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CRISTINA ANTÓNIO MAÚSSE
A Candidata O Supervisor
_______________________________ _________________________________
i
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro por minha honra que o presente trabalho é inteiramente da minha autoria e que nunca foi
anteriormente apresentado para avaliação.
A Licencianda
_____________________________________
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AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, à Deus pela vida, amor, sabedoria, força e coragem, por todas minhas
conquistas pessoais e profissionais, e por ter colocado em meu caminho pessoas tão especiais,
que não mediram esforços em me ajudar durante a realização desta monografia.
Cabe-me em segundo lugar, agradecer ao meu supervisor e docente, dr. Valente Justino
Nhampalela, por toda ajuda e disponibilidade dada ao longo desta caminhada, pelos comentários,
sugestões, pelas questões e críticas levantadas, que enriqueceram o presente trabalho.
Agradeço, à toda minha família, em especial, aos meus pais António e Avelina, aos meus irmãos
Amândio e Ezequiel que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu
chegasse até esta etapa da minha vida.
Ao pessoal do Município da Vila da Manhiça, vão os meus profundos agradecimentos por terem
me facultado a informação para a realização deste trabalho, em especial ao Sr. Maurício
Manhiça, que arduamente me ajudou na aquisição dos documentos necessários para análise.
À todos meus docentes dos tempos primórdios e actuais, pelo carinho, dedicação, ensinamentos e
entusiasmo demonstrados ao longo de todo percurso.
Em fim, agradeço à todos que, directa ou indirectamente, contribuíram para realização deste
trabalho, particularmente aos amigos que viveram de perto esse processo de construção (Beatriz
Munguambe, Marta Chilaule, Vânia Maússe, Ruben Nhone, Cisneiros Monteiro) e colegas de
Licenciatura em Administração Pública e Autárquica, pelo companheirismo, pela solidariedade,
pela ajuda mútua, em especial a Joaquina Joaquim e Sílvia Chicapa pelos nossos dias de
trabalho e dificuldades ultrapassadas em conjunto.
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais, António Maússe e Avelina Sidumo, pela dedicação, ensinamentos, amor e pelo
apoio incondicional em todos momentos da minha vida e por me fazerem acreditar que com
Deus, tudo é possível, basta ter fé e perseguir os sonhos. Amo a vocês!
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RESUMO
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ABSTRACT
This work analyzes the financial sustainability of Mozambican municipalities, in the specific
case of the Municipality of Vila da Manhiça, during the period (2014-2016). The analysis carried
out is based on the principle that local authorities are autonomous entities and, therefore, have
their own revenue bases with a view to carrying out their duties in a sustainable manner and
promoting the full development of their respective communities. In this order of idea, the
research analyzed the different sources of revenue in this municipality and the relationship
between revenue collected and expenditure incurred. Therefore, by carrying out this research, it
was concluded that the Municipality of Vila da Manhiça presents a satisfactory level of revenue
mobilization in relation to its expenditure. This conclusion leads us to consider that this
municipality is financially sustainable, as it is able to cover its operating expenses without
depending on help from the Central Government, leaving resources from intergovernmental
transfers to finance municipal development projects.
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SIGLAS E ACRÓNOMOS
AL ………………………………………………………………………….Autarquias Locais
CM ………………………………………………………………………..Conselho Municipal
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Sumário
DECLARAÇÃO DE HONRA...........................................................................................................ii
AGRADECIMENTOS.....................................................................................................................iii
DEDICATÓRIA..............................................................................................................................iv
RESUMO.........................................................................................................................................v
SIGLAS E ACRÓNOMOS...............................................................................................................vi
1. Introdução.................................................................................................................................1
1.1. Contextualização...............................................................................................................2
1.2. Problematização................................................................................................................3
1.3. Hipóteses...........................................................................................................................4
1.4. Objectivos.........................................................................................................................4
1.4.1. Geral..........................................................................................................................4
1.4.2. Específicos:................................................................................................................4
1.5. Justificativa.......................................................................................................................4
1.6. Metodologia do trabalho...................................................................................................5
1.6.1. Método de abordagem...............................................................................................6
1.6.2. Método de procedimento...........................................................................................6
1.6.3. Técnicas de recolha de dados....................................................................................6
1.7. Tratamento de dados.........................................................................................................8
CAPÍTULO I: QUADRO TEÓRICO E CONCEPTUAL...............................................................9
1. Teoria Sistêmica...................................................................................................................9
1.1. Enquadramento da pesquisa na teoria sistêmica...........................................................9
2. Discussão de conceitos.......................................................................................................10
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA............................................................................12
2. Autonomia das autarquias locais........................................................................................13
3. Orçamento Público.............................................................................................................15
3.1. Funções do orçamento.................................................................................................15
3.2. Receita Pública................................................................................................................15
3.3. Classificação da despesa pública....................................................................................17
3.4. Despesa pública como um instrumento da actividade financeira pública.......................19
3.4.1. Modelos da despesa pública....................................................................................20
3.5. Sistema tributário autárquico moçambicano...................................................................21
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3.5.1. Princípios da tributação...........................................................................................23
3.5.2. Administração de Finanças Autárquicas.................................................................24
3.6. Processo de elaboração do Orçamento Autárquico.....................................................29
3.8. Fiscalização da execução orçamental nas autarquias locais em Moçambique...............31
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS..................................................32
1. Apresentação do Município da Vila da Manhiça...............................................................32
1.1. Estrutura orgânica do Conselho Municipal da Vila da Manhiça.................................33
1.2. Unidades orgânicas envolvidas no processo de cobrança da receita municipal..........34
2. Fontes de receita do Município da Vila da Manhiça..........................................................35
3. Nível de cobertura da despesa de funcionamento com base nas receitas próprias.............38
4. Factores que influenciam nos níveis de arrecadação de receitas próprias do Município da
Vila da Manhiça.........................................................................................................................40
5. Conclusão e recomendações...................................................................................................43
5.1. Conclusão........................................................................................................................43
5.2. Recomendações...............................................................................................................44
Referências bibliográficas.............................................................................................................45
ix
1. Introdução
A sua realização parte da necessidade de perceber até que as autarquias locais, sendo por lei
entidades autónomas’ são capazes de mobilizar recursos suficientes para o seu financiamento,
tomando como estudo de caso, o Município da Vila da Manhiça.
Para concretização dos objectivos traçados para pesquisa, recorreu-se à metodologia qualitativa e
quantitativa, e os dados foram recolhidos através da pesquisa bibliográfica, documental e
entrevista. Em termos da estrutura, o trabalho apresenta três capítulos. No primeiro faz-se o
enquadramento teórico e a conceptualização, o segundo apresenta-se a revisão da literatura e no
terceiro faz-se a apresentação e análise de dados, seguido de conclusão e recomendações.
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1.1. Contextualização
A Constituição da República de Moçambique de 1990 é considerada a base legal que determinou
a autarcização do país, ao introduzir o poder local. Contudo, este fenómeno só tornou-se
realidade a partir dos finais da década de 1990, concretamente com a criação das primeiras
autarquias locais (AL) em 1998, como seguimento da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro.
No seguimento do acima exposto, foi aprovada a Lei n.º 11/97, de 31 de Maio sobre as Finanças
Autárquicas e o seu Código Tributário através Decreto n.º 52/2000, de 21 de Dezembro para
orientar entre outras acções em matéria de tributação, a cobrança de receitas.
A lei supracitada, estabeleceu assim, o modelo de financiamento das AL, que inclui (i) receitas
próprias provenientes de impostos e taxas (de serviços prestados e de licenças concedidas); (ii)
transferências fiscais do Estado; e (iii) possibilidades de contracção de créditos.
