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Sumário

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................4
2. PROCESSO DE GOVERNAÇÃO LOCAL – CASO DO MUNICÍPIO DE CHIMOIO
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2.1. Definições relacionadas à governação local...................................................9
3. GOVERNAÇÃO LOCAL EM MOÇAMBIQUE......................................................11
3.1. Governação municipal da Cidade de Chimoio..............................................13
3.2. Soluções da gestão Municipal.......................................................................14
4. CONCLUSÃO.......................................................................................................16
5. BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................17

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende descrever o processo de governação local em


Moçambique, portanto nela são apresentados os desafios e soluções da
autaricização com especial enfoque na cidade de Chiomio. Portanto, o
desenvolvimento municipal desempenha um papel fundamental no desenvolvimento
local, redução da pobreza em áreas urbanas e no reforço da democracia em
Moçambique. Os primeiros municípios foram instituídos em Moçambique em 1998.
Seguindo um processo gradual, o país tem agora 53 autarquias. Os municípios têm
autonomia administrativa e financeira e são responsáveis pela promoção do
desenvolvimento local. Em consequência da rápida urbanização, da crescente
importância económica das cidades e da criação gradual de mais autarquias, a
governação municipal assumiu um papel mais preponderante na agenda nacional.

Em termos metodológicos, o trabalho privilegiou consultas bibliográficas sobre o


tema e questão.

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2. PROCESSO DE GOVERNAÇÃO LOCAL – CASO DO MUNICÍPIO DE
CHIMOIO

A governação local precisa acontecer quando as pessoas vivem em uma


comunidade e têm interação suficientemente próxima e, para resolver seus
problemas, elas devem trabalhar juntas como um grupo a fim de alcançar os
resultados que desejam. Dois elementos básicos que podem ser distinguidos neste
governo são: gestão dos serviços públicos e representação dos cidadãos. Esses
elementos não são apenas elementos distintivos do governo local, mas também
servem como um indicador da eficácia de tal governo O problema está em
determinar qual desses elementos é mais importante ou mais desenvolvido? Isso
mudou de tempos em tempos ou de um lugar para outro. Hoje em dia estamos
convencidos de que não podemos falar do elemento de representação, pois este
elemento já foi implementado e já caiu. Hoje, em nossos estudos, podemos falar de
tempos em que os elementos de governança democrática são a base para a
fundação de um Estado. Neste ponto, o problema permanece para determinar como
a função de prestação de serviços era devida à eficiência.

Não devemos esquecer que as instituições locais existem não só para prestar vários
serviços públicos aos cidadãos, mas também para representar da melhor forma
possível a vontade do povo (Tindal, 1977, p. 3). Por fim, à questão de por que deve
haver governo local, podemos responder pelo simples motivo de prestar vários
serviços públicos aos cidadãos e garantir a representação da vontade do povo.

Em relação ao fato de ser um instrumento de democracia sobre governança local, há


opositores que o veem como algo abstrato, pois pode-se associar isso à baixa
participação dos cidadãos nas eleições municipais ou à falta de competição entre as
plataformas de governo, por ora vista como competição de partidos políticos, em vez
de plataformas de governo, até certo ponto, essa abordagem não pode ser
subestimada. Antigamente, tal abordagem poderia excluir a política ou a
dependência política do governo local e seria de grande interesse e traria mais
eficácia. O sistema em que muitos países europeus estão se transformando cada
vez mais, possibilitando a prestação de muitos serviços públicos pelo privado, por
meio de privatizações ou concessões, pode conseguir algo parecido. Um sistema

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onde os governos locais se desfazem da influência política, mas simplesmente são
administradores da prestação de serviços públicos.

Uma unidade local é uma pessoa jurídica que presta serviços públicos à sua
população no território onde exerce jurisdição, mas é também uma instituição
democrática que, do ponto de vista decisório, é regida por um conselho com
representantes eleitos pelo povo que são responsáveis perante seus constituintes
(Tindal, 1977; p. 2).

