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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais

Donato Ayirton Goenha Júnior

Contribuição Socioeconómica do Auto-Emprego na Geração de Renda das Famílias


Moçambicanas na Cidade de Maputo (2019 – 2021)

Maputo, Fevereiro de 2022


UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais

Donato Ayirton Goenha Júnior

Contribuição Socioeconómica do Auto-Emprego na Geração de Renda das Famílias


Moçambicanas na Cidade de Maputo (2019 – 2021)

Supervisor:

Trabalho de Fim de Curso a ser apresentado na


Universidade São Tomás de Moçambique –
Faculdade de Ciências Económicas e
Empresarias, como requisito para a obtenção do
grau de Licenciatura em Gestão Financeira e
Bancaria.

Maputo, Novembro de 2021


ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO...................................................................................................................1

1.1. Justificativa...................................................................................................................2

1.2. Problema de Pesquisa...................................................................................................3

1.3. Hipóteses......................................................................................................................5

1.4. Objectivos.....................................................................................................................5

1.4.1. Objectivo Geral.........................................................................................................5

1.4.2. Objectivos Específicos.............................................................................................5

1.5. Delimitação do Tema...................................................................................................6

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................7

2.1. Desemprego..................................................................................................................7

2.1.1. Tipos de Desemprego...........................................................................................7

2.1.1.1. Desemprego Estrutural..................................................................................7

2.1.1.2. Desemprego Conjuntural...............................................................................8

2.1.1.3. Desemprego Friccional..................................................................................8

2.1.2. Causas do desemprego..........................................................................................9

2.1.3. Consequências do Desemprego..........................................................................10

2.1.4. Desemprego em Moçambique............................................................................10

2.1.4.1. Causas do desemprego em Moçambique numa perspectiva de evolução


histórica 10

2.1.4.2. Causas do desemprego em Moçambique numa perspectiva actual.............12

2.2. Auto-emprego.............................................................................................................13

2.2.1. Vantagens do auto-emprego...............................................................................13

2.2.2. Desvantagens do auto-emprego..........................................................................14

2.2.3. Motivações ao auto-emprego..............................................................................14

III. METODOLOGIA..........................................................................................................16
3.1. Tipo de pesquisa.........................................................................................................16

3.2. Universo ou População...............................................................................................17

3.3. Amostra......................................................................................................................17

3.4. Técnicas de Recolha de Dados...................................................................................17

IV. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES (2021 – 2022).................................................19

V. ORÇAMENTO..................................................................................................................20
I. INTRODUÇÃO
Uma crise económica é um período de escassez do nível de produção, da comercialização e
do consumo de produtos e serviços. A economia é cíclica ou flutuante, ou seja, combina
etapas de expansão ou crescimentos com fases de contracção ou estagnação. Estas flutuações
compõem os chamados ciclos económicos. No caso das crises económicas, o contexto é
negativo, abrangendo cenários de recessão e depressão.

As crises são caracterizadas por trazer consigo as seguintes consequências: elevação da taxa
de desemprego pois em situação de crises as empresas tendem a fazer reforma de modo a
reduzir os custos; inflação ou elevação de preços e elevação de custo de vida ou seja redução
do poder aquisitivo por parte da população.

Moçambique e todo mundo encontram-se actualmente a viver uma crise decorrente da


pandemia viral ‘’COVID-19’’, sendo umas das consequências sob ponto de vista económico o
desemprego, fazendo com que a taxa de desemprego se acentue. Contudo, em Moçambique
existe um conceito que pode amenizar ou reduzir a acentuada taxa de desemprego: o auto-
emprego.

O auto-emprego, trabalho por conta próprio ou ainda trabalho independente é desde há muito
tempo uma actividade económica estável e significativa embora reduzida nas sociedades
industrialmente desenvolvidas. Porem o seu reconhecimento social tem ficado por conta de
quem o considera importante e pela função que este desempenha.

O trabalho vai se cingir no tema ‘’Contribuição socioeconómica do auto-emprego na geração


de renda das famílias moçambicanas na Cidade de Maputo’’, o qual tem como objectivo geral
analisar a contribuição socioeconómica do auto-emprego na geração de renda das famílias
moçambicanas na Cidade de Maputo.

