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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

Licenciatura Em Administração Pública

TEMA:

A Implementação da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique Rumo ao


Desenvolvimento Urbano: Desafios e Soluções

Estudante:
Tutor:

Lichinga, Março de 2023


Índice
Introdução..................................................................................................................2

2. Principais Conceitos do Ordenamento Territorial..............................................3

2.1. Território.............................................................................................................3

2.2. Ordenamento.......................................................................................................3

2.3. Ordenamento Territorial.....................................................................................4

2.4. Uso e ocupação da terra......................................................................................5

3. O Estágio Actual da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique......6

3.1. Os Sistemas de Planeamento em Moçambique..................................................6

3.2. Estruturação do Ordenamento Territorial...........................................................7

4. Desafios da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique...................8

5. conclusão..........................................................................................................10

6. Referencia Bibliográfica...................................................................................11
Introdução

O presente trabalho tem como tema, a implementação da política de ordenamento territorial


em moçambique rumo ao desenvolvimento urbano: desafios e soluções.

Ordenamento é entendido, como um acto de gestão do planeamento das ocupações, um


potenciar da faculdade de aproveitamento das infra-estruturas existentes e o assegurar da
prevenção de recursos limitados. Simplificando, é a gestão da interactividade do homem para
com o espaço natural ou físico.

A partir do ano de 2020, a estrutura provincial, sofreu mudanças, onde a actividade de


ordenamento territorial, passou a ser tutelada pelo Conselho Executivo Provincial, dirigido
pelo Governador Provincial eleito. Neste arranjo institucional, foi então criada a Direcção
Provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente.

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2. Principais Conceitos do Ordenamento Territorial

2.1. Território

Mas antes de trazer o conceito de território e explanar sobre qual abordagem será tratada aqui,
é importante salientar que múltiplas abordagens foram e são adoptadas por diferentes autores,
alguns tratando o território de forma mais técnica, enquanto outros buscam expandir seus
conceitos e agentes.

Desta maneira, Souza (2000, p. 81) afirma que [...] a palavra território normalmente evoca o
“território nacional” e faz pensar no Estado - gestor por excelência do território nacional, em
grandes espaços, em sentimentos patrióticos (ou mesmo chauvinistas), em governo, em
denominação, em “defesa do território pátrio”, em guerras. [...] Territórios existem e são
construídos (e desconstruídos) nas mais diversas escalas.

2.2. Ordenamento

São inúmeras as linhas de pensamento, as tentativas de definição e conceptualização, na maior


parte dos casos divergentes entre si, que tentam conceituar.

Esta linha ideológica é validada por Correia (2004), para quem a apresentação de uma noção
de Ordenamento Territorial, simultaneamente certa, completa e precisa, poderá ser mesmo de
impossível obtenção. Como fundamento de tal afirmação, o autor enuncia o complexo
relacionamento entre a diversidade de objectivos e os meios utilizados para a sua obtenção.
Este raciocínio reforça-se com a ideia de que, como acto de investigação, esta é uma tarefa
particularmente delicada e de intrincada aplicação, visto considerar a existência de uma
multiplicidade de actores e de factores envolvidos.

A obra “Dicionário de Geografia”, de Baud et al (1999), o Ordenamento é descrito como


sendo, na maior parte dos casos, uma vontade de corrigir os desequilíbrios de um espaço
nacional ou regional. Tal intento pressupõe, por um lado, uma percepção e uma concepção
conjuntural do espaço geográfico e por outro, uma análise prospectiva do mesmo. Esta ideia
estabelece uma premissa que deve ser, devidamente, considerada, o entendimento prévio do
espaço a ordenar.

Fundamentalmente, o Ordenamento é entendido, como defende Lopes (citado por Condesso,


2001), como um acto de gestão do planeamento das ocupações, um potenciar da faculdade de
aproveitamento das infra-estruturas existentes e o assegurar da prevenção de recursos
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limitados. Simplificando, é a gestão da interactividade do homem para com o espaço natural
ou físico. Do ponto de vista teórico, este tipo de argumentação posiciona-se próximo de uma
simples gestão de oportunidades, no entanto, esta é uma definição “aberta” ou “ampla”,
entendendo o conceito como “algo” que não deverá cingirse, apenas, à gestão do espaço, mas
proporcionar uma envolvência que permita um desenvolvimento a diferentes escalas,
preservando o presente e potenciando o futuro.