Para que esse tipo de governo possa funcionar, a literatura sugere que várias
condições devem ser atendidas:

 Deve haver uma divisão clara de responsabilidades entre o governo local e o


governo central.
 Deve haver uma divisão de fronteiras clara e facilmente identificável. Cada
cidadão deve saber a que unidade local pertence e exercer o seu direito de
escolha nesta unidade. Mas não podemos ter uma divisão bem definida, pois
hoje são reconhecidas muitas formas de colaboração entre diferentes
unidades de governo local, que passa a ser oferecido um ou vários serviços a
duas ou mais unidades. Consequentemente, tal separação assume
importância secundária em função do objetivo que se busca alcançar. Cada
unidade local precisa de uma base financeira, geográfica e demográfica onde
possa exercer os direitos e assumir responsabilidades.
 Isso significa que a unidade deve ser capaz de administrar os impostos
cobrados e prestar serviços aos cidadãos dentro da capacidade financeira
criada por esses impostos. Por que isso é necessário? Como sabemos, uma
forma de controlar uma instituição ou unidade é o controle financeiro. Se você
fizer a análise oposta, a independência e a autonomia de uma instituição são
maiores quando ela é mantida por seus fundos do que quando os fundos são
fornecidos por outros níveis de governo. Isso significa que, se a unidade não
for eficaz em atender às necessidades de suas receitas, ela terá que buscar
financiamento adicional em outros níveis, o que levará a uma autonomia mais
baixa e facilmente vulnerável.

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 A unidade local deve ser bem organizada desde as reformas institucionais e
administrativas, a fim de ter uma divisão clara de responsabilidades entre as
pessoas eleitas e nomeadas.
 Isso nos leva a um elemento muito importante que é a responsabilidade. Em
uma instituição onde há democracia, deve haver responsabilidade.
 A relação entre os funcionários eleitos diretamente, parte do órgão de tomada
de decisão do conselho e funcionários nomeados deve ser produtiva e
cooperativa, a fim de desempenhar as funções dos serviços oferecidos aos
cidadãos (Tindal, 1977, pp. 2-4).

De acordo com a definição dada pela OCDE (Organização para Cooperação e


Desenvolvimento Econômico), o governo local é baseado na governança fiscal,
autoridade legislativa e executiva sobre uma área correspondente ao limite territorial
e um determinado grupo de pessoas.

Dada a definição acima, vemos que este tipo de governação está associado a dois
elementos importantes, descentralização e autonomia local. A questão que surge é o
que é descentralização? A descentralização é a provisão ou distribuição de certas
funções, dentro de atributos administrativos, políticos ou econômicos, do governo
central para o governo local. Este último é independente do centro dentro do
território sob sua autoridade (Faguet, 2005, p. 6).

A Carta Europeia de Autonomia Local define a autonomia local como o direito e a


capacidade das autoridades locais, dentro dos limites estabelecidos pela lei, de gerir
os serviços públicos no interesse da população local onde têm responsabilidades.

Durante sua longa experiência e viagem pela América, De Tocqueville, concluiu que
por mais que cidadãos americanos participem de eventos políticos ou não, sejam
sociedades civis, mais os valores democráticos têm chance. Portanto, uma
participação mais ampla constituiu um elemento essencial das práticas democráticas
americanas (De Tocqueville, 1966).

Isso significa que quanto mais próxima for a participação dos cidadãos na gestão
dos assuntos locais em uma determinada unidade local, mais provável será a
governança democrática, autonomia ou autogoverno dessa unidade. Aqui voltamos

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mais uma vez ao elemento essencial da autogovernação, ou seja, a representação e
participação dos cidadãos.

Porque o processo de governação é visto como uma relação entre a sociedade civil
e o governo, determinando assim as ações do governo (Wilson, 2000; 51-63), se o
governo não tem capacidade adequada para agir, então o processo de governança
permanece algo vazio, sem significado.

Quando se trata de governo local, esse conceito tem um sentido mais amplo. Isso
porque a capacidade e o desenvolvimento da governança local afetam ou não o
desenvolvimento de um estado. Nesse resultado afetam diversos fatores, como a
capacidade de recursos humanos das unidades de governo local, a relação com o
governo central ou a autonomia na tomada de decisões por este último. Dado que
falamos acima sobre a relação entre o governo e a sociedade civil, no caso da
governança local essa relação vai em uma direção, então o governo local presta
serviços aos cidadãos, enquanto este último tem acesso limitado para influenciar a
política local na maioria casos, então o vínculo de governança não é mais eficaz
(Wilson, 2000; 57).