No contexto destas circunstâncias, a última reforma legal dada por lei anteriormente citada,
salvaguarda a necessidade de apoio financeiro das AL pelo Estado através de transferências
orçamentais. Embora as transferências acima referidas sejam destinadas para todas autarquias e
sem excepção, em função da sua densidade populacional, área geográfica, volume de serviços
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prestados e infra-estruras, do ponto de vista financeiro maior parte das autarquias não são
capazes de gerar receitas suficientes para o seu auto-sustento.
1.2. Problematização
No âmbito do processo de descentralização fiscal em curso no país desde os finais da década 90,
dá-se autonomia às autarquias locais para que possam arrecadar suas próprias receitas para uma
plena e efectiva execução dos seus planos de actividades.
Neste caso, o problema que se levanta nesta pesquisa, é que apesar das autarquias locais gozarem
do poder de arrecadar receitas próprias com vista a melhorar a vida das suas comunidades
através da promoção de desenvolvimento local, o que se verifica é que os recursos colectados
localmente pelas autarquias são insuficientes e não permitem cobrir sequer as suas despesas de
funcionamento.
Ancorando ainda este problema, o autor acima considera que a arrecadação de receitas pelas
autarquias locais é limitada e deixa um défice entre as receitas e despesas, estando as autarquias
com uma dependência de cerca de 60% das transferências do Orçamento do Estado, reduzindo
assim a capacidade municipal para a realização da sua despesa.
Assim, considerando que um sistema financeiro autárquico sustentável exige que os municípios
consigam arrecadar uma parte significativa das suas finanças a partir das suas próprias fontes de
receita (cobrança de impostos, taxas e tarifas), o que não acontece em muitos casos, a questão
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que se coloca nesta pesquisa é: Até que ponto o Município da Vila da Manhiça gerou recursos
suficientes para cobrir as suas despesas de funcionamento durante o período 2014-2016?
1.3. Hipóteses
H1: O Município da Vila da Manhiça gerou recursos suficientes para cobrir as suas despesas de
funcionamento durante o período em alusão porque dispõe de uma base tributária sólida que
condiciona a arrecadação de receitas necessárias para o seu funcionamento.
H2: O Município da Vila da Manhiça não gerou recursos suficientes para cobrir as suas despesas
de funcionamento durante o período em alusão porque possui uma base tributária bastante
restrita para garantir a arrecadação de receitas suficientes para o seu funcionamento.
1.4. Objectivos
1.4.1. Geral
1.4.2. Específicos:
1.5. Justificativa
A escolha do presente tema resulta de uma inquietação de procurar perceber a sustentabilidade
financeira das autarquias locais, visto que, estas dispõem da autonomia financeira de elaborar,
aprovar, alterar e executar planos de actividades e orçamento.
Para que se promova o desenvolvimento local das autarquias necessita-se de recursos financeiros
que devem ser obtidos por cada Município, através da cobrança de impostos, taxas e outros
previstos pela lei.
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A cobrança dos tributos acima pelos municípios, em algum momento, não tem sido eficaz porque
eles não têm capacidade de cobrar receitas suficientes para o seu auto sustento, o que
compromete de certa maneira o cumprimento das actividades programadas pelos municípios.
Deste modo, falar da sustentabilidade financeira das autarquias locais é relevante porque do
ponto de vista teórico procura despertar sobre a (in) capacidade dos municípios moçambicanos
de arrecadar receitas necessárias para o seu funcionamento.
Do ponto de vista prático, esta pesquisa é também relevante porque procura identificar os
aspectos mais significativos para a consolidação do Sistema Tributário Autárquico, de modo que
as autarquias locais possam ser verdadeiramente autónomas financeiramente.
A escolha do Município da Vila da Manhiça para acolher esta pesquisa deve-se à facilidade de
acesso à informação pela pesquisadora e por este tipo de estudo ainda não ter sido feito neste
município. A delimitação do horizonte temporal da pesquisa (2014-2016), justifica-se pelo facto
de abranger anos recentes, o que permitiU trabalhar com dados mais actualizados a respeito do
tema.
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1.6.1. Método de abordagem
A pesquisa baseou-se no método hipotético-dedutivo, que segundo Gil (2008) inicia pela
percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula se hipótese e, pelo processo
de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos pela hipótese.
No caso desta pesquisa, o método hipotético-dedutivo foi usado para a verificação das hipóteses
formuladas inicialmente, com vista a sua validação ou não, pois, sem a sua verificação serão
consideradas utópicas.
Nesta ordem de ideias, esta pesquisa é um estudo de caso uma vez que faz análise da
sustentabilidade financeira das autarquias locais, num município específico – o Município da
Vila da Manhiça.
Na visão de Yin (2001), as técnicas de recolha de dados correspondem a parte prática da colecta
de dados e divide-as em:
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Neste trabalho, a pesquisa bibliográfica baseou-se na consulta de livros e artigos seleccionados e
que abordam a temática sobre sustentabilidade. O material bibliográfico consultado nesta etapa
foi acessado em algumas bibliotecas da Cidade de Maputo e nos sites da internet entre os meses
de Junho e Setembro de 2017.
Após a pesquisa bibliográfica, seguiu-se a pesquisa documental. Para o autor acima, pesquisa
documental consiste na consulta de materiais que não receberam tratamento analítico. Nesta
pesquisa, a aplicação desta técnica consistiu no levantamento, consulta e interpretação de
documentos como legislação sobre o Sistema Tributário Autárquico, com enfoque para as fontes
de arrecadação de receitas.
Nesta fase, foram igualmente analisados outros documentos, como os Orçamentos e Planos de
Actividades do Município da Vila da Manhiça (MVM) dos exercícios económicos
compreendidos no período em análise. A legislação foi adquirida na Imprensa Nacional e
analisada no mês de Agosto, enquanto que os Orçamentos Anuais do MVM foram requisitados
no respectivo Conselho Municipal (CM) no mês de Janeio de 2018.
1.6.3.3. Entrevista
A entrevista constituiu também uma técnica de recolha de dados para esta pesquisa. Na visão de
Vergara (2000), entrevista é um procedimento no qual o investigador faz perguntas a alguém
que, oralmente, lhe responde. A presença física de ambos é necessária no momento da entrevista,
mas, se ele dispuser de mídia interactiva, ela (a presença) se torna dispensável.
Esta parte da pesquisa foi realizada no Conselho Municipal da Vila da Manhiça (CMVM), no
mês de Janeiro, com vista a familiarizar a pesquisadora com os níveis de arrecadação de receitas,
dificuldades e sucesso neste processo no MVM.
A entrevista assumiu-se como do tipo semi-estruturada para permitir que, fora das questões pré-
seleccionadas, pudesse se fazer outras no decurso da entrevista. Estas foram realizadas
concretamente no pelouro responsável pelas finanças e património deste município.
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1.7. Tratamento de dados
Na primeira fase, procedeu-se a uma transcrição das entrevistas realizadas de forma integral e
fiel ao que foi dito, face ao resultado das gravações em formato áudio. Seguidamente, as
entrevistas foram lidas de acordo com o que foi dito pelos entrevistados, onde foi feita uma pré-
análise ao conteúdo existente nas mesmas.
Concluída esta etapa, sucedeu-se a análise descritiva, em que se contemplou uma metodologia de
análise de conteúdo das entrevistas concedidas. De seguida, foram trabalhados os inquéritos
através do método quantitativo, recorrendo ao SPSS com vista a analisar com profundidade, com
recurso à identificação e à contagem de variáveis. Sendo assim, os testes realizados foram as
frequências e estatística descritiva.
