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Allen Lean Matine

Armando Carlos Mathe


Carlota António Nhabau
Domingos Mandlate Júnior
Emerson Augusto César

Relação entre a Taxa de Cambio, a Dívida Pública e o Crescimento Económico


Estudo de Caso: Impacto da Dívida Pública no Crescimento Económico Moçambicano

Licenciatura em Contabilidade e Gestão financeira


4º. Ano, Laboral

Universidade pedagógica de Maputo


Faculdade de Economia e Gestão
2021
Allen Lean Matine
Armando Carlos Mathe
Carlota António Nhabau
Domingos Mandlate Júnior
Emerson Augusto César

Relação entre a Taxa de Cambio, a Dívida Pública e o Crescimento Económico


Estudo de Caso: Impacto da Dívida Pública no Crescimento Económico Moçambicano

Licenciatura em Contabilidade e Gestão financeira


4º. Ano, Laboral

Trabalho a ser entregue no Departamento de


Gestão de Empresas da Faculdade de Economia e
Gestão (FEG) para fins avaliativos na cadeira de
finanças internacionais.

Docente: Daniel Mabunda

Universidade pedagógica de Maputo


Faculdade de Economia e Gestão
2021
Índice
Lista de Gráficos..........................................................................................................................i
Resumo.......................................................................................................................................ii
Abstract......................................................................................................................................iii
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO................................................................................................5
1.1. Problema.......................................................................................................................5
1.2. Objectivos.....................................................................................................................6
1.2.1. Geral......................................................................................................................6
1.2.2. Específicos............................................................................................................6
1.3. Justificativa...................................................................................................................6
1.4. Hipóteses......................................................................................................................7
1.5. Estrutura do trabalho....................................................................................................7
1.6. Metodologia.................................................................................................................8
1.6.1. Tipos de Pesquisa..................................................................................................8
1.6.1.1. Pesquisa descritiva.........................................................................................8
1.6.1.2. Pesquisa exploratória.....................................................................................8
1.6.1.3. Pesquisa básica..............................................................................................8
1.6.1.4. Pesquisa qualitativa.......................................................................................9
1.6.1.5. Pesquisa quantitativa.....................................................................................9
1.6.1.6. Pesquisa bibliográfica....................................................................................9
1.6.1.7. Estudo de caso...............................................................................................9
1.6.2. Métodos de recolha de dados..............................................................................10
1.6.3. Métodos de Análise de dados.............................................................................10
CAPÍTULO II - REFERENCIAL TEÓRICO..........................................................................11
2.1. Taxa de câmbio..........................................................................................................11
2.1.1. Taxas de Cambio Nominal e Real......................................................................11
2.2. Dívida Pública............................................................................................................13
2.2.1. Dívida Externa....................................................................................................15
2.2.1.1. Vantagens do endividamento.......................................................................15
2.2.1.2. Desvantagens do endividamento.................................................................15
2.2.2. A sustentabilidade da Dívida Pública.................................................................16
2.3. Crescimento Económico............................................................................................17
CAPÍTULO III - Relação entre a Taxa de Cambio, Dívida Pública e Crescimento Económico
...................................................................................................................................................21
3.1. Relação entre a taxa de câmbio e a dívida pública.....................................................21
3.2. Relação entre a taxa de câmbio e o crescimento económico.....................................21
3.2.1. Valorização da taxa de câmbio...........................................................................21
3.2.2. Desvalorização da taxa de câmbio......................................................................22
3.3. Relação entre a dívida pública e o crescimento económico.......................................25
CAPÍTULO IV - ESTUDO DE CASO: DÍVIDA PÚBLICA NO CRESCIMENTO
ECONÓMICO DE MOÇAMBIQUE A PARTIR DE 2006.....................................................28
4.1. Breve análise sobre a evolução do stock da dívida pública de Moçambique.............29
4.2. Dinâmica do Endividamento Público.........................................................................32
4.3. Dívida de Moçambique com os BRICS: Evolução....................................................33
4.4. Finalidades da dívida com os BRICS.........................................................................35
4.5. Análise dos Resultados...............................................................................................36
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO................................................................................................37
5.1. Conclusão.......................................................................................................................37
Referências Bibliográficas........................................................................................................38
i

Lista de Gráficos
Gráfico 1: Evolução da dívida pública total, externa e interna de Moçambique (2009-2018),
em milhões de Meticais............................................................................................................26
Gráfico 2: Evolução da dívida pública em volume e proporção do PIB..................................26
Gráfico 3: Evolução da dívida pública......................................................................................27
Gráfico 4: Evolução da dívida pública e comercial..................................................................28
Gráfico 5: Estrutura da dívida bilateral.....................................................................................31
Gráfico 6: Peso da dívida dos BRICS sobre a dívida externa...................................................31
ii

Resumo
A taxa de câmbio e a dívida pública são conceitos que tem uma relação e impactam o
crescimento económico de um país, na medida em que a taxa de câmbio lida com a oferta e
procura de divisas que lidam com as exportações e importações nomeadamente e a dívida
pública que bem planeada pode alavancar uma economia, podem ser considerados por parte,
determinantes do desenvolvimento socioeconómico, aumento da capacidade produtiva e
elevar o padrão de vida dessa nação sob óptica do crescimento económico. A taxa de câmbio
corresponde ao preço da divisa em termos da moeda nacional, a dívida pública corresponde as
obrigações que o governo incorre para cobrir o défice orçamental, quando as receitas não
cobrem as despesas do país que sofre o regime de câmbio quando for uma dívida pública
externa, a sua sustentabilidade influencia no bem-estar social. Como objectivo fez-se uma
relação das três variáveis acima1 com base na revisão bibliográfica de diversos documentos e
estabeleceu-se uma relação faseada das mesmas. Certos níveis de endividamento público
podem gerar efeitos positivos para a economia. Níveis moderados de dívida pública podem
induzir ao crescimento económico. No curto prazo o produto responde positivamente a
emissão da dívida pública e, como resultado do efeito crowding-out, no longo prazo o produto
diminui, tornando os efeitos de curto prazo insignificantes. A política cambial é dada como
um instrumento impulsionador do crescimento económico, onde de certa forma, a taxa de
câmbio pode ser utilizada como instrumento de uma estratégia de crescimento económico. De
uma forma geral, a taxa de câmbio e seus impactos sobre a competitividade externa dos países
são analisados como elementos integrantes de uma estratégia de desenvolvimento económico

Palavras-chave: Taxa de câmbio, dívida pública, crescimento económico

1
Taxa de câmbio, dívida pública e o crescimento económico.
iii

Abstract
The exchange rate and public debt are concepts that have a relationship and impact the
economic growth of a country, as the exchange rate deals with the supply and demand of
currencies that deal with exports and imports, namely and debt that well-planned public
policy can leverage an economy, can be considered, in part, determinants of socioeconomic
development, increase in productive capacity and raise the standard of living of that nation
from the perspective of economic growth. The exchange rate corresponds to the price of the
currency in terms of the national currency, the public debt corresponds to the obligations that
the government incurs to cover the budget deficit, when the revenues do not cover the
expenses of the country that suffers the exchange rate regime when it is a debt external public,
its sustainability influences social well-being. As an objective, a list of the three variables
above was made, based on the bibliographical review of several documents and a phased
relationship was established between them. Certain levels of public indebtedness can generate
positive effects for the economy. Moderate levels of public debt can induce economic growth.
In the short run, output responds positively to public debt issuance and, as a result of the
crowding-out effect, in the long run output decreases, making short-term effects insignificant.
Exchange rate policy is seen as an instrument to boost economic growth, where, in a way, the
exchange rate can be used as an instrument of an economic growth strategy. In general, the
exchange rate and its impacts on the countries' external competitiveness are analyzed as
integral elements of an economic development strategy.

Keywords: Exchange rate, public debt, economic growth


5

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
O crescimento económico de um país determina o nível do bem-estar social e socioeconómico
dos seus residentes. Entender as modalidades (taxa de cambio e dívida pública) que
influenciam o crescimento económico de uma nação é uma medida sábia, que pode mudar o
cenário económico de um país face a outros países. A taxa de câmbio é um instrumento de
igual ou maior importância para o crescimento económico de um país, através dos efeitos de
apreciação e depreciação cambial, os países, tem a possibilidade de usar-se de estratégias que
visam o crescimento do mesmo país, adequando-se aos processos cambiais em causa.
Entender as modalidades cambiais, sendo o mesmo usado como forma de competitividade no
exterior, pode definir o melhor posicionamento e melhores decisões quando se trata de
exportações, importações e outras medidas que visam o crescimento da economia. A dívida
pública é um dos principais instrumentos de política de uma economia que pode ser interna e
externa e realizada pelo governo. Quando usada adequadamente pode alavancar o
crescimento, financiar os gastos e investimentos do governo, por outro lado quando
descontrolada, acaba sendo um freio ao crescimento, pela necessidade de geração contínua de
grandes superavitários primários, que comprometem a capacidade de gastos e de investimento
do governo.