Consequentemente, para melhor atender às necessidades dos cidadãos, é


necessária uma descentralização das funções principais, delegando-as a quem está
mais próximo. Mas a descentralização, na medida em que é necessária e
indispensável e é a base para uma auto governação, também constitui um risco para
os países em desenvolvimento, onde fatores como a falta de recursos humanos,
financeiros e institucionais podem trazer consequências negativas para as unidades
locais. Aqui podemos fazer uma analogia com o processo de integração na União
Europeia pelos países aspirantes. Além das condições detalhadas dadas para ser
um membro, um elemento crucial é a habilidade ou capacidade do estado aspirante
de ser absorvido pela organização. Isto significa que a UE está aberta à adesão se
cumprir os requisitos definidos, mas será que o país está pronto para tal passo, visto
que isso exigiria um regime estrito de políticas mais duras para a integração. O
mesmo acontece com o processo de descentralização, o governo central realmente
passa a dar mais funcionalidade e responsabilidade às unidades locais, mas o
problema é como estas últimas conseguem absorver e desenvolver esse serviço?

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Apesar de proclamarmos a importância dos órgãos de autogoverno e da sua
autonomia, não devemos esquecer que este próprio governo está
indissociavelmente vinculado a outros níveis de governo através de disposições
constitucionais, relações financeiras ou responsabilidades partilhadas na
implementação dos vários projectos que podem assumir em conjunto.

Entre descentralização, governo local e governo central, existe uma relação


complexa, porque por um lado a descentralização melhora o funcionamento dos
governos locais, mas estes opera por meio de uma série de relações
intergovernamentais que podem limitar suas ações. No que diz respeito a
descentralização não pode ser entendida sem descentralização fiscal. Mas, na
prática, o governo central não pensa mais em uma descentralização fiscal total, já
que a capacidade de arrecadação de impostos nacional é muitas vezes mais
eficiente do que a do governo local. Uma descentralização completa dará lugar à
diferenciação entre as unidades locais, onde aquelas com rendas mais altas se
enriquecerão ainda mais e aquelas com rendas baixas ficarão mais pobres.

2.1. Definições relacionadas à governação local


O governo local pode ser descrito como alguns órgãos governamentais eleitos pelo
povo que têm funções administrativas, legislativas e executivas nos territórios sob
sua jurisdição. É definido como uma autoridade que decide ou determina certas
medidas dentro de um determinado território.

Se fizermos uma análise literal da palavra ou terminologia, significa governança ou


administração dos assuntos locais pelas pessoas que fazem parte dessa
comunidade. Aí vem o importante princípio da subsidiariedade, segundo o qual as
necessidades locais podem ser mais bem atendidas e satisfeitas pelas pessoas
próximas a elas, e então pelo governo central.

Segundo o pesquisador Aijaz (2007) governo local é parte do governo de um país


que lida principalmente com problemas ou questões relacionadas a uma
determinada população em um determinado território. Isso é feito basicamente com
base nas responsabilidades de um país que o parlamento decide delegar pela lei à
governança local. Nesta definição encontramos dois elementos importantes do

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governo local, o da existência de órgãos locais eleitos diretamente e as finanças
locais, que constituem denominadores comuns de cada governo local.

Enquanto Lockard (1963) pensa que o governo local pode ser definido como uma
organização pública, autorizada a estabelecer e administrar políticas públicas dentro
de um determinado território, este último é uma subdivisão do governo central. Na
verdade, a organização do governo local é uma organização pública, mudando de
organizações privadas, eles visam o interesse geral dos cidadãos.

O governo local, de acordo com Hasluck (2010), é a esfera de governo onde as


autoridades locais são autorizadas por lei a emitir atos ou decisões para ajustar a
forma de governação. Em seu livro “Elements of Politics”, Sidgwick (2014) considera
o governo local como o governo de alguns sub-órgãos que têm poderes especiais
para emitir regulamentos ou regras dentro da área que administram. Então Sidgwick
conecta este governo com seu caráter legislativo.

Stones (1968) define governo local como parte da governação de um país, mas que
lida com problemas ou questões de população dentro de determinado território ou
local. Segundo ele, esse tipo de governo faz os chamados "trabalhos domésticos"
para que morar nessas áreas seja acessível para seus moradores. Ele consegue
isso mantendo as estradas limpas, educação das crianças, construção de moradias
residenciais, etc.