2.3. Ordenamento Territorial

Numa primeira instância, é possível desde já, extrair-se: o elevado grau de dificuldade de
redução desses termos a um modelo teórico, surge sempre associado à exigência de uma
elevada precisão terminológica. Este modelo teórico promovido pelo Ordenamento Teritorial
é caracterizável pela sua diversa e extensa aplicabilidade, variando consoante o utilizador.
Contudo, esta circulará, continuamente, em redor de três elementos, admitidos como
fundamentais: as actividades humanas, o espaço no qual elas se inserem e o sistema que
ambos integram. (Orea, 2001)

O Ordenamento Territorial é a tradução espacial das políticas económica, social, cultural e


ecológica da sociedade. [...] O ordenamento do território deve ter em consideração a
existência de múltiplos poderes de decisão, individuais e institucionais que influenciam a
organização do espaço, o carácter aleatório de todo o estudo prospectivo, os constrangimentos
do mercado, as particularidades dos sistemas administrativos, a diversidade das condições
socioeconómicas e ambientais. Deve, no entanto, procurar conciliar estes factores da forma
mais harmoniosa possível. (Conselho da Europa, 1988, p. 9 e 10).

Segundo Souza (2011, p. 2) o conceito levantado pelo Conselho da Europa retracta o


ordenamento como uma tradução das políticas públicas, no entanto não deve ser enquadrado
somente a isso, o ordenamento territorial tem que ter uma finalidade, um objectivo.

De acordo com essa lógica, segundo o Dicionário de Geografia, ele o possui, sendo que O
ordenamento do território corresponde, na maior parte dos casos à vontade de corrigir os
desequilíbrios de um espaço nacional ou regional e constitui um dos principais campos de
intervenção da Geografia aplicada. Pressupõe por um lado, uma percepção e uma concepção
de conjunto de um território e, por outro lado, uma análise prospectiva. (BAUD,
BOURGEAT: BRAS, 1999, p.262).

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Após essa breve conceituação de ordenamento territorial, prossigamos com o intuito de
entender, de forma objectiva, como são distribuídas as responsabilidades do ordenamento no
território nacional.

2.4. Uso e ocupação da terra

O uso e ocupação do solo, também denominado como uso e ocupação da terra, ou do espaço,
ou por vezes, uso do solo, sobressai 24 como uma proposição metodológica eficiente para pôr
em operação.

Dessa maneira, conforme FERREIRA et al. (2005), a expressão do uso do solo pode ser
entendida como a forma pela qual o espaço está sendo ocupado pelo ser humano. Ainda de
acordo com ele, o levantamento das formas de uso da terra é de suma importante, de maneira
em que os efeitos da má ocupação causam impactos negativos (Assis, 2014, p. 860). Para tal
caracterização, é importante utilizar um método de análise que enquadre as diferentes formas
de uso e ocupação do território e que sirva de comparação para outros estudos, quando for
possível.

Planejamento e Gestão Levando em conta todos esses aspectos, é de fundamental importância


que haja uma avaliação de como se apresenta o quadro da área e quais são seus principais
impactos, mas não apenas isso, que ocorra um planejamento para que o quadro seja revertido.
Dessa maneira, considerando diferentes aspectos, [...] o planejamento é um processo contínuo
que envolve a coleta, organização e análises sistematizadas das informações, por meio de
procedimentos e métodos, para chegar a decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas
para o aproveitamento dos recursos disponíveis. Sua finalidade é atingir metas específicas no
futuro, levando a melhoria de uma determinada situação e ao desenvolvimento das sociedades
(SANTOS, 2004, p. 24). Desta maneira, o planejamento deve ter uma função, não ficando
apenas nas mãos dos planejadores e gestores, mas sim resultar em melhorias para o meio
ambiente e para a sociedade. Nesse sentido, a autora ainda afirma: Um importante papel
destinado ao planejamento é, ainda, o de orientar os instrumentos metodológicos
administrativos, legislativos e de gestão para o desenvolvimento de atividades num
determinado espaço e tempo, incentivando a participação institucional e dos cidadãos,

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induzindo a relações mais estreitas sociedade e autoridades locais e regionais (SANTOS,
2004, p. 24).

3. O Estágio Actual da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique


volvidos um pouco mais de uma década, após a aprovação da Legislação de ordenamento
territorial, o Ministério da Terra e Ambiente (MTA) que é a entidade que tutela esta área, com
a apoio do Projecto de Desenvolvimento Urbano e Local (PDUL) do Banco Mundial,
pretende reflectir o actual estágio, determinar pontos fortes, fraquezas, oportunidades, por
forma a adequar-se a legislação aos desafios actuais do desenvolvimento país.
Especificamente, tratasse do estudo dos seguintes instrumentos legais:

 Política de Ordenamento Territorial (Resolução 18/1997);


 Lei de Ordenamento do Território (Lei nº. 19/2007);
 O Regulamento de Ordenamento Territorial (Decreto No. 23/2008);
 Regulamento do Solo Urbano (Decreto No. 60/2006).