Para todo o caso, no que diz respeito aos dados recolhidos por entrevista, foram em algum
momento apresentados em citações curtas. E os dados recolhidos por inquérito foram
apresentados em gráficos de frequência e, ambos foram analisados por meio de triangulação
científica que consistiu em relacionar os dados com a revisão da literatura e a opinião pessoal da
autora.
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CAPÍTULO I: QUADRO TEÓRICO E CONCEPTUAL
Deste capítulo constam duas secções. A primeira é referente ao quadro teórico e a segunda é
referente à discussão dos conceitos-chave da pesquisa, nomeadamente: sustentabilidade,
sustentabilidade financeira e autarquias locais.
1. Teoria Sistêmica
De acordo com Chiavenato (2005), a teoria sistêmica foi criada por nos anos 30 por Ludwig
Bertalanffy e desde então começou a ser usada para explicar fenómenos complexos nas
organizações. Segundo Moreira (2003), a teoria sistêmica propõe assimilar a vida política a um
sistema aberto que pode ser representado como uma vasta caixa negra alimentada por inputs
(insumos = demandas) e produzindo outputs (acções = saídas). Chiavenato (2005), explica que a
teoria sistêmica é um conjunto de elementos dinamicamente relacionados entre si, formando
uma actividade para atingir um objectivo, operando sobre demandas (matéria-prima ou energia)
e fornecendo saídas (produtos, serviços) processadas
Vereacao de Administração
DEMANDA e Finanças SAIDA
(Despesa) Serviços Municipais (Receita)
Polícia Municipal
Realimentação
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Recorrendo a esta teoria observa-se que o sistema de colecta de receitas no Municipio da Vila da
Manhiça inclui várias entidades, nomeadamente: as vereações de Administração e Finanças, a
Polícia Municipal, entre outras. Por outro lado, à luz desta teoria pode-se observar que a
mobilização de receitas procura responder à demanda (despesa) que a autarquia recebe das
comunidades em termos de necessidade de serviços básicos e para o seu próprio funcionamento.
2. Discussão de conceitos
Os conceitos de sustentabilidade, de sustentabilidade financeira e de autarquias locais são
discutidos em diversa literatura. A literatura existente mostra, entretanto que, o primeiro pode ser
aplicado para referir-se a qualquer sistema que se mantem estável ao longo do tempo, enquanto
que, o conceito de sustentabilidade financeira é utilizado na análise do orçamento para relacionar
o nível de cobertura das despesas correntes pelos recursos próprios de qualquer entidade. Por
fim, o conceito de autarquias locais é abordado na literatura no âmbito das discussões sobre
descentralização fiscal.
2.1. Sustentabilidade
Olhando para o conceito de sustentabilidade apresentado pelos autores acima, a abordagem que
melhor se enquadra nesta pesquisa é a do último autor, na medida em que demonstra a
sustentabilidade pode ser empregue também para designar estabilidade financeira.
Como se disse no início, este conceito tem sido mais recorrido na análise financeira das
entidades, sejam elas públicas ou privadas. Segundo Correia (2004), sustentabilidade financeira
significa possuir meios próprios suficientes para garantir o bom funcionamento da organização.
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Pelo seu turno, Filho (2000) define a sustentabilidade financeira como a capacidade de uma
entidade se auto prover recursos financeiros para enfrentar contratempos decorrentes da sua
exploração económica que se articula sobre a autonomia financeira.
Fora destes autores, existem tantos outros que discutem o conceito de sustentabilidade. Contudo,
alguns, como o último autor, abordam a sustentabilidade financeira como um indicador da
autonomia financeira. Embora seja também válido esse ponto de vista, aquela apresentada pelo
primeiro autor é a mais compreensível e adequada à abordagem seguida neste trabalho.
Além da definição acima, o mesmo conceito pode ser definido segundo Caupers (2001), como
sendo organizações públicas sem fins lucrativos, que representam uma forte autonomia jurídica e
financeira em face do Estado.
De um modo geral, as definições apresentadas deixam claro que as autarquias locais resultam do
processo da descentralização política, no qual, o Estado cria pequenas unidades territoriais
dirigidas por órgãos eleitos com a finalidade de promover o desenvolvimento económico local e
satisfação das necessidades das respectivas populações.
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Esta é definição considerada também na Constituição da República de Moçambique, no seu artigo 272, sobre o
Poder Local. Segundo esta que é a lei fundamental, elas (as autarquias locais) podem municípios ou povoações. Os
primeiros correspondem às circunscrições territoriais das cidades e vilas e, as povoações correspondem às
circunscrições territoriais da Sede dos Postos Administrativos.
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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Na visão de Hart (1998), a revisão da literatura tem como objectivo demonstrar competência
para a pesquisa, entendimento do fenómeno e justificar a pertinência do estudo. Para o autor, a
revisão da literatura consiste em revisitar os estudos já realizados em torno do assunto
pesquisado.
Uma visão geral sobre estudos que abordam a sustentabilidade financeira, mostra que em
Moçambique ainda são poucas pesquisas realizadas sobre o este tema a nível das autarquias
locais. Entretanto, os poucos existentes convergem nas suas conclusões sobre as dificuldades que
as autarquias locais enfrentam para realização de suas despesas através de recursos próprios.
Uma pesquisa mais recente, realizada por Nguenha et al. (2017), concluiu que os municípios
moçambicanos em geral debatem-se com crónicas dificuldades de mobilização de recursos
próprios, o que lhes torna muito dependentes de fontes externas de financiamento,
principalmente as transferências do Governo.
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Outro estudo realizado por Guambe (2013), concluiu que muitas autarquias pequenas em
Moçambique possuem uma base fiscal muito pequena ou quase inexistente para gerar receitas a
partir de fontes próprias. Por isso, só são capazes de proporcionar um conjunto muito limitado de
serviços municipais.
Estas conclusões permitem constar que muitas autarquias locais não conseguem gerar recursos
suficientes para cobrir as suas despesas de funcionamento, o que limita a sua autonomia
financeira. Seguindo a abordagem que relaciona a sustentabilidade financeira com autonomia
financeira, nota-se que a partir da reflexão dos autores acima, maior parte das autarquias locais
em Moçambique não são financeiramente sustentáveis.
Segundo o artigo 7 da Lei nº. 2/97, de 18 de Fevereiro, “as autarquias locais gozam de autonomia
administrativa, financeira e patrimonial”. O que significa cada uma destas formas de autonomia?
No contexto das Finanças Autárquicas, parece ser mais importante discutir a essência da
autonomia financeira do que as restantes, mas ambas representam poderes importantes para o
funcionamento das autarquias locais como entidades distintas do Estado.
De forma mais sintética, a autonomia administrativa representa a faculdade que os órgãos das
autarquias locais têm para definir a sua própria organização, o seu funcionamento e de definir a
sua própria conduta administrativa. Diz respeito à capacidade de eles tomarem decisões próprias.
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2.2. Autonomia Patrimonial
De acordo com a lei acima, esta forma de autonomia representa os poderes atribuídos aos órgãos
autárquicos de possuir e gerir seu próprio património. No âmbito da autonomia patrimonial, os
órgãos autárquicos gozam de poder de decisão sobre a aquisição e manutenção dos seus bens.
Um dos temas de maior interesse quando se fala das finanças autárquicas é a autonomia
financeira, que não pode ser confundida com as restantes formas de autonomia (administrativa e
patrimonial). Segundo Labie (1995), a autonomia financeira é definida em termos da capacidade
jurídica das autoridades locais em matéria financeira.
