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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

_____________________________________________

FACULDADE DE ECONOMIA
Departamento de Gestão

Licenciatura em Gestão Regime: Pós-laboral

Finanças Publicas

Tema: Orçamento Participativo:

Discente : Afito Waite


Hermenegildo João
Iria Martins
Jafete Marquel
Maria Quibe
Docentes
Simeão Nhabinde
Arnaldo Nhabinde
Valter Manjate

Maputo, Marco 2021


OP March 20, 20 21

Indice
1 Breve introdução ......................................................................................................... 4
1.1 Contextualização .................................................................................................. 4

1.2 Objectivos ............................................................................................................ 4

1.2.1 Objectivo geral ............................................................................................. 4

1.2.2 Objectivos especificos .................................................................................. 4

1.3 Justificativa .......................................................................................................... 5

1.4 Problematização ................................................................................................... 5

2 Conceitos básicos ........................................................................................................ 6


2.1 Descentralização .................................................................................................. 6

2.2 Poder Local .......................................................................................................... 6

2.2.1 Local ............................................................................................................. 6

2.2.2 Poder Local ................................................................................................... 6

2.2.3 Autarquias Locais ......................................................................................... 7

2.2.4 Município...................................................................................................... 7

2.2.5 Conceito da Comunidade.............................................................................. 7

2.3 Orçamento Participativo ...................................................................................... 7

2.4 Orçamento ............................................................................................................ 8

2.4.1 Participação .................................................................................................. 8

2.4.2 Orçamento Participativo ............................................................................... 8

2.5 Nível e forma de participação .............................................................................. 8

2.6 Factores-chave do orçamento participativo ......................................................... 9

2.7 Objectivo do orçamento participativo .................................................................. 9

2.8 Importância do orçamento participativo ............................................................ 10

2.9 Vantagens do orçamento participativo............................................................... 10

2.10 Orçamento participativo como estrutura de participação dos cidadãos ............. 11

2.11 Príncipios que devem vigorar nos processos do orçamento participativo a nível
dos Municípios ..................................................................................................................... 12

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2.12 Processo do orçamento participativo no contexto do desenvolvimento local ... 12

2.12.1 Primeira Fase: Preparação do Processo ...................................................... 12

2.12.2 Segunda Fase: Divulgação e Mobilização Pública ..................................... 12

2.12.3 Terceira Fase: Definição de Projectos Prioritários ..................................... 13

2.12.4 Quarta Fase: Análise e Validação de Projectos .......................................... 13

2.12.5 Quinta Fase: Aprovação do Plano e Orçamento ......................................... 13

2.12.6 Sexta Fase: Execução e Monitorização do projecto ................................... 13

2.12.7 Sétima Fase: Entrega dos Projectos ............................................................ 14

2.12.8 Oitava Fase: Avaliação Global do Processo ............................................... 14

3 Caracterização do Município da Cidade de Maputo ................................................. 14


3.1 Estrutura Orgânica Do Cmm ............................................................................. 15

3.1.1 Quadro Orçamental Do CMM .................................................................... 16

3.2 Ciclos Do Orçamento Participativo ................................................................... 16

3.2.1 Fase 1. Preparação do Processo .................................................................. 16

3.2.2 Fase 2. Divulgação e mobilização pública ................................................. 16

3.2.3 Fase 3. Definição de projectos prioritários ................................................. 17

3.2.4 Fase 4. Análise e validação técnica ............................................................ 17

3.2.5 Fase 5. Aprovação do Plano e Orçamento .................................................. 17

3.2.6 Fase 6. Avaliação global do processo ......................................................... 17

3.3 Ciclo de Execução Orçamental do OP ............................................................... 18

3.3.1 Fase 1. Preparação dos projectos ................................................................ 18

3.3.2 Fase 2. Abertura dos concursos e contratualização .................................... 18

3.3.3 Fase 3. Execução dos projectos .................................................................. 18

3.3.4 Fase 4. Entrega dos projectos ..................................................................... 19

3.3.5 Fase 5. Avaliação global ............................................................................. 19

4 Conclusão .................................................................................................................. 20
5 Referências bibliográficas ......................................................................................... 21

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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1 Breve introdução
O presente capítulo preconiza logo a prior, uma breve contextualização do tema que
termina com a sua enunciação, de seguida a sua delimitação temporal e espacial, a justificativa
(a pertinência científica teórica e prática), a problematização, os objectivos (geral e específicos)
subjacentes a ele e por fim teremos as perguntas de pesquisa e a estrutura da estrutura do
presente ensaio.

