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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO

BAGDADE BRAIMO

PLANO ECONÓMICO E SOCIAL E ORÇAMENTO DO


ESTADO

NAMPULA
2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO

BAGDADE BRAIMO

PLANO ECONÓMICO E SOCIAL E ORÇAMENTO DO


ESTADO

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira


de teoria geral do direito civil I referente
ao primeiro semestre curso de direito,
leccionada pelo Docente: Bogaio
Nhancalza.

NAMPULA
2020
Índice
Introdução...................................................................................................................................................1
Objectivo geral:...........................................................................................................................................1
Objectivos específicos:................................................................................................................................1
1. PLANO ECONÓMICO E SOCIAL E ORÇAMENTO DO ESTADO....................................................2
2.Noção do plano Económico......................................................................................................................2
3. Tipos de Plano Económico e Social.........................................................................................................4
3.1 Plano Imperativos, Indicativos Ou Mistos.............................................................................................4
3.2.1 Funções do plano................................................................................................................................6
3.2.2 Objectivos do Plano.................................................................................................................6
3.3 Conteúdo e natureza do plano................................................................................................................7
3.3.1Conteúdo do plano...............................................................................................................................7
3.3.2Natureza jurídica do Plano...................................................................................................................7
4. A Democraticidade ao nível da preparação e da elaboração do Plano.....................................................9
4.1Papel do parlamento...............................................................................................................................9
5. Órgãos de Concertação e o seu Papel....................................................................................................10
5.1 Participantes na elaboração do plano...................................................................................................10
Conclusão..................................................................................................................................................14
Bibliografia................................................................................................................................................15
Introdução
No presente trabalho, abordar-se-á sobre plano económico e social e Orçamento do
Estado noção e modalidades do plano económico, conteúdo e natureza do plano, elaboração e
execução do plano económico (intervenientes), A democraticidade ao nível da preparação e da
elaboração do plano, a democraticidade ao nível da execução do plano de execução, e Os
auxílios do Estado (tipos de auxílio).

O desenvolvimento do trabalho foi possível graças a consulta bibliográfica, constituição


da República de Moçambique e alguns artigos disponíveis.

Objectivo geral:
 Abordar de forma sintética sobre o Plano económico Moçambicano.

Objectivos específicos:
 Conceitualizar o plano económico e social e o OE;
 Apresentar os diversos tipos de plano;
 Especificar o seu Funcionamento do plano económico em Moçambique;
 Analisar a os elementos que compõem plano económico e a fiscalização do OE;

Quanto a metodologia da pesquisa é a que abrange maior número de itens, foi feito o
presente trabalho com base o métodos indutivo: cuja aproximação dos fenómenos caminha
geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares as
leis e teorias.

1
1. PLANO ECONÓMICO E SOCIAL E ORÇAMENTO DO
ESTADO
1.1. Conceitos Básicos

Plano: é um documento que, de alguma forma se situa entre a mera ideia de ordenação da
economia e a atribuição de direitos e deveres a sujeitos concretos.

É o de assegurar a direcção central da economia, definindo regras imperativas para os


agentes económicos.

2.Noção do plano Económico


Plano é uma intenção ou projecto. Trata-se de um modelo sistemático que se elabora antes
de realizar uma acção, com o objectivo de dirigir e de encaminhar. Como por exemplo: plano
económico, plano de estudos e plano de investimento. Os planos são verdadeiras directrizes para
a implementação da política económica destinada a proporcionar o desenvolvimento.1

A relação dos planos de desenvolvimento com o direito económico é de imensuráveis


proporções, pois aqueles tratam da esfera macroeconómica, objectivando transformar a realidade
de maneira a que se atenda ao interesse público em seu grau máximo.