À luz da Lei nº. 1/2008, de 16 de Janeiro2, a autonomia financeira das autarquias locais
compreende, nomeadamente, os poderes de:
Labie (1995), reafirma que a autonomia financeira das autarquias locais cobre uma dupla
dimensão, nomeadamente: (i) Dimensão Jurídica, que consiste no reconhecimento de um poder
de decisão livre das autoridades locais tanto em termos de receitas e despesas, um poder que não
deve ser dificultado por controles rigorosos por parte de o estado, e (ii) Dimensão Material, que
consiste na possibilidade de as autoridades locais cobrirem as suas despesas com recursos
próprios sem ter que recorrer a equilibrar os seus orçamentos com os subsídios estatais.
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Estabelece o regime financeiro, orçamental e patrimonial das autarquias locais e o Sistema Tributário Autárquico.
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3. Orçamento Público
Segundo Ribeiro (2013), o orçamento público é o documento onde são previstas e computadas as
receitas e as despesas anuais, competentemente autorizadas para o período financeiro. O autor
fundamenta que no orçamento prevêem-se as receitas e despesas do período financeiro.
De acordo com Franco (1992), orçamento do público é uma previsão, em regra, anual das
despesas a realizar pelo Estado e dos processos de as cobrir, incorporando a autorização
concedida à Administração Financeira para cobrar as receitas e realizar despesas e, limitando os
poderes financeiros da Administração em cada período anual.
De acordo com Ribeiro (2013), qualquer entidade tem de orçar as suas despesas e as suas
receitas a fim de se assegurar de que estas bastam a cobrir aquelas. Eis as funções do orçamento:
De acordo com os autores acima citados, dentre os vários critérios classificativos possíveis
distinguem-se, tendo em atenção a sua natureza económica, as receitas correntes das receitas de
capital; quanto ao seu grau de efectividade, diferenciam-se as receitas efectivas ou com carácter
definitivo, das receitas não efectivas que, ao contrário, terão que ser reembolsadas/devolvidas;
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finalmente, quanto a respectiva coercividade, distinguem-se as receitas em função da natureza e
carácter obrigatório ou "facultativo" que o seu pagamento reveste. Aplicando tais critérios à
realidade concreta, é possível identificar e caracterizar seis principais modalidades de receita
pública:
De acordo com Pereira et al. (2005), receitas fiscais são prestações pecuniárias de natureza
corrente, definitivas, com carácter coercivo e unilateral, porque sem contrapartida imediata e
directa para quem a paga ou suporta, de que são beneficiários o Estado, uma autarquia local,
outros níveis de governo ou outro ente público (exemplos: Imposto sobre Valor Acrescentado,
Imposto Sobre Veículos, Imposto sobre o Consumo de Tabaco, Imposto Municipal sobre
Imóveis, etc.).
Estas são definidas pelos mesmos autores como receitas efectivas provenientes do património
mobiliário e imobiliário do Estado, podendo assumir carácter corrente ou extraordinário
(exemplos: por um lado, juros de depósitos ou obrigações de que o Estado é titular, rendas de
edifícios ou de concessões, dividendos recebidos de empresas publicas; por outro lado, o produto
de alienação de imóveis, da venda de participações sociais em empresas, etc.).
Por fim, os autores descrevem esta categoria de receita como aquelas resultantes da contracção
de empréstimos por parte do Estado, Autarquias locais e outros entes públicos junto dos
particulares e demais entidades financiadoras (nacionais e estrangeiras), normalmente de
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subscrição voluntaria, e de natureza na efectiva, porque implicando o posterior reembolso
(amortização) do capital mutuado.
Segundo Pimpão (2013), as receitas públicas podem ainda ser classificadas em receitas
originárias e derivadas.
Para este autor, receita originária são provenientes dos bens e das empresas comerciais ou
industriais do Estado, isto é, decorrem de actividade explorada pelo Estado em semelhança à
actividade particular.
E, receitas derivadas são decorrentes do poder de coerção que o Estado possui e, por meio
dele promove a arrecadação do sector privado, incluindo-se os impostos, taxas, contribuição
de melhoria, contribuições parafiscais e as penas pecuniárias que encapam as multas e confiscos.
Muitos autores tais como (Pereira et al, 2005; Franco, 1992 e Riani, 1990), a despesa pública
pode ser classificada com base em três critérios: (i) quanto à sua natureza, (ii) quanto à sua
função e, (iii) quanto à sua finalidade.
Em relação a este critério, a despesa pública pode ser corrente, de capital e de reservas de
contingência.
i) Despesas correntes
De acordo com Riani (1990), despesas correntes é o conjunto de gastos operacionais realizados
pelo governo com o objectivo de promover a execução, a manutenção e o funcionamento das
suas actividades.
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Por sua vez, Catarino (2012), explica que despesa corrente é aquela condicionada pelos encargos
com pessoal e prestações sociais. Assim, para ele, as despesas correntes podem ser agrupadas em
duas subcategorias: o custeio e as transferências correntes.
As despesas com o custeio são compostas pelo dispêndio com pessoal, manutenção e operação
dos serviços diários, gratificações, materiais de consumo. Por outro lado, as transferências
correntes, correspondem a um custeio nas entidades beneficiadas, como os gastos nas
transferências intergovernamentais, a correção monetária, encargos da divida, dentre outros
gastos.
De acordo com Martins (2014), as despesas de capital correspondem aos dispêndios que
contribuem para a formar um bem de capital ou acrescentar valor a um bem já existente,
realizados por meio de compra, transferência ou outro meio de aquisição das propriedades entre
entidades do sector publico, ou do sector privado para o sector publico.
Pereira et al. (2005) explicam que as despesas de capital podem ser investimentos, inversões
financeiras e transferências de capital. As despesas de investimento correspondem à aquisição ou
surgimento de novos bens ou ao acréscimo de valores aos bens já existentes. As inversões
financeiras são as despesas que se relacionam com a formação ou aquisição de um bem em uso
(aquisição de imoveis usados pelo governo, aquisição de títulos de credito). E por fim, as
transferências de capital são os dispêndios que contribuem para a formação e aquisição de bens
de capital, nas unidades recebedoras das transferências.
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3.3.2. Quanto à função
Quanto ao critério funcional, os autores citados no início entendem que a distribuição das
despesas por funções é feita de acordo com as várias actividades a serem exercidas pelo governo.
As despesas públicas dividem-se em duas categorias principais de actividades do governo: gastos
públicos exaustivos e os gastos de transferências.
Na explicação de Franco (1992), este critério de classificação da despesa pública, olha para o
desmembramento dos gastos de acordo com as funções e os programas a serem executados pelo
governo. Esta classificação é de crucial importância para a implantação efectiva do orçamento-
programa, cujo objectivo é aumentar a eficiência e a eficácia na programação dos gastos do
governo.
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3.4. Despesa pública como um instrumento da actividade financeira
pública
De acordo com Catarino (2012), as entidades públicas usam recursos públicos como forma de
alcançar o bem-estar colectivo em muitos domínios. A despesa pública tem um forte impacto,
seja como motor de investimento, como indutor de riqueza vindoura, como factor redistribuidor
da riqueza através de programas de investimento destinados a públicos-alvo.
Concordando com o autor acima, Martins (2014), afirma que é através da despesa pública que é
possível ver a prioridades do governo, no que si refere aos investimentos públicos e as prestações
de serviços.
Para o autor acima, as prioridades e necessidades de cada país influenciam nas estruturas de
dispêndios, ou seja, os países assumem estruturas diferentes, pois depende do grau de
participação do governo e mesmo as actividades a serem exercidas.
De acordo com Riani (1990), para o estudo dos gastos públicos, tende ser ter em conto os
seguintes modelos:
Segundo Riani (1990), Wagner estabeleceu como lei da expansão das actividades do Estado uma
situação em que os gastos cresceriam rapidamente do que a renda nacional, e que o crescimento
das actividades do governo era consequência natural do progresso social. E, Martins (2014)
elucida que este modelo defende que, quando a produção per capita aumenta, as actividades do
Estado e seus gastos aumentam em proporções maiores do que o produto.
