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Escola Superior de Governação

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Trabalho de Conclusão de Licenciatura

Impacto da Implementação das Políticas Públicas na Geração de Emprego: Caso do


Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana no Distrito Municipal
KaMavota (2014-2017)

Candidato: Supervisora:

Jaimito Cristóvão Nhacatete Dra. Bernardete Gomana

Maputo, Maio de 2021


DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu, Jaimito Cristóvão Nhacatete, declaro por minha honra, que o presente trabalho é da minha
autoria, e que nunca foi anteriormente apresentado, para avaliação em nenhuma Instituição de Ensino
Superior, Nacional ou de outro País.

Candidato

(Jaimito Cristóvão Nhacatete)

Maputo, Maio de 2021

i
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CANDIDATO E DA SUPERVISORA

“Impacto da Implementação das Políticas Públicas na Geração de Emprego: Caso do Programa


Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana no Distrito Municipal KaMavota (2014-2017) ”

Trabalho a ser submetido à Universidade Joaquim Chissano, como cumprimento parcial dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Licenciatura em Administração Pública.

O Candidato A Supervisora

(Jaimito Cristóvão Nhacatete) (Dra. Bernardete S. Gomana)

Maputo, Maio de 2021


ii
Índice
DECLARAÇÃO DE AUTORIA..................................................................................................................i

TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CANDIDATO E DA SUPERVISORA................................ii

AGRADECIMENTOS..............................................................................................................................iii

DEDICATÓRIA........................................................................................................................................iv

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS.........................................................................v

LISTA DE QUADROS, GRÁFICOS, TABELAS E FIGURAS...............................................................vi

SUMÁRIO EXECUTIVO.......................................................................................................................viii

CAPÍTULO1: INTRODUÇÃO..................................................................................................................1

1.1. Delimitação Espacial e Temporal......................................................................................2

1.2. Contextualização.............................................................................................................................2

1.3. Justificativa......................................................................................................................................4

1.4. Problematização...............................................................................................................................4

1.5. Objectivos da Pesquisa....................................................................................................................6

1.5.1. Objectivo Geral.........................................................................................................................6

1.5.2. Objectivos Específicos.............................................................................................................6

1.6. Questões de Pesquisa.......................................................................................................................6

1.7. Hipóteses.........................................................................................................................................6

1.8. Metodologia da Pesquisa.................................................................................................................6

1.8.1. Classificação e Caracterização da Pesquisa..............................................................................7

1.8.2. Técnicas de Recolha de Dados.................................................................................................8

1.8.3. Métodos de Pesquisa................................................................................................................9

1.8.4. População e Amostra................................................................................................................9


1.9. Estrutura do Trabalho....................................................................................................................10

CAPÍTULO 2: QUADRO TEÓRICO E CONCEPTUAL.......................................................................11

2.1. Quadro Teórico..............................................................................................................................11

2.1.1. Contexto de Surgimento e Precursores da Teoria Keynesiana...............................................11

2.1.2. Pressupostos Básicos da Teoria..............................................................................................12

2.1.3. Críticas à Teoria Keynesiana..................................................................................................12

2.1.4. Aplicabilidade da Teoria à Pesquisa......................................................................................13

2.2. Quadro Conceptual........................................................................................................................13

2.2.1. Políticas Públicas....................................................................................................................14

2.2.2. Implementação de Políticas Públicas.....................................................................................15

2.2.3. Emprego.................................................................................................................................16

2.2.4. Pobreza...................................................................................................................................17

CAPÍTULO 3: IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA GERAÇÃO


DE EMPREGO.........................................................................................................................................18

3.1. Génese das Políticas Públicas........................................................................................................18

3.1.1. Tipos de Políticas Públicas.....................................................................................................19

3.1.2. Objectivos das Políticas Públicas...........................................................................................19

3.1.3. Processo de Formação de Políticas Públicas em Moçambique..............................................20

3.1.4. Fases de Elaboração das Políticas Públicas............................................................................21

3.2. Abordagem sobre o Emprego........................................................................................................24

3.2.1. Tipos de Emprego..................................................................................................................26

3.3. Políticas Públicas para a Geração de Emprego.............................................................................26

3.4. Políticas Adoptadas pelo Governo Moçambicano para a Geração de Emprego...........................28

3.5. Indicadores para a Avaliação das Políticas Públicas.....................................................................29


3.6. Apresentação do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana................................30

3.7. Desafios das Políticas Públicas para a Geração de Emprego........................................................32

3.8. Relação entre a Implementação de Política Pública e a Geração de Emprego.............................34

CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA


DE CAMPO.............................................................................................................................................35

4.1. Perfil e Caracterização do Distrito Municipal KaMavota.............................................................35

4.1.1. Estrutura do Distrito Municipal KaMavota............................................................................36

4.2. Processo de Implementação do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana na


Geração de Emprego no Distrito Municipal KaMavota.......................................................................36

4.2.1. Critérios de Elegibilidade do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana na


Geração de Emprego no Distrito Municipal KaMavota...................................................................37

4.2.2. Limites Indicativos de Montantes e Taxas de Juro................................................................38

4.2.3. Monitoria dos Projectos..........................................................................................................39

4.3. Impacto do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana na Geração de Emprego no
Distrito Municipal KaMavota..............................................................................................................40

4.3.1. Resultados Alcançados pelo Distrito Municipal KaMavota com a Implementação do Programa
Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana...................................................................................44

4.5. Desafios do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbanana Geração de Emprego no
Distrito Municipal KaMavota..............................................................................................................46

4.5.1. Situação do Reembolso do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana no


Distrito Municipal KaMavota no período de 2014 à 2017...............................................................48

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES..................................................................................................50

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................52
AGRADECIMENTOS

Reitera a literatura que o “Homem é um ser em constante transformação”, transforma-se não somente
na perspectiva física, mas também nas perspectivas espiritual, psicológica e intelectual. Durante o meu
percurso académico no Instituto Superior de Relações Internacionais (actual Universidade Joaquim
Chissano), tive o privilégio de viver todas essas transformações, com destaque para a transformação
intelectual. Graças a interacção que tive com docentes, funcionários, colegas, amigos e familiares
aprendi, a cada dia, novas formas de interpretar o mundo que nos rodeia. Por isso, aproveito esta
oportunidade para endereçar os meus sinceros agradecimentos:

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus pela sua presença em todos os momentos da minha vida,
pois só ele sabe o que tive que enfrentar para cá poder chegar;

Agradeço à minha família, especialmente, aos meus pais, Cristóvão Jemuce Nhacatete e Maria
Armando Savalete, aos meus irmãos, Triste Cristóvão Nhacatete, Regina Cristóvão Nhacatete, Regina
da Sofia Januário, Graça Cristóvão Nhacatete, pelo amor e suporte emocional, financeiro e académico
que têm me concedido;

Em seguida, agradeço à minha supervisora, Dra. Bernardete Gomana, pela supervisão e


acompanhamento académico e pelas sábias críticas, conselhos e recomendações durante este processo
de realização do trabalho de conclusão da licenciatura;

Agradeço ainda aos meus estimados mestres e inspiradores docentes, nomeadamente: AmildaVilanculo,
António Alfazema, António Patrício Daniel, Armando Banze, Eduardo Dzeco, Irmão Valoi, José
Manhiça, Ludovina Soares, Marcela Guivala, Marta Manjaze, Nelson Antunes, Pedro Lopes, Rafael
Lindy, Reginaldo Nhachengo, Rufino Sitoe, Vasco Matchoco, Vasco Nyakada pelo acompanhamento
académico e pelos profundos conhecimentos transmitidos;

E, por fim, mas não menos importante, endereço os meus agradecimentos aos meus queridos colegas e
amigos em especial ao Pedro António Mucochua, ÁmidoAbina Gonçalves, Darson Manhice, Abuquine
Daniel Sozinho, Mauro Macuvele, Artino Alfredo e Martinho Cândido.

iii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão de licenciatura


aos meus pais, Cristóvão Nhacatete e Maria
Savalete (em memórias).

iv
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

BAD Banco Africano de Desenvolvimento


CC Conselho Consultivo
CMCM Conselho Municipal da Cidade de Maputo
CTD Comissão Técnica Distrital
DM Distrito Municipal
DM KM Distrito Municipal KaMavota
EDR Estratégia de Desenvolvimento Rural
FDD Fundo de Desenvolvimento Distrital
FMI Fundo Monetário Internacional
GdM Governo de Moçambique
IAF Inquérito aos Agregados Familiares
MAE Ministério de Administração Estatal
MF Ministério das Finanças
MMAS Ministério da Mulher e Acção Social
MPD Ministério de Planificação e Desenvolvimento
MT Ministério do Trabalho
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
OE Orçamento de Estado
OIIL Orçamento de Investimento de Iniciativa Local
OIT Organização Internacional do Trabalho
ONG’s Organizações Não-governamentais
PARP Plano de Acção para a Redução da Pobreza
PARPA Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta
PARPA’s Planos de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta
PERPU Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana
PPI Plano Prospectivo Indicativo
PQG Programa Quinquenal do Governo
PRE Programa de Reabilitação Económica

v
LISTA DE QUADROS, GRÁFICOS, TABELAS E FIGURAS

QUADROS

Quadro 1: Formação de Políticas Públicas …………………………………………………….…….21

Quadro 2: Limites Indicativos de Financiamento e Taxa de Juro …………………………………..39

GRÁFICOS

Gráfico 1: Empregos Criados pelo PERPU entre 2014-2017 no Distrito Municipal KaMavota……....41

Gráfico 2: Formas de divulgação do PERPU……………………………….………………………….45

Gráfico 3: Classificação da divulgação do PERPU……………………………………………….……46

Gráfico 4: Avaliação da Implementação PERPU no Distrito Municipal KaMavota…………………..45

Gráfico 5: Opinião dos Beneficiários Quanto ao Contributo do PERPU no DM KM……….………...46

Gráfico 6: Desafios na Implementação do PERPU no Distrito Municipal KaMavota……….………..47

TABELAS

Tabela 1: Análise SWOT do PERPU…………………………………………………………………..32

Tabela 2: População do Distrito por Bairro…………………………………………………….………35

Tabela 3: Número de Empregos Distribuídos por Respectivas Áreas de Actividade……...……….….42

Tabela 4: Reembolso do PERPU 2014 - 2017 no Distrito Municipal KaMavota… …………………..48

FIGURAS

Figura 1: Ciclo das Políticas Públicas………………………………………………………………….24

vi
SUMÁRIO EXECUTIVO

A presente pesquisa teve como objectivo analisar o impacto da implementação das políticas
públicas na geração de emprego, tendo como objecto espacial o Distrito Municipal KaMavota (DM
KM) no período compreendido entre 2014 à 2017. Na perspectiva teórica, a pesquisa foi realizada
com base na Teoria Keynesiana. Na perspectiva metodológica, a pesquisa é de natureza aplicada,
com a abordagem do problema quali-quantitativa e com objectivo explicativo. Para a recolha de
dados usaram-se os métodos bibliográficos, documental e as técnicas de entrevista semi-estruturada
e questionário. Através de entrevista semi-estruturada procurou-se perceber as acções traçadas pelo
DM KM para a redução da pobreza urbana, bem como os resultados que advêm das acções levadas
a cabo pelo Distrito Municipal (DM) e o questionário permitiu a recolha de opiniões dos
beneficiários em um curto período de tempo e de forma rápida. Para a realização da pesquisa usou-
se o método de abordagem hipotético-dedutivo e quanto ao método de procedimento usou-se o
método monográfico. Desta forma foi possível notar que através da implementação do Programa
Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana (PERPU) foi possível criar novos postos de emprego
e aumento da renda da população. Terminada a pesquisa e consequente sistematização dos dados
colhidos no DM KM, fez-se as seguintes recomendações: recomenda-se que o DM KM melhore as
formas de divulgação dos programas de redução da pobreza para que se consiga abranger maior
número da população e crie mecanismos de forma a sensibilizar aos mutuários para que estes
tenham a consciência de que o fundo deve ser reembolsado de modo a que mais cidadãos possam se
beneficiar dos mesmos.

Palavras-Chave: emprego, implementação de políticas, políticas públicas e pobreza

viii
CAPÍTULO1: INTRODUÇÃO

Esta pesquisa foi feita em virtude do cumprimento dos requisitos para a obtenção do grau de
licenciatura em Administração Pública na Universidade Joaquim Chissano, e a mesma é subordinada ao
tema "Impacto da Implementação das Políticas Públicas na Geração de Emprego: Caso do
Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana no Distrito Municipal KaMavota
(2014-2017) ".

A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras transformações ao passar do
tempo. No século XVIII e XIX, seu principal objectivo era a segurança pública e a defesa externa em
caso de ataque inimigo (Lopes & Amaral, 2008).

Entretanto, com o aprofundamento e expansão da democracia, as responsabilidades do Estado se


diversificaram. Actualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover o bem-estar da
sociedade. Portanto, ele necessita desenvolver uma série de acções e actuar directamente em diferentes
áreas, tais como saúde, educação e meio ambiente.

Para atingir os resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governos se


apoiam das políticas públicas. Assim sendo, uma das políticas a que o governo vem levando a cabo e
que assume como sendo um dos desafios é a redução da pobreza.

Apesar dos avanços registados no âmbito da erradicação da pobreza, ainda se assiste à incidência e
prevalência de várias dimensões da pobreza nomeadamente, a proliferação do sub-emprego e a
satisfação limitada das necessidades básicas (alimentação, saúde e habitação) no seio de segmentos da
população rural e urbana.

Esta pesquisa foi desenvolvida no âmbito do problema de desemprego registado em Moçambique, e


para colmatar esse problema, foi avaliado o papel exercido pelo governo, através de políticas públicas,
isto é, conjunto de decisões governamentais com vista a resolver problemas da sociedade. A avaliação
foi feita à luz dos indicadores de eficácia (o alcance dos objectivos), eficiência (a correlação entre os
recursos dispendidos e os objectivos alcançados) e efectividade (as melhorias/mudanças advindas do
objectivo alcançado à população beneficiária).

1
Para o desenvolvimento deste trabalho e melhor sistematização da realidade analisada foi escolhida a
Teoria Keynesiana, pelo facto desta advogar maior intervenção do Estado na resolução dos problemas
socioeconómicos. Portanto, na perspectiva dessa teoria, o Estado não assume apenas a função de
simples regulador e passa a intervir directamente nos assuntos económicos, realizando investimentos
públicos num nível que assegure o pleno emprego.

1.1. Delimitação Espacial e Temporal


A presente pesquisa tem como delimitação espacial o DM KM e temporal, o período compreendido
entre 2014-2017.

No que concerne ao espaço, a presente pesquisa foi realizada no DM KM pois a motivação aquando da
escolha deste local, surge pela vontade de conhecer este DM e poder desenvolver a pesquisa. Por outro
lado, a escolha do DM KM é devido a aproximação do autor ao local da pesquisa e também pela
curiosidade que o pesquisador tem em querer buscar compreender as acções desenvolvidas pelo DM
KM de modo a mitigar a pobreza com a implementação do PERPU.