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I.1. Justificativa
O estudo deste tema é pertinente á medida em que vai despertar e consciencializar a sociedade
sobre uma forma de garantir emprego e sua sustentabilidade, não só, mas como também
podem através do auto-emprego contribuir para o crescimento económico e consequente
redução do nível de desemprego no país.

A relevância do estudo do mesmo, se insere no contributo que vai trazer no âmbito académico
e económico, fornecendo subsídios para que os economistas e estudantes vejam no auto-
emprego uma solução para um dos maiores problemas que se vive na actualidade.

Os economistas percebem que o empreendedor é essencial ao processo de desenvolvimento


económico, e em seus modelos estão levando em conta os valores da sociedade, em que são
fundamentais os comportamentos individuais dos seus integrantes. Em outras palavras, não
haverá desenvolvimento económico sem que na sociedade existam líderes empreendedores.

Vai enriquecer a sociedade em geral a medida em que trás uma forma de consciencialização
das sociedades, não só, mas como também procura estimular o cidadão no pensamento, na
inovação e criação de novas formas de emprego.

Este é pertinente aos jovens a medida em que os jovens perguntam-se se devem seguir as
carreiras tradicionais ou entrar na corrida da indústria da informação, abrindo seu próprio
negócio; Muitos questionam se vale a pena continuar estudando.

Funcionários não sabem se terão suas vagas no dia seguinte. Se perderem, sabem que será
muito difícil conseguir outra vaga no mercado de trabalho, principalmente se estão além da
meia-idade. A maioria das pessoas empregadas está insatisfeita com seu trabalho, salário e
rumo de suas carreiras? O que fazer? Quais as alternativas?

As respostas para estas perguntas, resumem-se no tema em estudo, ou seja, a solução esta na
reinvenção da carreira através do auto-emprego.

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I.2. Problema de Pesquisa
Moçambique tem fronteiras com a Tanzânia, Malawi, Zâmbia, Zimbabué, África do Sul e
Suazilândia. A sua longa costa do Oceano Índico (com 2.500 quilómetros) está voltada a Este
para Madagáscar. Cerca de 70% da sua população de 28 milhões (2016) vive e trabalha em
áreas rurais (Portal do Governo, 2015).

Dispõe de amplas terras aráveis, água, energia, assim como recursos minerais e gás natural
recentemente descoberto offshore, três portos marítimos profundos, e uma potencial grande
reserva de mão-de-obra. Também está estrategicamente localizado, pois quatro dos seis países
com que faz fronteira não têm acesso ao mar, dependendo, portanto, de Moçambique como
uma rota para os mercados globais (Portal do Governo, 2015).

Os fortes laços de Moçambique com o motor económico da região, a África do Sul,


sublinham a importância do seu desenvolvimento económico, político e social para a
estabilidade e crescimento da África Austral como um todo (Portal do Governo, 2015).

No que concerne a economia, cerca do 45% tem potencial para agricultura porem 80% desta é
de subsistência, com tudo a agricultura contribui para maior parte do PIB nacional; o país tem
grande potencial turístico, destacando-se as zonas de mergulhos nos seus mais de 2000km de
litoral e os parques e reservas animais (Portal do Governo, 2015).

Maior parte das receitas é obtida através do consumo dos cidadãos dado que é um país
maioritariamente importador. Moçambique apresenta um PIB estimado em 26,22 bilhões
tendo variações em cerca de 7,5% anuais (INE, 2012).

Moçambique continua a sofrer os efeitos da crise da dívida oculta de 2016. O crescimento real
do produto interno bruto (PIB) desacelerou para 3,7% em 2017, inferior aos 3,8% em 2016 e
bem inferior à taxa de crescimento de 7% do PIB alcançada em média entre 2011 e 2015. As
pequenas e médias empresas tiverem um recuo e a sua capacidade de gerar empregos foi
ainda mais reduzida. Prevê-se que o crescimento permaneça relativamente estável em torno de
3% a médio prazo (INE, 2012).

A inflação baixou para 7%, apoiada por uma moeda, o metical, mais estável, e a queda dos
preços dos bens alimentares. O crescimento da produção agrícola contribuiu para essa
tendência, assim como a menor inflação no preço dos bens alimentares. Os níveis de
endividamento continuam elevados e a um nível insustentável.

