.biologiatotal.com.br 3
ORAÇÕES SUBORDINADAS
SUBSTANTIVAS
É muito raro encontrar, nos textos, períodos formados por apenas uma oração, ou seja,
períodos simples. Os períodos compostos podem ser compostos por coordenação
e por subordinação. Nos períodos compostos por subordinação, há uma oração
principal e uma ou mais orações subordinadas, que exercem funções sintáticas em
relação à oração principal. As orações subordinadas substantivas são aquelas que
exercem função sintática de objeto direto da oração principal. Elas são classificadas
em:

Orações subordinadas substantivas subjetivas: exercem função de sujeito.

f É necessário que você colabore.


f Parece que a situação piorou.
f É importante que cheguem todos no horário.
f Já não lembrava como era o caminho de casa.
f Já se sabe quem ele é.

Orações subordinadas substantivas objetivas diretas: exercem função de objeto


direto.

f Perguntei se ele estava feliz.


f Dizem que o novo filme é muito bom.
f Desejava que viessem todos à festa.
f Quis saber quem estava em casa.
f Não sei qual será a escolha.

Orações subordinadas substantivas objetivas indiretas: exercem função de objeto


indireto, portanto vêm precedidas de preposição.

f Necessito de que me apóiem.


f Não me oponho a que você viaje.
f Tudo dependerá de que penses positivo.
f Não me lembrei de que precisava dos documentos.
f Avisei-o de que tomasse cuidado.

www.biologiatotal.com.br 1
Orações subordinadas substantivas predicativas: exercem função de predicativo do
Orações subordinadas substantivas

sujeito, portanto vêm precedidas de verbo de ligação.

f Minha esperança era que fizesse sucesso.


f Meu medo é que chova amanhã.
f Seu desejo era que o deixassem em paz.
f Não sou quem você pensa.
f A esperança é onde nos agarramos.

Orações subordinadas substantivas completivas nominais: exercem função de


complemento nominal.

f Tenho medo de que chova amanhã.


f Estou certo de que os alunos entenderam.
f Tenho certeza de que todos entenderam.
f Seja grato a quem te ofereceu ajuda.
f Estava convencido de que lhe dariam razão.

Orações subordinadas substantivas apositivas: exercem função de aposto. Em geral


vêm depois de dois pontos.

f Desejo uma coisa: que sejam felizes.


f Tenho uma certeza: de que ela não vai desistir.
f Só lhe peço isso: que não a magoe.
f Confessou a verdade: que a amava.

Dica: para descobrir qual a função sintática exercida pela oração subordinada, basta substituí-la
pela palavra “isso” e descobrir sua função sintática. Tente fazer isso nos exemplos acima.

ANOTAÇÕES

2
Através dos cursos
Português Lista de Exercícios

Exercício 1
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho, 2019.)
Leia o trecho do livro O oráculo da noite, do neurocientista Sidarta
Ribeiro.

A palavra sonho, do latim somnium, significa muitas coisas (Unifesp 2021) “Mesmo assim a insônia impera.” (3º parágrafo)
diferentes, todas vivenciadas durante a vigília, e não durante o
sono. Realizei “o sonho da minha vida”, “meu sonho de consumo” No contexto em que se encontra, a expressão sublinhada exprime
são frases usadas cotidianamente pelas pessoas para dizer que ideia de
pretendem ou conseguiram alcançar algo. Todo mundo tem um
a) causa.
sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja algo que
não tem. Por que será que o sonho, fenômeno normalmente
b) condição.
noturno que tanto pode evocar o prazer quanto o medo, é
justamente a palavra usada para designar tudo aquilo que se
c) oposição.
quer ter?
O repertório publicitário contemporâneo não tem dúvidas
d) conclusão.
de que o sonho é a força motriz de nossos comportamentos.
Desejo é o sinônimo mais preciso da palavra “sonho”. [...] Na área
e) consequência.
de desembarque de um aeroporto nos Estados Unidos, uma foto
enorme de um casal belo e sorridente, velejando num mar Exercício 2
caribenho em dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
seus sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de Quando pensamos em EXPERIÊNCIAS ESTUDANTIS NO
cartão de crédito. Deduz-se do anúncio que os sonhos são como EXTERIOR, automaticamente relacionamos o tema aos melhores
veleiros, capazes de levar-nos a lugares idílicos, perfeitos, aspectos positivos possíveis, como a vivência na língua, na
altamente… desejáveis. As equações “sonho é igual a desejo que cultura, na culinária, entre outros. Contudo, há outros aspectos
é igual a dinheiro” têm como variável oculta a liberdade de ir, ser relevantes – positivos e negativos – que a atividade deseja
e principalmente ter, liberdade que até os mais miseráveis podem também abordar. Somos seres humanos em construção e
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho noturno, mas interligados pela intensa globalização do século XXI. Assim, a
que no sonho diurno é privilégio apenas dos detentores de um escolha desse tema se dá pelo desejo de acrescentar reflexões
mágico cartão plástico. importantes ao cotidiano de nossos jovens estudantes.
A rotina do trabalho diário e a falta de tempo para dormir e
sonhar, que acometem a maioria dos trabalhadores, são cruciais Texto
para o mal-estar da civilização contemporânea. É gritante o
contraste entre a relevância motivacional do sonho e sua Relato de experiência
banalização no mundo industrial globalizado. [...] A indústria da
saúde do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor Meu nome é Rafael Lemos da Silva e eu estudo Relações
estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Mesmo assim Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
a insônia impera. Se o tempo é sempre escasso, se despertamos No segundo semestre de 2015, eu decidi fazer um intercâmbio
diariamente com o toque insistente do despertador, ainda acadêmico para a Universidade da Flórida (UF), tendo em vista
sonolentos e já atrasados para cumprir compromissos que se que o meu curso requer uma experiência internacional.O meu
renovam ao infinito, se tão poucos se lembram que sonham pela intercâmbio acadêmico foi incrível, porque foi a primeira vez que
simples falta de oportunidade de contemplar a vida interior, eu fui para outro país. O intercâmbio possibilitou o exercício diário
quando a insônia grassa e o bocejo se impõe, chega-se a duvidar do inglês e do espanhol. Por outro lado, inicialmente eu achei
da sobrevivência do sonho. difícil me adaptar à cultura estadunidense, porque eles não
E, no entanto, sonha-se. Sonha-se muito e a granel, gostam de contato físico e costumam ser extremamente diretos
sonha-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos da cidade, em suas conversações. Além disso, existe uma cultura favorável
da incessante faina da vida e da tristeza das perspectivas. Dirá a ao consumo de fast food, o que prejudicou a minha saúde. (...)
formiga cética que quem sonha assim tão livre é o artista, cigarra As minhas aulas foram sensacionais! Meus professores
de fábula que vive de brisa. [...] Na peça teatral A vida é sonho, o eram especialistas nos assuntos tratados em aula e tinham
espanhol Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de diversos livros publicados sobre os mesmos, o que enriquecia a
construir o próprio destino. O sonho é a imaginação sem freio aprendizagem. A estrutura das aulas era completamente
nem controle, solta para temer, criar, perder e achar. diferente, porque eu tinha a mesma matéria três vezes por
semana durante 50 minutos, fazendo com que o professor nome de uma cidade da Bélgica, famosa, desde o século 14, por
sintetizasse a matéria e com que a disciplina cobrisse mais suas águas minerais. Século 14, sim: é muito antiga a crença do
tópicos. As aulas eram dialogadas e muitos professores atribuíam homem no poder dessas águas que brotam do seio da terra,
uma nota considerável para a participação em sala de aula. aquecidas, segundo a lenda, nas forjas do deus Vulcano. E há
Ademais, eu tinha cerca de 500 páginas em inglês para ler todas muito tempo pessoas vão aos banhos termais, em busca de
as semanas para as minhas aulas. tratamento para situações que vão desde as doenças de pele até
Um fator impressionante foi a infraestrutura da os proverbiais males do fígado. As águas foram estudadas e
Universidade da Flórida. A universidade ocupa quase metade da classificadas: sulfurosas, bicarbonatadas, ferruginosas. E para
cidade de Gainesville, na Flórida. Eu morei em uma república cada tipo de doença havia uma água específica. Tamanha
dentro da universidade e dividia o meu quarto com um americano. demanda acabou criando uma verdadeira indústria: grandes
Eu geralmente passava mais tempo na biblioteca da universidade estabelecimentos foram construídos para hospedar pessoas que
que possuía uma infraestrutura incrível. As bibliotecas ficavam vinham muitas vezes de longe em busca de curas para os seus
abertas 24 horas por dia para estimular o estudo por parte dos males. Alguns desses hotéis ficaram famosos pelo luxo barroco;
alunos e eles tinham uma loja do Starbucks dentro da própria num desses, Alain Resnais filmou o famoso O ano passado em
biblioteca. Marienbad, um filme cult dos anos 60, no qual os longos
As universidades estadunidenses costumam incentivar corredores serviam de metáfora para os labirintos da paixão. Irai,
atividades internas para os seus estudantes. Por exemplo, aqui no Rio Grande do Sul, sempre foi um equivalente modesto,
durante o meu intercâmbio a Universidade da Flórida promoveu mas digno.
cerca de cinco shows com artistas americanos como T.I. e Andy As pessoas melhoravam no spa. E por que não haviam de
Grammer. Além disso, a Universidade da Flórida costumava melhorar? Comiam bem (inclusive para afastar o espectro da
promover palestras sobre temas como a violência policial e tuberculose, sempre associada à magreza), descansavam,
convidava personalidades estadunidenses influentes nessas conversavam e sobretudo relaxavam: mergulhadas na água
questões. (...) tépida, voltavam por algumas horas ao líquido amniótico onde o
feto está a salvo dos desgostos do amor e da fúria da inflação. E
(Fonte: https://www.ufsm.br/oraaos-de-apoio/sai/relatos-de- isso preserva a reputação das termas até hoje.
exDeriencia-no-exterior/. Acessado em: 02/09/2020)
(A face oculta, 2001. Adaptado.)
Observação: por se tratar de um relato de experiência publicado
no blog (ambiente informal) da Universidade Federal de Santa
Maria, o texto apresenta desvios quanto à norma-padrão. (Famema 2021) “Irai, aqui no Rio Grande do Sul, sempre foi um
equivalente modesto, mas digno.” (1º parágrafo)

(G1 - cmrj 2021) Analise o trecho destacado do texto abaixo: Mantendo aproximadamente o sentido original, o trecho
sublinhado pode ser substituído por:
"Além disso, a Universidade da Flórida costumava promover
a) modesto, no entanto digno.
palestras sobre temas como a violência policial e convidava
personalidades estadunidenses influentes nessas questões.
(...)"
b) modesto, senão digno.

Dentre as alternativas abaixo, assinale a que apresenta conectivo


c) digno, pois modesto.
de igual valor semântico ao destacado no trecho acima.

a) Os estudos não somente instruem, mas também divertem. d) modesto, apesar de digno.

e) digno, entretanto modesto.


b) Estude agora ou perderá a oportunidade.
Exercício 4
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
c) Possuem grandes problemas e não reclamam.
A última página
d) Dedique-se, nem que seja um pouco.
Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para
e) Queremos ter sucesso, mas não nos dedicamos. vislumbrar o que somos e onde estamos. 1Lemos para
compreender, ou para começar a compreender. Não podemos
Exercício 3 deixar de ler. Ler, quase como respirar, é nossa função essencial.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 2
Mesmo em sociedades que deixaram registros de sua
Leia o trecho inicial da crônica “Os segredos do spa”, de Moacyr
passagem, a leitura precede a escrita3; o futuro escritor deve ser
Scliar.
capaz de reconhecer e decifrar o sistema de signos antes de
colocá-los no papel. 4Para a maioria das sociedades letradas –
Diferente de SPC, a palavra Spa não é uma sigla, não se
para o islã, para as sociedades judaicas e cristãs como a minha,
trata de nenhum Serviço-de-Proteção-a-Qualquer-Coisa. É o
para os antigos maias, para as vastas culturas budistas –, ler está
no princípio do contrato social; aprender a ler foi meu rito de
passagem. (Ucs 2021) Nos enunciados Lemos para compreender, ou para
5 começar a compreender (ref. 1) e A leitura
Depois que aprendi a ler minhas letras, li de tudo: livros,
6 deu-me uma desculpa para a privacidade, ou talvez tenha dado
mas também notícias, anúncios, os títulos pequenos no verso da
passagem do bonde, letras jogadas no lixo, jornais velhos um sentido à privacidade (ref. 18), o articulador ou
apanhados sob o banco do parque, grafites, a contracapa das a) une duas orações adversativas que estão justapostas.
revistas de outros passageiros no ônibus. Quando fiquei sabendo
que Cervantes, em seu apogeu à leitura, lia “até os pedaços de
papel rasgado na rua”, entendi exatamente que impulso o levava b) expressa dúvida, hesitação; os fatos se realizam em tempos
a isso. Essa adoração ao livro 7(em pergaminho, em papel ou na diferentes.
tela) é um dos alicerces de uma sociedade letrada.
A experiência veio a mim primeiramente por meio dos c) marca uma ênfase em relação à primeira oração.
livros. Mais tarde, quando me deparava com algum
acontecimento, circunstância ou algo semelhante 8__________ d) liga duas orações de sentido distinto e exerce uma função
9 10 excludente.
sobre o qual havia lido, isso me causava o sentimento um
tanto surpreendente, 11mas desapontador de déjà vu, 12porque
e) expõe duas formas de dizer o mesmo; reitera o dito na oração
imaginava que aquilo que estava acontecendo agora já havia me
anterior.
acontecido em palavras, já havia sido nomeado.
Meus livros eram para mim transcrições ou glosas Exercício 5
13 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
__________ outro Livro colossal. Miguel de Unamuno, em um
soneto, 14fala do tempo, 15cuja fonte está no futuro; minha vida O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro
de leitor deu-me a mesma impressão de nadar contra a corrente, Poesias, é o texto mais famoso da antologia, obra de estreia do
vivendo o que já tinha lido. Tal como Platão, passei do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e
conhecimento para seu objeto. Via mais realidade na ideia do que a escolha da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao
movimento parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em
na coisa. 16Era nos livros que eu encontrava o universo17:
colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como
digerido, classificado, rotulado, meditado, ainda assim formidável.
18A leitura deu-me uma desculpa para a privacidade, ou
concebido no continente europeu.

talvez tenha dado um sentido à privacidade que me foi imposta,


XIII
19
uma vez que, durante a infância, depois que voltamos para a
Argentina, em 1955, vivi separado do resto da família, cuidado “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
por uma babá em uma seção separada da casa. 20Então, meu Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
lugar favorito de leitura era o chão do meu quarto, deitado de Que, para ouvi-las, muita vez desperto
21 E abro as janelas, pálido de espanto…
barriga para baixo, pés enganchados sob uma cadeira. Depois,
tarde da noite, minha cama tornou-se o lugar mais seguro e
resguardado para ler 22__________ região nebulosa entre a vigília E conversamos toda a noite, enquanto
e o sono. A Via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
O psicólogo James 23Hillman afirma que a 24pessoa que
Inda as procuro pelo céu deserto.
leu histórias ou 25para quem leram 26histórias na infância “está
em melhores condições e tem um 27prognóstico melhor do que Direis agora: "Tresloucado amigo!
aquela 28à qual é preciso apresentar as histórias. [...] Chegar cedo Que conversas com elas? Que sentido
na vida já é uma perspectiva de vida”. Para Hillman, essas Tem o que dizem, quando estão contigo?"
primeiras leituras tornam-se “algo vivido e por meio 29do qual se
vive, um modo que a alma tem de se encontrar na vida”. A essas E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
leituras, e por esse motivo, voltei repetidamente, 30e ainda volto. Pois só quem ama pode ter ouvido
Cada livro era um mundo em si mesmo e nele eu me Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

refugiava. 31Embora eu soubesse que era incapaz de inventar


BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55.
histórias como as que meus autores favoritos escreviam, achava
Via-Láctea. Disponível em:
que minhas opiniões frequentemente coincidiam com as deles e
32 <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>.
(para usar a frase de Montaigne) “Passei a seguir-lhes o rastro,
Acesso em: 19/08/2019.
murmurando: ‘Ouçam, ouçam’”.

Fonte: MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. Trad. Pedro


Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 20-24.
(Ime 2020) A palavra “pois”, usada em “Pois só quem ama pode
(Parcial e adaptado.)
ter ouvido” (verso 13),
a) exprime a consequência dos hábitos cotidianos do poeta de (James Gallagher, Correspondente de Saúde e Ciência, BBC
ouvir e entender estrelas. News. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-
46101443?
b) tem uma função de justificação das razões pelas quais o poeta ocid=socialflow_facebook&fbclid=IwAR1Bj0yRbAN1yzVPG9X8H0KC2B
é capaz de ouvir e entender estrelas. wjmIY. Acesso em 07/07/2019. Adaptado.)

c) traz em si uma ideia de contraponto ao enlevo poético descrito


no poema. (Ufpr 2020) Assinale a alternativa que preenche corretamente as
lacunas acima, na ordem em que aparecem no texto.
d) expressa a ideia da finalidade primeira do poeta enamorado,
a) mas – Mas – porém.
que é ouvir e entender estrelas.

b) por isso – Então – porém.


e) estabelece a ideia de alternância, mas sem relação de
equivalência nos versos do texto.
c) mas – Já – então.
Exercício 6
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: d) portanto – Mas – portanto.
Por que as lhamas podem guardar o segredo para combater a
gripe e) por isso – Já – então.

Exercício 7
Cientistas americanos recrutaram uma curiosa aliada para
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
desenvolver tratamentos contra a gripe: a lhama. O sangue desse
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
animal sul-americano foi utilizado para produzir uma nova terapia
com anticorpos que têm o potencial de combater todos os tipos
Sinopse - O Rei Leão
de gripe.
A gripe é uma das doenças mais hábeis na hora de mudar
O Rei Leão, da Disney, dirigido por Jon Favreau, retrata uma
de forma. Constantemente, modifica sua aparência para despistar
jornada pela savana africana, onde nasce o futuro rei da Pedra do
nosso sistema imunológico. Isso explica porque as vacinas nem
Reino, Simba. O pequeno leão que idolatra seu pai, o rei Mufasa, é
sempre são efetivas e, a cada inverno, é necessário receber uma
fiel ao seu destino de assumir o reinado. Mas nem todos no reino
nova injeção para prevenir a doença.
pensam da mesma maneira. Scar, irmão de Mufasa e ex-herdeiro
Por isso, a ciência está à procura de uma forma de acabar
do trono, tem seus próprios planos. A batalha pela Pedra do
com todos os tipos de gripe, não importando de qual cepa
Reino é repleta de traição, eventos trágicos e drama, o que acaba
provenha ou o quanto possa sofrer mutações. É aí que entra a
resultando no exílio de Simba. Com a ajuda de dois novos e
lhama.
inusitados amigos, Simba terá que crescer e voltar para recuperar
Esses animais, nativos dos Andes, têm anticorpos
o que é seu por direito.
incrivelmente pequenos em comparação com os dos humanos. Os
anticorpos são as armas do sistema imunológico, e aderem às
Disponível em: https://www.cinepolis.com.br/filme/9848-o-rei-
proteínas que sobressaem na superfície dos vírus.
leao.html. Acesso em: 02 set. 2019
Os anticorpos humanos tendem a atacar as pontas dessas
proteínas, __________ essa é a parte em que o vírus da gripe
muda com mais rapidez. __________ os anticorpos da lhama, com
(G1 - ifsc 2020) No período Mas nem todos no reino pensam da
seu tamanho diminuto, conseguem atacar as partes do vírus da
mesma maneira a palavra sublinhada expressa, em relação ao
gripe que não sofrem mutação.
período anterior, a ideia de:
Uma equipe do Instituto Scripps, nos Estados Unidos,
infectou lhamas com múltiplos tipos de gripe, para estimular uma a) causa
resposta do seu sistema imunológico. Em seguida, analisou o
sangue dos animais, procurando pelos anticorpos mais potentes, b) consequência
que poderiam atacar uma ampla variedade de vírus.
Os cientistas, __________, identificaram quatro anticorpos c) explicação
das lhamas. Depois, começaram a desenvolver um anticorpo
sintético, que une elementos desses quatro tipos. d) justificativa
O trabalho, que foi publicado na revista científica Science,
ainda está em estágios muito iniciais. A equipe de cientistas e) oposição
pretende realizar mais experimentos antes de fazer testes com
Exercício 8
humanos. “Ter um tratamento que possa funcionar contra uma
(Eear 2019) Marque a alternativa incorreta quanto à classificação
variedade de cepas diferentes do vírus da gripe é algo muito
das orações coordenadas sindéticas destacadas.
desejado. É o Santo Graal da gripe”, afirma o professor Jonathan
Ball, da Universidade de Nottingham. a) Fabiano não só foi o melhor, mas também foi o mais votado.
(aditiva)
pressuporia a diluição e a perda de sua potência signo-estética.
Enquanto o graffiti foi sendo introduzido como uma nova
b) Apresente seus argumentos ou ficará sem chance de defesa. expressão de arte contemporânea, a pichação utilizou o princípio
(conclusiva) de não autorização para fortalecer sua essência.
Mas o quão sensível é essa forma de expressão extremista e
c) Estude muito, pois a prova de conhecimentos específicos estará antissistema como a pixação? Como lidar com a linha tênue dos
bem difícil. (explicativa) princípios estabelecidos para não cair em contradição? Na 26ª
Bienal de Arte de São Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na
d) Ela era a mais bem preparada candidata, mas a vaga de obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu
emprego foi destinada a sua amiga. (adversativa) comentário, diante da intervenção, foi “Se alguém faz alguma
coisa no seu trabalho, isso é positivo, para mim, porque
Exercício 9
escolheram a minha peça entre as expostas” […]. “Quem fez isso
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.
fazendo sua própria obra dentro da minha. Pode ser só uma
brincadeira” e finalizou dizendo que “pichar a obra de alguém
Pichação-arte é pixação?
também não é tão incomum. Já é tradicional”.
É interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a
As discussões muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento
recorrência de padrões em movimentos de qualquer natureza, e o
da pixação como expressão artística trazem à tona um
inevitável enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que
questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte imposto e organizado pelos próprios elementos do grupo. Na
contemporânea, o movimento perderia sua essência? Para
pixação, levando em conta o “sistema” em que estão inseridos,
compreendermos os desdobramentos da pixação, alguns
constatamos que também passa longe de ser perfeito; existe
aspectos presentes no graffiti são essenciais e importantes de rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo
serem resgatados. O graffiti nasceu originalmente nos EUA, na
“poder”.
década de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop
Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema “Forget Fear”,
(Break, MC, DJ e Graffiti). Daí até os dias atuais, ele ganhou em
considerado ousado, priorizou fatos e inquietações políticas da
força, criatividade e técnica, sendo reconhecido hoje no Brasil
atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito,
como graffiti artístico. Sua caracterização como arte
William e R.C., foram convidados na ocasião para realizar um
contemporânea foi consolidada definitivamente por volta do ano
workshop sobre pixação em um espaço delimitado, na igreja
2000.
Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas não seguiram as regras
A distinção entre graffiti e pixação é clara; ao primeiro é atribuída impostas pela curadoria, ao pixar o próprio monumento. O
a condição de arte, e o segundo é classificado como um tipo de
resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a
prática de vandalismo e depredação das cidades, vinculado à
curadoria do evento.
ilegalidade e marginalidade. Essa distinção das expressões deu- O grande dilema diante do fato é que, ao aceitarem o convite para
se em boa parte pela institucionalização do graffiti, com os
participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as
primeiros resquícios já na década de 1970.
regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento
Esse desenvolvimento técnico e formal do graffiti ocasionou a esperado, caíram em contradição. Por outro lado, pela pichação
perda da potência subversiva que o marca como manifestação
ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, não tão
genuína de rua e caminha para uma arte de intervenção
conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles
domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema
não seguiriam padrões pré-estabelecidos.
de arte tradicional. O grafiteiro é visto hoje como artista plástico,
Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a
possuindo as características de todo e qualquer artista
pixação como forma de arte, como é o caso dos curadores da
contemporâneo, incluindo a prática e o status. Muito além da
Bienal de Berlim, há uma questão substancial que permeia a
diferenciação conceitual entre as expressões – ainda que elas
realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua
compartilhem da mesma matéria-prima – trata-se de sua força e expressão reconhecida como arte? Se arte pressupõe, como
essência intervencionista.
ocorreu com o graffiti, adaptar-se a um molde específico, seguir
Estudos sobre a origem da pixação afirmam que o graffiti nova-
determinadas regras e por consequência ver sua potência
iorquino original equivale à pixação brasileira; os dois mantêm os intervencionista diluída e branda, é muito improvável que tenham
mesmos princípios: a força, a explosão e o vazio. Uma das
esse desejo.
principais características do pixo é justamente o esvaziamento
A representação da pixação como forma de expressão destrutiva,
sígnico, a potência esvaziada. Não existem frases poéticas, nem
contra o sistema, extremista e marginalizada é o que a mantêm
significados. A pichação possui dimensão incomunicativa,
viva. De certo modo, a rejeição e a ignorância do público é o que
fechada, que não conversa com a sociedade. Pelo contrário, de
garante sua força intervencionista e a tão importante e sensível
certa forma, a agride. A rejeição do público geral reside na falta
essência.
de compreensão e intelecção das inscrições; apenas os membros
da própria comunidade de pixadores decifram o conteúdo. Adaptado de: CARVALHO, M. F. Pichação-arte é pixação? Revista
A significância e a força intervencionista do pixo residem,
Arruaça, Edição nº 0. Cásper Líbero, 2013. Disponível em
portanto, no próprio ato. Ela é evidenciada pela impossibilidade
<https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-pixacao/>
de inserção em qualquer estatuto pré-estabelecido, pois isso Acesso em: maio 2018.
Eu vim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã.
Então descobri que não tinha mais passado.
(Ita 2019) Assinale a alternativa em que o trecho sublinhado Diante de mim, o Museu Nacional do Rio queimava.
expressa ideia de causa. O Crânio de Luzia, a “primeira brasileira”, entre 12.500 e 13 mil
anos, queimava. Uma das mais completas coleções de
a) Essa distinção das expressões deu-se em boa parte pela
pterossauros do mundo queimava. Objetos que sobrevivem à
institucionalização do graffiti, com os primeiros resquícios já na
destruição de Pompeia queimavam. A múmia do antigo Egito
década de 1970.
queimava. Milhares de artefatos dos povos indígenas do Brasil
queimavam.
b) Enquanto o graffiti foi sendo introduzido como uma nova
Vinte milhões de memória de alguma coisa tentando ser
expressão de arte contemporânea, a pichação utilizou o princípio
um país queimavam.
de não autorização para fortalecer sua essência.
O Brasil perdeu a possibilidade da metáfora. Isso já
sabíamos. O excesso de realidade nos joga no não tempo. No fora
c) A rejeição do público geral reside na falta de compreensão e
do tempo.
intelecção das inscrições; apenas os membros da própria
O Museu Nacional em chamas. Um bombeiro esguichando
comunidade decifram o conteúdo.
água com uma mangueira um pouco maior do que a que eu tenho
na minha casa. O Museu Nacional queimando. Sem água em
d) Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caíram em
parte dos hidrantes, depois de quatro horas de incêndio ainda
contradição.
chegaram caminhões-pipa com água potável. O Museu Nacional
queimando. Uma equipe tentava tirar água do lago da Quinta da
e) O grafiteiro é visto hoje como artista plástico, possuindo as
Boa Vista. O Museu Nacional queimando. Outras pessoas
características de todo e qualquer artista contemporâneo,
tentavam furtar o celular e a carteira de quem tentava entrar para
incluindo a prática e o status.
ajudar ou só estava imóvel diante dos portões tentando
Exercício 10 compreender como viver sem metáforas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Brasil, é você. Não posso ser aquele que não é.
O Museu Nacional queimando.
O que há mais para dizer agora que as palavras já não
dizem e a realidade se colocou além da interpretação?
Diante do Museu Nacional em chamas, de costas para o
palácio, de frente para onde deveria estar o povo, Dom Pedro II
em estátua. Sua família tinha tentado inventar um país e o
fundaram sobre corpos humanos. Seu Avô, Dom Pedro VI, criou
aquele museu no Palácio de São Cristóvão. Dom Pedro II está no
(G1 - cmrj 2019) “As crianças precisam saber que existem centro, circunspecto, um homem feito de pedra, um imperador.
limites!” Diante da parte da esquerda do museu, indígenas de diferentes
“Educar também é saber dizer ‘NÃO’!”
etnias observam as chamas como se mais uma vez fossem eles
que estivessem queimando. Estão. É o maior acervo de línguas
Podem-se unir essas duas falas em apenas uma única frase, sem indígenas da América Latina, diz Urutau Guajajara. É a nossa
alterar o seu sentido original, por meio do seguinte termo:
memória que estão apagando. É o golpe, é o golpe. 1Poderiam ter
a) se. salvo, e não salvaram, ele grita.
Nunca salvaram. Há 500 anos não salvaram.
b) mas. As costas de Pedro ferviam.
Quando soube que o museu queimava, eu dividi um táxi
c) embora. com um jornalista britânico e uma atriz brasileira com uma câmera
na mão. “Não é só como se o British Museum estivesse
d) porque. queimando, é como se junto com estivesse queimando também o
Palácio de Buckingham”, disse Jonathan Watts. “Não há mais
e) quando. possibilidade de fazer documentário”, afirmou Gabriela Carneiro
da Cunha. “A realidade é 2Science Fiction.”
Exercício 11
Eu, que vivo com as palavras e das palavras, não consigo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
dizer. Sem passado, indo para o Museu do Amanhã, sou
Leia o texto com atenção e, em seguida, responda à(s)
convertida em muda. Esvazio de memória como o Museu
questão(ões) a seguir.
Nacional. Chamas dentro de todo ele, uma casca do lado de fora,
Sou também eu. Uma casca que anda por um país sem país. Eu,
O Brasil queimou – e não tinha água para apagar o fogo
sem Luzia, uma não mulher em lugar nenhum.
Eu sim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã. Então
A frase ecoa em mim. E ecoa. Fere minhas paredes em
descobri que não tinha mais passado.
carne viva.
Eliane Brum
“O Brasil é um construtor de ruínas. O Brasil constrói dos europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país.
ruínas em dimensões continentais.” Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O latim
A frase reverbera nos corredores vazios do meu corpo. Se predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem
a primeira brasileira incendiou-se, que brasileira posso ser eu? poder, as fronteiras perderam força, os germânicos dividiram as
O que poderia expressar melhor este momento? A história cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na
do Brasil queima. A matriz europeia que inventou um palácio e fez Espanha, a poderosa região da Catalunha ainda mantém seu
dele um museu. Os indígenas que choram do lado de fora porque idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol.
suas línguas se incendiaram lá dentro. E eu preciso alcançar o Não é à toa que esses povos insistem em cuidar de seus idiomas.
Museu do Amanhã. Mas o Brasil já não é o país do futuro. O Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus
Brasil perdeu a possibilidade de imaginar um futuro. O Brasil está falantes. “Quando um idioma morre, morre também a história. O
em chamas. melhor jeito de entender o sentimento de um escravo é pelas
O Museu Nacional sem recursos do Governo Federal. Os músicas deles”, diz Luana Vieira, da Olimpíada de Linguística.
funcionários do Museu Nacional fazendo vaquinha na Internet Veja pelo aimará, uma língua falada por mais de 2 milhões de
para reabrir a sala principal. O Museu Nacional morrendo de pessoas da Cordilheira dos Andes. Nós gesticulamos para trás ao
abandono. O Museu Nacional sem manutenção. O Rio de Janeiro. falar do passado. Esses povos fazem o contrário. “Eles acreditam
Flagelado e roubado e arrancado Rio de Janeiro. Entre todos os que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não
Brasis, tinha que ser o Rio. visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se
Ouço então o chefe de bombeiros dar uma coletiva diante estivéssemos de costas para ele”, explica.
do Museu Nacional, as labaredas lambem o cenário atrás dele. O
bombeiro explica para as câmeras de TV que não tinha água, ele CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017,
conta dos caminhões-pipa. E ele declara: “Está tudo sob controle”. p. 31.
Eu quero gargalhar, me botar louca, queimar junto, ser
aquela que ensandece para poder gritar para sempre a única
frase lúcida que agora conheço: “O Museu Nacional está
queimando! O Museu Nacional está queimando!”. (Uel 2019) Acerca de trechos do texto, considere os exemplos a
O Brasil está queimando. seguir, quanto à presença de oração coordenada.
E o meteoro estava dentro do museu.
I. “os germânicos dividiram as cidades”.
(El País Brasil: O Jornal Global. Opinião. 3 de setembro de 2018. II. “e luta contra o domínio do espanhol”.
Disponível em: III. “os índios perderam sua língua e cultura”.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/03/opinion/1535975822_774583.html.
IV. “em cuidar de seus idiomas”.
Acesso em 14 de setembro de 2018.)
Assinale a alternativa correta.
Nota:
a) Somente os exemplos I e II são corretos.
2
Ficção Científica.
b) Somente os exemplos I e IV são corretos.

c) Somente os exemplos III e IV são corretos.


(G1 - cftrj 2019) No texto acima, o conectivo destacado em “O
Brasil queimou – e não tinha água para apagar o fogo” assume d) Somente os exemplos I, II e III são corretos.
valor semântico de:

a) oposição. e) Somente os exemplos II, III e IV são corretos.

Exercício 13
b) alternância.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Mito nº 6
c) consequência.

“O certo é falar assim porque se escreve assim”


d) proporcionalidade.

Exercício 12 Diante de uma tabuleta escrita COLÉGIO é provável que um


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: pernambucano, lendo-a em voz alta, diga CÒlégio, que um
Leia o texto a seguir e responda. carioca diga CUlégio, que um paulistano diga CÔlégio. E agora?
Quem está certo? Ora, todos estão igualmente certos. O que
“Tem uma frase boa que diz: uma língua é um dialeto com acontece é que em toda língua do mundo existe um fenômeno
exércitos. Um idioma só morre se não tiver poder político”, explica chamado variação, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo
Bruno L’Astorina, da Olimpíada Internacional de Linguística. E não jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas
dá para discordar. Basta pensar na infinidade de idiomas que falam a própria língua de modo idêntico. Infelizmente, existe uma
existiam no Brasil (ou em toda América Latina) antes da chegada tendência (mais um preconceito!) muito forte no ensino da língua
de querer obrigar o aluno a pronunciar “do jeito que se escreve”,
como se essa fosse a única maneira “certa” de falar português
(Imagine se alguém fosse falar inglês ou francês do jeito que se A propósito das estruturas linguísticas presentes no texto,
escreve!). Muitas gramáticas e livros didáticos chegam ao cúmulo afirma-se:
de aconselhar o professor a “corrigir” quem fala muleque, bêjo,
minino, bisôro, como se isso pudesse anular o fenômeno da I. A relação estabelecida entre as duas orações do primeiro
variação, tão natural e tão antigo na história das línguas. Essa período é de comparação.
supervalorização da língua escrita combinada com o desprezo da II. O emprego de ‘todavia’ segue a orientação tradicional de seu
língua falada é um preconceito que data de antes de Cristo! É uso sintático difundido pelas gramáticas e marca a oposição entre
claro que é preciso ensinar a escrever de acordo com a ortografia as ideias apresentadas.
oficial, mas não se pode fazer isso tentando criar uma língua III. A forma como a expressão ‘pois então’ é apresentada no texto
falada “artificial” e reprovando como “erradas” as pronúncias que cria um efeito de oralidade para a narrativa.
são resultado natural das forças internas que governam o idioma.
Seria mais justo e democrático dizer ao aluno que ele pode dizer Está correto o que se afirma em
BUnito ou BOnito, mas que só pode escrever BONITO, porque é
a) I e II.
necessária uma ortografia única para toda a língua, para que
todos possam ler e compreender o que está escrito, mas é preciso
b) I e III.
lembrar que ela funciona como a partitura de uma música: cada
instrumentista vai interpretá-la de um modo todo seu, particular!
c) II e III.

Fonte: BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se


d) I, II e III.
faz. 49ª ed. São Paulo: Loyola, 2007, p. 52-53. (adaptado) Acesso
em: 10 abr. 2018 Exercício 15
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O PODER DA LITERATURA
José Castello
(G1 - ifsc 2019) Leia o excerto:
1Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que
“É claro que é preciso ensinar a escrever de acordo com a poder resta à literatura? Ao contrário das imagens, que nos jogam
ortografia oficial, mas não se pode fazer isso tentando criar uma para fora e para as superfícies, a literatura nos joga para dentro.
língua falada “artificial”. Ao contrário da realidade virtual, que é compartilhada e se baseia
na interação, 2a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na
Assinale a alternativa CORRETA.
introspecção. Ao contrário do mundo instantâneo em que
vivemos, dominado pelo “tempo real” e pela rapidez, a literatura é
A palavra em destaque poderia ser substituída, sem que
lenta, é indiferente às pressões do tempo, ignora o imediato e as
houvesse alteração de sentido, por:
circunstâncias.
a) senão Vivemos em um mundo dominado pelas respostas enfáticas e
poderosas, enquanto a literatura se limita a gaguejar perguntas
b) assim frágeis e vagas. A literatura, portanto, parece caminhar na
contramão do contemporâneo. Enquanto o mundo se expande, se
c) pois reproduz e acelera, 3a literatura contrai, pedindo que paremos
para um mergulho “sem resultados” em nosso próprio interior.
d) e Sim: a literatura – no sentido prático – é inútil. 4Mas ela apenas
parece inútil.
e) todavia A literatura não serve para nada – é o que se pensa. A indústria
editorial tende a reduzi-la a um entretenimento para a beira de
Exercício 14
(G1 - cftmg 2018) Recordo muito mais de minha mãe nos piscinas e as salas de espera dos aeroportos. De outro lado, a
castigar ou nos bater do que do meu pai. Forço a memória e universidade – em uma direção oposta, mas igualmente
nenhuma imagem de sua mão batendo em mim surge. improdutiva – transforma a literatura em uma “especialidade”,
destinada apenas ao gozo dos pesquisadores e dos doutores. Vou
Todavia.
dizer com todas as letras: são duas formas de matá-la. A primeira,
A lembrança de um jantar me machuca. Meu pai contava
qualquer coisa para uns parentes nossos que nos visitavam. por banalização. A segunda, por um esfriamento que a asfixia.
Minha irmã contestou o dito. Meu pai estava sóbrio, acho. E ele Nos dois casos, a literatura perde sua potência. 5Tanto quando é
era, quando sóbrio, aquele tipo de homem que não admite que vista como “distração”, quanto quando é vista como “objeto de
seus filhos o corrijam, o questionem. Pois então. estudos”, 6a literatura perde o principal: seu poder de interrogar,
interferir e desestabilizar a existência. 7Contudo, desde os gregos,
RITER, Caio. Eu e o silêncio do meu pai. São Paulo: Biruta, 2011. a literatura conserva um poder que não é de mais ninguém. 8Ela
p. 74. lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar o
horror, as crueldades, a imensa instabilidade e 9o igualmente envolver-se em projetos político-pedagógicos de alcance
imenso vazio que carregamos em nosso espírito. Somos seres nacional.
“normais”, como nos orgulhamos de dizer. Cultivamos nossos
hábitos, manias e padrões. Emprestamos um grande valor à b) [Quanto maior for o número de corruptores], maior é o número
repetição e ao Mesmo. Acreditamos que somos donos de nós de corruptos. / [À medida que o furação foi se deslocando para o
mesmos! continente], transformou-se em tempestade tropical.
Mas 10leia Dostoievski, leia Kafka, leia Pessoa, leia Clarice – 11e
você verá que rombo se abre em seu espírito. Verá o quanto tudo c) [Toda vez que vejo um manacá da serra florido], lembro de
minha infância no sítio de meus pais. / As portas eram
isso é mentiroso. 12Vivemos imersos em um grande mar que
rapidamente fechadas [sempre que a polícia conduzia ao fórum
chamamos de realidade, mas que – a literatura desmascara isso –
um réu perigoso].
não passa de ilusão. A “realidade” é apenas um pacto que
fazemos entre nós para suportar o “real”. A realidade é norma, é
d) [Ainda que as cervejas artesanais servidas na festa sejam de
contrato, é repetição, ela é o conhecido e o previsível. O real, ao
ótima procedência], alguém ficará insatisfeito. / Alguns
contrário, é instabilidade, surpresa, desassossego. O real é o
trabalhadores chegaram atrasados [embora tivessem sido
estranho.
avisados do horário de fechamento da secretaria da empresa].
(...)
A literatura não tem o poder dos mísseis, dos exércitos e das Exercício 17
grandes redes de informação. Seu poder é limitado: é subjetivo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
13Ao lançá-lo para dentro, e não para fora, ela se infiltra, como O milagre das folhas
um veneno, nas pequenas frestas de seu espírito. Mas, 14nele
1Não, nunca me acontecem milagres. Ouço falar, e às
instalada pelo ato da leitura, 15que escândalos, que estragos,
16mas também que descobertas e que surpresas ela pode vezes 2isso me basta como esperança. Mas também me revolta:
deflagrar. por que não a mim? Por que só de ouvir falar? 3Pois já cheguei a
Não é preciso ser um especialista para ler uma ficção. Não é ouvir conversas assim, sobre milagres: “Avisou-me que, ao ser
preciso ostentar títulos, apresentar currículos, ou credenciais. A dita determinada palavra, um objeto de estimação se quebraria”.
literatura é para todos. Dizendo melhor: é para os corajosos ou, 4Meus objetos se quebram banalmente e pelas mãos das
pelo menos, para aqueles que ainda valorizam a coragem. empregadas.
(...) 5Até que fui obrigada a chegar à conclusão de que sou

6daqueles que rolam pedras durante séculos, e não 7daqueles


http://blogs.oglobo.globo.com/jose-castello/post/o-poder-da-
para os quais os seixos já vêm prontos, polidos e brancos. Bem
literatura-444909.html.
que tenho visões fugitivas antes de adormecer – seria milagre?
Acesso em: 21 de fev 2017.
Mas já me foi tranquilamente explicado que isso até nome tem:
cidetismo (sic), capacidade de projetar no alucinatório as imagens
inconscientes.
(G1 - epcar (Cpcar) 2018) Assinale a opção em que NÃO se
percebe uma ideia adversativa. Milagre, não. Mas as coincidências. 8Vivo de coincidências,
vivo de linhas que incidem uma na outra e se cruzam e no
a) “Contudo, desde os gregos, a literatura conserva um poder que cruzamento formam um leve e instantâneo ponto, tão leve e
não é de mais ninguém.” (ref. 7) instantâneo que mais é feito de pudor e segredo: mal eu falasse
nele, já estaria falando em nada.
b) “Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar 9Mas tenho um milagre, sim. O milagre das folhas. Estou
o horror, as crueldades...” (ref. 8)
andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos
cabelos. A incidência da linha de milhões de folhas transformadas
c) “...que escândalos, que estragos, mas também que descobertas
em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzi-las
e que surpresas ela pode deflagrar.” (ref. 15)
a mim. 10Isso me acontece tantas vezes que passei a me
considerar modestamente a escolhida das folhas. Com gestos
d) “Vivemos imersos em um grande mar que chamamos de
furtivos tiro a folha dos cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais
realidade, mas que – a literatura desmascara isso – não passa de
diminuto diamante.
ilusão”. (ref. 12)
11Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os

Exercício 16 objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a fora: não me


(Acafe 2018) Considerando que as orações subordinadas interessa fetiche morto como lembrança. E também porque sei
adverbiais concessivas se opõem à ação da oração principal, mas que novas folhas coincidirão comigo.
sem impedir a sua realização, assinale a alternativa em que as 12Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de
duas orações entre colchetes são concessivas. uma grande delicadeza.
a) Antes de sair, deixou alguns trocados sobre a mesa [para a
mãe comprar o pão]. / [Com o objetivo de combater o atraso na LISPECTOR, Clarice. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos.
educação brasileira], entidades do terceiro setor estão dispostas a Organização e introdução. As cem melhores crônicas brasileiras.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p. 186-187. de Oliveira, e muitos outros, tem permitido que o leitor possa
ingressar no “mundo do autor” e conhecer o dia a dia do escritor
através de seus blogs e sites. 5Além disso, há sites e portais
(Uece 2015) Observe a ocorrência, no texto, de marcadores especializados em literatura, como o Portal Literal, Literatura e
temporais: “Até que” (ref. 5), “Até que” (ref. 11) e “um dia (uma Arte, Cronópios, Rascunho, Releituras e outros, repletos de
folha me bateu nos cílios)” (ref. 12). Geralmente esses informações sobre literatura e entrevistas com uma ampla
marcadores, chamados de adjuntos adverbiais, aparecem com variedade de autores.
mais de um valor semântico. Atente para o que é dito sobre esses 6Nos dias atuais, não basta publicar a obra, é preciso
marcadores. também publicar o autor. E grande parte dessa acessibilidade à
figura do escritor tem sido proporcionada pela internet.
I. O da referência 5 tem valor semântico de tempo e de (...)
consequência.
Muitos questionamentos acerca da resistência dos livros
II. O da referência 11 é puramente temporal.
em relação à internet são constantemente elaborados, tanto por
III. O da referência 12 acrescenta o valor semântico de tempo ao leitores comuns quanto por especialistas de várias áreas. O que já
de condição.
sabemos é que 1mesmo com o desaparecimento do livro sendo
alardeado há muitos anos, desde que obras digitalizadas
É correto o que se diz em
começaram a aparecer na internet, as obras impressas não
a) I e II apenas. sumiram das editoras nem das livrarias. 11Pelo contrário, o
número de editoras tem crescido consideravelmente no Brasil.
b) I, II e III. As vantagens que o advento da internet ofereceu ao
ressurgimento dos livros nessa era de tecnologia e modernização
c) I e III apenas. não são poucas. Contudo, não podemos afirmar que se lê menos
d) II e III apenas. hoje do que há décadas. É possível que se leia de forma diferente.
Agora há mais informações, textos mais diversificados, o leitor
Exercício 18
pode escolher e selecionar o que realmente quer ler. Claro que há
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
aqueles que não dispensam os livros, as páginas, o cheiro, a
A literatura da era digit@l
história no papel impresso. 8Não podemos negar que é excitante
A internet tem sido um veículo de extrema importância possuir um livro nas mãos e lê-lo. 7Mas também, 2por outro lado,
para a divulgação dos escritores das novas gerações, 4assim não podemos duvidar que a internet nos possibilita a leitura de
como dos autores de épocas em que os únicos meios de acesso à livros que não poderiam chegar às nossas mãos a não ser por ela.
leitura eram o livro e os jornais. Hoje, com todo o advento da
tecnologia, os leitores de diversas faixas etárias e de qualquer (Revista Conhecimento Prático. Março/2010.p.24-28.)
parte do mundo podem acessar e fazer o download gratuito de
uma infinidade de livros, usando o site de buscas Google.
13Pesquisas recentes indicam que o número de obras literárias de (G1 - epcar (Cpcar) 2011) Leia com atenção o fragmento a
seguir.
poesia e ficção tem crescido consideravelmente dentro do espaço
cibernético nos últimos anos. 9Vários escritores têm preferido
“Pesquisas recentes indicam que o número de obras literárias de
publicar seus textos ou livros virtualmente a ter que enfrentar os
poesia e ficção tem crescido consideravelmente dentro do espaço
critérios e a seleção, muitas vezes injusta, das editoras.
cibernético nos últimos anos.” (ref. 13)
12Portanto, a internet tem se tornado um espaço facilitador que

acaba por redimensionar a literatura em todo o mundo. Sobre esse fragmento, só não se pode afirmar que
O espaço cibernético proporcionou também a aproximação
a) há duas orações e uma frase..
do escritor com seu leitor. 10Há menos de quinze anos, o escritor
era um completo desconhecido. Comprávamos um livro e o
b) ocorrem três circunstâncias adverbiais.
líamos sem grandes possibilidades de contato com o autor. Hoje,
ao lermos um livro impresso ou digitalizado, podemos encontrar
c) trata-se de um período composto por coordenação e
sites e blogs que trazem mais informações sobre o autor e seus
subordinação.
processos de escrita, entrevistas, curiosidades sobre personagens
e todo tipo de informação que puder advir da obra em questão.
d) há uma conjunção integrante.
Vários desses endereços virtuais disponibilizam 3até mesmo o e-
mail do autor, de forma que seus leitores podem estabelecer Exercício 19
contato com ele através de mensagens que muitas vezes são TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
respondidas num tom cordial. TEXTO I
O escritor atual está mais próximo de seu leitor. A geração
literária brasileira que vem se destacando no mercado editorial da OS QUE COMEÇAM...
última década, como Luís Ruffato, Cíntia Moscovich, Marcelino Não há decerto exploração mais dolorosa que a das crianças. Os
Freire, Santiago Nazarian, Daniel Galera, Simone Campos, Nélson homens, as mulheres ainda pantomimam a miséria para lucro
próprio. As crianças são lançadas no ofício torpe pelos pais, por relacionamento que era tecido por favores, empréstimos
criaturas indignas, e crescem com o vício adaptando a curvilínea e impagáveis e consideração até na hora da morte.
acovardada alma da mendicidade malandra. Nada mais pavoroso São as pessoas nesse desespero absoluto que a polícia procura,
do que este meio em que há adolescentes de dezoito anos e espanca com seus cassetetes possíveis e sua razão impossível,
pirralhos de três, garotos amarelos de um lustro de idade e fazendo com que elas, com seus olhares carcomidos pela fome,
moçoilas púberes sujeitas a todas as passividades. Essa criançada achem plausíveis os feitos e os passos de Pequeno e de sua
parece não pensar e nunca ter tido vergonha, amoldadas para o quadrilha pelos becos que, por terem só uma entrada, se tornam
crime de amanhã, para a prostituição em grande escala. Há no Rio becos sem saídas, e achem, também, corriqueira essa visão de
um número considerável de pobrezinhos sacrificados, petizes que meia cara na quina do último barraco de cada beco de crianças
andam a guiar senhoras falsamente cegas, punguistas sem negras ou filhas de nordestinos, de peito sem proteção, pé no
proteção, paralíticos, amputados, escrofulosos, gatunos de sacola, chão, shorts rasgados e olhar já cabreiro até para o próprio amigo,
apanhadores de pontas de cigarros, crias de famílias que, por sua vez, se tornava inimigo na disputa de um pedaço de
necessitadas, simples vagabundos à espera de complacências sebo de boi achado no lixo e que aumentaria o volume da sopa,
escabrosas, um mundo vário, o olhar de crime, o broto das de um sanduíche quase perfeito nas imediações de uma
árvores que irão obumbrar as galerias da Detenção, todo um lanchonete, de uma pipa voada, ou de um ganso dado numa
exército de desbriados e de bandidos, de prostitutas futuras, partida de bola de gude.
galopando pela cidade à cata do pão para os exploradores. Lá ia Pequeno, senhor de seu desejo, tratando bem a quem o
Interrogados, mentem a princípio, negando; depois exageram as tratava bem, tratando mal a quem o tratava mal e tratar mal era
falcatruas e acabam a chorar, contando que são o sustento de dar tiros de oitão na cabeça para estuporar os miolos.
uma súcia de criminosos que a polícia não persegue. Os exterminadores pararam na tendinha do Zé Gordo para tomar
A metade desse bando conhece as leis do prefeito, os delegados uma Antarctica bem gelada, porque esta era a cerveja de
de polícia e acompanha o movimento da política indígena, malandro beber. Pequeno aproveitou para perguntar pelos
oposicionista e vendo em cada homem importante uma amigos que fizera no morro, pelas tias que faziam um mocotó
roubalheira. São em geral os mendigos claramente defeituosos a saboroso nos sábados à tarde, pelos compositores da escola.
que falta uma perna, um braço. - Qualé, Zé Gordo, se eu te der um dinheiro, tua mulher faz um
A perda que os tornou inválidos é uma espécie de felicidade, a mocotó aí pra gente?
indolência e o sustento garantidos. - Então, meu cumpádi!
À beira das calçadas o dia inteiro têm tempo de se tornarem Pequeno deu a quantia determinada pela esposa de Zé Gordo, em
homens e de ler os jornais. Fazem tudo isso com vagar. Quando seguida retornaram à patrulha que faziam.
um ponto se torna insustentável vão para outros, e há entre eles (LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras,
relações, morfeias que se ligam às úlceras, olhos em pus que 1997.)
olham com ternura companheiros sem braços, e todos guardando
a data do desastre que os mutilou, que os fez entrar para a nova (Uerj 2004) Em "Interrogados, mentem a princípio, negando;"
vida com a saudade da vida passada. (texto I) o particípio e o gerúndio assinalam circunstâncias
(RIO, João do. A alma encantadora das ruas: crônicas. Rio de adverbiais do fato expresso em "mentem".
Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1987.) A circunstância denotada pelo particípio e a indicada pelo
gerúndio significam respectivamente:

a) tempo e modo
TEXTO II

b) causa e proporção
CIDADE DE DEUS
Barracos de caixas de tomate, madeiras de lei, carnaúba, pinho-
c) concessão e finalidade
de-riga, caibros cobertos, em geral, por telhas de zinco ou folhas
de compensados. Fogueiras servindo de fogão para fazer o
d) comparação e consequência
mocotó, a feijoada, o cozido, o vatapá, mas, na maioria das vezes,
para fazer aquele arroz de terceira grudado, angu duro ou muito Exercício 20
ralo, aqueles carurus catados no mato, mal lavados, ou (Fgv 2003) Observe, nos seguintes períodos, as orações que
simplesmente nada. Apenas olhares carcomidos pela fome, em contêm verbo no gerúndio:
frente aos barracos, num desespero absoluto e que por ser
absoluto é calado. Sem fogueira para esquentar ou iluminar como - Estando as meninas em Araxá, foi Ronaldo ter com elas.
o sol, que se estendia por caminhos muitas vezes sem sentido - Sendo o aluno um jovem estudioso, deverá facilmente obter
algum para os que não soltavam pipas, não brincavam de pique- aprovação.
pega e não se escondiam num pique-esconde. - Sendo brasileiro o advogado, poderei atendê-lo; caso contrário,
Os abismos têm várias faces e encantam, atraem para o seu seio não.
como as histórias em quadrinhos que chegavam ao morro
compradas nas feiras da Maia Lacerda e do Rio Comprido, baratas Essas orações são subordinadas adverbiais. Assinale a alternativa
como a tripa de porco que sobrava na casa do compadre maneiro que indique respectivamente a circunstância de cada uma. Leve
que nem sempre era compadre de batismo. Era apenas o adjetivo, em conta que a oração pode indicar mais de uma circunstância.
usado como substantivo, sinônimo de uma boa amizade, de um
a) Causa, causa, consequência. d) apenas duas orações, uma principal e uma subordinada
adverbial causal;
b) Tempo, causa, finalidade.
e) todas as alternativas estão erradas.
c) Consequência, concessão, finalidade.
Exercício 23
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
d) Tempo, causa, condição.
Das vantagens de ser bobo
e) Condição, finalidade, tempo.
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver,
Exercício 21 ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase
(Mackenzie 1996) CONFORME DECLAREI, Madalena possuía um sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz
excelente coração. Descobri nela manifestações de ternura QUE alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando.".
ME SENSIBILIZARAM. E, COMO SABEM, não sou homem de 1Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os
sensibilidades. É certo QUE TENHO EXPERIMENTADO espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo
MUDANÇAS NESTES DOIS ÚLTIMOS ANOS. MAS ISTO PASSA. tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
(Graciliano Ramos) O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não
veem. Os espertos estão sempre tão atentos _____i_____
Aponte a alternativa correta sobre a classificação das orações espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes
destacadas em maiúsculo desse parágrafo e seus respectivos os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade
efeitos de sentido. e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No
a) "Conforme declarei" e "como sabem" são orações subordinadas entanto, muitas vezes, 2o bobo é um Dostoievski.
adverbiais conformativas, que servem para o autor dialogar com o _____ii_____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo,
leitor. confiou na palavra de um desconhecido para _____iii_____ compra
de um ar refrigerado de segunda mão: 3ele disse que o aparelho
b) "Como sabem" é uma oração subordinada substantiva objetiva era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea
direta que aponta para o objeto do saber do narrador. onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer.
Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste
c) "Que me sensibilizaram" é uma oração subordinada substantiva era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria
objetiva direta, que aponta para o objeto da descoberta do caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a
narrador. vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto
estar tranquilo, enquanto o esperto não dorme à noite com medo
d) "Que tenho experimentado mudanças nestes dois últimos de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O
anos" é uma oração subordinada substantiva subjetiva, que bobo não percebe que venceu.
aponta para a involução do narrador em termos de aquisição de Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode
sensibilidade. receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das
e) "Mas isto passa" é uma oração coordenada sindética tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre
adversativa, cortada do período a que pertence, para demonstrar frase: "Até tu, Brutus?".
a dureza do narrador ao constatar que as ternuras de Madalena, Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
que tanto o sensibilizaram, iriam passar. Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no
céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
Exercício 22
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem
(G1 1996) No texto:
passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda
"Caso não criemos novas destinações para o lixo urbano e
criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem
não modifiquemos nossos hábitos de consumo e nossas atitudes
passar por bobos. 4Os espertos ganham dos outros. Em
frente ao problema do lixo, teremos, dentro de bem pouco tempo,
uma situação verdadeiramente caótica na Grande São Paulo" compensação os bobos ganham a vida. 5Bem-aventurados os
encontram-se: bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se
importam que saibam que eles sabem.
a) 3 orações, sendo a primeira subordinada causal, a segunda Há lugares que facilitam mais _____iv_____ pessoas serem bobas
coordenada aditiva e a terceira principal; (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais,
por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não
b) 5 orações, sendo a primeira subordinada adverbial, a segunda nascer em Minas!
e terceira aditivas, a quarta oração principal e a quinta oração Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das
subordinada adverbial temporal; casas. É quase impossível evitar o excesso de amor que o bobo
provoca. É que só 6o bobo é capaz de excesso de amor. E só o
c) 3 orações sendo as duas primeiras subordinadas adverbiais
amor faz o bobo.
condicionais, coordenadas entre si, e a última, oração principal;
LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo. Disponível em: oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o jogo
http://www.revistapazes.com/das-vantagens-de-ser-bobo/. de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia,
Acesso em 10 de maio de 2017. em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia levar a
Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 12 de setembro conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar
de 1970. ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite
27
salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença
suplementar.
8. (Ime 2018) Observe os conectivos destacados no trecho
21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber
abaixo, retirado do texto. Assinale a opção em que a análise
semântica está de acordo com a que foi estabelecida no texto. que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de
enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo
(…) ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de se
porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos
compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. eram capazes de perceber a riqueza e o significado da
Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de uma
32
estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um
comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava 24—
ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo, enquanto o
ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante
esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto
moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade
vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu
desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que
(referência 3).
me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao
a) O conectivo porque estabelece uma relação de consequência. verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante,
mas 4__________ observação, meu grau de humanidade ainda
b) O advérbio sequer introduz uma ideia de exceção. 13
carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma
centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o
c) A expressão tão... que estabelece uma relação de causa. desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou.

d) O conectivo portanto estabelece uma ideia de finalidade. Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia.
das Letras, 1996. p. 38-44.
e) O conectivo enquanto estabelece ideia de comparação.

Exercício 24
(Ufrgs 2015) Considere as seguintes afirmações acerca de
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
expressões e trechos do texto.
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.

I. O emprego do advérbio insidiosamente (ref. 26) enfatiza o


Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não mais
caráter enganador das ilusões a que se refere o texto naquela
5revelareis 6vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas
passagem.
polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões
II. Os segmentos iniciados pelas formas verbais salvar (ref. 27)
ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África,
ganhar (ref. 28) e partilhar (ref. 17) estão em paralelismo
quando a aviação 9avilta a floresta americana antes mesmo de sintático que indica serem, os três, complementos de permite (ref.
poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa 29).
10
evasão da viagem conseguir outra coisa que não 14confrontar- III. O emprego de ora ... ora (refs. 30 e 31) está relacionado ao
nos 15com as formas mais miseráveis de nossa existência sentido da palavra alternativa (ref. 32).
histórica?
18 Quais estão corretas?
Ainda 22assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das
narrativas de viagem. Elas 16criam a ilusão daquilo 1__________ a) Apenas I.
2
não existe mais, mas __________ ainda deveria existir. Trariam
b) Apenas II.
nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distantes,
desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais
3_________ nossa sociedade experimenta uma necessidade c) Apenas III.

aguda ao se sentir 11soçobrar no tédio? d) Apenas I e II.


É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir
o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços. 19Então, e) I, II e III.
26
insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas.
Exercício 25
Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens, quando
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se
Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não essa frase e o parágrafo anterior.
5 6
mais revelareis vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas ( ) O advérbio Então (ref. 19) poderia ser substituído por Não
polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões obstante, preservando o sentido e a correção, sem qualquer outra
ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África, alteração na frase.

quando a aviação 9avilta a floresta americana antes mesmo de ( ) O segmento Uma vez encetado (ref. 20) poderia ser
substituído por Quando fosse encetado, preservando o sentido e
poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a
a correção, sem qualquer outra alteração na frase.
pretensa 10evasão da viagem conseguir outra coisa que
( ) A substituição de Mas (ref. 21) pela conjunção Contudo
não 14confrontar-nos 15com as formas mais miseráveis de nossa preservaria a correção e a relação de contraste estabelecida na
existência histórica? frase.
18
Ainda 22assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das
narrativas de viagem. Elas 16criam a ilusão daquilo 1__________ A alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima
para baixo, é
não existe mais, mas 2__________ ainda deveria existir. Trariam
nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distantes, a) F - V - V - V.
desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias
morais 3_________ nossa sociedade experimenta uma b) V - V - F - F.
11
necessidade aguda ao se sentir soçobrar no tédio?
É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir c) V - F - F - F.
o exotismo com o auxílio de fragmentos e de
d) F - F - F - V.
destroços. 19Então, 26insidiosamente, a ilusão começa a tecer
suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras
e) F - F - V - V.
viagens, quando um espetáculo ainda não estragado,
contaminado e maldito se oferecia em todo o seu Exercício 26
esplendor. 20Uma vez 12encetado, o jogo de conjecturas não tem
mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
dos selvagens brasileiros poderia levar a conhecê-los na forma A Internet e a neutralidade da rede
menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII?
Cada década para 23trás 29permite 27salvar um A Internet vista, unanimemente, como o território livre, a
costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença tecnologia libertadora que, em muitos países, permitiu o
suplementar. florescimento da cidadania, a ampliação das oportunidades de
21 educação, o ambiente para novas empresas e novos
Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber
empreendedores, para o trabalho colaborativo em rede.
que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de
Graças a seu ambiente libertário, internacionalmente
enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo
ajudou a derrubar ditaduras e monopólios de mídia, o controle da
intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de se
informação, tanto por governos como por cartéis.
comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos 1
No entanto, não se considere um modelo consolidado. Em
eram capazes de perceber a riqueza e o significado da
outros momentos da história surgiram novas tecnologias,
diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de
promovendo rupturas, abrindo espaço para a democratização e,
uma 32alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um
no momento seguinte, quedaram dominadas por novos cartéis e
prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava 24— monopólios que se formaram.
ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante 2
Foi assim com o início da telefonia. Enquanto a Bell Co se
moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade consolidava, como grande companhia nacional, surgiram
desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que inúmeras experiências locais, como a Mesa Telephone, para
me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao localidades rurais norte-americanas, de tecnologia rudimentar
verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante, porém útil para ligar comunidades agrícolas.
mas 4__________ observação, meu grau de humanidade 3
Nasceram centenas de outras companhias por todo o
ainda 13carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma país. Esse mesmo modelo disseminou-se pelo Brasil dos anos 40
centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o em diante, com companhias municipais levando o telefone a
desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. cidades menores, em um surto de pioneirismo extraordinário.
Nos Estados Unidos, o movimento dos "independentes"
Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia. permitiu às comunidades rurais estreitar laços, criar amizades,
das Letras, 1996. p. 38-44. sistemas de informação, da mesma maneira que as redes sociais
(Ufrgs 2015) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as de agora. Através do telefone desenvolveram noticiários sobre o
afirmações abaixo, referentes às substituições de nexos no texto. clima, sobre a região, relatórios de mercado etc.
Os "independentes" chegaram a ter 3 milhões de
( ) A substituição da locução Ainda assim (ref. 18) pelo nexo aparelhos, contra 2,5 milhões da Bell.
Destarte preservaria a relação de sentido que se estabelece entre
Com a ajuda do J.P.Morgan, o mais influente banco da época, a
Bell reestruturou-se em torno da AT&T. 5As pessoas que falam uma língua estrangeira sem sotaque são
Em vez de declarar guerra aos "independentes", a nova geralmente as que aprenderam o idioma estrangeiro na infância,
direção propôs um trabalho conjunto, facilitando para eles as
juntamente com a língua materna. Nesses 1verdadeiros bilíngues,
ligações de longa distância, desde que trocassem seus sistemas
de alto desempenho, a mesma região do cérebro que produz a
rústicos pelos padrões Bell. Quem não aderisse, não teria
fala é compartilhada pela representação dos dois idiomas,
ligações de longa distância. 2enquanto nas pessoas que aprendem a segunda língua, na vida
Como resultado, a AT&T matou a concorrência dos
adulta, duas regiões vizinhas, separadas, cuidam cada uma de um
"independentes" e construiu o mais longevo e poderoso
idioma. A representação conjunta 4talvez explique a maior
monopólio da história, só desmembrado na década de 1980.
O mesmo processo de concentração se repetiu no rádio. facilidade dos bilíngues verdadeiros em transitar 6entre os dois
No início, o rádio tornou-se uma ferramenta tão idiomas, 3já que as mesmas redes neurais de associação devem
democrática e disseminada quanto a Internet. Não havia controle ser acionadas por um idioma e outro.
e qualquer pessoa, adquirindo um kit de rádio, montava sua Adaptado de Suzana Herculano-Houzel
estação sem fio.
Em 1921 havia 525 estatais transmissoras nos Estados
Unidos. Até o final de 1924, mais de 2 milhões de aparelhos de
rádio. Segundo Tim Wu, autor do importante "Impérios da (Mackenzie 2009) Assinale a alternativa CORRETA.
Comunicação", antes da Internet os rádios foram a maior mídia
a) "enquanto" (ref. 2) denota temporalidade e pode ser
aberta do século.
substituído, sem alteração do sentido original do texto, por
4
Repetiu-se o mesmo processo do telefone. À medida que "sempre que".
aumentava o público e criava escala, o mercado libertário era
enquadrado pelo poder público e a ocupação do espaço entregue b) "já que" (ref. 3) apresenta o mesmo valor semântico observado
a grupos particulares. na expressão destacada em "Ele sairá cedo, PARA QUE possa
Hoje em dia, as concessões de rádio se tornaram ativos de voltar depois".
empresas privadas, as rádios comunitárias são criminalizadas e o
exercício pessoal se restringe aos rádios amadores. c) Considerando a correção gramatical, o uso do advérbio "talvez"
Esse é o desafio atual da Internet. Se não for garantida a (ref. 4) implica o uso do modo verbal subjuntivo ("explique").
neutralidade da rede - isto é, o direito de qualquer site ou pessoa
de ter acesso à rede, sem privilégios - em breve o grande sonho d) Em "As pessoas que falam" (ref. 5), o "que" exerce a mesma
libertário da Internet terá o mesmo destino do telefone e do rádio. função e expressa o mesmo valor que em "Eu sei QUE você
conhece".
Luís Nassif. Coluna Econômica. 07/09/2013.
e) É possível alterar, sem prejuízo do sentido original do texto,
"entre" (ref. 6) por "dentre", uma vez que as preposições denotam
(Uece 2015) Os parágrafos do texto têm um alto grau de coesão. o mesmo sentido.
Assinale a afirmação FALSA em relação ao mecanismo coesivo.
Exercício 28
a) Entre os parágrafos 1 e 2, a coesão é feita só com a progressão
(Acafe 2021) Leia as frases a seguir e analise as relações de
das ideias do parágrafo 1, sem nenhum elo linguístico.
significado expressas pelas orações destacadas.

b) Entre os parágrafos 2 e 3, a coesão é feita pela conjunção


I. A fim de obter melhores resultados, a mãe do menino decidiu
adversativa “no entanto” (que opõe o que vai ser dito no
contratar uma professora particular.
parágrafo 3 ao que foi dito nos parágrafos 1 e 2) e pela retomada
II. Os agricultores terão enormes prejuízos se não chover nos
do que foi dito nos parágrafos 1 e 2, que o articulista resumiu em
próximos dias.
“um modelo consolidado”.
III. Assim que os portões foram abertos, a multidão entrou no
estádio.
c) Entre os parágrafos 3 e 4, a coesão é feita pelo advérbio
IV. À medida que se aproximava o dia da festa, a tensão entre os
“assim” que aponta retroativamente para o que foi dito nos
membros da comissão foi aumentando.
parágrafos 1, 2 e 3.
V. Não conseguiu chegar a tempo para a reunião de negócios
porque o voo atrasou em São Paulo.
d) Entre os parágrafos 10 e 11, faz-se a coesão por meio da
expressão "o mesmo processo de concentração” e liga-se não só
De cima para baixo, as relações de significado expressas pelas
ao parágrafo imediatamente anterior (parágrafo 10), mas a tudo
orações destacadas são de:
que foi dito antes, entre o 3º e o 10º parágrafos.
a) concessão - finalidade - tempo - causa - proporção
Exercício 27
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: b) finalidade - causa - consequência - concessão - tempo
TEXTO
c) finalidade - condição - tempo - proporção - causa é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem.
Ultimamente é que percebi que me não entendiam, e continuei a
d) proporção - comparação - causa - finalidade - consequência zurrar por ser costume velho, não com ideia de agravar ninguém.
Nunca dei com homem no chão. Quando passei do tílburi ao
Exercício 29
bonde, houve algumas vezes homem morto ou pisado na rua,
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o
Um caso de burro
cocheiro na fuga; deixava-me estar aguardando autoridade.”
Machado de Assis “Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em
mim a menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação
Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a
coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela
própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução
esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio
declarado os direitos do burro, tais direitos não existem. Nenhum
achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe
golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os
parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os
obrigou. Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de
gostos não são iguais.
governo, teve em conta os interesses da minha espécie. Qualquer
Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o
que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um
lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes,
pouco temperada pela teima que é, em resumo, o meu único
estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso
defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim um
de burros, donde concluí que não estaria deitado, mas caído. bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei
Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos o burro por sóis nem chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito
levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos
olhos meio mortos fechavam-se de quando em quando. O infeliz
os bens que pratiquei.”
cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar próximo do
“A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando
fim.
depressa o tílburi e o namorado à casa da namorada – ou
Diante do animal havia algum capim espalhado e uma lata
simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia ao bonde
com água. Logo, não foi abandonado inteiramente; alguma
podia mirar a moça que estava na janela. Não poucos devedores
piedade houve no dono ou quem quer que seja que o deixou na
terei conduzido para longe de um credor importuno. Ensinei
praça, com essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se
filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do
o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba
porte e na quietação dos sentidos. Quando algum homem, desses
daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem que chamam patuscos, queria fazer rir os amigos, fui sempre em
bebeu da água; estava já para outros capins e outras águas, em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara.
campos mais largos e eternos. Meia dúzia de curiosos tinha Em fim…”
parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos,
Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado
empunhava uma vara, e se não sentia o desejo de dar com ela na
que pesaroso. Contente da descoberta, não podia furtar-me à
anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer
tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A
meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas
consideração, porém, de que todos os burros devem ter os
justamente do lado da anca. Diga-se a verdade; não o fez – ao
mesmos dotes principais, fez-me ver que os que ficavam não
menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos. Esses
seriam menos exemplares do que esse. Por que se não
poucos minutos, porém, valeram por uma hora ou duas. Se há
investigará mais profundamente o moral do burro? Da abelha já
justiça na Terra valerão por um século, tal foi a descoberta que
se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também,
me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos. coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas
O que me pareceu, é que o burro fazia exame de são superiores às nossas, mais racionais. Por que não sucederá o
consciência. Indiferente aos curiosos, como ao capim e à água, mesmo ao burro, que é maior?
tinha no olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho
Sexta-feira, passando pela Praça Quinze de Novembro,
interior e profundo. Este remoque popular: por pensar morreu um
achei o animal já morto.
burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos que a
Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver,
princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte
espetáculo repugnante; mas a infância, como a ciência, é curiosa
é que o torna necessário. Quanto à matéria do pensamento, não
sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim
há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o exame
passam os trabalhos deste mundo. Sem exagerar o mérito do
da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no
finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também
escasso tempo que ali gastei. Sou outro Champollion, porventura
não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século.
maior; não decifrei palavras escritas, mas ideias íntimas de Requiescat in pace.
criatura que não podia exprimi-las verbalmente.
E diria o burro consigo:
“Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado (Efomm 2021) Assinale a opção em que se encontra um período
que mereça remorso. Não furtei, não menti, não matei, não
composto por coordenação e por subordinação.
caluniei, não ofendi nenhuma pessoa. Em toda a minha vida, se
dei três coices, foi o mais, isso mesmo antes haver aprendido a) “Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o
maneiras de cidade e de saber o destino do verdadeiro burro, que lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes,
estava um burro deitado.” gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que
falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias?
Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à
b) “Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam- caça; 7o fim da vida e o começo da luta pela sobrevivência. (...)
se de quando em quando.” 8Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se

soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas


c) “Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que
longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para
mereça remorso.”
que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós
somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para
d) “Não furtei, não menti, não matei, não caluniei, não ofendi
nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio
nenhuma pessoa.”
caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas
que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos
e) “Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no
dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver
leitor menor gosto que eu para um espetáculo [...]” partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a
pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver
Exercício 30
(Efomm 2021) “Por mais que vasculhe a consciência, não acho nestas florestas e praias, 9porque nós as amamos como um
pecado que mereça remorso.” recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te
vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos.
Assinale a opção em que a oração reduzida DESFAZ o sentido de 10Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a

oposição do período acima. terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu

a) Malgrado vasculhar a consciência, não acho pecado que poder, e todo o seu coração, 11conserva-a para os seus filhos, e
mereça remorso. ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso
Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo
b) Mesmo vasculhando a consciência, não acho pecado que o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”
mereça remorso.
www.culturabrasil.pro.br/seattle1.htm. Acesso em 16/04/2016.
c) Em vasculhando a consciência, não acho pecado que mereça
remorso.
(G1 - epcar (Cpcar) 2017) Assinale a opção que contém uma
d) A despeito de vasculhar a consciência, não acho pecado que análise correta dos períodos abaixo.
mereça remorso. a) “O homem branco também vai desaparecer, talvez mais
depressa do que as outras raças.” – Período composto, no qual se
e) Não obstante vasculhar a consciência, não acho pecado que verifica que há entre a oração principal e a subordinada uma
mereça remorso. relação de comparação.