A escolha de 2014 deve-se ao facto de ser neste ano em que termina a implementação do PERPU. Este
programa foi concebido em 2011, cujo objectivo é combater a pobreza urbana, através da geração de
emprego e da protecção social e com o raio de abrangência limitado aos municípios das cidades
capitais.

Do ano de 2014 para o ano 2017, deve-se pelo facto de terem passado três (3) anos, que por sua vez,
permitem que se obtenham dados que ajudem na análise sobre os impactos deste programa na questão
de geração de emprego. Portanto, 2017 é o marco final porque vai permitir ao autor obter dados fiáveis
de serem apresentados, analisados, interpretados e partilhados sobre o impacto do programa.

1.2. Contextualização
Por volta do ano 2000, em Moçambique, foi iniciado o processo de implementação do Plano de Acção
para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA I) 1. O Governo e doadores em Moçambique
demonstraram ao longo do tempo uma atitude bastante ambígua em relação ao desenvolvimento
1
Programa que tinha como objectivo o combate a pobreza absoluta, e estabelece que para cada interveniente específico se
identifiquem as áreas de intervenção específicas, no sentido de resolver os problemas considerados mais pertinentes nas
áreas em causa: juventude, educação e habitação (PARPA, 2001).
2
urbano, e a pobreza urbana não era destacada como uma questão especial nas estratégias nacionais de
redução da pobreza (PARPA I, II e PARP2). Além disso, os doadores vêem o desenvolvimento urbano e
redução da pobreza urbana como áreas prioritárias, sendo excepções do Banco Mundial (BM), a Suíça e
a Alemanha (Tvedten et al, 2010:02).

De facto, a urbanização e a pobreza urbana são aspectos centrais da África contemporâneos, sendo que
as áreas urbanas sejam responsáveis por uma parte cada vez maior do aumento do crescimento macro-
económico positivo do continente e proporcionem oportunidades para muitos (Ibid.).

Por isso, os países em via de desenvolvimento têm criado diversas políticas com vista a combater a
pobreza como forma de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos cidadãos que vivem essa
realidade. Moçambique, sendo um país pobre e em vias de desenvolvimento, tem criado e desenvolvido
políticas públicas para combater a pobreza (PERPU, 2010).

O primeiro plano para a redução da pobreza urbana foi introduzido em Março de 2010 pelo Ministério
de Planificação e Desenvolvimento (MPD), como resposta directa aos movimentos urbanos e advoga
medidas de criação de emprego e protecção social para os mais pobres (Ibid.).

O surgimento do PERPU 2011-2014 enquadra-se num contexto em que o discurso governamental sobre
a pobreza centrava a sua atenção no combate deste fenómeno nas zonas rurais, sendo a destacar a
introdução no ano de 2006 do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIIL) 3, cujo objectivo é
contribuir para a redução da pobreza através do financiamento de projectos individuais de produção de
comida e de geração de emprego e de renda (Sande, 2011).

Assim, como resultado da governação aberta e inclusiva adoptada pela governação de Armando
Guebuza desde 2005, onde os dirigentes à vários níveis entram em contacto directo com a população,
apercebeu-se da necessidade de uma intervenção sobre a pobreza no contexto urbano. Deste modo, com
a disponibilização de fundos para financiar as iniciativas da população jovem economicamente activa
que não tem acesso aos créditos bancários para financiar as suas actividades, como resultado foi criado
o PERPU para o quinquénio de 2010-2014, com vista a fazer face a este fenómeno. O PERPU passou a
2
Plano de Acção para a Redução da Pobreza.
3
OIIL que foi mudado de designação e hoje é o Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), comummente denominado
“7 milhões” destinado primeiramente aos 128 distritos.
3
fazer parte das acções do governo, cujo objectivo é combater a pobreza urbana, através da geração de
emprego e da protecção social e com o raio de abrangência limitado aos municípios das cidades capitais
(Sande, 2011).

Portanto, a presente pesquisa insere-se num contexto em que o Governo de Moçambique (GdM) tem
vindo a implementar programas, planos e estratégias de redução da pobreza. A estratégia
consubstanciada nos Planos de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA’s), enfatiza o
recurso ao financiamento internacional e o crescimento económico inclusivo e alargado como veículos
para a redução da pobreza.

1.3. Justificativa
O tema em análise é pertinente para a Administração Pública, na medida em que envolve uma política
pública adoptada pelo Governo com o objectivo de reduzir um fenómeno que aflige a população
moçambicana, isto é, a pobreza urbana aliada a falta de emprego. Também, é de extrema importância
analisar essa temática, na medida em que permitirá fazer o balanço da actuação do Governo, visto que
trata-se de um programa que a sua implementação tem um impacto significativo na vida da população.

Para a área académica espera-se que o estudo ajude e guie outros estudantes que queiram desenvolver
seus trabalhos e que sirva de fonte de consulta para futuros trabalhos que poderão se desenvolver. Por
outro lado, esta pesquisa visa contribuir na medida em que permite a percepção dos fenómenos ligados
às políticas adoptadas pelo Governo para a redução da pobreza urbana.

A nível pessoal, esta pesquisa foi desenvolvida com o objectivo de contribuir para a redução das
elevadas taxas de incidência da pobreza em Moçambique, problema este que está intimamente
associado ao desemprego e sub-emprego. Assim, pretende-se dar recomendações ou possíveis soluções
para que os DM’s possam ser mais eficientes e eficazes na implementação das políticas públicas,
sobretudo o PERPU.

1.4. Problematização
Nos últimos catorze (14) anos, a problemática da redução da pobreza no país tem ocupado um lugar na
agenda do governo moçambicano, tendo sido acompanhado pela implementação de políticas públicas,
com o objectivo de reduzir a pobreza a nível rural e urbana. O PERPU 2011- 2014 constitui uma
4
política pública elaborada de forma a materializar o objectivo central do PQG- 2010-2014 de combater
a pobreza e melhorar as condições de vida dos cidadãos (PQG, 2010- 2014).

Durante a implementação do PERPU na Cidade de Maputo, fontes oficiais 4 do Conselho Municipal da


Cidade de Maputo (CMCM) revelam que foram financiados 1184 projectos que resultaram na criação
de 3598 postos de empregos, o que significa que em média cada projecto financiado empregou apenas
três (3) pessoas, e a partir dos relatórios produzidos pelo CMCM, conclui-se que os mesmos não
revelam a sua natureza, muito menos a qualidade dos empregos criados no âmbito deste programa, e em
termos quantitativos a proporção dos mesmos revela-se insuficiente, partindo do pressuposto que os
projectos financiados abrangem as associações, consideradas como as que concentram maior número de
pessoas que procuram emprego (Relatório do PERPU, 2015).

Assim sendo, durante a implementação do PERPU 2011-2014 muitos têm sido os projectos submetidos
por cidadãos que procuram financiamento como forma de criar o seu auto-emprego, garantir o aumento
da renda e criar oportunidades de gerar novos postos de trabalho, contribuindo desta feita na
materialização dos objectivos definidos pelo Governo.

Todavia, a taxa de desemprego em Moçambique é de 3.24 %5 em 2020 e 13,9%6 para Cidade de


Maputo, particularmente. O problema do desemprego é uma questão que tem assolado inúmeros
moçambicanos, em especial os que apresentam uma faixa activa e tem a necessidade de se inserirem no
mercado de trabalho com vista a auferir um rendimento que supra as suas necessidades. Daí que surge a
seguinte questão de pesquisa: até que ponto a implementação do Programa Estratégico para a
Redução da Pobreza Urbana contribui para a geração de emprego no Distrito Municipal
KaMavota?

4
Relatório sobre o processo de execução do PERPU em 2014 no Município de Maputo.
5
CEIC Data, an ISI Emerging Markets Group Company. Disponível em
https://www.ceicdata.com/pt/indicator/mozambique/unemployment-rate.Consultado em 4 de Dezembro de 2020.
6
Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social – Boletim de Estatística do Trabalho, 2018.
5
1.5. Objectivos da Pesquisa

1.5.1. Objectivo Geral


 Avaliar o impacto da implementação do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza
Urbana na geração de emprego em Moçambique.

1.5.2. Objectivos Específicos


 Descrever o processo de implementação do PERPU na geração de emprego no DM KM;
 Apontar os desafios na implementação do PERPU na geração de emprego no DM KM;
 Avaliar o impacto do PERPU na geração de emprego no DM KM.

1.6. Questões de Pesquisa


 Como é feito o processo de implementação do PERPU na geração de emprego no DM KM?
 Quais são os desafios na implementação do PERPU na geração de emprego no DM KM?
 Qual é o impacto da implementação do PERPU na geração de emprego no DM KM?

1.7. Hipóteses
 A implementação do PERPU no DM KM introduz acções que permitem o alcance dos
objectivos de forma eficaz;
 A falta de conhecimento dos munícipes e a insustentabilidade das estratégias, dificulta a
implementação do PERPU no DM KM;
 A implementação do PERPU impacta positivamente sobre a redução da pobreza urbana no DM
KM através da criação de novos postos de emprego e financiamento de projectos de
desenvolvimento comunitário.

1.8. Metodologia da Pesquisa


Segundo Gil (1995:27), método refere-se ao caminho para se chegar a um determinado fim. E método
científico é o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adoptados para se atingir o
conhecimento.

6
1.8.1. Classificação e Caracterização da Pesquisa
a) Quanto à Natureza
Esta pesquisa é aplicada7. Com base neste tipo de pesquisa, fez-se uma análise do objecto pesquisado,
com vista a trazer conhecimentos para a solução dos problemas atinentes à implementação das políticas
públicas na geração de emprego.

b) Quanto à Forma de Abordagem


Esta pesquisa é quali-quantitativa. Na visão de Marques e Castilho (2006:39) este tipo de abordagem
“envolve aspectos quantitativos8 e qualitativos9, dando, todavia, ênfase aos aspectos qualitativos”.

A abordagem quali-quantitativa foi pertinente na pesquisa, pois, de modo a ter uma melhor
compreensão sobre o tema em estudo, usaram-se técnicas estatísticas, tanto na colecta como no
tratamento dos dados, garantindo-se uma medição e qualificação dos dados colectados através de
questionário no DM KM.

c) Quanto aos Objectivos


Esta pesquisa é explicativa10. Pois, com base neste tipo de pesquisa, aponta-se as causas e as
consequências do PERPU no que concerne ao seu impacto na redução da pobreza urbana no DM KM,
especificamente na criação de emprego.

d) Quanto aos Procedimentos Técnicos


A presente pesquisa é bibliográfica e documental.
A pesquisa é bibliográfica11. Nesta pesquisa usaram-se livros, artigos científicos físicos e virtuais de
modo a colher ideias e conhecimentos credíveis e fiáveis sobre a implementação de políticas públicas
7
Segundo Lundin (2016:121), a pesquisa aplicada tem como propósito gerar conhecimentos para uma aplicação prática
dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve normalmente, assuntos e interesses específicos ou locais.
8
É quantitativa, pois os dados da pesquisa são quantificáveis, o que significa que são traduzidos em números, opiniões e
informações para classificá-los e analisá-los. Também requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas - percentagem,
média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outros (Menezes & Silva,
2001:20).
9
É qualitativa, pois considera a relação dinâmica existente entre o mundo real e sujeito, isto é, um vínculo indissociável
entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito (Lundin, 2016:117).
10
A pesquisa é explicativa porque "tem como preocupação central identificar os factores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenómenos". Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade,
porque explica a razão, o porquê das coisas” (Gil, 2002: 42).
11
A pesquisa é bibliográfica, pois foi elaborada a partir de material já publicado, fontes secundárias, constituído,
principalmente, por livros, artigos de jornais científicos e artigos publicados em portais da internet (Lundin, 2016:121-122).
7
na geração de emprego no DM KM, assim como para aspectos metodológicos e teóricos relacionados
com esta pesquisa.

A pesquisa é documental. A pesquisa documental realiza-se a partir de materiais que não receberam
ainda um tratamento analítico (Gil, 2008:51). Esta pesquisa foi realizada a partir de documentos
como leis, decretos, regulamentos, estatutos, políticas e estratégias, entre outros documentos que
proporcionaram uma visão realística da pesquisa.

Portanto, os documentos que foram consultados são: antigos relatórios do PERPU (2011-2014),
fornecidos pelo CMCM; os documentos sobre a organização do DM KM; documentos sobre as áreas
de actividade; projectos financiados e empregos criados no âmbito do PERPU no DM KM.

1.8.2. Técnicas de Recolha de Dados


a) Para recolher os dados, nesta pesquisa aplicou-se a entrevista12.
Em termos de tipologia, optou-se pela entrevista semi-estruturada, pois as questões que foram
dirigidas ao entrevistado foram previamente elaboradas, porém não houve rigidez na sequência das
questões e outras questões foram exploradas no decurso da entrevista (Lundin, 2016: 152). A entrevista
serviu para obter dados sobre o funcionamento do PERPU, junto aos funcionários que trabalham
directamente com este assunto no DM KM, de modo a compreender a sua influência para a geração de
emprego.

b) Questionário

Para Marconi e Lakatos (2007:23), questionário é um instrumento de colecta de dados constituído


por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
pesquisador. Portanto, relativamente ao tipo de perguntas para os inquiridos, Richardson (1999:190),
afirma que os questionários podem ser de perguntas fechadas, de perguntas abertas e questionários
que combinam ambos tipos de perguntas. Entretanto, para o contexto da pesquisa, achou-se
conveniente aplicar o questionário que contém ambos os tipos de perguntas (fechadas e abertas).
12
Segundo Marconi e Lakatos (2003), a entrevista consiste em um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas
obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversa de natureza profissional. É um
procedimento utilizado na investigação social, para a colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um
problemasocial.

8
Contudo, essa técnica permitiu ao pesquisador recolher a opinião dos munícipes em pouco tempo e
de forma directa.

1.8.3. Métodos de Pesquisa


a) Método de Procedimento

Nesta pesquisa aplicou-se o método monográfico13. A aplicação deste método permitiu que a partir
dos resultados obtidos com o estudo profundo realizado no DM KM, referente à avaliação do
impacto das políticas públicas na geração de emprego, pudesse servir de base de representatividade
para outros Distritos Municipais que usam estas políticas públicas.

b) Quanto ao Método de Abordagem

O método de abordagem aplicado nesta pesquisa foi o hipotético-dedutivo14. Pois iniciou-se pela
identificação de um problema referente ao impacto da implementação das políticas públicas na
geração de emprego no DM KM, seguindo-se à elaboração de hipóteses, como tentativa de resolução
do problema e por fim testou-se as hipóteses com o objectivo de validá-las ou invalidá-las.

1.8.4. População e Amostra


Bastos (1982), define população como sendo a totalidade de pessoas, animais, plantas ou objectos da
qual se podem recolher dados. Ao subconjunto de uma população ou universo, constituiamostra.

Neste contexto foram entrevistados 7 indivíduos e 20 inquiridos, totalizando 27 elementos dos quais 4
fazem parte da comissão técnica de avaliação de projectos, 3 técnicos administrativos (ligados ao
PERPU) e 20 beneficiários.