Neste contexto, o presente trabalho relaciona as taxas de câmbio com a dívida pública e o
crescimento económico. Como as duas primeiras variáveis macroeconómicos condicionam o
crescimento económico. Tendo como objectivo geral a relação entre as variáveis taxa de
câmbio, divida pública e crescimento económico, partimos de análises separados de cada
variável, e relações faseadas das mesmas.

1.1. Problema
A relação entre uma taxa de câmbio competitiva e o crescimento econômico é clara.
Considerando que o crescimento depende da taxa de investimento e da produtividade do
capital, e que a taxa de investimento depende da existência de oportunidades de lucro,
somente uma taxa de câmbio competitiva estimulará os investimentos orientados para a
exportação, que são necessários para que o país de renda média tire proveito de sua vantagem
econômica e cresça. A dívida pública quando usada adequadamente pode alavancar o
crescimento, financiar os gastos e investimentos do governo. Por outro lado, quando
descontrolada, acaba sendo um freio ao crescimento, que compromete a capacidade de gastos
e de investimento do governo. As exportações são chave para os países em desenvolvimento,
6

porém, existem economistas que não acreditam no crescimento baseado na exportação por
três razões: primeiro, porque se concentram no equilíbrio macroeconômico de curto prazo;
segundo, porque geralmente pressupõem sistemas fechados; terceiro, porque muitos
economistas keynesianos nos países em desenvolvimento continuam a dar prioridade ao
mercado interno e ao consumo de massa.

Partindo do pressuposto que exportação de um ponto de vista geral representa um papel muito
importante no crescimento económico de um país, sem excluir a dívida pública quando bem
empregada realiza o mesmo papel.

É dessa importância que a relação entre a taxa de cambio, que garante a competitividade
internacional, a dívida pública, ao canalizar a poupança que pode ser interna ou externa
(influenciada pelo regime cambial) e o crescimento económico, associada ao bem-estar
socioeconómico, altamente impactada pela taxa de cambio e a dívida pública, se torna
necessária para a reanimação económica de um país que já a bastante tempo se encontra
sufocada em uma dívida que tem se provado insustentável.

Através da relação que se irá estabelecer, principalmente entre a dívida pública e o


crescimento económico, pretende-se saber: Como o alto endividamento público influenciará
a economia Moçambicana?

A seguinte pesquisa buscará responder a pergunta colocada.

1.2. Objectivos

1.2.1. Geral
 Analisar o impacto da dívida pública no crescimento económico Moçambicano;

1.2.2. Específicos
 Analisar a taxa de câmbio, dívida pública e crescimento económico;
 Relacionar a taxa de câmbio com a dívida pública;
 Relacionar a taxa de câmbio com o crescimento económico;
 Relacionar a dívida pública com o crescimento económico.

1.3. Justificativa
O presente compêndio foi proposto pela cadeira de Finanças Internacionais como parte
integrante do programa curricular com o objectivo de incentivar aos estudantes em matérias
de pesquisa, em contrapartida dota-los de aptidões claras e consistentes no que concerne aos
7

temas propostos. Actualmente, Moçambique enfrenta uma temporada das dívidas ocultas, e
nos temas propostos um deles falava sobre a relação da taxa de câmbio, dívida pública e
crescimento económico, pelo que houve interesse de entender melhor o impacto da taxa de
câmbio e dívida pública no crescimento económico.

O desenvolvimento económico de um país é o processo de acumulação de capital e


incorporação de progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento da
produtividade, dos salários, e do padrão médio de vida da população. Para que o crescimento
económico aconteça a taxa de câmbio realiza um grande papel, vejamos: esse crescimento é
condicionado pela maior produtividade, e para haver produtividade deve haver investimento e
melhor alocação dos recursos, por vezes o investimento é realizado fora da nação, o que nos
remete a taxa de câmbio. Para que os investidores se sintam motivados a realizar
investimentos a taxa de câmbio deve ser competitiva e assim contribuindo para o crescimento
económico.

1.4. Hipóteses
H0: O endividamento público prova-se insustentável de natureza, independentemente da sua
aplicação no financiamento do déficit do estado para a economia moçambicana, freando assim
o seu crescimento.

H1: O endividamento público prova-se insustentável devido a má aplicação dos fundos


obtidos para financiar o déficit do estado, impactando negativamente o crescimento
económico.

1.5. Estrutura do trabalho.


Este trabalho será composto por 5 capítulos: introdução, revisão bibliográfica, relação dos
indicadores, estudo de caso onde inclui a análise e interpretação de dados, e finalmente a
conclusão.

No capítulo II revisão bibliográfica será abordado várias teorias referentes a taxa de câmbio,
dívida pública e crescimento económico.

No capítulo III apresentar-se-á a relação da taxa de câmbio, dívida pública e crescimento


económico.

No capítulo IV apresentar-se-á a os resultados e discussão do estudo de caso e no último


capítulo V será feita a conclusão.
8

1.6. Metodologia
Para efectivação deste trabalho, serão usadas como metodologias de realização de um
trabalho: a técnica de recolha de dados, pesquisas que serão desenvolvidas com base no
material já elaborado, constituindo principalmente livros, manuais de diferentes instituições,
jornais e textos retirados da internet, cuja sua natureza são descritivas e exploratórias; a sua
finalidade não é aplicada, isto é, é uma pesquisa básica; os dados serão abordados de forma
qualitativa e quantitativa; dados colectados através de uma pesquisa bibliográfica e de caso;
tendo como instrumentos de recolha de dados: documentos e manuais consultados.

1.6.1. Tipos de Pesquisa

1.6.1.1. Pesquisa descritiva


Para Triviños (1987, p.110), o estudo descritivo pretende descrever com exactidão os factos e
fenómenos de determinada realidade, de modo que o estudo descritivo é utilizado quando a
intenção do pesquisador é conhecer determinada comunidade, suas características, valores e
problemas relacionados à cultura.

1.6.1.2. Pesquisa exploratória.


Pesquisa exploratória é uma pesquisa que se baseia na investigação de um determinado tema,
sob o qual não se sabe muito. Com isso se consegue adquirir familiaridade com o tema, o
estudo exploratório procura entender como as coisas funcionam. Como o objeto de
investigação é pouco conhecido, é necessário se empenhar na pesquisa bibliográfica e buscar
citações relevantes, ou seja, que facilitem o entendimento do assunto. No estudo exploratório,
tudo parte da intuição e da curiosidade do pesquisador, mas ele utiliza procedimentos para
validar suas hipóteses ou não.

1.6.1.3. Pesquisa básica.


Pesquisa básica2 é orientada para o aprofundamento de um conhecimento científico que já foi
estudado. É um tipo de pesquisa teórica, que requer obrigatoriamente uma revisão
bibliográfica e ideias apresentadas de modo sistematizado. Segregando-se para a pesquisa
básica pura, isto é, voltado exclusivamente para o meio académico sem qualquer intenção de
alterar a realidade.

1.6.1.4. Pesquisa qualitativa

2
https://www.significados.com.br/tipos-de-pesquisa/
9

A pesquisa qualitativa3 procura compreender ao invés de medir, utiliza-se de questionários


que guiam a entrevista a ser realizada. As informações colectadas procuram não só mensurar
um tema, mas sim descrevê-lo.

1.6.1.5. Pesquisa quantitativa4


Nesse caso, aplicam-se técnicas estatísticas e se baseia em números para chegar aos
resultados. Podem ser usados gráficos e tabelas para ilustrar o discutido.

1.6.1.6. Pesquisa bibliográfica


Para a pesquisa bibliográfica serão analisados os conceitos definidos nos objectivos do
trabalho. A pesquisa bibliográfica5 consiste na colecta de informações a partir de textos,
livros, artigos e demais materiais de carácter científico. Esses dados são usados no estudo sob
forma de citações e referências, e servem de embasamento para o desenvolvimento do assunto
pesquisado. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que foi
escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates
que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. (LAKATOS &
MARCONI, 2003).

1.6.1.7. Estudo de caso


O estudo de caso é um método de pesquisa que utiliza, geralmente, dados qualitativos,
colectados a partir de eventos reais, com o objectivo de explicar, explorar ou descrever
fenómenos atuais inseridos em seu próprio contexto. Caracteriza-se por ser um estudo
detalhado e exaustivo de poucos, ou mesmo de um único objecto, fornecendo conhecimentos
profundos (EISENHARDT, 1989; YIN, 2009).

A metodologia é usada com frequência em pesquisas na área de administração, mas nas


demais áreas é pouco compreendida e bastante criticada. Uma das principais críticas é a
impossibilidade de, a partir da análise de um ou de poucos casos, estabelecer generalizações.
Outra crítica importante é a falta de rigor científico, já que o pesquisador está sujeito a aceitar
evidências equivocadas ou visões tendenciosas que podem influenciar suas conclusões
(THOMAS, 2010).