20
3.4.1.2. Estudo clássico de Peacock-Wiseman sobre o crescimento dos gastos públicos
De acordo com Pereira et al. (2005), Peacock e Wiseman, nos seus estudos notaram que os
gastos governamentais aumentam significamente nos períodos de guerra, sendo que, após esses
períodos, o crescimento dos gastos seguiria um caminho normal, porém num nível superior ao
anterior à guerra.
Para os autores, os gastos acima referidos são feitos principalmente pelos governos centrais que
aumentam suas finanças e autoridade devido basicamente aos gastos com defesa, ou seja, uma
substituição dos gastos civis pelos gastos com defesa durante os períodos de guerra.
Na visão de Riani (1990), estes autores detectaram dois efeitos fundamentais para a compreensão
do crescimento dos gastos públicos: o efeito imposição e efeito inspecção. O efeito imposição
caracteriza-se por um sentimento de igualdade e de colectivismo na sociedade, como
consequência dos problemas sociais ocorridos durante a guerra. E por outro lado, o efeito
inspecção resultaria na expectativa da sociedade por melhor nível dos serviços prestados pelo
governo.
De acordo com Martins (2014), este modelo tenta associar o crescimento dos gastos públicos
com os estágios do crescimento do país. A importância do sector público num país é medida
através do seu grau de desenvolvimento. E estes modelos são representados por Musgrave,
Rostow e Herber.
Estes autores salientam que a formação bruta de capital do sector público coloca-se como
importante factor nos primeiros estágios de desenvolvimento e crescimento económico do país.
O investimento público nas áreas como de transporte, educação, estradas tornam-se
indispensáveis para que o país se desenvolva e alcance estágio superior e intermediário de
desenvolvimento económico e social.
Em suma, para Riani (1990) este modelo associa a participação e o crescimento dos gastos
públicos com os estágios de industrialização do país ou região. Por tanto, os seus defensores
acreditam que quando o país atinge o estagio de maturidade no nível de industrialização, a
21
participação do sector público e o consequente nível de gastos públicos permanecerão mais ou
menos estáveis, mesmo que haja elevação no nível de renda.
A Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro – Lei das Finanças Autárquicas que se ocupa com os
impostos municipais e as receitas não fiscais, prevê no seu artigo 51, que o sistema de impostos e
taxas autárquicas compreende:
Detalhadamente, esta lei estabelece que o Imposto Pessoal Autárquico é pago por todas as
pessoas nacionais ou estrangeiras, residentes na respectiva autarquia, quando tenham entre 18 a
60 anos de idade e para elas se verifiquem as circunstâncias de ocupação, aptidão para o trabalho
(artigo 52 da Lei nº 1/2008 de 16 de Janeiro);
Quanto ao Imposto Predial Autárquico Autárquico, incide sobre o valor patrimonial dos prédios
urbanos situados no território da respectiva autarquia. O Imposto Autárquico de Veículos incide
sobre o uso e fruição dos veículos a seguir mencionados, matriculados ou registados nos serviços
competentes no território Moçambicano, ou, independentemente, de registo ou matrícula, logo
que, decorridos cento e oitenta dias a contar da sua entrada no mesmo território, venham a
circular ou a ser usados em condições normais da sua utilização.
Por sua vez, o Imposto Autárquico de Sisa incide sobre as transmissões, à título oneroso, do
direito de propriedade ou de figuras parcelares desse direito, sobre bens imóveis. E a
22
contribuição de Melhorias é uma contribuição especial devida pela execução de obras públicas
de que resulte valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite
individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
No que concerne as taxas, a Lei nº 1/2008 de 16 de Janeiro, fixa que as taxas por licenças
concedidas e por actividade económica, as autarquias locais podem cobrar por:
a. Realização de infra-estruturas e equipamentos simples;
b. Roncessão de licenças de loteamento, de execução de obras particulares, de ocupação da
via pública por motivo de obras e de utilização de edifícios;
c. Uso e aproveitamento do solo da autarquia;
d. Ocupação e aproveitamento do domínio público sob administração da autarquia e
aproveitamento dos bens de utilização pública;
e. Prestação de serviços ao público, etc.
f. Tarifas e Taxas pela Prestação de Serviços aplicam-se nos casos em que as autarquias
tenham sob sua administração directa a prestação de determinado serviço público.
De acordo com Pimpão (2013), o processo de tributação estatal foi defendido inicialmente
pelo liberalismo inglês, principalmente por Adam Smith que advogava que a justiça,
simplicidade e neutralidade, eram os preceitos da boa tributação. Deste modo os princípios da
tributação são:
i) Justiça
Um sistema tributário é justo quando todos, do mais pobre ao mais rico, contribuem em
proporção directa à sua capacidade de pagar.
ii) Simplicidade
De acordo com Smith, num sistema tributário simples é relativamente fácil e barato para o
contribuinte calcular e pagar quanto deve. A mesma facilidade tem o governo para fiscalizar se o
contribuinte pagou o que devia.
23
Na perspectiva de administração fiscal em que sistema fiscal deve ser concebido de forma a
minimizar os custos. Existem dois tipos de custos: (i) custos ligados ao funcionamento do
sistema fiscal (cálculo, processamento e colecta de impostos); e (ii) custos indirectos, que são
custos em que os agentes económicos incorrem por satisfazer as exigências fiscais.
iii) Neutralidade
O sistema tributário não deve influenciar a evolução natural da economia. Ou seja, não
deve influir na competitividade e nas decisões das empresas e tampouco no comportamento
do consumidor/contribuinte.
iv) Consentimento
Fazendo uma interpretação extensiva da Lei nº. 1/2008, de 16 de Janeiro que aprova o Sistema
Tributário Autárquico em Moçambique, a administração financeira das autarquias locais consiste
no conjunto de decisões e operações, mediante as quais, os órgãos da administração autárquica
procuram mobilizar recursos financeiros necessários para financiar actividades administrativas
tendentes a satisfação das necessidades colectivas públicas autárquicas inerentes à criação do
bem-estar material, espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos e à promoção do
desenvolvimento equilibrado, económico e social.
24
A receita autárquica, pode ser definida como a quantificação financeira de todos os recursos ou
valores arrecadados pela autarquia local, entrados durante um processo ou actividade económica
num determinado exercício económico.
Constituem também receitas autárquicas, todos os recursos monetários ou em espécie, seja qual
for a sua fonte ou natureza, postos à disposição da administração autárquica, com excepção
daqueles em que a autarquia local seja mero depositário temporário.
As receitas autárquicas quanto à natureza, são todos os recursos classificados como: (a) receitas
próprias; (b) transferência orçamentais e, (c) receitas creditícias (empréstimos e donativos).
Recorrendo ao artigo 17 da Lei nº. 1/2008, de 16 de Janeiro, receitas próprias podem ser vistas
como o produto da cobrança de impostos autárquicos e taxas autárquicas; o produto de cobrança
de taxas por licenças concedidas pelos órgãos autárquicos; o produto da cobrança de taxas ou
tarifas resultantes da prestação de serviços; o produto de multas que, por lei, regulamento ou
postura, caibam à autarquia local; o produto de legados, doações e outras liberdades.
De acordo com o artigo 51 da referida lei, as autarquias locais podem arrecadar as suas receitas
(próprias) através de cobrança de impostos municipais e receitas não fiscais, a saber: Imposto
Pessoal Autárquico (IPA); Imposto Predial Autárquico (IPRA); Imposto Autárquico de Veículos
(IAV); Imposto Autárquico de Sisa (ISISA); Contribuição de Melhoria; Taxas de licença para
concessões e actividades económicas (incluindo a Taxa por Actividade Económica) e Taxas e
tarifas de provisão de serviços.