Estes entrevistados foram escolhidos em função de conveniência, que de acordo com Anderson et al
(2007) é uma técnica de amostragem em que a amostra é identificada primeiramente por

13
Método monográfico também conhecido como estudo de caso, consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões,
condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A investigação deve examinar o
tema escolhido, observando todos os factores que o influenciaram e analisando-o em todos os seus aspectos (Marconi &
Lakatos, 2003:108).
14
Lundin (2016:133), defende que o uso deste método inicia-se com a descoberta do problema, passando-se para a
formulação de hipóteses e o processo de inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenómenos
abrangidos pela referida hipótese.
9
conveniência. Esses elementos são incluídos na amostra sem probabilidade previamente
especificadas ou conhecidas de eles serem seleccionados.

Na presente pesquisa foi usado o critério de amostragem por acessibilidade, que segundo Neto
(1977) nem sempre é possível ter acesso a toda população objectivo de estudo, sendo assim, é
preciso dar segmento a pesquisa utilizando-se a parte da população que é acessível na ocasião da
pesquisa, no que se refere a disposição para responder as nossas perguntas.

1.9. Estrutura do Trabalho


Esta pesquisa é composta por quatro (4) capítulos. No primeiro capítulo apresenta-se a introdução, na
qual se encontram os seguintes elementos: delimitação espacial e temporal de pesquisa,
contextualização, justificativa, problematização, objectivos da pesquisa, questões de pesquisa, hipóteses
e metodologia da pesquisa.

No segundo capítulo apresenta-se o quadro teórico e conceptual desta pesquisa. O quadro teórico tem o
objectivo de aplicar a teoria ou o modelo mais adequado para orientar a pesquisa e o quadro conceptual
tem a finalidade de identificar e definir os principais conceitos da pesquisa de modo a permitir a sua
compreensão.

No terceiro capítulo apresenta-se a revisão da literatura. A revisão da literatura tem o objectivo de fazer
o levantamento do material bibliográfico e documental relacionado com o tema, confrontando vários
pontos de vista de autores que escreveram sobre a matéria que o pesquisador pretende estudar.

No quarto capítulo procede-se a apresentação, análise e interpretação dos dados recolhidos no campo
com a finalidade de responder as questões de pesquisa e alcançar os objectivos da pesquisa levantados
neste capítulo. Também neste capítulo apresenta-se a verificação das hipóteses.

Por último, temos a conclusão onde consta as ilações que se puderam tirar com a pesquisa, as
recomendações, as referências bibliográficas utilizadas na elaboração do mesmo e por fim os anexos
contendo informações adicionais e complementares fundamentais para a compreensão da pesquisa.

10
CAPÍTULO 2: QUADRO TEÓRICO E CONCEPTUAL

Neste capítulo apresenta-se o quadro teórico e conceptual desta pesquisa. O quadro teórico tem o
objectivo de aplicar a teoria e/ou o modelo mais adequado para orientar a pesquisa e o quadro
conceptual tem a finalidade de identificar e definir os principais conceitos da pesquisa de modo a
permitir a sua compreensão.

2.1. Quadro Teórico


Esta pesquisa foi elaborada com base na Teoria Keynesiana. Para a melhor compreensão desta teoria
abordaram-se os seus aspectos essenciais referentes aos precursores, contexto de surgimento,
pressupostos básicos e a sua aplicabilidade nesta pesquisa.

2.1.1. Contexto de Surgimento e Precursores da Teoria Keynesiana


Esta teoria surge no sec. XX, baseadas nas ideias do economista inglês John Maynard Keynes (1883-
1946). A ascensão do pensamento Keynes ocorreu com a publicação em 1936, de sua mais comentada
obra, Teórica Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda. Keynes passou a ser o principal mentor das
políticas económicas que advieram da crise de 1929 e se consolidaram logo após a Segunda Guerra
Mundial (Vasconcellos & Garcia, 1998:44).

Suas opiniões ganharam destaque, especialmente graças a suas interpretações relativas as causas das
crises e suas proposições de políticas para devolver a economia a seu caminho de crescimento. O
contexto da emergência dessas ideias é exactamente o período da maior crise já vivida pelo mundo
capitalista, a chamada Grande Depressão, iniciada em 1929, com reflexos em todos os países ao logo da
década de 1930 (Silva, 2010:77).

No pensamento Keynes, capitalismo sem a intervenção do Estado será vítima de suas próprias crises.
A crise que atingia o sistema significava, para o autor, o fim de uma visão do capitalismo como
sistema harmónico e auto-regulável, que tendia espontânea e automaticamente para um equilíbrio
estável de pleno emprego15. Assim, na perspectiva de Keynes, na medida em que o Estado não
consegue manter o investimento privado num nível que assegure o pleno emprego, não lhe resta
15
É a situação em que a demanda de trabalho é igual ou inferior à oferta. Em termos mais globais, pleno emprego
significa o grau máximo de utilização dos recursos produtivos (materiais e humanos) de uma economia. Uma economia
em pleno emprego se encontra em equilíbrio (Sandroni, 1999).
11
outro caminho para atingir este objectivo senão o de realizar investimentos públicos. Mas,
considerando que a propensão a consumir em normalmente bastante estável em relação a renda, o
nível da produção e o do emprego dependerão fundamentalmente do montante do investimento
corrente (Silva, 2010:77).

2.1.2. Pressupostos Básicos da Teoria


O instrumento monetário parece ser o mais importante instrumento de que dispõe o Estado Keynesiano
para exercer alguma influência sobre o fluxo os investimentos privados, e diante das limitações que o
mesmo apresenta, Keynes diz esperar ver o próprio Estado Pimpão (2011:199):

“ (…) Assumir a responsabilidade cada vez maior na organização directa dos


investimentos (…)” (Keynes, 1982:135).

 Para Keynes, o Estado deve assumir um papel de liderança na promoção do crescimento e do


bem-estar material e na regulação da sociedade civil. Em outras palavras, os mercados livres
não regulados, por si só, não conseguem gerar crescimentos estáveis, nem eliminar as crises
económicas, o desemprego e a inflação;
 Procura conseguir o máximo bem-estar económico e social, para toda a sociedade; e, no caso da
dominação de um capitalismo monopolizador, tentar redistribuir as rendas excessivas da mais-
valia dos trabalhadores, para benefício dos próprios participantes do processo de produção;
 O Walfare State seria o Estado no qual o cidadão, independentemente de sua situação social,
tem direito a ser protegido, por intermédio de mecanismos de prestação públicas estatais,
emergindo assim a questão da igualdade como o fundamento para a atitude intervencionista do
Estado (Morais, 2002:38).

2.1.3. Críticas à Teoria Keynesiana

A partir dos anos 70 o modelo Keynesiano passa a ser questionado por Cremonese (2005):

 Investir e gastar demasiadamente nas questões sociais (saúde, emprego, moradia, previdência e
educação). Os gastos sociais aumentam, o que desencadeia uma crise fiscal do Estado, além de
estancamento económico, elevadas taxas de desemprego e inflação.

12
 A vida social sob a égide do Estado é o caminho indefectível (que não falha) para a servidão
(Hayek, 1944:42).

As críticas dos neoliberais incidem sobre o dirigismo e a planificação do Estado sobre a economia, ou
seja, defendem o mercado desregulamentado e menores pressões tributárias. Mas o Estado neoliberal
tem um diferencial: o descompromisso com as questões sociais, afectando a saúde, educação, infra-
estrutura, segurança e a política de previdência da colectividade e é daí que o Estado intervém, no caso
do GdM, ciente das difíceis condições que a população enfrenta, intercede contra a problemática da
pobreza urbana através da implementação das políticas públicas (PARP's), pois acredita que é
conducente a melhorar as condições de vida da população. Assim sendo, a implementação do PERPU
deveria melhorar a vida da população na medida em que iria aumentar o emprego e fortalecimento da
protecção social e a consequente promoção do desenvolvimento social e económico.

2.1.4. Aplicabilidade da Teoria à Pesquisa

Para a Teoria Keynesiana, o desemprego pode ser involuntário porque os trabalhadores não
conseguem empregos mesmo se dispondo a trabalhar por menores salários que os vigentes no
mercado, isso acontece devido ao facto de que não é o salário real que determina o desemprego, mas
sim a demanda efectiva muito baixa (Dathein, 2000).

Dessa forma, o modelo Keynesiano mostrou-se relevante para esta pesquisa, porque notou-se que o
Estado moçambicano (através de suas instituições: MPD, MF, MAE, MMAS) interveio para a
resolução de um problema socioeconómico "desemprego", através de todo um conjunto de políticas
públicas, ou seja, decisões governamentais (PERPU), que (para o caso da cidade de Maputo) foi
executado pelo CMCM e respectivos distritos municipais, incluindo o DM KM, com o ímpeto de
amenizar a caótica situação de desemprego, financiando os projectos que têm como objectivo a
geração de emprego.

2.2. Quadro Conceptual

Neste capítulo são definidos os conceitos considerados indispensáveis para a persecução do presente
estudo, dentre eles: Políticas Públicas, Implementação de Políticas Públicas, Emprego e Pobreza.

13
2.2.1. Políticas Públicas

No entender de Pedone (1986:7), quando falamos de políticas públicas referimo-nos a tudo o que os
governos fazem, por que o fazem e que diferença faz a acção governamental para a sociedade e seus
problemas. Importa referir que, é na arena decisória onde diferentes grupos sociais procuram
influenciar os governantes a tomarem decisões ao seu favor e, geralmente, as decisões em políticas
dão origem às políticas resultantes (policy outputs), que aparecem em forma de decretos, resoluções,
regulamentos e entre outros.

Na perspectiva de Dye (1984), políticas públicas é "o que o governo escolhe fazer ou não fazer".
Podemos constatar que as definições de Pedone (1986) e Dye (1984) não se diferenciam tanto,
ambos fazem menção à "acção dos governantes", o que quer dizer que pode-se, então, resumir o que
se entende por políticas públicas como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo, "colocar o
governo em acção" e/ou analisar essa acção (variável independente) e, quando necessário, propor
mudanças no rumo ou curso dessas acções (variável dependente). Em outras palavras, o processo de
formulação de Políticas Públicas é aquela através do qual os governos traduzem seus propósitos em
programas e acções, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas no mundo real.

Procurando trazer uma definição que abrange elementos de uma definição clássica, Teixeira (2002:3)
define políticas públicas como sendo:

[…] Directrizes, princípios norteados de acção do poder Público, regras e procedimentos


para a relação entre poder Público e a sociedade, mediações entre os actores da sociedade
e do Estado. São nesse caso, políticas explícitas, sistematizadas ou formuladas em
documentos (leis, programas e linhas de financiamento) que norteiam normalmente e
envolvem a aplicação dos recursos públicos. Nem sempre, porém, há compatibilidade
entre as intervenções e declarações de vontade e acções desenvolvidas. Devem ser
consideradas também as “não acções”, as omissões como forma de manifestação de
políticas, pois representam acções e orientações dos que ocupam cargos.

Das abordagens acima arroladas concernentes a definição de políticas públicas, pode se aferir que
não existem grandes diferenças, pois todas trazem alguns traços característicos ou semelhantes e
14
quase compactuam da mesma essência.

Contudo, pode-se concluir que as políticas públicas podem ser entendidas como a maneira pela qual
o Estado actua para amenizar os conflitos e desigualdades sociais. Elas são desenhadas a partir do
relacionamento e dos interesses existentes entre várias camadas da sociedade. Nesse processo, os
actores políticos possuem importante participação para a focalização e destinação de recursos
públicos para a determinada política pública. Para o contexto da pesquisa, opta-se pela definição de
Dye (1984), por se mostrar mais adequada para a pesquisa.

2.2.2. Implementação de Políticas Públicas

Pressman e Wildavsky (1984)16, por sua vez definem implementação de políticas públicas, como o
processo de interacção entre o estabelecimento dos objectivos e acções empreendidas para alcançá-
los.

No mesmo contexto, Rua (1998)17, avança que a implementação de políticas públicas pode ser
compreendida como o conjunto de acções realizadas por grupos ou indivíduos de diferentes
naturezas, as quais são direccionadas para a consecução de objectivos estabelecidos mediante
decisões anteriores.

Na óptica de Howlett e Ramesh (1995) 18, implementação de uma política pública é o processo de
colocação em prática do que foi planificado com vista a atingir os seus objectivos.

Contudo, das definições expostas é possível reter que no âmbito da implementação de uma política
pública tem se em vista o alcance dos objectivos previamente estabelecidos. Assim sendo para a
presente pesquisa, a definição que melhor se adequa é a da autora Rua (1998).

16
Pressman, J.; Wildavsky, A. (1984), Implementation: how great expectations in Washington are dashed in Oakland. 3.
ed. California, E.U.A.: Universityof California Press.
17
Rua, Maria das Graças, (1998), Análise de políticas públicas: conceitos básicos. Brasília: ENAP (Texto elaborado para o
curso de gestão social).
18
Howlett, Michael &Ramesh, M. (1995), Studying public policy: policy cycles and policy subsystems. Toronto: Oxford
University.
15
2.2.3. Emprego

Segundo Samuelson & Nordhaus (2010)19, o emprego pode ser conceituado como uma situação em
que um conjunto de pessoas que desempenham qualquer trabalho remunerado, bem como aquelas
que tem emprego mas encontram-se ausente por motivo de doença, greve ou férias.

Na óptica de Ferreira (1975)20, o emprego é a maneira de prover a subsistência mediante um


ordenado, salário ou outra remuneração a que se faz jus pelo trabalho regular em determinado
serviço, ofício, função ou cargo.

Por outro lado, Sandroni (1995)21, traz o conceito de emprego em dois sentidos, lato e restrito. No
sentido lato emprego é o uso do factor de produção por uma empresa. E no sentido restrito, é a
função, o cargo ou a ocupação remunerada exercida por uma pessoa.

Por conseguinte, a Estratégia de Desenvolvimento Rural (EDR) e o Inquérito aos Agregados


Familiares (IAF) (2002/2003) olham para emprego e auto-emprego como execução de uma
actividade permanente, formal e assalariada, numa determinada relação social que se estabelece
entre as pessoas nela envolvidas.

Ora, o Estado através do exercício da governação por vezes em parceria com entidades extra estatais,
elaboram políticas públicas que visam melhorar cada vez mais a vida económico-social dos seus
cidadãos, criando postos de emprego.

Entretanto, pode-se então afirmar que emprego é a realização de uma série de tarefas em troca de
uma remuneração monetária denominada salário. Portanto, mediante os conceitos acima
apresentados, o conceito que é aplicável é o conceito apresentado pela EDR e do IAF, pois, é a
definição que melhor se adequa à pesquisa visto que o conceito foca mais a realidade moçambicana,
e com ela poder-se-á compreender melhor os aspectos abordados na pesquisa.

19
Samuelson, P. A. & Nordhaus, W. D. (2010), Economia. Edição: 11, Bertrand.
20
Ferreira, A. & Buarque. E. M. (1975), Novo dicionário da língua portuguesa. Universidade Autónoma. México.
21
Sandroni (1995), Novo Dicionário de Economia. Universidade de Los Andes. Colômbia.
16
2.2.4. Pobreza

O PERPU 2011-2014, define a pobreza urbana como sendo a falta de rendimentos necessários para a
satisfação das necessidades básicas dos indivíduos, famílias e comunidades residentes nas zonas
urbanas (MPD, 2012:3).