3
https://www.institutoqualibest.com/blog/dicas/entenda-o-que-e-pesquisa-qualitativa-e-quantitativa/
4
https://www.institutoqualibest.com/blog/dicas/entenda-o-que-e-pesquisa-qualitativa-e-quantitativa/
5
https://www.significados.com.br/tipos-de-pesquisa/
10

1.6.2. Métodos de recolha de dados


Os instrumentos de pesquisa para este trabalho no estudo de caso é pesquisa documental, que
por sua vez é a análise de Sites, Softwares, revistas, jornais, livros e relatórios. Esse método
também vale quando há uma consulta de documentos legais para realizar a pesquisa, como
leis, pareceres, cartas, memorandos, arquivos escolares, estatutos, regulamentos e normas
técnicas.

1.6.3. Métodos de Análise de dados


Análise de dados será embasada pelo método qualitativo e quantitativo, métodos estes, que
envolvem descobrir e entender um cenário de forma geral, utilizando informações individuais,
cruzando informações encontradas nas plataformas Google e Google Académico em formato
PDF’s e páginas electrónicas que tratam do tema em questão. Estes métodos envolvem
codificação e classificação de dados, essa análise também é conhecida como categorização e
seu objectivo é entender os dados colectados e destacar mensagens, recursos ou descobertas
importantes.
11

CAPÍTULO II - REFERENCIAL TEÓRICO


Neste capítulo será apresentado o referencial teórico, onde e feita a abordagem da taxa de
câmbio, dívida pública e crescimento económico.

2.1. Taxa de câmbio


A taxa de câmbio6 é o preço da moeda (divisa) estrangeira em termos da moeda nacional ou
vice-versa. Seu preço é determinado pela oferta e demanda de divisas.

 A oferta de divisas depende do volume de exportações e da entrada de capitais


externos, enquanto a demanda de divisas depende do volume das importações e da
saída de capitais externos (amortizações de empréstimos, remessa de lucros,
pagamentos de juros etc.).

 Quando a oferta de divisas é maior, verifica-se um aumento da disponibilidade de


moeda estrangeira (valorização cambial e possível deflação), quando a oferta é menor,
diminui a disponibilidade de moeda estrangeira (desvalorização cambial e possível
inflação).

2.1.1. Taxas de Cambio Nominal e Real


 Taxa de Cambio Nominal

A taxa de câmbio nominal7 corresponde ao número de unidades duma moeda que é trocada
por uma unidade de outra moeda, i.e. O preço duma moeda em termos de outra.

A taxa de câmbio nominal (S) é expressa em unidades de moeda estrangeira por 1 unidade de
moeda nacional. Sendo assim, um aumento/diminuição de S corresponde a uma
apreciação/depreciação da moeda nacional em relação à divisa tomada como referencia.

Número de unidades de moeda estran geira


S=
1unidade de moedanacional

 Taxa de Cambio Real

Para a análise económica é particularmente relevante, para além do preço relativo das moedas
nacionais, o preço relativo dos produtos nacionais; este é um indicador do poder de compra
internacional da produção nacional ou da competitividade-preço da economia nacional.

6
https://s3.amazonawsm/ead_casa/ead_casa/Aula/11152-taxas-de-cambio-jaco-braatz.pdf
7
https://www.fep.up.pt/disciplinas/1e201/Slides%20aulas%202011-12/CAP6_6%203_6%204%2022nov.pdf
12

A taxa de câmbio real8 corresponde ao preço relativo dum cabaz de produtos domésticos em
termos dum cabaz de produtos do exterior.

A taxa de câmbio real, por seu turno, em sua definição mais simples, é a medida do poder de
compra de uma moeda relativamente ao de outra9.

Dado que os preços dos produtos de diferentes países estão expressos em moedas diferentes, a
sua comparação requer a respectiva conversão numa unidade monetária comum, por recurso a
uma taxa de câmbio nominal.

Taxa de câmbio real com preços expressos em moeda estrangeira

S∗P
σ=
P¿

Taxa de câmbio real com preços expressos em moeda nacional

P
σ=
P ¿ /S

Onde σ e S são as taxas de câmbio real e nominal, e P* e P denotam os níveis de preços


domésticos e estrangeiro, respectivamente. Nesta definição, um aumento de σ significa uma
depreciação real, que pode ser causada, ceteris paribus, tanto por uma depreciação nominal
(um aumento de S) quanto por um aumento no nível de preços externos P ou uma redução do
nível de preços interno P*.

A taxa real de câmbio é uma medida de competitividade de um país frente a seus concorrentes
externos: ela expressa, grosso modo, o quão mais caro ou barato um produto nacional seria
diante de seu concorrente estrangeiro. Assim, uma depreciação real, que significa uma
redução do preço dos bens nacionais em comparação com os estrangeiros, representa um
“aumento de competitividade” nacional, ou seja, um preço mais vantajoso; simetricamente,
uma apreciação real representa uma redução da competitividade, isto é, preços mais caros que
os do concorrente externo.

No tocante a competitividade via preços, admite-se portanto, que uma depreciação reduz a
competitividade local de activos e produtos estrangeiros e “abre uma margem de manobra
para redução de preços de divisas de seus congéneres locais”. (GONÇALVES,1998)10.

8
https://www.fep.up.pt/disciplinas/1e201/Slides%20aulas%202011-12/CAP6_6%203_6%204%2022nov.pdf
9
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3128/1/TD_1967.pdf
10
http://www.abphe.org.br/arquivos/maria-esmeralda-rodrigues.pdf
13

No entanto, a posição real dos preços locais em relação aos externos, depende da evolução
simultânea da taxa nominal de câmbio e dos preços locais externos. De forma que a taxa real
de câmbio (σ ) deve expressar, em moeda local, o preço de bens, serviços e ativos estrangeiros
relativo ao preço local

2.2. Dívida Pública


A dívida pública corresponde as obrigações financeiras em que incorre o Estado quando, em
um dado exercício fiscal, as receitas são insuficientes para cobrir as despesas públicas11.

Esta definição se desdobra em dois conceitos, um de fluxo e outro de estoque, ao qual


correspondem, respectivamente, a dívida pública nova e a dívida pública total.

A variação líquida da dívida pública (D’), também denominada de dívida pública nova
líquida, se identifica, em um dado exercício, com o saldo orçamentário, isto é, à diferença
entre as receitas (T) e as despesas (G) orçamentárias. Por outra forma, D ’=G – T .O resultado
anual do governo pode ser tanto positivo como negativo, falando-se, respectivamente, em
superávit ou déficit. O conceito líquido de dívida pública nova, exposto acima, equivale ao
financiamento do déficit orçamentário, cujo aparecimento implica sua variação positiva. O
déficit orçamentário é um conceito de fluxo, uma grandeza económica medida ao longo de um
determinado período, e que produz a variação positiva da dívida pública.

Quando se fala em dívida pública, no entanto, não é apenas a esta variação que se faz
referência. O termo é usado para se referir ao acúmulo das referidas variações dos níveis de
endividamento, ou seja, ao estoque equivalente à soma das dívidas novas originadas no
passado até determinado instante. Esta é a dívida pública total, uma grandeza económica
identificada com a situação em um dado momento fixo, e não ao longo de um período. Ainda
que relacionados, pois a repetição do fluxo de déficit alimenta a constituição do estoque da
dívida, os conceitos de déficit orçamentário e dívida pública são distintos. Em síntese, por
esse conceito objectivo a dívida pública é o estoque das obrigações do Estado resultante da
sucessão dos resultados orçamentários até um determinado momento de referência.

De outra forma, a divida pública12 pode ser definida como o conjunto dos compromissos das
entidades públicas decorrentes de operações de crédito, com objectivo de atender às
necessidades públicas. É contraída para financiar parte dos seus gastos que não são cobertos
com a arrecadação de impostos; ou alcançar alguns objectivos de gestão económica, tais

11
https://openaccess.blucher.com.br/download-pdf/362/20702
12
https://cipmoz.org/wp-content/uploads/2019/08/o_regime_juridico_da_divida_publica.pdf
14

como: controlar o nível de actividade, o crédito e o consumo ou, ainda para captar moeda no
exterior.

A dívida surge e aumenta sempre que o governo gasta mais do que arrecada. Assim, quando
os impostos e demais receitas não são suficientes para cobrir as despesas, o governo é
financiado por seus credores (pessoas físicas, empresas, bancos etc), dando origem à dívida
pública13.

No sentido amplo da divida pública, podem distinguir-se no essencial, duas espécies


principais de dívida pública:

 Dívida Principal – traduz o conjunto das posições passivas em que o estado se


encontra, devido a operações de crédito que foram praticadas no seu interesse
principal (ou até exclusivo), ou seja, aquela em que o Estado é devedor directo.

 Divida acessória – é o conjunto das situações passivas em que o Estado é um sujeito


acessório, como garante de outros sujeitos públicos ou privados.

A dívida pública pode ser14:

 Interna – a dívida é contraída junto dos cidadãos ou das instituições a operar dentro
do país

 Externa – a dívida é contraída junto de entidades financeiras internacionais.

Uma outra importante distinção, que releva, sobretudo, pelas diferentes função e regime
jurídico, é a que distingue entre:

 Dívida fundada (longo prazo) – pode ser interna ou externa, corresponde às


obrigações assumidas num determinado período orçamental e que devem ser
liquidadas em período posterior, superior a um ano.