25
ii) Fundo de Investimento de Iniciativas Autárquicas
O Fundo de Estradas é também uma verba proveniente do Orçamento do Estado, alocada para
cada município em função da respectiva rede viária, ou seja, número de estradas. Destina-se a
financiar projectos de reabilitação e construção de estradas a nível das autarquias.
Deste modo, só se pode falar em competência própria das autarquias locais se as mesmas forem
dotadas de autonomia, recursos financeiros e meios próprios que sejam suficientes para realizar
todas suas actividades e serviços planificados, o que na realidade acontece no Município da
Vila da Manhica.
Neste âmbito , a Lei nº. 1/2008, de 16 de Janeiro, define o regime financeiro, orçamental e
patrimonial das autarquias locais e o sistema tributário autárquico. No seu Artigo 27 refere que é
competência própria das autarquias locais o investimento público nas seguintes áreas: Infra-
26
estruturas rurais e urbanas, Saneamento básico, Energia, Transportes e comunicações, Cultura
e tempos livres, Educação e ensino, Saúde, Acção social, Gestão ambiental.
Neste contexto o Município da Vila da Manhica, chega a realizar todas as despesas planificadas
através da receita própria , o que de algum modo agiliza a sua capacidade em ter que dar
resposta as demandas sociais, e realização de investimentos em todas as áreas previstas, visando
garantir o bem-estar dos munícipes.
Segundo Nhampalela (2017), Orçamento Autárquico é um documento que ilustra a previsão das
receitas autárquicas a arrecadar e as despesas autárquicas a realizar num determinado exercício
económico. Ele é elaborado pelo Conselho Municipal e aprovado pela Assembleia Municipal.
Para a sua elaboração, observa-se, entre outros aspectos:
Assim como, para a sua preparação e execução, o Conselho Municipal observa os princípios de
anualidade, universalidade, unidade, especificação, não compensação, não consignação,
equilíbrio e publicidade.
De acordo a Lei nº 2/97 de 18 de Fevereiro, a execução das receitas autárquicas inicia com a
emissão das instruções do presidente do Conselho Municipal para a execução pelo coordenador
das finanças autárquicas (O vereador do Pelouro das Finanças Municipais). E a arrecadação das
receitas autárquicas e a realização de operações de tesouraria é feita pelas entidades competentes
do Subsistema de Tesouro Municipal.
Segundo o Decreto nº. 17/2002, de 27 de Junho, a execução das receitas municipais compreende
três fases, nomeadamente:
27
ii) Liquidação – é o cálculo do montante da receita devida e identificação do respectivo
sujeito passivo.
iii) Cobrança – é a acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita e subsequente
entrega ao Tesouro Público Municipal.
Segundo a Lei nº 2/97 de 18 de Fevereiro, a execução da despesa municipal inicia com a emissão
das instruções do Presidente do Conselho Municipal para a execução pelo coordenador das
finanças municipais (O vereador do pelouro das finanças municipais).
Nesse processo, é importante lembrar que, segundo o artigo 14:2 da Lei nº. 9/2002, de 12 de
Fevereiro “Nenhuma receita pode ser estabelecida, inscrita no orçamento ou cobrada senão em
virtude da lei, ainda que estabelecidas por lei, as receitas só podem ser cobradas se previstas no
orçamento aprovado”.
28
3.5.2.4. A actividade financeira das Autarquias Locais
Então, a actividade financeira das autarquias locais não foge à regra. Ela corresponde também, à
arrecadação, gestão, aplicação e controlo dos recursos financeiros municipais visando a
satisfação das necessidades das respectivas comunidades. Segundo Nhampalela (2017), a
actividade financeira das Autarquias Locais desempenha as seguintes funções essenciais: função
alocativa, função redistributiva e função estabilizadora.
A função alocativa é aquela em que através da tributação, as autarquias locais destinam recursos
com vista a satisfação das necessidades colectivas, relacionadas com a criação do bem-estar,
qualidade de vida dos cidadãos e promoção do desenvolvimento económico e social equilibrado.
Esta função é aquela em que, as autarquias locais buscam a redistribuição equitativa da riqueza
através da provisão de bens e serviços a um preço abaixo do custo. Isso consegue-se através da
tributação dos rendimentos dos ricos para dar aos pobres, assegurando, um desenvolvimento
económico e social equilibrado.
29
universalidade, especificação, não compensação, não consignação e equilíbrio, à semelhança do
que acontece com o Orçamento do Estado.
Nesse caso, à Assembleia Municipal ou de Povoação cabe deliberar sobre a (aprovação ou não)
da proposta do orçamento em alusão, até 15 de Dezembro do ano anterior ao da sua vigência. E
uma vez aprovado o orçamento da autarquia, a Assembleia Municipal ou de Povoação nunca
pode tomar iniciativas que envolvam o aumento das despesas ou a diminuição das receitas.
Por fim, uma vez aprovado o orçamento ao nível municipal ou de povoação, conforme cada caso,
não carece da sua ratificação pelo Ministro da Economia e Finanças, podendo este delegar ao
Governador da província em que está localizada a autarquia, bem como da sua publicação no
Boletim da República.
a. Anualidade
b. Unidade
c. Universalidade
d. Especificação
e. Não compensação
f. Não consignação
g. Equilíbrio
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O princípio da unidade significa que o orçamento apresentado é um e nele estão incluídas todas
as receitas e despesas que a autarquia estima cobrar e pagar no ano a que respeita.
O princípio da universalidade define que todas as receitas e todas as despesas que determinem
alterações ao património do Estado ou da Autarquia, devem nele ser obrigatoriamente inscritas.
a) Orgânica,
b) Económica, e
c) Funcional
A regra de não compensação impõe que as receitas e despesas devem ser inscritas no orçamento
de forma bruta e não líquida, o mesmo é referir, sem qualquer compensação ou desconto. De
outro modo, não se conheceriam as diversas fontes de onde a Autarquia irá tirar os seus recursos,
nem os diversos gastos que o serviço público irá realizar.
Não consignação significa que as receitas devem ser indiscriminadamente destinadas à cobertura
das despesas, e não quaisquer receitas afectadas à cobertura de despesas em especial. Por fim, o
princípio de equilíbrio orçamental traduz-se na necessidade de todas as despesas previstas no
orçamento terem de ser efectivamente cobertas por receitas.
Para o autor, um dos documentos financeiros que permite essa fiscalização é a conta. Através
dele faz-se o apuramento do valor global das receitas cobradas e das receitas realizadas e mede-
se o grau de capacidade da administração local, que se manifesta pelos vários níveis de execução
orçamental.
31
Normalmente, as fiscalização é uma forma de controlo que é feita por entidades competentes e
tem como como finalidade verificar se as actividades executadas por um determinado órgão
foram ou estão em conformidade com o estabelecido.
Em Moçambique, o termo mais usual para designar a fiscalização finananceira das autarquias
locais, é de “tutela financeira”. A tutela financeira das autarquias locais implica uma prévia ou
posterior fiscalização das decisões financeiras destas pelos órgãos centrais do Estado.
É importante referir que, no caso moçambicano, as decisões financeiras das autarquias locais
estão sujeitas a dois tipos de controlo. Trata-se do controlo interno que é exercido pela
Assembleias Municipal da respectiva autarquia.
Fora do controlo interno, as autarquias estão também sujeitas ao controlo externo. Este é
exercido pelo Ministério da Economia e Finanças através da Inspecção Geral de Finanças. Além
deste órgão, o Tribunal Administrativo pode também exercer o controlo sobre as decisões
financeiras das Autarquias Locais em Moçambique.