O planeamento refere-se a ferramenta administrativa, que possibilita a perceber a realidade,


avaliar os caminhos, construir um referencial futuro, o tramite adequado e reavaliar todo o
processo a que o agrupamento se destina.2

Os planos económicos podem ser definidos como documentos aprovados pelos poderes
políticos competentes e que se destinam a analisar as possibilidades de evolução da situação
económica, a definir uma orientação para esta evolução e a procurar dirigir os sujeitos
económicos no sentido de cooperarem para a realização dos objectivos definidos. 3

Com base nesta definição, é possível identifica 3 elementos essenciais dos planos
económicos:

1
Disponivel in https://www.dicio.com.br/transmissao/, acesso em 14/04/2020.
2
Idem.
3
FERREIRA, Eduardo Paz, sumário do direito da economia, Portugal, 1999.

2
A previsão económica: o plano constitui, antes de mais, uma tentativa de calcular qual
será a evolução provável da economia.

A fixação dos objectivos: os poderes políticos, nos termos em que a constituição e a


legislação estabelecem, determinam certos objectivos a alcançar.

A escolha e a ordenação de meios necessários para atingir as metas definidas: o


plano comporta também, necessariamente, a definição das acções indispensáveis para alcançar os
objectivos.

O plano tem por objectivo definir ou enquadrar o comportamento dos órgãos do estado e
dos particulares em determinados sectores ou áreas, podendo incluir formas de influenciar o
comportamento dos agentes económicos.

Define-se o planeamento como sendo actos jurídicos que definem e hierarquizam


objectivos da política económica a prosseguir de certo prazo e estabelece as medidas adequadas
da sua execução.4

O plano económico compõe-se de duas operações essências sempre: diagnóstico e


prognóstico. São ambas essências a compreensão da própria noção do plano económico.

No diagnóstico: contabilizam-se os dados globais e sectoriais da actividade económica e


são do pressuposto de qualquer estimativa com destaque para o cálculo da procura (global e
sectorial).5

No Prognóstico: projectam-se para o futuro as estimativas mas verosímeis, observadas


durante a fase do diagnóstico, na base dos comportamentos considerados mais prováveis dos
agentes económicos visados ao mesmo tempo si indicam ao meio apropriados, deste modo
conclui-se assim que os planos económicos fazem parte três elementos: as previsões, os
objectivos e os meios a utilizar, numa perspectiva sempre temporária6

4
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito económico, 3ª edição, Almedina, Coimbra, 2000. (Pág. 482).
5
Idem.
6
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Econômico, 3a edição, Coimbra Editora, Portugal, 2000, pág. 486.

3
3. Tipos de Plano Económico e Social

3.1 Plano Imperativos, Indicativos Ou Mistos


Os planos podem ser imperativos, indicativos ou mistos:

Planos imperativos: são aqueles que contêm metas, estratégias e medidas concretas que
devem obrigatoriamente ser respeitadas como conteúdo de preceitos jurídicos, pelas entidades
encarregadas de executar os planos com maior ou menor discricionariedade.7

Planos indicativos: são aqueles que contêm objectivos, estratégias ou medidas que
podem ou não ser executadas pelos agentes a quem dizem respeito, podendo a sua execução
fundamental a atribuição de benefícios e vantagens especiais a quem a empreenda, embora não
seja obrigatória.8

Planos mistos: são parcialmente indicativos e parcialmente imperativo, ou em relação a


tipos de sujeitos descriminados ou também em relação a áreas ou tipos de medidas diferentes
incluídos no seu âmbito.9

Há diversos tipos de planos económicos, consoante a sua projecção temporal e consoante o


âmbito de actividade que abarcam, neste contexto temos o pano a longo prazo, médio prazo e
anuais.