De acordo com Humes e Martin (1961), um governo local deve ter as seguintes
características:

 Tem que ter uma certa população,


 Tem que ter uma área de superfície específica,
 Ter a capacidade de assinar contratos ou de estabelecer relações com
terceiros, ou seja, o estatuto jurídico de autoridade, ter uma organização
contínua e,
 Para realizar a função financeira, portanto, têm que ter a capacidade de
arrecadar impostos e determinar seu orçamento.

Hampton (1991) em seu livro “O governo local e a política urbana” afirma que as
autarquias têm limites definidos geograficamente, são órgãos altamente funcionais,
eleitos directamente, mas por outro lado têm deficiências relacionadas com a
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apuração de impostos locais, esta vem a depender da determinação da margem do
governo central.

3. GOVERNAÇÃO LOCAL EM MOÇAMBIQUE

A constituição de 1990, marca o início da democratização em Moçambique. Portanto


este período inicia-se um processo de descentralização da administração pública
com a aprovação da lei 2/97, que define as bases das autarquias, portanto em 1998
decorrem as primeiras eleições municipais. Em um plano organizacional, a maior
parte dos municípios herdaram do colonialismo e do governo central instituições
frágeis e disfuncionais.

Por outro lado, os municípios moçambicanos tem enfrentado problemas para a


efetivação dos seus planos gestão, dentre elas: a fraca capacidade técnica e
institucional das autarquias em responder à demanda, gerada pela urbanização,
para investimentos em infraestruturas e na providência de serviços públicos básicos
de qualidade e cobertura suficiente (saúde e educação primária, água e
saneamento, transporte urbano, gestão de resíduos sólidos etc.), e, a fraca
capacidade fiscal das autarquias em financiar estes investimentos e serviços
públicos. Além disso, a arquitectura institucional de dois tipos de governos locais em
Moçambique – autarquias e órgãos locais do Estado (Ilal e Weimer, 2018).

Do lado das dificuldades ora acima elencados estão associados com a crescente
urbanização que por vezes não segue um eficiente plano de saneamento. Segundo
um relatório do Governo moçambicano (MAEFP, 2017) citado por Ilal e Weimer
(2018) assinala vários desafios actuais que a urbanização em Moçambique coloca,
entre outros:

as consequências actuais para as cidades e vilas resultantes da herança colonial


portuguesa, que foi caracterizada pela coexistência de duas áreas de habitação
distintas, uma com urbanização ordenada e com serviços básicos na “cidade de
cimento” para a população de origem europeia e asiática, e outra sem nenhum
planeamento, com infra-estruturas precárias, onde habitavam os africanos (“cidade
de caniço”);

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 O dimensionamento de serviços públicos e infra-estruturas virado para as
necessidades das cidades de cimento, o que implica que muitas pessoas
vivem em zonas suburbanas sem infra-estruturas, marginalizadas dos
benefícios da vida urbana;
 Ineficiência e ineficácia dos serviços sociais básicos, do que resultam
desigualdades que se traduzem num maior acesso no centro do que nas
áreas periurbanas e áreas rurais;
 Falta de clareza sobre a identidade e as atribuições dos serviços públicos a
cargo dos municípios, o que propicia dificuldade de responsabilização dos
munícipes aos dirigentes municipais;
 Limites estruturais na capacidade técnica de produzir, distribuir e gerir
serviços básicos, e falta de recursos financeiros para melhorar a prestação de
serviços em investir em infra-estruturas.

Portanto, salientar que a lei número 2/97, de 18 de fevereiro e a lei número 1/2008,
de 16 de janeiro, atribui as autarquias locais as seguintes funções e competências:

1. INFRA-ESTRUTURAS RURAIS E URBANAS


1.1. Espaços verdes, incluindo jardins e viveiros
1.2. Rodovias, incluindo passeios
1.3. Habitação económica
1.4. Cemitérios públicos
1.5. Instalações dos serviços públicos da autarquia
1.6. Mercados e feiras
1.7. Bombeiros

2. SANEAMETO BÁSICO
2.1. Sistemas autárquicos de abastecimento de água
2.2. Sistemas de esgoto
2.3. Sistemas de recolha e tratamento de lixo e limpeza