Exercício 31
b) “De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus.” – Período
Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões).
composto por subordinação, no qual identificamos duas orações
substantivas apositivas.
Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de
Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos
c) “Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador.” –
(Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que
Período simples, constituído por objeto direto, verbo de ligação e
pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz
complementos nominais.
mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma
incrível atualidade.
d) “Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos.”
– Período composto por uma oração principal, intermediada,
“(...) De uma coisa sabemos, que o homem branco 1talvez venha a
respectivamente, por uma condicional e outra conformativa.
um dia descobrir: 2o nosso Deus é o mesmo Deus. 3Julga, talvez,
que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir Exercício 32
a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é Como prevenir a violência dos adolescentes
amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo
“(...) Quando deparo com as notícias sobre crimes
Criador. O homem branco também vai desaparecer, 4talvez mais
hediondos envolvendo adolescentes, como o ocorrido com Felipe
depressa do que as outras raças. 5Continua sujando a sua própria
Silva Caffé e Liana Friedenbach, fico profundamente triste e
cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios
constrangida. Esse caso é consequência da baixa valorização da
dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os
prevenção primária da violência por meio das estratégias
cavalos selvagens, 6quando as matas misteriosas federem à cientificamente comprovadas, facilmente replicáveis e
definitivamente muito mais baratas do que a recuperação de baratas, facilmente replicáveis e adaptáveis em todo o território
crianças e adolescentes que comentem atos infracionais graves nacional. (...)”
contra a vida. “(...) Com relação à idade mínima para a maioridade penal,
Talvez seja porque a maioria da população não se deu deve permanecer em 18 anos, prevista pelo Estatuto da Criança e
conta e os que estão no poder nos três níveis não estejam do Adolescente e conforme orientações da ONU. Mas o tempo
conscientes de seu papel histórico e de sua responsabilidade máximo de três anos de reclusão em regime fechado, quando a
legal de cuidar do que tem de mais importante à nação: as criança ou o adolescente comete crime hediondo, mesmo em
crianças e os adolescentes, que são o futuro do país e do mundo. locais apropriados e com tratamento multiprofissional, que
A construção da paz e a prevenção da violência dependem urgentemente precisam ser disponibilizados, deve ser revisto.
de como promovemos o desenvolvimento físico, social, mental, Três anos, em muitos casos, podem ser absolutamente
espiritual e cognitivo das nossas crianças e adolescentes, dentro insuficientes para tratar e preparar os adolescentes com graves
do seu contexto familiar e comunitário. Trata-se, portanto, de uma distúrbios para a convivência cidadã. (...)”
ação intersetorial, realizada de maneira sincronizada em cada
comunidade, com a participação das famílias, mesmo que estejam Zilda Arns Neumann, 69, médica pediatra e sanitarista; foi
incompletas ou desestruturadas (...)” fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança. (Folha
“(...) Em relação às crianças e adolescentes que cometeram de S Paulo, 26/11/2003.)
infrações leves ou moderadas – que deveriam ser mais bem
expressas – seu tratamento para a cidadania deveria ser feito com
instrumentos bem elaborados e colocados em prática, na família (G1 - ifal 2011) No período: “Urgente é incorporar os ministérios
ou próxima dela, com acompanhamento multiprofissional, do Esporte e da Cultura às iniciativas da educação...” (9º
desobstruindo as penitenciárias, verdadeiras universidades do parágrafo), temos, respectivamente.
crime. (...)”
a) uma relação de coordenação, com orações coordenadas
“(...) A prevenção primária da violência inicia-se com a
assindética e sindética, respectivamente.
construção de um tecido social saudável e promissor, que começa
antes do nascer, com um bom pré-natal, parto de qualidade,
b) uma relação de subordinação, com orações coordenadas.
aleitamento materno exclusivo até seis meses e o complemento
até mais de um ano, vacinação, vigilância nutricional, educação
c) orações subordinadas, sendo uma principal e outra
infantil, principalmente propiciando o desenvolvimento e o
subordinada substantiva.
respeito à fala da criança, o canto, a oração, o brincar, o andar, o
jogar; uma educação para a paz e a nãoviolência.
d) orações subordinadas substantivas completivas nominais.
A pastoral da criança, que em 2003 completa 20 anos,
forma redes de ação para multiplicar o saber e a solidariedade
e) orações subordinadas, sendo uma principal, outra subordinada
junto às famílias pobres do país, por meio de mais de 230 mil
adverbial.
voluntários, e acompanhou no terceiro trimestre deste ano cerca
de 1,7 milhão de crianças menores de seis anos e 80 mil Exercício 33
gestantes, de mais de 1,2 milhão de famílias, que moram em (S1 - ifce 2020) Apresenta uma oração subordinada substantiva
34.784 comunidades de 3.696 municípios do país. predicativa o item
O Brasil é o país que mais reduziu a mortalidade infantil
a) João esperou para que você não fosse sozinho.
nos últimos dez anos; isso, sem dúvida, é resultado da
organização e universalização dos serviços de saúde pública, da
b) Queremos que você se saia bem na prova.
melhoria da atenção primária, com todas as limitações que o SUS
possa ainda possuir, da descentralização e municipalização dos
c) Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
recursos e dos serviços de saúde. A intensa luta contra a
mortalidade infantil, a desnutrição e a violência intrafamiliar
d) O ideal é que nós sejamos amigos.
contou com a contribuição dessa enorme rede de
solidariedade da Pastoral da Criança. (...)”
e) Não consegui falar com meu amigo que mora em Portugal.
“(...) A segunda área da maior importância nessa
prevenção primária da violência envolvendo crianças e Exercício 34
adolescentes é a educação, a começar pelas creches, escolas (G1 - ifce 2016) No período “É importante que ele não falte à
infantis e de educação fundamental e de nível médio, que devem reunião”, a oração sublinhada é
valorizar o desenvolvimento do raciocínio e a matemática, a
a) subordinada substantiva objetiva direta.
música, a arte, o esporte e a prática da solidariedade humana.
As escolas nas comunidades mais pobres deveriam ter
b) subordinada substantiva objetiva indireta.
dois turnos, para darem conta da educação integral das crianças e
dos adolescentes; deveriam dispor de equipes multiprofissionais
c) subordinada substantiva subjetiva.
atualizadas e capacitadas a avaliar periodicamente os alunos.
Urgente é incorporar os ministérios do Esporte e da Cultura às
iniciativas da educação, com atividades em larga escala e simples, d) coordenada assindética.
e) subordinada substantiva predicativa. a) O professor verificou se as alternativas estavam em ordem.
(Oração Subordinada Substantiva Predicativa)
Exercício 35
(Espcex (Aman) 2013) Assinale a alternativa correta quanto à
b) Lembre-se de que tudo não passou de um engano. (Oração
classificação sintática das orações grifadas abaixo, Subordinada Substantiva Completiva Nominal)
respectivamente.
c) O sargento indagou de quem era aquela identidade. (Oração
— Acredita-se que a banana faz bem à saúde.
Subordinada Substantiva Objetiva Indireta)
— Ofereceram a viagem a quem venceu o concurso.
d) Seu medo era que ele fosse reprovado no concurso. (Oração
— Impediram o fiscal de que recebesse a propina combinada.
Subordinada Substantiva Predicativa)
— Os patrocinadores tinham a convicção de que os lucros seriam
compensadores. Exercício 39
(Eear 2019) Assinale a alternativa em que a oração em destaque
a) subjetiva – objetiva indireta – objetiva indireta – completiva
é subordinada substantiva objetiva indireta.
nominal
a) Aqui ninguém se opõe a que se conheça o sistema.
b) subjetiva – objetiva indireta – completiva nominal – completiva
nominal b) Seu medo era que morresse na data da festa.

c) adjetiva – completiva nominal – objetiva indireta – objetiva c) Nunca se sabe quem está contra nós.
indireta
d) Perguntei-lhe quando voltaria.
d) objetiva direta – objetiva indireta – objetiva indireta –
Exercício 40
completiva nominal
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
e) subjetiva - completiva nominal - objetiva indireta - objetiva Leia o fragmento do romance O Cabeleira, abaixo, e responda à(s)
indireta questão(ões) a seguir.

Exercício 36 O Cabeleira entretanto atravessava matos, riachos e tabuleiros


(Espcex (Aman) 2017) Em “A velha disse-lhe que descansasse”, por novos caminhos que, infatigável e ousado, ia abrindo, em
do conto Noite de Almirante, de Machado de Assis, a oração direitura ao lugar do seu nascimento.
grifada é uma subordinada Sentia-se atraído para esse lugar por uma saudade infinda, por
uma confiança enganosa e fatal.
a) substantiva objetiva indireta.
Parecia-lhe que ninguém, nem a justiça dos homens nem a de
Deus, na qual desde os mais verdes anos o tinham ensinado a
b) adverbial final.
não acreditar, teriam poder para arrancá-lo desses sombrios e
protetores esconderijos, dessas grutas insondáveis,
c) adverbial conformativa.
perpetuamente abertas às onças e a ele, perpetuamente fechadas
ao restante dos animais e dos homens que não se animavam a
d) adjetiva restritiva.
transpor-lhes o escuro limiar com receio de ficarem sepultados
para sempre em tão medonhos sarcófagos.
e) substantiva objetiva direta.
Tendo-se afastado do pé da mata onde haviam sido vencidos e
Exercício 37 capturados em seus redutos os outros malfeitores, descreveu
(Espcex (Aman) 2016) No período “Ninguém sabe como ela uma oblíqua de cerca de uma légua no rumo do ocidente e desceu
aceitará a proposta”, a oração grifada é uma subordinada depois a uma distância donde pudesse ter debaixo das vistas o
Tapacurá, que lhe servia de guia através do sertão.
a) adverbial comparativa.

(TÁVORA, F. O Cabeleira. São Paulo: Martin Claret, 2003. p. 133.)


b) substantiva completiva nominal.

c) substantiva objetiva direta.

d) adverbial modal.
(Uel 2016) No trecho “com receio de ficarem sepultados para
sempre em tão medonhos sarcófagos”, há uma oração reduzida
e) adverbial causal.
a) subordinada adverbial final.
Exercício 38
(Eear 2019) Marque a alternativa que apresenta correta b) subordinada adverbial temporal.
classificação da oração apresentada.
c) subordinada substantiva objetiva indireta.
d) subordinada substantiva completiva nominal. de soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem dúvida. Mas foi
excelente para a felicidade.”
e) subordinada substantiva predicativa. No universo de Orwell, a população é controlada pela dor. No de
Huxley, pelo prazer. “Orwell temia que nossa ruína seria causada
Exercício 41
pelo que odiamos. Huxley, pelo que amamos”, escreve Postman.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Só precisa haver censura, diz ele, se os tiranos acreditam que o
MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO TEMPO
público sabe a diferença entre discurso sério e entretenimento.
Hélio Gurovitz (...) O alvo de Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele
julgava ter imposto uma cultura fragmentada e superficial,
Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para incapaz de manter com a verdade a relação reflexiva e racional da
o topo da lista dos mais vendidos (...) 1A distopia de Orwel,
palavra impressa. 11O computador só engatinhava, e Postman
mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo:
mal poderia prever como celulares, tablets e redes sociais se
o stalinismo. (...) 2O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos tornariam – bem mais que a TV – o soma contemporâneo. Mas
alternativos” e da anestesia intelectual nas redes sociais mais suas palavras foram prescientes: “O que afligia a população em
parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo Admirável mundo novo não é que estivessem rindo em vez de
novo, de Aldous Huxley. pensar, mas que não sabiam do que estavam rindo, nem tinham
3Não se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira parado de pensar”.
vez em 1985, num livreto do teórico da comunicação americano
Neil Postman: Amusing ourselves to death (4Nos divertindo até Adaptado, Revista Época nº 973 – 13 de fevereiro de 2017, p. 67.
morrer), relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no
The Guardian. “Na visão de Huxley, não é necessário nenhum
Grande Irmão para despojar a população de autonomia, Distopia = Pensamento, filosofia ou processo discursivo
maturidade ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria amando caracterizado pelo totalitarismo, autoritarismo e opressivo
sua opressão, adorando as tecnologias que destroem sua controle da sociedade, representando a antítese de utopia.
capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que proibiriam os (BECHARA, E. Dicionário da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de
livros. Huxley temia que não haveria motivo para proibir um livro, Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011, p. 533).
pois não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell temia
aqueles que nos privariam de informação. Huxley, aqueles que
nos dariam tanta que seríamos reduzidos à passividade e ao (Epcar (Afa) 2018) Assinale a alternativa em que a análise dos
egoísmo. 5Orwell temia que a verdade fosse escondida de nós. termos presentes no excerto abaixo está de acordo com o que
Huxley, que fosse afogada num mar de irrelevância.” prescreve a Gramática Normativa da Língua Portuguesa.
6
No futuro pintado por Huxley, (...) não há mães, pais ou
“A distopia de Orwell, mesmo situada no futuro, tinha um
casamentos. O sexo é livre. A diversão está disponível na forma
endereço certo em seu tempo: o stalinismo.” (ref. 1)
de jogos esportivos, cinema multissensorial e de uma droga que
garante o bem-estar sem efeito colateral: o soma. Restaram na a) O período é composto por três orações, sendo duas
Terra dez áreas civilizadas e uns poucos territórios selvagens, subordinadas e uma coordenada.
onde 7grupos nativos ainda preservam costumes e tradições
primitivos, como família ou religião. “O mundo agora é estável”, b) “... mesmo situada no futuro...” é classificada como oração
diz um líder civilizado. “As pessoas são felizes, têm o que desejam subordinada adverbial temporal reduzida de particípio.
e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em
c) “... o stalinismo” é um aposto que se refere ao termo imediato
segurança; nunca adoecem; 8não têm medo da morte; vivem na
que o antecede – “seu tempo”.
ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham
sobrecarregadas de pais e mães; 9não têm esposas, nem filhos,
d) As vírgulas servem para isolar a oração subordinada adverbial
nem amantes por quem possam sofrer emoções violentas; são
que está inserida em sua oração principal.
condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar
de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar Exercício 42
mal, há o soma.” TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
10
Para chegar à estabilidade absoluta, foi necessário abrir mão da – Mas que ossos tão 1miudinhos! São de criança?
arte e da ciência. “A felicidade universal mantém as engrenagens – Ele disse que eram de adulto. De um anão.
em funcionamento regular; a verdade e a beleza são incapazes de – De um anão? É mesmo, a gente vê que já estão formados... Mas
fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as massas tomavam o poder que maravilha, 2é raro à beça esqueleto de anão. E tão limpo,
público, era a felicidade, mais que a verdade e a beleza, o que
olha aí – admirou-se ela. Trouxe na ponta dos dedos 3um
importava.” A verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a
pequeno crânio de uma 3brancura de cal. – Tão perfeito, todos os
arte, perigos públicos. Mas não é necessário esforço totalitário
4
para controlá-las. Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer dentinhos!
sacrifício em troca de uma vida sossegada” e de sua dose diária – Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode ficar com
ele. O banheiro é aqui do lado, 5só vocês é que vão usar, tenho o
meu lá embaixo. Banho quente, extra. 6Telefone, também. 7Café
das sete às nove, deixo a mesa posta na cozinha coma garrafa b) V – V – V – V – V
térmica, fechem bem a garrafa – recomendou coçando a cabeça. A c) F – F – V – V – F
peruca se deslocou ligeiramente. 8Soltou uma baforada final: – d) F – V – V – V – F
9 e) F – V – F – V – F
Não deixem a porta aberta senão meu gato foge.
Ficamos nos olhando e rindo enquanto ouvíamos o barulho de Exercício 43
seus chinelos de salto na escada. E a tosse encatarrada. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Esvaziei a mala, dependurei a blusa 10amarrotada num cabide 1
Eu tinha nove ou dez anos, e uma tia, que era pintora, me
que enfiei num vão da veneziana, prendi na parede, com durex, convidara para ir ao seu ateliê para conhecer o local onde ela
uma gravura de Grassmann e 11sentei meu urso de pelúcia em trabalhava. O pequeno aposento estava frio e tinha um cheiro
cima do travesseiro. Fiquei vendo minha prima subir na cadeira, maravilhoso de terebintina e óleo; as telas armazenadas,
12desatarraxar 13a lâmpada 14fraquíssima que pendia de um fio apoiadas uma nas outras, me pareciam livros deformados no
solitário no meio do teto e no lugar atarraxar uma lâmpada de sonho de alguém que soubesse vagamente o que eram livros e os
houvesse imaginado enormes, feitos de uma única página, dura e
duzentas velas que tirou da sacola. 15O quarto ficou mais alegre.
grossa [...].
Em compensação, agora a gente podia ver que a roupa de cama
Francis Bacon observou que, para os antigos, todas as imagens
não era tão alva assim, alva era a pequena tíbia que ela tirou de
que o mundo dispõe diante de nós já se acham encerradas em
dentro do 16caixotinho. Examinou-a. Tirou uma vértebra 17e
nossa memória desde o nascimento. “Desse modo, Platão tinha a
olhou pelo buraco tão reduzido como o aro de um anel. Guardou-
concepção”, escreveu ele, “de que todo conhecimento não
as com a delicadeza com que se amontoam os ovos numa caixa.
passava de recordação; do mesmo modo, Salomão proferiu sua
– Um anão. 18Raríssimo, entende? E acho que não falta nenhum
conclusão de que toda novidade não passa de esquecimento”. Se
ossinho, vou trazer as ligaduras, quero ver se no fim de semana
isso for verdade, estamos todos refletidos de algum modo nas
começo a montar ele.
numerosas e distintas imagens que nos rodeiam, uma vez que
elas já são parte daquilo que somos: imagens que criamos e
TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos | Lygia Fagundes imagens que emolduramos; imagens que compomos fisicamente,
Telles, seleção de Eduardo Portella. – [13 ed.] – São Paulo: à mão, e imagens que se formam espontaneamente na
Global, 2015, p.123. imaginação; imagens de rostos, árvores, prédios, nuvens,
paisagens, instrumentos, água, fogo e imagens daquelas imagens
– pintadas, esculpidas, encenadas... Quer descubramos nessas
(Udesc 2019) Analise as proposições em relação ao conto “As imagens circundantes lembranças desbotadas de uma beleza
formigas”, Lygia Fagundes Telles, e ao trecho apresentado, que, em outros tempos, foi nossa (como sugeriu Platão), quer elas
assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa. exijam de nós uma interpretação nova e original, por meio de
todas as possibilidades que nossa linguagem tenha a oferecer,
( ) Na estrutura “um pequeno crânio de uma brancura de cal”
somos essencialmente criaturas de imagens, de figuras.
(ref. 3) a palavra destacada, quanto ao gênero, é classificada
feminina, por referir-se à cor, quando ele se referir ao óxido de
(MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das
cálcio, substância química , ela será classificada masculina.
Letras, 2009. p. 19-20.)
( ) No período “Soltou uma baforada final: Não deixem a porta
aberta senão meu gato foge” (ref. 9) a oração destacada,
sintaticamente, é classificada subordinada substantiva apositiva,
(G1 - cmrj 2019) As orações adjetivas cujo conteúdo é
uma vez que está exercendo a função de um aposto para o termo relevante para a identificação da entidade, ser ou objeto a que
substantivo final. se refere o antecedente do pronome relativo chamam-se
( ) Na oração “sentei meu urso de pelúcia em cima do restritivas [...].
travesseiro” (ref. 11) tem-se, quanto à sintaxe, sujeito Quando, entretanto, o conteúdo da oração adjetiva não
desinencial/elíptico e, em relação às expressões destacadas, contribui para essa identificação, dizemos que a oração adjetiva
objeto direto, adjunto adnominal e adjunto adverbial, é não restritiva (ou explicativa).
sequencialmente. (Azeredo, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua
( ) A oração “a lâmpada fraquíssima que pendia de um fio portuguesa. 1.ed. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 319-320.)
solitário” (ref. 13) contribui para a criação de uma atmosfera
sombria, nebulosa que é desfeita pela lâmpada de 200 velas – “O
quarto ficou mais alegre” (ref. 15). Ao longo do texto, observam-se algumas ocorrências de orações
( ) Os adjetivos “fraquíssima” (ref. 14) e “Raríssimo” (ref. 18), adjetivas.
quanto à flexão de grau, encontram-se na forma sintética – No período “Eu tinha nove ou dez anos, e uma tia, que era pintora,
superlativo absoluto sintético, para estabelecer a relação de me convidara para ir ao seu ateliê para conhecer o local onde ela
simetria entre a luminosidade e o anão. trabalhava.” (ref. 1), a oração adjetiva destacada estabelece com o
vocábulo “tia” uma relação semântica de
Assinale a alternativa correta, de cima para baixo.
a) conclusão.
a) V – F – F – V – V
Marque a alternativa correta.
b) comparação.
a) A frase I possibilita a conclusão de que todos os brasileiros,
indiscriminadamente, desejam ingressar na Força Aérea
c) retificação.
Brasileira.

d) generalização.
b) As frases I e II estão em desconformidade com as normas
gramaticais vigentes em relação às Orações Subordinadas
e) caracterização.
Adjetivas.
Exercício 44
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: c) A frase I, por conter Oração Subordinada Adjetiva Restritiva,
Leia a letra da música “É você” de Marisa Monte e responda à(s) não apresenta vírgulas. Esse fato está em conformidade com as
questão(ões). normas gramaticais vigentes.

É você d) A frase II, por conter Oração Subordinada Adjetiva Restritiva,


Só você apresenta vírgulas. Esse fato está em conformidade com as
Que na vida vai comigo agora normas gramaticais vigentes.
Nós dois na floresta e no salão
Exercício 46
Nada mais
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Deita no meu peito e me devora
O presidente Barack Obama e Hillary Clinton, a secretária de
Na vida só resta seguir
Estado dos Estados Unidos, tiveram de enfrentar uma
Um risco, um passo, um gesto rio afora
desagradável surpresa em suas viagens ao México. O jornal
É você
mexicano El Universal, um dos mais importantes do país, revelou
Só você
algo até então mantido sob sombras: há um item no orçamento
Que invadiu o centro do espelho
do Pentágono de 2009 consignando verba para ajudar a evitar
Nós dois na biblioteca e no saguão
que o México se torne “território ingovernável”. São 13 milhões de
Ninguém mais
dólares destinados a fortalecer as forças armadas mexicanas.
Deita no meu leito e se demora
Outro dado importante foi a omissão de ambos diante do
Na vida só resta seguir
argumento do México de que a violência que coloca em risco as
Um risco, um passo, um gesto rio afora
instituições nacionais, com a inserção do narcotráfico no poder
político, resulta da demanda por drogas por parte do mercado
<https://tinyurl.com/ycdar4y4> Acesso em: 13.11.2017.
consumidor norte-americano. (...) Há o lado policial, ou de guerra,
com os Estados Unidos construindo muros e fortalecendo a
repressão em suas linhas de junção com o território mexicano. E
(G1 - cps 2018) Ao analisarmos a função que as orações
há o lado político e econômico: o da imigração. Um homem
destacadas nos exemplos I e II exercem, podemos classificá-las
mexicano de 35 anos, com nove de instrução, pode ganhar 132%
como orações
a mais trabalhando nos Estados Unidos.
(...) Mas o México terá de conformar-se com a redução da sua
I. É você [...] que na vida vai comigo agora
estatura de aliado preferencial dos Estados Unidos nas Américas.
II. É você [...] que invadiu o centro do espelho
“Bye, bye, México, o Brasil emerge como líder da América Latina”.
a) subordinadas substantivas, pois exercem a função de Essa frase foi escrita por Andrés Oppenheimer, colunista do
substantivo. Miami Herald, íntimo da comunidade hispânica e do setor do
Departamento de Estado que cuida de questões latino-
b) subordinadas adverbiais, pois exercem a função de advérbio. americanas.

c) subordinadas adjetivas, pois exercem a função de adjetivo. (CARLOS, Newton. Narcotráfico corrói a estabilidade do estado
mexicano. In: Mundo – geografia e política internacional. Edição
d) coordenadas sindéticas, pois exercem a função aditiva. 100, ano 17, n. 4, agosto/2009, p. 11. Adaptado)

e) coordenadas assindéticas, pois exercem a função conclusiva.


(Fatec 2010) Há o lado policial, ou de guerra, com os Estados
Exercício 45 Unidos construindo muros e fortalecendo a repressão em suas
(Eear 2017) Leia:
linhas de junção com o território mexicano. E há o lado político e
econômico: o da imigração. Um homem mexicano de 35 anos,
I. Todos os brasileiros que desejam ingressar na Força Aérea
com nove de instrução, pode ganhar 132% a mais trabalhando
Brasileira devem gastar longas horas de estudo e dedicação.
nos Estados Unidos.
II. Todos os brasileiros, que desejam ingressar na Força Aérea
Brasileira, devem gastar longas horas de estudo e dedicação.
As orações em cujo interior estão os verbos construindo e
fortalecendo, destacados no trecho do texto, equivalem a
orações subordinadas adjetivas (reduzidas de gerúndio). Assinale pessoalmente é um modo de estar num mundo ordenado por
a alternativa em que essas orações encontram-se desenvolvidas ricos e pobres, superiores e inferiores, homens e mulheres,
adequadamente. brancos e negros, limpos e sujos. O modo de navegação social
confirma um universo ordenado em camadas e é melhor você
a) ... Estados Unidos ainda que construam muros e que fortaleçam
estar “por cima”.
a repressão...
Nossa questão mais angustiante, o que eventualmente nos tira do

b) ... Estados Unidos, onde se constroem muros e se fortalecem a sério, não é 19saber 20que tudo tem um dono, e dele receber
repressão... ordens. Não21! 22É entrar numa sala 23onde outras pessoas
também aguardam na fila, e todos se olham com uma ofensiva
c) ... Estados Unidos, que constroem muros e que fortalecem a indiferença porque ninguém sabe quem é quem. 24No Brasil, a
repressão... igualdade é vivida como uma ofensa ou um castigo.
25O anonimato associado à cidadania nos perturba. Para nós, o
d) ... Estados Unidos logo que constroem muros e fortalecem a maior castigo não é a prisão, é saber que somos iguais a todo
repressão... mundo porque burlamos a lei que foi feita para todos, menos para
nós. 26Quando indiciados, viramos vítimas de uma maldosa
e) ... Estados Unidos no qual constroem muros que fortalecem a
igualdade republicana! No Brasil lido como Estado nacional,
repressão...
somos todos “cidadãos”. Mas no Brasil relacional da casa e das
27
Exercício 47 amizades que nos impedem de dizer não, somos todos
(G1 1996) Classifique as orações adjetivas marcando: parentes e amigos. Não somos como todo mundo.
28Saiu ao pai ou ao avô... Merece a nomeação. Ademais, é

R (restritiva) afilhado do presidente e tem “pinta” e “jeito” de alto funcionário:


E (explicativa) não vai fazer feio.
a) ( ) O garoto PARA QUEM ESCREVEREI A CARTA não me A “29aparência”30. 31Eis um traço merecedor de um tratado de
conhece. sociologia. Meu mentor harvardiano, Richard Moneygrand, dizia
b) ( ) O futebol, QUE É UM ESPORTE POPULAR, enlouquece
que a “32luta das aparências” (e das recomendações e empenhos)
as torcidas.
é tão ou 33mais importante do que a 34luta de classes no Brasil...
c) ( ) A dor QUE DISSIMULA dói mais.
35— Logo vi que era “36gentinha”...
d) ( ) Aqui vivem mais de mil pessoas, QUE PASSAM FOME.
e) ( ) A criança CUJO PAI NÃO FOI ENCONTRADO será — Você viu o “jeito” dele (ou dela)? Descobri imediatamente
recolhida pelo juiz. quem era pelo modo como ele (ou ela) se sentou, comeu e falou.
37— Você viu a roupa? Notou o sapato? Atinou para a sujeira das
Exercício 48 unhas?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 38
— Eu até que tolero a pobreza, mas não me conformo com falta
Ser como todo mundo?
de limpeza. Um pobre precisa ser limpo. 39Sobretudo se for
(Roberto DaMatta*)
preto...
Nosso inferno não são os “40palácios” onde poucos entram, todos
Uma palavra resume a crise brasileira: a igualdade. 1Conforme
2 se conhecem e sabem dos seus lugares, 41mas os espaços
tenho salientado no meu trabalho e nesta coluna, o Brasil não
abertos. 42Sobretudo quando temos que esperar o sinal para
tem problemas com a desigualdade. Ele 3ama de paixão as
caminhar e sentir como todo mundo!
hierarquias e as gradações 4que 5estão em toda parte. Em nossas 43— Eu sei que não sou e jamais vou ser todo mundo! — diz o
leis 6sobram privilégios, penachos, recursos, isenções7...
magistrado do Tribunal Supremo.
Nossa formação nacional teve no escravismo, no patrimonialismo
É justo nesse “todo mundo” que jaz, 44como um 45cadáver oculto,
aristocrático e no compadrio das casas-grandes e nos grandes
apartamentos dos “bairros nobres” de nossas cidades o seu o 46nosso problema. 47Pois como ser como todo mundo se
centro e razão. Não é fácil ser igualitário com essa folha corrida. mamãe nos criou para ser ministro? 48Como ser como todo
Sempre 8fomos dinamizados 9por elos pessoais oficializados e mundo se a nossa família tem origem nobre? 49Empobrecemos50,
legais. Nosso projeto de vida funda-se no arrumar-se e no mas “temos berço”.
“10subir na vida”. Alcançar o baronato — ser alguém —, “11virar Como, então, seguir as normas de urbanidade deste nosso mundo
famoso” e, do alto da sua celebrização, ter direito a fazer tudo urbano?
51— Não entro em fila! Não tenho paciência para esperas imbecis.
sem ser molestado pelo bando de caretas que, infelizmente, não
são como nós. Pago a um criado para tanto. Tenho que cuidar do meu projeto
Saber com certeza quem é quem, 12mapear 13com precisão político socialista, que é urgente e está atrasado. Como é que eu
genealogias familísticas, poder dizer com um riso superior — vou ter tempo para ser como os outros?

“14conheci Frank Sinatra 15quando ele morava em Hoboken e era A República proclamada sem um viés igualitário 52só tem a perna

um merdinha”16; 17ou, “esse eu conheço!” — confirma a nossa da liberdade. 53A da 54igualdade que, ao lado da fraternidade,
55regularia o seu caminho, nasceu 56atrofiada e até hoje
ontologia segundo 18a qual “conhecer” ou relacionar-se
permanece torta. A liberdade de gritar, de confrontar, é cúmplices de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por
reveladora. 57Só grita quem pode, e calar é sinal de juízo e omissão.
respeito. – Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a
58Hoje assistimos às tramas para impedir a realização da ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e
igualdade que, para muitos poderosos, foi longe demais enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para
igualando quem deveria estar acima da lei. decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários
59 tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar
— Como ser como todo mundo numa sociedade marcada por
nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais.
privilégios? Qual a fórmula do viver democrático e igualitário?
O trecho pertence à carta de um grupo de 170 indígenas que
60Aprenda a dizer não a si mesmo. É nesse abrir-se para ser
vivem à beira de um rio no município de Iguatemi, no Mato Grosso
como todo mundo que está o espírito igualitário. A alma da do Sul, cercados por pistoleiros. As palavras foram ditadas em 8
democracia. de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis
Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal
*Roberto DaMatta é antropólogo e colunista dos jornais O Estado decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e
de São Paulo e O Globo. 70 crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência –
2
morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence.
(Texto adaptado do original e disponível em
Há cartas, como a de Pero Vaz de Caminha, de 1º de maio de
<https://oglobo.globo.com/opiniao/ser-como-todo-mundo-
1500, que são documentos de fundação do Brasil: fundam uma
21656782>. Acesso em 30 ago. 2017)
nação, ainda sequer imaginada, a partir do olhar estrangeiro do
colonizador sobre a terra e sobre os habitantes que nela vivem. E
há cartas, como a dos Guaranis Caiovás, escritas mais de 500
Vocabulário
anos depois, que são documentos de falência. A partir da carta
dos Guaranis Caiovás, tornamo-nos cúmplices de genocídio.
Ontologia: Parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é,
Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é.
do ser concebido como tendo uma natureza comum que é
inerente a todos e a cada um dos seres (Dicionário Aurélio da
Eliane Brum
Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2010)
Fonte:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/elianebrum/noticia/2012/10/dec
nossa-extincao-e-nos-enterrem-aqui.html (Adaptado)
(Uem 2018) Assinale o que for correto quanto ao emprego de
elementos linguísticos no texto.

01) Em “É entrar numa sala onde outras pessoas também (G1 - cp2 2018) Releia o seguinte trecho do texto (ref. 2):
aguardam na fila” (referência 22), o vocábulo “onde” (referência
23) poderia ser substituído por “que”, sem prejuízo sintático- [...] morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence.
semântico.
Substituindo a oração adjetiva sublinhada por um termo simples,
02) Na referência 4, o vocábulo “que” retoma a expressão “as assinale a alternativa em que a reescrita do trecho altera
hierarquias e as gradações”, desencadeando uma concordância significativamente o sentido do texto
verbal no plural com o verbo “estão” (referência 5).
a) [...] morrer com tudo o que são, na terra deles.

04) Em “que tudo tem um dono” (referência 20), tem-se uma


oração subordinada adjetiva que qualifica o verbo “saber”
b) [...] morrer com tudo o que são, naquelas terras.
(referência 19).

c) [...] morrer com tudo o que são, nas suas terras.


08) Na referência 27, o uso de uma vírgula após o vocábulo
“amizades” não provocaria mudança alguma de interpretação ao
d) [...] morrer com tudo o que são, nas próprias terras.
termo.
Exercício 50
16) Na referência 18, “a qual” retoma a expressão “a nossa TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ontologia”, mencionada anteriormente. Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões).

Exercício 49
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Carta da Terra (excerto)
“Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”

A Carta da Terra é um documento produzido no final da década


A declaração de morte coletiva feita por um grupo de Guaranis
Caiovás demonstra a incompetência do Estado brasileiro para de 1990 com a participação de países.
“Ela representa um grito de urgência face às ameaças que pesam
cumprir a Constituição de 1988 e mostra que 1somos todos
sobre a biosfera e o projeto planetário humano. Significa também
um libelo em favor da esperança de um futuro comum da Terra e certa categoria de palavras as quais chamamos elementos de
Humanidade.” coesão.
(Leonardo Boff)
A partir dessa definição e da leitura atenta do texto, considere os
PRINCÍPIOS fragmentos abaixo e as análises apresentadas.

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA I. “Orientar ações (...) mesmo quando a informação científica for
(...) incompleta...” (ref. 4) – a expressão coesiva mesmo quando serve
para evidenciar uma exceção em relação à prática de as ações
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as serem pautadas em conhecimentos científicos conclusivos.
futuras gerações. II. “Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de
proteção ambiental...” (ref. 2) – a palavra como introduz um termo
a) Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é com função adverbial e estabelece um sentido de conformidade.
condicionada pelas necessidades das gerações futuras. III. “... quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura
b) Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições de precaução.” (ref. 3) – É possível afirmar que a conjunção
que apoiem, em longo prazo, a prosperidade das comunidades quando além de veicular uma ideia de tempo, sugere também
humanas e ecológicas da Terra. uma condição.
IV. “Manejar o uso de recursos renováveis (...) de forma que não
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA excedam as taxas de regeneração...” (ref. 1) o pronome relativo
que introduz uma oração adjetiva que está subordinada ao
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da substantivo “forma”, especificando-o.
Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e
pelos processos naturais que sustentam a vida. Está correto o que se afirma nos enunciados

a) I, II, III e IV.


(...)
c) Promover a recuperação de espécies e ecossistemas
b) II e IV apenas.
ameaçados.
d) Controlar e erradicar organismos não nativos ou modificados
c) I, II e III apenas.
geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio
ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos.
d) I e III apenas.
e) 1Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo,
produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam as Exercício 51
taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos (Fatec 2016) É boa a notícia para os fãs da natação, vôlei de
ecossistemas. praia, futebol, hipismo, ginástica rítmica e tiro com arco que
buscam ingressos para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Entradas
6. 2Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de para catorze sessões esportivas dessas modalidades, que tinham
se esgotado na primeira fase de sorteio de ingressos, estão à
proteção ambiental e, 3quando o conhecimento for limitado,
venda.
assumir uma postura de precaução.

<http://tinyurl.com/qapfdjt> Acesso em: 12.09.2015. Adaptado.


a) 4Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou
irreversíveis danos ambientais mesmo quando a informação
científica for incompleta ou não conclusiva.
A oração subordinada destacada nesse fragmento é
(...)
d) Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não a) adjetiva restritiva.
permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras
substâncias perigosas. b) adjetiva explicativa.
(...)
c) substantiva subjetiva.
Ministério do Meio Ambiente.
www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta-terra.pdf. d) substantiva apositiva.
Acesso em 20/05/2016.
e) substantiva predicativa.

Exercício 52
(Espcex (Aman) 2015) Assinale a alternativa que analisa
(G1 - epcar (Cpcar) 2017) Dá-se o nome de coesão à conexão
corretamente a oração sublinhada na frase a seguir.
interna entre os vários enunciados de um texto, a qual é fruto das
“Os animais que se alimentam de carne chamam-se carnívoros.”
relações de sentido entre eles. Essas relações são manifestas por
a) A oração adjetiva sublinhada serve para explicar como são (Unesp 2015) No início do segundo parágrafo, por ter na frase a
chamados os animais que se alimentam de carne e, portanto, por mesma função sintática que o vocábulo “vagaroso” com relação a
ser explicativa, deveria estar separada por vírgulas. “passo”, a oração “de quem não tem pressa” é considerada

a) coordenada sindética.
b) Como todos os animais carnívoros alimentam-se de carne, não
há restrição. Nesse caso, a oração sublinhada só poderá ser
b) subordinada substantiva.
explicativa e, portanto, deveria estar separada por vírgulas.

c) subordinada adjetiva.
c) Trata-se de uma oração evidentemente explicativa, pois ensina
como são chamados os animais que se alimentam de carne.
d) coordenada assindética.
Sendo assim, a oração adjetiva sublinhada deveria estar separada
por vírgulas.
e) subordinada adverbial.

d) A oração adjetiva sublinhada tanto pode ser explicativa, pois Exercício 54


esclarece, em forma de aposto, o termo antecedente, quanto pode TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ser restritiva, por limitar o sentido do termo “animais”. CPFL Energia apresenta: Planeta Sustentável
É buscando alternativas energéticas renováveis que a gente
e) A oração adjetiva sublinhada só pode ser restritiva, pois reduz traduz nossa preocupação com o meio ambiente
a categoria dos animais e é indispensável ao sentido da frase:
somente os que comem carne é que são chamados de carnívoros. Sustentabilidade é um 1conceito que 2só ganha força quando
3boas ideias se transformam 4em grandes ações. É por acreditar

5nisso que nós, da CPFL, estamos desenvolvendo alternativas


Exercício 53
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: energéticas eficientes e renováveis e tomando as medidas
As próximas questões tomam por base uma passagem de um necessárias para gerar cada vez menos impactos ambientais.
romance de Autran Dourado (1926- 2012). A utilização da energia elétrica de forma consciente, o
investimento em pesquisa e o desenvolvimento de veículos
A gente Honório Cota elétricos, o emprego de novas fontes, como a biomassa e a
energia eólica, e a utilização de créditos de carbono são
Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou preocupações que há algum tempo já viraram ações da CPFL. E
erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas já era esta é a nossa busca: contribuir para a qualidade de vida de
homem sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos nossos consumidores e oferecer a todos o direito de viver em um
trajes, da sua aparência medida. O jaquetão de casimira inglesa, o planeta sustentável.
colete de linho atravessado pela grossa corrente de ouro do
relógio; a calça é que era como a de todos na cidade — de brim, a Revista Veja. 30 dez. 2009
não ser em certas ocasiões (batizado, morte, casamento — então
era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o
vinco perfeito. Dava gosto ver: (G1 - ifal 2012) No período “... que só ganha força quando boas
O passo vagaroso de quem não tem pressa — o mundo ideias se transformam em grandes ações...” (1º parágrafo), temos:
podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos lentos, a
a) uma relação de coordenação, com duas orações coordenadas
voz pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando
assindética e sindética, respectivamente.
cerimoniosamente, nobremente, os que por ele passavam ou os
que chegavam na janela muitas vezes só para vê-lo passar.
b) uma relação de subordinação, com orações subordinadas
Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro,
substantivas.
descarnado, como uma ave pernalta de grande porte. Sendo
assim tão descomunal, podia ser desajeitado: não era, dava
c) duas orações subordinadas adverbiais.
sempre a impressão de uma grande e ponderada figura. Não
jogava as pernas para os lados nem as trazia abertas, esticava-as
d) uma oração subordinada adjetiva e outra subordinada
feito medisse os passos, quebrando os joelhos em reto.
adverbial.
Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra
Menina, no cavalo branco ajaezado de couro trabalhado e prata, aí
e) uma oração subordinada adjetiva e outra subordinada
então sim era a grande, imponente figura, que enchia as vistas.
substantiva.
Parecia um daqueles cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de
Gaula ou do Palmeirim, quando iam para a guerra armados Exercício 55
cavaleiros. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Emoções na montanha-russa (fragmento)
Ópera dos mortos, 1970.
Uma das sensações mais intensas e perturbadoras 4que se pode
experimentar, neste nosso mundo atual, é um passeio na
montanha-russa. Só não é nem um pouco recomendável para “paraíso racial”. Do lado dos imigrantes, as segundas e terceiras
quem tenha problemas com os nervos ou com o coração, nem gerações de filhos de japoneses se concentraram, a partir da
para aqueles com o sistema digestivo sensível. A própria decisão década de 1950, na construção da sua ascensão social. A história
de entrar na brincadeira já requer alguma coragem, a gente sabe foi sendo esquecida, junto com o idioma e os hábitos culturais de
1que a emoção pode ser forte até demais e 2que podem decorrer seus pais e avós.
consequências imprevisíveis. Entra quem quer ou quem se atreve,
mas sabe-se também 3que muita gente entra forçada por amigos (Matinas Suzuki Jr. Folha de S.Paulo, 20.04.2008. Adaptado.)
e pessoas queridas, meio que contra a vontade, pressionada pela
vergonha de manifestar sentimentos de prudência ou o puro * Shindô-Renmei foi uma organização nacionalista, que surgiu no
Brasil após o término da Segunda Guerra Mundial, formada por
medo. Mas, uma vez que se entra, 5que se aperta a trava de
japoneses que não acreditavam na derrota do Japão na guerra.
segurança e a geringonça se põe em movimento, a situação se
Possuía alguns membros mais fanáticos que cometiam atentados,
torna irremediável. Bate um frio na barriga, o corpo endurece, as
tendo matado e ferido diversos cidadãos nipo-brasileiros.
mãos cravam nas alças do banco, a respiração se torna cada vez
mais difícil e forçada, o coração descompassa, um calor estranho
arde no rosto e nas orelhas, ondas de arrepio descem do pescoço
(Unifesp 2011) No texto, as orações (...) que já estava com os
pela espinha abaixo.
nervos à flor da pele em virtude de dois atentados da Shindô-
Renmei na cidade (...) e (...) que encontrasse pela frente (...) são
Nicolau Sevcenko: A corrida para o século XXI: no loop da
exemplos, respectivamente, de oração subordinada adjetiva
montanha-russa.
explicativa e subordinada adjetiva restritiva, porque:

a) a primeira limita o sentido do termo antecedente (a população


(G1 - ifce 2012) Em relação ao objeto a que se refere, uma de Osvaldo Cruz), enquanto a segunda explica o sentido do termo
oração adjetiva restritiva atribui a esse objeto uma característica, antecedente (qualquer japonês).
de modo a torná-lo específico entre semelhantes, a torná-lo um
ser em particular; individualiza-o, por fim, pois condiciona seu b) a pausa, antes e depois da primeira oração, revela seu caráter
sentido apenas ao contexto referenciado. Essa propriedade de restrição e precisão do sentido do termo antecedente, tal como
relacional é o que se observa na oração se dá com a segunda oração.

a) “que a emoção pode ser forte” (ref. 1).


c) na primeira, a oração é indispensável para precisar o sentido da
anterior, enquanto, na segunda, a oração pode ser eliminada.

b) “que podem decorrer consequências imprevisíveis” (ref. 2).


d) a primeira explica o sentido do termo antecedente (a
população de Osvaldo Cruz), enquanto a segunda limita o sentido
c) “que muita gente entra forçada por amigos e pessoas queridas”
do termo antecedente (qualquer japonês).
(ref. 3).

e) o sentido do termo “qualquer japonês”, explicado na segunda


d) “que se pode experimentar” (ref. 4).
oração, é determinante para a compreensão da primeira.

e) “que se aperta a trava” (ref. 5). Exercício 57


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Exercício 56
Texto 1
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Por causa do assassinato do caminhoneiro Pascoal de
Araçatuba promove semana contra violência da mulher
Oliveira, o Nego, pelo – também caminhoneiro – japonês Kababe
Massame, após uma discussão, em 31 de julho de 1946, a
Quebrando o Silêncio - Semana de Conscientização contra
população de Osvaldo Cruz (SP), que já estava com os nervos à
a Violência Doméstica irá acontecer pela quarta vez em
flor da pele em virtude de dois atentados da Shindô-Renmei* na
Araçatuba. A ação é um projeto da Adra (Agência de
cidade, saiu às ruas e invadiu casas, disposta a maltratar
Desenvolvimento de Recursos Assistenciais),órgão oficial da
“impiedosamente”, na palavra do historiador local José Alvarenga,
Igreja Adventista do Sétimo Dia.
qualquer japonês que encontrasse pela frente. O linchamento dos
Neste ano, a semana irá ocorrer em parceria com a
japoneses só foi totalmente controlado com a intervenção de um
Secretaria Municipal de Segurança, Câmara Municipal e Delegacia
destacamento do Exército, vindo de Tupã, chamado pelo médico
de Defesa da Mulher. As atividades serão realizadas nos dias 13,
Oswaldo Nunes, um herói daquele dia totalmente atípico na
14 e 15, das 9h as 17h, no calçadão da Marechal.
história de Osvaldo Cruz e das cidades brasileiras.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, o eclipse do
Disponível em www.folhadaregiao.com.br em 11/10/2010
Estado Novo e o desmantelamento da Shindô-Renmei, inicia-se
um ciclo de emudecimento, de ambos os lados, sobre as quatro
Texto 2
décadas de intolerância vividas pelos japoneses. Do lado local, foi
sedimentando- se no mundo das letras a ideia do país como um
Em 20 de novembro de 1959, foi proclamada a Declaração uma arma de fogo e, mais ainda, que possa portá-la sem
Universal dos Direitos da Criança, com a intenção de garantir à constrangimentos.
criança uma infância feliz. Falham também as leis e a Justiça, quando pessoas armadas,
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069, art. 4º, flagradas nas ruas, não se submetem a punições mais drásticas e
esclarece que os direitos infantis precisam ser recordados todos voltam a desafiar as autoridades e a atormentar as comunidades.
os dias como o direito à vida, saúde, alimentação, educação, Constata-se que essa é uma realidade nacional, a partir das
esporte, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, estatísticas da violência. 4É assustador que, a cada meia hora,
liberdade e convivência familiar e comunitária. uma pessoa seja assassinada 5nas capitais brasileiras, 6que
concentram os piores índices de criminalidade. E não há mais
Disponível em www.oecumene.radiovaticana.org em12/10/2010. dúvida de que as vítimas não são apenas delinquentes eliminados
por outros marginais, o que já seria uma barbárie, mas também
Texto 3 pessoas comuns, muitas das quais atingidas por balas perdidas.
O debate sobre a desproteção da sociedade faz com que ressurja
Violência em maternidades revela problemas na saúde pública a hipótese de assegurar o amplo direito de defesa de todos pelo
acesso a armamentos. A solução, no entanto, 7certamente está
Uma pesquisa apresentada à Faculdade de Medicina da
muito mais em aprimorar as políticas e as ações de segurança e
USP (FMUSP) revela que grávidas em trabalho de parto sofrem
exercer controle rigoroso sobre o uso ilegal e banalizado de
diversos maus tratos e desrespeitos por parte dos profissionais
armas, com repressão e punição, do que em transmitir ao cidadão
de saúde nas maternidades públicas. Segundo a análise, esse tipo
a sensação controversa de que sua defesa depende do arsenal
de violência, além de apontar para os problemas estruturais da
particular que tiver em casa.
saúde pública, revela a “erosão” da qualidade ética das interações
entre profissionais e pacientes, a banalização do sofrimento e
Texto publicado no jornal Zero Hora, em 01 out. 2015. Disponível
uma cultura institucional marcada por estereótipos de classe e
em http://zh.clicrbs.com.br/rs/
gênero.
noticias/opiniao/noticia/2015/10/armas-demais-4859707.html.
Acesso em 01 out. 2015. Adaptação.
Disponível em www.correiodobrasil.com.br (Ano XI – nº 3937) em
12/10/2010

(Unisinos 2016) Analise as seguintes afirmações relativas ao


emprego de alguns recursos linguísticos no texto.
(G1 - ifal 2011) A respeito do conectivo que, em: “... esclareceu
que os direitos infantis precisam ser recordados...”(texto 2),
I. A conjunção “porém” (referência 2) é empregada numa
podemos dizer que o termo em evidência é classificado como :
afirmação que tem força argumentativa maior do que a afirmação
a) pronome relativo e introduz uma oração subordinada adjetiva. que precede o travessão da referência 1.
II. Com o emprego do adjetivo “evidente” (referência 3) e do
advérbio “certamente” (referência 7), o editorialista engaja-se
b) pronome relativo e introduz oração subordinada substantiva. fortemente em seu discurso, fazendo afirmações categóricas.
III. A oração “que concentram os piores índices de criminalidade”
c) conjunção integrante e encabeça oração subordinada adverbial. (referência 6) é separada por vírgula da oração anterior, porque
restringe o referente “(n)as capitais brasileiras” (referência 5).

d) conjunção integrante e encabeça oração subordinada Sobre as proposições acima, pode-se afirmar que
substantiva.
a) apenas I está correta.

e) conjunção explicativa e introduz oração coordenada.


b) apenas II está correta.
Exercício 58
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: c) apenas III está correta.
Armas demais
d) apenas I e II estão corretas.
A disparada da taxa de homicídios em Porto Alegre não deixa
dúvida de que o descontrole da posse e do porte de armas é um e) apenas II e III estão corretas.
dos fatores preponderantes nas tragédias urbanas. Repete-se
Exercício 59
sempre em momentos como este o argumento de que não são as
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
armas que matam, mas as pessoas que as manipulam 1− essas Os moradores do casarão
pessoas, 2porém, têm suas ações facilitadas pelo porte legal ou (...)
ilegal desses equipamentos. É 3evidente que o setor de 1 Consultando o relógio de parede, que bate as horas num
segurança tem falhado, em todo o Brasil, em relação ao gemer de ferros, ela chama uma das pretas, para que lhe traga a
cumprimento das restrições para que alguém seja proprietário de chaleira com água quente. Toma banho dentro da bacia no quarto,
cujos tacos já estão podres. Demora-se sentada no banco de 17 E Violeta se levanta, pesada, envolvida no cachecol, para
madeira com medo da corrente de ar, os cabelos soltos e os fechar a janela por onde vem a corrente de ar e já se aproxima a
ombros protegidos pela toalha. noite.
2 A única amiga que a visita diz que a vida dela dá um (MOREIRA CAMPOS, José Maria. Dizem que os cães veem coisas.
romance. O casarão. A posição social de outrora. A educação Fortaleza: Edições UFC, 1987)
dela: o piano, a aula particular de francês, o curso de pintura com
irmã Honorine. Tudo se foi acabando. Os mortos são retratos no
alto das paredes. Galeria de retratos, o do pai, imponente, o (Ufc 2009) Assinale a alternativa que analisa corretamente as
cabelo partido ao meio, certa ironia nos olhos, ao tempo em que orações destacadas no período.
foi secretário de estado e diretor do grande hospital. Foi por esse
tempo que ela se casou com o bacharel recente. As tias fizeram
oposição forte. Aquelas tias magras, de nervuras nos pescoços,
as blusas de colarinho de renda, os bandós. A mais renitente
delas era tia Matilda. A sobrinha merecia coisa melhor, homem já
projetado na vida, com carreira feita, que a família era nobre,
quisessem ou não: vinha de boa cepa portuguesa, com barão na
origem. O moço era filho de comerciante, com pequena loja de
tecidos:
3 - E um menino! Em começo de vida.
4 Mas casaram. Foi decidido que ficassem no casarão, que
dava para todos, e ninguém queria separar-se de Violeta, que
tinha muitas mães, todas mandando nela. Violeta, governada, As orações 1, 2 e 3 têm, respectivamente, valor de:
sem vontade própria, como se ainda fosse menina, ouvindo uma e a) substantivo, adjetivo, advérbio
outra:
5 - Estou bem com este vestido? b) substantivo, advérbio, adjetivo
6 A nervura das tias:
7 - Horrível! Ponha o de organdi. c) adjetivo, substantivo, advérbio
8 Ela voltava ao grande quarto, de forro alto, e mudava a
roupa na frente do marido, marginalizado e em silêncio. d) advérbio, adjetivo, substantivo
Concessão maior só do pai, que era meio boêmio, apreciava uma
roda de cerveja e de pôquer. O pai soltava gargalhada na cadeira e) adjetivo, substantivo, substantivo
de balanço e garantia ao genro que aquelas velhas, e a própria
mulher dele, eram doidas. Exercício 60
(Ufsm 2008)
9 A pressão. O 1reparo para qualquer deslize tolo ou gafe:
10 - Filho de comerciante.
11 E Violeta, que nunca teve filhos, engordava, lambia os
dedos e os beiços untados de manteiga. Muita banha, preguiça de
sair de casa, uma ou outra nota no piano de cauda, com o jarro de
flores, onde as moscas dormiam e cagavam.
12 Veio o desquite. O marido mudou-se para São Paulo. Fez
carreira brilhante, é advogado de prestígio e, faz muito tempo,
vive com a outra. Mas fixou pensão para a mulher e escrevia-lhe,
talvez por pena dela: a gordura disforme. Foram cartas que
raramente recebeu, e uma ou outra que ela própria tivesse escrito,
tia Matilda, a renitente, tomava do jardineiro, lia e rasgava. Analise as afirmações a respeito dos recursos expressivos
13 Quando essa tia morreu, porque afinal todos morreram, utilizados nas falas dos personagens:
Violeta encontrou no quarto dela dentro da gaveta da cômoda, lá
no fundo, algumas dessas cartas do marido, amarradas com o I. Com o uso da conjunção condicional, o segundo falante
fitilho. Trancou-se, leu-as à luz do abajur e chorou. transforma em hipótese o que era causa para o chefe. Depois
14 O casarão, com a torre, é ninho de morcegos, que voejam questiona as afirmações dele, colocando em oposição pronomes e
na tarde. Tudo é silêncio. O gradil do muro, enferrujado. Secou a qualidades.
fonte, onde o vento rodopia folhas mortas. De resistente apenas a II. Em "por que eles estão lutando tão arduamente [...]", a ação foi
hera, que sobe pelas velhas paredes, uma ou outra vez aguada intensificada por um advérbio em "-mente" e, por sua vez, esse
por Seu Vicente, jardineiro, ou pela preta mais nova, também cria advérbio foi modificado por outro advérbio.
da família. III. Para enfatizar a ideia de ação executada num presente
15 A única amiga que a visita volta a assegurar que a vida momentâneo, o segundo personagem utilizou o verbo auxiliar
dela dá um romance. estar unido a uma forma nominal do verbo lutar.
16 - Acho que sim.
Está(ão) correta(s) resultar da experiência ordinária de cada pessoa. De tal modo, em
mundo datado como o nosso, a explicação do acontecer pode ser
a) apenas I.
feita a partir de categorias de uma história concreta. É isso,
também, que permite conhecer as possibilidades existentes e
b) apenas II.
escrever uma nova história.

c) apenas III.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. 13. ed. São Paulo:
Record, 2006. p. 20-21. (Adaptado).
d) apenas I e II.

e) I, II e III.
(Ueg 2018) Considere o seguinte parágrafo:
Exercício 61
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “É sobre tais alicerces que se edifica o discurso da escassez, afinal
Leia o texto a seguir para responder à(s) questão(ões) a seguir. descoberta pelas massas. A população, aglomerada em poucos
pontos da superfície da Terra, constitui uma das bases de
O mundo como pode ser: uma outra globalização reconstrução e de sobrevivência das relações locais, abrindo a
possibilidade de utilização, ao serviço dos homens, do sistema
Podemos pensar na construção de um outro mundo a partir de técnico atual”.
uma globalização mais humana. As bases materiais do período
atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos A oração reduzida de gerúndio “abrindo a possibilidade de
momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas utilização, ao serviço dos homens, do sistema técnico atual”
que o grande capital se apoia para construir uma globalização retoma como sujeito o seguinte sintagma:
perversa. Mas essas mesmas bases técnicas poderão servir a
a) “uma das bases de reconstrução e de sobrevivência das
outros objetivos, se forem postas a serviço de outros
relações locais”
fundamentos sociais e políticos. Parece que as condições
históricas do fim do século XX apontavam para esta última
b) “a população aglomerada em poucos pontos da superfície da
possibilidade. Tais novas condições tanto se dão no plano
Terra”
empírico quanto no plano teórico.
Considerando o que atualmente se verifica no plano empírico,
c) “descoberta pelas massas”
podemos, em primeiro lugar, reconhecer um certo número de
fatos novos indicativos da emergência de uma nova história. O d) “o discurso da escassez”
primeiro desses fenômenos é a enorme mistura de povos, raças,
culturas, gostos, em todos os continentes. A isso se acrescente, e) “tais alicerces”
graças ao progresso da informação, a “mistura” de filosofia, em
detrimento do racionalismo europeu. Um outro dado de nossa Exercício 62
era, indicativo da possibilidade de mudanças, é a produção de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
uma população aglomerada em áreas cada vez menores, o que REFLETINDO SOBRE APROPRIAÇÃO CULTURAL
permite um ainda maior dinamismo àquela mistura entre pessoas Os efeitos desta supervalorização da cultura europeia é a
e filosofias. As massas, de que falava Ortega y Gasset na primeira existência de uma hierarquia cultural
metade do século (A rebelião das massas, 1937), ganham uma
nova qualidade em virtude de sua aglomeração exponencial e de Já há algum tempo, acompanho esse debate sobre apropriação
sua diversificação. Trata-se da existência de uma verdadeira cultural e, lendo os artigos produzidos (a favor ou contra), percebi
sociodiversidade, historicamente muito mais significativa que a que a maioria não consegue articular este debate com questões
própria biodiversidade. Junte-se a esses fatos a emergência de mais amplas: racismo e capitalismo.
uma cultura popular que se serve dos meios técnicos antes É preciso aceitar que há apropriação cultural. E que esta
exclusivos da cultura de massas, permitindo-lhe exercer sobre apropriação não é resultado de uma troca cultural. E por quê? A
esta última uma verdadeira revanche ou vingança. cultura predominante em nosso país é a ocidental que nos obriga
É sobre tais alicerces que se edifica o discurso da escassez, afinal a digerir a cultura europeia. Isso é bem problemático numa
descoberta pelas massas. A população, aglomerada em poucos sociedade marcada pela diversidade étnico-cultural. Os efeitos
pontos da superfície da Terra, constitui uma das bases de desta supervalorização da cultura europeia é a existência de uma
reconstrução e de sobrevivência das relações locais, abrindo a hierarquia cultural. E é aqui que racismo e capitalismo se
possibilidade de utilização, ao serviço dos homens, do sistema articulam na apropriação da cultura do outro.
técnico atual. Ninguém no Brasil é proibido de usar um turbante, uma guia ou
No plano teórico, o que verificamos é a possibilidade de produção de pertencer a alguma religião de matriz africana. Porém, há um
de um novo discurso, de uma nova metanarrativa, um grande olhar diferenciado quando negros ou negras usam um turbante,
relato. Esse novo discurso ganha relevância pelo fato de que, pela uma guia que os identificam com o candomblé em espaço público.
primeira vez na história do homem, se pode constatar a existência Diferente de brancos. Os primeiros são logo tachados de
de uma universalidade empírica. A universalidade deixa de ser macumbeiros e os segundos, na moda, estilo e tendência étnica.
apenas uma elaboração abstrata na mente dos filósofos para
O cerne da questão se dá quando a cultura africana e afro-
brasileira é apropriada por empresas e os protagonistas são b) II e III.
excluídos do processo. Outro problema da assimilação cultural é
seu retorno. Esta retorna na forma de mercadoria esvaziada de c) III e V.
sentido. A filósofa e feminista negra Djamila Ribeiro faz a
provocação: “A etnia Maasai não quer ser reparada pelo mundo d) III, IV e V.
da moda por apropriação, porque lucraram com sua cultura sem
que eles recebessem por isso.” A relação entre capitalismo e e) I, II e IV.
racismo se manifesta desta forma.
O debate sobre apropriação cultural propõe refletir sobre o uso Exercício 63
da cultura africana e afro-brasileira por empresas sem a presença TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
e um retorno aos protagonistas. Para os que fazem este debate Janelas Quebradas: uma teoria do crime que merece reflexão
de forma ampla, há uma compreensão de que não é justo atingir
A teoria das janelas quebradas ou “broken windows theory” é um
pessoas. Estas não possuem um conhecimento sobre tal
modelo norte-americano de política de segurança pública no
problemática. É preciso atacar as empresas que usam e abusam
enfrentamento e combate ao crime, tendo como visão
da cultura desses povos e a transformam em simples mercadoria.
fundamental a desordem como fator de elevação dos índices da
Chamo atenção (finalizando) para o fato de alguns artigos que,
sem entender ou por pura desonestidade intelectual, procuram, criminalidade. Nesse sentido, apregoa tal teoria que, 1se não
ao combater os argumentos daqueles que escrevem sobre a forem reprimidos, os pequenos delitos ou contravenções
apropriação cultural, desqualificar toda uma produção de conduzem, inevitavelmente, a condutas criminosas mais graves,
conhecimento forjada a partir de uma longa experiência no em vista do descaso estatal em punir os responsáveis pelos
combate ao racismo. Penso que todo debate é válido, porém, crimes menos graves. Torna-se necessária, 2então, a efetiva
sejamos éticos. atuação estatal no combate à criminalidade, seja ela a
microcriminalidade ou a macrocriminalidade.
FERREIRA, H. Refletindo sobre apropriação cultural. Disponível Essa teoria na verdade começou a ser desenvolvida em 1982,
em: < http://www.opovo.com.br/jornal/opiniao/2017/02/hilario- 3quando o cientista político James Q. Wilson e o psicólogo
ferreira-refletindo-sobre-apropriacao-cultural.html>. Acesso em: criminologista George Kelling, americanos, publicaram um estudo
09 maio 2017 (adaptado). na revista Atlantic Monthly, estabelecendo, pela primeira vez,
uma relação de causalidade entre desordem e criminalidade.
Nesse estudo, utilizaram os autores da imagem das janelas
(G1 - ifpe 2017) Com base nas estratégias lógico-discursivas quebradas para explicar como a desordem e a criminalidade
mobilizadas no texto, considere as seguintes afirmativas. poderiam, aos poucos, infiltrar-se na comunidade, causando a sua
decadência e a consequente queda da qualidade de vida. O
I. No trecho “lendo os artigos produzidos (a favor ou contra), estudo realizado por esses criminologistas teve por base a
percebi que a maioria não consegue articular este debate” experiência dos carros abandonados no Bronx e em Palo Alto.
(parágrafo 1), o verbo grifado institui uma oração subordinada Em suas conclusões, esses especialistas acreditam que,
reduzida de gerúndio e estabelece, com a oração seguinte, uma ampliando a análise situacional, se por exemplo uma janela de
relação de alternância. uma fábrica ou escritório fosse quebrada e não
II. Em “Porém, há um olhar diferenciado” (parágrafo 3), a fosse,4incontinenti, consertada, quem por ali passasse e se
conjunção destacada introduz uma ideia de oposição com relação deparasse com a cena logo iria concluir que ninguém se
ao período anterior. importava com a situação e que naquela localidade não havia
III. Em “O cerne da questão se dá quando a cultura africana e autoridade responsável pela manutenção da ordem.
afro-brasileira é apropriada por empresas” (parágrafo 4), a Logo em seguida, as pessoas de bem deixariam aquela
conjunção grifada introduz uma circunstância de tempo. comunidade, relegando o bairro à mercê de gatunos e
IV. No trecho “A etnia Maasai não quer ser reparada pelo mundo desordeiros, pois apenas pessoas desocupadas ou imprudentes
da moda por apropriação, porque lucraram com sua cultura sem se sentiriam à vontade para residir em uma rua cuja decadência
que eles recebessem por isso” (parágrafo 4), a expressão em se torna evidente. Pequenas desordens, portanto, levariam a
destaque introduz a consequência do lucro do mundo da moda grandes desordens e, posteriormente, ao crime.
com a cultura Maasai. Da mesma forma, concluem os defensores da teoria, quando são
V. Em “Chamo atenção (finalizando) para o fato de alguns artigos
cometidas “pequenas faltas” (estacionar em lugar proibido,
que [...] procuram, ao combater os argumentos daqueles que
exceder o limite de velocidade, passar com o sinal vermelho) e as
escrevem sobre a apropriação cultural, desqualificar toda uma
mesmas não são sancionadas, logo começam as faltas maiores e
produção de conhecimento forjada” (parágrafo 6), a expressão
os delitos cada vez mais graves. Se admitirmos atitudes violentas
verbal grifada introduz uma oração reduzida de infinitivo que
como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de
estabelece uma relação de conformidade com a oração anterior.
desenvolvimento será de maior violência quando essas crianças
se tomarem adultas.
Estão CORRETAS apenas as assertivas
A Teoria das Janelas Quebradas definiu um novo marco no estudo
a) I e III. da criminalidade ao apontar que a relação de causalidade entre a
criminalidade e outros fatores sociais, tais como a pobreza ou a
“segregação racial” é menos importante do que a relação entre a III. Se for aplicada de modo unilateral, pode facilmente ser usada
desordem e a criminalidade. Não seriam somente fatores como instrumento opressor pela autoridade fascista de plantão,
ambientais (mesológicos) ou pessoais (biológicos) que teriam tal como um ditador ou uma força policial dura.
influência na formação da personalidade criminosa, contrariando Reescrita: Aplicando-a de modo unilateral, (...).
os estudos da criminologia clássica. Consideração: a reescrita com emprego de uma oração reduzida
(...) de gerúndio manteve o mesmo grau de condicionalidade para que
A expressão “tolerância zero” soa, 5a priori, como uma espécie de a afirmação a seguir seja sustentada.
solução autoritária e repressiva. Se for aplicada de modo
unilateral, pode facilmente ser usada como instrumento opressor Assinale a alternativa correta.
pela autoridade fascista de plantão, tal como um ditador ou uma a) Somente a afirmativa I está correta.
força policial dura. Mas seus defensores afirmam que o seu
conceito principal é muito mais a prevenção e a promoção de b) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o
delinquente, mas sim de impedir a eclosão de processos criminais c) Somente a afirmativa III está correta.
incontroláveis. O método preconiza claramente que aos abusos
de autoridade da polícia e dos governantes também se deve d) Somente a afirmativa II está correta.
aplicar a tolerância zero. Ela não pode, em absoluto, restringir-se
à massa popular. Não se trata, é preciso frisar, de tolerância zero e) Todas as afirmativas estão corretas.
em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em
relação ao próprio delito. 6Trata-se de criar comunidades limpas, Exercício 64
ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
convivência social humana. Como percepção da sociedade moder­na, não há nada que se
A tolerância zero e sua base filosófica, a Teoria das Janelas compare a ‘O Capi­tal’, ao ‘Manifesto Comunista’ e aos escritos
Quebradas, colocou Nova York na lista das metrópoles mundiais sobre a luta de classes na França. A potência da formulação e da
mais seguras. Talvez elas possam, também, não apenas explicar o análise até hoje deixa boquiaberto. Dito isso, os prognósticos de
que acontece aqui no Brasil em matéria de corrupção, Marx sobre a revolução operária não se re­alizaram, o que obriga a
impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc., mas uma leitura distan­ciada. Outros aspectos da teoria, entretanto,
tornarem-se instrumento para a criação de uma sociedade melhor ficaram de pé, mais atuais do que nunca, tais como a
e mais segura para todos. mercantilização da existência, a crise geral sempre pendente e a
explora­ção do trabalho. Nossa vida intelectual seria bem mais
http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/116409/Janelas- relevante se não fechássemos os olhos para esse lado das coisas.
Quebradas-Uma-teoria-do-crime-que-merece-
reflex%C3%A3o.htm (Roberto Schwarz, “Por que ler Marx”, Folha de S.Paulo,
22.02.2013)