Plano a longo prazo: define os grandes objectivos e os meios a alcançar num período
determinado pela lei vigente numa determinada nação.10

Plano a médio prazo: este decompõe-se em unidades de acção mais concretas, a que é
usualmente chamado de programas.11

Pano anual: estes são feitos normalmente ano por ano, tem sua expressão financeira no
orçamento de cada ano, são os documentos mais importantes e estratégicos da política
económica estadual.12
7
FRANCO, António L. de Sousa, Noções de Direito da Economia, Vol. 1, Lisboa, 1983. Pág. 314-318
8
Idem.
9
Idem.
10
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito económico, 3ª edição, Almedina, Coimbra, 2000. (Pág. 482).
11
Idem.
12
Idem.

4
Planos globais: definem objectivos e traçam as estratégias relativamente ao conjunto da
economia e da sociedade, também assim aos meros programas de actividades ou de certos actos,
como o investimento.13

Planos sectoriais: definem objectivos que traçam estratégias que, subordinadas aos
anteriores e com eles coerentes, se reportam apenas a algum sector ou ramo de produção.

Planos regionais: definem objectivos e traçam estratégias relativas apenas a regiões, isto
é, a parcela de território delimitada, não arbitrariamente, mas em função da sua entidade própria,
económica e social no âmbito do território nacional. Dispõe a constituição a existência, já real
anteriormente mas decerto carecidas de revisão, de regiões-planos baseadas nas potencialidades e
características geográficas, sócias, naturais e humanas do território nacional, com vista ao seu
equilibrado desenvolvimento e tendo em conta as carências e os interesses das populações.14

Plano regional - refere-se planos regionais das regiões autónomas, os quais aprovados
pelos órgãos das regiões autónomas e só nos respectivos territórios têm aplicação. Este plano
regional é aquele aprovado por cada assembleia nacional, a lei fundamental do sistema de
planeamento dispõe que a harmonização e articulação dos planos económicos das regiões com o
plano regional e participação das regiões autónomas na elaboração do plano nacional, se
realizam através de órgãos nacionais de planeamento. Para isso se prevê, nomeadamente, a
presença de dois representantes ou cada região autónoma no conselho nacional do plano.15

Plano económico-social e plano específico - a par dos planos económicos ou planos


económico-sociais (PES), a lei pode configurar planos específicos de determinadas entidades:
plano de actividades de serviços, empresas ou autarquias, planos de acção para áreas
integradas.16

Podem designar-se por Planos os instrumentos específicos de programação ou


ordenamento que se situam já fora da área do planeamento económico-social. Os planos do
ordenamento do território, estes podem ser instrumentos de programação global ou também

13
FRANCO, António L. de Sousa, Op Cit, Pág. 314-317
14
Idem, Pág. 315-318
15
Idem, Pág. 318.
16
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Econômico, 3a edição, Coimbra Editora, Portugal, 2000, pág. 482

5
planos de urbanização, que são instrumentos específicos de ordenamento urbanista, são planos
técnicos não económicos sociais.17

3.2Funções e Objectivos do Plano

3.2.1 Funções do plano


Existe um grande conjunto de funções do plano consideradas doutrinariamente, das quais
temos:18

 Fazer coordenação da política económica com a social, estadual e cultural;


 Realizar os grandes fins da política económica, que se traduzirão em objectos e metas
concretas;
 Orientar, coordenar e disciplinar a organização económica do país;
 Efectivar os direitos económicos, sociais e culturais, quanto a direito do trabalho e quanto
ao desenvolvimento da propriedade social;
 Apoiar nas cooperativas, integração orientadora do orçamento geral do Estado, orientação
da política monetária e financeira, integração de esquemas de auxílio.

3.2.2 Objectivos do Plano


Todo e qualquer planeamento propõe-se a atingir determinados objectivos. Ao contrário
das previsões, que se pretendem objectivas e directivas, os objectivos são de índole voluntarista,
obedecendo a sua escolha e a ordenação a critérios mais ou menos políticos. A sua determinação
não é somente económica, mas tem uma componente política muito forte. 19 Aparecem com
frequência, varias qualificações de objectivos tais como: objectivos mínimos e objectivos
máximos; objectivos qualitativos e objectivos quantitativos; objectivos globais e objectivos
sectoriais; objectivos prioritários e objectivos secundários e objectivos condicionais.