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Contudo com a crise económica que Moçambique e o mundo estão vivendo, com a inflação
aumentando e o emprego diminuindo, viver num país como o nosso torna-se cada vez mais
difícil. Nos últimos anos tem-se verificado um aumento acelerado de desempregados e as
empresas com cada vez menos vagas disponíveis.

Com tudo, muitos trabalhadores e cidadãos viram-se numa situação delicada, vendo como
solução empreender para não ficarem desempregados. Porem ter próprio negócio mostra-se
difícil, precisa-se de coragem, muita pesquisa e conhecimento na área na qual se pretenda
trabalhar.

O auto-emprego tem crescido e despertado nos últimos 15 anos grande interesse tanto em
países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento.

O crescimento mais lento, a crise económica, o desemprego crescente, os ajustes estruturais


macro e micro económicos e as dificuldades do sector público em promover o pleno emprego
têm estimulado as pessoas a encararem o auto-emprego como um meio de criar emprego,
renda e capital, PAMPLONA (2003).

O emprego de hoje, com vínculo salarial e horário rígido, já é coisa do passado. As vagas de
emprego nas empresas estão cada vez mais escassas, devido às crises financeiras e a
apropriação das vagas dos trabalhadores por máquinas ou modernos programas de
computador. Com tão poucas oportunidades, o emprego assalariado. É a era do auto-emprego.

Tendo em conta o acima disposto, qual é a contribuição socioeconómica do auto-emprego na


geração de renda das famílias moçambicanas?

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I.3. Hipóteses
 O auto-emprego contribui de forma positiva na geração de renda das famílias
moçambicanas, permitindo-as o seu auto sustento e a criação de postos de emprego;
 O auto-emprego não contribui na geração de renda das famílias moçambicanas, sendo
a renda proveniente de outras actividades.

I.4. Objectivos

I.4.1. Objectivo Geral


 Analisar a Contribuição Socioeconómica do Auto-emprego na Geração de Renda das
famílias moçambicanas.

I.4.2. Objectivos Específicos


 Identificar as principais causas de desemprego em Moçambique;
 Descrever auto-emprego em Moçambique e seus benefícios;
 Avaliar a contribuição do auto-emprego na geração renda das famílias.

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I.5. Delimitação do Tema
O termo desemprego faz parte do quotidiano de todos, mesmo daqueles que ainda não se
encontram na população economicamente activa. Os alunos das escolas secundárias, institutos
técnicos profissionais e ensino universitário tem grandes expectativas com relação ao mercado
de emprego que enfrentarão em breve, esses factores aumentam a importância de discutir este
tema e as questões relacionadas ao conceito.

A organização internacional do trabalho (OIT) define desemprego como a condição em que


conjunto de pessoas acima de uma determinada idade estão sem trabalho, que actualmente
disponíveis para trabalhar e estão procurando trabalho durante um determinado período.
Ainda pode-se definir desemprego como uma situação de ociosidade involuntária.

É difícil diferenciar, através de critérios mais ou menos objectivos, o auto-emprego do


emprego. A criação de critérios que permitam uma clara distinção entre o “dependente
empregado” e o “independente auto-empregado” tem desafiado uma gama de pessoas
interessadas com este conceito.

No auto-emprego, o proprietário dos factores de produção participa directamente da


actividade produtiva; sua renda não é previamente definida, pois dependerá de seu trabalho,
de seu capital e da demanda directa do mercado de bens e serviços; seu objectivo primordial é
prover seu próprio emprego (meio de subsistência) e não valorizar seu capital (acumulação de
capital).

O Auto-emprego em Moçambique está em uma fase, ainda, de descoberta. Acredito que isto
está acontecer porque muitos dos cidadãos tem esperado em ter um emprego, isto é, em ser
empregados de alguém; no entanto, é notório que as famílias moçambicanas apostam muito
na formação dos seus membros e/ou filhos.

Essa formação deveria ser muito mais abrangente. Isso quer dizer que, apesar do esforço do
Governo moçambicano em introduzir disciplinas na grade curricular como noções do
Empreendedorismo, esta prática está cada vez mais distante de ser uma realidade talvez
porque não existem grandes raízes ainda para chegar ao nível dos EUA ou pelo menos a
vizinha África do Sul. Este trabalho se propõe a investigar: Impacto Socioeconómico do
Auto-Emprego na Diminuição do Desemprego nas Famílias Moçambicanas, tendo como
enfoque os últimos 10 anos e como ponto focal a província de Maputo.