Na óptica de Ferreia (2008:43)22, a pobreza é um fenómeno pluridimensional, visto que apresenta


formas diferenciadas conforme o contexto económico-social, assumindo especificidades próprias de
acordo também com as especificidades dos grupos populacionais.

No entanto, autores como Douglas (2007)23, Crespo, Gurovitz (2002:14)24 e Gomide (2008)25 entre
outros, defendem que a pobreza é possuidora de várias faces que requerem um indicador de
abordagem multidimensional, que leve em consideração a situação auto-avaliada, ou seja, como o
indivíduo percebe a sua própria situação social.

Portanto, os autores supracitados defendem que a pobreza é uma condição subjectiva.

Diante dos conceitos acima arrolados, o conceito que mais se enquadra a esta pesquisa, é o conceito
apresentado por Costa (2008:77), porque o autor explica que a pobreza é uma condição humana
caracterizada por privação sustentada ou crónica de recursos, capacidades, escolhas, segurança e
poder necessários para o gozo de um adequado padrão de vida e outros direitos civis, culturais,
económicos, políticos e sociais.

Em geral, com a Teoria Keynesiana e os conceitos discutidos neste capítulo permitiu compreender,
bem como entender o objecto deste estudo. Terminada a explanação do quadro teórico e conceptual,
é o momento de se fazer o levantamento e análise do que já se publicou sobre o tema, introduzindo
assim o capítulo seguinte.

22
Ferreira, J. C. et al. (2008), Entre a Economia e a Sociologia. Celta Editora, Oeiras.
23
Douglas, M. (2007), O Mundo dos Bens, Vinte anos Depois. Horizontes Antropológicos. Vol. 13.
24
Crespo, A. Gurovitz, E. (2002), A pobreza como um factor multidimensional. São Paulo: Editora Fundação Getulio
Vargas.
25
Gomide, A. (2008), Mobilidade e pobreza urbana. México: IPEA.
17
CAPÍTULO 3: IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA
GERAÇÃO DE EMPREGO

Este capítulo reserva-se à apresentação do material empírico referente ao assunto do tema


pesquisado. Abrange artigos com resultados de pesquisas, pontos de vista diversificados de autores,
e livros técnicos. A apresentação deve cobrir o assunto pesquisado. É neste sentido que este capítulo
apresenta de forma organizada e sumária os aspectos cruciais em subtítulos.

3.1. Génese das Políticas Públicas

Enquanto área de conhecimento, a política pública nasce nos EUA, rompendo ou pulando as etapas
seguidas pela tradição europeia de estudos e

pesquisas nessa área, que se concentravam, então, mais na análise sobre o Estado e suas instituições
do que na produção dos governos. Assim, na Europa, a área de política pública vai surgir como um
desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o papel do Estado e de uma das
mais importantes instituições do Estado/governo, produtor, por excelência, de políticas públicas
(Souza, 2006:6).

Portanto, assa disciplina nasce como subárea da ciência política, focou-se essencialmente no estudo
analítico sobre políticas públicas, isto, é o de que, em democracias estáveis, aquilo que o governo faz
ou deixa de fazer e que diferença faz a acção governamental para a sociedade e seus problemas é
passível de ser (a) formulado cientificamente e (b) analisado por pesquisadores independentes
(Pedome, 1986:7).

Na área do governo propriamente dito, a introdução da política pública como ferramenta das
decisões do governo é produto da Guerra Fria e da valorização da tecnocracia como forma de
enfrentar suas consequências. Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara, que
estimulou a criação, em 1948, da RAND Corporation, organização não-governamental financiada
por recursos públicos e considerada a precursora dos thinktanks. O trabalho do grupo de
matemáticos, cientistas políticos, analistas de sistema, engenheiros, sociólogos etc., influenciado
pela teoria dos jogos de Neuman, buscava mostrar como uma guerra poderia ser conduzida como um

18
jogo racional. A proposta de aplicação de métodos científicos às formulações e decisões do governo
sobre problemas públicos se expande depois para outras áreas da produção pública, inclusive para a
área social (Jardim & Silva, 2010:10).

3.1.1. Tipos de Políticas Públicas

Lowi (1972:34) divide as políticas públicas em quatro tipos fundamentais (regulatória, distributiva,
redistributiva e constitutiva):

Políticas Distributivas - segundo Souza (2006), estas políticas têm em vista distribuir benefícios
individuais, ou seja, objectivam a distribuição de serviços públicos ou equipamento.

Políticas Regulatórias - visam definir regras e procedimentos que regulem comportamento dos
actores para atender interesses gerais da sociedade, são mais visíveis ao público, envolvendo
burocracia, políticos e grupos de interesse (Ibid.).

Política Redistributiva - o objectivo das políticas públicas redistributivas consiste em redistribuir


recursos ou financiamento de equipamentos e serviços públicos. Nesses casos, o financiamento pode
ser garantido através dos recursos orçamentários, compostos maioritariamente pela contribuição dos
estratos de média e alta renda (Ibid.).

Políticas Constitutivas - na visão de Secchi (2010:18), este tipo de política estabelece regras através
das quais são seleccionadas outras políticas públicas. Define competências, jurisdições, regras da
disputa política e da elaboração de políticas públicas.

Assim sendo, no contexto em análise, as políticas públicas podem ser tidas como instrumentos de
redução da pobreza. Pode-se considerar o PERPU como sendo uma política redistributiva pois,
propõe-se a eliminar as disparidades ou diferenças existentes entre os distintos grupos sociais através
de financiamento de projectos aos munícipes carenciados.

3.1.2. Objectivos das Políticas Públicas

Na óptica de Teixeira (2002), as políticas públicas visam responder a demandas, principalmente dos

19
sectores marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis. Essas demandas são
interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas influenciadas por uma agenda que se cria na
sociedade civil através da pressão e mobilização social.

Para além de se preocupar com a solução dos problemas que afligem a sociedade as políticas
públicas também objectivam ampliar e efectivar direitos de cidadania, isto, é o governo ao elaborar
políticas procurando promover políticas sociais e económicas que possam garantir a educação saúde
moradia lazer segurança e entre outros. Objectivam promover o desenvolvimento os estados
constituem instrumentos de promoção de desenvolvimento, uma vez que eles elaboram as suas
políticas/estratégias forjando coesão colectiva entre seu governo, empresário, técnicos e
trabalhadores para que de forma organizada possam alcançar o sucesso das políticas públicas e
promover o desenvolvimento social (Teixeira, 2002).

E, por último, políticas públicas é a gestora dos conflitos entre os diversos actores sociais as políticas
públicas traduzem no processo de elaboração e implantação envolve a distribuição e redistribuição
de custos e benefícios sociais, como o poder é uma relação social que envolve vários actores com
interesses e projectos diferenciados há necessidade de uma mediação para que se possa obter o
mínimo de consenso e assim as políticas públicas possam ter legitimidade e obter eficácia (Ibid.).

3.1.3. Processo de Formação de Políticas Públicas em Moçambique

Em Moçambique, o processo de elaboração de políticas está directamente relacionado ao regime


político estabelecido para o Estado. As políticas começam logo a ser definidas a partir dos
manifestos eleitorais dos partidos, são estes manifestos que fornecem os indicadores dos programas
governamentais do partido que por ventura ascenderá ao poder, como uma espécie de garantias do
que se sucedera a após a ascensão do poder dos partidos e cabendo a população identificadas pelos
tais feitos lhes depositarem o voto e serve para monitorar os mesmos, pois se prestarmos atenção
notaremos que os manifestos eleitorais têm em vista a identificação e resolução de um problema
social ou grupal (Ibid.).

Segundo Anderson e Mazmanian (1984:48)26, citados por Silvestre (2010:51), o processo de


26
Anderson, James (1984), Public policy – Making. New York: Holt, Rinehart and Wiston.
20
formação de políticas públicas é também influenciado por variáveis como a acção do grupo de
pressão que e constituído pela igreja católica, ONGʼs, Sociedade Civil, esses têm o poder de
influenciar a decisão políticas ou mesmo as do poder executivo. Motivo este que leva a crer que os
governos não são os principais actores das políticas públicas, porque os governos são parte
dependente de um sistema muito amplo, mais amplo do que se pode conceber (Peters & Pierre,
1998:47).

Assim, pode-se notar que a formulação de políticas públicas é composta por um conjunto de
processos, requerendo tempo, investimento e compreensão abrangente e teórica, do tema que será
objecto da política pública.

O quadro que se segue faz uma demonstração do processo de formação das políticas públicas. Pode
se perceber que é um processo dinâmico, com negociações, pressões, mobilizações, alianças de
interesses. Compreende a formação de uma agenda que pode reflectir ou não os interesses dos
sectores maioritários da população, a depender do grau de mobilização da sociedade civil para se
fazer ouvir e do grau de institucionalização de mecanismos que viabilizem sua participação.

Quadro 1: Formação de Políticas Públicas

Agenda Sistemática
Problema Público Tema (agenda de discussão) Agenda InstitucionalFormulação de Propostas Decisão

Fonte: James Anderson (1984:48).

3.1.4. Fases de Elaboração das Políticas Públicas

O ciclo de políticas públicas constituem, segundo Dias e Matos (2012), um modelo de análise que
decompõe política pública em uma série de etapas que formam uma sequência lógica, constituindo
uma ferramenta proposta pela primeira vez por Charles Jones em 1970 e desde então a maior parte
dos actores comungam que são cinco as fases na vida ou desenvolvimento de uma política pública,
as mais utilizadas são: a identificação de um problema ou formação da agenda, formulação de
21
soluções, tomada de decisões, implementação, acompanhamento, monitoria e avaliação.

Rocha (2010) e Carvalho (2010), afirmam que na fase de formação da política, é onde são feitos o
levantamento dos problemas que chamam a atenção dos políticos e motivam uma proposta política
destinada a resolver esses mesmos problemas, pois a agenda é uma colecção de problemas que são o
objecto de atenção pelos poderes públicos tais como a demanda de água numa determinada zona ou
região assim como a seca ou fome.

Sendo assim, Carvalho acrescenta que o processo de definição da lista de principais problemas da
sociedade envolve a emergência, o reconhecimento e a definição das questões que serão tratadas e,
como consequência, quais serão deixadas de lado. A partir do momento em que uma situação é vista
como problema e, por isso, se insere na Agenda Governamental, é necessário definir as linhas de
acção que serão adoptadas para solucioná-los.

Para Lopes (2008), esse é o momento onde deve ser definido qual é o objectivo da política, quais
serão os programas desenvolvidos e quais as metas desejadas, o que significa a rejeição de várias
propostas de acção. Assim, a autoridade terá em suas mãos uma série de opiniões que servirão como
uma fonte de ideias, as quais poderão apontar o caminho desejado por cada segmento social,
auxiliando na escolha e contribuindo com a legitimidade da mesma. As opiniões dos grupos
precisam ser analisadas de maneira objectiva, considerando-se a viabilidade técnica, legal,
financeira, política, dentre outras, seguindo para a fase de tomada de decisão.

A actuação do Estado em qualquer de seus níveis de intervenção político-administrativo (estadual ou


municipal) implica obrigatoriamente a escolha de determinadas alternativas em vez de outras, pois
há sempre uma multiplicidade de soluções possíveis para resolver ou tratar de um problema, seja em
termos de finalidade, de conteúdo ou de mesmo de meios (Ibid.).

Portanto, cabe ao governo fixar prioridades, metas e objectivos a serem alcançados, embora seja
formalmente o governo quem toma as decisões há na realidade o envolvimento de vários actores no
processo de tomada de decisão.

Esses actores irão influir sobre o processo de decisão defendendo seus interesses e recursos tanto

22
materiais quanto ideológicos, o que significa que as decisões não são sempre as mais racionais ou as
mais coerentes que poderiam ser devido a multiplicidade de actores (Dias & Matos, 2012).

Tendo em conta aos vários processos mencionados, segue-se a fase da implementação que é
fundamental porque é nela que a política até então, quase feita exclusivamente de discursos e de
palavras, se transforma em factos concretos (Ibid.).

Nesta fase as políticas públicas são concebidas, decididas e implementadas por pessoas que por sua
vez são afectadas de diversos modos por elas, pois, existe o envolvimento de diversas instituições, a
administração, o parlamento, sindicatos, ONG’s com características sociais, políticas e interesses que
as tornam cada uma um actor a mais do jogo político administrativo (Ibid.).

Porém, Rocha (2010) salienta que o processo de implementação depende do contexto onde se
realiza, pois é definido por diversas variáveis, umas internas ao próprio processo e outras externas.

Portanto, podemos notar que no processo de implementação dos projectos do PERPU a maior parte
das mutuárias não tem nenhum grau de instrução, não foram capacitadas em matéria de gestão de
negócios, os avaliadores dos projectos são também entidades que carregam consigo as mesmas
dificuldades e qualificações dos que vão implementar não se fazendo portanto a análise de
viabilidade desses projectos e seu impacto para a comunidade local (Ibid.).

Assim, a fase final é a avaliação que se apresenta como um elemento crucial para as políticas
públicas. O facto de ser apresentada como última etapa não significa que ela seja uma ferramenta
para ser utilizada apenas quando o tempo de actuação da política pública acaba. Muito pelo
contrário, a avaliação pode ser feita em todos os momentos do ciclo de políticas públicas,
contribuindo para o sucesso da acção governamental e a maximização dos resultados obtidos com os
recursos destinados. Além disso, a avaliação também é uma fonte de aprendizagem que permite ao
gestor perceber quais acções tendem a produzir melhores resultados (Dias, 2012).

Para Lopes (2008), o processo de avaliação de uma política leva em conta seus impactos e as
funções cumpridas pela política. Além disso, busca determinar sua relevância, analisar a eficiência,
eficácia e sustentabilidade das acções desenvolvidas, bem como servir como um meio de

23
aprendizado para os actores públicos.

No que diz respeito as políticas públicas, elas devem ser vistas como “formas de actuação dos
governos em prol da construção de uma sociedade menos ineficiente e mais coesa socialmente”
Pereira (2005:124). A partir desta visão, podemos olhar para o PERPU, como instrumento de
intervenção do Governo na construção de uma sociedade urbana com um nível de vida relativamente
estável se equiparado a zona rural.

A figura que se segue faz uma demonstração do ciclo de políticas públicas (policy cycle). O ciclo de
políticas públicas é um esquema de visualização e interpretação que organiza a vida de uma política
pública em fases sequenciais interdependentes.

Figura 1: Ciclo das Políticas Públicas

Formação da Agenda

Identificação do Problema Formação das Alternativas

Extinção Tomada de Decisão

Avaliação
Implementação

Fonte: Secchi (2010:42).