Objectivos mínimos (metas), são os níveis considerados indispensáveis para o


desenvolvimento ou expansão planificados;

17
FRANCO, António L. de Sousa, Op Cit, Pp 314-318
18
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Econômico, 3a edição, Coimbra Editora, Portugal, 2000, pág. 482
19
VAZ, Manuel Afonso, Direito Económico, 2ª Edição, Coimbra Editora, Coimbra, 1990. 263

6
Objectivos máximos (limites), são os níveis que não devem ser ultrapassados por
excederem as necessidades ou serem incompatíveis com objectivos mínimos do plano. Diga-se
que em caso de pluralidade de objectivos prioritários se impõe uma hierarquização tendente a
evitar possíveis conflitos derivados da aplicação de políticas não compatíveis com a prossecução,
a um mesmo nível de tais objectivos.20

3.3 Conteúdo e natureza do plano


3.3.1Conteúdo do plano
Quanto ao conteúdo do plano, caracteriza-se pela sua heterogeneidade, e é composto por
um conjunto de previsões directivas e objectivos coerentemente dispostos. É esta a sua
característica comum a todo o direito económico que dificulta a sua classificação jurídica de um
ponto de vista material. Dir-se-á tão só que não são a heterogeneidade e a singularidade do
conteúdo do plano que afastam decisivamente a sua qualificação como norma jurídica, possam
embora embaraça-la.21

O plano é um instrumento técnico sob a forma contabilizada e previsional, mas que não
deixa de ser ao mesmo tempo uma norma jurídica. De facto fornece um quadro de conformação
ao mais alto nível da ordem económica e social e de acordo com os interesses e pontos de vista
que os parlamentares e o governo consideram, é quanto basta para lhe atribuir carácter
normativo.22

3.3.2Natureza jurídica do Plano


O plano tem uma natureza e eficácia diversa nos sistemas colectivos, nos quais como
regra, é por essência, e se configura como o instrumento fundamental de regulação económica e
de funcionamento do sistema, relativamente a generalidade dos respectivos agentes e sectores,
económicos e sociais.23

Nos sistemas mistos ou capitalistas, assentes no instrumento essencial do mercado, o


plano tem, mas claramente a natureza de um acto formalmente legislativo (lei ou norma jurídica),
potencialmente caracterizada como tal que, embora possa incluir, com um contexto de normas
20
SANTOS, António Carlos, at. al. Direito econômico, 6a edição, Almedina, Portugal, 1998, pág. 189.
21
MONCADA, Luís S. Cabral de, Op Cit, Pág. 486.
22
Idem
23
WATY, Teodoro Andrade, Direito Economico, WWEditora, Maputo, Pág. 123.

7
jurídicas entre as suas competências, não regula juridicamente situações. A sua natureza pode ser
dupla:24

Acto – Programa – que define metas e critérios de actuação, criando diversos


mecanismos de execução, que pode ir até a obrigatoriedade de certos componentes;

Acto - providência ou acto - medida - é acto legislativo que integra providências ou


mediadas concretas de política económica.

Todavia, o segundo tipo de preceitos de plano é apenas necessário, sendo os primeiros


isoladamente ou em conjunto integrante e essenciais da sua natureza e, portanto, definidores da
sua natureza.

O plano tem carácter imperativo para o sector público estadual, isto é, pode ser
obrigatório executar disposições directamente aplicáveis do plano e as respectivas actuações dos
agentes económicos, podem ser forçadas a conformar-se ao plano, nos seus objectivos gerais e
nas estratégias definidas, através de diversos mecanismos de imposição: celebração obrigatória
de contratos económicos vinculativos ao contraente, imposição de deveres e eventual demissão
de gestores ou sua penalização e punição, não aprovação ou alteração dos planos de actividades e
orçamentos dessas entidades ou das respectivas contas e relatórios finais de execução, exercícios
do poder tutelar, condicionamento da utilização de créditos orçamentais e do acesso ao crédito
ou outros recursos e apoios, nulidade ou ineficácia dos actos praticados em contravenção do
plano, na sua área de imperatividade.25

Num panorama jurídico, sobre o plano implica antes de mais a distinção entre o Plano e o
Direito da planificação ou Planeamento.