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

II.1. Desemprego
O desemprego é caracterizado como sendo a não possibilidade do trabalho assalariado nas
organizações de um modo geral. De acordo com GARRATY (1978: 10), desemprego
significa "a condição da pessoa sem algum meio aceitável de ganhar a vida e os
desempregados são pessoas capazes de trabalhar para satisfazer suas necessidades, mas
ociosas, independentemente de sua boa vontade para trabalhar ou cio que elas possam fazer
para atender as necessidades da sociedade.

II.1.1. Tipos de Desemprego


Os tipos de desemprego estão directamente ligados as suas causas, uns ficam desempregados
por conta de mudanças na sociedade, outros por conta de crises e ou contenção de custos.

II.1.1.1. Desemprego Estrutural


Ocorre quando há mudança estrutural na sociedade. As pessoas atingidas por este tipo de
desemprego não conseguem adequar-se à nova realidade do mercado de trabalho ou a novas
demandas trabalhistas. Geralmente ocorre quando há mudança de paradigmas ou crescimento
económico.

Segundo MINKIW (2004: 98-103), ocorre quando a desequilíbrio entre a oferta e procura de
trabalhadores. Este desequillibrio ocorre devido a rigidez salarial, que é a impossibilidade de
o salario se ajustar até que a oferta de trabalho se iguale a procura de trabalho. O desemprego
aqui é involuntário.

A teoria da rigidez salarial e do desemprego involuntário (Keynesiana) sustenta que o lento


ajustamento dos salários ou rigidez produz excessos nos mercados de trabalho. Pode existir o
equilíbrio mesmo sem o pleno emprego, o que acontece na figura abaixo, onde a desemprego
involuntário (HG) com equilíbrio entre a oferta (SS) e a procura de trabalhadores (DD) a um
nível de salario W mesmo sem existir o pleno emprego.

Gráfico 1: Desemprego involuntário

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II.1.1.2. Desemprego Conjuntural
Ocorre quando há um conjunto de mudanças, por exemplo, crises, pandemias, epidemias eo
desastres naturais. Dos tipos de desemprego este pode ser considerado o mais fácil de
ultrapassar, pois tais mudanças são passageiras e acarretam contratação de antigos
trabalhadores quando a situação vir a melhorar.

II.1.1.3. Desemprego Friccional


Ocorre quando uma economia se encontra em pleno emprego dos seus recursos, incluindo o
trabalho (L). Este tipo de desemprego é consequência do tempo que se leva para combinar
trabalhadores e empregadores devido as diferentes preferências e capacidades dos
empregadores enquanto os empregados exigem diferentes atributos; o fluxo de informação
imperfeito sobre os candidatos e postos de trabalho; e a mobilidade geográfica dos
trabalhadores que não é instantânea.

Os desempregados friccionais são também considerados voluntários (Teoria Clássica). Tendo


como pressuposto a flexibilidade de preços e salários, existira sempre alguma quantidade de

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desemprego friccional (EP) ou voluntario associada com o pleno emprego de trabalhadores e
produtos, como se pode verificar pela figura abaixo, que é chamada de taxa natural de
desemprego (MANKIW 2004: 97 – 99).

Gráfico 2: Desemprego voluntario

II.1.2. Causas do desemprego


As causas do desemprego são várias, em algumas vezes, o que é causa para uma
determinada linha de pensamento, pode ser solução para outra. Dentre as causas mais
citadas, pode-se enunciar:

 Desenvolvimento tecnológico: Com as novas tecnologias procura-se reorganizar os


meios de produção, com objectivo de aumentar a produtividade e reduzir o número de
trabalhadores, que consequentemente reduzirá os custos com mão-de-obra, o que gera
desemprego.
 A terceirização: A terceirização é um processo no qual uma empresa contrata outra
para realizar determinado serviço, em vez de contratar funcionários individualmente.
 O excesso de concentração da renda;
 A reengenharia;

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 Downsizing.

II.1.3. Consequências do Desemprego

As consequências, por sua vez, podem ser devastadoras, tanto do ponto de vista da pessoa (do
desempregado) e de sua família quanto do ponto de vista social e político. A conta do
desemprego, directa ou indiretamente, é paga por todos. É paga via aumento de impostos para
cobrir despesas como subsidio desemprego, despesas médico hospitalares, despesas com
segurança e assim por diante.