 Dívida flutuante (curto prazo) - corresponde às obrigações que devem ser liquidadas
dentro do mesmo período orçamental (ou no período seguinte, mas dentro do prazo de
um ano), e que, por isso, tecnicamente, não financia o défice global do Orçamento do
Estado.

13
https://www.tesourotransparente.gov.br/videos/a-divida-em-videos/2-o-que-e-a-divida-publica.pdf
14
https://cipmoz.org/wp-content/uploads/2019/08/o_regime_juridico_da_divida_publica.pdf
15

2.2.1. Dívida Externa


Dada a importância e peso da dívida púbica externa, que representa a quase totalidade da
dívida pública moçambicana, é pertinente fazer-se aqui uma exposição dos principais
argumentos que estão normalmente presentes nestes debates.

A dívida pública externa poderá ser do tipo comercial, bilateral ou multilateral.

 A dívida comercial: refere-se aos empréstimos contraídos junto dos bancos


comerciais estrangeiros, a taxas de juro de mercado;
 A dívida bilateral: por sua vez, resulta dos empréstimos provenientes de outros
Estados (por exemplo, a Dinamarca, através da DANIDA e o Canadá, através da
CID);
 A dívida multilateral: é consequência da contração de empréstimos junto de
instituições financeiras multilaterais (por exemplo, o Banco Mundial, FMI e o Banco
Africano de Desenvolvimento).

No caso das dívidas bilateral e multilateral, trata-se de empréstimos concessionais, ou seja, de


empréstimos como uma taxa de juro muito inferior à de mercado e que beneficiam de
condições vantajosas de pagamento, como assim, um longo período de graças e prazos de
amortização muito dilatados. Fazem parte, conjuntamente com os donativos, que não
implicam qualquer encargo para o Estado, da ajuda externa.

2.2.1.1. Vantagens do endividamento


Como vantagens do endividamento podemos apontar:
 Aumento da disponibilidade de recursos para financiar um investimento;
 Entrada de divisas;
 Concessiona idade dos empréstimos bilaterais e multilaterais.

2.2.1.2. Desvantagens do endividamento


E como desvantagens do endividamento apontam-se os seguintes:

 O serviço da dívida implica saída de dinheiro do país;


 Impacto negativo do serviço da dívida na Balança de Pagamentos;
 Efeitos negativos da desvalorização da moeda nacional e ausência dos efeitos
positivos da inflação no valor real da dívida;
 Perda de soberania nacional.
16

2.2.2. A sustentabilidade da Dívida Pública


Diz-se que a dívida é sustentável quando o Estado tem capacidade em os recursos, para
proceder ao seu reembolso. Numa perspectiva dinâmica a sustentabilidade deverá implicar
que essa capacidade aumenta ou, pelo menos, não diminui, ao longo do tempo. Quando se
analisa a sustentabilidade da dívida dever-se-á considerar o stock total da dívida e o montante
despendido no serviço da mesma, isto é, os recursos gastos na amortização da dívida e no
pagamento de juros. Esta análise deverá ser sempre dinâmica, não basta olhar para o momento
presente, é igualmente necessário observar qual a evolução recente e as perspectivas de
evolução futura do stock e do serviço da dívida.

A capacidade de um país pagar a dívida pública é-nos dada, antes de mais, pelo seu
rendimento. Quanto maior for o rendimento nacional, menor será o peso da dívida e,
consequentemente, maior será a sua sustentabilidade. O valor de produção de bens e serviços
numa economia, isto é, o Produto Interno Bruto (PIB), constitui uma medida aproximada do
rendimento de um país.

Desta forma, um primeiro indicador que devemos considerar quando analisamos o passado,
presente e futuro da dívida pública é a relação entre a dívida total e o seu serviço, por um
lado, e o PIB, por outro lado. Um rácio elevado ou com tendência para crescer ao longo do
tempo, deverá ser motivo de preocupação.

No caso da dívida externa, a relação entre os encargos por ela gerados e a exportação de bens
e serviços constitui o indicador de maior relevo. É a capacidade exportadora de uma país, a
capacidade de uma economia gerar divisas, que nos diz se a dívida externa é ou não
sustentável. Uma economia que não gera suficientes receitas em moeda externa não terá os
meios necessários ao pagamento da dívida externa. Uma dívida que absorve uma parcela
considerável do fluxo de receitas correntes do Estado (fiscais e não fiscais) não será
sustentável, pois não disporá dos meios necessários para fazer face aos encargos da sua dívida
sem pôr em causa o normal funcionamento da administração pública e a provisão de bens
públicos essenciais. Um Estado não deve sobrecarregar-se com empréstimos para além da
capacidade futura de os reembolsar, sendo os limites da dívida pública estabelecidos pelos
recursos futuramente disponíveis para pagar. A dívida deve ser de crédito cuja aplicação rege-
se por critérios rigorosos de eficiência e eficácia conseguidas para minimização de
desperdícios na sua utilização e maximização do seu impacto no rendimento nacional.
17

2.3. Crescimento Económico


O conceito de crescimento económico15 foca-se no aumento quantitativo da capacidade
produtiva. A teoria do crescimento económico procura encontrar os factores determinantes da
taxa de crescimento económico, e identificar políticas que fomentam o seu aumento.

Troster e Mochón (2002, p.317),16 o crescimento económico é apenas uma parte do processo
de desenvolvimento socioeconómico, onde este último é considerado um processo
abrangente.

De acordo com o que foi apresentado em O’Sullivan et al, (2004) 17 o crescimento do PIB é a
única maneira de elevar o padrão de vida de uma nação, onde duas principais medidas são
utilizadas para identificar o crescimento económico: a taxa de crescimento do PIB e o PIB
per capita. O primeiro se refere à evolução do PIB de um ano para o outro, já o segundo se
refere à divisão do PIB pela população total.

Os mesmos, destacaram o aumento no capital por trabalhador, o progresso da tecnologia e o


capital humano como factores chave para o crescimento económico.

A medida de crescimento mais frequentemente utilizada é a taxa de crescimento do Produto


Interno Bruto, que é o valor dos bens e serviços produzidos anualmente. Uma vez que o
horizonte temporal do estudo do crescimento económico é o longo prazo, devemos procurar
ignorar as flutuações de curto prazo (ciclos económicos), e medir o crescimento económico
como a taxa de crescimento do produto natural.

O bem-estar social está fortemente associado ao quociente entre a quantidade de bens e


serviços produzidos na economia, e o número de pessoas cujas necessidades é necessário
satisfazer. Assim, utiliza-se o PIB per capita, ou, numa óptica de longo prazo, o PIB natural
per capita, como indicador do bem-estar social. Faz igualmente sentido utilizar o nível de
consumo per capita, em vez do produto per capita, porque é através do consumo que as
pessoas satisfazem as suas necessidades18.

2.3.1. Determinantes do crescimento económico19


15
https://www.fep.up.pt/docentes/joao/material/macro2/macro2_texto_crescimento.pdf
16
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18157/tde-11102012-
094514/publico/NAJABRANDAOSANTANA.pdf
17
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18157/tde-11102012-
094514/publico/NAJABRANDAOSANTANA.pdf
18
https://www.fep.up.pt/docentes/joao/material/macro2/macro2_texto_crescimento.pdf
19
https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/2990/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Final.pdf
18

A literatura sobre os determinantes do crescimento económico inclui, entre outras, condições


iniciais, o capital humano, investimento, política fiscal, inflação, comércio externo e
instabilidade política.

 Capital humano

O capital humano foi identificado na literatura como um factor preponderante para explicar o
crescimento económico. (Barro, 1991) num estudo sobre 98 países, concluiu que a taxa de
crescimento real do PIB per capita relaciona-se positivamente com o capital humano inicial.
Mankiw et al. (1992) incluem a acumulação de recursos capital humano no modelo de Solow-
padrão, e mostram que o modelo estendido fornece uma boa explicação acerca das diferenças
de desempenho económico dos países.

 Investimento

O investimento desempenha um papel crucial nos modelos de crescimento económico, sendo


uma componente essencial da procura agregada. As flutuações no investimento têm efeitos
consideráveis na actividade económica e no crescimento económico de longo prazo (Asante,
2000).

Para um diagnóstico do fraco desempenho de crescimento económico da África, as


contribuições teóricas referidas sugerem que o capital humano e a taxa de investimento nos
países Africanos parecem ser factores importantes para determinar as oportunidades de
crescimento.

Considerando a extensão do capital humano e investimento fixo em África, verifica-se que o


investimento público em capital humano, como parte das despesas do governo potencialmente
produtivas para o PIB, é elevado em África. No entanto, em muitos casos, a implementação
de políticas de educação é deficientes, daí muitas políticas não serem implementadas. Em
relação ao investimento fixo em África, Collier e Gunning, (1999) indicam que, para
alcançarem maior crescimento económico, os países africanos devem aumentar as taxas de
investimento.