A planificação exprime-se em actos jurídicos diversos cuja qualificação só é possível


qualificando previamente o plano económico nacional. E o plano e a execução interpõe-se uma
série de maior ou menor de formas executórias.

Nos países de economia de planificação central ou Direcção central, o plano é uma lei
adoptada, por isso, de uma força jurídica especial, na medida que é um instrumento por

24
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Econômico, 3a edição, Coimbra Editora, Portugal, 2000, pág. 482
25
FRANCO, António L. de Sousa, Op Cit, Pág. 325-326.

8
excelência da vida económica, tendo implicações tanto no Direito Público quer no Privado donde
as regras de responsabilidade civil são retiradas para evitar as obrigações de indemnizar por
perdas e danos que dificultariam a sua aplicação.26

As obrigações assumidas no âmbito do plano têm preferência imediata, autónoma e


oficiosa, considerando-se nulas as que lhe sejam contrarias, e na medida em que lhe sejam
desconformes, mesmo que pré-existentes.

O plano é uma super-norma, superior a lei ordinária e capaz de promover a invalidade de


certas normas e contratos, e serve uma função positiva de base interpretativa das normas e actos
administrativos. Este, é um princípio constitucional actuante, não meramente programático.27

4. A Democraticidade ao nível da preparação e da elaboração do


Plano

4.1Papel do parlamento
Na maioria dos países ocidentais a intervenção do parlamento no tocante ao parlamento e
escassa e o seu papel restringe-se a aprovação de uma lei, a título de reserva de competência
absoluta do parlamento, indesejável no governo.28

Estas leis são apresentadas pelo governo ao parlamento, e só depois que ele vai elaborar
os planos propriamente ditos provando-se para tal das directivas gerais que encerram as grandes
leis das grandes opções. Estas leis não são o plano, pois apenas contem as grandes opções em
matéria de política económica planificada, com base nas quais o governo vai depois elaborar e
executar os planos propriamente ditos até o orçamento geral do Estado.29

A proposta de lei que o governo apresenta para aprovação ao parlamento e qualitativa e


quantitativamente muito diferente dos planos, contendo apenas directivas muito gerais, as já

26
WATY, Teodoro Andrade, Op Cit, Pág. 317
27
WATY, Teodoro Andrade, Op Cit, Pág. 318.
28
SANTOS, António Carlos, at. al. Direito econômico, 6a edição, Almedina, Portugal, 1998, pág. 186.
29
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Econômico, 3a edição, Coimbra Editora, Portugal, 2000, pág. 482

9
aludidas grandes opções, apresentadas em anexos a proposta ou fazendo inclusivamente parte
dela. Trata-se de leis bases gerais.30

O que importa aqui destacar e que o parlamento se vai pronunciar sobre o projecto
provisório do plano, numa fase em que o governo ainda esta longe de ter elaborado o projecto
final do plano, que ira apresentar, para consulta, ao Comissariado Geral do Plano e para
aprovação final do novo ao parlamento. Salienta-se igualmente que a opinião deste órgão, logo
naquela sua primeira intervenção, e vinculativa para o governo, que agira ilegalmente se elaborar
o plano em bases diversas das constantes do parecer parlamentar. Este comanda efectivamente a
elaboração do futuro plano.31

O parlamento e assim consultado duas vezes; na fase de elaboração do plano, juntado o


seu ponto de vista ao próprio governo e aos órgãos de concertação, e na fase da aprovação
definitiva da lei do plano.

