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Índice

Introdução......................................................................................................................................2

Teoria Contemporânea Da Interpretação.......................................................................................3

A Interpretação Da Norma Jurídica De Acordo Com O Direito Moçambicano................................3

As Diversas Facetas Da Teoria Da Interpretação Na Actualidade....................................................4

Conclusão........................................................................................................................................5

Referências Bibliográfica.................................................................................................................7
Introdução

O presente trabalho tem como Tema: teoria contemporânea da interpretação. A interpretação da


norma jurídica desempenha um papel fundamental na prática do Direito, pois permite compreender o
significado e a aplicação das normas legais. No contexto moçambicano, a interpretação da norma
jurídica é regida por princípios e abordagens específicas, que devem estar alinhados com os valores e
objectivos do sistema jurídico do país. Nesse sentido, é essencial explorar a Teoria Contemporânea da
Interpretação no Direito Moçambicano, a fim de compreender e analisar os métodos e as facetas
dessa prática jurídica.

Problema: Diante da diversidade de teorias e abordagens interpretativas existentes, surge a seguinte


indagação: como ocorre a interpretação da norma jurídica de acordo com o Direito Moçambicano na
actualidade? Quais são os princípios e características que norteiam essa interpretação?

Justificativa: A investigação sobre a Teoria Contemporânea da Interpretação no Direito Moçambicano


é relevante por diversos motivos. Em primeiro lugar, compreender como ocorre a interpretação da
norma jurídica dentro do contexto moçambicano permite uma aplicação mais adequada e efectiva do
Direito no país. Além disso, essa análise contribui para o desenvolvimento do conhecimento jurídico e
para a formação crítica dos estudantes de Direito, ao explorar diferentes correntes teóricas e
perspectivas interpretativas.

Objectivos:

Geral: Analisar a teoria contemporânea da interpretação

Específicos: - Analisar a interpretação da norma jurídica de acordo com o Direito Moçambicano

- Apresentar as diversas facetas da Teoria Contemporânea da Interpretação na actualidade

Ao alcançar esses objectivos, espera-se contribuir para o aprofundamento do conhecimento jurídico e


para a formação crítica dos estudantes de Direito, proporcionando uma compreensão mais ampla e
embasada sobre a interpretação da norma jurídica no Direito Moçambicano, bem como sobre as
diversas facetas da Teoria Contemporânea da Interpretação na actualidade.
Teoria Contemporânea Da Interpretação

A teoria contemporânea da interpretação é uma abordagem dinâmica que reflecte as discussões e


debates mais recentes sobre o processo interpretativo no campo jurídico. Ela busca superar as
limitações das abordagens tradicionais e incorporar novas perspectivas, levando em consideração as
mudanças sociais, tecnológicas e culturais da actualidade, CASTANHEIRA NEVES (1967, p. 586).

De acordo com BARBAS HOMEM (2003, p. 93):“A teoria contemporânea da interpretação, mesmo que
divergente em muitos pontos, converge hoje neste sentido: a interpretação jurídica distingue-se de
outros tipos de interpretação pela sua intenção prática. Não é apenas uma prática, mas um
pensamento intencionalmente pensado para a prática. A ideia de intencionalidade é decisiva para
compreender esta relação. De novo, rejeitamos a possibilidade de uma concepção meramente
metafísica do direito. Igualmente refutamos que os elementos empíricos possam ser suficientes para
caracterizar o direito e a ciência do direito”. A citação de Barbas Homem destaca a importância da
intencionalidade na interpretação jurídica e como ela se diferencia de outros tipos de interpretação.
Segundo ele, a interpretação jurídica não é apenas uma prática, mas um pensamento
intencionalmente voltado para a acção prática. Isso significa que a interpretação jurídica busca não
apenas compreender o significado das normas, mas também aplicá-las de forma adequada e eficaz na
prática jurídica.

Além disso, o autor rejeita a ideia de uma concepção meramente metafísica do direito, ou seja, uma
visão abstracta e desvinculada da realidade concreta. Ele argumenta que o direito não pode ser
compreendido apenas através de abstracções teóricas, mas deve levar em consideração os elementos
empíricos, ou seja, as circunstâncias e fatos concretos que estão envolvidos na prática jurídica.

Dessa forma, Barbas Homem destaca a importância de uma interpretação jurídica que seja ao mesmo
tempo teórica e prática, incorporando a intencionalidade e considerando tanto os aspectos normativos
quanto os aspectos empíricos do direito. Essa perspectiva enfatiza a necessidade de uma interpretação
que seja relevante e adequada às demandas e desafios do mundo real.

