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Sumário
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Introdução
A unidade foi dividida em tópicos e estabelecemos, como se verifica
no sumário acima, um caminho cognitivo de diálogo, que se inicia
em ressaltar a importância que tem a interpretação na aplicação do
direito, da diferenciação entre hermenêutica e interpretação, aspectos
da matriz tributária brasileira, com questões ligadas à semiótica até as
atividades de definir e redefinir as palavras da lei.
Estamos parafraseando Entendemos, às vezes, que as suas ideias são claras se estivessem no
Proust, que afirmou: mesmo grau de confusão que as nossas!
cada um chama de claras
as ideias que estão no
Essa falta de questionamento acerca dessas questões não é um
mesmo grau de confusão
atestado de despreparo intelectual do operador do direito, mas sim
que as suas próprias.
proposital e ideologicamente dirigida, e é muito utilizada na prática
jurisprudencial, em especial com as súmulas, e mais especialmente
ainda em relação às súmulas vinculantes. Como pode vincular uma
interpretação, se depende do estabelecimento de relações sintáticas,
semânticas e pragmáticas em relação ao texto e contexto?
(...)
Mais informações sobre
os pontos “b” e “e”: http:// b) elaborar e proferir decisões ou delas
www.planalto.gov.br/ participar em processo administrativo-
ccivil_03/_Ato2007-
fiscal, bem como em processos de consulta,
2010/2007/Lei/L11457.
restituição ou compensação de tributos
htm#art9 - Redação
dada pela Lei n. 11.457,
e contribuições e de reconhecimento de
de 2007 e em http:// benefícios fiscais;
www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007- (...)
2010/2007/Lei/L11457.
htm#art51 - Vigência.
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e) proceder à orientação do sujeito passivo no
tocante à interpretação da legislação tributária;
Sabemos também que Uma quarta e última constatação, no momento, é que a União
essa quarta constatação rompeu com o pacto federativo fiscal estabelecido em 1988
não é compartilhada (Constituição Federal) com a criação de dois impostos não
por considerável
cumulativos, no caso do PIS/Pasep e Cofins, que são impostos não
parte da doutrina,
cumulativos e não contribuições. Sabemos que o nomen iuris não
pois consideram que
PIS/Pasep e Cofins determina a natureza jurídica de um tributo (art. 4º CTN, vide
são “contribuições também a I/CPMF).
especiais de seguridade
social”, uma das cinco Fizemos propositalmente os questionamentos e constatações
espécies tributárias na anteriores, sabendo que é possível divergências interpretativas, com
conhecida classificação o intuito de provocar o início de reflexões frente aos princípios
pentapartite (impostos,
e objetivos da nossa República. Assim, entendemos que todos
taxas, contribuição de
os questionamentos e constatações relativas à dogmática estão
melhoria, contribuições
especiais e empréstimo
ideologicamente comprometidos, axiologicamente comprometidos,
compulsório). inarredável.
Quadro 3: Carga Renda mensal Carga tributária Carga tributária Dias destinados
tributária familiar – salário bruta 2004 bruta 2008 ao pagamento de
mínimo tributos
Fonte: IPEA (2009) Até 2 SM 48,8 53,9 197
2a3 38,0 41,9 153
3a5 33,9 37,4 137
5a6 32,0 35,3 129
6a8 31,7 35,0 128
8 a 10 31,7 35,0 128
10 a 15 30,5 33,7 123
15 a 20 28,4 31,3 115
20 a 30 28,7 31,7 116
Mais de 30 SM 26,3 29,0 106
Carga tributária bruta 32,8 36,2 132
Isso também acontece nos Estados Unidos, mas fica restrito aos
tributos especiais sobre o consumo que incide sobre poucos bens,
como bebidas, cigarros e combustíveis. Denis-Escoffier e Fortin (2011,
p. 3) assim esclarecem: “There are hidden taxes as well. Hidden taxes
are those that are paid but that are not specifically itemized as part of
the payment”. Ou seja, existem impostos ocultos também. Impostos
ocultos são aqueles que são pagos, mas que não são especificamente
discriminados como parte do pagamento.
Exemplos: “Eu ontem não”. Essa não é uma frase com sentido, ela não
consegue transmitir uma mensagem. Já a frase: “Eu não dormi bem
ontem” é uma frase com sentido, podemos compreendê-la e saber o
que a pessoa que a enunciou quer dizer.
Entendemos por signo Semântica é a parte da linguística que trata da conexão dos signos
algo que aponta para com os seus referentes, com aquilo que eles designam, mas não
algo diferente de si. no seu sentido real, e sim no da imagem representativa, formada
A linguagem é nossa
culturalmente e que corresponde à palavra utilizada.
possibilidade e também
nossa limitação, de certa
forma, de nos “relacionar” Não há correspondência com a realidade material porque a palavra
com os fenômenos. não faz referência a um objeto, concretamente designado, mas a todos
os objetos que convencionamos chamar por esse “nome”. Assim, por
exemplo, quando digo a palavra mesa, pensamos todos num objeto
com determinadas características, mas que não é essa mesa sobre a
qual está o computador no qual escrevo esse texto, nem a mesa da
cozinha da minha casa ou da sua, mas todas elas, em abstrato.
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A título de exemplos: “A mesa fabricada por meu pai é de excelente
qualidade”, ou, “O presidente da mesa fez a abertura dos trabalhos”,
ou ainda, “A mesa na casa do amigo estava farta”, fartava tudo, na
expressão popular. Em abstrato, mesa, mas no contexto, diferentes
“mesas”.
Até aqui temos já dois níveis que precisam ser determinados para que
possamos compreender o que diz um texto ou mensagem: sintático
e semântico. Todavia, um terceiro nível interfere na nossa percepção
porque mesmo sendo sintaticamente correto e conforme a imagem
representativa, semanticamente consistente, pode o signo variar
de sentido segundo o uso que se faz dele dentro de enunciados, de
acordo com a intenção do falante. Assim, temos o terceiro nível de
análise da linguagem, que é a pragmática.