3. ENERGIA
3.1. Distribuição de energia eléctrica
3.2. Iluminação pública, urbana e rural

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4. TRANSPORTES E COMUNICAÇÃO
4.1. Rede viária e urbana
4.2. Transportes colectivos na área da respectiva autarquia

5. EDUCAÇÃO E ENSINO
5.1. Centros de educação pré-escolar
5.2. Escolas para o ensino primário
5.3. Transportes escolares
5.4. Equipamentos para educação de base de adultos
5.5. Outras actividades complementares da acção educativa

6. CULTURA, TEMPOS LIVRES E DESPORTO


6.1. Casas de cultura, biblioteca, museus
6.2. Património cultural, paisagístico e urbanístico
6.3. Parques de campismo
6.4. Instalações e equipamento para prática desportiva
7. SAÚDE
7.1. Unidades de cuidados primários de saúde

8. ACÇÃO SOCIAL
8.1. Actividade de apoio às camadas de população vulnerável
8.2. Habitação social

9. GESTÃO AMBIENTAL
9.1. Protecção ou recuperação do meio ambiente
9.2. Florestamento, plantio e conservação de árvores
9.3. Estabelecimento de reservas municipais

3.1. Governação municipal da Cidade de Chimoio


A Cidade de Chimoio localiza-se na província de Manica na região centro de
Moçambique, sendo a cidade capital da província. Segundo as Estatísticas do

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Distrito de Cidade De Chimoio (INE, 2012), a Cidade possui uma superfície de 174
km2 com uma população de 285716 e densidade de 1.639,2.

Depois de ser conhecido por ser a cidade mais limpa do país, nos últimos anos a
cidade de Chimoio perdeu esse estatuto, voltando a ter graves problemas de
saneamento. Portanto, os últimos governos municipais podem ser descritos como
sendo os motivos desta estagnação no desenvolvimento da urbe. Portanto, a cidade
de Chimoio como outros municípios moçambicanos não está alheio os problemas.

Depois de sucessivos governos, em 2018 foi eleito o cidadão Joao Ferreira,


portanto, ele trousse uma nova forma de abordagem de gestão municipal, os seus
métodos de administração não passam despercebidos, onde criou o famoso
“gabinete sem paredes”. Portanto, apesar das dificuldades fiscais que de um modo
geral os municípios apresentam, o município de Chimoio tem verificado melhorias
em quase todos aspectos de desenvolvimento.

3.2. Soluções da gestão Municipal


A análise seguinte traz uma abordagem holística da gestão municipal em
Moçambique e em particular na Cidade de Chimoio.

Segundo o relatório do Banco Mundial (2009) autarquias têm um papel a


desempenhar na redução da pobreza e nos estímulos ao investimento. A redução da
pobreza urbana está relacionada, entre outros factores, com o acesso a terra,
serviços, empregos e alimentação. Às autarquias cabe o papel principal na
regularização da posse da terra, melhoria nas garantias dessa posse e na
sistematização dos mercados de terra, em grande medida corruptos, factores que
são reconhecidos internacionalmente como fundamentais para a canalização de
investimentos e poupanças, para que os pobres possam aceder aos bens. No
entanto, há ainda um longo caminho a percorrer até que as autarquias possam
exercer estas funções de um modo satisfatório. Iniciativas agrícolas, urbanas e
periurbanas, para que haja garantia de alimentos e criação de emprego, podem ser
apoiadas por um eficaz planeamento urbano e direitos de uso da terra, bem como
por alguns serviços de apoio específicos. As autarquias podem contribuir para um
clima de investimento mais atraente e para a criação de emprego, através de uma

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gama de instrumentos, incluindo investimentos em infraestruturas físicas de
importância crucial (p. ex: estradas urbanas), redução da burocracia (p. ex. licenças
para funcionamento de negócios) e a prestação de serviços públicos através de
parcerias público-privadas.

Na mesma ótica, Noronha e Brito (2010) apresentam algumas soluções da gestão


municipal nomeadamente:

Sobre a dinâmica do crescimento é preciso perceber que essas dinâmicas são


influenciadas pelos movimentos sociais dentro e em torno dos espaços urbanos.
Assim sendo, um primeiro passo para o desenho de políticas e programas públicos é
o estudo e compreensão destes movimentos, procurando entender como as
dinâmicas socio-culturais e económicas se relacionam com a demográfica, espacial
e de serviços aos cidadãos.