Estudos comprovam que o desemprego aumenta os problemas relacionados com a saúde


física e mental do trabalhador, fazendo com que se acentue a procura pelos serviços
profissionais ligados a esta área. Também há comprovação de que a violência e o crime, de
um modo geral, estão diretamente relacionados com o desemprego. Este pode ainda provocar
radicalização política, tanto à direita quanto à esquerda, bem como ampla desorganização
familiar e social. Estudos já descobriram relação entre aumento de desemprego e aumento de
divórcios, apenas a título de exemplo.

II.1.4. Desemprego em Moçambique

II.1.4.1. Causas do desemprego em Moçambique numa perspectiva de evolução


histórica
De acordo com o Portal do governo (2017) As causas na perspectiva de evolução dividem-se
em 3 períodos, período colonial; Período da independência ate 1986 e; Período da introdução
do programa de reabilitação económica (PRE) ate 2007:

a) O período colonial
O Período estava orientado para os interesses coloniais subordinados as directrizes do
nacionalismo económico de Salazar, iniciado em 1930. Para tal, o estado colonial organizou o
mercado de trabalho e o recrutamento da seguinte forma:

 Procedendo ao recrutamento forçado, chibalo, para contribuir com o trabalho braçal,


praticamente a custos ínfimos na: Administração colonial, Portos, caminhos-de-ferro
e Industrias;
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 Organizando as reservas da forca de trabalho [do paralelo 22 (sul do rio save) que era
reservada para o recrutamento para as minas da África do sul e a situada ao norte do
paralelo, para as plantações].
Assim, neste período, a analise do desemprego resume -se em:
 A definição do emprego, Desemprego e sob emprego é difícil de aplicar, pois o
emprego existente era forçado, não dependia do livre arbitro do trabalhador ou não;
 As características do mercado do trabalho existentes apenas reflectem a situação das
zonas urbanas, onde residi a 4% da população total representando a minoria e dando
uma imagem falsa de trabalho;
 Descriminação Racial a população nativa, vedando o acesso ao ensino o que acusou
um nível baixo de qualificação de mão-de-obra;
 O Chibalo gerou uma forca de trabalho não organizada e não competitiva, sem poder
de negociação para se opor colectivamente ao capital e sem estímulo para aumentar a
produtividade.

b) O período pós independência (1975-1986)


O país herdou uma economia capitalista virada para satisfazer as necessidades externas, uma
forca de trabalho indiferenciada e pouco qualificada.

 No Terceiro congresso da FRELIMO em Fevereiro de 1977 foi introduzido a


mecanização acelerada para o aumento rápido da produção no sector estatal, mas ao
aumentar substancialmente a produtividade do factor trabalho, a mecanização
substituiu trabalhadores em algumas fases do processo do trabalho e dado que 90% do
investimento realizado na agricultura foi para a mecanização não foi possível
estabilizar a forca do trabalho contribuindo para a redução das oportunidades do
emprego.
 O boicote generalizado a Moçambique efectuado pela África de sul, através da
redução do número de mineiros contratados, aumentou o numero dos desempregados
na região sul.
Em 1980 a câmara de minas de África de sul reduziu para 30% o recrutamento da
mão-de-obra para as minas.

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 Os efeitos da guerra: Degradação do crescimento do nível do emprego e da actividade
económica, levou aqui ate aos anos 80, aproximadamente 4 milhões de pessoas
abandonassem as zonas rurais contribuindo para a paralisação da grandes empresas
agrícolas e aumento do êxodo rural, onde na cidade, essas pessoas ficavam remetidas
ao desemprego ou ao trabalho no sector informal.

c) Do período do programa de reabilitação económica ate 2007


O PRE foi adoptado pelo governo em 1987 e condicionado pelas politicas do banco mundial e
do fundo monetário internacional (FMI), marcando o inicio da transacção entre o socialismo e
a economia de mercado em Moçambique.

O que se pretendia era recuperar a indústria transformadora, os níveis de produção e


exportação de 1981, alterar o ambiente para o desenvolvimento industrial liberalizando-o e
privatizando algumas empresas e estabelecimentos, para além da liberalização de preços de
forma a lançar as bases para um desenvolvimento equilibrado e competitivo da economia.