3.2. Abordagem sobre o Emprego

A maioria das pessoas associa trabalho e emprego como se fossem a mesma coisa, não são. O
trabalho é mais antigo que o emprego, o trabalho existe desde o momento que o homem começou a
transformar a natureza e o ambiente ao seu redor, desde o momento que o homem começou a fazer
utensílios e ferramentas. Por outro lado, o emprego é algo recente na história da humanidade. O

24
emprego é um conceito que surgiu por volta da Revolução Industrial, é uma relação entre os homens
que vendem sua força de trabalho por algum valor, alguma remuneração, e homens que compram
essa força de trabalho pagando algo em troca, algo como salário27 (Morin, 2001).

Viollante (2011), assevera que o trabalho é apenas uma actividade a ser desempenhada, não há
vínculos entre o empregado e o empregador, ao passo que, emprego vai muito mais além desta
relação. Ocorre quando há vínculo entre quem está oferecendo vagas de emprego e quem está a
procura delas, onde se estabelece um contrato de prestação de serviços, deveres e direitos bem
definidos, benefícios assegurados por lei, etc. Quando alguém se propuser a procurar por vagas de
emprego ou uma oportunidade profissional deve mentalizar que está procurando um emprego e não
um trabalho.

Brief e Nord (1990)28, citados por Morin (2001:26), afirmam que o único elemento que reúne os
demais significados de trabalho é: uma actividade que tem um objectivo. Geralmente, essa noção
designa um gasto de energia mediante um conjunto de actividades coordenadas que visam produzir
algo de útil. Quanto ao emprego, trata-se da ocupação de uma pessoa, correspondendo ao conjunto
de actividades remuneradas em um sistema economicamente organizado. A noção de emprego
implica quase necessariamente a noção de salário e do consentimento do indivíduo em permitir que
uma outra pessoa dite suas condições de trabalho.

Trabalhador é um género do qual empregado é uma de suas espécies. O trabalhador presta actividade
profissional independentemente de troca de salário ou não, não há subordinação e nem habitualidade,
conclui-se, portanto, que não há vínculo de emprego. Para ser classificado como empregado, devem
ser atendidos alguns requisitos da relação empregatícia, enquanto para ser trabalhador o mesmo não
ocorre. A relação de emprego é realmente contratual, ou seja, é a manifestação da vontade, com
características de subordinação, habitualidade, onerosidade, pessoalidade com relação ao empregado,
e deve ser pessoa física (Ibid.).

27
http://www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/projetos/fim-dos-empregos/empregoEtrabalho.htm.
28
Brief, A. P. & Nord, W. R. (1990), Meaning of occupational work.Toronto: Lexington Books.
25
3.2.1. Tipos de Emprego

Segundo INE (2006)29, existem três (3) tipos de emprego, nomeadamente:

Emprego Permanente – neste tipo o indivíduo estabelece um vinculo indeterminado com a empresa,
sendo que o trabalho o tempo de ausência no seu posto de trabalho não deve ser superior a quatro (4)
meses.
Emprego Sazonal – é aquele em que o indivíduo estabelece com a empresa um contrato a termo, sendo
que o trabalho é exercido em determinadas épocas do ano, sempre no mesmo período ao longo dos
anos.
Emprego Ocasional – neste tipo o indivíduo não estabelece um vínculo jurídico com a empresa, pois a
sua ligação com o empregador é por um tempo determinado necessário para a conclusão do trabalho,
sendo vedada a ausência temporária no seu local de trabalho, uma vez que não possui um vínculo fixo
com o empregador e a sua substituição por outro trabalhador pode acontecer a qualquer instante.

3.3. Políticas Públicas para a Geração de Emprego

No decorrer dos anos 80 (na Europa) e na década posterior (no restante do mundo), o desafio que
representava o crescente desemprego começou a ser combatido através de uma série de políticas
públicas que passaram a denominar-se, genericamente, de “políticas de emprego” ou “políticas de
emprego e renda” e Essas políticas podem ser classificadas em dois grandes grupos: as políticas
passivas30 e as políticas activas31 (Ramos, 2003).

Segundo Katz (1994:259)32, citado por Zylberstain & Neto (1999), as políticas activas podem ser
divididas em 3 (três) grandes categorias: i) Políticas de oferta, que privilegiam investimentos em
educação e formação, a fim de melhorar as habilidades de grupos desfavorecidos; ii) Políticas de
demanda, que procuram estimular o aumento de emprego por meio da criação directa de empregos

29
Instituto Nacional de Estatística.
30
As políticas passivas são as que consideram como dado o nível de desemprego, e tem como objectivo principal assistir o
trabalhador desempregado e/ou sua família. Como exemplo destacou-se o seguro-desemprego, a indemnização por demissão
e a redução da jornada de trabalho.
31
As políticas activas têm como objectivo melhorar o desempenho do mercado de trabalho e atender os indivíduos
desempregados.
32
Katz, L. F. (1994), Subsidies for disavantaged. NBER Working Paper Series, N5679, June.
26
no sector público ou mediante subsídios salariais para o sector privado; e iii) Políticas que melhoram
o fluxo de informação do mercado de trabalho bem como a assistência na busca de emprego, com a
finalidade de aumentar a eficiência no “matching” (casamento) entre as empresas e os trabalhadores.

Para atenuar a situação do desemprego em muitos países, há que destacar várias acções
desenvolvidas pelos governos sob forma de políticas públicas, que, por sua vez ramificam-se em
passivas e activas:

a) Políticas Passivas

Para atenuar a situação do desemprego em muitos países, há que destacar varias acções
desenvolvidas pelos governos sob forma de políticas públicas, como por exemplo (Katz, 1994:260):

Extensão dos ciclos escolares: consiste em postergar o início do ingresso no mercado de trabalho.
Ao permanecer por mais tempo no sistema escolar, a pressão sobre a oferta de trabalho reduz (em
realidade, se posterga).

Aposentadoria precoce: em certas ocasiões, um indivíduo, pela sua idade e formação, pode ter
sérias dificuldades para reinserir-se, como ocupado, no mercado de trabalho. Nessas circunstâncias
adiantar sua aposentadoria pode ser menos oneroso que pagar o seguro-desemprego por longos
períodos.

Expulsão dos emigrantes: ao reduzir os emigrantes ou elevar as exigências para o ingresso de


trabalhadores estrangeiros, se altera, de forma directa, a oferta de trabalho.

b) Políticas Activas
Apoio aos Micro e Pequenos empreendimentos: abrange diversas acções, que vão desde crédito
dirigido até ao apoio para o desenvolvimento tecnológico e identificação de novos canais de
comercialização. As micro e pequenas empresas são catalisadoras na geração de emprego e, dessa
forma, ajudar o seu desenvolvimento promove, indirectamente, a geração de novos empregos.

Subsidio à contratação de uma determinada população alvo: acontece quando por exemplo o
diagnóstico do mercado de trabalho de uma determinada região ou país estabeleceu que os jovens

27
sem experiência nem qualificação têm sérias dificuldades em encontrar emprego. Nesse caso, o
governo pode induzir as empresas a contratar jovens sem experiência ou com pouca escolaridade
mediante a redução dos encargos sociais (Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), por
exemplo), ou ainda ter salários mínimos específicos (menores que o normal) para certos segmentos
da população.

Criação directa de empregos pelo Sector Público: na maioria das ocasiões, essa forma de geração
de empregos era indirecta, mediante obras públicas e não mediante a contratação directa (elevar o
número de funcionários públicos para reduzir o desemprego) (Katz, 1994:261).

3.4. Políticas Adoptadas pelo Governo Moçambicano para a Geração de Emprego

Ao longo dos últimos anos, Moçambique tem sido uma das economias com um dos crescimentos
mais rápidos na África Subsaariana. No entanto, em muitos países as taxas elevadas de crescimento
não se têm traduzido automaticamente em menos pobreza e em mais benefícios para as pessoas mais
pobres. Crescimento económico com impacto na redução da pobreza é um dos objectivos de política
para Moçambique adoptando-se políticas para a promoção do emprego e redução do desemprego
(MPD, 2014).

Dentro desses instrumentos destacam-se algumas políticas públicas que o Estado foi implementando
com vista a impulsionar a criação de emprego e mais postos de trabalho, a saber:

a) PERPU (2011-2014)
Teve como foco aumentar as oportunidades de emprego e os níveis de empregabilidade da mão-de-
obra; a promoção do emprego e da possibilidade de se criar auto-emprego, que far-se-á em quatro (4)
eixos: auto-emprego; pequenas e médias empresas, indústrias e serviços intensivos em trabalho e
ambiente de negócios.

b) Estratégia de Emprego e Formação Profissional em Moçambique (2006-2015)


Teve como objectivo desenvolver programas especiais para absorção da força de trabalho
(principalmente nas camadas mais vulneráveis) em áreas com alto potencial de criação de emprego e

28
auto emprego tais como: agricultura, turismo, comércio, indústria, obras públicas, mineração, pescas,
saúde, administração pública e tecnologias de informação e comunicação.

c) Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD)


Visava financiar acções que com objectivo de estimular o empreendedorismo, a nível local, de
pessoas pobres mas economicamente activas e que não tem acesso ao crédito bancário.

d) Ministério de Trabalho, Emprego e Segurança Social (MTESS)


O MTESS, através do Instituto Nacional de Emprego, é o responsável directo pela promoção do
emprego e, nesse âmbito, desenvolveu uma plataforma electrónica – Portal Emprego – que visa
melhorar o suporte à colaboração interinstitucional e a interacção com o público nas áreas de
emprego e formação profissional. Trata-se de um portal de emprego electrónico para divulgação de
vagas de emprego e criação de perfis de candidatos.

e) PARP (2011-2014)
Tinha como objectivo melhorar o ambiente de negócios, com vista atrair os investimentos e
estimular as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME‟s), alavancar a empregabilidade da força
de trabalho e incrementar o seu papel de facilitação na ligação entre a procura e
ofertadeemprego.Paraalavancarosobjectivosdapromoçãodeempregosãoidentificadas três prioridades:
i) estimular a criação de emprego; ii) melhorar a empregabilidade dos cidadãos, e iii) facilitar a
ligação entre a procura e a oferta de trabalho.

f) Estratégia da Revolução Verde em Moçambique


Pressupunha o combate à pobreza que passava pela eliminação de uma das suas manifestações,
nomeadamente, a carência em alimentos básicos e a insegurança permanente ou temporária,
acompanhada pela geração de emprego e da renda.

3.5. Indicadores para a Avaliação das Políticas Públicas


Para IESE (2014), um indicador deve ser compreendido como um parâmetro, ou valor derivado de
parâmetros que fornecem informação sobre o estado de um fenómeno, com uma extensão
significativa. Para a presente pesquisa foram seleccionados os seguintes indicadores: eficácia,
eficiência e efectividade.

29
Eficácia: refere-se ao grau em que se alcançam os objectivos e metas do projecto da população
beneficiária, em um determinado período de tempo, independentemente dos custos implicados
(Bastos, 1982). Dias & Matos (2012) sustentam que a eficácia entende-se como a relação entre os
objectivos e instrumentos explícitos de um dado programa e seus resultados efectivos. A avaliação
da eficácia pode ser feita entre, por exemplo, as metas propostas e as metas alcançadas pelo
programa ou entre os instrumentos previstos para sua implementação e aqueles efectivamente
empregados (Lopes, 2012).

Eficiência: é a avaliação da relação entre o esforço empregado na implementação de uma dada


política e os resultados alcançados. Envolve a avaliação da relação custo-benefício, sendo a mais
necessária tendo em vista a escassez de recursos públicos e a dimensão dos universos populacionais
a serem cobertos (Bastos, 1982). Para Rocha (2010), a eficácia estabelece a correlação entre os
efeitos dos programas (benefícios) e os esforços (custos) empreendidos para obtê-los. Traz como
referência o montante dos recursos envolvidos, buscando aferir a optimização ou desperdício dos
insumos utilizados na obtenção dos resultados.

Efectividade: é a relação entre os resultados e o objectivo, é a medida do impacto ou do grau de


alcance dos objectivos (Costa, 2003). Barcelos & Menezes (2015) argumentam que a efectividade
está relacionada ao impacto social que procura identificar os efeitos produzidos sobre uma
população-alvo de um programa social. Por seu turno, avaliar o impacto social é mensurar o real
valor de um investimento social. O que torna uma avaliação indispensável é o facto de que, caso o
impacto social não seja o esperado, poder-se-á replanear a actuação.

3.6. Apresentação do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana

Segundo o PERPU (2011)33, vários factores contribuíram para o surgimento do PERPU, dentre eles: i)
O aumento da pobreza urbana, principalmente nas zonas periféricas; ii) Manifestações populares nas
cidades de Maputo e Matola causadas pelo aumento do custo de vida; iii) A falta de emprego,
transporte e rendimento para a satisfação das necessidades básicas; iv) O êxodo rural, que influenciou

33
Município da Cidade de Maputo, Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana: Informação sobre a
implementação do PERPU durante o ano de 2011:2012.
30
no elevado índice demográfico nas cidades, e, consequentemente, maior pressão sobre o mercado de
trabalho; v) Elevado índice de criminalidade e vi-) Reclamação dos munícipes em relação a
abrangência do FDD, vulgo 7 milhões, visto que, este fundo abrange somente as zonas rurais.

Neste contexto, o Governo viu-se na obrigação de criar uma política que pudesse resolver ou
minimizar os problemas retro mencionados, adoptando-se como solução o PERPU. Aliado a esses
factores, O PERPU surge através do PQG, que inclui um conjunto de acções que conduzem à
redução da pobreza em geral. O documento operacional do PQG 2010-2014, que nos mandatos
anteriores foi designado PARPA, definiu a estratégia geral de redução da pobreza, tanto rural como
urbana. O PQG previu a elaboração do instrumento designado PERPU, um programa que apresenta
um conjunto de acções que conduzem à melhoria das condições de vida da população pobre, através
do aumento do emprego e do fortalecimento da protecção social, ou seja, o PERPU, que é um
instrumento adicional às várias actividades já previstas para a redução da pobreza nos demais
instrumentos de gestão pública, o qual deve ser operacionalizado por cada um dos distritos
municipais, tomando em conta as características de cada um. As acções indicadas no PERPU são da
responsabilidade dos municípios, excepto as que explicitamente sejam imputadas a outras entidades
(PERPU, 2010-2014).

Com vista a compreender o impacto do PERPU na geração de emprego torna-se pertinente recorrer a
algumas ferramentas fornecidas pela Análise SWOT34, de tal modo que se tire ilações sobre as
Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças desse instrumento.