 Comércio externo
19

As propostas de que as economias mais voltadas para o exterior tendem a crescer mais
rapidamente foram amplamente testadas e a maioria dos resultados tende a suportar este
argumento. Uma medida frequentemente utilizada é a participação do comércio no PIB. A
nível da literatura, autores como: Bhamani-Oskooee et al. (1991) consideram que quanto
maior forem as exportações maior será o crescimento do país. O comércio no entendimento
deles, é benéfico para o crescimento das exportações.

 Política Fiscal

Algumas teorias do crescimento económico sugerem que a política fiscal pode ter efeitos
importantes no crescimento de longo prazo. Castro (2006) propõe que o aumento da dimensão
do sector público (despesas ou impostos) retarda o crescimento.

A redução dos impostos sobre o trabalho e o capital podem acelerar o crescimento económico
de longo prazo. Kneller et. al (1999); Zagler e Durnecker (2003) concluem que a tributação
distorcida e as despesas não produtivas do governo reduzem o crescimento económico,
enquanto que a tributação não distorcida e as despesas produtivas do governo não. Easterly e
Rebelo (1993) concluíram que existe uma forte relação entre crescimento económico e a
política fiscal, pois, por um lado, os países em desenvolvimento dependem fortemente dos
impostos sobre o comércio internacional, por outro, o imposto sobre o rendimento é mais
importante nos países desenvolvidos.

 Inflação

Levine e Renelt (1992) constatam que os países que desenvolveram rapidamente tinham taxas
de inflação mais baixas do que os países em desenvolvimento. No entanto, a relação entre a
inflação e o crescimento continua a ser controverso, tanto a nível teórico como empírico. A
utilização adequada da política monetária é tida para promover um ambiente financeiro
estável, necessário para o crescimento económico através da manutenção de uma taxa de
inflação baixa.

 Instabilidade Política

Fosu (1992) mostra que um índice de instabilidade política pode ser um determinante
significativo, no crescimento do PIB em toda a África. Sua medida de instabilidade política e
baseada em dados sobre golpes de Estado bem-sucedidos e tentativas de golpes. Da mesma
forma, Gallup et al. (1998) constatam que a instabilidade política, com base no número de
assassinatos por milhão de pessoas por ano e o número de golpes por ano, é um efeito
20

estatístico significativo para o crescimento económico. Mankiw (2002) enfatiza que os países
com elevado número de revoluções e golpes de Estado terão baixos investimentos na
economia e, assim, crescerão lentamente do que países mais estáveis. Alemayehu e Befekadu
(2005) afirmam que uma potencialidade de instabilidade política limita o crescimento
económica.

 Sistema Financeira

Actualmente, vários autores têm testado o impacto da dimensão do sector financeiro e as


políticas financeiras na taxa de crescimento económico. King e Levine (1993) investigam um
grande número de indicadores da dimensão financeira e concluem que para as várias medidas
de desenvolvimento financeiro obtiveram resultados semelhantes. O indicador que
introduzem na regressão Cross-Country é o rácio entre o passivo quase líquido do sistema
financeiro e o PIB. Estes autores reforçam as conclusões sugeridas pelas novas teorias de
crescimento que o tamanho do sector financeiro contribui significativamente para o
crescimento económico: um aumento do passivo quase líquido/PIB em 10% aumenta a taxa
de crescimento anual do PIB per capita em 1,8 (Savvides, 1995).
21

CAPÍTULO III - Relação entre a Taxa de Cambio, Dívida Pública e Crescimento


Económico
Nesse ponto de trabalho, faremos uma relação faseada, para melhor compreender o papel ou a
influência de cada índice da economia no crescimento económico. Primeiro iremos relacionar
a taxa de câmbio e a dívida púbica, taxa de câmbio e o crescimento económico e
posteriormente, a divida pública e o crescimento económico.

3.1. Relação entre a taxa de câmbio e a dívida pública


Todo empréstimo externo nos submete a exposição cambial, ou seja, ao risco cambial porque
quando buscamos financiamento no exterior a primeira coisa que devemos saber é quanto
iremos pedir em termos da moeda do financiador e quanto iremos pedir de acordo com o valor
com a nossa moeda sem esquecer da conversão cambial até o final do prazo para pagamento
quanto teremos de devolver na moeda do credor. Portanto, a taxa de câmbio e divida externa
se relacionam sempre porque temos que saber quanto é o valor que pretendemos pedir na
moeda do financiador. Salientar que quando a divida pública esta em um nível sustentável
haverá valoração da moeda nacional face a moeda estrageira, e quando a divida publica for
insustentável, esse cenário levara a desvalorização da moeda nacional face as outras moedas.

3.2. Relação entre a taxa de câmbio e o crescimento económico


A política cambial é dada como um instrumento impulsionador do crescimento económico,
onde de certa forma, a taxa de câmbio pode ser utilizada como instrumento de uma estratégia
de crescimento económico. De uma forma geral, a taxa de câmbio e seus impactos sobre a
competitividade externa dos países são analisados como elementos integrantes de uma
estratégia de desenvolvimento económico.

3.2.1. Valorização da taxa de câmbio


Quando se verifica uma depreciação da moeda estrangeira, constitui uma apreciação da
moeda nacional.

Tomando como hipótese a valorização cambial de um país, pode-se verificar o seguinte:

A taxa de câmbio apreciada reduz exportações e aumenta importações. Os índices de


endividamento externo do país se deterioram, as perspectivas de piora na margem se agravam
e, subitamente, os credores decidem suspender a rolagem da dívida externa (Bresser-Pereira,
2007).
22

A valorização cambial é, portanto, associada à piora nas contas externas, que em última
análise se traduz numa crise no balanço de pagamentos em decorrência da piora dos
indicadores externos de endividamento. Há, portanto, uma “armadilha” no processo de
crescimento associada à valorização cambial e a deterioração das condições de
competitividade externa.

A conjuntura económica que combina ampla liquidez no mercado financeiro internacional e


elevação dos preços das commodities exportadas, tornou mais intensa a discussão sobre os
efeitos de longo prazo da taxa de câmbio valorizada.

Os superavits obtidos pelos países emergentes neste contexto contribuiriam para valorizar o
câmbio, reduzindo a competitividade da economia, particularmente de sectores exportadores
de produtos industrializados com maior valor agregado e/ou conteúdo tecnológico. A
valorização cambial contribuiria, portanto, para reduzir a rentabilidade de uma série de
actividades com maior valor agregado/conteúdo tecnológico, gerando desta forma uma
tendência de aumento da participação dos sectores exportadores de commodities na economia.

Em síntese, a valorização cambial contribuiria de forma decisiva para alterar a estrutura


produtiva da economia, elevando a participação dos sectores exportadores de commodities
com menor elasticidade-renda e maior elasticidade preço da demanda, o que, desde que seja
válida a lei de Thirlwall20, implicaria numa menor taxa de crescimento com equilíbrio no
balanço de pagamentos no longo prazo.

3.2.2. Desvalorização da taxa de câmbio


Quando se verifica uma valorização da moeda estrangeira e consequente depreciação da
moeda nacional.

A depreciação real pode ser utilizada como estratégia de crescimento económica na medida
em que é usada para estimular as exportações, complementada por outros canais de influência
do câmbio sobre o crescimento económico.

Sendo assim, destacam-se, nas subsecções seguintes, os canais do investimento, da


exportação dos bens não-tradicionais (fundamento tecnológico) e às restrições de balanço de
pagamentos.

20
Em sua versão original a lei afirma que a taxa de crescimento com equilíbrio do balanço de pagamentos é igual
à taxa de crescimento da economia mundial ponderada pela relação entre as elasticidades-renda de exportações e
importações. Desta forma, para uma mesma taxa de crescimento mundial, quanto menor a elasticidade-renda das
exportações em relação à elasticidade-renda das importações, menor a taxa de crescimento com equilíbrio do
balanço de pagamentos para a economia. A discussão original da lei é apresentada em Thirlwall (1979)
23

 Investimento

Williamson (2003) Explora a relação entre poupança e investimento nas teorias clássica e
keynesiana. Segundo a primeira teoria, para que haja crescimento económico, é necessária
uma maior poupança que possa ser canalizada para investimentos. Contudo, uma depreciação
da taxa de câmbio melhora o resultado da conta corrente do país, o que implica menor
superavit de poupança para financiar investimento. Dentro da referida visão, o crescimento
económico é maximizado quando os dois efeitos se equilibram.

Williamson (2003) também ressalta que existem duas razões para se esperar que o impacto
líquido de uma depreciação cambial seja favorável ao investimento. Uma advém do fato de
que grande parte da demanda por bens não-comercializáveis é derivada da demanda por bens
comercializáveis, como é o caso do serviço de transporte e muitos outros serviços prestados às
empresas de exportação. A outra é que o tamanho relativo do mercado para os bens
comercializáveis e não-comercializáveis é altamente diferente: enquanto, no primeiro caso, o
mercado é o mundial, no segundo, o mercado é restrito ao nacional.