A Interpretação Da Norma Jurídica De Acordo Com O Direito Moçambicano

A interpretação da norma jurídica no Direito Moçambicano é um processo fundamental para a


aplicação e compreensão das leis e demais normas legais do país. No contexto moçambicano, a
interpretação da norma jurídica é guiada por princípios e abordagens que reflectem a natureza do
sistema jurídico e a realidade do país como: a unidade constitucional, a máxima efectividade, a
proporcionalidade e a interpretação evolutiva. Leva em conta o contexto histórico e social do país,
utiliza diversas fontes do Direito e é influenciada pelas decisões dos tribunais moçambicanos e por
fontes externas, como o direito internacional. A interpretação adequada das normas jurídicas é
essencial para a promoção da justiça e dos direitos dos cidadãos em Moçambique
Princípios da interpretação: No Direito Moçambicano, alguns princípios norteiam a interpretação da
norma jurídica. Entre eles, destaca-se o princípio da unidade constitucional, que exige que a
interpretação seja realizada de forma coerente e integrada com todas as disposições da Constituição.
Além disso, o princípio da máxima efectividade é relevante, buscando a plena realização dos direitos e
garantias constitucionais na interpretação das normas. O princípio da proporcionalidade também é
essencial, assegurando que a interpretação seja equilibrada, evitando excessos ou
desproporcionalidades na restrição de direitos. Outro princípio importante é o da interpretação
evolutiva, que reconhece a necessidade de adaptar a interpretação às transformações sociais e às
demandas da sociedade moçambicana. (ALEXY, 2008:57).

Contexto histórico e social: A interpretação da norma jurídica no Direito Moçambicano deve levar em
consideração o contexto histórico, social e cultural do país. Moçambique passou por um processo de
colonização e posterior independência, o que influenciou a formação do sistema jurídico. Além disso, a
diversidade cultural e étnica do país também deve ser considerada na interpretação das normas. Por
isso, “difícil seria entender o inteiro significado da lei sem consultar elementos históricos,
circunstâncias sociológicas e, ainda, os factores políticos”, como opina António de Queiroz Filho 1.

Uso de fontes do Direito: A interpretação da norma jurídica em Moçambique envolve a consideração


de várias fontes do Direito. A legislação, incluindo a Constituição, leis e regulamentos, é uma fonte
primária. A jurisprudência dos tribunais moçambicanos também desempenha um papel importante,
com as decisões judiciais contribuindo para a interpretação das normas. A doutrina jurídica e os
princípios gerais do direito também são usados como fontes complementares (NIETO, 2007, p. 51).

Papel dos tribunais: Os tribunais moçambicanos têm um papel central na interpretação da norma
jurídica. Suas decisões estabelecem precedentes que influenciam a interpretação e a aplicação das leis.
A jurisprudência dos tribunais superiores, como o Tribunal Supremo, é especialmente relevante,
fornecendo orientações interpretativas para casos futuros.

Influências externas: O Direito Moçambicano também pode ser influenciado por fontes e princípios do
direito internacional e regional. Tratados internacionais e a jurisprudência de tribunais internacionais
podem ser considerados na interpretação da norma jurídica moçambicana, especialmente em
assuntos relacionados a direitos humanos e cooperação internacional.

As Diversas Facetas Da Teoria Da Interpretação Na Actualidade

A Teoria da Interpretação, também conhecida como Hermenêutica Jurídica, engloba diversas facetas
que reflectem as diferentes abordagens e enfoques adoptados na interpretação da norma jurídica na
actualidade. A seguir, apresentarei algumas dessas facetas:

1
Liçôes de Direito Penal, São Paulo, RT, 1966, p. 100.
Hermenêutica Tradicional: A hermenêutica tradicional baseia-se na ideia de que o sentido do texto
legal está contido nas intenções do legislador. Nessa abordagem, o intérprete busca descobrir a
vontade original do legislador por meio de métodos como a interpretação histórica, gramatical e
lógica. No entanto, críticos argumentam que essa perspectiva pode ser limitada, pois o significado do
texto pode evoluir ao longo do tempo.

Hermenêutica Teleológica: A hermenêutica teleológica enfatiza o propósito ou o fim pretendido da


norma jurídica. Nesse contexto, o intérprete procura identificar os objectivos e os valores subjacentes
à legislação, a fim de dar à norma o sentido que melhor promova esses propósitos. Essa abordagem
valoriza a finalidade da lei e busca adaptar a interpretação para atingir resultados justos e socialmente
desejáveis.

Hermenêutica Crítica: A hermenêutica crítica enfatiza a dimensão social e política da interpretação


jurídica. Ela analisa como as estruturas de poder e as relações sociais influenciam a interpretação e a
aplicação do Direito. Essa abordagem reconhece que a interpretação é inevitavelmente influenciada
por factores culturais, sociais e económicos, e busca revelar as ideologias subjacentes ao processo
interpretativo, Wolkmer (1995, p. 81-82).