A análise S.W.O.T também denominada de análise F. O. F. A em português é uma ferramenta estrutural da administração,
34

utilizada na análise do ambiente interno e externo, com a finalidade de formulação de estratégias da empresa. Nesta análise
se identificam as Forças, Fraquezas da empresa, extra pondo Oportunidades e Ameaças internas para a mesma. É uma sigla
do idioma inglês, na qual representa: Forças (Strenghts), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Oportunities) e Ameaças
(Threats), sendo fundamentada por KennetyAnelrews e Roland Christensun. A aplicação se divide em ambiente interno
(Forças e Fraquezas) e ambiente externo (Oportunidades e Ameaças) (Neto, 2011).
31
Tabela1: Análise SWOT do PERPU

FORÇAS FRAQUEZAS
- É um programa que procura resolver um dos problemas - Inexistências de um instrumento de coerção para com os
mais sonantes na juventude moçambicana beneficiários que não reembolsam os valores do
(desemprego); empréstimo do PERPU;
- Facilidades e vantagens que o fundo concedido pelo - Falta de acompanhamento directo durante a
PERPU proporciona aos munícipes em relação à fundos implementação e execução dos projectos por parte dos
concedidos por outras instituições; - Se destina a apoiar membros do conselho consultivo do distrito; - Os DM‟s
pessoas vulneráveis mas economicamente activas e que não tinham a CTAP35 a funcionar tal como previsto no
não tenham acesso ao crédito bancário ou outro tipo de PERPU, sobretudo ao nível dos bairros, o que criou
crédito concedido por instituições financeiras formais. uma lacuna na tramitação dos projectos submetidos.
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
- Disponibilização de meios circulantes e materiais para - Baixo nível de divulgação do PERPU ao nível dos
monitoria dos projectos; bairros, o que fazia com que apenas pessoas ligadas ou
- Com o objectivo de dotar os técnicos e membros dos próximas das estruturas locais (bairros ou da
Conselhos Consultivos em conhecimentos relativos aos administração) submetessem as propostas;
procedimentos de uso de recursos no âmbito do - Baixa taxa de reembolso; - Falta de conhecimento da
PERPU, o CMCM realizou seminários de capacitação idoneidade dos proponentes dos projectos e desvio de
que foram orientados por formadores do MAE, do MPD aplicação dos valores concedidos, o que resulta em não
auxiliados por técnicos do CMM. cumprimento do pagamento das prestações; -
Desconhecimento por parte dos proponentes, dos
requisitos para a aprovação dos projectos.

Fonte: Do autor, baseada nos Relatórios de Implementação do PERPU (2011 à 2014).

3.7. Desafios das Políticas Públicas para a Geração de Emprego


Devido à dimensão da pobreza em Moçambique, as políticas públicas para a geração de emprego têm
enfrentado diversos desafios de modo a criar condições para a manutenção da renda diante do
infortúnio do desemprego, como é o caso do seguro-desemprego. E para o efeito, será necessário
(IESE, 2014):

Investir na ampliação das oportunidades, em incentivo e em condições para a formação profissional. E,


ainda, melhorar a oferta de políticas voltadas para as oportunidades de ocupação autónoma, do trabalho
cooperado ou iniciativas de economia solidária, entre outras medidas;

Enfrentar e superar as diferentes formas de desigualdade deve ser objectivo estratégico e permanente
das políticas públicas de promoção e protecção social, orientadas para esse fim pelo princípio da

35
CTAP - Comissão Técnica de Análise de Projectos.
32
equidade, oferecendo assim condições de reduzir as assimetrias nas relações sociais que produzem e
reproduzem as desigualdades. A geração de emprego e de renda é uma das principais políticas nessa
perspectiva;

Considera-se que o diálogo social é uma opção que fortalece uma concepção participativa para: i)
construir diagnósticos dos problemas; ii) negociar políticas e acções; iii) favorecer o controle social; iv)
formular, implantar, gerir, avaliar e monitorar as políticas públicas.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) (2019) 36, um número é


particularmente revelador quanto à amplitude do problema: 61% da mão-de-obra mundial– o
equivalente a 2 bilhões de pessoas – ocupa actualmente um emprego informal, ou seja, está alheio às
regras que enquadram os direitos dos empregadores e assalariados. Com inúmeros problemas
presentes: i) ausência de protecção social; ii) horários de trabalho além dos limites legais; iii)
demissões sem aviso prévio e tampouco indemnizações e iv) ambientem perigoso de trabalho.

O desafio é duplo: melhorar as condições de trabalho no sector informal, ainda hoje amplamente
maioritário nos países em desenvolvimento, mas igualmente, quando possível, favorecer a
formalização das actividades concomitantemente ao desenvolvimento dos mecanismos de
protecção social, no intuito de fortalecer a aplicação dos direitos do trabalhador e de possibilitar
aos trabalhadores, inclusive os autónomos, se beneficiarem das indemnizações que possam
pretender em função das respectivas situações: saúde, seguro desemprego, situação familiar e
aposentadoria (Ibid.).

O título ilustrativo, na Costa do Marfim, a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD)37 apoia os


poderes públicos na extensão geográfica e no fortalecimento dos serviços voltados para a
empregabilidade destinados aos jovens, inclusive, em matéria de acompanhamento na criação de
empresas. No Marrocos, a AFD instruiu actualmente um ambicioso projecto de implementação de
Programas Regionais focados no emprego que visam fortalecer a acção conjunta do conjunto da
cadeia de actores públicos e privados, em favor da superação dos desafios inerentes à
36
OIT (Organização Internacional do Trabalho), em seu relatório Emprego e Questões Sociais no Mundo – Tendências
2019. Disponível em: https://www.afd.fr/pt/actualites/5-desafios-para-o-emprego-nos-paises-em-desenvolvimento.
Consultado a 6 de Dezembro de 2020.
37
Dieese, M. (2014), Balanço das negociações dos reajustes salariais em 2013.São Paulo.
33
empregabilidade (OIT, 2019).

É igualmente possível citar a iniciativa francesa “Choose Africa”, sustentada pela AFD, que até
2022 consagrará 2,5 bilhões de euros a 10.000 pequenas e médias empresas africanas no sentido de
estimular o potencial empreendedor dos jovens (Ibid.).

3.8. Relação entre a Implementação de Política Pública e a Geração de Emprego


Ramos (2003), considera que políticas públicas de geração de emprego são aquele conjunto de medidas
que actua sobre a oferta de trabalho, reduzindo-a ou alterando seu bem-estar, ou sobre o nível de
emprego alterando a demanda de forma directa (criação de emprego públicos, por exemplo) ou
indirecta (formação profissional). A implementação das políticas públicas para a geração de emprego
actuam sobre o mercado de trabalho e preponderantemente, ainda que não exclusivamente, sobre a
população (oferta de trabalho).

As políticas de emprego são um conjunto de intervenções multidimensionais que são concebidas


para atingir os objectivos quantitativos e qualitativos específicos do emprego num dado país. Inclui
um plano de acção, seleccionado à luz de determinadas condições e adoptado por todas as partes
interessadas. É prosseguido por um governo para responder aos desafios e oportunidades clarificadas
(Ibid.).

Uma política de emprego não é implementada apenas pelo Ministério responsável pelo emprego, é
da responsabilidade de um conjunto diversificado de actores, desde Ministérios-chave responsáveis
pela criação de emprego até aos governos locais e organização de trabalhadores e de empregadores.
O Ministério responsável pelo emprego desempenha um papel central de coordenação, defende a
promoção do emprego digno e assegura o bom funcionamento do mercado de trabalho (Ibid.).

Posto isto, com os conceitos discutidos em relação as políticas públicas e a abordagem sobre o
emprego foi possível compreender, assim como perceber o objecto da pesquisa em questão.
Portanto, terminada a explanação da revisão da literatura, é o momento de se dar seguimento ao
quarto e último capítulo de modo a se fazer a apresentação e interpretação dos dados colhidos na
pesquisa de campo.

34
CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA
PESQUISA DE CAMPO

Neste capítulo, concebe-se a caracterização do DM KM, bem como a apresentação, análise e


interpretação dos resultados obtidos no estudo de caso, com o propósito de entender como o PERPU
foi implementado no DM. Faz-se a apresentação do local onde decorreu a pesquisa, identifica-se os
actores envolvidos no processo de implementação do PERPU e avaliação do grau de implementação
do PERPU para o alcance dos objectivos indicados e verificação das hipóteses formuladas.

4.1. Perfil e Caracterização do Distrito Municipal KaMavota


O DM KM cita no Município de Maputo, que por sua vez este localiza-se na baía com o mesmo nome e
tem uma extensão de cerca de 300 km² incluindo os territórios de Catembe e da ilha da Inhaca. É
limitado a Oeste pelo vale do Infulene, que o separa do município da Matola, a Este é limitado pelo
Oceano Índico, a Sul é limitado pelo distrito de Matutuine e a Norte pelo distrito de Marracuene (GDI,
2011:12).

Com uma população total de 326 771, dos quais 157 678 são homens e 169 093 são mulheres CMCM
(2019), o DM KM é composto pelos seguintes bairros: Mavalane “A”; Mavalane “B”; F.P.L.M; Hulene
“A”; Hulene “B”; Ferroviário; Laulane; 3 de Fevereiro; Mahotas; Costa do Sol; Albazine; Ilha da
Xefina do Meio e Ilha da Xefina Grande.

A população do Município de Maputo, segundo dados do INE (2017) 38, citados pelo CMM (2019:5), é
de 1. 080 277 habitantes, que se distribuem pelos sete distritos municipais e estes em 63 bairros, sendo
que os DM’s de KaMavota e KaMubukwana são os mais populosos, e o de KaNyaka o menos
populoso, conforme pode-se constatar na tabela que se segue.

Tabela 2: População dos Distritos Municipais por Bairro

Distritos Municipais TOTAL Homens Superficie (km²) Densidade (hab/km²)


da 1. 080 277 521356 346 3 122
Cidade de Maputo
Kampfumu 76 157 36 200 12 6 346
Lhamankulu 127 079 61 432 8 15 885
Kamaxaquene 195 556 95 659 12 16 296
38
INE, (2019), Folheto Estatístico do IV Recenseamento Geral da População e Habitação. Cidade de Maputo.
35
Kamavota 326 771 157 678 108 3 026
Kamubukwana 319 968 153 380 53 6 037
Katembe 28 788 14 124 101 285
Kanyaka 5 958 2 883 52 115

Fonte: População: INE (2017).

4.1.1. Estrutura do Distrito Municipal KaMavota

O DM KM, funciona com base nos CC à nível dos bairros, comummente conhecidos como
Secretarias das administrações dos bairros representados pelos secretários dos bairros. As secretarias
das administrações dos bairros são representantes da administração e subordinam-se ao vereador
municipal do distrito (MAE, 2005).

As instituições dos bairros operam com base nas normas de funcionamento dos serviços de
Administração Pública, aprovados pelo Decreto 30/2001 de 15 de Outubro, pelo Conselho de
Ministros.

4.2. Processo de Implementação do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana na


Geração de Emprego no Distrito Municipal KaMavota

Silva (2009), defende que a implementação de uma política pública é uma etapa fundamental, pois
consiste na adaptação das mesmas às situações concretas que deverão ser enfrentadas.

De acordo com Halage (2021)39, o processo de implementação inicia com a alocação dos valores do
fundo pelos distritos municipais, mediante o número de bairros e de habitantes por cada posto
administrativo.

Os projectos são avaliados em Conselho de Bairro pela respectiva comissão que é composta pelo
secretário e chefes dos quarteirões, após a verificação são enviados os projectos ao Posto
Administrativo, onde por sua vez são reavaliados pela Comissão Consultiva do Posto Administrativo
e enviados a Comissão Técnica de Avaliação de Projectos a nível Central.

39
Halage, Lúcia – Membro da Comissão Técnica de Aprovação de Projectos. Entrevistada no dia 18 de Fevereiro de 2021
no Distrito Municipal KaMavota.
36
Os projectos que reunirem todas condições são aprovados e os que não reunirem são reprovados. É
elaborada uma acta indicando o resultado da aprovação dos projectos ao Posto Administrativo, onde
o mesmo é acompanhado pelo contracto dirigido aos mutuários. Feito isso a Direcção de Património
e Finanças elabora cheques e, é marcada a data para assinatura dos mesmos pelos mutuários, estes
que se devem fazer presentes acompanhados de duas (2) cópias do Bilhete de Identificação.

Assim sendo, com a implementação do PERPU, o DM KM tem em vista o melhoramento de muitos


problemas que afectam a população local mais vulnerável.

4.2.1. Critérios de Elegibilidade do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana na


Geração de Emprego no Distrito Municipal KaMavota

O MAE et al (2011), advoga que os projectos elegíveis visam a criação do emprego e a geração de
renda. Estes devem responder aos critérios com destaque para o incentivo ao empreendedorismo da
população sem capacidade de endividamento bancário.

Questionada sobre quais seriam os critérios exigidos pelo DM KM para que um munícipe seja
beneficiário do fundo do PERPU, Langa (2021)40afirma que a escolha dos beneficiários obedece
determinados critérios que encontram-se estipulados no PERPU, e estes observam duas categorias:
Indivíduos e Associações; e Micro, Pequenas e Médias Empresas, consoante os seguintes requisitos:

 Pessoas Singulares / Empreendedoras: ser residente no território do DM onde pretende


implementar o projecto e confirmado pelas autoridades locais; possuir nacionalidade
moçambicana; ser considerado idóneo pelas autoridades administrativas e comunitárias locais;
idade não inferior a 18; possuir o NUIT.
 Associações Micro / Pequenas e Médias Empresas: estarem legalmente registadas e com uma
estrutura de organização e gestão consolidada observável a partir do núcleo central dos
membros das associações; os membros das associações devem ser residentes no território do
DM onde se pretende implementar o projecto, confirmada pelas autoridades locais; as
associações devem operar no DM onde se pretende implementar o projecto; as associações

Langa, Margarida – Técnica Administrativa ligada ao PERPU. Entrevistada no dia 02 de Fevereiro de 2021 no Distrito
40

Municipal KaMavota.
37
devem ser constituídas por cidadãos nacionais; possuir o NUIT.

Por seu turno, Mului (2021)41 questionado em relação a idoneidade, respondeu o seguinte:

 O atestado de idoneidade é um documento redigido em papel branco de tamanho A4, o mesmo


pode ser pedido oralmente pelo candidato, bastando este se dirigir a Autoridade Administrativa
Local (Líder Comunitário, Secretário do Bairro), acompanhado do Bilhete de Identificação;
 Na falta de um documento oficial pode o beneficiário se fazer acompanhar por duas
testemunhas residentes na mesma circunscrição territorial munidas dos respectivos documentos
de identificação.

Para além destes critérios, existe nesta política uma lista de actividades abrangidas e estas devem
concorrer para o alcance dos objectivos do plano, sendo desta forma elegíveis projectos comunitários
propostos por indivíduos, associações, grupos sociais organizados e outras formas sociais de base
comunitária urbana reconhecidas pelas autoridades municipais em estreita colaboração com as
autoridades comunitárias locais.

Halage, questionada a respeito dos critérios de elegibilidade dos beneficiários, ela afirma que estes
são justos, pelo simples facto de prevenirem que pessoas de má-fé não usufruam do fundo.

No que diz respeito ao financiamento de projectos, de 2014 à 2017 no âmbito do fundo do PERPU
foram financiados 288 projectos consoante as áreas de actividades, dos quais fazem parte mulheres,
homens, adultos e jovens, e destes resultaram 861 postos de emprego.

4.2.2. Limites Indicativos de Montantes e Taxas de Juro

Com vista a assegurar o maior número possível de beneficiários, são fixados os limites máximos
indicativos de financiamento por categoria de actividade. O Conselho Municipal, em conformidade
com as condições específicas do Município, pode proceder a ajustamentos pontuais. Nestes casos, a
proposta de ajustamento deve ser submetida a Assembleia Municipal para a aprovação.