Portanto, de acordo com esta visão, a taxa de câmbio pode estimular o crescimento
económico mediante o estímulo concedido aos investimentos. Dadas as características
específicas dos bens comercializáveis com o exterior, uma taxa de câmbio depreciada
aumenta os investimentos e, em consequência, o crescimento económico nas economias que
se utilizam de tal instrumento.

Gala (2007a), ressalta que uma apreciação relativa da moeda nacional significa menor preço
dos produtos comercializáveis, maiores salários reais, menor margem de lucro, maior
consumo e menor investimento; já uma moeda depreciada significa maior preço dos produtos
comercializáveis com o exterior, menores salários reais, maiores margens de lucro e
investimento. Dessa forma, uma depreciação da taxa de câmbio pode contribuir para gerar
mais empregos e investimentos devido ao aumento da capacidade instalada, resultante de
maiores exportações. Se isso ocorre, a economia pode ingressar em um padrão de crescimento
liderado pelos investimentos.

Com base nos argumento apresentados acredita-se que a taxa de câmbio é uma variável
relevante para estimular o investimento e, em consequência, o crescimento económico nos
países em desenvolvimento. Ao elevar o preço doméstico dos bens exportáveis e garantir que
um montante maior de recursos internos sejam direccionados aos investimentos, a taxa de
24

câmbio desvalorizada contribui para estimular os investimentos no sector exportador e, por


conseguinte, o crescimento económico. Levy-Yeyati e Sturzenegger (2007)

Contudo, há que se ressaltar que uma desvalorização cambial pode acarretar elevação dos
custos de produção, haja vista o aumenta dos preços dos insumos importados. No entanto, se
for esperado que esta desvalorização cambial implique maior crescimento das receitas do que
dos custos de produção nos países em desenvolvimento, ocorrerá o crescimento das margens
de lucro, tornando possível um investimento maior na capacidade produtiva dos sectores
exportadores. Krugman (1999).

 Fundamento tecnológico

A taxa de câmbio relativamente depreciada gera estímulos para o desenvolvimento de um


sector de bens comercializáveis independente do sector de commodities básicas. Portanto, ao
estimular a produção industrial para os mercados mundiais, uma taxa de câmbio competitiva
pode ajudar os países em desenvolvimento a melhorarem seu desenvolvimento tecnológico.

Por outro lado, moedas em níveis apreciados são consequência da maior exportação de
commodities, o que pode impedir o desenvolvimento de um sector industrial. Nesse sentido,
ao evitar apreciações, a política cambial pode trabalhar como um instrumento de política
industrial e estimular o crescimento económico. Além disso, por aumentar a produtividade e
desenvolver uma dinâmica no sector de bens exportáveis não-tradicionais, a taxa de câmbio
depreciada pode também elevar os salários reais, compensando o efeito negativo de uma
“moeda fraca” para os trabalhadores (GALA, 2007a).

 Restrição de balança de pagamentos

Ao assumir-se que os parâmetros das elasticidades das funções de demanda por exportações e
importações podem ser alterados pela taxa de câmbio real, uma administração adequada dessa
taxa pode aliviar a restrição de balanço de pagamentos, aumentando a elasticidade-renda das
exportações ou diminuindo a elasticidade-renda das importações. Ao contrário, uma
administração imprópria da taxa de câmbio pode agravar esta restrição e reduzir a taxa de
crescimento da economia.

A taxa de câmbio pode ser um importante instrumento para estimular o crescimento e o


desenvolvimento económico, mediante mudanças temporárias, mas suficientemente longas,
nos preços relativos entre os bens comercializáveis e não-comercializáveis com o exterior.
(BARBOSA-FILHO, 2006)
25

No entender de Oreiro, Nakabashi e Lemos (2007), uma taxa de câmbio depreciada pode
aumentar a elasticidade-renda das exportações ao fazer com que mais produtos nacionais
tornem-se competitivos no mercado externo. Assim, as taxas de câmbios desvalorizadas
estimulam a elasticidade-renda das exportações e relaxa a restrição de balança de pagamentos
nos países em desenvolvimento.

3.3. Relação entre a dívida pública e o crescimento económico


Barro (1974) defende que os estímulos fiscais financiados pela dívida pública são ineficientes
para atingir o crescimento económico. Este argumento é baseado na teoria da equivalência
Ricardina, que considera que o aumento da despesa pública financiada pela dívida tem um
efeito nulo sobre o nível de produto. Assim, a despesa pública financiada através do
endividamento público leva a que os agentes económicos antecipem um futuro aumento dos
impostos e, consequentemente, verifica-se um aumento da poupança privada. Este facto
contribui para que o aumento do nível do produto seja ofuscado pelo aumento da poupança
privada.

Em oposição, o modelo keynesiano padrão considera a emissão da dívida pública um


mecanismo importante para financiar a despesa pública e, por conseguinte, estimular a
demanda agregada.

De acordo com Modigliani (1961), Diamond (1965), Saint-Paul (1992) e Aizenman et al.
(2007), existe uma relação negativa entre dívida pública e crescimento económico. Estes
autores consideram, fundamentalmente, duas razões:

1. A existência do efeito crowding-out sobre o investimento privado, como resultado do


aumento da demanda por crédito pelo Governo e o respectivo aumento das taxas de
juros praticadas nos mercados financeiros;
2. A dívida pública é considerada um fardo intergeracional, pois implica menor stock de
capital para as gerações futuras.

Afonso & Jalles (2016) argumentam que, em contexto de desequilíbrios fiscais, níveis
moderados de dívida do Governo podem induzir o crescimento económico. Elmendorf &
Mankiw (1999) defendem que, no curto prazo, o produto responde positivamente à emissão
de dívida pública e, como resultado do efeito crowding-out, no longo prazo o produto
diminui.
26

Recorrendo à teoria da curva de Laffer, Mbate (2013) considera a existência de uma relação
não linear entre a dívida pública e o crescimento económico. Segundo esta teoria, um nível
inicial da dívida doméstica acelera o crescimento económico através dos recursos disponíveis
para financiar o défice orçamental. Porém, o crescimento contínuo desta dívida leva a que esta
se transforme num fardo para a economia e, consequentemente, leva a um baixo crescimento
económico.

Em relação aos estudos empíricos, estes têm-se concentrado, principalmente, nas economias
avançadas. Apesar de existirem vários estudos empíricos nestas economias, parte deles difere
nos resultados obtidos. Afonso e Alves (2015) examinam os efeitos da dívida do Governo
sobre o produto per capita, em 14 países europeus durante o período de 1970 a 2012. O
estudo constatou que:

 A dívida do Governo tem um efeito negativo sobre o crescimento económico, tanto no


curto como no longo prazo;
 O serviço da dívida pública tem um maior efeito negativo sobre a economia do que a
dívida;
 Existe uma forma de U invertido entre o rácio da dívida e o crescimento económico, o
que significa que, quanto maior for este rácio, menor será o crescimento económico.

Schclarek (2004) investiga a relação entre dívida pública e o crescimento do produto em


economias avançadas e em países em desenvolvimento, durante o período de 1970-2002. Para
as economias avançadas, não foi encontrado qualquer evidência robusta sugerindo que altos
níveis de dívida pública não estão, necessariamente, associados a baixas taxas de crescimento
económico. Para os países em vias de desenvolvimento, o estudo encontrou uma relação
negativa entre dívida pública e crescimento económico. O mesmo tipo de pesquisa foi
conduzido por Reinhart & Rogoff (2010), para o período compreendido entre 1970 e 2009 e
para o mesmo tipo de países. No caso das economias avançadas, para níveis de endividamento
até 90% do produto interno bruto, não foram encontradas evidências claras da relação
negativa entre dívida pública e crescimento económico. Em relação aos países em vias de
desenvolvimento, verificou-se que um nível de endividamento externo superior a 90% do
produto reduz significativamente o crescimento económico. Para ambos países, foi constatada
a existência de tendências inflacionárias apenas para países com dívida externa superior a
90% do produto.
27

Certos níveis de endividamento público podem gerar efeitos positivos para a economia.
Níveis moderados de dívida pública podem induzir ao crescimento económico. No curto
prazo o produto responde positivamente a emissão da dívida pública e, como resultado do
efeito crowding-out, no longo prazo o produto diminui, tornando os efeitos de curto prazo
insignificantes.
28

CAPÍTULO IV - ESTUDO DE CASO: DÍVIDA PÚBLICA NO CRESCIMENTO


ECONÓMICO DE MOÇAMBIQUE A PARTIR DE 2006
O estudo de caso é uma metodologia de investigação particularmente apropriada quando
procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos. O
estudo de caso, pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como
um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social.
Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe
ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e
característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objecto a ser estudado, mas revelá-
lo tal como ele o percebe. (FONSECA, 2002:33)

Como foi dito no início do trabalho a dívida quando empregada adequadamente pode
financiar um processo de acumulação e reprodução económica, que não só permita sustentar o
serviço da dívida, mas gerar mais opções e oportunidades na economia, que a torne mais
dinâmica e amplifique os seus benefícios sociais. Esta secção tem como objetivo ilustrar se a
dívida pública actual de Moçambique foi empregue devidamente e qual é o seu impacto na
economia.