Hermenêutica Pragmática: A hermenêutica pragmática concentra-se nas consequências práticas da


interpretação jurídica. Nessa perspectiva, o intérprete considera os efeitos da interpretação na
sociedade e nas partes envolvidas no caso em questão. A hermenêutica pragmática valoriza a
eficiência, a equidade e a justiça na interpretação, buscando soluções que sejam viáveis e adequadas
ao contexto em que serão aplicadas.

Hermenêutica Jurídica Interdisciplinar: Essa abordagem reconhece a importância de incorporar


conhecimentos e métodos de outras disciplinas, como a sociologia, a filosofia, a psicologia e a
linguística, na interpretação do Direito. A hermenêutica jurídica interdisciplinar busca uma
compreensão mais abrangente e contextualizada das normas jurídicas, levando em consideração os
aspectos sociais, culturais e psicológicos envolvidos na interpretação. “Não há hermenêutica pura.
Hermenêutica é facticidade; é vida; é existência, é realidade. É condição de ser no mundo. A
interpretação não se autonomiza da aplicação” (STRECK, 2005, p. 161).

É importante ressaltar que essas facetas da Teoria da Interpretação não são mutuamente excludentes,
e muitas vezes são combinadas em diferentes graus na prática interpretativa. Os intérpretes podem
adoptar abordagens variadas, dependendo do contexto, da natureza da norma em questão e dos
objectivos almejados com a interpretação

Conclusão

A interpretação da norma jurídica no Direito Moçambicano é um tema de grande relevância que


demanda uma compreensão aprofundada dos princípios e abordagens utilizados nesse processo.
Nesta pesquisa, abordamos a Teoria Contemporânea da Interpretação no contexto moçambicano, com
o objectivo de analisar os métodos e as características dessa prática jurídica.

Ao longo do estudo, discutimos os princípios da interpretação conforme a Constituição no Direito


Moçambicano, destacando a importância de interpretar as normas jurídicas em conformidade com os
princípios e direitos fundamentais estabelecidos na Constituição do país. Esses princípios, embora não
estejam expressamente enumerados na Constituição, têm sido reconhecidos pela jurisprudência
moçambicana e incluem o princípio da unidade constitucional, o princípio da máxima efectividade, o
princípio da proporcionalidade e o princípio da interpretação evolutiva.

Através da interpretação conforme a Constituição, busca-se garantir a coerência, a harmonia e a


efectividade das normas jurídicas, bem como promover a protecção dos direitos e liberdades dos
cidadãos moçambicanos. Essa abordagem interpretativa leva em consideração o contexto histórico,
social e cultural do país, bem como as demandas da sociedade moçambicana.

Destacamos também a importância do uso de diversas fontes do Direito na interpretação, como a


legislação, a jurisprudência, a doutrina e os princípios gerais do direito. A análise de precedentes
judiciais desempenha um papel fundamental na construção da interpretação da norma jurídica pelos
tribunais moçambicanos.

Além disso, exploramos as diversas facetas da Teoria Contemporânea da Interpretação, que


influenciam a prática interpretativa no Direito Moçambicano. Essas abordagens teóricas, como as
hermenêuticas, pragmáticas, sociológicas e linguísticas, proporcionam uma visão ampla e
enriquecedora sobre a interpretação da norma jurídica.

Em conclusão, a interpretação da norma jurídica no Direito Moçambicano deve ser realizada de acordo
com os princípios da interpretação conforme a Constituição, garantindo a conformidade das normas
com os princípios e direitos fundamentais estabelecidos na Constituição. Esse processo interpretativo
envolve a consideração do contexto histórico e social, o uso de diversas fontes do Direito e a adopção
de abordagens teóricas contemporâneas. A compreensão desses aspectos contribui para uma
aplicação mais adequada e efectiva do Direito em Moçambique, fortalecendo o Estado de Direito e a
protecção dos direitos dos cidadãos.
Referências Bibliográfica

ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica: a teoria do discurso racional como teoria da
fundamentação jurídica. Landy Editora, 2008.

HOMEM, A. P. B. História do Pensamento Jurídico. Lisboa: Coimbra Editora, 2003.

NIETO, A. Crítica de la razón juridica. Madrid: Editorial Trotta, 2007,

NEVES, A. C. Metodologia Jurídica: problemas fundamentais. Universidade de Coimbra: Coimbra


editora, 1993.

QUEIROZ Filho, Antonio de, Lições de Direito Penal, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1966.

STRECK, L. L. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da construção do direito.
5ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2004.

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