1.1 Contextualização
Actualmente, a maioria dos países de regimes democráticos, como é o caso de
Moçambique vêm buscando mecanismos de incentivo à participação dos cidadãos na tomada
de medidas para solução das necessidades locais através da descentralização, (Dias, 2015
& Nguenha, 2009). No entanto, a descentralização democrática ou devolução aos municípios,
cede a autoridade de decisão e influência as instituições eleitas democraticamente garantindo
de forma mais directa o acesso do cidadão ao processo decisório local, através de mecanismos
de participação, dentre eles o orçamento participativo que doravante passaremos a designar por
(OP).

Importa clarificar que este processo é visto como uma gestão partilhada, isto é, a
gestão dos municípios passa a ser partilhada entre a comunidade e os gestores públicos,
entretanto a planificação do desenvolvimento dos municípios, a definição das prioridades
e as necessidades que a comunidade tem, passa a ser definida em processo participativo,
isto é, a comunidade acompanha o financiamento, fiscaliza a execução das actividades
municipais

1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo geral
• Analisar o Orçamento Participativo no Contexto do Desenvolvimento do Município da
Cidade de Maputo no período de 2012 à 2018.

1.2.2 Objectivos especificos


• Descrever o processo de orçamento participativo no município da Cidade de Maputo;
• Perceber o grau de cooperação entre a comunidade e o município da Cidade de Maputo
no processo do orçamento participativo;

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• Compreender o contributo do orçamento participativo no desenvolvimento do


município da Cidade de Maputo;

1.3 Justificativa
O desejo em desenvolver este tema, nasce de algumas curiosidades, que abordam assuntos
tais como a descentralização administrativa, gestão participativa. Deve-se ainda ao facto de o
orçamento participativo ser o processo que pode levar ao desenvolvimento local, através da
participação da comunidade nos debates que o município tem feito para a definição de
prioridades, entretanto, importa ressaltar que, ao se implementarem essas prioridades melhora-
se a qualidade de vida da comunidade

1.4 Problematização
Orçamento participativo (OP) é um dos processos que garante a forma mais directa de
acesso da comunidade ao processo decisório local, é neste âmbito que um dos principais
objectivos é aproximação do cidadão na tomada de decisões e na definição de prioridades,
(Nguenha, 2009). Ė nessa óptica que OP deve ser visto como uma nova forma de governação
baseada, não apenas, na participação directa dos cidadãos, em amplos processos de consulta ou
decisão partilhada, mas, particularmente, na definição de prioridades de investimentos do
orçamento participativo municipal.

Ao nível das autarquias o OP é usado para modificar as estruturas sociais, conforme


as necessidades da comunidade, constituindo assim a base de desenvolvimento local, e
uma metodologia que estimula a participação da comunidade na discussão, e
implementação de programas do desenvolvimento local.

Um dos incovenientes que se verifica é que a governação participativa municipal


apresenta défices na comunição com os munícipes, entretanto, é pouco profundo para uma
governação local que se pretende, isto é, uma governação em que a comunidade seja
capaz de exigir o não cumprimento e fiscalizar o cumprimento do orçamento participativo,
e dessa forma promover o desenvolvimento local.

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CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2 Conceitos básicos
2.1 Descentralização
Araújo (2005, citado em Passos, 2005) define descentralização como sendo pessoas
jurídicas distintas, sem vínculo de subordinação de uma perante a outra.

Na visão de Apase (2004, citado em Passos, 2005), descentralização consiste na


transferência de poder, do governo central para o governo local, este último se
responsabilizará pela gestão de politicas públicas locais.Contudo, conclui-se que a
descentralização é a transferência de poder decisório para os orgãos locais da administração,
entretanto, os orgãos locais tem autonomia para formular politicas locais, estabelecendo as suas
prioridades.

2.2 Poder Local


Antes de se definir o conceito de poder local, vai-se primeiro procurar entender o que é
local.

2.2.1 Local
Segundo Zavale (2011, p.28), local “associa-se á ideia do lugar geográfico do
mundo, a um espaço mais pequeno do que adimensão global, nacional, regional, onde
contracenam diversas relações sócioculturais, politicas, económicas”.

Pena (2016) define o local como sendo um sitio em que uma determinada pessoa
possui certa familiaridade ou intimidade, como uma rua, uma praça ou a própria casa.

Depois de ter discutido os conceitos acima referenciados pode se concluir que, local torna-
se uma realidade, a partir da convivência, familiaridade com o mesmo, visto que as actividades
sociais realizam-se no local onde estão inseridas.