(Unisc 2016) Quanto às possibilidades de reescrita para os


enunciados a seguir, aponte a(s) afirmativa(s) que avalia(m) (Espm 2014) No trecho: “Dito isso, os prognósticos de Marx
adequadamente as alterações. sobre a revolução operária...”, a vírgula separa uma oração
reduzida e isso também ocorre na frase:
I. Nesse sentido, apregoa tal teoria que, se não forem reprimidos, a) Nada influencia mais a mortalidade infan­til, no Brasil de hoje,
os pequenos delitos ou contravenções conduzem, do que o baixo nível de escolaridade dos adultos.
inevitavelmente, a condutas criminosas mais graves, em vista do
descaso estatal em punir os responsáveis pelos crimes menos b) Nem a falta de dinheiro, de água ou de es­goto têm um impacto
graves. maior na mortalida­de infantil.
Reescrita: Nesse sentido, apregoa tal teoria que, em sendo
reprimidos, os pequenos delitos (...). c) Se 1% dos adultos de uma cidade é alfa­betizado, mais 47
Consideração: a substituição da construção com o uso de crianças em média so­brevivem à primeira infância.
condicional pela forma reduzida não gera modificação alguma no
sentido original do enunciado. d) O pesquisador do IBGE Celso Simões, autor do estudo, afirma
que educação im­porta mais que saneamento.
II. Se admitirmos atitudes violentas como algo normal no
desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será e) Tendo a mãe um pouco de educação, consegue-se que o filho
de maior violência quando essas crianças se tornarem adultas. tenha acesso aos programas sociais do governo.
Reescrita: Caso sejam admitidas atitudes violentas (...).
Consideração: a reescrita proposta mantém a relação original de Exercício 65
condição, tendo sido feitas alterações, de forma adequada, na TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
forma verbal. Pais estão reavaliando sonhos de maternidade e paternidade
Não é de hoje que o brasileiro dá sinais de que está
diminuindo a resistência em adotar crianças que não sejam a sua A Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de
imagem e semelhança. 1988, define o Salário Mínimo como aquele fixado em lei,
No estado de São Paulo, desde 2007, os pretendentes já nacionalmente unificado, capaz de atender às necessidades vitais
não fazem mais tanta questão de que o filho adotivo seja uma básicas do trabalhador e de sua família com moradia,
menina recém-nascida e branca. Os estudos também mostram alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
que tem aumentado a aceitação para a adoção de irmãos, e previdência social; além de incorporar reajustes periódicos que
respeitando-se os vínculos afetivos existentes. preservem seu poder aquisitivo (Constituição da República
A boa notícia é que, a partir de dados expressivos do Federativa do Brasil, art. 7º, inciso IV).
Conselho Nacional de Justiça, essa tendência parece ser nacional. Para calcular o Salário Mínimo Necessário, o
No entanto, se há uma verdadeira mudança em curso na cultura Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
de se querer adotar a criança idealizada e não a real, ainda é cedo Socioeconômicos (DIEESE) considera a regra constitucional de
para saber. que o salário mínimo deve atender às necessidades básicas do
É possível, por exemplo, que o aumento da preferência por trabalhador e de sua família e que o valor pago é o mesmo para
crianças negras esteja relacionado de alguma forma ao todo o país. Também usa como base o Decreto-Lei no 399, de
comportamento de famosos (Madonna, Angelina Jolie, Sandra 1938, que estabelece que o valor dedicado para a alimentação de
Bullock), mas não é só isso. Na avaliação de profissionais que um trabalhador adulto não pode ser inferior ao custo de uma
atuam no campo da adoção, as pessoas começaram a reavaliar Cesta Básica de Alimentos.
seus sonhos de maternidade e paternidade ao perceber que Em maio de 2019, o Salário Mínimo Nacional foi de R$
aquele bebê loiro e de olhos azuis não existe nos abrigos. Talvez 998,00, porém o Salário Mínimo Necessário para sustentar uma
estejam compreendendo melhor as verdadeiras motivações da família composta por dois adultos e duas crianças foi calculado
adoção e superando a ideia de que um filho adotivo deva ser a pelo DIEESE em R$ 4.259,90, uma diferença de mais de 3.200
cópia do que a biologia negou. reais.
Não existem pessoas sem desejos ou preferências, mas
iniciativas de grupos de adoção e de integrantes dos Juizados da Adaptado de:
Infância, no sentido de desmistificar certas ideias equivocadas www.dieese.org.br/analisecestabasica/salarioMinimo.html.
sobre a adoção, podem estar surtindo efeito. Acesso em: 02/07/2019.
Mas ainda há outros mitos a serem derrubados, como a
indiscutível preferência dos pretendentes por meninas.
A adoção tardia também é outro desafio. Oitenta por cento (Uepg-pss 1 2020) Na primeira linha do texto, há a informação
dos pretendentes buscam crianças com até três anos de idade. Às “promulgada em 5 de outubro de 1988”, que está em uma oração
mais velhas, resta uma eventual adoção por casais estrangeiros subordinada adjetiva explicativa reduzida de particípio. A respeito
ou a permanência nos abrigos até se tornarem adultas, vivendo da utilização dessa oração, assinale o que for correto.
sem laços familiares e abandonadas à própria sorte.
01) O elemento precedente ao qual essa oração acrescenta
informações é Constituição Federal.
(Cláudia Collucci, Folha de S. Paulo, 08.08.2010. Adaptado)

02) As vírgulas utilizadas para marcar o início e o fim dessa


oração poderiam ser substituídas por pontos finais sem prejuízo
(Ifsp 2011) Assinale a alternativa em que se desenvolveu a
do entendimento.
oração reduzida em destaque de forma coerente com o sentido do
texto.
04) O elemento precedente ao qual essa oração acrescenta
informações é Salário Mínimo.
Na avaliação de profissionais que atuam no campo da adoção, as
pessoas começaram a reavaliar seus sonhos de maternidade e
08) As vírgulas utilizadas para marcar o início e o fim dessa
paternidade ao perceber que aquele bebê loiro e de olhos azuis
oração poderiam ser substituídas por parênteses sem prejuízo do
não existe nos abrigos.
entendimento.
a) ... depois que percebessem...
Exercício 67
b) ... quando perceberam... TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto a seguir e responda.
c) ... ainda que tenham percebido...
“Tem uma frase boa que diz: uma língua é um dialeto com
exércitos. Um idioma só morre se não tiver poder político”, explica
d) ... embora houvessem percebido...
Bruno L’Astorina, da Olimpíada Internacional de Linguística. E não
dá para discordar. Basta pensar na infinidade de idiomas que
e) ... à medida que perceberão...
existiam no Brasil (ou em toda América Latina) antes da chegada
Exercício 66 dos europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O latim
A diferença entre Salário Mínimo e Salário Mínimo Necessário predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem
poder, as fronteiras perderam força, os germânicos dividiram as Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a
cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na uma meditação sobre o filme A festa de Babette, que é uma
Espanha, a poderosa região da Catalunha ainda mantém seu celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das
idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol. minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef.
Não é à toa que esses povos insistem em cuidar de seus idiomas. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo – porque a
Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus culinária estimula todas essas funções do pensamento.
falantes. “Quando um idioma morre, morre também a história. O As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha
melhor jeito de entender o sentimento de um escravo é pelas capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria
músicas deles”, diz Luana Vieira, da Olimpíada de Linguística. um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi
Veja pelo aimará, uma língua falada por mais de 2 milhões de precisamente isso que aconteceu. A pipoca, milho mirrado, grãos
pessoas da Cordilheira dos Andes. Nós gesticulamos para trás ao redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem,
falar do passado. Esses povos fazem o contrário. “Eles acreditam brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou
que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma
visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha
estivéssemos de costas para ele”, explica. mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar como
pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato
CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017, de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que
p. 31. estoura, de forma inesperada e imprevisível. A pipoca se revelou
a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético
porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a
dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma
(Uel 2019) Com base no trecho “Eles acreditam que o passado panela.
precisa estar à frente, pois é algo que já não visualizamos. E o Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido
futuro, desconhecido, fica atrás, como se estivéssemos de costas religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos são o pão e o
para ele”, considere as afirmativas a seguir. vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de
vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão
I. No primeiro período, há uma oração coordenada explicativa. e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir
II. A oração subordinada adjetiva “desconhecido” é reduzida de juntas. Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella,
particípio. sábia poderosa do candomblé baiano: que a pipoca é a comida
III. As duas ocorrências da palavra “que” apontam para classes sagrada do candomblé...
diferentes. A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu
IV. O conectivo “como se” equivale semanticamente a “assim agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos
como”. aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria
de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista do
Assinale a alternativa correta. tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos
normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las
numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo fracassado a
experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu,
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
ninguém jamais poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos
começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os
grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das
Exercício 68 pipocas se transformou, então, de uma simples operação
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões). todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro
das pipocas!
A PIPOCA E o que é que isso tem a ver com o candomblé? É que a
Rubem Alves transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da
grande transformação porque devem passar os homens para que
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o
cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
que com as panelas. Por isso tenho mais escrito sobre comidas O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios
que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos
“culinária literária”. Já escrevi sobre as mais variadas entidades do transformar em outra coisa − voltar a ser crianças!
mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nóbis, picadinho de carne Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de
com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos. pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca,
para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes
transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem
não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São
pessoas de uma mesmice e dureza assombrosas. Só que elas não (Efomm 2017) Nos períodos que se seguem aparecem orações
percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. sublinhadas reduzidas. A única EXCEÇÃO está na opção:
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança
a) Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela
numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora:
mencionou a pipoca.
perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um
emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo,
b) Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento
ansiedade, depressão – sofrimentos cujas causas ignoramos. Há
se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas (...)
sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o
sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande
c) Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o
transformação.
meu conhecimento da língua.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro
ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai
d) Ignoram o dito de Jesus: ‘Quem preservar a sua vida perde-la-
morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela
á.’
não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a
transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina
e) Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela
aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do
ficam os piruás.
fogo, a grande transformação acontece: pum! − e ela aparece
como uma outra coisa, completamente diferente, que ela mesma Exercício 69
nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
casulo como borboleta voante. Cineclube em SP realiza feira de trocas mensalmente
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está
representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é 1No último domingo (7), a associação Cineclube Socioambiental
o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito Crisantempo, localizada na Vila Madalena, bairro da zona oeste
para ser de outro. “Morre e transforma-te!” − dizia Goethe. de São Paulo, realizou uma feira em que os moradores puderam
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os
trocar objetos entre si. 2A iniciativa busca incentivar o consumo
piruás com os paulistas descobri que eles ignoram o que seja. 3consciente e levar para o espaço o conceito de economia
Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é
solidária.
palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio
4
para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de A feira de trocas acontece uma vez por mês, sempre aos
pipoca que se recusa a estourar. Meu amigo William, domingos. O grupo aconselha levar livros, roupas, CDs, DVDs,
extraordinário professor-pesquisador da Unicamp, especializou- aparelhos eletrônicos, brinquedos, objetos de decoração, objetos
se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do em geral que estejam em bom estado.
estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica Segundo os organizadores, o objetivo é “promover um espaço de
para os piruás. Mas, no mundo da poesia as explicações reflexão sobre o consumo, trocar diversos tipos de objetos,
científicas não valem. Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome saberes e sabores”. Por isso, também podem ser levados
que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, alimentos e plantas, além de “serviços e saberes”. Tudo para a
passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas acho que o troca de ideias e divulgação de utilidades.
poder metafórico dos piruás é muito maior. Piruás são aquelas O evento funciona da seguinte maneira: 5cada um coloca seus
pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. bens num local e utiliza uma etiqueta com seu nome. Após a
Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o organização dos espaços pessoais, os participantes circulam para
jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua conhecer os espaços dos outros e 6num determinado momento
vida perdê-la-á.” A sua presunção e o seu medo são a dura casca (ao tocar do sino) começam as trocas.
do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras 7
O espaço também promove o desapego através da doação. Há
a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não uma área destinada apenas para doar objetos às instituições que
vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da
necessitam. Para finalizar, acontece um lanche 8compartilhado
pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para
com alimentos levados pelos próprios participantes. 9Uma
nada. Seu destino é o lixo. Quanto às pipocas que estouraram,
10experiência colaborativa agradável, que questiona o
são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é
11
uma grande brincadeira... individualismo imposto nas grandes cidades.

Disponível em http://www.releituras.com/rubemalves_pipoca.asp. Fonte: http://cicIovivo.com.br/noticia/cinecIube-em-sp-realiza-


Acessado em 31 de mai. 2016. feira­-de-trocas-mensaImente/. Acesso em 03/10/2016.

Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico.


(G1 - cp2 2017) Releia o trecho a seguir, destacado do texto: Aliás, o instante do afundamento de um navio é um
momento crucial para a sobrevivência daqueles tripulantes que
“(...) num determinado momento (ao tocar o sino) começam as conseguem saltar ou são jogados ao mar, pois o efeito da sucção
trocas.” (referência 6) pode arrastar para o fundo os tripulantes que estiverem nas
proximidades do navio no momento da submersão. Por sua vez,
Em relação ao elemento sublinhado nesse trecho, é possível os náufragos podem permanecer dias, semanas, em suas balsas à
afirmar que a preposição “a” introduz uma oração adverbial deriva, em um mar batido pela ação dos ventos, continuamente
reduzida com valor de borrifadas pelas águas salgadas, sofrendo o calor tropical
escaldante ou o frio intenso das altas latitudes, como nos mares
a) tempo.
Ártico, do Norte ou Báltico, cujas baixas temperaturas dos
tempos invernais limitam cabalmente o tempo de permanência
b) causa.
n’água dos náufragos, tornando fundamental para a sua
sobrevivência a rapidez do socorro prestado.
c) finalidade.
O navio também é um engenho de guerra singular. Ao
mesmo tempo morada e local de trabalho do marinheiro, graças à
d) consequência.
sua mobilidade, tem a capacidade de conduzir homens e armas
Exercício 70 até o cenário da guerra. Plataforma bélica plena e integral, engaja
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: batalhas, sofre derrotas, naufraga ou conquista vitórias,
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir. tornando-se quase sempre objeto inesquecível da história de sua
marinha e país.
Sobre o mar e o navio
(CESAR, William Carmo. Sobre o mar e o navio. In: __________.
Na guerra naval, existem ainda algumas peculiaridades Uma história das Guerras Navais: o desenvolvimento tecnológico
que merecem ser abordadas. das belonaves e o emprego do Poder Naval ao longo dos tempos.
Uma delas diz respeito ao cenário das batalhas: o mar. Rio de Janeiro: FEMAR, 2013. p. 396-398)
Diferente, em linhas gerais, dos teatros de operações terrestres, o
mar não tem limites, não tem fronteiras definidas, a não ser nas
proximidades dos litorais, nos estreitos, nas baías e enseadas. (Esc. Naval 2016) Assinale a opção em que a oração subordinada
Em uma batalha em mar aberto, certamente, poderão ser reduzida está corretamente classificada.
empregadas manobras táticas diversas dos engajamentos a) “[...] ao atrair as forças persas para a baía de Salamina [...]” (3º
efetuados em área marítima restrita. Nelas, as forças navais parágrafo) – subordinada adverbial final
podem se valer das características geográficas locais, como fez o
comandante naval grego Temístocles, em 480 a.C. ao atrair as b) “[...] dificultando fainas e manobras e, não poucas vezes, [...]”
forças persas para a baía de Salamina, onde pôde proteger os (4º parágrafo) – subordinada substantiva subjetiva
flancos de sua formatura, evitando o envolvimento pela força
naval numericamente superior dos invasores persas. c) “[...] atingido pelo fogo da artilharia do Bismarck [...]” (5º
As condições meteorológicas são outros fatores que parágrafo) – subordinada adjetiva restritiva
também afetam, muitas vezes de forma drástica, as operações
nos teatros marítimos. O mar grosso, os vendavais, ou mesmo as
d) “[...] sofrendo o calor tropical escaldante ou o frio intenso [...]”
longas calmarias, especialmente na era da vela, são responsáveis
(6º parágrafo) – subordinada adverbial causal
por grandes transtornos ao governo dos navios, dificultando
fainas e manobras e, não poucas vezes, interferindo nos
e) “[...] de conduzir homens e armas até o cenário da guerra.” (7º
resultados das ações navais ou mesmo impedindo o
parágrafo) – subordinada substantiva completiva nominal
engajamento. É oportuno relembrar que o vento e a força do mar
destruíram as esquadras persa (490 a.C.), mongol (1281) e a Exercício 71
incrível Armada Espanhola (1588), salvando respectivamente a TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Grécia, o Japão (que denominou de kamikaze o vento divino Instrução: A(s) quest(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.
salvador) e a Inglaterra daqueles invasores vindos do mar.
O cenário marítimo também é o responsável pela causa Dia da Proclamação da República
mortis da maioria dos tripulantes dos navios afundados nas
batalhas navais, cujas baixas por afogamento são certamente 1____ exatos 125 anos, em 15 de novembro de 1889, foi
mais numerosas do que as causadas pelos ferimentos dos proclamada a república do Brasil.
impactos dos projéteis, dos estilhaços e dos abalroamentos. Em Na época, o país era governado por D. Pedro II e passava por
maio de 1941, o cruzador de batalha britânico HMS Hood, grandes problemas, em razão da abolição da escravidão, em
atingido pelo fogo da artilharia do Bismarck, afundou, em poucos 1888.
minutos, levando para o fundo cerca de tripulantes, dos 2Como os negros não trabalhavam mais nas lavouras, os

quais apenas três sobreviveram. 3imigrantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e
colhendo, mas cobravam pelos trabalhos realizados, o que gerou III. a ocupar seus lugares poderia ser expandida, assumindo a
insatisfação nos proprietários de terras. forma a ocupação de seus lugares.
As perdas também foram grandes para os coronéis, 4pois
5 Quais estão corretas?
________ gasto uma enorme 6quantidade de dinheiro investindo
nos escravos, e o governo, após a abolição, não pagou nenhuma a) Apenas I.
indenização a eles.
A guerra do Paraguai (1864 a 1870) também ajudou na luta b) Apenas II.
7contra o regime monárquico no Brasil. Soldados brasileiros se

aliaram aos exércitos do Uruguai e da Argentina, recebendo c) Apenas III.


orientações para implantarem a república no Brasil.
Os movimentos republicanos também já aconteciam no 8país, a d) Apenas I e II.
9
imprensa trazia politização 10____ população civil, 11para
e) Apenas II e III.
lutarem pela libertação do país dos domínios de Portugal. Com
isso, vários partidos teriam sido criados, desde 1870. Exercício 72
A Igreja também teve sua participação para que a república do TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Brasil fosse proclamada. Dois bispos foram nomeados para A literatura da era digit@l
12acatarem as ordens de D. Pedro II, tornando-se seus

subordinados, 13mas não aceitaram tais imposições. Com isso, A internet tem sido um veículo de extrema importância
foram punidos com pena de prisão, levando 14_____ igreja para a divulgação dos escritores das novas gerações, 4assim
15
_____ ir contra o governo. como dos autores de épocas em que os únicos meios de acesso à
Com as tensões aquecendo o mandato de D. Pedro II, o imperador leitura eram o livro e os jornais. Hoje, com todo o advento da
dirigiu-se com sua família para a cidade de Petrópolis, também no tecnologia, os leitores de diversas faixas etárias e de qualquer
estado do Rio de Janeiro. parte do mundo podem acessar e fazer o download gratuito de
16Porém seu afastamento não foi nada favorável, fazendo com uma infinidade de livros, usando o site de buscas Google.
13Pesquisas recentes indicam que o número de obras literárias de
que fosse posto em prática um golpe militar, onde o Marechal
Deodoro da Fonseca conspirava a derrubada de D. Pedro II. poesia e ficção tem crescido consideravelmente dentro do espaço
Boatos de que os responsáveis pelo plano seriam presos fizeram cibernético nos últimos anos. 9Vários escritores têm preferido
com que a armada acontecesse, recebendo o apoio de mais de publicar seus textos ou livros virtualmente a ter que enfrentar os
seiscentos soldados. critérios e a seleção, muitas vezes injusta, das editoras.
No dia 15 de novembro de 1889, ao passar pela Praça da 12Portanto, a internet tem se tornado um espaço facilitador que

Aclamação, o Marechal, com espada em punho, declarou que, a acaba por redimensionar a literatura em todo o mundo.
partir daquela data, o país seria uma república. O espaço cibernético proporcionou também a aproximação
Dom Pedro II recebeu a notícia de que seu governo 17havia sido do escritor com seu leitor. 10Há menos de quinze anos, o escritor
derrubado e um decreto o expulsava do país, juntamente com sua era um completo desconhecido. Comprávamos um livro e o
família. Dias depois, voltaram a 18Portugal. líamos sem grandes possibilidades de contato com o autor. Hoje,
Para governar o Brasil República, os responsáveis pela ao lermos um livro impresso ou digitalizado, podemos encontrar
conspiração montaram um governo provisório, mas o Marechal sites e blogs que trazem mais informações sobre o autor e seus
Deodoro da Fonseca permaneceu como presidente do país. Rui processos de escrita, entrevistas, curiosidades sobre personagens
Barbosa, Benjamin Constant, Campos Sales e outros foram e todo tipo de informação que puder advir da obra em questão.
escolhidos para formar os ministérios. Vários desses endereços virtuais disponibilizam 3até mesmo o e-
mail do autor, de forma que seus leitores podem estabelecer
(FONTE: Jussara de Barros, http://www.brasilescola.com-Texto contato com ele através de mensagens que muitas vezes são
Adaptado) respondidas num tom cordial.
O escritor atual está mais próximo de seu leitor. A geração
literária brasileira que vem se destacando no mercado editorial da
(Imed 2015) Em relação ao período: última década, como Luís Ruffato, Cíntia Moscovich, Marcelino
Freire, Santiago Nazarian, Daniel Galera, Simone Campos, Nélson
Como os negros não trabalhavam mais nas lavouras, os de Oliveira, e muitos outros, tem permitido que o leitor possa
imigrantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e ingressar no “mundo do autor” e conhecer o dia a dia do escritor
colhendo, mas cobravam pelos trabalhos realizados (ref. 2), são através de seus blogs e sites. 5Além disso, há sites e portais
feitas as seguintes afirmações: especializados em literatura, como o Portal Literal, Literatura e
Arte, Cronópios, Rascunho, Releituras e outros, repletos de
I. É um período composto, formado por orações subordinadas e informações sobre literatura e entrevistas com uma ampla
coordenadas. variedade de autores.
II. plantando e colhendo representam orações reduzidas de 6Nos dias atuais, não basta publicar a obra, é preciso
gerúndio.
também publicar o autor. E grande parte dessa acessibilidade à
figura do escritor tem sido proporcionada pela internet. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a
(...) diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa
Muitos questionamentos acerca da resistência dos livros simplificação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos,
em relação à internet são constantemente elaborados, tanto por sentia-se vivo e desagradado.
leitores comuns quanto por especialistas de várias áreas. O que já 1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha

sabemos é que 1mesmo com o desaparecimento do livro sendo penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do
alardeado há muitos anos, desde que obras digitalizadas casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não
começaram a aparecer na internet, as obras impressas não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença
sumiram das editoras nem das livrarias. 11Pelo contrário, o era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da
número de editoras tem crescido consideravelmente no Brasil. Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos
As vantagens que o advento da internet ofereceu ao para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos
ressurgimento dos livros nessa era de tecnologia e modernização começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E
não são poucas. Contudo, não podemos afirmar que se lê menos mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna
hoje do que há décadas. É possível que se leia de forma diferente. vertebral com certo orgulho de estar assim tão afetado.
Agora há mais informações, textos mais diversificados, o leitor – Quando você ficar bom...
pode escolher e selecionar o que realmente quer ler. Claro que há – Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.
aqueles que não dispensam os livros, as páginas, o cheiro, a Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar
história no papel impresso. 8Não podemos negar que é excitante remédio e entregar o caso à alma de Padre Eustáquio, que vela

possuir um livro nas mãos e lê-lo. 7Mas também, 2por outro lado, por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o
não podemos duvidar que a internet nos possibilita a leitura de reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito
12
livros que não poderiam chegar às nossas mãos a não ser por ela. quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e
Guinle.
(Revista Conhecimento Prático. Março/2010.p.24-28.) – Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei
licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo
de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.
(G1 - epcar (Cpcar) 2011) Assinale a alternativa em que não há – Vou visitar você todo domingo, quer?
uma oração subordinada reduzida de infinitivo. – É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu
canto.
a) “Nos dias atuais, não basta publicar a obra, é preciso também
Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos
publicar o autor.” (ref. 6)
trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos

b) “Mas também, por outro lado, não podemos duvidar que a nessa breve conversa a longos intervalos. 4Ele chegava e saía
internet nos possibilita a leitura de livros...” (ref. 7) curvado, sob a garra do reumatismo que nem melhorava nem
matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a
c) “Não podemos negar que é excitante possuir um livro nas mãos doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital
e lê-lo.” (ref. 8) pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.
– Pelo rádio – explicou Santos.
d) “Vários escritores têm preferido publicar seus textos ou livros Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações
virtualmente a ter que enfrentar os critérios e a seleção...” (ref. 9) fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não
ficava até o dia seguinte, só essa vez?
– 5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se
Exercício 73 referia à hora ou a toda a vida passada sem compreensão. É certo
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: que vagamente o compreendia agora, e recebia dele mais que a
O Outro Marido mesada: uma hora de companhia por mês.
Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. 13Dona
14Era conferente da Alfândega – mas isso não tem importância.
Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele
Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez,
a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-
avaliem pela casca. 9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o
mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não endereço da viúva?
mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros – Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada.
não percebem. O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a
Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o
quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). 3Por falta de casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e
filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de
derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como Santos. Deixara três órfãos, coitado.
um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam
10Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos.
Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, 7a outra pontinhas de dotes profundos, que, em faltando, a mulher parece
realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava antes um homem, ou antes um animal sem sexo. Margarida era
outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível. muitíssimo do seu sexo, mas das que são pouco femininas, pouco
– Desculpe, foi engano. 8A pessoa a que me refiro não é esta – mulheres, pouco damas, e muito fêmeas. Mas aquilo tinha artes
disse Dona Laurinha, despedindo- se. do Capiroto. Transfigurava-se ao vibrar de não sei que diacho de
molas.
Esposando ao Major Joaquim Damião de Barros, uns dezesseis
(Carlos Drummond de Andrade)
anos mais avançado que ela na idade, passou a chamar-se
Margarida Reginaldo de Oliveira Barros. Se, recebendo o nome do
marido, ela fez tudo o mais que ordena a Santa Madre Igreja, a
(Espcex (Aman) 2011) “Ao aparecerem nele as primeiras dores,
Deus pertence.
D. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as
relações do casal.” (ref.1)
PAIVA, Manuel de Oliveira. Dona Guidinha do Poço. São Paulo:

Assinale a alternativa que contém a classificação sintática correta Ática, 2000, 4ª ed. p.16-17
das orações do período transcrito acima.

a) oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo /


oração principal / oração coordenada sindética adversativa. (Ufc 2004) Avalie o que se afirma sobre as expressões POR
MODO QUE e POR VIA DE e, a seguir, assinale a alternativa
b) oração subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo / correta.
oração coordenada sindética aditiva/oração principal.
I. POR MODO QUE e POR VIA DE são sintática e semanticamente
c) oração subordinada adverbial consecutiva reduzida de infinitivo equivalentes.
/ oração principal / oração coordenada sindética adversativa. II. POR MODO QUE introduz uma oração desenvolvida e POR VIA
DE, uma oração reduzida.
d) oração principal / oração subordinada adverbial modal reduzida III. A substituição por POR ISSO e POR, respectivamente, subtrai
de infinitivo / oração coordenada sindética aditiva. das construções parte do seu caráter regionalista.

e) oração subordinada adverbial conformativa reduzida de a) Apenas I é verdadeira.


infinitivo / oração principal / oração coordenada sindética
adversativa. b) Apenas II é verdadeira.

Exercício 74 c) Apenas III é verdadeira.


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Casou Margarida, finalmente, aos 22 anos, já morto o velho d) Apenas I e II são verdadeiras.
Venceslau. Naquele sertão havia por esse tempo muita
abastança, por modo que um grande pecúlio não era lá nenhum e) Apenas II e III são verdadeiras.
desses engodos. Os mancebos, que frequentavam a casa,
frequentavam-na sem dúvida por causa da moça, por via de ser Exercício 75
ela muito de liberalidades, muito amiga de agradar, não TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
poupando nem mesmo as pequenas carícias que uma donzela Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos
senhora de si pode conceder sem prejuízo da sua física inteireza.
Aconteceu a uns dois se lhe apegarem de rijo, porém as O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de
respectivas famílias, com a imposão que então os pais ainda reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de
abocanhavam, os desviaram; um deles, até à força bruta, quase reincidência (amplamente admitida, mas nunca comprovada
amarrado, foi recambiado para Olinda, onde se ordenou. empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10
Todavia, contando-se este caso ao Rev. Visitador, que nesse criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da
tempo era o cura de Russas do Jaguaribe, balançou a cabeça em cadeia.
Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O
ar de motejo e de antigo entendedor de mulheres e de namoros:
que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir
- Feiosa, baixa, entroncada, carrancuda ao menor enfado, disse
aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece,
ele, não admito que homem algum se apaixone pela filha do
para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado
capitão-mor, salvo se não é aquela que eu tenho visto no Poço da
de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e
Moita, onde cheguei a passar mais de uma semana com as febres.
laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo
Vão ver que ela usou de feitiçaria... Ora se não é isso! Vão ver.
cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas
- O Rev. Visitador ainda acredita em urucubacas?
pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma
- Se creio! O Inimigo do gênero humano não dorme. E mulheres?
Mulheres! mulheres! A nossa mãe Eva que não me deixe mentir. festa, dizia Nietzsche).
Em todo caso, razão tivesse ou não o sacerdote, é certo que o Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela
começo do tirano amor é sempre de umas exterioridadezinhas, ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH)
e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil,
o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema Estou no blogdolfg.com.br.
carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas ** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora
2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das do Instituto Avante Brasil.
menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-
Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/.
de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali Acessado em 17 de março de 2017.
passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o
Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter (Espcex (Aman) 2018) No período, "Para controlar o ócio,
seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por oferecer muitas atividades, de educação, de trabalho e de lazer,
vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso, é a estratégia", as duas orações destacadas são subordinadas
não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer reduzidas de infinitivo e classificam-se, respectivamente, como
criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela
a) substantiva apositiva e substantiva subjetiva.
legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar
estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será
b) adverbial final e substantiva subjetiva.
prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
comprovada.
c) adverbial final e substantiva completiva nominal.
O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com
grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não
d) substantiva objetiva indireta e adverbial consecutiva.
possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso
sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela
e) adverbial consecutiva e substantiva apositiva.
plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos,
além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio Exercício 76
de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de Texto para a(s) questão(ões) a seguir.
trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação
profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe?
pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a mesma, – também
atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia. ela comia bem, dormia largo e fofo, – coisas que, aliás, não
A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos impedem que uma pessoa ame, quando quer amar. Se esta última
presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos reflexão é o motivo secreto da vossa pergunta, deixai que vos
separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida diga que sois muito indiscreta, e que eu não me quero senão com
pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem dissimulados.
comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim da
refrigeradores. comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a Atalaia
Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar chamou‐lhe “o anjo da consolação”. 1E não se pense que este
por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário, resumindo
curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar em Sofia toda a ação da caridade, podia mortificar as novas
respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao amigas, e fazer‐lhe perder em um dia o trabalho de longos meses.
mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar. Assim se explica o artigo que a mesma folha trouxe no número
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação seguinte, nomeando, particularizando e glorificando as outras
ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano, comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.
inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a
privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no Machado de Assis, Quincas Borba.
tratamento cruel e na vingança.
O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos (Fuvest 2020) Considerando o contexto, o trecho “E não se pense
educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse” (ref. 1) pode
que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à ser reescrito, sem prejuízo de sentido, da seguinte maneira: E não
sociedade. se pense que este nome a alegrou,
A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte:
enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes,
a) apesar de lisonjeá‐la.
respeitando a população, aqui os presos saem roubando e
matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente
b) antes a lisonjeou.
colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no
massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a
c) porque a lisonjeava.
vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

d) a fim de lisonjeá‐la.
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto
Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
e) tanto quanto a lisonjeava. terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que
eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e
Exercício 77
os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se
(Ufpr 2019) A explosão das medusas em todo o mundo se deve a
não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem
uma série de fatores inter-relacionados. Uma das principais a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
causas é o excesso de pesca de seus predadores naturais, como o
atum, o que ao mesmo tempo elimina a concorrência pelo (Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio, em:
alimento e o espaço de reprodução. Em paralelo, diversas <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000033.pdf>.)
atividades humanas em regiões costeiras também ajudam a
explicar o fenômeno: ali onde enormes quantidades de nutrientes Vieira é um homem do século XVII. É possível detectar, no texto
são jogadas no mar (em forma de resíduos agrícolas, por de Vieira, características da língua portuguesa que divergem de
exemplo), produzindo grandes explosões de populações de algas seu uso contemporâneo. Pensando nessa diferença entre o
e plânctons, que consomem o oxigênio da água e geram as português atual e o português usado por Vieira, considere as
denominadas zonas mortas. Não muitos peixes e mamíferos seguintes afirmativas:
aquáticos conseguem sobreviver nelas, mas as medusas sim,
além de encontrarem no plâncton uma fonte de alimentação 1. Diferentemente de hoje, o pronome pessoal oblíquo átono
abundante e ideal. Quando as populações de medusas antecedia a negação.
conseguem se estabelecer, as larvas de outras espécies acabam 2. O “porque” é empregado no texto como conjunção explicativa e
sendo parte do cardápio também, desequilibrando a cadeia
sua grafia é a mesma usada atualmente.
trófica.
3. A conjunção “ou” tem no texto um uso que não é o de
As medusas são, além disso, um dos poucos vencedores naturais
alternância.
da mudança climática, já que seu ciclo reprodutivo é favorecido
pelo aumento da temperatura nos ciclos oceânicos. Mas há mais
Assinale a alternativa correta.
fatores. Existem evidências de que certas espécies de medusa se
reproduzem com mais facilidade junto a estruturas costeiras a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
artificiais, como molhes e píeres. Por isso, é difícil saber se os b) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
esforços para deter, ou até reverter a mudança climática, c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
representam uma solução à crescente presença de medusas nos d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
mares, pelo menos enquanto continuem gerando problemas em e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
ecossistemas costeiros e cadeias alimentares marinhas. [...]
Exercício 79
No entanto – e não muito longe de Monte Hermoso – um cientista
O Brasil entre a norma culta e a norma curta
elucubra uma ideia mais interessante: se queremos resolver o
problema das medusas, temos de parar de vê-las como um mal, e
Boa parte de nossa elite letrada do século XIX desejava
começar a vê-las como comida.
ardentemente viver numa sociedade branca e europeia. Tinha,
(Disponível em:
portanto, de virar as costas para o país real, figurá-lo diferente
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/18/ciencia/1537282711_864007.html>.)
do que era. 1Não à toa essa elite defendeu o que se costumava
Entre o segmento “Quando as populações de medusas
chamar 2“higienização da raça”, ou seja, 3a implementação de
conseguem se estabelecer” e o segmento “as larvas de outras
políticas que resultassem no 4“embranquecimento” do país.
espécies acabam sendo parte do cardápio também”, exprime-se
Em matéria de língua, essa elite vivia complexas contradições.
uma relação de:
Duas realidades eram evidentes para todos5: 6o português de
a) causalidade. cá tinha diferenças em relação ao português europeu; 7e aqui
b) condicionalidade. dentro o “nosso” português diferia do português do “vulgo”. Na
c) proporcionalidade. construção do novo país, 8como resolver esse duplo eixo de
d) temporalidade. diferenças?
e) complementaridade. 9Quando se acirrou, no século XIX, a questão da norma culta,
nossas diferenças foram logo interpretadas como deturpações
Exercício 78 da língua. Não adiantou José de Alencar, no seu esforço para
(Ufpr 2017) abrasileirar a norma escrita, apelar para os clássicos, a fim de
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o mostrar a antiguidade de fatos da língua do Brasil. 10O que
sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na prevaleceu foi a imagem de que somos uma sociedade que fala
terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas e escreve mal a língua portuguesa. E tudo o que – no
quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo português culto brasileiro – não coincidia com certa norma
tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a lusitana passou a ser listado por 11gramatiqueiros
causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a pseudopuristas como erro.
terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os Nessa guerra, venceram os conservadores, definindo certa
pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra
norma lusitana do romantismo como modelo para nossa
se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina escrita. 12Como eram claras, inevitáveis e persistentes as
que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, diferenças da norma culta brasileira em relação a esse padrão
e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a artificialmente fixado, foi preciso construir uma norma “curta”,
um discurso categórico, uma contínua 13desqualificação do Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha1.
falante brasileiro. Como seria morto, rogou à doninha que poupasse sua vida.
Nem o desenvolvimento dos estudos filológicos e linguísticos, – Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por
nem a rebelião literária de 1922, nem a crítica da norma curta natureza, inimiga de todos os pássaros.
por nossos melhores filólogos, nada disso conseguiu romper a – Não sou um pássaro – alegou o morcego. – Sou um rato.
força do imaginário construído no século XIX. Ainda se diz que E assim ele conseguiu escapar. Mais tarde, ao cair de novo e ser
os brasileiros falam errado, não sabem falar português, tratam capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não o
mal sua língua e assim por diante. devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos,
Não é difícil mostrar com fatos e argumentos lógico-racionais ele afirmou que não era um rato, mas um morcego. E de novo
que essas certezas não existem. Mas o imaginário resiste aos conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe bastou
fatos, aos argumentos lógico-racionais. Fica, então, a pergunta mudar de nome para ter a vida salva.
que não quer calar14: 15como enfrentar poderosos (Fábulas, 2013.)
imaginários?
1doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e
FARACO, C. A. O Brasil entre a norma culta e a norma curta. In: de patas curtas (também conhecido como furão).
LAGARES, X. C.; BAGNO, M. (Org.). Políticas da norma e
conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011, p. 259-275.
[Adaptado]. (Unesp 2016) “Como seria morto, rogou à doninha que poupasse
sua vida.” (1º parágrafo)
Em relação à oração que a sucede, a oração destacada tem
Obs.: A noção de “norma culta” equivale à noção de “variedade sentido de
padrão”, termo utilizado no Edital 06/Coperve/2017 e no
a) proporção.
Programa das Disciplinas.
b) comparação.
c) consequência.
(Ufsc 2018) Considere os trechos abaixo, retirados do texto.
d) causa.
e) finalidade.
I. Quando se acirrou, no século XIX, a questão da norma culta,
nossas diferenças foram logo interpretadas como deturpações Exercício 81
da língua. (ref. 9) Leia o trecho extraído do artigo “Cosmologia, 100”, de Antonio
II. O que prevaleceu foi a imagem de que somos uma sociedade Augusto Passos Videira e Cássio Leite Vieira, para responder à(s)
que fala e escreve mal a língua portuguesa. (ref. 10) questão(ões) a seguir.
III. Como eram claras, inevitáveis e persistentes as diferenças “Vou conduzir o leitor por uma estrada que eu mesmo percorri,
da norma culta brasileira em relação a esse padrão árdua e sinuosa.” A frase – que tem algo da essência do hoje
artificialmente fixado, foi preciso construir uma norma “curta”, clássico A estrada não percorrida (1916), do poeta norte-
um discurso categórico, uma contínua desqualificação do americano Robert Frost (1874-1963) – está em um artigo
falante brasileiro. (ref. 12) científico publicado há cem anos, cujo teor constitui um marco
histórico da civilização.
Em relação aos trechos, é correto afirmar que: Pela primeira vez, cerca de 50 mil anos depois de o Homo sapiens

01) em I, o vocábulo “quando” introduz uma informação deixar uma mão com tinta estampada em uma pedra, a
temporal que situa a época em que a questão da norma se humanidade era capaz de descrever matematicamente a maior

intensificou. estrutura conhecida: o Universo. A façanha intelectual levava as


02) em I, o vocábulo “logo” funciona como conector que digitais de Albert Einstein (1879-1955).

introduz uma oração conclusiva. Ao terminar aquele artigo de 1917, o físico de origem alemã
04) em II, “O que [...] foi” é um recurso de ênfase que pode ser escreveu a um colega dizendo que o que produzira o habilitaria a

retirado da frase, sem ferir a norma culta da língua escrita. ser “internado em um hospício”. Mais tarde, referiu-se ao
arcabouço teórico que havia construído como um “castelo alto no
08) em II, há uma relação semântica de causa e consequência:
se fala mal, então escreve mal. ar”.
O Universo que saltou dos cálculos de Einstein tinha três
16) em I e III, a palavra “como” funciona como conector
comparativo em cada uma das ocorrências. características básicas: era finito, sem fronteiras e estático – o
derradeiro traço alimentaria debates e traria arrependimento a
32) em I e III, os termos “a questão da norma culta” e “as
diferenças da norma culta brasileira” funcionam como sujeito e Einstein nas décadas seguintes.
Em “Considerações Cosmológicas na Teoria da Relatividade
estão em relação de concordância com as formas verbais
“acirrou” e “eram”, respectivamente. Geral”, publicado em fevereiro de 1917 nos Anais da Academia

64) em III, “esse padrão” faz referência a “norma culta Real Prussiana de Ciências, o cientista construiu (de modo muito
brasileira”. visual) seu castelo usando as ferramentas que ele havia forjado
pouco antes: a teoria da relatividade geral, finalizada em 1915,
Exercício 80 esquema teórico já classificado como a maior contribuição
Leia a fábula “O morcego e as doninhas” do escritor grego Esopo intelectual de uma só pessoa à cultura humana.
(620 a.C.?-564 a.C.?) para responder à(s) questão(ões) a seguir. Esse bloco matemático impenetrável (mesmo para físicos) nada
mais é do que uma teoria que explica os fenômenos Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um
gravitacionais. Por exemplo, por que a Terra gira em torno do Sol filósofo estoico se atrevesse a escrever uma tal sentença em
ou por que um buraco negro devora avidamente luz e matéria. Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase
Com a introdução da relatividade geral, a teoria da gravitação do envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo
físico britânico Isaac Newton (1642-1727) passou a ser um caso de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não
específico da primeira, para situações em que massas são bem preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que
menores do que as das estrelas e em que a velocidade dos mais ofendem os reis com o que calam que com o que disserem;
corpos é muito inferior à da luz no vácuo (300 mil km/s). porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca,
Entre essas duas obras de respeito (de 1915 e de 1917), e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é
impressiona o fato de Einstein ter achado tempo para escrever argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]
uma pequena joia, “Teoria da Relatividade Especial e Geral”, na Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles
qual populariza suas duas teorias, incluindo a de 1905 (especial), miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a
na qual mostrara que, em certas condições, o espaço pode este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou
encurtar, e o tempo, dilatar. alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai
Tamanho esforço intelectual e total entrega ao raciocínio nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu
cobraram seu pedágio: Einstein adoeceu, com problemas no trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...].
fígado, icterícia e úlcera. Seguiu debilitado até o final daquela Não são só ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que
década. cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes
Se deslocados de sua época, Einstein e sua cosmologia podem colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente
ser facilmente vistos como um ponto fora da reta. Porém, a merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os
historiadora da ciência britânica Patricia Fara lembra que aqueles exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a
eram tempos de “cosmologias”, de visões globais sobre temas administração das cidades, os quais já com manha, já com força,
científicos. Ela cita, por exemplo, a teoria da deriva dos roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um
continentes, do geólogo alemão Alfred Wegener (1880-1930), homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo
marcada por uma visão cosmológica da Terra. do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam,
Fara dá a entender que várias áreas da ciência, naquele início de são enforcados: estes furtam e enforcam.
século, passaram a olhar seus objetos de pesquisa por meio de
um prisma mais amplo, buscando dados e hipóteses em outros (Essencial, 2011.)
campos do conhecimento.
Folha de S. Paulo, 01.01.2017. Adaptado.

(Unesp 2017) Em “O Universo que saltou dos cálculos de (Unesp 2018) “Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o
Einstein tinha três características básicas [...]” (4º parágrafo), a que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o
oração destacada encerra sentido de mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.” (1º parágrafo)

a) consequência.
Em relação ao trecho que o sucede, o trecho destacado tem
b) explicação.
sentido de
c) causa.
d) restrição. a) condição.
e) conclusão. b) proporção.
c) finalidade.
Exercício 82 d) causa.
Leia o excerto do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira e) consequência.
(1608-1697), para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Exercício 83
Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Para responder à(s) questão(ões), leia o trecho de uma fala do
Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença personagem Quincas Borba, extraída do romance Quincas Borba,
um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1891.
repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; — […] O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas
porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas,
“Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma
vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”. Assim é. O é condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o
roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico
pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas.
Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que
as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra
Se o rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos
e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se
merecem o mesmo nome. suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a
outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol
aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o
ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos
chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes.
pelo=motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias
que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no
vencedor, as batatas. [...] Aparentemente, há nada mais passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário
contristador que uma dessas terríveis pestes que devastam um conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para
ponto do globo? E, todavia, esse suposto mal é um benefício, não o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria
só porque elimina os organismos fracos, incapazes de resistência, novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os
como porque dá lugar à observação, à descoberta da droga frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução
curativa. A higiene é filha de podridões seculares; devemo-la a que involuntariamente causou.
milhões de corrompidos e infectos. Nada se perde, tudo é ganho. Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo
(Quincas Borba, 2016.) suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentário).
Embora na época fosse relativamente fácil publicar um
manuscrito, Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando
(Unesp 2020) Em “mas, rigorosamente, não há morte, há vida, apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava
porque a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra” piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas aqueles que
e “As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos”, os eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à
termos sublinhados estabelecem relação, respectivamente, de astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria.
Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de
a) consequência e conformidade.
alguém que fora educado durante anos dentro da tradição
b) causa e conformidade.
humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o
c) conformidade e consequência.
clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão “perigosas”
d) causa e finalidade.
eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas
e) consequência e finalidade.
próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica?
Exercício 84 Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que
Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas
Marcelo Gleiser, para responder à(s) questão(ões) a seguir. ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico
são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas.

Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade. (A dança do universo, 2006. Adaptado.)
Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente)
revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou
não acreditam no seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar (Unesp 2019) “Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de
sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que
manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção. O involuntariamente causou.” (3º parágrafo)
mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da Em relação ao trecho que o sucede, o trecho sublinhado tem
história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no sentido de
centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que a) consequência.
suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de b) condição.
críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta c) conclusão.
no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito d) concessão.
com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma e) causa.
platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes,

GABARITO
Exercício 2
Exercício 1
a) Os estudos não somente instruem, mas também divertem.
c) oposição.
Exercício 3 Exercício 16

a) modesto, no entanto digno. d) [Ainda que as cervejas artesanais servidas na festa sejam
de ótima procedência], alguém ficará insatisfeito. / Alguns
trabalhadores chegaram atrasados [embora tivessem sido
avisados do horário de fechamento da secretaria da empresa].
Exercício 4

d) liga duas orações de sentido distinto e exerce uma função


Exercício 17
excludente.
a) I e II apenas.

Exercício 5
Exercício 18
b) tem uma função de justificação das razões pelas quais o
poeta é capaz de ouvir e entender estrelas. c) trata-se de um período composto por coordenação e
subordinação.

Exercício 6
Exercício 19
c) mas – Já – então.
a) tempo e modo

Exercício 7
Exercício 20
e) oposição
d) Tempo, causa, condição.
Exercício 8

b) Apresente seus argumentos ou ficará sem chance de


Exercício 21
defesa. (conclusiva)
a) "Conforme declarei" e "como sabem" são orações
subordinadas adverbiais conformativas, que servem para o
Exercício 9 autor dialogar com o leitor.
a) Essa distinção das expressões deu-se em boa parte pela
institucionalização do graffiti, com os primeiros resquícios já na
Exercício 22
década de 1970.
c) 3 orações sendo as duas primeiras subordinadas adverbiais
condicionais, coordenadas entre si, e a última, oração principal;
Exercício 10

d) porque.

Exercício 23
Exercício 11
e) O conectivo enquanto estabelece ideia de comparação.
a) oposição.
Exercício 24

e) I, II e III.
Exercício 12
Exercício 25
a) Somente os exemplos I e II são corretos.
d) F - F - F - V.

Exercício 13
Exercício 26
e) todavia
a) Entre os parágrafos 1 e 2, a coesão é feita só com a
Exercício 14 progressão das ideias do parágrafo 1, sem nenhum elo
b) I e III. linguístico.

Exercício 15 Exercício 27

b) “Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a c) Considerando a correção gramatical, o uso do advérbio
encarar o horror, as crueldades...” (ref. 8) "talvez" (ref. 4) implica o uso do modo verbal subjuntivo
("explique").
Exercício 28 Exercício 41

c) finalidade - condição - tempo - proporção - causa d) As vírgulas servem para isolar a oração subordinada
adverbial que está inserida em sua oração principal.

Exercício 29 Exercício 42

e) “Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar c) F – F – V – V – F


no leitor menor gosto que eu para um espetáculo [...]”
Exercício 43
Exercício 30
e) caracterização.
c) Em vasculhando a consciência, não acho pecado que mereça
remorso. Exercício 44

c) subordinadas adjetivas, pois exercem a função de adjetivo.

Exercício 31

a) “O homem branco também vai desaparecer, talvez mais Exercício 45

depressa do que as outras raças.” – Período composto, no qual c) A frase I, por conter Oração Subordinada Adjetiva Restritiva,
se verifica que há entre a oração principal e a subordinada uma não apresenta vírgulas. Esse fato está em conformidade com
relação de comparação. as normas gramaticais vigentes.

Exercício 32 Exercício 46

c) orações subordinadas, sendo uma principal e outra c) ... Estados Unidos, que constroem muros e que fortalecem a
subordinada substantiva. repressão...

Exercício 33 Exercício 47

d) O ideal é que nós sejamos amigos. a) R


b) E
c) R
Exercício 34
d) E
c) subordinada substantiva subjetiva. e) R

Exercício 48
Exercício 35
02) Na referência 4, o vocábulo “que” retoma a expressão “as
a) subjetiva – objetiva indireta – objetiva indireta – completiva hierarquias e as gradações”, desencadeando uma concordância
nominal verbal no plural com o verbo “estão” (referência 5).

16) Na referência 18, “a qual” retoma a expressão “a nossa


Exercício 36 ontologia”, mencionada anteriormente.
e) substantiva objetiva direta.
Exercício 49
Exercício 37
b) [...] morrer com tudo o que são, naquelas terras.
c) substantiva objetiva direta.

Exercício 50
Exercício 38 d) I e III apenas.
d) Seu medo era que ele fosse reprovado no concurso. (Oração
Exercício 51
Subordinada Substantiva Predicativa)
a) adjetiva restritiva.
Exercício 39

a) Aqui ninguém se opõe a que se conheça o sistema.


Exercício 52

e) A oração adjetiva sublinhada só pode ser restritiva, pois


Exercício 40 reduz a categoria dos animais e é indispensável ao sentido da
d) subordinada substantiva completiva nominal. frase: somente os que comem carne é que são chamados de
carnívoros.
Exercício 53 01) O elemento precedente ao qual essa oração acrescenta
informações é Constituição Federal.
c) subordinada adjetiva.

08) As vírgulas utilizadas para marcar o início e o fim dessa


Exercício 54 oração poderiam ser substituídas por parênteses sem prejuízo
do entendimento.
d) uma oração subordinada adjetiva e outra subordinada
adverbial. Exercício 67

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.


Exercício 55

d) “que se pode experimentar” (ref. 4). Exercício 68

d) Ignoram o dito de Jesus: ‘Quem preservar a sua vida perde-


Exercício 56 la-á.’

d) a primeira explica o sentido do termo antecedente (a


população de Osvaldo Cruz), enquanto a segunda limita o Exercício 69
sentido do termo antecedente (qualquer japonês).
a) tempo.

Exercício 57
Exercício 70
d) conjunção integrante e encabeça oração subordinada
e) “[...] de conduzir homens e armas até o cenário da guerra.”
substantiva.
(7º parágrafo) – subordinada substantiva completiva nominal

Exercício 71
Exercício 58
d) Apenas I e II.
d) apenas I e II estão corretas.

Exercício 72
Exercício 59
b) “Mas também, por outro lado, não podemos duvidar que a
c) adjetivo, substantivo, advérbio
internet nos possibilita a leitura de livros...” (ref. 7)

Exercício 60
Exercício 73
e) I, II e III.
a) oração subordinada adverbial temporal reduzida de
Exercício 61 infinitivo / oração principal / oração coordenada sindética
adversativa.
b) “a população aglomerada em poucos pontos da superfície
da Terra”
Exercício 74

Exercício 62 e) Apenas II e III são verdadeiras.

b) II e III. Exercício 75

b) adverbial final e substantiva subjetiva.


Exercício 63

b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. Exercício 76

a) apesar de lisonjeá‐la.
Exercício 64

e) Tendo a mãe um pouco de educação, consegue-se que o Exercício 77


filho tenha acesso aos programas sociais do governo.
d) temporalidade.
Exercício 65
Exercício 78
b) ... quando perceberam...
c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.

Exercício 79
Exercício 66
01) em I, o vocábulo “quando” introduz uma informação Exercício 81
temporal que situa a época em que a questão da norma se
d) restrição.
intensificou.
04) em II, “O que [...] foi” é um recurso de ênfase que pode Exercício 82
ser retirado da frase, sem ferir a norma culta da língua
a) condição.
escrita.
32) em I e III, os termos “a questão da norma culta” e “as Exercício 83
diferenças da norma culta brasileira” funcionam como
d) causa e finalidade.
sujeito e estão em relação de concordância com as formas
verbais “acirrou” e “eram”, respectivamente. Exercício 84

Exercício 80 b) condição.

d) causa.
VÍRGULA

2020 - 2022
VÍRGULA
Quem nunca ficou em dúvida sobre onde colocar a vírgula? Aqui você vai estudar as
diferentes maneiras do uso da vírgula.

Este módulo é composto pela seguinte apostila:

1. Funções Sintáticas da Vírgula


FUNÇÕES SINTÁTICAS
DA VÍRGULA

Uma regra de ouro na língua portuguesa é que não se separa sujeito e predicado com
vírgula. Mas, por sua vez, a vírgula é usada para demarcar duas funções sintáticas
importantes: o aposto e o vocativo.

APOSTO
O tipo de aposto com vírgula é o aposto explicativo, que existe para explicar o substantivo
referido. Vem isolado por duas vírgulas, ou também por dois travessões ou parênteses.

f Carol, irmã de Mariana, tem 13 anos.

f Achamos que Trovão, meu cachorrinho, precisa de um banho e tosa.

f Falavam sobre Sandra, a nova empregada, sem perceber que ela estava ouvindo.

f Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é onde mora minha amiga Jessica.

VOCATIVO
O vocativo é um termo acessório da oração, indicando um chamamento ou interpelação.
Vem sempre separado do resto da oração por uma vírgula.

f E agora, José?

f Marcos, onde está a nota do trabalho?

f Querida, apresse-se!

f Vamos lá, crianças?

A vírgula também é usada para separar palavras que exercem a mesma função sintática,
por exemplo, em sujeitos compostos e objetos compostos. Observe:

f As crianças, os adolescentes, os adultos estavam todos animados.

f A arara-azul, o lobo-guará, o peixe-boi precisam ser protegidos.

f Precisamos proteger a arara-azul, o lobo-guará, o peixe-boi.

f Falaram bem dos filhos, dos pais, dos avós.

www.aprovatotal.com.br 3
Português Lista de Exercícios

Exercício 1 significado para a nossa vida emocional, não precisa sobreviver a


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: ela, e portanto independe da duração absoluta.
Leia o trecho do ensaio “A transitoriedade”, de Sigmund Freud
(1856-1939), para responder à(s) questão(ões) a seguir. (Introdução ao narcisismo, 2010. Adaptado.)

Algum tempo atrás, fiz um passeio por uma rica paisagem num
dia de verão, em companhia de um poeta jovem, mas já famoso. O (Unesp 2019) a) Explique sucintamente a diferença entre a visão
poeta admirava a beleza do cenário que nos rodeava, porém não de Freud e a visão do jovem poeta sobre a transitoriedade do
se alegrava com ela. Era incomodado pelo pensamento de que belo.
toda aquela beleza estava condenada à extinção, pois b) Transcreva do segundo parágrafo uma oração em que a
desapareceria no inverno, e assim também toda a beleza humana ocorrência de vírgula indica a supressão de um verbo. Identifique
e tudo de belo e nobre que os homens criaram ou poderiam criar. o verbo suprimido nessa oração.
Tudo o mais que, de outro modo, ele teria amado e admirado, lhe
parecia despojado de valor pela transitoriedade que era o destino Exercício 2
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de tudo.
Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP, Cristiane
Sabemos que tal preocupação com a fragilidade do que é belo e
Tavares tem escrito sobre literatura infantojuvenil e publicado
perfeito pode dar origem a duas diferentes tendências na psique.
Uma conduz ao doloroso cansaço do mundo mostrado pelo jovem seus textos em revistas e blogs que versam sobre essa temática.
poeta; a outra, à rebelião contra o fato constatado. Não, não é Em entrevista ao Blog da Letrinhas
possível que todas essas maravilhas da natureza e da arte, do (www.blogdaletrinhas.com.br), ela fala sobre a importância do(s)
nosso mundo de sentimentos e do mundo lá fora, venham silêncio(s) para a infância e para a literatura. Confira parte da
realmente a se desfazer. Seria uma insensatez e uma blasfêmia conversa:
acreditar nisso. Essas coisas têm de poder subsistir de alguma
Os não-ditos das leituras silenciosas
forma, subtraídas às influências destruidoras.
Ocorre que essa exigência de imortalidade é tão claramente um
produto de nossos desejos que não pode reivindicar valor de Está no papo
realidade. Também o que é doloroso pode ser verdadeiro. Eu não 25 de junho de 2018, às 09h52
pude me decidir a refutar a transitoriedade universal, nem obter
uma exceção para o belo e o perfeito. Mas contestei a visão do Gandhy Piorski, pesquisador do imaginário, do brincar e da
poeta pessimista, de que a transitoriedade do belo implica sua infância, diz que a natureza fornece o silêncio necessário para
as crianças. Longe de substituir a natureza, a literatura poderia
desvalorização.
ser uma possibilidade de proporcionar uma paisagem de
Pelo contrário, significa maior valorização! Valor de
transitoriedade é valor de raridade no tempo. A limitação da silêncios à criança urbana, sempre com agendas cheias e
tempos fragmentados?
possibilidade da fruição aumenta a sua preciosidade. É
Cristiane Tavares – Bonito isso, “uma paisagem de silêncios”!
incompreensível, afirmei, que a ideia da transitoriedade do belo
deva perturbar a alegria que ele nos proporciona. Quanto à Sim, acredito que sim. Mas não qualquer leitura, não em qualquer
beleza da natureza, ela sempre volta depois que é destruída pelo situação. Para que a experiência literária se torne janela para
paisagem de silêncios, há de haver primeiramente “uma casa”,
inverno, e esse retorno bem pode ser considerado eterno, em
“um chão”, uma mínima estrutura de apoio para que se possa
relação ao nosso tempo de vida. Vemos desaparecer a beleza do
rosto e do corpo humanos no curso de nossa vida, mas essa alçar voos. Na vida estressante das crianças cheias de
brevidade lhes acrescenta mais um encanto. Se existir uma flor compromissos, tão carentes de uma presença afetiva, o perigo é
que o vazio seja tão grande que não haja espaço interno para
que floresça apenas uma noite, ela não nos parecerá menos
contemplar paisagens silenciosas. No caso das crianças que ainda
formosa por isso. Tampouco posso compreender por que a beleza
e a perfeição de uma obra de arte ou de uma realização não têm seus direitos básicos respeitados – alimentação, moradia,
educação –, pode não haver espaço sequer para construção
intelectual deveriam ser depreciadas por sua limitação no tempo.
dessas janelas. E não gosto de pensar ingenuamente,
Talvez chegue o dia em que os quadros e estátuas que hoje
admiramos se reduzam a pó, ou que nos suceda uma raça de engrossando discursos como “mas a criança sempre dá um jeito
homens que não mais entenda as obras de nossos poetas e de imaginar, inventar, viajar com a leitura”. Não é bem assim, não
deve ser. É preciso que ela imagine, invente, viaje, tendo
pensadores, ou que sobrevenha uma era geológica em que os
condições mínimas garantidas. Daí, sim, podemos cuidar de
seres vivos deixem de existir sobre a Terra; mas se o valor de
tudo quanto é belo e perfeito é determinado somente por seu alimentar a paisagem da janela com o que de melhor houver.
E qual silêncio guarda a infância? E qual é o lugar do silêncio Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão umbilical com a mesma
na infância contemporânea? Os silêncios têm sido respeitados? tesoura de podar com que separara Pedrinho da mãe.
Cristiane Tavares – Talvez muitos silêncios distintos guardem E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a
diferentes infâncias. O silêncio pode guardar uma infância lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham,
marcada por abusos de todo tipo, difícil de expressar em deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas
palavras. O silêncio pode guardar uma infância marcada por pessoas.
ausências, mais silenciosa e solitária do que gostaríamos. O E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre
silêncio também pode guardar experiências de profundo afeto as cenas que nunca mais lhe saíram da memória estavam as da
que preferem ficar quietinhas, alimentando de dentro para fora a tarde em que dona Henriqueta fora para a cama com uma dor
complexidade de existir. aguda no lado direito, ficara se retorcendo durante horas,
Novamente, para falarmos em “infância contemporânea”, não vomitando tudo o que engolia, gemendo e suando de frio.
podemos deixar de considerar que vivemos em uma sociedade
extremamente desigual, em que as infâncias são múltiplas. Nesse Érico Veríssimo. O tempo e o Vento, “O Continente”, 1956.
contexto social, o lugar do silêncio na infância varia muito: há
silêncios impostos à infância de algumas crianças negras e
indígenas, por exemplo, que sofrem preconceito, racismo, (Fgv 2017) Observe o emprego da vírgula nas passagens
indiferença de modo violentamente silencioso; há silêncios destacadas a seguir e responda ao que se pede.
impostos à infância das crianças que vivem na miséria ou na
extrema pobreza e que sofrem de carências básicas; há silêncios - “Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a
roubados da infância de crianças que são expostas precocemente primeira filha de Antônio e Eulália?” (3º parágrafo)
na mídia perversa; há silêncios difíceis de serem respeitados na - “E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia,
rotina insana que marca a infância de crianças excessivamente a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham,
atarefadas. Em todos esses casos, em maior ou menor grau, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas
sempre haverá (quero crer!) pontos de fuga para silêncios pessoas.” (4º parágrafo)
poéticos que devolvam a dignidade e a beleza às infâncias. Mas é
preciso muito trabalho para desenhar esses pontos de fuga na a) O que justifica o emprego da vírgula na passagem do 3º
realidade. parágrafo?
b) Que diferença há nas duas construções do 4º parágrafo para
(Texto adaptado. Disponível em: explicar o emprego das vírgulas?
<http://www.blogdaletrinhas.com.br/conteudos/visualizar/Os-
Exercício 4
nao-ditos-das-leituras-silenciosas>. Acesso em: 04 out. 2018.)
(Fuvest 2013) Leia as seguintes manchetes:

Grupo I Grupo II
(Ufjf-pism 1 2019) Explique o uso do ponto e vírgula na segunda
resposta de Cristiane Tavares.
Esperada, na Câmara, a Quase metade dos médicos
Exercício 3 mensagem pedindo a receita o que indústria quer
decretação do estado de guerra Folha de S. Paulo, 31 de maio
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Jornal do Brasil, 07 de outubro de 2010.
Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. de 1937.
Novo terminal de Cumbica
Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente Encerrou seus trabalhos a atenderá 19 milhões ao ano
de sua casa para pensar no passado. E no pensamento como que Conferência de Paris Folha de S. Paulo, 26 de junho
ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava Folha da Manhã, 16 de julho de de 2011.
vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera 1947.
um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a MEC divulga hoje resultados do
Causaram viva apreensão nos Enem por escolas
fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se
E.U.A. os discos voadores Zero Hora, 22 de novembro de
casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma Folha da Manhã, 30 de julho de 2012.
pequena venda. Em compensação nesse mesmo ano Antônio 1952.
casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos
arredores do Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo
ambos viver num puxado que tinham feito no rancho. a) Cada um dos grupos de manchetes acima reproduzidos, por ter
Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura sido escrito em épocas diferentes, caracteriza-se pelo uso
deitando a perder toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se reiterado de determinados recursos linguísticos. Indique um
aproximava dos oito anos, uma peste atacou o gado e um raio recurso linguístico que caracteriza as manchetes de cada um
matou um dos escravos. desses grupos.
Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a b) Manchetes jornalísticas costumam suprimir vírgulas.
primeira filha de Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que a Transcreva a última manchete de cada grupo, acrescentando
criança tinha nascido pouco mais de um ano após o casamento. vírgulas onde forem cabíveis, de acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa.
Amelinha - (Num sopro) Vazios...
Benedito - (Eufórico) Vazio! (Pausa, em explosão) Vibravam, não?
Exercício 5
(Dramatizando) Imagino como não eram ruidosos! (T) Tática de
(Fgv 2009) Leia o texto. cinema americano, "noir", de péssima qualidade. (Pausa) E o
carro? Corria veloz? E você, gritava?
Amorim, pede pra sair
Amelinha - (Voz débil, a confirmar) Gritava.
[...]
O fracasso das negociações comerciais de Doha ecoa a Benedito - (A Amelinha) Então estavam vazios os botijões (Ela
falência verbal que levou o ministro das Relações Exteriores,
concorda) Vazios... E o carro corria, em disparada, não? (Ela
Celso Amorim, a entrar nas reuniões com o pé esquerdo e a sair
aquiesce) E fazia aquele ruído...
delas com a autoridade destroçada por duas declarações de Amelinha - (Que vai aderindo, qual participasse de um jogo...)
natureza intrinsecamente perversa. 4
Um ruído terrível...
("Veja", 06.08.2008)
Benedito - Ah, eu imagino! (T.) 26E o seu desespero? Hem, moça?
Amelinha - Ah, como eu sofri dentro do caminhão...
a) Explique o título do texto, associando-o às informações
apresentadas. Valdelice - (Surpresa, à filha) Você nunca me falou antes em
caminhão. Que carro é esse?
b) Se fosse retirada a vírgula do título do texto, haveria alteração
Amelinha - (Indiferente) O caminhão, mãe... Caminhão Ford.
de sentido? Justifique a sua resposta.
[...]
Exercício 6 Benedito - 25E depois? Hem? Depois?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Amelinha - (Enlevada, mais fantasiosa) Ele me apertava em seus
PRIMEIRO ATO braços fortes, sem mais querer me soltar. (Tom) Meu Deus, era
bom, mas eu sofria. (Pausa) Eu me sentia tonta, desfalecida,
Amelinha - (Virando-se para a mãe) 6Edmundo está inocente. principalmente pelo som infernal dos botijões... E por cima de
Sem culpa. tudo, eu tinha medo de morrer.
30 Benedito - (Animando-a) Mais, mais, vai para a primeira página.
Valdelice - (Fazendo-a calar) Não repita essa asneira. (Pausa)
13 14 Amelinha - Paramos num lugar distante, como se diz mesmo? ...
Temos de pressioná-lo, minha filha. Você não tem idade para
ermo... (Pausa) Onde era? Onde? Ainda hoje me pergunto, sem
perceber a ruindade dos homens. Você foi 12se-du-zi-da.
resposta... (Pausa. T.) Nem sei direito. 23Mas sei que havia uma
Amelinha - (Sentando-se) 3Seduzida?! Mas eu sei que não é
árvore muito frondosa, e tinha um rio largo, perto... e... acho que
verdade!
havia também uma cabana. Um velho pescador estava sentado,
Valdelice - A história tem de ser diferente... Trate de se convencer
longe, longe, numa pedra...
31
disso.
Valdelice - 17Minha filha, você está descrevendo o calendário da
[...]
sala de jantar!
Amelinha - 9Não me sinto bem em dizer o que não fiz... [...]
Agente - Aprenda 21a primeira lição: 2às vezes a verdade não é a Benedito - E depois, e depois?
que se conhece, mas a outra... (Pausa) É ir por mim. (Notando o Amelinha - 7Ele começou a puxar o zíper do meu vestido.
laço de fita da moça) Pra que este laço?
Valdelice - 18Mas você não tem vestido de zíper!!!
Amelinha - Foi ideia da mamãe.
Benedito - Vá contando, me agrada! É matéria de primeira página.
Valdelice - Não a quero desgraciosa diante da autoridade.
Amelinha - 8Por fim, rasgou minha combinação de "nylon".
Agente - (Compenetrado) Nada de 1lacinho de fita! Você não é
Valdelice - "Nylon"?! Você nunca usou 32isso!
anjo de procissão. (Tom) Quem perde a honra não se interessa
[...]
por enfeite. (Ríspido) 15Tire-o.
Valdelice - (Como se tudo fosse um sonho) Agora que você está
Amelinha - (Indecisa) 10Mas eu... eu...
mais calma, me diga mesmo como é a história do caminhão, dos
Agente - (Arrebata-lhe o laço) Bobagem! (Pausa). 22Retire
botijões vazios... Onde você conseguiu 33tudo isso?
também 35o ruge, o batom... 28Tenho de prepará-la para
Amelinha - E eu sei, mamãe?! 27Simpatizei com o moço, e dei de
impressionar o delegado, o juiz, todo mundo. Do contrário,
imaginar tudo. (Pausa. T) Será que o meu retrato vai sair bonito
ninguém defenderá você. (Tom) Assanhe os cabelos. no jornal?
[...]
SEGUNDO ATO
Edmundo - (Principia a falar com indecisão, procurando achar as
palavras) 24Amelinha, eu... queria que você compreendesse... Por
Benedito - 29(À Amelinha, que continua assustada, mas
favor, 16conte ao Delegado o que em verdade se passou 19entre
impressionada com a situação que vive). Então, você acabou
nós dois... Sei que você é direita... (Pausa) Fale.
sendo enganada? (Ela aquiesce) 11Levou-a no caminhão da Amelinha - (Em tom indefinido, como se na verdade vivesse outro
entrega sistemática, não foi? (Ela confirma) Vá ver que era um
personagem) 5Será que você já esqueceu?
caminhão Ford. (Ao Permanente) Ford! A influência nefasta do
Edmundo - Esqueceu o quê? Não compreendo.
capitalismo internacional! (Pausa) E os botijões? Balançavam?
Amelinha - Oh, Edmundo... Vocês, homens, esquecem tão ligeiro!
Sacudiam? (Pausa) Estavam cheios... ou vazios?
Edmundo - 20Mas não esqueci nada! Lembro que você me veado ..." Não houve reação da parte ofendida.
chamou à sua casa. E me abraçava, me queria... E eu então não (Flávio Araújo, "O rádio, o futebol e a vida". São Paulo:
pude resistir. Editora Senac São Paulo, 2001, p. 50-1).
[...]
Amelinha - Oh, ao menos hoje, não seja cínico! O caminhão, os a) Na sequência "(...) e largou o verbo em cima do pobre do
botijões vazios! Vamos, não diga que não se lembra! Você me Paraná. Que respondeu à altura", se trocarmos o ponto final que
carregou, eu não queria... Me convidou para ver os enfeites da aparece depois de 'Paraná' por uma vírgula, ocorrem mudanças
boleia, e, de repente, acionou o motor, partiu veloz. Ah. Foi na leitura? Justifique.
b) O trecho da resposta de Paraná "Le chamei e le chamo de novo
quando eu gritei, gritei: 34Não faça isso. Edmundo! Pare! Pare! E
..." chama a atenção do leitor para a sintaxe da língua. Explique.
você correndo, nem me deu atenção!
c) Substitua 'tonitruou' por outra palavra ou expressão.
Edmundo - (Ao Delegado) Isso não! Ao menos a verdade!
Exercício 8
CAMPOS, Eduardo. A donzela desprezada. In:________. Três (Unicamp 2005)
peças escolhidas. Fortaleza: Edições UFC, 2007, p.187-221.