Na última década, a dívida de Moçambique cresceu rapidamente e tornou-se excessiva,


acabando por conduzir a uma crise da dívida. Esta tendência, em parte, reflecte as opções de
política tomadas pelo Governo. Isto é, o Governo optou pelo endividamento público como
estratégia de financiamento para o desenvolvimento, chegando mesmo a recorrer a dívida
comercial.

O aumento da dívida torna-se preocupante para a economia dependendo do tamanho e da


estrutura da economia, das causas da dívida, da sua aplicação, dos termos de reembolso e das
consequências macroeconómicas. Há países com stocks de dívida mais elevados do que os de
Moçambique e que continuam a contrair dívida, porque as suas economias acomodam o
endividamento e a sua capacidade produtiva se expande de modo a sustentar o serviço da
dívida sem incorrer em crises. No caso de Moçambique, o crescimento descontrolado da
dívida constituiu um problema devido ao tamanho e à estrutura da economia.
29

4.1. Breve análise sobre a evolução do stock da dívida pública de Moçambique21


Gráfico 1: Evolução da dívida pública total, externa e interna de Moçambique (2009-2018),
em milhões de Meticais

Evoluçao da dívida total, externa e interna de Moçamique (2009-2018) em Milhões de


Meticais
90000
80000
70000
60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
(Est)

DP total DP Externa DP Interna

Fonte: CGE (2009-2017) e OE (2018).

Gráfico 2: Evolução da dívida pública em volume e proporção do PIB

Fonte: Conta Geral do Estado (1999-2013); Relatório de Execução do Orçamento 2014;


República de Moçambique (2008-2015).
Os dados mostram que o stock de dívida pública em Moçambique tem registado um rápido
crescimento desde 2006. De cerca de 3,5 mil milhões de dólares (USD) em 2006, o stock
atingiu cerca de 8,6 mil milhões de dólares em 201422. Portanto, em cerca de nove anos, a
dívida praticamente triplicou. E se os diferentes acordos de financiamento para 2015 tivessem

21
https://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2017/04/5des2016_FM.pdf
22
O presente valor do stock da dívida de 2014 inclui a dívida interna, por isso é diferente do valor divulgado
pelo Governo de sete mil milhões de meticais. Também inclui a dívida ligada à EMATUM de cerca de 350
milhões de dólares.
30

sido confirmados, a mesma teria atingido cerca de 11 mil milhões de dólares no presente ano.
Para além do crescimento significante, a dívida pública registou mudanças na sua
composição. A dívida comercial passou a ter um peso mais significativo no total de dívida
pública. De cerca de 300 milhões de dólares em 2005, a dívida pública comercial passou para
cerca de 2,4 mil milhões de USD em 2015, o que representa um aumento em cerca de 80
vezes. Consequentemente, o peso da dívida comercial no stock de dívida total aumentou de
cerca de 7,5%, para cerca de 30%. Este crescimento da dívida comercial deveu-se, por um
lado, ao crescimento exponencial da dívida externa comercial, que aumentou cerca de 73
vezes desde 2006. Isto é, de cerca de 30 milhões de USD em 2008, o stock de dívida externa
comercial aumentou para cerca de 1,5 mil milhões de USD em 2014.

Gráfico 3: Evolução da dívida pública

Evolução da dívida pública (Milhões de USD)


20000
18000
16000
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

DP Concessional DP Comercial

Fonte: Boletins periódicos da dívida, relatórios anuais da dívida, análise de sustentabilidade


da dívida do Ministério das Finanças (DNT), relatório e parecer da CGE (vários anos) e
Fundo Monetário Internacional (2014, 2015).

Por outro lado, a dívida interna comercial que já vinha crescendo significativamente desde
1999 (Massarongo & Muianga, 2011) aumentou de cerca de 300 milhões de USD em 2006
para próximo de mil milhões de dólares em 2014. Isto significa que a dívida interna
praticamente triplicou. Portanto, considerando ambas as dinâmicas da dívida comercial
interna e externa, a dívida pública comercial também apresentou mudanças na sua estrutura,
tendo evoluído de praticamente ser constituída apenas pela dívida pública interna para a ser
principalmente constituída pela dívida comercial externa.
31

Gráfico 4: Evolução da dívida pública e comercial

Evolução da dívida pública e comercial (Milhões de USD)


5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

DPI DPE

Fonte: Boletins periódicos da dívida, relatórios anuais da dívida, análise de sustentabilidade


da dívida do Ministério das Finanças (DNT), relatório e parecer da CGE (vários anos) e
Fundo Monetário Internacional (2014, 2015).
No que respeita à sua fonte, 11% do stock de dívida pública total é constituído por dívida que
o Governo contrai internamente, junto de agentes económicos residentes, e os restantes 89%
são dívida externa, contraída junto de instituições bilaterais e multilaterais não residentes.
Castel-Branco & Massarongo (2016b) trouxeram pontos que fazem referência à dívida
pública como factor estruturante e desestabilizador da economia. Primeiro, a dívida pública
tem impacto na estruturação da despesa pública e dos serviços públicos, limitando a
capacidade do Estado de prosseguir políticas económicas e sociais mais amplas. Segundo, o
endividamento público e as modalidades do seu financiamento encarecem o capital e tornam o
acesso a meios de financiamento muito mais difícil para a pequena e média empresa, e
transformam o sector financeiro doméstico num mercado de títulos de dívida, pouco
interessado no desenvolvimento da base produtiva. Terceiro, um endividamento tão grande,
rápido e concentrado, numa economia tão dependente de importações (para consumo e
investimento), e de fluxos externos de capital, desestabiliza a economia em múltiplas formas:
tem efeito directo na disponibilidade de moeda externa e, por consequência, na instabilidade
da taxa de câmbio e, por essa via, na instabilidade dos preços; afecta os custos de produção e
os custos de vida, reduzindo o salário real e causando instabilidade política e social; e provoca
retracção do investimento e do emprego, sobretudo nas pequenas e médias empresas. Quarto,
a natureza crescentemente comercial da dívida (que a torna mais cara, de mais curto prazo e
mais difícil de renegociar), em termos tão desfavoráveis (as mais altas taxas de juro do
32

mercado e períodos curtos de reembolso) e com aplicações não produtivas gera a armadilha
da dívida: esta não pode ser paga, a reestruturação da dívida comercial aumenta os seus
custos, o que a faz reproduzir-se por si, e a economia tem de incorrer em dívida para servir a
dívida. Logo, o objectivo principal da política económica deixa de ser o desenvolvimento e
passa a ser a gestão da dívida.

4.2. Dinâmica do Endividamento Público23


Na perspectiva de Castel-Branco (2010) e Castel-Branco & Ossemane (2009), como resultado
da estrutura produtiva do País e do padrão de crescimento económico, existe uma dinâmica
fiscal caracterizada por um crescimento lento das receitas fiscais, o que limita a capacidade do
Estado para decidir sobre a mobilização e alocação produtiva e eficiente dos recursos para
financiar a diversificação da base produtiva nacional. O Governo, para implementar as
actividades e projectos, necessita de fundos que não têm sido suficientes com base nas
receitas que arrecada, o que o obriga a financiar os seus défices orçamentais através da
emissão de títulos da dívida pública interna (Obrigações do Tesouro e Bilhetes do Tesouro)
ou com recurso a donativos e empréstimos.

Para analisar as dinâmicas de endividamento público em Moçambique é necessário tomar em


consideração as dinâmicas fiscais do País. O desempenho fiscal da economia tem sido débil.
A base fiscal como percentagem do PIB tem evoluído lentamente (conforme o gráfico
abaixo). Os factores que contribuem para o lento crescimento das receitas fiscais são: (i) base
fiscal dependente do IVA e, recentemente, das mais-valias dos produtos importados e de
produção nacional; (ii) uma estrutura produtiva e comercial que não facilita a captação de
receitas fiscais; (iii) os benefícios fiscais de que gozam os grandes projectos; e (iv) a débil
administração fiscal (Castel-Branco & Ossemane, 2009).

A análise da dinâmica da dívida tem sido feita, de forma muito comum, através da análise das
dinâmicas da despesa pública. Nesta perspectiva, considera-se que o aumento da dívida
pública tem origens do lado da despesa, isto é, o aumento excessivo da despesa pública gera
um défice fiscal e, consequentemente leva ao endividamento público.

As dinâmicas de endividamento público em Moçambique reflectem as dinâmicas económicas


dominantes na economia local, uma vez que a dependência externa (influxo de capital
externo) constitui uma característica fundamental do padrão de crescimento económico do
País. Portanto, a dependência económica e financeira é um elemento fundamental para

23
https://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2019/12/art_yibraimo.pdf
33

entender as dinâmicas de endividamento público. Consequentemente, a base produtiva não é


diversificada e o espaço para mobilização de recursos fiscais também é limitado (Castel-
Branco, 2016). O crescimento da dívida comercial, acompanhado por um serviço da dívida
cada vez mais elevado, levou a economia a entrar numa dinâmica da armadilha e vício da
dívida, em que a dívida se auto reproduz por causa da sua insustentabilidade, agudizado com a
descoberta das dívidas ilegais, entre 2014 e 2016, que mergulhou o País numa profunda crise
da dívida. Associado à dinâmica da dívida pública, entre outros factores, o crescimento
económico desacelerou, tendo a economia, nos últimos três anos (2016-2018), crescido em
média, cerca de 3,5 % por ano.