2.2.2 Poder Local


Para Zavale (2011), o poder local deve ser definido como o poder atribuido, exercido nos
termos da lei, ao nível das comunidades locais, através de orgãos descentralizados, de
instituições organizadas tradicionalmente.

Por outro lado Zavale (2011, p.35), define poder local como sendo “a necessidade
que as populações de um determinado território, têm de auto-administrarem e gerirem,

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autonomamente, os interesses próprios e comuns”. De acordo com o artigo 272, número 1 da


CRM (2004), o poder local compreende a existência de autarquias locais.

Depois de ter discutido os conceitos acima referenciados conclui-se que o poder local é
o poder que os chefes locais tem exercido, de tomar decisões para o bem da comunidade ou
para o bem comum. Ė nesse contexto que iremos abordar em seguida o conceito de autarquias
locais.

2.2.3 Autarquias Locais


De acordo com o artigo 1, número 2, da lei nᵒ 2/97 autarquias locais “são pessoas
colectivas públicas dotadas de orgãos representativos próprios que visam a prossecução dos
interesses das populações respectivas sem prejuizo dos interesses nacionais e da participação
do Estado”.

Na vertente de Louro (2014, p.1), autarquias locais “são instituições públicas onde
existe uma grande interação entre o Estado e o cidadão, nesse sentido, as instituições
autárquicas devem empenhar-se na qualidade de prestação dos serviços públicos, através da
procura de uma melhoria contínua na prestação de serviços”.

2.2.4 Município
Na óptica de Moreno (2013, p.20), município é definido como “pessoas, entidades
territoriais colectivas, como órgão representativo (deliberativo e executivo) emanado das
suas respectivas populações, dotado de autonomia administrativa, financeira, patrimonial,
normativa e organizativa, e que define os interesses das suas populações”

2.2.5 Conceito da Comunidade


Lemos (2009, p.3) define comunidade como sendo “unidades sociais que variam de
aldeias, conjuntos habitacionais e vizinhanças até grupos étnicos, nações e organizações
internacionais”. Sustenta Bottomore (1996, p.115), que a comunidade “geralmente indica
um grupo de pessoas dentro de uma área geográfica limitada, que interagem dentro de
instituições comuns e que possuem um senso comum de dependência e integração”.

2.3 Orçamento Participativo


Para melhor compreenção do orçamento participativo, primeiro definiu-se o orçamento,
Participação, o orçamento participativo, nível e forma de participação no contexto do
desenvolvimento local, Factores-chave do orçamento participativo no contexto do
desenvolvimento local.
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2.4 Orçamento
Angélico (1995, p.19, citado em Vieira, 2011, p.5), define o orçamento “como um
plenejamento de aplicação de recursos esperados, em programas de custeios, inversões e
tranferência durante um período financeiro”.

Portanto Figueiredo e Caggiano (2004), definem o orçamento como sendo um


norteador direcional que deve ser seguido pelos gestores, em busca do alcançe dos
objectivos organizacionais ou municipais.

2.4.1 Participação
Na concepção de Grosselli e Mezzaroba (2011), a participação é vista como forma,
acções colectivas ou individuais, de apoio ou de pressão, que são direcionadas a seleccionar
governos e a influênciar as decisões tomadas por eles.

Por um lado Lousão (2009), diz que participação é uma forma de distinguir as
dificuldades que afligem os cidadãos, isto é, uma forma de identificação de problemas e
formulação de propostas.

2.4.2 Orçamento Participativo


De acordo com Carvalho (2008), o orçamento participativo (OP) é uma das práticas
da gestão democrática das cidades, os quais se dão através da participação da população nos
processos de elaboração e execucão orçamentária dos projectos da comunidade.

Por um lado Azevedo (1994, p.44), define o OP como sendo “um mecanismo
governamental da democrácia participativa que permite aos cidadãos influênciar ou decidir
sobre o orçamento público, geralmente o orçamento de investimentos municipais, através
de processos da participação da comunidade”.

2.5 Nível e forma de participação


De acordo com o Decreto n.ᵒ 51/2004 de 1 de Dezembro o município da Cidade de
Maputo pertence oas municípios de nível “C”, que dividem-se em postos administrativos
e estes em bairros municipais. Na óptica de Nguenha (2009), quanto a forma de participação
o município deve-se dividir em regiões de planificação, juntando bairros com
características semelhantes, mas os níveis de organização territorial imediatamente
superiores, localidades, postos administrativos e distritos municipais, ao nível de
participação mais inferior, seja o bairro ou conjunto de bairros ou mesmo grupos de
interesse, os cidadãos devem ter a possibilidade de participar directamente no processo.
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2.6 Factores-chave do orçamento participativo


