Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2022
Lista de abreviatura
Art. – Artigo
CC- Código Civil
Cfr. - Conferir
CPC - Código Processual Civil
DIP - Direito Internacional Privado
Ed. - Edição
Idem - o mesmo que o anterior
Nº - Número
Ob. Cit. - Obra Citada
P. - Página
SS - E seguintes
Vol. - volume
Índic
e
Introdução...................................................................................................................................2
Conclusão..................................................................................................................................10
Referências Bibliográficas........................................................................................................12
Introdução
Indo mais além ,concretamente aos objectivos, importe frisar que o trabalho
tem como objectivo geral:
Esclarecer como é feita a interpretação da norma estrangeira.
Objectivos específicos:
Fazer uma breve conceituação dos aspectos relevantes para o tema com vista a dar
mais ênfase ao trabalho como um todo;
Identificar os artigos capazes de resolver a problemática da interpretação da norma
estrangeira;
Trazer a solução adaptada pelo legislador moçambicano.
2
INTERPRETAÇÃO DA NORMA ESTRANGEIRA
1
Interpretação” in COSTA, João, Dicionário Moderno da língua portuguesa, escolar editora, p. 885.
2
“Interpretação” in PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, vol. I, 5ª ed. Editora Almedina, 2006, p. 803.
3
FERNANDES, Carlos, Lições de Direito Internacional Privado I, Volume I, Coimbra Editora,
Coimbra, 1994, p. 39
3
danoso).
Pode dizer-se que é hoje doutrina geral a de que as normas jurídicas, nacionais
ou internacionais, devem interpretar-se de acordo com o sistema a que pertencem. O n o 1 do
art. 23 do CC6, remete-nos a um direito estrangeiro, no sentido de que o julgador orienta-se
pelas lições da jurisprudência e da doutrina do Estado estrangeiro.
4
FERNANDES, Carlos, Lições de Direito Internacional Privado I, Volume I, Coimbra Editora, Coimbra,
1994, p. 41.
5
FERNANDES, Carlos, Lições de Direito Internacional Privado I... p.41.
6
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, actualizado pelo Decreto-lei 3/2006 de 23 de
Agosto, 5ª edição, Plural Editores, Maputo, 2020.
7
MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3a Edição., Almedina
Editora, Coimbra, 2002, p. 244.
4
estrangeiras sobre interpretação.
Assim, o juiz continental que aplica a statute law anglo-saxónica deve ater-se a
uma interpretação predominantemente gramatical e lógica, tal como é de uso nos países
anglo-saxónicos, renunciando à interpretação teleológica. Inversamente, o juiz anglo-
saxónico, ao aplicar regras dos continentais deverá dar preferência à interpretação teleológica
sobre a interpretação lógico-gramatical8.
1.2.
Prova Da Existência E Averiguação Do Conteúdo Do Direito Estrangeiro
10
MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3a Edição., Almedina Editora,
Coimbra, 2002, p. 246.
11
MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado… p.246.
6
estrangeiro e, na medida do possível, investigar por sua iniciativa o respectivo conteúdo. Em
caso de necessidade, poderá exigir a prova deste conteúdo à parte que fundamenta a sua
pretensão vem tal direito.12
1.3.
Solução Adoptada Pelo Legislador Moçambicano
Porém, salientar que por força do no 2, art. 348 do CC, o juiz, sempre que lhe
cumpra decidir com base em direito estrangeiro, deve conhecer e aplicar este ex officio, isto é,
independentemente da sua invocação pelas partes.
Assim, é aquele que invocar direito estrangeiro que compete fazer a prova da
sua existência e conteúdo; mas que isto não isenta o tribunal do dever de procurar obter,
oficiosamente, o respectivo conhecimento. Trata-se, porém, para as partes de uma pura e
simples obrigação de meios, pois que atarefa se pode revelar impossível ou extremamente
difícil.
12
O mesmo se passa no ordenamento austríaco. Solução idêntica vigora na Suécia. É esta também a orientação
actualmente dominante em diversos outros países: o juiz deve conhecer e aplicar oficiosamente o direito
estrangeiro, mas poderá exigir das partes a sua prova, sempre que tal se revele necessário. De igual modo, a
doutrina largamente dominante vota decididamente no sentido da aplicação ex officio do direito estrangeiro e
da admissibilidade de um recurso de cassação ou revista para o Supremo Tribunal com fundamento em
violação, falsa interpretação ou incorrecta aplicação de tal direito.
13
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, actualizado pelo Decreto-lei 3/2006 de 23 de Agosto, 5ª
edição, Plural Editores, Maputo, 2020.
14
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Internacional Privado I, Almedina Editora, Coimbra, 2002, p. 428.
7
Por outra o art. 721, do CPC15, resulta que a violação do direito estrangeiro,
quer consista em erro de interpretação ou aplicação quer em erro de determinação da norma
aplicável, constitui fundamento do recurso de revista20.
Temos assim que o direito estrangeiro é tratado pela nossa lei, mesmo sob o
aspecto processual, como direito e não como puro facto.
1.4.
Consequências Da Falta De Provas
Uma primeira orientação seria aquela conforme a qual o tribunal deveria pronunciar
um non lique16. Trata-se de uma orientação inaceitável, já que o juiz não pode abster-
se de julgar, a pretexto de falta ou obscuridade insanável da lei 17. Pois a denegação de
justiça é em qualquer caso inadmissível.
Uma outra solução que pode-se referir é quando o conteúdo geral da lei estrangeira foi
estabelecido, mas não um seu preceito particular, a lei estrangeira deve ser aplicada na
medida em que o tribunal, segundo a sua apreciação, a considere provada. Daqui
resultará que a causa será julgada contra a parte que fundamenta a sua pretensão
justamente no preceito de direito estrangeiro cuja existência e conteúdo não puderam
ser estabelecidos. Com efeito, é de presumir neste caso que a decisão de rejeitar a
pretensão esteia de acordo com o sentido geral da lei estrangeira.