4.3. Dívida de Moçambique com os BRICS: Evolução24


A dívida pública de Moçambique para com os BRICS cresceu rapidamente entre 2008 e 2014.
Neste período, a dívida moçambicana com estes países aumentou mais de nove vezes,
passando de cerca de US$ 191 milhões para cerca de US$ 1,8 mil milhões. O stock de dívida
com os BRICS aumentou de cerca de 5% para 25% do stock da dívida total e de 11% para
cerca de 47% do stock total de dívida bilateral.

O crescimento exponencial da dívida de Moçambique para com os BRICS fica mais evidente
quando comparado com os principais credores do país. Por exemplo, o peso sobre o stock de
dívida total da dívida de Moçambique para com o Clube de Paris passou de 10% para 15% e
com os restantes países de 19% para 29%.

O peso sobre o stock de dívida total bilateral para com os países do Clube de Paris reduziu-se
de cerca de 31% para cerca de 18%, o mesmo sucedendo para os restantes parceiros de
cooperação (que não são do grupo de Paris), que passou de cerca de 58% para cerca de 35%.

Gráfico 5: Estrutura da dívida bilateral

24
https://journals.openedition.org/cea/2964
34

120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Clube de Paris Outros BRICS

Fonte: Governo de Moçambique (Vários), Tribunal Administrativo (Vários),


Direcção Nacional do Tesouro (Vários), IMF (2015a, 2015b, 2015c).

Portanto, a dívida com os BRICS contribuiu em cerca de 80% para o crescimento da dívida
bilateral e em cerca de 46% para o crescimento da dívida total entre 2008 e 2014, passando
desta forma a ter o maior peso no stock de dívida total em relação ao Clube de Paris e outros
parceiros de cooperação.

Gráfico 6: Peso da dívida dos BRICS sobre a dívida externa

120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Clube de Paris Outros BRICS Divida Multilateral

Fonte: Gooverno de Moçambique (Vários), Tribunal Administrativo (Vários),


Direcção Nacional do Tesouro (Vários), IMF (2015a, 2015b, 2015c.

Fonte: Governo de Moçambique (vários), Tribunal Administrativo (vários), Direcção nacional


do Tesouro (vários), IMF (2015a, 2015b, 2015c)
35

4.4. Finalidades da dívida com os BRICS


Como demonstrado nas secções anteriores, atualmente a dívida com os BRICS constitui uma
das principais fontes de financiamento externo de Moçambique. Portanto, entender o que é
financiado pela dívida com estes países ajuda a entender a forma como a economia de
Moçambique se está a estruturar e as implicações que resultam para a economia.

Os gráficos 12 e 13 sintetizam as principais finalidades dos acordos de crédito assinados com


os BRICS. As infraestruturas de transporte, água, energia e telecomunicações são as
principais finalidades dos créditos com os BRICS. Dos cerca de US$ 5 mil milhões de
acordos de crédito, entre 2008 e 2015, praticamente US$ 3 mil milhões foram utilizados para
financiar estes sectores. Se se considerarem os investimentos complementares feitos na zona
de Nacala para estimular o seu desenvolvimento, o valor supramencionado sobe para quase
US$ 4 mil milhões, ou seja 80% do valor do crédito total contraído.

A alocação intersectorial dos créditos contraídos varia, mas, no que respeita aos valores das
infraestruturas, as estradas, pontes, barragens e aeroportos dominam as finalidades dos
investimentos. A situação fica mais clara desagregando por país: cerca de 33% do crédito de
US$ 700 milhões contraído ao Brasil entre 2008 e 2016 destinava-se ao desenvolvimento do
Corredor de Nacala, 47% à construção da barragem de Moamba Major e o resto ao transporte
urbano para as cidades de Maputo e Matola; 54% dos cerca de US$ 500 milhões do crédito
com a Índia foram utilizados no sector de energia, especificamente na eletrificação e melhoria
da rede de energia das províncias de Maputo, Niassa, Manica e Zambézia, estradas no centro
do país, construção de um parque tecnológico em Manica, expansão da rede telefónica das
Telecomunicações de Moçambique e construção de armazéns; 74% do crédito contraído com
a China, no valor de US$ 4,4 mil milhões, foi destinado a estradas e pontes, reabilitação do
porto da Beira, expansão da rede elétrica no centro do país e reabilitação e modernização do
aeroporto de Maputo. Outra parte do crédito com a China foi utilizado para a construção de
edifícios públicos e infraestruturas tecnológicas.

Neste caso, direta ou indiretamente os créditos dos BRICS reforçam a estrutura frágil e porosa
da economia de Moçambique. A médio e longo prazo, esta situação pode gerar limitações
sobre a capacidade de a economia sustentar o serviço da própria dívida.

4.5. Análise dos Resultados


Não obstante o elevado endividamento público que o País vinha registando, a descoberta das
dívidas ilegais em 2014, cerca de 850 milhões de dólares para a Empresa Moçambicana de
36

Atum (EMATUM), e em 2016, cerca de 622 milhões de dólares para a Proíndicos e 535
milhões de dólares para a Mozambique Asset Management (MAM), acabou por exacerbar a
insustentabilidade da dívida pública. O País foi absorvendo um nível de dívida acima das suas
capacidades reais e não foi capaz de cumprir o serviço da dívida, o que deu origem a uma
crise da dívida. Estes episódios, não apenas mudaram a imagem de sucesso que
caracterizavam o País no seio dos doadores, das agências de desenvolvimento, do mercado
internacional e das agências de rating, como também afectaram negativamente os níveis de
crescimento económico.

Um endividamento tão grande, rápido e concentrado, numa economia tão dependente de


importações (para consumo e investimento), e de fluxos externos de capital, desestabiliza a
economia em múltiplas formas: tem efeito directo na disponibilidade de moeda externa e, por
consequência, na instabilidade da taxa de câmbio e, por essa via, na instabilidade dos preços;
afecta os custos de produção e os custos de vida, reduzindo o salário real e causando
instabilidade política e social; e provoca retracção do investimento e do emprego, sobretudo
nas pequenas e médias empresas. Associado à dinâmica da dívida pública, entre outros
factores, o crescimento económico desacelerou, tendo a economia, nos últimos três anos
(2016-2018), crescido em média, cerca de 3,5 % por ano.

Entretanto é de se notar que a as dívidas contraídas por Moçambique não foram empregues
adequadamente. Ao invés de contrair empréstimos para realizar projectos que vão propiciar a
arrecadação de receitas, o Estado contraiu empréstimos para custear despesas públicas, esses
empréstimos que se nutriam ao longo do tempo e acabaram por se tornar insustentáveis
afectando assim diretamente e/ou indirectamente o crescimento econômico nacional.
37

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO
5.1. Conclusão
Após uma leitura minuciosa do presente compendio, pudemos concluir que: a taxa de câmbio
tem uma influência negativa e positiva na economia na medida em que quando a taxa de
câmbio é alta, afecta negativamente na produção, na indústria de transformação, reduz os
investimentos e poderá gerar na desaceleração da taxa de crescimento econômico. A taxa de
câmbio influencia o nível dos preços domésticos o que convergem em efeitos redistributivos
que muda o poder aquisitivo do consumidor e o lucro das empresas. A desvalorização cambial
possibilita o aumento na poupança doméstica, o que permite manter ataxa de câmbio mais
depreciada garantindo maiores taxas de investimento e maior crescimento econômico a longo
prazo.

A taxa de câmbio tem influência à dívida pública na medida em que o Estado torna-se
deficitário e o país exporta mais pois a absorção interna é menor do que a produção nacional e
o país recebe poupança externa já que consome mais do que produz. Portanto, a depreciação
dinamiza a economia e o estado se vê em posição de recorrer a empréstimos para suprir o seu
défice em receita, e a dívida amenta. Quando há desvalorização cambial possui um efeito
positivo sobre o crescimento econômico, possibilita um aumento da poupança doméstica o
que permite manter a taxa de cambio mais depreciada garantindo maiores taxas de
investimento e maior crescimento ao longo prazo. Apresentando efeitos adversos no consumo
privado no investimento e no sector privado no sector real através de maiores custos de
produção para os sectores que dependem da importação e exportação de matéria-prima.

Certos níveis de endividamento público podem gerar efeitos positivos para a economia.
Níveis moderados de dívida pública podem induzir ao crescimento económico. No curto
prazo o produto responde positivamente a emissão da dívida pública e, como resultado do
efeito crowding-out, no longo prazo o produto diminui, tornando os efeitos de curto prazo
insignificantes.
38

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