(Ufc 2009) Dentre algumas funções, A VÍRGULA é empregada


para separar:

(1) Vocativo;
(2) Repetições;
(3) Termos coordenados;
Na tira de Garfield, a comicidade se dá por uma dupla
(4) Oração adjetiva de valor explicativo;
possibilidade de leitura.
(5) Orações coordenadas aditivas proferidas com pausa.

a) Explicite as duas leituras possíveis e explique como se constrói


Observe, nas passagens do texto transcritas a seguir, o emprego
cada uma delas.
das vírgulas, identifique a razão pela qual foram utilizadas e, em
b) Use vírgula(s) para discernir uma leitura da outra.
seguida, de acordo com o código apresentado, preencha os
parênteses, estabelecendo a correlação adequada entre o uso e a Exercício 9
regra. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Um caso de burro
1. ( ) "E depois, e depois?" (ref. 25). Machado de Assis
2. ( ) "E o seu desespero? Hem, moça?" (ref. 26).
3. ( ) "Temos de pressioná-lo, minha filha" (ref. 13). Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma
4. ( ) "Simpatizei com o moço, e dei de imaginar tudo" (ref. 27). coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela
5. ( ) "Tenho de prepará-la para impressionar o delegado, o juiz, esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio
todo mundo" (ref. 28). achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe
6. ( ) "(À Amelinha, que continua assustada, mas impressionada parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os
com a situação que vive.)" (ref. 29). gostos não são iguais.
Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o
Exercício 7
lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes,
(Unicamp 2005) Foi no tempo em que a Bandeirantes recém-
estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso
inaugurara suas novas instalações no Morumbi. Não havia
de burros, donde concluí que não estaria deitado, mas caído.
transporte público até o nosso local de trabalho, e a direção da
Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos o burro
casa organizou um serviço com viaturas próprias. (...) Paraná era
levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os
um dos motoristas. (...)
olhos meio mortos fechavam-se de quando em quando. O infeliz
Numa das subidas para o Morumbi "fechou" sem nenhuma
cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar próximo do
maldade um automóvel. O cidadão que o dirigia estava com os
fim.
filhos, era diretor do São Paulo F.C., e largou o verbo em cima do
Diante do animal havia algum capim espalhado e uma lata
pobre do Paraná. Que respondeu à altura. Logo depois que a
com água. Logo, não foi abandonado inteiramente; alguma
perua chegou ao Morumbi, todo mundo de ponto batido, o
piedade houve no dono ou quem quer que seja que o deixou na
automóvel para em frente da porta dos funcionários, e o seu
praça, com essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se
condutor desce bufando: "Onde está o motorista dessa perua? (e
o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba
lá vinha chegando o Paraná). Você me ofendeu na frente dos
daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem
meus filhos. Não tem o direito de agir dessa forma, me chamar do
bebeu da água; estava já para outros capins e outras águas, em
nome que me chamou. Vou falar ao João Saad, que é meu amigo!"
campos mais largos e eternos. Meia dúzia de curiosos tinha
E o Paraná, já fuzilando, dedo em riste, tonitruou em seu sotaque
parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos,
mais que explícito: " 'Le' chamei e 'le' chamo de novo... veado ...
empunhava uma vara, e se não sentia o desejo de dar com ela na Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado
anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer que pesaroso. Contente da descoberta, não podia furtar-me à
meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A
justamente do lado da anca. Diga-se a verdade; não o fez – ao consideração, porém, de que todos os burros devem ter os
menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos. Esses mesmos dotes principais, fez-me ver que os que ficavam não
poucos minutos, porém, valeram por uma hora ou duas. Se há seriam menos exemplares do que esse. Por que se não
justiça na Terra valerão por um século, tal foi a descoberta que investigará mais profundamente o moral do burro? Da abelha já
me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos. se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também,
O que me pareceu, é que o burro fazia exame de coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas
consciência. Indiferente aos curiosos, como ao capim e à água, são superiores às nossas, mais racionais. Por que não sucederá o
tinha no olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho mesmo ao burro, que é maior?
interior e profundo. Este remoque popular: por pensar morreu um Sexta-feira, passando pela Praça Quinze de Novembro,
burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos que a achei o animal já morto.
princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver,
é que o torna necessário. Quanto à matéria do pensamento, não espetáculo repugnante; mas a infância, como a ciência, é curiosa
há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o exame sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim
da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no passam os trabalhos deste mundo. Sem exagerar o mérito do
escasso tempo que ali gastei. Sou outro Champollion, porventura finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também
maior; não decifrei palavras escritas, mas ideias íntimas de não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século.
criatura que não podia exprimi-las verbalmente. Requiescat in pace.
E diria o burro consigo:
“Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado
que mereça remorso. Não furtei, não menti, não matei, não (Efomm 2021) Assinale a opção em que a presença de vírgula(s)
caluniei, não ofendi nenhuma pessoa. Em toda a minha vida, se se justifica por se tratar de um aposto.
dei três coices, foi o mais, isso mesmo antes haver aprendido
a) “Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa
maneiras de cidade e de saber o destino do verdadeiro burro, que
tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta
é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem.
crônica.”
Ultimamente é que percebi que me não entendiam, e continuei a
zurrar por ser costume velho, não com ideia de agravar ninguém.
b) “Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam-
Nunca dei com homem no chão. Quando passei do tílburi ao
se de quando em quando.”
bonde, houve algumas vezes homem morto ou pisado na rua,
mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o
c) “O burro não comeu do capim, nem bebeu da água; estava já
cocheiro na fuga; deixava-me estar aguardando autoridade.”
para outros capins e outras águas, em campos mais largos e
“Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em
eternos.”
mim a menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação
da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a
d) “Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se
própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução
não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para
declarado os direitos do burro, tais direitos não existem. Nenhum
espertá-lo [...]”
golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os
obrigou. Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de
e) “Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver [...]”
governo, teve em conta os interesses da minha espécie. Qualquer
que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um Exercício 10
pouco temperada pela teima que é, em resumo, o meu único TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim um Uma última gargalhada estrondosa. 1E depois, o silêncio. O
bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei
palhaço jazia 2imóvel no chão. 3Mas seu rosto continua sorrindo,
por sóis nem chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito
para sempre. Porque a carreira original do Coringa era para durar
do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos
apenas 30 páginas. O tempo de envenenar Gotham, sequestrar
os bens que pratiquei.”
4Robin, enfiar um par de sopapos na Homem-Morcego e disparar
“A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando
o primeiro “vou te matar” da sua relação. Na briga final do
depressa o tílburi e o namorado à casa da namorada – ou
Batman nº. 1, o “horripilante bufão”sofria um final digno de sua
simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia ao bonde
podia mirar a moça que estava na janela. Não poucos devedores desumana ironia: 5ao tropeçar, cravava sua própria adaga no
terei conduzido para longe de um credor importuno. Ensinei peito. Assim decidiram e desenharam 6seus pais, os artistas Bill
filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto, o criminoso
porte e na quietação dos sentidos. Quando algum homem, desses mostrou, já em sua primeira aventura, um enorme talento para
que chamam patuscos, queria fazer rir os amigos, fui sempre em 7se rebelar contra a ordem estabelecida. 8Seu carisma seduziu a

auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara. editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já
Em fim…”
dentro da ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E
então um médico sentenciava: “Continua 9vivo. E vai sobreviver!”. e) Em março de 2009 as taxas tenderam à piorar: 9 entre 100
pessoas desempregadas.
Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha
Exercício 12
ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
liberdade”, EI País. Junho/2020.

(Fuvest 2021) As vírgulas em “E depois, o silêncio.” (ref. 1) e em


“Mas seu rosto continua sorrindo, para sempre.” (ref. 3) são
usadas, respectivamente, com a mesma finalidade que as vírgulas
em

a) “Após a queda, tomaram mais cuidado.” e “Quanto mais


espaço, mais liberdade.”.

b) “Aos estrangeiros, ofereceram iguanas.” e “Limpavam a casa, e


preparávamos as refeições.”.

c) “Colheram trigo e nós, algodão.” e “Eles se encontraram nas


férias, mas não viajaram.”.
História das invenções
d) “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava
tudo,cautelosamente. Dona Benta costumava receber livros novos, de ciências,
de arte, de literatura. Era o tipo da velhinha novidadeira. Bem
e) “Viu o espetáculo, considerado o maior fenômeno de dizia o compadre Teodorico: "Dona Benta parece velha, mas não
bilheteria.” e “‘Conheço muito bem’, afirmou o rapaz.”. é, tem o espírito mais moço que o de jovens de vinte anos".
Assim foi que naquele bolorento mês de fevereiro, em que
Exercício 11
era impossível botar o nariz fora de casa, de tanto que chovia,
A figura a seguir trata da “taxa de desocupação” no Brasil, ou
resolveu contar aos meninos um dos últimos livros chegados.
seja, a proporção de pessoas desocupadas em relação à
– Tenho aqui um livro de Hendrik Van Loon – disse ela –,
população economicamente ativa de uma determinada região em
um sábio americano, autor de coisas muito interessantes. Ele sai
um recorte de tempo.
dos caminhos por onde todo mundo anda e fala das ciências dum
modo que tudo vira romance, de tão atrativo. Já li para vocês a
geografia que ele escreveu e agora 1vou ler este último livro –
História das invenções do homem, o fazedor de milagres.
Era um livro grosso, de capa preta, cheio de desenhos
feitos pelo próprio autor. 2Desenhos não muito bons, mas que
serviam para acentuar suas ideias.
– E quando começa? – quis saber Narizinho.
– Hoje mesmo, no serão. Podemos começar logo depois do
rádio.
– Comece, vovó! – disse Pedrinho. E Dona Benta começou.
3– Este livro não é para crianças – disse ela; – mas se eu ler

do meu modo, vocês entenderão tudo. Não tenham receio de me


A norma padrão da língua portuguesa está respeitada, na interromperem com perguntas, sempre que houver qualquer coisa
interpretação do gráfico, em: obscura. Aqui está o prefácio...
a) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente a taxa de – Que é prefácio? – perguntou Emília.
desocupação no Brasil. – São palavras explicativas que certos autores põem no
começo do livro para esclarecer os leitores sobre as suas
b) Nos primeiros meses de 2009, houveram acréscimos na taxa intenções. O prefácio pode ser escrito pelo próprio autor ou por
de desocupação. outra pessoa qualquer. Neste prefácio o Senhor Van Loon diz que
antigamente tudo era muito simples...
c) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa de desempregados – Tudo o quê? – interrompeu Pedrinho. – A explicação das
foram reduzidos. coisas do mundo. A Terra formava o centro do universo. O céu era
uma abóbada de cristal azul onde à noite os anjos abriam
d) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08 e 02/09, é buraquinhos para espiar. Esses buraquinhos formavam as
estatisticamente igual: 8,5. estrelas. Tudo muito simples.
4Mas depois as coisas se complicaram. Um sábio da

Polônia, de nome Nicolau Copérnico, publicou um livro no qual (G1 - cmrj 2021) Analise atentamente: “e as estrelas não eram
brinquedinhos dos anjos, sim sóis
provava que a Terra não era fixa, pois girava em redor do Sol, 5e
imensos” (ref. 5).
as estrelas não eram brinquedinhos dos anjos, sim sóis imensos,
em redor dos quais giravam milhões de terras como a nossa.
Isso veio causar uma grande trapalhada nas ideias O uso da vírgula, no fragmento acima, vincula-se a determinado
assentes, isto é, nas ideias que estavam na cabeça de todo valor semântico. Tal valor pode ser construído por meio de
mundo – e por um triz não queimaram vivo a esse homem. Afinal outro(s) sinal(is) de pontuação, a exemplo do que ocorre em:

a sua ideia venceu e hoje ninguém pensa de outra maneira. a) “– Parece, minha filha.” (ref. 6)
A astronomia, que é a ciência que estuda os astros, tomou
um grande desenvolvimento. Os astrônomos foram descobrindo b) “De fato: da cozinha vinha para a sala o cheiro [...]” (ref. 8)
coisas e mais coisas, chegando à perfeição de medir a distância
dum astro a outro, e pesar a massa desses astros. As distâncias c) ”– Este livro não é para crianças – disse ela; – mas se eu ler [...]”
entre os astros eram tão grandes que as nossas medidas comuns (ref. 3)
se tornaram insuficientes. Foi preciso criar medidas novas –
medidas astronômicas. d) “– Será possível? Um milímetro já é uma isca que a gente mal
– Por quê? – perguntou Narizinho. – Com o quilômetro a percebe...” (ref. 7)
gente pode medir qualquer distância. É só ir botando zeros e mais
zeros. e) “vou ler este último livro – História das invenções do homem, o
6– Parece, minha filha. As distâncias entre os astros são fazedor de milagres.” (ref. 1)
tamanhas que para medi-las com quilômetros seria necessário
Exercício 13
usar carroçadas de zeros, de maneira que não haveria papel que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
chegasse. E então os astrônomos inventaram o "metro
A pandemia, o sentido da vida e a política
astronômico", ou a "unidade astronômica", que é como eles
dizem. Essa unidade, esse metro tinha 92.900.000 milhas.
1A pandemia, o isolamento e o medo põem questões que
– Que colosso, vovó! Eu acho que fizeram um metro grande
demais... vão mais além das relativas a como levar uma vida “normal”, por
– Pois está muito enganada, minha filha. As distâncias produzirem indagações sobre o próprio sentido da vida.
2Em situações normais, as pessoas estão preocupadas
entre a Terra e as novas estrelas que com os modernos
telescópios foram sendo descobertas, acabaram deixando essa com as atividades profissionais e domésticas, tal 3como
medida pequena. E então o astrônomo Michelson propôs outra acontecem no dia a dia. 4Preocupações básicas são as que regem
medida: o ano-luz.
este tipo de condição: 5a renda, a escola das crianças, a
– Cáspite!
sociabilidade profissional e a familiar, o amor, a amizade, o ir às
– Pois bem, isto que os astrônomos fizeram para os astros,
compras. 6Já em situações como esta que estamos vivendo, as
outros homens de ciência fizeram para o contrário dos astros, isto
é, para as moléculas e átomos, que são coisinhas infinitamente preocupações são de outra ordem: 7a doença, o medo da morte, a
pequenas. Chegaram a medir átomos que têm o tamanhinho de possível falta de mantimentos, a manutenção do emprego, a
uma trilionésima parte de milímetro. redução da renda, o isolamento, a pergunta pelo amanhã.
7– Será possível? Um milímetro já é uma isca que a gente Uma analogia possível é com a condição de 8guerra.
9Nesta, a saída abrupta da normalidade é imediatamente sentida:
mal percebe...
– Ora, neste livro o Senhor Van Loon trata de mostrar a existência humana é mostrada em sua fragilidade, a emergência
como esse bichinho homem, que já foi peludo e andava de quatro, toma conta do dia a dia. A morte abrupta surge para cada um
chegou a desenvolver seu cérebro a ponto de medir a distância como uma realidade, seja ela militar, seja civil. 10No entanto, os
entre os astros e a calcular o tamanho dos átomos. sentimentos e emoções daí resultantes não são necessariamente
– Como foi isso? os mesmos, pois as pessoas não se isolam, mas vêm a cumprir
– Inventando coisas. O homem é um grande inventor de uma função social junto ao Estado, sob a forma da defesa da
coisas, e a história do homem na Terra não passa da história das pátria. 11A morte ganha, nesse aspecto, sentido.
suas invenções com todas as consequências que elas trouxeram
A 12morte é uma questão existencial primeira da condição
para a vida humana. É mais ou menos isto o que Van Loon diz
humana, 13essa que coloca o homem diante do nada, do limite da
neste prefácio. Vamos agora ver o capítulo número 1.
condição humana. Ela é o horizonte de cada um, por mais que
– Depois da pipoca, vovó! – gritou Narizinho farejando o ar.
8De fato: da cozinha vinha para a sala o cheiro das pipocas pensemos nela ou não. A significação da morte no fim da vida faz
com que as pessoas se preparem para isso, tanto individual
que Tia Nastácia estava rebentando. Pipocas à noite foi coisa que
quanto familiarmente. Retiram-se progressivamente, planejam
nunca faltou no sítio de Dona Benta.
pelo testamento a sucessão dos bens, acostumam-se à ideia.
Alguns recorrem à religião, acreditando em outra vida. No caso de
Adaptado de: LOBATO, Monteiro.
a morte acontecer numa guerra, ela adquire a significação de que
História das invenções. São Paulo, SP: Círculo do Livro.
o indivíduo é membro de uma comunidade, sendo assim
compreendida pelo Estado e pelos seus próximos. No momento, combate à doença tomam o lugar da demagogia, por serem
porém, em que a redução do ciclo natural se dá sob a forma de eficazes nesta luta, os cidadãos podendo neles se reconhecer.
uma doença coletiva, é como se o sem sentido ganhasse a forma
do absurdo. (ROSENFIELD, Denis Lerrer. A pandemia, o sentido da vida e a
Uma significação que surge no contexto de pandemia é a política. Publicado em O Estado de S. Paulo de 30 de março de
de a pessoa sentir-se abandonada pela vida, abandonada por 2020. Disponível
aqueles que com ela conviviam, salvo os que terminam em:https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-aberto,a-
compartilhando a mesma reclusão. 14Uma expressão do pandemia-o-sentido-da-vida-e-a-politica,70003252502). Acesso
abandono é a solitude e a introspecção. 15O mundo torna-se uma em 30 de março de 2020.
ameaça. Há formas de mitigação, como o telefone e as redes
sociais, que tornam viável um modo de substituição da presença
(Upf 2021) Quanto ao emprego da vírgula, é incorreto o que se
física. Mas há algo aqui que faz enorme diferença: a presença
afirma em:
física do outro, o olhar, o toque, a expressão física do sentimento.
O beijo e o abraço desaparecem. a) No trecho "Não podem, evidentemente, compreender que se
16As pessoas reclusas sentem necessidade dos seus. possa tratar de uma “histeria” [...]" (ref. 31), o que justifica o uso
Algumas ficam mais vulneráveis por viverem sozinhas, outras se das vírgulas é a necessidade de destacar o adjunto adverbial
agrupam em seus núcleos familiares mais próximos, em todo “evidentemente” que está deslocado.
caso o seu número deve ser necessariamente reduzido. Outras
que vivem na miséria têm esses sentimentos ainda mais b) O que justifica o uso das vírgulas no fragmento "[...] a doença, o
potencializados. 17O contato presencial das pessoas, para além medo da morte, a possível falta de mantimentos, a manutenção
desses núcleos, é rompido. Em seu lugar surgem outros do emprego, a redução da renda, o isolamento, a pergunta pelo
instrumentos de comunicação, as redes sociais obtendo aí amanhã" (ref. 7) é a necessidade de separar palavras ou orações
justapostas, numa situação de enumeração.
protagonismo maior. 18Acontece, 19contudo, que 20a
comunicação virtual entre as pessoas passa a ser mediada por
c) O que justifica o emprego das vírgulas no fragmento
outro tipo de comunicação, a social/digital, que se faz por notícias
"Acontece, contudo, que a comunicação virtual entre as pessoas
e informações.
passa a ser mediada por outro tipo de comunicação [...]" (ref. 18) é
Do ponto de vista da informação, tudo vale nas redes
a busca por enfatizar o sentido pretendido e a necessidade de
sociais, notícias verídicas como falsas. 21As redes podem,
separar a conjunção adversativa posposta ao verbo.
22assim, tornar-se instrumentos poderosos de desinformação,

divulgando o que se denomina fakenews, tendo como objetivo d) O que justifica o uso das vírgulas no fragmento "[...] a
aumentar a insegurança das pessoas, tornando-as ainda mais comunicação virtual entre as pessoas passa a ser mediada por
vulneráveis. O descontrole pode adquirir uma conotação política, outro tipo de comunicação, a social/digital, que se faz por notícias
alheia à saúde pública. e informações" (ref. 20) é a necessidade de destacar o termo
23A faceta política do medo da morte e do abandono
apositivo que explica o outro tipo de comunicação: "a
consiste numa presença maior do Estado como provedor da social/digital".
segurança perdida, enquanto possível solução de uma morte
prematura e do abandono. 24Numa situação de epidemia, as e) O que justifica o uso da vírgula no fragmento "Em situações
pessoas tendem a pedir a intervenção do Estado, fornecendo-lhes normais, as pessoas estão preocupadas com as atividades
condições de existência. Na guerra, o Estado toma a decisão de profissionais e domésticas [...]" (ref. 2) é a necessidade de
atacar outro país ou de se defender; na epidemia, a sociedade é destacar o vocativo no enunciado.
atacada por um inimigo invisível, sem que o Estado nada tenha
Exercício 14
podido fazer.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O 25coronavírus, nova versão, é um inimigo que se
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis,
expande, se infiltra e ameaça a vida de cada um. 26Desconhece ocorreu como folhetim na revista carioca A Estação, entre os anos
fronteiras e não aceita nenhum controle estatal. Não tem medo de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma
de nada, 27embora faça medo a todos. 28Tem a forma do educacional efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira
invisível, que só é sentido quando toma conta do corpo das de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma psiquiatria ainda
pessoas. 29Palavras não têm sobre ele nenhum efeito, apenas embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da
medidas concretas. escassez de conhecimento científico e da abundância de vaidades,
30Eis por que discursos demagógicos não têm sobre ele concomitantemente. A obra deixa ver as relações promíscuas
nenhum efeito, tampouco sobre os cidadãos, que sentem a sua entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o
ameaça próxima. Leem e escutam sobre o número crescente de poder político tal como era exercido em Itaguaí, então uma vila,
mortos, de infectados, e se perguntam se não serão eles os distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O
conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos
próximos. 31Não podem, evidentemente, compreender que se
quais o alienista vai fazendo suas experimentações cientificistas
possa tratar de uma “histeria”, de uma “fantasia”, pois a presença
até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento,
do inimigo invisível é real. Discursos técnicos, sensatos, de
visto que reconhece em si mesmo a única pessoa cujas
faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele, de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. 15E
portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, porque o boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o
alienar-se. alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou
sentenciosamente:
Capítulo IV 16– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.
UMA TEORIA NOVA – Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando
as mãos ao céu.
1Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de
17Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o
Janeiro, Simão Bacamarte estudava por todos os lados uma certa boticário extravagante; mas a modéstia, principal adorno de seu
ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia.
espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre
2Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era
entusiasmo; 18declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou
pouco para andar na rua, ou de casa em casa, conversando as
que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem equivalente
gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um
no estilo moderno. 19Naquele tempo, Itaguaí, que como as
olhar que metia medo aos mais heroicos.
demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando
imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio
Crispim Soares ocupado em temperar um medicamento, vieram
de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da
dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.
matriz; – ou por meio de matraca.
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse,
Eis em que consistia este segundo uso. 20Contratava-se um
acrescentou o portador. 3Crispim empalideceu. Que negócio
importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e homem, por um ou mais dias, 21para andar as ruas do povoado,
com uma matraca na mão.
especialmente da mulher? 4Porque este tópico deve ficar
claramente definido, visto insistirem nele os cronistas; Crispim De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, 22e ele
anunciava o que lhe incumbiam, – um remédio para sezões, umas
amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados
terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor
um só dia. 5Assim se explicam os monólogos que fazia agora, e
tesoura da vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha
que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito, quem te
inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela
mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe
grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos
bajulador! Só para adular ao Dr Bacamarte. Pois agora aguenta-
vereadores, – aquele justamente que mais se opusera à criação da
te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável.
Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador de
Dizes amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos
cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses
outros nomes feios, que um homem não deve dizer aos outros,
bichos; mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos
quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é
os meses. 23E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam
um nada. 6Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das
ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação
drogas e voou à Casa Verde.
perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no
7
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio,
sistema. 24Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo
uma alegria abotoada de circunspeção até o pescoço.
regime mereciam o desprezo do nosso século.
– Estou muito contente, disse ele.
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la,
8– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz
respondeu o alienista à insinuação do boticário.
trêmula. E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver,
O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
disse-lhe que sim, que era melhor começar pela execução.
9– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência
25– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.

científica. 10Digo experiência, porque não me atrevo a assegurar Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:
desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, – Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr.
senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros
experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da terra. A termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da
loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades;
no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. fora daí insânia, insânia e só insânia.
11Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou
12
Depois explicou compridamente a sua ideia. No conceito dele a lisamente que não 26chegava a entendê-la, que era uma obra
insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não
isto com grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. merecia princípio de execução.
13Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como um – Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou,
a loucura e a razão estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se
raro espírito que era, 14reconheceu o perigo de citar todos os
onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a
casos de Itaguaí e refugiou-se na história. Assim, apontou com
especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio cerca?
27
familiar, Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra
Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos e pessoas, em que de uma intenção de riso, em que o desdém vinha casado à
28comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias

entranhas. Sobre o uso da vírgula, todas as sentenças abaixo estão corretas,


A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal EXCETO:
segurança, que a teologia não soube enfim se devia crer em si ou a) Joel, chute a bola!
na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma revolução.
b) Joel chute, a bola!
ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante
Brasileiro / USP. Disponível em: c) Chute, Joel, a bola.
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
select_action=&co_obra=1939>. Acesso em: 12/08/2019. d) Chute a bola, Joel.

Exercício 16
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
(Ime 2020) “– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
experiência científica. Digo experiência, porque não me atrevo a
assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. MAIS IDOSOS NO MERCADO DE TRABALHO
Soares, senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma Com mudanças no estilo de vida, aposentadoria está cada vez
experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da Terra. mais tardia
A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha
perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um Durante toda a sua carreira, entre uma reportagem e outra, o
continente.” (ref. 9) jornalista Ricardo Moraes tinha um sonho além dos papéis: ter um
bar. Há dois anos, quando se aposentou, preferiu trocar a
À luz da gramática normativa, considere as seguintes afirmações: desaceleração de uma vida inteira de trabalho pelo desafio de
recomeçar. E, aos 65 anos, acabou de inaugurar a filial do boteco
I. O travessão utilizado em “– Trata-se de coisa mais alta [...]” paulistano Bar Léo, no Centro do Rio.
especifica a mudança de interlocutor no diálogo. Mas não é só ele. Segundo dados do Ministério dos Direitos
II. As vírgulas empregadas em “A loucura, objeto dos meus Humanos, os idosos somam 23,5 milhões dos brasileiros, mais
estudos, era até agora [...]” podem ser substituídas por que o dobro do registrado em 1991. E a projeção é que serão
travessões, sem prejuízo para a correção. 30% da população em 2050 (em 2010, eram 10%).
III. No trecho “[...] nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão Para compor a equipe, Moraes misturou a energia e a agilidade de
uma investigação constante.”, as vírgulas são empregadas com a funcionários jovens à experiência em atendimento de excelência
finalidade de isolar o termo de valor explicativo. dos mais velhos. Para isso, chamou o também aposentado Luis
Ribeiro, de 67 anos, para ser seu maître, e o garçom Francisco
Em relação às afirmações, está(ão) correta(s): Carlos, que ainda não se aposentou, mas já passou dos 50 anos.
“Eu ensino organização, senso de hierarquia e como ser mais
a) apenas a afirmação I.
formal e excelente no atendimento ao cliente. E eles me ensinam
muito sobre tecnologia”, conta Ribeiro, que tem 45 anos de
b) apenas a afirmação II.
estrada e se aposentou há três anos.
Essa mistura de gerações não é de hoje, mas prepare-se, porque
c) apenas as afirmações I e II.
ela será cada vez mais presente dentro das empresas. E por um
motivo muito simples: as pessoas estão envelhecendo mais tarde.
d) apenas as afirmações I e III.
Com avanços da medicina e estilo de vida mais saudável, aquele
senhor que, em décadas passadas, preparava-se para ficar no
e) todas as afirmações estão corretas.
sofá aos 60 anos, hoje está a todo vapor. Além disso, há a
Exercício 15 questão pessoal, de querer se manter ocupado e útil, e a
(G1 - ifsul 2019) A vírgula entre o sujeito financeira, pois, como se sabe, apesar da contribuição de uma
e o verbo da oração vida inteira, o retorno é quase sempre baixo em relação aos
não deve ser colocada trabalhadores comuns.
se juntos eles estão: Tudo isso afeta diretamente o mercado de trabalho, que passa a
em “Joel, chutou a bola” contar com uma força de trabalho mais madura e bem presente, e
há erro de pontuação. traz desafios também. Um deles é justamente a harmonia entre
gerações tão diferentes. Em tese, ambos agregam: os mais velhos
Dantas, Janduhi. Lições de gramática em versos de cordel. com sua experiência, padrões de qualidade sólidos e
Petrópolis: Vozes, 2009, p.43. comprometimento; e os mais jovens com sua vivacidade, fácil
adaptação e familiaridade à tecnologia. Na prática, porém, há
outras questões.
O poeta paraibano, Janduhi Dantas, valeu-se de uma regra
gramatical para produzir sua literatura de cordel. RIBAS, Raphaela. Mais idosos no mercado de trabalho. O Globo,
São Paulo, 25 mar. 2018. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/emprego/mais-idosos-no- tanto surpreendente, 11mas desapontador de déjà vu, 12porque
mercado-de-trabalho-22520971>. Acesso em: 01 out. 2018 imaginava que aquilo que estava acontecendo agora já havia me
(adaptado). acontecido em palavras, já havia sido nomeado.
Meus livros eram para mim transcrições ou glosas
13__________ outro Livro colossal. Miguel de Unamuno, em um

soneto, 14fala do tempo, 15cuja fonte está no futuro; minha vida


(G1 - ifpe 2019) Após analisar o excerto reproduzido abaixo,
de leitor deu-me a mesma impressão de nadar contra a corrente,
assinale a alternativa na qual a vírgula é utilizada pela mesma
vivendo o que já tinha lido. Tal como Platão, passei do
razão que no trecho sublinhado.
conhecimento para seu objeto. Via mais realidade na ideia do que
na coisa. 16Era nos livros que eu encontrava o universo17:
“Há dois anos, quando se aposentou, preferiu trocar a
digerido, classificado, rotulado, meditado, ainda assim formidável.
desaceleração de uma vida inteira de trabalho pelo desafio de
18A leitura deu-me uma desculpa para a privacidade, ou
recomeçar” (1º parágrafo).
talvez tenha dado um sentido à privacidade que me foi imposta,
a) “Na prática, porém, há outras questões” (7º parágrafo). 19uma vez que, durante a infância, depois que voltamos para a

Argentina, em 1955, vivi separado do resto da família, cuidado


b) “Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, os idosos
somam 23,5 milhões dos brasileiros [...]” (2º parágrafo). por uma babá em uma seção separada da casa. 20Então, meu
lugar favorito de leitura era o chão do meu quarto, deitado de
c) “Para compor a equipe, Moraes misturou a energia e a barriga para baixo, pés enganchados 21sob uma cadeira. Depois,
agilidade de funcionários jovens à experiência em atendimento de tarde da noite, minha cama tornou-se o lugar mais seguro e
excelência dos mais velhos” (3º parágrafo). resguardado para ler 22__________ região nebulosa entre a vigília
e o sono.
d) “Além disso, há a questão pessoal, de querer se manter O psicólogo James 23Hillman afirma que a 24pessoa que
ocupado e útil […]” (6º parágrafo).
leu histórias ou 25para quem leram 26histórias na infância “está
em melhores condições e tem um 27prognóstico melhor do que
e) “em décadas passadas, preparava-se para ficar no sofá aos 60
anos” (6º parágrafo). aquela 28à qual é preciso apresentar as histórias. [...] Chegar cedo
na vida já é uma perspectiva de vida”. Para Hillman, essas
Exercício 17 primeiras leituras tornam-se “algo vivido e por meio 29do qual se
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: vive, um modo que a alma tem de se encontrar na vida”. A essas
A última página
leituras, e por esse motivo, voltei repetidamente, 30e ainda volto.
Cada livro era um mundo em si mesmo e nele eu me
Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para
refugiava. 31Embora eu soubesse que era incapaz de inventar
vislumbrar o que somos e onde estamos. 1Lemos para
histórias como as que meus autores favoritos escreviam, achava
compreender, ou para começar a compreender. Não podemos
que minhas opiniões frequentemente coincidiam com as deles e
deixar de ler. Ler, quase como respirar, é nossa função essencial. 32
2
(para usar a frase de Montaigne) “Passei a seguir-lhes o rastro,
Mesmo em sociedades que deixaram registros de sua
murmurando: ‘Ouçam, ouçam’”.
passagem, a leitura precede a escrita3; o futuro escritor deve ser
capaz de reconhecer e decifrar o sistema de signos antes de Fonte: MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. Trad. Pedro
colocá-los no papel. 4Para a maioria das sociedades letradas – Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 20-24.
para o islã, para as sociedades judaicas e cristãs como a minha, (Parcial e adaptado.)
para os antigos maias, para as vastas culturas budistas –, ler está
no princípio do contrato social; aprender a ler foi meu rito de
passagem. (Ucs 2021) No que concerne à pontuação, assinale a alternativa
5 correta.
Depois que aprendi a ler minhas letras, li de tudo: livros,
6mas também notícias, anúncios, os títulos pequenos no verso da
a) O emprego do ponto-e-vírgula (ref. 3) marca uma
passagem do bonde, letras jogadas no lixo, jornais velhos consequência expressa no período anterior.
apanhados sob o banco do parque, grafites, a contracapa das
revistas de outros passageiros no ônibus. Quando fiquei sabendo b) O emprego do discurso indireto livre (ref. 4) introduz fala que é
que Cervantes, em seu apogeu à leitura, lia “até os pedaços de intercalada à do narrador.
papel rasgado na rua”, entendi exatamente que impulso o levava
a isso. Essa adoração ao livro 7(em pergaminho, em papel ou na c) As informações contidas dentro dos parênteses (ref. 7)
tela) é um dos alicerces de uma sociedade letrada. poderiam ser suprimidas sem prejuízo para o sentido da frase.
A experiência veio a mim primeiramente por meio dos
livros. Mais tarde, quando me deparava com algum d) Os dois-pontos (ref. 17) poderiam ser substituídos por ponto-
8 e-vírgula.
acontecimento, circunstância ou algo semelhante __________
9sobre o qual havia lido, isso me causava o 10sentimento um
e) A oração apresentada dentro dos parênteses (ref. 32) é ônibus integrada ao metrô nas proximidades do imóvel – entre
dispensável ao período. outros critérios.
Essas duas cenas urbanas descrevem situações comuns
Exercício 18
_____2_____ passam diariamente muitos dos cidadãos residentes
(G1 - ifce 2019) Leia o excerto do livro “Quincas Borba” de
em grandes cidades. 15As 16protagonistas têm em comum a
Machado de Assis.
angústia de tomar uma decisão complexa, 17escolhida dentre
várias possibilidades oferecidas pelo espaço geográfico. Além de
“Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor;
mostrar que a geografia é vivida no cotidiano, as duas cenas
é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono; tudo
mostram também que, para tomar a decisão que _____3_____
rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas,
soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a seja mais conveniente, nossas 18protagonistas deverão realizar,
variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida...” primeiramente, uma 19análise geoespacial da cidade. Em ambas
as cenas, essa análise se desencadeia a partir de um sistema
A supressão do verbo e o uso da vírgula em seu lugar justificam- cerebral composto de 20informações geográficas representadas
se por meio do(a) internamente na forma de mapas mentais que induzirão as três
a) aliteração. protagonistas a tomar suas decisões. Em cada cena podemos
visualizar uma pergunta espacial. Na primeira, o trabalhador
b) elipse. pergunta: 21“qual a melhor rota a seguir, desde este ponto onde
estou até o local de meu trabalho, neste horário de segunda-
c) assonância. feira?” Na segunda, o questionamento seria: “qual é o lugar da
cidade que reúne todos os critérios geográficos adequados à
d) polissíndeto. nossa moradia?”
22
A cena 1 é um exemplo clássico de análise de redes, enquanto
e) silepse. a cena 2 é um exemplo clássico de alocação espacial – duas das
técnicas mais importantes da análise geoespacial.
Exercício 19 23
A análise geoespacial reúne um conjunto de métodos e
técnicas quantitativos dedicados à solução dessas e de outras
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo. perguntas 24similares, em computador, _____4_____ respostas
dependem da organização espacial de informações geográficas
Cena 1 em um determinado tempo. Dada a complexidade dos modelos,
1Em uma madrugada 2chuvosa, um trabalhador residente em São muitas técnicas de análise geoespacial foram transformadas em
linguagem computacional e reunidas, posteriormente, em um
Paulo 3acorda, ao 4amanhecer, às cinco 5horas, toma
sistema de informação geográfica. Esse fato geotecnológico
6rapidamente o café da manhã, dirige-se até o carro, acessa a rua,
contribuiu para a 25popularização da análise geoespacial
e, como de costume, faz o mesmo trajeto até o trabalho. 7Mas, em
realizada em computadores26, que atualmente é simplificada
um desses inúmeros dias, ouve pelo rádio que 8uma das avenidas pelo termo geoprocessamento.
de sua habitual rota está totalmente congestionada. A partir
dessa informação e 9enquanto dirige, o trabalhador inicia um Adaptado de: FERREIRA, Marcos César. Iniciação à análise
processo mental analítico para escolher uma rota alternativa que geoespacial: teoria, técnicas e exemplos para geoprocessamento.
o faça chegar _____1_____ empresa no horário de sempre. São Paulo: Editora UNESP, 2014. p. 33-34.
10Para decidir sobre essa nova rota, ele deverá considerar11: a

nova distância a ser percorrida, o tempo gasto no deslocamento, a


quantidade de cruzamentos existentes em cada rota, em qual das (Ufrgs 2019) Na coluna da esquerda, abaixo, são listados sinais
rotas encontrará chuva e em quais rotas passará por áreas de pontuação e marcações gráficas; na da direita, o sentido ou a
sujeitas a alagamento. função que expressam no contexto em que ocorrem.

Cena 2 Associe corretamente a coluna da direita à da esquerda.


12Mais tarde no mesmo dia, um casal residente na mesma cidade
( ) Dois pontos (ref. 1. Permite inserir sequência de valor
obtém financiamento imobiliário e 13decide pela compra de um
11 e 14) explicativo.
apartamento. São inúmeras opções de imóveis à venda. Para a ( ) Itálico (ref. 19) 2. Permite supor questionamentos
escolha adequada do local de sua morada em São Paulo, o casal atribuídos aos protagonistas das cenas.
deverá levar em conta, além do valor do apartamento, também ( ) Aspas (ref. 21) 3. Permite anunciar enumerações.
outros critérios14: variação do preço dos imóveis por bairro, ( ) Vírgula (ref. 26) 4. Permite destacar expressão técnica.
distância do apartamento até a escola dos filhos pequenos, 5. Permite destacar o discurso indireto.

tempo gasto entre o apartamento e o local de emprego do casal,


A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima
preferência por um bairro tranquilo e existência de linha de
para baixo, é
a) 1 – 4 – 5 – 3. eleita. A própria delimitação rígida da política constitui, portanto,
um produto da história; e este é, sem dúvida, o principal motivo
b) 1 – 3 – 4 – 2. pelo qual não basta ater-se a um significado geral da política, que
apagaria todas as figuras com que se apresentou em sua gênese.
c) 2 – 3 – 2 – 4. Esta delimitação operada pelo nível institucional traz consigo
alterações profundas na esfera de valores associados à política.
d) 3 – 4 – 2 – 1. Uma conjuntura institucional insatisfatória, pela corrupção ou
pela violência, jamais dissociadas, reflete-se numa
e) 3 – 4 – 5 – 1. desmoralização da atividade política – politicagem – que pode
reverter em apatia e na procura de alternativas 8extra-
Exercício 20
institucionais como a luta armada. Ao mesmo tempo, processa-se
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
uma inversão na valorização da atividade política na própria
A política e as políticas
esfera institucional, em que ela deixa de ser um direito, passando
a ser apenas um dever e uma responsabilidade. Em outras
Apesar da multiplicidade de facetas a que se aplica a palavra
palavras, à Instituição passa despercebido que a sua é também
“política” ___ uma delas goza de indiscutível unanimidade___ a
uma política, assentada na sociedade com uma proposta de
referência ao poder político___ à esfera da política institucional.
participação, representação e direção. Por esta carência de visão
Um deputado ou um órgão de administração pública são políticos
de relatividade, instaura-se um normativismo absoluto,
para a totalidade das pessoas. Todas as atividades 1associadas ocultando-se assim sua natureza.
de algum modo à esfera institucional política, e o espaço onde se Interessa perceber que, apesar de haver um significado
realizam, também são políticos. Um comício é uma reunião
predominante, que se impõe em determinadas situações, e que
política e um partido é uma associação política, um indivíduo que
aparece como sendo a política, o que existe na verdade são
questiona a ordem institucional pode ser um preso político; as
políticas.
ações do governo, o discurso de um vereador, o voto de um
eleitor são políticos.
MAAR, Leo Wolfgang. A política e as políticas. In: ____. O que é
Mas há um outro conjunto em que a mesma palavra manifesta-se
política. São Paulo: Abril Cultural/Brasiliense, 1985. (fragmento)
claramente de um modo diverso. 2Quando se fala da política da
Igreja, isto não se refere apenas às relações entre a Igreja e as
instituições políticas, mas à existência de uma política que se (G1 - ifsul 2019) No primeiro período do texto, as lacunas
expressa na Igreja em relação a certas questões como a miséria, a representam sinais e pontuação que foram suprimidos. A
violência, etc. Do mesmo modo, a política dos sindicatos não se sequência que preenche correta e respectivamente as lacunas é
refere unicamente à política sindical, desenvolvida pelo governo
a) vírgula, ponto e vírgula e travessão.
para os sindicatos, mas às questões que dizem respeito à própria
atividade do sindicato em relação aos seus filiados e ao restante
b) vírgula, dois-pontos e vírgula.
da sociedade. A política feminista não se refere apenas ao Estado,
mas aos homens e às mulheres em geral. As empresas 3têm
c) ponto e vírgula, vírgula e vírgula.
políticas para realizarem determinadas metas no relacionamento
com outras empresas, ou com os seus empregados. As pessoas,
d) travessão, travessão e dois-pontos.
no seu relacionamento cotidiano, desenvolvem políticas para
alcançar seus objetivos nas relações de trabalho, de amor, ou de Exercício 21
lazer; dizer “Você precisa ser mais político” é completamente TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
distinto de dizer “Você precisa se politizar mais”, isto é, 4“precisa Leia este texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
ocupar-se mais da esfera política institucional”.
[...] Não resta dúvida, porém, de que este segundo significado é Saudade de escrever
muito mais vago e impreciso do que o primeiro. A evolução
histórica em relação ao gigantismo das Instituições Políticas – o Apesar da concorrência (internet, celular), a carta continua firme e
Estado onipresente – é acompanhada de uma politização geral da forte. Basta uma folha de papel, selo, caneta e envelope para que
sociedade em seus mínimos detalhes, por exigir um uma pessoa do Rio Grande do Norte, por exemplo, fique por
posicionamento diário frente ao Poder. 5Mas ao mesmo tempo dentro das fofocas registradas por um amigo em São Paulo, dois
traz consigo a imposição de normas com que balizar a própria dias depois. “Adoro receber cartas, fico super ansiosa para
aplicação da palavra política, procurando determinar o que é e o descobrir o que está escrito”, conta Lívia Maria, de 9 anos. Mas ela
que não é “política”. admite que faz tempo que não escreve nenhuma cartinha. “As
6Desta forma, oculta-se ao eleitor o seu ser político, atribuindo-se últimas foram para a Angélica e para um dos programas do
Gugu.”
esta qualidade apenas ao eleito. 7Ou então atribui-se à pessoa
Isabela, de 9 anos, lembra que, quando morava em Curitiba, no
um espaço e um tempo determinado para que exerça uma
Paraná, trocava correspondência com sua amiga Raquel, que vive
atividade política, na hora das eleições, quando está na tribuna da
em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Eu ficava sabendo das
Câmara dos Deputados depois de ter sido eleita, quando senta no
novidades e não gastava dinheiro com telefonemas.”
palácio para despachar com seus secretários mesmo sem ter sido
Já Amanda, de 10 anos, também gosta de receber cartinhas, mas Tipos esquisitos – aquilo me dava ideias. Por que não ir para
prefere enviar e-mails. “Atualmente estou conversando com meu Israel? 15Num país de gente tão estranha – e, 16ainda por cima,
primo que está nos Estados Unidos via computador, já que a em guerra – eu certamente não chamaria a atenção. Ainda menos
mensagem chega mais rápido e não pago interurbano.” como combatente, entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me
via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando um
TOURRUCCO, Juliana. Saudade de escrever. O Estado de São revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo,
Paulo, p.5, 25 jul.1998. Suplemento infantil. 17varado de balas. 18Aquela, sim, era a 19morte que eu almejava,

morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável,


de monstro 20encurralado. E, caso não morresse, poderia viver
(G1 - ifal 2018) O adjunto adverbial vem, normalmente, no final
depois num kibutz . Eu, que conhecia tão bem a vida numa
da frase, mas ele pode aparecer em outra posição, basta que se
fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os
indique esse deslocamento com a vírgula. A colocação
membros do kibutz terminariam por me aceitar; numa nova
inadequada do adjunto adverbial, porém, poderá prejudicar a
sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo.
compreensão da frase. É o que acontece na fala da Amanda, no
texto. Das cinco reestruturações apresentadas nas alternativas a
Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto
seguir, uma continua com problema. Marque-a.
Alegre: L&PM, 2001.
a) Atualmente, via computador, estou conversando com meu
primo que está nos Estados Unidos.
(Ufrgs 2018) Assinale a proposta de mudança no emprego de
vírgula que mantém a correção e o sentido do enunciado original.
b) Atualmente estou, via computador, conversando com meu
a) Colocação de vírgula imediatamente após experiências (ref. 4).
primo que está nos Estados Unidos.

c) Atualmente estou conversando, via computador, com meu


b) Colocação de vírgula imediatamente após Felizmente (ref. 7).
primo que está nos Estados Unidos.

c) Colocação de vírgula imediatamente após que (ref. 11).


d) Atualmente estou conversando com meu primo, via
computador, que está nos Estados Unidos.
d) Colocação de vírgula imediatamente após país (ref. 15).

e) Via computador, atualmente estou conversando com meu


e) Colocação de vírgula imediatamente após morte (ref. 19).
primo que está nos Estados Unidos.
Exercício 23
Exercício 22
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.

Menino do Acre talvez seja uma das maiores empulhações da


1
– Temos sorte de viver no Brasil – dizia meu pai, depois da
história “mística” do Brasil
guerra. – Na Europa 2mataram 3milhões de judeus. O estudante de Psicologia de 25 anos é produto de uma grande
Contava as 4experiências que 5os médicos nazistas faziam com os jogada de marketing que nem precisou de um Washington
prisioneiros. Decepavam-lhes as cabeças, faziam-nas encolher – à Olivetto para criá-la
maneira, li depois, dos índios Jivaros. 6Amputavam pernas e
braços. Realizavam estranhos transplantes: uniam a metade
superior de um homem _____1_____ metade inferior de uma O “Menino do Acre” talvez fique na história como uma das
7 grandes empulhações brasileiras, e a mídia, certamente para
mulher, ou aos quartos traseiros de um bode. Felizmente
8morriam 9essas atrozes quimeras; 10expiravam como seres obter audiência e acesso, se não está endossando diretamente,
está sendo conivente com as trapalhadas e enganações do
humanos, não eram obrigadas a viver como aberrações.
1
estudante de Psicologia Bruno Borges, de 25 anos.
(_____2_____ essa altura eu tinha os olhos cheios de lágrimas.
2A Argentina tem Jorge Luis Borges. O Brasil contenta-se com
Meu pai pensava 11que a descrição das maldades nazistas me
deixava comovido.) Bruno Borges, o 3pós-adolescente fujão, que ficou desaparecido
12 durante algum tempo, alegando que estava em busca do
Em 1948 13foi proclamado 14o Estado de Israel. Meu pai abriu
conhecimento. (...) Suas ideias sobre filosofia e alquimia são lorota
uma garrafa de vinho – o melhor vinho do armazém –, brindamos
ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio, pura. Ao desaparecer, 4o que o jovem estava buscando? “Busquei
acompanhando _____3_____ notícias da guerra no Oriente Médio. o autoconhecimento. Na alquimia, dizemos que o operador
Meu pai estava entusiasmado com o novo Estado: em Israel, procede em busca da pedra filosofal”, afirma. O que isso quer
explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da dizer? Nada. 5É pura platitude, embromação. 6Qualquer livro
Europa, judeus pretos da África, judeus da Índia, isto sem falar primário discute o assunto de maneira mais densa.
nos beduínos com seus camelos: tipos muito esquisitos, Guedali.
Bruno Borges diz que está articulando um projeto para mudar a Globo, e à maior revista semanal do país, a “Veja”. Não é pouca
vida das pessoas. Porém, não explica o que é, exceto que se trata coisa, não. (...)
de “despertar para o mundo do conhecimento” e para a Fico na dúvida, filosófica: o Menino do Acre fica melhor no papel
“investigação da verdade”. O poeta Goethe, 7que se considerava de alienista, de alienado ou os dois? Ah, o modo como

alquimista, e o filósofo Nietzsche são precisos 8ao discutir temas mesmerizou o país, 21atraindo jornalistas de todas as plagas,
sobre os quais o estudante apenas roça, possivelmente depois da alienados mesmo somos nós, que, quem sabe, esperamos o
leitura, não de livros científicos, e sim de obras místicas – talvez Messias, ainda que na forma de um Borges piorado e sem “O
de terceira categoria ou sem categoria alguma. Aleph”. Borges, o “Adulto Portenho”, talvez esteja certo ao ecoar
Questionado, Bruno Borges, o nosso Borges “détraqué”, sustenta Marco Polo: “O real não é mais verdade do que o inventado”.
que seu projeto é “uma missão”. O projeto e a missão, a rigor, não
são expostos de maneira cabal (anticientífico, ele avalia que não é (BELÉM, Euler de França. Menino do Acre talvez seja uma das
maiores empulhações da história “mística” do Brasil. Disponível
preciso demonstrar)9; eventualmente, o Menino do Acre trata do
em: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-
tema de maneira elíptica, como se não soubesse do que está
blogs/imprensa/menino-do-acre-talvez-seja-uma-das-maiores-
falando ou então 10estaria sonegando alguma coisa de caráter
empulhacoes-da-historia-mistica-do-brasil-102864/. Adaptado.
seminal, que ainda não pode ser dita, sobretudo para os não
Acesso em 01 set. 2017)
iniciados.
Espécie de Policarpo Quaresma da filosofia, vá lá, ou da alquimia,
vá lá, Bruno Borges sugere que está buscando “a verdade da
(Upf 2018) No que concerne a aspectos semântico-sintáticos do
vida”. Entretanto, suas frases são ocas, as ideias são uma
texto, está correto o que se afirma em:
mistureba de frases de efeito e “conceitos” mal digeridos. (...) O
que dizer de um garoto que diz que conseguiu “lapidar a pedra a) As vírgulas que separam a oração “que se considerava
filosofal”? A única coisa que parece ter lapidado de verdade foi a alquimista” (referência 7) justificam-se porque evidenciam uma
paciência de jornalistas e de leitores e telespectadores e sua oração restritiva ligada ao nome Goethe que a antecede.
própria cara de pau. (...) Ele fala em fé, o que sugere que é, claro,
um místico – e não um cientista precoce, ao estilo de Darwin e b) No período “quem sabe, de Literatura – tal o poder de sua
11
Richard Dawkins. Mas certamente não chega aos pés de imaginação” (referência 15), o sinal de travessão poderia ser
Antônio Conselheiro e do Padre Cícero. substituído por dois-pontos, sem que o sentido do texto e sua
Há místicos que buscam o autoconhecimento durante anos e, às correção gramatical fossem prejudicados.
vezes, nada encontram. Pois o Menino do Acre, em apenas dois
meses e sem pesquisas detidas e rigorosas, alcançou seus c) Dada a posição que ocupa na oração, “A Argentina” (referência
objetivos, sua realização espiritual. Você leu certo: dois meses! 2), caracterizada como termo adverbial, deveria estar isolada por
12 vírgula, se atendido o rigor gramatical.
O garoto deveria ser preparado pelos grandes laboratórios para
13“descobrir” um medicamento que “cure” os pacientes que têm
d) As informações e a correção gramatical do texto seriam
Aids. 14Seria um portento. É possível que, depois de quatro preservadas, caso, sem que fossem feitas outras alterações, a
meses, o Menino do Acre poderia se candidatar ao Prêmio Nobel conjunção coordenativa “Mas”(referência 11) fosse substituída
de Medicina ou, 15quem sabe, de Literatura – tal o poder de sua pela conjunção aditiva “e”, grafada em letra minúscula, e o ponto
imaginação. Ou seja, se ele terminar os dias escrevendo final que a antecede fosse substituído por vírgula.
autoajuda ou ficção científica, nem Paulo Coelho, o esperto-
expert em tudo, ficará surpreso. (...) e) O uso do ponto e vírgula (;) na referência 9 poderia ser
16 substituído por um ponto final (.) sem prejuízo à compreensão da
O Quase-Adulto do Acre revela: “Alguns livros”, dos 14, “talvez
mereçam permanecer ocultos”. Certos livros deveriam ser ideia, uma vez que separa orações independentes.
qualificados como terrorismo ecológico – um atentado às
Exercício 24
florestas –, então, talvez seja melhor que fiquem ocultos. 17O
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Menino do Acre talvez seja 18a jogada de marketing mais bem Texto 1
urdida dos últimos anos, e 19sem a colaboração de Duda
Mendonça e Washington Olivetto. Há escritores que se queixam, mas escrever só me traz alegria
(...) No final da entrevista, 20tão impressionado quanto um conto
de Borges é impressionante, o bom, o da Argentina, o Menino do Passei dois anos escrevendo o livro que acabo de terminar. 1A
Acre ensina aquilo que nem Marilena Chauí (...) é capaz de tarefa não foi realizada em tempo integral, mas nos momentos
ideologizar: “Por mais que as pessoas não percebam, a partir de livres que ainda me restam.
agora, o conhecimento será mais valorizado. Quanto mais Há escritores que precisam de silêncio, solidão e ambiente
conhecimento você tiver, mais influente será na sociedade”. Ora, o adequado para a prática do ofício. 2Se fosse esperar por essas
que surpreende é que o Menino do Acre parece não ter condições teria demorado 20 anos para publicá-lo, tempo de vida
conhecimento algum, ao menos de maneira consistente e de que não disponho, infelizmente.
sistemática, e, mesmo assim, está se tornando tremendamente Por força da necessidade, aprendi a escrever em qualquer lugar
influente, inclusive concedendo entrevista ao “Fantástico”, da TV em que haja espaço para sentar com o computador.
Por exemplo, nas salas de embarque durante as viagens de bate- angústia inerentes ao processo de criação. Não é o meu caso,
e-volta que sou obrigado a fazer. Consigo me concentrar apesar escrever só me traz alegria.
das vozes esganiçadas que anunciam os voos, os atrasos, as Diante da tela do computador, fico atrás das palavras, encontro
trocas de portões, a ordem nas filas, os nomes dos retardatários. algumas, apago outras, corrijo, leio e releio até sentir que o texto
Os avisos vêm aos berros como se fossem destinados a uma está pronto. Às vezes, ficou melhor do que eu imaginava. Nesse
horda de deficientes auditivos; mal termina um, começa outro. momento sou invadido por uma sensação de felicidade plena que
Suspeito de uma conspiração das companhias aéreas contra a vai e volta por vários dias.
integridade dos tímpanos dos passageiros.
3 Drauzio Varella
Embora com dificuldade, sou capaz de escrever no meio
daqueles idiotas que xingam as secretárias pelo celular, alguns Disponível
dos quais o fazem andando nervosamente de um lado para outro, em:http://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2017/05/18836
4com a intenção declarada de atazanar o maior número possível ha-escritores-que-se-queixam-mas-escrever-so-me-traz-
de circunstantes. alegria.shtml Acesso em 18 de ago 2017.