Na economia do mercado já adoptada todo o trabalhador e excedentário, comum num regime


socialista que não concedia o desemprego que tivesse a sua produtividade a não corresponder
ao respectivo salário foi despedido, constituindo mais um desempregado. Após as
privatizações o carácter social da produção deixou de ser prioritário e a gestão começou a
atender a rentabilidade com redução forte dos custos e consequente desemprego para a forca
de trabalho considerada excedentária.

Em 1992 com a assinatura dos acordos de paz começa a desmobilização dos militares, o
regresso dos refugiados nos países vizinhos o que veio a elevar o número de desempregados
existentes.

II.1.4.2. Causas do desemprego em Moçambique numa perspectiva actual


Em Moçambique o desemprego e o subemprego são de natureza estrutural, ou seja,
resultantes do desequilíbrio entre a oferta e procura de trabalhadores MINKIW (2004: 99),
este tem como causas:

 Incapacidade da economia em gerar postos de trabalho em número suficiente para


absorver os desempregados incluindo jovens que entram anualmente na PEA
(população Economicamente Activa);~

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 Elevado índice de pobreza absoluta aliado a elevadas taxas de analfabetismo, fraca
disponibilidade de infra-estruturas nas zonas rurais (estrada, energia,
telecomunicações e outras);
 Redução do peso do Estado como empregador, ou seja, actualmente o Estado só prove
emprego nas áreas de educação, saúde, defesa.

II.2. Auto-emprego
É difícil diferenciar, através de critérios mais ou menos objectivos, o auto-emprego do
emprego. A criação de critérios que permitam uma clara distinção entre o “dependente
empregado” e o “independente auto-empregado” tem desafiado uma gama de pessoas
interessadas com este conceito.

Não se pode ainda encontrar na literatura especializada uma definição precisa e padrão de
auto-emprego. Dada a sua heterogeneidade existem dificuldades encaradas como a distinção
de emprego e auto-emprego, mesmo assim autores tem tentado defini-lo.

De acordo com PAMPLONA (2002) é possível definir de uma forma relativamente precisa o
auto-emprego. Desde que haja um consenso entre os autores no que diz respeito as
características deste, pois ele pressupõe de forma geral independência, autonomia e controle
sobre o processo de trabalho.

No auto-emprego, o proprietário dos factores de produção participa directamente da


actividade produtiva; sua renda não é previamente definida, pois dependerá de seu trabalho,
de seu capital e da demanda directa do mercado de bens e serviços; seu objectivo primordial é
prover seu próprio emprego (meio de subsistência) e não valorizar seu capital (acumulação de
capital).

II.2.1. Vantagens do auto-emprego


YUNUS (2003) apresenta algumas vantagens do auto-emprego sobre o trabalho assalariado:

a) Os honorários são flexíveis e passiveis de se adaptarem a situação familiar. Assim, as


pessoas podem optar em trabalhar a tempo integral ou parcial, se precisarem contornar
dificuldades temporárias, ou até mesmo abandonar o seu negocio por algum tempo
para assumir um emprego assalariado;

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b) O trabalho autónomo convém particularmente a quem conhece a realidade da rua e
requer conhecimentos práticos do que teóricos e competências técnicas. Isso significa
que analfabetos e pobres poem explorar seus pontos fortes, ao invés de ficarem em
desvantagens devido as suas fragilidades;
c) Pode transformar um passatempo ou hobby em actividade remunerada;
d) Dá oportunidade a quem tem dificuldade em se submeter a uma hierarquia rígida;
e) Oferece a possibilidade de sair da dependência em relação a ajuda social, não para se
tornar um empregado assalariado, mas para abrir uma loja ou uma oficina;
f) Pode ajudar aqueles que encontram um emprego, mais ainda estão bastante pobres;
g) Propicia aos recém-formados o apoio moral para se instalarem por conta própria, ao
invés de afundarem na depressão e no isolamento;
h) O custo médio de criação de um trabalho autónomo em muitas vezes é menor que o de
um trabalho assalariado;
i) O auto-emprego é importante para o mercado de trabalho ao ampliar as oportunidades
de participação das pessoas nesse mercado.