Mas o mesmo se não dirá quando nenhum elemento de prova convincente tiver sido
apresentado relativamente à lei estrangeira considerada no seu todo. São de considerar
duas soluções: Em primeiro, o Juiz decide contra a parte que não conseguiu provar o
conteúdo do direito estrangeiro. Esta solução é tão somente de aprovar na hipótese da
alínea anterior; quanto ao mais, ela estaria em oposição com a concepção do nosso
sistema jurídico, segundo a qual o direito estrangeiro não é tratado como matéria de
facto. Em segundo o tribunal decide de conformidade com a lex fori, sendo esta
15
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-Lei no 1/2009 de 24 de Abril, Código de Processo Civil.
16
Declaração feita pelo tribunal, de que não lhe é possível decidir litigio que lhe foi submetido.
17
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, actualizado pelo Decreto-lei 3/2006 de 23 de Agosto, 5ª
edição, Plural Editores, Maputo, 2020.
8
aplicável a título subsidiário.
Contudo, nenhum argumento de fundo dá base a esta doutrina, nem àquela conforme a
qual, na hipótese que estamos a analısar, deverá presumir-se que as normas da lei
competente não diferem das do direito moçambicano.
1.5.
Desconhecimento Do Conteúdo Do Direito Estrangeiro
Assim, no caso em que não for possível operar o art. 348 do CC, para formar a
convicção do juiz poderão contribuir sem dúvida certos elementos de direito comparado,
18
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, actualizado pelo Decreto-lei 3/2006 de 23 de Agosto, 5ª
edição, Plural Editores, Maputo, 2020.
19
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Internacional Privado I, Almedina Editora, Coimbra, 2002, p. 431
9
como sejam o conhecimento do modelo legislativo que seguiu a legislação estrangeira cuja
aplicação está em causa ou do conteúdo de um dos direitos pertencentes à mesma família ou
grupo de leis, bem como o conhecimento de certos princípios ou tradições jurídicas que
inspiram o direito aplicando. Sendo assim, podemos ter as seguintes situações:
b. Imagine-se agora que tudo quanto se conhece acerca do direito estrangeiro aplicável
é ter ele sido fundamente influenciado por outro sistema jurídico. A acção a julgar é
uma acção de divórcio com fundamento em abandono do lar conjugal. No segundo
sistema jurídico (o sistema jurídico-modelo), o divórcio só é admitido com base no
adultério. Posto isto, é de presumir que as normas da legislação competente se não
apartem muito desta linha de orientação e a acção de divórcio será julgada
improcedente: não deve o juiz recorrer aqui aos preceitos da lex fori que autorizariam
o divórcio.
Persistindo nessa orientação para além dos limites indicados, o risco de se observar
uma norma inteiramente distinta da do ordenamento competente passa, a superar a
probabilidade contrária.
Por isso, pareceu de bom conselho mudar de rumo, adoptar o ponto de vista de que a
conexão estabelecida pela norma de conflitos utilizada nos não permite atingir o alvo
(a designação do direito aplicável) e procurar a solução do problema utilizando a
conexão subsidiária daquela, se uma tal conexão subsidiária estiver adrede prevista
no direito conflitual do foro. Exemplo: na impossibilidade de averiguação do
conteúdo do direito nacional das partes, deverá recorrer-se à lex domicilii;
Conexões há, porém, que não têm sucedâneo: assim, a situação da coisa, como
conexão decisiva em matéria de direitos reais. Por outro lado, o próprio direito
estrangeiro indicado pela conexão subsidiária pode ser, ele também, de conteúdo
incerto. Em todos estes casos, impõe-se a utilização da lex materialis fori: não
porque seja legítimo em geral admitir que as normas da lei estrangeira coincidem
com as da lei do foro, senão apenas para se evitar uma denegação de justiça.
11
subsidiariamente competente há que procurar resolver o problema com recurso às seguintes
presunções, que entendem não serem excluídas pelo art. 23:
Recurso à lei antiga se houver razões para presumir que não houve alterações
significativas na matéria jurídica em causa.
Aplicar a lex fori quando não for possível aplicar a conexão subordinada, por
também ser desconhecida;
1.6.
Impossibilidade De Determinação Da Conexão Relevante
21
MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3a Ed., Almedina,
Coimbra, 2002, p. 250.
22
Irá pautar-se por esta solução só depois de comprovadamente se averiguar que é impossível determinar, das
duas referidas nacionalidades, qual a mais provável, ou qual o mais provável lugar de domicilio da referida
parte.
12
um indivíduo é de certeza ou holandês ou alemão, não faria sentido considerá-lo apátrida 37.
Tudo depende, evidentemente, de os elementos de prova disponíveis serem ou não bastantes
para criar aquele grau de probabilidade considerado suficiente para as decisões humanas. E o
certo é que, quando a dúvida respeita apenas à questão de saber em relação a qual de dois
Estados a conexão efectivamente se verifica, só muito raramente deixará de haver indícios ou
circunstâncias capazes de fazer presumir como bastante mais provável uma das hipóteses
postas em alternativa38.
23
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, actualizado pelo Decreto-lei 3/2006 de 23 de Agosto, 5ª
edição, Plural Editores, Maputo, 2020.
24
MACHADO, João Baptista, Lições de Direito Internacional Privado, 3a Ed., Almedina, Coimbra, 2002, p.
251.
13
Conclusão
Em jeito de conclusão, a que destacar certos pontos referenciais que representam pontos
importantes quando se refere aos Contratos Mercantis.
14
Referências Bibliográficas
Legislação:
Doutrina:
15