Nesse contexto Macuácua, Malaire e Santos (2014), mostram factores que podem ser
relevantes para o sucesso da orçamentação participativa que retiraram apartir de experiência,
factores como:

• Vontade Política: a orçamentação participativa depende do comprometimento de


actores relevantes no processo, tais como as lideranças municipais desde o
Presidente do Conselho Municipal, Vereadores, Membros da Assembleia Municipal,
Equipas Sectoriais, incluindo organizações comunitárias, parceiros locais, pois
garantem a aprovação das normas, regulamentos, instrumentos orientadores e o
cumprimento de planos do processo.
• Participação Activa dos Cidadãos: tornar real e produtivo o envolvimento das
comunidades locais, nos seus diversos segmentos sociais, exemplo: jovens,
mulheres.comerciantes, informais, no processo de tomada de decisões sobre as suas
necessidades.
• Capacidade Técnica e Humana: assegurar que o quadro técnico municipal e as
comunidades tenham o domínio dos aspectos essênciais sobre o processo.
• Ampla divulgação da informação : assegurar que tanto os técnicos municipais
como os munícipes tenham o conhecimento suficiente do processo da orçamentação
participativa e suas regras, incluindo a informação sobre as datas, locais de reuniões,
montantes, fontes de financiamento.
• Definição e partilha antecipada das regras do processo: a orçamentação
participativa depende significativamente da clareza dos aspectos determinantes, como
o orçamento de investimento disponível, as fases do processo, períodos de execução
dos projectos.
• Capacidade de mobilização de receitas próprias : a efectiva implementação dos
projectos seleccionados e aprovados pelas comunidades depende dos recursos
financeiros próprios do governo municipal. Neste sentido, exige-se que o município
defina com maior precisão possível as fontes de receitas e melhor a sua capacidade
de mobilização de receitas próprias.

2.7 Objectivo do orçamento participativo


No entanto Dias (2014, p.24), afirma que o objectivo principal do OP “é criar um
espaço de convivência democrática pautado pelo debate político e pela tomada de decisões

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sobre a alocação de recursos públicos em prol do desenvolvimento municipal”. Para o


alcançe dos objectivos do OP deve-se preconizar o seguinte, (Dias, 2014):

• Estimular, a participação dos munícipes na vida política da cidade e na


identificação e resolução dos problemas locais auscultando as suas
preocupações e prioridades a partir dos bairros;
• Permitir que os munícipes decidam, juntamente com o Conselho Municipal,
sobre os investimentos identificados através do processo participativo;
• Coordenar com as organizações de base a mobilização dos munícipes na
participação nos processos de orçamento participativo;
• Consolidar uma nova lógica de distribuição de recursos públicos, com prioridade
para os bairros mais carentes, e fortalecer a solidariedade e a cooperação entre os
vários grupos sociais participantes.

2.8 Importância do orçamento participativo


Entretanto Macuácua, Malaire e Santos (2014), mostram a importância do OP da seguinte
forma:

O orçamento participativo é importante porque aumenta a transparência na administração


pública e o controle social sobre os gastos públicos e a gestão da cidade, o OP incentiva os
processos de modernização administrativa e alimenta o processo de planeamento estratégico
do município. A adopção do orçamento participativo como instrumento de planeamento e
gestão ajuda a criar uma cultura democrática na estrutura administrativa, ao mesmo tempo
em que contribui no desenvolvimento do aprendizado colectivo e a formação do cidadão
sobre problemas que envolvem a cidade e sobre formas associativas de influênciar na
construção de políticas públicas (p. 9).

2.9 Vantagens do orçamento participativo


Macuácua, Malaire e Santos (2014, p. 16) trazem as vantagens do OP, da seguinte
forma “no processo da orçamentação participativa, o governo municipal, os cidadãos e
as diferentes organizações locais (comunitárias, sector privado e sociedade civil) têm
motivações diferentes para apoiar ou opor-se ao processo”.

• Ao Município: promove uma maior transparência na alocação e na distribuição


de recursos públicos pelos bairros, sectores, áreas municipais, aumenta a confiança
e legitimidade da actuação do conselho municipal, assegura uma maior participação