II.2.2. Desvantagens do auto-emprego


Segundo RODRIGUES (2008) as desvantagens do auto-emprego são as seguintes:

 A média dos rendimentos do auto-empregado é quase sempre mais baixa do que a dos
assalariados;
 Os auto-empregados, em termos gerais, trabalham mais horas do que os trabalhadores
assalariados formalmente;
 O auto-emprego tende a ser uma situação de trabalho instável, ou seja, o auto-emprego
é um risco;
 É um empreendimento concebido para garantir a sobrevivência do proprietário e não
com o objectivo de acumulação de capital, o que faz com que grande parte do
excedente seja desviado para o consumo e não para investimento.

II.2.3. Motivações ao auto-emprego


HUGHES (2003) cita duas teorias que estão intimamente ligadas ao aspecto intrínseco e
extrínseco da motivação:

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 A teoria do pulled que o auto-emprego como escolha do indivíduo, que procura por
independência e maiores oportunidades de crescimento profissional;
 A teoria do pushed, o auto-emprego é visto como resultado do downsizing,
reestruturação e crescimento de práticas flexíveis de emprego.
É inegável que as circunstâncias em que cada indivíduo está inserido e as diferenças
individuais na personalidade, nas atitudes, habilidades, conceitos de vida e emoções afectam
consideravelmente a sua escolha. Um empregado, que deseja maior independência e
responsabilidades, e trabalha numa empresa que não permite a tomada de decisão e que está
submersa em burocracia, talvez não esteja satisfeito com seu trabalho, o que o deixaria
propenso a migrar para o auto-emprego.
Outros factores dentro da organização como ambiente de trabalho, oportunidades de
crescimento, afastam trabalhadores do emprego formal. Factores como a busca por desafios e
maiores responsabilidades, maiores ganhos, flexibilidade e autonomia sobre o trabalho seriam
as principais motivações pessoais.

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III. METODOLOGIA

III.1. Tipo de pesquisa


a) Quanto à Natureza

Básica ou Teórica: permite articular conceitos e sistematizar a produção de uma determinada


área de conhecimento”. Visa, portanto a “criar novas questões num processo de incorporação
e superação daquilo que já se encontra produzido” (Minayo 2002, p. 52).

b) Quanto ao Objectivo

Exploratória: tem a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de um determinado


fenómeno. Segundo (Gil, 1999,p.42), esse tipo de pesquisa, aparentemente simples, explora a
realidade buscando maior conhecimento, para depois planear uma pesquisa descritiva.

c) Quanto ao Procedimento

Bibliográfica: uso exclusivo de fontes bibliográficas. A principal vantagem é permitir ao


pesquisador a cobertura mais ampla do que se fosse pesquisar directamente; é relevante
quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos.

Documental: semelhante à pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental se utiliza de fontes


documentais, isto é fontes de dados secundários.

Levantamento ou Surveys: é um método de levantamento e análise de dados sociais,


económicos e demográficos e se caracteriza pelo contacto directo com as pessoas. Os censos
são exemplos de surveys. Pela dificuldade em conhecer a realidade de todas as pessoas que
fazem parte do universo pesquisado é recomendado utilizar os levantamentos por
amostragem.

d) Quanto à Abordagem

Qualitativa: a pesquisa qualitativa pode ser definida como a que se fundamenta


principalmente em análises qualitativas, caracterizando-se, em princípio, pela não utilização
de instrumental estatístico na análise dos dados. Esse tipo de análise tem por base
conhecimentos teórico-empíricos que permitem atribuir-lhe cientificidade.

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e) Quanto ao Método Científico

Hipotético-Dedutivo: Formula hipóteses para expressar as dificuldades do problema, de onde


deduz-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas.

III.2. Universo ou População


Gil (1999) define população ou universo como o conjunto de elementos que possuem
determinadas características em comum. A população (ou universo) é o conjunto de todos os
elementos (pessoas ou objectos) cujas propriedades o pesquisador está interessado em estudar.
Quando é feito um levantamento completo sobre uma determinada população temos o que se
chama de censo; Constitui população para o presente estudo o conjunto formado pelos
empreendedores ou promotores de auto-emprego (Grandes, Médios e Pequenos) da Cidade de
Maputo.

III.3. Amostra
A amostra será de natureza não probabilística, o processo de selecção não leva em conta as
probabilidades de cada elemento ser incluído na amostra. Quando não se dispõe de uma lista
dos elementos da população ou de lista de conglomerados, podem-se usar procedimentos não
aleatórios para selecção de amostra que representem razoavelmente bem a população.