Mului, Aurélio Carlos – Técnico Administrativo ligado ao PERPU. Entrevistado no dia 05 de Fevereiro de 2021 no
41

Distrito Municipal KaMavota.


38
Mabota (2021)42, questionado sobre qual seria a taxa a aplicar aos beneficiários, este afirmou que as
taxas de juro a aplicar para todos os projectos financiados no âmbito do programa variam na base de
3 a 7 porcento sobre o montante concedido de acordo com a natureza do projecto. Este valor é
consistente com as taxas em vigor no FDD em aplicação em todos os distritos do País.

Quadro 2. Limites Indicativos de Financiamento e Taxa de Juro


Limite de Financiamento (Mt)
Sector/Actividades Associações & Micro e
Taxa de Juro (%) Pessoas Singulares Pequenas Empresas
Agricultura 3 Até 200.000 Até 350.000
Pecuária 3 Até 75.000 Até 350.000
Agro-processamento 3 Até 200.000 Até 350.000
Pesca, Piscicultura 3 Até 350.000 Até 350.000

Indústria:
Confecção de vestuário 4 Até 100.000 Até 200.000
Sapataria 4 Até 100.000 Até 200.000
Marcenaria 4 Até 100.000 Até 200.000
Serrilharia 4 Até 100.000 Até 200.000
Comércio 5 Até 100.000 Até 150.000

Serviços:
Electricidade civil e auto 6 Até 100.000 Até 200.000
Pequena construção civil 5 Até 100.000 Até 200.000
Recolha de lixo 3 Até 100.000 Até 200.000
Confecção de alimentos e 4 Até 100.000 Até 200.000
venda de produtos alimentares
Mecânica auto 7 Até 100.000 Até 200.000
Manutenção de edifícios 5 Até 100.000 Até 200.000
e Infra-Estruturas
Turismo 5 Até 100.000 Até 130.000

Fonte: Distrito Municipal KaMavota

4.2.3. Monitoria dos Projectos


Segundo MAE (2011:18), a monitoria dos projectos financiados pelo PERPU é feita a três níveis: do
Central (a responsabilidade é da Direcção Nacional para o Desenvolvimento Autárquico do
Ministério da Administração Estatal). As monitorias deverão ser trimestrais, coordenadas com as
Estruturas do Estado onde se localiza o Município; do Município (deve ser feita por equipes
municipais e é igualmente trimestral); e dos Distritos Municipais (envolve membros do CC,
membros da Comissão Técnica de avaliação de Projectos e outras instituições competentes baseadas

Mabota, Ludmilo - Membro da Comissão Técnica de Avaliação de projectos. Entrevistado no dia 02 de Fevereiro de 2021
42

no Distrito Municipal KaMavota.


39
nas autarquias.

Ainda na mesma margem de ideias, no que concerne as monitorias, segundo Malembe (2021) 43, estas
são feitas pelos bairros. Numa primeira fase, olha-se para os devedores críticos, aqueles mutuários
que foram beneficiados pelo fundo e até o período estabelecido (3 meses), não tenham feito o
reembolso. Posteriormente, é elaborada uma lista com os nomes dos mesmos e enviada aos chefes
dos bairros para que estes possam notificar os mutuários com reembolsos em atraso, e que estes
possam apresentar cópias de talões de depósitos ou possam se justificar do(s) motivo(s) do não
reembolso no período acordado, visto que, estes se comprometem no momento da assinatura do
contrato em reembolsar o valor no período acordado. Foram ainda divulgados os procedimentos e
capacitadas as comissões técnicas para assegurar um melhor acompanhamento do PERPU.

Contudo, é possível notar que apesar dos relativos obstáculos presentes no processo de
implementação do PERPU, pode-se afirmar que o desempenho por parte dos actores envolvidos na
implementação deste programa é positivo e tem melhorado a vida dos residentes daquele município.
Assim torna-se válida a hipótese segundo a qual, a implementação do PERPU no DM KM
introduz acções que permitem o alcance dos objectivos de forma eficaz.

4.3. Impacto do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana na Geração de


Emprego no Distrito Municipal KaMavota

A avaliação do impacto do PERPU no DM KM é feita à luz dos indicadores de eficácia (o alcance dos
objectivos), eficiência (a correlação entre os recursos dispendidos e os objectivos alcançados) e
efectividade (as melhorias/mudanças advindas do objectivo alcançado à população beneficiária).

a) Eficácia
Como foi anteriormente debruçado, a eficácia procura perceber se os objectivos do programa foram
alcançados em relação aos resultados alcançados. E, os objectivos gerais do PERPU são os seguintes:
aumentar as oportunidades de emprego; melhorar o ambiente de negócios e os níveis de
empregabilidade da mão-de-obra; melhorar o sistema de protecção social básico (PERPU, 2011-2014).

Malembe, João – Técnico Administrativo ligado ao PERPU. Entrevistado no dia 15 de Fevereiro de 2021 no Distrito
43

Municipal KaMavota.
40
Da entrevista feita a Zandamela (2021)44, pode se constatar que no DM KM o PERPU teve uma
contribuição positiva, porque:

 Gerou muitos empregos: o que sucedeu é que inúmeros munícipes pobres (economicamente
activos) estavam estagnados, pois eram cidadãos com ideias/projectos, no entanto, não tinham como
desenvolvê-las, devido à falta de financiamento, e muitos deles (os munícipes) não tinham como
recorrer ao empréstimo bancário, devido às condições exigidas pelos bancos, portanto, olhou-se
para o PERPU como uma solução aos problemas ligados à escassez de recursos financeiros para a
implementação dos projectos dos munícipes; Melhorou a renda familiar: alguns beneficiários
optaram em contratar a mão-de-obra familiar, o que contribuiu na melhoria da renda dos membros
integrantes do agregado familiar.

O gráfico 1 descreve o número de empregos criados pelo PERPU no DM KM, no período entre
2014-2017.

Gráfico 1: Empregos Criados pelo PERPU entre 2014-2017 no Distrito Municipal KaMavota

300 257 250

188
200 166

75 88
100 59 66

2014 2015 2016 2017


Projectos Aprovados Empregos Criados

Fonte: adaptado pelo autor, com base na entrevista feita a Zandamela (2021).

Conforme ilustra o gráfico acima, em 2014 foram criados 257 empregos, em 2015 foram criados 250
empregos, 188 empregos em 2016 e finalmente, 166 empregos foram criados em 2017.
Zandamela, Orlando – Membro da Comissão Técnica de Aprovação de Projectos. Entrevistado no dia 02 de Fevereiro de
44

2021 no Distrito Municipal KaMavota.


41
A tendência de criação de empregos foi decrescente entre 2016 à 2017, porque os beneficiários não
tinham conhecimento do número de empregados em função do projecto, isto é, não tinham o total
domínio do projecto, pois, a medida que o tempo passava, os beneficiários iam se apercebendo que
não havia necessidade de contratar dois ou mais empregados para uma função que pode ser exercida
por um só empregado, nesse caso, os projectos iam sofrendo gradualmente o efeito downsizing45,
com vista a garantir maior eficiência dos recursos financeiros dispendidos com a contratação de
recursos humanos.

Tabela 3: Número de Empregos Distribuídos por Respectivas Áreas de Actividade

Período Projectos Áreas de Actividade Empregos


Aprovados Criados
Agricultura Agro- Pecuária Pequena Pesca Serviços
Processamento Indústria
2014 75 4 2 13 9 3 10 257
2015 88 3 2 17 10 1 11 250
2016 59 2 2 17 13 14 188
2017 66 3 40 12 4 23 166

Fonte: Compilação do autor, baseada nos documentos disponibilizados pela Administração do


Distrito Municipal KaMavota (2021)

A tabela acima descreve os empregos criados no DM KM, repartidos em períodos, áreas de


actividades, números de projectos aprovados e os respectivos empregos criados.

b) Eficiência

À semelhança do que sucedeu com a eficácia, já se tinha referido que a eficiência lida com a
optimização dos recursos, ou seja, o melhor resultado possível com os recursos disponíveis.

Para o caso do PERPU, observou-se que a Assembleia Municipal através da Resolução


Nº54/AM/2011, de 13 de Abril, aprovou a proposta de distribuição de recursos previstos no âmbito
do PERPU pelos Distritos Municipais.

45
É uma expressão da língua inglesa que significa literalmente reduzir o tamanho de uma organização, especialmente pela
redução planeada do número de empregados e de níveis hierárquicos da organização (Silva, 2009).
42
No DM KM o valor dos projectos homologados foi de 5.294.480,00 MT, correspondente à 99,75%
do valor atribuído a esse Distrito, distribuídos nas áreas de Pequena Indústria, AgroProcessamento,
Prestação de Serviços, Agricultura (Horticultura), Pecuária (Avicultura, Aquacultura e Suinicultura),
Pesca e Comércio.

Portanto, feita a distribuição, foram elaboradas notas de comunicação de transferência dos valores
atribuídos a cada um no dia 12 de Maio de 2011.

c) Efectividade
A efectividade, na área pública, afere em que medida os resultados de uma acção trazem benefício à
população. Ou seja, ela é mais abrangente que a eficácia, na medida em que esta indica se o
objectivo foi atingido, enquanto a efectividade mostra se aquele objectivo trouxe melhorias para a
população visada (Castro, 2006).

Para tornar público, isto é, ao conhecimento do cidadão, o DM KM tem divulgado o PERPU através
dos secretários dos bairros, que, por sua vez, os respectivos secretários sensibilizam os munícipes
por via de reuniões nos bairros para a divulgação do PERPU. O gráfico abaixo mostra as diferentes
formas de divulgação do PERPU no DM KM e suas respectivas percentagens:

Gráfico 2: Formas de divulgação do PERPU

9% 9%

6% Colegas e Amigos
DM KaMavota
75% Vizinhos
Secretário de Bairro

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Conforme a ilustração do gráfico, o Secretariado do Bairro não é o único meio de divulgação do


PERPU no DM KM, pois alguns beneficiários tiveram conhecimento do PERPU através de vizinhos,
43
DM KM e colegas e amigos, porém o Secretariado do Bairro é o meio dominante com 75%, por isto,
quando questionados sobre a divulgação do PERPU no DM KM maior parte respondeu que o DM
KM faz a divulgação do PERPU, conforme ilustra o gráfico abaixo:

Gráfico 3: Classificação da divulgação do PERPU

2% 9% 5%

Muito
Razoável
84% Pouco
Raramente

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Pelo exposto, pode se perceber que na percepção dos beneficiários o DM KM faz a divulgação do
PERPU, porém não há unanimidade nessas asserções, visto que, para alguns beneficiários o DM KM
faz pouca (2%) divulgação, razoável (9%) e raramente (5%).

4.3.1. Resultados Alcançados pelo Distrito Municipal KaMavota com a Implementação do


Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana

Segundo Gomes (2009), os resultados alcançados podem ser definidos como o grau de sucesso, ou
seja, significa que se conseguiu atingir os resultados pretendidos.

Questionado sobre quais os resultados aquando da implementação do PERPU no DM KM na


redução da pobreza urbana, Malembe (2021) afirmou que existe um número considerável de
indivíduos que se beneficiou directa e indirectamente do fundo do PERPU. "Mais de 1000 pessoas
deixaram de exercer actividades informais e passaram a exercer actividades formais, isto é, as
pessoas passaram a possuir licenças para exercer a actividade económica". O entrevistado afirmou
ainda que o programa está a contribuir para o melhoria das condições de vida da população, pois
além de criar postos de emprego, auxilia no aumento de renda e ajuda a melhorar as condições de
44
trabalho.

Em linhas gerais, melhorar as condições de trabalho tem a ver com a aquisição de novo equipamento
de trabalho, manutenção/substituição das máquinas antigas (no caso de projectos ligados à pequena
indústria) e/ou sofisticação de todos/alguns meios de produção. Questionados sobre a avaliação do
PERPU, os beneficiários fazem uma avaliação positiva, neutra e negativa, conforme ilustra o gráfico
abaixo:

Gráfico 4: Avaliação da Implementação PERPU no Distrito Municipal KaMavota

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

16% 3%
RazoávelNegativoPositiva

81%

Como se pode observar no gráfico, 81% dos beneficiários fazem uma avaliação positiva do PERPU,
pois de acordo com os mesmos, o PERPU:

 Melhorou as suas condições de vida; melhorou as condições de vida de suas famílias; permitiu criar
novos empregos e permitiu criar o auto-emprego; permitiu desenvolver o bairro/distrito e melhorou
as suas condições de trabalho.

Entretanto, Henriques (2021)46, durante a sua intervenção, explicou que o baixo nível de reembolso
constitui o maior desafio do PERPU, sem falar do desvio de aplicação dos fundo, do incumprimento
dos objectivos defendidos pelo programa, a ausência da monitoria dos projectos financiados por parte
da CTD por falta de meios e, por fim, a ausência de postos de trabalhos propostos a serem criados nos
projectos visitados.

Henrique, Ivan - Membro da Comissão Técnica de Avaliação de Projectos. Entrevistado no dia 19 de Fevereiro de 2021
46

no Distrito Municipal KaMavota.


45
O gráfico abaixo explica a distribuição percentual das respostas dos beneficiários no que concerne à
contribuição que o PERPU teve para os mesmos:

Gráfico 5: Opinião dos Beneficiários Quanto ao Contributo do PERPU no DM KM

Melhorou minhas condicoes de vida 6.90%


Melhorou as condicoes da familia 41.80%
Permitiu criar novos empregos 23.20%
Permitiu criar o auto-emprego 12.2%
Permitiu desenvolver o Bairro/Distrito 2%
Melhorou as condicoes de trabalho 9.30%
Nao teve nenhuma contribuicao 4.60%

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Dessa análise, pode se deduzir que a maioria dos beneficiários asseverou que efectivamente o PERPU
melhorou as condições de vida de suas famílias e, simultaneamente, permitiu a criação de novos
empregos.

Contudo, tal como pressupõe a Teoria Keynesiana, o Estado procura sempre o bem-estar económico
e social para toda a sociedade e tenta redistribuir as rendas para o beneficio dos próprios
participantes do processo de produção. Daí que, torna-se válida a hipótese referente a
implementação do PERPU impactar positivamente sobre a redução da pobreza urbana no DM
KM através da criação de novos postos de emprego e financiamento de projectos de
desenvolvimento comunitário.

4.5. Desafios do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbanana Geração de


Emprego no Distrito Municipal KaMavota

Relativamente aos desafios, importa referir que dos beneficiários entrevistados alguns se depararam
com obstáculos de vária ordem para a aprovação de seus projectos, dentre eles: os documentos
exigidos, a demora para a aprovação dos projectos e a falta de domínio do que era necessário no
projecto para o mesmo ser aprovado. Contudo, o maior obstáculo foi a demora para o projecto ser

46
aprovado, devido à concorrência, isto é, houve uma excessiva demanda pelo fundo do PERPU no
DM KM, o que influenciou na demora.