32
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
Neste capítulo são apresentadas suas secções, nomeadamente: (i) a caracterização do local de
pesquisa (o Município da Vila da Manhiça), em termos da sua localização geográfica, população
e principais fontes de geração de rendimento e, (ii) discussão dos dados e respectiva conclusão.
No contexto da municipalização , Manhiça faz parte dos primeiros 33 municipios criados pelo
Governo de Moçambique em 1998. Este município tem uma superficie de 250 quilometros
quadrados e uma população de cerca de 60 mil habitantes, divididos em 14 bairros. Desde a sua
municipalização, teve três presidentes, nomeadamente Laura Tamele, Alberto Chicuamba e o
actual, Luis Munguambe, todos membros da Frelimo.
3
De acordo com a Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, o Presidente do Conselho Municipal é o órgão executivo singular
do município, eleito por sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico dos cidadãos eleitores recenseados na
área do respectivo Município. A Assembleia Municipal é o órgão representativo do Município dotado de poderes
deliberativos, e o Conselho Municipal é o órgão executivo colegial do Município, composto pelo presidente do
Conselho Municipal e por vereadores por ele escolhidos e nomeados.
33
1.1. Estrutura orgânica do Conselho Municipal da Vila da Manhiça
Para a execução das suas atribuições, o Conselho Municipal da Vila da Manhiça estrutura-se em
seis vereações, nomeadamente: (i) Vereação de Administração, Finanças, Planificação e
Recursos Humanos; (ii) Vereação de Urbanização, Construção e Energia; (iii) Vereação de
Industria, Comércio, Turismo, Mercado, Feiras, Transportes e Comunicações; (iv) Vereação da
Agricultura, Pesca e Meio Ambiente; (v) Vereação da Juventude, Cultura, Desporto e
Tecnologia, e (vi) Vereação da Área Social, Saúde, Educação e Género, criadas através do
despacho do Presidente do Conselho Municipal.
CONSELHO
MUNICIPAL
Gabinete do PCM
Secretária-Geral
Polícia Municipal
34
1.2. Unidades orgânicas envolvidas no processo de cobrança da receita municipal
Polícia Municipal
35
2. Fontes de receita do Município da Vila da Manhiça
Para o pleno financiamento das despesas das AL em Moçambique, a Lei nº 1/2008, de 16 de
Janeiro estabelece várias fontes através das quais se pode arrecadar as receitas pelos órgãos de
administração municipal encarregues para o efeito.
Entre as fontes referidas acima, constam: (i) as receitas próprias, (ii) as receitas provenientes das
transferências do Estado, e (iii) as receitas creditícias, nomeadamente: os donativos e os
empréstimos.
Segundo a lei supracitada, as receitas próprias são resultantes da cobrança de taxas municipais e
alguns impostos tais como: o Imposto Sobre Bens (IB), Imposto Predial Autárquico (IPRA),
Imposto de SISA, Imposto Autárquico de Veículos (IAV) e do Imposto Pessoal Autárquico
(IPA). A tabela que se segue ilustra com detalhes as principais fontes de receita do Município da
Vila da Manhiça e o desempenho tributário por fonte durante o período abrangido pela presente
pesquisa:
36
A estrutura financeira do Município da Vila da Manhiça, conforme acima apresentado, mostra
que as receitas deste município provêm da cobrança de taxas e impostos, bem como das dotações
orçamentais canalizadas pelo Governo Central e, por fim, dos donativos.
Uma análise geral do contributo das três fontes de geração de receita neste município demonstra
um progresso ou evolução dos recursos arrecadados durante os três exercícios económicos em
estudo.
Da mesma análise, é possível verificar que maior parte dos recursos que constituem a receita
própria do Município da Vila da Manhiça é proveniente da cobrança de taxas e licenças 4, do que
de impostos.
Fazendo uma discriminação por fonte de receita, observa-se, igualmente, que a receita própria é
a que mais evoluiu ao longo dos três anos, o que tende promover a autonomia financeira ou
menor dependência deste município em relação aos recursos externos ou face ao Governo
Central.
Retomando a análise das fontes de geração de recursos para o município na óptica das receitas
próprias, observa-se a existência de certos impostos com maior contributo na globalidade da
receita municipal em detrimento dos outros, conforme se ilustra abaixo:
4
As taxas são provenientes dos valores que os munícipes pagam ao município pela prestação de serviços públicos e
pela concessão de licenças para o exercício de certas actividades, do uso do solo urbano e da ocupação de espaços
públicos.
37
Ordem de importância do imposto na receita fiscal do Munícipio da
Vila da Manhiça (2014-2016)
72%
42%
28%
26%
3%
IPRA
IPA
Imposto SISA
IAV
IB
Este gráfico mostra que entre os principais impostos que vigoram no Município da Vila da
Manhiça, o Imposto sobre Bens (IB) e o IPRA são os que de forma positiva contribuem para a
receita fiscal.
O IPA figura como o terceiro imposto com maior importância, o que demonstra que o nível de
contribuição dos munícipes deixa muito a desejar, pois, o IPA é por natureza um imposto que
deveria providenciar maior contributo considerando que é da obrigação de cada munícipe
passivo.
Por fim, o Imposto SISA e o Imposto Autárquico de Veiculo são os que apresentam menores
oportunidades para geração de receita municipal na autarquia da Vila da Manhiça devido ao
reduzido parque imobiliário, em relação ao primeiro imposto e devido ao número reduzido de
munícipes como proprietários de automóveis oriundos deste município.
38
3. Nível de cobertura da despesa de funcionamento com base nas receitas
próprias
Teoricamente, as autarquias locais gozam de autonomia financeira, o que significa que elas
devem dispor de receitas proprias suficientes para a cobertura dos seus encargos dentro das suas
atribuições de promover o desenvolvimento local das respectivas comunidades.
A pesquisa exploratória efectuada sobre este assunto demonstrou que a autonomia acima
referida nem sempre se verifica, principalmente nas pequenas autarquias, cujas fontes de geração
de receita são muito restritas.
Os órgãos de tutela das autarquias locais 6 reconhece as dificuldades das autarquias de arrecadar
receitas suficientes. Por isso, elas beneficiam anualmente de apoio através de transferências de
receitas consignadas7 provenientes do Orçamento do Estado (apenas para financiar despesas de
capital).
Assim sendo, é obrigatório que cada autarquia gere pelo menos receitas suficientes para o seu
funcionamento ou auto-sustento. O gráfico que se segue faz essa analise no caso do Município
da Vila da Manhiça, afim de perceber se esta autarquia gera recursos suficientes, pelo menos
para garantir o seu auto-sustento.
5
As autarquias de vila, na sua maioria apresentam menor número de contribuintes e não dispõem de maior número
de infra-estruturas económicas (estabelecimentos comerciais, mercados, parques de estacionamento) que possam
dinamizar a sua economia. Por isso, alguns tributos que são cobrados em algumas autarquias de cidade, são
inexistentes nas autarquias de vila, o que limita igualmente o seu volume de receitas.
6
As autarquias locais são tuteladas pelo Ministério da Economia e Finanças, sobre decisões financeiras e pelo
Ministério da Administração Estatal e Função Pública sobre todas decisões administrativas da sua organização e
funcionamento.
7
Trata-se de dotações relativas ao Fundo de Compensação Autárquica que se destina a complementar as receitas
próprias e, do Fundo de Investimento para Iniciativas Autarquias e do Fundo de Estradas, além de que algumas
autarquias recebem, igualmente, o fundo do PERPU.