São executivos de terno que empregam adjetivos fortes:


incompetente, burra, ignorante. Escutei um deles dizer: "Contratei
Texto 2
você para cumprir ordens, se fosse para pensar escolhia outra
pessoa". Nunca os ouvi chegar perto desse tom ao falar com o
Nove manias adotadas por grandes autores mundiais na hora
chefe, ocasiões identificáveis pela voz melosa e submissa.
de escrever
Mal o avião levanta voo, puxo a mesinha e abro o computador.
Estou nas nuvens, às portas do paraíso celestial. O telefone não
Antonio Prata, escritor e colunista da Folha, precisa de silêncio. E
vai tocar, ninguém me cobrará o texto que prometi, a presença na
palestra para a qual fui convidado, os e-mails atrasados, nenhum prefere digitar numa cadeira dobrável, com o notebook no colo.
ser humano me pedirá para apoiar um projeto e não descobrirei Quando viaja, inclusive, despacha o apetrecho nas bagagens. Mas
que me incluíram num grupo de WhatsApp em que os 300 quando o transporte não é possível... “Eu escrevo em qualquer
canto, desde que, sim, haja algum silêncio”.
participantes dão bom dia uns aos outros.
Já escrevi por 13 horas consecutivas num voo de volta da Ásia.
(...)
Num retorno de Salvador, escrevi uma coluna como está sentado
Uma vez começado um livro, o escritor francês Alexandre Dumas,
na primeira fila, ao lado de um bebê com dor de ouvido que
autor de clássicos como “Os Três Mosqueteiros”, trabalhava dia
chorou sem dar um minuto de trégua. Só ficou quietinho, quando
após dia, noite após noite, sem cessar, até ver concluído o
o comandante anunciou que o pouso em Guarulhos fora
trabalho. Também não admitia interrupção, fosse lá de quem
autorizado.
fosse...
Minha carreira de escritor começou com "Estação Carandiru",
publicado quando eu tinha 56 anos. Foi tão grande o prazer de
contar aquelas histórias, que senti ódio de mim mesmo por ter (...)
vivido meio século sem escrever livros.
A dificuldade vinha da timidez e da autocrítica. Para mim, o que Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/07/1795149-no-
eu escrevesse seria fatalmente comparado com Machado de
dia-nacional-do-escritor-conheca-manias-e-costumes-de-
Assis, Gógol, Faulkner, Joyce, Pushkin, Turgenev, Dante Alighieri.
grandes-autores.shtml Acesso em 20 de ago de 2017.
Depois do que disseram esses e outros gênios, que livro valeria a
pena ser escrito?
A resposta encontrei em "On Writing", que reúne entrevistas e
(G1 - ifsul 2018) As vírgulas nos períodos abaixo foram
textos de Ernest Hemingway sobre o ato de escrever. Em
empregadas pelo mesmo motivo, EXCETO em:
conversa com um estudante, Hemingway diz que ao escritor de
nossos tempos cabem duas alternativas: escrever melhor do que a) Consigo me concentrar apesar das vozes esganiçadas que
os grandes mestres já falecidos ou contar histórias que nunca anunciam os voos, os atrasos, as trocas de portões, a ordem nas
foram contadas. filas, os nomes dos retardatários.
De fato, se eu escrevesse melhor do que Machado de Assis,
poderia recriar personagens como Dom Casmurro ou descrever b) São executivos de terno que empregam adjetivos fortes:
com mais poesia o olhar de ressaca de Capitu. incompetente, burra, ignorante.
Restava a outra alternativa: a vida numa cadeia com mais de
7.000 presidiários, na cidade de São Paulo, nas últimas décadas c) O telefone não vai tocar, ninguém me cobrará o texto que
do século 20, não poderia ser descrita por Tchékhov, Homero ou prometi, a presença na palestra para a qual fui convidado, os e-
pelo padre Antonio Vieira. O médico que atendia pacientes no mails atrasados, nenhum ser humano me pedirá para apoiar um
Carandiru havia dez anos era quem reunia as condições para fazê- projeto e não descobrirei que me incluíram num grupo de
lo. WhatsApp em que os 300 participantes dão bom dia uns aos
Seguindo o mesmo critério, publiquei outros livros. Às outros.
cotoveladas, a literatura abriu espaço em minha agenda. Há
escritores talentosos que se queixam dos tormentos e da
d) Num retorno de Salvador, escrevi uma coluna como está gerador de desenvolvimento, saúde e bem-estar − para não
sentado na primeira fila, ao lado de um bebê com dor de ouvido mencionar a vulnerabilidade a que sua fauna e flora ficam
que chorou sem dar um minuto de trégua. expostas.
11
Esse retrato de limitações foi capturado na edição
Exercício 25
recém-lançada da pesquisa Diagnóstico de Uso Público em
(Espm 2017) A reivindicação do massacre na Charlie Hebdo pela
Parques Brasileiros: A Perspectiva da Gestão, produzida pelo
facção da al-Qaeda na Penínsu­la Arábica recoloca em primeiro
Instituto Semeia junto a equipes gestoras de 370 parques de
plano um movimento afastado da mídia pelos sucessos militares
da Organização do Estado Islâmico. todas as regiões, biomas e níveis governamentais do país. 12O
sinal de alerta dessa escassez foi declarado por 67% dos
Le Monde Diplomatique Brasil, 04.02.2016.
respondentes, que afirmaram não contar com subsídios −
humanos e financeiros − necessários para a realização de suas
atividades no parque.
Das afirmações abaixo sobre o uso da vírgu­la, assinale a única
13
correta: Ainda de acordo com a pesquisa, grande parte (49%)
das equipes que administram essas áreas conta somente com até
a) o segmento “pela facção da al-Qaeda na Península Arábica” é
10 funcionários, ao passo que 9% possuem apenas um
um adjunto adnomi­nal e deveria estar entre vírgulas.
colaborador. Na prática, isso quer dizer que, no caso dos parques
nacionais, há um único responsável, em média, por quase 11 mil
hectares − o que equivale a cerca de 11 mil campos de futebol.
b) poderia haver uma vírgula após o sujeito “A reivindicação do 14Já na esfera estadual, seria um funcionário para,
massacre na Charlie Hebdo”.
aproximadamente, 2 mil hectares e, na municipal, um funcionário
para 58 hectares.
c) deveria haver uma vírgula após o objeto direto “um movimento
15
afastado”. Quando o assunto é a gestão financeira desses espaços,
além da escassez de recursos, o cenário é também de falta de
d) deveria haver uma vírgula após a forma verbal “recoloca”. informação: 40% dos respondentes declaram não ter acesso aos
dados orçamentários das unidades em que atuam. Entre os que
e) o segmento “em primeiro plano” é um adjunto adverbial têm acesso a esses números, seja de forma parcial ou total, o
intercalado e poderia estar entre vírgulas. valor médio do orçamento em 2019 para os parques federais foi
de R$ 790 mil, para os municipais, de R$ 800 mil, e os estaduais,
Exercício 26 R$ 9,6 milhões.
(Eear 2017) De acordo com o significado de cada sentença, 16Para se ter uma ideia, oNational Park Service (órgão
marque a opção que apresenta erro em relação à presença ou norte-americano responsável por 421 unidades distribuídas em
ausência da vírgula. 34 milhões de hectares) teve em 2019 um orçamento de USD 2,4
a) Eu que não sou o dono da verdade sei que o senhor está certo. bilhões. No mesmo ano, o orçamento do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi de USD 142,6
milhões (em reais, 791 milhões), para administrar uma área cinco
b) Maria foi a pessoa rara que escolheu a casa dos pais. vezes maior (se considerarmos unidades de conservação
terrestres e marinhas).
17Tudo isso se reflete nas condições de visitação e no uso
c) Meu avô Tobias, que foi meu modelo de pai, faleceu quando eu
era menino. público dos parques brasileiros. 18Mais da metade declara não
contar com infraestrutura básica para receber visitantes − como
d) Dona Jorgina, que dedicou-se inteiramente ao trabalho aos banheiros e estacionamento, por exemplo. E, entre as unidades
outros, era muito respeitada pelos mais novos da família. que receberam visitantes em 2019 (79%), apenas 7% afirmam
contar com uma estrutura que garante plenamente as
Exercício 27
necessidades básicas de visitação, enquanto somente 11%
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
consideram que a manutenção das estruturas está em excelente
No país da biodiversidade, faltam recursos para gerir os nossos
estado.
parques
19
Esses dados evidenciam uma triste contradição: 20se,
1 por um lado, nossos parques possuem belezas naturais únicas,
Quem já visitou 2algum 3parque brasileiro certamente se
equipes altamente qualificadas e experientes, além de um
surpreendeu com 4tamanha exuberância cênica 5desses locais. potencial turístico promissor, por outro, tudo isso se arrefece com
6
Não por acaso, 7nossos parques conservam uma rica a precariedade observada na implementação e manutenção das
biodiversidade − uma das maiores do mundo − cuja atividades de uso público na maioria deles. Basta pensar que, em
excepcionalidade projetou algumas 8dessas áreas ao patamar de 2019, o Brasil foi listado pelo Fórum Econômico Mundial como 2º
patrimônio natural da humanidade. 9Enquanto a natureza nos dá lugar em recursos naturais, mas figura somente na 32ª colocação
do ranking global de competitividade turística.
motivos de sobra para enaltecer nossos parques, 10a realidade de
21
escassez e limitação de recursos para a gestão e manutenção Alcançar um patamar condizente à altura do nosso
dessas áreas tem comprometido grande parte do seu potencial capital natural é mais do que possível. 22Para isso, faz-se
necessário fortalecer os órgãos gestores dessas áreas e avançar
numa agenda mais moderna, empreendedora e sustentável e) F – V – V – F.
voltada à gestão desses espaços. E, nesse sentido, as parcerias e
concessões podem ser uma alternativa possível − já Exercício 28

experimentadas em alguns parques brasileiros


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
internacionalmente reconhecidos como Igraçu e Chapada dos
VIVEMOS O FIM DO MUNDO
Veadeiros, por exemplo − para apoiar as equipes gestoras a
Luis Antônio Giron
potencializar a visitação, o turismo e a conservação. 23Afinal de
contas, quanto mais os brasileiros conhecerem o seu patrimônio
natural, maior será a conscientização sobre o valor e a (...) Bauman é autor do conceito de “modernidade líquida”. 1Com a
necessidade de cuidar dessas áreas. ideia de “liquidez”, ele tenta explicar as mudanças profundas que
a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da
tecnologia da informação. Nesta entrevista, ele fala sobre como a
(HADDAD, Mariana (Coordenadora de Conhecimento do Instituto
vida, a política e os padrões culturais mudaram nos últimos 20
Semeia e responsável pela pesquisa); REZENDE, Aline
anos. As instituições políticas perderam representatividade
(Coordenadora de Comunicação do Instituto Semeia). No país da
porque sofrem com um “déficit perpétuo de poder”. Na cultura, a
biodiversidade, faltam recursos para gerir os nossos parques.
elite abandonou o projeto de incentivar e patrocinar a cultura e as
Publicado em Exame de 27 de abril de 2021. Disponível em:
artes. Segundo ele, hoje é moda, entre os líderes e formadores de
https://exame.com/blog/opiniao/no-pais-da-biodiversidade-
opinião, aceitar todas as manifestações, mas não apoiar nenhuma.
faltam-recursos-para-gerir-os-nossos-parques/. Acesso em 02 de
maio de 2021). Texto adaptado para esta prova. (...)
ÉPOCA – As redes sociais aumentaram sua força na internet
como ferramentas eficazes de mobilização. Como o senhor
analisa o surgimento de uma sociedade em rede?
Bauman – Redes, você sabe, são interligadas, mas também estão
(Upf 2021) Quanto ao emprego da pontuação, analise os casos a
descosturadas e remendadas por meio de conexões e
seguir, identificando-os como verdadeiros (V) ou falsos (F).
desconexões... As redes sociais eram atividades de difícil
implementação entre as comunidades do passado. De algum
( ) No trecho "Quem já visitou algum parque brasileiro
modo, elas continuam assim dentro do mundo off-line. No mundo
certamente se surpreendeu com tamanha exuberância cênica
interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência de
desses locais" (ref. 1), deve-se empregar uma virgula após “Quem
brinquedo de crianças rápidas. Não parece haver esforço na
já visitou algum parque brasileiro [,]” para fins de adequação à
parcela on-line, virtual, de nossa experiência de vida. Hoje,
norma culta da língua portuguesa.
( ) No trecho "Não por acaso, nossos parques conservam uma assistimos à tendência de adaptar nossas interações na vida real
rica biodiversidade − uma das maiores do mundo − cuja (off-line), como se imitássemos o padrão de conforto que
excepcionalidade projetou algumas dessas áreas ao patamar de experimentamos quando estamos no mundo on-line na internet.
ÉPOCA – Os jovens podem mudar e salvar o mundo? Ou nem
patrimônio natural da humanidade" (ref. 6), empregou-se
os jovens podem fazer algo para alterar a história?
travessão duplo para substituir vírgulas e assinalar uma
Bauman – Sou tudo, menos desesperançoso. Confio que os
expressão intercalada.
jovens possam perseguir e consertar o estrago que os mais
( ) No trecho "Quando o assunto é a gestão financeira desses
velhos fizeram. Como e se forem capazes de pôr isso em prática,
espaços, além da escassez de recursos, o cenário é também de
dependerá da imaginação e da determinação deles. Para que se
falta de informação: 40% dos respondentes declaram não ter
acesso aos dados orçamentários das unidades em que atuam" deem uma oportunidade, 2os jovens precisam resistir às pressões
(ref. 15), os dois pontos introduzem uma informação explicativa. da fragmentação e recuperar a consciência da responsabilidade
( ) O que justifica o emprego da vírgula, após a palavra "ideia", compartilhada para o futuro do planeta e seus habitantes. Os
no fragmento "Para se ter uma ideia, o National Park Service jovens precisam trocar o mundo virtual pelo real.
(órgão norte-americano responsável por 421 unidades ÉPOCA – O senhor afirma que as elites adotaram uma atitude
distribuídas em 34 milhões de hectares) teve em 2019 um de máximo de tolerância com o mínimo de seletividade. Qual a
orçamento de USD 2,4 bilhões" (ref. 16) é a necessidade de razão dessa atitude?
separar orações que se caracterizam por enumeração. Bauman – Em relação ao domínio das escolhas culturais, a
resposta é que 3não há mais autoconfiança quanto ao valor
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima intrínseco das ofertas culturais disponíveis. Ao mesmo tempo, as
para baixo, é elites renunciaram às ambições passadas, de empreender uma
missão iluminadora da cultura. A elite deixou de ser o mecenas
a) V – V – V – F.
da cultura. 4Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela
b) V – F – V – F. capacidade de devorar tudo.
(...)
c) F – V – F – V. ÉPOCA – Como diz o crítico George Steiner, os produtos
culturais hoje visam ao máximo impacto e à obsolescência
d) F – V – V – V.
instantânea. Há uma saída para salvar a arte como uma indispensáveis a todos os atos da fala, sejam eles presente,
experiência humana importante? passados ou futuros.
Bauman – Bem, 5esses produtos se comportam como o resto do Porém, é a atividade semântica que intermedeia a conexão
mercado. Voltam-se para as vendas de produtos na sociedade dos seres humanos com o mundo dos objetos, estabelecendo a
dos consumidores. Uma vez que a busca pelo lucro continua a ser relação entre o EU e o Universo, e, junto com a alteridade (relação
o motor mais importante da economia, há pouca oportunidade do EU com o Outro, de caráter interlocutivo), permite a
para que os objetos de arte cessem de obedecer à sentença de identificação da linguagem como tal, pois a linguagem existe não
Steiner... apenas para significar, mas significar alguma coisa para o outro.
(...) A semanticidade possibilita o indivíduo conceber e revelar
as coisas pertencentes ao mundo do real e da imaginação. Logo, é
Revista Época nº 819, 10 de fevereiro de 2014, p. 68-70. ao mesmo tempo significação, modo de conceber, ou melhor, uma
configuração linguística de conhecimento, uma organização verbal
do pensamento, e designação ou referência, aplicação dos
conceitos às coisas extralinguísticas. [...].
(G1 - epcar (Cpcar) 2018) Assinale a opção cuja análise da No processo de leitura do texto, para que o leitor se
pontuação NÃO está de acordo com a regra gramatical da Língua aproprie desse(s) sentido(s), é necessário que ele domine não
Portuguesa. apenas o código linguístico, mas também compartilhe bagagem
cultural, vivências, experiências, valores, correlacione os
a) “Não parece haver esforço na parcela on-line, virtual, de nossa
conhecimentos construídos anteriormente (de gênero e de
experiência de vida.” – separar termos de função sintática
mundo, entre outros) com as novas informações expressas no
semelhante.
texto; faça inferências e comparações; compreenda que o texto
não é uma estrutura fechada, acabada, pronta; perceba as
b) “No mundo interligado, porém, as interações sociais ganharam
significações, as intencionalidades, os dialogismos, o não dito, os
a aparência de brinquedo de crianças rápidas.” – Indicar a
silêncios.
omissão de um termo.
Em resumo, é fundamental que, por meio de uma série de
contribuições, o interlocutor colabore para a construção do
c) “Como e se forem capazes de pôr isso em prática, dependerá
conhecimento. Assim, ler não significa traduzir um sentido já
da imaginação e da determinação deles.” – Isolar orações
considerado pronto, mas interagir com o outro (o autor),
adverbiais deslocadas.
aceitando, ou não, os propósitos do interlocutor.

d) “Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela


Profª Marina Cezar – Revista Villegagnon. Ano IV. Nº 4. 2009 –
capacidade de devorar tudo”. – Isolar adjunto adverbial.
Texto adaptado.
Exercício 29
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões). (Esc. Naval 2017) Tendo em vista o título do texto ­– “Leitura -
leituras: quando ler (bem) é preciso” – assinale a opção que
Leitura - leituras: quando ler (bem) é preciso justifica corretamente o emprego dos parênteses, segunda
intenção expressiva da autora.
“[...] Alguns leitores ao lerem estas frases (poesia citada) não a) Isola as orações intercaladas com verbos.
compreenderam logo. Creio mesmo é impossível compreender
inteiramente à primeira leitura pensamentos assim b) Faz uma indicação bibliográfica sucinta.
esquematizados sem uma certa prática.”
Mário de Andrade – Artista c) Indica a citação literal de uma palavra importante.

d) Acrescenta um comentário implícito sobre a ideia da autora.


“Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila, e) Sugere um tom mais emotivo às reflexões da autora, no texto.
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina Exercício 30
Que entra luz nesta escurez.” TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
DE ONDE VEM A EXPRESSÃO “SERÁ O BENEDITO”?
Mário de Andrade – Lundu do escritor difícil
De Minas, uai.
Em 1933, Getúlio Vargas estava indicando novos governadores, e
No eterno criar e recriar da atividade verbal, a criatividade, chefes políticos mineiros temiam que o presidente nomeasse
a semanticidade, a intersubjetividade, a materialidade e a alguém indesejado.
historicidade são propriedades essenciais da linguagem, Para não desagradar seus apoiadores, dizia-se que o escolhido de
Getúlio seria Benedito Valadares, jornalista, político local e
candidato neutro. Muitos, surpresos com a provável escolha, que “Elaboramos uma lista de comportamentos corporais favoráveis
acabou acontecendo, perguntavam-se: “Será o Benedito?”. ou não ao contato social para analisar os pacientes, além de fazer
Assim, a questão ficou conhecida por expressar contrariedade, as perguntas padrão”, relata a pesquisadora e psicóloga Juliana
surpresa, desalento e perplexidade frente a acontecimentos Teixeira Fiquer, que realizou seu pós-doutorado com o estudo.
inusitados. “Sinais como inclinar o corpo para frente na direção do
entrevistador, ou encolher os ombros, fazer movimentos
MARQUES, E. De onde vem a expressão “Será o Benedito?”. afirmativos ou negativos com a cabeça, fazer contato ocular ou
Disponível em: <http://super.abril.com.br/blog/oraculo/de-onde- não, rir ou chorar são alguns dos 22 comportamentos que
vem-a-expressao-sera-o-benedito/>. Acesso em: 09 maio 2017. selecionamos”, exemplifica.

Disponível em:
<http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2016/04/alem-das-
(G1 - ifpe 2017) Das alternativas abaixo, marque a única que palavras>. Acesso em: 6/4/2016.
justifica corretamente o uso da pontuação nos períodos do texto.

a) No período “Muitos, surpresos com a provável escolha, que


A construção e manutenção de sentido do texto dependem, entre
acabou acontecendo, perguntavam-se: ‘Será o Benedito?’.”, a
outras características, do emprego da pontuação. A respeito da
oração destacada é subordinada adjetiva restritiva, por isso as
pontuação empregada no texto que revela o estudo para
vírgulas são obrigatórias.
diagnóstico de depressão, é correta a análise feita em:

b) Em “Para não desagradar seus apoiadores, dizia-se que o a) Caso o último período do 2º parágrafo fosse reescrito
escolhido de Getúlio seria Benedito Valadares”, a vírgula que invertendo-se a ordem das orações, ele prescindiria da vírgula e
separa as orações é facultativa, pois a oração destacada é ficaria assim: “Para análise objetiva do comportamento dos
adverbial e foi deslocada para o início do período. pacientes as entrevistas também foram filmadas”.

c) No trecho “Muitos, surpresos com a provável escolha”, a b) Caso o 1º período do texto fosse reescrito da seguinte maneira:
palavra destacada está isolada pela vírgula porque é um advérbio “Apenas uma parte das informações é verbalizada pelos
de intensidade deslocado para o início do período. pacientes, no consultório psiquiátrico”, a vírgula seria mantida
para isolar o adjunto adverbial deslocado.
d) No trecho “Em 1933, Getúlio Vargas estava indicando novos
governadores”, usa-se a vírgula para isolar “Em 1933” por ser c) Os dois-pontos empregados no 2º período do 1º parágrafo são
uma expressão adverbial de tempo, em início de frase. facultativos e não haveria alteração sintática caso esse sinal de
pontuação fosse omitido.
e) Em “perguntavam-se: ‘Será o Benedito?’”, os dois pontos d) As orações “que elaboraram um checklist de posturas” (1º
podem ser substituídos pelo travessão, pois antecedem o parágrafo) e “que realizou seu pós-doutorado com o estudo” (3º
discurso direto. parágrafo) são subordinadas adjetivas explicativas, caracterizadas
pela vírgula antecedendo o pronome relativo.
Exercício 31
e) A vírgula empregada antes do vocábulo “ambos” no 1º período
(Fac. Pequeno Príncipe - Medici 2016) Leia o texto a seguir:
do 2º parágrafo marca a elipse de sujeito da oração e não poderia
ser substituída por outro sinal de pontuação.
Além das palavras
Exercício 32
No consultório psiquiátrico, apenas uma parte das informações é TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
verbalizada pelos pacientes. Outra tem a ver com o olhar do Adiante seguiu a Justiça
médico: uma avaliação de gestos, posturas e outros sinais que Maria Berenice Dias
podem ajudar a compreender o estado de saúde mental em que Durante séculos, ninguém 1titubeava em responder: família, só
uma pessoa se encontra. Uma proposta de sistematização desse
tem uma – a 2constituída pelos sagrados laços do matrimônio.
‘olho clínico’ foi apresentada por pesquisadores do Instituto de
Aos noivos era imposta a obrigação de se multiplicarem até a
Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), que elaboraram
morte, mesmo na tristeza, na pobreza e na doença. Tanto que se
um checklist de posturas, gestos e expressões típicos de
falava em débito conjugal.
pacientes com depressão.
Esse modelito se manteve, ao menos na 3aparência, 4_____
O estudo foi realizado no Hospital das Clínicas e no Hospital
expensas da integridade física e psíquica das mulheres, que se
Universitário, ambos ligados à USP, sob a supervisão da
mantinham dentro de casamentos 5esfacelados, pois assim exigia
farmacologista Clarice Gorenstein. Em vez de seguirem apenas o
a sociedade. Tanto que o casamento era indissolúvel. As pessoas
protocolo corrente de diagnóstico de depressão, baseado em
perguntas e respostas, avaliadores preencheram um formulário até podiam se desquitar6, mas não podiam se casar de novo.
detalhado sobre as expressões faciais e corporais dos pacientes Caso encontrassem um par, 7tornavam-se 8concubinos e alvos de
durante entrevistas clínicas. As entrevistas também foram punições.
filmadas, para análise objetiva do comportamento dos pacientes.
As mudanças foram muitas: vagarosas, mas significativas. As
causas9, incontáveis. No entanto, o resultado foi um 10só. O (Imed 2016) Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao uso
conceito de família mudou, se esgarçou. O casamento perdeu a de vírgulas no texto.
sacralidade e permanecer dentro dele deixou de ser uma a) A vírgula da referência 6 separa uma oração adverbial
imposição social e uma obrigação legal. concessiva.
Veio o 11divórcio. Antes, porém, o 12purgatório da separação, que
exigia que se identificassem causas, 13punindo-se os culpados. A b) A vírgula da referência 9 indica a elipse de um termo.
liberdade total de casar e descasar chegou somente no ano de
2006. c) A vírgula da referência 18 separa orações coordenadas.
A lei regulamentava exclusivamente o casamento. Punia com o d) As vírgulas das referências 19 e 20 isolam uma expressão
silêncio toda e qualquer modalidade de estruturas familiares que explicativa.
se afastasse do modelo “oficial”.
E foi assumindo a responsabilidade de julgar que os 14juízes e) As vírgulas das referências 21 e 22 separam uma oração
começaram a alargar o conceito de família. As mudanças adjetiva reduzida de particípio.

chegaram 15_____ Constituição Federal, que enlaçou no conceito Exercício 33


de família, outorgando-lhes especial proteção, outras estruturas TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de convívio. Além do casamento, trouxe, de forma exemplificativa, Leia o texto para responder à(s) questão(ões).
a união estável entre um homem e uma mulher e a chamada
família parental: um dos pais e seus filhos. Crônica parafraseada de uma Síria em guerra
Adiante ainda seguiu a Justiça. Reconheceu que o rol
constitucional não é exaustivo, e continuou a reconhecer como Ela abre os olhos. Não fosse o cheiro horrível de morte, o silêncio
família outras estruturas familiares. Assim as famílias
seria até agradável, mas o olfato a lembra que não há paz 1– nem
anaparentais, constituídas somente pelos filhos, sem a presença
pessoas, vizinhos, crianças. A trégua na manhãzinha não traz
dos pais; as famílias parentais, decorrentes do convívio de
esperança. Tão somente lhe permite descansar o corpo, mas não
pessoas com vínculo de parentesco; bem como as famílias
a mente. As lembranças da noite anterior ainda produzem
homoafetivas, que são as formadas por pessoas do mesmo sexo.
sobressaltos. Bombas, casas caindo e soldados gritando.
O reconhecimento da homoafetividade como união estável foi
Levanta-se, bebe o pouco da água que restou do copo ao lado da
levado 16_____ efeito pelo Supremo Tribunal Federal no ano de cama. Já não é tão limpa, nem farta como antes. Sempre um
2011, em decisão unânime e histórica. Agora esta é a realidade:
17 gosto amargo misturado com
homossexuais casam18, têm filhos19, ou seja20, podem
Abre a geladeira, e só encontra comida enlatada e congelada. E
constituir família.
mesmo não tão congelada assim, já que os cortes diários de
Ativismo judicial? Não, interpretação da Carta Constitucional
eletricidade derretem as camadas de gelo.
segundo um punhado de princípios fundamentais. É a Justiça
Os sobrinhos ainda dormem, e ela tenta orar. Não consegue. A
cumprindo o seu papel de fazer justiça, mesmo diante da lacuna
mente desconcentra-se facilmente. Em uma prece fragmentada,
legal.
pede a Deus descanso e trégua. E faz a oração sem pensar muito.
Da inércia, passou o Legislativo21, dominado por autointitulados
Não precisa; é a mesma oração das últimas semanas.
profetas religiosos22, a reagir.
Ela não quer sair de casa. Não é teimosia, é falta de opção. 2“Para
Não foi outro o intuito do Estatuto da Família, que acaba de ser
onde ir?”, pergunta, com uma voz desesperançosa. Está tão
aprovado pela comissão especial na Câmara dos Deputados (PL
confusa que não consegue imaginar saídas.
6.583/2013). 23Tentar limitar o conceito de família à união entre Nem a piedade de enterrar os mortos o governo permite.
um homem e uma mulher, além de 24afrontar todos os princípios Cadáveres estão espalhados pelas ruas. As forças de Assad
fundantes do Estado, impõe um retrocesso social que irá retirar 3impediram de sepultar ou mesmo remover os restos mortais. Ou
direitos de todos aqueles que não se encaixam neste conceito seja, mesmo viva, ela não tem como fugir da morte escancarada
limitante e limitado. diante de seus olhos. Não é fácil acreditar na vida, quando a
Mas 25_____ mais. Proceder ao cadastramento das entidades realidade grita o contrário.
familiares e criar Conselhos da Família é das formas mais Se não podem sepultar os mortos, os sobreviventes tentam ao
perversas de excluir direito à saúde, à assistência psicossocial, à menos ajudar a curar as feridas dos machucados. Não podem
segurança pública, que são asseguradas somente às entidades levá-los aos hospitais da cidade, já que há um medo generalizado
familiares reconhecidas como tal. Limitar acesso à Defensoria de que o governo prenda os feridos como se fossem prisioneiros
Pública e à tramitação prioritária dos processos à entidade de guerra. Resta improvisar atendimento nos campos. Não
familiar definida na lei, às claras tem caráter punitivo. bastasse a precariedade do atendimento, não há medicamentos
O conceito de família mudou. E onde procurar a sua definição suficientes.
atual? Talvez na frase piegas de Saint-Exupéry: na Rebeca, de 32 anos, é trabalhadora autônoma. Ou melhor, 4era.
responsabilidade decorrente do afeto. Agora já não sabe mais o que é e o que faz em sua cidade
Damasco, capital da Síria.
(Fonte: Zero Hora, Caderno PrOA, 27-09-2015 – Adaptação)
Crônica parafraseada do depoimento de uma moradora da capital e as mãos de minha mãe sobre o meu sonho,
da Síria (identificada apenas pela letra “R”) ao jornal Folha de São e as estampas de meu catecismo
Paulo, de quarta-feira, dia 25. A Síria está em revolta há 16 para o meu sonho de ave!
meses contra a ditadura de Bashar al-Assad. Nos últimos dias, o E isso tudo tão longe... tão longe...
confronto contra os rebeldes se acirrou e as mortes aumentaram.
(LIMA, Jorge de. Poemas. Rio; São Paulo: Record, 2004, p. 39)
Disponível em:
<http://ultimato.com.br/sites/fatosecorrelatos/2012/07/26/cronica-
parafraseada-de-uma-siria-em-guerra/> Acesso em: 14 set. (G1 - ifal 2016) Quanto à pontuação no poema, indique a única
2015. alternativa correta.

a) As reticências reforçam no texto o caráter seletivo, parcial e


vacilante da memória, bem como imprimem no poema um tom
ainda mais saudosista e polissêmico.
(G1 - ifsul 2016) Sobre os sinais de pontuação, são feitas as
seguintes afirmações:
b) As aspas que se põem antes e depois de algumas frases
marcam a fala da mãe.
I. As aspas, em “Para onde ir?” (ref. 2), poderiam ser substituídas
por um único travessão, o qual antecederia essa frase.
c) As vírgulas presentes nos versos de dois a quatro servem para
II. O travessão, em “– nem pessoas, vizinhos, crianças.” (ref. 1),
separar orações coordenadas.
poderia ser substituído por ponto e vírgula, sem causar prejuízo
gramatical e semântico.
d) A julgar pelo que ensina a gramática, no excerto “Cheia de
III. A vírgula, em “Os sobrinhos ainda dormem, e ela tenta orar.”,
graça, o Senhor é convosco” a vírgula é opcional.
foi usada para separar orações coordenadas, com sujeitos
diferentes, unidas pela conjunção “e”.
e) Embora as exclamações que aparecem no texto não se
IV. A vírgula, em “Agora já não sabe mais o que é e o que faz em
vinculem à emoção do eu lírico, elas denunciam seu estado de
sua cidade Damasco, capital da Síria.”, separa um vocativo.
espírito enquanto recorda o passado.

Estão corretas as afirmativas Exercício 35


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
a) I, II, III e IV.
O amigo da casa

b) I e III apenas.
A própria menina se prende muito a 1ele, que ainda lhe
c) II e III apenas. trouxe a última boneca, embora agora ela se ponha mocinha:
encolhe-se na poltrona da sala sob a luz do abajur e lê a revista
d) I e IV apenas. de quadrinhos. 2Ele é alemão como o dono da casa. Tem
apartamento no hotel da praia e joga tênis no clube, saltando
Exercício 34 com energia para dentro do campo, a raquete na mão. Assiste às
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: partidas girando no copo de uísque os cubos de gelo. É o amigo
Leia este texto e responda à(s) questão(ões) a seguir. da casa. Depois do jantar, passeia com a mãe da menina pelo
caminho de pedra do jardim: as duas cabeças – a loira e a preta
Oração de cabelos aparados – vão e vêm, a dele já com entradas da
calva. 3Ele chupa o cachimbo de fumo cheiroso, que o moço de
– “Ave Maria cheia de graça...”
bordo vai deixar no escritório.
A tarde era tão bela, a vida era tão pura,
as mãos de minha mãe eram tão doces, O dono da casa é Seu Feldmann. 4Dirige o seu pequeno
havia lá, no azul, um crepúsculo de ouro... lá longe... automóvel e é muito delicado. Cumprimenta sempre todos os
– “Cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita! vizinhos, até mesmo os mais canalhas como Seu Deca, fiscal da
Bendita!” Alfândega.
Seu Feldmann cumprimenta. Bate com a cabeça. Compra
Os outros meninos, minha irmã, meus irmãos menores meus marcos a bordo e no banco para a 5sua viagem regular à
brinquedos, a casaria branca de minha Alemanha. Viaja em companhia do comandante do cargueiro, em
terra, a burrinha do vigário pastando camarote especial. Então respira o ar marítimo no alto do convés,
junto à capela... lá longe... os braços muito brancos e descarnados, na camisa leve de
mangas curtas.
Ave cheia de graça A fortuna de origem é da mulher: as velhas casas no
– “bendita sois entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso centro da cidade, os antigos armazéns, 6o sítio da serra, de onde
ventre...” ela desce aos domingos em companhia 7do 8outro, que é o amigo
da casa, e da menina.
E as mãos do sono sobre meus olhos,
9Saem os dois à noite e 10ele para o seu próprio

automóvel sob os coqueiros na praia. 11Decerto brigaram mais


uma vez, porque ela volta para casa de olhos vermelhos, Considere as seguintes afirmativas:

enrolando 12nos dedos o lencinho bordado. Recolhe-se a seu


I. As vírgulas empregadas diante das orações “que tiveram um
quarto (ela e seu Feldmann dormem em quartos separados). Trila
chip instalado no uniforme” (ref. 1) e “que viram despencar os
o apito do guarda. 13Os faróis do automóvel na rua pincelam de índices de evasão escolar” (ref. 2) sinalizam a introdução de
luz as paredes, tiram reflexo do espelho. 14Ela permanece insone: informações suplementares que envolvem, respectivamente, os
o vidro de sua janela é um retângulo de luz na noite. alunos e educadores das escolas da rede municipal da cidade de
Vitória da Conquista.
(Moreira Campos. In Obra Completa – contos II. 1969. p. 120-122. II. O uso de “Embora” (ref. 3) indica que o vínculo causal entre as
Originalmente publicado na obra O puxador de terço. Texto proposições é negado, uma vez que a polêmica sobre o uso da
adaptado.) tecnologia para controle da frequência de estudantes não impede
a satisfação de pais, alunos e educadores no contexto das escolas
da rede municipal de Vitória da Conquista.
(Uece 2015) Atente ao trecho recortado do conto e marque a III. Os travessões, na referência 4, ao colocarem em evidência um
opção correta: “A fortuna de origem é da mulher: as velhas casas sentimento de pais, alunos e educadores, funcionam como
no centro da cidade, os antigos armazéns, o sítio da serra, de recurso linguístico na constituição do argumento em favor do uso
onde ela desce aos domingos em companhia do outro, que é o da tecnologia nas escolas do país.
amigo da casa, e da menina” (4º parágrafo).

a) Reescrito da seguinte maneira, isto é, eliminando-se a vírgula Está(ão) correta(s)


que vem depois do vocábulo “casa”, o trecho não teria o mesmo a) apenas I.
sentido: A fortuna de origem é da mulher: as velhas casas no
centro da cidade, os antigos armazéns, o sítio da serra, de onde b) apenas II.
ela desce aos domingos em companhia do outro, que é o amigo
da casa e da menina. c) apenas I e II.

b) As duas orações seguintes: “de onde ela desce aos domingos d) apenas III.
em companhia do outro” e “Que é o amigo da casa, e da menina”
restringem o sentido de “o sítio da serra” e de “o outro”. e) I, II e III.

c) O enunciado “A fortuna de origem é da mulher” tem o mesmo Exercício 37


significado e as mesmas conotações deste outro enunciado: A TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
origem da fortuna é a mulher. O pobre é pop. A periferia é o centro do mundo. E a música
popular brasileira nunca mereceu tanto ser chamada assim —
d) Incorreria em erro (pelos parâmetros da Gramática Normativa) embora esteja cada vez mais distante 1de um certo totem
a pessoa que pusesse uma vírgula depois de “domingos”, em “o conhecido como MPB.
sítio da serra, de onde ela desce aos domingos, em companhia do A expansão da classe média tem impacto evidente sobre os
outro”. padrões de consumo no Brasil, inclusive cultural. Mas o
protagonismo das classes C, D e E nos novos fluxos de produção
Exercício 36 e circulação de música não é efeito colateral de um aumento da
(Ufsm 2014) Leia o texto a seguir para responder à questão. renda familiar, simplesmente.
A periferia (cultural, social ou econômica) do Brasil cansou 2de
Há diversas maneiras de fazer uso das mídias em ambiente
esperar o seu lugar ao sol. E tomou pra si o direito de dizer e fazer
escolar. O controle da frequência dos estudantes por meio de
o que quer, do jeito que pode, sabe e gosta.
chips, por exemplo, já bastante comum nas escolas, pode ter no
É uma mudança de paradigmas. Um processo cumulativo, iniciado
celular um grande aliado. Foi o que fez a Secretaria Municipal de
ainda nos idos dos anos 90 [do século passado], que se acentua e
Educação de Vitória da Conquista, município a aproximadamente
ganha relevo, sobretudo na última década. Uma força irrefreável,
500km de Salvador, BA. Por meio de mensagens de celular, as
que arde em fogo brando. Ainda que só deixe a sombra da
escolas da rede municipal da cidade passaram a comunicar aos
invisibilidade 3(para ocupar espaços de validação pública, como já
pais o horário de chegada e saída dos alunos, 1que tiveram um
foi a dita grande mídia) quando o caldo já ferve há tanto, 6que só
chip instalado no uniforme. 3Embora esse tipo de controle seja
lhe resta entrar em erupção. Por seus próprios méritos. E, não
polêmico, a iniciativa agradou tanto a pais e alunos 4– que se raro, seus próprios meios.
sentiram mais seguros – quanto a educadores, 2que viram Foi o que se deu, em boa medida, com fenômenos da “periferia do
despencar os índices de evasão escolar. bom gosto” como o sertanejo (no Brasil Central), o axé (na Bahia),
o rap (em São Paulo), o funk carioca (no Rio de Janeiro), o pagode
TRIGO, Ilda. “Pensar em rede: a escola e a Internet participativa”. (em São Paulo), o forró (no Ceará) e, mais recentemente, o
Educatrix, out. 2012, p. 37. (adaptado) tecnobrega (no Pará).
Em comum, uma música de “gosto duvidoso”, 4que geralmente em letra de forma, e como duvidar de afirmação impressa? Eu,
destoa da chamada “linha evolutiva da MPB”. E que, na sua pelo menos, não costumo discutir, muito menos negar, a literatura
incontinência habitual, se alastra pelo país — com ou sem o e o jornalismo. E, como se isso não bastasse, 7várias pessoas
suporte das grandes corporações da indústria fonográfica e da gradas repetiram-me a frase, não deixando sequer margem para
mídia. um erro de revisão a retirar a verdade do poço, a situá-la em
5É a emergência do pobre-star. Que viceja pelos grotões, nos melhor abrigo: paço (“a verdade está no paço real”) ou colo (“a
quatro cantos do país, como sintoma de que as coisas (há verdade se esconde no colo das mulheres belas”), polo (“a
tempos...) já não estão mais tão “sob controle”, como se supõe verdade fugiu para o Polo Norte”) ou povo (“a verdade está com o
que um dia estiveram, do ponto de vista da agenda estética da povo”). Frases, todas elas, parece-me, menos grosseiras, mais
elite cultural. elegantes, sem deixar essa obscura sensação de abandono e frio
O espanto com que o tecnobrega foi recebido no Sudeste, há inerente à palavra “poço”.
pouco mais de um ano, como algo “esquisito”, que “brotou do O meritíssimo dr. Siqueira, juiz aposentado, respeitável e probo
nada”, ilustra bem a crônica da vida na bolha de um mundo cidadão, de lustrosa e erudita careca, explicou-me tratar-se de um
globalizado que, em certos segmentos da sociedade brasileira, lugar-comum, ou seja, coisa tão clara e sabida a ponto de
ainda não voltou o olhar (e a escuta) para além do próprio transformar-se num provérbio, num dito de todo mundo. 19Com
umbigo. sua voz grave, de inapelável sentença, acrescentou curioso
detalhe: 4não só a verdade está no fundo de um poço, mas lá se
VALE, Israel do.Tecnobrega, ditadura da felicidade e a erupção do encontra inteiramente nua, 8sem nenhum véu a cobrir-lhe o
pobre-star. CULT, São Paulo: Bregantini, n. 183, p. 35, set. 2013. corpo, sequer as partes vergonhosas. No fundo do poço e nua.
2
O dr. Alberto Siqueira é o cimo, o ponto culminante da cultura

(Uneb 2014) “É a emergência do pobre-star. Que viceja pelos nesse subúrbio de Periperi onde habitamos. 11É ele quem
grotões, nos quatro cantos do país, como sintoma de que as pronuncia o discurso do Dois de Julho na pequena praça e o de
coisas (há tempos...) já não estão mais tão ‘sob controle’, como se Sete de Setembro no grupo escolar, sem falar noutras datas
supõe que um dia estiveram, do ponto de vista da agenda estética menores e em brindes de aniversário e batizado. 14Ao juiz devo
da elite cultural”. (ref. 7) muito do pouco que sei, a essas conversas noturnas no passeio
de sua casa; devo-lhe respeito e gratidão. Quando ele, com a voz
Quanto ao fragmento em evidência, está correto o que se afirma solene e o gesto preciso, esclarece-me uma dúvida, 10naquele
em momento tudo parece-me claro e fácil, nenhuma objeção me
assalta. Depois que o deixo, porém, e ponho-me a pensar no
a) O vocábulo “emergência”, no contexto em que se encontra,
assunto, vão-se a facilidade e a evidência, como, por exemplo,
significa urgência.
nesse caso da verdade. 20Volta tudo a ser obscuro e difícil, busco
recordar as explicações do meritíssimo e não consigo. Uma
b) A marca linguística “como”, nas duas ocorrências, expressa a trapalhada. Mas, como duvidar da palavra de homem de tanto
mesma ideia. saber, as estantes entulhadas de livros, códigos e tratados? No
entanto, por mais que ele me explique tratar-se apenas de um
c) Um desvio da norma padrão, no que se refere à concordância provérbio popular, muitas vezes encontro-me a pensar nesse
verbal, ocorre na oração “há tempos”. poço, certamente profundo e escuro, onde foi a verdade esconder
sua nudez, deixando-nos na maior das confusões, a discutir a
d) As palavras em negrito, em “já não estão mais”, constituem propósito de um tudo ou de um nada, causando-nos a ruína, o
marcas temporais que expressam, no contexto, uma ideia desespero e a guerra.
6Poço não é poço, fundo de um poço não é o fundo de um poço,
redundante.
na voz do provérbio isso significa que a verdade é difícil de
e) A eliminação do ponto existente após o termo “pobre-star” revelar-se, sua nudez não se exibe na praça pública ao alcance de
provoca alteração de sentido do pensamento exposto, mesmo qualquer mortal. Mas é o nosso dever, de todos nós, procurar a
que se faça o ajuste necessário no contexto. verdade de cada fato, mergulhar na escuridão do poço até
encontrar sua luz divina.
Exercício 38
“Luz divina” é do juiz, como aliás todo o parágrafo anterior. 18Ele
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
é tão culto que fala em tom de discurso, gastando palavras
De como o narrador, com certa experiência anterior e
bonitas, mesmo nas conversas familiares com sua digníssima
agradável, dispõe-se a retirar a verdade do fundo do poço
esposa, dona Ernestina. 15“A verdade é o farol que ilumina minha
vida”, costuma repetir-se o meritíssimo, de dedo em riste, quando,
Minha intenção, minha única intenção, acreditem! é apenas
restabelecer a verdade. A verdade completa, de tal maneira que à noite, 1sob um céu de incontáveis estrelas e pouca luz elétrica,
nenhuma dúvida persista em torno do comandante Vasco conversamos sobre as novidades do mundo e de nosso subúrbio.
Moscoso de Aragão e de suas extraordinárias aventuras. Dona Ernestina, gordíssima, lustrosa de suor e um tanto quanto
3“A verdade está no fundo de um poço”, li certa vez, não me débil mental, concorda balançando a cabeça de elefante. 5Um
lembro mais se num livro ou num artigo de jornal. Em todo caso,
farol de luz poderosa, iluminando longe, eis a verdade do nobre (G1 - ifce 2014) Marque com V o que for verdadeiro e com F o
juiz de direito aposentado. que for falso, em relação às assertivas abaixo acerca do emprego
21Talvez por isso mesmo sua luz não penetre nos escaninhos das vírgulas.
mais próximos, nas ruas de canto, no escondido beco das Três
Borboletas onde se abriga, na discreta meia-sombra de uma ( ) Em “(...) Volta tudo a ser obscuro e difícil, busco recordar as
casinha entre árvores, 16a formosa e risonha mulata Dondoca, explicações do Meritíssimo e não consigo.(...)” – ref. 20 – a vírgula
cujos pais procuraram o meritíssimo quando Zé Canjiquinha foi empregada para isolar orações coordenadas.
desapareceu da circulação, viajando para o sul. ( ) Em “(...) Talvez por isso mesmo sua luz não penetre nos
Passara Dondoca nos peitos, na frase pitoresca do velho Pedro escaninhos mais próximos, nas ruas de canto, no escondido Beco
Torresmo, pai aflito, e largara a menina ali, sem honra e sem das Três Borboletas (...)” – ref. 21 – as vírgulas foram utilizadas,
para separar termos de mesma função sintática coordenados
dinheiro:
entre si.
– 22No miserê, doutor juiz, no miserê...
( ) Em “— No miserê, doutor juiz, no miserê...” – ref. 22 – as
O juiz deitou discurso moral, coisa digna de ouvir-se, prometeu
vírgulas foram utilizadas para isolar o aposto.
providências. E, à vista do tocante quadro da vítima a sorrir entre
lágrimas, afrouxou um dinheirinho, pois, sob o peito duro da
Está correta a seguinte sequência de cima para baixo:
camisa engomada do magistrado, pulsa, por mais difícil que seja
acreditar-se, pulsa um bondoso coração. Prometeu expedir ordem a) V – V – F.
de busca e apreensão do “sórdido dom-juan”, esquecendo-se, no
entusiasmo pela causa da virtude ofendida, de sua condição de
aposentado, sem promotor nem delegado às ordens. Interessaria b) V – F – V.
no caso, igualmente, seus amigos da cidade. O “conquistador
barato” teria a paga merecida... c) F – V – F.
E foi ele próprio, tão cônscio é o dr. Siqueira de suas
responsabilidades de juiz (embora aposentado), dar notícias das d) F – F – F.
providências à família ofendida e pobre, na moradia distante.
Dormia Pedro Torresmo, curando a cachaça da véspera; e) V – V – V.
12
labutava no quintal, lavando roupa, a magra Eufrásia, mãe da
Exercício 39
vítima, e a própria cuidava do fogão. 13Desabrochou um sorriso TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
nos lábios carnudos de Dondoca, tímido mas expressivo, o juiz A MAÇÃ DE OURO
fitou-a austero, tomou-lhe da mão:
– Venho pra repreendê-la... A Apple supera a Microsoft em valor de mercado, premiando o
– Eu não queria. Foi ele... – choramingou a formosa. espírito visionário e libertário de Steve Jobs
– Muito malfeito – segurava-lhe o braço de carne rija.
Desfez-se ela em lágrimas arrependidas e o juiz, para melhor 12
A Microsoft e a Apple vieram ao mundo praticamente ao
repreendê-la e aconselhá-la, sentou-a no colo, acariciou-lhe as
mesmo tempo, em meados dos anos 1970, criadas na garagem
faces, beliscou-lhe os braços. Admirável quadro: a severidade
de jovens estudantes. Mas as empresas não trilharam caminhos
implacável do magistrado temperada pela bondade compreensiva
paralelos. A Microsoft desenvolveu o sistema operacional mais
do homem. Escondeu Dondoca o rosto envergonhado no ombro
popular do mundo e rapidamente se tornou uma das maiores
confortador, seus lábios faziam cócegas inocentes no pescoço
corporações americanas, rivalizando com gigantes da velha
ilustre.
indústria. A Apple, ao contrário, demorou a decolar. 14Fazia
Zé Canjiquinha nunca foi encontrado, em compensação Dondoca
ficou, desde aquela bem-sucedida visita sob a proteção da justiça, produtos inovadores, mas que vendiam pouco. 4Isso começou a
anda hoje nos trinques, ganhou a casinha no beco das Três mudar quando Steve Jobs, um de seus fundadores, 6que fora
Borboletas, Pedro Torresmo deixou definitivamente de trabalhar. afastado nos anos 80, assumiu o comando criativo da empresa,
Eis aí uma verdade que o farol do juiz não ilumina, 9foi-me em 1996. 11A Apple estava à beira da falência e só ganhou
necessário mergulhar no poço para buscá-la. Aliás, para tudo sobrevida porque recebeu um 10aporte de 150 milhões de
contar, a inteira verdade, devo acrescentar ter sido agradável, dólares de Microsoft. Jobs iniciou o lançamento de produtos
deleitoso mergulho, pois 17no fundo desse poço estava o colchão 8genuinamente revolucionários nas áreas que mais crescem na

de lã de barriguda do leito de Dondoca onde ela me conta – indústria de tecnologia. Primeiro com o iPod e a loja virtual
depois que abandono, por volta das dez da noite, a prosa erudita iTunes. Depois vieram o iPhone e, agora, o iPad. Desde o início de
do meritíssimo e de sua volumosa consorte – divertidas 2005, o preço das ações da empresa foi multiplicado por oito. 3Na
intimidades do preclaro magistrado, infelizmente impróprias para
semana passada, a Apple alcançou o cume. 15Tornou-se a
letra de fôrma.
companhia de tecnologia mais valiosa do mundo, superando a
Microsoft. 13Na sexta-feira, a empresa de Jobs tinha valor de
AMADO, Jorge. Os velhos marinheiros: duas histórias do cais da
mercado de 233 bilhões de dólares, contra 226 bilhões de
Bahia. 23.ed. São Paulo: Martins, s.d., p.p. 71-73
dólares da companhia de Bill Gates.
2
A Marca, para além da disputa pessoal entre os 7maiores gênios b) Como são formas nominais dos verbos, os gerúndios
da nova economia, coroa a estratégia definida por Jobs. Quando “chorando” e “rindo”, no texto, classificam-se como adjetivos.
ele retornou à Apple, tamanha era a descrença no futuro da
empresa que Michael Dell, fundador da Dell, afirmou que o c) Por ter a função sintática de aposto, a expressão “meu rico
melhor a fazer era fechar as portas e devolver o dinheiro a 5seus senhor” vem isolada por vírgula.

acionistas. Hoje, a Dell vale um décimo da Apple. 1O mérito de


d) Em: “faz-se”, o “se” é partícula apassivadora e o sujeito do
Jobs foi ter a 9presciência do rumo que o mercado tomaria. verbo é “o equilíbrio da vida”.

BARRUCHO, Luís Guilherme & TSUBOI, Larissa. A maçã de ouro. e) A vírgula antes de “e”, no segundo período do texto, justifica-se
In: Revista Veja, 02 de jun. 2010, p.187. Adaptado. porque a oração iniciada por essa conjunção apresenta sujeito
diferente das demais orações do período.

(Epcar (Afa) 2013) Assinale a alternativa em que o uso da vírgula Exercício 41


se dá pela mesma razão da que se percebe no trecho abaixo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia os títulos e subtítulos a seguir.
“A Microsoft e a Apple vieram ao mundo praticamente ao mesmo
tempo, em meados dos anos 1970, criadas na garagem de jovens TEXTO I
estudantes.” (ref. 12)
Energias renováveis: o vento tem a resposta
a) “A Marca, para além da disputa pessoal entre os maiores
As usinas eólicas são as que mais crescem no mundo –
gênios da economia, coroa a estratégia definida por Jobs.” (ref. 2) mas falta ainda torná-las baratas.
No Brasil, o potencial é de dez Itaipus.

b) “Na sexta-feira, a empresa de Jobs tinha valor de mercado de Revista Veja. 30 dez. 2009
233 bilhões de dólares, contra 226 bilhões de dólares...” (ref. 13)
TEXTO II
c) “... Fazia produtos inovadores, mas que vendiam pouco.” (ref.
14) Propaganda: vende-se mobilização
Chocar com anúncios vale para divulgar uma marca, mas
d) “Tornou-se a companhia de tecnologia mais valiosa do mundo, serve também de ativismo em nome das boas causas
superando a Microsoft.” (ref. 15) ambientais.

Exercício 40 Revista Veja. 30 dez. 2009


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
“Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor;
é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo
cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços
e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade (G1 - ifal 2012) Assinale a alternativa em que o emprego da
necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.” vírgula, em: “No Brasil, o potencial é de dez Itaipus” (1º subtítulo),
está corretamente justificado.
(BAGNO, Marcos. Quincas Borba, in: Machado de Assis para a) Usou-se a vírgula para separar orações de um período.
Principiantes. São Paulo: Ed. Ática, 1998.)

b) Usou-se a vírgula para isolar um aposto.


(G1 - ifal 2012) Dentre as questões gramaticais seguintes, acerca
desse texto, só uma afirmativa está errada. Qual? c) Empregou-se a vírgula porque há termos com a mesma função
a) O trecho: “Tudo chorando seria monótono, tudo rindo sintática.
cansativo;” ficaria corretamente pontuado da seguinte forma:
“Tudo chorando seria monótono; tudo rindo, cansativo;”, pois o d) Empregou-se a vírgula para separar um adjunto adverbial
primeiro ponto-e-vírgula separa orações coordenadas e a vírgula deslocado.
marca a omissão do verbo “seria”.
e) Usou-se a vírgula para assinalar a interrupção de um
seguimento natural das ideias.
GABARITO
declarações que teriam comprometido sua autoridade nas
Exercício 1 negociações de Doha.
a) Enquanto que para o jovem poeta a transitoriedade do belo
desvalorizava a fruição do momento vivido, ou seja, de tudo o b) Sim, pois, da maneira como o título foi apresentado,
que ele ama e admira, para Freud isso implicava em maior entende-se uma exortação para que Celso Amorim peça para
valorização, já que a beleza e a perfeição apenas adquirem sair - das negociações de Doha ou do Ministério. Sem usar a
significado pelas emoções que suscitam momentaneamente vírgula, o verbo deixaria de estar no imperativo (pede, segunda
em cada um, sem necessidade, portanto, de duração absoluta. pessoa do singular) e passaria a ser uma forma do presente do
indicativo (terceira pessoa do singular); Amorim, por sua vez,
b) Na oração “a outra, à rebelião contra o fato constatado”, a deixaria de ser um vocativo e passaria a sujeito de pede.
vírgula indica a elipse do termo verbal “conduz”, expresso no Assim, a frase deixaria de ser exortativa e passaria a ser
segmento anterior: “Uma conduz ao doloroso cansaço do declarativa.
mundo mostrado pelo jovem poeta”.
Exercício 6
Exercício 2 (2) - (1) - (1) - (5) - (3) - (4).
O ponto e vírgula é utilizado na segunda resposta de Cristiane
Exercício 7
Tavares para marcar uma separação entre as orações
coordenadas alternativas (sem conjunção) que tratam dos a) A vírgula seria mais adequada que o ponto final, pois não
diferentes lugares do silêncio. ocorre o encerramento do período, visto que a última palavra
da frase limitada pelo ponto (Paraná) é retomada pelo
pronome relativo que.
Exercício 3

a) No 3º parágrafo, ocorre um aposto: a expressão “a primeira b) O "le" da fala do Paraná é uma variante do pronome "lhe".
filha de Antônio e Eulália” explica o termo antecedente
(“Rosa”), daí a obrigatoriedade do emprego da vírgula. c) Gritou, clamou em altos brados.

Exercício 8
b) No 4º parágrafo, o primeiro trecho é formado por um
encadeamento de orações coordenadas, com elementos que a) A primeira interpretação seria: "comida para gato magro". A
indicam o modo pelo qual “o tempo se arrastava”: por segunda seria: "comida magra para gato".
intermédio de uma gradação, “o sol nascia e se sumia”, “a lua
passava por todas as fases” e, de forma mais ampla, “as b) A primeira interpretação não precisa da inclusão de vírgula
estações iam e vinham”. no enunciado. A segunda interpretação, no entanto, seria
Já o segundo trecho é um encadeamento de termos com favorecida pela presença de uma vírgula que separasse o
mesma função sintática, uma série de adjuntos adverbiais. adjunto adnominal: "Comida para gato, com pouca gordura".

Exercício 4 Exercício 9

a) As mensagens do Grupo I apresentam inversão de oração, d) “Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se
ou seja, os predicados antecedem o sujeito, dando destaque à não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para
ação. As do Grupo II, por se apresentarem na ordem direta, espertá-lo [...]”
enfatizam o agente e não a ação em si.

b) Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, os adjuntos Exercício 10

adverbiais intercalados devem ser assinalados por vírgulas. d) “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava
Assim, as manchetes deveriam ser transcritas da seguinte tudo,cautelosamente.
forma:
– Causaram viva apreensão, nos E.U.A., os discos voadores
(Folha da Manhã, 30 de julho de 1952, adaptado) Exercício 11
– MEC divulga, hoje, resultados do Enem por escolas (Zero a) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente a taxa de
Hora, 22 de novembro de 2012, adaptado) desocupação no Brasil.

Exercício 5

a) O título do texto remete ao filme "Tropa de Elite", que foi um Exercício 12


fenômeno de popularidade em 2007. c) ”– Este livro não é para crianças – disse ela; – mas se eu ler
No filme, sempre que o personagem Capitão Nascimento [...]” (ref. 3)
queria tirar do seu grupo um integrante incompetente, gritava:
"Pede pra sair!". Sugere-se, dessa forma, a incompetência do
mencionado ministro, que teria demonstrado inépcia ao fazer Exercício 13
e) O que justifica o uso da vírgula no fragmento "Em situações e) o segmento “em primeiro plano” é um adjunto adverbial
normais, as pessoas estão preocupadas com as atividades intercalado e poderia estar entre vírgulas.
profissionais e domésticas [...]" (ref. 2) é a necessidade de
destacar o vocativo no enunciado. Exercício 26

a) Eu que não sou o dono da verdade sei que o senhor está


Exercício 14
certo.
c) apenas as afirmações I e II.

Exercício 27
Exercício 15
e) F – V – V – F.
b) Joel chute, a bola!
Exercício 28

b) “No mundo interligado, porém, as interações sociais


Exercício 16
ganharam a aparência de brinquedo de crianças rápidas.” –
e) “em décadas passadas, preparava-se para ficar no sofá aos Indicar a omissão de um termo.
60 anos” (6º parágrafo).

Exercício 17 Exercício 29

c) As informações contidas dentro dos parênteses (ref. 7) d) Acrescenta um comentário implícito sobre a ideia da autora.
poderiam ser suprimidas sem prejuízo para o sentido da frase.

Exercício 30
Exercício 18
d) No trecho “Em 1933, Getúlio Vargas estava indicando novos
b) elipse. governadores”, usa-se a vírgula para isolar “Em 1933” por ser
uma expressão adverbial de tempo, em início de frase.

Exercício 19
Exercício 31
d) 3 – 4 – 2 – 1.
d) As orações “que elaboraram um checklist de posturas” (1º
parágrafo) e “que realizou seu pós-doutorado com o estudo”
Exercício 20 (3º parágrafo) são subordinadas adjetivas explicativas,
b) vírgula, dois-pontos e vírgula. caracterizadas pela vírgula antecedendo o pronome relativo.

Exercício 32
Exercício 21
a) A vírgula da referência 6 separa uma oração adverbial
d) Atualmente estou conversando com meu primo, via concessiva.
computador, que está nos Estados Unidos.

Exercício 33
Exercício 22 b) I e III apenas.
b) Colocação de vírgula imediatamente após Felizmente (ref.
7).
Exercício 34

a) As reticências reforçam no texto o caráter seletivo, parcial e


Exercício 23 vacilante da memória, bem como imprimem no poema um tom
e) O uso do ponto e vírgula (;) na referência 9 poderia ser ainda mais saudosista e polissêmico.
substituído por um ponto final (.) sem prejuízo à compreensão
da ideia, uma vez que separa orações independentes.
Exercício 35
Exercício 24
a) Reescrito da seguinte maneira, isto é, eliminando-se a
d) Num retorno de Salvador, escrevi uma coluna como está vírgula que vem depois do vocábulo “casa”, o trecho não teria
sentado na primeira fila, ao lado de um bebê com dor de o mesmo sentido: A fortuna de origem é da mulher: as velhas
ouvido que chorou sem dar um minuto de trégua. casas no centro da cidade, os antigos armazéns, o sítio da
serra, de onde ela desce aos domingos em companhia do
Exercício 25 outro, que é o amigo da casa e da menina.
Exercício 36 Exercício 39

c) apenas I e II. b) “Na sexta-feira, a empresa de Jobs tinha valor de mercado


de 233 bilhões de dólares, contra 226 bilhões de dólares...”
(ref. 13)
Exercício 37
Exercício 40
d) As palavras em negrito, em “já não estão mais”, constituem
marcas temporais que expressam, no contexto, uma ideia c) Por ter a função sintática de aposto, a expressão “meu rico
redundante. senhor” vem isolada por vírgula.

Exercício 38 Exercício 41

a) V – V – F. d) Empregou-se a vírgula para separar um adjunto adverbial


deslocado.
2020 - 2022
LINGUAGEM CULTA E COLOQUIAL
LINGUAGEM CULTA E COLOQUIAL
A língua portuguesa não é uma só: neste módulo vamos conhecer o significado de
"Variação Linguística" e de que maneiras ela aparece no nosso dia a dia e nas provas
de vestibulares.

Este módulo é composto pelas seguintes apostilas:

1. Linguagem Culta e Coloquial


2. Marcas de Coloquialismo
3. Sotaque e Dialeto
4. Variação Linguística
LINGUAGEM
CULTA E COLOQUIAL
O uso da linguagem depende de muitas coisas, inclusive do contexto em que cada
indivíduo está inserido. O objetivo do uso da linguagem é se comunicar, ou seja, se
fazer entender por um interlocutor. Sendo assim, não há certo ou errado no uso da
linguagem, apenas uso adequado e inadequado.

A variação da linguagem de acordo com o contexto é uma das variações mais fáceis de
serem observadas no cotidiano. Você mesmo utiliza a linguagem de maneira diferente,
por exemplo, ao redigir a resposta para uma questão de prova e ao conversar com
seus amigos. Espera-se que na prova seja usada a linguagem culta e com os amigos, a
coloquial.

A linguagem culta é aquela em que são observadas e obedecidas as regras gramaticais.


Ela é usada em situações formais e em documentos (lembre-se de que uma prova é um
documento escolar!), bem como no tratamento com autoridades e na redação de textos.
Em geral, presta-se mais atenção à pronúncia das palavras e são evitadas as gírias e
abreviações. A linguagem culta também é chamada de linguagem formal ou padrão.
Observe um exemplo num soneto de Olavo Bilac:

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto


A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

www.biologiatotal.com.br 3
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Linguagem Culta e Coloquial

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

A linguagem coloquial é mais espontânea, e podem ocorrer desvios das regras


gramaticais sem contudo haver prejuízo no entendimento da mensagem. As gírias
podem ser utilizadas, assim como coloquialismos, palavras reduzidas e contraídas (“pra”,
“cê”, “peraí”) e expressões informais para ligar ideias (“tipo”, “tipo assim”, “aí”, “né”).
Também é muito comum o uso de “a gente” no lugar de “nós”. A linguagem coloquial é
utilizada em situações informais, como conversas com amigos no dia a dia, escrita de
bilhetes e comentários nas redes sociais. Veja a seguir um exemplo na quarta estrofe
da música de Luiz Gonzaga:

Quando olhei a terra ardendo


Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação?
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação?

Que braseiro, que fornalha


Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Por farta d'água perdi meu gado


Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa branca


Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

4
Entonce eu disse, adeus Rosinha

Linguagem Culta e Coloquial


Guarda contigo meu coração

Hoje longe, muitas léguas


Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Espero a chuva cair de novo


Pra mim voltar pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos


Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Eu te asseguro não chore não, viu


Que eu voltarei, viu
Meu coração

Lembremos mais uma vez que há apenas uso adequado e inadequado da linguagem
culta ou coloquial, e que uma mesma pessoa transita da linguagem culta para a
coloquial várias vezes ao dia, dependendo do contexto em que se encontra.

ANOTAÇÕES

www.aprovatotal.com.br 5
MARCAS DE COLOQUIALISMO
A linguagem coloquial é usada em situações informais, como conversas e alguns
escritos. Ela é marcada pela não-observância das regras gramaticais, além da presença
de marcas de coloquialismo.

Podemos citar, entre as marcas de coloquialismo:

f Gírias: variam de região para região, bem como de acordo com a época e mesmo
com a idade dos falantes — os adolescentes dificilmente usarão as mesmas gírias
que as pessoas de 30 anos.

f Abreviações / contrações de palavras: para falar com rapidez, é comum


“engolirmos” sílabas e juntarmos palavras — por exemplo, dizendo “peraí” em vez
de “espera aí”.

f Neologismos: muitas vezes, antes de serem adotadas na linguagem culta, palavras


novas popularizam-se na linguagem coloquial. Neologismos estão associados à
necessidade constante da renovação da língua, que é viva e dinâmica.

f Estrangeirismos: palavras de origem estrangeira, sem equivalente na língua


portuguesa, são muitas vezes absorvidas pela língua através do uso cotidiano.
A maioria das palavras relativas ao mundo virtual e digital, por exemplo, vem de
línguas estrangeiras, sobretudo do inglês.

f Marcas de oralidade: transcrição, nos textos, de estruturas usadas na fala, como


verbos sem conjugação correta ou termos informais. Essas marcas imprimem ao texto
uma sensação de diálogo entre amigos, algo que não está de acordo, por exemplo,
com o propósito de um texto dissertativo.

Veja alguns exemplos de marcas de coloquialismo:

Fui no banco ontem (O correto é fui ao banco).

Mas ele não se toca, né? (Uso de gíria e de marca de oralidade)

É pra você ver como a situação está difícil (Uso de contração “pra”).

Corre porque tá chovendo (O correto é“corra” e “está”).

Não vi ele na festa (O correto é “não o vi”).

Me indicou um bom médico (O correto é “indicou-me”)

Só falta isso pra mim voltar para meu sertão (O correto é “pra eu voltar”)

www.biologiatotal.com.br 1
SOTAQUE E DIALETO
Em países de dimensões continentais como o Brasil, é normal que diversos sotaques
estejam presentes. Podem também haver diferentes dialetos dentro de um mesmo
país. Ambos são originados pela mistura de línguas advinda da colonização e imigração
– vale lembrar que, além da colonização portuguesa, o Brasil recebeu imigrantes de
diversos países e também teve influências das línguas indígenas e africanas.

Mas qual a diferença entre sotaque e dialeto?

O dialeto é mais amplo que o sotaque, porém não tão amplo quanto um idioma. Além
disso, o sotaque diz respeito às diferenças de pronúncia, enquanto o dialeto tem a
ver com a estrutura linguística. Um sotaque pode evoluir para um dialeto, que por sua
vez pode evoluir e se tornar um idioma.

Existem diversos sotaques no Brasil, variando de estado para estado e até mesmo dentro
de um estado – comparando-se capital e interior, por exemplo. Dentro dos sotaques
pode haver variação lexical, isto é, algumas palavras que são usadas em uma região não
o são em outras. Os sotaques brasileiros forma mapeados num projeto chamado Atlas
Linguístico do Brasil.

Muitas vezes, os sotaques dão margem para preconceito linguístico, mas devemos nos
lembrar sempre de que não há sotaque melhor que o outro, e que os preconceitos
linguísticos são infundados.

Os dialetos são variações linguísticas diatópicas ou regionais. Há também variações


dependendo da classe social do falante, algo que alguns especialistas chamam de
socioletos, e também da geração ou idade do falante, os chamados dialetos etários. Por
sua vez, os jargões também podem ser chamados de dialetos ocupacionais.

Um dialeto exige, assim como o idioma, registro formal das regras gramaticais. O dialeto
tem suas próprias marcas linguísticas, estrutura semântica, léxico e características
fonológicas, morfológicas e sintáticas. Nem sempre os dialetos têm origem no idioma
oficial do país onde estão, e ficam quase sempre restritos a uma região específica.

Vale lembrar que idioma diz respeito a


uma questão política, sendo a língua oficial
falada em um país. Um país pode possuir
um ou mais idiomas oficiais, além de
múltiplos dialetos e sotaques.

www.biologiatotal.com.br 1
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A variação linguística existe por uma série de fatores, desde geográficos até culturais. Podemos
encontrar variações linguísticas entre pessoas de diferentes países que compartilham uma
língua, de regiões de um mesmo país, de classes sociais e até mesmo variações de expressão
de um mesmo indivíduo, dependendo do contexto em que está inserido.

Os tipos de variação linguística são:

VARIAÇÃO REGIONAL OU GEOGRÁFICA OU DIATÓPICA


Acontece entre países ou entre regiões de um país, e mesmo dentro de um único estado,
quando são contrastados os jeitos de falar e os sotaques da capital e do interior, por
exemplo. As diferenças podem ser de léxico – palavras – ou de fonemas – sons.

Quando, por exemplo, comparamos o português falado em Portugal e o falado no Brasil,


percebemos que em Portugal a língua se aproxima mais da norma culta, enquanto no
Brasil a informalidade prevalece – dependendo também do contexto, claro – e também
há uma grande influência de outras línguas, como línguas indígenas e africanas. A
mesma coisa acontece com o espanhol da Espanha e dos países latino-americanos.

A língua também pode ser considerada, assim, um patrimônio cultural. A colonização


de uma região deixou marcas na língua falada e por vezes até na escrita.

VARIAÇÃO HISTÓRICA OU TEMPORAL OU DIACRÔNICA


Devemos ter em mente que a língua é viva, e se modifica sempre, seja com o abandono
de algumas expressões, seja com mudanças na grafia ou adoção de novos termos. Por
exemplo: antigamente, era mais comum, inclusive em textos escritos, o uso de mesóclises
– do tipo “tê-lo-emos” - e hoje elas estão em desuso. Da mesma maneira, algumas
palavras eram escritas de outra forma e foram modificadas por reformas ortográficas,
por exemplo: as palavras com “ph” passaram a ser escritas com “f” (“biphásico” virou
“bifásico”, para citarmos uma modificação).

VARIAÇÃO SOCIAL OU DIASTRÁTICA


Essa é a variação que tem relação com o grupo social da pessoa que fala ou escreve.
Um exemplo muito comum da variação social é a gíria, usada, aceita e compreendida
somente por alguns grupos sociais. Outro exemplo são os jargões, que são termos
técnicos de determinadas profissões que dificilmente são compreendidos por pessoas
que não têm a profissão em questão. Os termos técnicos usados entre médicos ou entre
médicos e enfermeiros, por exemplo, em geral não são compreendidos pelos pacientes.
O mesmo acontece entre advogados e clientes.

www.aprovatotal.com.br 1
VARIAÇÃO SITUACIONAL OU ESTILÍSTICA OU DIAFÁSICA
Variação Linguística

São variações que acontecem dependendo do contexto, em geral opondo linguagem


formal e informal. Num texto escrito, por exemplo, é mais usada a linguagem formal,
dependendo inclusive de quem será o leitor do texto, enquanto numa conversa a
linguagem informal prevalece.

Vale lembrar que nenhuma variação linguística é melhor do que a outra. Há sempre
razões para estas variações, mas nada faz com que uma variação seja superior à outra.

ANOTAÇÕES

2
Através dos cursos
Português Lista de Exercícios

Exercício 1
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
LADO BOM (G1 - epcar (Cpcar) 2019) Assinale a alternativa que contém
Ferréz uma afirmativa INCORRETA

a) O verso “E estudar do sucesso é o preço” pode ser considerado


Periferia tem seu lado bom
um hipérbato.
Manos, vielas, e futebol no campão.
b) No texto, não há marcas de oralidade.
Meninas com bonecas e não com filhos
c) Percebe-se que há, na canção, mais de uma função de
Planejando assim um futuro positivo
linguagem, como, por exemplo, a emotiva e a poética.
d) Há rimas ricas e pobres ao longo de toda a canção.
Sua paz é você que define.
Longe do álcool, longe do crime. Exercício 2
A escola é o caminho do sucesso (G1 - ifal 2017) Leia atentamente os textos abaixo e assinale a
Pro pobre honrar desde o começo alternativa que contém a afirmativa correta.

E dizer bem alto que somos a herança Texto 1


De um país que não promoveu as mudanças A casa era edificada com a arquitetura simples e grosseira,
Sem atrasar ninguém rapaz que ainda apresentam as nossas primitivas habitações; tinha
Fazendo sua vida se adiantar na paz cinco janelas de frente, baixas, largas, quase quadradas.
Do lado direito estava a porta principal do edifício, que
Jogando bolinha, jogando peão dava sobre um pátio cercado por uma estacada, coberta de
Vi nos olhos da criança a revolução melões agrestes. Do lado esquerdo estendia-se até à borda da
Que solta a pipa pensando em voar esplanada uma asa do edifício, que abria duas janelas sobre o
Para não ver o barraco que era o seu lar desfiladeiro da rocha.
No ângulo que esta asa fazia com o resto da casa, havia
Periferia lado bom o que você me diz uma coisa que chamaremos jardim, e de fato era uma imitação
Alguns motivos pra te deixar feliz graciosa de toda a natureza rica vigorosa e esplêndida, que a
Longe do álcool, longe do crime. vista abraçava do alto do rochedo.
Sua paz é você que define.
José de Alencar, O Guarani. São Paulo, Ática, 1992.
E nessa pipa no céu eu vi planar
A paz necessária para se avançar
Ânimo, positivismo em ação. Texto 2
Hip-Hop cultura de rua e educação
Subitamente um cavalheiro aproximou-se do assaltante
Foi assim que criaram e assim que tem que ser com um palmo de sorriso. Colocou-se entre ele e a moça.
O mestre de cerimônia rimando pra você – Batista, você! Há quanto tempo! Ainda esta semana
Enquanto o DJ troca as bases conversei com seu tio no supermercado! Me dê um abraço,
O grafiteiro pinta todo contraste amigão! Mas, o que é isso? Vai sair por aí com esse baú cheio de
dinheiro? Não tem medo de ladrões, não?
Da favela pro mundo Batista olhou para o chão mas não viu buraco algum para
O caminho do rap pelo estudo esconder-se.
Por isso eu não me iludo A caixa, sorrindo, ao amigo dele:
Roupa de marca não é meu escudo – Seu Batista não vai sair com esse dinheiro, não; ele veio
depositar…
Detentos já te disse no começo
E estudar do sucesso é o preço Marcos Rey, O coração roubado e outras crônicas. Coleção para
Porque a fama não cabe num coração pequeno gostar de ler, v. 19. São Paulo. Ática, 1996.
Então positivismo pra vencer vai vendo
(...) Os textos acima são exemplos, respectivamente, de

a) linguagem coloquial e linguagem culta.


(http:/www.misixmatch.com - acesso em: 11/05/2018)
b) linguagem culta e linguagem coloquial.

c) linguagem culta e linguagem formal.

d) linguagem familiar e linguagem informal.

e) linguagem coloquial e linguagem formal.