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nas decisões tomadas em prol do desenvolvimento local, permite o reconhecimento


e valorização das organizações comunitárias de base no processo de governação local;
• Ao Munícipe: aprofunda a sua participação na identificação e solução dos problemas
da sua comunidade, possibilita o seu envolvimento mais activo e determinante nas
decisões sobre os investimentos públicos prioritários;
• Ao Presidente do Conselho Municipal: assegura maior confiança e aproximação
com o seu eleitorado, torna mais credíveis as suas medidas e acções com vista
ao desenvolvimento municipal, torna as sessões de auscultações públicas nos bairros
um mecanismo credível para a governação municipal.
• Aos Vereadores, Técnicos: aumenta a transparência das suas decisões e melhora o
alcance dos propósitos da tomada de tais decisões, possibilita o desenvolvimento
da capacidade técnica sobre os processos de gestão municipal participativa, garante
a coordenação e complementaridade das medidas sectoriais na resposta às
preocupações dos munícipes;
• À Assembleia Municipal: facilita o processo de deliberação sobre as medidas
inerentes aos investimentos públicos municipais, complementa o exercício da monitoria,
supervisão sobre a governação municipal, facilita a sua interação com os munícipes.

2.10 Orçamento participativo como estrutura de participação dos cidadãos


De acordo com Macuácua, Malaire e Santos (2014), o orçamento Participativo
constitui uma estrutura de participação dos cidadãos com base em mecanismos e critérios
abrangentes localmente, tais como:

• Participação directa dos cidadãos locais, nas suas diversas formas de organização;
• Definição de prioridades do investimento público, respeitando as reais necessidades dos
munícipes;
• Um debate aberto sobre o orçamento disponível para o financiamento do
investimento público acordado;
• Ser um processo continuado e repetido ao longo dos anos, para sua consolidação
e apropriação pelos intervenientes;
• Garantir publicamente a prestação de contas, para o conhecimento dos munícipes sobre
os resultados do processo.

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2.11 Príncipios que devem vigorar nos processos do orçamento participativo a nível dos
Municípios
Segundo Dias (2014), existem seis princípios que devem vigorar nos processos de OP a nível
dos Municípios:

• O município deve definir anualmente, e antes de iniciar a auscultação dos munícipes,


o montante do orçamento municipal a atribuir ao OP;
• Os projectos do OP a financiar integralmente com esse montante serão propostos
e priorizados pelos munícipes ao nível dos bairros;
• As reuniões de auscultação e priorização a realizar nas comunidades devem ser abertas
a todos as pessoas interessadas, cabendo ao município assegurar uma ampla divulgação;
• O OP é uma prática continuada, desenvolvida anualmente;
• O processo deverá assegurar o envolvimento dos munícipes no acompanhamento
da execução dos projectos, através de uma estratégia de monitorização participativa;
• O município respeitará a decisão dos participantes, cabimentará os projectos
vencedores do OP na sua proposta de orçamento e assegurará a execução dos mesmos.

2.12 Processo do orçamento participativo no contexto do desenvolvimento local


Segundo Dias (2015, p.27), “as fases do processo do orçamento participativo são
Preparação do processo, Divulgação Mobilização Pública,

Definição dos Projectos Prioritários; Análise e Validação dos Projectos, Aprovação do


Plano e Orçamento, Execução do Projectos, Entrega dos Projectos a Comunidade e Avaliação
Global do Processo.

2.12.1 Primeira Fase: Preparação do Processo


De acordo co Dias (2015), esta fase inicial faz-se uma revisão da metodologia, isto é, uma
análise dos resultados obtidos no OP anterior e proceder os ajustes necessários, definição
orçamental e territórial, definição do valor orçamental a atribuir ao OP e os bairros a serem
contemplados.

2.12.2 Segunda Fase: Divulgação e Mobilização Pública


Esta fase consiste em, assegurar a realização de acções de informação sobre o OP
dirigidas a diferentes grupos tais como: distritos municipais, associações, organizações
da sociedade civil, rádios comunitárias, universidades, internet, de salientar que, nesta
fase de divulgação e mobilização pública, os chefes locais tem o papel de fazer chegar a

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informação a comunidade, relacionada com adata, hora, local em que a reunião irá decorrer,
de forma a ampliar acapacidade de mobilização dos munícipes para a participação nas reuniões
dos bairros, (Dias, 2015).

2.12.3 Terceira Fase: Definição de Projectos Prioritários


Segundo Dias (2015), esta fase, é definida as sessões de auscultação dos munícipes, os
bairros a serem contemplados pelo OP são destinados a definir os projectos concretos a
serem encaminhados para a análise técnica dos serviços municipais, pois, as sessões públicas
nos bairros tem como objectivo a auscultação da população dos bairros municipais de modo a
conhecer as suas necessidades e eleger o projecto prioritário do bairro.