3.1. Os Sistemas de Planeamento em Moçambique

O actual sistema de planeamento moçambicano, procede do sistema de planeamento


português. A Política de Ordenamento do Território de 2007, que conduz o ordenamento
territorial do país, inspira-se na Lei de Bases da Política do Ordenamento do Território e do
Urbanismo português de1998. Em Moçambique independente, o sistema de planeamento
urbano e territorial teve início na década de oitenta, aquando da 1ª Reunião Nacional de
Planeamento Urbano, em que foram definidos os tipos de intervenções prioritárias necessárias
as 12 cidades existentes no país (As dez capitais provinciais mais as vilas de Nacala e
Chócue). (BATTINO, Liana, 2000).

Em Moçambique, com a independência a terra passou a pertencer ao Estado. O direito de uso


e aproveitamento de terra (DUAT), constitui-se sobre a superfície do terreno delimitado e o
espaço aéreo correspondente. A Lei de Terra de 2007, reafirmou os direitos dos residentes,
concedendo a qualquer cidadão que tenha ocupado um pedaço próprio de terra durante dez
anos o direito de continuar a ocupálo. Este direito, de ocupação de boa-fé, tem vindo a ser
reconhecido legalmente através da emissão de títulos permanentes de uso e aproveitamento de
terra, embora este processo de concessão sofra vários problemas (falta de recursos técnicos e
financeiros, burocracia, conflitos de interesse).

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Segundo a lei 19/2007, compete ao Estado e às autarquias locais, a promoção, orientação,
coordenação e monitorização do ordenamento do território e cabe a estas últimas o
estabelecimento dos programas, planos, projectos e o regime de uso do solo. Ainda em
Moçambique, o Decreto nº 23/2008, Regulamento da Lei de Planeamento Terrirorial, no seu
Artigo 7, Hierarquização e complementaridade, estabelece a hierarquização dos planos, e
institui a obrigatoriedade da elaboração de planos de nível Distrital e Municipal. A nível
nacional os planos são elaborados pelo Conselho de Ministros, a nível provincial são
elaborados por iniciativa do Governo Provincial, a nível distrital são elaborados por iniciativa
do Governo Distrital e a nível municipal são elaborados pelos técnicos municipais, ou
instituições externas, mas mandatados e aprovados pelas assembleias municipais, sob
proposta da administração e do presidente do município. Em Moçambique as divisões
administrativas são subdivididas hierarquicamente em províncias, distritos, postos
administrativos e localidades, sendo que um conjunto de localidades, representam um posto
administrativo e um conjunto destes perfaz um distrito, um conjunto de distritos perfaz uma
Província, sendo o país constituído por 11 províncias, 139 distritos e 393 postos
administrativos (INE, 2012).

A Lei de Ordenamento do Território (Lei 19/2007, de 18 de Julho) é o principal instrumento


que rege o planeamento e o ordenamento do território em Moçambique.

Esta lei veio clarificar o sistema de planeamento Moçambicano e agregar um conjunto de leis
anteriores tidas como relevantes para o processo de planeamento moçambicano: Lei de Terras
nº19/97 de Outubro; Lei das Autarquias locais nº 2/97 de 18 de Fevereiro; Lei de Tutela
Administrativa do Estado nº 7/97 de 31 de Maio; Lei de Finanças Autárquicas nº de 11/97 de
31 de Maio (Silva e Cabral, 1996). Como anteriormente referido esta Lei é definida em quatro
níveis: nacional, provincial e interprovincial, distrital e pelo municipal e que todo o Plano
urbano elaborado por órgãos de poder local deve ter a colaboração dos organismos centrais e
provinciais e estar integrado nas políticas nacionais e sectoriais.

3.2. Estruturação do Ordenamento Territorial

O Ministério da Terra e Ambiente é o organismo do Estado que tem as supremas


responsabilidades, de garantir que o património natural pertença dos cerca de trinta milhões
de moçambicanos; e seja usado de forma racional e responsável, para que os filhos dos nossos
filhos, tenham, no mínimo, as mesmas oportunidades e opções de desenvolvimento que nós,

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os seus antecessores temos. Neste Ministério a actividade de ordenamento territorial, está sob
a alçada da Direcção Nacional de Terras e Desenvolvimento Territorial. Para além do
Ministério da Terra e Ambiente, o Ministério da Administração Estatal e Função Pública
(MAEFP) possui atribuições específicas na área do planeamento e ordenamento territorial. O
número 1 do Artigo 19 do Decreto 60/2006 de 26 de Dezembro que regula o Solo Urbano em
Moçambique.