O desenho de políticas públicas é de uma ou de outra forma um processo de


procura de consensos entre os vários actores sociais de um espaço ou esfera
pública. Nessa perspectiva, um instrumento importante de geração de consensos
poderá ser uma reflexão sobre a Visão do Município.

Outra conclusão, com implicações importantes na forma como a gestão municipal se


estrutura, é que tem de haver uma clara separação entre os processos de
planeamento (que são de nível estratégico), e os processos de atribuição dos
direitos de uso e aproveitamento da terra (que são de nível operacional), pois se tal
não acontecer, a lógica operacional acaba sobrepondo-se ao planeamento espacial,
e a lógica de curto prazo, sobrepondo-se à lógica de longo prazo.

A participação dos cidadãos na tomada de decisões sobre os espaços e serviços


urbanos tem sido também garantida por outros instrumentos de governação aberta
como, por exemplo, a nível do Município de Maputo, o orçamento participativo em
fase de teste e os inquéritos anuais aos cidadãos sobre a relevância e qualidade dos
serviços públicos. Mas a participação cidadã na vida do Município não se esgota no
envolvimento dos munícipes nos espaços de consulta, prestação de contas ou
elaboração dos orçamentos. Ela tem de ser entendida como participação, a todos os
níveis, sobre o que acontece nos espaços urbanos, sem restrições ao direito e ao

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dever de cada munícipe tomar parte e se responsabilizar pela melhoria permanente
da sua qualidade.

4. CONCLUSÃO

Como observamos, ações têm sido tomadas para a melhoria das condições dos
municípios em geral e em particular na cidade de Chimoio, dentre elas podemos
descrever as seguintes: Gestão Financeira com a introdução do Sistema
Simplificado de Gestão Municipal, instalação das unidades de aprovisionamento e
de sistemas de cobrança de imposto predial; Responsabilização Social com os
Processos de planificação participativos, com os cidadãos cientes dos seus direitos
e obrigações cívicas, e conselhos municipais transparentes e reativos; e adaptação
local às alterações climáticas.

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5. BIBLIOGRAFIA

Aijaz, R. (2007). “Challenges for urban Local Governments in India”, Asia Research
Centre Working Paper 19, retrieved from
www.lse.ac.uk/asiaResearchCentre/_files/ARCWP19_Aijaz.pdf on February 22.
Banco Mundial (2009). Desenvolvimento Municipal em Moçambique: As Lições da
Primeira Década. Relatório No: 47876 -MZ. Maputo.
De Tocqueville, A. (1966). “Democracy in America”, Published by Arlington House
Faguet, J. P. (2005 August). “Governance from below, a theory of local government
with two empiricaltests”, Research paper,
http://sticerd.lsc.ac.uk/dps/pepp/pepp12.pdf
Hampton, W. (1991). “Local government and urban politics” Published by: Longman
group UK, 2nd edition, ISBN-13: 978 0582062047.
Hasluck, E. L. (2010). “Local government in England”.
Humes, S., & Martin, E. M. (1961). “The structure of local governments throughout
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Ilal, A. e Weimer, B. (2018). Urbanização, serviços públicos e recursos fiscais - os
principais desafios para as autarquias moçambicanas. in Desafios para
Moçambique. Pp. 65-107.
Instituto Nacional de Estatística -INE. (2012). Estatísticas do Distrito de Cidade De
Chimoio. Maputo.
Lockard, D. (1963). “The politics of state and local government”, Macmillian 1st
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Noronha, J. e Brito, L. (2010). Desafios da Gestão Municipal de uma lógica
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Sustentabilidade. In: Desafios para Moçambique 2010. Brito, L. et al (org). Maputo.
Sidgwick, H. (2014, October 22). “The elements of politics”.
Stones, P. (1968). “Local government for students” published by Macdonald and
Evans, 3rd edition.
Tindal, C. R. (1977). “Structural changes in local government: Government for
urban regions” (Monographs on Canadian urban government).
Wilson, R. H. (2000, April 3). “Understanding local governance: An international
perspective” (working paper series).

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