2.12.4 Quarta Fase: Análise e Validação de Projectos


Importa referir que, na análise técnica debruça-se sobre os projectos prioritários definidos
ao nível de cada bairro, seguindo rigorosamente a hierarquização feita pelos munícipes,
dentro do máximo a atribuir a cada bairro, a equipa de análise técnica deverá começar
pelo primeiro projecto prioritário de cada bairro, a eventual análise do segundo ou restantes
projectos prioritários só poderá ter lugar no caso do primeiro projecto não reunir as
condições de elegibilidade definidas no regulamento devidamente justificadas, ou no caso da
verba atribuída a cada bairro permitir financiar mais do que um projecto, entretanto, este
trabalho é da responsabilidade da equipa de análise técnica do CM, (Dias, 2015).

2.12.5 Quinta Fase: Aprovação do Plano e Orçamento


Esta fase consiste na aprovação dos projectos no plano e orçamento, cada projecto
deverá corresponder a uma rubrica específica do orçamento municipal e deverá estar
alocado ao respectivo distrito municipal, após aprovação do plano e orçamento no CM é
feita a execução do projecto, (Dias, 2015).

2.12.6 Sexta Fase: Execução e Monitorização do projecto


Após a aprovação e a escolha do projecto prioritário a equipe de análise tecnica
deverá contemplar visitas aos bairros para avaliar as condições de implementação fisica de
cada projecto, as visitas devem ser articuladas com os chefes dos bairros, os serviços dos
distritos municipais, os secretários dos bairros e os grupos de monitória participativa, caso se
conclua a viabilidade de um dado projecto, deve-se assegurar que as condições físicas de
implementação no terreno não sofrem alterações até à fase de execução do projecto, (Dias,
2015).

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2.12.7 Sétima Fase: Entrega dos Projectos


Esta fase corresponde à finalização da execução física das obras e à sua entrega à
população, devendo o distrito municipal (DM) preparar: a cerimónia de recepção provisória
a nível técnico ou de inauguração a nível superior; a informação ao gabinete de comunicação
para divulgação nos órgãos de comunicação; a colocação da imagem do OP em todos os
projectos, de forma a ficar visível para os munícipes.

2.12.8 Oitava Fase: Avaliação Global do Processo


O executivo municipal compromete-se a divulgar publicamente os resultados do OP,
através da elaboração de um relatório de avaliação global, bem como de outros suportes
informativos considerados ajustados, avaliação global dos projectos do OP será feita com base
na informação recolhida dos processos anteriores e instrumentos de monitorização do OP,
devendo contemplar três níveis de incidência: processo, resultados, impactos, de salientar que
o CM deverá produzir anualmente um relatório global (Dias, 2015)

3 Caracterização do Município da Cidade de Maputo


O Município de Maputo situa-se na baía do mesmo nome, a Norte do Estuário do Rio
Maputo. Ocupa uma superfície de cerca de 383 km₂ que se distribuem entre o Norte e o Sul da
baía, onde desaguam os rios Tembe, Matola, Umbelúzi e Infulene. A população do Município
de Maputo é de 1.143.199 habitantes (Perfil Estatístico do CMM - 2011), distribuída por sete
Distritos Municipais (DM) e 63 bairros. Os DM Kamavota e KaMubukwana são os mais
populosos e o DM de KaNyaka o menos habitado, conforme se pode depreender do quadro
seguinte. A 5ª edição do inquérito à população da Cidade de Maputo sobre a prestação de
serviços municipais, aplicado a uma amostra de 3.061 munícipes, revelou assimetrias na
distribuição de infra-estruturas e serviços básicos, o que se espelha nas diferenças de perfis de
pobreza entre os Distritos Municipais, sendo os KaNyaka e KaTembe os mais fragilizados,
com mais de 90% e 70% dos munícipes nos índices mais baixos. Estes Distritos são também
os que têm acesso difícil a alguns serviços básicos, como água, electricidade, recolha de lixo e
limpeza da zona de residência.

Quadro 1: Distribuição populacional

DM KaMpfumu 11 52 14 110.285 9.7 8.646


DM KaMaxakeni 11 12 3 158.323 14.1 19.384
DM Nhlamanulu 8 20 5 230.751 20.4 18.426

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DM KaMavota 11 30 8 323.394 26.7 2.711


DM KaMubukwana 14 52 14 293.998 26.7 5.564
DM KaTembe 5 174 45 20.975 19 119
DM KaNyaka 3 43 11 5.473 0.5 123

Município de Maputo 63 383 100 1.143.199 100 2.680

3.1 Estrutura Orgânica Do Cmm


O Conselho Municipal é um órgão executivo colegial do Município e exerce os seus poderes
em conformidade com a Constituição, a lei e os seus regulamentos. Este órgão é constituído
por um presidente eleito por sufrágio universal, igual, directo e secreto, para mandato de cinco
(5) anos e por dezassete (17) vereadores por ele designados, sendo que sete (7) dirigem os
Distritos Municipais. O CMM com- preende também quadros de apoio ao presidente do CMM.