A amostragem por cotas consiste em obter uma amostra que seja semelhante, em alguns
aspectos, à população. É importante que o pesquisador conheça algumas características da
população que deseja estudar para seleccionar uma amostra adequada.

A amostragem será por cotas e feita em 2 estágios. No primeiro, desenvolver-se-á categorias


ou cotas de controlo de elementos da população, como por exemplo, dimensão, quota de
mercado, número de trabalhadores, etc. “Em geral, as cotas são atribuídas de modo que a
proporção dos elementos da amostra que possuem as características de controlo seja a mesma
que a proporção de elementos da população com essas características” (Malhotra 2001). No
segundo estágio, selecciona-se elementos da amostra com base na conveniência e no
julgamento.

III.4. Técnicas de Recolha de Dados


a) Questionário

O questionário é um instrumento de colecta de dados constituído por uma série ordenada de


perguntas descritivas (perfis socioeconómicos, como renda, idade, escolaridade, profissão e
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outros), comportamentais (padrões de consumo, de comportamento social, económico e
pessoal, dentre outros) e preferenciais (opinião e avaliação de alguma condição ou
circunstância).

Quanto as perguntas, serão de carácter misto, ou seja, abertas e fechadas. Nas abertas, os
respondentes expõem suas opiniões escrevendo ou falando, a pergunta aberta possibilita
comentários e explicações importantes para a interpretação e não exige muito tempo na
preparação do instrumento. Nas fechadas, os respondentes escolhem respostas (verbalmente
ou assinalando graficamente) dentre as opções oferecidas, as perguntas serão de natureza
dicotómica tendo de responder entre as opções ‘’Sim ou Não’’.

b) Entrevista

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a
respeito de determinado assunto (LAKATOS; MARCONI, 2007). É a técnica mais utilizada
nas pesquisas qualitativas. No entanto, como coloca Minayo (1996), mediante essa técnica
podem ser obtidos dados de natureza quantitativa (censos, estatísticas etc.) e qualitativa
(opiniões, atitudes e significados).

Esta será do tipo, semiestruturada, ou seja, segue um roteiro ou “guia” criado pelo
entrevistador, mas sem se prender rigidamente à sequência das perguntas. A conversa segue
conforme os depoimentos do entrevistado, sem obedecer rigidamente ao roteiro de entrevista.

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IV. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES (2021 – 2022)
Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro 2022
Actividades 2021 2021 2021 2021

Escolha e elaboração do tema X


Levantamento bibliográfico X X
Elaboração do Projecto X X X
Apresentação do Projecto X
Colecta de Dados X X
Análise e interpretação de X X
Dados
Redacção do Trabalho
Revisão e redacção final
Entrega de Monografia
Defesa de Monografia

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V. ORÇAMENTO

Despesas Quantidade Valor (Mt)


Deslocações a biblioteca 3 90,00
Resma 1 200,00
Digitação 4 200,00
Impressão 4 100,00
Produção de inquérito 10 500,00
Deslocações ao campo 2 600,00
Alimentação 6 1200,00
Esferográficas e Lápis 4 50,00
Blocos de Nota 2 100,00
Total 3.040,00

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, L. P. (1998). Educação para o empreendedorismo. Educação Brasileira, 20(41),


pp. 189-197.

GARRATY, John. Economic Thought and Public Policy. Harper & Row, New York, 1978.

HUGHES, K. D. Pushed or Pulled? Women’s entry into self-employment and small business
ownership. Gender, work and Organization, v. 10, n.4, 2003.

MANKIW, N. Gregory, (2004), Macroeconomia, 5ᵃ Edição, Atlas Editora, Rio de Janeiro,


Brasil.

PAMPLONA, J. B. O auto-emprego e os fatores de seu sucesso. Rio de Janeiro: Fundação

RODRIGUES, Adriana A. Magalhães. Dissertação de Mestrado: Os sentidos do auto-


emprego nos pequenos negócios familiares geradores de renda. São Paulo, 2008.

SACHS-LARRAN (1978), Macroeconomia, 2ᵃ Edição, Atlas Editora, Sao Paulo, Brasil.

SOUZA, Paulo Renato. O que são empregos e salários. São Paulo: Brasiliense, 1986.

YUNUS, Muhammad. O banqueiro dos pobres. São Paulo: editora Ática, 2003.

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