39
Relação entre receita própria e despesa de funcionamento (em MT)
50,000,000
45,000,000
40,000,000
35,000,000
30,000,000 Receita Propria
25,000,000 Despesa de Funcionamento
20,000,000
15,000,000
10,000,000
5,000,000
0
2014 2015 2016
Nessa ordem de ideia, é necessário que a autarquia consiga financiar as suas despesas de
funcionamento com base nas receitas próprias, isto é, ela deve dispor de meios financeiros
próprios, com vista a criar as condições da sustentabilidade financeira do exercício das suas
competências.
Seguindo essa perspectiva, o gráfico acima demonstra que, em média, o Município da Vila da
Manhiça consegue cobrir as despesas de funcionamento com base nas suas proprias receitas. Na
mesma análise , verifica-se uma evolução acompanhada entre o nivel de arrecadação da receita
própria e da despesa própria , tendo em conta o período pesquisado.
40
receitas, o que lhe assegura uma sustentabilidade financeira. Aliás, a relação entre a receita
própria e a despesa de funcionamento gera a figura de superavite8 nesta autarquia.
Face ao cenário acima, a autarquia da Vila da Manhiça apresenta uma autonomia relativamente
maior face aos recursos externos, nomeadamente, o apoio do Orçamento do Estado e outras
formas de financiamento dos seus encargos correntes.
O IPRA incide sobre o valor patrimonial dos prédios urbanos situados no território da autarquia
e o IPA incide sobre todas as pessoas nacionais ou estrangeiras, residentes na autarquia, quando
tenham entre 18 a 60 anos de idade, com ocupação (emprego) e aptidão para o exercicio de
qualquer trabalho possa ser remunerado.
De um modo geral, como se viu na revisão da literatura, embora as autarquias disponha do poder
de tributar os cidadãos, maior parte delas possuem uma base fiscal muito pequena ou quase
inexistente para gerar as suas receitas através de fontes próprias, o que faz com sejam apenas
capazes de proporcionar um conjunto (e nível) muito limitado de serviços municipais.
Durante a recolha de dados com o objectivo de identificar os factores que de alguma forma
tenham contributo no nível assinalado de arrecadação de receitas no Município da Vila da
Manhiça, ouviu-se vários depoimentos de pessoas ligadas às finanças municipais.
8
Diz-se superávite quando a receita ultrapassa o limite da despesa.
41
O Chefe do Departamento de Planificação, por exemplo, explicou que nos últimos anos o nível
de execução de receitas está dentro das expectativas fixadas em respectivos orçamentos.
Arrolando os factores que condicionam esta realidade, disse:
Pelo seu turno, o Chefe do Sector da Contabilidade no Conselho Municipal da Vila da Manhiça,
referiu devido à sensibilização das comunidades via autoridades locais, aumentou o nível de
consciência pela necessidade de pagamento de imposto por parte dos munícipes.
Embora se tenha constatado o que se acabou de afirmar, Maurício Ofisso Manhiça (Técnico da
Secretaria Municipal) revelou a necessidade de se potenciar alguns sectores para que o nível de
cobrança de receitas seja ainda mais melhor.
O funcionário acima referiu na ocasião que: “As acções da Polícia Municipal devem ser
intensificadas de modo que seja proactiva na aplicação de multas em benefício do município e
não pessoal”.
Assumindo a intervenção deste último entrevistado, é possível perceber que até certo ponto,
existem acções que constrangem a receita deste município, resultante do compormento desleal
de alguns actores envolvidos no processo de mobilização da receita.
Com base nisso, fica também evidente que a Polícia Municipal não tem actuado com a devida
idoneidade para garantir que os recursos que podiam advir da aplicação de sanções aos
munícipes pelo incumprimento das posturas municipais sejam efectivamente cobrados para os
cofres do município.
42
Em suma, retomando aos factores que contribuem para o nível de arrecadação da receita no
Município da Manhiça, constata-se que embora as autoridades municipais realizem acções de
sensibilização aos munícipes de modo a pagarem os impostos, existem também factores críticos
que limitam até certo ponto o nível de receitas, como é o caso da pequena corrupção que se
verifica entre a Polícia Municipal e os munícipes que podiam se sujeitar à multas em benefício
do município.
43
5. Conclusão e recomendações
Esta parte representa a etapa conclusiva da pesquisa. Desta forma, consta de duas secções. Na
primeira são apresentadas as principais constatações da pesquisa em função dos dados recolhidos
no campo de investigação e, na segunda são apresentadas as recomendações com vista a
melhorar alguns aspectos relativos a mobilização da receita municipal da Manhiça.
5.1. Conclusão
A questão de fundo desta pesquisa era de procurar analisar até que ponto o Município da Vila da
Manhiça gerou recursos suficientes para cobrir as suas despesas de funcionamento durante o
período 2014-2016. Da análise de dados, chegou-se à conclusão de que este município gerou
recursos suficientes para cobrir as sua despesas de funcionamento durante o período em análise.
Esta conclusão é sustada pelas constatações subjacentes dos objectivos específicos que
conduziram a pesquisa. Desse modo, em relação ao primeiro objectivo verificou-se que as fontes
de captação de receitas do Município da Vila da Manhiça são: (i) receitas próprias, que são
constituidas pelo Imposto Sobre Bens, Imposto Predial Autárquico, Imposto de SISA, Imposto
Autárquico de Veículos e do Imposto Pessoal Autárquico.
Ainda no primeiro objectivo verificou-se que uma parte da receita municipal é proveniente de
taxas e licenças, por transferências do Orçamento do Estado e pelos donativos. Destes tributos,
constatou-se que o Imposto Sobre Bens e o Imposto Predial Autárquico são os que mais
contribuem para a receita do Município da Vila da Manhiça.
Em relação ao segundo objectivo, foi possivel constatar que as receitas próprias do Município da
Vila da Manhiça cobrem as suas despesas de funcionamento, gerando até a figura de superávite,
isto é, a receita arrecadada ultrapassa o nível da despesa fixada. Diante disso, há que considerar
que os recursos gerados asseguram a sustentabilidade financeira e autonomia deste município.
Por fim, em relação ao terceiro objectivo é de referir que o nível de arrecadação da receita no
Municipio da Vila da Manhiça é satisfatório e contam para tal situação, factores a sensibilização
e a mobilização das comunidades sobre a necessidade do cumprimento com as suas obrigações
fiscais pelas autoridades locais. Contudo, da pesquisa pode-se perceber também existência de
44
factores que constragem a receita deste município resultante da pequena corrupção que envolve a
polícia municipal.
Ao longo da pesquisa foi possível tambem fazer a verificação das hipóteses, tendo sido
confirmada a primeira, segundo a qual, o Município da Vila da Manhiça gerou recursos
suficientes para cobrir as suas despesas de funcionamento durante o período em alusão porque
dispõe de uma base tributária sólida que condiciona a arrecadação de receitas necessárias para o
seu funcionamento.
5.2. Recomendações
As constatações desta pesquisa, conforme a anaalise de dados e a conclusão apresentada
demonstram que o Municipio da Vila da Manhiça está num nível de arrecadação de receita com
vista a assegurar a sua sustentabilidade financeira. Contudo, em função de pequenos problemas
identificados é pertinente propor as seguintes recomendações com vista a elevar ainda mais a
receita deste município:
45
Referências bibliográficas
Araújo, Joaquim F. F. E. (2003) A governação local e os novos desafios: Fórum de gestão e
administração pública. Consultado em 10/04/2017, disponível em
http://hdl.handle.net/1822/3303]m.
Caupers, João. (2001) Introdução ao Direito Administrativo. 6ª edição. Lisboa: Âncora editora.
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Oficial da Republica de Moçambique: Maputo.
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Publicação Oficial da Republica de Moçambique: Maputo.
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ANEXOS
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