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3.1.1 Quadro Orçamental Do CMM

3.2 Ciclos Do Orçamento Participativo


O Ciclo da Definição Orçamental estrutura-se com base em 6 grandes fases, conforme
exposto em baixo.

3.2.1 Fase 1. Preparação do Processo


i. Revisão da metodologia
ii. Formação das equipas operacionais
iii. Estruturação de parcerias externas em prol do OP

3.2.2 Fase 2. Divulgação e mobilização pública


Esta fase deverá ser trabalhada de forma específica no âmbito do Plano de Comunicação do
OP. Contudo, as duas grandes acções que se indicam são de extrema importância:

i. Divulgação do OP no site do CMM(


ii. Divulgação das reuniões nos bairros ( Uso dos canais de comunicação do Distrito
Municipal, Uso das rádios comunitárias, Uso de entidades influentes nos bairros, Uso
de espaços de antena)

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3.2.3 Fase 3. Definição de projectos prioritários


Para serem considerados elegíveis no OP, os projectos devem obedecer aos seguintes
critérios:

• Inserir-se nas áreas de competência do CMM;


• Corresponder a um investimento, cujo custo de execução se enquadra no valor
orçamental atribuído ao bairro);
• Ser para aplicação em Investimento ou aquisição de Equipamentos para benefício
directo dos munícipes;
• Não exceder os dois anos de execução, incluindo a elaboração, o processo de
concurso e a contratualização;
• Não ser um projecto já previsto no Plano de Actividades e Orçamento do CMM

3.2.4 Fase 4. Análise e validação técnica


O trabalho de análise técnica deverá contemplar visitas aos bairros para avaliar as
condições de implementação física de cada projecto. Estas visitas serão articuladas com os
Chefes de Serviço dos Distritos Municipais, os Secretários dos Bairros, os proponentes dos
projectos e os Grupos de Monitoria Participativa.

3.2.5 Fase 5. Aprovação do Plano e Orçamento


Esta fase corresponde à inclusão dos projectos do OP na proposta de Plano e Orçamento
do CMM para o ano seguinte. Os projectos do OP serão distribuídos pelas rubricas dos Distritos
Municipais, assegurando em simultâneo que cada obra corresponde a um investimento
específico do Orçamento Municipal.

3.2.6 Fase 6. Avaliação global do processo


O modelo de monitoria e avaliação do OP de Maputo deverá integrar os ciclos de definição
e de execução orçamental, assegurando desse modo uma visão mais abrangente sobre o
processo, os seus resultados e impactos, sustentando-se em cinco princípios essenciais:

• Selectividade- Sugere-se um exercício de selecção que deverá centrar a análise


do OP nos aspectos considerados mais relevantes, diferenciando-se deste modo de
uma pesquisa exaustiva
• Evolutividade- conjunto determinado de instrumentos e de três níveis de
complexidade, nomeadamente:
i. o primeiro corresponde às informações recolhidas pelo próprio CMM;

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ii. o segundo, com maior grau de complexidade, derivado de um painel


de organizações da sociedade civil às quais caberá uma monitoria
participativa do OP;
iii. o terceiro, dos próprios participantes do OP.
• Auto-reflexividade / Auto-formação - compreender as potencialidades e as
fragilidades do processo, suportando de forma sustentada a tomada de decisão em
relação à introdução de melhorias no funcionamento e na metodologia.
• Comunicabilidade - A informação recolhida no âmbito do modelo deve ser
inteligível e de fácil compreensão para qualquer interessado, destacando quatro
públicos essenciais: o CMM, a rede de parceiros estratégicos, o Grupo de
Monitoria Participativa e os munícipes.
• Arquivo documental - O modelo deverá permitir o registo de toda a informação
escrita e multimédia referente ao OP, viabilizando a construção de um historial do
processo que sirva os propósitos do CMM.

3.3 Ciclo de Execução Orçamental do OP


3.3.1 Fase 1. Preparação dos projectos
Este trabalho deverá ter como base de referência a análise técnica efectuada anteriormente.
Tendo por base o processo de desconcentração em curso, recomenda-se que este trabalho possa
passar gradualmente para a competência dos Distritos Municipais.

3.3.2 Fase 2. Abertura dos concursos e contratualização


Após a validação das propostas e elaboração dos projectos, a carteira de investimentos é
enviada aos Distritos Municipais, para prossecução dos seguintes passos:

• Preparação dos Cadernos de Encargos;


• Lançamento dos Concursos;
• Avaliação das Propostas;
• Preparação de parecer para o Departamento de Aquisições.