Do facto do parlamento se ver associado a elaboração do plano e do facto de as suas


opiniões serem vinculastes para o governo no tocante a adopção do projecto definitivo do plano,
retiram-se ensinamentos muito importantes para o direito interno moçambicano do planeamento
que se pretende democrático.32

5. Órgãos de Concertação e o seu Papel

5.1 Participantes na elaboração do plano


E neste segundo aspecto ou seja, na junção dos órgãos de concertação económica a
elaboração do planeamento, que a noção de democraticidade parece ter obtido uma maior
difusão. Pluralidade e diversidade dos participantes - uma característica muito evidente do
regime jurídico da planificação moçambicana residem no número e diversidade dos órgãos que
participam na elaboração do plano.33

30
WATY, Teodoro Andrade, Direito Economico, WWEditora, Maputo, Pág. 123.
31
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Econômico, 3a edição, Coimbra Editora, Portugal, 2000, pág. 485.
32
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Econômico, 3a edição, Coimbra Editora, Portugal, 2000, pág. 486.
33
LAUBADERE, André de, Direito publico económico, Almedina Editora, 1985, pág. 328 e 329

10
Este traço resulta das características gerais da planificação, que mencionamos
anteriormente:

Em primeiro lugar, o princípio da planificação implica uma pluralidade muito acentuada


de participantes, não apenas porque os agentes económicos interessados, e que convêm, por esse
facto, chamar a trabalhar na elaboração do Plano, são numerosos, mas também porque a
concertação da infalivelmente lugar a divergências ou faltas de harmonia que exigem a adição de
outros órgão, encarregados de tarefas de arbitragem.34

Em segundo lugar, existem órgãos que, sem participarem na própria concertação, e sem
serem também qualificados para decidir, podem ser considerados como tendo vocação para dar
pareceres em matéria económica; ao lado dos órgãos de concertação e dos órgãos de arbitragem
e decisão, há, assim, lugar para órgão de consulta. Por outro lado, concebe-se que a elaboração
de um plano económico faz intervir ao mesmo tempo órgãos técnicos, especialistas, e órgãos
políticos.35

6. O ORÇAMENTO DO ESTADO

6.1Conceito de orçamento do Estado

Orçamento é a parte de um plano financeiro estratégico que compreende a previsão de


receitas e despesas futuras para a administração de determinado exercício (período de tempo).
Aplica-se tanto ao sector governamental quanto ao privado, pessoa jurídica ou física

6.2 Fiscalização do Orçamento Público

6.2.1 Fiscalização típica em Moçambique

A fiscalização tem normalmente em vista as despesas, uma vez que o montante das
receitas é uma estimativa e está sujeito a variações, dependendo da conjuntura económica, entre
outros factores. A sua fiscalização é, por isso, menos rigorosa: limita-se a averiguar se as receitas
foram correctamente liquidadas e contabilizadas.

34
Idem.
35
MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Econômico, 3a edição, Coimbra Editora, Portugal, 2000, pág. 488.

11
No caso das despesas, confere-se a sua legalidade, regularidade e cabimento orçamental
(fiscalização material), bem como o respeito pelos princípios de economia, eficiência e eficácia
(fiscalização económica).

A fiscalização do Orçamento em Moçambique é feita pelo Tribunal Administrativo 36


(fiscalização jurisdicional), pela Assembleia da República237 (fiscalização política) e pela própria
Administração Pública (fiscalização administrativa). Compete ao Tribunal Administrativo
fiscalizar as despesas públicas e apreciar as contas do Estado; cabe, por sua vez, a Assembleia da
República pronunciar-se e decidir sobre o Relatório sobre a Conta Geral do Estado elaborado
pelo Tribunal Administrativo; por último, a entidade responsável pela gestão e execução do
Orçamento, as entidades hierarquicamente superiores e de tutela, os serviços de contabilidade
pública e os órgãos gerais de inspecção têm o dever e a obrigação de acompanhar, inspeccionar e
controlar a execução orçamental.