Gráfico 6: Desafios na Implementação do PERPU no Distrito Municipal KaMavota

Documentos exigidos 7.% Falta de domínio do conteúdo do projecto


3%
Nenhuma dificuldade 38% Demora para o projecto ser aprovado
59%

Fonte: Dados da Pesquisa (2021).

Como se pode observar no gráfico acima, 38% disseram não ter encarado nenhuma dificuldade, 7%
reclamaram dos documentos exigidos, 3% alegaram haver falta de domínio do conteúdo do projecto.
Entretanto, nem todos os beneficiários se depararam com dificuldades para a aprovação dos projectos
(59%), a título de exemplo, a mutuária Cossa (2021) 47, pronunciou-se nos seguintes moldes: “Não tive
dificuldades, porque a Comissão Técnica do Bairro ajudou na elaboração do projecto”.

Pelo exposto, pode se perceber certa colaboração a nível dos bairros para a elaboração dos projectos.

No que diz respeito a avaliação do PERPU, Miguel (2021)48pronunciou-se nos seguintes moldes: “O
dinheiro ajudou muito na machamba, para comprar novo material, para pagar trabalhadores e para
comprar sementes”.

Todavia, é possível notar que o DM KM divulga e promove acções de advocacia em prol do PERPU.
Assim torna-se inválida a hipótese segundo a qual, a falta de conhecimento dos munícipes e a
insustentabilidade das estratégias, dificulta a implementação do PERPU no DMKM.

47
Cossa, Carolina – beneficiária residente no bairro de Hulene "B" , e proprietária de um projecto de avicultura
(pecuária).
48
Miguel, Felício - beneficiário residente no bairro de Albazine, e proprietária de um projecto de agricultura.
47
4.5.1. Situação do Reembolso do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana no
Distrito Municipal KaMavota no período de 2014 à 2017

Desde o início da implementação do programa na Cidade de Maputo que data em 30 de Abril de


2011 até 31 de Dezembro de 2014, os mutuários do fundo do PERPU 2011-2014 reembolsaram
4.049.952.07 meticais, valor correspondente a 20% do total de reembolsos planificados para este
período que era de 8.327.132.60 meticais. A segunda edição (2012) da implementação do programa
apresenta a maior taxa de reembolsos com 30%, enquanto, a terceira edição (2013) com 18%
apresenta a taxa de reembolso mais baixa. Durante o ano de 2014, foram reembolsados 1.907.000.00
meticais. Neste período, registou-se um aumento da taxa, em cerca de 35% em relação ao ano de
2017 que registou a taxa de reembolso mais baixa com cerca de 15%.

A tabela abaixo faz uma descrição daquilo que foi o valor planificado e o reembolso.

Tabela 4: Reembolso do PERPU 2014 - 2017 no Distrito Municipal KaMavota

Ano Planificado Reembolsado %


2014 2,398,000.00 1,907,000.00 35%
2015 9,192,000.00 1,637,000.00 28%
2016 9,016,000.00 1,156,583.00 18.83%
2017 9,016,000.00 729,954.92 15%

Fonte: Elaborado pelo autor compilado dos dados obtidos no DM KM (2021).

Da pesquisa feita junto dos beneficiários envolvidos, concluiu-se que o auto-emprego configura-se
predominante ocupando cerca de 80%49 nos projectos visitados e isso decorre pelo facto de termos
encontrado os próprios beneficiários a exercer as actividades sem ninguém para os ajudar, ou seja, sem
nenhum empregado mesmo tendo proposto no seu projecto criar alguns postos de trabalho, tal como
aconteceu com Manhice (2021), proprietário de um projecto de pecuária e residente no bairro de
Mahotas que obteve o financiamento de 50.000.00 Mts em 2014 e no seu projecto propôs criar cinco
(5) postos de trabalho, questionado sobre o facto respondeu o seguinte: “Obtive o financiamento em
2014, continuo desenvolvendo a minha actividade, e no projecto propus a criação de cinco (5) postos de
49
80% Porque foi encontrado no bairro Mavalane “B”, Ferroviário e Albazine casos de projectos falidos envolvendo
beneficiários individuais e associações, tal como a associação Khurula, o projecto das Sras. Ruth Latim, Graça Januário,
ambos do bairro Mavalane “B”, são alguns exemplos de projectos falidos.
48
trabalho, mas até hoje (data da entrevista: 05 de Janeiro de 2021) ainda não consegui criar emprego por
vários motivos (…)”

Um outro tipo de trabalho que predomina em baixa percentagem que foi notório em alguns projectos
visitados é o trabalho ocasional, em que os beneficiários contratam indivíduos para desempenhar alguns
trabalhos diários cujo pagamento é efectuado após a conclusão do trabalho, tal como afirma Arcanjo
(2021)50que desenvolve a actividade agrícola residente no bairro da Costa do Sol que obteve o
financiamento de 50.000.00Mts: “O meu projecto previa a criação de dois (2) postos de trabalho, mas
não os criei, eu apenas contratava pessoas para fazer trabalhos diários na minha machamba e recebiam
após a conclusão dos mesmos (…)”

Entretanto, da pesquisa realizada nos bairros envolvidos junto dos beneficiários foram encontrados duas
categorias de trabalhos, o auto-emprego que configurou-se o trabalho predominante em todos projectos
visitados e o trabalho ocasional encontrado nos mutuários que desenvolvem a actividade agrícola, e
questionados sobre os motivos que contribuíram para o incumprimento dos objectivos defendidos pelo
programa, isto é, a geração de postos de trabalhos, os factores apresentados são vários que resumem-se
em:
 Fraca rentabilidade dos projectos; a falta de mercados no distrito para a implementação dos
projectos; a concorrência nos poucos mercados existentes; elevados custos para a aquisição de
matéria-prima;
 A falta de espaços próprios para a instalação dos estabelecimentos, o que de certa forma acaba
contribuindo para o arrendamento de estabelecimentos para a implementação dos seus projectos
elevando cada vez mais os custos.
Face aos factores acima mencionados, conclui-se que deles resulta o baixo nível de reembolso,
tornando o programa não cíclico.

50
Arcanjo, Filomena – um caso de sucesso.
49
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Conclusão

Com a presente pesquisa pretendeu-se analisar o Impacto da Implementação das Políticas Públicas na
Geração de Empregos: Caso do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana no Distrito
Municipal KaMavota no período 2014 à 2017. Com base nos dados obtidos no estudo de caso, foi
possível chegar a seguinte conclusão: com a implementação do PERPU a nível do DM KM registou-se
um aumento significativo no que diz respeito ao desenvolvimento local, visto que, com base neste
programa foi possível desenvolver actividades de geração de rendimento, que muitas vezes culminaram
com a criação de novos postos de emprego.

Portanto, a redução da pobreza urbana, não é um assunto superficial, pois trata-se de um fenómeno que
envolve uma sequência de transformações, que vai desde o acesso aos serviços básicos, a educação,
saúde, habitação e saneamento.

Assim sendo o Município possuindo órgãos representativos próprios que são eleitos pela população
residente na sua circunscrição territorial, ele visa prosseguir o interesse colectivo, promovendo o
desenvolvimento económico local e social, proporcionando um ambiente higiénico e saudável.

Foram igualmente identificados desafios relacionados com a aprovação dos projectos, dentre eles: os
documentos exigidos, a demora para a aprovação dos projectos e a falta de domínio do que era
necessário no projecto para o mesmo ser aprovado.

Recomendações

Da realização da seguinte pesquisa decorrem as seguintes recomendações aos Técnicos


Administrativos do DM KM ligados ao PERPU e à Comissão Técnica de Avaliação de Projectos:

 Recomenda-se que os técnicos administrativos melhorem as formas de divulgação dos programas


de redução da pobreza para que se consiga abranger maior número da população;
 Recomenda-se que se crie mecanismos de forma a sensibilizar aos mutuários para que estes tenham
a consciência de que o fundo deve ser reembolsado de modo que mais cidadãos possam se

50
beneficiar dos mesmos;
 Recomenda-se que a Comissão Técnica de Avaliação de Projectos passe a adoptar estratégias de
modo que mais jovens possam aderir e serem financiados pelo fundo do PERPU, visto que estes
constituem o grupo-alvo do programa;
 Garantir a formação dos beneficiários em matérias de gestão, contribuindo para a boa gestão dos
fundos financiados.

51
REFERÊNCIAS

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b) Documentos Oficiais

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República de Moçambique, (2010), Programa Quinquenal do Governo para o ano 2010-2014,


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c) Artigos de Revista Científica

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d) Monografias e Dissertações

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Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana (PERPU): Caso do Município da Matola no período
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Muzzi, Débora, (2014), Tipologias das políticas Publicas: uma proposta de extensão do modelo Lowi,
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http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/índex.php/rap/article/viewfile/8095/6917. Consultado em 6 de
Dezembro de 2020.

f) Fontes Primárias
Halage, Lúcia ˗ Membro da Comissão Técnica de Aprovação de Projectos. Entrevistado no dia 18 de
Fevereiro de 2021 no Distrito Municipal KaMavota.

Henrique, Ivan ˗ Membro da Comissão Técnica de Avaliação de Projectos. Entrevistado no dia 19 de


Fevereiro de 2021 no Distrito Municipal KaMavota.

Langa, Margarida ˗ Técnica Administrativa ligada ao PERPU. Entrevistado no dia 02 de Fevereiro de


2021 no Distrito Municipal KaMavota.

Mabota, Ludmilo ˗ Membro da Comissão Técnica de Avaliação de projectos. Entrevistado no dia 02


de Fevereiro de 2021 no Distrito Municipal KaMavota.

Malembe, João ˗ Técnico Administrativo ligado ao PERPU. Entrevistado no dia 15 de Fevereiro de


2021 no Distrito Municipal KaMavota.

Mului, Aurélio Carlos ˗ Técnico Administrativo ligado ao PERPU. Entrevistado no dia 05 de Fevereiro
de 2021 no Distrito Municipal KaMavota.

Zandamela, Orlando ˗ Membro da Comissão Técnica de Avaliação de projectos. Entrevistado no dia


02 de Fevereiro de 2021 no Distrito Municipal KaMavota.

59
APÊNDICES

Apêndice 1: Questionário dirigido aos Técnicos Administrativos (ligados ao PERPU) do DM KM.

Apêndice 2: Guião de Entrevista dirigido aos Funcionários da Comissão Técnica de Avaliação de


Projectos do DM KM.

Apêndice 3: Questionário dirigido aos Beneficiários do PERPU do DM KM.


Apêndice 1: Questionário dirigido aos Técnicos Administrativos (ligados ao PERPU) do DM KM.

Escola Superior de Governação

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Questionário

Nome do (a) entrevistado (a)


O presente questionário é dirigido aos Técnicos Administrativos (ligados ao PERPU) do Distrito Municipal KaM
Função e/ou cargo

Data da entrevista

É importante referir que, a presente entrevista destina-se a fins extremamente académicos, asseguro que, tudo o
1. Que critérios são exigidos pelo Distrito Municipal KaMavota para que um munícipe seja

beneficiário do fundo do PERPU?

2. Quais são os mecanismos da implementação do PERPU para a geração de emprego no

Distrito Municipal KaMavota?

3. Existe alguma taxa de juro que é aplicada?

4. Para além do financiamento do fundo do PERPU, quais são as outras fontes de

financiamento?

5. Durante o período de 2011 – 2014 quantos munícipes foram beneficiados pelo fundo do

PERPU?

6. Antes da implementação do PERPU quais eram os desafios enfrentados pelo Distrito

Municipal KaMavota para a geração de emprego?

7. Quais são os desafios na implementação do PERPU?


8. Após a sua implementação houve alguma mudança?

9. Qual é o papel do Distrito Municipal KaMavota no combate a pobreza urbana?

10. Quais foram os impactos e os resultados alcançados pelo Distrito Municipal

KaMavota na redução da pobreza urbana no âmbito da implementação do PERPU?

11. Gostaria de acrescentar algo?

Muito obrigado pela atenção!

Nome do Pesquisador: Jaimito Cristóvão Nhacatete

Curso: Licenciatura em Administração Pública

Instituição: Universidade Joaquim Chissano

Email: Jaimito.nhacatete@gmail.com

Contacto: +258 844 095 207 / +258 820 212 109


Apêndice 2: Guião de Entrevista dirigido aos Funcionários da Comissão Técnica de Avaliação de
Projectos do DM KM.

Escola Superior de Governação

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Guião de Entrevista

O presente Guião de Entrevista é dirigido aos Funcionários da Comissão Técnica de Aprovação de Projectos do

É importante referir que, a presente entrevista destina-se a fins extremamente académicos, asseguro que, tudo o
Nome do (a) entrevistado (a)

Função e/ou cargo

Data da entrevista

1. Que critérios as Comissões Técnicas de Avaliação dos Projectos usam para seleccionar os
pobres economicamente activos?
2. Quais são as formas de avaliação dos projectos e como é feita a monitoria da implementação
dos mesmos?
3. Quais as actividades de maior impacto desenvolvidas por beneficiárias do fundo do PERPU?
4. Quais são os principais constrangimentos para o não reembolso do fundo em tempo acordado?
5. Ao nível dos bairros, entre o grupo de mulheres e de homens qual é o que mais procura
financiamento dos fundos do PERPU e qual é o grupo que mais tem sido financiadora?

Muito obrigado pela atenção!

Nome do Pesquisador: Jaimito Cristóvão Nhacatete

Curso: Licenciatura em Administração Pública

Instituição: Universidade Joaquim Chissano

Email: Jaimito.nhacatete@gmail.com

Contacto: +258 844 095 207 / +258 820 212 109


Apêndice 3: Questionário dirigido aos Beneficiários do PERPU do DM KM.

Escola Superior de Governação

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Questionário

O presente questionário é dirigido aos Beneficiários do PERPU do Distrito Municipal KaMavota e tem em vista

É importante referir que, a presente entrevista destina-se a fins extremamente académicos, asseguro que, tudo o

Dados Pessoais:

Nome:
Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) Idade ( )

Residência:

Localidade ; Bairro_

Nível de Escolaridade:

Primário ( ) Básico ( ) Médio ( ) Superior ( )

Profissão

1. Já ouviu falar da existência do Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana


(PERPU)?
a) Sim ( ) b) Não ( )
Obs:

2. Já beneficiou-se desse programa (PERPU)? Quantas vezes?


3. Sim / (Vezes) b)Não .

4. Acha que esse programa (PERPU) trouxe melhorias de vida da sociedade?

Se sim, quais são?


5. No seu entender, a implementação do PERPU contribuiu para a redução da pobreza e a
criação de novos postos de emprego?
a) Sim ( ) b) Não ( )

Por quê?

6. Que desafios aponta na implementação do PERPU?

7. Qual é o seu ponto de vista em relação a implementação do PERPU?

Muito obrigado pela atenção!


Nome do Pesquisador: Jaimito Cristóvão Nhacatete

Curso: Licenciatura em Administração Pública

Instituição: Universidade Joaquim Chissano

Email: Jaimito.nhacatete@gmail.com

Contacto: +258 844 095 207 / +258 820 212 109

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