Exercício 3
(G1 - utfpr 2016) Antigamente as moças chamavam-se
“mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não
faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os
janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé de alferes, a) A mensagem de humor transmitida pelo quadrinho se dá com a
arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E concomitância da linguagem escrita e da linguagem visual.
se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir
pregar em outra freguesia. (...)
b) Só a linguagem escrita é suficiente para a composição e a
Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar transmissão da mensagem humorística contida no quadrinho.
a fresca; e também tomavam cautela de não apanhar o sereno. Os
mais jovens, esses iam ao animatógrafo, chupando balas de
c) É na linguagem visual que está centrada toda a mensagem
alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano. Estes, de pouco siso, humorística transmitida, sendo a escrita dispensável.
se metiam em camisa de onze varas e até em calças pardas; não
admira que dessem com os burros n’água.
d) A mensagem escrita no quadrinho, representada pela fala da
personagem, apresenta todas as características da linguagem
Carlos Drummond de Andrade culta, ou padrão.

e) Na mensagem escrita, há ocorrência de um mesmo substantivo,


Sobre o excerto acima, retirado da crônica “Antigamente”,
ora no masculino, ora no feminino.
assinale a alternativa correta.
Exercício 5
a) A linguagem culta formal é opção feita pelo autor, mas acaba
(G1 - ifsc 2012) Diariamente, durante o mês de setembro, a
sendo prejudicada pelos arcaísmos, que tornam o texto obsoleto.
equipe de produção do longa Rendas no Ar, de Sandra Alves,
fazia a travessia na escuna Vento Sul, de Governador Celso
Ramos para a fortaleza da ilha de Anhatomirim, onde o filme
b) A linguagem do texto apoia-se em uma variante linguística que
estava sendo rodado.
demonstra o movimento de mudanças constantes que as línguas
A produção é ambientada no século 19, na antiga Desterro, e
sofrem, através do tempo.
narra a vida de uma jovem rica, irreverente e indomável, que se vê
sob o jugo de um tutor cruel. Um homem que decide se apropriar
c) Por empregar expressões em desuso, existentes apenas nos
da fortuna dela.
dicionários, o texto desperta interesse apenas dos mais idosos.

Fonte: Filme tecido com arte e dedicação. Diário Catarinense.


d) Contém erros grosseiros, como o uso de palavra estrangeira,
Caderno Variedades. 14/08/2011. p. 5. (adaptado).
expressões incompreensíveis como “pé de alferes”, “faziam o
quilo”, “de pouco siso” etc.
Sobre o texto, é CORRETO afirmar que:

e) O saudosismo do autor confere ao texto um tom muito triste,


nostálgico. a) a frase “uma jovem rica (...) se vê sob o jugo de um tutor cruel”
a palavra em destaque poderia ser substituída por “amparo”, sem
Exercício 4
prejuízo ao sentido.
(G1 - ifsc 2012) Leia e observe com atenção o quadrinho e, a
seguir, assinale a alternativa CORRETA. b) segundo o texto, mesmo com vento sul, durante todo o mês de
setembro, a equipe fazia a travessia de escuna para a gravação do
filme Rendas no Ar.

c) a história retratada no filme Rendas no Ar se passa no século


19, por isso foi escolhido como local a ilha de Anhatomirim,
também chamada no texto de “antiga Desterro”, que corresponde
atualmente ao município de Laguna.
d) na frase “Um homem que decide se apropriar da fortuna dela”, 3
“Eu sei, eu sei.”
a forma em destaque poderia ser substituída por “de sua fortuna”, 4“Mattos, 5você não recebe o levado, eu sei, mas é uma das
que é uma construção mais própria da linguagem culta.
poucas exceções, 6está todo mundo na gaveta dos bicheiros. Tem
político, juiz, gente que se eu dissesse o nome você não
e) o filme estava sendo rodado em Governador Celso Ramos e na
acreditaria. Daria uma reportagem do caralho. O diabo é que
ilha de Anhatomirim.
ninguém publicaria. Nem eu sou maluco de botar isso no papel.”
7
Exercício 6 “Esse Cegueta trabalha para o Ilídio? Você tem certeza?”
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “Sem a menor dúvida. 8O Bolão também.”
Não lhe solto mais Antes de se despedir, Mattos ouviu pacientemente, enquanto seu
Antônio Barros e Cecéu estômago ardia, o repórter contar suas vicissitudes e sofrimentos.

Moreno não faça isso Dou-lhe uma rasteira Fonseca, Rubem. Agosto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p.
Deixe desse rebuliço Lhe castigo na esteira 237.
Não mexa comigo não, viu Não lhe solto mais
Quero respeito comigo Depois não adianta
Já cortaram meu umbigo Se eu gemer
(Udesc 2015) Analise as proposições em relação à obra Agosto,
Não sou mais menina não, viu Se eu gemer
Você é duro, bem maduro Se eu chorar Rubem Fonseca, e ao trecho retirado do mesmo, e assinale (V)
E também muito seguro A gente bebe água para verdadeira e (F) para falsa.
Ainda pode dar no couro Quando sente sede
E eu vou gostar Cabelo se assanha ( ) No período “procurando obter informações sobre Anastácio,
Vou me apaixonar Quando o vento dá o Cegueta, e sobre o presidiário Bolão” (ref. 1) as palavras
Vou cair no choro Olha moreno esse teu cheiro destacadas constituem, sintaticamente, aposto.
Se juntar com meu tempero
( ) Nas orações “Levo um arame desse puto” (ref. 2) e “você não
Aí o couro come Vai ser bom demais
recebe o levado” (ref. 5) as palavras destacadas semanticamente
E pra mostrar que tu é home
são diferentes, mas na linguagem oral, para os policiais, têm o
Como é que um home faz Dou-lhe uma rasteira
Dá uma rasteira Lhe castigo na esteira mesmo referente.
Me castiga na esteira Não lhe solto mais ( ) Para adequar a linguagem às personagens o autor faz uso
Não me solta mais do diálogo para marcar a linguagem coloquial, mas a narrativa
também é pontuada por uma linguagem técnica, a exemplo, os
relatórios policiais.
Disponível em: http://www.letras.com.br/#!antonio-barros-
( ) O sinal gráfico das aspas, indicado pelas referências 2, 3, 4 e
ececeu/
7, aponta discurso direto, logo, se substituído por travessão não
nao-lhe-solto-mais. Acesso em 03/05/2016. Adaptado.
altera o sentido e a estrutura do texto.
( ) Da leitura do período “está todo mundo na gaveta dos
bicheiros” (ref. 6), depreende-se que os bicheiros, para manter
suas situações, seus pontos, davam propinas, também, a
(Acafe 2016) Em todas as alternativas há indicadores de
integrantes do sistema político, jurídico, policial.
linguagem coloquial, exceto em:

a) “Se juntar com o meu tempero | Vai ser bom demais” Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima
para baixo.
b) “Aí o couro come | E pra mostrar que tu é home | Como é que
a) V - V - V - V - V
home faz”

b) V - F - V - V - V
c) “Já cortaram o meu umbigo | Não sou mais menina não, viu”

c) F - F - F - V - F
d) “Dá uma rasteira | Me castiga na esteira | Não me solta mais”

Exercício 7 d) F - V - F - V - F
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O comissário Mattos passou a maior parte do dia 1procurando e) F - V - V - V - V
obter informações sobre Anastácio, o Cegueta, e sobre o
Exercício 8
presidiário Bolão. Quem acabou lhe dando a informação fidedigna
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que queria foi um repórter de O Radical, que recebia dinheiro do
Utilize o texto para responder a(s) questão(ões).
bicheiro Ilídio, dono dos pontos próximos da sede do jornal, no
centro.
A internet e a morte da imaginação
2“Levo um arame desse puto porque o jornal não me paga e

minha mulher, você sabe, está internada tuberculosa em Belo Jacques Gruman
Horizonte.” “Nunca entendi essa obsessão por sorrisos em fotografias.
Deve ser um conluio com os dentistas.” Essa história dos sorrisos foi muito bem notada pela Nora Rónai,
(Nora Tausz Rónai) que citei logo no início. Vivemos a era das aparências. Com a
multiplicação das imagens, vem a obrigação de “estar bem”.
Reza uma antiga lenda que dois reinos estavam em guerra. Os Afinal de contas, quem vai querer se exibir no Facebook ou nas
perdedores acabaram condenados ao confinamento do outro lado trocas de mensagens com uma ponta de melancolia ou, pelo
dos espelhos, um primitivo mundo virtual em que eram obrigados menos, um suspiro de realidade? O mundinho virtual exige
a reproduzir tudo o que os vencedores faziam. A luta dos estado de êxtase permanente. Uma persona que não passa de
derrotados passava a ser como escapar daquela prisão. O genial ilusão. Criatividade não quer dizer tristeza, claro, mas certamente
Lee Falk inspirou-se nesta narrativa para criar, na década de precisa incorporá-la como tijolo construtor da nossa
1940, O mundo do espelho, para mim uma das mais personalidade. O resto é fofoca. Eric Nepomuceno, tradutor e
aterrorizantes histórias do Mandrake. Espelhos foram, aliás, escritor, fez o seguinte comentário sobre seu amigo Gabriel
protagonistas de algumas sequências cinematográficas Garcia Márquez, que acabara de morrer: “Tudo o que ele escreveu
assustadoras. Bóris Karloff, um clássico do gênero, aproveitou é revelador da infinita capacidade de poesia contida na vida
muito bem o medo que, desde crianças carregamos, de que humana. O eixo, porém, foi sempre o mesmo, ao redor do qual
nossos reflexos nos espelhos ganhem autonomia. Ui! Já giramos todos: a solidão e a esperança perene de encontrar
imaginaram se isso virasse realidade? Teríamos de conviver com antídotos contra essa condenação”. Nada que essas maquininhas
nossos opostos, um estranhamento no mínimo desconfortável. Os onipresentes possam registrar, elas que jamais entenderiam a
quadrinhos exploraram o assunto também na série do Mundo fina ironia de Fernando Pessoa no Poema em linha reta, que
bizarro, do Super-Homem. Era um nonsense pouco habitual no começa assim: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
universo previsível dos super-heróis. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”. Mais
adiante: “Arre, estou farto de semideuses. Onde é que há gente
Estava pensando nos estranhamentos do mundo moderno nesse mundo ?”.
quando me deparei com uma pequena nota de jornal. Encenava-
se a ópera Carmen, de Bizet, no Theatro Municipal do Rio. A praga narcísica desembarcou nas camas. Leio que nova moda é
Suponho que a plateia, que pagou caro, estava mergulhada na fazer selfies2 depois do sexo. O casal transa, mas isso não basta.
história e na interpretação da orquestra e dos solistas. Não é que É urgente compartilhar! Tira-se uma foto da aparência de ambos,
um cidadão saca seu iPad e passa um tempão checando os e- coloca-se no Instagram e ... pronto. O mundo inteiro será
mails, dedinhos nervosos para cima e para baixo, com a tela testemunha de um momento íntimo, talvez o mais íntimo de
iluminando a penumbra indispensável para a fruição plena do todos. Meu estranhamento vai ao paroxismo. É a esse mundo que
espetáculo? Como esse tipo de desrespeito está entrando na pertenço? Antigamente, era costume dizer que o que não aparecia
“normalidade”, apenas uma pessoa esboçou reação. Uma espécie na televisão não existia. Atualizando a frase: pelo visto, o que não
de angústia semelhante à incontinência urinária se espalha como está na rede não existe. É a universalização do movimento apenas
praga nas relações pessoais e no uso dos espaços público e muscular, sem sentido, leviano, rapidamente perecível.
privado. Tudo passou a ser urgente. Todos os torpedos, e-mails e
chamadas no celular viraram prioridade, casos de vida ou morte. Durante o exílio, o poeta argentino Juan Gelman passou um bom
Interrompem-se conversas para olhar telinhas e telonas, tempo sem conseguir escrever. A inspiração não vinha. Disse ele:
desrespeitando interlocutores. Como este tipo de patologia tende “A poesia é uma senhora que nos visita ou não. Convocá-la é uma
a se diversificar, já há gente que conversa e olha o computador ao impertinência inútil. Durante uns bons quatro anos, o choque do
mesmo tempo, como aqueles lagartos esquisitos cujos olhos se exílio fez com que essa senhora não me visitasse”. Quando,
movimentam sem aparente coordenação. Outros participam de finalmente, a senhora chega, tudo muda, como narra o poeta: “A
reuniões sem desligar sua tralha eletrônica (na verdade, não visita é como uma obsessão. Uma espécie de ruído junto ao
estão nas reuniões). Especialistas em informática previram que, ouvido. Escrevo para entender o que está acontecendo”. Não
num futuro não muito distante, chips serão implantados no corpo. consigo imaginar uma serenidade como essa no mundo virtual.
Estão atrasados. Corpos já pertencem a máquinas. A vida é Tudo nasce e morre antes de ser completamente absorvido. Cada
controlada a distância e por outros. novidade passa a ser vital, filas se formam nas madrugadas nas
portas de lojas que começam a vender modelos mais avançados
Outro estranhamento vem da inundação de imagens, aflição que de produtos eletrônicos. Não dá pra esperar um dia, muito menos
chamo de galeria dos sem imaginação. Enxurradas de fotos uma hora. O silêncio e a introspecção são guerrilheiros no habitat
invadem o espaço virtual, a enorme maioria delas sem o menor
plugado. Estou me alistando neste exército de Brancaleone.3
significado e perfeitamente descartáveis. O Instagram recebe 60
milhões de fotos por dia, ou seja, quase 700 fotos por segundo!
Fico pensando no sorriso irônico ou, quem sabe, no horror em 1 Henri Cartier-Bresson: (França 1908- 2004), fotógrafo do
estado bruto, que Cartier-Bresson1 esboçaria se esbarrasse nisso. século XX, considerado por muitos como o pai do fotojornalismo.
Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano
que se desdobrava em surpresas, nos reflexos impensados, 2
fazer selfies: selfie é uma palavra em inglês, um neologismo
jamais empilharia a coleção de sorrisinhos forçados que
com origem no termo self-portrait, que significa autorretrato, e é
caracteriza a obsessão pelos clics.
uma foto tirada e compartilhada na internet. Normalmente uma
selfie é tirada pela própria pessoa que aparece na foto, com um
celular que possui uma câmera incorporada, com um smartphone, final dos anos 1970, o sistema estelar binário definidor foi
por exemplo. composto por dois indivíduos de grande energia, que largaram os
estudos na universidade, ambos nascidos em 1955.
3 O Incrível Exército de Brancaleone (em italiano: L’armata Bill Gates e Steve Jobs, apesar das ambições semelhantes no
Brancaleone): é um filme italiano de 1966, do gênero comédia. ponto de convergência da tecnologia e dos negócios, 5tinham
Foi dirigido por Mario Monicelli. O Exército de Brancaleone é origens bastante diferentes e personalidades radicalmente
considerado um clássico italiano, que retrata os costumes da distintas.
cavalaria medieval através da comédia satírica. É um filme À diferença de Jobs, Gates entendia de programação e tinha uma
inspirado em Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes. mente mais prática, mais disciplinada e com grande capacidade
de raciocínio analítico. Jobs era mais intuitivo, romântico, e dotado
Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/?/Opiniao/A- de mais instinto para tornar a tecnologia usável, o design
morte-da-imaginacao/ agradável e as interfaces amigáveis. Com sua mania de perfeição,
30783>. Acesso em: 16 ago. 2014. (Adaptado). era extremamente exigente, além de administrar com carisma e
intensidade indiscriminada. 3Gates era mais metódico; as reuniões
para exame dos produtos tinham horário rígido, e ele chegava ao
(Cefet MG 2015) Considere as seguintes passagens do texto. cerne das questões com uma habilidade ímpar. Jobs encarava as
pessoas com uma intensidade cáustica e ardente; Gates às vezes
I. “Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no cotidiano não conseguia fazer contato visual, mas era essencialmente
que se desdobrava em surpresas, nos reflexos impensados, bondoso.
jamais empilharia a coleção de sorrisinhos forçados que 4
“Cada qual se achava mais inteligente do que o outro, mas Steve
caracteriza a obsessão pelos clics.”
em geral tratava Bill como alguém levemente inferior, sobretudo
II. “A praga narcísica desembarcou nas camas. Leio que nova em questões de gosto e estilo”, diz Andy Hertzfeld. “Bill
moda é fazer selfies depois do sexo. O casal transa, mas isso não
menosprezava Steve porque ele não sabia de fato programar.”
basta. É urgente compartilhar!”
Desde o começo da relação, 6Gates ficou fascinado por Jobs e
III. “Não consigo imaginar uma serenidade como essa no mundo
com uma ligeira inveja de seu efeito hipnótico sobre as pessoas.
virtual. Tudo nasce e morre antes de ser completamente
Mas também o considerava “essencialmente esquisito” e
absorvido. Cada novidade passa a ser vital, filas se formam nas
“estranhamente falho como ser humano”, e se sentia
madrugadas nas portas de lojas que começam a vender modelos
desconcertado com a grosseria de Jobs e sua tendência a
mais avançados de produtos eletrônicos.”
funcionar “ora no modo de dizer que você era um merda, ora no
IV. “Não dá pra esperar um dia, muito menos uma hora. O silêncio
de tentar seduzi-lo”. Jobs, por sua vez, via em Gates uma
e a introspecção são guerrilheiros no habitat plugado. Estou me
estreiteza enervante.
alistando neste exército de Brancaleone”.
2
Suas diferenças de temperamento e personalidade 1iriam levá-
los para lados opostos da linha fundamental de divisão na era
Há marcas da linguagem coloquial apenas em
digital. Jobs era um perfeccionista que adorava estar no controle e
a) I e III. se comprazia com sua índole intransigente de artista; ele e a
Apple se tornaram exemplos de uma estratégia digital que
b) I e IV. integrava solidamente o hardware, o software e o conteúdo numa
unidade indissociável. Gates era um analista inteligente,
c) II e III. calculista e pragmático dos negócios e da tecnologia; dispunha-
se a licenciar o software e o sistema operacional da Microsoft
d) I, II e IV. para um grande número de fabricantes.
Depois de trinta anos, Gates desenvolveu um respeito relutante
e) II, III e IV. por Jobs. “De fato, ele nunca entendeu muito de tecnologia, mas
tinha um instinto espantoso para saber o que funciona”, disse.
Exercício 9
Mas Jobs nunca retribuiu valorizando devidamente os pontos
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
fortes de Gates. “Basicamente Bill é pouco imaginativo e nunca
GATES E JOBS
inventou nada, e é por isso que acho que ele se sente mais à
vontade agora na filantropia do que na tecnologia”, disse Jobs,
Quando as órbitas se cruzam
com pouca justiça. “Ele só pilhava despudoradamente as ideias
dos outros.”
7Em astronomia, quando as órbitas de duas estrelas se

entrecruzam por causa da interação gravitacional, tem-se um


(ISAACSON, Walter. Steve Jobs: a biografia. São Paulo:
sistema binário. Historicamente, ocorrem situações análogas
Companhia das Letras, 2011. p. 189-191. Adaptado)
quando uma era é moldada pela relação e rivalidade de dois
grandes astros orbitando: Albert Einstein e Niels Bohr na física no
século XX, por exemplo, ou Thomas Jefferson e Alexander
Hamilton na condução inicial do governo americano. Nos
primeiros trinta anos da era do computador pessoal, a partir do
Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV Globo deu a
6“grande notícia”, 21que Neymar foi o primeiro jogador brasileiro a

marcar dois gols contra a Escócia em uma mesma partida.


22Parece haver uma disputa para saber 19quem dá mais

informações e estatísticas, e outra, entre os narradores, 3para


saber quem grita gol mais 23alto e 24prolongado. 11Se dizem
16que a imagem vale mais que mil palavras, por que se fala e se

grita tanto?
21Outra discussão 27chata, durante e após as partidas, é 8se um

jogador teve a intenção de colocar a mão na bola e de fazer


pênalti, e se outro teve a intenção de atingir o adversário. Com
raríssimas exceções, 4ninguém é louco para fazer pênalti nem tão
canalha para querer quebrar o outro jogador.
7O que ocorre, com frequência, é 5o jogador, no impulso, sem

pensar, soltar o braço na cara do outro. O impulso está à frente da


consciência. Não sou também tão ingênuo para achar 17que todas
(Epcar (Afa) 2013) Sobre a tira acima, NÃO se pode afirmar que as faltas violentas são involuntárias.
Não dá para o árbitro saber 12se a falta foi intencional ou não. Ele
a) a fala de São Pedro corrobora as ideias expostas no texto. precisa julgar o fato, e não a intenção. Eles precisam ter também
bom senso, o que é raro no ser humano, para saber a gravidade
b) depreende-se um tom sarcástico nas falas dos dois das faltas. 29Muitas parecem 28iguais, mas não são. Ter critério
interlocutores. não é unificar as diferenças.

c) os verbos foram flexionados no imperativo afirmativo de acordo (Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D, “esporte”, p. 11,
com a norma padrão. 10/04/2011.)

d) a colocação do pronome pessoal oblíquo no segundo Texto II


quadrinho é marca da linguagem coloquial brasileira. O ídolo

Exercício 10
Em um belo dia, a deusa dos ventos beija o pé do homem, o
maltratado, desprezado pé, e, desse beijo, nasce o ídolo do
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto I futebol. 7Nasce em berço de palha e barraco de lata e vem ao
O silêncio incomoda mundo abraçado a uma bola.
1Desde que aprende a andar, sabe jogar. Quando criança, alegra

1
Como trabalho em casa, assisto a um grande número de jogos e os descampados e os baldios, joga e joga e joga nos ermos dos
programas esportivos, alguns porque gosto e outros para me subúrbios até que a noite cai e ninguém mais consegue ver a
manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais, filmes, bola, e, quando jovem, voa e faz voar nos estádios. Suas artes de
programas culturais (são pouquíssimos) e também, por malabarista convocam multidões, domingo após domingo, de
curiosidade, muitas coisas ruins. Estou viciado em televisão. vitória em vitória, de ovação em ovação.
4A bola 13o procura, 14o reconhece, precisa dele. No peito de
Não suporto mais ver 25tantas tragédias, crimes, violências,
18seu pé, ela descansa e se embala. 6Ele 19lhe dá brilho e 20a faz
falcatruas e tantas politicagens para a realização da Copa de
2014. falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam.
11Os Zé Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém,
Estou sem paciência 20para assistir a tantas partidas tumultuadas
no Brasil, consequência do estilo de jogar, da tolerância com a podem sentir-se alguém por um momento, por obra e graça
violência e do ambiente bélico em 14que 9se transformou o desses passes devolvidos num toque, 16essas fintas que
futebol, dentro e fora do campo. desenham os zês na grama, 17esses golaços de calcanhar ou de
Na transmissão das partidas, 30fala-se e grita-se demais. Não há bicicleta: quando ele joga o time tem doze jogadores.
um único instante de silêncio, nenhuma pausa. O barulho é cada — Doze? Tem quinze! Vinte!
dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e em 10A bola ri, radiante, no ar. Ele a amortece, a adormece, diz

quase todos os ambientes. O silêncio incomoda as pessoas. galanteios, dança com ela, e vendo essas coisas nunca vistas,
É óbvio 15que informações e estatísticas são importantíssimas. seus adoradores sentem piedade por seus netos ainda não
Mas exageram. 2Fala-se 26muito, mesmo com a bola rolando. nascidos, que não estão vendo 15o que acontece.
22Mas o ídolo é ídolo apenas por um momento, humana
Impressiona-me 18como 10se formam conceitos, dão opiniões,
baseados em estatísticas 13que têm pouca ou nenhuma eternidade, coisa de nada; e quando chega a hora do azar para o
importância. pé de ouro, a estrela conclui sua viagem do resplendor à
escuridão. 3Esse corpo está com mais remendos que roupa de (Uemg 2010) Leia atentamente os versos a seguir e, depois, faça
palhaço, o acrobata virou paralítico, o artista é uma besta: o que é pedido.
— Com a ferradura, não!
8A fonte da felicidade pública se transforma no 12para-raios do Eu sei que vou te amar

rancor público:
— Múmia! Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Às vezes, o ídolo não cai inteiro. 5E, às vezes, 2quando 9se
Em cada despedida, eu vou te amar
quebra, a multidão 21o devora aos pedaços. Desesperadamente, eu sei que vou te amar

(Eduardo Galeano. Futebol, ao sol e à sombra.)


E cada verso meu será
Pra te dizer
Texto III Que eu sei que vou te amar
Sermão da Planície Por toda a minha vida
(para não ser escutado)
Eu sei que vou chorar
Bem-aventurados os que não entendem nem aspiram a entender
A cada ausência tua, eu vou chorar
de futebol, pois deles é o reino da tranquilidade.
Mas cada volta tua há de apagar
Bem-aventurados os que, por entenderem de futebol, não se O que esta tua ausência me causou
expõem ao risco de assistir às partidas, pois não voltam com
decepção ou enfarte. Eu sei que vou sofrer
(...)
A eterna desventura de viver
Bem-aventurados os que não escalam, pois não terão suas mães
À espera de viver ao lado teu
agravadas, seu sexo contestado e 3sua integridade física Por toda a minha vida
ameaçada, ao saírem do estádio. Vinícius de Morais e Tom Jobim
4Bem-aventurados os que não são escalados, pois escapam das

vaias, projéteis, contusões, fraturas, e mesmo da 5glória precária No texto dessa letra de música (MPB), observa-se a presença da
de um dia. linguagem coloquial, quando o leitor verifica
2Bem-aventurados os que não são cronistas esportivos, pois não

carecem de explicar o inexplicável e racionalizar a loucura. a) o uso da segunda pessoa do singular, em ocorrências como “a
(...) cada ausência tua”, forma de tratamento empregada em situações
Bem-aventurados os surdos, pois não os atinge o estrondar das comunicativas menos formais, sobretudo quando seu produtor
bombas da vitória, que fabricam os surdos, nem o 1matraquear utiliza no texto gírias e jargões.
dos locutores, carentes de exorcismo.
(...) b) o emprego da expressão “há de apagar”, uma vez que, nesse
Bem-aventurados os que, depois de escutar esse sermão, caso específico, o verbo haver, por não ser sinônimo de existir,
aplicarem todo o ardor infantil no peito maduro para desejar a refere-se a uma forma típica do português falado
vitória do selecionado brasileiro nesta e em todas as futuras espontaneamente.
Copas do Mundo, como faz o velho sermoneiro desencantado,
mas torcedor assim mesmo, pois para o diabo vá a razão quando c) a ocorrência da expressão “eu sei que vou te amar”, porquanto,
o futebol invade o coração. na linguagem coloquial, a tendência é não empregar o pronome
oblíquo posposto à locução verbal; desse modo, na modalidade
(Carlos Drummond de Andrade. Jornal do Brasil, 18/06/1974.) padrão, a forma a ser empregada seria: eu sei que vou amar-te.

d) a inversão sintática no verso “A cada ausência tua, eu vou


(Epcar (Afa) 2012) Encontram-se exemplos de emprego de chorar”, pois, como a linguagem coloquial ocorre principalmente
linguagem coloquial nos seguintes trechos do texto I, EXCETO: em situações comunicativas menos tensas e formais, é natural o
uso de inversões linguísticas, como a que se observa no verso
a) “Fala-se muito, mesmo com a bola rolando.” (ref. 2)
citado.

b) “... para saber quem grita gol mais alto e prolongado...” (ref. 3) Exercício 12
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
c) “... ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para
querer quebrar o outro jogador.” (ref. 4)

d) “... o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do


outro.” (ref. 5)

Exercício 11
Arroz com feijão, matar a saudade...
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?

Um filme, um dia, uma semana


Um bem, um biquíni, a grama...
Dormir na rede, matar a sede, ler...
Ou viver um romance? O que faz você feliz?

Um lápis, uma letra, uma conversa boa


Um cafuné, café com leite, rir à toa,
Um pássaro, ser dono do seu nariz...
Ou será um choro que te faz feliz?

A causa, a pausa, o sorvete,


Sentir o vento, esquecer o tempo,
O sal, o sol, um som
O ar, a pessoa ou o lugar?

Agora me diz,
O que faz você feliz?
(Anúncio publicitário do Grupo Pão de Açúcar, veiculado na
Revista VEJA, edição de 21 de março de 2007)

(Unifesp 2008) Assinale a alternativa correta, tendo como


(Fatec 2007) Nesse texto publicitário predomina um padrão de
referência todas as falas do menino Calvin.
linguagem coloquial, no qual podem ocorrer desvios do padrão
a) O emprego de termos como gente e tem é inadequado, uma culto da língua. Assinale a alternativa contendo desvio(s).
vez que estão carregados de marcas da linguagem coloquial
a) "Ou é a goiabada com queijo?".
desajustadas à situação de comunicação apresentada.

b) "O aumento, a casa, o carro que você sempre quis".


b) Calvin emprega o pronome você não necessariamente para
marcar a interlocução: antes, trata-se de um recurso da
c) "O que faz você feliz?".
linguagem coloquial utilizado como forma de expressar ideias
genéricas.
d) "Um cafuné, café com leite, rir à toa".

c) O emprego de termos de significação ampla - como noção,


e) "Agora me diz, o que faz você feliz?".
tudo, normal - prejudica a compreensão do texto, pois o leitor não
consegue entender, com clareza, o que se pretende dizer. Exercício 14
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
d) O pronome eles é empregado duas vezes, sendo impossível, no A Lenda da Manioca (lenda dos índios Tupis)
contexto, recuperar-lhe as referências.
1A filha do cacique da tribo deu à luz uma linda indiazinha. A tribo
e) O termo bem é empregado com valor de confirmação das espantou-se:
informações precedentes.
– Como é branquinha esta criança!
Exercício 13 E era mesmo. Perto dos outros curumins da taba, parecia um
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: raiozinho de lua. Chamaram-na Mani. Mani era linda, silenciosa e
O QUE FAZ VOCÊ FELIZ? quieta. Comia pouco e pouco bebia. Os pais preocupavam-se.
– Vá brincar, Mani, dizia o pai.
– Coma um pouco mais, dizia a mãe.
A lua, a praia, o mar
A rua, a saia, amar... Mas a menina continuava quieta, cheia de sonhos na cabecinha.
Um doce, uma dança, um beijo, Mani parecia esconder um mistério.
Ou é a goiabada com queijo? Uma bela manhã, não se levantou da rede. O pajé foi chamado.
Deu ervas e bebidas à menina. Mas não atinava com o que tinha
Mani. Toda a tribo andava triste. Mas, deitada em sua rede, Mani
Afinal, o que faz você feliz?
sorria, sem doença e sem dor.

Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde,


E, sorrindo, Mani morreu. Os pais a enterraram dentro da própria variam de região para região, como, por exemplo, aipim,
oca. E regavam sua cova todos os dias, como era costume entre macaxeira, maniva, castelinha, entre outros.
os índios Tupis. Regavam com lágrimas de saudade.
Um dia, perceberam que do túmulo de Mani rompia uma Exercício 15
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
plantinha verde e viçosa.
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
– Que planta será esta? Perguntaram, admirados. Ninguém a
conhecia.
– É melhor deixá-la crescer, resolveram os índios. Só o ensino superior salva
E continuaram a regar o brotinho mimoso. A planta desconhecida
crescia depressa. Poucas luas se passaram e ela estava altinha, Sou do tipo que chora. Batizado, casamento*, mas principalmente
formatura. Como é bonita a chance e o cumprimento do estudo.
com um caule forte, que até fazia a terra se rachar em torno.
– A terra parece fendida, comentou a mãe de Mani. Pra todo mundo, universal mesmo. 1Imagina a oportunidade a
– Vamos cavar? quem só poderia se formar em escola pública. De arrepiar. Por
E foi o que fizeram. Cavaram pouco e, à flor da terra, viram umas isso comemoro aqui o diploma de mais 423 alunos da URCA, a
raízes grossas e morenas, quase da cor dos curumins, nome que Universidade Regional do Cariri, conforme leio no site “Miséria”, o
dão aos meninos índios. Mas, sob a casquinha marrom, lá estava jornal da minha aldeia universalíssima. A festa foi nesta quinta
a polpa branquinha, quase da cor de Mani. Da oca de terra de (08/08) e haja 2orgulho na gente de pequenas cidades e da roça
Mani surgia uma nova planta! nos arredores da Chapada do Araripe. São 12,5 mil alunos nesta
– Vamos chamá-la Mani-oca, resolveram os índios. escola mantida pelo governo cearense.
2– E, para não deixar que se perca, vamos transformar a planta Sou do tipo que chora com o ensino público e gratuito e a chance
em alimento! para quem vem lá do mato. Na formatura da 3URCA, haja primos,
Assim fizeram! 4pense num povo metido, né, 5ave palavra, que orgulho
Depois, fincando outros ramos no chão, fizeram a primeira
enquadrado na parede. Pense numa “balbúrdia”, 6esse povo “lá
plantação de mandioca. E até hoje entre os índios do Norte e
de nós”, como na bendita 7linguagem caririense, 8formada em
Centro do Brasil é este um alimento muito importante. E, em todo
Artes Visuais, Biologia, Ciências Econômicas, Ciências Sociais,
o Brasil, quem não gosta da plantinha misteriosa que surgiu na
Direito, Enfermagem, Educação Física, Engenharia de Produção,
casa de Mani?
Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia, Teatro
e Tecnologia da Construção Civil. Pense!
Adaptado de macvirtual.usp.br/mac/templates/jogo/lenda.asp/
E mais orgulhosamente ainda 9vos digo: a URCA, segundo o
Acessado em 10/10/19.
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), 10viva o gênio Anísio Teixeira, tem a menor taxa
(G1 - cotil 2020) Dentre as alternativas abaixo, escolha aquela de evasão universitária do Brasil, apenas 4,47%. Como a turma
que mais se aproximar do padrão formal da norma culta, dá valor ao candeeiro iluminista sertões adentro. Choro um Orós
considerando os aspectos gramaticais, semânticos e lexicais. inteiro e ainda derramo minhas lágrimas no Jaguaribe, rio 11que
constava nos meus livros didáticos como o “rio mais seco do

a) A lenda de Mani, exemplo do folclore dos índios tupis, explica a mundo”. 12Desculpa aí, hoje só 13venho 14com as grandezas.
origem da mandioca, que é um dos principais alimentos dos Hoje, se eu pudesse, faria você também refletir com um discurso
povos indígenas. No Brasil, essa raiz possui vários nomes que na linha do David Foster Wallace (1962-2008). Aquela sua fala
variam de região para região, como, por exemplo, aipim, como paraninfo de uma turma de formandos americanos do
macaxeira, maniva, castelinha, entre outros. Kenyon College, em 2005, Gambier, Ohio. Ele escreveu uma
singularíssima fábula sobre — 15repare só! — dois peixinhos e a
b) Exemplo do folclore dos índios tupís, a lenda de Maní, uma água. Recomendo a leitura. O texto está no livro Ficando longe do
lenda que explica a origem da mandioca, é um dos principais fato de já estar meio que longe de 16tudo (Companhia das
alimentos dos povos indígenas. No Brasil, a mesma possui vários Letras).
nomes que variam de região para região, como, por exemplo, De Ohio ao Cariri. Além da URCA, em 2013 conquistamos (nada
aipim, macaxeira, maniva, castelinha, entre outros. é de graça) a UFCA, a brava Universidade Federal do Cariri. 17Era
um facho, uma fogueira, era um candeeiro, era uma lamparina, era
c) A lenda de Mani, exemplo do folclore dos índios tupis, explica a uma luminária a gás butano, fez-se a luz, pardon matriz
origem da mandioca, a qual é um dos principais alimentos dos
iluminista, perdão Paris, mas o mundo e o futuro 18será de um
povos indígenas. No Brasil, essa raiz possui vários nomes que
certo Cariri que peleja, aprende a preservar e estuda, somos a
variam de região para região, como, por exemplo, aipim,
própria ideia viva de Patrimônio Universal da Humanidade, só
macacheira, maniva, castelinha, entre outras.
falta o referendo da Unesco — escuto os mestres do Reizado ao
fundo, que batuque afro-indígena-futurista.
d) Explicando a origem da mandioca, um dos principais alimentos
[...]
dos povos indígenas, cuja a lenda de Mani é exemplo do folclore
Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri
dos índios tupis, essa raiz, no Brasil, possui vários nomes que
léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação Princesa do
Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por
desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde morava —, o Crato Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O
de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir
Nova Olinda das primeiras letras. Seria o primeiro representante aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece,
do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado
família meio pernambucana meio cearense, a chegar ao ensino de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e
superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo
ao campus da UFPE. Hoje tenho uma penca de primos a cada cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas
nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa. pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma
E pensar que não havia a 19ideia de universidade no meu terreiro. festa, dizia Nietzsche).
Nada disso do que hoje comemoro com os formandos da URCA e Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela
UFCA. [...]. ONU, em 2012, o melhor país para se viver (1º no ranking do IDH)
e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil,
Só nos resta defender [...]. Sem sequer o direito ao 20VAR (olho
o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema
no lance) da história. 21jmmmmmmmmmmmkk kkll l
carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas
çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa, caro leitor, pela incompreensão da
2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das
escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica — tentando
menores taxas de reincidência do mundo. Em uma prisão em
ver a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal-
Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de cerca
traçadas linhas. [...]
de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali
passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência e o
Texto adaptado de Xico Sá, publicado em 10 ago. 2019.
Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
Disponível em:
A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/10/opinion/1565450440_001442.html.
seu sistema penal pautado na reabilitação e não na punição por
Acesso em: 14 ago. 2019
vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso,
não é uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer
criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista pela
* Os termos sublinhados neste texto representam hyperlinks no
legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar
texto original publicado no sítio eletrônico do jornal El País.
estar totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será
Conforme o dicionário Michaelis, hyperlink é, “no contexto da
prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
hipermídia e do hipertexto, endereço que aparece em destaque
comprovada.
(geralmente sublinhado ou apresentado em uma cor diferente) e
O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com
que, a um clique no mouse, permite a conexão com outro site”.
grafites e quadros nos corredores, e no qual as celas não
possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso
sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela
(S1 - ifsul 2020) Qual alternativa apresenta o paralelismo
plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos,
sintático entre os dois primeiros períodos do texto de acordo com
além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio
a norma culta?
de esportes, campo de futebol, chalés para os presos receberem
a) Sou do tipo que chora tanto em batizado, casamento, quanto os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de
principalmente formatura. trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação
profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma
b) Sou do tipo que chora seja batizado, casamento, seja pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas
principalmente em formatura. atividades, de educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.
A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos
c) Sou do tipo que chora não apenas em batizado, casamento, presos, como estupradores e pedófilos, ficam em blocos
principalmente em formatura. separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida
pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem
d) Sou do tipo que chora não só em batizado, casamento, mas comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus
principalmente em formatura. refrigeradores.
Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar
Exercício 16
por no mínimo dois anos de preparação para o cargo, em um
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar
Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos
respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao
mostrarem respeito, os outros também aprenderão a respeitar.
O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação
reincidência criminal em todo o mundo. No país, a taxa média de
ao sistema da maioria dos países, como o brasileiro, americano,
reincidência (amplamente admitida, mas nunca comprovada
inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a
empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10
privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no
criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da
tratamento cruel e na vingança.
cadeia.
O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos
educacionais, laborais e comportamentais, e, dessa forma, provar
que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente junto à a isso. Essa adoração ao livro 7(em pergaminho, em papel ou na
sociedade. tela) é um dos alicerces de uma sociedade letrada.
A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: A experiência veio a mim primeiramente por meio dos
enquanto lá os presos saem e praticamente não cometem crimes, livros. Mais tarde, quando me deparava com algum
respeitando a população, aqui os presos saem roubando e acontecimento, circunstância ou algo semelhante 8__________
matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente 9sobre o qual havia lido, isso me causava o 10sentimento um
colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no
massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a tanto surpreendente, 11mas desapontador de déjà vu, 12porque
vingança é uma festa, dizia Nietzsche). imaginava que aquilo que estava acontecendo agora já havia me
acontecido em palavras, já havia sido nomeado.
Meus livros eram para mim transcrições ou glosas
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto
13__________ outro Livro colossal. Miguel de Unamuno, em um
Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
Estou no blogdolfg.com.br. soneto, 14fala do tempo, 15cuja fonte está no futuro; minha vida
** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora de leitor deu-me a mesma impressão de nadar contra a corrente,
do Instituto Avante Brasil. vivendo o que já tinha lido. Tal como Platão, passei do
FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega- conhecimento para seu objeto. Via mais realidade na ideia do que
como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/. na coisa. 16Era nos livros que eu encontrava o universo17:
Acessado em 17 de março de 2017. digerido, classificado, rotulado, meditado, ainda assim formidável.
18A leitura deu-me uma desculpa para a privacidade, ou

talvez tenha dado um sentido à privacidade que me foi imposta,


(Espcex (Aman) 2018) Assinale a alternativa em que o particípio 19
uma vez que, durante a infância, depois que voltamos para a
sublinhado está utilizado de acordo com a norma culta.
Argentina, em 1955, vivi separado do resto da família, cuidado
por uma babá em uma seção separada da casa. 20Então, meu
a) O policial tinha pego o bandido. lugar favorito de leitura era o chão do meu quarto, deitado de
barriga para baixo, pés enganchados 21sob uma cadeira. Depois,
b) O condenado foi prendido por dez anos.
tarde da noite, minha cama tornou-se o lugar mais seguro e
resguardado para ler 22__________ região nebulosa entre a vigília
c) A pena fora suspendida pelo juiz.
e o sono.

d) Foi terrível o juiz ter aceitado aquela denúncia. O psicólogo James 23Hillman afirma que a 24pessoa que
leu histórias ou 25para quem leram 26histórias na infância “está
e) O preso tinha ganho a liberdade. em melhores condições e tem um 27prognóstico melhor do que
aquela 28à qual é preciso apresentar as histórias. [...] Chegar cedo
Exercício 17
na vida já é uma perspectiva de vida”. Para Hillman, essas
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A última página primeiras leituras tornam-se “algo vivido e por meio 29do qual se
vive, um modo que a alma tem de se encontrar na vida”. A essas
Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para leituras, e por esse motivo, voltei repetidamente, 30e ainda volto.
vislumbrar o que somos e onde estamos. 1Lemos para Cada livro era um mundo em si mesmo e nele eu me
compreender, ou para começar a compreender. Não podemos refugiava. 31Embora eu soubesse que era incapaz de inventar
deixar de ler. Ler, quase como respirar, é nossa função essencial. histórias como as que meus autores favoritos escreviam, achava
2
Mesmo em sociedades que deixaram registros de sua que minhas opiniões frequentemente coincidiam com as deles e
32(para usar a frase de Montaigne) “Passei a seguir-lhes o rastro,
passagem, a leitura precede a escrita3; o futuro escritor deve ser
capaz de reconhecer e decifrar o sistema de signos antes de murmurando: ‘Ouçam, ouçam’”.

colocá-los no papel. 4Para a maioria das sociedades letradas –


Fonte: MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. Trad. Pedro
para o islã, para as sociedades judaicas e cristãs como a minha,
Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 20-24.
para os antigos maias, para as vastas culturas budistas –, ler está
(Parcial e adaptado.)
no princípio do contrato social; aprender a ler foi meu rito de
passagem.
5Depois que aprendi a ler minhas letras, li de tudo: livros,
(Ucs 2021) De acordo com o texto, ler é
6
mas também notícias, anúncios, os títulos pequenos no verso da
passagem do bonde, letras jogadas no lixo, jornais velhos
a) uma prática inerente ao ser humano.
apanhados sob o banco do parque, grafites, a contracapa das
revistas de outros passageiros no ônibus. Quando fiquei sabendo
b) um privilégio restrito a pessoas alfabetizadas.
que Cervantes, em seu apogeu à leitura, lia “até os pedaços de
papel rasgado na rua”, entendi exatamente que impulso o levava
c) a forma mais eficiente para se aproximar da norma culta
padrão.
Beco do Mingu.
d) um processo dicotômico que pressupõe interação consensual Beco da Vila Rica...
entre leitor e obra.
Conto a estória dos becos,
e) a forma de registrar o vivido em sociedades ágrafas. dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
Exercício 18
onde família de conceito não passava.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
TEXTO I De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de Goiás
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Beco da minha terra...
Renegadas, confinadas
Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
na sombra triste do beco.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Quarto de porta e janela.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
Prostituta anemiada,
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
solitária, hética, engalicada,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
tossindo, escarrando sangue
calçando de ouro a sandália velha, na umidade suja do beco.
jogada no teu monturo.
Becos mal assombrados.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água,
Becos de assombração...
descendo de quintais escusos
Altas horas, mortas horas...
sem pressa,
Capitão-mor - alma penada,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
terror dos soldados, castigado nas armas.
Amo a avenca delicada que renasce
Capitão-mor, alma penada,
na frincha de teus muros empenados,
num cavalo ferrado,
e a plantinha desvalida, de caule mole
chispando fogo,
que se defende, viceja e floresce
descendo e subindo o beco,
no agasalho de tua sombra úmida e calada. comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
Mulher-dama. Mulheres da vida,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
perdidas,
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra,
começavam em boas casas, depois,
no range-range das cangalhas.
baixavam pra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
- Baile Sifilítico - era ele assim chamado.
Sem infância, sem idade.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
Franzino, maltrapilho,
dava em cima...
pequeno para ser homem, Mandava sem dó, na peia.
forte para ser criança. No dia seguinte, coitadas,
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade. cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
Amo e canto com ternura
na frente da Cadeia.
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
Becos da minha terra...
discriminados e humildes,
Becos de assombração.
lembrando passadas eras...
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
Beco do Cisco.
O drama da mulher da vida, antiga,
Beco do Cotovelo. humilhada, malsinada.
Beco do Antônio Gomes. Meretriz venérea,
Beco das Taquaras. desprezada, mesentérica, exangue.
Beco do Seminário. Cabeça raspada a navalha,
Bequinho da Escola.
castigada a palmatória,
Beco do Ouro Fino.
capinando o largo,
Beco da Cachoeira Grande.
chorando. Golfando sangue.
Beco da Calabrote.
(ÚLTIMO ATO) pela rua povoada,
mas não o querem ver
Um irmão vicentino comparece. nem mesmo para rir
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara. da cauda que ameaça
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente. deixá-lo ir sozinho.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
É todo graça, embora
Cai o pano. as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. se arrisque a desabar
21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006. ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
TEXTO II e não há cidade
alma que se disponha
O elefante a recolher em si
desse corpo sensível
Fabrico um elefante a fugitiva imagem,
de meus poucos recursos. o passo desastrado
Um tanto de madeira mas faminto e tocante.
tirado a velhos móveis Mas faminto de seres
talvez lhe dê apoio. e situações patéticas,
E o encho de algodão, de encontros ao luar
de paina, de doçura. no mais profundo oceano,
A cola vai fixar sob a raiz das árvores
suas orelhas pensas. ou no seio das conchas,
A tromba se enovela, de luzes que não cegam
é a parte mais feliz e brilham através
de sua arquitetura. dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
Mas há também as presas, sem esmagar as plantas
dessa matéria pura no campo de batalha,
que não sei figurar. à procura de sítios,
Tão alva essa riqueza segredos, episódios
a espojar-se nos circos não contados em livro,
sem perda ou corrupção. de que apenas o vento,
E há por fim os olhos, as folhas, a formiga
onde se deposita reconhecem o talhe,
a parte do elefante mas que os homens ignoram,
mais fluida e permanente, pois só ousam mostrar-se
alheia a toda fraude. sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair E já tarde da noite
à procura de amigos volta meu elefante,
num mundo enfastiado mas volta fatigado,
que já não crê em bichos as patas vacilantes
e duvida das coisas. se desmancham no pó.
Ei-lo, massa imponente Ele não encontrou
e frágil, que se abana o de que carecia,
e move lentamente o de que carecemos,
a pele costurada eu e meu elefante,
onde há flores de pano em que amo disfarçar-me.
e nuvens, alusões Exausto de pesquisa,
a um mundo mais poético caiu-lhe o vasto engenho
onde o amor reagrupa como simples papel.
as formas naturais. A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
Vai o meu elefante de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão, Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a
jorra sobre o tapete, uma meditação sobre o filme A festa de Babette, que é uma
qual mito desmontado. celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das
Amanhã recomeço. minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef.
Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo – porque a
ANDRADE, Carlos Drummond de. O ElefanteO. 9ª ed. - São culinária estimula todas essas funções do pensamento.
Paulo: Editora Record, 1983. As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha
capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria
um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi
(Ime 2019) A respeito do “conceito de erro em língua”, o precisamente isso que aconteceu. A pipoca, milho mirrado, grãos
gramático Luiz Antônio Sacconi, em sua obra Nossa Gramática – redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem,
Teoria e Prática, afirma: brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou
psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma
“Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha
ortografia. O que se comete são transgressões da norma culta. De mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar como
fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato
deixou ele falar”, não comete propriamente erro; na verdade, de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que
transgride a norma culta. (…) Vale lembrar, finalmente, que a estoura, de forma inesperada e imprevisível. A pipoca se revelou
língua é um costume. Como tal, qualquer transgressão, ou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético
chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a maioria porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a
absoluta o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma
(registro de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, panela.
ainda que não tenha amparo gramatical).” Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido
religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos são o pão e o
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática – Teoria e Prática – 18ª vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de
ed. Reformada e atual. São Paulo: Atual, 1994. pp. 8 e 9. vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão
e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir
juntas. Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella,
Considerando o conceito de “erro em língua”, exposto acima, sábia poderosa do candomblé baiano: que a pipoca é a comida
assinale a alternativa em que se apresenta uma transgressão da sagrada do candomblé...
norma culta considerada “fato linguístico”? A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu
agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos
a) Eu não sei aonde o elefante quer chegar.
aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria
de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista do
b) Ana Lins Bretas, cujo pseudônimo era Cora Coralina, foi uma
tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos
grande escritora brasileira.
normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve
alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las
c) “E há por fim os olhos, / onde se deposita / a parte do elefante”
numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos
(texto 2, versos 19 a 21).
amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo fracassado a
experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu,
d) “Ele não encontrou / o de que carecia, / o de que carecemos,”
ninguém jamais poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos
(texto 2, versos 86 a 88).
começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme
barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os
e) É uma das poucas opiniões do poeta onde existe uma
grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas
controvérsia.
e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das
Exercício 19 pipocas se transformou, então, de uma simples operação
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões). todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro
das pipocas!
A PIPOCA E o que é que isso tem a ver com o candomblé? É que a
Rubem Alves transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da
grande transformação porque devem passar os homens para que
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o
cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
que com as panelas. Por isso tenho mais escrito sobre comidas O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios
que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos
“culinária literária”. Já escrevi sobre as mais variadas entidades do transformar em outra coisa − voltar a ser crianças!
mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nóbis, picadinho de carne Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de
com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos. pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca,
para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes
transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem
não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São
pessoas de uma mesmice e dureza assombrosas. Só que elas não (Efomm 2017) Minha prima, passada dos quarenta, lamentava:
percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. ‘Fiquei piruá!’
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança
numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: Essa passagem com a transposição do discurso direto para o
perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um indireto, considerando-se a norma culta, ficaria adequadamente
emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, organizada na opção:
ansiedade, depressão – sofrimentos cujas causas ignoramos. Há
a) Minha prima, passada dos quarenta, lamentava que ficou piruá.
sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o
sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande
transformação.
b) Minha prima, passada dos quarenta, lamentava que tinha
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro
ficado piruá.
ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai
morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela
c) Minha prima, passada dos quarenta, havia lamentado que ficou
não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a
piruá.
transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina
aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do
d) Minha prima, passada dos quarenta, lamentava que teria ficado
fogo, a grande transformação acontece: pum! − e ela aparece
piruá.
como uma outra coisa, completamente diferente, que ela mesma
nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do
e) Minha prima, passada dos quarenta, lamentava que ficará
casulo como borboleta voante.
piruá.
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está
representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é Exercício 20
o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
para ser de outro. “Morre e transforma-te!” − dizia Goethe. Leia os textos a seguir para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os
piruás com os paulistas descobri que eles ignoram o que seja. CERTAS PALAVRAS
Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é
palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio Certas palavras não podem ser ditas
para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de em qualquer lugar e hora qualquer.
pipoca que se recusa a estourar. Meu amigo William, Estritamente reservadas
extraordinário professor-pesquisador da Unicamp, especializou- para companheiros de confiança,
se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do devem ser sacralmente pronunciadas
estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica em tom muito especial
para os piruás. Mas, no mundo da poesia as explicações lá onde a polícia dos adultos
científicas não valem. Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome não adivinha nem alcança.
que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima,
passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas acho que o Entretanto são palavras simples:
poder metafórico dos piruás é muito maior. Piruás são aquelas definem
pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. partes do corpo, movimentos, atos
Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o do viver que só os grandes se permitem
jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua e a nós é defendido por sentença
vida perdê-la-á.” A sua presunção e o seu medo são a dura casca dos séculos.
do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras
a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não E tudo é proibido. Então, falamos.
vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da
pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para ANDRADE, Carlos Drummond de. Certas palavras.
nada. Seu destino é o lixo. Quanto às pipocas que estouraram, In: A palavra Mágica – POESIA. 10ª ed. Rio de Janeiro: Record,
são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é 2003, p. 32.
uma grande brincadeira...

Disponível em http://www.releituras.com/rubemalves_pipoca.asp. DIÁLOGO FINAL


Acessado em 31 de mai. 2016.
- É tudo que tem a me dizer? - perguntou ele.
- É - respondeu ela.
Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. - Você disse tão pouco.
- Disse o que tinha para dizer.
- Sempre se pode dizer mais alguma coisa. — É: eu sube mesmo.
- Que coisa? — Agora vancê me diga, p’r o seu mesmo dizer, si d’aqui por
- Sei lá. Alguma coisa. diante eu fico no direito de falar p’r’o seu véio no negócio, e
- Você queria que eu repetisse? também si já não é tempo de ir comprando a roupinha, a louça, a
- Não. Queria outra coisa. trastaria dûa casa.
- Que coisa é outra coisa? — Isso ‘ta no seu querer.
- Não sei. Você que devia saber. — Mas vancê casa antão comigo de tuda a sua vontade, não tem
(...) nem um no pensamento?
— Não tenho, nho Vicente. Eu não incubro a ideia de casar c’o
ANDRADE, Carlos Drummond de. Diálogo Final (trecho). Réimundo, e ele também queria casar comigo. Agora, dêsque ele
In: Histórias para o Rei – CONTO. 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, faltou c’a promessa, eu não tenho prisão por ninguém.
1999, p. 42-43.
(Silveira , Valdomiro. Constância. In: Os caboclos: conto. Rio de
Janeiro; Brasília: Civilização Brasileira; INL, 1975. Adaptado.)
(G1 - ifpe 2017) O Modernismo brasileiro foi um movimento
cultural, artístico e literário que teve seu início marcado pela
Semana de Arte Moderna, em 1922, e que buscou examinar e (Ifsp 2013) Como pudemos notar, há, no texto, a tentativa de
desconstruir os sistemas estéticos da arte tradicional. representação da língua cabocla. Assinale a alternativa em que
estão apresentadas três palavras típicas dessa variedade
Com base na leitura dos textos acima e nos seus conhecimentos linguística, seguidas de sua grafia correta, conforme a norma
acerca das características das obras modernas, assinale a culta, nos parênteses.
alternativa CORRETA.
a) vancê (cê), si (si), dêsque (desde que).
a) Por fazer parte da segunda geração de modernistas,
Drummond usufrui de uma liberdade ainda maior do que a b) véio (velho), dûa (de uma), c’o (com o).
imaginada pelos participantes da Semana, o que o permite
experimentar grande variedade temática e estilística, conforme c) nha (mocinha), louça (loiça), nem um (nem um).
vemos nos textos apresentados.
d) ‘tou (esto), antão (então), ninguém (ninguém).
b) Embora seja modernista, o poema “Certas palavras” faz clara
oposição aos ideais defendidos por esse movimento, em que a e) sube (subi), trastaria (trasteria), incubro (incubro).
vontade de quebrar os paradigmas da literatura tradicional não
permitiam a sobrevivência do eu lírico. Exercício 22
(G1 - ifmt 2020) Assinale a alternativa em que a separação
silábica está grafada de acordo com a norma culta da língua
c) A estrutura do conto “Diálogo final”, prosaica e com linguagem
portuguesa:
acessível, só foi possível a partir da terceira geração do
Modernismo brasileiro, quando os escritores conquistaram certa
autonomia literária e construíram a identidade da literatura a) em-pre-en-de-dor; sa-u-da-de; li-vra-ria.
nacional. b) des-ci-da; ra-i-nha; en-xa-gu-ar.

d) O poema “Certas palavras”, embora pareça um poema, está c) ál-co-ol, a-ni-mais; vas-sou-ra.
escrito em prosa, uma vez que o uso de sinais de pontuação é
próprio de textos prosaicos. Em poemas, a organização dos d) ad-vo-ga-do, his-tó-ri-a; a-d-je-ti-vo.
versos e das estrofes dispensa o uso de sinais diacríticos, como a
vírgula e os dois-pontos, por exemplo. e) cha-péu; coo-pe-rar; fri-ís-si-mo.

e) Os textos, por romperem com ideais estéticos da literatura Exercício 23


tradicional, foram escritos em uma variedade mais formal da TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Língua Portuguesa, não havendo, em sua composição, trechos em Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
desacordo com a norma culta.
FRONTEIRAS ENTRE GAMES, LIVROS E CINEMA ESTÃO
Exercício 21 CADA VEZ MENORES
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
As variedades linguísticas brasileiras são diversas à medida da (1) Interatividade, pioneirismo e criação. Essas são as palavras-
extensão territorial do País. Considere o texto seguinte, que chave que designam os meios do videogame, do livro e do
apresenta uma dessas variedades. cinema, e que levam à seguinte conclusão: o entretenimento
contemporâneo nunca esteve em tamanha sincronia.
— Vancê já sabe, nha Lainha, que eu ‘tou na mente de lhe pedir; Economicamente, são três plataformas com distâncias pequenas
alguém já lhe havéra de ter contado. (em determinadas vertentes, até opostas), e criativamente, em
Ela avermelhou toda:
consonância, a trindade do entretenimento visual caminha para uma solução simples: “Eu, sinceramente, não consigo ter uma
um mundo com fronteiras cada vez mais ínfimas. opinião qualitativa. É muito complexo “bater o martelo”. É um
(2) Recentemente, o ministro da Cultura espanhol, José Guirao, fenômeno que já acontece, o grande desafio é você marcar cada
apresentou um dado sucinto, mas reverberante: em menos de cultura com uma vertente, e a expectativa é isso aumentar, pois
cinco anos, espera-se que o faturamento do país europeu em as mídias já são muito manipuláveis e isso não tem como mudar,
videogames ultrapasse a arrecadação do mercado literário. é um circuito novo que já está aí”, conclui o acadêmico.
Atualmente, o setor editorial do país fatura cerca de 2 bilhões de
euros por ano, já a indústria de videogames ficou com pouco mais NUNES, Ronayre. Fronteiras entre games, livros e cinema estão
de 700 milhões de euros em 2017. Por essa perspectiva, a cada vez menores. Disponível em:
diferença pode até parecer inalcançável, mas tudo muda se https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-
considerado que os 700 milhões de euros tinham como marca, no arte/2019/02/24/interna_diversao_arte,739280/relacao-entre-
ano anterior, “apenas” 300 milhões, ou seja, o faturamento anual games-e-filmes.shtml. Acesso em: 25 out. 2019 (adaptado).
do mercado de videogames mais do que dobrou nas terras do
Dom Quixote.
(3) Em geral, a alta de arrecadamento da indústria do videogame (S1 - ifpe 2020) Um texto é escrito de maneira mais formal ou
mundo afora não é necessariamente uma novidade. O instituto de menos formal para atender aos objetivos de sua produção, os
data base Steam apontou, ainda em maio do ano passado, que, quais costumam estar em consonância com a sua função social,
em mídias digitais, os jogos de computadores já rendiam mais do bem como com os meios de circulação, entre outros aspectos.
que o streaming de vídeo, livros e música globalmente. E se, na Sobre o tipo de registro utilizado para produzir o texto, assinale a
vertente econômica, os números ditam a narrativa, criativamente, alternativa CORRETA.
contudo, é mais difícil perceber na prática essa exclusão de
fronteiras. Mas elas existem. E, para falar sobre isso, nada melhor
a) Por ter sido veiculado em um jornal, o texto é escrito na norma
do que ouvir quem trabalha todo dia nesses meios.
culta da língua e não possui coloquialidades, uma vez que esse
(4) Felipe Dantas é um desenvolvedor de videogames e explica
tipo de registro seria impróprio para o seu contexto de circulação.
um fator chave que comunga os três meios de forma bem
profunda: a narrativa. “Existem narrativas muitos fortes que
ultrapassam qualquer meio. São enredos que funcionam não só
b) No 6º parágrafo do texto, o uso da forma “ia”, por duas vezes,
nos filmes, mas também em livros e videogames. Ter essa boa
em vez de “iria”, aproxima o texto da oralidade e caracteriza uma
narrativa é a principal forma de quebrar fronteiras”, afirma ele.
linguagem informal.
(5) Bárbara Morais é uma autora brasiliense que vê essa quebra
de fronteiras de uma maneira extremamente positiva: “É super
c) A utilização de palavras como “reverberante” (2º parágrafo) e
interessante, eu acho que não existem mais barreiras, na verdade.
“transmídia” (7º parágrafo) conferem ao texto uma linguagem
Lembro que um dos meus jogos favoritos tinha uma enciclopédia
rebuscada, própria da variedade na qual foi escrito.
de personagens e passos, e eu parava para ficar lendo, em um
jogo! Eu amava. Eu acho que está tudo integrado, as ideias são
d) Expressões como “toparia” (6º parágrafo), “bater o martelo” e
contadas de várias formas diferentes e cada meio dá uma
“aí” (8º parágrafo), caracterizam uma linguagem informal,
roupagem diferente para a história. Cada uma dessas obras acaba
imprópria para o texto, que é acadêmico.
completando a outra”.
(6) Mas existe o risco dos livros perderem público para outros
e) O texto é acadêmico e, portanto, escrito na variedade formal da
meios? De acordo com a autora, não: “Eu acho que, querendo ou
língua, o que é comprovado pela citação da fala de um professor
não, sempre vai ter um (meio de entretenimento) mais popular, eu
universitário no 7º parágrafo.
não acho que um interfere na produtividade do outro, os meios e
as formas de contar história são independentes e podem se Exercício 24
manter”. Bárbara também deixa claro como reagiria caso uma de TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
suas obras literárias fosse adaptada para outros meios: “Eu ia Gerundismo - evite esse vício de linguagem
amar, mesmo que não fosse uma adaptação boa, ia popularizar
meu trabalho; eu toparia, sim”. Tanto se tem falado a respeito de gerundismo, que já há
(7) Segundo o professor do departamento de comunicação da quem tenha prática sobre o uso do gerúndio. Há até quem
Universidade Católica de Brasília, Ciro Inácio Marcondes, a ideia pergunte se o gerúndio não é mais usado ou se é errado o seu
de uma consciência “transmídia” não é algo novo, pelo contrário, emprego. Então, antes que se comece a tomar o certo pelo
já marca um fluxo de conhecimento da humanidade - “como duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas
desde o texto oral para os livros” -, mas, atualmente, ganha um regras gramaticais.
panorama monetário: “Essa questão da intermidialização tem se Comecemos pelo significado da palavra “gerúndio”. Se
proliferado no contexto da comunicação, e essas narrativas procurarmos as definições nas gramáticas em uso,
transmídias passam não só pelos meios que foram criados, mas, encontraremos, geralmente, a seguinte explicação: “Gerúndio é
também, por redes sociais, marketing, e isso funciona, inclusive, uma das formas nominais do verbo que apresenta o processo
como uma nova economia”. verbal em curso e que desempenha a função de adjetivo ou
(8) Mas, afinal, o fim das fronteiras no entretenimento é para o advérbio”.
bem ou para o mal? A questão principal dessa discussão não tem
Ele apresenta-se de duas formas. A simples (Ex.: DUZENTAS GRAMAS
Chegando a hora da largada, a luz verde acendeu) e a composta
(Ex.: Tendo chegado ao fim da corrida, o carro foi recolhido ao Meu amigo Hélio, que é pai do Arthur e diz sonoramente trêss e
boxe). déss (ao invés de, digamos, “trêis” e “déis”) fica indignado quando
O gerúndio expressa uma ação que está em curso ou que peço na padaria duzentas gramas de presunto – quando a forma
ocorre simultaneamente ou, ainda, que remete a uma ideia de correta, insiste ele, é “duzentos” gramas. Sempre que acontece e
progressão. Sua forma nominal é derivada do radical do verbo estamos juntos acabamos discutindo uns dez minutos sobre
acrescida da vogal temática e da desinência -ndo. Exemplos: modos diferentes de falar. Ele de praxe argumenta que as regras
comendo; partindo. de pronúncia e ortografia, se existem, devem ser obedecidas – e
Veja, a seguir, o uso do gerúndio na prática: que os mais cultos (como eu, um cara que traduz livros!) devem
E a lama desceu pelo morro, destruindo tudo que insistir na forma correta a fim de esclarecer e encaminhar gente
encontrava pela frente. menos iluminada, como supõe-se seja a moça que me vende na
Rindo, ele se lembrava com saudades dos dias felizes que padaria o presunto e o queijo. Eu sempre argumento que quando
tivera. ele diz que só existe uma forma correta de falar está usurpando
Abrindo o laptop, começou a escrever. um termo de outro ramo, e tentando aplicar a ética à gramática:
“Caminhando sozinho aquela noite pela praia deserta, fiz como se falar “corretamente” implicasse em algum grau de
algumas reflexões sobre a morte” (Erico Veríssimo, Solo de correção moral; como se dizer “duzentas” gramas fosse incorrer
Clarineta, p. 12). numa falha de caráter e dizer “duzentos” fosse prova de virtude e
Como vimos nos exemplos, o gerúndio pode ser integridade. [...]
empregado de diferentes maneiras em nossa língua sem que
tenhamos praticado nenhuma heresia. Já com o gerundismo é <https://tinyurl.com/ya6ta9cr> Acesso em: 09.11.2017.
outra história. Nesse caso, trata-se do uso inadequado do
gerúndio. Um vício de linguagem que se alastrou de modo tão
corriqueiro e insistente que até já virou piada. (G1 - cps 2018) Segundo o texto, é possível afirmar que
Então, se você usa expressões como: “Vou estar
pesquisando seu caso” ou “Vou estar completando sua ligação”,
a) o autor do texto, apesar de admitir o uso de “duzentas gramas”,
mude imediatamente sua fala para: “Vou pesquisar seu caso” e
afirma que há formas incorretas de pronunciar palavras como
“Vou completar sua ligação”. Note que, nos dois casos, você passa
“três” e “dés”.
a usar somente duas formas verbais (“vou” + “pesquisar” ou “vou”
+ “completar”) no lugar de três. Além disso, a ideia temporal a ser
b) a forma correta a que o autor se refere tem como parâmetro a
transmitida é a de futuro e não de presente em curso.
linguagem coloquial e não a norma culta padrão da língua
O gerundismo, portanto, é uma mania que peca pelo
portuguesa.
excesso, pela inadequação do verbo, que ocorre ao
transformarmos, desnecessariamente, um verbo conjugado em
c) há formas de se expressar que não devem existir,
um gerúndio.
principalmente em contextos sociais como o que foi retratado
pela crônica.
(Fonte: UOL. Adaptado. Disponível em:
<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/gerundismo-
d) a expressão que dá nome à crônica faz parte da oralidade do
evite-esse-vicio-de-linguagem.htm> Acesso em: 20 jan. 2019).
autor e implica, também, questões de prestígio social.

e) há uma incongruência na afirmação da personagem Hélio, pois


(G1 - ifmt 2020) Levando em conta a norma culta da língua
o que ele afirma não acontece na vida real.
portuguesa, assinale a alternativa em que todas as palavras são
acentuadas graficamente devido à mesma regra de acentuação Exercício 26
gráfica: TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao texto abaixo.
a) já – há – gerúndio.

b) prática – gerúndio – é. Muita gente que ouve a expressão “políticas linguísticas” pela
primeira vez pensa em algo 1solene, formal, oficial, em leis e
c) gerúndio – advérbio – história. portarias, em autoridades oficiais, e pode ficar se perguntando o
que seriam leis sobre línguas. De fato, há leis sobre línguas, mas
d) além – você – gramáticas. as 2políticas linguísticas também podem ser menos 3formais – e
nem passar por leis propriamente ditas. Em quase todos os casos,
e) temática – desinência – você. figuram no cotidiano, 4pois envolvem não só a gestão da
linguagem, mas também as práticas de linguagem, e as crenças e
Exercício 25
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: valores que circulam a respeito 5delas. Tome, por exemplo, a
Leia a crônica de Paulo Brabo e responda à(s) questão(ões). situação do 6cidadão das classes confortáveis brasileiras, que
quer que a escola ensine a norma culta da língua portuguesa.
7Ele folga em saber que se vai exigir isso dos candidatos às vagas UM DOADOR UNIVERSAL
para o ensino superior, mas nem sempre observa ou exige o
mesmo padrão culto, por exemplo, na ata de condomínio, que ele Tomo um táxi e mando tocar para o hospital do Ipase. Vou visitar
8 um amigo que foi operado. O motorista volta-se para mim:
aprova como está, desapegada da ortografia e das regras de
- O senhor não está doente e agora não é hora de visita. Por
concordância verbais e nominais 9preconizadas pela gramática
acaso é médico? Ultimamente ando sentindo um negócio
normativa. Ele acha ótimo que a escola dos filhos faça 10baterias esquisito aqui no lombo...
de exercícios para fixar as normas ortográficas, mas pouco se
- Não sou médico.
incomoda com os problemas de redação nos enunciados das
Ele deu uma risadinha.
tarefas dirigidas às crianças ou nos textos de comunicação da
- Ou não quer dar uma consulta de graça, hein, doutor? É isso
escola dirigidos à comunidade escolar. Essas são políticas
mesmo, deixa para lá. Para dizer a verdade, não tem cara de
linguísticas. 11Afinal, onde há gente, há grupos de pessoas que médico. Vai doar sangue.
falam línguas. Em cada um desses grupos, há decisões, 12tácitas - Quem, eu?
ou explícitas, sobre como proceder, sobre o que é aceitável ou - O senhor mesmo, quem havia de ser? Não tem mais ninguém
não, e por aí afora. Vamos chamar essas escolhas – 13assim como aqui.
14 - Tenho cara de quem vai doar sangue?
as discussões que levam até 15elas e as ações que delas
- Para doar sangue não precisa ter cara, basta ter sangue. O
resultam – de políticas. Esses grupos, pequenos ou grandes, de
senhor veja o meu caso, por exemplo. Sempre tive vontade de
pessoas tratam com outros grupos, que por sua vez usam línguas
e têm as suas políticas internas. Vivendo imersos em linguagem e doar sangue. E doar mesmo de graça, ali no duro. Deus me livre
tendo constantemente que lidar com outros indivíduos e outros de vender meu próprio sangue: não paguei nada por ele. Escuta
grupos mediante o uso da linguagem, não surpreende que os aqui uma coisa, quer saber o que mais, vou doar meu sangue e é
recursos de linguagem lá pelas tantas se tornem, eles próprios, já.
Deteve o táxi à porta do hospital, saltou ao mesmo tempo que eu,
tema de política e objetos de políticas explícitas. Como 16esses
foi entrando:
recursos podem ou devem se apresentar? Que funções eles
- E é já. Esse negócio tem de ser assim: a gente sente vontade de
podem ou devem ter? Quem pode ou deve ter acesso a 17eles?
fazer uma coisa, pois então faz e acabou-se. Antes que seja tarde:
Muito do que fazemos, 18portanto, diz respeito às políticas acabo desperdiçando esse sangue meu por aí, em algum
linguísticas. desastre. Ou então morro e ninguém aproveita. Já imaginou
quanto sangue desperdiçado por aí nos que morrem?
Adaptado de: GARCEZ, P. M.; SCHULZ, L. Do que tratam as - E nos que não morrem? - limitei-me a acrescentar.
políticas linguísticas. - Isso mesmo. E nos que não morrem! Essa eu gostei. Está se
ReVEL, v. 14, n. 26, 2016. vendo que o senhor é moço distinto. Olhe aqui uma coisa, não
precisa pagar a corrida.
Deixei-me ficar, perplexo, na portaria (e ele tinha razão, não era
hora de visitas) enquanto uma senhora reclamava seus serviços:
(Ufrgs 2017) Considere as afirmações abaixo. - Meu marido está saindo do hospital, não pode andar direito...
- Que é que tem seu marido, minha senhora?
I. Alguns cidadãos brasileiros discordam das leis existentes sobre - Quebrou a perna.
a língua. - Então como é que a senhora queria que ele andasse direito?
II. Alguns cidadãos brasileiros querem que se exija dos - Eu não queria. Isto é, queria... Por isso é que estou dizendo -
candidatos às vagas para o ensino superior a mesma norma culta confundiu- se a mulher. - O seu táxi não está livre?
que eles exigem nas atas de condomínio. - O táxi está livre, eu é que não estou. A senhora vai me
III. As escolas dos filhos de alguns cidadãos brasileiros desculpar, mas vou doar sangue. Ou hoje ou nunca.
comunicam-se com a comunidade escolar por meio de textos com E gritou para um enfermeiro que ia passando e que nem o ouviu:
problemas de redação. - Você aí, ô, branquinho, onde é que se doa sangue?
Procurei intervir:
Segundo o texto, quais podem ser consideradas corretas? - Atenda a freguesa... O marido dela...
a) Apenas I. - Já sei: quebrou a perna e não pode andar direito.
- Teve alta hoje. - acudiu a mulher, pressentindo simpatia.
b) Apenas II. - Não custa nada – insisti. - Ele precisa de táxi. A esta hora...
- Eu queria doar sangue - vacilou ele. - A gente não pode nem
c) Apenas III. fazer uma caridade, poxa!
- Deixa de fazer uma e faz outra, dá na mesma.
d) Apenas I e II. Pensou um pouco, acabou concordando:
- Está bem. Mas então faço o serviço completo: vai de graça.
e) I, II e III. Vamos embora. Cadê o capenga?
Afastou-se com a mulher, e em pouco passava de novo por mim,
Exercício 27 ajudando-a a amparar o marido, que se arrastava, capengando.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: - Vamos, velhinho: te aguenta aí. Cada uma!
Ainda acenou para mim, de longe, se despedindo. Este hábito facilita e muito a minha vida, já que tenho que me
dividir entre o mestrado, a monitoria, o cuidado com a casa,
SABINO, Fernando. Um doador universal. Disponível em: família.
<<http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/fernando- Costumo toda noite, antes de ir dormir, fazer uma lista de tarefas
sabino/fernando-sabino-um-doador-universal-1.538>>. Acesso: para o dia seguinte na minha agenda. Você pode usar o bloco de
08 maio 2017. notas no celular, o Evernote no computador ou a ferramenta que
melhor se adeque à sua rotina. Com a lista de atividades em
mãos, fica mais fácil visualizar o que precisa ser feito. Se não
(G1 - ifpe 2017) Em relação à linguagem, podemos afirmar que o sabemos exatamente o que fazer, vamos deixar para mais tarde e
texto aí a procrastinação vai tomar conta.