3.3.3 Fase 3. Execução dos projectos


Esta fase inicia-se com a adjudicação dos projectos às entidades executoras, de forma a
garantir uma efectiva e atempada realização dos compromissos assumidos pelo CMM no ciclo
de definição orçamental.

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3.3.4 Fase 4. Entrega dos projectos


Esta fase corresponde à finalização da execução física das obras e à sua entrega à
população. Após a conclusão, os projectos serão entregues à comunidade, devendo o DM
preparar:

• A cerimónia de recepção provisória a nível técnico ou de inauguração a nível superior;


• A informação ao Gabinete de Comunicação para divulgação nos órgãos de
comunicação;
• A colocação da imagem do OP em todos os projectos, de forma a ficar visível para o
munícipes.

3.3.5 Fase 5. Avaliação global


Esta fase está intimamente relacionada com a avaliação prevista no ciclo de definição
orçamental, correspondendo grosso modo à avaliação da execução dos projectos, o que nos
remete necessariamente para um balanço sobre os resultados e os impactos do OP ao nível na
melhoria das condições de vida das pessoas, da democratização da gestão dos recursos
públicos, do reforço da sociedade civil, entre muitos outros aspectos.

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4 Conclusão
Da pesquisa feita constatou-se que o município possue um papel muito importante,
para o desenvolvimento local, visto que, o governo local deve se preocupar em satisfazer as
necessidades prioritàrias da comunidade, procurando dar satisfações relacionadas com o
orçamento participativo e criando mecanismos para que a participação dos munícipes
seja sempre activa. Contudo conclui-se o seguinte:

a) Quanto ao processo do orçamento participativo no município da cidade de Maputo


no período 2012 á 2018, conclui-se que a participação da comunidade no
processos do orçamento participativo é indispensàvel, visto que, leva ao
desenvolvimento local, entretanto, as necessidades que mais preocupam os
municipes foram executados, beneficiando assim toda a população local. Importa
clarificar que, no processo do orçamento participativo, os munícipes tem espaço
para dar a conhecer as necessidades que eles tem, para que o município
tenha conhecimento e que possa satisfazer. Apesar das diversas
dificuldades,que ainda devem ser superados, fica claro que sem os munícipes,
dificilmente poderá se alcançar o desenvolvimento local na Cidade de Maputo
assim como em todo o país.
b) Em relação a compreenção do contributo do orçamento participativo no
desenvolvimento do Município da Cidade de Maputo no período de 2012 à 2018,
conclui-se que o município tem se esforçado bastante para que o processo de
OP possa levar ao desenvolvimento local, isto é, vai ao encontro das
necessidades reais da comunidade, tentando resolver os mesmos para que possam
ter acesso as infraestruturas básicas, diante disso, os munícipes mostram-se
satisfeitos com o processo. Importa ressaltar que os munícipes, precisam de orgão
autarquico que se preocupe com o bem estar da comunidade, procurando executar
os projectos prioritarios e dando satisfações aos mesmos, para que possam fazer
parte de todo o processo. Pois o que se pretende e uma sociedade justa, pro-
activa e capaz de fiscalizar o cumprimento e o não cumprimento do orçamento
participativo.

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5 Referências bibliográficas
Almeida, M.R. & Dantes, L.C. (2009). Políticas Públicas, Orçamento Participativo e
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Segundo a Pragmática da Linguagem.

Azevedo, S. (1994). Orçamento Participativo e Gestão Popular: Reflexões Preliminares Sobre


a Experiência de Betim.

Bottomore, T. (1996). Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de


Janeiro:Zahar.

Carvalho, A.M. (2008). O Orçamento Participativo Como Instrumento de Gestão que

Favorece a Efetivação da Cidadania em sua Plenitude. Recuperado a 16 de junho de


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Carmo, H. & Ferreira, M.M. (1998). Metodológia da Investigação. Lisboa: Universidade


Aberta

Dias, N. (2014). Orçamentos Participativos e Planificação Participativa em Moçambique

– Proposta de Diferenciação e Articulação Metodológicas: Maputo

Legislação

1. Boletim da República: Lei n.ᵒ 2/97 de 18 de Fevereiro. I Serie n.ᵒ7

2. Boletim da República: Decreto n.ᵒ 51/2004 de 1 de Dezembro. I Serie n.ᵒ48

4. Boletim da República (2004). Constituição da República 1ª Série, nᵒ51: Nacional

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