A fiscalização jurisdicional assume uma especial importância, não só pela sua "força",
mas também pelo facto de depender de um órgão externo e independente do Governo. Garante-
se, assim, a separação do poder executivo e jurídico, essencial para o funcionamento de qualquer
democracia.

É de salientar que a fiscalização não incide apenas sobre a Conta geral do Estado: não é
feita somente depois de executado o Orçamento. Ela é também realizada ao longo da própria
execução orçamental. Trata-se, neste caso, de uma fiscalização prévia, por oposição à
fiscalização sucessiva.

Por exemplo, se o Tribunal Administrativo verificar que uma determinada despesa não
cumpre com os requisitos legais, ele tem poderes para impedir que ela se realize e para punir os
infractores38.

36
República de Moçambique, Constituição da República de Moçambique (inclui revisão de 2018), Escolar Editora,
Maputo, 2018 — artigo 131.
37
Idem.
38
República de Moçambique, Constituição da República de Moçambique (inclui revisão de 2018), Escolar Editora,
Maputo, 2018 — artigo 229.

12
Um último exemplo: quando a Assembleia da República aprecia os relatórios trimestrais
do Governo sobre a execução das despesas e das receitas, ela está a exercer o controlo sobre essa
mesma execução39.

República de Moçambique, Constituição da República de Moçambique (inclui revisão de 2018), Escolar Editora,
39

Maputo, 2018 — artigo 178.

13
Conclusão
Cheguei a conclusão de que é o dever do Estado, definido constitucionalmente, a promoção
do desenvolvimento económico, com especial ênfase para a redução das desigualdades regionais
e sociais, cabendo-lhe o papel de agente “normalizador” das relações económicas e sociais,
promovendo o bem comum. E por serem medidas de grande relevância nessa perspectiva, pode o
Estado utilizar as normas tributárias indutoras para a busca de tal objectivo.
Tendo como funções, realizar os grandes fins da política económica, que se traduzirão
posteriormente em objectos e metas concretas; efectivar os direitos económicos, sociais e
culturais, quanto a direito do trabalho e quanto ao desenvolvimento da propriedade social. No
que tange a sua característica, esta caracteriza-se pela sua heterogeneidade, e é composto por um
conjunto de previsões directivas e objectivos coerentemente dispostos.
Quanto aos intervenientes na execução do plano podemos encontrar uma diversidade de
órgãos específicos a saber: Parlamento, Comissariado-Geral do Plano, as Comissões de
modernização, Conselho do Plano, Conselho Central de Planificação, Órgãos de concertação.
Para além dos órgãos especializados, participam ainda na elaboração do Plano, O Governo; O
Ministério da Economia e Finanças; e Órgãos técnicos (organismos da contabilidade nacional e
direcção da previsão).

14
Bibliografia
Legislação:

REPÚBLICA DE MACAMBIQUE, Constituição da República, Revisão actualizada (2004)


Plural Editores, in Boletim da República série nº 20 de 24 de Dezembro.

Doutrina

FERREIRA, Eduardo Paz, sumário do direito da economia, Portugal,1999.

FRANCO, António L. de Sousa, Noções de Direito da Economia, Vol. 1, Lisboa, 1983.

LAUBADÈRE, André de, Direito Público Económico, Almedina Editora, Coimbra, 1985.

MONCADA, Luís S. Cabral de, Direito Económico, 3ª edição, Almedina, Coimbra, 2000.

SANTOS, António Carlos, et al, Direito Económico, Almedina, Coimbra, 1998.

VAZ, Manuel Afonso, Direito Económico, 2ª Edição, Coimbra Editora, Coimbra, 1990.

WATY, Teodoro Andrade, Direito Económico, Editora Limitada, Maputo, 2009.

15

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