2. Objetivos claros
a) embora se apresente escrito, possui uma linguagem mais
É claro que sem força de vontade não fazemos nada nessa vida,
informal e próxima da oralidade, pouco preocupada com a rigidez
mas para agirmos precisamos ter claro quais são os nossos
da norma culta.
objetivos.
Por que é importante fazer o fichamento do texto X? É importante
b) foi escrito com total respeito à norma culta da língua
porque vou utilizá-lo para a produção do meu artigo. Por que ler o
portuguesa, não sendo possível encontrarmos trechos em
livro Y? Porque ele será discutido na próxima aula. E assim por
desacordo com as variedades de prestígio.
diante. Dessa forma, até mesmo as tarefas mais simples e
corriqueiras acabam sendo ressignificadas e a partir daí não serão
c) embora apresente expressões coloquiais como “capenga”, “de
mais ignoradas.
graça”, “no duro”, a abordagem do assunto “doação de sangue” dá
ao texto um tom sóbrio e científico
3. Prazos pré-estabelecidos
Ao sabermos a data de uma prova, nos descabelamos e
d) apresenta uma linguagem técnica, porém, de fácil
começamos a estudar desesperados, não é mesmo? Nada como
compreensão, uma vez que associa elementos coloquiais a
uma boa pressão para nos mexermos rapidinho. Então, é preciso
termos formais no decorrer do texto.
estabelecer prazos para as tarefas a serem realizadas e depois
determinação para cumpri-los.
e) expõe o preconceito linguístico praticado pelo motorista ao
Você tem que ler um texto X para a aula? Defina um prazo para
chamar o passageiro de “moço distinto”, discriminando a
realizá-lo. Precisa escrever um artigo? Estabeleça uma data para
variedade linguística falada por ele.
terminá-lo. Você precisa preparar uma apresentação para um
Exercício 28 seminário? Determine o dia que precisará concluí-lo. E por fim,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: cumpra os prazos e você se sentirá feliz por ter conseguido vencer
O monstro da procrastinação mais uma batalha contra este monstro.
Penélope Salles
Blog Posgraduando.com 4. Fuja das Distrações
Você já percebeu que é só iniciar uma tarefa importante, como
Assim como eu, você tem um monte de coisas para fazer: textos escrever o projeto do mestrado, terminar a leitura de um livro,
para ler, um artigo para escrever, e-mails importantes para estudar para a prova, que tudo ao redor acaba distraindo a nossa
responder, casa para limpar (porque a vida não está fácil para atenção? Uma hora é o Facebook, outra é Whatsapp, SMS, e-
ninguém)? E nessa hora o que você sente é aquela vontade de mails, TV e assim por diante. E essas pequenas distrações
conferir a última novidade do Facebook? Ou de ver um vídeo no consomem tanto do nosso tempo que no final acabamos não
YouTube, passar aquela fase do Candy Crash ou ainda tirar fazendo nada do que nos propomos a realizar. Largue tudo, que
aquela soneca boa no meio da tarde? isso não te pertence mais. Pelo menos nos horários que você
Quem nunca? estabeleceu para cumprir as suas tarefas.
Infelizmente a perfeita consciência disso não faz as coisas Eu mesma tenho que aplicar a Técnica Pomodoro para conseguir
acontecerem como num passe de mágica. É preciso muito mais me concentrar de verdade. Essa técnica é bem simples: você
que força de vontade para deixar o monstro peludo da coloca um despertador (eu coloco o timer da cozinha ou então, o
procrastinação de lado e fazer aquilo que realmente é necessário. despertador do celular) para tocar em 25 minutos. Enquanto isso
Vou falar de cinco estratégias que tenho adotado e que têm me você realiza uma tarefa e não faz outra coisa neste tempo. Se
ajudado nesta batalha diária contra este monstro terrível: lembrar de algo, anote num papel, mas depois continue sua
tarefa até terminar o tempo. Depois dos 25 minutos, descanse 5 e
1. Listas faça as coisas que estavam pendentes. Você verá uma grande
Faça uma lista de tudo o que precisa ser feito no dia e selecione diferença na sua rotina.
aquelas que são prioritárias. Não se esqueça de listar até mesmo Pronto! Você perceberá que priorizar uma tarefa só é melhor do
aquelas atividades consideradas mais “chatas”, mas que são que tentar realizar várias ao mesmo tempo e não conseguir
importantes. Eu sei que muita gente já faz isso, mas a concluir nenhuma.
necessidade de planejar o dia a dia só surgiu quando eu percebi
que não tinha tempo suficiente para fazer tudo o que precisava. 5. Recompensa
Apesar de soar um pouco estranho, a recompensa é a motivação Vou lhe mandar uma caixinha de Minorativas,
para muitas pessoas cumprirem as tarefas necessárias. Seria mais Pastilhas purgativas:
ou menos o seguinte: você se propõe a fazer determinada É impossível que não faça efeito.
atividade e, como forma de realizá-la, promete a si mesmo uma
recompensa no final. Embora nem todo mundo concorde com ela, (Bandeira, Manuel. Estrela da vida inteira. São Paulo: Nova
acho que é uma estratégia para nos motivarmos a realizar as Fronteira, 2007)
tarefas mais difíceis ou mais “chatas”.
Espero que estas dicas ajudem vocês a evitar a procrastinação.
(Insper 2011) Sobre a primeira e segunda estrofes, só não é
Fonte: posgraduando.com/blog/procrastinacao correto afirmar que

a) o grau de coloquialidade é demonstrado pelo emprego de


(Ufjf-pism 1 2016) O objetivo desse texto é apresentar uma
expressões como “gostosa”, “bonita pra burro” e “dei em cima”.
técnica. Uma característica presente nele que está ligada a esse
objetivo é o uso de
b) os esforços do “eu poético” para conquistar a jovem são
marcados pelas expressões “Utilizei o bonde, o automóvel, o
a) depoimentos da autora. passeio a pé”.

b) subdivisões em etapas. c) os termos “macumba” e “pó” denotam alguns dos recursos de


que o “eu poético” se utilizou em vão para angariar o afeto da
c) estrangeirismos diversos. amada.

d) linguagem técnica. d) a expressão “não fez efeito”, proveniente do vocabulário


médico, é de uso exclusivo da linguagem técnica.
e) perguntas retóricas.
e) o “eu poético” recorre a qualificativos de ordem ética (“boa”),
Exercício 29
sexual (“gostosa”) e física (“bonita”) para atrair o interesse da
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: jovem.
Dois anúncios
Rondó de Efeito - para todas as combinações possíveis Exercício 30
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Olhei para ela com toda a força, Passeio à Infância
Disse que ela era boa,
Que ela era gostosa, Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos dois
Que ela era bonita pra burro: pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os lagostins
Não fez efeito. saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer ingás? Ou vamos
ficar bestando nessa areia onde o sol dourado atravessa a água
Virei pirata: rasa? Não catemos pedrinhas redondas para atiradeira, porque é
Dei em cima de todas as maneiras, urgente subir no morro; os sanhaços estão bicando os cajus
Utilizei o bonde, o automóvel, o passeio a pé, maduros. É janeiro, grande mês de janeiro!
Falei de macumba, ofereci pó... Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do
À toa: não fez efeito. morro e descer escorregando no capim até a beira do açude. Com
dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval é só no
Então banquei o sentimental: mês que vem, vamos apanhar tabatinga para fazer formas de
Fiquei com olheiras, máscaras. Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do
Ajoelhei, jardim tem um pé de saboneteira.
Chorei, Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha,
Me rasguei todo, numa simples menina de pernas magras e vamos passear nessa
Fiz versinhos, infância de uma terra longe. É verdade que jamais comeu angu de
Cantei as modinhas mais tristes do repertório do Nozinho. fundo de panela?
Escrevi cartinhas e pra acertar a mão, li Elvira a Morta Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino.
Virgem Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com o
(Romance primoroso e por tal forma comovente que canivete. Mas não consigo imaginá-la assim; talvez se na praia
ninguém pode lê-lo sem derramar copiosas lágrimas...) ainda houver pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? Tenho
uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia. Iremos catar
Perdi meu tempo: não fez efeito. conchas cor-de-rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto
Meu Deus que mulher durinha! do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três
Foi um buraco na minha vida. horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de sono,
Mas eu mato ela na cabeça: você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu lhe vou aipim
ainda quente com melado. Talvez você fosse como aquela menina a) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e
rica, de fora, que achou horrível nosso pobre doce de abóbora e descer escorregando no capim até a beira do açude.
coco.
Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do b) Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval
bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então ir descendo o é no mês que vem, vamos apanhar tabatinga para fazer formas de
rio numa canoa bem devagar e de repente dar um galope na máscaras.
correnteza, passando rente às pedras, como se a canoa fosse um
cavalo solto. Ou nadar mar afora até não poder mais e depois c) Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem
virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; um pé de saboneteira.
os outros meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-
peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os d) Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da
soldados de canoa dando tiros, e havia uma mulher do outro lado infância.
do rio gritando.
Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la em e) Bem pouca coisa eu sei; uma vez na fazenda riram: ele não
menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu sabe nem passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino (...).
junto de um tronco queimado; e me lembro de muitas meninas.
Exercício 31
Tinha uma que para mim uma adoração. Ah, paixão da infância,
(Acafe 2018) Assinale a frase elaborada em conformidade com
paixão que não amarga. Assim eu queria gostar de você, mulher
estranha que ora venho conhecer, homem maduro. Homem as normas da língua-padrão.
maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, você estava distraída,
meus olhos eram outra vez daquele menino feio do segundo ano a) Considerando o momento histórico atual do qual estamos
primário que quase não tinha coragem de olhar a menina um vivenciando, onde os meios de comunicação não tem dado conta
pouco mais alta da ponta direita do banco. de divulgar a violência (de todos os tipos), corrupção,
Adoração de infância. Ao menos você conhece um desigualdade social, miséria, fome, entre outras calamidades que
passarinho chamado saíra? É um passarinho miúdo: imagine uma vêm a cada dia comprometendo o Planeta e continuidade da
saíra grande que de súbito aparecesse a um menino que só existência de todos os seres vivos, especialmente os humanos,
tivesse visto coleiros e curiós, ou pobres cambaxirras. Imagine um que nestas últimas décadas, de humanos parecem já existirem
arco-íris visto na mais remota infância, sobre os morros e o rio. O muitos poucos dentre milhões.
menino da roça que pela primeira vez vê as algas do mar se
balançando sob a onda clara, junto da pedra. b) A proposta de criminalização do samba, no início do século
Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da passado, era tão racista quanto o Sistema de Justiça Criminal
infância. Na minha adolescência você seria uma tortura. Quero Brasil, cujo critério determinante é a posição de classe do autor,
levá-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma vez na ao lado da cor de pele e de outros indicadores sociais negativos,
fazenda rira: ele não sabe nem passar um barbicacho! Mas o que tais como pobreza, desemprego e falta de moradia.
sei lhe ensino; são pequenas coisas do mato e da água, são
humildes coisas, e você é tão bela e estranha! Inutilmente tento c) Os defensores da exposição explicam que a obra foi produzida
convertê-la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um em “um período em que a cultura do fumo vivia em sintonia
pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés. comum a erotização queer da oralidade, em que a forma fálica do
Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande! Na cigarro ingressa no universo popular uma intensidade
adolescência e torturaria; mas sou um homem maduro. Ainda inimaginável”.
assim às vezes é como um bando de sanhaços bicando os cajus
de meu cajueiro, um cardume de peixes dourados avançando, d) Quando uma empresa vai mau das pernas, a primeira medida a
saltando ao sol, na piracema; um bambual com sombra fria, onde ser tomada é diminuir o quadro de funcionários para que assim se
ouvi um silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir! reduza os gastos, não é mesmo?
Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com
cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas cigarras Exercício 32
cantando numa pobre tarde de homem. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto para a(s) questão(ões) a seguir:
Julho, 1945
Fomos proibidos de te amar, São Paulo
Crônica extraída do livro 200 crônicas escolhidas, de Rubem
Braga Herdamos o mito dos bandeirantes, e vocês transformaram Borba
Gato, esse genocida, em fundador de nossa identidade. De
legado, temos esta metástase em forma de desenvolvimentismo
estéril, estas milhões de toneladas de concreto que hoje
(Efomm 2019) No texto, o autor faz uso de algumas marcas de tentamos adornar para deixá-las suportáveis, mas que seria
oralidade. Assinale a opção na qual uma dessas marcas está melhor não existissem.
presente. Nos confinaram em bolhas de metal, em bolhas de concreto, em
bolhas de vidro, como se fôssemos gado que tem por ração
plástico. 1Disseram na nossa cara 2que praia de paulistano é Aqui se encerra esse ciclo de ódio e se abre uma possibilidade de
shopping, que Cumbica é o melhor lugar de nossa cidade, que um novo começo na relação com São Paulo.
plano de aposentadoria é pousada na Bahia. Que aqui não se cria Nossa terra está em transe. Somos afortunados. Somos os novos
filho, que essa terra só serve para ganhar dinheiro, como uma paulistanos, e essa cidade é nosso rolê.
versão apocalíptica de Serra Pelada.
3 * expressão latina: “não sou conduzido, conduzo”
Nos deram uma ponte hedionda como novo cartão postal,
transformaram nossa espinha dorsal em uma avenida de
(GUERRA, Facundo. Fomos proibidos de te amar, São Paulo.
banqueiros, bairros inteiros em cidades-dormitório. Nos
chamaram de feios, sem horizonte, sem perspectiva além da fuga.
Carta Capital. Caderno Sociedade. 27/08/2015. Disponível em:
4Que https://www.cartacapital.com.br/sociedade/fomos-proibidos-de-
aqui não tem amor. Envenenaram nosso ar, nossa água, e
te-amar-sao-paulo-2365.html. Acessado em 11/08/2018)
até ela nos 5usurparam.
Por identidade nos deram os bairros, que ainda assim se
digladiam entre si, o excesso de trabalho e um superpoder: a
(G1 - cotil 2019) Não se observa o uso de coloquialismo na
capacidade de deixar o outro invisível, praticada todos os dias
passagem transcrita em:
com pessoas e lugares, nos semáforos, quando nos deparamos
com o dependente químico 6que chamamos de zumbi, metáfora
a) “Que aqui não tem amor...” (referência 4)
usada em tom cruel e irônico para dar nome ao 7nosso maior
monstro social, justamente porque eles não produzem como nós,
b) “Nos deram uma ponte hedionda como novo cartão postal...”
os viventes.
(referência 3)
8Nossa história e arquitetura foram deixadas às ruínas, que
ativamente permitimos que desmoronem. Nos legaram um c) “Disseram na nossa cara que praia de paulistano é shopping...”
palimpsesto de cidade, onde sobrepomos uma camada de (referência 1)
concreto à outra, sem respeito pelo passado, planejamento ou
cuidado. d) “Nossa história e arquitetura foram deixadas às ruínas, que
Nos disseram que devemos conquistar ou ser conquistados, non ativamente permitimos que desmoronem.” (referência 8)
ducor duco*, fomos colocados em estado permanente de guerra
uns contra os outros, nos envenenaram com o medo pelas ruas e Exercício 33
deixaram que o único elemento que nos cimentasse fosse o ódio TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
comum e ancestral por São Paulo. Sem história, sem horizonte, Os Velhos
perdidos. Fomos proibidos de te amar, São Paulo. Carlos Drummond de Andrade
Chega. Talvez essa relação atávica de ódio nos encha os olhos de
cataratas e não consigamos dar nome a essa emergência ainda, Todos nasceram velhos — desconfio.
mas o faremos, com o devido distanciamento histórico. Em casas mais velhas que a velhice,
9Ocupamos as ruas com comida, com música, com arte, com em ruas que existiram sempre — sempre
assim como estão hoje
cinema, com vida em toda a sua potência. 10Vimos no feio o belo,
e não deixarão nunca de estar:
deixamos de ter medo da rua, que surge como um eixo que
soturnas e paradas e indeléveis
começa a aglutinar em torno de si uma nova identidade de
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
paulistano. Lutamos com mil unhas e dentes por um pedaço de
Os mais velhos têm 100, 200 anos
terra que até então não era mais do 11que um estacionamento e
e lá se perde a conta.
que chamaremos de parque. Fizemos da cicatriz causada pelo
Os mais novos dos novos,
militarismo um espaço para ensinar os novos paulistanos a
não menos de 50 — enormidade.
andarem de bicicleta. Ocupamos lugares que nunca tínhamos
Nenhum olha para mim.
visto e recuperamos a avenida das mãos dos banqueiros. Faremos
A velhice o proíbe. Quem autorizou
turismo na cidade que habitamos. Não aceitamos mais esse ódio,
existirem meninos neste largo municipal?
esse estado permanente de guerra, a necessidade de conquistar o
Quem infringiu a lei da eternidade
outro diariamente.
que não permite recomeçar a vida?
São Paulo é uma cidade no futuro: pós-apocalíptica, radioativa,
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade
seca, onde um dia dinheiro e trabalho não serão os únicos
de ser também um velho desde sempre.
imperativos da vida social. Quando o mundo tremer, todas as
Assim conversarão
cidades serão parecidas com a nossa. 12Do caos e da feiúra comigo sobre coisas
emerge uma beleza que apenas nós, que rejeitamos sua ideia de seladas em cofre de subentendidos
belo, vemos. a conversa infindável de monossílabos, resmungos,
Temos vontade de rua, negamos seus heróis, seus monumentos, tosse conclusiva.
seus carros, seus modos de vida. Nem 13que nos custem décadas, Nem me veem passar. Não me dão confiança.
mas faremos algo belo com os escombros que herdamos e deles Confiança! Confiança!
faremos uma cidade, não uma abstração chamada São Paulo. Dádiva impensável
Ocuparemos cada fresta, cada trinca, cada buraco da cidade cinza. nos semblantes fechados,
nos felpudos redingotes, saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – 1tudo
nos chapéus autoritários, malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
nas barbas de milénios. Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal
Sigo, seco e só, atravessando da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal
a floresta de velhos. perguntou assim pra ela:
– Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com
ANDRADE, Carlos Drummond. Boitempo II. São Paulo: esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
Record.1986. A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais
os outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
– É areia!
Velhas Árvores Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e
Olavo Bilac mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A
velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia.
Olha estas velhas árvores, mais belas Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela
Do que as árvores moças, mais amigas, montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Tanto mais belas quanto mais antigas, Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse
Vencedoras da idade e das procelas... um dia com areia e no outro com 2muamba, dentro daquele
maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas com o saco atrás, o fiscal mandou outra vez. Perguntou o que é
Vivem, livres da fome e de fadigas:
que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, 3uai! O
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal
E os amores das aves tagarelas.
interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco
era areia.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
– Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de
Como as árvores fortes envelhecem,
serviço. 4Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém
Na glória de alegria e da bondade, me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
Agasalhando os pássaros nos ramos, – Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a
Dando sombra e consolo aos que padecem! lambreta, quando o fiscal propôs:
– Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou
BILAC, Olavo. Velhas Árvores. Disponível em: parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora
http://www.jornaldepoesia.jor.br/bilac3.html#velhas. Acesso: vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando
24.9.17 por aqui todos os dias?
– O senhor promete que não “5espaia”? – quis saber a velhinha.
– Juro – respondeu o fiscal.
(Uece 2018) Quanto à linguagem empregada nos poemas Os – É lambreta.
velhos e Velhas árvores, é correto afirmar que
PRETA, Stanislaw Ponte. Primo Altamirando e elas. São Paulo:
Agir, Martins Fontes, 2008.
a) ambos respeitam o rigor formal da métrica do verso clássico.

b) enquanto o poema de Carlos Drummond expressa


(Uece 2018) No texto de Stanislaw Ponte Preta, aparecem com
contentamento com a velhice, o de Olavo Bilac acentua o aspecto
frequência expressões da fala popular, a exemplo de “tudo
da solidão e da tristeza nesta fase da vida.
malandro velho” (referência 1), “muamba” (referência 2) e
“manjo...pra burro” (referência 4). Sobre esta questão, leia as
c) os poemas procuram ater-se a uma linguagem cheia de
afirmações que seguem.
coloquialismos para manterem-se mais próximos dos leitores.

I. Este tipo de linguagem revela, no texto, uma escrita marcada


d) os versos do poema de Drummond, apesar de serem escritos
por um estilo coloquial através do uso consciente de gírias e
no padrão culto da língua portuguesa, não têm o mesmo tom
expressões tiradas da fala informal.
elevado da linguagem rebuscada dos versos do poema de Bilac.
II. Expressões da fala coloquial, como as usadas no texto A velha
Exercício 34 contrabandista, são próprias da crônica, que é um gênero que se
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: utiliza de alguns recursos típicos da oralidade para dar maior
A velha contrabandista dinamicidade ao texto.
Stanislaw Ponte Preta III. As expressões coloquiais utilizadas no texto, na verdade,
mostram uma escrita desleixada do autor que não domina o
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia registro padrão da língua portuguesa.
ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto
IV. O emprego destes coloquialismos podem contribuir para o
caráter humorístico da crônica. c) Desde o título, que vem em forma de pergunta, o texto busca o
coloquialismo, em diálogo simples com o leitor.
Está correto o que se afirma em
d) O texto é formal e coloquial ao mesmo tempo, pois se vale de
seriedade e de jocosidade para discutir o tema.
a) I e III apenas.

e) O uso exagerado de palavras próprias da linguagem oral deixa


b) II, III e IV apenas.
o texto leve e informal, garantindo a compreensão geral deste
pelo leitor.
c) I, II e IV apenas.
Exercício 36
d) I, II, III e IV. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Ter mais e ter menos
Exercício 35
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Vários leitores me escreveram para acusar os "tempos
O texto abaixo serve de referência para responder à(s)
modernos", em que "ter" é mais importante do que "ser". Hoje, o
questão(ões) a seguir.
que temos nos define, à condição, claro, de ostentá-lo o suficiente
para que os outros saibam: constatando nossos "bens", eles
Será que os dicionários liberaram o ‘dito-cujo’?
reconheceriam nosso valor social.
Por Sérgio Rodrigues
Essa seria a razão da cobiça de todos e, em última instância, da
facilidade com a qual todos nos tornamos criminosos. A partir
Brasileirismo informal, termo não está proibido, mas deve ser
dessa constatação, alguns de meus correspondentes tentam
usado de forma brincalhona
explicar uma diferença entre ricos e pobres em matéria de crime.
O argumento básico funciona mais ou menos assim: 1) para ser
O registro num dicionário não dá certificado automático de
alguém, na nossa sociedade, é preciso ter e ostentar bens; 2)
adequação a expressão alguma: significa apenas que ela é usada
quem vale menos na consideração social (o desfavorecido, o
com frequência suficiente para merecer a atenção dos
excluído, o miserável) teria um anseio maior de conquistar
lexicógrafos. O substantivo “dito-cujo”, que substitui o nome de
aqueles bens que aumentariam seu valor aos olhos dos outros.
uma pessoa que já foi mencionada ou que por alguma razão não
Em suma, precisamos ter para ser – e, se formos pouco relevantes
se deseja mencionar, é um brasileirismo antigo e, de certa forma,
ou invisíveis socialmente, só poderemos querer ter mais e com
consagrado, mas aceitável apenas na linguagem coloquial. Mais
mais urgência. À primeira vista, faz sentido. Mas, antes de
do que isso: mesmo em contextos informais seu emprego deve
desenvolver o raciocínio, uma palavra em defesa da modernidade.
ser sempre “jocoso”, ou seja, brincalhão, como anotam diversos
Tudo bem, uma sociedade em que as diferenças são decididas
lexicógrafos, entre eles o Houaiss e o Francisco Borba. Convém
pelo "ter" (vale mais quem tem mais) pode parecer um pouco
que quem fala ou escreve “dito-cujo” deixe claro que está se
sórdida. Acharíamos mais digna uma sociedade na qual valeria
afastando conscientemente do registro culto.
mais quem "é" melhor, não quem acumulou mais riquezas.
Exemplo: “O leão procurou o gerente da Metro e se ofereceu para
O problema é que, em nosso passado recente, as sociedades
leão da dita-cuja, em troca de alimentação”, escreveu Millôr
organizadas pelo "ser" já existiram, e não foram exatamente
Fernandes numa de suas “Fábulas fabulosas”.
sociedades para onde a gente voltaria alegremente – eu, ao
menos, não gostaria de voltar para lá.
(http://veja.abril.com.br/blog/sobrepalavras/
Geralmente, uma sociedade organizada pelo "ser" é uma
consultorio/sera-que-os-dicionarios-liberaram-odito-cujo/>.
sociedade imóvel. Por exemplo, no antigo regime, você podia
Acesso em 13/11/2015. Texto adaptado)
nascer nobre, perder todos os bens de sua família, inclusive a
honra, e continuaria nobre, porque você já era nobre.
Inversamente, você podia nascer numa sarjeta urbana e
(G1 - ifal 2016) Em vista da intenção do autor – refletir sobre o
enriquecer pelo seu trabalho ou pela sua sabedoria, e nem por
uso da expressão “dito-cujo” –, o texto se organiza
isso você se tornaria nobre, porque você não o era. Ou seja, em
linguisticamente observando certas propriedades de estilo.
matéria de mobilidade social, as sociedades nas quais o que
Quanto a essas propriedades, apenas está correto o que se afirma
importa é o "ser" são sociedades lentas, se não paradas, e as
em:
sociedades nas quais o que importa é o "ter" são sociedades nas
quais a mudança é possível, se não encorajada.
a) A linguagem é culta, com traços de erudição que restringem a É bom lembrar disso quando criticamos nossa "idolatria"
abrangência de interlocutores do texto, conforme objetiva o autor. consumista ou nossa vaidade. Podemos sonhar com uma
sociedade organizada pelas qualidades supostamente intrínsecas
a cada um (haveria os sábios, os generosos, os fortes etc.), mas a
b) O texto compõe-se em estilo formal, sem perder de vista a alternativa real a uma sociedade do "ter" são sociedades em que
proximidade com o leitor, recurso que está adequado à finalidade castas e dinastias exercem uma autoridade contra a qual o
didática da mensagem. indivíduo não pode quase nada.
Voltemos agora à observação de que, numa sociedade do "ter" b) I, II e III.
como a nossa, os que têm menos seriam, por assim dizer,
famintos – e, portanto, propensos a querer a qualquer custo. Eles c) I, II e IV.
recorreriam ao crime porque sua dignidade social depende desse
"ter" – para eles, ter (como navegar) é preciso. d) II e IV.
Agora, o combustível de uma sociedade do "ter" é uma mistura de
cobiça com vaidade. Por cobiça, preferimos os bens materiais a e) III e IV.
nossas eventuais virtudes, mas essa cobiça está a serviço da
vaidade. A riqueza que acumulamos não vale "em si", ela vale Exercício 37
para ser vista e reconhecida pelos outros: é a inveja deles que TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
afirma nossa desejada "superioridade". Em outras palavras, os Agressividade is the new black
bens que desejamos são indiferentes; o que importa é o
reconhecimento que esperamos receber graças a eles. Por RUTH MANUS
consequência, nenhum bem pode nos satisfazer, e a insatisfação é
parte integrante de nosso modelo cultural. Para que dialogar se nós podemos jogar pedras?
Não é que estejamos insatisfeitos porque nos falta alguma coisa
(aí seria fácil, bastaria encontrá-la). Somos (e não estamos) The new black. Expressão inglesa que designa uma nova
insatisfeitos porque o reconhecimento dos outros é imaterial, tendência, algo que está tão na moda que poderia 1até mesmo
difícil de ser medido e nunca suficiente. A procura por bens é funcionar como um pretinho básico. Adoraria que este fosse um
infinita ou, no mínimo, indefinida, como é indefinida a procura pelo texto sobre jaqueta jeans, mas não é.
reconhecimento dos outros. “Se prepare, Ruth, a agressividade nas redes sociais é algo
Os bens que conquistamos (roubando ou não, tanto faz) não que você não pode imaginar.”
estabelecem nenhum "ser", apenas alimentam, por um instante, Foi o que me disseram pouco antes da estreia do blog. Eu,
um olhar que gratificaria nossa vaidade. Não existe uma fingindo não estar com medo, balancei a cabeça positivamente
acumulação a partir da qual nós nos sentiríamos ao menos como quem diz “tô sabendo, tô sabendo”. Mas como diria
parcialmente acalmados em nossa busca por esse Compadre Washington, “sabe de nada, inocente”.
reconhecimento. Ao contrário, é provável que a cobiça e a vaidade No meu segundo texto, quase desisti de tudo. Eu
cresçam com o "ter". Ou seja, é bem possível que a tentação do realmente não tinha dimensão do nível sem cabimento que as
crime seja maior para quem tem mais do que para quem tem pessoas poderiam atingir para atacar algo que na maioria das
menos. vezes nem mesmo as provocou.
Há muito tempo venho tentando digerir, mas não consigo.
Contardo Calligaris. Disponível em: Achava que a agressividade 2vinha só de alguns leitores meio
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2015/05/1634384-
pancadas. Engano meu. Ela vem de todo lado: de quem lê, de
ter-mais-e-ter-menos. quem não lê, de quem lê só o título e 3até de quem escreve.
shtml. Acesso em: 27/06/15. Adaptado. E eu pensava que isso acontecia porque o computador
torna as pessoas intocáveis, assim como os carros e que por isso
elas canalizavam toda sua agressividade nas redes sociais ou no
(Upe-ssa 3 2016) Quanto aos recursos empregados na trânsito.
construção linguística do texto, que cooperam para a Engano meu. Tá generalizado, como uma peste que se
compreensão de seu conteúdo, analise as proposições a seguir. espalha pelo país e ninguém faz nada para conter. Mesa de bar,
fila da farmácia, ponto do ônibus. Discursos de ódio e ignorância
I. No trecho: “Essa seria a razão da cobiça de todos e, em última estão por toda parte.
instância, da facilidade com a qual todos nos tornamos Acho que existe um erro de conceito. As pessoas passaram
criminosos.” (2º parágrafo), a expressão destacada reitera a ideia a utilizar a agressividade como um artifício para aumentar a
de inclusão já anunciada pela conjunção que a antecede, “e”. própria autoestima.
II. A expressão “Em suma”, que inicia o 3º parágrafo, introduz uma Como as pessoas se sentem politizadas? Sendo
espécie de síntese dos parágrafos anteriores, e também sinaliza agressivas.
para o leitor uma reiteração das ideias veiculadas. Como as pessoas se sentem informadas? Sendo
III. A expressão “Tudo bem”, que inicia o 4º parágrafo, confere ao agressivas.
texto um coloquialismo que se mostra inadequado ao gênero em Como as pessoas se sentem engraçadas? Sendo
que ele se realiza. agressivas.
IV. No 6º parágrafo, a expressão “ou seja” é responsável por Como as pessoas se sentem menos ignorantes? Sendo
introduzir uma ideia de conclusão ou resumo do conteúdo agressivas.
veiculado anteriormente, no mesmo parágrafo. Entendam: 4pessoas inteligentes não jogam pedras. E
pessoas equilibradas não berram, nem mesmo via caps lock.
Estão CORRETAS, apenas: Sempre me vem à mente aquela passagem de Sagarana,
a) I e II. em que Augusto Matraga 5diz que vai para o céu “nem que seja a
porrete”. As pessoas tentam reduzir a violência com
agressividade. Tentam melhorar o país com agressividade. ela, depois falou com a aeromoça. Trouxeram uma caixa de metal,
Tentam educar seus filhos com agressividade. Tentam fazer ele deu um comprimido à mulher e, nem dez minutos mais tarde,
justiça amarrando pessoas em postes. voltou pros seus amendoins, sob os olhares admirados de todos.
“Pra pedir silêncio eu berro, pra fazer barulho eu mesma Ou de quase todos, pois a minha admiração, devo admitir, foi
faço”. 6Será que um dia essa gente vai entender que o antônimo rapidamente 2fagocitada pela inveja. Ora, quando a medicina
de agressividade não é passividade? Mas é assim que tá sendo. nasceu, com Hipócrates, a história de 3Gilgamesh já circulava
Porque argumentar dá muito trabalho. Pesquisar então, pelo mundo havia mais de dois milênios: desde tempos
nem se fala. Articular um discurso está fora de questão. Tentar imemoriais, enquanto o corpo seguia ao deus-dará, a alma era
persuadir é bobagem. E tolerar... Tolerar é um verbo morto. tratada por mitos, versos, fábulas — e, no entanto...
Agressividade is the new black. No entanto, caros leitores, quem aí já ouviu uma aeromoça pedir,
ansiosa: “Atenção, senhores passageiros, caso haja um escritor a
(Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/ruth- bordo, favor se apresentar a um de nossos comissários”?
manus/agressividade-is-the-new-black/ - Acesso em Eu não me abalaria. Fecharia o jornal, sem afobação, poria uma
28/08/2020) Bic e um guardanapo no bolso, iria até a senhora gorducha e me
agacharia ao seu lado. Conversaríamos baixinho. Ela me
confessaria, quem sabe, estar prestes a reencontrar o filho, depois
(G1 - epcar (Cpcar) 2021) Analisando a construção e a forma de de dez anos brigados: queria falar alguma coisa bonita pra ele,
organização do texto, é correto afirmar que mas não era boa com as palavras. Eu faria uma rápida
5
anamnese: perguntaria os motivos da briga, 5se o filho estava
a) há uma predominância de frases mais curtas, períodos com mais pra Proust ou pra UFC, levantaria recordações prazerosas
poucas subordinações, parágrafos menores com o intuito de da relação e, antes de tocarmos o solo, entregaria à mulher três
reproduzir uma linguagem mais próxima da informal, do parágrafos capazes de verter lágrimas até da estátua do Borba
cotidiano. Gato.
De volta ao meu lugar, passageiros me cumprimentariam e
b) as explicações que a autora dá para o aumento da compartilhariam histórias semelhantes. Uma jovem mãe me
agressividade resultam de uma pesquisa científica cuidadosa contaria do primo poeta que, num restaurante, ao ouvir os apelos
evidente no texto. do garçom —”Um escritor, pelo amor de Deus, um escritor!”—,
tinha sido levado até um rapaz apaixonado e conseguido escrever
c) as interrogações presentes são meramente retóricas, já que são seu pedido de casamento no cartão de um buquê antes que a
respondidas no decorrer do texto e não afetariam a construção do futura noiva voltasse do banheiro.
sentido, caso não o fossem. Um senhor comentaria o caso muito conhecido do romancista
que, após as súplicas de mil turistas, fora capaz de convencer 200
d) o vocábulo “até” (ref. 3), denota a inclusão de escritores na tripulantes de um cruzeiro a abandonar o gerúndio.
categoria de agressivos, tal qual os leitores, mas sendo aqueles Eu sorriria, de leve. Diria “Pois é, se você escolheu essa profissão,
mais amenos que estes. tem que estar preparado pras emergências”, então recusaria,
educadamente, o segundo saquinho de amendoins que a
Exercício 38 aeromoça me ofereceria e voltaria, como se nada tivesse
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
acontecido, para as 6bombas da Crimeia, com meu copo de
Um escritor! Um escritor!
guaraná.
Antônio Prata*

*Antonio Prata
Com o jornal numa mão e um guaraná diet na outra, eu
Escritor e roteirista, autor de Nu, de Botas.
caminhava pelas ruas de 1Kiev, desviando de barricadas e Jornal Folha de São Paulo, 25 mai. 2014 – Disponível em:
coquetéis molotov, quando a voz no sistema de som me trouxe <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/>. Acesso
de volta à poltrona 11C do Boeing 737: “Atenção, senhores em 27 ago.2019.
passageiros, caso haja um médico a bordo, favor se apresentar a
um de nossos comissários”.
Foi aquele discreto alvoroço: todos cochichando, olhando em Vocabulário de apoio:
volta, procurando o doente e torcendo por um doutor, até que, do 1 Kiev: capital e maior cidade da Ucrânia. No trecho: “eu
fundo da aeronave, despontou o nosso herói. Vinha com passos
caminhava pelas ruas de Kiev, desviando de barricadas e
firmes — grisalho, como convém —, a vaidade disfarçada num
coquetéis molotov”, o autor se refere ao tema do livro (Guerra da
leve enfado, como um Clark Kent que, naquele momento,
Crimeia) que ele lia, enquanto estava no voo. Os termos
estivesse menos interessado em demonstrar os superpoderes do
‘barricadas’(trincheiras feitas de improviso) e ‘coquetéis molotov’
que em comer seus amendoins.
(tipo de arma química, geralmente usada em guerrilhas) estão
Um comissário o encontrou no meio do corredor e o levou,
relacionados ao tema da leitura feita pelo autor.
apressado, até uma senhora gorducha que segurava a cabeça e
hiperventilava na primeira fileira do avião. O médico se agachou, 2 fagocitada: neologismo criado a partir de fagocitose: processo
tomou o pulso, auscultou peito e costas, conversou baixinho com
de ingestão e destruição de partículas sólidas, como bactérias ou
pedaços de tecido necrosado, por células ameboides chamadas No princípio, era o verbo. Depois, o e-mail, o link e o website.
de fagócitos [tem como uma das funções a proteção do Logo em sequência, o GIF do bebê dançando, um dos primeiros
organismo contra infecções.]; no texto, ‘fagocitada’ pode ser memes da internet. Desde então, essa forma de comunicação dos
substituída por ‘devorada’. novos tempos se alastrou como um tsunami em todas as nossas
conversas e redes sociais. Mas e você? Já fez algum meme?
3 Memes são conteúdos multimídia que se espalham (viralizam)
No trecho: “a medicina nasceu, com Hipócrates, a história de
Gilgamesh”, o autor se refere a Hipócrates – pensador grego, rapidamente, recriando fatos ou algum conteúdo original com um
considerado o “pai da Medicina” – e a Gilgamesh - rei da Suméria, propósito humorístico ou de sátira. Tudo vira meme na mão do
mais conhecido atualmente por ser o personagem principal da povão: uma cena importante de "Game of Thrones", um discurso
Epopeia de Gilgamesh, um épico mesopotâmico preservado em político, uma derrota de um time de futebol ou uma foto bizarra
tabuletas escritas com caracteres cuneiformes (o mais antigo tipo de um anônimo.
de escrita do mundo). A graça dele é que justamente qualquer um com uma boa sacada
pode criar um meme ou participar de um que já está rolando na
4 anamnese: lembrança, recordação pouco precisa. No campo da web. Se você quer fazer um, lembre-se de que um bom meme
medicina, anamnese é um histórico que vai desde os sintomas geralmente possui essas características, segundo o site "Thrillist":
iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base
nas lembranças do paciente. Mensagem simples e eficiente

5 É preciso que a frase/imagem/áudio/legenda/GIF/vídeo traga uma


No trecho: “se o filho estava mais pra Proust ou pra UFC”, o
mensagem curta e clara, e com referências e contexto fáceis de
autor se refere a um escritor francês (Proust, importante escritor
identificar. De preferência, sobre algo que ainda esteja fresco na
no cenário da literatura mundial) e a UFC, cuja sigla em inglês
memória das pessoas. Por isso, o autor do meme também deve
Ultimate Fighting Championship, designa organização de MMA
ser rápido se quiser "surfar" no assunto do momento.
(Artes Marciais Mistas) que produz eventos ao redor de todo o
mundo.
Evolução

6 bombas da Crimeia – referência à Guerra da Crimeia (1853-


O meme não pode permanecer estático; seu sinal de sucesso é
1856), assunto do livro que o autor lia, durante o voo.
que ele deve ser adotado e constantemente recriado pelo grande
público, ou pelo menos por seu público-alvo.

(G1 - cftmg 2020) No texto, o autor faz uso de um registro mais


Maleabilidade
informal da língua portuguesa para

a) expressar sua insatisfação com os usos da língua em Ele deve ter em si elementos que ajudem em sua própria
mensagens de bordo, como em: “Atenção, senhores passageiros, evolução, com detalhes que podem ser alterados, mas mantendo
caso haja um médico a bordo, favor apresentar-se [...]”; o núcleo da ideia original. Por exemplo: se o meme for o de uma
placa de aviso com uma frase, que seja possível trocar a frase por
b) aproximar-se dos usos cotidianos da língua, como ocorre na outra diferente sem que polua demais a imagem original.
opção de ‘pra’, em vez de ‘para’, no trecho: “queria falar alguma
coisa bonita pra ele, mas não era boa com as palavras.”. Efeito

c) revelar conhecimento de vocabulário técnico da área médica, E o mais importante: tem que atingir um certo nível de
como no fragmento: “Eu faria uma rápida anamnese: perguntaria popularidade e compreensão. Em poucas palavras, tem que
os motivos da briga, se o filho estava mais pra Proust ou pra causar reação e interesse imediato nas pessoas, além de atiçar
UFC”. nelas o interesse de repassar o meme ou de fazer outros
parecidos.
d) demonstrar domínio de termos estrangeiros, como em: “Com o
jornal numa mão e um guaraná diet na outra, eu caminhava pelas Texto adaptado. Disponível em:
ruas de Kiev, desviando de barricadas e coquetéis molotov, https://noticias.uol.com.br/tecnologia/noticias/redacao/2018/10/27/como-
quando a voz no sistema de som me trouxe de volta à poltrona criar-seu-memeparawhatsapp.htm . Acesso em: 18 jul. 2019.
11C do Boeing 737”.

Exercício 39 (Ufjf-pism 1 2020) Releia o trecho abaixo retirado do texto:


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Quer virar um gênio da web? Saiba como criar seu meme para Tudo vira meme na mão do povão: uma cena importante de
WhatsApp "Game of Thrones", um discurso político, uma derrota de um time
Por Márcio Padrão de futebol ou uma foto bizarra de um anônimo.
27/10/2018
Com base no trecho acima, podemos afirmar que:
a) A partir da utilização do termo povão, que, informalmente, espaço para homens e mulheres negros vai se 11afunilando
refere-se à classe mais baixa da população, é possível inferir que conforme os cargos vão ficando cada vez mais altos: na base da
as classes mais ricas não se utilizam do meme como forma de
pirâmide 12corporativa, os aprendizes negros chegam a
comunicação.
ultrapassar os brancos.
Giselle explica que, ao longo da história, a sociedade brasileira se
b) A partir da utilização do sinal gráfico de dois-pontos, é possível
construiu nas bases do racismo. Daí a desigualdade e falta de
inferir que a sequência por ele introduzida esgota as
oportunidades. “Todos os indicadores sociais refletem __4__
possibilidades de fonte de um meme. desigualdades colocadas”, explica a estudiosa. A mulher negra
tem 50% mais chances de estar desempregada do que qualquer
c) O emprego do termo povão foi utilizado com o propósito de
outro grupo da nossa sociedade. 13É fundamental que pensemos
conferir informalidade ao texto, como estratégia de aproximação
em ações afirmativas que venham no sentido de superar as
do leitor.
desigualdades históricas.”
Mesmo que o número de estudantes negros nas universidades
d) O sinal gráfico de dois-pontos poderia ser substituído por um
federais tenha triplicado na última década, garantindo a
ponto, sem que tal modificação constituísse desobediência ao
qualificação necessária para as vagas, a consultora e
padrão da escrita culta.
pesquisadora alerta que as barreiras começam muito antes do
14
e) Todos os elementos elencados depois do sinal de dois-pontos recrutamento. “Existe uma lógica de rede de informação e
são especificados pelo emprego de adjetivos que os caracterizam, contato. Quando perguntados nos censos desenvolvidos pelo
respectivamente: importante, político, futebol e bizarra. CEERT em diferentes instituições como ficaram sabendo de
determinada vaga, os profissionais brancos respondem que
Exercício 40 souberam por parentes e amigos. 15A realidade é diferente para
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: pessoas negras, cujos familiares geralmente trabalharam a vida
Por trás da “boa aparência”: o racismo em números no toda no setor informal.” [...]
mercado.
Publicado em 23/08/19, por Nayara Fernandes, no portal de
“Precisa-se de moça de boa aparência para auxiliar de dentista. notícias R7. Disponível em: <https://noticias.r7.com/economia/por-
Rua Boa Vista, 11, primeiro andar.” 1O 2anúncio publicado no tras-da-boa-aparencia-o-racismo-em-numeros-no-mercado-
Estado de São Paulo, em junho de 1914, 3contém uma expressão 23082019>. Acesso em: 25 ago. 2019 (Texto adaptado para fins
didáticos).
de uso bastante comum até 2006, quando foi proibida por 4viés
discriminatório. Para 70% dos brasileiros, 5“boa aparência” não é
apenas um código para cabelos lisos e pele clara, é um sintoma
(G1 - ifsul 2020) Qual das afirmações a seguir está adequada às
da discriminação racial ainda presente no 6país em que mais da
convenções da gramática normativa?
metade da população se autodeclara negra.
“Precisamos refletir sobre o significado da compreensão de que
vivemos em um país racialmente harmônico, que ainda está a) A utilização de aspas, nas duas primeiras linhas, ocorre pelo
presente em nosso imaginário. Pela noção de democracia racial, mesmo motivo pelo qual são utilizadas antes e após a expressão
dizemos que o racismo não existe e, se a população negra vive “boa aparência” (referência 5).
em desvantagem social, é porque não se esforçou o suficiente”,
explica Giselle dos Anjos Santos, doutoranda em História Social b) As expressões “segundo uma pesquisa” (referência 9) e “Ainda
pela USP e consultora do Centro de Estudos das Relações de de acordo com o Ethos” (referência 10) são marcadores do
Trabalho e Desigualdades (CEERT), organização pioneira na discurso direto.
promoção da equidade racial e de gênero no mercado de trabalho
no Brasil. c) No período “A realidade é diferente para pessoas negras, cujos
familiares geralmente trabalharam a vida toda no setor informal.”
Na 7área de recrutamento e seleção por quase uma década, a ex-
(referência 15), a palavra “cujos” retoma a expressão “pessoas
recrutadora Marion Caruso vivenciou de perto as 8inconsistências
negras”.
entre discurso e prática relacionadas __1__ aceitação racial dentro
do mercado de trabalho. “Me pediam que não enviasse pessoas
d) No período “O anúncio publicado no Estado de São Paulo, em
negras para as vagas porque tinham ‘cara de empregadinha’”.
junho de 1914, contém uma expressão de uso bastante comum
Com demandas como __2__ que Marion recebia, não é difícil
[...].” (referência 1), a vírgula é utilizada por tratar-se de um
imaginar por que a expectativa de que o Brasil alcance __3__
aposto.
igualdade racial no mercado de trabalho é de 150 anos, 9segundo
uma pesquisa realizada pelo Instituto Ethos em 2016. Exercício 41
Os números não param de alarmar. 10Ainda de acordo com o TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Ethos, embora 54% da população brasileira seja negra, eles Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir:
ocupam apenas 5% dos cargos de liderança nas maiores
empresas do país. Quando se fala em mulheres pretas e pardas Temple Grandin empacou diante da porteira. Alguns parafusos
em altos cargos de chefia, esse índice chega a menos de 1%. O cravados na madeira lhe saltaram aos olhos. “Tem que limar a
cabeça desses parafusos, se não o gado pode se machucar”, a) um trocadilho, pois o autor estabelece uma relação entre o
aconselhou à dona da fazenda, nome da professora, “Grandin”, e a pronúncia informal do
Carmen Perez, que ao lembrar a cena comentou: “Sempre passo diminutivo “grandinho” (“grandim”).
no curral antes do manejo, observo tudo, dizem que tenho olho
biônico, e ela notou uma coisa que eu não tinha visto.”. Grandin b) uma aliteração, pois o autor procura representar a dureza da
tem um parafuso a mais quando se trata do bem-estar dos lide com animais de grande porte por meio de repetição das
bichos. Professora de ciência animal, ela é autista e dona de uma consoantes “p”, “t” e “r”.
hipersensibilidade visual e auditiva. Tocada pelas angústias do
gado desde a juventude, ela compreendia por que a rês recuava c) uma assonância, pois o autor deseja representar sua visão
na hora da vacinação, por que atacava um vaqueiro, por que otimista do trabalho da professora ao repetir as vogais abertas
tropeçava, por que mugia. Grandin traduziu esse entendimento “a” e “o”.
em projetos que propunham mudanças no manejo. Hoje,
instalações criadas por ela são familiares a quase metade dos d) uma metáfora, pois o autor inverte a imagem utilizada para
bovinos nos Estados Unidos. O Brasil, com seus quase 172 representar loucura a fim de expressar a habilidade da
milhões de cabeças de gado, segundo o Censo Agropecuário de professora.
2017, vem aos poucos fazendo ajustes alinhados com as
propostas da americana. e) uma silepse de número, pois o verbo “tratar-se” deveria estar
Em julho passado, Grandin, hoje com 71 anos, veio ao Brasil pela no plural para concordar com o sujeito “bichos”.
sexta vez. Na fazenda Orvalho das Flores, localizada em Barra do
Garças (MT), ela testemunhou como a equipe de Perez conduz Exercício 42
suas 2 980 cabeças de Nelore, raça predominante no país. Os
vaqueiros massageiam os bezerros, não gritam com os bois, TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
tampouco deixam capas de chuva, correntes ou chapéus no Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
caminho dos animais.
A engenheira agrônoma Maria Lucia Pereira Lima foi aluna de VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA NO BRASIL
pós-doutorado de Grandin na Universidade do Estado do São 23,5 milhões de idosos no Brasil, número que representa
Colorado, em Fort Collins, em 2013. Viajara aos Estados Unidos mais de 11% da população
para aprender como medir o bem-estar dos bovinos e se inteirar
de inovações que pudessem ser implantadas em currais Nos últimos anos, com a crescente qualidade e expectativa de
brasileiros. Uma delas, por exemplo, tranquiliza o animal vida da sociedade brasileira, a presença da pessoa idosa se
conduzido à vacinação: o gado em geral se via obrigado a passar tornou um fato social inegável, com um crescimento demográfico
espremido por espaços afunilados. Grandin projetou um acesso significativo de pessoas com mais de 60 anos. São 23,5 milhões
de idosos no Brasil, número que representa mais de 11% da
em curva, sem cantos, que dá à rês a ilusão de que voltará ao
população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
ponto de partida. Outra: uma lâmpada acesa na entrada do tronco
Estatísticas (IBGE).
de contenção – o equipamento que permite o manejo individual
Ter na sociedade a presença da pessoa idosa de forma cada vez
do boi – a indicar o trajeto reduziu em até 90% o uso de choque
mais expressiva significa muito mais do que uma melhora na
elétrico durante o processo.
qualidade de vida do ser humano, mas, sobretudo, a manutenção
[...]
e a efetivação dos direitos fundamentais da pessoa. Entretanto, o
No auditório da universidade, outros pesquisadores se revezavam
Brasil enfrenta uma triste realidade, na qual a pessoa idosa
no palco discutindo aspectos econômicos e sociais relacionados
ao bem-estar animal. O tempo de manejo cai pela metade nos presencia, em seu dia a dia, situações de violência e de abandono,
estabelecimentos agropecuários que seguem os manuais de causadas por seus familiares e por profissionais de diversas áreas
Grandin. De ovos transportados com cuidado nascem pintinhos que prestam serviços para essa faixa etária, dentre outros
sadios. Sem falar na melhor qualidade de vida de quem lida com agressores.
esses bichos. Vaqueiros bem treinados sofrem menos acidentes A violência contra essa parcela da população é tema que merece
no trabalho e desenvolvem uma relação mais harmoniosa nos atenção, informação e a busca pela sua erradicação, uma vez que
casamentos. “A melhoria do bem-estar animal melhora o bem- tal atitude caracteriza a violação aos direitos humanos. É
estar humano”, afirmou o zootecnista Mateus Paranhos da Costa, importante conscientizar e informar às pessoas, especialmente às
da Universidade Estadual Paulista. vítimas, sobre as formas de violência e os meios para seu
combate.
Monica Manin <https://tinyurl.com/y8xeoqul> Acesso em:
12.10.2018. Adaptado. SILVEIRA, Caroline Assumpção. Violência contra a pessoa idosa
no Brasil. Disponível em:
<http://domtotal.com/noticia/1083136/2016/11/violencia-contra-
a-pessoa-idosa-no-brasil/>. Acesso em: 02 out. 2018 (adaptado).
(Fatec 2019) Sobre a expressão “parafuso a mais” presente na
passagem “Grandin tem um parafuso a mais quando se trata do
bem-estar dos bichos.”, é correto afirmar que se trata de
(G1 - ifpe 2019) No que diz respeito à linguagem presente no
texto, é CORRETO afirmar que
b) “ouviam-se gargalhadas” (ref. 2).
a) este é redigido na variedade culta, respeitando a gramática
normativa, uma vez que se trata de um gênero textual do qual se
c) “o prazer animal de existir” (ref. 3).
espera uso mais formal da linguagem.

d) “gritou ela para baixo” (ref. 4).


b) esta se caracteriza pelo emprego de vocabulario regional, com
o objetivo de que o texto se faça compreender em todas as
e) “bata na porta” (ref. 5).
regiões do país.
Exercício 44
c) se trata de registro informal, pois a proposta do texto TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
jornalístico é alcançar a maior parte de leitores e, para isso, Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
precisa adequar-se à variedade linguística empregada pela maior
parte da população. O FIM DO LIVRO DE PAPEL

d) poderia ter feito uso de gírias, caso a autora entendesse esse Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em
emprego como uma estratégia de aproximação maior ao seu 1427. Eram manuscritos lindos, que valiam cada um o preço de
público-alvo. uma casa. Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de Gutenberg
chegar às ruas. Depois dela, os livros deixaram de ser obras
e) utiliza vocabulário técnico, o que tende a dificultar a artesanais exclusivas de milionários e viraram o que viraram.
compreensão do leitor comum. Graças a uma novidade: a prensa de tipos móveis, que era capaz
de fazer milhares de cópias no tempo que um monge levava para
Exercício 43
terminar um manuscrito.
Foi uma revolução sem igual na história e blá, blá, blá. Só que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
uma revolução que já acabou. Há 10 anos, pelo menos. Quando a
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.
internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria
uma borracha na história do papel impresso e começaria outra.
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias
Mas aconteceu justamente o que ninguém esperava: nada. A
acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, 1mas um só
internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros.
ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer
Muito pelo contrário. O 2o negócio online que mais deu certo
compras na venda; ensarilhavam-se* discussões e rezingas**;
(depois do Google) é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre
2
ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz sentido. Por
Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa que o livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada
de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama à internet, é tão arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas
preta e nutriente da vida, 3o prazer animal de existir, a triunfante de argila continua firme?
satisfação de respirar sobre a terra. Você sabe por quê. Ler um livro inteiro no computador é
insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo
formigas; fazendo compras. embalado num pacote portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia
de Gutenberg. Isso sem falar em outro ingrediente: quem gosta
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a Isaura, de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte tocar neles, sentir o
que se dispunha a começar a limpeza da casa. fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de fetiche.
Amor até.
– Nhá Dunga! 4gritou ela para baixo, a sacudir um pano de mesa; Mas esse amor só dura porque ainda não apareceu nada melhor
se você tem cuscuz de milho hoje, 5bata na porta, ouviu? que um livro para a atividade de ler um livro. Se aparecer… Se
aparecer, não: quando aparecer. Depois do CD, que já morreu, e
Aluísio Azevedo, O cortiço. do DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos, o livro
impresso é o próximo da lista.

* ensarilhar-se: emaranhar-se. VERSIGNASSI, Alexandre. O fim do livro de papel. Disponível em:


** rezinga: resmungo. <https://super.abril.com.br/tecnologia/o-fim-do-livro-de-papel/>.
Acesso em: 06 out. 2017.

(Fuvest 2018) Constitui marca do registro informal da língua o


trecho (G1 - ifpe 2018) Quanto aos recursos expressivos empregados
no texto, destaca-se

a) “mas um só ruído compacto” (ref. 1).


I. a metalinguagem – que consiste em usar a língua para se referir
à própria língua – como em “Foi uma revolução sem igual na (G1 - cftmg 2018) No texto, o tom informal é uma estratégia do
história e blá, blá, blá” (2º parágrafo). autor para
II. a coloquialidade – linguagem informal e utilizada no cotidiano –
a) divulgar uma informação científica para o público jovem.
como em “Foi uma revolução sem igual na história e blá, blá, blá”
(2º parágrafo) e em “Curte tocar neles, sentir o fluxo das páginas”
b) enfatizar o aspecto cômico da pergunta enviada.
(4º parágrafo).
III. a intertextualidade – já que há retomada e reelaboração de
c) criar um efeito de proximidade com os leitores.
outros textos – como em “Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de
Gutenberg chegar às ruas” (1 º parágrafo).
d) atenuar o caráter repulsivo do tema abordado.
IV. a ironia – estratégia textual em que se diz o contrário daquilo
que se quer dar a entender – como em “Uma relação de fetiche. Exercício 46
Amor até” (4º parágrafo). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
V. a prosopopeia – que é a personificação de seres ou coisas Norma e padrão
inanimadas, atribuindo-lhes ações ou características humanas –
como em “Depois do cd, que já morreu, e do dvd, que está Uma das comparações que os estudiosos de variação linguística
respirando com a ajuda de aparelhos” (5º parágrafo). mais gostam de utilizar é a da língua com a vestimenta. Esta,
como sabemos, é bastante variada, indo da mais formal (longo e
São verdadeiras, apenas, as proposições smoking) à mais informal (biquíni e sunga, ou camisola e pijama).
a) III e V. A ideia dos que fazem essa comparação é a seguinte: não
existem, a rigor, formas linguísticas erradas, existem formas
b) I e II. linguísticas inadequadas. Como as roupas: assim como ninguém
vai à praia de smoking ou de longo, também ninguém casa de
c) III e IV. biquíni e de sunga, ou de camisola e de pijama (sem negar que
estas sejam vestimentas, e adequadas!), assim ninguém diz “me
d) II e V. dá esse troço aí” num banquete público e formal nem “faça-me o
obséquio de passar-me o sal” numa situação de intimidade
familiar.
e) I e IV.
1Os gramáticos e os sociolinguistas, cada um com seu viés,
Exercício 45 costumam dizer que o padrão linguístico é usado pelas pessoas
representativas de uma sociedade. Os gramáticos dizem isso, mas
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
acabam não analisando o padrão, 2nem recomendando-o de fato.
Baratas servem para algo de bom?
Recomendam uma norma, uma norma ideal. Vou dar uns
exemplos: se o padrão é o usado pelos figurões, então deveriam
Encontrei uma barata na cozinha. Quando ela olhou pra mim, ser considerados padrões o verbo “ter” no lugar de “haver”; a
questionei meu asco: as baratas servem para algo de bom? regência de “preferir x do que y”, em vez de “preferir x a y”; o uso
(Tonny Ronnier, Itapipoca, CE) do anacoluto (A inflação, ela estará dominada quando...); a
posição enclítica dos pronomes átonos. O que não significa proibir
Ofereceu a ela um pedaço de pudim? Pois deveria. Apesar da as mais conservadoras. Algumas dessas formas “novas”
imagem degradante imposta às baratas pela humanidade, essa aparecem em muitíssimo boa literatura, em autores
ingrata, elas são essenciais para a nutrição dos terráqueos – nem absolutamente consagrados, que poderiam servir de base para
me refiro a dietas asiáticas – e para a preservação do ambiente. É que os gramáticos liberassem seu uso – para os que necessitam
que as cucarachas são decompositoras em escala global, já que da licença dos outros.
estão espalhadas pelo mundo. Elas nutrem o solo traçando 3Vejam-se esses versos de Murilo Mendes: “Desse lado tem meu
excrementos e restos de plantas e de animais.
corpo / tem o sonho / tem a minha namorada na janela / tem as
ruas gritando de luzes e movimentos / tem meu amor tão lento /
Porém não fazem o trabalho sozinhas: elas dão carona, dentro e
tem o mundo batendo na minha memória / tem o caminho pro
fora de seus corpos, para bactérias que quebram a matéria
trabalho. Do outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida /
orgânica em minerais, como nitrogênio, fósforo e potássio,
tem pensamentos sérios me esperando na sala de visitas / tem
nutrientes fundamentais para os vegetais – processo conhecido
minha noiva definitiva me esperando com flores na mão / tem a
como mineralização. Além disso, algumas espécies
morte, as colunas da ordem e da desordem.”.
desempenham papel importante na polinização de plantas. Ou
4Faltou ao poeta acrescentar: tem uns gramáticos do tempo da
seja, as baratas, essas injustiçadas, são das mais relevantes
jardineiras da face da Terra. onça / de antes do tempo em que se começou a andar pra frente.
Não vou citar Drummond de Andrade, com seu por demais
JOKURA, T. Disponível em: conhecido “Tinha uma pedra no meio do caminho...”, nem o Chico
<http://super.abril.com.br/blog/oraculo/> Acesso em: 12 set. 2017 Buarque de “Tem dias que a gente se sente / como quem partiu
ou morreu...”.
(adaptado).
Mas acho que vou citar “Pronominais”, do glorioso Oswald de
Andrade: Dê-me um cigarro / Diz a gramática / Do professor e do O texto acima faz parte de uma página divulgada em redes
aluno / E do mulato sabido / Mas o bom negro e o bom branco / sociais chamada “Bode Gaiato”. A página divulga memes que
Da nação brasileira / Dizem todos os dias / Deixa disso camarada / fazem referência a diferentes características culturais dos
Me dá um cigarro. nordestinos. O texto apresenta um diálogo entre Júnior e sua mãe
Quero insistir: 5ao contrário do que se poderia pensar (e vários sobre Cícero, que queria se matar comendo manga e bebendo
disseram), não sou anarquista, defensor do tudo pode, ou do vale leite. Sobre o texto, analise o que se afirma abaixo.
tudo. Nem estou dizendo que “Nós vai” é igual a “Tem muito filho
que obedece os pais”. O que estou fazendo é cobrar coerência, um I. O texto faz referência à variação linguística regional e etária,
pouquinho só: 6se o padrão vem da fala dos bacanas, se os mais destacando o modo de falar dos nordestinos e as diferenças entre
a fala de Júnior e a de sua mãe.
bacanas são os poetas consagrados, por que, antes das dez,
II. O humor do texto constrói-se, principalmente, através da
numa aula de literatura, podemos curtir seu estilo e em outra
referência a um conhecimento cultural de que ingerir a
aula, depois das onze, 7dizemos aos alunos e aos demais
combinação de manga e leite poderia ser fatal.
interessados: viram o Drummond, o Murilo, o Machado, o
III. O vocativo “mainha” é característico de variantes faladas no
Guimarães Rosa? Que criatividade!!! Mas vocês não podem fazer
nordeste do Brasil.
como eles.
IV.A palavra “chifre” refere-se à traição e é falada em contextos
menos formais de uso da língua.
POSSENTI, Sírio. A cor da língua e outras croniquinhas de
V. O texto faz referência ao nordestino de forma estereotipada,
linguística.
indicando a fome como a causa de morte de grande parte da
Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 111-112. (Adaptado).
população.

Estão CORRETAS, apenas, as afirmações


(Ueg 2017) Em razão das características do gênero textual, o
autor busca imprimir ao seu texto um tom mais informal e
próximo do uso cotidiano da língua. a) III, IV e V.

Essa escolha estilística pode ser exemplificada pelo uso da b) I, II e V.


seguinte construção:
c) II, III e IV.

a) “... nem recomendando-o de fato” (ref. 2).


d) I, II e IV.

b) “... ao contrário do que se poderia pensar...” (ref. 5).


e) I, III e V.

c) “Vejam-se esses versos de Murilo Mendes...” (ref. 3). Exercício 48


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
d) “... se o padrão vem da fala dos bacanas...” (ref. 6). Responda à(s) questão(ões) com base na tirinha abaixo.

e) “... dizemos aos alunos e aos demais interessados...” (ref. 7).

Exercício 47
(G1 - ifpe 2019)

(G1 - ifpe 2016) No último balão da tirinha de Maurício de Sousa,


o autor escreveu “mais” em vez de “mas” na tentativa de
representar, na escrita, a forma como a personagem Chico Bento,
supostamente, pronunciaria a conjunção adversativa. Existem
diversas formas e níveis de variação linguística, justamente,
porque somos influenciados por diversos fatores, tais como:
região, escolaridade, faixa etária, contexto comunicativo, papel
social etc.

Com base nesses pressupostos, assinale a alternativa que


representa uma variante linguística característica do falar popular
mineiro.
esse tipo de discriminação? Em suma, como construir uma
pedagogia da variação linguística?
a) “Aquele fi duma égua só me deixou aperreado”.

Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In:


b) “Protesto, meritíssimo! A testemunha não havia falado da
ZILLES, A. M; FARACO, C. A, orgs., Pedagogia da variação
agressão.”
linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola,
2015.
c) “Capaz, guri! Só tava de bobeira contigo, bagual!”

d) “Uai? Cê já chegô, sô? Peraí, que eu já tô saíno!”


