Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução......................................................................................................................................2
Conclusão........................................................................................................................................5
Referências Bibliográfica.................................................................................................................7
Introdução
Objectivos:
De acordo com BARBAS HOMEM (2003, p. 93):“A teoria contemporânea da interpretação, mesmo que
divergente em muitos pontos, converge hoje neste sentido: a interpretação jurídica distingue-se de
outros tipos de interpretação pela sua intenção prática. Não é apenas uma prática, mas um
pensamento intencionalmente pensado para a prática. A ideia de intencionalidade é decisiva para
compreender esta relação. De novo, rejeitamos a possibilidade de uma concepção meramente
metafísica do direito. Igualmente refutamos que os elementos empíricos possam ser suficientes para
caracterizar o direito e a ciência do direito”. A citação de Barbas Homem destaca a importância da
intencionalidade na interpretação jurídica e como ela se diferencia de outros tipos de interpretação.
Segundo ele, a interpretação jurídica não é apenas uma prática, mas um pensamento
intencionalmente voltado para a acção prática. Isso significa que a interpretação jurídica busca não
apenas compreender o significado das normas, mas também aplicá-las de forma adequada e eficaz na
prática jurídica.
Além disso, o autor rejeita a ideia de uma concepção meramente metafísica do direito, ou seja, uma
visão abstracta e desvinculada da realidade concreta. Ele argumenta que o direito não pode ser
compreendido apenas através de abstracções teóricas, mas deve levar em consideração os elementos
empíricos, ou seja, as circunstâncias e fatos concretos que estão envolvidos na prática jurídica.
Dessa forma, Barbas Homem destaca a importância de uma interpretação jurídica que seja ao mesmo
tempo teórica e prática, incorporando a intencionalidade e considerando tanto os aspectos normativos
quanto os aspectos empíricos do direito. Essa perspectiva enfatiza a necessidade de uma interpretação
que seja relevante e adequada às demandas e desafios do mundo real.
Contexto histórico e social: A interpretação da norma jurídica no Direito Moçambicano deve levar em
consideração o contexto histórico, social e cultural do país. Moçambique passou por um processo de
colonização e posterior independência, o que influenciou a formação do sistema jurídico. Além disso, a
diversidade cultural e étnica do país também deve ser considerada na interpretação das normas. Por
isso, “difícil seria entender o inteiro significado da lei sem consultar elementos históricos,
circunstâncias sociológicas e, ainda, os factores políticos”, como opina António de Queiroz Filho 1.
Papel dos tribunais: Os tribunais moçambicanos têm um papel central na interpretação da norma
jurídica. Suas decisões estabelecem precedentes que influenciam a interpretação e a aplicação das leis.
A jurisprudência dos tribunais superiores, como o Tribunal Supremo, é especialmente relevante,
fornecendo orientações interpretativas para casos futuros.
Influências externas: O Direito Moçambicano também pode ser influenciado por fontes e princípios do
direito internacional e regional. Tratados internacionais e a jurisprudência de tribunais internacionais
podem ser considerados na interpretação da norma jurídica moçambicana, especialmente em
assuntos relacionados a direitos humanos e cooperação internacional.
A Teoria da Interpretação, também conhecida como Hermenêutica Jurídica, engloba diversas facetas
que reflectem as diferentes abordagens e enfoques adoptados na interpretação da norma jurídica na
actualidade. A seguir, apresentarei algumas dessas facetas:
1
Liçôes de Direito Penal, São Paulo, RT, 1966, p. 100.
Hermenêutica Tradicional: A hermenêutica tradicional baseia-se na ideia de que o sentido do texto
legal está contido nas intenções do legislador. Nessa abordagem, o intérprete busca descobrir a
vontade original do legislador por meio de métodos como a interpretação histórica, gramatical e
lógica. No entanto, críticos argumentam que essa perspectiva pode ser limitada, pois o significado do
texto pode evoluir ao longo do tempo.
É importante ressaltar que essas facetas da Teoria da Interpretação não são mutuamente excludentes,
e muitas vezes são combinadas em diferentes graus na prática interpretativa. Os intérpretes podem
adoptar abordagens variadas, dependendo do contexto, da natureza da norma em questão e dos
objectivos almejados com a interpretação
Conclusão
Em conclusão, a interpretação da norma jurídica no Direito Moçambicano deve ser realizada de acordo
com os princípios da interpretação conforme a Constituição, garantindo a conformidade das normas
com os princípios e direitos fundamentais estabelecidos na Constituição. Esse processo interpretativo
envolve a consideração do contexto histórico e social, o uso de diversas fontes do Direito e a adopção
de abordagens teóricas contemporâneas. A compreensão desses aspectos contribui para uma
aplicação mais adequada e efectiva do Direito em Moçambique, fortalecendo o Estado de Direito e a
protecção dos direitos dos cidadãos.
Referências Bibliográfica
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica: a teoria do discurso racional como teoria da
fundamentação jurídica. Landy Editora, 2008.
QUEIROZ Filho, Antonio de, Lições de Direito Penal, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1966.
STRECK, L. L. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da construção do direito.
5ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2004.