A partir do ano de 2020, a estrutura provincial, sofreu mudanças, onde a actividade de


ordenamento territorial, passou a ser tutelada pelo Conselho Executivo Provincial, dirigido
pelo Governador Provincial eleito. Neste arranjo institucional, foi então criada a Direcção
Provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente.

O Distrito é a unidade territorial principal da organização e funcionamento da administração


local do Estado e a base da planificação do desenvolvimento económico, social e cultural em
Moçambique, incluindo a planificação do uso do território. O distrito é composto por Postos
Administrativos e Localidades (art.º 12). O estatuto orgânico do governo distrital foi aprovado
pelo Decreto n.º 6/2006 de 12 de Abril e, em conformidade com o mesmo, o governo distrital
tem na sua estrutura, o Serviço Distrital de Planeamento e Infraestruturas. O Serviço Distrital
de Planeamento e Infra-estruturas, designado por SDPI é o órgão do Aparelho Distrital do
Estado, responsável pela planificação, direcção e coordenação das actividades do sector onde
o Planeamento do Território se insere.

O Posto administrativo é a unidade territorial imediatamente inferior ao distrito, que tem em


vista garantir a aproximação efectiva dos serviços da administração local do Estado às
populações e assegurar maior participação dos cidadãos na realização dos interesses locais. O
Posto administrativo é constituído por localidades e abrange também áreas das autarquias
locais compreendidas no respectivo território (art.º 13 da Lei dos Órgãos Locais do Estado). O
art.º 5, no 3, alínea e) da LOLE preconiza que o Chefe do Posto Administrativo apoiado por
um Secretário Administrativo tem como função: fiscalizar a utilização das autorizações para
uso e aproveitamento da terra.

4. Desafios da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique

 A ausência de um plano de ordenamento territorial que reflectisse a organização


produtiva, as infra-estruturas, a urbanização e os reassentamentos da população, as
reservas naturais e ambientais, ;

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 Materializar uma visão territorialmente sustentável do desenvolvimento social e
económico de um país, residem no nível local;
 desafios económico-territoriais de especial interesse nacional;
 desafios econômicos, sociais, ambientais e políticos extremamente complexos para a
sociedade moçambicana.
 Outro desafio maior enfrentado pelas cidades moçambicanas reside nos “riscos
naturais”;
 associados as mudanças climáticas globais, como o ilustraram dramaticamente os
ciclones Idai e Kenneth em 2019;
 gestão de espaços litorâneos em via de adensamento populacional;
 inserção de Moçambique nas redes da globalização, destacando mais especificamente
a relevância estratégica dos sistemas e das infra-estruturas de circulação que
desempenharam um papel central na construção da base territorial e de uma economia
de trânsito.

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5. conclusão

O Ordenamento não se cinge à projecção do futuro das actividades humanas num determinado
território, este é um acto continuado de intervenção e que pressupõe uma permanente
actualização e monitorização dos resultados obtidos para aferir-se do sucesso, ou não, da
intervenção.

Como é possível, igualmente, observar, o território também pode ser considerado como
estando em desequilíbrio e necessitar de um acto interventivo que permita a obtenção da
desejada estabilidade. Em relação aos desafios, conclui-se que é a materialização de uma
visão territorialmente sustentável do desenvolvimento social e económico de um país, residem
no nível local

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6. Referencia Bibliográfica
SANTOS, Milton. Metamorfose do Espaço Habitado: fundamentos teóricos e metodológicos
da Geografia. São Paulo: Hucitec, 1996. SANTOS, Rozely Ferreira dos. Planejamento
Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de textos, 2044.

FERREIRA, Antônio Geraldo; MELLO, Namir Giovanni da Silva. Principais Sistemas


Atmosféricos Atuantes Sobre a Região Nordeste do Brasil e a Influência dos Oceanos
Pacífico e Atlântico no Clima da Região. Revista Brasileira de Climatologia, [s.l.], v. 1, n. 1,
p.15-28, 31 dez. 2005. Universidade Federal do Paraná.
http://dx.doi.org/10.5380/abclima.v1i1.

Política de Ordenamento Territorial (Resolução 18/1997)


Lei de Ordenamento do Território (Lei nº. 19/2007)
O Regulamento de Ordenamento Territorial (Decreto No. 23/2008)
Regulamento do Solo Urbano (Decreto No. 60/2006).

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