(Ufrgs 2016) Assinale a alternativa que contém uma afirmação
correta, de acordo com o sentido do texto.
e) “Aquela mina é firmeza, mano!”

Exercício 49
a) O senso comum costuma perceber a língua como um fenômeno
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
heterogêneo que alberga grande variação e está em mudança
A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
contínua.

b) Os gestos de grande violência simbólica constituem-se em


A variação linguística é uma realidade que, embora
fatos de variação linguística.
1
razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela
dialetologia e pela linguística histórica, provoca, 2em geral, c) O conceito de norma culta e suas características no Brasil
reações sociais muito negativas. O senso comum 3tem 4escassa contemporâneo são alvos de explosões de ira diante de fatos de
percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que variação linguística.
5alberga grande variação e 6está em mudança contínua. Por isso,

7 d) Uma pedagogia que regule o domínio das variedades ditas


costuma 8folclorizar a variação regional; 9demoniza a variação
populares deve ser privilegiada.
social e 10tende a interpretar as mudanças como sinais de
11deterioração da língua. O senso comum não se 12dá bem com a
e) A heterogeneidade linguística do Brasil deve ser compreendida
variação linguística e 13chega, 14muitas vezes, a 15explosões de para que se possa construir uma cultura escolar aberta à crítica
ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de da discriminação pela língua.
variação. Boa parte de uma educação de 16qualidade tem a ver
Exercício 50
17
precisamente com o 18ensino de língua – um ensino que TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
garanta o 19domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das
variedades linguísticas historicamente 20identificadas como as A variação linguística é uma realidade que, embora
mais próprias a essas práticas – isto é, as 21variedades escritas e 1razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela

faladas que devem ser identificadas como constitutivas da dialetologia e pela linguística histórica, provoca, 2em geral,
22
chamada norma culta. Isso pressupõe, inclusive, uma ampla reações sociais muito negativas. O senso comum 3tem 4escassa
discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que
23características no Brasil contemporâneo. 5alberga grande variação e 6está em mudança contínua. Por isso,

Parece claro hoje que o 24domínio 25dessas variedades caminha 7costuma 8folclorizar a variação regional; 9demoniza a variação
junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais.
social e 10tende a interpretar as mudanças como sinais de
Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de 11deterioração da língua. O senso comum não se 12dá bem com a
desenvolver uma 26pedagogia que garanta o domínio das
variação linguística e 13chega, 14muitas vezes, a 15explosões de
práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas.
ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de
Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas
27populares, parece que o que nos 28desafia é a construção de variação. Boa parte de uma educação de 16qualidade tem a ver
17
29toda uma cultura escolar aberta à crítica da 30discriminação precisamente com o 18ensino de língua – um ensino que
garanta o 19domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita
pela língua e preparada para combatê-31la, o que pressupõe
e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das
32uma adequada 33compreensão da 34heterogeneidade
variedades linguísticas historicamente 20identificadas como as
linguística do país, sua história social e suas características atuais.
35 mais próprias a essas práticas – isto é, as 21variedades escritas e
Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os
faladas que devem ser identificadas como constitutivas da
próprios educadores e, em seguida, os educandos.
chamada norma culta. Isso pressupõe, 22inclusive, uma ampla
Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na
escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas
23
escola existe não reconhece sua cara linguística e não só características no Brasil contemporâneo.
discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a
Parece claro hoje que o 24domínio 25dessas variedades caminha
junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Eu tava com a Felomena
Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de Ela quis se refrescar
desenvolver uma 26pedagogia que garanta o domínio das O calor tava malvado
práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Ninguém podia aguentar
Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas Ela disse meu Lundru
27populares, parece que o que nos 28desafia é a construção de Nós vamos se balançar
A rede veia comeu foi fogo
29toda uma cultura escolar aberta à crítica da 30discriminação
Foi com nois dois pra lá e pra cá
pela língua e preparada para combatê-31la, o que pressupõe
32uma adequada 33compreensão da 34heterogeneidade Começou a fazer vento com nois dois a palestrar
linguística do país, sua história social e suas características atuais. Filomena ficou beba de tanto se balançar
35Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os Eu vi o punho da rede começar a se quebrar
próprios educadores e, em seguida, os educandos. A rede veia comeu foi fogo
Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na Só com nois dois pra lá e pra cá
escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa
escola existe não reconhece sua cara linguística e não só A rede tava rasgada e eu tive a impressão
discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a Que com tanto balançado nois terminava no chão
esse tipo de discriminação? Em suma, como construir uma Mas Felomena me disse, meu bem vem mais pra cá
pedagogia da variação linguística? A rede veia comeu foi fogo
Foi com nois dois pra lá e pra cá
Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In:
ZILLES, A. M; FARACO, C. A, orgs., Pedagogia da variação Disponível em http://www.luizluagonzaga.mus.br/index.php?
linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, option=com_content&task=view&id=&&&Itemid= 103
2015. Acessado em: 02 ago 2011.

(Ufrgs 2016) Considere as afirmações abaixo, sobre a construção


de uma educação de qualidade. TEXTO II

I. Uma educação de qualidade deve, no que concerne à variação Pescaria


linguística, questionar as reações sociais advindas da percepção Dorival Caymmi
da língua como fenômeno homogêneo.
II. O desafio, para uma educação de qualidade, está em preparar a Ô canoeiro,
escola para combater a discriminação que tem origem nas bota a rede,
diferenças entre as variedades linguísticas. bota a rede no mar
III. As variedades linguísticas próprias ao domínio da leitura, ô canoeiro,
escrita e fala nos espaços públicos, que devem ser ensinadas pela bota a rede no mar.
escola, são as que não sofreram variações sociais.
Cerca o peixe,
Segundo o texto, quais estão corretas? bate o remo,
puxa a corda,
colhe a rede,
a) Apenas I.
ô canoeiro,
puxa a rede do mar.
b) Apenas II.

Vai ter presente pra Chiquinha


c) Apenas I e II.
ter presente pra laiá,
canoeiro, puxa a rede do mar.
d) Apenas II e III.
Cerca o peixe,
bate o remo,
e) I, II e III.
puxa a corda,
Exercício 51 colhe a rede,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: ô canoeiro,
TEXTO I puxa a rede do mar.

A Rede Veia Louvado seja Deus,


Luiz Queiroga e Cel. Ludugero ó meu pai.
Disponível em: http://www.miltonnascimento.com.br/#/obra. Nina diz que fez meu mapa
Acessado em: 02 ago 2011. E no céu o meu destino rapta
O seu

TEXTO III Nina diz que se quiser eu posso ver na tela


A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
A Rede Posso imaginar por dentro a casa
Lenine e Lula Queiroga A roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Nenhum aquário é maior do que o mar Quando me escreve
Mas o mar espelhado em seus olhos
Maior me causa o efeito Nina anseia por me conhecer em breve
De concha no ouvido Me levar para a noite de Moscou
Sempre que esta valsa toca
Barulho de mar Fecho os olhos, bebo alguma vodca
Pipoco de onda E vou
Ribombo de espuma e sal
Nenhuma taça me mata a sede Disponível em:
Mas o sarrabulho me embriaga http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?
Mergulho na onda vaga pg=nina_2011.htm
E eu caio na rede, Acessado em: 02 ago 2011.
Não tem quem não caia
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia (Uff 2012) Uma língua varia em função de aspectos sociais,
localização geográfica e uso de diferentes registros, ligados às
Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe situações de comunicação.
De raios que controla a onda cerebral do peixe
Marque a alternativa que analisa corretamente a ocorrência de
Nenhuma rede é maior do que o mar variação linguística nos textos.
Nem quando ultrapassa o tamanho da Terra
Nem quando ela acerta,
a) O verso “Nós vamos se balançar” (Texto 1, linha 6) apresenta
Nem quando ela erra
um exemplo da modalidade culta da língua, revelada no emprego
Nem quando ela envolve todo o Planeta
dos pronomes.

Explode e devolve pro seu olhar


b) No verso “A rede veia comeu foi fogo” (Texto 1, linha 7), a
O tanto de tudo que eu tô pra te dar
grafia da palavra sublinhada procura reproduzir pronúncia comum
Se a rede é maior do que o meu amor
em algumas regiões do Brasil (veia por velha), que exemplifica
Não tem quem me prove
uma variação fonética.
Se a rede é maior do que o meu amor
Não tem quem me prove
c) Em: “E eu caio na rede / Não tem quem não caia” (Texto III,
linhas 11 – 12), o emprego do verbo ter é marca do registro culto
Disponível em: http://www.lenine.com.br/faixa/a-rede-1
da língua, utilizado preferencialmente na modalidade escrita.
Acessado em: 02 ago 2011.

d) Em: “Vai ter presente pra Chiquinha” (Texto II, linha 12), o
nome “Chiquinha” exemplifica o uso do registro informal,
TEXTO IV
utilizado, sobretudo, em documentos oficiais e sermões religiosos.

Nina
Chico Buarque
e) No verso: “Posso até adivinhar a cara que ela faz” (Texto IV,
linha 16) a palavra cara exemplifica uma variação de registro
Nina diz que tem a pele cor de neve
linguístico predominante em situações formais.
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova Exercício 52
Por amores já chorou TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Que nem viúva CRÍTICA “O DILEMA DAS REDES”, DE JEFF ORLOWSKI
Mas acabou, esqueceu
A influência das redes sociais em nosso cotidiano é uma evidência
Nina adora viajar, mas não se atreve incontornável. Sua capacidade de interferir em nossas escolhas é
Num país distante como o meu muito maior do que podemos supor. Há um investimento
incalculável de dinheiro e tecnologia nessa nossa mercadoria, que tomar um banho é uma peripécia tecnológica. 4Hoje até para
pode ser determinante tanto para a venda de um produto quanto tomar um elevador tenho que inserir um cartão eletrônico para
para a eleição de um político. E a falta de regulação faz com que ele se mover. Claro que tem o Google, essa enciclopédia no
tenhamos dificuldades em avaliar o seu real alcance em nossas
computador que facilita as pesquisas 5(para quem não precisa ir
escolhas coletivas e quais as possibilidades que temos para
fundo nos assuntos), mas muita coisa me intriga: por que cada
atenuar este poder. Essa é uma questão que começa a ser
aparelho de televisão de cada casa, de cada hotel tem um
pensada hoje em escala global.
controle remoto diferente e 6a gente não consegue usá-los sem
“O Dilema das Redes”, documentário americano distribuído pela
pedir socorro a alguém?
Netflix, com direção de Jeff Orlowski, busca pensar essa questão.
7Olha, tanta tecnologia!... Mas além de 8não terem descoberto
O que chama atenção no documentário é que os depoentes, que
apresentam o problema, são, em parte, os “criadores” desses como curar uma simples gripe, 9os elevadores dos hotéis ainda
mecanismos. Executivos, programadores, designs, marqueteiros, não chegaram a uma conclusão de como assinalar no mostrador
toda uma fauna muito particular de doutores Frankenstein, que que letra deve indicar a portaria. 10Será necessária uma medida
observam horrorizados os crimes do monstro que criaram. provisória do presidente para uniformizar tal diversidade
A riqueza do filme está em seus depoimentos: impressiona a analfabética.
forma como o diretor conseguiu se aproximar de pessoas que 11Outro dia, li que houve uma reunião em Baku, lá no Azerbaijão,
tiveram influência na construção de ferramentas essenciais para o congregando cérebros notáveis para decifrarem nosso presente e
sucesso das redes e captar reflexões desconcertantes, nosso futuro. Pois Jean Baudrillard 12andou dizendo, com aquela
apresentando uma dimensão clara do tamanho do imbróglio. É facilidade que os franceses têm para fazer frases que parecem
curioso ouvir, por exemplo, os cuidados que eles têm para manter filosóficas, que o que caracteriza essa época que está vindo por aí
os filhos longe das redes, apresentadas por eles mesmos como é que o homem, leia-se corretamente homens e mulheres, ou
alienantes e destrutivas.
seja, 13o ser humano, foi descartado pela máquina. 14(Isso a
gente já sabe quando tenta ligar para uma firma qualquer e uma
Texto adaptado. Disponível em: https://epoca.globo.com/thiago-b-
voz eletrônica fica mandando a gente discar isto e aquilo e volta
mendonca/critica-o-dilema-das-redes-de-jeff-orlowski-
tudo a zero e não obtemos a informação necessária.)
24697272
15Deste modo estão se cumprindo dois vaticínios. O primeiro era

de um vate mesmo – 16Vinícius de Moraes, que naquele poema


(Ucpel 2021) No segundo parágrafo, último período, o uso da “Dia da Criação”, fazendo considerações irônicas sobre o dia de
palavra “fauna” pode ser explicado como: “sábado” e os desígnios divinos, diz: “Na verdade, o homem não
era necessário”. É isto, já não somos necessários.
E a outra frase metida nessa encrenca é aquela da Bíblia, que
a) termo formal e educado que significa um conjunto de pessoas.
dizia que o “sábado foi feito para o homem e não o homem para o
sábado”. Isso foi antigamente. Pois achávamos que a máquina
havia sido feita para o homem, mas Baudrillard, as companhias
b) termo informal e jocoso que significa um conjunto de pessoas.
aéreas e as telefônicas mais os servidores de informática nos
convenceram de que 17“o homem é que foi feito para a máquina”.
18Ao telefone só se fala com máquinas, e algumas empresas –
c) termo coloquial e descortês que significa um conjunto de
animais de certa região. esses servidores de informática – nem seus telefones
disponibilizam. 19Estou, por exemplo, há quatro meses tentando
d) termo formal que significa vida animal de uma região. falar com alguém no “hotmail” 20e lá não tem viv’alma, só
fantasmas eletrônicos sem rosto e sem voz.
e) termo informal e chistoso que significa um grupo de animais de 21
Permita-me, 22eventual e concreto leitor, lhe fazer uma
determinada região. pergunta indiscreta. Quanto tempo diariamente você está
gastando com e-mails? Quanto tempo para apagar o lixo e
Exercício 53
responder bobagens? Faça a conta, some.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
23Drummond certa vez escreveu: “Ao telefone perdeste muito
Cadê o papel-carbono?
tempo de semear”. Ele é porque não conheceu a internet, que,
1 tanto quanto o celular, usada desregradamente é a grande
Outro dia tive saudade do papel carbono. E tive saudade
sorvedora de tempo da pós-modernidade.
também do mimeógrafo a álcool. E tive saudade da velha
Por estas e por outras é que estou pensando seriamente em
máquina de escrever. E tive saudade de quando, no dizer de
voltar às cartas, quem sabe ao pergaminho. E a primeira medida é
2Rubem Braga, a geladeira era branca e o telefone era preto.
reencontrar o papel carbono.
Os mais jovens não sabem nem o que é papel carbono ou
– 24Cadê meu papel carbono?
mimeógrafo a álcool. Mas tive saudade deles, ou melhor, de um
tempo em que eu não dependia eletronicamente de outros para
(SANT’ANNA, Affonso Romano de. Tempo de delicadeza. Porto
fazer as mínimas tarefas. Uma torneira, por exemplo, era algo
Alegre: L&PM, 2009
simples. Eu sabia abrir uma torneira e fazê-la jorrar água. 3Hoje
pacífica, tia Sele, a mulher forte como um elefante, mãe
(G1 - epcar (Cpcar) 2020) Em relação à composição e Asantewaa, a mulher de guerra, a guerreira, e ainda Malika, a
estruturação linguística do texto, é correto afirmar que rainha. Com a ida de nossos mais velhos ficamos mais
desamparados ainda. E o que dizer para os nossos jovens, a não
ser as nossas tristezas?
a) a repetição da expressão “E tive” no primeiro parágrafo
E até eles, os moços, começaram a se encafuar dentro deles
constitui um recurso para denotar a sequenciação dos fatos,
mesmos, a se tornarem infelizes. Puseram-se a matar uns aos
reforçados pela presença de expressões com sentido conotativo.
outros, e a tentarem contra a própria vida, bebendo líquidos
maléficos ou aspirando um tipo de areia fininha que em poucos
dias acumulava e endurecia dentro de seus pulmões. Ou então se
b) a citação de escritores e poetas como Rubem Braga (ref. 2),
deixavam morrer aos poucos, cada dia um pouquinho, descrentes
Vinícius de Moraes (ref. 16) e Drummond (ref. 23), além de servir
que pudesse existir outra vida senão aquela, para viverem. As
como argumento de autoridade, indica que se trata de um texto
mães, dias e noites, choravam no centro do povoado. A visão dos
de caráter literário.
corpos jovens dilacerados era a paisagem maior e corriqueira
diante de nossos olhos.
c) os comentários entre parênteses (ref. 5) e (ref. 14) servem para
O milagre da vida deixou de acontecer também, nenhuma criança
estabelecer um diálogo direto com o interlocutor, indicando
nascia e, sem a chegada dos pequenos, tudo piorou. As velhas
opiniões do locutor em relação ao que ele disse anteriormente.
parteiras do povoado, cansadas de esperar por novos
nascimentos, sem função, haviam desistido igualmente de viver.
d) a linguagem do texto é informal e bastante coloquial, já que,
Tinham percebido na escassez dos partos, que suas mãos não
em muitos momentos, há o descumprimento da norma gramatical
tinham mais a serventia de aparar a vida. Nenhuma família mais
padrão, como se comprova na última linha do texto.
festejava a esperança que renascia no surgimento da prole. As
Exercício 54 crianças foram esquecidas, ficando longe do coração dos grandes.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: E os pequenos, os que já existiam, como Mandisa, a doce, Kizzl, a
Ayoluwa, a alegria do nosso povo que veio para ficar, Zola, a produtiva, Nyame, o criador, Lutalo, o
guerreiro, Bwerani, o bem-vindo, e os bem novinhos, alguns sem
Quando a menina Ayoluwa, a alegria do nosso povo, nasceu, foi palavras ainda na boca, só faziam chorar. Pranto em vão, já que os
em boa hora para todos. Há muito que em nossa vida tudo pais, entregues às suas próprias tristezas, desprezavam as de
pitimbava. Os nossos dias passavam como um café 1sambango, seus rebentos. O nosso povoado infértil morria à míngua e mais e
ralo, frio e sem gosto. Cada dia era sem quê nem porquê. E nós ali mais a nossa vida passou a desesperançar ...
amolecidos, sem sustância alguma para aprumar nosso corpo. À noite, quando reuníamos em volta de uma fogueira mais de
Repito: tudo era uma pitimba só. Escassez de tudo. Até a natureza cinzas do que de fogo, a combustão maior vinha de nossos
lamentos. E em uma dessas noites de macambúzia fala, de um
minguava e nos confundia. Ora aparecia um sol 2desensolarado e
estado tal de banzo, como se a dor nunca mais fosse se apartar
que mais se assemelhava a uma bola murcha, lá na nascente. Um
de nós, uma mulher, a mais jovem da desfalcada roda, trouxe uma
frio interior nos possuía então, e nós mal enfrentávamos o dia sob
boa fala. Bamidele, a esperança, anunciou que ia ter um filho.
a nula ação da estrela 3desfeita. Ora gotejava uma chuva de
A partir daquele momento, não houve quem não fosse fecundado
4
pinguitos tão ralos e escassos que mal molhava as pontas de pela esperança, dom que Bamidele trazia no sentido de seu
nossos dedos. E então deu de faltar tudo: mãos para o trabalho, nome. Toda a comunidade, mulheres, homens, os poucos velhos
alimentos, água, matéria para os nossos pensamentos e sonhos, que ainda persistiam vivos, alguns mais jovens que escolheram
palavras para as nossas bocas, cantos para as nossas vozes, não morrer, os pequenininhos que ainda não tinham sido
movimento, dança, desejos para os nossos corpos. contaminados totalmente pela tristeza, todos se engravidaram da
Os mais velhos, acumulados de tanto sofrimento, olhavam para criança nossa, do ser que ia chegar. E antes, muito antes de
trás e do passado nada reconheciam no presente. Suas lutas, seu sabermos, a vida dele já estava escrita na linha circular de nosso
fazer e saber, tudo parecia ter se perdido no tempo. O que tempo. Lá estava mais uma nossa descendência sendo lançada à
fizeram, então? Deram de clamar pela morte. E a todo instante vida pelas mãos de nossos ancestrais.
eles partiam. E, com a tristeza da falta de lugar em um mundo em Ficamos plenos de esperança, mas não cegos diante de todas as
que eles não se 6reconheciam e nem reconheciam mais, muitos se nossas dificuldades. Sabíamos que tínhamos várias questões a
foram. Dentre eles, me lembro de vô Moyo, o que trazia boa enfrentar. A maior era a nossa dificuldade interior de acreditar
saúde, de tio Masud, o afortunado, o velho Abede, o homem novamente no valor da vida... Mas sempre inventamos a nossa
abençoado, e outros e outros. Todos estavam 7enfraquecidos e sobrevivência. Entre nós, ainda estava a experiente Omolara, a
esquecidos da força que traziam no significado de seus próprios que havia nascido no tempo certo. Parteira que repetia com
nomes. As velhas mulheres também. Elas, que sempre sucesso a história de seu próprio nascimento, Omolara havia se
inventavam formas de inventar e vencer a dor, não acreditavam recusado a se deixar morrer.
mais na eficácia delas próprias. Como os homens, deslembravam E no momento exato em que a vida milagrou no ventre de
a potência que se achava resguardada partir de suas Bamidele, Omolara, aquela que tinha o dom de fazer vir as
denominações. E pediam veementemente à vida que esquecesse pessoas ao mundo, a conhecedora de todo ritual de nascimento,
delas e que as deixasse partir. Foi com esse estado de ânimo que acolheu a criança de Bamidele. Uma menina que buscava
muitas delas empreenderam a derradeira viagem: vovó Amina, a caminho em meio à correnteza das águas íntimas de sua mãe. E
todas nós sentimos, no instante em que Ayoluwa nascia, todas parava de quando em quando para varrer a disparos as macegas
nós sentimos algo se contorcer em nossos ventres, os homens traiçoeiras; e prosseguindo depois, lentamente, rodando,
também. Ninguém se assustou. Sabíamos que estávamos parindo inabordável, terrível...
em nós mesmo uma nova vida. E foi bonito o primeiro choro [...]
daquela que veio para trazer alegria para o nosso povo. O seu Um a um tombavam os soldados da guarnição estoica. Feridos ou
inicial grito, comprovando que nascia viva, acordou todos nós. E espantados os muares da tração empacavam; torciam de rumo;
partir daí tudo mudou. 8Tomamos novamente a vida com as impossibilitavam a marcha.
nossas mãos. A bateria afinal parou. Os canhões, emperrados, imobilizaram-se
Ayoluwa, alegria de nosso povo, continua entre nós, ela veio não numa volta do caminho...
com a promessa da salvação, mas também não veio para morrer O coronel Tamarindo, que volvera à retaguarda, agitando-se
na cruz. Não digo que esse mundo desconsertado já se consertou. destemeroso e infatigável entre os fugitivos, penitenciando-se
Mas Ayoluwa, alegria do nosso povo, e sua mãe, Bamidele, a heroicamente, na hora da catástrofe, da tibieza anterior, ao
esperança, continuam fermentado o pão nosso de cada dia. E deparar com aquele quadro estupendo, procurou debalde
quando a dor vem encostar-se a nós, enquanto um olho chora, o socorrer os únicos soldados que tinham ido a Canudos. Neste
outro espia o tempo procurando a solução. pressuposto ordenou toques repetidos de “meia-volta, alto!”. As
notas das cornetas, convulsivas, emitidas pelos corneteiros sem
fôlego, vibraram inutilmente. Ou melhor – aceleraram a fuga.
Naquela desordem só havia uma determinação possível:
(G1 - ifce 2019) O adjetivo sambango (ref. 1) é de uso informal e “debandar!”.
pouco utilizado na região Nordeste. No entanto, considerando o Debalde alguns oficiais, indignados, engatilhavam revólveres ao
uso no texto, pode-se inferir que seu significado pertence ao peito dos foragidos. Não havia contê-los. Passavam; corriam;
mesmo campo semântico de corriam doudamente; corriam dos oficiais; corriam dos jagunços; e
ao verem aqueles, que eram de preferência alvejados pelos
últimos, caírem malferidos, não se comoviam. O capitão Vilarim
a) desnecessariamente consistente.
batera-se valentemente quase só e ao baquear, morto, não
encontrou entre os que comandava um braço que o sustivesse.
b) insuficientemente encorpado.
Os próprios feridos e enfermos estropiados lá se iam,
cambeteando, arrastando-se penosamente, imprecando os
c) razoavelmente forte.
companheiros mais ágeis...
As notas das cornetas vibravam em cima desse tumulto,
d) ligeiramente excessivo.
imperceptíveis, inúteis...
Por fim cessaram. Não tinham a quem chamar. A infantaria
e) demasiadamente intenso.
desaparecera...
Exercício 55
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: (Os sertões, 2016.)
Para responder à(s) questão(ões), leia o trecho da obra Os
sertões, de Euclides da Cunha (1866 – 1909), em que se narram
eventos referentes a uma das expedições militares enviadas pelo (Unifesp 2018) No trecho, o estilo de Euclides da Cunha pode ser
governo federal para combater Antônio Conselheiro e seus caracterizado, sobretudo, como
seguidores sediados em Canudos.
a) transgressor.
Oitocentos homens desapareciam em fuga, abandonando as
espingardas; arriando as padiolas, em que se estorciam feridos; b) informal.
jogando fora as peças de equipamento; desarmando-se;
desapertando os cinturões, para a carreira desafogada; e c) didático.
correndo, correndo ao acaso, correndo em grupos, em bandos
erradios, correndo pelas estradas e pelas trilhas que as recortam, d) lacônico.
correndo para o recesso das caatingas, tontos, apavorados, sem
chefes... e) rebuscado.
Entre os fardos atirados à beira do caminho ficara, logo ao
desencadear-se o pânico – tristíssimo pormenor! – o cadáver do Exercício 56
comandante. Não o defenderam. Não houve um breve simulacro TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
de repulsa contra o inimigo, que não viam e adivinhavam no O celular que escraviza
estrídulo dos gritos desafiadores e nos estampidos de um tiroteio
irregular e escasso, como o de uma caçada. Aos primeiros tiros os Eles roubam nosso tempo, atrapalham os relacionamentos e
batalhões diluíram-se. podem até causar acidentes de trânsito. Quando é a hora de
Apenas a artilharia, na extrema retaguarda, seguia vagarosa e desligar?
unida, solene quase, na marcha habitual de uma revista, em que
Estamos viciados. Em qualquer lugar, a qualquer momento do dia, 7A sensação de estar por fora é consequência da
não conseguimos deixar de lado o objeto de nossa dependência. hiperconectividade, um conceito elaborado por dois
1Dormimos ao lado dele, acordamos com ele, o levamos para o pesquisadores canadenses, Anabel Quan-Haase e Barry
banheiro e para o café da manhã – e, se, por enorme azar, o Wellman. Eles criaram uma teoria para explicar como vive o dono
esquecemos em casa ao sair, voltamos correndo. Somos de um celular moderno. Ele pode se comunicar a partir de
incapazes de ficar mais de um minuto sem olhar para ele. É qualquer lugar a qualquer instante. Não há fronteiras entre ele,
através dele que nos conectamos com o mundo, com os amigos, seus amigos e o restante do mundo 8– com exceção (maldição!)
com o trabalho. 2Sabemos da vida de todos e informamos a todos de locais em que o sinal é fraco 9ou (pesadelo!) não chega. Um
o que acontece por meio dele. Os neurocientistas dizem que ele dos efeitos colaterais da hiperconectividade é ser altamente
nos fornece pequenos estímulos prazerosos dos quais nos viciante. Daí a desconfiança de especialistas de que motoristas
tornamos dependentes. Somos 21 milhões – número de que não conseguem largar o celular enquanto dirigem são, na
brasileiros com mais de 15 anos que têm smartphones, os verdade, dependentes. Dispositivos eletrônicos como os celulares
celulares que fazem muito mais que falar. Com eles, trocamos e- geram a sensação de prazer para o cérebro porque ele se sente
mails, usamos programas de GPS e navegamos em redes sociais. recompensado a cada novidade recebida. 10Uma mensagem é um
O tempo todo. Observe a seu redor. Em qualquer situação, as pacotinho de prazer. A descarga de uma substância estimulante
pessoas param, olham a tela do celular, dedilham uma para nossos neurônios, a dopamina, encarrega-se de gerar a
mensagem. Enquanto conversam. Enquanto namoram. Enquanto sensação agradável. O Instituto de Informação e Tecnologia de
participam de uma reunião. E – pior de tudo – até mesmo Helsinque, na Finlândia, fez um estudo para analisar quanto
enquanto dirigem.
tempo do dia gastamos com 11o hábito de verificar atualizações
3“É uma dependência difícil de eliminar”, diz o psiquiatra
em busca desse barato cerebral. De acesso em acesso, somamos
americano David Greenfield, diretor do Centro para Tratamento
duas horas e 40 minutos. É o mesmo tempo gasto nos Estados
de Vício em Internet e Tecnologia, na cidade de West Hartford.
Unidos com televisão e dez vezes o que se gasta com leitura. (...)
“Nosso cérebro se acostuma a receber essas novidades
constantemente e passa a procurar por elas a todo instante.” 4O Reportagem de Rafael Barifouse e Isabella Ayub, Revista
pai de todos os vícios, claro, é o Facebook, maior rede social do Época,15/06/2012. Disponível em
mundo, onde publicamos notícias sobre nós mesmos como se <http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/06/o-celular-
alimentássemos um grande jornal coletivo sobre a vida cotidiana. que-escraviza.html>. Último acesso em 03 de outubro de 2017.
Depois dele, novas redes foram criadas e apertaram o nó da
dependência. Programas de troca de fotos como o Instagram
conectam milhões de pessoas por meio das imagens feitas pelas (G1 - cmrj 2018) Em diversas passagens do texto, os autores
câmeras cada vez mais potentes dos celulares. Os aplicativos de enredam o leitor, travando com ele um diálogo informal. Como
trocas de mensagem, como o Whatsapp, promovem bate-papos marca notória dessa interlocução, podemos citar o uso
escritos que se assemelham a uma conversa na mesa do bar. O
final dessa história pode ser dramático. Interagir com o aparelho –
a) da primeira pessoa do plural, como em “Sabemos da vida de
e com centenas de amigos escondidos sob a tela de cristal –
todos” (ref. 2).
tornou-se para alguns uma compulsão tão violenta que pode
colocar a própria vida em risco.
5Parece exagero? Pense na história da garota americana Taylor b) de transcrições da fala de especialistas, como em “É uma
dependência difícil de eliminar” (ref. 3).
Sauer, de 18 anos. Em janeiro, Taylor dirigia numa rodovia
interestadual que liga os Estados de Utah e Idaho quando bateu a
c) de uma palavra denotativa de inclusão em “O pai de todos os
130 quilômetros por hora na traseira de um caminhão. Taylor
vícios, claro, é o Facebook...” (ref. 4).
trocava mensagens com um amigo sobre um time de futebol
americano. Uma a cada 90 segundos. Seu último post foi: “Não
d) de frases interrogativas, como em “Parece exagero?” (ref. 5).
posso discutir isso agora. Dirigir e escrever no Facebook não é
seguro! Haha”. Se não estivesse teclando, provavelmente Taylor
e) de afirmações categóricas, como em “O cérebro só faz bem
teria avistado o veículo à frente, que andava a meros 25
uma coisa ou outra.” (ref. 6)
quilômetros por hora. O caso terrível não é uma aberração
estatística. A cada ano, 3 mil americanos morrem por causa da Exercício 57
distração no celular, de acordo com a agência federal National TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Transportation Safety Board. Para responder à(s) questão(ões), leia o texto abaixo.
No Brasil, não é diferente – pelo menos é a impressão dos
profissionais que trabalham na área. “Minha experiência sugere “A política não é lugar pra preto vagabundo feito você!”
que essa é a quarta maior causa de acidentes, só atrás do excesso (Douglas Belchior)
de velocidade, uso de álcool e drogas e cansaço”, diz Dirceu
Júnior, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego. Tenho plena consciência de que represento uma exceção.
(...) 6O cérebro só faz bem uma coisa ou outra. (...) Dirigir falando Ainda que miscigenado (fosse a pele retinta, bem sei que a vida
ao telefone duplica o risco de um acidente. reservaria ainda mais dificuldades), como homem negro, estudei.
(...) Alcancei o banco de uma universidade reconhecida, a PUC-SP,
onde me formei em História e alcei o desvalorizado, mas nem por b) No texto predomina a informalidade, fazendo-se uso, inclusive,
isso menos nobre, status de professor. Trabalhador da rede de expedientes morfossintáticos e fonético-fonológicos mais
pública estadual de São Paulo, nada convidativo financeiramente, próximos da linguagem coloquial.
mas ainda assim, digno.
Conciliar profissão a militância política foi uma opção c) A inserção do autor em seu discurso provê ao texto um tom
consciente – outro privilégio para poucos. Trabalho, ganho a vida descontraído, que faz predominar nessa produção a
e pago minhas contas fazendo o que amo: educação, logo, coloquialidade, a desmesurada espontaneidade e,
política. A vida que escolhi me levou a pessoas incríveis: líderes consequentemente, a aproximação com o leitor.
políticos, intelectuais, atletas e artistas. Me levou a lugares
impensáveis: salas acarpetadas de governos, viagens para d) A impessoalidade é a marca principal desse texto, que lhe
debates, palestras e atividades políticas das mais diversas em garante fazer-se permanentemente em nível formal.
quase todos os estados brasileiros e até nos EUA. Em todos
esses espaços, tanto em momentos de conflito com adversários, e) A presença do tom formal no texto dificulta a compreensão do
quanto em momentos de elaboração e confraternização com os leitor, que é colocado em posição distanciada do autor.
meus da “esquerda”, uma coisa nunca mudou: sou um homem
negro. E como um negro no país da democracia racial, sempre Exercício 58
soube que o tratamento gentil e tolerante a mim dispensado TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
sempre esteve condicionado a que eu soubesse o meu lugar e O texto que segue servirá para a(s) questão(ões) abaixo.

que não me atrevesse a sair dele.


A análise sintática tem sido causa de crônicas e incômodas
Fui candidato a deputado federal nas eleições de 2014.
enxaquecas nos alunos de ensino médio. É que muitos
Alcancei quase 12 mil votos, alcançando posição de segundo
professores, por tradição ou por comodismo, a têm transformado
suplente à câmara federal. Como liderança política do diverso e
no próprio conteúdo do aprendizado da língua, como se aprender
confuso movimento negro brasileiro, me dediquei ao
português fosse exclusivamente aprender análise sintática. O que
enfrentamento ao racismo, à denúncia do genocídio negro e à luta
deveria ser um instrumento de trabalho, um meio eficaz de
por direitos sociais para o povo negro, sobretudo no que diz
aprendizagem, passou a ser um fim em si mesmo. Ora, ninguém
respeito à educação e aos direitos humanos, temas em que atuo
com mais profundidade. Ainda assim, sempre enfrentei olhares estuda a língua só para saber o nome, quase sempre rebarbativo,
desconfiados, posturas desencorajadoras e a impressão de eterna de todos os componentes da frase.
dúvida quanto à minha capacidade política ou profissional. Depois Vários autores e mestres têm condenado até mesmo com
da candidatura em 2014, essa impressão só aumentou. E agora veemência o abuso no ensino da análise sintática. Não obstante, o
finalmente transpareceu, verbalizada, em uma destas conversas assunto continua a ser, salvo as costumeiras exceções, o “prato
de internet, na última semana: “A política não é lugar pra preto de substância” da cadeira de português no ensino fundamental.
vagabundo feito você!”. Apesar disso, ao chegar ao fim do curso, o estudante, em geral,
Um fato é inquestionável: negros não são tolerados na continua a não saber escrever, mesmo que seja capaz de
política, senão como serviçais, cabos eleitorais ou, no máximo, destrinchar qualquer estrofe camoniana ou qualquer período
assistentes. No campo da esquerda isso não muda. E se for barroco de Vieira, nomenclaturando devidamente todos os seus
mulher é ainda mais difícil. Só que desta vez consegui reverter o termos. Então, “pra que análise sintática?” – perguntam aflitos
efeito desestimulante. Diante da cultura racista dominante na alunos e mestres por esse Brasil afora.
ocupação dos espaços do poder político, dou aqui a minha
resposta: “Vamos enfrentar, vamos disputar e vamos vencer! GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a
escrever, aprendendo a pensar. Rio de Janeiro: FGV, 2010, p. 31.
Lugar de preto é onde ele quiser – inclusive na política!”.

http://negrobelchior.cartacapital.com.br/politica-nao-e-lugar-pra-
preto-vagabundo-feito-voce/.
(G1 - ifal 2017) Os textos fazem-se observando elementos
Texto adaptado.
contextuais que determinam os modos como se relacionam os
interlocutores, aspecto que decorre do maior ou menor nível de
familiaridade que se pretende nessa relação.
(G1 - ifal 2017) Sabe-se que, nos textos, assumem-se diferentes
estilos linguísticos, de acordo com os contextos enunciativos, que
demandam diferentes níveis de linguagem. Quanto a esse Desse processo, têm-se os chamados níveis de linguagem. No
aspecto no texto de Belchior, marque a alternativa correta. tocante aos níveis de linguagem, pode-se afirmar do texto acima
apenas que

a) se criam nele relações próximas entre os interlocutores, as


a) Porque se trata de texto que aborda um tema de ordem
quais são percebidas, linguisticamente, na seleção de vocabulário
política, adota-se nele uma linguagem formal, requerida pelo
distanciamento que há entre o autor e seus possíveis ordinário e nas construções sintáticas de natureza simples,

interlocutores. características próprias da linguagem informal.

b) a formalidade nele expressa pode ser notada como marca


estilística predominante, mercê, por exemplo, do uso de
vocábulos pouco frequentes nas comunicações informais e, ainda,
do aparecimento de termos técnicos. c) Em “Pois é, não come nada: é por isso que está aí com o
esqueleto à mostra. Se te pegar outra vez mexendo no açucareiro,
c) o estilo adotado nesse enunciado manifesta um nível de te corto a mão.” (referências 4 e 5), nas expressões em destaque,
linguagem familiar, próxima da coloquialidade, haja vista o prevalece o sentido conotativo.
interesse do autor em desfazer eventuais barreiras teóricas que
impeçam a compreensão. d) No texto, a figura materna condiz com aquilo que se espera de
uma mãe: a preocupação e o cuidado excessivos, que se justificam
d) o autor busca dar ao texto uma natureza linguística coloquial, por ela ser, atualmente, a única pessoa responsável pela
que aproxime os interlocutores, como se percebe em “pra que educação dos filhos no contexto familiar.
análise sintática?”, trecho em que a contração prepositiva indica
uma apropriação da fala pela escrita. e) O texto é classificado como dissertativo-argumentativo porque
expõe, de modo sistemático, os exageros da mãe.
e) esse enunciado constrói-se de maneira informal, descontraída e
mesmo bem-humorada, efeitos da quebra do distanciamento Exercício 60
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
entre os interlocutores, garantida por uma linguagem
ostensivamente simples. Em agosto de 2005, a Revista Língua fez uma entrevista com
Millôr Fernandes, o escritor escolhido para ser o homenageado da
Exercício 59 FLIP 2014. Eis, aqui, alguns trechos dessa entrevista.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Exageros de Mãe Língua – Fazer humor é levar a sério as palavras ou brincar com
elas?
1Já te disse mais de mil vezes que não quero ver você descalço. Millôr – Humor, você tem ou não tem. Pode ser do tipo mais

Nunca vi uma criança tão suja em toda a minha vida. 2Quando teu profundo, mais popular, mas tem de ter. 1Você vai fazendo e, sem
pai chegar você vai morrer de tanto apanhar. Oh, meu Deus do querer, a coisa sai engraçada. Dá para perceber quando a
céu, esse menino me deixa completamente maluca. Estou aqui há construção é forçada. Tenho uma capacidade muito natural de
mais de um século esperando e o senhor não vem tomar banho. perceber bobagem e destruir a coisa.
3Se você fizer isso outra vez nunca mais me sai de casa. 4Pois é, Língua – Com que língua você mais gosta de trabalhar?

não come nada: é por isso que está aí com o esqueleto à mostra. Millôr – Não aprendi línguas até hoje (risos). 3Gosto de trabalhar
5Se te pegar outra vez mexendo no açucareiro, te corto a mão. com o português, embora inglês seja a que eu mais leio. Nunca
6Oh, meu Deus, eu sou a mulher mais infeliz do mundo. Não tive temor de nada. Deve-se julgar as obras pelo que elas têm de
qualidade, não por serem de fulano ou beltrano. Shakespeare fez
chora desse jeito que você vai acordar o prédio inteiro. 7Você
muita besteira, mas tem três ou quatro obras perfeitas, e Macbeth
pensa que seu pai só trabalha pra você chupar Chica-Bon? Mas, é uma delas.
furou de novo o sapato: você acha que seu pai é dono de
Língua – Na sua opinião, quais vantagens o português possui em
sapataria, pra lhe dar um sapato novo todo dia? 8Onde é que você comparação a outras línguas que você conhece?
se sujou dessa maneira: acabei de lhe botar essa roupa não faz Millôr – A principal vantagem é a de ser a minha língua. Ninguém
cinco minutos! Passei a noite toda acordada com o choro dele. Eu fala duas línguas. Essa ideia de um espião que fala múltiplas
juro que um dia eu largo isso tudo e nunca ninguém mais me vê. línguas não passa de mentira. Vai lá no meio do jogo dizer
Não se passa um dia que eu não tenha que dizer a mesma coisa. “salame minguê, um sorvete colorê...” ou “velho guerreiro”. Os
Não quero mais ver você brincando com esses moleques, esta é a modismos da língua, as coisas ocasionais, não são acessíveis a
última vez que estou lhe avisando. quem não é nativo. Toda pessoa tem habilidade só no seu idioma.
Você pode aprender uma, dez, sei lá quantas expressões de outra
(FERNANDES, Millôr. Exageros de Mãe. In: 10 em humor. Rio de língua, mas ainda existirão outras mil – 4como é que se vai fazer?
Janeiro: Expressão e Cultura, 1968, p. 15). A língua portuguesa tem suas particularidades. Como outras
também. Aprendi desde cedo a ter o cuidado de não rimar ao
escrever uma frase. Sobretudo em “-ão”.
(G1 - ifsc 2016) Com base na leitura do texto, assinale a Língua – Quais as normas mais loucas ou mais despropositadas
alternativa CORRETA. da língua portuguesa?
Millôr – Toda pesquisa de linguagem é perigosa porque tem o
a) Há registro informal da língua, exemplificado pela mistura dos caráter de induzir o sentido. Não tenho nenhum carinho especial
pronomes pessoais das segunda e terceira pessoas do singular. por gramáticos. Na minha vida inteira sempre fui violento [no
Tal uso é considerado impróprio para textos literários, como os ataque às regras do idioma], porque a língua é a falada, a outra é
contos e as crônicas. apenas uma forma de você registrar a fala. Se todo mundo erra na
crase é a regra da crase que está errada, como aliás está. Se você
b) Apesar de não utilizar travessões para separar as falas dos vai a Portugal, pode até encontrar uma reverberação que indica a
personagens, o texto apresenta um diálogo entre mãe e filho, no crase. Não aqui. Aqui, no Brasil, a crase não existe.
qual há predomínio da fala da mãe. Língua – Mas a fala brasileira é mutante e díspar, cada região tem
sua peculiaridade. Como romper regras da língua sem cair no
vale-tudo? fatigadas de informar.
Millôr – 5Se não houver norma, não há como transgredir. A língua Dou mais respeito
tem variantes, mas temos de ensinar a escrever o padrão. Quem às que vivem de barriga no chão
transgride tem nome ou peito, que o faça e arque com as tipo água pedra sapo.
consequências. Mas insisto que a escrita é apenas o registro da Entendo bem o sotaque das águas
língua falada. De Machado de Assis pra cá, tudo mudou. A língua dou respeito às coisas desimportantes
alemã fez reforma ortográfica há 50 anos, correta. Aqui, na minha e aos seres desimportantes.
geração, já foram três reformas do gênero, uma mais maluca que Prezo insetos mais que aviões.

a outra. 6Botaram acento em “boemia”, escreveram “xeque” Prezo a velocidade


Das tartarugas mais que a dos mísseis.
quando toda língua busca lembrar o árabe shaik, insistiram que o
certo é “veado” quando o Brasil inteiro pronuncia “viado”. Como
(PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia
chegaram a tais conclusões? Essas coisas são idiotas e cabe a
você aceitar ou não. Veja o caso da crase. A crase, na prática, não brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006.)
existe no português do Brasil. Já vi tábuas de mármore com crase
errada. Se todo mundo erra, a crase é quem está errada. Se Pela leitura dos versos, pode-se concluir que o poeta

vamos atribuir crase ao masculino “dar àquele”, por que não fazer
o mesmo com “dar alguém”? 2Não podemos. a) exalta a velocidade e a rapidez associadas aos avanços
tecnológicos próprios do século XXI.
Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/97/millor-
fernandeso-senhor-das-palavras-247893-1.asp. Acesso em: b) usa a linguagem para expressar as angústias e frustrações que
13/06/2014. Adaptado. sente diante da vida.

c) prefere o ambiente urbano, embora afirme precisar de


(Upe 2015) O texto, uma entrevista, organiza-se de acordo com momentos de silêncio e de contemplação.
especificidades composicionais e linguísticas próprias do gênero.
Levando isso em consideração, analise as proposições a seguir. d) reflete sobre o papel que as palavras desempenham como
veículo para a expressão do eu lírico.
I. A depender do entrevistado, uma entrevista pode apresentar
marcas de informalidade, a exemplo do tratamento pronominal e) sente necessidade de educar e de informar os leitores, usando
de que fazem uso os interlocutores do texto. termos arcaicos e incomuns.
II. Uma entrevista costuma ser constituída por mais de um tipo
Exercício 62
textual, a exemplo das sequências argumentativas e narrativas
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que ajudam a compor o texto.
TEXTO
III. Os eixos temáticos abordados na entrevista – língua e humor –
conferem ao texto um caráter excessivamente informal.
5As pessoas que falam uma língua estrangeira sem sotaque são
IV. Marcas de oralidade no texto – por exemplo, trecho de música
(3º parágrafo) e palavras incisivas, como “bobagem” (1º geralmente as que aprenderam o idioma estrangeiro na infância,
parágrafo), “besteira” (2º parágrafo) e “idiotas” (5º parágrafo) – juntamente com a língua materna. Nesses 1verdadeiros bilíngues,
deveriam ser evitadas, uma vez que se trata de um texto escrito. de alto desempenho, a mesma região do cérebro que produz a
fala é compartilhada pela representação dos dois idiomas,
Estão CORRETAS, apenas: 2enquanto nas pessoas que aprendem a segunda língua, na vida

adulta, duas regiões vizinhas, separadas, cuidam cada uma de um

a) I e II. idioma. A representação conjunta 4talvez explique a maior


facilidade dos bilíngues verdadeiros em transitar 6entre os dois
b) I e III. idiomas, 3já que as mesmas redes neurais de associação devem
ser acionadas por um idioma e outro.
c) I, II e IV. Adaptado de Suzana Herculano-Houzel

d) II e IV.
(Mackenzie 2009) Depreende-se corretamente do texto que:
e) III e IV.

Exercício 61 a) os "verdadeiros bilíngues" (ref. 1), que apresentam fluência e


(Ifsp 2011) Considere um trecho do poema “O apanhador de ausência de sotaque, têm representados na mesma região
desperdícios”, de Manoel de Barros. cerebral dois idiomas.

Uso a palavra para compor meus silêncios. b) o sotaque é consequência do aprendizado de duas línguas
Não gosto das palavras conjuntamente, uma vez que ambas são representadas na mesma
região cerebral. com a alegação, por parte dos dirigentes das escolas, de que sua
fala seria "um mau exemplo" para os alunos. (Bortoni-Ricardo
c) são considerados bilíngues falantes que desenvolveram, na 2004).
aquisição da língua estrangeira, duas regiões cerebrais distintas
para a representação linguística. c) De fato é dentro da, e pela língua que indivíduo e sociedade se
determinam mutuamente. O homem sentiu sempre - e os poetas
d) falar línguas estrangeiras sem sotaque é resultado do alto frequentemente cantaram - o poder fundador da linguagem, que
desempenho e da concentração de falantes considerados como instaura uma realidade imaginária, anima as coisas inertes, faz ver
bilíngues. o que ainda não existe, traz de volta o que desapareceu.
(Benveniste, 1976)
e) aprender a língua materna sem sotaque é resultado do
desenvolvimento de redes neurais distintas, associadas ao longo d) O brasilíndio como o afro-brasileiro existiam numa terra de
do aprendizado de línguas. ninguém, etnicamente falando, e é a partir dessa carência
essencial, para livrar-se da ninguendade de não índios, não-
Exercício 63 europeus e não-negros, que eles se veem forçados a criar a sua
(Uff 2006) Estava pensando na paulistinização do Brasil que
própria identidade étnica: a brasileira. (Darcy Ribeiro,)
veio vindo, veio vindo e, quando a gente se deu conta, tudo virou
paulissssta, assim mesmo, com vários ss.
e) Podemos dizer, portanto, que o preconceito linguístico no Brasil
Nós, cariocas, temos sofrido muitas humilhações. Como se exerce em duas direções: de dentro da elite para fora dela,
nos vermos obrigados a viajar de avião para São Paulo quando se
contra os que não pertencem às camadas sociais privilegiadas; e
quer ir para Bahia (!). Ou observar o mercado, no Rio se de dentro da elite ao redor de si mesma, contra seus próprios
transformar em paulista tendo-se que ligar pro Disk Cook, em SP,
membros. (Bagno, 2003)
para pedir uma comida de um restaurante carioca, aqui do lado.
Ou assistirmos às lojas cariocas fecharem, transformando o Rio Exercício 64
numa cidade latinha ("lá tinha" uma padaria, "lá tinha" um TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
açougue, "lá tinha" aquele tal restaurante, "lá tinha" os estertores TEXTO I
das Casas Sendas, comprada por outro paulista, o Pão de Açúcar,
e por aí vai). Isso fora os "vende-se" e "aluga-se" em todos os Resistência
bairros do Rio. Sabe Deus para onde irão ...
Mas o mais grave de tudo, o mais grave, gente, é a Não sei onde anda aquele projeto de lei do deputado Aldo Rebelo
paulistinização do sotaque! O sotaque de São Paulo é o sotaque sobre a proteção da língua portuguesa - o que é um mau sinal.
oficial do Brasil, sotaque nacional do país! Nada contra, só é Ele teria que estar sendo mais discutido. A intenção do deputado
esquisito que agora, no Rio de Janeiro, se fale paulista. Seria o é boa, mas as críticas ao projeto, do pessoal da linguística
mesmo que, assim, do nada, todo mundo começasse a falar principalmente, deveriam estar sendo ouvidas no debate que não
nordestino, cearense. Nada contra também, mas estranho ... está havendo.
Descobri isso quando vi meu neto, carioca, nascido em Los Eu acho que o uso de estrangeirismos como "delivery" em vez de
Angeles e criado no Rio desde o primeiro ano de vida, falar coisas "entrega" decorre de uma falta generalizada de senso do ridículo,
do tipo: "ageeennnnda" "veeennnda" e "fazeennda" com muitos sobre o qual não se legisla, mas esta é uma visão fatalista. Os
enes. E só não pede "um chopes e dois pastel" porque ele tem 4 linguistas dizem que a língua é uma coisa viva, que é impossível e
anos e ainda não toma chope. Então fiquei pensando: mas por impraticável decretar que o português falado hoje é o definitivo e
que cargas d'água o meu neto fala paulista? como tal deve ser, para todos os efeitos, tombado. Alegam que a
Maria Lúcia Dahl. "Jornal do Brasil", Caderno B, 9/07/04 lei, com suas multas e punições, restringiria o estudo de dialetos e
idiomas regionais de origem estrangeira ou não, cuja rica
Assinale a opção em que um dos fragmentos de textos de variedade tem mais valor cultural do que qualquer uniformização
autores renomados de linguística e antropologia explica, de forma imposta. O assunto é amplo. A discussão também deveria ser.
adequada, a influência de uma dada variedade linguística regional A ideia é proteger o português do inglês, que nos invade pelo
como a apresentada pela cronista Maria Lúcia Dahl. colonialismo comercial e pelos neologismos da cultura do
computador (parece que já estão usando até o verbo
"downloadar"), e que seria uma espécie de vocabulário avançado
a) Uma variedade linguística "vale" o que "valem" na sociedade os
da dominação total a que nos submeteriam. Mas dos Estados
seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade
Unidos também vêm bons exemplos de flexibilidade prática na
que eles têm nas relações econômicas e sociais. Esta afirmação é
questão da língua, como o uso do espanhol na propaganda e na
válida, evidentemente, em termos "internos", quando
educação em áreas de grande imigração "hispânica", contra os
confrontamos variedades de uma mesma língua, e em termos
protestos da direita, que quer proteger o inglês. O problema é
"externos" pelo prestígio das línguas no plano internacional.
diferente, mas a xenofobia linguística é parecida.
(Maurizio Gnerre, 2001).
Por que não tratar as palavras em inglês que nos incomodam
como imigrantes na nossa língua, resignados à sua inevitabilidade
b) Conhecemos bons professores, provenientes da região
e respeitando a sua identidade, sabendo que cedo ou tarde elas
Nordeste e dos estados de Goiás e Mato Grosso, que tiveram
serão assimiladas e com o passar do tempo perderão até o
problemas para trabalhar em escolas particulares em Brasília
sotaque? A resistência à dominação americana tem que vir em c) “E a moça de nome Maria, [...] assim que saiu de casa com a
outros setores, com outra disposição e outra mentalidade. Sobre malinha de couro antiga, e na bolsa umas economias dadas pela
os quais também não se legisla. mãe, caminhou solerte em direção à rodoviária...”

VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Globo: Rio de Janeiro, p. 7, 1 de d) “De repente, a dona Luzia a chamou para se sentar ao lado
julho 2001. dela no sofá de palhinha com almofadas que ficava junto ao
balcão, também de frente para a janela e sua vista para a Ponte
de Pedra”.
(Ufrrj 2003) Há no texto uma comparação entre Brasil e Estados
Unidos, quanto à questão dos estrangeirismos. Sobre esse Exercício 66

assunto foram feitas as seguintes afirmações: (G1 - ifpe 2014) Texto 1

I - Nos EUA existe uma crença já generalizada de que palavras POR QUE ESTUDAR A CULTURA INDÍGENA E AFRO-
estrangeiras só vêm enriquecer o idioma nativo. BRASILEIRA?

II - Nos EUA, como também aqui, há reações de repúdio a


palavras estrangeiras, por questões de protecionismo Os currículos escolares, tradicionalmente, sempre trabalham a

linguístico/cultural. História Geral e a História do Brasil, a partir de uma postura


III - Justamente do país de onde vêm atualmente os eurocêntrica, tendendo a olhar os povos indígenas e afros sempre

estrangeirismos que lotam nosso vocabulário, vem também um com um esgar de olhos que deflagram um descaso com a riqueza
e a complexidade dessas culturas. Historicamente, passamos a
exemplo de tolerância ao que é estrangeiro.
IV - O Brasil deveria, segundo o texto, praticar a mesma interpretar a História Oficial de nosso país a partir do ponto de
vista da classe dominante, o que condenou à ignorância a
xenofobia linguística existente nos EUA, pois é protegendo a
cultura nacional que se constrói um país desenvolvido. contribuição cultural, social, política e econômica que os negros e
os índios, em suas respectivas conjunturas, legaram ao Brasil.

Estão corretas as afirmativas


(...)
Legados à condição de mão de obra barata e servil, presos em
a) II, III e IV. suas senzalas e aldeias, negros e índios sempre caminharam
pelos recônditos da História, paralelo às transformações sociais,
b) II e IV. econômicas e políticas que aconteciam no Brasil litorâneo. Brasil
esse forjado pelos grandes ciclos econômicos e transformações
c) I, III e IV. políticas diversas. O que esse Brasil não assume (porque no
fundo ele sabe) é que o grande construtor da sociedade brasileira
d) I e III. sempre foram seus inúmeros coadjuvantes, forjando uma nação a
partir da resistência, dos sincretismos e da miscigenação.
e) II e III.
Octávio Ianni dizia que a cada época histórica o Brasil debruça-se
Exercício 65
sobre a questão nacional. Essa preocupação resulta do fato de
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
que nossos intérpretes sempre sentem a necessidade de
A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao livro A mocinha do
problematizar a formação da sociedade brasileira, justamente
Mercado Central, de Stella Maris Rezende.
para poder entender o presente e compreender nossa verdadeira
identidade nacional. Na maioria das vezes, a empreitada torna-se
difícil, pois estes se deparam com a questão da diversidade
(G1 - cftmg 2014) “Se prestar bastante atenção, vai ver que o
cultural no caminho. É como se a problemática acerca da
sotaque do livro é mineiro...”
identidade nacional fosse representada por um enorme “quebra-
(Ricardo Benevides, em comentário impresso na contracapa de A
cabeças”, um mosaico no qual, na medida em que fôssemos
mocinha do Mercado Central)
juntando as peças, novas lacunas surgiriam, impedindo uma
percepção clara do problema, mas ao mesmo tempo dando uma
O emprego de expressões típicas do modo de falar dos mineiros é
dimensão múltipla do tema.
comprovado pela passagem:

Neste sentido, surge uma questão importante: a formação do


a) “Um bem-te-vi fazia a festa numa poça de água da chuva da povo brasileiro está atrelada incondicionalmente à tensa relação
noite anterior, na parte mais alta do muro, num tijolo esburacado entre a classe dominante e a classe subalterna. Legados à
providenciado pela impiedade do tempo...” condição de força de trabalho escrava, negros e índios resistiam
aos desmandos dos patrões, em certos momentos, a partir do
b) “Ela adorou esse embondo de uma coisa fedorenta virar uma enfrentamento, mas a estratégia adotada, mesmo que
coisa que se imagina boa. Será que no fundo o sucesso não passa inconscientemente, era sempre silenciosa. A contribuição desses
de uma coisa que fede muito?” povos está nos costumes, comidas típicas, modos de vestir,
sotaques, práticas culturais únicas, sincretismo religioso, peças não há sol a sós
preciosas do grande mosaico em que se tornou o Brasil.
aqui somos mestiços mulatos
Os “esquecidos da história” (...) adotaram, inconscientemente, a cafuzos pardos tapuias tupinamboclos
estratégia da memória, passando de geração em geração suas americarataís yorubárbaros.
culturas, seu capital simbólico próprio, onde não precisam de
registros impressos para se fazer entender. Não precisam da somos o que somos
legitimidade da elite, bastam ser “lembrados pelos pares”. Isso já inclassificáveis
é suficiente para que se forje uma grande nação!
que preto, que branco, que índio o quê?
Estudar a “História da cultura afro-brasileira e indígena” requer que branco, que índio, que preto o quê?
revisar aquilo que já se falou sobre negros e índios, buscando que índio, que preto, que branco o quê?
considerar a contribuição destes na formação da sociedade
brasileira. Tudo que for estranho aos nossos olhos tem que ser não tem um, tem dois,
investigado a fundo. No final, outra visão será construída. não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
O importante é que essa nova visão não se constitua como não tem vez, tem vezes,
verdade absoluta, mas que se constitua como ferramenta para não tem deus, tem deuses,
seguirmos em frente, em busca de novas respostas e desarmados não tem cor, tem cores,
de qualquer tipo de preconceito e estranhamento. Lembremos
que o mosaico nunca se completa, o “quebra-cabeças” que não se não há sol a sós
soluciona justamente por compreender sua própria complexidade.
Afinal de contas, não é assim que a ciência sempre agiu? egipciganos tupinamboclos
yorubárbaros carataís
Khemerson de Melo Macedo - Coordenador Geral de Projetos do caribocarijós orientapuias
NCPAM, finalista em Ciências Sociais pela UFAM. mamemulatos tropicaburés
Disponível em: http://www.ncpam.com.br. chibarrosados mesticigenados
Acesso em: 24ago.2013. oxigenados debaixo do sol

Texto 2 Arnaldo Antunes

INCLASSIFICÁVEIS Disponível em: <http://www.arnaldoantunes.com.br>.


Acesso em: 25ago.2013.
que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê? A respeito do texto 2, julgue as assertivas que seguem.
I. A ênfase no emprego de neologismos é uma estratégia de
que preto branco índio o quê? Arnaldo Antunes para, através da linguagem, retratar a
branco índio preto o quê? miscigenação característica da cultura nacional.
índio preto branco o quê? II. A ausência de maiúsculas no texto é provavelmente uma forma
de o compositor reforçar a ideia de que a identidade do povo
aqui somos mestiços mulatos brasileiro é marcada pela diversidade.
cafuzos pardos mamelucos sararás III. A troca de posição dos vocábulos ‘preto’, ‘branco’ e ‘índio’,
crilouros guaranisseis e judárabes como ocorre na primeira estrofe, é um recurso rítmico apenas, não
interferindo no aspecto semântico do texto.
orientupis orientupis IV. A linguagem empregada é predominantemente informal,
ameriquítalos luso nipo caboclos sobretudo por conta do desrespeito à norma culta da língua e da
orientupis orientupis presença constante de gírias.
iberibárbaros indo ciganagôs V. Assim como se dá no texto 1, na canção, o olhar acerca da
formação da nação brasileira não é eurocêntrico, o que justifica os
somos o que somos questionamentos nas estrofes iniciais.
inclassificáveis
Estão corretas, apenas:
não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
a) I, II, III e V
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
b) I, II e V
não tem deus, tem deuses,
c) II, III e IV
e) IV e V
d) III e V

GABARITO
Exercício 11
Exercício 1
c) a ocorrência da expressão “eu sei que vou te amar”,
b) No texto, não há marcas de oralidade. porquanto, na linguagem coloquial, a tendência é não

Exercício 2 empregar o pronome oblíquo posposto à locução verbal; desse


modo, na modalidade padrão, a forma a ser empregada seria:
b) linguagem culta e linguagem coloquial. eu sei que vou amar-te.

Exercício 3 Exercício 12
b) A linguagem do texto apoia-se em uma variante linguística b) Calvin emprega o pronome você não necessariamente para
que demonstra o movimento de mudanças constantes que as marcar a interlocução: antes, trata-se de um recurso da
línguas sofrem, através do tempo. linguagem coloquial utilizado como forma de expressar ideias
genéricas.

Exercício 4

a) A mensagem de humor transmitida pelo quadrinho se dá Exercício 13


com a concomitância da linguagem escrita e da linguagem e) "Agora me diz, o que faz você feliz?".
visual.
Exercício 14

Exercício 5 a) A lenda de Mani, exemplo do folclore dos índios tupis,


explica a origem da mandioca, que é um dos principais
d) na frase “Um homem que decide se apropriar da fortuna alimentos dos povos indígenas. No Brasil, essa raiz possui
dela”, a forma em destaque poderia ser substituída por “de sua vários nomes que variam de região para região, como, por
fortuna”, que é uma construção mais própria da linguagem exemplo, aipim, macaxeira, maniva, castelinha, entre outros.
culta.

Exercício 15
Exercício 6
d) Sou do tipo que chora não só em batizado, casamento, mas
a) “Se juntar com o meu tempero | Vai ser bom demais” principalmente em formatura.

Exercício 16
Exercício 7
d) Foi terrível o juiz ter aceitado aquela denúncia.
a) V - V - V - V - V

Exercício 17
Exercício 8
a) uma prática inerente ao ser humano.
d) I, II e IV.

Exercício 18
Exercício 9
e) É uma das poucas opiniões do poeta onde existe uma
c) os verbos foram flexionados no imperativo afirmativo de controvérsia.
acordo com a norma padrão.
Exercício 19

Exercício 10 b) Minha prima, passada dos quarenta, lamentava que tinha


ficado piruá.
b) “... para saber quem grita gol mais alto e prolongado...” (ref.
3)
Exercício 20
a) Por fazer parte da segunda geração de modernistas, autor, ao lado da cor de pele e de outros indicadores sociais
Drummond usufrui de uma liberdade ainda maior do que a negativos, tais como pobreza, desemprego e falta de moradia.
imaginada pelos participantes da Semana, o que o permite
experimentar grande variedade temática e estilística, conforme
vemos nos textos apresentados.
Exercício 32

d) “Nossa história e arquitetura foram deixadas às ruínas, que


Exercício 21
ativamente permitimos que desmoronem.” (referência 8)
b) véio (velho), dûa (de uma), c’o (com o).
Exercício 33

d) os versos do poema de Drummond, apesar de serem


Exercício 22
escritos no padrão culto da língua portuguesa, não têm o
c) ál-co-ol, a-ni-mais; vas-sou-ra. mesmo tom elevado da linguagem rebuscada dos versos do
poema de Bilac.

Exercício 23 Exercício 34

b) No 6º parágrafo do texto, o uso da forma “ia”, por duas c) I, II e IV apenas.


vezes, em vez de “iria”, aproxima o texto da oralidade e
caracteriza uma linguagem informal.
Exercício 35

b) O texto compõe-se em estilo formal, sem perder de vista a


Exercício 24
proximidade com o leitor, recurso que está adequado à
c) gerúndio – advérbio – história. finalidade didática da mensagem.

Exercício 25 Exercício 36

d) a expressão que dá nome à crônica faz parte da oralidade c) I, II e IV.


do autor e implica, também, questões de prestígio social.

Exercício 37
Exercício 26
a) há uma predominância de frases mais curtas, períodos com
c) Apenas III. poucas subordinações, parágrafos menores com o intuito de
reproduzir uma linguagem mais próxima da informal, do
cotidiano.
Exercício 27

a) embora se apresente escrito, possui uma linguagem mais


Exercício 38
informal e próxima da oralidade, pouco preocupada com a
rigidez da norma culta. b) aproximar-se dos usos cotidianos da língua, como ocorre na
opção de ‘pra’, em vez de ‘para’, no trecho: “queria falar alguma
coisa bonita pra ele, mas não era boa com as palavras.”.
Exercício 28

b) subdivisões em etapas.
Exercício 39

c) O emprego do termo povão foi utilizado com o propósito de


Exercício 29 conferir informalidade ao texto, como estratégia de
d) a expressão “não fez efeito”, proveniente do vocabulário aproximação do leitor.
médico, é de uso exclusivo da linguagem técnica.

Exercício 40
Exercício 30
c) No período “A realidade é diferente para pessoas negras,
c) Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim cujos familiares geralmente trabalharam a vida toda no setor
tem um pé de saboneteira. informal.” (referência 15), a palavra “cujos” retoma a expressão
“pessoas negras”.

Exercício 31
Exercício 41
b) A proposta de criminalização do samba, no início do século
passado, era tão racista quanto o Sistema de Justiça Criminal d) uma metáfora, pois o autor inverte a imagem utilizada para
Brasil, cujo critério determinante é a posição de classe do representar loucura a fim de expressar a habilidade da
professora. indicando opiniões do locutor em relação ao que ele disse
anteriormente.

Exercício 42
Exercício 54
a) este é redigido na variedade culta, respeitando a gramática
normativa, uma vez que se trata de um gênero textual do qual b) insuficientemente encorpado.
se espera uso mais formal da linguagem.

Exercício 55
Exercício 43
e) rebuscado.
e) “bata na porta” (ref. 5).
Exercício 56
Exercício 44
d) de frases interrogativas, como em “Parece exagero?” (ref. 5).
d) II e V.

Exercício 45 Exercício 57

c) criar um efeito de proximidade com os leitores. b) No texto predomina a informalidade, fazendo-se uso,
inclusive, de expedientes morfossintáticos e fonético-
fonológicos mais próximos da linguagem coloquial.
Exercício 46

d) “... se o padrão vem da fala dos bacanas...” (ref. 6).


Exercício 58

b) a formalidade nele expressa pode ser notada como marca


Exercício 47 estilística predominante, mercê, por exemplo, do uso de
c) II, III e IV. vocábulos pouco frequentes nas comunicações informais e,
ainda, do aparecimento de termos técnicos.

Exercício 48
Exercício 59
d) “Uai? Cê já chegô, sô? Peraí, que eu já tô saíno!”
c) Em “Pois é, não come nada: é por isso que está aí com o
esqueleto à mostra. Se te pegar outra vez mexendo no
Exercício 49 açucareiro, te corto a mão.” (referências 4 e 5), nas expressões
e) A heterogeneidade linguística do Brasil deve ser em destaque, prevalece o sentido conotativo.
compreendida para que se possa construir uma cultura escolar
aberta à crítica da discriminação pela língua.
Exercício 60
Exercício 50 a) I e II.
c) Apenas I e II.

Exercício 61
Exercício 51 d) reflete sobre o papel que as palavras desempenham como
b) No verso “A rede veia comeu foi fogo” (Texto 1, linha 7), a veículo para a expressão do eu lírico.
grafia da palavra sublinhada procura reproduzir pronúncia
comum em algumas regiões do Brasil (veia por velha), que
Exercício 62
exemplifica uma variação fonética.
a) os "verdadeiros bilíngues" (ref. 1), que apresentam fluência
e ausência de sotaque, têm representados na mesma região
Exercício 52 cerebral dois idiomas.
b) termo informal e jocoso que significa um conjunto de
pessoas.
Exercício 63

a) Uma variedade linguística "vale" o que "valem" na


Exercício 53 sociedade os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder
c) os comentários entre parênteses (ref. 5) e (ref. 14) servem e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e
para estabelecer um diálogo direto com o interlocutor, sociais. Esta afirmação é válida, evidentemente, em termos
"internos", quando confrontamos variedades de uma mesma
língua, e em termos "externos" pelo prestígio das línguas no b) “Ela adorou esse embondo de uma coisa fedorenta virar
plano internacional. (Maurizio Gnerre, 2001). uma coisa que se imagina boa. Será que no fundo o sucesso
não passa de uma coisa que fede muito?”

Exercício 64
Exercício 66
e) II e III.
b) I, II e V
Exercício 65

Você também pode gostar